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A SEMANA SANTA
(Por Marcelo Rodolfo da Costa)
Sabemos bem que durante a Semana Santa, a Igreja celebra os mistérios da reconciliação,
realizados pelo Senhor Jesus nos últimos dias da sua vida, começando por sua entrada messiânica em
Jerusalém.O tempo da Quaresma se prolonga até a Quinta-feira da Semana Santa. A Missa Vespertina
da Ceia do Senhor é a grande introdução ao santo Tríduo Pascoal.
O Tríduo Pascal tem início na quinta-feira santa, prossegue com a sexta da paixão, e chega ao
ápice na Vigília Pascal terminando com as Vésperas do Domingo da Ressurreição. É importante
recordar que "as ‘férias’ da Semana Santa, desde a Segunda até inclusive a Quinta-feira, têm
preferência sobre qualquer outra celebração" e por tanto nestes dias não se deve administrar os
sacramentos do Batismo e da Confirmação.
É importante que nestes dias se ofereçam em todas as paróquias, capelas, colégios, hospitais e
centros de evangelização, horários amplos para facilitar aos fiéis o acesso ao Sacramento da
Reconciliação como preparação espiritual para acompanhar ao Senhor Jesus na entrega de Si mesmo
por nós. É muito conveniente que o tempo da Quaresma termine com alguma celebração penitencial
que sirva de preparação para uma participação mais plena no mistério pascoal.
QUARTA FEIRA SANTA
PROCISSÃO DO ENCONTRO
NOSSO SENHOR DOS PASSOS E NOSSA SENHORA DAS DORES
Dentro da Semana Santa, também chamada de “A Grande Semana”, em muitas paróquias,
especialmente no interior, realiza-se a famosa “Procissão do Encontro” entre: o Senhor dos Passos e
Nossa Senhora das Dores.
Os homens saem de uma Igreja com a imagem de Nosso Senhor dos Passos e as mulheres saem
de outra igreja com Nossa Senhora das Dores. Acontece então o doloroso encontro entre a Mãe e o
Filho.
O padre, então, proclama o célebre Sermão das Sete Palavras, que na verdade são sete frases:
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1. Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem. (Lc 23,34 a);
2. Hoje estarás comigo no paraíso. (Lc 23,43);
3. Mulher eis aí o teu filho, filho eis aí a tua mãe. (Jo 19,26-27);
4. Meu Deus, Meu Deus, porque me abandonastes?! (Mc 15,34);
5. Tenho sede. (Jo 19,28 b);
6. Tudo está consumado. (Jo 19,30 a);
7. Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito. (Lc 23,46 b).
O sacerdote, diante das imagens, faz uma reflexão com estas frases, chamando o povo à
conversão e à penitência. O silêncio é grande,
O TRÍDUO PASCAL DA PAIXÃO, MORTE E RESSURREIÇÃO
É o cume de todo o ano litúrgico. Assim como no corpo humano é o coração que irriga o sangue
vital para todo o corpo, no ano litúrgico é o tríduo pascal que ocupa esta função. Ele é como o coração
que bombeia vida para todo o ano. No interno do nosso ano litúrgico, a solenidade da páscoa tem o
mesmo destaque que o domingo tem ao longo da semana. O motivo para tanta importância é muito
simples: foi especialmente pelo mistério de sua páscoa que Cristo realizou a obra da redenção humana
e a perfeita glorificação do Pai.
QUINTA FEIRA SANTA - MISSA DO CRISMA (CATEDRAL)
Na Quinta-feira Santa, óleo de oliva misturado com perfume (bálsamo) é consagrado pelo Bispo
para ser usado nas celebrações do Batismo, Crisma, Unção dos Enfermos e Ordenação.Sempre que
houver celebração com óleo, deve estar à disposição do ministro uma jarra com água, bacia, sabonete e
toalha para as mãos.
Não se sabe com precisão, como e quando teve início a bênção conjunta dos três óleos
litúrgicos. Fora de Roma, esta bênção acontecia em outros dias, como no Domingo de Ramos ou no
Sábado de Aleluia.
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O motivo de se fixar tal celebração na Quinta-feira Santa deve-se ao fato de ser este último dia
em que se celebra a missa antes da Vigília Pascal. São abençoados os seguintes óleos:
Óleo do Crisma - Uma mistura de óleo e bálsamo, significando plenitude do Espírito Santo,
revelando que o cristão deve irradiar "o bom perfume de Cristo". É usado no sacramento da
Confirmação (Crisma) quando o cristão é confirmado na graça e no dom do Espírito Santo, para viver
como adulto na fé. Este óleo é usado também no sacramento do sacerdócio, para ungir os "escolhidos"
que irão trabalhar no anúncio da Palavra de Deus, conduzindo o povo e santificando-o no ministério
dos sacramentos. A cor que representa esse óleo é o branco ouro.
