UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Educação Física Arestides Pereira da Silva Júnior Avaliação de idosos de dois Grupos de Convivência de Marechal Cândido Rondon à luz do ideário da Promoção da Saúde: implicações sobre a elaboração de um programa de educação física São Paulo, março de 2007. UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Educação Física Arestides Pereira da Silva Júnior Avaliação de idosos de dois Grupos de Convivência de Marechal Cândido Rondon à luz do ideário da Promoção da Saúde: implicações sobre a elaboração de um programa de educação física Dissertação de Mestrado apresentada a USJT – Universidade São Judas Tadeu, como requisito parcial à obtenção do grau de Mestre em Educação Física, sob a orientação da professora Doutora Marília Velardi. São Paulo, março de 2007. i Silva Júnior, Arestides Pereira da Avaliação de idosos de dois grupos de convivência de Marechal Cândido Rondon à luz do ideário da promoção da saúde: implicações sobre elaboração de um programa de educação física. - São Paulo, 2007. 229 f. : il. ; 30 cm Dissertação (Mestrado em Educação Física) – Universidade São Judas Tadeu, São Paulo, 2007. Orientador: Profª. Dra. Marília Velardi 1. Idosos. 2. Programa de Educação Física. 3. Promoção da saúde. I. Título Ficha catalográfica: Elizangela L. de Almeida Ribeiro - CRB 8/6878 CDD- 796 ARESTIDES PEREIRA DA SILVA JÚNIOR Avaliação de idosos de dois Grupos de Convivência de Marechal Cândido Rondon à luz do ideário da Promoção da Saúde: implicações sobre a elaboração de um programa de educação física Dissertação de Mestrado apresentada a USJT – Universidade São Judas Tadeu, como requisito parcial à obtenção do grau de Mestre em Educação Física, sob a orientação da professora Doutora Marília Velardi. Banca Examinadora _____________________________ Titular - Prof. Dra. Marília Velardi (Orientadora) Universidade São Judas Tadeu – SP. _____________________________ Titular - Prof. Dra. Maria Luiza de Jesus Miranda Universidade São Judas Tadeu – SP. _____________________________ Titular - Prof. Dr. Marcelo Massa Universidade Presbiteriana Mackenzie - SP _____________________________ Suplente - Prof. Dr. Sheila Aparecida Pereira dos Santos Silva Universidade São Judas Tadeu – SP. _____________________________ Suplente - Prof. Dra. Sandra Marcela Mahecha Matsudo Universidade Federal de São Paulo São Paulo, março de 2007. ii DEDICATÓRIA À DEUS. Ao meu pai que não encontra-se presente fisicamente, mas que com certeza espiritualmente deu-me forças para enfrentar as dificuldades da vida com honestidade, caráter e responsabilidade. À minha mãe, “carregadora de pianos”, acumulando o papel de mãe e pai ao mesmo tempo na educação de seus filhos. Sempre disposta a ajudar o próximo! À minha amiga, “mãe”, professora, orientadora Marília. A sua amizade, convívio, conversas, carinho foram a inspiração para a realização do mestrado e desenvolvimento da dissertação. Muito obrigado! iii AGRADECIMENTOS À CAPES pelo auxílio financeiro durante o decorrer do curso. À Universidade São Judas Tadeu pelo acolhimento agradável aos alunos em todos os aspectos. Aos professores do Programa de Mestrado da USJT, pelo carinho demonstrado em cada aprendizado. Aos colegas e amigos do mestrado, que durante dois anos foram protagonistas de períodos difíceis e sacrificantes de estudo, mas também fica a lembrança de momentos de alegrias, brincadeiras e trocas de experiências que serão inesquecíveis. Aos meus “irmãos” do mestrado: Fabiano e Marina; “primos”: GG, João, Renatinha, Suzuki e principalmente à Ana, sempre disposta a ajudar, e como me ajudou! Obrigado! Aos integrantes do Grupo de Estudos e Pesquisa Sênior da USJT, pois as discussões e reflexões realizadas durante os encontros foram fundamentais ao longo desta caminhada. Aos meus grandes amigos Daniel, Demilto e Lucinar pelos momentos de convivência que foram regados de alegrias, sonhos, persistência, ajudas, vontade e perseverança. Aos amigos de longa data Beto, Júnior, André, Wagner, Leonardo, Foca, Elyzandro, etc, etc... “A amizade é o ingrediente mais importante na receita da vida”. Aos meus familiares que sempre estiveram na torcida e me dando apoio, sou muito grato a vocês. Aos meus irmãos: Júnior, Edson e Guilherme. Ao meu sobrinho e afilhado Matheus, que nos proporciona momentos de alegria e diversão. Aos acadêmicos do curso de Educação Física da UNIPAN, Mabel e Rodrigo, pela disposição em encarar o desafio e auxiliar de maneira precisa na realização das coletas de dados, tenho certeza do sucesso profissional de vocês. À Prefeitura Municipal de Marechal Cândido Rondon, através da Secretaria Municipal de Ação Social pelo apoio concedido. Aos idosos participantes. “Vocês são a alma deste estudo”. Aos componentes da banca, Prof. Dr. Marcelo Massa, Profª. Drª. Maria Luiza de Jesus Miranda e Profª. Drª. Marília Velardi, pelas valorosas contribuições no desenvolvimento deste estudo. À querida Ana Cecília pela compreensão, carinho, apoio e incentivo durante o desenvolvimento do mestrado. À Profª. Drª. Vilma Nista-Piccolo pela dedicação e carinho na coordenação do curso de mestrado da USJT. À amiga e Profª. Drª. Maria Luiza de Jesus Miranda pelos ensinamentos e experiências passadas. À Márcia, que na reta final me deu muito apoio e sempre compreensiva. À Simone e Selma, sempre competentes e dispostas a ajudar. Aos colegas/irmãos da arbitragem que sempre deram força nas minhas escolhas. À professora Liana Fuga, pela oportunidade e confiança depositada em mim. À professora Sandra, pela colaboração e dedicação nas correções de português do presente trabalho. Aos acadêmicos de Educação Física da Unipan. Os primeiros a gente nunca esquece. Aos demais aqui não mencionados, mas que tiveram uma parcela de contribuição e são especiais. Muito obrigado! iv SUMÁRIO LISTA DE ANEXOS.................................................................................................................vi LISTA DE FIGURAS..............................................................................................................vii LISTA DE QUADROS............................................................................................................viii LISTA DE TABELAS................................................................................................................ix RESUMO.................................................................................................................................x ABSTRACT.............................................................................................................................xi 1 – INTRODUÇÃO................................................................................................................15 1.1 – OBJETIVOS........................................................................................................................22 2 – REVISÃO DE LITERATURA.............................................................................................23 2.1 - ASPECTOS BIOPSICOSSOCIAIS DO ENVELHECIMENTO..........................................................24 2.2 - ESPAÇOS DESTINADOS AOS IDOSOS NA VELHICE................................................................31 2.3.1 – Os programas de educação física como espaços para idosos...............................................37 2.3 – A PRÁTICA DA ATIVIDADE FÍSICA NA VELHICE: CARACTERÍSTICAS E IMPLICAÇÕES..............43 2.3.1 – Benefícios da atividade física na velhice.............................................................................44 2.3.2 –Avaliação do perfil antropométrico, de aptidão física e de atividades físicas em idosos...........48 2.3.3 - Adesão aos programas de educação física..........................................................................55 2.4 - AVALIAÇÃO DOS PROGRAMAS EM PROMOÇÃO DA SAÚDE: REFLEXÕES E POSSÍVEIS IMPLICAÇÕES EM EDUCAÇÃO FÍSICA DE IDOSOS........................................................................58 3 - MÉTODO ........................................................................................................................65 3.1 – CARACTERIZAÇÃO DO ESTUDO...........................................................................................65 3.2 - GRUPOS E SUJEITOS PARTICIPANTES..................................................................................66 3.3 – APRESENTAÇÃO DAS ETAPAS E INSTRUMENTOS..................................................................69 4 - RESULTADOS E DISCUSSÕES.........................................................................................72 4.1 - PRIMEIRA ETAPA: O SURGIMENTO DOS GRUPOS DE CONVIVÊNCIA DE IDOSOS NO MUNICÍPIO DE MARECHAL CÂNDIDO RONDON E AS CARACTERÍSTICAS REGIONAIS: GEOPOLÍTICA.................72 4.1.1 - Primeiro Momento – Pesquisa histórica descritiva ...............................................................73 4.1.2 - Segundo Momento – Entrevista semi-estruturada................................................................75 4.2 - SEGUNDA ETAPA: ESTRUTURA E FUNCIONAMENTO..............................................................83 4.2.1 - Primeiro Momento - Análise Documental............................................................................84 4.2.2 - Segundo Momento - Entrevista semi-estruturada ...............................................................88 4.2.3 - Terceiro Momento – Observação .......................................................................................92 4.3 - TERCEIRA ETAPA - QUESTIONÁRIOS, DADOS ANTROPOMÉTRICOS E TESTES DE APTIDÃO FÍSICA........................................................................................................................................98 4.3.1 - Unidade I: Questionários...................................................................................................98 4.3.2 - Unidade II: Dados Antropométricos .................................................................................112 4.3.3 – Unidade III: Testes de aptidão física................................................................................116 4.4 - QUARTA ETAPA: IDOSOS FREQUENTADORES......................................................................124 4.4.1 – A Educação Física nas décadas de 50 e 60.......................................................................129 4.4.2 - Histórico da atividade física durante a vida e a relação com o trabalho...............................133 4.4.3 - O significado da atividade física.......................................................................................143 4.4.4 - Identificação do que representa esta fase da vida.............................................................148 4.4.5 - Perspectivas sobre a atividade física nesta fase da vida.....................................................154 4.4.6 - Motivos para participação no Grupo de Convivência ..........................................................158 4.4.7 - As atividades físicas predominantes nos Grupos de Convivência.........................................162 4.4.8 - As atividades que o Grupo de Convivência oferece são suficientes? Como deveria ser?........163 4.4.9 - A influência ou não da descendência de alemães...............................................................169 4.5 - A AVALIAÇÃO DOS IDOSOS: IMPLICAÇÕES SOBRE A CRIAÇÃO DE PROPOSTA EM EDUCAÇÃO FÍSICA.....................................................................................................................................170 5 – CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................180 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................................184 ANEXOS.............................................................................................................................207 v LISTA DE ANEXOS ANEXO 1 - Programas de atividades físicas para idosos no Brasil.....................................208 ANEXO 2 - Termo de consentimento livre e esclarecido...................................................211 ANEXO 3 – Parecer consubstanciado.............................................................................213 ANEXO 4 - Roteiro para entrevista com os fundadores dos Clubes de Idosos Amizade e Clube de Idosos Paz e Amor.........................................................................................214 ANEXO 5 - Roteiro para entrevista com os presidentes dos clubes...................................215 ANEXO 6 - Protocolo de observação..............................................................................216 ANEXO 7 - Questionário de prontidão para atividade física (Q-PAF).................................217 ANEXO 8 - Questionário sócio-econômico......................................................................218 ANEXO 9 - Questionário internacional de atividade física – versão curta...........................220 ANEXO 10 – Descrição do protocolo – dados antropométricos.........................................222 ANEXO 11 - Ficha de coleta de dados antropométricos e testes de aptidão física..............223 ANEXO 12 – Descrição do protocolo – testes de aptidão física.........................................224 ANEXO 13 – Figuras das avaliações antropométricas e testes de aptidão física.................226 vi LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Distribuição dos sujeitos por estado civil e Grupo de Convivência.....................101 Figura 2 – Distribuição dos sujeitos por ocupação atual e Grupo de Convivência...............102 Figura 3–Distribuição dos sujeitos por nível de escolaridade e Grupo de Convivência........103 Figura 4 – Distribuição dos sujeitos segundo classificação econômica da ANEP e Grupo de Convivência.................................................................................................................105 Figura 5 – Distribuição da faixa de renda e Grupo de Convivência (1 salário mínimo = R$350,00).....................................................................................106 Figura 6 – Distribuição dos sujeitos segundo descendência e Grupo de Convivência..........107 Figura 7 – Distribuição dos sujeitos por Estado de origem e Grupo de Convivência...........108 vii LISTA DE QUADROS Quadro 1 – Valores, princípios e condições para avaliação da Promoção da Saúde..............62 Quadro 2 – Identificação e número de participantes dos Grupos de Convivência de Idosos do município de Marechal Cândido Rondon – PR..............................................................67 viii LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Freqüência e percentual das características do levantamento realizado em programas de educação física destinados aos idosos no Brasil...........................................39 Tabela 2 – Número de inscrições de associados acima de 60 anos.....................................43 Tabela 3 – Distribuição dos sujeitos por faixa etária, sexo e Grupo de Convivência...........100 Tabela 4 – Percentual e freqüência dos sujeitos dos Grupos de Convivência em relação Aos dois níveis de atividade física e gênero....................................................................110 Tabela 5 – Percentual e freqüência dos sujeitos dos Grupos de Convivência em relação aos dois níveis de atividade física e idade......................................................................111 Tabela 6 – Distribuição das médias e desvios padrão do peso, estatura, IMC circunferência abdominal dos sujeitos, por sexo e Grupo de Convivência...............................................113 Tabela 7 – Classificação do IMC e riscos à saúde para adultos.........................................114 Tabela 8 – Circunferência abdominal segundo risco de complicações metabólicas, por sexo...........................................................................................................................115 Tabela 9 – Valores médios e desvios padrão dos sujeitos nos testes de aptidão física das capacidades força de membros superiores, força de membros inferiores e flexibilidade.....117 Tabela 10 – Valores médios e desvios padrão dos sujeitos nos testes de aptidão física das capacidades resistência cardiorrespiratória, agilidade e equilíbrio...............................121 ix RESUMO O presente estudo apresenta dois objetivos principais, o primeiro é analisar e avaliar o entorno relativo às características ambientais (sócio-culturais, históricas e geopolíticas) e pessoais (físicas, funcionais e de anseios/preferências) dos participantes dos Grupos de Convivência de Idosos da Sede do Município de Marechal Cândido Rondon – PR: denominados “Amizade” e “Paz e Amor”. O segundo objetivo consiste em verificar as implicações dessas avaliações sobre a criação de um modelo de educação física à luz do ideário da promoção da saúde. A pesquisa compreendeu quatro etapas, sendo a primeira caracterizada pelo surgimento dos Grupos de Convivência de Idosos no Município de Marechal Cândido Rondon, relacionados aos aspectos da Geopolítica da região; a segunda etapa, postulada pela descrição da estrutura e funcionamento dos Grupos de Convivência (análise documental e entrevista com gestores e participantes); a terceira etapa que compreendeu as avaliações antropométricas, de aptidão física e socioeconômica dos idosos participantes; a quarta etapa, caracterizada pela descrição detalhada dos idosos freqüentadores que, entrevistados, apontaram sua história de vida e experiências vividas nos Grupos de Convivência frente à prática de atividades físicas. Os resultados apresentados indicaram que a descendência germânica entre os participantes é um aspecto que terá implicações sobre a elaboração de um programa de educação física, pois sua cultura preserva valores, costumes e tradições que são mantidos e valorizados pelos participantes. Os relatos apresentaram que a prática de atividades físicas ao longo da vida desses sujeitos apresentou-se vinculada às atividades de trabalho, pois foram estes indivíduos que participaram do início de desenvolvimento do município de Marechal Cândido Rondon. O nível de escolarização baixo e as condições econômicas não favoráveis são aspectos a serem considerados com os participantes para levá-los a estratégias de enfrentamento e busca de soluções para que estas questões não sejam impeditivas para a participação num programa. Através das respostas obtidas nas entrevistas, verificou-se que os sujeitos demonstraram interesse em participar de um programa de educação física, tendo em vista que as atividades oferecidas pelos Grupos não foram consideradas suficientes. Porém, os relatos abordam que qualquer iniciativa proposta deve ser efetivada num dia extra aos encontros. O nível habitual de atividade física dos participantes avaliados através do International Physical Activity Questionnaire (IPAQ) – versão curta encontrado foi classificado como mais ativo. Os referenciais antropométricos, avaliados através do Índice de Massa Corporal (IMC) e circunferência abdominal foram considerados acima dos níveis recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), com indícios de surgimento de doenças. Os resultados apresentados sobre os indicadores de aptidão física apresentam-se de forma satisfatório, presumese que estes índices tenham relação com aspectos históricos, considerando que estes sujeitos tiveram trabalhos que lhes exigiram muito esforço físico ao longo da vida. Considera-se que a partir dos resultados expostos, os sujeitos devam refletir e participar ativamente das decisões, quanto à implantação do programa e elaboração de atividades, atuando como protagonistas e não coadjuvantes, além disso, fortalece a idéia de autonomia e empowerment dos indivíduos. Conclui-se que a avaliação ampla de diversos aspectos relacionados ao entorno, seja elementar para que as ações da prática pedagógica transcendam a prática sistematizada da atividade física num programa de educação física para idosos, fazendo com que se consiga uma relação direta não apenas com as capacidades físicas e funcionais, mas com a vida dos participantes. Palavras-chave: Idosos, programas de educação física, atividades físicas, Grupos de Convivência e Promoção da Saúde. x ABSTRACT This study has two main objectives: the first one, characterizes the analysis and evaluation of ambient characteristics (partner-cultural, historical and geopolitical) and staffs (physical, functional and of yearnings/preferences) of the participants of the “Elderly people Intimacy Groups of the city of Marechal Cândido Rondon, of the state of Paraná: called “Amizade” and “Paz e Amor”. The second objective consists in verifying the implications of these evaluations on the creation of a physical education model to health promotion. The study had four stages, being the first one related to the sprouting of the elderly people Intimacy Groups of the city of Marechal Cândido Rondon, related to the aspects of the Geopolitics of the region; the second stage, claimed for the description of the structure and functioning of the Intimacy Groups (documentary analysis and interview with managers and participants); the third stage, the anthropometrics evaluations, of physical and social-economical aptitude of the elderly people participants; the fourth stage, characterized for the detailed description of the elderly people that, interviewed, had pointed its life history and experiences in the Intimacy Groups and the practical of physical activities. The presented results had indicated that the Germanic descent between the participants is a aspect that will have implications on the elaboration of a physical education program, therefore its culture preserves values, customs and traditions that are kept and valued for the participants. The stories had presented that the practical of physical activities, throughout the life of these people, was presented entailed to the activities of work, therefore had been these individuals that had participated of the beginning of development of the city of Marechal Cândido Rondon. The low studies level and the non favorable economic conditions are aspects to be considered with the participants to take strategies of confrontation and brainstorming, to do not prevent the participation in a health program. Through the answers gotten in the interviews, which were verified that the elderly people had demonstrated interest in participating on a physical education program, in view of the activities offered for the Groups had not been considered enough. However, the stories approach that any initiative proposal must be accomplished in one day extra to the meeting. The habitual level of physical activity of the participants evaluated through International Physical Activity Questionnaire (IPAQ) - found short version was classified as more active. The anthropometrics references, evaluated through the Index of Corporal Mass (IMC) and abdominal circumference had been considered above of the levels recommended for the World-wide Organization of Health (WHO), with indications of sprouting of illnesses. The results presented on the pointers of physical aptitude are presented of satisfactory form, are presumed that these indices have relation with historical aspects, considering that these elderly people had had works that physical effort throughout the life had demanded them. It is considered that from the displayed results, these people must reflect and participate actively of the decisions, how much to the implantation of the program and elaboration of activities, acting as protagonists and not coadjutants, moreover, fortifies the idea of autonomy and empowerment of the individuals. The ample evaluation of diverse aspects related is concluded that, the pedagogical practical actions exceed the systemized practical of the physical activity in a of physical education program for elderly people, getting , this way, not only a direct relation with the physical and functional capacities, but with the life of the participants. Key words: Elderly, physical education programs, physical activities, Intimacy Groups and Health Promotion. xi 15 1 – INTRODUÇÃO “Quando o homem compreende sua realidade, pode levantar hipóteses sobre o desafio dessa realidade e procurar soluções. Assim, pode transformá-la e seu trabalho pode criar um mundo próprio, seu eu e suas circunstâncias”. Paulo Freire A população de idosos cresceu rapidamente nas últimas décadas e deve continuar aumentando. Segundo levantamento, da OMS até 2025 o Brasil será o sexto país do mundo com o maior número de pessoas idosas (BRASIL, 2003). O aumento considerável desta longevidade traz à tona determinados problemas e situações, como, por exemplo, o alto custo para a previdência social, gasto excessivo na área da saúde, falta de atividades direcionadas e de espaços adequados. Estes fatos sugerem que novas estratégias em todos os setores da sociedade sejam elaboradas e aplicadas para atender às necessidades e problemas desta população (NÉRI & CACHIONI, 1999; PERRACINI, 2002). De acordo com Debert (1999), em relação às iniciativas destinadas aos idosos na década de 90, proliferaram no Brasil programas como as “Escolas Abertas”, as “Universidades para a Terceira Idade” e os “Grupos de Convivência de Idosos”. Segundo a autora, estes programas encorajaram a busca da auto-expressão e a exploração de identidades de um modo que era exclusivo da juventude, abrindo espaços para experiências inovadoras que pudessem ser vividas coletivamente e indicando que a sociedade brasileira tornou-se mais sensível aos problemas do envelhecimento. Sobre os Grupos de Convivência de Idosos, Ferrigno (2003) afirma que o primeiro foi implantado através de iniciativa do Serviço Social do Comércio (SESC) em 1963, tendo como principal característica a sociabilização dos idosos, ou seja, no sentido de integração e interação com os membros da sociedade. Além disso, a programação destinou-se prioritariamente à ocupação do tempo livre. O mesmo autor relata que atualmente, os Grupos de Convivência são considerados uma boa opção para os idosos e possuem uma ótima participação, tendo em vista que oferecem atividades variadas para a respectiva população. 16 Um exemplo é Marechal Cândido Rondon, município do interior do Estado do Paraná com fortes traços germânicos, população de 44.705 habitantes, dos quais 3.977 são idosos segundo fonte do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2005). O município possui 14 Grupos de Convivência de Idosos1, tendo 2.608 participantes no total, o que corresponde a 65,58% da população total de idosos. Estes números demonstram a importância desta iniciativa para a respectiva população. Também em diversas outras áreas como a Educação Física, compreendida como uma sub-área das ciências da saúde, surgem várias propostas destinadas a promover atividades para os idosos, com objetivos diversos: ocupação do tempo livre, proporcionar momentos de entretenimento e, principalmente, manutenção da aptidão física ou capacidades funcionais e prevenção de doenças. Sobre os aspectos funcionais e preventivos, destacam-se alguns programas de educação física2 para idosos no Brasil: Idosos em Movimento Mantendo a Autonomia (Universidade do Estado do Rio de Janeiro); Núcleo Integrado de Estudos e Apoio à Terceira Idade (Universidade Federal de Santa Catarina); Programa de Atividade Física para a Terceira Idade (Universidade Estadual de São Paulo); Programa Melhor Idade (Universidade de Brasília); Projeto Geração de Ouro (Universidade Católica de Brasília), dentre outros, incluindo-se a iniciativa privada, clubes, academias e espaços públicos, como centros de esporte e lazer municipais e estaduais. Considerando o estado atual das pesquisas em Educação Física e nas áreas afins que investigam relações entre a prática de exercícios e seu impacto sobre os idosos, as iniciativas em Educação Física direcionadas a esse grupo etário têm como principal característica o predomínio de abordagens com caráter preventivo. As evidências científicas fortalecem a indicação da prática de atividades físicas como medida de auto-cuidado e de prevenção junto à população idosa e são utilizados 1 No Município de Marechal Cândido Rondon, os Grupos de Convivência de Idosos são denominados Clubes de Terceira Idade, mas no presente trabalho utilizar-se-á o termo Grupo de Convivência de Idosos, devido à padronização encontrada na literatura atual. 2 Durante a realização deste trabalho, quando forem feitas referências aos programas de atividades físicas para idosos cuja estrutura e desenvolvimento estejam diretamente relacionados à área da Educação Física, adotar-se-á o termo programas de educação física. 17 como parâmetros para a criação de intervenções na área da Educação Física (MATSUDO et. al., 2000; MENDONÇA et. al., 2004; STELLA et. al., 2002). Em geral esses estudos são pautados na perspectiva biomédica e têm se voltado para justificar a inclusão de atividade física para os idosos considerando seu impacto na prevenção de doenças, na compressão da morbidade através de atividades que enfatizem e valorizem bons níveis de aptidão física, composição corporal e resultados positivos em relação às capacidades funcionais ou na execução das atividades da vida diária (ELWARD et. al., 1992; MATSUDO, 2004; PESCATELLO et. al., 1991; STEWART et. al., 2001; YAZAWA et. al., 1989; ZAGO & GOBBI, 2003). Além dos aspectos físico-funcionais, o estudo desenvolvido por Bouchard et. al. (1993) evidenciou que o aumento dos níveis de atividade física pode contribuir para o processo de prevenção de doenças que se manifestam com a idade, principalmente nas pessoas mais velhas. Essa constatação é reforçada por inúmeras evidências científicas, bem como aquelas que se manifestam frente ao fato de que a atividade física regular pode trazer benefícios para a saúde mental (PATE, 1995). Estudos e ações pautadas na perspectiva biomédica são desenvolvidos com o intuito de melhorar a funcionalidade do idoso, proporcionando, desta forma, um envelhecimento dito saudável. Nesta perspectiva, a atividade física é prática eficaz na prevenção de doenças relacionadas ao sedentarismo e sua prática tende a proporcionar meios de manutenção da independência física (OKUMA, 2002). Sob essa perspectiva os programas de intervenção junto à população idosa são criados com base em modelos epidemiológicos, que caracterizam o grupo com base na prevalência ou incidência universal e generalizada de determinantes de doenças consideradas como características dessa fase da vida (SILVA JÚNIOR & VELARDI, 2007). Neste caráter preventivo, os benefícios fisiológicos e funcionais são comprovados cientificamente, demonstrando-se eficazes, mas as ações estabelecem regras impostas, associando-se numa intervenção “verticalizada”, em que os padrões são fixados através de modelos estereotipados, que, em geral não consideram como premissa a análise do entorno e da realidade para verificar as necessidades, características e os gostos da população em questão (OKUMA, 1997). Segundo Andreotti (2001), o primeiro passo para o planejamento e implantação de um programa de educação física é conhecer as características do 18 ambiente e dos indivíduos que participam destes programas, a fim de que se possa atender e suprir os interesses, necessidades e dificuldades da população para a qual se destinam. Nesta mesma perspectiva, Pinheiro & Freitas (2004), afirmam que no processo de formulação de qualquer política pública, específica para um determinado grupo populacional, é necessário que sejam levados em conta os problemas ambientais, econômicos, sociais, culturais bem como as potencialidades que envolvem estes aspectos. Além da implantação, atualmente, os principais métodos utilizados na avaliação dos programas de atividades físicas para idosos partem dos componentes antropométricos, metabólicos e neuromusculares da aptidão física, pois são ferramentas fundamentais para avaliar o desempenho físico dos idosos (MATSUDO, 2005). De acordo com Farinatti (2002), com relação à atividade física para o idoso, ainda predomina uma tendência reducionista herdada da tradição biomédica em considerar a saúde de maneira negativa, ou seja, caracterizar a atividade física com o seu valor voltado quase que exclusivamente na prevenção de doenças e desconsiderando a saúde no seu aspecto mais amplo. Sendo assim, muitos profissionais concentram sua prática no melhor desempenho das capacidades físicas e com avaliações quantitativas relacionadas aos ganhos em aptidão física. Gerez (2006) afirma que, no que se refere à Educação Física, o discurso epidemiológico é predominante com relação aos idosos, justifica-se a necessidade da prática atividade física a partir da exposição dos fatores de risco do sedentarismo e dos gastos em Saúde Púbica com doenças crônicas não transmissíveis. De acordo com a autora, este argumento epidemiológico também deve ser levado em consideração, mas não exageradamente estimado numa relação causa e efeito no processo de saúde-doença. A crítica ao modelo preventivo e epidemiológico, que caracteriza a perspectiva biomédica, não vem no sentido de diminuir os efeitos e benefícios da prática da atividade física nos aspectos físicos, funcionais e preventivos comprovados cientificamente. É inegável seu impacto sobre as variáveis de aptidão física, no controle de determinadas doenças e sob variáveis psicológicas. Porém, fundamenta-se uma posição que esta relação de causalidade é restrita e não levam em conta outros aspectos relacionados à condição humana. Além disso, a consideração dos benefícios 19 da prática de atividades físicas e a avaliação prévia de estados de saúde e de aptidão físico-funcionais, que em geral acompanham a implantação ou pré-participação em programas baseados na perspectiva biomédica são restritas e, embora necessárias, não são suficientes. De acordo com Buss (2003), os métodos epidemiológicos de planejamento, implementação e avaliação dos programas com caráter preventivo ainda prevalecem quando se fala em programas e propostas relacionados à saúde. Portanto, o modelo biomédico ainda é predominante. Acredita-se que os programas de educação física devam ser implantados a partir de avaliações que extrapolem a dimensão física do modelo epidemiológico e preventivo. Não se pode considerar que modelos com avaliações restritas sejam formulados e considerados aplicáveis a todas as diversas populações, desconsiderando aspectos humanistas, regionais, pessoais e de preferências. Numa visão baseada no ideário da Promoção da Saúde3, as intervenções devem partir de uma perspectiva democrática, com o modelo de intervenção participativa da população. Para Pereira Lima et. al. (2004), a Promoção da Saúde norteia-se por valores, princípios, métodos e técnicas que favorecem ações direcionadas à melhoria dos estados de saúde de pessoas e comunidade, sendo que uma metodologia especificamente educativa deve se adaptar a partir do diagnóstico sobre e com a população, suas histórias e condições de vida, carências e necessidades. A coerência que a Promoção da Saúde busca através de suas ações pode ser relacionada ao planejamento e implantação de programas de educação física para que, desta maneira, seja possível proporcionar melhores condições para o oferecimento de estratégias que conduzam à melhoria dos estados de saúde, numa visão mais ampla sobre o conceito. 3 A referência ao Ideário da Promoção da Saúde, segundo Buss (2003); Czeresnia (2003) deve ser entendido associando a um “conjunto de valores”: vida, saúde, solidariedade, eqüidade, democracia, cidadania, desenvolvimento, participação e parceria, tendo como um dos eixos básicos o fortalecimento da autonomia dos indivíduos, num processo que procura possibilitar que as pessoas e comunidades aumentem o controle sobre os determinantes da saúde e não tendo enfoque exclusivo em doenças. Esta perspectiva baseia-se na divulgação da Carta de Otawa em 1986. 20 Portanto, conhecer a população e o ambiente antes de implantar um programa parece ser muito lógico dentro de uma concepção coerente. Mas ainda são raras as iniciativas que levam em conta o idoso como centro do processo, seja no âmbito das políticas públicas de saúde ou mesmo na criação de programas de educação física, que, analisando e estudando as características ambientais, sócioculturais e pessoais, estruturem programas que condigam com a realidade dos idosos num determinado contexto. De acordo com o Ministério da Saúde (2001) na I Conferência de Promoção da Saúde, os indivíduos e grupos devem saber identificar aspirações, satisfazer suas necessidades e modificar favoravelmente o meio ambiente. Assim sendo e para estar de acordo com os princípios da Promoção da Saúde, é primordial que seja realizada uma avaliação do entorno ao qual pertencem os idosos, como parte do conhecimento necessário para a implantação de um programa relativo à saúde. Segundo Teixeira (2002), avaliar os resultados e conhecer profundamente o contexto é a melhor maneira com que os objetivos sejam atingidos na implantação de um programa de educação física. De acordo com Souza & Grundy (2004), a avaliação do ambiente é parte vital para que as práticas possam ser bem sucedidas, pois verificar se as atividades condizem com as necessidades da população é fundamental para a aderência aos programas. Akerman et. al. (2004), num vasto estudo de revisão bibliográfica, apontaram inúmeros aspectos que devem ser considerados em relação à avaliação em Promoção da Saúde: deve-se respeitar e valorizar os conhecimentos e experiências locais; reconhecer e explicitar as diferenças das identidades culturais, sociais e econômicas entre os distintos focos da avaliação, sejam eles populações, grupos sociais, comunidades, organizações ou indivíduos; a avaliação deve utilizar uma combinação equilibrada de métodos, técnicas e instrumentos qualitativos e quantitativos; se basear nas potencialidades da comunidade; encorajar o diálogo e a reflexão a fim de facilitar todas as formas de desenvolvimento do conhecimento para todos os envolvidos, dentre outros aspectos importantes. Sendo assim, na perspectiva da Promoção da Saúde, os programas de educação física não devem ser sempre iguais com modelos estereotipados e impostos sem a devida diferenciação, pois as pessoas, o ambiente, o clima, as 21 condições financeiras, os espaços físicos, dentre inúmeras outras variáveis mudam de lugar para lugar. Conforme estudo publicado por Okuma (1997), fórmulas únicas para todos têm-se mostrado inadequadas com relação à adesão em qualquer tipo de proposta. Acredita-se que modelos educacionais que considerem as pessoas como seres singulares e adaptando-se à sua realidade poderão ser mais eficazes neste e em outros aspectos. Segundo Velardi (2003), a Educação Física, considerada como área eminentemente pedagógica, pode auxiliar neste processo, proporcionando condições de ensino que favoreçam o aprendizado de conhecimentos que permitam o gerenciamento adequado das condições de saúde de uma determinada população. O papel da Educação Física, na perspectiva da Promoção da Saúde, é o de promover a prática das atividades físicas utilizando-se de estratégias educacionais que transcendam as práticas motoras e, por meio delas, seja possível o ensino de conhecimentos que permitam às pessoas gerenciarem melhor suas condições de saúde. A mesma autora propõe que se tenha um entendimento de como o processo de elaboração de ambientes educacionais em educação física deve se organizar e desenvolver, analisando indivíduos, meio ambiente e assim caminhar de maneira coerente com o desenvolvimento da autonomia da população. Desta forma, seguindo os princípios da Promoção da Saúde, o idoso deve ser considerado como protagonista e não coadjuvante no planejamento e implementação de programas de educação física. Por isso, a participação efetiva dos indivíduos e comunidades nas escolhas e avaliações é fundamental para que se possa efetivar uma coerência entre ambiente, população e prática pedagógica das atividades relacionadas à Educação Física (SILVA JÚNIOR & VELARDI, 2007). Assim sendo, observa-se a necessidade de criar soluções que partam do estudo e análise dos aspectos relacionados às características ambientais e pessoais para elaborar uma proposta que seja coerente com as necessidades dos indivíduos de uma dada região. Guedes (1999) afirma a importância de estudos direcionados a enfatizar os anseios das pessoas, historicidade, aspectos culturais entre outros fatores que valorizam mais o ser humano em sua raiz. Entretanto, estudos com este caráter ainda não recebem grande valorização na Educação Física. 22 Compartilhando deste ideal e considerando que os programas de educação física para a população devem ser criados a partir do idoso como centro de todo contexto e não apenas considerando aspectos preventivos e funcionais, será desenvolvido um estudo para elaborar uma proposta de avaliação pré-implantação de um programa de educação física para idosos na perspectiva da Promoção da Saúde. Para tanto, conhecer a população e seu entorno numa visão abrangente é imprescindível. Com base na problemática descrita nessa introdução, surgem as seguintes questões: quais as principais características do entorno (sócio-culturais, históricas, geopolíticas, físicas e funcionais) dos Grupos de Convivência de Idosos de Marechal Cândido Rondon? Quais implicações essas características terão sobre a criação de um programa de educação física para idosos à luz da promoção da saúde? Para buscar respostas a estas questões, ampliando aquilo que gerou a problemática inicial, serão apresentados, neste momento, os objetivos do presente estudo. 1.1 – OBJETIVOS • Analisar e avaliar o entorno relativo às características ambientais (sócioculturais, históricas e geopolíticas) e pessoais (físicas, funcionais e de anseios/preferências) dos idosos participantes dos Grupos de Convivência de Idosos da Sede do Município de Marechal Cândido Rondon – PR: denominados “Amizade” e “Paz e Amor”. • Verificar as implicações da avaliação sobre a criação de um modelo de prática de atividade física à luz do ideário da promoção da saúde, partindo da reflexão sobre os pontos abordados. 23 2 – REVISÃO DE LITERATURA Os conteúdos apresentados na revisão de literatura procurarão evocar discussões e reflexões importantes para elaborar um referencial dos problemas evocados na introdução. Inicialmente esta revisão referir-se-á a uma análise dos aspectos biopisicossociais do envelhecimento, tendo em vista que o idoso deve ser compreendido pela totalidade de feições envolvidas do processo numa dinâmica não linear. Desta forma, torna-se imprescindível recorrer aos aspectos biopsicossociais para verificar como o ser humano envelhece e quais as implicações desse processo neste período, caracterizando o envelhecer não somente no aspecto biológico, mas enfatizando também uma abordagem que realce o desenvolvimento psicológico, social e cultural. Já no segundo tópico da revisão procurar-se-á fazer um levantamento sobre os espaços destinados aos idosos durante o período da velhice para verificar as principais características deste ambiente, bem como aquilo que é proporcionado aos idosos, buscando verificar como os programas destinados a atender esta população abordam o envelhecimento e o velho. Também será realizado um levantamento dos programas de educação física destinados aos idosos, destacando suas principais características e objetivos nos respectivos programas. O terceiro tópico caracterizar-se-á pela prática da atividade física na velhice de forma a enfatizar, também, os benefícios da prática regular, a adesão aos programas e a avaliação do perfil antropométrico, aptidão física e de atividades físicas em idosos. Finalizando a revisão através do quarto tópico, serão apresentados aspectos da avaliação de programas sob o prisma da Promoção da Saúde, estabelecendo reflexões e perspectivas relacionadas à criação de um programa de educação física para idosos, tendo em vista que desde o início do trabalho enfatizou-se uma avaliação ampla que não restringi-se a aspectos físicos e funcionais, sendo assim, serão apontados alguns valores, princípios e condições para a avaliação em 24 Promoção da Saúde, pontos fundamentais para que se possa atingir o objetivo deste estudo. 2.1 - ASPECTOS BIOPSICOSSOCIAIS DO ENVELHECIMENTO Segundo Siqueira (2002) até meados do século XX, com o surgimento das teorias sociológicas do envelhecimento, o processo de envelhecimento era visto quase que exclusivamente na dimensão biológica, como um período “involutivo”, caracterizado por perdas biológicas irreversíveis, sinônimo de doenças e de incapacidade física. Além disso, período da chegada da morte, neste sentido exclusivo a velhice era caracterizada num espectro negativo e de discriminação (NERI, 2002; PY, 2004). De acordo com Pereira et. al. (2006) essa visão foi ampliada com o desenvolvimento da Gerontologia, sendo assim, olhar para o idoso significa compreender uma vasta teia de fatores que influenciaram, influenciam ou influenciarão a vida destes indivíduos, então a cultura, o contexto social e individual, fatos históricos e outros fatores não podem ser descontextualizados. Segundo Neri (1993) o processo de envelhecimento engloba muito mais do que mudanças físicas do corpo. Aspectos emocionais, cognitivos e sociais também contribuem para a configuração de uma velhice bem-sucedida, normal ou patológica. Sendo assim, pensar em viver bem durante a velhice requer observar a multidimensionalidade e multidirecionalidade destes construtos. Sobre o processo de envelhecimento Neri (2001, p.30), afirma que: É uma experiência heterogênea, isto é, que pode ocorrer de modo diferente para indivíduos e coortes que vivem em contextos históricos e sociais distintos. Essa diferenciação depende da influência de circunstâncias histórico-culturais, de fatores intelectuais e de personalidade e da incidência de patologias durante o envelhecimento normal. Na mesma direção, Gerez (2006, p.50) com base na perspectiva teórica da velhice bem-sucedida proposta por Baltes & Baltes (1990), afirma que: 25 (...) Envelhecer é “dinâmica não linear”, pois as pessoas envelhecem de maneiras diferentes por possuírem histórias de vida também diferentes, que são afetadas por inúmeras situações ocorridas durante o seu curso da vida, de sua posição social, de seu contexto cultural, bem como das estratégias de controle que o indivíduo possui para lidar com esses eventos de vida. Uchôa (2003) afirma que a diversidade das formas de envelhecer deve ser encarada como aspecto profundamente influenciado pela cultura. Pois o envelhecimento abordado pela visão social e relacionado aos aspectos antropológicos permite ao indivíduo estabelecer significados deste processo com as demais etapas da sua vida. Desta forma, o envelhecimento deixa de ser encarado como um estado ao qual os indivíduos se submetem passivamente, para ser visto como um fenômeno ao qual os indivíduos reagem a partir de suas referências pessoais e culturais (MARSHALL apud UCHÔA, 2003). De acordo com Bobbio (1997) o modo de vida do idoso, suas atitudes e comportamentos apresentam uma relação de continuidade com o estilo de funcionamento social desenvolvido ao longo da vida na infância e fase adulta, portanto chega-se à seguinte proposição “se envelhece como se vive”. Goldman (2004) relata que o envelhecimento tem suas especificidades marcadas pela classe social, pela cultura e pelas condições socioeconômicas, sanitárias e coletivas da região. Papaléo Netto (2002) afirma que a idade cronológica é o principal marcador para considerar e classificar o indivíduo como velho. Dessa forma, é considerado idoso, em países desenvolvidos indivíduos que atingem 65 anos e em países subdesenvolvidos 60 anos. Esse critério cronológico é adotado na maioria das instituições que procuram lidar com os idosos nos aspectos físicos, psicológicos e sociais. Entretanto, nas reflexões apontadas por Groisman (2002) no artigo denominado “A velhice, entre o normal e o patológico”, o autor afirma que este critério adotado para classificar o envelhecimento é considerado falho e arbitrário, pois o envelhecimento é vivenciado de forma heterogênea pela população, sendo que pessoas de mesma idade cronológica poderiam estar em estágios completamente distintos do envelhecimento. Desta forma, o autor afirma que o 26 envelhecimento não deve ser definido pela idade de uma pessoa, mas pelos efeitos que essa idade teria causado ao seu organismo. Com o passar de seis décadas na vida, algumas repercussões vem a tona sobre o corpo deste indivíduo, podendo a velhice ser uma etapa normal ou caracterizada pelo surgimento e manifestações patológicas. Velhice normal segundo Neri (2004) na obra Velhice Bem-sucedida é a ocorrência de diversas mudanças típicas do envelhecimento, que são determinadas pela espécie e não são patológicas, podendo ocorrer algumas doenças, mas que possam ser controladas e, desta forma, não causem impacto negativo sobre a qualidade de vida objetiva e subjetiva, nem impedimentos à funcionalidade física, mental, psicológica e social. Sobre o processo biológico do envelhecimento Jeckel-Neto & Cunha (2002); Neri (2002) afirmaram que em meados do século XIX era enfatizada a abordagem fisiológica do envelhecimento, logo em seguida, início do século XX passou-se a um olhar do ponto de vista bioquímico e hoje em dia os padrões ressaltam o conhecimento genético como busca por padrões de hereditariedade da longevidade. Perracini (2002) relata que o envelhecimento biológico é marcado como uma fase da vida de várias alterações nos diversos sistemas, os quais podem interferir em algumas ações que o idoso deseja desenvolver, dependendo das condições e individualidades. Conforme a autora, em geral, existe considerável variabilidade quanto à velocidade e às conseqüências do declínio biológico das diferentes funções e estruturas. É notório que o envelhecimento traz consigo uma série de perdas que são inexoráveis referentes a aspectos biológicos e funcionais, mas mesmo assim deve ser entendido como um processo normal na vida de todos os seres vivos e não referenciado como um período predominante do surgimento de doenças e incapacidades. “Do envelhecimento ninguém escapa até o presente momento, mas isso não significa que todo o idoso venha a ter uma ou várias doenças crônicodegenerativas” (CANÇADO & HORTA, 2002, p.112). Para demonstrar como que os idosos ainda possuem uma visão da velhice associada a perdas e doenças, cita-se o estudo desenvolvido por Araújo et. al. (2006) cujo objetivo foi identificar e comparar as representações sociais de velhice entre idosos de Grupos de Convivência e de Instituições de Longa Permanência, 27 assim foram entrevistados 50 idosos sendo 25 de cada grupo respectivamente. Os resultados apresentados através dos discursos dos idosos possibilitaram representações comuns aos dois grupos que denotaram representações sociais da velhice numa conotação negativa, e comumente associada ao binômio velhicedoença. Sendo assim, os autores salientaram a importância de intervenções psicossociais, tendo em vista que a questão da velhice como período de perdas biológicas e funcionais foram predominantes na fala dos idosos. As comprovações científicas relacionadas aos aspectos físicos também compreendem a velhice pelo declínio das capacidades físicas, diminuição dos níveis de aptidão física e capacidade funcional, bem como, o aumento dos níveis de percentual de gordura e conseqüentemente a modificação nas variáveis antropométricas. Aspectos estes relacionados com a possibilidade de surgimento de doenças (ACSM, 1999; ALVES et. al., 2004; MATSUDO et. al., 2000; MENDONÇA et. al., 2004; SPIRDUSO, 1995; TRANCOSO & FARINATTI, 2002). Referente aos aspectos psicológicos, a Psicologia do Desenvolvimento segundo Neri (2001), foi precursora em estudar e entender o envelhecer e o “envelhecer bem” sob a visão da Psicologia. Durante muitos anos, a Psicologia do Desenvolvimento teve seu alicerce teórico numa visão biológica de envelhecer compartilhando de idéias da teoria evolucionista de Darwin (1801-1882), que foi ponto de partida para as concepções existentes sobre desenvolvimento humano, no entanto somente após a metade do século XIX que o modo de envelhecer foi compreendido a partir de enfoques que considerassem a complexidade inerente a vida, em que fatores históricos, culturais, sociais e individuais fossem enfatizados (FEATHERSTONE, 2000; NERI, 1995; NERI, 2002). Segundo Debert (1999); Neri (2001); Neri (2002); Neri (2004) o paradigma mais adequado para abordar o envelhecimento na Psicologia do Envelhecimento é o do desenvolvimento ao longo da vida ou também denominado life-span, pois este processo dá-se de forma não linear e procura integrar várias áreas do conhecimento. De acordo com Neri (2004), envelhecimento e desenvolvimento são processos interligados, e mesmo com as limitações dos aspectos biológicos na velhice, se os processos psicológicos mantiverem-se e o ambiente cultural for propício, poderão ocorrer desenvolvimentos na velhice. 28 A respeito da psicologia do envelhecimento, Neri (2004, p.17) relata que: (...) Focaliza as mudanças dos desempenhos cognitivos, afetivos e sociais, bem como as alterações em motivações, interesses, atitudes e valores que são característicos dos anos mais avançados da vida adulta e dos anos da velhice. Enfoca as diferenças intra-individuais e interindividuais que caracterizam os diferentes processos psicológicos na velhice, levando em conta os desempenhos de diferentes grupos de idade e sexo e de grupos portadores de diferentes bagagens educacionais e socioculturais. Estuda também os processos e as condições problemáticas que caracterizam e que afetam o funcionamento psicológico dos indivíduos mais velhos. Nesse aspecto particular, o estudo da velhice se beneficia da contribuição concorrente de várias disciplinas (...). Segundo Neri (2002), os aspectos psicológicos podem interferir no processo de desenvolvimento do indivíduo, mas devem ser entendidos nos aspectos multidimensionais e multidirecionais, que englobam um delicado equilíbrio entre vantagens e limitações, neste sentido a tomada de consciência é importante para que a pessoa conheça sua realidade tanto física quanto social e possa conduzir melhor seus posicionamentos e decisões. Neri (2004) afirma que a interação da psicologia com as ciências sociais é fator fundamental para a compreensão dos processos sociais subjacentes à construção das sociedades, dos grupos e das mentalidades, portanto o envelhecimento e o modo como se envelhece deve ser abordado a partir de uma perspectiva global que enfoque vários campos e aspectos. Ainda referente ao contexto psicológico, Doll (2002) afirma que a velhice é caracterizada por um período de perdas, isso não é diferente nas relações psicológicas, mas um aspecto importante a se destacar é a perda por morte de amigos, familiares, pais, parceiros e filhos. Estas perdas podem representar complicações e conseqüências prolongadas, como formas patológicas de luto, surgimento ou continuação de doenças e até a morte. Sobre a relação de envelhecer e morrer, Py & Trein (2002, p. 1113) descrevem que: (...) Envelhecer e morrer são experiências vitais singulares, próprias de cada ser. Contudo, são reguladas por padrões socioculturais que definem a significação de cada uma dessas experiências humanas, na especificidade de uma época e um lugar da história da humanidade. 