MORADORES DE RUA Aline Rafaele de Moraes, Ana Maria da S.Raimundo, Cleusa Rodrigues de Souza, Elienai Ribeiro da Luz, Mirian Pereira Correia. Orientador: Nancy Julieta Inocente. Universidade Vale Paraíba - Faculdade de Ciência da Saúde Praça Candido Dias Castejón, 116. Centro. São José dos Campos [email protected], [email protected], [email protected], [email protected], rosinhaecé[email protected], Profª [email protected] Resumo Os homeless (sem-lar), moradores de rua estão sujeitos a uma vulnerabilidade social. O objetivo do trabalho é identificar a atuação do Serviço Social com os moradores de rua. O método utilizado foi de pesquisa exploratória. Os principais resultados obtidos demonstraram que é possível diminuir a exclusão social através da intervenção do profissional de Serviço Social. A intervenção técnica utilizada pelo Serviço Social tem como objetivo de reintegração ao convívio social, sanando as necessidades básicas de sobrevivência. Conclui-se sobre a importância de políticas publica voltada ao atendimento geral aos moradores de rua. Palavras-chave: Serviço Social. Intervenção. Morador de rua. Área do Conhecimento: Ciências Sociais Aplicadas própria natureza não habita em última análise, um Introdução domicílio. Praticamente quase todo o estudo sobre A vida dos moradores de rua é uma busca população de rua formulados no país ate o de sobrevivência diária e pela vulnerabilidade momento, refere-se a trabalhos realizados em física constante e da resistência à exclusão. No capitais como Belo Horizonte, São Paulo, Recife, entanto, a condição de habitante das ruas permite Porto Alegre e Rio de Janeiro. A maioria das um olhar único sobre o cotidiano das grandes pesquisas patrocinadas pelos governos municipais cidades do mundo. é desenvolvida a partir dos órgãos de assistência Dessa maneira, o Serviço Social se esforça social que, normalmente, lidam diretamente com a Para orientar e implementar condições humanas demanda desta população. Neste sentido, a maior no exercício de sua profissão. Orienta-se no parte de seus resultados destes trabalhos surge a sentido de entregar a população e a sociedade partir da década de 90, estendendo até o pela ordem estabelecida pelo capital e a momento. (MARTINS FERREIRA; CARRILHO integração ao sistema. Mostrando assim a grande MACHADO, 2007) objetivo de reintegração ao importância do Serviço Social na sociedade convívio social, sanando as necessidades básicas (IAMAMOTO; CARVALHO, 2003). de sobrevivência material e psicológica. O Serviço Social analisa individualmente cada cidadão tornando-se personalizado e Metodologia atendendo as expectativas dos cidadãos, pois a intervenção será a mais adequada para aquele A pesquisa exploratória tem como objetivo determinado momento e posteriormente com o proporcionar maior compreensão e entendimento auxilio de um grupo de profissionais atuando para do fenômeno investigado modifica e esclarece que o indivíduo encontre as respostas e soluções conceitos possibilitando que este seja delineado para o seu problema (PORTYARA, 2006). com precisão ou e dê possibilidades de criar Nos últimos anos, o tema população de rua novas hipóteses (GIL, 1996). Pesquisaram-se via tem despertado atenção, especialmente entre os internet os artigos do Scielo, referentes ao tema formuladores e executadores de políticas sociais. proposto. No Brasil, a bibliografia existente e a própria – Pesquisa e comparações de livros retirados na disponibilidade de dados acerca destas pessoas biblioteca da própria instituição. tem sido bastante restrita. Vários aspectos tanto – Debate em grupo sobre o assunto. do ponto de vista conceitual, como no que se refere às técnicas voltadas a mensuração deste Moradores de rua: conceitos gerais grupo populacional, em grande medida justifica tal Quem são os moradores de rua? carência. Inicialmente, ao trabalhar com população de rua, A grande maioria das pesquisas oficiais deve ser considerado que esta categoria social que, normalmente, parte do domicilio comunidade tem por característica básica a básica de análise tem consideráveis dificuldades multidimensionalidade¨. A rua abriga uma grande em abordar esse tipo de