Óleo dos Catecúmenos - Catecúmenos são os que se preparam para receber o Batismo, sejam
adultos ou crianças, antes do rito da água. Este óleo significa a libertação do mal, a força de Deus que
penetra no catecúmeno, o liberta e prepara para o nascimento pela água e pelo Espírito. Sua cor é
vermelha.
Óleo dos Enfermos - É usado no sacramento dos enfermos, conhecido erroneamente como
"extrema-unção". Este óleo significa a força do Espírito de Deus para a provação da doença, para o
fortalecimento da pessoa para enfrentar a dor e, inclusive a morte, se for da vontade de Deus. A cor é
roxa.
MISSA VESPERTINA
Marca o início do nosso tríduo pascal. Com a missa vespertina da Ceia do Senhor, na qual nós
recordamos a instituição da eucaristia e junto rendemos graças a Deus pela instituição do ministério
sacerdotal e pelo mandato do serviço fraterno. Ainda sobre a noite da Quinta-Feira Santa, o
primeiro dia do tríduo, é bom que saibamos alguns detalhes.
Já vimos que naquela noite celebramos a instituição da Eucaristia, do ministério sacerdotal e
do mandato do serviço fraterno. É característico desta noite, o gesto do lava-pés, sinal do amor do
Cristo por nós, que se traduz em gestos concretos. Ao celebrar este mesmo gesto do Cristo, nós
renovamos anualmente os nossos compromissos de sermos servos dos demais.
Nesta noite canta-se o hino de louvor (glória que havia sido suspenso desde a quarta-feira de
cinzas) e, enquanto cantamos, todos os instrumentos que também haviam sido suspensos desde o início
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da quaresma, são tocados durante todo o canto. Mesmo os sinos, quando existirem, devem ser tocados
durante o canto do glória.
Depois deste canto, todos os instrumentos devem silenciar até o canto do glória da missa da
vigília pascal, no Sábado Santo a noite. O silêncio tanto dos instrumentos como dos sinos querem
ser sinal e expressão de humildade semelhante à humildade do Cristo que se humilha e se despoja
até a morte na cruz. Não obstante, esta indicação de silêncio total, a Igreja permite e recomenda que
se utilize algum instrumento modesto para acompanhar e sustentar o canto litúrgico.
Logo depois da comunhão da missa da Quinta-Feira santa, os dons eucarísticos consagrados
para a Sexta-Feira Santa (nunca a igreja celebra a eucaristia na Sexta-Feira Santa), são transladados
para um altar lateral ou outra capela devidamente preparada, onde permanecerão para a adoração dos
fiéis. Uma vez feita à transladação dos dons consagrados, o sacerdote presidente e seus ajudantes
procedem a desnudação do altar. O altar que também é um dos símbolos do Cristo presente entre nós,
é destituído de todo enfeite para que expresse o rebaixamento do Cristo que celebramos daquele
momento em diante. Terminado isto tem início a adoração do Santíssimo que nesta noite tem
características próprias: deve ser silenciosa.
SEXTA FEIRA SANTA
Durante à tarde aproximadamente às 15 horas, toda a Igreja celebra a paixão de Nosso Senhor.
Desde que a igreja existe, este sempre foi o principal dia de jejum, penitência e luto pela morte do
Senhor. Santo Irineu que viveu no terceiro século narra que no seu tempo este jejum durava 24 horas e
que era um jejum absoluto, quando nenhum cristão comia nem bebia nada.
Somente no quarto século a Igreja organizou uma liturgia própria para este dia. A celebração
consistia na veneração da cruz e na escuta da narração da paixão. Somente mais tarde é que foi
acrescentada a comunhão dos fiéis e então, a liturgia ficou com os três momentos que conhecemos:
liturgia da palavra, veneração da cruz e comunhão dos fiéis.