29 Em consonância com os aspectos biológicos e psicológicos, o social é de grande valia para pessoas idosas, pois a socialização e interação do idoso de maneira geral tende a diminuir com o andar dos anos, podendo trazer algumas implicações. Segundo Erbolato (2002) manter uma rede de relações sociais durante a velhice é importante para que o indivíduo troque informações e, desta forma, possa gozar de conhecimentos, alegrias, satisfações, tristezas, etc. Na velhice, embora já tenham sido apreendidas muitas das habilidades de que se necessita para viver bem, o contato com outras pessoas também é considerado um aspecto importante para muitas pessoas. No entanto, Ramos (2002) numa revisão bibliográfica sobre relações sociais e saúde dos idosos afirma que predomina na literatura a ênfase da relevância dos relacionamentos sociais como um aspecto positivo, mas de acordo com a autora pode-se evidenciar de forma negativa quando os relacionamentos são caracterizados por ações concebidas de assistencialismo e paternalismo, pois o idoso tem sua autoestima baixa devido a sua dependência, além disso, causa a percepção de uma falta de autonomia e a inabilidade para retribuir ajudas recebidas. Ainda sobre relacionamento social Dacey & Travers (1991) afirma que é fator derivado de algumas normas impostas pela sociedade que demonstram preconceito frente ao modo de ser, estar ou conviver no mundo. Além disso, o relacionamento com outras pessoas está atrelado às decorrências ocorridas durante toda a fase da vida, resultante de sentimentos positivos e negativos, percepção de si e do outro, diferentes graus de envolvimento afetivo e intermináveis intercâmbios. Num estudo desenvolvido por Erbolato (2002) algumas tendências importantes no que se refere ao relacionamento social durante a velhice são levantadas: é normal que exista uma diminuição dos contatos sociais nesta idade, pois os indivíduos estão se preparando para a morte e cedendo espaço para novas gerações; outra possibilidade é a de que com a perda de papéis sociais importantes e, conseqüentemente, com a perda do poder, tais indivíduos passassem a exigir mais da sociedade, contribuindo menos, ou seja, uma visão de assistencialismo e comodismo; outras teorias sustentam-se na hipótese de que idosos deveriam tentar manter-se ativos, desempenhando os mesmos papéis da meia-idade. Na conclusão do estudo, o autor posiciona-se no sentido que é viável os idosos manterem-se, na 30 medida do possível, os mesmos padrões de interação social do princípio da vida adulta. Gáspari & Schwartz (2005) ressaltam que fatores subjetivos como valores, atitudes e emoções são considerados importantes no enredo social, enfatizando que vivências no lazer possibilitam uma oportunidade para que as relações sociais aumentem. Esses autores realizaram um estudo com 20 idosos participantes do Programa Ativa “Idade”: uma proposta de ação educativa, no âmbito do lazer, da cidade de Araras – São Paulo, tendo como objetivo principal identificar aspectos emocionais na percepção de idosos, durante vivências do lazer. As respostas confirmam a hipótese de que experiências no lazer são capazes de contemplar a gama de necessidades e expectativas do homem no aspecto emocional, contribuindo assim, no contexto social. Relacionado à manutenção da saúde as intervenções pautadas em aspectos biopsicossociais são bastante enfatizadas na literatura. Num estudo desenvolvido por Penna & Santo (2006) com dez idosos participantes do Grupo da Terceira Idade do Projeto Multidisciplinar de Valorização do Idoso no município de São Gonçalo – RJ, o estudo objetivou descrever as emoções na vida do idoso e discutir suas relações com a saúde destes indivíduos, os autores consideraram que as atividades de lazer e a convivência em grupo contribuem tanto para a manutenção do equilíbrio biopsicossocial do idoso, quanto para atenuar possíveis conflitos ambientais e pessoais. Essas questões relacionam-se aos aspectos de saúde destes indivíduos do ponto de vista subjetivo. Para Oliveira et. al. (2006) ainda é predominante na sociedade o olhar para o idoso de forma preconceituosa, desprovida de força e repleta de amargura, além disso, no modelo capitalista são encarados como um peso social, sempre recebendo benefício e nada oferecendo em troca. Desta forma, nos resultados desta pesquisa os autores apontaram estes os principais motivos de depressão em idosos participantes de Centros de Convivência de Taguatinga, Brasília, DF. Assim, concluíram que às limitações naturais físicas são acrescidas àquelas colocadas pela sociedade, fruto de preconceitos e estereótipos sociais. Rocha et. al. (2002) enfatizam que devido a fatores que surgiram durante a sua vida e principalmente no envelhecimento diminuindo o relacionamento social do 31 idoso, estes indivíduos estão cada vez mais aderindo a espaços que resgatam laços sociais, principalmente nas igrejas, entidades religiosas e Grupos de Convivência. Conforme Rocha et. al. (2002) estes espaços destinados aos idosos, além de promover um elo entre relações sociais, poderão atuar dentro de seus objetivos numa dinâmica de considerar o idoso como protagonista de transformações sóciopolíticas e sociais, através do empowerment4 e emancipação destes indivíduos. Verificou-se neste capítulo que o envelhecer das pessoas atualmente é analisado por várias áreas numa abordagem ampla, sob diversos olhares e perspectivas, não restringindo-se a doenças, desta forma, entende-se o processo de envelhecer do ser humano através dos aspectos biopsicossociais. Partindo deste pressuposto será que os espaços destinados aos idosos pautam-se nesta perspectiva de considerar a multidimensionalidade do envelhecer nas suas acomodações e intervenções? 2.2 - ESPAÇOS DESTINADOS AOS IDOSOS NA VELHICE Decorrente do aumento da longevidade dos indivíduos e do número de idosos na população em geral, inúmeros são os espaços oferecidos para atender à demanda de idosos em diversos setores (FREITAS, 2004). É bastante comum associar-se os espaços destinados aos idosos às ações da “indústria do rejuvenescimento”. Segundo Debert (1999), esse indústria caracteriza-se pela venda de mercadorias por meio de imagens que prezam a juventude, a saúde e a beleza, apresentando um ideal de corpo e comportamento a ser atingido. A idéia da eterna juventude é a “bandeira” hasteda pelos mercados de consumo, que a cada dia lançam um novo produto, visando “combater”, “evitar” e “previnir” o envelhecimento. A mídia tende a impor essas idéias a serviço do capital, veiculando informações que tendem também a 4 O termo empowerment segundo Laverack & Labonte (2000); Vasconcelos (2004) é definido como o meio pelo qual as pessoas adquirem maior controle sobre as decisões que afetam suas vidas; ou mudanças em direção a uma maior igualdade nas relações sociais de poder. No decorrer deste trabalho, o termo será utilizado desta forma, pois não existe uma tradução adequada para o português. 32 impor novas formas de comportamento, substituindo as normas sociais que anteriormente ditavam o comportamento adequado à pessoa idosa. Essa tendência mercantilista tende a modular e transformar o envelhecimento num nicho de mercado em que a velhice é privatizada. A idéia é fortalecer a promessa de que a velhice pode ser eternamente adiada através da adoção de estilos e formas de consumo adequadas (DEBERT, 1999; RODRIGUES, 2003). Desta forma, os espaços destinados a atender os idosos têm enfatizado a negação da velhice, apontando para a criação de um nicho mercadológico com produtos e soluções “mágicas” que fazem do idoso uma pessoa que não é velha. Os comportamentos desejáveis para os idosos veiculadas pela mídia criam um novo estereótipo, de um idoso ativo, jovem que, de acordo com Debert (1999), rejeita a própria idéia de velhice, ao considerar que a idade não é um marcador pertinente da definição das experiências. Se anteriormente os idosos eram homogeneizados por uma visão de invalidez e perdas, a partir da década de 90 o são através da imagem de um idoso ativo, saudável, em busca de atividades de lazer. A tendência da negação da velhice, de acordo com Prado & Said (2006), é observada largamente na literatura gerontológica atual dos termos, que para denominar as pessoas “velhas”, utiliza-se “idosos”, “adultos maiores”, “terceira idade”, “sêniores”, entre outros. Ambas as imagens tendem a afastar os idosos do lazer, a primeira por desconsiderar as potencialidades da pessoa idosa e a segunda por negar a velhice, trazendo novas formas de comportamento com as quais os idosos não se identificam. Cada espaço destinado aos idosos possui seus objetivos e finalidades, Ferrigno (2003) reconhece que as Unidades de Saúde, Asilos, Universidades Abertas da Terceira Idade, entidades religiosas e os Grupos de Convivência são os principais locais com atividades direcionadas a esta população. Com relação às Unidades de Saúde Sayeg & Mesquita (2002) afirmam que são espaços destinados a atender pessoas que estão tratando de doenças. Nestes lugares, normalmente os idosos são considerados como pessoas frágeis, sem funcionalidade e principalmente como seres sem uma perspectiva de futuro. Esta questão se apresenta claramente principalmente em relação ao Sistema Único de 33 Saúde - SUS, que tem um atendimento precário no Brasil e não consegue atender a demanda de idosos doentes. Goldman (2004) tem uma visão mais positiva quando se refere às Unidades de Saúde. Para a autora estas instituições têm ampliado suas ações com programas de grupos específicos de certas enfermidades. Tais programas, além do tratado específico, propõe-se à transmitir conhecimentos sobre as doenças e elucidarem as melhores alternativas para enfrentá-las, oferecendo possibilidades de trocas de experiências e de afeto, ampliando a rede de amizades e solidariedade, compensando as perdas comuns naqueles que envelhecem. A mesma autora enfatiza que as instituições asilares, por sua vez oferecem aos idosos atividades que auxiliem na interação com outros indivíduos através de visitas a museus, centros culturais, cinemas, teatros, festas e passeios diversos. Porém, se analisarmos de uma forma em que as visitas forem realizadas apenas com o intuito de passar o tempo do idoso poderá não ocorrer nenhuma interação com ambiente e pessoas e, desta forma, não ter sentido/relação com o idoso. Outra possibilidade é trazer para o interior das instituições programas de lazer e de cultura que permitam a troca de experiências intra e intergeracionais, ou seja, aproveitar o apoio de familiares, amigos e conhecidos. Segundo uma pesquisa realizada por Prado & Petrilli (2002), o principal motivo de admissão de idosos em asilos é a falta de respaldo familiar relacionado a dificuldades financeiras, distúrbios de comportamento e precariedade nas condições de saúde. De acordo com Oliveira et. al. (2006) as pessoas admitidas num asilo se tornam membro de uma nova comunidade. Geralmente vivenciam uma nova ruptura de seus vínculos relacionais afetivos, convivendo cotidianamente com pessoas que possuam restritos vínculos afetivos. Independente da qualidade da instituição ocorre normalmente o afastamento com a sociedade em geral. Por outro lado, percebe-se também que as instituições destinadas à educação, eram voltadas exclusivamente às faixas mais jovens, entendendo-se que sua principal função destinava-se à formação profissional. A partir dos anos 70, na França, surgiram programas nas chamadas Universidades para a Terceira Idade, programas que hoje estão presentes em muitos países. Estas universidades e as pesquisas em Gerontologia educativa em favor da formação dos idosos são as forças 34 motrizes para a educação permanente. No entanto, Cachioni (1999); Pacheco (2003) entendem que a educação permanente integral só será possível quando houver uma sociedade verdadeiramente democrática em que o acesso à informação seja compartilhado pelos cidadãos, independente da faixa etária em que se situam. De acordo com Netto (2004) as Universidades e Faculdades Abertas à Terceira Idade são alternativas que os idosos têm em relação à educação. O propósito destas instituições é que levem o processo de envelhecimento de maneira natural, dinâmica, progressiva e irreversível, ou seja, deve ser trabalhado como algo que faz parte da vida, não devendo ser tomado como doença ou fatalidade. Desta forma, espera-se que o envelhecimento seja tratado como algo a ser aceito em manifestação vital comum a todos os seres vivos, possibilitando que as pessoas cresçam e amadureçam, biológica e psicologicamente, levando-as a assumir diferentes status e papéis sociais ao longo de sua existência. As Universidades de Terceira Idade possuem caráter educacional com finalidades informativas a respeito de aspectos biopsicosociais do envelhecimento, programas de preparação para aposentadoria e atualização cultural. Além dos módulos informativos, os programas oferecem atividades físicas como ginástica, ioga ou natação, atividades manuais ou artísticas como grupos de corais e cursos de artes plásticas (PACHECO, 2003). A expansão das Universidades de Terceira Idade no Brasil é um dos indicadores de que a velhice vem ganhando visibilidade cada vez maior. Num levantamento feito por Cachioni em 1999 a pesquisadora apontou as principais iniciativas desenvolvidas por instituições universitárias: Universidade de Passo Fundo – RS; Universidade de Caxias do Sul – RS; Faculdade de São José dos Campos – SP; Universidade Metodista de Piracicaba – SP; Universidade São Judas Tadeu – SP; Universidades Católica de Goiás – GO; Universidade de São Paulo – SP; Universidade do Sagrado Coração – SP; Universidade de Sorocaba – SP; Universidade Estadual do Rio de Janeiro – RJ; Pontifícia Universidade Católica de Campinas – SP; Universidade Estadual do Ceará – CE; Universidade Federal de Santa Catarina – SC. Segundo Pacheco (2003) referindo-se às Universidades Abertas de Terceira Idade, a tendência é o aumento de iniciativas deste cunho devido a importância que vem sendo dada a educação permanente e a velhice como um período de desenvolvimento. 35 Atualmente, instituições com estas características somam, em nosso país, mais de 150 unidades (VERAS & CALDAS, 2004). Neste sentido, a educação é um aspecto fundamental para que o idoso possa controlar e direcionar suas ações exercendo autonomia. Conforme Schons & Palma (2000, p.125) “o homem, por ser inacabado, tende a perfeição. A educação é, portanto, um processo contínuo que só acaba com a morte”. Outro segmento direcionado a atender a população idosa no Brasil segundo Monteiro (2004), são as entidades religiosas representadas por igrejas, grupos missionários e paróquias de todos as matizes, ou seja, diferenças crenças que possuem suas ações caracterizadas pela fé das pessoas. Acredita-se que a proximidade da morte e a perda de entes queridos são os maiores contribuintes para uma maior aproximação do contingente idoso com a espiritualidade e a ação religiosa. Segundo Goldstein & Sommerhalder (2002) a religiosidade fornece crenças, símbolos, rituais, tradições e intuições que ajudam a articular a percepção de significado, enquanto para outros, a religião pode desencorajar ou mesmo destruir o sentido de ligação ou integração consigo mesmo e com outras pessoas, com o mundo e, mesmo, com Deus. Já quando relacionado ao lazer ou à utilização do tempo livre o que predomina são os Grupos de Convivência de Idosos. Normalmente são criados pela iniciativa pública, mas também podem ser oriundos das iniciativas privadas e atendem os idosos nos aspectos físicos, funcionais e sociais através de atividades (CACHIONI, 1999). De acordo com Ferrigno (2003), o SESC de São Paulo, criou em 1963 o primeiro Grupo de Convivência de Idosos no Brasil. Naquela época o Brasil era entendido como uma nação jovem, já que o número de idosos na população se encontrava abaixo dos 5% do total de brasileiros. Até então, havia apenas asilos e outros trabalhos assistenciais para idosos carentes e sem família, além de outras iniciativas destinadas aos aposentados de categorias profissionais mais organizadas como bancários e metalúrgicos. A implementação proposta pelo SESC pode ter sido dada devido a falta de iniciativas com caráter de socialização, pois naquele período as políticas concentravam-se nas forças de trabalho. Neste sentido o SESC, 36 caracterizado como uma instituição privada que foi criada e mantida pelos empresários do comércio, tem como política propiciar momentos de lazer e socialização durante o tempo livre. De acordo com Gomes (2001) os Grupos de Convivência de Idosos também são caracterizados pela participação voluntária de idosos em campanhas assistenciais lideradas por entidades religiosas, normalmente são pessoas que desempenham suas tarefas movidas por um sentimento humanitário e de forma desinteressada, pois não têm vínculo empregatício com o trabalho que realizam. Pressupõe que pessoas idosas possuem um comportamento com ações mais solidárias e afetivas, além disso, fortalece-se a idéia que os idosos que vivem hoje tiveram outras vivências caracterizadas por diferentes valores que os atuais, podendo ser a justificativa para esta conduta. Segundo Ferrigno (2003) os Grupos de Convivência de Idosos compreendem genericamente o desenvolvimento físico-esportivo, recreação, turismo social, biblioteca, apresentações artísticas, desenvolvimento cultural, cursos supletivos, cursos livres, assistência odontológica, refeições e lanches comunitários, medicina preventiva, educação para a saúde, ação comunitária, trabalhos em grupo e assistência social. Rolin (1998) realizou um estudo com os idosos pertencentes aos Grupos de Convivência em Florianópolis, verificou que as iniciativas tiveram um significado e sentido especial para eles devido a programação e aos participantes, sendo o convívio social o fator preponderante para a participação. Ferrigno (2003) afirma que os Grupos de Convivência de Idosos proliferaramse em todas as regiões do Brasil como um espaço bem agradável aos idosos. Não foram encontrados dados gerais relativos ao número de Grupos de Convivência de Idosos apresentados na literatura ou em estatísticas no Brasil, porém para demonstrar como estas iniciativas são bastante difundidas, citar-se-ão alguns dados: segundo Mazo et. al. (2001) relataram que o município de Florianópolis - SC possuía 93 grupos em 2001, Leite et. al. (2002) em um levantamento realizado no município de Ijuí – RS no ano de 2002 foram encontrados 17 grupos, Oliveira & Cabral (2003) numa pesquisa desenvolvida em Campina Grande – PB no ano de 2003 identificaram 43 grupos e, durante o desenvolvimento desta dissertação, num levantamento 37 realizado no ano de 2005 no município de Marechal Cândido Rondon – PR foram encontrados 14 Grupos de Convivência no município. Um estudo realizado por Conte (2004), nos Grupos de Convivência de Idosos de Marechal Cândido Rondon, destaca que 78,8% da população destes grupos tinham descendência alemã. Os resultados encontrados indicaram que a predominância de descendentes germânicos foi considerada um fator preponderante para os bons níveis do índice de qualidade de vida, já que este aspecto tendeu a determinar um perfil com condições favoráveis aos diversos hábitos e estilo de vida desta população. Em relação aos programas de educação física, quando existentes em Grupos de Convivência de Idosos atendem a propostas atividades como a ginástica, recreação, jogos, dança, natação, hidroginástica, ioga e caminhada entre as principais oferecidas (MAZO, 2003). 2.2.1 – Os programas de educação física como espaços para idosos Neste momento são apresentadas as principais características e realizada algumas pontuações frente aos moldes de programas de educação física para os idosos. Programas de educação física para idosos vêm sendo elaborados e implantados em maior número na última década. Okuma (1997); Silva Júnior & Velardi (2005); Velardi (2003) afirmaram a necessidade do conhecimento em geral do contexto dos indivíduos e comunidades antes de elaboração de um programa de educação física para idosos, no sentido de analisar a realidade encontrada e a partir daí estabelecer uma programação condizente com a situação. Entretanto, normalmente os programas de educação física para idosos não partem da preocupação em avaliar as tendências regionais, culturais nem as necessidades e desejos dos idosos. Okuma (1997, p.3), ao fazer uma análise crítica em relação aos modelos de atividades físicas propostos pelos diversos programas, afirma que: 38 A utilização de estratégias de intervenção cujo estímulo é externo ao indivíduo, numa tentativa de levá-lo a alcançar aquilo que é considerado bom pela ciência e pela sociedade e não, necessariamente, por ele. Em outras palavras, estes modelos estabelecem, a priori, metas a serem atingidas a partir de padrões pré-estabelecidos: são comportamentos motores a serem seguidos, níveis mensuráveis de saúde, percentual de peso a ser perdido, eficiência de determinados órgãos e regiões do corpo e assim por diante. Deste modo, os objetivos que têm prioridade são os que buscam melhora da saúde, controle da obesidade, melhora da aptidão física, melhora das características estéticas do corpo, dentre outros. Estes são perseguidos como se constituíssem o indivíduo na sua totalidade, como se ele fosse apenas um coração doente, ou um organismo fisicamente inapto e inábil que deve ser melhorado, ou ainda um amontoado de músculos que deve ser moldado. Aparentemente, entretanto, tais objetivos não tem sensibilizado suficientemente as pessoas para levá-las e/ou mantê-las nos programas. Para ter uma noção geral do panorama em que se encontram os programas de educação física, foi realizado um levantamento na tentativa de identificar quais eram os programas que proporcionavam aos idosos atividades físicas, sejam elas sistematizadas ou através de modelos educativos. Desta forma, foi elaborado um quadro (anexo 1) dos programas de educação física destinados à população idosa. É importante salientar que no quadro não estão relacionados todos os programas existentes, mas apenas os que foram encontrados nesta busca. Para realizar esta procura foram utilizados como métodos: a) pesquisa no site de busca da internet “google” com as seguintes palavras-chave: programa atividade física idosos, programa educação física idosos; b) programas de atividades físicas e educação física, citados nos anais do Seminário Internacional sobre Atividades Físicas para a Terceira Idade. Para facilitar a visualização e interpretação do quadro em anexo foi elaborada uma tabela que apresenta a caracterização do quadro, a seguir é apresentada a tabela 1: 39 Tabela 1 – Freqüência e percentual das características do levantamento realizado em programas de educação física destinados aos idosos no Brasil. Desenvolvimento de iniciativas F Universidades e Faculdades 12 Público 3 Privado 2 Parceria Universidade/Privado 1 TOTAL 18 % 66,7% 16,7% 11,1% 5,5% 100% Atividade física com relação causa e efeito com saúde e qualidade de vida F % Sim 15 83,3% Não 3 16,7% TOTAL 18 100% Sim Não TOTAL Autonomia referenciada de maneira funcional F 14 4 18 % 77,8 22,2 100% Sim Não TOTAL Programas com moldes preventivos F 15 3 18 % 83,3% 16,7% 100% Verificou-se na tabela 1 que as iniciativas idealizadas por Universidades e Faculdades são predominantes com 66,7%. Esta alta porcentagem correlaciona-se com o número de estudos publicados na Educação Física, também oriundos na sua maioria de grupos de estudos difundidos nas universidades. Destacam-se os seguintes programas: CEAFE – ULBRA, RS; GETI – UDESC, SC; IMMA – UERJ, RJ; NIEATI – UFSC, SC; PAAF – USP, SP; PROFIT – UNESP, SP; AFRID – UFU, MG; PIPS – UFAM, AM; PGO – UCB, DF; SÊNIOR – USJT, SP, todos apontados no quadro 1. Neste levantamento, as iniciativas dos programas de educação física para idosos desenvolvidos por setores públicos foram de 16,7%, seguida de 11,1% dos setores privados, além disso, verificou-se também um programa de parceria da Universidade de Brasília com a empresa Brasil Telecom. Observa-se através da tabela 1 que a maioria dos programas (83,3%) considera a prática sistemática da atividade física numa relação de causa e efeito a respeito de saúde e qualidade de vida, ou seja, reduzindo o conceito de saúde à 40 exclusivamente ausência de doenças e abordando a qualidade de vida como uma conquista da prática sistemática da atividade física, numa visão reducionista da conceituação com ênfase no “fazer” atividade física para se “alcançar saúde”, numa abordagem restritamente preventiva (PALMA et. al., 2003). O conceito de autonomia foi referenciado como um dos objetivos principais das iniciativas de atividades físicas para idosos, entretanto, normalmente de forma funcional. Neste levantamento 77,8% dos programas abordam esta questão da autonomia numa visão que relaciona o conceito restringindo-se à operacionalização das ações motoras ou cognitivas que um indivíduo é capaz de executar de maneira independente. Por exemplo, no Núcleo Integrado de Estudos e Apoio à Terceira Idade (NIEATI) da Universidade Federal de Santa Catarina o objetivo principal do programa é o de promover atividades físicas para idosos visando em primeiro lugar uma melhoria na sua qualidade de vida, de uma autonomia de movimentos melhorada através da atividade física. Desta forma, o conceito de autonomia tem referência à independência física. Já no Grupo de Estudos da Terceira Idade da Universidade Estadual de Santa Catarina, a autonomia é abordada de outra forma, ou seja, não se restringindo à funcionalidade. O objetivo é proporcionar programas de atividades educacionais, culturais, artísticas, de atividade física e de avaliação fisioterápica e preventiva, conforme a solicitação e necessidade das comunidades, privilegiando a autonomia dos idosos e respeitando a sua cidadania. Um programa de educação física que deve ser destacado neste sentido é o Projeto Sênior para a Vida Ativa da Universidade São Judas Tadeu – SP, que segundo suas idealizadoras Miranda & Velardi (2004), constitui-se como uma proposta de caráter educacional, que tem por objetivo disseminar informações e ações necessárias à aquisição de autonomia para a manutenção de hábitos saudáveis pelos idosos, como a prática de atividade física, a adoção de dieta adequada e o constante auto-cuidado. No levantamento realizado verificou-se que as iniciativas apontam para a eficácia dos programas de educação física para idosos amplamente sustentados através de resultados apontados em modelos epidemiológicos que enfatizam a manutenção ou melhora da capacidade funcional, níveis de aptidão física ou 41 diminuição dos riscos de doenças, ou seja, num modelo preventivo. Neste levantamento apontado na tabela 1 o percentual para programas com estas características foi de 83,3%. A predominância de modelos que enfatizam a prática da atividade física sistematizada e repetitiva ainda é clara e percebe-se a relação entre este fato e a influência quase que hegemônica do modelo biomédico que tem suas principais características associadas à prevenção de certas doenças (SILVA JÚNIOR & VELARDI, 2005). Isto ocorre principalmente porque o apelo das doenças é mais forte que os outros, desta forma, a prática da atividade física fica com o intuito quase que exclusivo de afastar-se das doenças. E se a prática for motivada especificamente por este aspecto, há uma tendência de que quando os idosos consigam o seu objetivo abandonem a atividade física. Assim sendo, vincula-se atividade física com um “remédio”, pois ela é utilizada como um elemento de prevenção ou tratamento de certa doença que quando remediada é colocada em segundo plano ou extinta de seu projeto pessoal. Andreotti (1999) afirma que há uma carência na literatura de estudos que investiguem a relação entre um programa de educação física geral, que contemple conteúdos estimuladores aos vários sistemas do corpo humano. O que aparece normalmente são estudos muito específicos que fazem análises quantitativas referentes a uma “parte” do corpo que quer ser trabalhada ou estudada. Desta forma, a autora considera que ocorre uma divisão do corpo como um todo. Entretanto, existem iniciativas que não ficam restritas a este modelo. É o caso das ações alicerçadas no ideário da Promoção da Saúde, embora não muito difundidas, pois é uma área desenvolvida muito recentemente, mas que leva em consideração o processo participativo comunitário, priorizando estratégias que favoreçam a aquisição da autonomia das pessoas (CZERESNIA, 2003). Neste sentido, as iniciativas buscam inserir a atividade física como um elemento importante e necessário, desde que esteja vinculado com uma rede de relações significativas das pessoas, aliando-se a idéia da autonomia e o que significa a prática racional e consciente da atividade física, feita com base em escolhas pessoais e não de maneira imposta. Segundo o ideário da Promoção da Saúde, os processos educacionais que 42 levem à autonomia e ao empowerment são cruciais para que os objetivos relativos aos cuidados com a saúde sejam atingidos. Percebe-se que apesar de muitas iniciativas direcionadas à idosos serem intituladas como programas de educação física, estas possuem seu apelo à prática da atividade física sistematizada sem nenhum caráter destinado à educação, fazendo com que sua característica seja equivocada. Muitos dos programas de educação física são elaborados com a intenção de auxiliar na melhoria da qualidade de vida das pessoas e comunidades, esta relação causal feita pelos profissionais deve ser bastante cuidadosa e específica, pois de acordo com Adriano et. al. (2000), o conceito de bem-estar, qualidade de vida, varia de sociedade para sociedade, de acordo com cada cultura. Ferreira & Najar (2005), em um estudo sobre programas de atividades físicas relatam que as influências ambientais devem ser analisadas sob uma perspectiva que extrapole a dimensão da estrutura física e que deve depender também do entorno social. De acordo com os autores, se as atividades propostas tiverem uma relação com os hábitos e culturas da população, a probabilidade de que o exercício físico passe a fazer parte da rotina do grupo e a adesão dos programas é muito maior do que nos modos convencionais. Um estudo apresentado por Moraes & Vicentin (2005) parte da compreensão dos anseios dos idosos em se tratando de um programa que atenda às necessidades das pessoas da localidade. No programa investigado, o ponto de partida foi o relato dos idosos para viabilizar um programa de atividades físicas que atendesse às necessidades sociais e culturais dos associados de um Clube privado na cidade de Campinas – SP. Para verificar qual a intenção dos idosos frente à atividade física, os autores utilizaram uma entrevista estruturada que foi realizada por telefone, buscando informações que fornecessem subsídios para a estruturação de um programa coerente com os objetivos e necessidades da população. Como resultado observou-se um aumento significativo no número de inscrições nas atividades propostas pelo Clube, como é apresentado na tabela 2 a seguir: 43 Tabela 2 – Número de inscrições de associados acima de 60 anos Inscrições De 10/2002 a De 10/2003 a De 10/2004 a Total de inscritos em 10/2003. 10/2004. 10/2005. 10/2005 50 128 111 522 Adaptado de Moraes & Vicentin (2005) Os autores acreditam que o aumento no número de inscrições é decorrente das atividades que foram propostas pelos idosos, ou seja, possui relação e significado com a vida das pessoas. No tópico apresentado foram apontados os principais espaços destinados aos idosos com suas características principais. Por meio desta abordagem evidenciou-se como principal aspecto de caracterização das iniciativas a velhice entendida como um nicho de mercado, ou seja, as iniciativas visando lucro e utilizando-se dos idosos como consumistas em busca de novos padrões de saúde, estética e bem-estar. Foram apresentados também alguns programas de educação física implantados no Brasil, no sentido de verificar como eram suas características. Observou-se que predominam programas com ênfase em avaliações físicas e funcionais, atribuindo a melhora dos atributos físicos como eficácia dos programas. 2.3 – A PRÁTICA DA ATIVIDADE FÍSICA NA VELHICE: CARACTERÍSTICAS E IMPLICAÇÕES. “Devemos tratar o idoso como um ser que envelhece e não como um ser que adoece.” Medeiros (2005) Os seguintes tópicos da revisão de literatura abordarão a prática da atividade física e a influência da Educação Física na velhice, apontando as principais características e implicações, destacando pontos como: os benefícios, a avaliação física e funcional do idoso e a adesão dos idosos aos programas. 44 2.3.1 – Benefícios da atividade física na velhice. Até pouco tempo atrás a Educação Física não tinha comprometimento direto com os idosos, ou seja, a preocupação predominante era a busca de “corpos saudáveis e fortes”, principalmente para crianças e jovens. Após o Manifesto Mundial de Educação Física realizado no ano de 2000 no Congresso Mundial de Educação Física, o conceito é revisado deixando de ser apenas utilizado para a infância e adolescência e passa a constituir-se como um processo de educação ao longo da vida das pessoas, ou seja, desde a infância até a velhice (FIEP, 2000). Inúmeras pesquisas e estudos publicados ao longo das duas últimas décadas apontam os benefícios físicos, funcionais e fisiológicos que a prática da atividade física pode proporcionar à população idosa (ELWARD et. al., 1992; MATSUDO et. al., 2003; STEWART et. al., 2001; ZAGO & GOBBI, 2003). ACSM (1999) ; Capodaglio et. al. (2006); Kaczor et. Al. (2006); Matsudo et. al. (2004); Penedo & Dahn (2006); Struck & Ross (2006) expõem nos respectivos estudos a importância da atividade física como um recurso fundamental no processo preventivo de doenças, melhora dos níveis de aptidão física, diminuição nos percentuais de gordura corporal, manutenção das capacidades funcionais. Além disso, a prática da atividade física regular tem sido descrita na literatura como um excelente meio de atenuar a degeneração provocada pelo processo de envelhecimento nos domínios físicos, psicológicos e sociais (ACSM, 1999). A prática regular de atividades físicas exerce forte impacto na prevenção e tratamento de diversas doenças decorrentes do processo de envelhecimento (GUISELINI, 2004; MENDONÇA et. al., 2004). A regularidade na prática de exercícios físicos tem sido comprovadamente “um fator de proteção” contra processos degenerativos e distúrbios metabólicos no organismo, tais como aterosclerose, envelhecimento precoce, obesidade, hipertensão arterial (LEITE, 2000). Segundo o American College of Sports Medicine (ACSM, 1999), a participação em um programa de exercício regular é uma modalidade de intervenção efetiva para reduzir/prevenir um número de declínios físicos, fisiológicos, orgânicos e funcionais associados ao envelhecimento, podendo contribuir substancialmente para a qualidade do viver desta população. 45 Baseado na literatura através da aplicação de estudos, a atividade física vem estabelecendo relações bastante positivas no que diz respeito à prática e seus benefícios, principalmente os preventivos ou que atuam na minimização dos efeitos destas doenças na velhice. A atividade física moderada e regular tem valor significativo na prevenção primária e secundária de um grande número de condições cardiovasculares, incluindo doença cardíaca isquêmica, acidente vascular cerebral, hipertensão arterial, doença vascular periférica e doença renal secundária à hipertensão ou diabetes (JANSSEN & JOLLIFFE, 2006; LEE et. al., 1992; MACDONALD et. al., 1992; PATE et. al., 1995). McArdle et. al. (1996) afirmaram que as alterações cardiovasculares ocorrem mais em indivíduos idosos, mas diante da prática de atividade física regular estas alterações podem ser minimizadas, pois indivíduos treinados preservam o funcionamento cardiovascular num nível muito acima do observado em indivíduos inativos fisicamente. Um exemplo é o estudo de Neumann et. al. (2006) que realizaram uma experimentação e verificaram que exercícios aeróbios como caminhada pode atenuar a reativação da pressão sanguínea aos estressores emocionais em idosos e, desta forma, poder reduzir os efeitos da isquemia do miocárdio. Quando relacionado ao sistema respiratório Varray (2006) encontrou nos resultados de seu estudo uma relação significante e positiva dos efeitos da prática da atividade física em idosos com doenças crônicas pulmonares, podendo minimizar os efeitos da doença. O autor enfatizou a importância dos idosos em praticar exercícios físicos como sendo o melhor caminho para melhorar o bem-estar geral dos indivíduos. Outra abordagem freqüente encontrada na literatura são os estudos que enfatizam o sucesso de programas de atividade física na melhora de níveis de aptidão física e principalmente na manutenção e evolução das capacidades físicas e funcionais do idoso (ANDREOTTI & OKUMA, 2003; CARVALHO et. al., 2003; ZAGO & GOBBI, 2003). De acordo com Matsudo (2001); Okuma (2002) a capacidade funcional é considerada requisito primordial para a habilidade do idoso de viver em condições de 46 independência podendo, desta forma, realizar tarefas simples e complexas do cotidiano sem necessitar a ajuda de ninguém. Bons níveis de aptidão física em idosos têm se mostrado indicador importante sobre a melhoria de vários aspectos físicos e funcionais, por exemplo, bons parâmetros de composição corporal, controle de peso, capacidade funcional e condicionamento físico melhorado (MATSUDO, 2005; VALE, et. al., 2005; ZAGO & GOBBI, 2003). Mazo et. al. (2005) realizaram um estudo relacionando níveis de atividade física, condições de saúde e características sócio-demográficas de mulheres idosas brasileiras e concluíram que deveria existir uma intervenção contínua, sendo que as idosas menos ativas devem tornar-se ativas e as mais ativas se mantenham ou aumentem o seu nível de atividade física. A conclusão do estudo relaciona a atividade física como aspecto fundamental para a saúde de todas as pessoas e vincula a atividade física como relação causa-efeito no que se refere à saúde. Num estudo em que o objetivo foi verificar a relação entre o índice de aptidão funcional geral e o IMC de mulheres idosas praticantes de atividades físicas, Mazo et. al. (2006) encontraram nos resultados do estudo que as idosas com sobrepeso apresentam um risco aproximadamente 16 vezes maior para terem um índice de aptidão funcional geral em relação àquelas com IMC normal. Desta forma, reforçam a importância do uso de estratégias considerando a prática da atividade física indispensável e que aliado a uma alimentação adequada para se obter benefício no controle da obesidade. Outro aspecto relacionado aos benefícios que a atividade física regular pode proporcionar aos idosos está na prevenção de quedas, pois conforme Spirduso (1995); Dibrezzo et. al. (2005) a atividade física auxilia em alguns elementos indispensáveis para que o idoso previna-se de eventuais quedas: fortalecimento dos músculos das pernas e costas, melhora dos reflexos, melhora a sinergia motora das reações posturais, melhora a velocidade de andar, incremento da flexibilidade, manutenção do peso corporal, melhora da mobilidade e diminuição do risco de doença cardiovascular. Guimarães & Farinatti (2005) revelaram num estudo realizado com mulheres idosas no sentido de verificar possíveis fatores que causam eventuais 47 quedas em idosos, observou-se que a variável flexibilidade possuiu uma associação significante com quedas em idosos. Shephard (2003), afirma que são inúmeros os argumentos que encorajam os idosos a praticarem atividades físicas e manterem um estilo de vida ativo durante a velhice, pois além das questões relativas às doenças e à aptidão física existe um aumento de contatos sociais. De acordo com o autor os ganhos relacionam-se, além de melhorar a saúde dos idosos, com a diminuição dos gastos médicos para a sociedade. Falar em diminuição de gastos pode parecer algo positivo e até desejável, entretanto, um reforço excessivo sobre esta perspectiva aponta que a velhice, de uma forma geral, ainda é entendida por muitas pessoas e profissionais, inclusive os da Educação Física, como uma fase de degradação e perdas, com impacto decisivo sobre o desenvolvimento social e econômico de uma determinada população. De acordo com Andreotti (1999), nesses casos as alterações decorrentes do processo de envelhecimento não são vistas como mudanças adaptativas normais ao processo de desenvolvimento do ser humano, mas como acontecimentos que levarão o indivíduo a uma condição de incapacidade. Especialmente sobre a relação entre prática de atividades físicas e a diminuição do impacto do envelhecimento sobre as sociedades, Gerez (2006) afirma que é comum na Educação Física discursos epidemiológicos que estimulam os idosos a praticarem atividades físicas com argumentos que justificam a sua necessidade simplesmente a partir da exposição dos fatores de risco do sedentarismo e dos gastos em Saúde Pública com doenças crônico-degenerativas, ou seja, do ônus que sobrecarrega as economias dos países industrializados com grande número de indivíduos sedentários e idosos. Por este motivo, muitas vezes as intervenções que visam o estímulo à prática de atividades físicas são baseadas e reforçadas com o propósito de transmissão de conhecimento pela explicação do que é a doença e quais os riscos relacionados a ela e que são pautadas, muitas vezes, por intenções subliminares, que visam mobilizar as pessoas pelo medo ou, ainda, assumindo caráter assistencialista (VELARDI, 2003). Além deste caráter que justifica a atividade física pelos riscos de doenças, Velardi (2003) afirma que os ensinamentos dos conceitos e procedimentos 48 relacionados à atividade física para idosos são instrumentalizados por ações prontas ou ironicamente denominadas pela autora como “método receita de bolo”. Na mesma direção Silva Júnior et. al. (2006), afirmam que geralmente os profissionais da Educação Física apresentam a atividade física como um recurso capaz de estabelecer melhoras nas condições de saúde das pessoas através de métodos prontos, como se fosse um “passe de mágica” ao manipular-se uma “varinha de condão”, tratados como informações descontextualizadas e retirando-se o significado que aquilo pode ter para o indivíduo. O processo deve ir além da prática sistematizada, estabelecendo relações e significados com e para a vida do praticante (OKUMA, 1997). Assim sendo, devemos compreender a atividade física não apenas como meio para o controle das doenças, para “melhorar” o coração, tornar músculos mais fortes e flexíveis, ter movimentos mais ágeis, buscar maior capacidade funcional ou outras inúmeras possibilidades reconhecidas e comprovadas cientificamente. No entanto, olhar para estes aspectos separadamente é dividir o idoso em partes e, portanto, considerá-lo como algo e não como um ser humano. O envelhecimento e a velhice devem ser entendidos como processos singulares, dependentes de fatores múltiplos. Assim, identifica-se que a avaliação da população idosa que leve a elaboração de programas de educação física deve ser considerada a partir da compreensão dos múltiplos aspectos e benefícios que permeiam a velhice, desde os fisiológicos, físico-motores, até os de natureza psíquica, social e subjetiva. Entretanto, é predominante na elaboração de programas de educação física para idosos avaliações que pautam-se pelos aspectos físicos e funcionais, aspectos estes fundamentais no sentido de conhecer os limites e potencialidades dos indivíduos para que as intervenções estejam coerentes com a aptidão física dos participantes. 2.3.2 – Avaliação do perfil antropométrico, de aptidão física e de atividades físicas em idosos. A avaliação de componentes antropométricos, metabólicos e neuromusculares da aptidão física é fundamental na determinação dos efeitos do envelhecimento 49 relacionado ao desempenho físico, além disso, serve como parâmetro de avaliação na elaboração de um programa de educação física (MATSUDO, 2005). Segundo Matsudo et. al. (2002) as mudanças que ocorrem nas dimensões do corpo do idoso são uns dos principais indicadores de envelhecimento, principalmente com relação ao peso, estatura e composição corporal. Com as mudanças no peso e na estatura, o IMC, também se modifica com o transcorrer dos anos. Valores de IMC são indicadores práticos recomendáveis para verificar se o idoso se encontra na faixa recomendável de peso. Desta forma, este método poderá relacionar os indicadores com o possível surgimento de certas doenças, principalmente as cardiovasculares e de diabetes. Com o intuito de verificar a evolução das variáveis antropométricas no período de um ano, Matsudo et. al. (2002) avaliaram 117 idosas com média de idade de 65±6,6 anos. Os resultados encontrados para este grupo indicam que com a prática da atividade física regular os índices antropométricos mantiveram-se estáveis, desta forma, os autores enfatizam a importância dos idosos participarem de um programa de atividades físicas para minimizar os efeitos deletérios do envelhecimento. Em outro estudo realizado por Rogatto & Gobbi (2001) com mulheres idosas participantes de um programa de atividades físicas, constatou-se que apesar de serem ativas fisicamente a média do IMC foi de 27,6±6,3. Valores estes considerados acima do recomendável e que são classificados de acordo com a OMS (1998), como pré-obesidade. A mensuração da circunferência da cintura em idosos tem sido uma técnica muito eficaz no aspecto de encontrar possíveis indicadores relacionados com fatores de risco, principalmente pelo acúmulo de gordura na região abdominal, particularmente ao redor das vísceras (NAHAS, 2003). De acordo com Costa & Monego (2003) a circunferência da cintura mostra uma relação importante com o risco do aparecimento de eventos cardiovasculares, pela deposição de gordura altamente mobilizável na região do abdômen. Costa & Monego (2003); Nahas (2003); Spirduso (1995); OMS (1997) através dos estudos afirmam que perímetros acima de 102 cm para homens e 88 cm para mulheres são considerados de alto risco para o surgimento de doenças cardiovasculares, diabetes e certos tipos de câncer. 50 Para as idosas participantes de um programa de atividades físicas na cidade de São Caetano do Sul – SP a média encontrada para o grupo de 60 a 69 anos ficou em 85 cm, resultado que pode ter sido influenciado pela prática regular de atividades físicas, tendo em vista que todas as idosas eram ativas fisicamente (MATSUDO et. al., 2002). Sendo assim, a atividade física pode ser vista de forma positiva preventivamente. Outro ponto importante a ser destacado relaciona-se a mensuração do nível habitual de atividade física dos indivíduos, que segundo Matsudo (2005) é uma avaliação desafiante, pois apesar de existir muitos métodos e técnicas para a sua determinação, não existe um consenso de qual a melhor forma de avaliar. Os questionários são os mais utilizados por ser simples, econômico, de rápido preenchimento e possíveis de aplicação em grandes grupos. Quando se utiliza questionários para a avaliação do nível de atividade física em idosos convém aplicá-los em forma de entrevista individual para amenizar as dificuldades na assimilação das idéias a serem expostas e respondidas, além disso, proporciona uma aproximação e melhor interação entre entrevistador e entrevistado (VERAS, 1994). Stewart et. al. (2001) apontaram uma série de limitações para a aplicação do questionário na avaliação do nível de atividade física em idosos: a) avaliação inapropriada do tipo e quantidade adequada de atividade física; b) dificuldade na elaboração de questões de fácil compreensão e métodos de informações precisas; c) estratégias de minimizar respostas socialmente desejáveis e que favoreçam o aumento de sensibilidade de mudança; e e) dificuldade de memória e problemas cognitivos possuem elevada prevalência em pessoas mais velhas. Para este estudo foi utilizado o IPAQ – versão curta, instrumento validado que avalia a atividade física habitual e serve também para comparar os níveis de atividades físicas entre populações e contextos sociais e culturais. Este instrumento é designado para avaliar a quantidade total de atividade física e o gasto em atividades de níveis de intensidade diferentes, em quatro domínios da atividade física (trabalho, transporte, lazer e atividades domésticas). No estudo realizado por Rabacow et. al. (2006) que teve como objetivo avaliar as características, origens, aspectos psicométricos, vantagens e limitações de questionários que medem o nível de 51 atividade física em idosos, os autores consideraram o IPAQ como o questionário que apresentou melhores condições para ser aplicado em idosos brasileiros. Num estudo realizado por Tribess (2006) para verificar o nível de prática de atividade física habitual em idosas de Grupos da Associação de Amigos, Grupos de Convivência e Universidade Aberta com a Terceira Idade de Jequié da Bahia constatou-se que 64,5% foram consideradas ativas por realizarem 150 minutos ou mais de atividades físicas moderadas e vigorosas durante a semana. Verificou-se ainda que as idosas mais ativas estavam associadas a faixas etárias mais jovens, à classe econômica e renda familiar mais baixa. As atividades destacadas para aquela população foram as domésticas e de transporte. Silva (2005) após analisar os níveis de atividade física habitual de idosos da zona urbana da cidade de Goiânia – GO, verificou que os mais ativos são os mais jovens (60 a 65 anos), reforçando a idéia de que o nível de atividade física tende a declinar com a idade. Constatou-se também que frente a prática de exercícios físicos e lazer os idosos são na maioria inativos, independente da idade ou do sexo. Bons níveis de aptidão física em idosos têm-se mostrado indicador importante sobre a realização de tarefas do cotidiano, possibilitando, desta forma, que os idosos sejam independentes fisicamente (ZAGO & GOBBI, 2003). Assim sendo, conhecer os níveis de aptidão física dos idosos ingressantes a um programa de atividade física torna-se crucial para elaborar atividades que condigam com as suas potencialidades físicas. A avaliação da aptidão física é um fator importante em qualquer programa de atividade física e serve como parâmetro para verificar se os avaliados estão aptos ou não fisicamente em relação a este constructo. O ACSM (2000) ressalta que medidas de aptidão física são práticas comuns e apropriadas em programas de exercícios preventivos e de reabilitação. Destacam-se os seguintes objetivos de testes de aptidão física em um programa: • Educar os participantes sobre seu presente “status” de aptidão relativa aos padrões adequados; • Mostrar dados que são auxiliares no desenvolvimento da prescrição de exercícios para todos os componentes de aptidão; 52 • Criar uma base de dados que possa ser ampliada e que possa mostrar a avaliação do progresso obtido pelos participantes através do programa de exercício; • Motivar os participantes através do estabelecimento de metas razoáveis e alcançáveis de boa aptidão física; • Estratificar os riscos de doenças. Rebelatto (2006) afirma que são vários os estudos que enfatizam a prática regular de exercícios físicos como uma estratégia preventiva primária, atrativa e eficaz, no sentido de manutenção e melhora das capacidades físicas e funcionais dos idosos de qualquer idade, tendo efeitos benéficos diretos e indiretos, reduzindo o risco de doenças e transtornos freqüentes na velhice tais como as coronariopatias, a hipertensão, a diabetes, a osteoporose, a desnutrição, a ansiedade, a depressão e a insônia. Neste estudo envolvendo idosos, serão avaliados e analisados os seguintes componentes da aptidão física: Força/resistência de membros superiores, Força de membros inferiores, Potência aeróbia, Flexibilidade, Agilidade e Equilíbrio. Sobre a força/resistência, Okuma (1998) afirma ser normal que com o decorrer da idade, a elasticidade e estabilidade dos músculos, tendões e ligamentos se deterioram, a área transversal dos músculos torna-se menor pela atrofia muscular e a massa muscular diminui em proporção ao peso do corpo, o que leva a uma redução da força muscular. O estudo longitudinal proposto por Matsudo (2004) teve como objetivo determinar a estabilidade das variáveis antropométricas e de aptidão física no período de quatro anos em mulheres idosas fisicamente ativas. No componente força/resistência de membros superiores, avaliado através do teste de dinamometria manual, observou-se que não ocorreu melhora significativa estatisticamente, pois no primeiro teste a média das idosas foi de 25,1 repetições e após quatro anos 26,6 repetições, mas mesmo assim os autores abordam como positivo a manutenção da força/resistência de membros superiores no período de quatro anos. No que diz respeito ao componente força de membros inferiores, verificou-se no estudo de Matsudo (2004) uma diminuição significativa de 13% no desempenho 53 médio das idosas, tendo como média na primeira avaliação de 15,7 cm e após quatro anos 13,6 cm no teste de impulsão vertical sem o auxílio dos braços. Considerando que esta variável é fundamental para a realização das atividades cotidianas e, portanto para a manutenção da mobilidade e da capacidade funcional durante o envelhecimento. A capacidade potência aeróbia ou resistência aeróbia está relacionada com a capacidade de realizar exercícios por períodos prolongados e com intensidade submáxima, por isso fundamental para tarefas habituais do nosso cotidiano. De acordo com Spirduso (1995) a taxa de declínio da resistência aeróbia normalmente chega a 1% ao ano em idosos, entretanto, pessoas que são ativas fisicamente tendem a manter ou até melhorar os níveis desta capacidade. Para exemplificar esta afirmação, num estudo realizado por Alves et. al. (2004) com 74 mulheres idosas, o objetivo foi verificar o efeito da prática de hidroginástica sobre a aptidão física do idoso. Os resultados apresentados do componente potência aeróbia avaliada através do teste caminhada de 6 minutos verificaram que a prática da atividade física, neste caso a hidroginástica, é fator influente para bons níveis de aptidão física, pois para o grupo praticante da hidroginástica no pós-teste a média do desempenho foi de 513,0±83,6m e no grupo controle 338,0±73,6m. A flexibilidade segundo Zago & Gobbi (2003) é uma das capacidades físicas que depende do estado e condição das estruturas que envolvem as articulações. Dentre essas estruturas, estão os tecidos moles das articulações, tendões, ligamentos e músculos, sendo assim, todas estas estruturas necessitam ser usadas para que não encurtem e diminua a sua capacidade com o passar do tempo. O componente flexibilidade é considerado crucial para o movimento, sendo essencial para a aptidão funcional do idoso. Rebelatto et. al. (2006) aplicou um treinamento de exercícios físicos prolongados durante dois anos em mulheres idosas com faixa etária entre 60 e 80 anos da Província de Salamanca – Espanha para verificar se havia influência sobre a flexibilidade corporal. Os resultados obtidos no estudo indicam uma possível relação do programa na manutenção da capacidade, tendo em vista que os índices não 54 melhoraram, os autores ressaltaram a necessidade de reprogramação dos exercícios destinados ao ganho da flexibilidade. De acordo com Dantas (2003), agilidade é a qualidade física que permite mudar a posição do corpo no menor tempo possível. Segundo Zago & Gobbi (2003) esta capacidade é exigida em muitas atividades do cotidiano do idoso, como andar desviando de pessoas e obstáculos, locomover-se carregando objetos e andar rapidamente pela casa para atender ao telefone ou campainha. Ferreira & Gobbi (2003) realizaram um estudo com 60 idosas divididas em dois grupos, sendo um de mulheres treinadas e o outro de não treinadas, tendo como objetivo verificar a influência do treinamento com atividades físicas generalizadas e supervisionadas sobre a agilidade. Os resultados obtidos confirmam a hipótese inicial que as idosas praticantes de atividades físicas (treinadas) apresentam melhores desempenhos nos testes de agilidade que as não treinadas. Sobre o componente equilíbrio, Maciel & Guerra (2005) afirmam que as alterações desta variável no idoso são consideradas um problema comum e que leva a importantes limitações na realização das atividades da vida diária, além disso, é a principal causa de queda nestes indivíduos. Conforme Matsudo et. al. (2004) as limitações para realizar atividades da vida diária podem estar relacionadas com o medo de quedas e dificuldades para equilibrar-se. No estudo de Maciel & Guerra (2005) que teve como objetivo analisar a influência de fatores sócio-demográficos, físicos e mentais sobre o equilíbrio de 310 idosos de ambos os sexos residentes no município de Santa Cruz – RN. Os resultados apresentados indicaram que 46,1% dos idosos tiveram alteração ou não foram capazes de realizar o teste, e os fatores que foram considerados associados a este resultado são os seguintes: idade acima de 75 anos; sexo feminino; analfabeto; má percepção de saúde e ter déficit auditivo. Como foi apresentado neste tópico, ainda é predominante a avaliação de aspectos físicos na Educação Física, incorporado o tradicional modelo biomédico, desta forma, concordando com a afirmação de Okuma (1997) que apesar dos estudos terem enfatizado e comprovado os benefícios físicos, funcionais e preventivos, parecem não ser suficiente para estimular e mobilizar os idosos a praticarem a atividade física. Desta forma, surge a seguinte interrogação: o que é 55 necessário para que o idoso adira à prática da atividade física ou a um programa de educação física? Sendo assim, serão apresentados pontos baseados em estudos que apresentem justificativas para a adesão ou não adesão aos programas. 2.3.3 - Adesão aos programas de educação física. Embora muitos estudos comprovem o papel da atividade física como um dos elementos decisivos nos processos de prevenção de doenças, melhora da aptidão física e bem-estar físico e mental, os resultados não parecem ser suficientes para mobilizar indivíduos sedentários a participarem de programas de educação física e/ou para manter a adesão dos já praticantes. Nem mesmo para aqueles que têm a atividade física como prescrição de tratamento de certas enfermidades, parece haver relação diretamente proporcional entre necessidade, informação e adesão à prática (OKUMA, 1997). Em relação aos mecanismos de adesão a programas de atividades físicas a mesma autora afirma que se o profissional não souber olhar para aquilo que prescreve ou orienta, com os olhos de quem vai receber e vivenciar a atividade há pouca possibilidade de que ela seja significativa o suficiente para ser integrada às experiências atuais do indivíduo. Quanto maior o número de variáveis analisadas para verificar a relação entre população, cultura, ambiente, história e outros de natureza individual, melhor será a visão sobre o fenômeno da adesão ao exercício (FERREIRA & NAJAR, 2005). Assim, os estudos empíricos tenderão a auxiliar efetivamente a fase de caracterização e avaliação dos programas. Ferreira & Najar (2005) afirmam que a maioria dos programas de atividades físicas não tem por objetivo ampliar o conhecimento da população sob a prática e os benefícios dos exercícios. Embora isto seja considerado uma justificativa para a não adesão aos programas, vários estudos, principalmente os internacionais, relatam que apesar do conhecimento das evidências dos benefícios da prática de atividades físicas, estas pessoas preferem ficar inativas, demonstrando e exercendo autonomia na sua escolha (BULL & JAMROZIK, 1998; DISHMAN et. al., 1985; KING et. al., 1995). 