população, que por sua XIII Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e IX Encontro Latino Americano de Pós-Graduação – Universidade do Vale do Paraíba 1 diversidade de moradores que, pelas mais diversas razões, formas, situações ou períodos de tempos acabam não estando abrigados em um domicilio. Desta forma, os problemas identificados, a política pública e a pesquisa voltada para este grupo deve ser, antes de tudo, multifacetas, ou seja, não deve ser tratadas a partir de uma área do conhecimento, especifica, ou de forma setorial, sob o risco de não se alcançar estas pessoas e seus verdadeiros problemas. Procurou-se listar, de forma não exaustivas quatro grandes grupo de fatores que podem contribuir para a explicação do¨porquê ¨ um individuo ou mesmo uma família acabam por se encontrar numa situação de rua; seriam eles: violência, drogas, desemprego, e problema de saúde. Estes fatores podem ser encontrados isoladamente ou de forma combinada por determinado período de tempo ou permanentemente. (MARTINS FERREIRA; CARRILHO MACHADO, 2007) O artigo Labirintos da Cidade Contemporânea – (BANDELAIRE; BONSAMIN, JAMENSON; MARC AUGE ,2008), os autores usam o labirinto como símbolo da cidade antiga que leva a refletir sobre alguns caminhos e caminhantes considerados excedentes na cidade contemporânea, demonstrando a importância do tema no momento atual. O Jornal Boca de Rua (2000) é produzido por moradores de rua na cidade de Porto Alegre (RS), orientados por jornalistas, psicólogos e educadores. É um jornal trimestral que redesenha o horizonte da vida de muitos moradores de Rua de Porto Alegre. O jornal dá voz ao esquecimento em que se encontram e compartilham a sua história de vida. Alguns temas que são usados: a rua é o maior estágio, despejados, profissões-perigo, o inverno é um inferno, drogas, malabarismo da sobrevivência. trânsito. Misto de indiferença, medo e constrangimento que acomete condutores e passageiros desses veículos, sendo compulsório darem esmolas. Segundo o psicanalista Coligares (2006, apud QUINTÃO, 2006), os homeless (sem-lar) são empurrados para fora dos espaços, jogados para borda do lixo (coincidência?). A sociedade lhes impõe um lugar de desamparo e privação. Para o morador de rua o espaço público e privado da vida confunde-se de certo modo, pois o âmbito público é um meio de sobrevivência, mas esse direito é negado para ele. O uso da palavra labirinto é usado como uma ligação entre a cidade moderna, limpa, aberta, planificada, e a cidade antiga, tortuosa, cheia de curvas e mistérios. Esses moradores de rua mostram muitas passagens não planejadas e subvertem os traços ao redesenhar os mapas oficiais, com isto trazem o labirinto de volta para as grandes avenidas. No ano de 2003, Cristelli, desenvolveu um comentário sobre os malabarismos, desenvolvidos em muitos casos, por moradores de rua que abordam os motoristas parados nos sinais de Tabela-População em situação de rua Belo Horizonte 1998-2005* Resultados No primeiro Censo, realizado em 2000, foram identificados 8.088 moradores de rua em São Paulo. Destes, 4.395 foram encontrados nos logradouros da cidade e 3.693 encontravam-se nos albergues. No segundo, em 2003, foram contadas 10.399 pessoas, sendo que 6.186 em albergues e 4.213 nas ruas. “Embora os números sejam significativos, as estimativas apontavam um número ainda maior. Descobrimos também que a predominância é masculina, com idade média de 40 anos. Conclui a pesquisa. ttp://www.fipe.org.br, 30/03/2009. As mulheres e as crianças tem participação bem menor que a dos homens. Isto em grande medida é justificado pela violência e a necessidade por parte destes grupos de estarem localizados de forma mais estável. Normalmente, uma das principais caracteristicas dos moradores de rua é violencia fisica, tanto por parte dos moradores como por parte de terceiros. (MARTINS FERREIRA; CARRILHO MACHADO, 2007). XIII Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e IX Encontro Latino Americano de Pós-Graduação – Universidade do Vale do Paraíba 2 199 8 (%) total 98 2005 (%) total 05 Taxa Crese (a.a) 98/05 Masc. 714 63,75 991 79,66 4,79 Fem. 202 18,30 166 13,40 -2,76 Menos de18 anos