a) - A LITURGIA DA PALAVRA: a cerimônia tem início com a entrada silenciosa do
celebrante e de seus ajudantes, os quais vão em procissão até o altar que está totalmente nu (símbolo do
despojamento de Cristo) e ajoelham-se. Assim eles permanecem em oração por alguns minutos. Este
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momento é chamado prostratio (do latim, que significa: prostração). Logo em seguida se procede a
primeira leitura tirada do profeta Isaias: 52, 13- 53, 12. É o conhecido texto do canto do servo do
Senhor, que os cristãos sempre leram como uma descrição profética da paixão do seu Senhor. Em
seguida recita-se o Salmo 30 que exprime, ao mesmo tempo, a dor pelos sofrimentos de Cristo e a
confiança em Deus que é sempre fiel. A segunda leitura é de Hebreus 4, 14-16: 5, 7-9: trata-se da
exultação do grande sumo sacerdote (Cristo) que tornou-se a causa de salvação para todos os que lhe
obedecem. O canto de aclamação é a própria citação de Filipenses 2, 8ss. Ele fala do mistério pascal
de Cristo, da sua obediência até a morte de cruz e da sua exaltação. O Evangelho é de João 18, 1-19,
42: narra a paixão do Senhor. Depois de lido o evangelho, se for oportuno, recomenda-se ao sacerdote
presidente da eucaristia que faça uma pequena homilia, mas sem prolongar-se muito, pois este é o dia
de contemplar a paixão do Senhor. Terminada a pequena homilia, segue-se à grande oração universal,
constituída de 10 orações com a mesma estrutura temática onde se reza: pela Igreja, pelo Papa, pelas
várias ordens sacras, pelos catecúmenos, pela unidade dos cristãos, pelos nossos irmãos Hebreus,
pelos governantes, por todos os homens e suas necessidades e pela Salvação do mundo inteiro. b) - A
ADORAÇÃO DA CRUZ: o sacerdote ou o diácono encontra-se no fundo da Igreja e, lá recebe a cruz
toda coberta. Ele a conduzirá até o altar, parando ao longo do caminho por três vezes. Em cada parada
o sacerdote descobrirá uma parte da cruz, dizendo ou cantando: eis o lenho da cruz, no qual foi
pregado o Cristo Salvador do mundo; ao que a assembléia responderá: vinde adoremos e,
permanecendo de joelhos, rezará em silêncio. Chegada ao altar, a cruz será segurada por dois ajudantes
em um lugar de destaque, onde toda a assembléia possa vê-la.
Neste momento começa então a adoração da cruz. Todo o presbitério presente, bem como os
fiéis, dirigem-se em procissão até a cruz, ajoelham-se e beijam-na. Durante toda a procissão dos fiéis
para a adoração e o beijo da cruz, executam-se cantos apropriados.
c) - A COMUNHÃO DOS FIÉIS: terminada a adoração, o altar que estava descoberto desde o final
da missa da ceia do Senhor, na quinta-feira, agora é coberto por uma toalha simples e sobre esta são
colocados o corporal e o missal.
Então, o Santíssimo Sacramento é trazido do local onde fora depositado depois da missa de
quinta-feira e é colocado sobre o altar. Em silêncio, todos adoram o Senhor presente na Eucaristia.
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Segue-se a oração do pai-nosso, a elevação da hóstia consagrada e em seguida, todos os fiéis
comungam.
Terminada a comunhão, observa-se um espaço de silêncio e em seguida o ministro sacerdotal
reza duas orações: uma é a oração depois da comunhão, na qual rende-se graças à Deus pelo dom da
vida nova que nos é doada através da morte e ressurreição do Senhor; a outra é a oração sobre o povo,
através da qual o sacerdote pede consolação e perdão à todo o povo de Deus, o seu crescimento na fé e
a redenção eterna.
SÁBADO SANTO
A vigília da noite da ressurreição é considerada por toda a Igreja como a mãe de todas as nossas
vigílias. O ponto culminante do tríduo é a vigília pascal (celebrada na noite de sábado)
Nesta noite a Igreja espera vigilante a ressurreição do seu Senhor, celebrando-a com seus
sacramentos. Não há uma hora precisa para iniciar esta vigília, mas a Igreja pede que nunca ela seja
iniciada antes do anoitecer de sábado; a não ser que os participantes da celebração sejam idosos e/ou
doentes, que não tenham condições de participar da mesma durante a noite.
Do mesmo modo que ela só deve começar depois do escurecer, também deve terminar antes do
amanhecer do domingo. Tanto na sexta-feira santa como no sábado até a celebração da vigília pascal, a
igreja recomenda que todos os seus filhos observem o jejum.