56 Neste sentido, Okuma (2002) revela que a atividade física proporcionada através de um método educativo que englobe variados aspectos é o diferencial, pois aprender sobre a atividade física vai além de praticá-la, significa dominar um conhecimento que gera cuidados pessoais e possibilidades da pessoa exercer sua autonomia frente à atividade física. Sobre a adesão à prática de atividades físicas e à programas de atividades físicas, Ferreira & Najar (2005) baseados em diversos estudos relatam que os principais fatores que podem ser intervenientes na prática ou não de atividades físicas são: experiências anteriores na prática esportiva e de exercícios físicos; apoio do cônjuge e de familiares; aconselhamento médico; conveniência do local de exercitação; aspectos biológicos/fisiológicos; gênero; auto-motivação para a prática do exercício; disponibilidade de tempo; condição sócio-econômica; conhecimento sobre exercício físico; acesso a instalações e espaços adequados a prática de exercício físico. Os autores ainda relatam que a importância de cada um desses fatores na adesão à prática do exercício físico pode variar de acordo com o local, a população ou o período de tempo estudado. O aspecto de prevenção e profilaxia também pode ser considerado como fator justificante para a participação aos programas de educação física, pois normalmente, amparam-se nas relações determinísticas de causa e efeito com relação ao fator de risco (PALMA et. al., 2003). Sendo assim, a atividade física no caráter preventivo poderá ser considerada como um estímulo para a aderência. Entretanto, segundo Velardi (2003) o fato de inserir-se a um programa no intuito de ficar livre de doenças não vem sendo considerado motivo suficiente para que os idosos mantenham a aderência ao programa. Andreotti & Okuma (2003) observam que no Brasil os programas de educação física para idosos há predominância em relação à freqüência para as mulheres, revelando em seu estudo que estes índices podem chegar de 70 à 80% da população dos programas. As autoras afirmam que este acontecimento pode ser explicado pelo fato de que o homem com mais de 60 anos de idade encontre, fora do lar, mais oportunidades de encontros socialmente aceitáveis para pessoas sós (clubes, grêmios recreativos, praças, bares, entre outros) em relação à mulher. Outro fato que pode esclarecer esta não aderência é que muitos homens tendem a 57 considerar os programas existentes inadequados, por não exigirem esforços físicos exaustivos ou incluírem atividades pouco recomendáveis, dando a idéia que todo idoso é frágil. Andreotti (2001), após analisar diversos estudos sobre as relações entre a prática de atividades físicas e os idosos, afirma que em relação a não adesão da prática de atividades físicas, existe a necessidade de revisar não somente os objetivos, como também elaborar intervenções efetivas que atinjam esta população alvo, o que requer a implantação de programas especiais de educação física que atendam às necessidades desta faixa etária. Um fator considerado importante pela procura do idoso a um programa destinado a esta população é o “fugir da solidão”, pois com o engajamento do idoso a um programa, a possibilidade de ampliação do círculo de amizades com um grupo específico de pessoas, especialmente com aquelas interessadas, a partir de certa idade, em ampliar sua instrução e ilustração é aumentada (DEBERT, 1999). Cress et. al. (2005) realizaram uma pesquisa com idosos norte americanos, tendo como objetivo central identificar quais são os principais aspectos que determinam a organização de programas direcionados a velhos portadores de doenças ou de baixa aptidão física, com o intuito de aumentar a adesão, melhorar a organização e programação da prática de atividades físicas em relação à coerência para os idosos em questão. Identificaram, como principais resultados: proposta baseada na melhoria das capacidades físicas para se ter benefícios funcionais; os princípios de mudança de comportamento incluem a sustentação social, com escolhas mais ativas e realçam a aderência; controle do risco de doenças através da atividade física moderada; planos de procedimentos emergentes para as comunidades; e monitoramento da intensidade aeróbia. Em relação aos êxitos alcançados nos programas de Promoção da Saúde, Moysés et. al. (2004) relatam que quando existe uma maior participação social e a coordenação intersetorial propiciada pelo poder público fica mais fácil de uma proposta ser aderida pela própria população. Por isso, a questão chave ainda continua sendo a capacidade de motivar suficientemente todos os autores envolvidos, fornecendo clareza conceitual, recursos de conhecimento, transparência de informações e partilhamento de poder. Com relação às atividades físicas, deve-se 58 compartilhar do mesmo ideal e fazendo que o indivíduo participe efetivamente deste processo. Segundo Velardi (2003), é necessário que a conjuntura da atividade proposta esteja coerente com a natureza dos indivíduos e a localidade. Neste sentido, torna-se necessário estabelecer uma relação entre a vivência das pessoas, o contexto histórico e as relações culturais e sociais para então pensar numa proposta coerente para determinada população. 2.4 - AVALIAÇÃO DOS PROGRAMAS EM PROMOÇÃO DA SAÚDE: REFLEXÕES E POSSÍVEIS IMPLICAÇÕES EM EDUCAÇÃO FÍSICA DE IDOSOS. Normalmente a avaliação em programas de educação física para idosos partem de uma análise predominantemente preventiva, enfatizando a eficácia dos programas através da prática sistemática do exercício físico e seus benefícios físicos e fisiológicos (SILVA JÚNIOR & VELARDI, 2007). Neste tópico procurar-se-á um referencial pautado na perspectiva da Promoção da Saúde que será responsável por estabelecer a coerência entre a avaliação prévia para a elaboração de programas de educação física com idosos na perspectiva da Promoção da Saúde. Okuma (1998); Velardi (2003) afirmam que prescrever atividades físicas e propor programas de educação física são eventos bem distintos, pois as autoras ressaltam que as prescrições propostas pelos profissionais normalmente pautam-se no fazer mecânico, ou seja, na abordagem repetitiva e sem considerar os valores, crenças, princípios, necessidades dos idosos, realçando, desta forma, o paradigma biomédico, numa intervenção verticalizada. Já a elaboração de programas de educação física deve basear-se numa proposta educativa, tendo em vista a Educação Física como área eminentemente pedagógica suas ações não ficam restritas a prática sistemática da atividade física, porém ultrapassa com as intervenções adequadas do processo ensino-aprendizagem, dando condições aos idosos capacitarem-se frente as questões da atividade física. O processo de educação de indivíduos e comunidades é requisito primordial na perspectiva da promoção da saúde, pois favorece o exercício da autonomia, que de acordo com Silva Júnior et. al. (2006) implica no 59 reconhecimento do direito do indivíduo de compreender o mundo e poder fazer suas escolhas através do empowerment tanto individual quanto coletivo, desta forma, as atividades não seriam praticadas apenas de forma sistematizada e repetitiva, desconsiderando uma variedade de aspectos e significados. Rootman et. al. (2001) afirmam que os programas devem ser conduzidos por princípios de empowerment, integralidade, participação, intersetorialidade, eqüidade, sustentabilidade e combinação de estratégias múltiplas para promover saúde como formulação de políticas públicas, mudanças organizacionais, desenvolvimento social, leis, advocacia, educação e comunicação. A questão do empowerment num programa é fundamental para estar fundamentado no ideário da Promoção da Saúde (LAVERACK & LABONTE, 2000; VASCONCELOS, 2004). De acordo com Laverack & Labonte (2000), os programas que trabalham na perspectiva do empowerment comunitário são considerados com uma abordagem bottom-up – de baixo para cima – em contraposição aos programas verticais, top-down – de cima para baixo -, que são propostos a partir de uma perspectiva institucional, focalizados em questões ligadas à prevenção de doenças e a mudanças de comportamento, e na qual o empowerment é visto como instrumental, além disso, as iniciativas são implantadas com base nos modelos epidemiológicos. Já os programas de baixo para cima são iniciados a partir da visão e da percepção da comunidade e consideram um aumento na sua capacidade e poder como importantes resultados para a melhoria da saúde. Segundo Becker et. al. (2004), considerando o empowerment como aumento de poder e autonomia de indivíduos e comunidades, principalmente daqueles submetidos a relações de opressão, discriminação e dominação social, a participação da comunidade na formulação e avaliação dos programas é central para que estes possam se tornar processos deflagradores do desenvolvimento e da transformação social. Num estudo sobre a avaliação de um programa Becker et. al. (2004) avaliaram o programa denominado Vila Paciência através do empowerment comunitário, enfatizando que a construção participativa é fundamental, a interação entre a ação técnica e a iniciativa popular constitui o eixo estrutural, que confere identidade ao mesmo. Em lugar do planejamento de ações de fora para dentro, são criadas oportunidades metodológicas para a geração de intervenções endógenas – 60 protagonizadas por quem vivencia o problema e o território. Neste sentido, estas transformações devem acontecer também na Educação Física, tanto em relação aos conteúdos abordados quanto a estrutura dos ambientes. Conforme Bodstein et. al. (2004), a perspectiva de avaliar ou de descrever a dinâmica da implantação de programas traz uma enorme contribuição na medida em que enfatiza a importância do contexto e, portanto, dos fatores sociais e dos interesses políticos em jogo. Ayres (2004) ressalta que a avaliação dos programas em promoção da saúde deveria ser inspirada da tradição da Filosofia prática, pois suporta e justifica a identidade de uma avaliação auto-compreensiva e sócio-histórica em que pessoas participem desta reconstrução para atingir as necessidades e aspirações humanas desta população. Becker et. al. (2004), em seu estudo estruturam uma avaliação de um programa em três níveis complementares: o diagnóstico comunitário, seus resultados e implicações; o estudo das intervenções realizadas pelos próprios moradores, capacitados por uma metodologia participativa de planejamento e solução de problemas; e a sistematização de depoimentos e relatos dos participantes sobre as experiências vivenciadas no programa. Este tipo de avaliação que usa estimular a participação comunitária proporciona efeitos positivos, permitindo aos indivíduos um maior sentido de controle sobre suas vidas (VALLA, 1999). De acordo com Laverack & Wallerstein (2001), enfatizam que programas de empowerment e desenvolvimento local realizados sem ter este tipo de preocupação não alcançam seus objetivos e conseqüentemente não são bem sucedidos. Pereira Lima et. al. (2004), avaliaram a eficácia do Programa Escola de Pais, uma iniciativa com evidência na perspectiva da Promoção da Saúde. Os resultados encontrados pelos autores são fortemente favoráveis, pois as ações são direcionadas para que todas as pessoas participem ativamente da construção e manutenção do programa. No mesmo estudo os autores afirmaram que as práticas relacionadas à atividade física merecem atenção do programa, porém o objetivo principal fica focalizado a outras prioridades ligadas ao empowerment. 61 Uma outra proposta de avaliação de programas na perspectiva da Promoção da Saúde foi sugerida por Bodstein et. al. (2004), em que enfatizam a importância de parcerias entre poder público, iniciativa privada e organizações sociais. Além disso, ressalta-se que a referência para a implantação do programa deve estar evidenciada na importância do contexto, considerando as dimensões da mobilização dos atores, da constituição de um espaço de interlocução e de ação coletiva entre as lideranças locais. A avaliação dos programas fundamentados no ideário da Promoção da Saúde deve levar em conta vários fatores determinantes relacionados à saúde. Sendo assim, OMS (1998) apud Moysés et. al. (2004), relatam que o Relatório do Grupo de Trabalho promovido pela OMS estabeleceu quatro aspectos que devem, necessariamente, fazer parte dos projetos: • Participação: envolver, de uma maneira apropriada, em cada estágio, todos os indivíduos que têm interesse na iniciativa avaliada; • Múltiplos métodos: buscar um delineamento que utilize elementos de vários campos disciplinares, lançando mão de vários procedimentos para coletar dados; • Capacitação: aprimorar a capacidade de indivíduos, organizações e governos de equacionar relevantes problemas de Promoção da Saúde; • Adequação: fomentar um planejamento que leve em conta à natureza complexa da intervenção e seu impacto em longo prazo. Segundo Moysés et. al. (2004), quando se refere à avaliação de programas de promoção da saúde existe uma grande dificuldade neste contexto, pois há uma forte dependência do setor comunitário, bem como apresenta uma grande diversidade de questões sociais e de saúde, utilizando uma vasta gama de estratégias. Neste sentido, fazem-se necessárias mensurações qualitativas de mudanças intermediárias na realidade sob intervenção – se não diretamente, ao menos com o recurso de constructos teórico-metodológicos que façam algum sentido ou mantenham alguma relação consistente com o fenômeno estudado. Como campo complexo e ação especializada, a avaliação em Promoção da Saúde não nega os critérios de competência científica observados nas pesquisas 62 avaliativas. Ultrapassa, entretanto, a racionalidade instrumental na medida em que é orientada mais pelos princípios da comunidade do que do mercado ou do Estado, trabalhando na dialética entre a regulação e a emancipação, sendo, portanto, transdisciplinar e multicultural (PEDROSA, 2004). Akerman et. al. (2004) afirmam que o processo de avaliação de programas na perspectiva da Promoção da Saúde deve estar fundamentado em valores, princípios e condições, mas mesmo assim, não deve estabelecer uma “bula” para instituir o que é coerente. O quadro 1 apresenta a idéia dos autores: Quadro 1 – Valores, princípios e condições para avaliação da Promoção da Saúde. Valores/Princípios Condições Equidade, Justiça • Social e Solidariedade • • • Revelar todas as premissas teóricas, ideológicas e políticas sobre as quais se baseia e explicitar as relações de poder existentes, incluindo aquelas que envolvem o avaliador. Levar em conta a diversidade e ser um instrumento de reflexão sobre como a iniciativa trata as iniqüidades. Respeitar e valorizar os conhecimentos e experiências locais. Transmitir um espírito de esperança, felicidade, amor e alegria. Contextualizar a • iniciativa que se quer avaliar • Levar em consideração o contexto local da iniciativa, inclusive as barreiras e os elementos facilitadores. Reconhecer e explicitar as diferenças das identidades culturais, sociais e econômicas entre os distintos focos da avaliação, sejam eles populações, grupos sociais, comunidades, organizações, indivíduos. Ter sentido prático Ser capaz de responder: “quem”, “por que” e “como”. Estar integrada ao planejamento e orientada para a ação e para a mudança. Contribuir para a criação de novos recursos na comunidade. Reconhecer a necessidade de criar variadas formas de divulgar resultados e de fortalecer os grupos sociais. • • • • Criar/favorecer • oportunidades para a participação como • espaço para a inclusão social • O processo avaliativo deve envolver de forma apropriada aqueles que possuem interesse legítimo na iniciativa. Garantir que os grupos sociais, que estão tendo sua saúde e qualidade de vida afetados pela iniciativa, participem do processo avaliativo. A avaliação deve garantir que os grupos, tradicionalmente excluídos das políticas públicas, possam compartilhar e apropriar-se tanto do processo de implementação da iniciativa, quanto da avaliação propriamente dita. Estar ancorada em • múltiplos métodos • A multiplicidade de métodos deve refletir os princípios da Promoção da Saúde. A avaliação deve utilizar uma combinação equilibrada de métodos, técnicas e instrumentos qualitativos e quantitativos. Obter informações de distintas fontes de dados. Focar em estrutura, processo e resultados de curto ou longo prazo, dependendo do estágio da iniciativa. Produzir indicadores que sejam oportunos e apropriados ao contexto da iniciativa. • • • 63 Estar comprometida • como o • fortalecimento de • grupos sociais • Se basear nas potencialidades da comunidade. Apoiar a solução de problemas locais. Assegurar à eqüidade, permitindo que todos os atores sociais sejam ouvidos, principalmente aqueles advindos de grupos mais vulneráveis e com menor poder. Gerar informação que possa ser usada para a advocacia da Promoção da Saúde. Conduzir para um • processo de • aprendizagem dos atores sociais • envolvidos • Estimular o co-aprendizado entre atores. Encorajar o diálogo e a reflexão a fim de facilitar todas as formas de desenvolvimento do conhecimento para todos os envolvidos. Reconhecer que aprendizagem é a chave para o desenvolvimento de capacidades para os grupos e organizações locais. Conduzir para a ação e mudança. Ser consistente com • os propósitos da • Promoção da Saúde • • • • • Adaptar ao contexto local. Demonstrar sensibilidade para a complexidade e para a dinâmica do contexto. Refletir as necessidades dos envolvidos. Ser viável em termos dos recursos locais envolvidos. Ser acessível e entendida por todos os envolvidos. Ser planejada por todos os atores sociais envolvidos. Estar sustentada nas concepções básicas da iniciativa. Adaptado de Akerman et. al. (2004). Todos os tópicos demonstram a importância de um estudo profundo antes da elaboração e implantação de um programa, devendo, desta forma considerar vários aspectos e não retirando o foco exclusivo sobre o objetivo principal daqueles que propõem a ação. No caso da Educação Física ou mesmo de programas de educação física, isso significa não ficar restrito às avaliações físicas, funcionais e comportamentais. Este princípio apresentado, aliado às demais propostas de avaliação em Promoção da Saúde desafiam os modelos tradicionais, pois possuem uma visão global, humanista e coerente com as premissas do princípio de nossa existência. É claro que mesmo para um programa de educação física direcionado à perspectiva da Promoção da Saúde, nem todos estes fatores poderão estar inseridos ao mesmo tempo, isto seria uma tarefa impossível! Mas devemos pensar em englobar aos poucos e tendo sempre como ponto de referência o ser humano e a partir dele elaborar uma proposta condizente com os seus desejos, necessidades e vontades. Muitos são os aspectos mais humanistas envolvidos e apresentados na perspectiva da Promoção da Saúde, o que traz à tona relações implícitas com a pedagogia proposta por Paulo Freire, pois envolve feições que vão além do simples 64 fato de proporcionar algo para alguém, mas sim proporcionar algo que tenha relação e sentido para sua vida, criando ambientes e condições capazes de promover reflexões sobre o que as pessoas fazem, estimulando a criação de condições de acesso às informações através da educação e quem sabe daí surgirá um legítimo espírito de esperança, felicidade, amor e alegria. Mesmo considerando que estes sentimentos já estão interiorizados nos seres humanos, mas muitas vezes, por diversos motivos deixamos de exercer nossa autonomia e somos influenciados e induzidos a realizar certas ações impostas pelo sistema, pelo mundo e pela realidade, o que muitas vezes nos traz uma visão fatalista em relação ao futuro, nos traz a crença de que nunca será possível controlarmos nossas condições de vida. Pedrosa (2004) afirma que a avaliação em Promoção da Saúde deve trazer em si mesma a noção de ação permanente. Neste sentido deve ser radicalmente descentralizada, ascendente, sendo suas indagações originadas no espaço da própria intervenção, em seu contexto. Ou seja, de dentro para fora, de modo que contribua para a democratização institucional, o desenvolvimento da capacidade de aprendizagem política e de enfrentamento criativo dos problemas que fazem parte da vida – a maior expressão da Promoção da Saúde. Este tópico abordou a questão da avaliação dos programas de educação física sob o prisma da Promoção da Saúde. Foram apontados alguns aspectos importantes, porém não foi estabelecida nenhuma regra condutora de ações, pois dependerá da análise do contexto local e suas potencialidades. A avaliação dos programas de educação física direcionados a idosos é elementar para que as ações da prática pedagógica transcendam a prática sistematizada da atividade física, fazendo com que se consiga uma relação direta não apenas com as capacidades físicas e funcionais, mas com a vida do idoso. 65 3 - MÉTODO “A realidade social é por demais heterogênea para poder ser avaliada com métodos simplificados do tipo causa e efeito, aplicáveis a alguns campos do conhecimento. Ela requer uma série de outros métodos, quantitativos e qualitativos, uma vez que lida com processos multidimensionais de alta complexidade” (PEREIRA LIMA et. al., 2004, p. 680). Esta pesquisa é delineada pelos princípios do ideário da Promoção da Saúde e, portanto, envolve mais do que a busca de relações causais entre x e y, o que requer uma multiplicidade de instrumentos e procedimentos coerentes com o objetivo do estudo. Desta forma, não existe uma regra pré-determinada que estabeleça uma seqüência lógica para sua construção, mas sim uma coerência que contemple seus anseios (AKERMAN et. al., 2004). Ou seja, para o desenvolvimento desta pesquisa não foi adotado uma “receita pronta” para sua construção. O desencadeamento deuse de forma gradual e coerente com as necessidades a serem consideradas para a ocasião. A combinação equilibrada de métodos, técnicas e instrumentos qualitativos e quantitativos é a coerência que permeia a fundamentação da pesquisa (AKERMAN et. al., 2004; PEREIRA LIMA et. al., 2004). Assim sendo, o método desta pesquisa se constituirá por quatro etapas, sendo que cada uma delas é dividida, esta divisão é nomeada de momento. Todas as etapas e momentos do referido estudo serão apresentadas e descritas adiante. 3.1 – CARACTERIZAÇÃO DO ESTUDO “O conhecimento não se reduz a um rol de dados isolados, conectados por uma teoria explicativa; o sujeito-observador é parte integrante do processo de conhecimento e interpreta os fenômenos, atribuindo-lhes um significado” (CHIZZOTTI, 1991, p.79 apud SILVA, 1996). 66 O presente trabalho caracteriza-se como um estudo de caso que, segundo Gil (1996), constitui-se por um aprofundamento exaustivo de um ou de poucos objetos, de maneira a permitir o seu conhecimento amplo e detalhado. Lüdke & André (2004) retratam que os estudos de caso procuram retratar a realidade de forma complexa e profunda, revelando uma multiplicidade de dimensões presentes numa determinada situação ou problema, focalizando-o como um todo. Para os autores, este tipo de abordagem enfatiza a complexidade natural das situações, evidenciando a interrelação dos seus componentes. Além disso, ao desenvolver o estudo de caso, o pesquisador recorre a uma variedade de dados, coletados em diferentes momentos, em situações múltiplas e com uma variedade de tipos de informantes. Laville & Dionne (1999) afirmam que devido ao acúmulo exaustivo de procedimentos para compreender um determinado fenômeno, o estudo de caso caracteriza-se por um longo tempo na execução, além disso, dificuldade para generalização. Ou seja, um estudo desta natureza não servirá de modelo estabelecido para novas iniciativas, porém podem ser utilizados como parâmetros, exemplos ou guias. O desencadear da compreensão de cada parte deste estudo está fundamentado em teorias, protocolos e procedimentos que permitam esclarecer pontos obscuros frente ao objetivo proposto do trabalho. Cada “parte” será investigada até o momento em que o investigador tenha a percepção adequada de compreensão suficientemente para caracterizá-la, conforme retrataram Lüdke & André (2004). 3.2 - GRUPOS E SUJEITOS PARTICIPANTES Os critérios de seleção dos Grupos e sujeitos participantes deste estudo foram caracterizados seguindo as recomendações sobre amostragem de Mattar (2001). Para selecionar os Grupos de Convivência participantes deste estudo, em março de 2005 foi realizado um levantamento junto à Secretaria Municipal de Ação Social do Município de Marechal Cândido Rondon, com o intuito de saber quais eram os Grupos e a quantidade de idosos participantes. As informações são apresentadas 67 através do Quadro 2: Quadro 2 – Identificação e número de participantes dos Grupos de Convivência de Idosos do município de Marechal Cândido Rondon – PR. 14 clubes de Grupos de Convivência de Idosos em Marechal Cândido Rondon: sendo 2 Grupos na sede do Município: 1 Grupo de Convivência de Idosos Amizade c/ 630 participantes; 2 Grupo de Convivência de Idosos Paz e Amor c/ 541 participantes; Total = 1.171 idosos participantes. e 12 clubes no interior (distritos): 1 Grupo de Convivência Alegre e Feliz de Bela Vista c/ 106 participantes; 2 Grupo de Convivência Amor e União de Novo 3 Passos c/ 105 participantes; 3 Grupo de Convivência Arco-íris de Esquina Bandeirantes c/ 58 participantes; 4 Grupo de Convivência Boa Esperança de Margarida c/ 260 participantes; 5 Grupo de Convivência Lago Azul de Porto Mendes c/ 156 participantes; 6 Grupo de Convivência Os Pioneiros de Novo Horizonte c/ 120 participantes; 7 Grupo de Convivência Rosa Branca de São Cristóvão c/ 97 participantes; 8 Grupo de Convivência Sempre Alegre de Curvado c/ 86 participantes; 9 Grupo de Convivência Unidos em Flores de Iguiporã c/ 142 participantes; 10 Grupo de Convivência Verdes Campos de Linha Ajuricaba c/ 95 participantes; 11 Grupo de Convivência 14 de Julho de Bom Jardim c/ 110 participantes; 12 Grupo de Convivência Flor de Maio de São Roque c/ 102 participantes; Total = 1.437 idosos participantes. Total Geral = 2.608 idosos participantes nos 14 Grupos de Convivência de Idosos do Município de Marechal Cândido Rondon - Paraná – Brasil. A partir daí optou-se em realizar este estudo em dois Grupos de Convivência de Idosos do Município: denominados “Amizade” e “Paz e Amor”. Para selecioná-los foi utilizado como critério de inclusão os seguintes aspectos: a) Os dois Grupos estarem localizados na sede do município; b) Os encontros serem semanais, pois os demais Grupos do município têm encontros quinzenais; c) Maior quantidade de idosos freqüentadores. Para selecionar os idosos participantes deste estudo em cada etapa foi adotado um critério e um número que justificasse a necessidade para a respectiva etapa. No segundo momento da primeira etapa participaram do estudo dois idosos sócio-fundadores, sendo denominado o S5. A para o Grupo de Convivência Amizade e o S. B para o Grupo de Convivência Paz e Amor. Justifica-se a escolha de apenas um 5 O S. refere-se ao sujeito entrevistado na pesquisa. 68 idoso por Grupo, devido a dificuldade de encontrar idosos vivos ou lúcidos que participaram do momento de elaboração/implantação dos Grupos. Também para o segundo momento da segunda etapa participaram do estudo dois idosos membros da diretoria dos Grupos de Convivência, sendo o S. C para o Grupo de Convivência Amizade e o S. D para o Grupo de Convivência Paz e Amor. Justifica-se a escolha de apenas um idoso por Grupo de Convivência, devido à dificuldade de encontrar idosos suficientemente embasados com informações sobre o funcionamento e estrutura dos Grupos. Cada um dos idosos escolhidos para as etapas anteriores, serão caracterizados na apresentação dos resultados. Considera-se uma limitação do estudo recorrer a apenas um idoso e utilizar as informações coletadas como suficientes para atender aos critérios de validade e generalização, mas foi o possível para o desencadeamento da pesquisa, em ambos os momentos citados acima. Para a terceira etapa referente aos dados antropométricos, testes de aptidão física e questionários, participaram do estudo 60 idosos, sendo 30 do Grupo de Convivência Paz e Amor e 30 do Grupo de Convivência Amizade. Para selecionar os idosos participantes dos Grupos, primeiramente foi feito um convite oral e informal a todos participantes presentes durante a realização de um encontro, aqueles que demonstraram interesse em participar agendaram o dia e horário para a coleta de dados desta etapa. Desta forma, somente aqueles que se dispuseram participar de forma livre e voluntária compuseram a amostra. Já para a quarta etapa, dentre os 60 que compuseram a amostra da terceira etapa do estudo foram selecionados 16 idosos, sendo oito do Grupo Paz e Amor (quatro homens e quatro mulheres) e oito do Grupo Amizade (quatro homens e quatro mulheres), estes serão identificados neste trabalho pelas letras de “E” a “T” continuamente. Para selecionar os idosos participantes da amostra para esta etapa, observou-se ou seguintes critérios de inclusão: 50% de idosos do sexo masculino e 50% de idosos do sexo feminino; aceitar participar da pesquisa de forma livre e voluntária; seqüência de disponibilidade dos idosos para o dia da entrevista até alcançar o número (n) pretendido. Com relação ao encerramento das entrevistas, adotou-se o procedimento recomendado por Alves-Mazzotti & Gewandsznajder (2004, p.163) indicando que: 69 (...) a partir de um certo momento, observa-se que as informações já obtidas estão suficientemente confirmadas e que o surgimento de novos dados vai ficando cada vez mais raro, até que se atinge um “ponto de redundância” a partir do qual não mais se justifica a inclusão de novos elementos. Todos os participantes deste estudo foram informados dos objetivos e procedimentos do estudo. Aqueles que concordaram em participar da pesquisa assinaram ao termo de consentimento livre e esclarecido, segundo as normas do Comitê de Ética em Pesquisa da USJT (anexo2)6. 3.3 – APRESENTAÇÃO DAS ETAPAS E INSTRUMENTOS Neste trabalho, como o objetivo é verificar profundamente os Grupos de Convivência de Idosos com vistas a fazer uma análise sobre o ambiente e seus freqüentadores, para isto serão adotados diversos procedimentos para a compreensão do ambiente e seus atores. Silva (1996), afirma que a procura da adequação das técnicas e instrumentos de pesquisa às especificidades do fenômeno a ser estudado exige do pesquisador a busca do senso crítico e de criatividade no momento de selecioná-lo e/ou compor combinações entre os mesmos. É importante que o pesquisador esteja suficientemente esclarecido sobre os limites e possibilidades de cada instrumento, utilizando-os de forma eficaz e consciente. Sendo assim e de acordo com Pedrosa (2004), o entendimento dos fatores relacionados à Promoção da Saúde tem sido ampliado, sobressaltando o papel protagonista dos determinantes gerais sobre as condições de saúde, compreendendo não somente as características dos indivíduos, mas as condições propiciadas pelo ambiente em seus aspectos físicos, sociais, econômicos e culturais. Para facilitar o entendimento do trajeto a ser percorrido durante o estudo, aqui são apresentadas, de forma resumida, as etapas e os instrumentos utilizados na pesquisa. 6 Em acordo com a disposição do Ministério da Saúde este estudo foi avaliado e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (COEP) da Universidade São Judas Tadeu, registrado através do parecer consubstanciado, sob protocolo 039/2005 em 04 de agosto de 2005 (anexo 3). 70 Primeira etapa - O surgimento dos Grupos de Convivência de Idosos no município de Marechal Cândido Rondon e as características regionais: Geopolítica • Primeiro Momento - Pesquisa histórica descritiva e levantamento bibliográfico; • Segundo Momento - Entrevista semi-estruturada com membros fundadores dos Grupos. Segunda etapa - Estrutura e funcionamento. • Primeiro Momento - Análise documental; • Segundo Momento - Entrevista semi-estruturada com membro da diretoria de cada Grupo; • Terceiro Momento – Observação. Terceira etapa - Questionários, Dados Antropométricos e Testes de aptidão física. • Questionários a) Q-PAF – Questionário de Prontidão para a Atividade Física; b) IPAQ–versão curta - International Physical Activity Questionnaire; c) Questionário Sócio-econômico (ANEP). • Dados Antropométricos. • Peso; estatura; IMC e circunferência abdominal. Testes de aptidão física. Força/resistência de membros superiores (flexão de cotovelo); Força de membros inferiores (impulsão vertical sem auxílio dos braços); Potência Flexibilidade aeróbia (caminhada (sentar-e-alcançar); de Agilidade 6 minutos); (shutle run); Equilíbrio (equilíbrio estático com controle visual). Quarta etapa - Idosos freqüentadores. • Entrevista semi-estruturada com os idosos freqüentadores dos Grupos. A descrição e procedimentos de cada etapa/momento das coletas de dados serão realizadas juntamente com a apresentação e análise dos resultados, com o objetivo de facilitar a compreensão. 71 Todas as etapas/momentos apresentados e descritos adiante são fundamentais para compreender o todo. Um ponto fundamental deste estudo é o fato de que após terminada uma etapa foi naturalmente necessária formulação de outra. Desta forma, todas as informações interligam-se, num processo de dependência contínua entre si. 72 4 - RESULTADOS E DISCUSSÕES Após a descrição e detalhamento dos procedimentos realizados em cada etapa/momento, os resultados deste estudo e sua discussão apresentam-se descritos, em análise descritiva, comparativa e interpretativa, sob a forma de etapas e momentos. Visando a sistematização da apresentação, bem como a discussão dos resultados conforme os objetivos estabelecidos, o presente segue seqüência apresentada no capítulo anterior (método). 4.1 - PRIMEIRA ETAPA: O SURGIMENTO DOS GRUPOS DE CONVIVÊNCIA DE IDOSOS NO MUNICÍPIO DE MARECHAL CÂNDIDO RONDON E AS CARACTERÍSTICAS REGIONAIS: GEOPOLÍTICA “Para o pesquisador da história, a imaginação é o único limite para possíveis tópicos de pesquisa.” Thomas & Nelson (2002, p.229) O objetivo desta etapa é apresentar as características gerais do município de Marechal Cândido Rondon, desde o processo de colonização, surgimento do município, descendência dos habitantes, costumes e algumas curiosidades que podem auxiliar neste momento. Verificar como e porque surgiram os Grupos de Convivência de Idosos neste município foi outro objetivo desta etapa. Aqui, procurar-se-á responder algumas questões que são fundamentais para esta caracterização. Será que os primeiros idosos participantes dos Grupos são os mesmos que participaram do momento de colonização do município? Qual foi a necessidade fundamental para implantação dos Grupos? Como foram decididas as primeiras atividades? Houve grandes mudanças desde o início até o atual momento ou não? Esta etapa de caracterização histórica é considerada importante, pois a busca pela compreensão da origem de um lugar é ponto crucial para saber a influência que tem e exerce sobre a população atual do ambiente. Segundo Vieira Pinto (1960), 73 para se ter uma concepção de mundo é fundamental estar condicionado pela situação histórica concreta do pensador. Na realidade não existiria um pensamento que tivesse validade em si, e que pudesse ser separado de suas raízes históricas. Ou seja, o conhecimento do passado é aspecto primordial para estabelecer relações com a realidade presente e perspectivas para o futuro. 4.1.1 - Primeiro Momento – Pesquisa histórica descritiva Para caracterizar esta etapa do estudo, inicialmente recorreu-se a uma pesquisa histórica descritiva que segundo Thomas & Nelson (2002), é um método que constrói experiências passadas na busca de localizar uma pessoa, uma tendência, um evento ou uma organização no tempo e lugar oferecendo respostas a questões particulares. Para buscar o entendimento e a compreensão de uma pesquisa histórica descritiva, cita-se o exemplo mencionado por Thomas & Nelson (2002, p. 232): Os oceanos do mundo nos presenteiam com uma analogia útil para entender a história descritiva. Hoje, os cientistas sabem muito sobre essas imensas porções de água – sua profundidade, seu tamanho total, as plantas e animais que vivem neles, até mesmo as rotas que os navios necessitam para viajar através deles. Há poucos séculos, todavia, os oceanos eram verdadeiros “mares não-mapeados”, uma situação que levou capitães e navegadores a desdobrarem-se em cartógrafos (...). Em resumo, a meta de uma história descritiva é um mapa da experiência passada. Pimentel (2001), afirma que no processo de articulação do presente com o passado, o pesquisador volta-se às suas raízes, ativa ou reativa a memória, distanciando-se assim de uma possível fragmentação quando procura, na investigação, o elo entre esses dois tempos históricos da atividade humana, para além de análises “presentistas” que o levariam apenas a ratificar o passado e glorificar o presente. Este tipo de pesquisa constitui-se em evidências coordenadas e interpretadas, exigindo do pesquisador o trabalho de suplantar sua própria contemporaneidade sem deixar-se cair, entretanto, num “historicismo” que se traduziria em anacronismo, numa interpretação errônea, distorcida do passado. Desta forma, torna-se importante conhecer o passado para entender o presente e prever perspectivas. No caso das características regionais e o processo de 74 colonização do município, faz-se necessário esta compreensão para verificar quais implicações geraram na vida dos idosos, além disso, possibilita entender certas culturas, tradições e costumes. Para realizar esta pesquisa histórica descritiva recorreu-se a consulta de dados estatísticos e levantamento bibliográfico referente à história do município e da região. Foram apresentadas apenas as principais características e de interesse ao respectivo estudo. Sendo assim, os resultados apontam que a sede do Município de Marechal Cândido Rondon teve seu marco de colonização iniciado com a derrubada das primeiras árvores pelos primeiros habitantes em março de 1950. A partir disso, surgem os primeiros imigrantes que segundo Wachowicz (1987, p.174): O elemento humano escolhido para ocupar este extenso território foi o colono gaúcho e em parte o catarinense, descendentes de imigrantes alemães e italianos, dado sua experiência de vida pioneira e a aclimatação as condições do Brasil. De acordo com Weirich (2004), o projeto de colonização determinou o perfil dos futuros habitantes, isto é facilmente comprovado pela procedência dos moradores que vieram para Marechal Cândido Rondon em sua grande maioria da região Sul do Brasil e descendentes de europeus, principalmente alemães e italianos. A contribuição da descendência germânica se destaca na influência da cultura e na visão tecnológica presentes tanto na área rural quanto em outros aspectos da economia, buscando sempre alternativas para melhoria da qualidade e de produtividade. Outro fator muito importante na característica dos descendentes alemães foi a união e a convivência comunitária fortalecendo os laços culturais e perpetuando hábitos que vêm de geração em geração como alimentação e costumes. O mesmo autor afirma que a criação do Município de Marechal Cândido Rondon foi oficializada através de Lei Estadual nº. 4.245 de 25 de julho de 1960, desmembrando dos municípios de Toledo e Foz do Iguaçu. Foi considerado pela Organização das Nações Unidas (ONU) como o 3º melhor município do Paraná em qualidade de vida em 2000. Localizado na região Sul do Brasil, mais precisamente no extremo Oeste do Paraná, no Terceiro Planalto ou Planalto de Guarapuava, Marechal 75 Cândido Rondon compreende uma área de 575,81 quilômetros quadrados. Situa-se entre 24º 33’ 40” Latitude Sul e 54º 04’ 12” Longitude Oeste, a 420 metros acima do nível do mar. A produção agrícola alavancou o desenvolvimento, o município possuí uma base econômica sólida não somente com a agricultura, mas também com a agropecuária, suinocultura, psicultura e na agroindústria. As principais culturas são os cultivos da mandioca, do milho e da soja. Marechal Cândido Rondon é conhecido nacionalmente não somente pela pujança agrícola, ou sua participação no contexto histórico nacional como faixa de fronteira, mas principalmente pela gastronomia como a Festa Nacional do Boi no Rolete que faz parte dos festejos do aniversário de emancipação política administrativa da cidade, e a Oktoberfest, realizada em outubro e é a segunda maior do país (WEIRICH, 2004). Segundo IBGE (2005), o município tem uma população de 44.705 habitantes, dos quais 3.977 são idosos. O município possui 14 Grupos de Convivência de idosos, tendo 2.608 participantes no total, o que corresponde a 65,58% da população total de idosos é participante de um dos Grupos. Estes números demonstram a representatividade e importância desta iniciativa para a respectiva população. 4.1.2 - Segundo Momento – Entrevista semi-estruturada A partir da caracterização histórica efetuada na literatura, e para saber o que motivou a elaboração/implementação dos Grupos de Convivência de Idosos, recorrese a uma entrevista semi-estruturada (anexo 4) com um sócio fundador de cada um dos dois Grupos. A entrevista semi-estruturada, segundo Gil (1996), ocorre quando há relação dos pontos de interesse em que o entrevistador vai explorando ao longo do seu curso com um guia de roteiro. Estas entrevistas servem para resgatar informações que não estão explicitadas nos documentos e, além disso, dão um maior entendimento sobre o que se está pesquisando. De acordo com Lüdke & André (2004), a entrevista semi-estruturada se desenrola a partir de um esquema básico, porém não aplicado rigidamente, permitindo que o pesquisador faça as devidas adaptações. 76 Para Minayo (1996), entrevista é a fonte que fornece dados referentes a fatos, idéias, crenças, maneiras de pensar, sentimentos, conduta de comportamento presente ou futura, bem como razões conscientes ou inconscientes de determinadas crenças. Luckmann (1984), afirma que quando as pessoas falam, elas fazem algo entre si, com o outro, contra o outro, ou para si mesmas. Através da comunicação social as pessoas definem e constroem sua realidade social, moldam e atuam sobre esta realidade, e é por isto que a linguagem é central para o conhecimento social. Guedes (1999) afirma ser necessário entender o passado para planejar o futuro, ou seja, compreender a história significa explicitar seu desenvolvimento, identificar tendências. Neste sentido, Bassit (2004) afirma que o próprio envelhecimento deve ser estudado a partir do contexto da história de vida humana, que pressupõe a análise dos processos que podem causar mudanças ao longo de nossa existência, incluindo tanto os aspectos biológicos e psicológicos como sociais e culturais. De acordo com Scharfstein (2002), o discurso do sujeito idoso deve ser entendido como uma forma de ação social, ou seja, uma prática discursiva situada em um contexto histórico-social, através da qual os participantes relatam uma história através da oralidade construindo e negociando significados ao agirem no mundo social. A respeito da “história oral” Von Simson (1988, p.19) afirma que: é termo amplo que recobre uma quantidade de fatos não registrados por outro tipo de documentação, ou cuja documentação se quer completar. Colhida por meio de entrevistas de variada forma, ela registra a experiência de um só indivíduo ou de diversos indivíduos de uma mesma coletividade. Neste último caso, busca-se uma convergência de relatos sobre um mesmo acontecimento ou sobre um período do tempo. Ao utilizarmos a história oral como metodologia de investigação, temos a possibilidade de “recuperar” as transformações das cidades, experiências de trabalho, lutas sociais, modos de viver, morar e sociabilizar meios rurais e urbanos. E estes são relembrados pelos sujeitos que, de alguma forma, estão inseridos nestas situações. Isso nos dá uma ampla possibilidade, pois eles podem ser: moradores das 77 cidades, agricultores, artesãos, grupos de imigrantes, velhos e crianças, sobreviventes ou pessoas com bagagens culturais diferentes (RODRIGUES, 2005). Sobre fatos e histórias narradas, Bosi (2003, p.19) na obra O Tempo Vivo da Memória relata que: (...) Mais do que o documento unilinear, a narrativa mostra a complexidade do acontecimento. É a via privilegiada para chegar até o ponto de articulação da história com a vida quotidiana. Colhe pontos de vista diversos, às vezes opostos, é uma recomposição constante de dados. Outro aspecto importante refere-se à memória do entrevistado, pois ela determinará a possibilidade de abrangência de dados em maior quantidade e melhor qualidade. Bosi (2003, p. 52) afirma que “a memória contrai numa intuição única passado-presente em momentos da duração”. De acordo com Bosi (2003) na realização de uma entrevista narrativa com idosos é fundamental um elo de conhecimento e afetividade entre entrevistador e entrevistado, isto poderá oferecer mais tranqüilidade ao idoso e as informações poderão ser mais confiáveis. Para a realização das entrevistas em todos os momentos/etapas, foi utilizado um gravador portátil e fitas cassetes. Após a entrevista, o entrevistador anotava as principais atitudes, características e condutas do entrevistado durante a realização da coleta de dados. As entrevistas gravadas e depois transcritas constituem a “matéria – prima” para demonstrar, destacar e reconstruir a teia de sentidos e significados que envolvem o objeto de estudo (OLIVEIRA, 2000). Como procedimento, antes de iniciar todas as entrevistas, foi lido para o entrevistado o seguinte roteiro (adaptado do estudo de Cousins, 2001): “Esta entrevista será utilizada num estudo científico que tem por objetivo compreender e identificar o entorno relativo às características ambientais e pessoais dos idosos participantes dos Grupos de Convivência, por isso a necessidade de fazer algumas perguntas sobre esta temática. Se houver perguntas que façam você se sentir desconfortável, não precisa responder. Caso você não entenda alguma pergunta, peça uma nova explicação. Não existem respostas certas ou erradas, apenas a sua opinião é importante. Eu gostaria de gravar suas respostas. Tudo bem para você?” 78 Com o consentimento do entrevistado, a partir deste momento o gravador foi ligado para registro das entrevistas. Todas as entrevistas foram realizadas de forma individual. Após a transcrição das entrevistas, as fitas utilizadas foram apagadas no intuito de preservar o participante. Para realizar a análise das entrevistas do presente momento foram seguidos os seguintes procedimentos sugeridos por Laville & Dione (1999), transcrição da entrevista na íntegra, leitura crítica, triagem das informações relacionadas aos objetivos e necessidades da pesquisa, categorização das informações relevantes dos documentos, interpretação e escrita em forma de texto. Sendo assim, o texto foi elaborado de forma contínua de acordo com as exigências do respectivo momento. Foram aproveitados trechos literais da fala dos idosos entrevistados, estes aparecem no texto entre aspas. Devido a falta de clareza na explanação de algumas falas mencionadas pelos idosos, estas foram reconstruídas e complementadas com a interpretação do proponente, porém o sentido das mesmas não foi alterado. Desta forma, o texto torna-se uma história adequada aos princípios do estudo abordado de forma clara e precisa. Deve-se ressaltar que o baixo nível de escolaridade e o não domínio completo do idioma português, tendo em vista que muitos idosos ainda falam em alemão, podem ter interferido nas respostas das entrevistas implicando, desta forma, numa limitação do estudo. A seguir são apresentados os resultados e análises deste segundo momento da primeira etapa: Grupo de Convivência de Idosos Amizade Segundo o S. A, um dos sócios fundadores do Grupo de Convivência de Idosos Amizade, a necessidade fundamental para implantação deste Grupo no Município de Marechal Cândido Rondon foi a “oportunidade de oferecer ao idoso um momento de lazer, descontração, ocupação e alegria”, pois a velhice de acordo com o entrevistado “é um momento de aproveitar a vida e não ficar preso em casa”. Outro motivo importante e talvez o principal para a implantação do Grupo de Convivência, era “a oportunidade dos idosos associados realizarem trabalhos manuais, como: crochê, tricô, bordados, pinturas, dentre outros”. Pois, desta forma, eles teriam a possibilidade de ter uma ocupação e além disso, arrecadar verbas que eram 79 destinadas as melhorias necessárias para o Grupo. A iniciativa para a implantação deste Grupo de Convivência conforme relato do S. A foi: Da LBA7, que era uma instituição federal e aplicava recursos destinados a oferecer materiais para comprar equipamentos na utilização das tarefas manuais, desta forma, os recursos provindos das vendas destes trabalhos eram revertidos para o próprio Clube. Este Grupo de Convivência de Idosos “foi o pioneiro no município de Marechal Cândido Rondon e o segundo do estado do Paraná (...)”, sua fundação realizou-se em julho de 1978 “com um grupo de 15 sócios, mas com o passar dos anos aumentou gradativamente e hoje conta com aproximadamente 650 associados”. De acordo com o S. A, no início das atividades “eles pensavam que o Grupo não iria crescer como cresceu, a visão era de que se permanece no Grupo de 15 a 20 idosos”. Mas algumas coisas foram dando certo e incentivaram as senhoras a convidar outros idosos a participarem do Grupo, o entrevistado relatou que “nós fomos puxando pra fazer bonito, pro pessoal gostar e então de 15 foi subindo pra 50, 70, 100, 200 e daí nós íamos puxando o pessoal dizendo: vamos lá fulano, o que você faz em casa? Vem que você vai gostar!”. Os primeiros sujeitos participantes do Grupo de Convivência são os mesmos que participaram do processo de colonização do município. Segundo o S. A estes primeiros idosos vêm de uma história bastante sofrida e desgastada, pois foram responsáveis pelo desmatamento e derrubada das primeiras árvores do município. Destes idosos fundadores a “maioria já é falecida, aos que ainda vivem, são poucos os que freqüentam o Grupo, pois boa parte deles ficam em casa ou em asilos devido a problemas de doenças ou por estarem muito velhos”. O entrevistado denominado S. A ainda está freqüentando o Grupo, pois na época da implantação ele foi uma exceção para entrar no Grupo de Convivência de Idosos, tendo em vista que naquela época possuía apenas 40 anos e a idade mínima para ingressar era de 60 anos. Em relação as atividades desenvolvidas no Grupo, “no início os idosos apenas jogavam bingo e desenvolviam suas atividades manuais”, em seguida “veio o jogo de 7 Legião Brasileira de Assistência - LBA, que se tornou responsável pelo atendimento ao idoso em todo o país a partir do ano de 1977. 80 cartas e logo depois através de uma gaita surge a dança” que é a atividade predominante até hoje. Desta forma, pode-se dizer que ninguém impôs a dança como a atividade que os idosos fossem praticar, eles que escolheram por ser a que mais lhe agradavam. Uma curiosidade foi que desde o início, a proporção de mulheres que freqüentam o Clube é bastante superior do que a dos homens. Outro fator importante a ser destacado é que Marechal Cândido Rondon sempre teve uma característica de descriminação com relação a etnia negra, principalmente na época da colonização, sendo assim, não foi diferente no respectivo Grupo. Segundo o S. A: No início, os negros eram proibidos de entrar e participar, hoje em dia, diminuiu um pouco este preconceito, mas raramente existe um negro nos encontros, eles até tentam participar, mas não conseguem se entrosar e sentir-se a vontade, pois os demais associados não dão muitas condições para que isto aconteça, o preconceito apesar de não ser abusivo, ainda existe. Muitas mudanças aconteceram desde o início, e um ponto fundamental a ser abordado foi uma discussão entre dois grupos de pessoas deste Grupo de Convivência, esta discussão foi além, acarretou em uma briga por ideais distintos e fez com que o grupo se dividisse. Desta forma, um desses Grupos de pessoas foi responsável por criar um novo Grupo de Convivência de Idosos em Marechal Cândido Rondon, denominado Paz e Amor. Nos primeiros anos de fundação deste novo Grupo ocorreram diversas discussões, mas hoje a convivência entre os associados dos dois Grupos da sede do Município de Marechal Cândido Rondon é muito boa, existem visitas dos associados aos Grupos de Convivência de Idosos vizinhos. Grupo de Convivência de Idosos Paz e Amor De acordo com as informações obtidas através da entrevista realizada com o sócio fundador, denominado S. B do Grupo de Convivência de Idosos Paz e Amor, “este clube foi fundado no dia primeiro de julho de 1993 com aproximadamente 80 idosos e agora ele conta com mais de 530 associados”. Como já foi dito anteriormente, este Grupo teve sua origem devido a um desentendimento de dois grupos de sócios do Grupo de Convivência Amizade, não tendo mais como permanecer em harmonia em decorrência das discussões e brigas ocorridas naquela época, um dos grupos de indivíduos decide se desvincular do 81 Grupo de Convivência de Idosos Amizade e resolvem criar um novo Grupo de Convivência, denominado Paz e Amor. Então o motivo para a implantação deste Grupo foi o “desentendimento entre os associados do outro Grupo de Convivência”. Mas é importante salientar, que o surgimento deste novo Grupo foi muito importante, pois a demanda de participantes era muito grande e já necessitava de um maior espaço para poder atender de maneira coerente a todos. Além disso, o entrevistado relata que era necessário um espaço que proporcionasse momentos de lazer, alegria e diversão aos idosos. Dos idosos idealizadores e fundadores deste Grupo, ainda existem muitos que continuam participando dos encontros, cerca de 50% ou aproximadamente 40 associados. Isto ocorre devido ao Grupo ser considerado ainda muito novo, pois possui apenas 12 anos de implantação. Segundo o S. B, “mais de 50% dos fundadores deste Clube participaram do momento de colonização do município de Marechal Cândido Rondon”, além disso, alguns deles também participaram da fundação do Grupo de Convivência de Idosos Amizade. No início, os idealizadores não acreditavam que o Grupo de Convivência fosse crescer tanto quanto cresceu. “Hoje em dia para se ter uma idéia, o espaço físico já se torna pequeno para abrigar a grande quantidade de associados presentes a cada encontro” (S. B). Apesar dos órgãos públicos Municipais, Estaduais e Federais auxiliarem com verbas para o Grupo, é importante salientar que o Grupo de Convivência de Idosos Paz e Amor foi criado especificamente por um grupo de sujeitos que acreditaram na sua idealização. Depois disso, parceiras foram formadas, mas sempre e quase que totalmente a associação mantém-se com o pagamento da anuidade dos sócios. Em relação a atividade física, a atividade predominante “é a dança, esta já veio implantada desde o outro Grupo e é o que os idosos mais gostam de fazer durante os encontros”. Desde o início do Grupo a atividade predominante é a dança, não houve grandes mudanças, o que ocorreu foi a ampliação do número de participantes, sempre cresceu e continua crescendo. Este Grupo de Convivência possui um grupo de danças folclóricas típicas alemãs que se apresenta em várias localidades do estado do Paraná e na região Sul do Brasil. 82 Síntese geral da 1ª etapa: Características histórico-sócio-culturais são fatores fundamentais a serem analisados, pois de acordo com Guedes (1999), é necessário que se entenda o passado para poder planejar o futuro, esta compreensão fornece o alicerce para solidificar estratégias necessárias na identificação de tendências. Neste sentido, esta etapa foi primordial para conhecer as características do entorno relativo ao município de Marechal Cândido Rondon e para verificar algumas informações relativas a implantação dos Grupos de Convivência de Idosos. Para que possamos atingir os objetivos previstos para esta etapa enfatizam-se os seguintes aspectos: • O processo de colonização do município de Marechal Cândido Rondon foi um período que certamente ficou marcado na vida destes sujeitos, pois naquela época eram os jovens ou adultos trabalhadores do momento, desta forma, os trabalhos desenvolvidos eram exaustivos, demandando grande esforço físico devido à atividades como: desmatamento, derrubada de árvores, manejo com animais e cultivo da roça; • A agricultura forte é característica do município e da região, sendo assim, grande parte dos idosos desta região tiveram durante o período de trabalho atividades relacionadas à agricultura; • Desde a chegada do colono gaúcho e catarinense com descendência principalmente de alemães às terras da região de Marechal Cândido Rondon. O município caracterizou-se por fortes traços germânicos, o que implicou em diversos aspectos, como: etnia, cultura, costumes, idioma, dentre outros; • Através da fala dos Ss. A e B verificou-se um aumento significativo em relação ao número de participantes em ambos os Grupos de Convivência; • A implantação do Grupo de Convivência de Idosos Amizade surgiu pela organização de alguns indivíduos e com a colaboração da LBA responsável pelo apoio em geral; • Já a implantação do Grupo de Convivência de Idosos Paz e Amor foi derivada de uma briga por ideais distintos do Grupo de Convivência de Idosos Amizade, desta forma, os Grupos foram divididos. Esta divisão foi importante, pois o 83 município já necessitava de um novo Grupo devido a demanda de participantes. As informações coletadas e apresentadas nesta primeira etapa determinam o perfil inicial relativo às características regionais e culturais. Além disso, fornece conhecimentos referentes aos motivos que determinaram a implantação dos Grupos de Convivência. 