Sem Informação Total 204 18,21 75 6,05 -13,32 - - 11 0,89 - 1.12 0 100,00 1.239 100,00 1,45 Fonte: Censo de População de rua, 1998 e 2005. Enfatizamos que para a população carente, a possibilidade do subsídio habitacional deve ser considerada, uma vez que a moradia deve fazer parte da política social contra a pobreza. O empobrecimento é um processo que acaba por impedir que as pessoas tenham estruturas familiares com capacidade suficiente para desenvolver um projeto de vida digna na sociedade contemporânea. Ainda mais se assumirmos que a pobreza que pode trazer consigo a marginalidade e criar obstáculos quase intransponíveis para o acesso às oportunidades deveria ser responsabilidade do poder público, que por sua vez deveria criar condições para o desenvolvimento e a inserção social, estando aí compreendido acesso à moradia digna.(SAMPAIO; PEREIRA, 2009.) Discussão A Intervenção do moradores de rua Serviço Social com O essencial será a formação moral e doutrinária da assistência social. O desenvolvimento de sua missão de tirar através de uma ação personalizada os decaídos de anormalidade, deverão estar convictos empregnados de uma determinada visão do mundo. Deve ser capazes de enfrentar com objetividade lógica a realidade social. Deverão estar imerizados nas angústias e apreensões que a situação de miséria e,eventualmente,a hostilidade do proletariado lhe causaria.(IAMAMOTO,M .V : CARVALHO R.2008) O educador social de rua não é um super herói ou um santo que irá salvar o mundo da miséria, não esta na rua para recolher as pessoas de lá. Mesmo assim tem uma tarefa árdua deve compreender a cultura da rua, com seu rituais de entrada e saída. Ele vive no limite das tensões sociais entre o morador de rua com carência existencial infinita e a sociedade que lhe exige soluções dos casos recuperados. Segundo Iamamoto (2005), quanto mais se desenvolve a força produtiva, mais aumenta o grau de exploração. É o rendimento do seu trabalho que vem o seu sustento, na qual obtém seus mínimos necessários. O Estado busca enfrentar as questões de conflitos sociais através de medidas aplicadas na legislação e na implementação de Serviço Social. Dessa análise, busca-se apontar uma possibilidade clínica no atendimento social. O atendimento oferecido pelo serviço social e pela saúde mental. Visam a ilustrar e demonstrar a aplicabilidade dessa elaboração teórica, apresentando a construção de um fragmento clínico. As Instituições públicas acompanham moradores de rua que apontam possíveis limites de uma intervenção clínica. Quem mora na rua atualiza a pergunta diariamente através de sua área de circulação. Carrega consigo as coisas que lhe pertencem e cata, geralmente na lixeira alheia, o que lhe faltou, um ato de transbordamento público e do privado que está contido em um gesto diário, banal. Interrompem o tráfego carregando suas montanhas de papel, atiram o corpo na calçada grudando pele e concreto até não descolar. Fazem-se montanhas quando se cobre de cobertor cinza como a laje. Extensões do caminho interrompem quando o corpo na calçada já não responde. Paralisam e dormem com o sinal de trânsito colorindo sua face: vermelho, amarelo e verde. Pinta os corpos jogados no asfalto. (SOUSA, 2008) Através de uma visão global do mundo, afirma-se que se não forem atendidas as necessidades básicas, fica comprometido o desenvolvimento da humanidade. Se estas necessidades básicas forem atendidas há-se a condição de prevenção de tais prejuízos.( POTYARA A.P. 2006 ) Fomos condicionados a entender espaços fechados, a se protegidos dentro de mundos isolados, a compreender de uma maneira unilateral o que é fora e o que é dentro. O lixo de consumo da sociedade torna-se pedra fundamental para a vida na rua. Soluções podem se encontradas tentando-se conceber espaços abertos, autônomos e reguláveis para os habitantes, e não enclausurados em edifícios e seriados e sem vida ¨HABITAÇÃO CINGAPURA¨.