A celebração da noite da páscoa: inicialmente não havia uma celebração litúrgica própria para
este dia. Até a meia-noite do sábado era guardado luto pela morte de Cristo, que era acompanhado de
um jejum completo. Somente depois disto, quando a igreja terminava de celebrar a Eucaristia e os
batizados dos catecúmenos, é que o jejum e o luto se transformavam em total alegria. A liturgia desta
noite, que foi sendo organizada aos poucos, hoje é constituída de quatro momentos:
a) - RITO DAS LUZES OU DO FOGO: faz-se uma fogueira na frente da Igreja e toda a comunidade
se reúne em torno dela. O celebrante e seus ajudantes devem dirigir-se para a fogueira, carregando
consigo o círio pascal. Uma vez estando todos reunidos ali, procede-se a benção do fogo. Este rito está
ligado ao antigo costume de acender o fogo através da fricção de duas pedras.
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Os cristãos viram neste gesto, uma imagem do Cristo, a "pedra angular", que abatida pelos
golpes da cruz, derramou sobre nós o fogo do Espírito Santo. O círio pascal aceso simboliza o Cristo
que ressuscitou da noite das trevas da morte. Ele representa, portanto, o Cristo vivo no meio da
comunidade reunida em seu nome. Na preparação do círio, o celebrante incide sobre ele uma cruz,
enquanto diz: Cristo ontem e hoje, princípio e fim. Na parte superior da cruz incidida, o celebrante
inscreve a primeira letra do alfabeto grego e na parte inferior, a última e diz: Alfa e Omega.
Entre os braços da cruz, são traçadas as cifras do ano corrente, enquanto o sacerdote diz: a Ele o
poder e a glória por todos os séculos, amém. Nas extremidades e no centro da cruz são colocados 5
grãos de incenso, devidamente colados em pregos. Enquanto estes são colocados sobre a cruz já traçada
sobre o círio, o sacerdote diz: por meio de suas santas chagas (1), suas chagas gloriosas (2), nos
proteja (3) e nos guarde (4) o Cristo Senhor, amém (5). Tendo feito isto, o sacerdote acende o círio
e diz: a luz de Cristo que ressuscitou glorioso destrua as trevas do coração e do espírito.
b) - A LITURGIA DA PALAVRA: no total deveriam ser proclamadas 9 leituras: duas do Novo
Testamento e 7 do Antigo. Porém, de acordo com as condições dos fiéis que participam da celebração,
estas leituras podem ser reduzidas até a duas. Quando isto tiver que ser feito, uma das duas leituras
deverá ser sempre aquela que narra a passagem do mar vermelho, pois esta prefigura o mistério pascal
de Cristo.
Quando lemos todas as leituras normalmente, logo após a última leitura do Antigo Testamento,
canta-se o glória e os sinos com todos os instrumentos musicais que tinham sido suspensos na quintafeira a noite, recomeçam a tocar novamente, proclamando a alegria pela ressurreição. Em seguida, são
lidos: a Epístola e o Evangelho, que é precedido pelo canto do aleluia, que havia sido deixado lá no
início da quaresma.
c) - A LITURGIA DO BATISMO: desde os primeiros anos da Igreja, a noite da páscoa sempre foi o
momento predileto para a celebração dos batizados. Portanto, se houverem batizados, celebram-se
normalmente. Caso eles não existam, todos os cristãos renovam as promessas do batismo. Terminada a
celebração dos batismos ou a renovação das promessas do batismo, procede-se à oração dos fiéis.
d) - A LITURGIA EUCARÍSTICA: se algum adulto tiver sido batizado nesta celebração, ele deverá
levar os dons eucarísticos para o altar. É um costume antigo da Igreja, utilizar a primeira oração
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eucarística para esta celebração. Nela estão previstas orações especiais pelos neo-batizados. A
celebração é concluída com a benção e a dupla aleluia.
DOMINGO DE PÁSCOA
Tudo neste dia nos fala do mistério pascal de Cristo: a primeira leitura é de Atos 10, 34-43,
onde escutamos o testemunho de Pedro sobre o mistério pascal de Cristo. A segunda, é de Colosenses
3, 1-4 ou 1Coríntios 5, 6-8: ambas nos convidam a pensar nas conseqüências de termos participado da
morte e ressurreição de Cristo. O Evangelho, é de João 20, 1-9 e narra a páscoa de Cristo.
A Igreja recomenda que na homilia deste dia, os ministros acentuem a unidade do mistério
salvífico da páscoa de Cristo; da sua paixão, morte e ressurreição como um todo único e nunca como
momentos separados.
Igualmente, é importante ressaltar o valor do tríduo pascal como o momento mais alto de todo o
ano litúrgico. Finalmente, a celebração das segundas vésperas do domingo de páscoa conclui
solenemente o sacro tríduo da páscoa do Senhor.
FONTES
 CIC (Catecismo da Igreja Católica);
 Vivendo a Semana Santa;
Uma Feliz e Santa Páscoa!
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