4.2 - SEGUNDA ETAPA: ESTRUTURA E FUNCIONAMENTO Para compreender melhor como os Grupos são estruturados, tanto do ponto de vista organizacional quanto em relação aos espaços físicos e freqüência dos idosos participantes, foi traçado um perfil desses Grupos. O objetivo desta etapa é apresentar o maior número de informações relevantes que poderão auxiliar no processo de construção do estudo. Tanto é que durante o estudo não ficou restritamente envolvido a um tipo exclusivo de instrumento e procedimento, foi além dos modelos tradicionais, e verificou-se que quanto maior o número de informações pertinentes e que envolvem este contexto, mais coerente será o modo de atuação com a população proposta. Ferreira & Najar (2005) também enfatizam que quanto maior o número de variáveis analisadas para verificar a relação entre população, cultura, ambiente, história e outros, contemplarão melhor o fenômeno da adesão. Estudos empíricos também auxiliam nesta fase de caracterização e avaliação mais consistente e fidedigna dos programas. Assim sendo, a busca por informações relevantes é iniciada através da análise documental, após analisar este momento percebe-se que as informações identificadas são importantes, mas não suficientes para compreender todo o entorno da estrutura e funcionamento dos Grupos, então é realizada uma entrevista semiestruturada com um membro da diretoria de cada Grupo. Desta forma, foram extraídas informações fundamentais que não estão visíveis em documentos. Após este momento percebe-se a necessidade de estar presente e verificar “com os próprios olhos” a estrutura e funcionamento dos Grupos, pois é somente 84 estando lá que se tem uma boa noção do funcionamento, então é realizada uma observação em cada um dos Grupos, e através dela se obtém informações do comportamento das pessoas e da situação ambiental. Primeiramente esta etapa foi elaborada para dar continuidade à etapa anterior, tentando ”mergulhar” a fundo na realidade para compreendê-la. Considerar a natureza dos indivíduos e comunidades para que os objetivos sejam atingidos alia-se à proposta da promoção e educação para a saúde (VELARDI, 2003). Sendo assim, a compreensão desta etapa é primordial, pois conhecer a população (suas crenças, seus costumes, seus valores, sua descendência, condições financeiras, gostos, desejos, entre outros fatores.) e o ambiente (espaço físico, clima, funcionamento, estrutura) antes de elaborar qualquer proposta é fundamental para verificar se está adequadamente coerente com as necessidades desta população e lugar (SILVA JÚNIOR & VELARDI, 2005). Como já foi explicado acima, para melhor entender esta etapa foram necessários três momentos distintos de avaliação para dar suporte ao processo de caracterização da estrutura e funcionamento dos Grupos de Convivência de Idosos. A descrição de cada uma das etapas será apresentada em cada momento proposto. 4.2.1 - Primeiro Momento - Análise Documental A busca ao entendimento destes Grupos, tanto na estrutura quanto no funcionamento inicia-se por meio de uma análise de documentos, neste caso, o Estatuto e Regimento Interno, pois através deles pode-se ter o princípio de sua organização e a sua fundamentação. Somente com os documentos não é possível concluir que os argumentos são suficientes para compreender o contexto dos Grupos, mas será o ponto de partida para que isto aconteça, conseqüentemente novos momentos e etapas serão necessários. Segundo Bardin (2003), análise documental é definida como um conjunto de operações que visam representar o teor de um documento de maneira diferenciada, com a finalidade de facilitar a interpretação, para que o conteúdo seja representado de forma mais conveniente. O propósito a atingir é o armazenamento, sob uma forma variável bem como a facilitação do acesso ao observador, de tal forma que este obtenha o máximo de informações com uma maior relevância. 85 Conforme Caulley apud Lüdke & André (2004), a análise documental busca identificar informações factuais nos documentos a partir de questões ou hipóteses de interesse. Segundo Phillips (1974, p.187) considera que documentos são “quaisquer materiais escritos que possam ser usados como fonte de informação sobre o comportamento humano”. Para realizar a análise dos documentos serão seguidos os seguintes procedimentos sugeridos por Laville & Dione (1999), triagem das informações relacionadas aos objetivos e necessidades da pesquisa contida no Estatuto e Regimento Interno, transcrição do conteúdo, categorização das informações relevantes dos documentos, interpretação e escrita em forma de texto. A análise documental será realizada através de um único Estatuto e Regimento Interno, tendo em vista que os dois Grupos de Convivência de Idosos possuem documentos idênticos. Apesar de ser um momento considerado um tanto que “massante”, pois traz muitos dados teóricos que constam em documentos e que em muitas vezes as pessoas não tem acesso a estas informações, mas é através destes Estatutos e Regimentos Internos dos Grupos de Convivência de Idosos que verificamos muitos elementos importantes e que tem relação com este estudo, assim sendo, estas informações foram utilizadas para caracterizá-los. Segue-se a apresentação dos resultados e análise. O Estatuto e Regimento Interno serão analisados de forma única para ambos os Grupos (Amizade e Paz e Amor), pois são idênticos. Desta forma, os objetivos e finalidades são: a) congregar os moradores e amigos da localidade, e outros que venham a integrar os Grupos, apoiando suas legítimas aspirações, pugnando por seus direitos e deveres; b) estimular o espírito de solidariedade e comunidade entre os associados e amigos integrantes dos Grupos, no sentido de proporcionar a prática do desporto em geral, reuniões sociais e dançantes, cursos, palestras, festividades e outras que os Grupos julgarem de interesse comum; c) representar perante as autoridades administrativas, legislativas e judiciárias, os interesses gerais dos sócios destes Grupos; d) construir pecúlio com os saldos de rendas e das doações, para em tempo oportuno, construir e/ou melhorar instalações ou o patrimônio do Grupo; e) contratar funcionários e demiti-los quando necessário com aprovação da Assembléia Geral ou diretoria. 86 Os associados têm seus direitos apresentados no Estatuto, sendo: a) utilizarse de todos os serviços dos Grupos, participarem de suas atividades e promoções; b) participar das reuniões dos órgãos de direção e fiscalização dos Grupos de Convivência de Idosos, com direito a voz, a votar e ser votado; c) requerer Assembléias Gerais, juntamente com 1/3 (um terço) dos demais associados; d) propor medidas que julgar proveitosas aos Grupos e apresentar reclamações de irregularidades observadas na administração da mesma. Em contrapartida, são deveres dos associados: a) participar e colaborar nas iniciativas dos Grupos; b) cumprir e fazer respeitar os bons costumes familiares; c) comparecer as reuniões e assembléias convocadas e acatar suas determinações; d) ao aceitar cargos ou comissões para as quais tenha sido eleito ou nomeado, deverá prestar ao assumir, o compromisso de bem servir os Grupos, exercer o papel com zelo e dedicação; e) cooperar para a manutenção, ordem e disciplina das dependências dos Grupos, comunicando à diretoria toda e qualquer irregularidade verificada neste setor, inclusive demissões e pedidos de ausência de sócios; f) efetuar quando solicitada contribuições ou doações voluntárias; g) em caso de falecimento de um associado o Grupo prestará sua homenagem, comparecendo à residência da família uniformizado e com bandeira; h) zelar pela saúde e higiene, portadores de doenças contagiosas não poderão participar das atividades dos Grupos, enquanto estiverem doentes; i) todo prejuízo causado por um sócio deverá ser ressarcido pelo mesmo Grupo. Para manter organizado e em funcionamento, os Grupos possuem uma diretoria que é um trabalho voluntário do associado, sendo um órgão de execução das decisões da Assembléia Geral, composta por 1 (um) Presidente, 1 (um) VicePresidente, 1 (um) Secretário, 1 (um) Vice-Secretário, 1 (um) Tesoureiro, 1 (um) Vice-Tesoureiro, 1 (um) Conselho Fiscal composto por conselheiros efetivos e suplentes, todos eleitos em Assembléia Geral Ordinária, para um mandato de dois anos podendo ser reeleitos para mais um mandato. Compete a diretoria: a) elaborar o regimento interno, ou normas internas de funcionamento; b) dirigir e administrar o Grupo de Convivência de Idosos; c) cumprir e fazer o presente estatuto, o regimento interno, bem como as deliberações das Assembléias Gerais; d) reunir-se em sessão quando se fizer necessário. 87 Além disso, a diretoria nomeará diretores que lhes auxiliarão durante o mandato, o número de diretores é indeterminado e varia de acordo com a necessidade. E compete aos diretores: a) manter e orientar os programas dos Grupos os quais deverão dinamizar basicamente os setores da educação e cultura recreação e esporte, festividades, promoções e a manutenção de equipamento dos Grupos; b) funcionar como elo entre a diretoria e o Grupo dando conta dos problemas e aspirações dos setores básicos desta. A receita dos Grupos será constituída pelas contribuições, donativos, leilões, rendas de promoções, festas, competições e de acontecimentos eventuais. Além disso, o Grupo de Convivência de Idosos Paz e Amor é considerado particular, pois cobra uma anuidade de todos os participantes. Já em relação ao Regimento Interno, algumas curiosidades relativas aos trajes e atitudes dos associados são apresentadas: a) Homens: não podem dançar de chapéu, com rosto colado, beijando o cônjuge, fumando, com chinelo de dedo, com copo ou garrafa nas mãos, ou em atitude de desrespeito ao próximo ou a entidade; b) Mulheres: também não podem dançar com o rosto colado e beijando, com roupas muito decotadas, com copo ou garrafa nas mãos, e com atitude de desrespeito ao próximo ou a entidade; c) ambos: não é permitido fumar dentro das dependências dos Grupos, nem permanecer em pé ao redor da pista com copo ou garrafa nas mãos. Os encontros acontecem semanalmente nas quintas-feiras das 14 as 17:30 horas, sendo exclusivo para associados do Grupo, tendo exceções a algumas visitas previamente agendadas com aval da diretoria. Síntese do primeiro momento da segunda etapa A análise documental é um processo pelo qual conseguimos verificar muitas informações relevantes que auxiliarão no procedimento de caracterização de estrutura e funcionamento. Esta análise através dos documentos permitiu verificar que os Grupos de Convivência de Idosos, tanto o Paz e Amor quanto o Amizade possuem as mesmas normas em relação aos documentos, mas estas afinidades devem ser verificadas na prática para ver se tem efeito verdadeiro ou só estão expostas no papel. 88 Os principais aspectos a serem considerados foram os seguintes: • Os Grupos de Convivência possuem um Estatuto que contempla os objetivos do Grupo, direitos e deveres dos associados, aspectos fundamentais para um bom desenvolvimento das respectivas entidades; • Cada Grupo de Convivência possui uma diretoria com suas atribuições; • Os Grupos de Convivência obtém sua receita através da realização de festas, promoções e derivados eventos. Além disso, o Grupo de Convivência de Idosos Paz e Amor cobra uma anuidade de seus participantes, considerado, desta forma, de caráter particular; • Além do Estatuto existe em ambos os Grupos um manual com as normas internas de conduta dos idosos participantes, com a finalidade de preservar a integridade física e social do idoso durante os encontros. Percebemos que através das informações contidas no Estatuto e Regimento Interno nos fornece uma visão ampla, mas conseguimos verificar que não existe uma Proposta Pedagógica que sustente as ações efetuadas e realizadas com os idosos, desta forma, as práticas são realizadas através do empirismo, ou seja, pelo acúmulo de experiências aglomeradas no decorrer da vida, não devemos considerar que isto não seja importante, mas não podemos ficar restritos a este método simplista. Da maneira que isto é feito surgem algumas inquietações: Será que os idosos têm informações necessárias para decidir quais as práticas são boas e adequadas a eles? Será que as atividades oferecidas aos idosos são coerentes e tem algum significado para eles? As atividades propostas pelos Grupos atendem as necessidades e gostos dos idosos? Sendo assim, emerge a necessidade de mais procedimentos para buscar maiores informações e dados que possibilitem responder a estas e outras futuras indagações que surgirão com o desenvolvimento deste trabalho. 4.2.2 - Segundo Momento - Entrevista semi-estruturada Percebendo que as informações apresentadas no momento anterior foram importantes, mas não são suficientes para atender aos requisitos de compreensão do todo, foi necessária a realização de uma entrevista semi-estruturada com alguma 89 pessoa que possuísse embasamento suficiente sobre a realidade dos Grupos, desta forma, os mais indicados foram sujeitos integrantes da diretoria. Então, para este momento foi realizada uma entrevista semi-estruturada (anexo 5), já descrita na primeira etapa, com um membro da diretoria do Grupo de Convivência de Idosos Amizade e com um membro do Grupo de Convivência de Idosos Paz e Amor. Para realizar a análise das entrevistas será adotada a proposta de Laville & Dione (1999), também já descrita na etapa anterior. As informações a seguir foram extraídas a partir da análise da entrevista com os membros dos Grupos, não repetindo informações já relatadas no momento anterior. Segue-se a apresentação e análise dos resultados. Grupo de Convivência de Idosos Amizade O presidente do Grupo de Convivência de Idosos Amizade denominado neste estudo como S. C relata que “a cada quinta-feira um número expressivo de idosos participa dos encontros, na média de 300 a 350 pessoas, sendo que aproximadamente 250 idosos são freqüentadores assíduos”, já em relação aos demais existe uma rotatividade na freqüência se justifica devido a alguns fatores, como: emprego, indisposição, outros compromissos e principalmente pela manifestação de doenças. A dança é atividade predominante e quase que exclusiva nos encontros. Segundo o S. C, O que os idosos gostam de fazer nos encontros é dançar, às vezes são sugeridas outras atividades e eles até participam por um tempo, mas sempre voltam à dança(...). A maioria das músicas tocadas são alegres e divertidas, como marchinhas e outras danças típicas(...). Os idosos dançam em duplas que pode ser homem com mulher ou mulher com mulher e vão trocando os pares durante todo o tempo. Ele relata que o Grupo Amizade já ofereceu alguns tipos de prática de atividades físicas estruturadas, mas normalmente os indivíduos abandonavam e não gostavam muito, pois eles não queriam perder o tempo “precioso” da dança. Desta forma, atualmente o Grupo “não oferece nenhuma proposta de atividades físicas estruturadas para os idosos”. Segundo o S. C, “o Grupo de Convivência de Idosos faz a propaganda e incentiva os idosos para participarem destes tipos de programas, 90 mas deixa livre para o sujeito escolher e procurar pelo que mais lhe agrada”. Nas demais atividades oferecidas pelo Grupo, os sujeitos são muito participativos, mas não possuem iniciativa para desenvolver algo, pois todas as atividades realizadas são colocadas através da diretoria pela coordenadora, os idosos não participam dessas escolhas, eles já estão acostumados de uma forma passiva a receber tudo pronto e executar através da repetição, o S. C enfatiza “sempre tem que ter alguma pessoa à frente para tomar a iniciativa de fazer algo”. Algumas palestras que abordassem temas relativos à saúde/doença foram apresentadas aos sujeitos, os instrutores que ministraram eram de outras localidades e tinham interesse em vender algum produto, livro ou outros. O Grupo não dispõe de profissionais que ministrem palestras sobre estes temas, mas segundo o relato do S. C, “se o Grupo de Convivência solicitar a Prefeitura este tipo de assistência, ela ajudaria e forneceria profissionais que prestassem este serviço, então depende da vontade dos idosos, mas eles não gostam muito de teoria”. O S. C afirma que da mesma forma acontece com a atividade física, “se os idosos tivessem interesse em praticar estas atividades, a Prefeitura do Município contrataria ou cederia um de seus profissionais de Educação Física e colocaria a disposição do Grupo de Convivência de Idosos”. Durante entrevista e conversa com o Presidente do Grupo de Convivência de Idosos Amizade, expliquei e expus a ele os objetivos e procedimentos a serem tomados na pesquisa com os sujeitos e ele ofereceu total apoio e disse-me que o Grupo de Convivência de Idosos Amizade está à disposição através dos participantes e estrutura física para que eu possa desenvolver este estudo. Grupo de Convivência de Idosos Paz e Amor Segundo a coordenadora do Grupo denominada neste estudo como S. D, além dos objetivos propostos no estatuto, o Grupo Paz e Amor tem uma meta importantíssima que se refere à ajuda assistencial ao próximo. “Existe um grupo de idosos que fazem visitas e procuram ajudar da maneira que podem aos seus colegas que estão doentes ou com problemas gerais que possam estar afetando a sua saúde”. Sobre a participação, o S. D afirma que: 91 Os idosos têm uma participação muito efetiva nos encontros e são muito participativos nas atividades. A cada encontro estão presentes de 270 a 300 idosos, a participação só não é maior pelo fato de alguns trabalharem e outros nem sempre estão bem dispostos devido à manifestação de doenças e enfermidades. O entrevistado me informou que a atividade predominante no Grupo é a dança, os participantes já possuem até um grupo organizado de danças folclóricas, este grupo é destinado somente aos indivíduos que vão ensaiar em horários extras ao encontro e o objetivo é fazer apresentações em outras localidades, o grupo viaja bastante pelo Sul do País exibindo a sua performance. Quanto aos demais, “eles adoram a dança, até já foi tentado inserir outras atividades, mas eles não querem, não gostam, e é através da dança que eles se realizam”. Outra atividade complementar que o Grupo de Convivência oferece é o “Grupo de Coral composto pelos idosos que participam dos ensaios, este grupo se apresenta em todos os encontros do Grupo e em outras ocasiões especiais”. Conforme o S. D neste Grupo de Convivência, os participantes estão muito acostumados com a presença da coordenadora, pois já faz doze anos que ela exerce este cargo, então todas as atividades que ela leva aos participantes eles se sentem seguros e confiantes para realizar, mas quando é uma pessoa de fora do ambiente deles trazendo algo diferente percebe-se uma resistência para realizar a atividade. Outro fato muito relevante é a comodidade que os participantes têm, pois “eles esperam tudo pronto pela coordenadora e se não tiver alguém tomando a iniciativa eles ficam perdidos”, pois apesar deles serem muito participativos, a maioria deles não tem tomada de decisão individual para realizar algo. Algumas palestras sobre temas relativos à saúde, doença, qualidade de vida e outras já foram ministradas com os participantes, “mas eles não gostam muito, pois tomam o tempo da atividade principal deles que é a dança, sendo assim, hoje quase não existe palestras com muita parte teórica com eles”. Após a explicação de toda a importância do estudo, os procedimentos a serem tomados e a necessidade de existir pesquisas com este cunho, a coordenadora disseme que o Grupo de Convivência dará todo apoio necessário para a realização do estudo. 92 Síntese do segundo momento da segunda etapa Este momento foi muito importante, pois foram obtidas informações exclusivas extraídas através de perguntas pertinentes relacionadas ao referido estudo, informações estas que seriam impossíveis serem coletadas de outra forma, pois não estão relatadas em nenhum documento ou em outro tipo de fonte. Observou-se que as respostas apresentadas por ambos representantes dos Grupos de Convivência eram semelhantes, eles retratam como principais aspectos que existe um número muito bom de participantes, a atividade predominante é a dança, os sujeitos são bastante participativos, mas não têm muita iniciativa em relação a atividades desenvolvidas em geral, verificou-se também que os indivíduos de ambos os Grupos não têm muito interesse em participar de outras atividades físicas que não sejam a dança, a partir disto surgem as seguintes perguntas: Porque os idosos não querem praticar atividades físicas estruturadas? Será que tiveram informações necessárias para decidir em escolher a dança como atividade? Será que a atividade física representa algo em suas vidas? O conteúdo das entrevistas é fundamental para apresentar informações e tirar dúvidas das outras fontes já estudadas. Este momento se destina a conhecer a população e o ambiente, para que desta forma, possa satisfazer as necessidades destes sujeitos. 4.2.3 - Terceiro Momento – Observação “Nada pode substituir a experiência do vivido. Quem efetivamente sente o problema é quem vive.” Bruno (2001, p. 150). Após analisar os documentos e realizar entrevistas, verifica-se que o embasamento ainda não é suficiente para compreender a estrutura e funcionamento dos Grupos de Convivência, porém percebe-se que as informações adquiridas até o momento são importantíssimas, mas sente-se a necessidade de ir além e vivenciar na prática no sentido de descobrir detalhes e peculiaridades que ultrapassam as informações apresentadas em documentos e depoimentos, por isso é realizada uma 93 observação em cada um dos Grupos pertencentes ao estudo. Segundo Danna & Matos (1999), a observação é utilizada para coletar dados acerca do comportamento e da situação ambiental, podendo ser um recurso muito importante para identificar certas peculiaridades que outros instrumentos não são capazes de observar. Os dados coletados por observação referem-se aos comportamentos exibidos pelo sujeito ou à situação ambiental. A objetividade na observação significa ater-se aos fatos efetivamente observados, ou seja, fatos que podem ser percebidos pelos sentidos, deixando de lado todas as impressões e interpretações pessoais. De acordo com Lüdke & André (2004), para que a técnica de observação seja considerada válida e fidedigna de investigação científica, ela precisa previamente ser controlada e sistematizada. Neste sentido, planejar a observação significa determinar com antecedência “o quê” e “como” observar. Durante todo o procedimento buscou-se objetividade e cientificidade durante a observação do ambiente e das pessoas. Um protocolo de observação (anexo 6) proposto por Danna & Matos (1999) foi utilizado para registrar os dados coletados, após isto foi averiguado quais informações eram pertinentes e não repetitivas para caracterizar os Grupos de Convivência de Idosos. Durante a observação surgem relatos espontâneos dos sujeitos sobre os seus comportamentos e informações gerais dos Grupos de Convivência de Idosos, estas considerações foram inseridas para caracterizar melhor esta etapa do estudo. Seguese a apresentação e análise dos resultados: Grupo de Convivência de Idosos Amizade Foi realizada uma observação durante um encontro, ou seja, uma tarde toda no Grupo de Convivência de Idosos Amizade para tentar entender o funcionamento na prática deste Grupo. Após a observação de um encontro dos participantes verificou-se que aquilo tudo é compreendido como um “dia especial” para eles, pois eles vão muito bem vestidos e demonstram alegria e felicidade nos seus olhares e atitudes. O encontro mais parece uma festa em que todos vão a aquele local para se descontrair, dançar, se alegrar, dar risada, e passar o tempo de uma forma mais agradável que os outros dias da semana. Durante a observação foram realizadas conversas informais com alguns 94 sujeitos integrantes dos Grupos, verificou-se que o que eles querem é ter contato com as pessoas, aproveitar do tempo do encontro para conversar, encontrar seus amigos, brincar, dançar e sair da comodidade e da rotina enjoativa de ficar em casa esperando o tempo passar. Alguns participantes relataram que após terem ingressado e participado dos encontros dos Grupos, eles se sentem mais jovens e têm mais felicidade na sua vida. Em relação à programação dos encontros, elas não mudam muito de um para o outro e tem a seguinte seqüência: a) inicia-se com informações em geral; b) apresentação do coral; c) mensagem religiosa realizada por um padre ou pastor e oração com os participantes; d) apresentação de dança típica (polonesa); e) início do matinê com danças; f) intervalo e lanche; g) retorno ao matinê e h) término do encontro. Observou-se que a população predominante do Grupo de Convivência é de descendência germânica, apesar de ter outras etnias no ambiente, isso aparentemente não gera nenhum tipo de conflito ou dificuldade entre os participantes do grupo. Outra particularidade observada foi o fato de evidenciar diversos tipos de classes sociais juntas, desde o humilde aposentado com um salário mínimo até alguns idosos com um poder aquisitivo alto, e isso não representa nenhum tipo de divisão de grupos, todos interagem com todos. Grupo de Convivência de Idosos Paz e Amor Foi observado que o encontro é muito importante para os sujeitos, eles sentem a necessidade de estar interagindo com diversas pessoas, verificou-se que durante aquela tarde eles se realizam, ficam felizes e alegres. Todos os sujeitos vão para o encontro bem vestidos, dando impressão que estão indo a uma festa ou a algum evento. O Grupo de Convivência é muito organizado, tudo o que acontece é programado e estruturado, para todas as funções existe algum dos participantes encarregado em executar a tarefa. Os membros da diretoria estão sempre à disposição dos sujeitos para auxiliá-los em qualquer necessidade que possam ter durante o encontro. A programação dos encontros é estabelecida pela coordenadora do Grupo, 95 mas normalmente não sofre muitas alterações. O encontro é marcado inicialmente pela recepção dos participantes. Após todas as pessoas já estarem sentadas, a coordenadora saúda-os com uma boa tarde e chama o coral de idosos para cantar, em seguida a coordenadora tem um espaço para passar algumas informações da semana pertinentes aos participantes e ao Grupo de Convivência, a abertura oficial do encontro é apresentada através de uma dança folclórica típica de casais (dança polonesa), logo em seguida o baile é iniciado com músicas típicas alemãs, sendo conduzido por uma banda. Através das atitudes, sorrisos e relatos espontâneos dos sujeitos, foi percebido que alguns dos objetivos propostos no estatuto do Grupo são facilmente ultrapassados pelo conjunto de satisfações que os participantes têm por estar naquele local fazendo algo que lhe dá prazer e tem um significado para sua vida. Foi averiguado em muitos dos velhos que participar do encontro, podendo compartilhar com outras pessoas de momentos agradáveis é um estímulo para continuar viver. A dança é a atividade predominante e quase que exclusiva durante os encontros, os sujeitos se distraem e divertem-se dançando em duplas, tanto homem com mulher quanto mulher com mulher. Percebe-se que aqueles encontros são vistos por eles como um baile, eles passam a tarde toda se divertindo através da dança, conversa e diversão. No Grupo de Convivência é vendido bebidas, alguns tomam somente refrigerantes ou água, mas outros preferem cerveja, durante a minha observação verifica-se que os sujeitos bebiam naquele momento com moderação. O Grupo de Convivência de Idosos Paz e Amor possui um amplo salão comunitário, onde os encontros são realizados, o espaço é ideal para o número de pessoas que ali freqüentam, as instalações são ótimas, muito bem organizadas e limpas. O Grupo de Convivência de Idosos Paz e Amor é considerado como sendo particular, mesmo que a anuidade seja classificada acessível a todos, mas verifica-se que os sujeitos que ali freqüentam vão ao encontro bem vestidos e limpos, dando parecer ter uma razoável condição financeira em geral. Outra peculiaridade é o fato de observar que não havia nenhuma pessoa de raça negra naquele local, a massa predominante era germânica, sendo que a grande maioria fala fluentemente a língua 96 alemã. Síntese do terceiro momento da segunda etapa Estas observações realizadas nos dois Grupos de Convivência de Idosos, além de gerarem subsídios para encontrar informações fundamentais não presentes nos documentos, foram muito importantes, pois durante este procedimento o proponente do trabalho foi apresentado aos participantes e pode explanar e explicar o que estava sendo realizado. Considerou-se isto muito importante, pois a partir deste momento a receptividade dos idosos melhorou sobremaneira bastante. Percebeu-se que apesar de um dos Grupos ser privado e o outro não, os ambos têm características bastante semelhantes, tanto na estrutura e funcionamento, quanto em seus atores. Ambos os Grupos de Convivência possuem sujeitos de diversos níveis socais, embora estas diferenças, todos os participantes parecem interagir. Outra semelhança apresentada entre os Grupos é que se observa nitidamente que os sujeitos têm fortes traços germânicos, verificados principalmente através da cor da pele, dos olhos e do cabelo. Além disso, muitos deles comunicam-se em alemão. Observou-se também que nos dois Grupos de Convivência de Idosos a predominância germânica é quase que total e não se verifica a presença de pessoas negras nos Grupos. Outra informação importante obtida através da observação é a organização, pois todas as atividades são programadas com antecedência. A partir destas constatações verificadas através da observação, juntamente com as análises anteriores (documentos e entrevistas) podem fornecer uma melhor sustentação para compreender esta etapa do estudo. Pois concordando com Andreotti (2001), as influências sobre a atividade física não podem ser compreendidas, a menos que as características da pessoa, do ambiente e da própria atividade física, sejam analisadas. Síntese Geral da segunda etapa Conhecer como é o funcionamento de qualquer instituição, programa ou instituição parece ser a forma mais adequada para então pensar numa estratégia de 97 inserir quaisquer que seja a intervenção proposta. Sendo assim, foi o objetivo desta etapa verificar como a estrutura e como se dá o funcionamento dos Grupos de Convivência de Marechal Cândido Rondon. Não foi utilizado nenhuma regra préestabelecida para realizar esta etapa, pois os instrumentos foram utilizados de acordo com a necessidade de aprofundar-se cada vez mais sobre a pesquisa. Sendo assim, algumas informações devem ser enfatizadas, pois podem estabelecer parâmetros fundamentais para que qualquer iniciativa que seja estabelecida possa ter êxito, são elas: • As regras, direitos e deveres contidos no Estatuto e Regimento Interno dos dois Grupos são as mesmas e delineiam o bom desenvolvimento dos encontros semanais; • A participação dos sujeitos nos encontros e nas atividades propostas são bastante efetivas nos dois Grupos de Convivência de Idosos; • A atividade que predomina quase que exclusivamente é a dança em ambos os Grupos de Convivência de Idosos; • Apesar de um dos Grupos ser de caráter privado e o outro público, são muito parecidos em seus diversos aspectos; • Ambos os Grupos têm fortes traços de descendência germânica; • Observa-se muita organização em geral e para o planejamento da programação de cada encontro nos dois Grupos. Além disso, percebe-se também que os participantes são muito disciplinados com relação as regras e normas daquele local. Todas as informações que caracterizam os idosos, Grupos de Convivência e região apresentadas até o momento são fundamentais e trazem implicações para a elaboração de um modelo de avaliação pré-implantação de um programa de educação física à Luz do Ideário da Promoção da Saúde condizente a população em questão. 98 4.3 - TERCEIRA ETAPA - QUESTIONÁRIOS, DADOS ANTROPOMÉTRICOS E TESTES DE APTIDÃO FÍSICA. Esta etapa caracterizou-se pela aplicação de questionários, avaliação antropométrica e da aptidão física dos sujeitos, pois de acordo com Matsudo (2005) é primordial realizar esta avaliação no sentido de detectar os efeitos do envelhecimento sobre o desempenho físico e funcional. Os dados permitirão conhecer qual o nível de aptidão física da população analisada, sendo que isto é considerado um requisito necessário para que as atividades físicas propostas estejam condizentes com a população, fazendo parte primordial de uma avaliação para implantação de um programa de educação física. Para esta etapa foi necessário constituir uma equipe de avaliadores no sentido de auxiliar o preenchimento dos questionários, na avaliação antropométrica e nos testes de aptidão física. Auxiliaram na coleta de dados, além do proponente, mais uma nutricionista e dois acadêmicos do curso de Educação Física da União Pan-Americana de Ensino (UNIPAN), Cascavel – PR. Esta equipe de avaliação participou do treinamento prévio que foi dividido em duas partes: 1ª) estudo, análise e discussão dos protocolos; 2ª) aplicação prática dos protocolos, com o intuito de preparar a equipe de avaliação para a atuação prática na coleta de dados, garantindo fidedignidade dos resultados. Para o tratamento estatístico referente aos resultados dos questionários serão apresentados através da estatística descritiva (porcentagem), já os resultados referentes à dados antropométricos e testes de aptidão física através da estatística descritiva (média e desvio padrão), ambos utilizar-se-ão gráficos e tabelas para uma melhor visualização. 4.3.1 - Unidade I: Questionários A unidade I da terceira etapa é composta pela aplicação de questionários, cada um com objetivos específicos que auxiliam na compreensão do todo. Para preenchimento dos questionários, adotou-se como procedimento uma conversa entre um dos componentes da equipe de avaliação e dois sujeitos ao mesmo tempo, sendo assim, quem preencheu os questionários foram os avaliadores, com o intuito de 99 obter dados mais fidedignos, pois devido ao baixo grau de escolarização da maioria dos sujeitos, tornaria difícil a compreensão das questões para respondê-las. QPAF – Questionário de Prontidão da Atividade Física Pela impossibilidade de realizar exames médicos preliminares aos testes de aptidão física por diversos fatores, como: falta de recurso financeiro do proponente do estudo e dos sujeitos da pesquisa; falta de parceria entre Prefeitura e Grupo de Idosos; fator limitante para conseguir um n suficiente. Desta forma, optou-se em aplicar o Questionário de Prontidão da Atividade Física (QPAF) (anexo 7), este instrumento tem como objetivo avaliar se a pessoa precisa de um exame médico antes de iniciar a prática da atividade física. Segundo Nahas (2003), nos casos em que a pessoa tenha doenças diagnosticadas ou nunca tenha praticado atividades físicas e pretenda realizar um treinamento mais intenso e/ou atividades de competição, deve submeter-se a um exame médico. Sendo assim, este instrumento não substitui o exame médico, mas auxilia o profissional e o praticante no diagnóstico de condições em que sejam necessários cuidados extras na prática de atividades físicas ou aplicação de testes. O questionário é composto por sete perguntas preventivas relativas à atividade física. Se em uma das respostas o indivíduo responda SIM, deverá ser encaminhado a um profissional médico para avaliação mais detalhada de sua condição. Sendo assim, para participar desta etapa do estudo todos os sujeitos foram submetidos ao questionário. Aqueles que não tiveram nenhum risco considerável foram considerados aptos a realizar os testes, já aqueles que em uma ou mais questões não estavam de acordo com uma “condição saudável” só poderiam participar dos testes propostos após a realização de um exame médico preliminar. Aspectos sócio-demográficos dos sujeitos (ANEP) Nesta etapa do estudo a amostra constituiu-se de 60 sujeitos, sendo 30 do Grupo de Convivência Paz e Amor e 30 do Grupo de Convivência Amizade. A proporção geral em relação ao gênero foi de 31,7% (n=19) masculino e 68,33% (n=41) feminino. 100 A tabela 3 apresenta os resultados da distribuição média etária e de peso através de percentual e freqüência, divididos através do Grupo de Convivência de Idosos Amizade, Grupo de Convivência de Idosos Paz e Amor e Grupo geral (dois grupos). Tabela 3 – Distribuição dos sujeitos por faixa etária, sexo e Grupo de Convivência 60 a 64 anos Amizade (n=30) Paz e Amor (n=30) Dois Grupos (n=60) 65 a 69 anos 70 a 74 anos 75 e + anos Masc. 13,33% 4 23,33% 7 Fem. 33,33% 10 33,33% 10 Masc. 6,66% 2 10% 3 Fem. 20% 6 10% 3 Masc. 0% 0 3,33% 1 Fem. 16,66% 5 13,33% 4 Masc. 3,33% 1 3,33% 1 18,33% 11 33,33% 20 8,33% 5 15% 9 1,66% 1 15% 9 3,33% 2 Fem. 6,66% 2 3,33% 1 5% 3 Através dos resultados apresentados na tabela 3 verificou-se que é predominante o número de mulheres em relação ao de homens em ambos os Grupos de Convivência, destacando o grupo do gênero feminino com faixa etária entre 60 e 64 anos que representaram 33,33% do total da amostra para os testes, ou seja, a maior proporção para este estudo. Verificou-se também que não houve nenhum homem com faixa etária entre 70 e 74 anos para a realização dos testes no Grupo de Convivência de Idosos Amizade. A proporção de homens e mulheres é a mesma nos grupos com faixa etária de 65 a 69 anos e mais de 75 anos verificado no Grupo Paz e Amor, nos demais grupos a proporção de mulheres é superior. Andreotti & Okuma (2003), num estudo sobre a adesão de idosos a programas de educação física relataram que estudos comprovam a predominância de mulheres neste tipo de programa, a porcentagem fica entre 70 a 80% de mulheres engajadas nestas iniciativas. Uma das justificativas apontadas pelas autoras é de que os homens tendem a considerar os programas existentes inadequados, por não exigirem esforços físicos exaustivos. Além disso, é evidente através dos levantamentos epidemiológicos que apresentam uma população maior de mulheres em relação aos homens no Brasil. Araújo & Alves (2000) afirmam para a razão entre os dois sexos é de 120 mulheres para cada 100 homens, esta diferença tende a aumentar com o passar dos anos. Verificou-se através dos resultados apresentados na tabela 3 que tanto no sexo masculino quanto no feminino a proporção de participantes em ambos os 101 Grupos é superior para sujeitos com faixa etária menor, neste caso, destaca-se o grupo com faixa etária entre 60 e 64 anos, que no gênero masculino obteve 18,33% e no feminino 33,33% do total de sujeitos que realizaram os testes. Os resultados apresentados neste estudo equivalem-se ao publicado por King et. al. (1992) em que consideraram que a adesão à atividade física com o passar dos anos apresenta um declínio acentuado, principalmente após os 80 anos de idade. Vertinski apud Andreotti & Okuma (2003), justificam que uma das possibilidades deste declínio frente à prática da atividade física pode estar relacionado a incapacidade física que o idoso apresenta no momento. Os resultados corroboram com a expectativa de vida para a região Sul proposta IBGE (2000), o qual apresentou que a população idosa brasileira possui em média 50% de idosos entre 60 e 69 anos e 50% de idosos acima de 69 anos. Sobre o estado civil dos participantes dos Grupos de Convivência de Idosos % de idosos Paz e Amor e Amizade, a figura 1 apresenta: 60 50 40 30 20 10 0 53,33 46,67 36,67 36,67 10 Casado Amizade 16,66 Separado Paz e Amor Viúvo Figura 1 – Distribuição dos sujeitos por estado civil e Grupo de Convivência. Os resultados apresentados através da figura 1 mostram a representatividade dos sujeitos em relação ao seu estado civil, pode–se verificar que em relação ao Grupo de Convivência de Idosos Paz e Amor, 53,33% dos indivíduos ainda são casados, representando o maior percentual entre os estados civis. Já no Grupo denominado Amizade o maior percentual foi encontrado em relação aos idosos viúvos, com 46,67% do total. A viuvez em muitos casos pode ser um fator de adesão do idoso a um programa de atividade física, pois a rede de relações sociais aumenta, além disso, muitos idosos acreditam em encontrar um companheiro ou companheira nos encontros, desta forma, a atividade física não é objetivo principal. 102 Neste estudo o percentual encontrado de viúvos engajados ao programa equivale-se aos resultados publicados por Tribess (2006) em que ao caracterizar sócio-demograficamente as idosas dos Grupos da Associação de Amigos, Grupos de Convivência e Universidade Aberta com a Terceira Idade de Jequié/BA, predominantemente perpetuaram a amostra, as idosas viúvas com 48,3% do total. De acordo com Araújo & Alves (2000) a relação proporcional de homens para mulheres que se encontram viúvos no Brasil é de cinco para um, com proporção evidente maior para as mulheres. Através da figura 2 é apresentada a distribuição em percentuais dos sujeitos por ocupação atual e Grupo de Convivência. % de idosos 100 80 93,34 83,34 60 Paz e Amor 40 Amizade 20 0 10 3,33 Apos. D. Casa 3,33 3,33 3,33 0 Des. Emp. Figura 2 – Distribuição dos sujeitos por ocupação atual e Grupo de Convivência. Sobre a ocupação atual dos sujeitos referidos na pesquisa, constatou-se que em ambos os Grupos de Convivência é predominante a participação de aposentados, representando 83,34% no Grupo Paz e Amor e 93,34% no Grupo Amizade. Os resultados apresentados na figura 2 corroboram com estudos que apresentam a participação dos sujeitos aos programas. Silva (2005) mostrou no seu estudo que a aposentadoria é a fonte de sustento mais importante no orçamento familiar, perfazendo 71,3% do total de sujeitos da pesquisa. Já no estudo apresentado por Benedetti et. al. (2004) com idosos do Município de Florianópolis – SC, 70,3% recebem aposentadoria. Tribess (2006) no estudo descritivo dos aspectos sócio-demográficos dos idosos do município de Jequié – BA mostrou que 58,5% dos sujeitos que compuseram a amostra são aposentados, além destes, 4,2% dos sujeitos são aposentados e continuam trabalhando. De acordo com Araújo & Alves 103 (2000), da população total brasileira que possui ocupação profissional, os idosos representam cerca de 6% deste grupo/amostra trabalhadora. Através da figura 3 é apresentada a distribuição em percentuais dos sujeitos por nível de escolaridade e Grupo de Convivência. 60 50 43,33 36,67 30 23,33 20 10 6,676,67 ab eto Pr im ári oI nc om ple to Pr im ári oC om ple to Gi ná sio Inc om ple to Co leg ial Inc om ple to Co leg ial Co mp let o An alf 3,33 3,33 0 0 3,33 0 0 or 3,33 0 Es pe cia liz aç ão 10 16,67 Su pe ri % de idosos 43,33 40 Paz e Amor Amizade Figura 3 – Distribuição dos sujeitos por nível de escolaridade e Grupo de Convivência. Através das respostas relatadas nas entrevistas a respeito do nível de escolaridade, foi constatado que 6,67% dos sujeitos dos dois Grupos de Convivência afirmaram não saber ler nem escrever e que não freqüentaram a escola, ou seja, classificados como analfabetos. No Grupo de Convivência Amizade a predominância foi de sujeitos que realizaram o primário, porém incompleto (43,33%). Este índice baixo de escolaridade não é diferente em outras regiões brasileiras. Por exemplo, num estudo desenvolvido por Tribess (2006) na Bahia, 88,7% da amostra de idosos não completaram o ensino fundamental. Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD, 2000) a média de idosos analfabetos no Brasil é de 33,6%. Uma das justificativas para a baixa escolaridade é que os valores da época em que estes sujeitos eram jovens foram outros, predominavam principalmente relacionados ao trabalho. Tribess (2006) afirma que uma das dificuldades 104 encontradas durante os anos escolares destes sujeitos era o difícil acesso às instituições de ensino, tendo em vista que boa parte dos idosos era procedente do meio rural, fazendo com que auxiliassem no trabalho agrícola para ajudar na renda da família, assim como o preconceito dos pais que pensavam não haver necessidade de estudos para as mulheres. Já no Grupo Paz e Amor, verificou-se que a maior porcentagem encontrada também foi de 43,33%, mas em relação a sujeitos que obtiveram o término do primário. Os casos de indivíduos que apresentaram ter o ensino do colegial completo, superior ou especialização foram pouco freqüentes, somente 6,66% para cada um dos níveis respectivamente. No estudo apresentado por Silva (2005) a média de idosos com curso superior e especialização (11%) foi bem maior que a média nacional apresentada pelo IBGE em 2000 (4,2%). Num estudo desenvolvido por Conte (2004) nos Grupos de Convivência de Idosos de Marechal Cândido Rondon, detectou que 79,4% das senhoras não possuíam o Ensino Fundamental completo. Na pesquisa desenvolvida por Ramos et. al. (1993) da amostra do estudo, 35% dos entrevistados foram classificados como analfabetos, 21% com nível primário incompleto, 26% com primário completo e 18% que cursaram o pós-elementar (ginasial, colegial e/ou superior). Através destes estudos abordados e das entrevistas coletadas verifica-se que na infância dos idosos do presente a educação não era valorizada, saber ler e escrever já era suficiente. A expectativa de vida era menor e o trabalho começava muito precocemente. Para caracterizar o nível socioeconômico foi utilizado o procedimento adotado pela Associação Nacional de Empresa de pesquisa – (ANEP, 2003) (anexo 8), o qual considera a quantidade de itens que possui em casa e o nível de escolaridade do chefe da família, além da presença de empregada mensalista. Este instrumento utiliza como critério para classificação em classes sócio-econômica a pontuação, sendo: A1 para o indivíduo que esteja entre 30 a 34 pontos, A2 para 25 a 29 pontos, B1 para 21 a 24 pontos, B2 para 17 a 20 pontos, C para 11 a 16 pontos, D para 6 a 10 pontos e E para 0 a 5 pontos. 105 São apresentados através da figura 4 os resultados da distribuição em percentuais dos sujeitos segundo classificação econômica da ANEP e Grupos de Convivência. % de idosos 100 80 60 40 20 0 Paz e Amor 50 43,34 33,33 10 D Amizade 33,34 10 C B2 13,33 6,66 B1 Figura 4 – Distribuição dos sujeitos segundo classificação econômica da ANEP e Grupo de Convivência. Através dos resultados apresentados na figura 4, verificou-se que em relação aos sujeitos entrevistados, que o maior percentual referente à classificação econômica de acordo com os Critérios de Classificação Econômica para o Brasil (ANEP, 2003) é pertencente a classe “C” para ambos os Grupos, tendo 50% dos sujeitos nesta classe para o Grupo de Convivência Paz e Amor e 43,34% no Grupo denominado Amizade. Os resultados encontrados para esta variável do estudo corroboram com o estudo de Conte (2003) realizado nos 14 Grupos de Convivência de Marechal Cândido Rondon, em que 79,1% das senhoras estavam no nível “C”; 9,7%, no nível B2; 6,6%, no nível “D”; 4,1%, no nível B1 e 0,6%, no nível “E”. No estudo realizado por Silva (2005), as respostas apontadas pelos idosos sobre a classificação econômica indicaram que são predominantes as classes “B” e “C”, com 34,2% e 54,1% respectivamente, o estudo apresentado foi realizado no município de Goiânia – GO. Tribess (2006) desenvolveu a pesquisa no município de Jequié – BA e através dos resultados encontrados percebe-se diferenças entre os níveis socioeconômicos das regiões brasileiras, pois no estudo apresentado pela autora na região nordeste, considerada uma região economicamente pobre, verificou-se que 69% das idosas foram classificadas nas classes “D” e “E”, a classe “C” com 22,6%, e apenas 8,3% das idosas pertenciam à classe “B1” e “B2”. 106 A figura 5 apresenta os resultados da distribuição em percentuais da faixa de renda por Grupo de Convivência de Idosos. % de idosos 100 90 80 83,33 60 40 Paz e Amor 20 10 10 0 lár ios rio s de Ma is de 5a 10 sa 5s alá Até Amizade 10 sa l ár i os 0 6,67 Figura 5 – Distribuição da faixa de renda e Grupo de Convivência (1 salário mínimo = R$350,00). A renda mensal predominante dos entrevistados apresentada através da figura 5 fica até no máximo cinco salários mínimos para ambos os Grupos de Convivência, sendo que 90% para o Grupo Paz e Amor e 83,33% para o Grupo Amizade. Os resultados apresentados no presente estudo aproximam-se do percentual do estudo apresentado por Tribess (2006), onde 87,2% dos idosos mantêm a casa e família com uma renda que chega até cinco salários mínimos. A desigualdade de renda é uma característica marcante de toda a sociedade brasileira e é encontrada, também, entre os idosos. Segundo a PNAD de 2000, 44,5% dos idosos brasileiros têm uma renda familiar per capita de menos de um salário mínimo. O PNAD 2000 também revelou um considerável aumento da população idosa que recebia em média mais de cinco salários (20,9%). Na figura 5 observa-se que no Grupo Paz e Amor 10% da amostra têm renda superior a cinco salários mínimos e no Grupo Amizade 16,67%. Nos resultados do estudo apresentado por Silva (2005) verificou-se que 25,6% dos idosos mantêm-se com uma renda de um a três salários mínimos, mas a faixa compreendendo renda menor que um salário é de 18,4%. 107 A figura 6 apresenta os resultados da distribuição em percentuais dos participantes dos Grupos de Convivência de Idosos por descendência. % de idosos 100 100 93,34 80 60 Paz e Amor 40 Amizade 20 0 Alemã 0 3,33 Italiana 0 3,33 Polonês Figura 6 – Distribuição dos sujeitos segundo descendência e Grupo de Convivência. Sobre a descendência dos sujeitos, verificou-se através dos resultados apresentados na figura 6 que a predominância de germânicos é quase que total em relação aos Grupos de Convivência. Nesta etapa isto ficou evidente, pois no Grupo de Convivência de Idosos Paz e Amor, 100% dos participantes tiveram descendência de alemães e no Grupo Amizade 93,34%, além da descendência germânica verificou também com percentual baixo (3,33%) de descendentes de italianos e poloneses no Grupo de Convivência Amizade. Conte (2003) também desenvolveu um estudo com senhoras dos Grupos de Convivência de idosos de Marechal Cândido Rondon e como resultado também encontrou um percentual de ascendência alemã elevado, perfazendo 78,8% da amostra, as italianas constituíram 15,3% e as demais, 5,9%. De acordo com dados do IBGE (2000), a composição étnica da população de 170 milhões de habitantes do Brasil é distribuída da seguinte forma: 91 milhões se classificaram como brancos (53,7%), 10 milhões como pretos (6,2%), 761 mil como amarelos (0,4%), 65 milhões como pardos (38,4%) e 734 mil indígenas (0,4%). No estudo realizado por Mazo et. al. (2003) com o objetivo de verificar o nível de atividade física de idosas de Florianópolis – SC, verificou-se que as idosas de descendência européia apresentavam os índices mais ativos frente a prática da atividade física (78,8%). A figura 7 apresenta os resultados referentes à distribuição em percentuais dos idosos por Estado de origem e Grupo de Convivência. 108 % de idosos 80 60 86,67 66,67 Paz e Amor 40 20 0 Amizade 30 10 RS SC 3,330 PR 03,33 ES Figura 7 – Distribuição dos sujeitos por Estado de origem e Grupo de Convivência. Através dos resultados apresentados na figura 7, pode-se verificar que os sujeitos que participaram desta etapa da pesquisa são oriundos quase que exclusivamente dos estados da região Sul do Brasil, principalmente do Rio Grande do Sul, onde 66,67% dos sujeitos do Grupo de Convivência de Idosos Paz e Amor são de origem gaúcha, já no Grupo Amizade o percentual ainda é mais elevado, sendo 86,67% originário do Rio Grande do Sul. Sobre a migração dos gaúchos para o Município de Marechal Cândido Rondon, Weirich (2004) justifica que um dos principais motivos que incentivou as pessoas para ir até Marechal, foi a busca de terras adequadas para a agricultura e lavoura, desta forma, encontraram terras planas, sem pedregosidades e livres de infestações de formigas comuns no Rio Grande do Sul. Wachowicz (1987, p.174) afirma que: “O elemento humano escolhido para ocupar este extenso território foi o colono gaúcho e em grande parte o catarinense, descendentes de imigrantes alemães e italianos, dado sua experiência de vida pioneira e a aclimatação as condições do Brasil.” O Brasil por ser um país de enormes dimensões, possui várias culturas, descendências, costumes. Desta forma, cada estado/região tem um motivo ou justificativa para determinar o perfil da população. Num estudo desenvolvido por Silva (2005) para caracterizar o perfil de saúde multidimensional e o nível de atividade física habitual de idosos, de ambos os sexos, residentes na zona urbana da cidade de Goiânia – GO, verificou-se que a 109 predominância da região de origem dos idosos era da região Centro-Oeste com 46,7% do total de migrantes. Nível de atividade física habitual (IPAQ) Para caracterizar o nível de atividade física habitual dos sujeitos foi utilizado o IPAQ - versão curta (anexo 9), que analisa os tipos de atividades que as pessoas fazem no seu dia a dia. As perguntas relacionam-se ao tempo gasto com atividades físicas no intervalo de sete dias passados desde a data de aplicação do questionário. As perguntas incluem atividades que se faz no ambiente de trabalho, ou de locomoção de um lugar a outro, além de lazer ou prática de esportes. O questionário é composto por seis perguntas e pode ser dividido em três pequenos grupos: 1) respectivo aos dias e tempo de caminhada; 2) dias e períodos de atividades moderadas diversas como andar de bicicleta, cuidar do jardim, entre outras; 3) dias e períodos de atividades vigorosas como fazer ginástica aeróbica, jogar futebol, ou seja, que aumentem e muito os batimentos cardíacos bem como a respiração. O critério de classificação empregado para análise das entrevistas seguiu as recomendações internacionais (Patê et. al., 1995), no qual os indivíduos que despendiam de 0 a 149 minutos com atividades físicas em geral foram considerados insuficientemente ativos (menos ativos) e aquele com 150 minutos ou mais, classificados como ativos (mais ativos). Para categorização dos resultados dos sujeitos dos dois Grupos de Convivência em relação ao nível de atividade física habitual, levaram-se em consideração atividades domésticas, de transporte, de jardinagem, de trabalho, lazer e atividades físicas como dançar, nadar, pedalar, andar, tanto moderada quanto vigorosas. Sendo assim, a tabela 4 apresenta o percentual e a freqüência dos idosos dos Grupos de Convivência em relação aos dois níveis de atividade física. 110 Tabela 4 – Percentual e freqüência dos sujeitos dos Grupos de Convivência em relação aos dois níveis de atividade física e gênero. GÊNERO AMIZADE Masculino (n=7) Feminino (n=23) Geral (n=30) PAZ E AMOR Masculino (n=12) Feminino (n=18) Geral (n=30) DOIS GRUPOS Masculino (n=19) Feminino (n=41) Geral (n=60) MAIS ATIVO (% e n) 71,4% 5 82,6% 19 80% 24 MENOS ATIVO (% e n) 28,6% 2 17,4% 4 20% 6 66,7% 8 83,3% 15 76,7% 23 33,3% 4 16,7% 3 23,3% 7 68,4% 13 82,9% 34 78,3% 47 31,6% 6 17,1% 7 21,7% 13 Através dos resultados apresentados na tabela 4, verifica-se que em ambos os Grupos de Convivência os sujeitos participantes da pesquisa foram predominantemente classificados como mais ativos, sendo 80% de todos os idosos do Grupo Amizade e 76,7% do Grupo Paz e Amor. Os resultados apresentados são similares ao estudo desenvolvido por Conte (2003) com senhoras da zona urbana e zona rural dos Grupos de Convivência de Marechal Cândido Rondon, onde 76,5% da amostra total foram categorizadas em relação ao nível de atividade física habitual como mais ativa. Os resultados apresentados no presente estudo são bastante satisfatórios se comparados com os estudos semelhantes que verificaram o nível de atividade física habitual. Mazo (2005) avaliou idosas freqüentadoras dos Grupos de Convivência do município de Florianópolis – SC, das quais 66,2% foram consideradas mais ativas. Resultado semelhante foi encontrado no estudo de Tribess (2006) desenvolvido nos grupos da Associação de Amigos, Grupos de Convivência e Universidade Aberta da Terceira Idade de Jequié – BA, onde 64,5% das idosas também foram classificadas como mais ativas. 111 Conforme ressalta Conte (2003) nos resultados de seu estudo, os idosos mais ativos relatam que sentem menos dores em geral, tinham mais energia para o dia-adia, estavam mais satisfeitos com sua capacidade de locomoção, com a capacidade de trabalho e de desenvolver atividades no cotidiano, além disso, necessitavam de menos tratamento médico. Em relação ao gênero, verifica-se que as mulheres sujeitas são mais ativas comparando com os homens idosos em ambos os Grupos de Convivência de Idosos, sendo que na média dos dois Grupos foram classificados como mais ativo no gênero feminino 82,9% e no gênero masculino 68,4% do total da amostra para respectivos gêneros. Ainsworth (2000) afirma que as mulheres tendem a ser mais ativas devido a realização de tarefas domésticas durante toda a vida. No estudo de Tribess (2006), 72,8% das idosas realizavam atividades domésticas com intensidade vigorosa e moderada na sua moradia, mantendo-se ativas no seu dia-a-dia. No estudo de Silva (2005) verifica-se um equilíbrio de percentuais entre os níveis menos ativo e mais ativo, onde se tem 48,1% e 51,8% respectivamente. Sobre o nível de atividade física habitual dos idosos dos Grupos de Convivência e sua faixa etária, a tabela 5 apresenta o percentual e a freqüência para este estudo. Tabela 5 – Percentual e freqüência dos sujeitos dos Grupos de Convivência em relação aos dois níveis de atividade física e idade. AMIZADE PAZ E AMOR DOIS GRUPOS Mais Ativo 77,3% 17 ENTRE 60 e 69 ANOS Menos Ativo 22,7% 5 MAIS de 70 ANOS Mais Ativo Menos Ativo 87,5% 12,5% 7 1 87% 20 13% 3 42,9% 3 57,1% 4 82,2% 37 17,8% 8 66,7% 10 33,3% 5 Através da tabela 5 visualiza-se que o nível de atividade física habitual entre os sujeitos de 60 a 69 anos é mais alta para os categorizados como mais ativos, perfazendo 82,2% do total, em relação aos sujeitos com faixa etária acima de 70 anos, 66,7% se enquadraram como mais ativos relativo aos dois Grupos, entretanto, verifica-se uma diminuição no percentual decorrente da idade. Os resultados 112 apresentados neste estudo reforçam a idéia de que o nível de atividade física habitual declina com a idade. No Grupo de Convivência de Idosos Paz e Amor, esta tendência aparece mais evidente, pois a predominância foi de sujeitos classificados como menos ativos com 57,1%, enquanto os mais ativos tiveram 42,9%. Já no Grupo de Convivência de Idosos Amizade não se constatou esta tendência, ao contrário, os mais velhos foram considerados mais ativos em relação aos mais jovens. Uma justificativa para este resultado, pode estar atrelado ao número reduzido de indivíduos com mais de 70 anos que participaram da pesquisa. Conforme o estudo desenvolvido por Tribess (2006), se verificou que o nível de atividade física tende a ser menor nos grupos etários mais velhos, sendo que nos resultados apresentados da pesquisa 45,5% das idosas que se encontravam na faixa etária dos 80 a 84 anos e 73,3% com mais de 85 anos despendem menos de 150 minutos por semana de atividade física. Silva (2005) também encontrou resultados no seu estudo que de forma geral enaltecesse a o declínio da atividade física pelos idosos com a idade, principalmente após os 70 anos de idade. A autora afirma que o declínio da atividade física habitual poderá agravar o estado de fragilidade ou dependência física dos idosos. Do ponto de vista físico e funcional, Heikkinen (2005) afirma que o nível reduzido de atividade física está relacionado ao surgimento de doenças que, por sua vez, geram a manifestação das incapacidades decorrentes das doenças. O nível de atividade física habitual pode estar relacionado com índices antropométricos adequados à prevenção de certas doenças. Além disso, aumentará ou manterá os níveis de aptidão física dos idosos, considerado importante para a manutenção da capacidade funcional, prevenção de quedas e melhora da autoestima (ZAGO & GOBBI, 2003). 