(ARQUIVO RIZONA JAN 1999) Isto põe em relevo o imperativo de considerar a intencionalização da ação humana como parte integral e intrínseca da sua essência e, por conseguinte, como parte constitutiva do básico necessário a sua existência. Num espaço mínimo tentam construir algo que lembre uma casa (QUINTÃO, 2008). XIII Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e IX Encontro Latino Americano de Pós-Graduação – Universidade do Vale do Paraíba 3 O Serviço Social tenta amenizar os casos através das instituições, enviando os moradores de rua aos abrigos, mas esta providência ainda não soluciona o problema, pois esses indivíduos se deslocam continuamente. Por vezes são expulsos dos seus espaços com violência, estes exércitos de excluídos, causam impactos e por este motivo a última providência a ser feita é reenviá-los de volta a cidade de origem. Mas sabemos que mesmo com essas atitudes, os moradores de rua não deixarão de existir. Um indivíduo só passa a ser considerado sujeito quando o olham ou o visitam como “alguém” (Quintão, 2008). 1. Estruturação da rede de acolhida, de acordo com a heterogeneidade e diversidade da população em situação de rua, reordenando práticas homogeinizadoras, massificadoras E segregacionistas na oferta dos serviços, especialmente os albergues; 2. Produção, sistematização de informações, indicadores e índices territorializados das. Situações de vulnerabilidade e risco pessoal e social acerca da população em situação De rua; 3. Inclusão de pessoas em situação de rua no Cadastro Único do Governo Federal para Subsidiar a elaboração e implementação de políticas públicas sociais. 4. Assegurar a inclusão de crianças e adolescentes em situação de trabalho na rua no Programa de Erradicação do Trabalho Infantil. .(FUNDAÇÃO INSTITUTO DE PESQUISAS ECONÔMICAS,2003). Conclusão A intervenção do Serviço Social com moradores de rua busca amenizar as necessidades humanas primordial para a dignidade do assistido. Por apresentar um trabalho de campo o assistente social se vincula as instituições governamentais e até mesmo Ong’s para cumprir seu respectivo objetivo. Em 1993, o Congresso Nacional aprovou a Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS), que regulamentou os artigos 203 e 204 da Constituição Federal, “reconhecendo a Assistência”. Social como política pública, direito do cidadão e dever do Estado, além de garantir a. Universalização dos direitos sociais”. Posteriormente, a LOAS recebeu alteração para a. Inclusão da obrigatoriedade da formulação de programas de amparo à população em situação de rua, por meio da Lei n 11.258/05, de 30 de dezembro de 2005. De acordo com a nova legislação, portanto, o poder público municipal passou a ter a tarefa de. manter serviços e programas de atenção à população de rua, garantindo padrões básicos de. dignidade e não-violência na concretização de mínimos sociais e dos direitos de cidadania a esse segmento social. Mesmo em face da proeminência aparente que a legislação supracitada sugere para o tratamento desta temática pela Assistência Social, claro está que a Política Nacional para Inclusão Social da População em Situação de Rua ganhará concretude no esforço dos diferentes setores do Poder Público em articulação com a sociedade civil no sentido de imprimir ações efetivas de prevenção e resgate social.(FUNDAÇÃO INSTITUTO DE PESQUISAS ECONÔMICAS,2003).Conclui-se que ao trabalhar com população de rua, o assistente social deverá considerar a multidimensionalidade na sua intervenção. Referências ARIES P, Por uma história da vida privada, 1995, disponível em SITI:http://PEPSIC.BUSPSI.ORG.BR/SCIELO GIL,A.C, Como Elaborar Projetos de Pesquisa. 3º ed. SP.Athas,1996. IAMAMOTO M.V. CARVALHO R de, 2005, 18 ed. Relações Sociais e Serviço Social no Brasil, p.66 a 103. MENDESA.A,Uma clinica para o atendimento a morador de rua: direitos humanos e composição do sujeito.Prof. V. 24 n.3 Brasília. Set.2004.site: http://PEPSIC.BUS-PSI.ORG.BR/SCIELO 01/04/2009. QUINTÃO P.R. O Sujeito (oculto) e a cidade; ide (SP) v.31, n.146. SP. Jun.2008. site:http://PEPSIC.BUS-PSI.ORG.BR/SCIELO 01/04/2009. POTYARA A.P, especificações de necessidades humanas básicas a partir de teorias recentes. 2006.3º ed.p.66 a 75. SAMPAIO M.R.A; PEREIRA P.C.X, Site:http:/www.scielo.br XIII Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e IX Encontro Latino Americano de Pós-Graduação – Universidade do Vale do Paraíba 4