4.3.2 - Unidade II: Dados Antropométricos A descrição das medidas de estatura, massa corporal, IMC e circunferência abdominal serão baseadas no estudo de França & Vívolo (1995), específico para populações idosas (anexo 10). Os dados coletados serão anotados em fichas individuais (anexo 11). Os resultados serão apresentados através da estatística 113 descritiva (média e desvio padrão). Segue apresentação e discussão dos resultados: De acordo com Matsudo (2001) o processo de envelhecimento está associado a mudanças principalmente na estatura, peso e composição corporal, implicando de certa forma com relação ao surgimento de certas doenças, bons níveis de aptidão física e conseqüentemente desenvolvimento na capacidade funcional. A tabela 6 apresenta os resultados da distribuição média dos sujeitos referente as variáveis antropométricas adotadas neste estudo (peso, estatura, IMC e circunferência abdominal), divididos e unificados os Grupos de Convivência de Idosos. Tabela 6 – Distribuição das médias e desvios padrão do peso, estatura, IMC circunferência abdominal dos sujeitos, por sexo e Grupo de Convivência. PESO (kg) ESTATURA (m) IMC (kg/m2) CIRC. ABD. (cm) M Amizade Paz e Amor Dois Grupos F GR M F GR M F GR M F GR 78,34 69,40 71,49 1,71 1,59 1,62 26,86 27,41 27,28 99,07 90,33 92,37 ±9,71 ±14,10 ±13,60 ±0,06 ±0,07 ±0,09 ±4,17 ±4,52 ±4,38 ±11,05 ±12,73 ±12,74 N=7 n=23 n=30 n=7 N=23 N=30 n=7 n=23 N=30 n=7 N=23 n=30 83,71 68,62 74,65 1,73 1,58 1,64 27,96 27,49 27,68 103,33 90,42 95,58 ±12,52 ±13,13 ±14,73 ±0,05 ±0,05 ±0,09 ±4,35 ±5,06 ±4,71 ±9,96 ±10,96 ±12,23 N=12 n=18 n=30 n=12 N=18 N=30 N=12 n=18 N=30 n=12 N=18 n=30 81,73 69,06 73,07 1,72 1,58 1,63 27,55 27,45 27,48 101,76 90,37 93,98 ±11,59 ±13,52 ±14,15 ±0,05 ±0,07 ±0,09 ±4,20 ±4,70 ±4,51 ±10,29 ±11,84 ±12,49 N=19 n=41 n=60 n=19 N=41 N=60 N=19 N=41 N=60 n=19 N=41 n=60 M=masculino, F=feminino, GR=geral. Na tabela 6 observa-se que, em relação a variável peso, a média geral verificada tanto para o Grupo de Convivência Amizade (71,49 kg.) quanto o Paz e Amor (74,65 kg.), os resultados apresentados corroboram com estudos direcionados a idosos e atividade física (ALVES, et. al., 2004; CARVALHO, et. al., 2003; FERREIRA & GOBBI, 2003; MATSUDO et. al., 2004; SILVA JÚNIOR, et. al., 2006; VALE, et. al., 2005). Matsudo et. al. (2004) afirma que com o passar dos anos o idoso tem uma perda de massa muscular, porém um aumento de gordura corporal, o que repercute no ganho ou perda de peso. Entretanto, evidencia-se que a atividade física regular 114 pode ser um componente fundamental no processo de controle do peso e da gordura corporal durante o envelhecimento. Em relação à estatura, Ferreira et. al. (2005) afirma que após os 40 anos de idade, o declínio desta variável antropométrica é de cerca de um cm por década, devendo esse fato a um aumento das curvaturas da coluna, encurtamento da coluna vertebral devido a alterações e achatamentos nos discos intervertebrais, associados à diminuição dos arcos do pé. Através da tabela 6, verifica-se que a média de estatura de ambos os Grupos, ou seja, 1,71 cm para os sujeitos do gênero masculino e 1,58 cm para o gênero feminino são superiores a um estudo desenvolvido por Menezes & Marucci (2005) que teve como objetivo principal avaliar a antropometria e composição corporal de idosos residentes em instituições geriátricas de Fortaleza – CE, onde encontraram para a faixa etária de 60 a 69 anos média de 1,61 cm para os homens e 1,49 cm para mulheres. O IMC é um indicador prático recomendável para verificar se o idoso se encontra na faixa recomendável de peso. O IMC determina a relação do peso corporal para a estatura do indivíduo, definindo assim uma classificação que é reconhecida pela habilidade de relacioná-la com possíveis riscos de doenças (HEYWARD apud MATSUDO, 2005). A classificação do IMC obedeceu aos critérios da OMS (1998), conforme tabela 7 a seguir: Tabela 7 – Classificação do IMC e riscos à saúde para adultos. Classificação Peso baixo Normal Sobrepeso Pré-obeso Obeso I Obeso II Obeso III IMC (Kg/m2) <18,5 18,5 – 24,9 25 ou maior 25 – 29,9 30 – 34,9 35 – 39,9 40 ou maior Riscos associados à saúde Baixo Médio Aumentado Moderadamente aumentado Severamente aumentado Muito severamente aumentado OMS (1998) 115 Neste estudo, observa-se através da tabela 6 que todos os valores médios apresentados, tanto em relação a gênero ou ao Grupo de Convivência depararam com valores acima dos recomendáveis pela OMS (1998), ou seja, encontram-se no estado de pré-obesos. Os valores apresentados equivalem-se ao estudo que teve como objetivo analisar o efeito da atividade física regular sobre parâmetros antropométricos, desenvolvido por Rogatto & Gobbi (2001), onde constataram que apesar de serem ativas fisicamente a média do IMC foi de 27,6±6,3, valores também considerados acima dos recomendáveis. Já no estudo proposto por Menezes & Marucci (2005), a média dos idosos institucionalizados ficou dentro da faixa recomendável pela OMS, tendo como resultado para a faixa etária de 70 a 79 anos, 23 Kg/m2 para o gênero masculino e 23,7 kg/m2 para o gênero feminino. Segundo Sampaio (2004) o aumento da gordura corporal em idosos é decorrência de alterações fisiológicas, processos patológicos crônicos e situações individuais. Além do aumento da gordura corporal, observa-se redistribuição deste tecido, havendo diminuição nos membros e acúmulo preferencialmente na região abdominal. A identificação do tipo de distribuição de gordura corporal é de suma importância, pois o acúmulo de gordura na região abdominal apresenta estreita relação com alterações metabólicas, as quais podem desencadear o aparecimento de doenças como as vasculares e diabetes mellitus. Neste sentido, a medida da circunferência abdominal tem sido proposta como um dos melhores preditores antropométricos de gordura visceral (HAN, et. al., 1995; POULIOUT et. al., 1994; SAMPAIO, 2004; SEIDEL, et. al., 2001). Matsudo (2005), afirma que a medida isolada da circunferência da cintura tem mostrado ser suficiente para estabelecer risco referente à doenças, principalmente cardíacas. A tabela 8 apresenta o risco relacionado ao surgimento de doenças, dividido por sexo: Tabela 8 – Circunferência abdominal segundo risco de complicações metabólicas, por sexo. SEXO AUMENTADO MUITO AUMENTADO Masculino ≥ 94 cm ≥ 102 cm Feminino ≥ 80 cm ≥ 88 cm OMS (1997). 116 Os resultados apresentados através da tabela 6 revelam que as médias em ambos os Grupos de Convivência e gêneros estão com risco elevado para o surgimento de certas doenças, conforme padronização adotada pela OMS, merecendo atenção especial às médias encontradas nos dois Grupos em relação ao gênero feminino, 90,33 cm do Grupo Amizade e 90,42 cm no Grupo Paz e Amor, sendo considerados com risco muito elevado de acordo com OMS. Para os sujeitos do Grupo de Convivência Paz e Amor com média de 103,33 cm, também são considerados índices com risco muito elevado. Todos os valores encontrados para a variável circunferência abdominal são superiores se comparados a um estudo desenvolvido por Krause et. al. (2006) com mulheres idosas da cidade de Curitiba – PR, em que para o grupo de 60 a 64 anos a média foi de 87,1 cm; 65 a 69 anos foi 87 cm; 70 a 74 anos foi 86,7 cm; 75 a 79 anos foi 86,9 cm; mais de 80 anos foi de 85,3 cm. Neste estudo, os autores concluíram que os indivíduos que alcançam as idades mais avançadas são aqueles que apresentam menor adiposidade corporal. No estudo proposto por Matsudo et. al. (2002) com o objetivo de estabelecer a evolução das variáveis antropométricas da aptidão física no período de um ano de idosas, verificou-se que em relação a circunferência abdominal os valores apresentados para o grupo de 60 a 69 anos permaneceram ao redor dos 85 cm nas três avaliações e, no de 70 a 79 anos, as médias variaram entre 84 a 87 cm. Referentes aos resultados dos dados antropométricos para os sujeitos tanto do Grupo de Convivência de Idosos Paz e Amor quanto do Grupo Amizade, em ambos os sexos, foram classificados acima dos níveis recomendados pela OMS. Estudos na Educação Física, como os apresentados por Bouchard et. al. (1993) e Patê (1995) evidenciaram a relação dos índices inadequados com o surgimento de certas doenças. 4.3.3 – Unidade III: Testes de aptidão física Foram utilizados para este estudo os testes de aptidão física sugeridos por Matsudo (2005) e Rikli & Jones (1999), descritos no anexo 12. Considerando os objetivos propostos, foram selecionados os testes de: Força/resistência de membros 117 superiores (flexão de cotovelo), Força de membros inferiores (impulsão vertical sem auxílio dos braços), Potencia aeróbia (caminhada de 6 minutos), Flexibilidade (sentar e alcançar), Agilidade (shutle run) e equilíbrio (equilíbrio estático com controle visual). Os testes estão ilustrados com figuras no anexo 13. Os resultados serão apresentados através da estatística descritiva (média e desvio padrão). Segue apresentação e discussão dos resultados: Os efeitos do envelhecimento no aspecto neuromotor da aptidão física sobre as capacidades físicas estão relacionados com aspectos funcionais, como o andar, o equilíbrio, diminuição do risco de quedas e perda da independência física. Referente aos aspectos psicológicos e emocionais poderá alterar a auto-estima do individuo, além disso, no aspecto preventivo poderão diminuir o risco de doenças crônicas como diabetes e osteoporose (MATSUDO, 2004). A tabela 9 apresenta os valores médios e desvios padrão em percentuais do desempenho dos sujeitos nos testes de aptidão física das capacidades força de membros superiores, força de membros inferiores e flexibilidade. Tabela 9 – Valores médios e desvios padrão dos sujeitos nos testes de aptidão física das capacidades força de membros superiores, força de membros inferiores e flexibilidade. Força Mem. Superiores Força Mem. Inferiores Flexibilidade (rep.) (cm.) (cm.) M F GR M F GR M F GR Amizade 16,67 15,91 16,07 22,14 14,37 16,18 20,79 27,22 25,72 ±3,20 ±3,57 ±3,45 ±6,07 ±4,08 ±5,61 ±6,98 ±6,75 ±7,23 n=7 n=23 n=30 n=7 n=23 n=30 n=7 n=23 n=30 Paz e 13,17 13,89 13,60 19,71 14,89 16,82 15,63 23,25 20,20 Amor ±2,79 ±5,25 ±4,38 ±7,63 ±3,43 ±5,89 ±10,73 ±9,13 ±10,35 n=12 n=18 n=30 n=12 n=18 n=30 n=12 n=18 n=30 Dois 14,33 15,02 14,81 20,61 14,60 16,50 17,53 25,48 22,96 Grupos ±3,31 ±4,44 ±4,11 ±7,02 ±3,77 ±5,71 ±9,65 ±8,03 ±9,28 n=19 n=41 n=60 n=19 n=41 n=60 n=19 n=41 n=60 M=masculino, F=feminino, GR=geral. Sobre a capacidade física de força, os sujeitos foram avaliados tanto em relação a membros superiores quanto a inferiores. Estudos transversais e longitudinais indicaram que com o avanço da idade é característica a diminuição da 118 força muscular, sendo um fator que poderá influenciar também na redução da execução de atividades normais do cotidiano (AL SNIH, 2002). Pode-se visualizar através da tabela 9 em relação ao teste flexão de cotovelo que é responsável neste estudo para avaliação da capacidade física força/resistência de membros superiores que os valores médios apresentados em ambos os grupos em relação ao gênero equivalem-se, além disso, quando apresentados os resultados de forma unificada, a média feminina (15,02 reps.) é superior à masculina (14,33 reps.), contrariando o que a literatura apresenta. De acordo com Spirduso (1995), a força muscular em idosos do sexo masculino normalmente é superior comparada ao sexo feminino, além disso, nos homens os indicadores de força tendem a manter-se por mais tempo estável. Os valores do gênero feminino apresentados, sendo 15,91 repetições para o Grupo Amizade e 13,89 repetições para o Grupo Paz e Amor são semelhantes ao estudo experimental desenvolvido por Alves et al. (2004) no qual procurou verificar se a prática da hidroginástica teria influência sobre os indicadores de aptidão física em idosas, e apresentou como resultados a média de 12,2 repetições para as idosas no pré-teste e, após a intervenção de três meses do programa de treinamento de hidroginástica os índices aumentaram significativamente para 21,6 repetições, concordando com o estudo e afirmação de McCartney et al. (1993), em que apesar da diminuição da força de membros superiores com o passar dos anos, essa alteração pode ser modificada ou pelo menos mantida com a prática regular de exercícios físicos. Em relação ao gênero masculino os resultados encontrados tanto para o Grupo Amizade, 16,67 repetições, quanto para o grupo Paz e Amor, 13,17 repetições são inferiores aos padrões de referência do estudo de Rikli & Jones (1999) com idosos americanos, em que a média para este teste ficou entre 17,4 a 19 repetições para idosos entre 60 a 74 anos. A força dos membros inferiores foi analisada indiretamente com o teste de impulsão vertical sem auxílio dos braços, os resultados apresentados na tabela 9 evidenciam resultados superiores no desempenho dos testes pelos homens, a média masculina entre os dois Grupos de Convivência foi 20,61 cm, e no feminino 14,60 cm. Num estudo longitudinal de 4 anos desenvolvido por Matsudo (2004), verificou- 119 se uma diminuição significativa de 13% no desempenho das idosas neste teste, tendo como média na primeira avaliação de 15,7 cm e ao final 13,6 cm. Sobre a observação de níveis inferiores de força muscular, Rogatto & Gobbi (2001) concluíram no seu estudo que a capacidade para gerar força parece diminuir com o avanço da idade, ou seja, para a mesma quantidade de massa muscular o idoso apresenta menores níveis de força voluntária máxima. O decréscimo de força muscular está relacionado com a diminuição da capacidade funcional (ZAGO & GOBBI, 2003). A flexibilidade, segundo Dantas (2003), é a qualidade física responsável pela execução voluntária de um movimento de amplitude angular máxima, por articulação ou conjunto de articulações, dentro dos limites morfológicos, sem risco de provocar lesão. No presente estudo, para realizar a avaliação desta variável, foi utilizado o teste de Sentar e Alcançar para avaliar a flexibilidade dos músculos inferiores das costas e músculos posteriores da coxa. O envelhecimento acarreta redução da amplitude de movimento tanto nos membros como no tronco e cabeça. Guimarães & Farinatti (2005) revelaram num estudo realizado com mulheres idosas no sentido de verificar possíveis fatores que causam eventuais quedas em idosos, observou-se que a variável flexibilidade possuiu uma associação significante com quedas em idosos. Pode-se visualizar através da tabela 9 que os resultados médios encontrados para esta variável no gênero feminino são superiores em relação ao masculino, tanto no Grupo Amizade (M=20,79 cm; F=27,22 cm) quanto no Paz e Amor (M=15,63 cm; F=23,25 cm). De acordo com Dantas (2003) a flexibilidade é influenciada por fatores endógenos, dentre os quais o sexo é considerado um deles, desta forma, as mulheres normalmente são mais flexíveis se comparadas aos homens devido a possuírem tecidos menos densos. Num estudo proposto por Barbosa et. al. (2002) em que verificaram idosas submetidas a 10 semanas de treinamento com pesos, os resultados apontaram aumentos da flexibilidade através do teste de sentar-e-alcançar que variaram de 9% a 21%, sem que tenha ocorrido a realização de exercícios de alongamento no programa de treinamento. 120 Verificou-se, também, que a média geral de desempenho dos sujeitos do Grupo de Convivência Amizade é superior ao Grupo Paz e Amor em ambos os gêneros, apresentando resultados médios de 25,72 cm e 20,20 cm considerando os Grupos respectivamente. Num estudo realizado por Matsudo et al. (2003) os valores médios apresentados pelas idosas foram de 26,5 cm. Já em outro estudo desenvolvido por Silva Júnior et al. (2006) realizado no Projeto Sênior para a Vida Ativa, entretanto com a média das idosas ingressantes ao programa nos anos de 2002 a 2004, a média foi de 24,7 cm. Então, presume-se que os resultados apresentados neste estudo corroboram com as normatizações apresentadas na literatura. Rebelatto et al. (2006) aplicaram um treinamento de exercícios físicos prolongados durante dois anos em mulheres idosas com faixa etária entre 60 e 80 anos da Província de Salamanca – Espanha para verificar se havia influência sobre a flexibilidade corporal. Os resultados obtidos no estudo indicaram uma possível relação do programa na manutenção da capacidade, tendo em vista que os índices não melhoraram, os autores ressaltaram a necessidade de reprogramação dos exercícios destinados ao ganho da flexibilidade. A tabela 10 apresenta os valores médios e desvios padrão em percentuais do desempenho dos sujeitos nos testes de aptidão física das capacidades resistência cardiorrespiratória, agilidade e equilíbrio. Tabela 10 – Valores médios e desvios padrão dos sujeitos nos testes de aptidão física das capacidades resistência cardiorrespiratória, agilidade e equilíbrio. Res. Cardiorrespiratória Agilidade Equilíbrio (m) (seg.) (seg.) M F GR M F GR M F GR Amizade 547,86 486,96 501,17 16,62 19,59 18,87 22,81 17,69 18,88 ±68,85 ±43,69 ±55,81 ±2,52 ±2,33 ±2,66 ±9,30 ±8,39 ±8,73 n=7 n=23 n=30 n=7 N=23 n=30 N=7 n=23 n=30 Paz e 526,67 528,89 528 17,89 18,91 18,50 20,51 20,30 20,39 Amor ±49,37 ±64,80 ±58,20 ±2,28 ±2,57 ±2,47 ±10,32 ±8,95 ±9,35 n=12 n=18 n=30 N=12 N=18 n=30 N=12 n=18 n=30 Dois 534,17 505,37 514,58 17,42 19,28 18,68 21,36 18,84 19,63 Grupos ±56,39 ±57,25 ±58,13 ±2,39 ±2,43 ±2,55 9,76 ±8,63 ±9 n=19 n=41 n=60 N=19 N=41 n=60 N=19 n=41 n=60 M=masculino, F=feminino, GR=geral. 121 Sobre a resistência cardiorrespiratória, Willmore & Costill (1994) ressaltam que esta variável tem relação com a capacidade de realizar exercícios por períodos prolongados e com intensidade submáxima, sendo que o desempenho de cada exercício depende do estado funcional do sistema respiratório, cardiovascular e músculo-esquelético. Astrand et. al. apud Dias et. al. (2006), revelam que após a terceira década de vida, ocorre redução de 0,5 a 3,5% por ano na potência aeróbia. Segundo Fleg & Lakatta (1988), a redução desta variável com o envelhecimento ocorre em função de dois aspectos principais: a diminuição da capacidade de ejeção do coração e a redução na quantidade de massa muscular. Neste estudo foi utilizado o teste de caminhada de 6 minutos, que de acordo com Alves et. al. (2004) mensura a resistência aeróbia, considerada importante capacidade para que os idosos possam desenvolver suas tarefas cotidianas como andar, fazer compras ou atividades recreativas. Através dos resultados apresentados na tabela 10, verifica-se que a resistência cardiorrespiratória em geral é superior no desempenho do gênero masculino que apresentou média de 534,17±56,39 metros no teste de caminhada de 6 minutos, já a média do gênero feminino foi de 505,37±57,25 metros. Se comparados aos valores padrões de referência para a população na faixa etária de 60 a 64 anos no estudo de Rikli & Jones (1999), verifica-se que os dados do presente estudo apresentaram desempenho inferior nos testes, pois a média para o gênero masculino foi de 613,3±83,7 e no feminino de 548,7±76,4, porém o desvio padrão é superior. O estudo desenvolvido por Matthew et. al. (2004) que teve por objetivo examinar a associação entre idosos sedentários e idosos praticantes de um programa de atividade física para norte americanos denominado Gerofit, sobre o desempenho do teste de caminhada de 6 minutos. Através dos resultados apresentados nesta pesquisa, verificou-se desempenho amplamente superior para os sujeitos fisicamente ativos (630,8 ± 120,3) em relação aos sedentários (486,2 ± 151,7), sendo que esta diferença foi considerada estatisticamente significativa. Num estudo desenvolvido por Hopkins et. al. (1990), verificou-se que quando idosos sedentários passam a freqüentar programas de atividade física, há melhora significativa na capacidade aeróbia tanto dos homens quanto das mulheres. Desta forma, percebe-se que a 122 prática da atividade física regular no idoso pode ter influência sobre bons níveis de aptidão física (MATSUDO et. al., 2000). Dias et. al. (2006) realizaram uma vasta pesquisa bibliográfica sobre treinamento com pesos e apontaram que este tipo de prática consiste numa importante ferramenta para a melhoria da atividade física de idosos e promovendo adaptações positivas na resistência aeróbica. Em relação a variável agilidade, foi aplicado o teste denominado “Shutle Run”. Através dos resultados apresentados na tabela 10 verifica-se que os homens apresentam melhores desempenhos médios em relação às mulheres, pois realizaram o teste em menor tempo. No Grupo de Convivência Amizade a média de execução do teste pelas mulheres foi de 19,59±2,33 segundos e pelos homens 16,62±2,52, já no Grupo de Convivência Paz e Amor as mulheres tiveram média de 18,91±2,57 e os homens 17,89±2,28. Os resultados verificados pelos sujeitos do gênero feminino de ambos os Grupos de Convivência são semelhantes aos valores padrões de referência apresentados por Matsudo (2004) de uma amostra de mulheres fisicamente independentes de São Caetano do Sul, em que a média para a faixa etária de 60 a 69 anos foi de 18,9±3,1segundos. Quando comparadas com a média de desempenho das idosas do estudo realizado por Silva Júnior et. al. (2006) no Projeto Sênior para a Vida Ativa que foi de 20,5±4,5 segundos com idade média de 68,3 ± 5,1 anos, verifica-se que as participantes do trabalho aqui apresentado levaram menos tempo para completar o teste de agilidade proposto, fato que demonstra uma aptidão levemente superior aos valores normativos propostos. Num estudo desenvolvido por Etchepare et. al. (2003) que teve por objetivo verificar se a prática de 20 sessões de hidroginástica provocariam efeito sobre as variáveis de aptidão física (equilíbrio, flexibilidade e agilidade) de 15 idosas. Os resultados apontaram melhora significativa para o equilíbrio e flexibilidade, porém na agilidade não houve significância. Porém, no estudo realizado por Ferreira & Gobbi (2003), os resultados encontrados apontam que mulheres idosas praticantes de atividades físicas regulares e supervisionadas apresentam melhores níveis de agilidade que as mulheres não treinadas. 123 O equilíbrio foi avaliado através do teste de Equilíbrio Estático com Controle Visual. A análise do equilíbrio estático consiste em importante ferramenta capaz de identificar as limitações no controle dos movimentos, além de ser útil na determinação do risco de quedas de idosos (DALEY & SPINKS, 2000). Cornillon et. al. (2002) verificaram em 300 idosas, a relação entre o desempenho no teste de equilíbrio estático e a incidência de quedas, os resultados apresentados indicaram que as idosas com melhores performances no teste tiveram menor número de quedas no período de um ano. Sobre a variável equilíbrio, Maciel & Guerra (2005) afirmaram que suas alterações no idoso são consideradas um problema comum e que leva a importante limitação na realização das atividades da vida diária. Além disso, é a principal causa de queda nestes indivíduos. Conforme Matsudo et al. (2004) além do fator flexibilidade, o equilíbrio também pode estar relacionado com o medo de quedas e, desta forma, poderá contribuir para possíveis limitações na realização atividades da vida diária. De acordo com Hobeika (1999), 65% dos idosos sofrem freqüentemente alguma sensação de tontura ou perda de equilíbrio, além disso, todos os indivíduos que chegam a esta idade apresentam alguma forma de desequilíbrio. Através dos resultados apresentados na tabela 10 verifica-se que os homens tiveram melhores desempenhos médios na execução deste teste em relação as mulheres, sendo que no Grupo de Convivência Amizade a média para o gênero feminino foi de 17,69±8,39 segundos e no masculino 22,81±9,30 segundos, no Grupo de Convivência Amizade a diferença entre os gêneros foi menor, onde a média para o gênero feminino foi de 20,30±8,95 segundos e no masculino 20,51±10,32. Roocks et al. (1997) apresentaram em seu estudo que a média de duração para o teste de equilíbrio foi de 19,7±17,6s e no estudo de Matsudo et al. (2003) a média foi de 19,5±10,5s. Desta forma, os resultados apresentados para esta variável corroboram com a literatura apresentada. Aveiro et. al. (2004) desenvolveram um estudo com o objetivo de verificar se um programa de atividades físicas de 12 semanas de duração exercia melhora sobre o equilíbrio e a força muscular de idosas. Os resultados apresentaram melhoras significativas para ambas as capacidades físicas. 124 No estudo de Maciel & Guerra (2005) que teve como objetivo analisar a influência de fatores sócio-demográficos, físicos e mentais sobre o equilíbrio de 310 idosos de ambos os sexos residentes no município de Santa Cruz – RN – Brasil, os resultados apresentados indicaram que 46,1% dos idosos tiveram alterações ou não foram capazes de realizar o teste, e os fatores que foram considerados associados a este resultado foram: idade acima de 75 anos; sexo feminino; analfabeto; má percepção de saúde e ter déficit auditivo. Referente aos resultados obtidos no presente estudo considerou-se satisfatório o desempenho dos sujeitos dos dois Grupos de Convivência em ambos os sexos, pois corroboram em geral com diversos estudos comparados, tanto nacionais quanto internacionais. 4.4 - QUARTA ETAPA: IDOSOS FREQUENTADORES Esta etapa teve como objetivo obter informações junto aos sujeitos participantes dos Grupos de Convivência de Marechal Candido Rondon, abordando assuntos relativos ao entendimento das características regionais, funcionamento dos Grupos, prática de atividades físicas e a velhice. Além disso, buscou a “historicidade” dos indivíduos, evidenciando quais experiências passadas ao longo de suas vidas. Considera-se que estes aspectos devem ser levados em conta para que seja implantado um programa de educação física na perspectiva da Promoção da Saúde para esta comunidade. Sendo assim, foi realizada uma entrevista semi-estrututada, caracterizada no segundo momento da primeira etapa. Para realização das entrevistas com os sujeitos foi elaborado um roteiro com quatro blocos importantes para detectar informações que contextualizem com o objetivo do estudo: compreensão do ambiente; criação e funcionamento dos Grupos; histórico da prática da atividade física; o que representa esta fase da vida para o sujeito? As entrevistas foram iniciadas através da seguinte pergunta: Como eram caracterizadas as aulas de Educação Física ao longo dos anos escolares? Se é que existia! 125 A seqüência da entrevista se deu através da ordem de assuntos que o entrevistado tinha em sua fala, não tendo uma ordem pré-estabelecida a seguir, entretanto o entrevistador teve o compromisso de conduzir de certa forma os assuntos para que não saíssem do foco de estudo. A análise das entrevistas foi realizada seguindo as orientações de Bogdan & Biklen (1999). De acordo com os autores a análise dos dados é o processo de busca e de organização sistemática dos materiais coletados, com o objetivo de aumentar a sua própria compreensão desses mesmos materiais e de permitir apresentar aos outros aquilo que encontrou. A análise envolve o trabalho com os dados, a sua organização, divisão em unidades manipuláveis, síntese, procura de padrões, descoberta dos aspectos importantes que devem ser aprendido e a decisão sobre o que será transmitido aos outros. O processo de análise é dividido em várias fases: primeiramente foi feita a transcrição na íntegra das entrevistas, logo em seguida o pesquisador fez uma leitura e releitura crítica das entrevistas a fim de encontrar e destacar as frases que tinham interesse ao objetivo do estudo, estas foram sublinhadas. Desta forma, a partir das frases destacadas, foram pré-estabelecidas algumas categorias de codificação no intuito de organizar os dados. Bogdan & Biklen (1999) afirmam que as categorias de codificação são um meio de classificar os dados descritivos que recolheu. O pesquisador teve o trabalho de encaixar as frases sublinhadas nas categorias de codificação, procurando regularidade e padrões no estabelecimento das respostas com o objetivo do estudo, todas as frases destacadas são únicas e exclusivas para a categoria de codificação adequada e proposta. As categorias pré-estabelecidas foram sendo ajustadas, modificadas e reorganizadas no intuito de melhor responder as questões do estudo. Sendo assim, para esta etapa do estudo foram constituídas nove categorias de codificação, estas foram analisadas e discutidas com a literatura adequada. A seguir, são apresentadas as categorias: I - A Educação Física nas décadas de 50 e 60 A primeira categoria evidenciou verificar se durante o período escolar destes sujeitos existiam aulas de educação física e como eram desenvolvidas as práticas, 126 destacando as principais características. II - Histórico da atividade física durante a vida e a relação com o trabalho Nesta categorização é resgatado o histórico dos indivíduos frente à atividade física ao longo de toda a sua vida, buscando pontos e aspectos que relatam se houve alguma influência sobre o modo de envelhecer e suas atividades atuais, procurando verificar quais as implicâncias que o trabalho exerceu no seu modo de viver. III - O significado da atividade física Através do relato dos sujeitos procurou-se verificar nesta categoria qual o significado e a conscientização (se houve) da atividade física para a vida destes indivíduos. IV - Identificação do que representa esta fase da vida A presente categoria aponta as diversas opiniões dos sujeitos entrevistados sobre o significado e a representação desta fase da vida, considerando aspectos do passado, do presente a expectativa de vida destas pessoas. V - Perspectivas sobre a atividade física nesta fase da vida Na categoria é verificado o anseio dos sujeitos sobre a atividade física, procurando saber também quais os seus desejos e vontades em relação à prática da atividade física para o restante da sua vida e se existe a vontade de praticar. VI - Motivos para participação no Grupo de Convivência Procurou-se levantar os principais motivos que levaram os sujeitos a engajarem-se nos Grupos de Convivência de Idosos, no sentido de verificar alguns gostos e preferências dos respectivos participantes. VII - As atividades físicas predominantes nos Grupos de Convivência Foram agrupadas nesta categoria as principais atividades físicas desenvolvidas nos Grupos de Convivência relatadas pelos sujeitos. 127 VIII - As atividades que o Grupo de Convivência oferece são suficientes? Como deveria ser? A categoria é caracterizada pela opinião dos sujeitos em relação às atividades desenvolvidas pelos Grupos de Convivência, procurando verificar se as existentes são suficientes ou não, além disso, procurou-se resgatar informações de quais atividades deveriam ser as que faltam. IX - A influência ou não da descendência de alemães Nesta categoria foram apresentadas as opiniões dos sujeitos sobre a hipótese de influência da descendência de alemães sobre os costumes, o modo de ser e agir das pessoas. Inicialmente são caracterizados descritivamente os sujeitos participantes desta etapa do estudo, referenciados aqui como S. da letra E a letra T: Grupo de Convivência de Idosos Amizade S. E Do sexo masculino, 77 anos, casado, aposentado, estudou até a 5ª série do ginásio e é descendente de alemães. S. F Do sexo masculino, 65 anos, casado, aposentado, estudou até completar o primário e é descendente de alemães. S. G Do sexo feminino, 64 anos, viúva, aposentada, estudou até completar o primário e é descendente de alemães. S. H Do sexo feminino, 70 anos, divorciada, aposentada, estudou até completar o primário e é descendente de alemães. S. I Do sexo feminino, 71 anos, casada, aposentada, estudou até completar o primário e é descendente de alemães. S. J Do sexo masculino, 66 anos, casado, aposentado, estudou até completar o primário e é descendente de alemães. 128 S. K Do sexo feminino, 76 anos, viúva, aposentada, estudou até a 2ª série do primário e é descendente de italianos. S. L Do sexo masculino, 64 anos, separado, aposentado, ensino superior completo no curso de Física, pós-graduado e é descendente de alemães. Grupo de Convivência de Idosos Paz e Amor S. M Do sexo feminino, 74 anos, viúva, aposentada, estudou até completar o primário e é descendente de alemães. S. N Do sexo feminino, 67 anos, divorciada, aposentada, estudou a 1 ª série do primário e é descendente de alemães. S. O Do sexo masculino, 60 anos, casado, aposentado, estudou até completar o primário e é descendente de alemães. S. P Do sexo masculino, 63 anos, casado, aposentado, estudou até a 5ª série do ginásio e é descendente de alemães. S. Q Do sexo feminino, 63 anos, casada, dona de casa, estudou até a 2ª série do primário e é descendente de alemães. S. R Do sexo masculino, 77 anos, desquitado, aposentado, estudou até completar o primário e é descendente de alemães. S. S Do sexo feminino, 62 anos, casada, aposentada, estudou até completar o primário e é descendente de alemães. S. T Do sexo masculino, 62 anos, casado, aposentado, estudou até a 2ª série do colegial e é descendente de alemães. Será descrita a seguir a análise das entrevistas com os sujeitos participantes da amostra dos Grupos de Convivência, destacando as características mais evidentes sobre os pontos requeridos. A análise de cada categoria aponta a maior quantidade 129 de discursos distintos dos participantes. Quando muitos discursos ou respostas tinham o mesmo significado ou sentido, foram destacados apenas alguns exemplos que se mostravam mais claros sobre determinado assunto/categoria. 4.4.1 – A Educação Física nas décadas de 50 e 60 De acordo com Betti (1991) a Educação Física foi introduzida na escola brasileira oficialmente com a reforma Couto Ferraz em 1851. Embora a inclusão de exercícios físicos na Europa remonte ao século XVIII, com Guths Muths, Rosseau, Pestalozzi e outros. Em 1882, Rui Barbosa realizou uma reforma recomendando que a ginástica fosse obrigatória, para ambos os sexos, e que fosse oferecida para as escolas normais. Entretanto, a implantação destas leis ocorreram apenas em parte, no Rio de Janeiro e nas Escolas Militares (DARIDO & NETO, 2005). Mas de acordo com Betti (1991) é somente após a década de 1920 que vários estados da federação começaram a realizar suas reformas educacionais e incluem a Educação Física, com o nome mais freqüente de ginástica. Isso ficou evidenciado através da fala do S. H que disse: “quando eu estudava no ginásio, a gente fazia uns dias de ginástica8, era assim a denominação do que vocês chamam hoje de educação física”. Foi um processo lento para que a Educação Física fosse inclusa na escola, dependendo dos governos e principalmente das regiões, tendo em vista que algumas localidades não possuíam condições de incluir a Educação Física (BETTI, 1991). Através das falas dos idosos entrevistados verificou-se uma discrepância entre como eram as aulas de educação física e se eram legitimamente inseridas. Os relatos dos Ss. E e L do Grupo de Convivência de Idosos Amizade apresentam algumas características de tipos de aulas de educação física praticadas naquela época: Era até duas vezes por semana (...) tinha um professor de educação física (...) era um Colégio Teológico Evangélico e Espanhol na cidade de São Leopoldo, nós fazia (sic!) de tudo um pouco nas aulas: tinha jogos, ginástica, aprendia a marchar direitinho, porque ninguém 8 Alguns sujeitos referem-se à Educação Física ou a atividade física com a utilização do termo ginástica. Segundo Ayoub (2003) no surgimento da ginástica, para os Gregos significava “exercícios físicos em geral e estes compreendiam corridas, lançamentos, saltos, lutas”, enfim a ginástica era considerada como sinônimo da atividade física atual. 130 sabia isso. Hoje nem fazem mais isso, com todo mundo emparelhado marchando sempre no passo certo. (S. E) Como revelado pelo sujeito, a educação física neste colégio tinha uma característica ampla frente aos conteúdos, além disso, remonta a prática ao processo de disciplina e respeito à nação, pois existia na época uma valorização com característica militar que enaltecia o civismo (SOARES, 2001). É provável que o princípio de ordem e disciplina apontado pelo SUJ. E destaca-se principalmente em decorrência do estabelecimento mantenedor ser de postura teológica e evangélica. O S. L declara em relação às aulas de educação física que: Eu fiz atividade física regular, desde o primário até a faculdade, quer dizer, na faculdade não, na faculdade não fizemos atividade física, mas até o segundo grau tinha atividade regular e no segundo grau até bastante (...) era aquela educação física de militar, bastante puxado, exigente. No tempo de estudante eu fiz muita atividade física, isso ocorreu nos anos 60. (S. L) Fica evidente através desta entrevista que a prática da educação física era pautada no modelo militarista, que de acordo com Ayoub (2003); Betti (1991); Bregolato (2002); Darido & Neto (2005); Soares (2001) tinha como objetivo proporcionar atividades que enaltecesse a formação de uma geração capaz de suportar o combate, a luta, para atuar na guerra em defesa da nação, desta forma, era importante selecionar os indivíduos “perfeitos” e excluir os incapacitados fisicamente. Além deste modelo militarista aplicado durante boa parte do século XX, verificou-se através dos relatos que a Educação Física praticada na época não teve uma base científica que o sustentasse, desta forma, algumas instituições como abordado pelos Ss. G e H relatam que a educação física era aplicada como forma de incentivar a prática esportiva e física, porém sem um planejamento adequado. O S. G disse “era sempre depois do recreio e com o mesmo professor da sala, a gente ia (sic!) lá pro pátio e fazia todas as atividades assim diferentes”. O S. J relatou: A gente tinha um dia por semana (...) tinha de tudo um pouco, correr, movimentos... (...) Nós só tinha (sic!) um professor e ele dava todas as matérias, inclusive física (...). Tinha aqueles movimentos de 131 braço e tudo que o professor passava. (SUJ. J) A ênfase dada ao trabalho, o tipo de cultura, o processo de colonização, a fase de inserção da educação física no contexto escolar, dentre outros fatores, provavelmente influenciaram o desenvolvimento da educação física. Alguns relatos evidenciaram a não prática da educação física durante o período escolar. O S. F afirmou que “não tinha aula de física (sic!), só jogavam um jogo assim com a bola e às vezes, a gente tinha que marchar e aí fazia física com as mãos (referindo ao polichinelo), mas não dá para considerar como física”. O S. I disse “naquela época não tinha, a gente brincava de roda e pulava corda na escola, mas educação física não”. Já o S. K relatou “eu nunca ouvi falar, porque a gente trabalhava na colônia, retirado do município (...) lá nunca se ouviu falar nisso”. A seguir são apresentadas algumas falas dos sujeitos entrevistados no Grupo de Convivência de Idosos Paz e Amor e que, em geral, não diferem (muito) dos relatos apresentados pelo Grupo de Convivência Amizade, portanto, com características semelhantes. A fala do S. T apresenta algumas características de um modelo de educação física praticado na época: Isso nós tinha (sic!), todo o sábado, educação física, jogos, falava ginástica... mas isso seria a educação física de hoje, mas falava ginástica (...) mas no sábado era só pra isso, não tinha nenhuma outra matéria, somente educação física. Veja, no meu tempo nós tínhamos quatro classes numa sala só, um professor só e no sábado, nós íamos lá e lavava (sic!) a escola, limpava (sic!) e depois praticava (sic!) caçador e ginástica e tudo mais. Então, era basicamente jogos, ginástica e desfile, a gente desfilava todo sábado, aprendia a desfilar. Naquele tempo a gente passava pela bandeira e tinha que tirar o chapéu, hoje pode passar, cutucar a bandeira e ninguém faz continência (...) nós aprendemos, tinha muita educação. (S. T) O relato do S. P chama a atenção pelo fato de demonstrar quem era e como eram os professores que ministravam a disciplina de Educação Física naquela época, quando inseridas na grade curricular: (...) Não havia ninguém profissionalizado, eu pratiquei educação física desde os 12 anos de idade (...). Eu mesmo dei aula de educação física no primário, os alunos faziam algum exercício, 132 praticavam algum esporte, se fazia corridas, atividades de tudo que é tipo de esporte que se conseguia na época (...). Já se praticava, mas não cientificamente da forma como hoje se pratica, não se citava que se você fazia o exercício “x”, você vai estimular o nervo “x”, isso não se escutava porque não existia uma formação especial para isso, o que a gente tinha era um conhecimento, um pouco maior porque eu pertencia a grupos de futebol. Faziam educação física com a gente, claro que era específico para uma finalidade, mas parte disso a gente utilizava também nas aulas que a gente dava e nas aulas que a gente recebia na formação de professores já a atividade física, era mais científica para ser explicada pra gente, né! (S. P) A experiência do S. P frente a prática de esportes fez com que pudesse ser um professor de educação física. Conforme Darido & Neto (2005), na época em que a Educação Física tinha como modelo militar, para ensinar o seu conteúdo não era preciso dominar conhecimentos, e sim ter sido um ex-praticante, principalmente porque as atividades propostas tinham como característica a aprendizagem através da execução de exercícios físicos de forma imposta através de séries e repetições. As falas dos Ss. Q, R e S mostram que não existia a Educação Física na escola e muitos sujeitos nem conheciam o que era isso durante os seus anos escolares. O relato do S. Q afirma que “não tinha educação física... só se jogava caçador, bola, não existia dia de educação física (...)”. O S. R afirma que “(...) não tinha nada, a gente não estudava muito, tinha muita troca de professores, uma diferente da outra (...)”. E o S. S disse que “nós nem conhecia (sic!) isso (...)”. Ao longo dos anos escolares dos sujeitos entrevistados a educação física era entendida como ginástica e envolvia uma ampla variedade de atividades físicas, como: jogos, esportes, desfiles e movimentos ginásticos apontados pelo S. T. A educação física era visualizada também como citado pelos Ss. E, L, T e outros, num modelo militar, que preservava e respeitava certos valores, como ordem e respeito à nação, sendo assim, era objetivo da disciplina a preservação do civismo e as atividades físicas apresentavam-se através de exercícios caracterizados pelas séries e repetições, sendo que o aprendizado da marcha também era objetivo da educação física. Em meados do século XX, a educação física ainda não tinha uma base científica para sustentar a área e os direcionamentos, então, as atividades físicas eram propostas e advindas do empirismo ou da vivência e familiarização do professor com certa atividade ou modalidade esportiva, sendo que não havia profissional 133 especializado, como apontou o S. P. Também verificou-se que durante os anos escolares dos Ss. F, I, K, Q, R e S, não existiam aulas específicas de educação física, os sujeitos relataram que haviam apenas brincadeiras no recreio ou um momento com atividades livres, mas não consideradas como aula de educação física. 4.4.2 - Histórico da atividade física durante a vida e a relação com o trabalho Os sujeitos começaram os seus relatos abordando a atividade física praticada por eles durante suas vidas. Tendo em vista que a conceituação de atividade física definida por Caspersen et. al. (1985) “é qualquer movimento corporal produzido pela musculatura esquelética que resulte num gasto energético acima dos níveis de repouso”. Através das falas dos sujeitos verificou-se que eles possuem o conceito de atividade física como o definido, porém, predominaram atividades físicas não estruturadas relacionadas à atividades ocupacionais de trabalho, principalmente na agricultura, roça, trato de animais. No Grupo de Convivência de Idosos Amizade o relato do S. K apresenta com evidência a valorização dada ao trabalho em meados do século XX: A minha atividade física foi na roça, eu era a mais velha de casa e sempre acompanhei meu pai, desde 7, 8 anos. Comecei na roça com o meu pai e eu ia muito pouco à aula porque era longe. Então, a maior parte eu ficava em casa, porque eu era a mais velha e, daí, eu estudei muito pouco (...) as minhas atividades, então, foi (sic!) só na roça e em casa pra ajudar a mãe, isso foi a minha atividade (...). Olha, brincar... isso era muito difícil, só as vezes no domingo, mas, nos dias de semana, quando era de noite, a gente chegava em casa, tomava um banho e depois ia ao paiol ajudar o pai a empilhar o milho, então nós limpava (sic!) o milho e ele empilhava, ficava horas no paiol e as nossas atividades eram trabalhar. (S. K) Destacam-se também os relatos dos Ss. F e J que abordaram a questão do trabalho como sendo a atividade física praticada à época: Eu sempre trabalhei bastante na roça, as atividades eram pesadas e muito. Quando nós compramos a nossa terra era tudo mato, era pesado mesmo. Então, eu só fiz um pouco de atividade física na escola, mas depois nada, pois eu não jogava futebol, o que eu fazia era caminhar, ir à roça carpir, lavrar e a atividade física era o trabalho. (S. F) 134 Pra falar a verdade eu nunca pratiquei, só trabalhei até o ano de 99 e parei por problema de saúde, daí em 2000 eu me aposentei (...). Então eu nunca pratiquei e nunca joguei futebol, essas coisas..., nada..., só trabalhar, trabalhar (sic!)... (S. J) As falas dos sujeitos evidenciam a valorização e a necessidade do trabalho como meio de garantia do sustento da família. As atividades do trabalho incluíam a produção de alimentos para comercialização, a preparação do solo, o cultivo das lavouras, o tratando de animais, ou seja, um trabalho braçal e pesado que repercutisse numa exigência de um dispêndio energético elevado. O período vivido pelos sujeitos durante o processo de colonização e emancipação do município de Marechal Cândido Rondon foi conhecido como República Nova (1945-1964), período este que se caracterizou pelo chamado desenvolvimentismo, doutrina que se detinha nos avanços técnico-industriais como suposta evidência de um avanço geral do país. Caracteriza-se também pela necessidade e valorizaçao do trabalho (WIKIPÉDIA, 2007). Conforme Weirich (2004), o processo de colonização do município de Marechal Cândido Rondon foi uma tarefa bastante exaustiva e árdua, pois necessitou de um forte trabalho braçal, derrubando árvores, cortando o mato, matando animais, construindo suas residências. E muitos dos colonizadores do município participam dos Grupos de Convivência de Idosos. O S. G diz: “desde os 9 anos eu tinha que lavar roupa, tirar leite, já fazia o pão, o almoço, eu fazia tudo como uma mulher quando eu tinha 11 anos. Eu já era como uma mãe de família em casa, eu casei muito nova, com 15 anos”. A fala do S. H é a seguinte: “também trabalhei na roça, sempre trabalhei com serviço pesado, agora faz uns oito anos que eu não tô indo mais prá roça”. O S. I disse: Sempre trabalhei muito, não sei como consegui tanto... Até os quinze anos eu ia com o meu pai na roça, eu era pretinha de tanto (sic!) queimada do sol (...) com 8, 9, 10 anos eu acompanhava meu pai na enxada e ele me elogiava... “nossa como a minha filha vai bem na enxada, ela até me acompanhou”. (S. I) Os acontecimentos relatados e apresentados anteriormente seriam certamente reprovados pelas leis e sociedades atualmente, pois, de acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) implantado em 1990 através de Lei Federal em seu 135 artigo 60, p. 20 “é proibido qualquer trabalho a menores de quatorze anos de idade, salvo na condição de aprendiz”. Mas deve-se levar em consideração a necessidade e dificuldade encontrada pelas pessoas que participavam de todo o processo de colonização, trabalho e desenvolvimento do município, pois à época, a realidade e as condições eram totalmente distintas das atuais. Se isso não justifica a questão do trabalho infantil que, certamente retirou desses hoje idosos muito do espaço e tempo de desenvolvimento pessoal, ao menos é possível explicá-lo, ao contextualizarmos o trabalho infantil da época com a colonização e o estilo de vida da população. Em relação a característica do trabalho desenvolvido na época, predominavam atividade rotineiras, repetitivas, uso de força e alto dispêndio energético. Pacheco (2004), afirma em relação ao trabalho que geralmente formam-se cidadãos e trabalhadores moldados, ou seja, que cumprem as tarefas propostas sem discussão, por mais insignificantes e sem sentido que sejam, de forma repetitiva e operacional. A única fala que diverge dos demais idosos é a do S. L que disse “eu sempre fui professor, mas teve uma época quando eu estudava que eu trabalhei num hotel com o meu cunhado e fazia de tudo um pouco, mas sempre procurei estudar mais”. Esta fala é uma exceção dentre os demais sujeitos deste estudo, pois é o único que conseguiu estudar e trabalhar, tendo em vista que a valorização atribuída ao trabalho devido as necessidades da época. Este entrevistado conseguiu terminar o curso superior de Física e realizou também uma pós-graduação. O sistema do capitalismo também é responsável pela supervalorização do trabalho em meados do século XX. Conforme Pacheco (2004), no início do século XX, iniciou nos Estados Unidos um movimento chamado taylorismo responsável pela organização do trabalho. Esse movimento teve como princípio o detalhamento de cada ação do trabalhador na linha de produção e dividindo-o em unidades. Assim, os conhecimentos dos trabalhadores na execução das atividades são sempre ordenados e repetitivos, em cada movimento e cada rotina, passaram a ser a memória das ações laborativas, passíveis de serem executadas por qualquer pessoa, desde que pudessem seguir corretamente as instruções dadas. No contexto destes sujeitos prevaleceu esta tendência, pois conforme os relatos anteriormente descritos, as atividades físicas relacionadas ao trabalho eram 136 sempre rotineiras e passadas de geração a geração. Os Ss. K, F e J não tiveram o conhecimento sobre a prática da atividade física, além disso, os valores atribuídos ao trabalho eram superiores a quaisquer outros. Os relatos corroboram com a afirmação de Pacheco (2004) em que os interesses da sociedade estariam sempre acima dos interesses individuais, especialmente os interesses relacionados à produção e ao capital. Assim, os valores básicos da sociedade deveriam ser reproduzidos para que os indivíduos os internalizassem durante todas as etapas do seu ciclo de vida. Os relatos dos sujeitos anteriores não apontaram a prática de exercício físico, que conforme Barbanti (2003) é definido pela seqüência planejada de movimentos repetidos sistematicamente com o objetivo de elevar o rendimento. Algumas atividades físicas foram apontadas pelos sujeitos no sentido de recreação, diversão, brincadeira e passatempo, conforme os relatos a seguir: Nossa! Eu joguei muito, a gente gostava de jogar bola, caçador (...) meu pai tinha uma cancha de bocha e era o que eu jogava, eu era muito boa na bocha, até no bolão, eu joguei muito tempo bolão. (S. G) Eu brincava e corria pra lá e pra cá, a vida era saudável porque era interior, tinham bastante árvores, tinham córregos (...) o pai instalou luz elétrica por intermédio de um córrego que descia, a roda d’agua (...). Então nós tinha (sic!) uma vida que eu não tinha medo de nada, porque nunca me faltou nada. (S. I) A fala do S. J reforça a idéia de que brincadeiras, jogos e atividades físicas não eram valorizadas tanto quanto o trabalho, que vinha sempre em primeiro lugar. O S. J relatou que na infância “não dava tempo pra brincar. Antigamente só tinha que trabalhar, a gente era pequeno, mas era assim que funcionava mesmo”. A vida destes idosos teve grande relação com o trabalho, pois o trabalho era fundamental para o desenvolvimento pessoal, familiar e principalmente do município. Os trabalhos braçais desenvolvido pelos indivíduos trabalhadores da época podem ter influenciado no modo de viver e uma relação com a aptidão física, pois mesmo não praticando uma atividade física estruturada, os indivíduos eram fisicamente ativos, devido às exigências do seu trabalho. O relato do S. E retrata a sua participação como atleta durante o período de recruta militar na sua juventude e o abandono para poder estudar: 137 Quando eu fui servir no Exército em Ijuí, só servi durante oito meses o Exército. Eu era um soldado muito bom, só que eu não podia ficar, por ser um soldado raso. Lá eu tirei em primeiro, fui campeão de corrida de 400 metros..., no quartel a gente (sic!) fez bastante física, eu era pequeno, mas eu corria... depois abriu uma brecha para eu estudar, daí eu fui estudar um ano em São Leopoldo (...). (S. E) Através do relato do S. E fica clara a relação entre ter boa aptidão física e ser considerado um bom soldado, ou seja, a atividade física tem, para este sujeito, uma relação de desempenho de determinadas funções, num sentido funcionalista da prática da atividade física e aumento da aptidão física. Segundo Bagrichevsky & Palma (2004) o objetivo dado à atividade física em meados do século XX tinha a sua gênese orientada através de um ideário militar, que buscava extrair-lhes, ao máximo, uma funcionalidade servil. Além disso, deve-se enfatizar que provavelmente qualquer militar era valorizado num período pré-militarismo, então, ter boa aptidão física também era. Já o S. L relata que a sua inclusão frente à prática da atividade física foi justificada devido ao surgimento de uma doença: Eu vim a praticar mais atividade física depois que tive problema de saúde, assim que me aposentei. No primeiro dia de aula de 97, lembro ainda, era uma turma de magistério, dei uma aula à tarde, quando foi à noite, em casa, eu estava analisando uma obra, dessas que as diretoras mandam no início de ano para os professores. Já era umas 11 horas e eu pensei: vou dormir, então foi eu deitar e me atacou o enfarto(...). Bom, com o enfarto eu tive que recuperar o miocárdio, que deixa flácida a musculatura, depois eu fiz a ponte de safena, foi quando descobri que tinha uma grande tendência para ter colesterol, tanto é que quando me deu este enfarto, os conhecidos ficaram pasmos, porque eu não era uma pessoa obesa, não era uma pessoa de hábitos sedentários. Enfim, parecia uma pessoa assim normal, sadia e de repente enfartou... é uma coisa que realmente me surpreendeu e a partir daí foi que eu descobri que tinha esse problema de colesterol, tentei controlar através da alimentação e da atividade física. Todo este histórico foi para te falar que a partir deste momento eu comecei a praticar muita atividade física por iniciativa própria. E pra você ver como a coisa é complicada, eu fiz muita atividade física, musculação, caminhada, corrida... isso diariamente e mesmo assim eu não conseguia controlar o colesterol. Só depois que eu comecei a tomar medicamentos que consegui controlar. Hoje em dia faço caminhadas diariamente, exercícios de musculação, exercícios abdominais, pernas, braços e na medida do possível 138 alguma coisa no sentido de melhorar a elasticidade, porque a gente tem uma tendência de ficar muito estático, erro de postura... então, eu procuro fazer algumas coisas, até algumas que eu aprendi em sessões de fisioterapia, o que eu fazia lá eu procuro fazer em casa(...). Um bom tempo eu praticava vôlei com os professores do Colégio Eron Domingues e teve uma época que eu sentia dores nas costas, nos glúteos, então que eu procurei este fisioterapeuta e ele me ensinou algumas coisas. (S. L) O relato do S. L aponta que o conhecimento da relação entre atividades físicas e controle de doenças foi vital para determinar o início da prática. Vale ressaltar que esse conhecimento só efetuou-se após o surgimento da doença neste sujeito, desta forma, emerge a seguinte questão: o que teria ocorrido se ele tivesse o conhecimento antes de adoecer? Presumi-se que o sujeito poderia aderir à prática da atividade física ou justificar a não prática por vários motivos, principalmente os relacionados à falta de tempo e a trabalho. Outra questão a ser levantada a partir da fala do S. L é de que ele começa a praticar a atividade física somente após o seu corpo mostrar através de um ataque de enfarto que não estava funcionando de forma saudável. Geralmente, saúde só é lembrada quando se tem uma manifestação do corpo através do surgimento de uma doença (PALMA et. al., 2003). O sujeito relata também que após ter sofrido o enfarte começou a praticar regularmente e efetivamente a atividade física, e ela por si só não foi capaz de controlar o colesterol. Denotando que a prática da atividade física isoladamente não pode ser considerada como uma “varinha de condão num passe de mágica” no combate de doenças ou promoção da saúde (VELARDI, 2003). Segundo Mira (2003) no campo biomédico a prática da atividade física normalmente é exposta através de uma relação de causalidade fisiológica ou fisiopatológica, capaz de proporcionar saúde, uma visão reducionista, pois a atividade física não é meramente um estímulo biológico, mas um fenômeno complexo de dimensões múltiplas: biológicas, psicológicas, sociais, culturais. Vale apontar que se a relação causa-efeito entre atividade física e doenças for a única que justifique a prática, isso pode ser um fator limitante de adesão, visto que esta relação não é causal. Se a crença foi nesta relação causa-efeito, na medida em que ela não se dá o sujeito passa a dispensar a prática. 139 O relato do sujeito também aborda a questão da prática da atividade física com o objetivo de melhorar a postura e salienta que aprendeu alguns exercícios com o fisioterapeuta, desta forma, realiza-os sozinho em casa, pois tomou consciência da sua necessidade, numa denotação que obteve aprendizado e consegue praticar individualmente. Entretanto, uma prática sistematizada e repetitiva. Uma outra questão apontada pelo S. I para não praticar a atividade física além do fato de trabalhar, foi a distância, pois após a pergunta feita pelo entrevistador o S. I respondeu: “olha, eu não participava porque a gente morava no interior e pra ir à escola eram três quilômetros e meio para ir... e a gente trabalhava desde nova”. Denota-se que a realidade vivida naquela época era muito diferenciada, não existindo meios de locomoção práticos, além disso, verifica-se que muitos idosos eram fisicamente ativos mesmo não tido praticado atividades físicas com o objetivo de desenvolver a aptidão física, pois o deslocamento e o trabalho braçal desenvolvido eram capazes de um dispêndio energético suficiente para caracterizálos como ativos. Levanta-se a hipótese de que os níveis de aptidão física e capacidade funcional também eram mais altos se comparados com os adultos da atualidade, considerando como parâmetros os meios de locomoção, tipos de trabalho, níveis de estresse, dentre outros aspectos. No Grupo de Convivência de Idosos Paz e Amor, as respostas relatadas pelos idosos foram semelhantes às do Grupo de Convivência Amizade, predominou também as formas de trabalho “pesado” quanto à prática da atividade física, conforme o relato dos Ss. M, Q, R, S, T: A nossa física9 era trabalhar, eu me lembro que desde os sete anos eu já tinha que cuidar da minha irmã, pois a minha mãe foi para a roça e depois eu tinha que cuidar o almoço, essas coisas... eu sempre trabalhei muito, e não tinha tempo pra participar, pois a gente morava no interior, era longe e eu gostava tanto de ir à aula (...). Então eu não praticava a atividade física por dois motivos principais, em primeiro porque tinha que trabalhar e outro porque não tinha, pois era tudo longe e não tinha condições como hoje (...). (S. M) 9 O termo “física” foi utilizado por alguns sujeitos durante seus relatos, mas deve ser entendido como Educação Física, tendo em vista que foi um vício de expressão inadequado utilizado na época para referir-se à Educação Física. 140 O relato do S. M aborda novamente a justificativa de não praticar um exercício físico pelo fato de priorizar o trabalho e o difícil acesso, pois as localidades do interior eram distantes, além disso, os meios de transporte não eram tão acessíveis como atualmente. A questão do trabalho também era muito valorizada em decorrência da necessidade, como apontam os relatos dos Ss. N e Q: Olha, eu comecei a trabalhar com 14 anos na lavoura, trabalhava pra comer, depois eu fui pra colônia. Meu pai tinha fábrica de queijo né, então a gente sempre carregava aqueles tambores, quando vinham aqueles moleques a gente ajudava, e tinha vaca pra tirar o leite, porco... A gente morava na chácara no Rio Grande quando era novo, e como eu era a mais velha de casa, tinha que trabalhar, tinha que ficar em casa tomando conta dos meus irmãos e da casa (...). (S. N) Nota-se que a criança ainda na sua infância era um indivíduo com muitas responsabilidades e atribuições, desta forma, presume-se que não possuíam um tempo adequado para brincar. Ainda sobre o trabalho, o S. Q disse: Desde criança eu trabalhei... eu fiquei 33 anos na roça, nós se (sic!) mudamos para a cidade por causa dos estudos dos filhos, porque a menina já precisava do ginásio10 e naquela época não existia como hoje em dia, a lotação, tem tudo para trazer os alunos pra cidade e naquela época não tinha (...). Antigamente não era assim, os pais não se preocupavam com o estudo dos filhos (...), se o filho soubesse ler e escrever era o básico. Naquela época era tudo muito difícil. (S. Q) Todas as falas apresentadas nesta categoria apresentam a necessidade e valorização do trabalho realizado na época e que teve como características principais: início precoce nas atividades, atividades relacionadas à agricultura, roça e trato de animais, serviço pesado e rotineiro. Desta forma, percebe-se que o trabalho em geral foi o eixo norteador da vida destas pessoas, presume-se também que os trabalhos exercidos ao longo dos anos produtivos destes indivíduos possam ter exercido em implicações sobre aspectos físicos e funcionais na velhice. 10 O ginásio era a nomenclatura utilizada para o que os Parâmetros Curriculares Nacionais denominam Terceiro e Quarto Ciclo do Ensino Fundamental. 141 O desconhecimento da prática de atividade física, o difícil acesso, bem como a necessidade de trabalhar foram os principais aspectos citados pelo S. Q na sua entrevista: Naquela época a gente nem sabia e nem conhecia que precisava fazer uma atividade, porque a gente fazia atividade física todo dia na enxada, em tudo, lavando roupa, puxando a água do poço, a gente (sic!) se judiou bastante (...) porque nós começamos no mato. Eu e meu marido, nós compramos no final da colônia do sogro um pedaço e começamos lá no meio do mato a derrubar as árvores (...). Então, os principais motivos para não praticar uma atividade física era o desconhecimento da necessidade da prática e porque a gente se exercitava bastante durante o dia trabalhando, e era pesado o serviço naquela época (...) e quando vinha de lá para o centro, vinha à pé ou de bicicleta, que naquela época em Rondon não tinha lotação11 como hoje tem, hoje é fácil para todo mundo. (S. Q) A fala do S. Q aborda inicialmente a falta de conhecimento das pessoas em se praticar atividades físicas, a importância e os benefícios não eram divulgados para a população em geral, pois o alvo principal era dedicado as pessoas com corpos atléticos, saudáveis e com biótipo “adequado”. Conforme Bagrichevsky & Palma (2004), somente no final do século XX, ocorreu um “movimento de saúde”, em que a prática da atividade física é associada a valores morais e indicada a todas faixas etárias e gêneros. Além disso, ressalta-se na fala do sujeito que o conceito de atividade física é vinculado ao trabalho braçal e “pesado” realizado na época, tarefas cotidianas, como: carpir, lavar, cortar árvores, caminhar como meio de locomoção. Devido a falta de conhecimento e principalmente a execução rotineira de serviços exaustivos, pois exigia-lhes muito esforço, foram fatores consideráveis para que o sujeito não praticasse atividades físicas estruturadas durante a fase da infância e adulta. Sobre o histórico da atividade física durante a vida, o S. R relatou que “naquela época a gente não sabia de nada, só trabalhava na roça”. Já o S. S afirmou que “a gente tinha que cuidar dos mais novos e depois quando a gente já estava um pouco mais crescido, o pai levava a gente junto na roça pra ajudar no trabalho, pois a gente era muito pobre”. A fala do S. T também vai na mesma direção: 11 Transporte coletivo = ônibus. 142 A gente veio da colônia, então era trabalhar e trabalhar, porque eu e a mulher (esposa), trabalhava muito (...) a gente tinha muito porco, ela (esposa) chegou a descarregar 320 sacos de milho, ela e o motorista sozinho. Nós trabalhamos muito, então, não tinha o espaço para fazer a atividade física, o porquê também (...). (S. T) Além da valorização dada ao trabalho e a falta de conhecimento sobre os aspectos gerais da atividade física, o S. T disse que “naquela época não tinha espaço e quando eu era pequeno a 45, 50 anos atrás ninguém falava em física, fisioterapia, isso não existia”. Este relato dirigiu-se à falta de espaços físicos ou ambientes que contemplassem tais atividades no período de colonização e emancipação do município. Além disso, enaltece que as áreas que dão subsídios à prática de atividade física e que atualmente declaram sua importância não eram áreas conhecidas, consideradas pelo sujeito como algo contemporâneo. Mesmo quando se referiam à prática de atividade física como fruição do lazer, esta prática era interrompida pela necessidade do trabalho e pela sua característica de utilização de grande esforço para a realização, como pode ser visto no relato do S. O: Eu fui jogador de futebol. Naquela época a gente trabalhava de manhã e à tarde, quando era cinco horas a gente ia treinar no Primavera e nós jogava (sic!) com o Botafogo, Anjuricaba, Margarida. Acabei desistindo, pois não tinha mais condições, porque eu trabalhava desde manhã até à noite. (S. O) Certamente, sua desistência da prática do futebol deve ter sido atribuída à necessidade de trabalhar para seu próprio sustento ou da família, tendo em vista, que a atividade de jogador de futebol, principalmente de várzea não tem uma estabilidade financeira adequada, com exceções de poucos casos. No Grupo de Convivência de Idosos Paz e Amor também houve falas que relataram a prática da atividade física através de brincadeiras, recreações e atividades lúdicas, como é exposto pelos Ss. N e S: Sempre pratiquei! Quando a gente era novo, nós íamos ao potreiro, corria (sic!) nos balanços, pegava (sic!) aquelas cordas, aqueles cipós e ia (sic!) andar nos rios. Por volta do meio dia o pai ia (sic!) dormir e a gente ia (sic!) pro rio, andava de cavalo. Quando eu fiquei adulta também continuei praticando atividades físicas, pois comecei a jogar bolão toda a semana. (S. N) 143 Desde nova eu trabalhava pesado na roça, a atividade física era a enxada (...). Mas também, quando os vizinhos vinham juntos, a gente jogava caçador naquela época, hoje já não se joga mais o caçador com a bola de matar o outro. (S. S) Para estes sujeitos o trabalho sempre foi prioridade, especialmente na região que estava se construindo e a característica deste trabalho exigia esforço físico. Desta forma, como o trabalho ao longo da vida foi bastante intenso para os indivíduos, o maior exemplo de prática de atividade física foi citado pelos sujeitos com atividades relacionadas ao trabalho. As atividades de outra natureza, como fruição do tempo livre ou para ganhos relativos à saúde não eram preocupações, seja por esta ênfase dada ao trabalho (caso dos S. O e outros), seja simplesmente porque este assunto não era conhecido – e a literatura diz que não era mesmo. Além disso, a distância e o difícil acesso como apontou o S. I e Q foram fatores limitantes para a prática da atividade física. Quando a atividade física aparece no discurso, se vincula à atividade escolar (como no caso do S. M). Como em geral a escolarização é baixa, o tempo desta prática deve ter sido pequeno. Outro momento em que a atividade física se vincula ao discurso é o momento em que o S. L adoece. Por meio do tratamento médico foi levado a conhecer os benefícios da atividade física sobre o tratamento da doença. 4.4.3 - O significado da atividade física O significado da atividade física de acordo com Okuma (1997) difere de idoso para idoso e está fortemente relacionado à esfera existencial. No estudo sobre o significado da atividade física para o idoso Okuma (1997, p. 344) afirma que: A atividade física para o idoso assim se desvela, em um dos seus significados, como um compromisso da pessoa consigo. Compromisso, não vinculado ao cuidado da saúde e qualidade de vida no sentido estritamente físico, mas vinculado à atenção, afeto e cuidados com o Ser. A atividade física caracteriza-se, portanto, como um dos poucos momentos, particularmente numa sociedade urbana e conturbada como a nossa, em que o idoso pode estar consigo, dedicando-se a si, ou seja, cuidando-se. Nesses momentos o idoso pode se desvencilhar de suas preocupações, vínculos, obrigações e problemas, pois é o momento em que ocorre uma integração harmoniosa de todos os aspectos que o constituem (...). 144 No Grupo de Convivência de Idosos Amizade o S. E afirmou que “(...) quem pode fazer, tem que ir atrás mesmo, é a melhor coisa. Eu cheguei bem até esta idade porque me movimentei bastante”. O S. K enfatizou que “(...) isso aí é muito bom não só para os jovens, mas para os adultos também (...) isso é uma coisa muito boa e me faz bem”. A independência física conforme Zago & Gobbi (2003) é um aspecto de suma importância para que o idoso possa desenvolver suas atividades cotidianas sem a necessidade de auxílio de outras pessoas. Estudos apresentam a eficácia da prática regular da atividade física sobre a independência física em pessoas idosas (FERREIRA et. al., 2005; MATSUDO et. al., 2003; OKUMA, 1998). A fala do S. F enfatiza a importância da prática regular da atividade física neste aspecto: Fazendo a física é bom para o corpo, porque a pessoa assim normal, não consegue colocar o braço para trás, por isso eu acho bom. Mas, caminhada eu faço só quando eu tenho que sair, especial assim, eu nunca fiz caminhada. (S. F) O entrevistado aborda a questão do benefício, mas mesmo tendo informação sobre a importância, não adere à prática. O mesmo é evidenciado na fala do S. J “é bom né!... mas eu não faço nenhuma prática”. Segundo Andreotti & Okuma (2003) o conhecimento e a crença dos vários benefícios da atividade física para o indivíduo é um dos aspectos primordiais para que o idoso pratique regularmente a atividade física. Algumas falas enfatizam a atividade física como meio de manutenção da independência física e incremento da capacidade funcional, aspecto valorizado pelos relatos: É uma boa, porque no serviço a gente cansa muito, é aquele trabalho sempre. E a física, aquele movimento parece que dá uma nova vida no corpo, parece que ajuda pra ficar assim, mais resistente o corpo, tanto no trabalho como (sic!) em caminhadas e em outras coisas, porque fica mais firme, com mais saúde até (...) eu acho uma boa! (S. H) Representa muito, porque é muito bom, eu sou uma pessoa com 71 anos que trepa escada, faço qualquer tipo de coisa, eu sou bem firme, mesmo eu não tendo praticado, sou forte (...) eu acho que 145 uma pessoa que pode fazer, deve fazer (...) eu faço caminhada, tenho também um ferro que meu neto me deu e eu me penduro nele todo o dia. Eu já participei na piscina, nas aulas do Clube Concórdia. (S. I) As falas apresentadas através dos Ss. H e I apontam que o conhecimento sobre a prática está presente, pois os sujeitos demonstram-se conhecedores da importância e benefícios da prática regular da atividade física, porém, não necessariamente possuem uma aderência permanente a prática. Um outro aspecto que segundo Okuma (1997) destacou no seu estudo é o significado da atividade física como importante recurso para os idosos lidarem com situações de estresse. A autora aborda dois pontos, um referente ao maior bemestar físico resultante da atividade física, o que os levou a se sentirem mais fortalecidos e dispostos para enfrentar difíceis eventos da vida, o outro refere-se à atividade física como atividade em si que, independente dos resultados, foi um meio de conexão dos idosos com a qualidade de suas ligações com a vida, na medida em que o próprio envolvimento com ela resultou em possibilidades de enfrentamento de tais situações. O S. L relatou o significado da atividade física para a sua vida neste sentido relacionado com o estresse: Bom, no sentido de ser uma atividade desestressante, eu uso muito atividade física como anti-estressante, se eu tô estressado eu tenho que fazer alongamento, enfim, qualquer atividade física até a caminhada, eu uso isso para me desestressar. Outra, pra você não ficar fora de forma e qualquer coisinha que você vai fazer ficar (sic!) cansado, não tem mais resistência pra nada, então pra ficar no “pique”, então pra gente que sai ai pra dançar... a pessoa dança umas duas músicas e já tem que sentar, isso pra mim não combina. Então, eu quero ter o “pique” pra dançar a tarde toda e não ficar cansado. É claro que no final das contas não tem como, você vai cansar, mas enquanto tu está na atividade, está se mantendo no “pique”(...). (S. L) No Grupo de Convivência de Idosos Paz e Amor a fala do S. M aborda que a atividade física traz benefícios para sua vida e saúde, sugerindo melhorar sua autoestima. “Eu acho que melhora a vida, a saúde, quanto mais pratica eu acho que a saúde fica melhor (...), mas quando faço mais física eu me sinto melhor”. Sobre os benefícios que a atividade física pode proporcionar e contribuir para um 146 envelhecimento saudável, estudos apresentam como os principais: prevenção de doenças e melhoria nas capacidades funcionais, aumento dos níveis de aptidão física e aumento da auto-estima (MATSUDO et. al., 2000; MENDONÇA et. al., 2004; OKUMA, 2002; STELLA et. al., 2002). A melhora da capacidade funcional e níveis de aptidão física também foram abordados nas falas dos sujeitos do Grupo de Convivência Paz e Amor, destacando os seguintes relatos: o S. N diz que “tudo isso ajuda bastante, pois tinha uma época que eu não conseguia andar duas quadras de tanta dor que eu tinha no joelho e hoje eu ando, né! (...)”. Bom, dado (sic!) a idade da gente hoje... ela representa conservar mais tempo com saúde o meu corpo, essa é a principal vantagem de praticar o exercício físico, por que senão praticar alguma atividade física, a pessoa começa a ficar isolado. Até a conjuntura do próprio corpo, começa a ficar torto de um lado, ele não endireita mais, porque ele prática só... digamos só aquela uma posição ou exige só do nervo aquela posição, não em outra. (S. P) Eu acho muito bom, eu faço hidroginástica duas vezes por semana. Eu tinha parado, mas eu comecei de novo porque eu senti que estava faltando pra mim. Eu percebo que quando eu faço uma atividade, fico mais leve, porque a gente já estava duro, não sei se era a velhice, mas depois que eu comecei a praticar começou a melhorar. (S. S) Pode-se verificar que as falas dos Ss. N, P e S enfatizam a atividade física como um importante componente para auxiliar na melhora ou manutenção da capacidade funcional. Pois conforme Rogatto & Gobbi (2001) o declínio das capacidades físicas e funcionais são uma das mais marcantes características do processo de envelhecimento, podendo a prática da atividade física ser um fator de importante contribuição neste processo. Aliado à melhora da capacidade física e funcional, a fala do S. Q chama a atenção pela tomada de consciência que segundo Velardi (2003) é um aspecto importante para que o indivíduo tenha conhecimento sobre sua realidade e possa, desta forma, ter escolhas mais coerentes. Neste caso, o idoso entrevistado diz: A atividade física é tudo para a gente, ainda mais nessa idade, porque antigamente eu trabalhava na lavoura, então a gente se 147 movimentava e esforçava sempre, então agora como a gente não está mais na atividade da lavoura, a gente ta muito parado e isso não faz bem, a gente sabe que precisa dessa atividade física ou pelo menos se movimentar, se (sic!) harmonizar a mente, então é preciso. (S. Q) O relato do SUJ. R aborda a questão da imposição médica sobre a prática da atividade física: Eu gosto de dançar, dói muito, mas eu gosto... Além do clube eu faço caminhada de manhã e quando não chove, eu caminho. Eu gosto de fazer e a gente tem que fazer, e também o médico disse que fica melhor quando a gente faz física, só ficar parado em casa isso não é bom, incha os pés um pouco, tem que tomar uns comprimidos pra desinchar de novo. Os médicos mandam eu fazer, por isso eu tô fazendo, mas não é só porque os médicos pediram, pois eu tô vendo quando faço física melhora pra mim, daí a gente faz direto. (S. R) Outra fala que chamou a atenção foi do S. T que se referiu aos testes de aptidão física propostos neste estudo e desenvolvidos com os idosos, dizendo: “Pro idoso é muito bom, que nem aquele programa que o senhor fez com a gente é muito interessante”. O S. T demonstrou-se interessado em aprender novas atividades, novas formas de praticar a atividade física, enfatizou também que gostaria de participar de um programa de atividade física mais “puxado”, pois conforme sua fala “hoje a atividade física é indispensável na minha vida”. Atualmente a atividade física direcionada à população de idosos é reconhecida pelos seus benefícios físicos, funcionais, fisiológicos, orgânicos, sociais, psicológicos, dentre outros. Entretanto, o significado da atividade física para o idoso está relacionado a questões subjetivas e de valores, pois cada indivíduo difere-se dos outros nos mais variados aspectos. Neste sentido, os relatos apresentados nesta categoria abordaram várias questões em ambos os Grupos de Convivência, porém foi possível verificar que os idosos apresentaram em suas falas conhecer nem que seja superficialmente a atividade física e conseguiram traçar uma relação com a sua vivência, sendo assim, as falas abordaram a atividade física como um aspecto positivo em suas vidas. O relato dos sujeitos entrevistados frente ao significado da atividade física para suas vidas apresentou respostas diferenciadas. Alguns sujeitos apresentaram 148 dificuldade de expressar o que a atividade física representava para a sua vida (como no caso do S. K e outros), desta forma, suas respostas foram com ênfase a demonstrar a atividade física como um recurso positivo. Isso aconteceu porque, provavelmente e ao longo da vida esta prática não foi considerada um valor pessoal para eles, desta forma, presumi-se que dizem aquilo que todo mundo sabe e o que deve ser dito. No entanto, para eles mesmos não é expresso o significado da atividade física. Os significados são construídos ao longo das experiências vividas. Se a atividade física se relacionava ao desempenho para o trabalho – no caso do soldado – então ela tem significado. Mas se ela era o próprio trabalho, o significado atribuído é dado ao trabalho, não à atividade física. No caso dos Ss. F, H, I, N, P e S a atividade física é significante no sentido de melhora da capacidade funcional e independência física, fato este que atribui o significado de forma estritamente funcional. 4.4.4 - Identificação do que representa esta fase da vida A presente categoria apresenta o significado da velhice na vida dos participantes dos Grupos de Convivência de Idosos. As falas dos sujeitos englobam uma variedade de significados, sendo os principais mencionados no texto. De acordo com Néri (1993) o processo de envelhecimento engloba muito mais do que mudanças físicas do corpo, aspectos emocionais, cognitivos e sociais também contribuem para a configuração de uma velhice bem-sucedida, normal ou patológica. Sendo assim, a velhice não deve ser entendida apenas como uma fase de perdas e surgimento de doenças. Sobre o período de perdas, o S. F do Grupo de Convivência de Idosos Amizade diz: A única diferença é que a gente não tem mais essa física assim, pois eu ando devagar, não posso andar ligeiro, não consigo. Eu acredito que daqui pra frente será um período de mais lentidão, também mais doença, porque quanto mais velho, a gente fica mais devagar. As pernas já não ajudam bastante e também o surgimento de mais doenças: de estômago, reumatismo, essas coisas... Eu espero que não apareça, mas no idoso é mais propício. (S. F) 149 O envelhecimento biológico é fato determinado através de um processo natural e inexorável, trazendo consigo perdas referentes a aspectos biológicos e funcionais (CANÇADO & HORTA, 2002; PERRACINI, 2002). Entretanto, conforme Néri (1993) deve ser entendido como um processo normal na vida de todos os seres vivos e não referenciado como um período predominante do surgimento de doenças e incapacidades. Já a fala do S. J vai na direção contrária, referindo-se à velhice como uma etapa sem mudanças significativas na sua vida: “pra mim não mudou muita coisa, ainda é a mesma coisa praticamente. Espero continuar (...) fazer o quê! Enquanto estiver assim, tá bom! Enquanto eu conseguir levar assim tá beleza!...”. O entrevistado não visualiza perdas ou declínios com a chegada da velhice, isto pode ser vislumbrado através de um aspecto positivo, pois o idoso não se sente fragilizado, ou de forma negativa se o idoso não tem uma percepção adequada para tomar consciência de si e constatar que o seu corpo e organismo não são mais os mesmos que da vida adulta. A chegada da velhice também é entendida como uma vitória pelo indivíduo que chegou a esta idade e enfrentou muitos desafios ao longo de sua vida (MEDEIROS, 2004). Segundo Py (2004) muitos idosos consideram a questão de uma alta expectativa de vida como um fator positivo, pois viver até a velhice é considerado um prêmio, uma vez que para muitos a sua idade foi superior a de seus pais. Neste sentido as falas dos Ss. G, H e I apresentam e interpretam esta fase da vida como um período de alegrias e satisfação: Estou muito contente, eu tenho o que eu posso participar, o que eu posso fazer. Eu espero o melhor, eu acredito que vai melhorar daqui pra frente, é uma fase boa. Eu quero ser feliz e que Deus me dê àquela força. (S. G) É uma boa chegar nesta idade (...) que nem a gente teve os pais, a mãe faleceu com 36 e o pai com 52 e a gente com essa idade que alcançou, então é uma sorte, é uma coisa boa. Eu espero ter bastante saúde e bastante amizade e tudo de bom com a gente. (S. H) 150 Eu acho uma fase boa, por que a gente tem que aproveitar senão fica doente, porque tem gente que tem 60 anos, já cheio de doença. Eu me acho uma pessoa jovem. Eu tenho um pouco de receio com o que venha a acontecer, mas a gente tem contar como uma coisa que não vai acontecer, porque não pode fazer nada. (S. I) As falas dos sujeitos são bastante convergentes no que diz respeito ao envelhecimento como uma fase “boa” da vida, neste sentido, de acordo com Goldman (2004) considera-se o envelhecer através de uma questão não-linear e permeada por valores subjetivos que variam de indivíduo para indivíduo. Presume-se que o receio apontado pelo S. I refere-se à morte, demonstrando que uma das preocupações com a chegada da velhice é a aproximação com a morte. Segundo Py (2004) a preocupação com a morte tem a idade da humanidade e atualmente com o aumento da expectativa de vida é um aspecto bastante abordado pela sociedade, porém deve ser tratada como o estágio final da vida, portanto normal. O SUJ. E considera sua chegada até a velhice como uma vitória, pois durante sua vida passou por momentos conturbados, conforme seu relato: “para mim é uma grande coisa, porque eu já estava perdido, eu deixei de beber com 38, 39 anos e já era (sic!) viciado (...). Só consegui vencer por causa da sogra e de uma família que me ajudou a encontrar o caminho certo, aconteceu um milagre (...)”. O relato do S. K aborda a velhice como uma nova etapa da vida: Me parece que de dois anos para cá eu renasci de novo, parece que eu revivi (...) porque eu passei muito da minha vida com os meus filhos, trabalhando com o meu marido e depois que eu fiquei viúva eu comecei a participar lá... e isso renovou minha vida. Eu espero coisas boas, eu não penso em coisas ruins, eu só penso coisas boas e a cada dia que passa eu tenho mais ânimo para viver. (S. K) É provável que o sujeito entrevistado tenha se referido à velhice como um renascimento devido ao longo da sua vida ter sido caracterizado por muito trabalho e uma história árdua. Agora com menos responsabilidade e mais alegrias a vida é vista de outra maneira pelo idoso. O S. L também aborda a questão da responsabilidade e do compromisso e que com a chegada da velhice deixa de ser um período de muito trabalho e 151 produtividade: Muito bom, muito bom porque... por isso que falam que é a melhor idade, porque não tem aquele compromisso com o horário, com o emprego... aquela coisa toda, então você faz aquilo que quer fazer, se não está a fim não vai fazer... você só faz aquilo que te dá prazer(...). (S. L) Este relato levanta duas questões, a primeira e enfatizada pelo S. L em que com a chegada da velhice o idoso não tem compromisso com o trabalho e com outros afazeres, pois de acordo com Luca (2003) no sistema capitalista a velhice é significada como o momento da diminuição da força de trabalho dos sujeitos, como o momento em que os indivíduos tornam-se pouco produtivos. A segunda questão é que com a chegada da aposentadoria o indivíduo sente-se num estado de improdutividade, diminuindo sua auto-estima e muitas vezes entrando em estados depressivos (PACHECO, 2004). O S. L também aborda a questão da afetividade, que no seu caso foi encontrado no período da velhice, conforme sua fala: (...) Uma coisa muito importante na minha vida, foi que eu sempre fui muito carente afetivamente, não tive muito aconchego, não fui muito de namorar, já pelo fato de ser estudante eu tinha que lutar, batalhar. Com a minha mãe eu não tive muita convivência, pois eu saí cedo de casa, já o meu casamento foi um fracasso total, então agora eu me sinto assim muito realizado com a minha companheira, pois é uma pessoa especial. (S. L) Segundo Debert (1999) o vínculo afetivo entre pais, filhos, netos, cônjuges, familiares e amigos são muito importantes no convívio das pessoas idosas, pois fortalece a ligação humana e amorosa entre os indivíduos. Os relatos apresentados no Grupo de Convivência de Idosos Paz e Amor sobre o significado da fase da vida (velhice) para os sujeitos foram bastante heterogêneos entre si, porém não diferentes do Grupo Amizade, demonstrando que o envelhecer é um processo não linear, subjetivo e relacionado a valores (PY, 2004). O S. M afirma que atualmente o idoso tem maiores condições de participar de atividades: 152 Eu penso que é bem melhor que antigamente, pois hoje em dia eles fazem muitas coisas para os idosos que podem participar, isso não tinha antigamente e hoje em dia tem por tudo pra poder participar e levar a vida mais alegre e com mais saúde. Mas mesmo assim, hoje em dia têm muitas pessoas que não participam de nada, mas eu acho que quem participa tem uma vida mais alegre, mais saudável, agora eu tenho toda semana. O dia que eu não tenho nada pra participar a gente joga canastra. (S. M) Pois de acordo com Borges (2003) e Perracini (2002) devido ao aumento da população de idosos várias iniciativas, espaços e programas foram criados para atender a população idosa. Sendo assim, os idosos da atualidade possuem maiores possibilidades de aproveitar de atividades oferecidas a esta população, até porque segundo Barros (2004) a questão da velhice, até bem pouco tempo atrás, era um assunto pouco explorado e desenvolvido e sem valor acadêmico, somente a partir dos anos 80 difundiu-se melhor. Ao focalizar novamente o envelhecimento como uma fase de perdas, o S. N afirma que: A gente começa a sentir mais canseira, eu faço tudo a mesma coisa, trabalho no pesado ainda, porque trabalho na cozinha como cozinheira, fazendo festas, então a gente tem que pegar aqueles panelões pesados, não me assusta nada! (S. N) A questão da responsabilidade e compromisso com o trabalho também foi abordada no Grupo de Convivência Paz e Amor através da fala do S. P: Analisando do ponto de vista social é a melhor fase, porque você descarrega um pouco da mente, as obrigações do dia-a-dia, as necessidades do dia-a-dia a participação na sociedade diminuí, as responsabilidades até diminuem (...). (S. P) Como já citado anteriormente, a velhice pode ser encarada como uma fase de descanso, pois o indivíduo que trabalhou pesado ao longo de sua vida utiliza-se do tempo que resta de sua existência para aproveitar e desenvolver atividades que não foram possíveis anteriormente, entretanto, sem compromissos e responsabilidades. A fala do S. R explicita a importância do Grupo de Convivência de Idosos para a sua fase da vida: 153 O meu único futuro é ir nos idosos, quando acaba um encontro no outro dia é pensar no próximo, é só isso. A gente sempre espera aquele dia bonito. A gente encontra muita gente, até esses dias encontrei gente que não via há mais de 30 anos e ela era solteira e agora nos se encontramos em Marechal Candido Rondon, e assim a gente encontra mais gente. (S. R) Muitos idosos encontraram na participação de uma iniciativa motivação a mais para viver, pois os contatos sociais aumentam e a possibilidade de desenvolver atividades é uma questão salientar para que o idoso sinta sua importância na sociedade (CACHIONI, 1999; FERRIGNO, 2003). No mesmo sentido o S. T aborda esta questão: (...) Ter saúde, que Deus de saúde pra nós, porque o tempo de trabalhar passou. Agora é se divertir, se tiver uma física muito bom, mas nós não temos condições de pagar caro as coisas. Por isso o idoso é feliz, quando chega quinta feira lá no bailinho, nos temos gente que quando vem eu recebo os idosos na entrada, então quando eles chegam e dizem que dói aqui, dói ali, até na metade da dança ou quando vão embora não se lembram mais, isso é uma coisa muito boa que foi introduzido: o encontro de idosos. Os idosos saem do encontro divertido e daí ficam dois ou três dias falando como era, aí já começam a falar como vai ser, pode contar. (S. T) O S. Q aponta o que espera da vida abordando a atividade física relacionada à saúde: Eu espero que Deus me dê saúde, muita saúde para que eu continue fazendo minhas atividades físicas e chegar lá no final com uma boa performance pra que amanhã ou depois quando começar a me dar um problema de saúde e eu não poder mais fazer atividade física. Eu também me preocupo como bem-estar. (S. Q) O tema saúde foi apontado nas falas dos Ss. T e Q predominando a abordagem biomédica em que saúde é ausência de doenças e, desta forma, desligase de toda a dimensão subjetiva, cultural e social, sendo caracterizada apenas pelo funcionamento orgânico, biológico e fisiológico, no que se denomina de acordo com Capra (1997); Czeresnia (2003) como “saúde negativa”. Além disso, a fala do S. Q aborda o entendimento da prática da atividade 154 física relacionada a saúde numa relação de causa e efeito (PALMA et. al., 2003), neste sentido o idoso ativo fisicamente tem como garantia um bom estado de saúde, desvinculando a saúde de um espectro mais amplo. Outro aspecto importante e que foi possível verificar no relato dos Ss. T e Q quando se referem a Deus, demonstrando que a religiosidade é um aspecto muito importante para o idoso. Goldstein & Sommerhalder (2002); Kart (1997) afirmam que os idosos são mais religiosos e mais crentes do que as pessoas mais jovens, e também que eles se envolvem mais em atividades religiosas. Num estudo sobre religiosidade e satisfação com a vida, Goldstein & Néri (1993) relataram que 70% dos informantes afirmaram ter percebido um aumento da religiosidade com a idade. Destes, 78,6% viam esse aumento como reflexo de seu crescimento pessoal, 14,5% atribuíram-no a algum acontecimento marcante em suas vidas e 6,8% mencionaram mudanças de religião como o motivo principal. Apesar das respostas terem sido bastante heterogêneas em seus conteúdos, pode-se verificar que mesmo os sujeitos percebendo que a velhice é considerada uma etapa de perdas e declínios, principalmente fisiológicos e funcionais (como no caso dos Ss. F e N), muitos encaram esta fase da vida como uma etapa de desenvolvimento, de alegrias, menos responsabilidades, prevalecendo na fala dos entrevistados como uma fase muito boa da vida (caso dos Ss. G, H, I, K, L e P). Além disso, predominaram falas que abordassem uma perspectiva dos anos restantes da vida com saúde, ou seja, no sentido de estarem livre de doenças. 4.4.5 - Perspectivas sobre a atividade física nesta fase da vida Com o aumento da população de idosos, muitas iniciativas foram implementadas para a respectiva população, desta forma, atualmente a prática da atividade física torna-se comum e bastante recomendada para o idoso. Assim sendo, a presente categoria do estudo tem como objetivo verificar através dos relatos dos sujeitos quais as perspectivas destes indivíduos frente à prática da atividade física durante a velhice. No Grupo de Convivência de Idosos Amizade, as falas dos Ss. E, F, H e K vão na mesma direção, enfatizando a necessidade da prática da atividade física e a vontade de continuar praticando ou inserir-se numa atividade. 155 Neste sentido o S. E diz “eu não posso parar, trabalhar não, mas a atividade física sim...(...) porque se ficar sentado, fica tudo duro, precisa se movimentar, qualquer atividade já serve, mas sentar e esperar vir a morte não tem jeito”. Fica evidente que a prática da atividade física está relacionada com a independência física, capacidade fundamental para que o idoso possa realizar suas atividades corriqueiras do dia-a-dia sem necessitar da ajuda de outros (OKUMA, 1998; ROGATTO & GOBBI, 2001). A fala do S. F aborda a questão da atividade física como elemento importante na manutenção e melhora da capacidade cardiorespiratória, o que justifica a sua participação nas atividades: Continuar participando, porque quem faz, pode chegar mais longe (...) então é preciso e a gente vê na televisão os idosos que fazem isso. Muitos idosos que eram fracos porque fumavam e hoje sopram balão e passam a ter um pulmão de novo (...) isso ajuda muito. (S. F) É verificado na fala do sujeito quando se refere a televisão, a influência que este veículo de informação exerce sobre as pessoas, pois o sujeito apresenta no seu exemplo a importância e a aderência dos indivíduos velhos à prática da atividade física. Segundo Acosta-Orjuela (2002) no século XXI o consumo da mídia através da televisão por pessoas idosas tem hegemonia sobre as atividades de lazer, chegando a superar o tempo dedicado a quaisquer outras atividades, exceto o sono. A televisão é um meio de informação importante para que o idoso mantenha-se sabedor da realidade, porém, a mídia exerce um poder de indução ou distorção de informações sobre a população, principalmente para pessoas com nível de escolaridade ou reflexão mais baixa. Além disso, assistir televisão está associado a uma atividade de pouco esforço, podendo esta ser um fator de acomodação que contribua para o sedentarismo do idoso. A fala do S. G chama a atenção pelo fato do idoso abordar a importância da atividade física, mas enfatiza também as condições de acesso do idoso ao lugar da prática: 156 Isso é uma boa, a pessoa de terceira idade tem que fazer exercício físico. Para isso, tem que ter os lugares também adequados, porque não tem como ficar incomodando os filhos, porque quando não é muito longe a gente vai caminhando também (...) se o governo fizesse uma boa melhora pra ficar mais perto pra gente, daí a gente ia (sic!) participar (...). (S. G) Conforme estudo desenvolvido por Andreotti (2001), dentre as maiores barreiras apontadas pelos idosos como fatores que dificultavam a sua participação em um programa de atividades físicas, a distância de suas casas em relação ao local do programa recebeu destaque especial, pois 50% dos sujeitos gastavam 40 minutos ou mais para chegarem ao local da prática. Outro fator limitante apontado na pesquisa de Andreotti (2001) foi devido a problemas de saúde e incapacidades físicas, como apontado pelo S. J: “eu não caminho muito porque dói muito minhas juntas, então eu ando muito de bicicleta, porque daí não força e daí só faz o movimento e aí é beleza (...)”. O S. J também aponta a questão da falta de tempo como um aspecto de impossibilite a prática da atividade física: “Se ajeitar a gente pode até fazer, o problema é o tempo, pois a gente tem o serviço aí, então não está sempre disponível, mas se tiver uma oportunidade a gente até vai”. Quando se refere às pessoas idosas, normalmente a falta de tempo não é um aspecto muito considerado, pois pelo fato da maioria dos idosos já não terem muitos compromissos com trabalho e responsabilidades em geral sobra tempo para atividades diversificadas, além disso, a maioria dos idosos já se encontram aposentados neste período. Sobre a perspectiva da prática da atividade física durante a velhice os sujeitos apresentaram falas semelhantes que enfatizavam a importância de manterem-se ativos, porém na maioria das vezes estão passivos frente a iniciativa de começar a atividade, ou seja, aguardando por programas “prontos” destinados a esta população, como exemplificado na fala do S. K: “se tiver mais coisa pra fazer, eu vou fazer, senão eu fico em casa com o meu neto né!(...)”. A necessidade da idéia de empowerment ficou evidenciada nesta fala, pois o sujeito aguarda por soluções paternalistas e assistencialistas, denotando uma postura passiva frente as ações, o que na verdade, deveria ter condições a receber informações e por intermédio delas 157 capacitar-se para atuar no processo de forma ativa, ou seja, opinando, cobrando e exercendo funções que contribuam para uma “construção” participativa. O S. H diz: “eu gostaria de participar enquanto dá, de fazer as ginásticas e os movimentos. A gente ainda faz em casa, nós temos a esteira, e agora nós compramos o aparelho de vibração”. Dentre os sujeitos entrevistados no Grupo de Convivência de Idosos Amizade a fala deste indivíduo apresenta-se diferenciada dos demais, pois além de demonstrar interesse em continuar praticando a atividade física até quando tenha possibilidade e capacidade de executá-la o idoso apresenta atitude e iniciativa de praticar a atividade física isoladamente ou sem alguém direcionando ou impondo um padrão modulado. Provavelmente este indivíduo esteja capacitado a realizar a atividade física de forma autônoma como aponta Farinatti (2000); Silva Júnior et. al. (2006); Velardi (2003). No Grupo de Convivência de Idosos Paz e Amor os relatos apresentados pelos sujeitos em relação a perspectiva da prática da atividade física durante a velhice são semelhantes ao Grupo de Convivência Amizade. Predominaram nas falas destes idosos a ênfase dada aos benefícios e a importância de praticar a atividade física e ressalta-se a vontade deles participarem de uma atividade nesta fase da vida. O S. N disse: “a atividade física é importante para mim. Enquanto eu conseguir ir e aparece uma coisa ou outra (sic!) eu estou indo, nada de arrojado, mas no meu jeito que da eu vou, pois é muito importante”. Na mesma direção o S. P relata: Conseguir manter o corpo com saúde o mais tempo possível com saúde, a gente sabe que não é eterno, mas o que a gente quer é viver bem, porque o corpo da gente consiga estar tranqüilo é como antes eu disse é a fase da vida melhor que a gente tem, por isso eu quero continuar praticando uma atividade. (S. P) Exceção das demais falas foi a apresentada pelo S. R que disse: “não, eu não tenho a intenção de fazer nada, somente continuar jogando carta para matar o tempo mesmo”. Uma das justificativas que podem ser consideradas neste caso refere-se a idade, tendo em vista que o entrevistado possui 77 anos. Entretanto, é normal que os idosos preferiram desenvolver atividades mais pacatas para passar o tempo durante a velhice, como é o caso do jogo de cartas, dominó, televisão, tricô, 158 crochê, dentre outras. Foi possível verificar através das falas dos sujeitos que com exceção do S. R que não demonstrou interesse em participar de alguma atividade física, todos os demais entrevistados dos dois Grupos de Convivência abordaram alguma questão que enfatizasse a importância da prática da atividade física para a vida, porém nem todos demonstraram interesse em praticar devido a motivos como longa distância ao local de prática (caso do S. G) e dependência física (caso do S. J). Mas verificou-se que a maioria dos sujeitos (como no caso dos Ss. E, F, H, K, N e P) demonstraram interesse em continuar ou inserir-se na prática da atividade física durante a velhice apresentando como principais fatores justificantes uma melhora nas condições físicas, capacidades funcionais, melhora da auto-estima e “melhoria da saúde”. 4.4.6 - Motivos para participação no Grupo de Convivência O objetivo desta categoria foi verificar quais os principais motivos relatados pelos idosos para participarem dos encontros nos Grupos de Convivência. Tendo em vista que um dos objetivos gerais do estudo concentra-se em elaborar um modelo de avaliação pré-implantação de um programa de educação física para idosos pertencentes aos dois Grupos de Convivência. Andreotti (2001); Teixeira (2002) afirmam que conhecer as características do ambiente e dos indivíduos que participam destes programas constitui-se numa tarefa primordial para que possa ter um funcionamento bem sucedido nos amplos sentidos. No Grupo de Convivência de Idosos Amizade predominou na fala dos sujeitos a dança como o motivo principal para participarem dos encontros. Conforme Gaspari (2005) a dança é considerada uma das formas mais antigas de manifestação da expressão corporal. Por meio de gestos e movimentos, a dança traduz as mais íntimas das emoções, acompanhada ou não do canto ou de ritmos peculiares. Segundo Okuma (1998) as atividades desenvolvidas em grupos pelos idosos, destacando-se a dança são muito favoráveis, pois facilitam a integração e o fortalecimento de amizades, superação de limites físicos, ocupação do tempo em prol de si mesmos, livrando-se das angústias, incertezas, inseguranças e medos. O relato do S. G enfatiza a sua participação no Grupo abordando a questão da dança “(...) eu gosto, gosto de dançar, minha mãe era uma das primeiras a 159 participar e ela insistia para eu ir com ela, tinha as festas de São João e eu ia junto, eu nem tinha a idade ainda”. O S. I acerca vários motivos para participar do Grupo, mas fica evidente que a dança é o principal: “Tudo, a dança principalmente, e o que é muito bonito são as orações, o culto, o coral que cantam todos juntos e depois a dança, pois a gente gosta, porque a gente é gaúcho, então a gente gosta de dançar, é muito bom”. O S. K também enfatiza a dança como motivo dizendo ”(...) eu gosto de dançar e isso me parece que é uma física para nós... eu me sinto leve, eu não me sinto cansada, então eu me sinto bem (...)”. A dança desenvolvida tanto no Grupo de Convivência de Idosos Amizade quanto no Paz e Amor tem característica predominante germânica, fato este que a classifica de acordo com Gaspari (2005) como danças étnicas que são conceituadas através de manifestações expressivas de determinados povos, com seus atributos divinos, elas emitem algumas características que podem identificar uma nação ou região. Outro aspecto abordado em relação a participação no Grupo foi a integração e o convívio com outras pessoas, pois de acordo com Erbolatto (2002) na velhice é normal que exista uma diminuição dos contatos sociais, provocando estado de solidão nos idosos. Desta forma, Rocha et. al. (2002) enfatizam que devido a redução dos relacionamentos dos idosos, a procura por espaços que resgatam laços sociais, principalmente nas igrejas, entidades religiosas e Grupos de Convivência estão sendo bastante procurados. A fala do S. H evidencia este aspecto: “a gente sempre se sentiu bastante sozinha né!..., e daí pra arrumar mais amigos e companhia, existe esse lugar que é próprio para isso. Sempre tem aquele contato com outras pessoas e isso é bom para pessoas de mais idade”. O relato do S. J também aborda esta questão: “(...) a gente gosta de participar também, pois forma amizades e essas coisas todas”. Os motivos apresentados no Grupo de Convivência de Idosos Paz e Amor são semelhantes quando comparados ao Grupo Amizade, entretanto, surgem relatos que apontam outros aspectos não mencionados anteriormente. O coral, por exemplo, foi mencionado como o fator motivador para a inclusão 160 do S. M no Grupo: Começamos a participar por causa do coral que puxaram ele (referindo ao marido falecido) para dentro, daí ele deixou de trabalhar na quinta para participar lá, porque meu marido era pra tá (sic!), ele cantava, ele gostava de cantar, daí ele se obrigou a participar e eu também e no fim ele cantava em quatro corais, ainda continuava trabalhando, vinha pra casa se aprontava e ia no ensaio, eu também fui junto com ele no clube participar de cantar, a gente sempre participou. (S. M) Verifica-se que o coral e a companhia do marido foram fatores influenciadores para a participação do S. M no Grupo. Pois atividades realizadas durante a velhice são importantes para que o idoso tenha uma responsabilidade e sinta-se importante dentro do contexto, elevando até sua auto-estima (DEBERT, 1999). A integração na sociedade foi mencionada através do discurso do S. P, que disse: Para a integração na sociedade, porque a gente é de origem do Rio Grande do Sul, faz 9 anos agora que estamos aqui, então a preocupação está sempre em inserir-se na composição da sociedade em que aqui vivemos (...). Então nada melhor do que participar daquilo que a sociedade participa (...) umas das coisas que nós entendemos que seria a participação do clube, a integração social, conhecer a sociedade. (S. P) De acordo com Debert (1999) o engajamento do idoso a um programa poderá ser a possibilidade de ampliação do círculo de amizades e, desta forma, contribuir no processo de integração social, fundamental em todas as faixas etárias. As falas dos Ss. S e Q vão no mesmo sentido, entretanto, abordam que adentraram ao Grupo através de convites de amigos: O motivo para eu participar foi porque os amigos já estavam pedindo, eles falavam “vocês já podem participar”. E daí a gente foi umas vezes para ver como é que era e daí a gente se interessou e acabou entrando por influência dos amigos. Hoje em dia a gente vai por divertimento mesmo, a cada quinta feira. (S. S) Através de amigos, pois muitos falam que é muito bom mesmo que a gente se distrai, dança, faz física e por que a gente agora não tem uma atividade que a gente tem que fazer todo dia, daí se tem um dia 161 por semana que a gente vai lá e se diverte, conversa e brinca, daí faz um bem pra gente. Eu participo só na quinta mesmo. Então o principal motivo é se divertir, dançar, conversar, os amigos (...). (S. Q) A disponibilidade de tempo para fazer coisas que considerem agradáveis, pode ser um motivo considerável para engajar-se a um programa destinado a população idosa, tendo em vista que na velhice grande parte dos idosos não trabalham mais, não possuem grandes responsabilidades, além disso, passam muitas horas do dia sem o que fazer. Sendo assim, a fala do S. T vai neste sentido “ter o que fazer, preencher as horas vagas, ter um divertimento, por que ficar em casa não dá e ter um outro emprego na minha idade não seria o objetivo, porque a gente tem sítio”. Conforme abordado anteriormente no Grupo de Convivência de Idosos Amizade, a dança também foi relatada como aspecto justificante na inclusão de idosos ao Grupo, destacando a fala do S. N: “a gente sempre procura alguma coisa pra fazer, então eu pensei como é pertinho de casa eu vou ali aproveitar pra dançar. Logo eu entrei no grupo de danças, participo do grupo já faz uns três anos” e do S. R: “dançar, o interesse é dançar porque a gente vai lá e se diverte dançando”. Como verificado na fala dos sujeitos entrevistados em ambos os Grupos de Convivência os motivos que justificam a participação dos idosos aos Grupos são diversos e variam de acordo com a preferência de cada um. A integração social, o preenchimento do tempo livre, a participação em atividades variadas e a dança foram os principais pontos justificadores que os idosos apontaram para a participação. A questão da atividade física esteve presente em muitas falas, em que os indivíduos abordaram a dança como atividade motivadora para o engajamento e aderência ao Grupo. Os motivos justificantes para a participação dos sujeitos nos Grupos de Convivência de Idosos foram diversos, entretanto, a dança recebeu destaque especial para os Ss. G, I, K, N e R, fato este comprovado e explicado pela literatura, além disso, presumi-se que os laços culturais herdados da colonização e imigração européia, principalmente alemã, tenha certa influência por este gosto. Além disso, é importante ressaltar que a atividade física aparece apenas vinculada a dança como motivo para participação dos sujeitos aos Grupos de Convivência, não aparecendo isoladamente. Os demais motivos citados pelos sujeitos compreendem a falta de 162 companhia ou ter um convívio social mais amplo (caso dos Ss. J, H e P), preenchimento de horas livres (S. T) e participação no coral (S. M). 4.4.7 - As atividades físicas predominantes nos Grupos de Convivência Predominou na fala dos idosos a dança como a atividade física principal realizada no Grupo de Convivência de Idosos Amizade, fato este que concorda com os achados do estudo desenvolvido por Prado et. al. (2000) em que a dança tem grande aceitação pela população idosa. Destacam-se as seguintes falas dos sujeitos: Nas quintas feiras, eu danço, tenho minhas amigas, a gente conversa e a maior parte eu danço com as minhas amigas, com uma, com a outra e a hora que vejo já ta na hora de ir embora (...). Eu não participo das atividades de trabalho do clube, porque eu já passei da idade. (S. K) Só dançar e às vezes eu ajudo um pouco em lavar copo, agora eu tô no grupo de dança também, eu comecei agora. Nas quintas, eu vou para dançar, conversar, ver as amigas, mas na quinta não dá muito tempo, por que é só três horas, então a gente escuta, o canto, o pastor, o padre. Porém, é muito curto o tempo. (S. G) Um ponto a se considerar na fala do S. G refere-se ao curto período de tempo durante a tarde de quinta-feira para realizar as atividades, desta forma, o tempo destinado para a dança se torna restrito, tendo em vista que são diversas as atividades realizadas em uma tarde. A fala do S. L também aborda o curto período de tempo destinado para a dança: O que diferencia o nosso clube dos outros clubes do interior, é que no nosso clube tem condições de manter a dança toda a semana e se tem a dança que começa às duas horas, às cinco horas já vem o ônibus pra ir embora, então se for fazer mais uma atividade, sobra pouco tempo pra recreação. Enquanto que no interior, eles não têm como fazer a dança toda semana, então eles têm outras atividades (...) (S. L) A dança é muito predominante nas atividades desenvolvidas para este grupo, aparecendo na fala de todos os entrevistados, desta forma, não foram descritos, pois se repetem. Para o idoso a dança tem forte caráter sociabilizador e motivador, seja em par ou sozinho, seja homem ou mulher. De acordo com Robatto (1994) a dança pode ter seis funções: auto-expressão, comunicação, diversão e prazer, 163 espiritualidade, identificação cultural, ruptura e revitalização da sociedade. Alguns sujeitos vão ao Grupo de Convivência com o objetivo de conversar com os outros idosos. A fala do S. J exemplifica isto: “Mais é conversar com os conhecidos, tomar uma cervejinha e dançar, é normal assim, porque em casa sempre a gente se sente muito sozinho”. No Grupo de Convivência Paz e Amor, em relação as atividades que os idosos participam ocorreu uma unanimidade na fala dos sujeitos entrevistados, pois todos abordaram a dança. S. M: “Nas quintas feiras eu gosto de dançar, é difícil eu deixar passar uma festa”. S. S: “Além das danças, dos encontros de quinta-feira, na segunda-feira eu participo do Grupo de danças”. O S. O enfatiza que além da dança, outra atividade que ele executa nos encontros: “Dançar e trabalhar de garçom, e trabalhando de garçom eu também caminho bastante, porque nestes dias eu trabalhei lá meia hora e já tava (sic!) todo suado, daí o pessoal perguntou: Ba, dançou? Não, mas vou dançar daqui a pouco...”. O relato deste sujeito aborda a questão do trabalho voluntário desenvolvido pelos membros do Grupo. Além disso, o S. O reflete sobre o fato dele trabalhar de garçom e andar bastante, realizando, desta forma, uma atividade física. Sobre as atividades físicas predominantes desenvolvidas nos Grupos de Convivência de Idosos, destacou-se de forma única e exclusiva na fala dos sujeitos a dança. Pressupõe-se que a cultura da região e a descendência germânica possam ter influência sobre a prática e a preferência da dança para estes sujeitos. Verificou-se, também, que os sujeitos praticam a dança como uma atividade prazerosa e praticada de forma livre, ou seja, nada imposto, os idosos gostam de dançar, por isso é a atividade predominante. O S. O aborda também a dança como a atividade física dominante no grupo, porém, destaca que devido ao fato de auxiliar como garçom caminha bastante durante os encontros. 4.4.8 - As atividades que o Grupo de Convivência oferece são suficientes? Como deveria ser? Nesta categoria procurou-se verificar através dos relatos dos sujeitos se as atividades que são oferecidas através dos Grupos de Convivência são suficientes, além disso, buscaram-se informações que auxiliem a compreensão de novas 164 atividades se realmente necessárias. Apesar das respostas serem pessoais darão um panorama de prós e contras sobre a suficiência de atividades existentes. No Grupo de Convivência de Idosos Amizade dois sujeitos deram o entender através de seus relatos que as atividades oferecidas pelo Grupo são suficientes. O S. I disse: “eu acho que tem bastantes atividades, tem danças folclóricas, tem ginástica”. O S. J também se sente satisfeito com as atividades: “pra mim tá bom, pra nós assim tá beleza, tá bom”. Apesar dos sujeitos enfatizarem a dança como a atividade principal, muitos relatos dos sujeitos participantes abordam que poderiam haver outras atividades. O S. E diz: “olha quem sabe uma atividade nova seria bom, porque às vezes a gente fica um pouco aborrecido, e assim teria umas coisas novas”. (...) Seria bom se tivesse um dia separado a física da dança de quinta-feira, eu achava que seria melhor (...), então aquela hora que você tem certeza que tem um professor ali e aquele dia é destinado para aquilo ali, porque é bom para todas as pessoas. Então, eu acho que deveria ter um dia, meio-dia, destinado só para o físico. (S. H) Eu acho que seria bom mais atividades, porque acho muito bom para os idosos, porque eles saem de casa, se agrupam com o pessoal, conversam mais e antes não tinha a dança folclórica, o alongamento, era só o encontro da quinta-feira. (S. F) No nosso clube tava (sic!) faltando, primeiro, na quinta-feira tinha só a dança, mas agora tem curso de física, de dança, já melhorou! (...) Existem outros clubes que tem curso de crochê, de tricô e isso aqui não tem, eles fazem em casa essas atividades. (S. K) As falas dos Ss. F e K relatam a necessidade de haver mais atividades a serem desenvolvidas no Grupo, porém, enfatizam que já houve uma melhora através da implantação dos projetos existentes (dança folclórica, alongamento e coral). Pois através dos relatos, verifica-se que inicialmente os Grupos de Convivência ofereciam somente a programação das quintas-feiras, predominando exclusivamente a dança. A fala do S. G aponta a distância da residência até o Grupo de Convivência como um empecilho para participar de atividades extras, tendo em vista que, a Prefeitura Municipal não cede locomoção para os idosos com exceção dos encontros de quinta-feira. 165 Poderia ter outras, mas eu não participaria, pois é longe pra gente ir como eles querem que a gente vai (sic!) nas físicas, mas a gente tem que depender de outros, pois falta condução, porque quando a gente vai na quinta feira e tem ônibus, ele passa aqui na esquina, porque sabe é longe pra gente ir a pé (...) eu sei andar de bicicleta, mas eu não gosto muito, tem muita amiga minha que já caiu e se machucou de bicicleta, então eu tenho muito medo (...) Outra coisa é que a gente deveria ter pelo menos três vezes por semana, só uma vez não é bom porque o corpo não acostuma. (S. G) Outro ponto levantado pelo S. G foi de que a atividade física deve ser praticada no mínimo três vezes durante a semana para alcançar o objetivo proposto. Matsudo et. al. (2001), abordam a necessidade de uma atividade física destinada a pessoa idosa em que volume, intensidade, duração, intervalo e repouso estejam interligados harmoniosamente e coerentemente com a faixa etária proposta e a individualidade biológica para que se possa alcançar resultado no seu objetivo inicial. No Grupo de Convivência de Idosos Paz e Amor as informações obtidas através do relato dos sujeitos são semelhantes ao Grupo Amizade, desta forma, apenas o S. N considerou as atividades desenvolvidas suficientes: Pra mim é suficiente, eu até escolho os dias que eu vou... e quando tem festas a gente vai, mas o dia que eu mais participo é nas segundas-feiras. Mas eu participo dos encontros porque eu gosto mesmo, ninguém me pedi (sic!) para ir... quando estou com vontade, vou, quando não estou, não vou. (S. N) São vários os sujeitos que não consideram suficientes ou satisfatórias as atividades desenvolvidas no Grupo de Convivência, são exemplificados através das falas dos Ss. M e Q: Olha, se tivesse mais uma coisa, uma física, eu participaria, quanto mais a gente participa e faz física, melhora... A gente quer caminhar, mas a gente esquece e deixa, mas se tem um programa que tu tá (sic!) junto a gente se obriga a fazer. (S. M) Não são suficientes, a gente também faz outras atividades, a gente faz caminhadas e sai bastante passear ou andar de bicicleta. Acho que poderia sim, ter um dia por semana ou dois com atividades físicas, seria bom, não só as danças (...). Eu participaria sim! (S. Q) Os relatos apresentados indicam que as atividades desenvolvidas no Grupo de 166 Convivência não são suficientes, no entanto sugerem que novas propostas fossem efetivadas no sentido de proporcionar afazeres aos idosos que não ficassem somente restritos a dança, além disso, a sugestão é de que as atividades propostas fossem executadas em dias distintos dos encontros de quinta-feira. Um contraponto sobre incluir novas atividades em dias distintos de quintafeira é apresentado através da fala do S. L: (...) A gente percebe que faltam outras atividades no clube: atividades culturais, palestras sobre alimentação, saúde... só que prá isso você teria que escolher um outro dia da semana (...) e aí já vem a coisa do custo, ter que colocar o ônibus, aquela coisa toda, se torna mais difícil a pessoa ir especialmente para o clube para assistir uma palestra ou outra atividade e por isso ficam prejudicada estas outras atividades que não a dança. Por isso fica praticamente restrito à dança as atividades do clube. Então, realmente faltam atividades, mas teria que fazer em outra data que não fosse o dia da dança, porque aí fica muito pouco tempo pra dança. Em época de aula os ônibus que transportam os idosos são os mesmos que transportam os alunos, então eles tem que vir mais cedo para dar tempo de “entregar” os idosos e ir buscar os alunos ainda. (S. L) A fala do SUJ. P chama a atenção em abordar outro ponto: O clube é uma sociedade que se propõe a determinada meta, eu entendo que ele não é uma coisa completa, mas porque existem muitas diferenças entre as pessoas, então um clube não pode atingir todos os objetivos dos indivíduos, então o clube oferece determinadas opções, mas não pode completar tudo, eu entendo que outras atividades relacionadas a saúde, a educação física assim devem existir. (S. P) Verifica-se através do relato do S. P que o idoso visualiza as pessoas com suas diferenças, seus gostos e suas preferências, desta forma, seria difícil uma iniciativa que contemplasse inteiramente os anseios de uma determinada população. Neste sentido, fortalece-se a idéia do indivíduo ter o conhecimento da sua realidade para que ele possa decidir sobre as situações a serem tomadas e as suas escolhas. A questão do curto período de tempo também foi mencionada no Grupo de Convivência de Idosos Paz e Amor através da fala do S. S: 167 Olha, eu acho que essa tarde é muito curta, pois começa depois das duas, depois tem um culto, uma missa, até que vai nas danças (sic!) já é 20 pras três, e daí entre 20 pras três e às quatro, tem um lanche, e até as cinco e meia acaba sendo um pouco curto. (S. S) Predominaram na fala dos sujeitos de ambos os Grupos, com exceção apenas dos Ss. I, J e N que as atividades oferecidas pelos Grupos de Convivência de Idosos não são suficientes para atender aos diversos gostos. Os sujeitos destacaram a necessidade de haver novas atividades. A partir dos relatos dos sujeitos dos dois Grupos de Convivência sugere-se alguns pontos a serem refletidos para contemplar e fortalecer as atividades a serem desenvolvidas pelos idosos: • A dança é uma preferência unânime nos dois Grupos de Convivência de Idosos; • Devido ao grande número de participantes em ambos os Grupos de Convivência e a diferença existente entre os indivíduos, torna-se difícil propor uma atividade que contemple os gostos e anseios de toda população; • O tempo do encontro de às quintas-feiras tem pequena duração; • O transporte até os Grupos de Convivência é um fator que limita a participação; • As atividades existentes nos Grupos são bem aceitas pelos participantes; • Novas atividades devem ser inseridas em dias extras aos encontros de quinta-feira, porém a participação em dias extras não é maciça por parte dos idosos devido aos custos em geral. Sendo assim, para pensar numa intervenção a esta população é necessário conjeturar sobre estes aspectos apontados pelos idosos. Pois de acordo com Ayres (2004) relativo ao ideário da Promoção da Saúde é fundamental uma avaliação autocompreensiva e sócio-histórica em que pessoas participem desta reconstrução para atingir as necessidades e aspirações humanas desta população. 168 4.4.9 - A influência ou não da descendência de alemães De acordo com Akerman et. al. (2004); Uchôa (2003) reconhecer e explicitar as diferenças de identidades culturais é ponto fundamental para estabelecer vínculo da vivência do indivíduo durante as etapas da vida com o processo de envelhecimento. Pois, as características influenciadoras desta cultura indicam que trarão um significado melhor para o contexto do idoso. Desta forma, o objetivo desta categoria é verificar através do relato dos sujeitos dos dois Grupos de Convivência estudados se existe influência da descendência sobre os indivíduos envolvidos, os Grupos, as atividades desenvolvidas, dentre outros fatores mencionados. Tendo em vista que o Município de Marechal Cândido Rondon possuí uma forte descendência germânica devido ao processo de colonização (WEIRICH, 2004). Foi verificado nesta categorização que a dificuldade da maioria dos sujeitos em expressar-se e apresentar suas idéias ocorre devido a baixa escolarização ou até mesmo ao não domínio completo do idioma português, tendo em vista que o fato de muitos dos entrevistados ainda falarem em alemão pode ter influenciado e deixado algumas respostas vagas. Em relação ao Grupo de Convivência Amizade boa parte dos entrevistados relataram que a descendência de alemães exerce influência sobre o contexto dos Grupos e dos idosos, porém não conseguiram justificar suas respostas, por exemplo o S. F disse: “a cultura é diferente...”. A fala do S. I também afirma que existe diferença: “eu acho que sim, porque o alemão tem aquela tradição do interior, da colônia, tradicional, eles são mais determinados”. A questão do relacionamento social é apontada pelo S. J: Ah, tem diferença! Eu acho que tem diferença, porque eu morava em Medianeira e lá é mais italiano e lá não tem essa convivência que tem aqui, porque o italiano não faz aquela amizade que o alemão faz (...). Eu sou alemão também, mas é uma facilidade enorme de se fazer amizade aqui comparando com Medianeira. (S. J) O relato do S. K afirma não ter influência da descendência germânica sobre o contexto dos idosos: “eu não acho muita diferença”. Observa-se também neste 169 momento uma falta de argumentação para justificar o porquê não existe ou não percebe influência sobre a conjuntura. No Grupo de Convivência de Idosos Paz e Amor foi possível verificar que as falas não divergem do Grupo Amizade. Sobre o idioma falado por alguns indivíduos o S. M diz: “eu nem sei pronunciar bem as palavras em português, somente algumas. Pois a gente conversava em alemão em casa e até na escola entre nós alunos a gente conversava em alemão. A minha mãe não sabia falar em português”. Sobre a cultura, através da fala do S. M é possível verificar que a tradição exercida nas atividades desenvolvidas nos Grupos já vem desenvolvendo-se e passando de geração a geração: É um pouco diferente, eu acho que já vem... os alemães tem mais essas danças, hinos tradicionais da Alemanha, porque a gente ainda canta em alemão no coral. Sempre sai um hino, dos três hinos que cantamos quarta feira, um hino é sempre em língua alemã, isso já vem de antigamente. (S. M) Uma questão importante e que apenas o S. P apontou foi a ocorrência de um preconceito explícito, representado através do racismo, que de acordo com Weirich (2004) aconteceram muitas discriminações raciais no período de desenvolvimento do município, fato este marcado principalmente pela hegemonia da raça branca sobre a negra: Olha, eu acredito que sim, que tenha determinada interferência, sempre tem, associado a isso nós temos o racismo, isso não existe só aqui, mas onde tem uma etnia maior de uma raça, ele sempre dá um certo domínio sobre as outras. Mas, acho que o que mais dá interferência para mim é como a pessoa foi criada, quais são os pensamentos que ela tem sobre a sociedade, o que ele acha correto e o que ele aprendeu no passado dele. Eu acho que isso tem a maior interferência, por exemplo: eu fui criado de tal forma que o racismo; eu não posso dizer que eu não tenho nada, nada... nada disso na minha genética, mas o que foi dito pelos meus antepassados e pelos exemplos que eles me deram, o racismo é uma coisa que depende da cultura originária e não de uma etnia. (S. P) Entretanto, houve relatos que abordaram não ocorrer o racismo, além disso, consideraram não haver diferença ou influência da descendência de alemães sobre o comportamento dos indivíduos e as características dos Grupos. O S. Q disse: “eu não 170 tenho nada contra raças de pessoas, porque entre todas as raças e religiões, existem pessoas boas e ruins, só que a colonização aqui é mais de alemães e italianos, mas é tudo gente boa e não tem diferença”. O S. N afirmou: “não, não, é a mesma coisa, é tudo na cabeça de cada um”. Através das falas dos sujeitos pertencentes aos dois Grupos de Convivência pode-se verificar que a descendência européia, principalmente germânica é traço marcante nas características pessoais, regionais, de costumes e idioma, portanto existe influência sobre os determinantes, com exceção apenas dos Ss. K, Q e N que enfatizaram não haver diferença entre a cultura. Além disso, as atividades predominantes nos Grupos de Convivência caracterizam-se em grande parte com traços germânicos. A forte descendência de alemães nos indivíduos pertencentes aos Grupos de Convivência traz consigo algumas implicações sobre a característica dos participantes: as atividades propostas são passadas de geração a geração; as questões de tradicionalismo são enfatizadas; os idosos pertencentes aos Grupos são predominantemente de descendência de alemães, ocorrendo discriminações a outras raças conforme fala do S. P. 4.5 - A AVALIAÇÃO DOS IDOSOS: IMPLICAÇÕES SOBRE A CRIAÇÃO DE PROPOSTA EM EDUCAÇÃO FÍSICA Em consonância com a obtenção do segundo objetivo deste estudo, a presente etapa caracterizar-se-á por ofertar um modelo de avaliação pré-implantação de um programa de educação física à luz do ideário da promoção da saúde para idosos participantes dos Grupos de Convivência de Idosos da sede do município de Marechal Cândido Rondon – PR, denominados “Amizade” e “Paz e Amor”. A análise e avaliação realizada nos variados aspectos que compõem as características ambientais e pessoais dos participantes e dos dois Grupos de Convivência de Idosos permitiu constatar que apesar de serem distintos, ambos os Grupos possuem características semelhantes em todos os aspectos analisados, sendo que as principais diferenças encontradas foram inter-participantes nos respectivos grupos. Isso significa que as variações individuais, especialmente na velhice são 171 marcas significativas, levando-nos a considerar que grupos comuns apresentam diferenças importantes entre seus participantes. Desta forma, as reflexões e considerações apontadas neste momento são em comum para ambos os Grupos de Convivência de Idosos, baseadas na multiplicidade de instrumentos, procedimentos e técnicas utilizados e anteriormente descritos. A seguir, em função da avaliação realizada, é proposta uma reflexão sobre os itens que devem ser levados em conta para que um programa de educação física possa ser desenvolvido nos grupos de convivência. (A) A identidade cultural Reconhecer e explicitar as diferenças das identidades culturais é um aspecto a ser considerado na contextualização da promoção da saúde, assim sendo, verificouse que o município de Marechal Cândido Rondon possui fortes traços herdados de descendência germânica, fortalecidos por costumes e tradições trazidos de gerações anteriores que enaltecem uma cultura repleta de valores próprios. As atividades dos Grupos de Convivência de Idosos são desenvolvidas obedecendo a muitos dos valores repassados pelos antepassados, com o intuito de preservar certos costumes como os observados, por exemplo: o idioma, a cultura religiosa, as danças típicas, as músicas tradicionais e as brincadeiras. Presume-se que a participação efetiva dos idosos de Marechal Cândido Rondon, representando 65,58% do total da população de idosos participantes de um Grupo de Convivência, esteja relacionada com fatores que preconizam os aspectos citados relacionados à cultura germânica, ou seja, aquilo que condiga com o modo que o indivíduo viveu durante a sua vida. Considerando, então, a questão da identidade cultural como forte influenciadora das atividades existentes nos grupos; para essa população as atividades e atividades físicas devem ser propostas levando-se em consideração tais aspectos inerentes à vida e cotidiano destes indivíduos, fortalecendo, respeitando e valorizando os conhecimentos e experiências locais. Assim, antes de propor a prática de atividades físicas impostas pelos modelos mais comuns, seria importante propor aos idosos uma reflexão sobre o quanto as práticas já realizadas por eles – a dança, os jogos – são importantes, tanto para a manutenção da identidade cultural quanto para o estímulo às capacidades motoras 172 mais envolvidas em sua realização. Assim seria possível continuar a valorização e ampliar o conhecimento sobre as atividades conhecidas, aumentando as relações conscientes entre a prática e o estímulo à condição física, emocional e social. (B) As características sócio-demográficas Reconhecer as potencialidades da localidade e refletir sobre as ações a serem desenvolvidas para determinado contexto é uma das premissas fundamentais da promoção da saúde. Desta forma, as características relativas aos aspectos sóciodemográficos dos idosos dos Grupos de Convivência são relevantes para que as atividades possam ter relação e significado com e para o indivíduo. Em relação à ocupação, a ocorrência maior é de aposentados, presumi-se que devido à aposentadoria, os sujeitos desfrutem de menor restrição quanto aos períodos do dia para participação de atividades. Quanto ao nível de escolarização, a constatação de que é predominante entre os participantes possuírem apenas o primário e nem sempre completo, traz a importância da adequação das atividades, especialmente em relação à linguagem e à utilização de material impresso que levem em conta o nível de escolarização. Isso não limita nem o tipo nem a qualidade e profundidade das informações, mas deve dirigir o profissional à escolha adequada das formas de comunicação que conduzam de fato á aprendizagem adequada a essas pessoas. Ao mesmo tempo, considerando que menos de 10% em cada Grupo possuem maior nível de escolarização, o estímulo a outras formas de aprofundamento do conhecimento podem ser sugeridas àqueles que têm outro tipo de desenvolvimento em relação à linguagem e ao pensamento. No entanto, é importante considerar que todos podem ser estimulados por meio de desafios. Outro aspecto a ser considerado é o econômico, os participantes do presente estudo foram classificados na classe social C, conforme referência da ANEP, considerando-se que a média de renda salarial da família não ultrapassa cinco salários mínimos mensais. Este fator implica de forma indireta sobre a criação de um programa, pois pessoas menos favorecidas possuem dificuldades para comprar materiais específicos para a prática (tênis, roupa, acessórios, dentre outros). Além disso, uma alimentação não balanceada, devido a falta de nutrientes (escassos 173 alimentos) poderá afetar o desenvolvimento físico, social, psicológico, mental, entre outros. Em relação aos ambientes, e acessibilidade a elaboração de um programa de educação física destinado aos idosos deve atender a princípios básicos, como espaços adequados e localização privilegiada, pois percebe-se nas respostas dos entrevistados que os sujeitos têm certo receio em utilizar o transporte coletivo e, ao mesmo tempo, não gostam da sensação de dependência de amigos ou parentes, no que se refere ao deslocamento de um local para outro. Estes aspectos devem ser analisados com os idosos bem como com o poder público sobre quais meios seriam adequados para facilitar o acesso aos locais de prática. Ao mesmo tempo, traz a importância de uma reflexão profunda sobre os motivos que levam os idosos a sentirem-se com receio de usarem o serviço de transporte coletivo, bem como a dificuldade em aceitarem o auxílio de outros. Refletir em conjunto com os participantes sobre estas situações poderá levá-los à estratégias de enfrentamento e busca de soluções para estas questões. (C) Organização e Planejamento A organização foi um aspecto verificado nos Grupos de Convivência. As atividades são programadas antecipadamente, os participantes são bastante ativos e respeitam as normas, direitos e deveres do estatuto e regimento interno dos Grupos. É provável que devido a esta disciplina e organização dos Grupos e participantes, as atividades tenham êxito. Sendo assim, considera-se essencial inserir preceitos juntamente com a participação dos próprios idosos, favorecendo a idéia de empowerment na comunidade, ou seja, os sujeitos protagonistas do processo inserem leis e normas para que eles mesmos as cumpram e possam gozar dos direitos. Desta forma, acredita-se que a realização de reuniões periódicas para tratar de assuntos pertinentes à organização dos Grupos, não somente com os membros da diretoria, mas com a população em geral, inclusive, com membros da sociedade, como: médicos, enfermeiros, políticos, bancários, professores, advogados dentre outros profissionais que poderiam auxiliá-los, capacitando-os através de informações, 174 trocas de experiências, encorajando-os ao diálogo e à reflexão, a fim de facilitar todas as formas de desenvolvimento do conhecimento para todos os envolvidos. Entretanto, a intervenção realizada pelos profissionais não deve ser realizada de forma impositiva, mas sim participativa com a população – numa dimensão horizontal. Desta forma, todos os sujeitos são responsáveis pelo planejamento das atividades e normas a serem cumpridas para que possam estar coerentes com as necessidades da população em questão. No caso específico da criação de um programa de educação física, com palestras de médicos, nutricionistas e profissionais de educação física, poderão incitar reflexões sobre o impacto do tempo sobre variáveis de saúde que podem sofrer interferência positiva pela participação em programas de exercícios. É importante que estas palestras sejam conduzidas de modo a facilitar a participação de todos, levando em conta os níveis de escolarização, experiências e histórias de vida dos integrantes do grupo. A seguir poderão ser propostas questões sobre qual tipo de organização será necessária caso os participantes tenham interesse em construir um programa de educação física no grupo. O envolvimento dos participantes deve ser considerado, tendo em vista que muitos deles são responsáveis pela organização dos Grupos. Desta forma, deve-se priorizar a participação e auxílio efetivo dos integrantes, bem como incentivar os demais a participar das escolhas, desenvolvimento e execução das atividades propostas. As intervenções a serem desenvolvidas com os participante dos dois Grupos de Convivência devem ser efetuadas de forma cautelosa, pois eles vêm de uma tradição fortalecida por atividades rotineiras, ou seja, que são repetidas a cada semana que se passa, sendo assim, os integrantes estão acostumados às atuais atividades. Porém, deve-se conduzir para a reflexão e ampliação do conhecimento que possa levar à mudança de forma progressiva e contínua, caso seja de interesse do grupo. 175 (D) Aos níveis habituais de atividade física, dados antropométricos e indicadores de aptidão física. O nível habitual de atividade física encontrado foi classificado como mais ativo com base em estudos da área. Também foi demonstrando que os participantes mais jovens (entre 60 e 69 anos) são mais ativos comparados aos mais velhos (acima de 70 anos). Além disso, verificou-se que as atividades mais praticadas referiam-se àquelas relacionadas ao trabalho doméstico. Estes aspectos sugerem a importância que os sujeitos tomem conhecimento do seu nível de atividade física frente as suas atividades diárias, tanto esportivas, recreativas quanto as de trabalho e, de posse disso, possam perceber se há necessidade de aumentarem o nível de atividade física de acordo com a sua vontade ou necessidade, fortalecendo a idéia da autonomia. No entanto vale ressaltar mesmo que tenham impacto positivo sobre o nível de prática de atividade física, é importante que os participantes reconheçam que a prática das atividades físicas relacionadas ao trabalho constituem-se numa forma de manutenção das condições de vida. Muitas vezes essas ações relacionadas ao trabalho não são necessariamente prazerosas. Assim, é importante que eles reconheçam que participar de um programa de educação física pode ser um meio de encontrarem não apenas meios de manutenção de suas aptidões físicas e funcionais, mas formas de desenvolverem práticas prazerosas, práticas que se traduzam em auto cuidado. Que sejam capazes de estimular a fruição do tempo, a aprendizagem e o desenvolvimento de vínculos sociais e afetivos positivos. Em relação aos indicadores antropométricos analisados através do IMC e circunferência abdominal, verificou-se que, em ambos os Grupos e gêneros, os valores médios apresentados encontram-se acima dos recomendados pela OMS, com indícios de relação com o surgimento de doenças. Novamente sugere-se que palestras de médicos, nutricionistas e profissionais de educação física poderão incitar reflexões sobre o impacto do tempo sobre variáveis de saúde que podem sofrer interferência positiva pela participação em programas de exercícios. Vale reforçar que apenas palestras relacionadas à saúde, controle de peso, nutrição, hábitos alimentares que auxiliem no processo de informação à população, são importantes, mas não são, isoladamente, capazes de mudar comportamentos. Desta forma, sugere-se um processo educativo, capaz de fazer com que os indivíduos tomem 176 consciência de si e dos recursos que possuem para que possam gerenciar o problema. Outro aspecto importante é a necessidade da participação de uma equipe médica na avaliação clínica dos participantes dos grupos, com vistas à detectar pessoas com indícios a ter doença. Além disso, uma equipe que forneça informações no sentido de capacitar os sujeitos e, desta forma, poderem gerenciar melhor suas condições de saúde/doença. Os resultados dos testes de aptidão física apresentados no presente estudo parecem ser satisfatórios se comparados à literatura, pois corrobora com o resultado de inúmeras pesquisas. Entretanto, a ênfase a ser dada nesta fase não deve ser geral, mas sim, individual, no sentido de possibilitar ao indivíduo o conhecimento sobre suas capacidades físicas, limites e possibilidades, antes, durante e após a prática. Neste sentido, faz-se necessário a avaliação, permitindo ao sujeito conhecer em que nível encontra-se e visualizar se condiz com suas necessidades, como no caso do SUJ. P que percebe que a prática sistemática do exercício físico foi um aspecto importante na manutenção da capacidade flexibilidade. É importante relacionar o nível da capacidade física com a realização das capacidades funcionais, podendo ser uma forma de aprendizado para essas pessoas. (E) História de vida frente à prática de atividades físicas A história de vida dos participantes parece limitar um conhecimento mais amplo sobre a educação física e as práticas de atividades físicas, pois a Educação Física nas décadas de 50 e 60 não tinha reconhecimento social, além disso, também foi verificado, através das falas dos sujeitos, que não existia uma educação física escolar com objetivos específicos relacionados a um corpo de conhecimentos como conhecemos na atualidade. As atividades eram desenvolvidas por métodos empíricos, sem alicerces científicos e desvinculadas de uma prática pedagógica. Para os sujeitos que relataram o desenvolvimento de aulas de educação física durante os seus anos escolares, estas se caracterizaram através da tendência militarista, que concebia princípios de civismo e patriotismo. Além disso, a prática de atividades físicas ao longo da vida desses sujeitos apresentou-se vinculada às atividades de trabalho, pois foram estes indivíduos que 177 participaram do início de desenvolvimento do município de Marechal Cândido Rondon. Assim, o trabalho exigia-lhes muito esforço físico, considerando-se especialmente a vocação agrícola do município. Devido à valorização e a necessidade do trabalho, a prática de atividades físicas não relacionadas ao trabalho estiveram ausentes da vida dos sujeitos. As características relacionadas a uma vida em que indivíduos trabalharam muito e com tarefas de esforço físico extremo trazem implicações importantes para a formulação de um programa de educação física para esta população. Dentre estas implicações, levar os participantes a considerarem a velhice como uma fase em que é possível conhecer, aprender e descobrir novas possibilidades é imprescindível para que estas pessoas disponham-se ao novo. Se a história de vida até aqui não os levou a pensarem sobre a possibilidade de prática e de novas aprendizagens, conhecer, experimentar, participar e conversar sobre estas experiências constitui-se como mais uma escrita ao longo de suas histórias de vida. Assim, considera-se que até aqui a história pessoal não traz o impacto do conhecimento ou vivência em relação às atividades físicas, mas isso não limitará a participação dessas pessoas, desde que elas se considerem aptas e dispostas a novas descobertas, experiências e participações. Considerando especialmente que alguns participantes demonstraram interesse em engajarem-se num programa. Estas reflexões significam que os profissionais envolvidos devem dedicar-se a apresentar práticas que tenham como meta o encantamento e a construção de significados para a vida destas pessoas. Alguns sujeitos como no caso do H, I, L dentre outros, relataram que a velhice é uma fase muito boa, pois se tem menos responsabilidades com tarefas de trabalho e, desta forma, existe maior tempo livre para atividades prazerosas. Citam a atividade física como uma prática importante no processo de prevenção de doenças e manutenção de desempenho nas capacidades funcionais. Desta forma, presume-se que estão dispostos a praticarem a atividade, mesmo considerando a ausência deste tipo de prática ao longo de suas vidas. Através das respostas obtidas, alguns sujeitos apontam que as atividades físicas atuais oferecidas pelos Grupos de Convivência não são suficientes no atendimento às expectativas dos participantes. Entretanto, o curto período de tempo 178 durante os encontros das quintas-feiras é apontado como um aspecto limitador para que novas atividades sejam inseridas. Desta forma, novas atividades físicas propostas a esta população devem ser combinadas e marcadas para datas extras encontros. Além do curto período de tempo dos encontros semanais apontado pelos idosos como aspecto limitador para a inserção de novas atividades, a diminuição do período de tempo destinado às danças foi outro aspecto apontado pelos sujeitos, pois a dança é considerada a principal e mais agradável atividade desenvolvida nos Grupos de Convivência, aparecendo como uma feição importante na fala de todos os entrevistados. Desta forma, torna-se inviável e contra a vontade dos participantes, a inserção de um programa de educação física durante o período dos encontros, pois diminuiria o tempo destinado à uma atividade prazerosa. A partir da constatação de que um programa de educação física para a proposta população deve ser realizado num dia “extra-encontro”, torna-se necessário analisar quais as formas mais coerentes de envolvê-los e convidá-los à participação. Desta forma, sugere-se que as ações destinadas à adesão ao programa devem ser norteadas por princípios de informações da população interessada, ou seja, durante as informações gerais dos encontros fazer o uso da palavra e convidálos a participarem da formulação do programa, apresentando os principais aspectos e não obrigando a participação. Após o engajamento no proposto programa inicia-se o processo de capacitação dos indivíduos seguindo os princípios da promoção da saúde, fornecendo-lhes informações adequadas através de ambientes favoráveis que possam beneficiar aos indivíduos oportunidades de conhecer e controlar os determinantes de sua saúde, abordando a prática da atividade física como importante componente neste contexto. Devido ao grande número de participantes em ambos os Grupos de Convivência e a diferença existente entre os indivíduos, torna-se difícil propor um programa ou uma atividade que contemple os gostos e anseios de toda população ao mesmo tempo. Neste sentido, deve-se oportunizar a participação das pessoas nas escolhas, realizando, inicialmente um “rodízio” de atividades e ao mesmo tempo em que sejam propostas discussões e reflexões sobre a participação. Neste sentido a 179 necessidade de capacitar indivíduos através de acessibilidade às informações, é considerado aspecto fundamental para que eles possam exercer sua autonomia e refletirem sobre a prática da atividade física no sentido de estabelecer conhecimentos que respondam tais interrogações: para que fazer? por que fazer? como fazer? onde fazer? 180 5 – CONSIDERAÇÕES FINAIS Decorrente da análise e avaliação sobre as características ambientais e pessoais dos participantes dos Grupos de Convivência de Idosos de Marechal Cândido Rondon foi possível ordenar pontos a serem considerados e que possuem implicações sobre a criação de uma proposta em educação física para idosos à luz da promoção da saúde. Com base nestas análises e interpretações propostas neste estudo foram elaboradas algumas considerações conclusivas: Torna-se fundamental considerar os seguintes aspectos de avaliação em promoção da saúde e relacioná-los às análises realizadas com os idosos e os Grupos de Convivência: respeitar e valorizar os conhecimentos e experiências locais; reconhecer e explicitar as diferenças das identidades culturais, sociais e econômicas entre os distintos focos da avaliação, sejam eles populações, grupos sociais, comunidades, organizações ou indivíduos; a avaliação deve utilizar uma combinação equilibrada de métodos, técnicas e instrumentos qualitativos e quantitativos; se basear nas potencialidades da comunidade; encorajar o diálogo e a reflexão a fim de facilitar todas as formas de desenvolvimento do conhecimento para todos os envolvidos. Na reflexão sobre a criação de um programa de educação física os sujeitos devem ser reconhecidos como parte do processo, desta forma, sugere-se que sejam considerados os seguintes aspectos: • Tomem consciência de si, ou seja, de seu conhecimento, limites e possibilidades; • Tenham acesso às informações; • Fortalecer a idéia de autonomia e empowerment dos indivíduos; • Conduzir para a ação e mudança; • Valorização de todos os participantes; • Os indivíduos devem participar ativamente das decisões (como protagonistas e não coadjuvantes); • Transmitir espírito de esperança, perseverança, felicidade e fé. 181 Em relação ao objetivo “analisar e avaliar o entorno relativo às características ambientais e pessoais participantes dos Grupos de Convivência de Idosos ‘Amizade’ e ‘Paz e Amor’”, verificou-se que, através das diversas análises que ambos possuem características muito semelhantes em todos os itens avaliados, embora um dos Grupos seja de iniciativa pública e outro de iniciativa privada. A descendência germânica é predominante entre os participantes dos Grupos de Convivência de Idosos que prezam por considerar costumes e tradições oriundas das gerações anteriores, implicando nas características das atividades desenvolvidas que possuem significados e valores para esta população. Isso foi claramente evidenciado através do relato dos sujeitos e observação analisada. A história de vida desses sujeitos caracterizou-se em especial pelo trabalho desenvolvido ao longo dos anos, trabalho este que exigiu muito esforço físico destes indivíduos. No momento de colonização do município o trabalho além de ser valorizado era uma necessidade emergente para o desenvolvimento. Através dos relatos dos idosos verificou-se que as atividades de outra natureza, como fruição do tempo livre ou para ganhos relativos à saúde não eram preocupações, seja por esta ênfase dada ao trabalho. A agricultura é característica do município e da região, sendo assim, os sujeitos desta região tiveram durante o período de trabalho, atividades relacionadas à agricultura. Os Grupos de Convivência de Idosos podem-se revelar como um espaço de preenchimento do tempo livre, interação entre os idosos, momentos de lazer e diversas vivências. Os sujeitos relataram a importância dessa iniciativa para as suas vidas, considerando que atualmente o idoso tem ocupação devido a existência de programas destinados a essa população, pois na época de seus pais não existiam tais iniciativas. Durante a observação sistemática foi verificado que o encontro é considerado pelos participantes como um dia especial demonstrado através de atitudes e olhares que revelavam alegria e felicidade. A fala do S. R comprova esta observação: “(...) quando acaba um encontro no outro dia é pensar no próximo, é só isso. A gente sempre espera aquele dia bonito (...)”. A análise dos documentos (Estatuto e Regimento Interno) tanto em relação à estrutura quanto ao funcionamento revelaram que os Grupos respeitam e mantêm 182 uma organização previamente estabelecida. Ambos possuem uma diretoria responsável pela coordenação das tarefas, direitos e deveres. As atividades programadas para os encontros semanais são desenvolvidas através de uma seqüência pré-estabelecida. Não existe uma prática pedagógica que sustente as ações desenvolvidas. No que se refere à atividade física, a atividade predominante e quase exclusiva verificada através da observação e relato dos sujeitos é a dança, considerada por ter caráter sociabilizador e motivador. Presume-se que a cultura da região e a descendência germânica possam ter influência sobre a prática e a preferência pela atividade. Os sujeitos relataram que as atividades propostas pelos Grupos não são suficientes para atender aos diversos objetivos dos participantes, porém, consideram o tempo do encontro curto e não desejam diminuir o período destinado à dança. Sugeriram que outras atividades deveriam ser realizadas em dias extra-encontros. Ainda sobre a atividade física, a média do nível habitual de prática dos sujeitos foi considerada muito ativo de acordo com o IPAQ e as atividades predominantes referem-se aos trabalhos domésticos. A avaliação física e funcional realizada nos sujeitos através dos dados antropométricos (IMC e circunferência abdominal) constatou que em ambas variáveis encontram-se acima dos valores recomendados pela OMS, com indicativos de relação ao surgimento de doenças. Os resultados obtidos através dos valores médios no desenvolvimento dos testes de aptidão física corroboram com os estudos da área. É provável que mesmo os sujeitos que nunca participaram de um programa de atividades físicas tenham índices médios considerados bons devido ao tipo de trabalho exercido ao longo da vida. Estudos na perspectiva da promoção da saúde afirmam que a não adequação das atividades propostas podem prejudicar bastante e não atender às necessidades da população. Neste sentido, torna-se necessário conhecer a realidade e o contexto geral da população, do ambiente e das atividades realizadas. A avaliação é parte fundamental para que possa ter êxito na intervenção proposta, além disso, e prioritariamente, haverá relação com o contexto da população. 183 Em relação ao objetivo “verificar as implicações da avaliação realizada sobre a criação de um modelo de prática de atividade física à luz do ideário da promoção da saúde”, considera-se que a avaliação ampla de diversos aspectos relacionados ao entorno, seja elementar para que as ações da prática pedagógica transcendam a prática sistematizada da atividade física num programa de educação física para idosos, fazendo com que se consiga uma relação direta não apenas com as capacidades físicas e funcionais, mas com a vida do idoso. Além disso, a partir dos resultados e análises conclui-se que o desenvolvimento de intervenções adequadas às características sociais e culturais da população idosa dos grupos investigados depende não só das avaliações físicas, considerando especialmente que do ponto de vista físico eles são semelhantes até aos estudos internacionais, porém a diferença encontra-se nas diversidades das formas de envelhecer, neste caso relacionado aos padrões culturais e necessidade de exercer trabalhos que exigissem um grande esforço físico ao longo de suas vidas. O envelhecimento tem um significado e passa a ser visto como um fenômeno ao qual os indivíduos reagem a partir de suas referências pessoais, ambientais e culturais Sendo assim, é preciso conhecer como os idosos envelhecem, como atribuem significado a este período de suas vidas e como interagem frente à sua experiência. É preciso respeito, valorização e consideração pela pessoa humana, criando condições para que continuem, durante esta fase da vida como cidadãos, com controle sobre seus gostos, necessidades, anseios e expectativas. Como pessoas com futuro, com direito à escolha e definindo suas necessidades e gostos em relação à participação. 184 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ACOSTA-ORJUELA, G. M. Os idosos e a Mídia: Usos, representações e efeitos. In: FREITAS, E. V.; PY, L.; NERI, A. L.; CANÇADO, F. A. X.; GORZONI, M. L.; ROCHA, S. M. Tratado de Geriatria e Gerontologia. Rio de Janeiro: Guanabara-Koogan. 2002, p.981-989. ACSM - American College of Sports Medicine. Programa de Condicionamento Físico da ACSM. São Paulo: Manole, 1999. American College of Sports Medicine (2000). ACSM’s guidelines for exercise testing and prescription. (6th ed.). Baltimore: ACSM. ADRIANO, J. R.; WERNECK, G. A. F.; SANTOS, M. A.; SOUZA, R. C. A construção de cidades saudáveis: uma estratégia viável para a melhoria da qualidade de vida? Ciência & Saúde Coletiva, 5(1): 53-62, 2000. AINSWORT, B. E. (2000). Issues in the Assessment of Physical Activity in Women. Research Quarterly for Exercise and Sport, 71 (2), 37-42. AKERMAN, M.; MENDES, R. BÓGUS, C. M. É possível avaliar um imperativo ético? Ciência & Saúde Coletiva, 9(3): 605-615, 2004. AL SNIH, S.; MARKIDES, K. S.; RAY, L.; OSTIR, G. V.; GOODWIN, J. S. Handgrip strength and mortality in older Mexican Americans. Journal Am. Geriatr. Soc. 2002; 50: 1250-56. ALMEIDA, M. I.; SILVA, M. J.; ARAÚJO, M. F. M. Grupo Vida: adaptação bemsucedida e envelhecimento feliz. Revista da Associação de Saúde Pública do Piauí. 1 (2): 155-162. 1998. ALVES-MAZZOTTI, A. J.; GEWANDSZNAJDER, F. O método nas ciências naturais e sociais: pesquisa quantitativa e qualitativa. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2004. ALVES, R. V. MOTA, J. COSTA, M. C. ALVES, J. G. B. Aptidão física relacionada à saúde de idosos: influência da hidroginástica. Revista Brasileira de Medicina do Esporte. V. 10, n. 1. 2004. ANDREOTTI, M. C. Fatores que influenciam a adesão de idosos a um programa de Educação Física supervisionado. Dissertação (Mestrado) – Escola de Educação Física e Esporte, Universidade de São Paulo, 2001. ANDREOTTI, M. C.; OKUMA, S. S.; Perfil sócio-demográfico e de adesão inicial de idosos ingressantes em um programa de Educação Física. Revista Paulista de Educação Física. São Paulo, 17(2):142-53, jul./dez. 2003. 185 ANDREOTTI, R. A. Efeitos de um programa de Educação Física sobre as atividades da vida diária de idosos. Dissertação (Mestrado) – Escola de Educação Física e Esporte, Universidade de São Paulo, 1999. ARAUJO, T. C. N.; ALVES, M. I. C. Perfil da população idosa no Brasil. Textos Envelhecimento. V.3, n.3. Rio de Janeiro, 2000. Associação Nacional de Empresas de Pesquisa – ANEP. (2003). Critério de Classificação Econômica do Brasil (On-line). Disponível em: http://www.anep.gov.br. Acessada em 12/04/2006. ARAÚJO, L. F.; COUTINHO, M. P. L.; SANTOS, M. F. S. O idoso nas instituições gerontológicas: um estudo na perspectiva das representações sociais. Psicologia & Sociedade; 18(2): 89-98: mai./ago., 2006. ASSIS, M.; HARTZ, Z. M. A.; VALLA, V. V. Programas de promoção da saúde do idoso: uma revisão da literatura científica no período de 1990 a 2002. Ciência & Saúde Coletiva, 9 (3): 557-581, 2004. AVEIRO, M. C.; NAVEGA, M. T.; GRANITO, R. N.; RENNÓ, A. C. M.; OISHI, J. Efeitos de um programa de atividade física no equilíbrio e na força muscular do quadríceps em mulheres osteoporóticas visando uma melhoria na qualidade de vida. Revista Brasileira de Ciência e Movimento. 12 (3): 33-38, 2004. AYOUB, E. Ginástica Geral e Educação Física Escolar. São Paulo: Unicamp, 2003. AYRES, J. R. Norma e formação: horizontes filosóficos para as práticas de avaliação no contexto da promoção da saúde. Ciência & Saúde Coletiva, 9 (3): 583-592, 2004. BAGRICHEVSKY, M. PALMA, A. Questionamentos e incertezas do estatuto científico da saúde: um debate necessário na educação física. Revista da Educação Física da UEM, v.15, n.1, 2005. BARBANTI, V. J. Dicionário de Educação Física e Esporte. Barueri: Manole, 2003. BARBOSA, A. R.; SANTAREM, J. M.; FILHO, W. J.; MARUCCI M. F. Effects of resistance training on the sit-and-reach test in elderly women. Journal Strength Cond. Res. 16(1): 14-18, 2002. BARBOSA, A. R.; SOUZA, J. M. P.; LEBRÃO, M. L.; MARUCCI, M. F. N. Relação entre estado nutricional e força de preensão manual em idosos do município de São Paulo, Brasil: dados da pesquisa SABE. Revista Brasileira de Cineantropometria e Desempenho Humano. 2006; 8 (1): 37-44. BARDIN, L. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 2003. 186 BARROS, M. M. L. Envelhecimento, cultura e transformações sociais. In: PY, L.; PACHECO, J. L.; SÁ, J. L. M.; GOLDMAN, S. N. Tempo de envelhecer: percurssos e dimensões psicosociais. Rio de Janeiro: NAU Editora, 2004. BASSIT, A. Z. “Histórias de mulheres: reflexões sobre a maturidade e a velhice”. In: MINAYO, M. C. S.; COIMBRA JR, C. E. A. Antropologia, saúde e envelhecimento. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2002. BASSIT, A. Z. Na condição de mulher: a maturidade feminina. In: PY, L.; PACHECO, J. L.; SÁ, J. L. M.; GOLDMAN, S. N. Tempo de envelhecer: percurssos e dimensões psicosociais. Rio de Janeiro: NAU Editora, 2004. BECKER, D.; EDMUNDO, K.; NUNES, N. R.; BONATTO, D.; SOUZA, R. Empowerment e avaliação participativa em um programa de desenvolvimento local e promoção de saúde. Ciência & Saúde Coletiva, 9(3): 655-667, 2004. BENEDETTI, T. B.; MAZO, G. Z.; BARROS, M. V. G. Aplicação do Questionário Internacional de Atividades Físicas para avaliação do nível de atividades físicas de mulheres idosas: validade concorrente e reprodutibilidade teste-reteste. Revista Brasileira de Ciência e Movimento. 12 (1); 25-34, 2004. BENEDETTI, T. B.; PETROSKI, E. L.; GONÇALVES, L. T. Exercícios físicos, autoimagem e auto-estima em idosos asilados. Revista Brasileira de Cineantropometria e Desempenho Humano. 2003; 5 (2): 69-74. BETTI, M. Educação Física e Sociedade. São Paulo: Movimento, 1991. BOBBIO, N. O tempo da Memória. Rio de Janeiro, Ed. Campus, 1ª ed, 1997. BODSTEIN, R.; ZANCAN, L.; RAMOS, C. L.; MARCONDES, W. B. Avaliação da implantação do programa de desenvolvimento integrado em Manguinhos: impasses na formulação de uma agenda local. Ciência & Saúde Coletiva, 9(3): 593-604, 2004. BOGDAN, R.; BIKLEN, S. Investigação qualitativa em educação. Porto: Porto, 1997. BORGES, M. C. M. O idoso e as Políticas Públicas e Sociais no Brasil. In: SIMSON, O. R. M. V.; NERI, A. L.; CACHIONI, M. As Múltiplas Faces da Velhice no Brasil. Campinas, SP: editora Alínea, 2003. BOSI, E. O tempo vivo da memória: Ensaios de Psicologia Social. 2ª ed. São Paulo: Ateliê Editorial, 2003. BOUCHARD, C. et al. Physical activity, fitness, and health consensus statement. Champaign, IL: Human Kinetics, 1993. 187 BRASIL. Ministério da saúde. As cartas da promoção da saúde. Brasília: MS, 2002. Disponível em: www.saude.gov.br/bvs/conf_tratados.html. BRASIL. Ministério da saúde. Estatuto do Idoso. Brasília: MS, 2003 BREGOLATO, R. A. Cultura Corporal da Ginástica: livro do professor e do aluno. São Paulo: Ícone, 2002. BRUNO, M. R. P. Autonomia e Cidadania: Caminhos e possibilidades para o ser idoso. Revista Kairós. V.4 n.1: 143-153, 2001. BULL, F. C.; JAMROZIK, K. Advice on Exercise from a Family Physician Can Help Sedentary Patients to Become Active. American Journal of Preventive Medicine. v. 15, n.2, p. 85-94, 1998. BUSS, P. M. Promoção da saúde e Qualidade de Vida. In: Ciência & Saúde Coletiva, 5 (1): 163-177,2000. BUSS, P. M. Uma introdução ao conceito de promoção de saúde. In: CZERESNIA, D. Promoção da saúde: conceitos, reflexões, tendência. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2003. BYDLOWSKI, C. R.; WESTPHAL, M. F.; PEREIRA, I. M. T. B. Promoção da saúde: Porque sim e porque ainda não! Saúde e Sociedade. V.13, n.1, p.14-24. jan-abr 2004. CACHIONI, M. Universidades da Terceira Idade: das origens à experiência brasileira. In: NERI, A. L.; DEBERT, G. G. Velhice e sociedade. Campinas: Papirus, 1999. CANÇADO, F. A. X. Envelhecimento cerebral. In: FREITAS, E. V.; PY, L.; NERI, A. L.; CANÇADO, F. A. X.; GORZONI, M. L.; ROCHA, S. M. Tratado de Geriatria e Gerontologia. Rio de Janeiro: Guanabara-Koogan. 2002, pp. 112-127. CAPODAGLIO, P.; CAPODAGLIO EDDA, M.; FACIOLI, M.; SAIBENE, F. Long-term strength training for community-dwelling people over 75: impact on muscle function, functional ability and life style. Eur. J. Appl. Physiol. 2006 Apr 25. CAPONI, S. A saúde como abertura ao risco – In.: Czeresnia, D; Freitas, C. M. (orgs). Promoção da Saúde: conceitos, reflexões e tendências. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2003. CAPRA, F. O Ponto de Mutação: A Ciência, a Sociedade e a Cultura emergente.19ª edição, São Paulo, Editora Cultrix, 1997. CARVALHO, J.; OLIVEIRA, J.; MAGALHÃES, J.; ASCENSÃO, A.; MOTA, J.; SOARES, J. M. C. Efeito de um programa de treino em idosos: comparação da avaliação isocinética e isotônica. Revista Paulista de Educação Física. 17 (1); 74-84, 2003. 188 CASPERSEN, C. J.; POWELL, K. E. & CHRISTENSEN, G. M. (1985). Physical activity, exercise, and physical fitness: definitions and distinctions for health-related research. Public Health Reports, 100(2), 172-179. CHANG, M.; KIM, H.; SHIGEMATSU, R.; NHO, H.; NISHIJIMA, T.; TANAKA, K. Funtional fitness may be related to life satisfaction in older Japanese adults. International Journal of Aging Human development. 53 (1): 35-49, 2001. CHAVES, L. M. et. al. Relação entre variáveis da composição corporal e densidade mineral óssea em mulheres idosas. Revista Brasileira de Medicina do Esporte. São Paulo, v. 11, n. 6 – nov./dez, 2005. CHEIK, N. C.; REIS, I. T.; HEREDIA, R. A. G.; VENTURA, M. L.; TUFIK, S. ANTUNES, H. K. M.; MELLO, M. T. Efeitos do exercício físico e da atividade física na depressão e ansiedade em indivíduos idosos. Revista Brasileira de Ciência e Movimento. 11 (3); 45-52, 2003. CONTE, E. M. T. Indicadores de qualidade de vida em mulheres idosas. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Santa Catarina, 2004. CONTE, E. M. T. Indicadores de qualidade de vida em mulheres idosas. Revista Brasileira de Cineantropometria e Desempenho Humano. 2005; 7 (2): 118. CORNILLON, E.; BLANCHON, M. A.; RAMBOATSISETRAINA, P.; BRAIZE C.; BEAUCHET, O.; DUBOST, V. Effectiveness of falls prevention strategies for elderly subjects who live in the community with performance assessment of physical activities (before-after). Ann Readapt Med Phys. 2002;45(9):493-504. French. COSTA, E. F. A.; MONEGO, E. T. Avaliação geriátrica ampla. Revista da UFG. v.5, n.2, dez. 2003. COUSINS, S. O. Thinking out loud: What older adults say about triggers for physical activity. Journal of Aging and Physical Activity, Champaign, v.9, p.347-363, 2001. COZZANI, M; MAUERBERG-de CASTRO, E. Estratégias adaptativas durante o andar na presença de obstáculos em idosos: impacto da institucionalização e da condição física. Revista Brasileira de Educação Física e Esporte. São Paulo, v.19, n.1, p.49-60, jan./mar. 2005. CRESS, M. E.; BUCHNER, D. M.; PROHASKA, T.; RIMMER, J.; BROWN, M.; MACERA, C.; DIPIETRO, L.; CHODZKO-ZAJKO, W. Best practices for physical activity programs and behavior counseling in older adult populations. Journal Aging Physical Activity. 2005 Jan;13(1):61-74. CZERESNIA, D. O conceito de saúde e a diferença entre prevenção e promoção. In: CZERESNIA, D. Promoção da saúde: conceitos, reflexões, tendência. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2003. 189 DACEY, J.; TRAVERS, J. Human development across the lifespan. Dubuque: WM. C. Brown, 1991. DALEY, M. J.; SPINKS, W. L. Exercise, mobility and aging. Sports Med. 2000; 29(1): 1-12. DANNA, M. F.; MATOS, M. A. Ensinando observação: uma introdução. 4ª Ed. São Paulo: Edicon, 1999. DANTAS, Estelio H. M. A prática da preparação física – 5o ed. Rio de Janeiro: Shape, 2003. DARIDO, S. C.; NETO, L. S. O contexto da Educação Física na escola. In: DARIDO, S. C.; RANGEL, I. C. A. Educação Física na escola: implicações para a prática pedagógica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005. DEBERT, G. G. A reinvenção da velhice: socialização e processos de reprivatização do envelhecimento. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo: Fapesp, 1999. DEMO, P. Pesquisa e construção de conhecimento: metodologia científica no caminho de Habermas. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2004. DIAS, R. M. R.; GURJÃO, A. L. D.; MARUCCI, M. F. N. Benefícios do treinamento com pesos para aptidão física de idosos. Acta Fisiatr. 13(2): 90-95, 2006. DIAS, V. K.; DUARTE, P. S. F. Idoso: níveis de coordenação motora sob prática de atividade física generalizada. Revista Digital edfesportes. 10 (89), 2005. DIBREZZO, R.; SHADDEN, B. B.; RAYBON, B. H.; POWERS, M. Exercise intervention designed to improve strength and dynamic balance among community-dwelling older adults. Journal Aging Physical Activity. 2005, abr; 13 (2): 198-209. DISHMAN, R. K. et. al. The determinants of Physical Activity and Exercise. Public Health Reports. V.100, n.2, p.158-171, mar/apr. 1985. DOLL, J. Luto e viuvez na velhice. In: FREITAS, E. V.; PY, L.; NERI, A. L.; CANÇADO, F. A. X.; GORZONI, M. L.; ROCHA, S. M. Tratado de Geriatria e Gerontologia. Rio de Janeiro: Guanabara-Koogan. 2002, pp. 999-1111. ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente, lei n° 8.069 de 13 de julho de 1990. ELSANGEDY, H. M.; KRINSKI, K.; JABOR, I. A. S. Efeitos do exercício resistido em mulheres idosas portadores de osteoporose. Revista Digital edfesportes. 11 (100), 2006. 190 ELWARD, K. S.; WAGNER, E. H.; LARSON, E. B. Participation by sedentary elderly persons in an exercise promotion session. Fam. Med. 1992. Nov-dez; 24 (8): 60712. ERBOLATO, R. M. P. L. Relações sociais na velhice. In: FREITAS, E. V.; PY, L.; NERI, A. L.; CANÇADO, F. A. X.; GORZONI, M. L.; ROCHA, S. M. Tratado de Geriatria e Gerontologia. Rio de Janeiro: Guanabara-Koogan. 2002, pp. 957-963. ETCHEPARE, L. S.; PEREIRA, E. F.; GRAUP, S.; ZINN, J. L. Terceira idade: aptidão física de praticantes de hidroginástica. Revista Digital edfesportes. 9 (65), 2003. FARIA JUNIOR, A. G. Idosos em movimento: mantendo a autonomia: população e expectativas. In: MARQUES, A. T.; GAYA, A.; CONSTANTINO, J. M. (Eds). Physical activity and health in the elderly. Porto: University of Porto, 1994. p.321-26. FARIA JUNIOR, A. G. Atividades Físicas para idosos – um desafio para a educação gerontológica. In: Anais do 7° Congresso de Educação Física e Ciências do Esporte dos Países de Língua Portuguesa; 1999. ago 26-30, Florianópolis, Brasil, 1999: 119-28. FARINATTI, P. T. V. Autonomia referenciada à saúde: modelos e definições. Motus Corporis. V.7, n.1, p.9-45, 2000. FARINATTI, P. T. V. Atividade Física, Envelhecimento, e Qualidade de Vida. In: V Seminário Internacional sobre Atividades Físicas para a Terceira Idade. São Paulo. Anais. p. 79-86, 2002. FARINATTI, P. T. V. Teorias biológicas do envelhecimento: do genético ao estocástico. Revista Brasileira de Medicina do Esporte. Vol. 8, n. 4 – jul/ago, 2002. FARINATTI, P. T. V.; LOPES, L. N. C. Amplitude e cadência do passo e componentes da aptidão muscular em idosos: um estudo correlacional multivariado. Revista Brasileira de Medicina e Esporte. 10 (5); 389-394, 2004. FEATHERSTONE, Mike. A globalização da mobilidade: experiência, sociabilidade e velocidade nas culturas tecnológicas. In.: Lazer numa sociedade globalizada. São Paulo: SESC, 2000. FEDERICI, E. S. Imagem corporal de idosos participantes de um programa de Educação Física. Dissertação (Mestrado) – Escola de Educação Física e Esporte, Universidade de São Paulo, 2005. FENALTI, R. C. S.; SCHWARTZ, G. M. Universidade Aberta à Terceira Idade e a perspectiva de ressignificação do lazer. Revista Paulista de Educação Física. 17 (2); 131-141, 2003. 191 FERREIRA, L.; GOBBI, S. Agilidade geral e agilidade de membros superiores em mulheres de terceira idade treinadas e não treinadas. Revista Brasileira de Cineantropometria & Desempenho Humano. V.5, n.1 – p. 46-53, 2003. FERREIRA, M.; MATSUDO, S.; MATSUDO, V.; BRAGGION, G. Efeitos de um programa de orientação de atividade física e nutricional sobre a ingestão alimentar e composição corporal de mulheres fisicamente ativas de 50 a 72 anos de idade. Revista Brasileira de Ciência e Movimento. 11 (1); 35-40, 2003. FERREIRA, M. A.; MASSOTE, S. T. A.; LIMA, P. C. Aumento da estatura corporal no idoso através do tratamento postural. Textos sobre Envelhecimento. V.8, n.2, Rio de Janeiro, 2005. FERREIRA, M. S.; NAJAR, A. L. Adesão, programas de promoção da atividade física e saúde: elementos para uma avaliação. In: Anais do XIV Congresso Brasileiro de Ciências do Esporte e I Congresso Internacional de Ciências do Esporte; 2005. set 4-9, Porto Alegre, Brasil, 2005: 300-309. FERRIGNO, J. C. Co-educação entre gerações. Petrópolis: Vozes, 2003. FETT, W. C. R. Comparação entre a antropometria e o raio-x de dupla varredura para a avaliação da composição corporal de idosas diabéticas tipo 2 e sua associação com a força de preensão de mão. Revista Brasileira de Cineantropometria e Desempenho Humano. 2006; 8 (1): 121. FIEP – FÉDÉRATION INTERNATIONALE D’ EDUCATION PHYSIQUE. Congresso Mundial de Educação Física, Desporto e Recreação Manifesto Mundial da Educação Física FIEP, Foz do Iguaçu, BR, 2000. FIGUEROA, J. C. G.; FRANK, A. A. Nutrição e atividade física para a promoção de saúde no envelhecimento. Revista Digital edfesportes. 8 (48), 2002. FLEG, J. L.; LAKATTA, E. G. Role of muscle loss in the age-associated reduction in VO2max. Journal Appl. Physiol. 1988;65(3):1147-51. FLORINDO, A. A.; LATORRE, M. R. D. O.; JAIME, P. C.; TANAKA, T.; ZERBINI, C. A. F. Metodologia para a avaliação da atividade física habitual em homens com 50 anos ou mais. Revista de Saúde Pública. 38 (2); 307-314, 2004. FRANÇA, N. M.; VÍVOLO, M. A. Medidas antropométricas. In: Matsudo V, editor. Testes em ciências do esporte. 5ºed. São Caetano do Sul: Celafiscs; p.19-31, 1995. FREIRE, P. Pedagogia da autonomia. 30° ed. São Paulo: Paz e terra, 1996. FREITAS, E. V. Demografia e epidemiologia do envelhecimento. In: PY, L.; PACHECO, J. L.; SÁ, J. L. M.; GOLDMAN, S. N. Tempo de envelhecer: percurssos e dimensões psicosociais. Rio de Janeiro: NAU Editora, 2004. 192 GÁSPARI, J. C.; SCHWART, G. M. O idoso e a ressignificação emocional do lazer. Psicologia: Teoria e Pesquisa. V. 21, n. 1, p. 60-76, jan.-abr., 2005. GASPARI, T. C. Educação Física Escolar e Dança: uma proposta de intervenção. 2005. 168 f. Dissertação (Mestrado em Ciências da Motricidade) - Instituto de Biociências, Universidade Estadual Paulista, Rio Claro. GEREZ, A. A. A prática pedagógica em Educação Física para idosos e a Educação para a Saúde: um olhar sobre o Projeto Sênior para a Vida Ativa - USJT”. Dissertação (Mestrado) – Universidade São Judas Tadeu – SP, 2006. GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 3ºed., São Paulo: Atlas, 1996. GOLDMAN, S. N. As dimensoes sóciopolíticas do envelhecimento. In: PY, L.; PACHECO, J. L.; SÁ, J. L. M.; GOLDMAN, S. N. Tempo de envelhecer: percurssos e dimensões psicosociais. Rio de Janeiro: NAU Editora, 2004. GOLDSTEIN, L. L.; NERI, A. L. Tudo bem, graças a Deus! Religiosidade e satisfação na maturidade e na velhice. Gerontologia, 1993; I(3): 95-104. GOLDSTEIN, L. L.; SOMMERHALDER, C. Religiosidade, espiritualidade e significado existencial na vida adulta e velhice. In: FREITAS, E. V.; PY, L.; NERI, A. L.; CANÇADO, F. A. X.; GORZONI, M. L.; ROCHA, S. M. Tratado de Geriatria e Gerontologia. Rio de Janeiro: Guanabara-Koogan. 2002, pp. 950-956. GOMES, V. N. M. Cartilha: atuação da ASA na assessoria a dinamizadores de grupos de idosos. Florianópolis, SC, Brasil, 2001. Mimeografado. GROISMAN, D. A velhice, entre o normal e o patológico. História, Ciências, Saúde – Manguinhos, Rio de Janeiro, vol. 9 (1): 61-78, jan.-abr., 2002. GUADAGNINE, P.; OLIVOTO, R. Comparativo de flexibilidade em idosos praticantes e não praticantes de atividades físicas. Revista Digital edfesportes. 10 (64), 2004. GUEDES, C. Estudos sócio-culturais do movimento humano. Revista Paulista de Educação Física, v. 13, p.98-105, dez. 1999. GUIMARÃES, A. C. A.; MAZO, G. Z.; SIMAS, J. P. N.; SALIN, M. S.; SCHWERTNER, D. S.; SOARES, A. Idosos praticantes de atividade física: tendência a estado depressivo e capacidade funcional. Revista Digital edfesportes. 10 (94), 2006. GUIMARÃES, M. N. G.; FARINATTI, P. T. V. Analise descritiva de variáveis teoricamente associadas ao risco de quedas em mulheres idosas. Revista Brasileira de Medicina do Esporte. São Paulo, v. 11, n. 5 – set./out, 2005. GUISELINI, M. Aptidão física, saúde e bem-estar: fundamentos teóricos e exercícios práticos. São Paulo: Phorte, 2004. 193 HANNA, K. M. Análise de taxa metabólica basal e composição corporal de idosos do sexo masculino antes e seis meses após exercícios de resistência. Revista Brasileira de Medicina do Esporte. São Paulo, v. 11, n. 1 – jan./fev, 2005. HAN, T. S.; VAN LEER, E. M.; SEIDEL, J. C.; LEAN, M. E. J. Waist circunference action levels in the identification of cardiovascular risk factors: Prevalence study in a random simple. B. M. J, 311: 1401-1405, 1995. HEIKKINEN, R. L. (2005). O papel da atividade física no envelhecimento saudável. 2ª ed. Florianópolis: UFSC. (Trabalho original publicado em 1998). HERNANDES, E. S. C.; BARROS, J. F. Efeitos de um programa de atividades físicas e educacionais para idosos sobre o desempenho em testes de atividades da vida diária. Revista Brasileira de Ciência e Movimento. 12 (2); 43-50, 2004. HOBEIKA, C. P. Equilibrium and balance in the elderly. Ear Nose Throat J. 1999; 78(8): 558-62. HOPKINS, D. R., et. al. Effect of low-impact aerobic dance on the fuctional fitness of elderly women. Gerontologist, v.30, 189-192, 1990. IBGE. Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD). Rio de Janeiro, 2000. IBGE. Rio de Janeiro. IBGE, http://www.ibge.gov.br/cidadesat/default.php. 2005. Disponível em: JANSSEN, I.; JOLLIFFE, C. J. Influence of Physical Activity on Mortality in Elderly with Coronary Artery Disease. Medicine & Science in Sports & Exercise. 38(3):418417, March 2006. JECKEL-NETO, E. A.; CUNHA, G. L. Teorias biológicas do envelhecimento. In: FREITAS, E. V.; PY, L.; NERI, A. L.; CANÇADO, F. A. X.; GORZONI, M. L.; ROCHA, S. M. Tratado de Geriatria e Gerontologia. Rio de Janeiro: Guanabara-Koogan. 2002, pp. 13-19. JORDÃO NETTO, A. Gerontologia básica. São Paulo, Lemos Editorial, 1997. KACZOR, J. J.; ZIOLKOWSKI, W.; ANTOSIEWICZ, J.; HAC, S.; TARNOPOLSKY, M. A.; POPINIGIS, J. The effect of aging on anaerobic and aerobic enzyme activities in human skeletal muscle. J. Gerontol. A. Biol. Sci. Med. Sci. 2006 Apr;61(4):33944. KALININE, G. K. M. S. L. Análise comparativa da efetividade de caminhada tradicional com a caminhada proposta no desenvolvimento de VO2 máx das idosas. Revista Digital edfesportes. 10 (93), 2006. 194 KING, A. C. et. al. Environmental and Policy Approaches to Cardiovascular Disease Prevention Through Physical Activity: issues and opportunities. Health Education Quarterly. V.22, n.4, p.499-511, 1995. KING, A. C. et. al. Determinants of physical activity and interventions in adults. Medicine and Science in Sports and Exercise, Madison, v.24, n.6, p.221-236, 1992. KRAUSE, M. P.; BUZZACHERA, C. F.; HALLAGE, T.; SANTOS, E. C. R.; SILVA, S. G. Alterações morfológicas relacionadas à idade em mulheres idosas. Revista Brasileira de Cineantropometria e Desempenho Humano. 2006; 8 (2): 73-77. LABONTE, R. Health promotion and empowerment: reflections on professional practice. Health Education Quarterly, v. 21, n.2, p. 253-68, 1994. LAKATOS, E. M. Fundamentos de metodologia científica. 6ª ed. São Paulo: Atlas, 2005. LAVERACK, G.; LABONTE, R. A planning framework for community empowerment goals within health promotion. Health Policy Plan. 15(3): 255-262, 2000. LAVERACK, G.; WALLERSTEIN, N. Measuring community empowerment: a fresh look at organizational domains. Health Promotion International. 16: 179-185. 2001. LAVILLE, C.; DIONI, J. A Construção do Saber: manual de metodologia da pesquisa em ciências humanas. Christian Laville e Jean Dione; trad. Heloise Monteiro e Francisco Settineri. – Porto Alegre: Editora Artes Médicas Sul Ltda; Belo Horizonte: Editora UFMG, 1999. LEAL, I. J.; HAAS, A. N. O significado da dança na Terceira idade. Revista Brasileira de Ciências do Envelhecimento Humano. Passo Fundo, 64-71 – jan/jun, 2006. LEAVELL, S. & CLARCK, E. G. Medicina Preventiva. São Paulo: McGraw-Hill, 1976. LEE, I. M.; PAFFENBARGER, R. S.; HSIEH, C. C. Time trends in physical activity among college alumni. (1992) American Journal of Epidemiology. 135: 915-925. LEITE, M. T.; CAPPELLARI, V. T.; SONEGO, J. Mudou, mudou tudo na minha vida: experiências de idosos em grupos de convivência no município de Ijuí/RS. Revista Eletrônica de Enfermagem (on-line), v. 4, n. 1, p. 18 – 25, 2002. Disponível em http://www.fen.ufg.br. LEITE, P. F. Aptidão Física Esporte e Saúde. 3º edição. São Paulo: Robe, 2000. LUCA, M. M. B. L. Identidades sociais em produção e envelhecimento: um estudo de caso. In: VON SIMSON, O. R. M; NERI, A. L.; CACHIONI, M. As múltiplas faces da velhice no Brasil. Campinas: Alínea, 2003. 195 LUCKMANN, T. Language in society. International Social Science Journal, v.36, p.5-20, 1984. LÜDKE, M.; ANDRÉ, M. E. D. A. Pesquisa em Educação: Abordagens Qualitativas. São Paulo: EPU, 1986 MACDONALD, S.; JOFFRES, M. R.; STACHENKO, S.; HORLICK, L.; FODER, G. (1992). Multiple cardiovascular disease risk factors in Canadian adulls. Canadian Medical Association Journal. 146: 2021 – 2029. MACIEL, A. C. C.; GUERRA, R. O. Prevalência e fatores associados ao déficit de equilíbrio em idosos. Revista Brasileira de Ciência e Movimento. V.13, n.1 – p. 37-44, 2005. MARRANO, M. N. O.; MOREIRA, W. W.; SIMÕES, R. Qualidade de vida para os idosos imigrantes italianos: o caso da comunidade trentina de Piracicaba/SP. Revista Digital edfesportes. 11 (98), 2006. MARTINS DE SÁ, J. L. Gerontologia e interdiciplinaridade: fundamentos epidemiológicos. In: NERI, A. L.; DEBERT, G. G. (orgs) Velhice e sociedade. Campinas: Papirus, 1999, pp. 223-232. MATSUDO, S. M., MATSUDO, V. K. R., NETO, T. L. B. Efeitos benéficos da atividade física na aptidão física e saúde mental durante o processo de envelhecimento. Revista Brasileira de Atividade Física e Saúde. V. 5 (2): 60-76, 2000. MATSUDO, S. M., Atividade Física e Envelhecimento: aspectos epidemiológicos. Revista Brasileira de Atividade Física e Saúde. V. 7 (1): 2-13, 2001. MATSUDO, S. M.; NETO, T. L. B.; MATSUDO, V. K. R. Perfil antropométrico de mulheres maiores de 50 anos, fisicamente ativas, de acordo com a idade cronológica – evolução de 1 ano. Revista Brasileira de Ciência e Movimento. 10 (2); 15-26, 2002. MATSUDO, S. M.; MATSUDO, V. K. R.; NETO, T. L. B.; ARAÚJO, T. L. Evolução do perfil neuromotor e capacidade funcional de mulheres fisicamente ativas de acordo com a idade cronológica. Revista Brasileira de Medicina e Esporte. V.9. n.6, 2003. MATSUDO, S. M.; MARIN, R. V.; FERREIRA, M. T.; ARAÚJO, T. L. MATSUDO, V. Estudo longitudinal-tracking de 4 anos – da aptidão física de mulheres da maioridade fisicamente ativas. Revista Brasileira de Ciência e Movimento. 12 (3); 47-52, 2004. MATSUDO, S. M. Avaliação do Idoso: física & funcional. 2º edição. Londrina: Midiograf, 2005. 196 MATTAR, F. N. Pesquisa de Marketing: Metodologia, planejamento. São Paulo: Atlas, 2001. MATTHEW, J.; PETERSON, M. S.; GAIL, M.; CROWLEY, B. S. N.; ROBERT, J.; SULLIVAN, M. D.; MIRIAN, C. Physical function in sedentary and exercising older veterans as compared to national norms. Journal of Rehabilitation Research & Development. Vol. 41, n.5, 653-658, 2004. MAZO, G. Z. Atividade Física e Qualidade de Vida de Mulheres Idosas. Universidade do Porto, Porto, Portugal: Faculdade de Ciências do Desporto e de Educação Física (Tese de Doutorado), 2003, 203p. MAZO, G. Z.; CARDOSO, F. L.; AGUIAR, D. L. Programa de hidroginástica para idosos: motivação, auto-estima e auto-imagem. Revista Brasileira de Cineantropometria e Desempenho Humano. 2006; 8 (2): 67-72. MAZO, G. Z.; GIODA, F. R.; SCHWERTNER, D. S.; GALLI, V. L. B.; GUIMARÃES, A. C. A.; SIMAS, J. P. N. Tendência a estados depressivos em idosos praticantes de atividade física. Revista Brasileira de Cineantropometria e Desempenho Humano. 2005; 7 (1): 45-49. MAZO, G. Z.; KÜLKAMP, W.; LYRA, V. B.; PRADO, A. P. M. Aptidão funcional geral e índice de massa corporal de idosas praticantes de atividade física. Revista Brasileira de Cineantropometria & Desempenho Humano. 8(4): 46-51, 2006. MAZO, G. Z.; MOTA, J.; GONÇALVES, L. H. T.; MATOS, M. G. Nível de atividade física, condições de saúde e características sócio-demográficas de mulheres idosas brasileiras. Revista Portuguesa de Ciências do Desporto. v.5. n.2, maio-agosto, 2005. MAZO, G.Z.; VIEIRA, A.T.de S.; BARCELLOS, Y.C.; KORN, S.. Rede de atendimento comunitário aos idosos em Florianópolis. 2001. Não publicado. MCARDLE, W. D.; KATCH, F.L.; KATCH, V. L. Fisiologia do Exercício: Energia, Nutrição e Desempenho Humano. 4ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan. 1996. MEDEIROS, S. A. R. O lugar do velho no contexto familiar. In: PY, L.; PACHECO, J. L.; SÁ, J. L. M.; GOLDMAN, S. N. Tempo de envelhecer: percurssos e dimensões psicosociais. Rio de Janeiro: NAU Editora, 2004. MELO, G. F.; GIAVONI, A. Comparação dos efeitos da ginástica aeróbica e da hidroginástica na composição corporal de mulheres idosas. Revista Brasileira de Ciência e Movimento. V. 12 n. 2 p. 13-18, 2004. MELO, G. F.; MENDONÇA, A. C.; GIAVONI, A.; MADUREIRA, A. S. Análise do nível de atividade física nas casas de repouso e instituições filantrópicas (asilos) do Distrito Federal. Revista Digital edfesportes. 9 (62), 2003. 197 MENDONÇA, T. T.; ITO, R. E.; BARTHOLOMEU, T.; TINUCCI, T.; FORJAZ, C. L. M. Risco Cardiovascular, aptidão física e prática de atividade física de idosos de um parque de São Paulo. Revista Brasileira de Ciência e Movimento. 12 (3): 57-62, 2004. MENEZES, T. N.; MARUCCI, M. F. N. Antropometria de idosos em instituições geriátricas, Fortaleza, CE. Revista de Saúde Pública. 39 (2): 169-175, 2005. MINAYO, M. C. S. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. São Paulo: Hucitec – Abrasco, 1996. MIRA, C. M. Exercício Físico e Saúde: da crítica prudente. IN: BAGRICHEVSKY, M.: PALMA, A.: ESTEVÃO, A. (orgs) A saúde em debate na Educação Física. Blumenau: Edibes, 2003. (p. 169-191) MIRANDA, M. L. J.; GODELI, M. R. C. S. Avaliação de idosos sobre o papel e a influência da música na atividade física. Revista Paulista de Educação Física. 16 (1); 86-99, 2002. MIRANDA, M.L.J.; VELARDI, M. A proposta de Educação Física do Projeto Sênior da U.S.J.T.: Contribuição para uma velhice bem sucedida. In: Anais do V Seminário Internacional sobre Atividades Físicas para a Terceira Idade, p. 79-86, 2002. São Paulo. MIRANDA, M.L.J.; VELARDI, M. Projeto Sênior para a Vida Ativa da Universidade São Judas Tadeu- In.: Farinatti, P. T. V. (org.). Envelhecimento, Exercício e Promoção da Saúde: bases teóricas e metodológicas. São Paulo, Manole. No prelo. MONTEIRO, D. M. R. Espiritualidade e envelhecimento. In: PY, L.; PACHECO, J. L.; SÁ, J. L. M.; GOLDMAN, S. N. Tempo de envelhecer: percurssos e dimensões psicosociais. Rio de Janeiro: NAU Editora, 2004. MONTEIRO, D. M. R. Afetividade, Intimidade e sexualidade no envelhecimento. In: FREITAS, E. V.; PY, L.; NERI, A. L.; CANÇADO, F. A. X.; GORZONI, M. L.; ROCHA, S. M. Tratado de Geriatria e Gerontologia. Rio de Janeiro: Guanabara-Koogan. 2002, pp. 943-949. MORAES, J. J.; VICENTIN, A. P. M. Aplicação de conceitos e métodos científicos na elaboração e implantação de programa de atividades para idosos em clube privado de Campinas, São Paulo. In: I Congresso de Ciência do Desporto, 2005, Campinas. Anais. MOTA, J.; FEIJÓ, A.; TEIXEIRA, R.; CARVALHO, J. Padrões de atividade física em idosos avaliados por acelerometria. Revista Paulista de Educação Física. 16 (2); 211- 219, 2002. 198 MOYSÉS, S. J.; MOYSÉS, S. T.; KREMPEL, M. C. Avaliando o processo de construção de políticas públicas de promoção de saúde: a experiência de Curitiba. Ciência & Saúde Coletiva. 9 (3): 627-641, 2004. NAHAS, M. V. Atividade física, saúde e qualidade de vida: conceitos e sugestões para um estilo de vida ativo. 3º edição. Londrina: Midiograf, 2003. NERI, A. L. Qualidade de vida e idade madura. Campinas, SP: Papirus, 1993. NERI, A. L. (Org.) Psicologia do envelhecimento: Temas selecionados na perspectiva de curso de vida. Campinas SP: Papirus, 1995. NERI, A. L.; CACHIONI, M. Velhice bem-sucedida e educação. In: NERI, A. L.; DEBERT, G. G. Velhice e sociedade. Campinas: Papirus, 1999. NERI, A. Paradigmas contemporâneos sobre o desenvolvimento humano em psicologia e em sociologia. In.: Néri, A.L. (orgs). Desenvolvimento e Envelhecimento; Perspectivas biológicas, psicológicas e sociológicas. Campinas, SP: Editora Papirus, 2001. NERI, A. L. Teorias psicológicas do envelhecimento. In: FREITAS, E. V.; PY, L.; NERI, A. L.; CANÇADO, F. A. X.; GORZONI, M. L.; ROCHA, S. M. Tratado de Geriatria e Gerontologia. Rio de Janeiro: Guanabara-Koogan. 2002, pp. 32-46. NERI, A. L.; YASSUDA, Mônica S.; CACHIONI, Meire. Velhice Bem-Sucedida. Aspectos afetivos e cognitivos. 1. ed. Campinas: Papirus Editora, 2004. NETTO, A. J. Quais concepções do envelhecimento estão influenciando as praticas de sua entidade? Revista Kairós, São Paulo, 7(1), jun. 2004. NEUMANN, S. A.; BROWN, J. R. P.; WALDSTEIN, S. R.; KATZEL, L. I. A Walking Program’s Attenuation of Cardiovascular Reactivity in Older Adults With Silent Myocardial Ischemia. Journal of Aging and Physical Activity. 14 (2), April, 2006. OKUMA, S. S. O idoso e a atividade física. 1ª ed. Campinas: Papirus, 1998. OKUMA, S. S. O significado da atividade física para o idoso: um estudo fenomenológico. Tese (Doutorado) – Instituto de Psicologia, Universidade de São Paulo, 1997. OKUMA, S. S. Cuidados com o corpo: um modelo pedagógico de educação física para idosos. In: FREITAS, E. V.; PY, L.; NERI, A. L.; CANÇADO, F. A. X.; GORZONI, M. L.; ROCHA, S. M. Tratado de Geriatria e Gerontologia. Rio de Janeiro: GuanabaraKoogan. 2002, pp. 1092-1100. OLIVEIRA, C. R. M.; SOUZA, C. S.; FREITAS, T. M.; RIBEIRO, C. Idosos e família: asilo ou casa. Disponível em: http://www.psicologia.com.pt, 2006. 199 OLIVEIRA, D. A. A. P.; GOMES, L. OLIVEIRA, R. F. Prevalência de depressão em idosos que freqüentam centros de convivência. Revista de Saúde Pública. 40 (4): 734-736, 2006. OLIVEIRA, L. C. F. A escola e a família sob o olhar de seus agentes: um estudo das representações de pais e professores em uma escola cooperativa. Dissertação (Mestrado) – Faculdade de Educação, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2000. OLIVEIRA, M. G.; CABRAL, B. E. S. L. Lazer nos Grupos de Convivência para Idosos: uma experiencia de sociabilidade. Revista dos Pós-graduandos de Sociologia da UFPB. N.4, set, 2003. OMS - ORGANIZAÇÂO MUNDIAL DA SAÚDE. Disponível em: www.who.int/en. Acessado em 15/08/2005. OMS - ORGANIZAÇÂO MUNDIAL DA SAÚDE (WHO – World Health Organization). Health Education Unity. Lifestyles and health. In: Beattie A.; GOTT, M.; JONES, L.; SIDELL, M.; organizers. Health & Wellbeing: a reader (UK): Open University Press, 1994. OMS - ORGANIZAÇÂO MUNDIAL DA SAÚDE (WHO – World Health Organization). Obesity: preventing and managing the global epidemic. Report of a WHO consultation on obesity. Geneva, 1998. PACHECO, J. L. As Universidades Abertas à Terceira Idade como Espaço de Convivência entre Gerações. In: SIMSON, O. R. M. V.; NERI, A. L.; CACHIONI, M. As Múltiplas Faces da Velhice no Brasil. Campinas, SP: editora Alínea, 2003. PACHECO, J. L. Trabalho e aposentadoria. In: PY, L.; PACHECO, J. L.; SÁ, J. L. M.; GOLDMAN, S. N. Tempo de envelhecer: percurssos e dimensões psicosociais. Rio de Janeiro: NAU Editora, 2004. PALMA, A.; BAGRICHEVSKY, M.; ESTEVÃO, A. Análise sobre os limites da inferência causal no contexto investigativo sobre “exercício físico e saúde”. In: BAGRICHEVSKY, M.; PALMA, A.; ESTEVÃO, A. A saúde em debate na Educação Física. Blumenau: Edibes, 2003. PAPALÉO NETTO, M. O estudo da velhice no século XX: histórico, definição do campo e termos básicos. In: FREITAS, E. V.; PY, L.; NERI, A. L.; CANÇADO, F. A. X.; GORZONI, M. L.; ROCHA, S. M. In: Tratado de Geriatria e Gerontologia. Rio de Janeiro: Guanabara-Koogan. 2002, pp. 2-12. PATE, R. R.; PRATT, M.; BLAIR, S. N.; HASKELL, W. L.; MACERA, C. A.; BOUCHARD, C. Physical activity and public health: a recommendation from the Centers for Disease Control and Prevention and the American College of Sports Medicine. Journal American Medical Association, 273(5), 402-407, 1995. 200 PEDROSA, J. I. S. Perspectivas na avaliação em Promoção da saúde: uma abordagem institucional. Ciência & Saúde Coletiva, 9 (3): 617-626, 2004. PENEDO, F. J.; DAHN, J. R. Exercise and well-being: a review of mental and physical health benefits associated with physical activity. Curr. Opin. Psychiatry. 2005 Mar;18(2):189-193. PENNA, F. B.; SANTO, F. H. E. O movimento das emoções na vida dos idosos: um estudo com um grupo da terceira idade. Revista Eletrônica de Enfermagem. V.8, n.1, p.17-24, 2006. PEREIRA, E. F.; TEIXEIRA, C. S.; ETCHEPARE, L. S. O envelhecimento e o sistema músculo esquelético. Revista Digital edfesportes. 11 (101), 2006. PEREIRA LIMA, V. L. G.; CAMPOS, N. Z. R.; ARRUDA, J. M.; BARROS, C. M. S.; TAVARES, M. F. L.; MEYER, M. C.; ZANDONADI, R. C. M. B.; Análise da eficácia de programas sociais de promoção da saúde realizados em condições macroestruturais adversas. Ciência & Saúde Coletiva. 9 (3): 679-696, 2004. PERRACINI, M. R. Planejamento e adaptação do ambiente para pessoas idosas. In: FREITAS, E. V.; PY, L.; NERI, A. L.; CANÇADO, F. A. X.; GORZONI, M. L.; ROCHA, S. M. Tratado de Geriatria e Gerontologia. Rio de Janeiro: Guanabara-Koogan. 2002, pp. 798-807. PESCATELLO, L.S, DIPIETRO, L, FARGO, A.E, CASPERSEN, C.J, OSTFELD, A.M, NADEL, E.R. The impact of physical activity and physical fitness outcomes in older adults. Medicine Science Sports and Exercise, v. 23, p.21-23,1991. PHILLIPS, B. S. Pesquisa Social. Rio de Janeiro, Agir, 1974. PIMENTEL, A. O método da análise documental: seu uso numa pesquisa histográfica. Cadernos de Pesquisa, n. 114, novembro/ 2001 p. 179-195, novembro/ 2001. PINHEIRO, J. E. S.; FREITAS, E. V. Promoção da Saúde. In: PY, L.; PACHECO, J. L.; SÁ, J. L. M.; GOLDMAN, S. N. Tempo de envelhecer: percurssos e dimensões psicosociais. Rio de Janeiro: NAU Editora, 2004. POULIOT, M. C.; DESPRÉS, J. P.; LEMIEUX, S.; MOORJANI, S.; BOUCHARD, C.; TREMBLAY, A. Waist circumference and abdominal sagittal diameter: Best simple anthropometric indexes of abdominal visceral adipose tissue accumulation and related cardiovascular risk in men and women. Am J Cardiol 1994; 73(1):460-8. PRADO, S. D.; SAYD, J. D. A Gerontologia como campo do conhecimento científico: conceito, interesses e projeto político. Ciência & Saúde Coletiva, 11 (2): 491-501, 2006. 201 PRADO, T. P. et. al. A terceira idade da dança. In: Produção dos acadêmicos do Centro de Educação Física e Desportos da Universidade Federal de Santa Maria no ano de 2000. Universidade Federal de Santa Maria, 2000. p. 30-31. PY, L. Envelhecimento e subjetividade. In: PY, L.; PACHECO, J. L.; SÁ, J. L. M.; GOLDMAN, S. N. Tempo de envelhecer: percurssos e dimensões psicosociais. Rio de Janeiro: NAU Editora, 2004. PY, L.; TREIN, F. Finitude e infinitude: dimensões do tempo na experiência do envelhecimento. In: FREITAS, E. V.; PY, L.; NERI, A. L.; CANÇADO, F. A. X.; GORZONI, M. L.; ROCHA, S. M. Tratado de Geriatria e Gerontologia. Rio de Janeiro: Guanabara-Koogan. 2002, pp. 1013-1021. RABACOW, F. M.; GOMES, M. A.; MARQUES, P.; BENEDETTI, T. R. B. Questionário de medidas de atividade física em idosos. Revista Brasileira de Cineantropometria & Desempenho Humano. 8 (4): 99-106, 2006. RAMOS, L. R.; ROSA, T. E.; OLIVEIRA, E. M.; MEDINA, M. C.; SANTOS, F. R. Perfil do idoso em área metropolitana da Região Sudeste do Brasil: Resultado de inquérito domiciliar. Revista de Saúde Pública, 27(2) 87-94, 1993 RAMOS, M. P. Apoio social e saúde entre idosos. Sociologias. Porto Alegre, ano 4, n.7, jan/jun, 2002. p. 156-175. REBELATTO, J. R.; CALVO, J. I.; OREJUELA, J. R; PORTILLO, J. C. Influência de um programa de atividade física de longa duração sobre a força muscular manual e a flexibilidade corporal de mulheres idosas. Revista Brasileira de Fisioterapia. V.10, n.1, p. 127-132, 2006. RECH, C. R. Validação de equações antropométricas e de impedância bioelétrica para a estimativa da composição corporal em idosos. Revista Brasileira de Cineantropometria e Desempenho Humano. 2006; 8 (2): 112. REIS, N.; SOARES, T. Lazer e envelhecimento saudável: um recorte sobre a relevância dos conteúdos culturais. Revista Digital edfesportes. 11 (99), 2006. RIKLI, R. E.; JONES, C. J. The reliability and validity of a 6- minute walk test as a measure of physical endurance in older adults. Journal of Aging and Physical Activity 1998; 6:363-75. RIKLI, R. E. ; JONES, C. J. Development and validation of a functional fitness test for community-residing older adults. Journal of Aging and Physical Activity, 7 129161,1999. ROBATTO, L. Dança em processo: a linguagem do indivizível. Salvador: UFBA, 1994. 202 ROCHA, S. M.; GOMES, M. G. C.; LIMA FILHO, J. B. O protagonismo social da pessoa idosa: emancipação e subjetividade no envelhecimento. In: FREITAS, E. V.; PY, L.; NERI, A. L.; CANÇADO, F. A. X.; GORZONI, M. L.; ROCHA, S. M. Tratado de Geriatria e Gerontologia. Rio de Janeiro: Guanabara-Koogan. 2002, pp. 10301035. RODRIGUES, M. C. - As novas imagens do idoso veiculadas pela mídia: transformando o envelhecimento em um novo mercado de consumo. Revista da UFG, Vol. 5, No. 2, 2003. RODRIGUES, R. A. P.; MARQUES, S.; FABRÍCIO, S. C. C. Envelhecimento, saúde e doença. Arquivos. de Geriatria e Gerontologia, SBGG, Rio de Janeiro, Científica Nacional, v. 4, jan./abr. p. 2000. RODRIGUES, R. M. A. Oralidade: As várias faces da vida de Antônio Dó. Revista de História e Estudos Culturais. Vol 2, ano II, n. 2. abr/mai/jun, 2005. ROGATTO, G. P.; GOBBI, S. Efeitos da atividade física regular sobre parâmetros antropométricos e funcionais de mulheres jovens e idosas. Revista Brasileira de Cineantropometria & Desempenho Humano. Vol. 3, n. 1 – p.63-69, 2001. ROOKS, D.S., KIEL, D.P., PARSONS, C., HAYES, W.H. Self-Paced Resistance training and walking exercise in community-dwelling older adults: effects on neuromotor performance. Journal of Gerontology. 1997. 52(3).161-168. ROLLIN, I.S. Grupo de convivência para terceira idade: uma busca do sentido de ser e existir. ROOTMAN, I.; GOODSTADT, M.; POTVIN, L.; SPRINGETT, J. A framework for health promotion evaluation. In: WHO – Europe Evaluation in Health Promotion: principles and perspectives. Pp. 7-38. WHO – Europe, Copenhague, 2001. SAFONS, M. P.; PEREIRA, M. M.; RODRIGUES, J. F. A. Efeitos do 'Programa Melhor Idade Brasil Telecom de condicionamento físico sobre a força dos membros inferiores de praticantes idosos. Revista Digital edfesportes. 11 (98), 2006. SAMPAIO, L.R. Avaliação nutricional e envelhecimento. Revista de Nutrição. Campinas, 17(4): 507-514, out./dez., 2004. SAYEG, M. A.; MESQUITA, R. A. V. Políticas públicas de saúde para o envelhecimento. In: FREITAS, E. V.; PY, L.; NERI, A. L.; CANÇADO, F. A. X.; GORZONI, M. L.; ROCHA, S. M. Tratado de Geriatria e Gerontologia. Rio de Janeiro: Guanabara-Koogan. 2002, pp. 1083-1089. 203 SCHARFSTEIN, E. A. A identidade na velhice mediada pela ação do discurso. In: FREITAS, E. V.; PY, L.; NERI, A. L.; CANÇADO, F. A. X.; GORZONI, M. L.; ROCHA, S. M. Tratado de Geriatria e Gerontologia. Rio de Janeiro: Guanabara-Koogan. 2002, pp. 936-942. SCHONS, C. R.; PALMA, L. S. Conversando com Nara Costa Rodrigues: sobre uma gerontologia social . Passo Fundo, RS: UPF, 2000. SEIDELL, J. C.; KAHN, H. S.; WILLIAMSON, D. F.; LISSER, L.; VALDEZ, R. Report from a Centers for Disease Control and Prevention workshop on use of adult anthropometry for public health and primary health care. Am. Jounal Clin. Nutr. 73: 123-126, 2001. SHEPHARD, R. J. Envelhecimento, atividade física e saúde. São Paulo: Phorte, 2003. SILVA, A. C. Atividade física habitual e saúde multidimensional de idosos na cidade de Goiânia – GO. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Santa Catarina, 2006. SILVA, S. A. P. S. A pesquisa qualitativa em Educação Física. Revista Paulistana de Educação Física. 1996. SILVA, J. B.; TEIXEIRA, L. A. Relação entre desempenho em uma habilidade rítmica e experiências motoras prévias em indivíduos idosos. Revista Motriz. 10 (2); 89-96, 2004. SILVA JÚNIOR, A. P.; VELARDI, M. Reflexões sobre a importância de um Programa de Educação Física na Promoção da Saúde de Idosos. Anais do XI Simpósio Multidisciplinar da USJT; Centro de Pesquisa, 2005. SILVA JÚNIOR, A. P.; NAKAMURA, A. L. L.; LOUZADA, J. C. N.; VELARDI, M. Autonomia e Educação Física: Uma perspectiva à luz do ideário da Promoção da Saúde. Conexões, v.4, n.1, 2006. SILVA JÚNIOR, A. P.; VELARDI, M. Evaluations of programs in health promotion: reflections and perspectives for the physical education in old age. The FIEP Bulletin, v.77, p. 410-413, 2007. SIQUEIRA, M. E. C. Teorias sociológicas do envelhecimento. In: FREITAS, E. V.; PY, L.; NERI, A. L.; CANÇADO, F. A. X.; GORZONI, M. L.; ROCHA, S. M. Tratado de Geriatria e Gerontologia. Rio de Janeiro: Guanabara-Koogan. 2002, pp. 47-57. SOARES, C. Educação Física: raízes européias e Brasil. 2º ed. Campinas: Ed. da Unicamp, 2001. SOARES, J.; SESSA, M. Medidas de força muscular. In: Matsudo V, editor. Testes em Ciências do Esporte. 5º ed. São Caetano do Sul: Celafiscs; p. 73-77, 1995. 204 SOUTO MAIOR, A. Alterações e Adaptações no sistema cardiovascular em idosos submetidos ao treinamento de força. Revista Digital edfesportes. 9 (64), 2003. SOUZA, E. M.; GRUNDY, E. Promoção da saúde, epidemiologia social e capital social: inter-relações e perspectivas para a saúde pública. Cadernos de Saúde Pública. V.20, n.5 Rio de Janeiro. Set/out. 2004. SPIRDUSO, W. W. Physical dimensions of aging. Champaign: Human Kinetics, 1995. STELLA, F.; GOBBI, S; CORAZZA, D. I.; COSTA, J. L. R. Depressão no Idoso: Diagnóstico, Tratamento e Benefícios da Atividade Física. Revista Motriz. 8 (3); 713, 2002. STEWART, A. L.; VERBONCOEUR, C. J.; MCLELLAN, B. Y.; GILLIS, D. E.; RUSH, S.; MILLS, K. M.; KING, A. C.; RITTER, P.; BROWN, B. W. JR.; BORTZ, W. M. Physical activity outcomes of CHAMPS II: a physical activity promotion program for older adults. Journal Gerontol. A. Biol. Sci. Med. Sci. 2001 Aug;56(8):M465-70. STRUCK, B. D.; ROSS, K. M. Health promotion in older adults. Prescribing exercise for the frail and home bound. Geriatrics. 2006 May;61(5):22-7. TARTARUGA, M. P.; AMBROSINI, A. B.; MELLO, A.; SEVERO, C. R. Treinamento de força para idosos: uma perspectiva de trabalho multidisciplinar. Revista Digital edfesportes. 10 (82), 2005. TEIXEIRA, D. C. Efeitos de uma intervenção específica sobre idosos na formação de atitudes de futuros profissionais de Educação Física em relação ao velho e à velhice. Dissertação (Mestrado) – Escola de Educação Física e Esporte, Universidade de São Paulo, 2002. TEIXEIRA, D. C.; OKUMA, S. S. Efeitos de um programa de intervenção de estudantes de Educação Física de trabalhar com este grupo etário. Revista Brasileira de Educação Física e Esporte. 18 (2); 137-149, 2004. THOMAS, J. R.; NELSON, J. K. Métodos de pesquisa em atividade física. 3º edição. Porto Alegre: Artmed, 2002. TRANCOSO, E. S. F.; FARINATTI, P. T. V. Efeitos de 12 semanas de treinamento com pesos sobre a força muscular de mulheres com mais de 60 anos de idade. Revista Paulista de Educação Física. V. 16, 220 – 229, 2002. TRIBESS, S. Percepção da imagem corporal e fatores relacionados à saúde em idosas. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Santa Catarina, 2006. 205 TRIBESS, S. Percepção da imagem corporal e fatores relacionados à saúde em idosas. Revista Brasileira de Cineantropometria e Desempenho Humano. 2006; 8 (2): 113. UCHÔA, E. Contribuições da antropologia para uma abordagem das questões relativas à saúde do idoso. Caderno de Saúde Pública, Rio de Janeiro, 19(3):849853, mai-jun, 2003. VALE, R. G. S.; NOVAES, J. S.; DANTAS, E. H. M. Efeitos do treinamento de força e de flexibilidade sobre a autonomia de mulheres senescentes. Revista Brasileira de Ciência e Movimento. 2005; 13(2): 33-40. VALLA, V. V. Educação popular, saúde comunitária e apoio social numa conquista de globalização. Cadernos de Saúde Pública, 15 (sup. 2):7-14. VARRAY, A. Improving Health Status Through Physical Activity for Individuals With Chronic Pulmonary Disease. Adapted Physical Activity Quartely. 23(2), april, 2006. VASCONCELOS, E. O poder que brota da dor e da opressão: empowerment, sua história, teorias e estratégias. Ed. Paulus, Rio de Janeiro, 2004. VELARDI, M. Pesquisa e ação em educação física para idosos. 2003. Tese (Doutorado) - Faculdade de Educação Física, Universidade Estadual de Campinas. VERAS, R. P. País Jovem com Cabelos Brancos: A Saúde do Idoso no Brasil. Rio de Janeiro: Editora Relume-Dumará/Eduerj, 1994. VERAS, R. P.; CALDAS, C. P. Promovendo a saúde e a cidadania do idoso: o movimento das universidades de terceira idade. Ciência & Saúde Coletiva, 9(2): 423-432, 2004. VIEIRA PINTO, A. Consciência e realidade nacional. Rio de Janeiro: ISEB, 1960. VON SIMON, O. M. Experimentos com histórias de vida (Itália – Brasil). São Paulo: Vértice, 1988. WACHOWICKZ, R. C. Obrages, mensus e colonos: história do oeste paranaense. 2ª Ed. Curitiba: vicentina, 1987. WEIRICH, U. L. História e atualidades: perfil de Marechal Cândido Rondon. Marechal Cândido Rondon: Germânica, 2004. WIKIPÉDIA. Desenvolvido pela Wikimedia Foundation. Apresenta conteúdo enciclopédico. Disponível em: <.http://pt.wikipedia.org/>. Acesso em: 20 Fev 2007. 206 WILLMORE, J. H.; COSTILL, D. L. (1994). Physiology of sport and exercise. Champaign, Illinois: Human Kinetics. YAZAWA, R. H.; RIVET, R. E.; FRANÇA, N. M.; SOUZA, M. T. Antropometria e flexibilidade em senhoras praticantes de ginástica aquática. Revista Brasileira de Ciência e Movimento, v.3, p.23-29,1989. ZAGO, A. S.; GOBBI, S. Valores normativos de aptidão funcional de mulheres de 60 a 70 anos. Revista Brasileira de Ciência e Movimento; v.11, n.2, p.77-86, jun. 2003. 207 ANEXOS 208 ANEXO 1 - PROGRAMAS DE ATIVIDADES FÍSICAS PARA IDOSOS NO BRASIL PROGRAMA INSTITUIÇAO / CIDADE OBJETIVO / CARACTERÍSTICA 1 Atividades para os Prefeitura da Cidade Atividades físicas destinadas a melhorar a idosos através dos de São Paulo. qualidade de vida e prevenir doenças Clubes. comuns na terceira idade, principalmente os problemas de circulação, articulação e cardiorrespiratórios. 2 CEAFE – Centro de ULBRA (Canoas) – Estudos de Atividade Universidade Luterana Física e do Brasil. Envelhecimento. 3 Dança e Ginástica para UNIGUAÇU - Unidade A promoção de saúde e a qualidade de Terceira Idade. de Ensino Superior do vida são os objetivos mais importantes Vale do Iguaçu. numa atividade física com idosos. É fundamental que o idoso aprenda a lidar com as transformações de seu corpo e tire proveito de sua condição, prevenindo e mantendo em bom nível sua plena autonomia. 4 GETI – Grupo de UDESC – Universidade Proporcionar programas de atividades Estudos da Terceira Estadual de Santa educacionais, culturais, artísticas, de Idade. Catarina. atividade física e de avaliação fisioterápica e preventiva, conforme a solicitação e necessidade das comunidades, privilegiando a autonomia dos idosos e respeitando a sua cidadania. 5 IMMA – Idosos em UERJ - Universidade Programa que através de atividades físicas Movimento Mantendo a do estado de Rio de objetiva trabalhar capacidades físicas com Autonomia. Janeiro. o intuito de o idoso permanecer independente fisicamente e até “manter a autonomia”. Incluí aulas de ginástica e dança objetivando trabalhar a flexibilidade, mobilidade articular, equilíbrio estático e dinâmico, coordenação, deslocamento e relaxamento. 6 Maturidade Ativa. Os programas comunitários pretendem possibilitar e preparar um envelhecimento saudável e independente através da recuperação e da manutenção da capacidade funcional, a partir de exercícios de força, resistência, flexibilidade, equilíbrio e socialização. SESC – Rio Grande do Programa que atende preferencialmente Sul. pessoas com idade acima dos 60 anos, que querem melhorar a sua qualidade de vida, desfrutando de um envelhecimento saudável e bem sucedido. 209 7 NIEATI – Núcleo UFSC – Universidade Atividades Físicas para idosos visando em Integrado de Estudos e Federal de Santa primeiro lugar uma melhoria na sua Apoio à Terceira Idade. Catarina. qualidade de vida, de uma autonomia de movimentos melhorada através da Atividade Física. 8 PAAF – Autonomia Atividade (extinto) 9 PROFIT – Programa de UNESP – Universidade O objetivo principal do PROFIT é Atividade Física para a Estadual de São conscientizar e motivar pessoas a Terceira Idade. Paulo. praticarem regularmente atividades físicas com uma perspectiva de transformação da realidade. Em outro sentido, ele também oportuniza contribuir para a formação profissional e para a produção de conhecimentos. 10 Programa Idoso Movimento. 11 Programa Idade. 12 Programa Qualidade de APCEF- Associação do Vida na Terceira Idade. Pessoal da Caixa Econômica Federal do Distrito Federal Brasília. Programa USP - Universidade de Programa educacional que procura para a São Paulo. instrumentalizar idosos com Física. conhecimentos e procedimentos sobre atividade física, de modo que tenham autonomia para auto-gerir seu programa de exercícios e/ou sejam capazes de selecionar programas de exercícios supervisionados adequados para suas condições, aos quais tenham interesse de integrar-se. O programa foi extinto em 2003, seus estudos publicados forneceram suporte necessário para a criação e implantação do projeto Sênior para a Vida Ativa da Universidade São Judas Tadeu – SP. em Secretaria Municipal Através do Programa Idoso em de Esporte e Lazer – Movimento, a promoção da prática de Curitiba/PR. atividades físicas e recreativas para esta população, incorrendo numa mudança de atitudes e na aquisição de novos hábitos para prevenção, manutenção e promoção da saúde. Melhor UnB – Universidade O projeto, que é aberto a qualquer pessoa de Brasília e Brasil interessada com 60 anos ou mais (preferencialmente), é uma grande Telecom. ferramenta de sociabilização dos idosos através da atividade física, tenham eles problemas comuns da idade (osteoporose, diabetes etc.) ou não. Os objetivos do programa, que existe desde 1999, é promover a ocupação do tempo, o bem-estar e o aumento da interação social, dos níveis de independência e da autonomia de pessoas acima de 50 anos. Para isso, oferece atividades físicas, como condicionamento físico, Ioga, Tai Chi Chuan, dança de salão. 210 13 Programa Vida Ativa. Secretaria Municipal Implementar políticas públicas de esporte de Esportes de Belo e lazer para pré-idosos e idosos, Horizonte. construídas com a participação das pessoas maiores de 50 anos, democratizando o seu acesso ao esporte e lazer e garantindo a melhoria da qualidade de vida destes cidadãos. 14 Projeto AFRID. Universidade Federal Proporcionar atividades físicas em de Uberlândia. diferentes modalidades, com abordagem recreativa, bem como palestras e estudos de cunho informativo para a comunidade de Uberlândia e região, estando na faixa etária acima de 50 anos, visando a melhora da qualidade de vida, o bem estar físico, social e emocional dos indivíduos. 15 Projeto Idoso Participa Universidade Federal Praticar atividades físicas através de Sempre. do Amazonas. esportes adaptados com caráter recreativo. 16 Projeto Ouro. 17 Projeto Sênior para a USJT - Universidade O programa de Educação Física foi São Judas Tadeu – elaborado com vistas à formação de Vida Ativa. SP. autonomia para a prática sistemática de atividade física e o auto-cuidado, com reflexos importantes na qualidade física do envelhecer. 18 PROVIDA - Programa UNOPAR – O projeto tem como objetivo proporcionar Vida Ativa Para Idosos. Universidade do Norte à população idosa uma melhor qualidade do Paraná. de vida, através da prática de atividades físicas adequadas. Geração de Universidade Católica Fomentar um grupo de especialistas, de Brasília. através de um núcleo de pesquisa, para realizarem investigações científicas acerca do fenômeno do envelhecimento aliado ao exercício físico e ao estilo de vida, gerando informações e materiais que subsidiem o trabalho com indivíduos na Terceira Idade e oferecer à comunidade um projeto de atividades físicas, gratuito e orientado. 211 ANEXO 2 - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO PROPOSTA DE UM PROGRAMA DE EDUCAÇÃO FÍSICA NA PROMOÇÃO DA SAÚDE DE IDOSOS Eu,________________________________________,idade (anos)_____, sob RG nº______________, residente no endereço: _______________________________________ __________________________________________, tel ( )__________________________ e-mail:_______________________________, abaixo assinado, dou meu consentimento livre e esclarecido para participar como voluntário do projeto de pesquisa supracitado, sob responsabilidade dos pesquisadores Arestides Pereira da Silva Júnior e Marília Velardi membros do curso de Pós-Graduação Stricto Sensu em Educação Física. Assinando este termo de Consentimento, estou ciente de que: 1 – O objetivo da pesquisa é Elaborar um modelo de avaliação pré-implantação de um programa de educação física à Luz do Ideário da Promoção da Saúde para idosos participantes dos Grupos de Convivência de Idosos da Sede do Município de Marechal Cândido Rondon – PR: denominados “Amizade” e “Paz e Amor”. 2 – Durante o estudo serão aplicados questionários de nível sócio-econômico, questionário de nível habitual de atividade física, serão coletados dados referentes a antropometria dos idosos, aplicado testes de aptidão física e serão realizadas entrevistas individuais com os idosos. 3 – Poderão ocorrer eventuais desconfortos durante a realização dos testes de aptidão física. 4 – Os responsáveis por esta pesquisa organizarão de tal forma que o seu planejamento e o seu desenvolvimento levem em consideração os cuidados necessários para promover a minha integridade física. 5 – Obtive todas as informações necessárias para poder decidir conscientemente sobre a minha participação na referida pesquisa. 6 – Estou livre para interromper a qualquer momento minha participação na pesquisa, a não ser que esta interrupção seja contra-indicada por motivo médico. 212 7 – Meus dados pessoais serão mantidos em sigilo e os resultados gerais obtidos através da pesquisa serão utilizados apenas para alcançar os objetivos do trabalho, expostos acima, incluída sua publicação na literatura científica especializada. 8 – Poderei contatar o Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade São Judas Tadeu para apresentar recursos ou reclamações em relação à pesquisa através do telefone (11) 6099-1665 – Prof. Leoni. 9 – Poderei entrar em contato com o responsável pelo estudo, Prof. Arestides Pereira da Silva Júnior, sempre que julgar necessário pelo telefone (45) 3227-1211. 10 – Este Termo de Consentimento é feito em duas vias que uma permanecerá em meu poder e outra com o pesquisador responsável. Mal. Cdo. Rondon, ____ de julho de 2006. _____________________________________________ Nome e assinatura do voluntário ou responsável legal _____________________________________________ Nome e assinatura do pesquisador responsável pelo estudo 213 ANEXO 3 – PARECER CONSUBSTANCIADO 214 ANEXO 4 - ROTEIRO PARA ENTREVISTA COM OS FUNDADORES DOS CLUBES DE IDOSOS AMIZADE E CLUBE DE IDOSOS PAZ E AMOR. 1) Os primeiros idosos participantes do Clube são os mesmos que participaram do momento de colonização do Município? 2) Qual foi a necessidade fundamental para implantação do Clube? 3) De quem foi a iniciativa para a implantação do Clube? Grupo de idosos ou política pública municipal? 4) Com quantos idosos teve início o Clube? 5) No inicio, vocês imaginavam que o Clube pudesse crescer tanto com cresceu? 6) Como foram decididas as primeiras atividades? 7) Houve grandes mudanças desde o início até o atual momento ou não? 8) Dos primeiros idosos fundadores e freqüentadores, ainda são muitos que participam dos encontros? 215 ANEXO 5 - ROTEIRO PARA ENTREVISTA COM OS PRESIDENTES DOS CLUBES 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 Quais os objetivos dos clubes? Quando foram fundados? Histórico dos clubes (Criação, trajetória das atividades). Atividades mais freqüentes (lazer ativo, lazer passivo, voluntariado, etc.). Estruturas físicas. Estruturas políticas. Quantos associados possuem a associação? Quantos são os participantes ativos? São sempre os mesmos? Existe uma rotatividade? Quais os recursos dos clubes? De onde vem? Quais são as atividades, promoções tradicionais dos clubes? Como funcionam os clubes? (dias, horários, férias, etc.). Caso seja realizado o estudo os idosos poderão ir em outros dias dependendo da disponibilidade deles para coletar os dados da pesquisa? O clube poderá ser utilizado em outros dias para realizar o estudo? A população dos clubes são predominantemente formados de descendentes de alemães? Quais implicações este fato tem sobre as atividades do clube? É possível identificar as preferências dos participantes por determinadas atividades / projetos / programas? Já existiu ou existe palestras cursos que abordem temáticas relativas a saúde, doença, qualidade de vida... Os clubes possuem atividades físicas estruturadas e planejadas? Quem atua? Duração? Há quanto tempo existe? Quais as características delas? 216 ANEXO 6 - PROTOCOLO DE OBSERVAÇÃO 1) Nome do observador: 2) Objetivo da observação: 3) Data da observação: 4) Horário da observação – início:________ término:________ 5) Diagrama da situação: 6) Relato do ambiente físico: 7) Descrição do sujeito observado: 8) Relato do ambiente social: 9) Técnica de registro utilizada: 10) Registro propriamente dito: 217 ANEXO 7 - QUESTIONÁRIO DE PRONTIDÃO PARA ATIVIDADE FÍSICA (Q-PAF) 1. Algum médico já disse que você possui algum problema de coração e que só deveria realizar atividade física com supervisão por profissionais de saúde? 2. Você sente dores no peito quando pratica exercícios físicos? 3. No último mês, você sentiu dores no peito quando praticava atividade física? 4. Você apresenta desequilíbrio devido a tontura e/ou perda de consciência? 5. Você possui algum problema ósseo/articular/muscular que pode piorar pela atividade física? 6. Você toma atualmente algum medicamento para pressão arterial e/ou problema de coração? 7. Sabe de alguma outra razão pela qual você não deve realizar atividade física? 218 ANEXO 8 - QUESTIONÁRIO SÓCIO-ECONÔMICO Data ____/____/2006 Nome _______________________________________________________________ Data de Nascimento __________________ Local _____________________________ Endereço _____________________________________________________________ Bairro ________________________ CEP ___________________________________ Fone _________________________ Estado Civil _______________________ Tem filhos: SIM ( ) NÃO ( ) Você mora sozinho ? SIM( ) NÃO( ) Com quem? _____________________ Você se encontra: Empregado ( ) Desempregado ( ) Aposentado ( ) Aposentado por ordem médica ( ) Dona de casa ( ) Qual o seu grau de instrução: Não fui à escola ( ) Primário – cursado até ______________ série Ginásio – cursado até ______________ série Colegial – cursado até _____________ série Faculdade – cursado até ___________ série Pós graduação – nível _______________ 219 Você tem em sua casa Não tem Tem (quantos) Banheiro Rádio TV em cores Aspirador de pó e / ou Vaporetto Empregada doméstica mensalista Aparelho de vídeo cassete Máquina de lavar roupa Geladeira simples (sem freezer) ( ) Ou Geladeira com freezer/Geladeira + freezer ( ) Automóvel de passeio Total Instrução do chefe da família Analfabeto / Primário incompleto ( ) Primário completo / Ginásio Incompleto ( ) Ginásio completo / Colégio incompleto ( ) Colégio completo / Universitário incompleto ( ) Universitário completo ( ) Renda familiar Até 05 salários mínimos De 05 a 10 salários mínimos Mais de 10 salários mínimos 220 ANEXO 9 - QUESTIONÁRIO INTERNACIONAL DE ATIVIDADE FÍSICA – VERSÃO CURTA Nome:______________________________________________________ _ Data: ______/ _______ / ______ Idade : ______ Sexo: F ( ) M ( ) Nós estamos interessados em saber que tipos de atividade física as pessoas fazem como parte do seu dia a dia. Este projeto faz parte de um grande estudo que está sendo feito em diferentes países ao redor do mundo. Suas respostas nos ajudarão a entender que tão ativos nós somos em relação à pessoas de outros países. As perguntas estão relacionadas ao tempo que você gasta fazendo atividade física na ÚLTIMA semana. As perguntas incluem as atividades que você faz no trabalho, para ir de um lugar a outro, por lazer, por esporte, por exercício ou como parte das suas atividades em casa ou no jardim. Suas respostas são MUITO importantes. Por favor responda cada questão mesmo que considere que não seja ativo. Obrigado pela sua participação ! Para responder as questões lembre que: • atividades físicas VIGOROSAS são aquelas que precisam de um grande esforço físico e que fazem respirar MUITO mais forte que o normal • atividades físicas MODERADAS são aquelas que precisam de algum esforço físico e que fazem respirar UM POUCO mais forte que o normal Para responder as perguntas pense somente nas atividades que você realiza por pelo menos 10 minutos contínuos de cada vez: 1a Em quantos dias da última semana você caminhou por pelo menos 10 minutos contínuos em casa ou no trabalho, como forma de transporte para ir de um lugar para outro, por lazer, por prazer ou como forma de exercício? dias _____ por SEMANA ( ) Nenhum 1b Nos dias em que você caminhou por pelo menos 10 minutos contínuos quanto tempo no total você gastou caminhando por dia? horas: ______ Minutos: _____ 221 2a. Em quantos dias da última semana, você realizou atividades MODERADAS por pelo menos 10 minutos contínuos, como por exemplo pedalar leve na bicicleta, nadar, dançar, fazer ginástica aeróbica leve, jogar vôlei recreativo, carregar pesos leves, fazer serviços domésticos na casa, no quintal ou no jardim como varrer, aspirar, cuidar do jardim, ou qualquer atividade que fez aumentar moderadamente sua respiração ou batimentos do coração (POR FAVOR NÃO INCLUA CAMINHADA) dias _____ por SEMANA ( ) Nenhum 2b. Nos dias em que você fez essas atividades moderadas por pelo menos 10 minutos contínuos, quanto tempo no total você gastou fazendo essas atividades por dia? horas: ______ Minutos: _____ 3a Em quantos dias da última semana, você realizou atividades VIGOROSAS por pelo menos 10 minutos contínuos, como por exemplo correr, fazer ginástica aeróbica, jogar futebol, pedalar rápido na bicicleta, jogar basquete, fazer serviços domésticos pesados em casa, no quintal ou cavoucar no jardim, carregar pesos elevados ou qualquer atividade que fez aumentar MUITO sua respiração ou batimentos do coração. dias _____ por SEMANA ( ) Nenhum 3b Nos dias em que você fez essas atividades vigorosas por pelo menos 10 minutos contínuos quanto tempo no total você gastou fazendo essas atividades por dia? horas: ______ Minutos: _____ 222 ANEXO 10 – DESCRIÇÃO DO PROTOCOLO DADOS ANTROPOMÉTRICOS Estatura A medida de estatura foi realizada utilizando uma fita métrica, com escala de 0,1 centímetro. Esta fita foi fixada em uma parede de alvenaria totalmente lisa e sem rodapé, para que não exista diferença nas medidas. O avaliado fica de costas, distribuindo sua massa corporal em ambos os pés e sua cabeça fica posicionada no plano horizontal de Frankfurt. Os braços ficam livres ao longo do tronco, com as palmas das mãos voltadas para as coxas. Os calcanhares permanecem unidos e tocando a base da parede. Além dos calcanhares, os quadris, as escápulas e a parte posterior do crânio também ficam em contato com a parede. Um esquadro de parede será deslocado até a parte superior do crânio, exercendo uma pressão suficiente para comprimir o cabelo. Esta medida será realizada após a apnéia inspiratória. Posteriormente é solicitado ao avaliado que se retire e em caso de não haver deslocamento do esquadro se realizará a leitura da medida. Massa Corporal A medida de massa corporal foi coletada utilizando uma balança da marca Filizolla, com intervalo de medida de 100 gramas. O avaliado, vestido com o mínimo de roupas possível e descalço, deverá colocar-se em pé no centro da balança, estando sua massa corporal distribuída sobre ambos os pés. O mesmo permanecerá nesta posição por alguns instantes até ser realizada a medida. Índice de Massa Corporal (IMC) De posse das medidas de massa corporal e estatura, foi calculado o IMC, utilizando a seguinte equação: IMC= massa corporal (kg) Estatura (m)2 Circunferência Abdominal O avaliado deve ficar em posição de pé e levantar a camiseta até a altura do peito, o avaliador permanece a frente do avaliado. Utilizando-se de uma fita métrica com escala de 0,1 cm, a fita é colocada em volta do avaliado no nível de maior distensão anterior do abdômen em plano horizontal. A fita é mantida confortavelmente junto à pele sem comprimir os tecidos e com a ponta do zero sob o valor a ser anotado. 223 ANEXO 11 - FICHA DE COLETA DE DADOS ANTROPOMÉTRICOS E TESTES DE APTIDÃO FÍSICA DATA DA AVALIAÇÃO:____/____/2006. CLUBE: ( ( ) Clube Amizade. ) Clube Paz e Amor. IDENTIFICAÇÃO NOME:_______________________________________________________________ SEXO: Masculino ( ) Feminino ( ). DATA DE NASCIMENTO: ____/____/______. IDADE:____anos. DADOS ANTROPOMÉTRICOS MASSA CORPORAL: ____________ (Kg). ESTATURA: ____________________ (cm). RCQ (Relação cintura/quadril):__________ (cm). AVALIAÇÃO DA APTIDÃO FÍSICA RELACIONADA À SAÚDE FORÇA / RESISTÊNCIA MEMBROS SUPERIORES: _______ (número de repetições). FORÇA DE MEMBROS INFERIORES: __________ (cm). FLEXIBILIDADE: __________ (cm). RESISTÊNCIA CARDIORRESPIRATÓRIA: _________ (metros). AGILIDADE:_______(seg). EQUILÍBRIO:_______/_______/_______(seg). 224 ANEXO 12 – DESCRIÇÃO DO PROTOCOLO TESTES DE APTIDÃO FÍSICA Força/resistência de membros superiores (flexão de cotovelo) Rikli & Jones (1999), propõe este teste para mensurar indiretamente a força dos membros superiores. Para a realização do teste foi necessário uma cadeira com encosto reto, um halteres adaptado de 2 kg para as mulheres e um halteres adaptado de 4 kg para os homens, além de um cronômetro. O avaliado sentou na cadeira com as costas retas no encosto e os pés apoiados no chão. O peso é segurado de lado com a mão dominante fechada. O teste começa com o braço estendido para baixo ao lado da cadeira, perpendicular ao chão. Ao sinal de início, o avaliado vira a palma da mão para cima enquanto flexiona o braço, completando totalmente o ângulo de movimento, voltando depois à posição inicial com o cotovelo totalmente estendido. O avaliado é encorajado a executar o maior número possível de movimentos de flexão dentro do prazo de 30 segundos. Força de membros inferiores (Impulsão vertical sem auxílio dos braços) Este teste mensura indiretamente a força dos membros inferiores. Soares & Sessa (1995), apresentam o procedimento de avaliação padronizado: para este teste são necessários uma fita métrica, uma cartolina preta e pó de giz. O avaliado se coloca em pé, com os calcanhares no solo, pés paralelos e corpo lateralmente à parede, com os membros superiores elevados verticalmente. Considera-se como ponto de referência a extremidade mais distal das polpas digitais da mão dominante comparada à fita métrica. O avaliado é orientado a saltar e tocar as polpas digitais da mão dominante no ponto mais alto da fita métrica, executando três vezes este movimento. O resultado é obtido pela subtração do valor do ponto de referência da melhor marca atingida durante as três execuções do salto. Potência aeróbia (caminhada de 6 minutos). Rikli & Jones (1998), adaptaram o teste de caminhada de 9 minutos e viabilizaram o teste de 6 minutos que mensura indiretamente a capacidade cardiorrespiratória. Para se realizar o teste é necessário cronômetros, cones, fita métrica, palitos de pirulito, giz, fita crepe e cadeiras. O teste propõe ao avaliado caminhar a maior distância possível em 6 minutos em um percurso retangular de 45,72 metros marcada em segmentos de metros. O resultado final é o número total de metros caminhados em 6 minutos. 225 Teste de flexibilidade (sentar-e-alcançar) Para realizar o sentar-e-alcançar, foi necessário o uso da caixa de “sentar-ealcançar”, construída com uma escala de medida sob a parte superior, sendo que o valor 23 cm equivale a sola dos pés do avaliado. O objetivo deste teste foi avaliar a flexibilidade dos músculos inferiores das costas e músculos posteriores da coxa. O avaliado senta em frente ao aparelho de testagem descalço. As pernas devem ficar estendidas, com a parte inferior de cada pé em contato com a caixa. Com os braços estendidos à frente e com a palma de uma mão sobre o dorso da outra, o avaliado inclinava-se para frente, estendendo os dedos o mais longe possível ao longo da escala de medida. Foram realizadas quatro medidas, sendo que a última devia ser mantida por no mínimo um segundo. O escore foi o número de centímetros atingido na quarta tentativa. Agilidade (shutle run) São traçadas duas linhas no solo distantes 9,14 metros, são colocados dois blocos de madeira a 10 centímetros da linha externa, separados entre si por um espaço de 30 centímetros. O espaço para a realização do teste deve ser em plano reto, livre de obstáculos e solo com atrito suficiente para evitar o deslize do tênis do avaliado. O teste inicia-se ao comando do avaliador, o avaliado corre à máxima velocidade até os blocos, pega um deles e retorna ao ponto de partida, colocando-o no chão atrás da linha. Sem interromper a corrida vai em busca do segundo bloco, sendo que o cronômetro é parado quando o avaliado coloca o último bloco no chão. Este teste deve ser realizado novamente com intervalo de no mínimo dois minutos e considerando como resultado o menor tempo de percurso, precisando em segundos. Equilíbrio (equilíbrio estático com controle visual) O avaliado fica na posição em pé com as mãos na cintura e orientado a olhar em um ponto fixo (a uma distância de aproximadamente dois metros da parede). O teste inicia-se ao comando do avaliador, desta forma, o avaliado deve flexionar na altura dos joelhos uma das pernas, escolhida a vontade pelo próprio avaliado, sendo que ele deve tentar se manter nessa posição por 30 segundos, se ele conseguir ficar este tempo o cronômetro é parado e anotado o tempo, caso o avaliado coloque o pé antes deste tempo no chão, deve ser anotado o tempo neste momento. Este teste deve ser realizado em três tentativas, sendo que o resultado deve ser considerado através da média em segundos das três tentativas. 226 ANEXO 13 – FIGURAS DAS AVALIAÇÕES ANTROPOMÉTRICAS E TESTES DE APTIDÃO FÍSICA Figura 1 – Medida de estatura Figura 2 – Medida de massa corporal Figura 3 – Medida de circunferência abdominal 227 Figura 4 – Teste de força/resistência de membros superiores (flexão de cotovelo) Figura 5 – Teste de força de membros inferiores (Impulsão vertical sem auxílio dos braços) Figura 6 – Teste de potência aeróbia (caminhada de 6 minutos) 228 Figura 7 - Teste de flexibilidade (sentar-e-alcançar) Figura 8 – Teste de agilidade (shutle run) Figura 9 – Teste de equilíbrio (equilíbrio estático com controle visual) 229 O FINAL!!!