Cap.19: ORTOGRAFIA
Profª. Ana Maria Hernandes
1. Ortografia
Definição: orto- do grego orthós = “correto”
+ -grafia do grego graphein = escrever; é o
emprego correto das letras.
“Dê-me um cigarro
Diz a gramática
Do professor e do aluno
E do mulato sabido
Mas o bom negro e o bom branco
Da Nação Brasileira
Dizem todos os dias
Deixa disso camarada
Me dá um cigarro."
Oswald de Andrade
2. Fenômenos do nível Semântico
relacionados à Ortografia

Palavras Sinônimas
Não tenho meios para comprar este material agora.
(=recursos)
Palavras que se assemelham no sentido.

Palavras Antônimas
Traços cambiantes fixam uma qualidade precisa aos livros.
(oposto a permanente)
Palavras que se opõem semanticamente.

Palavras Homônimas
Quem é são, não é Paulo, é verdão.
Palavras iguais no som (homófonas) e na escrita (homógrafas),
porém divergentes semanticamente.

Palavras Heterônimas
Fernando Pessoa: Alberto Caeiro, Álvaro de Campos e Ricardo Reis.
Nomes diferentes atribuídos a uma mesma pessoa.

Palavras Parônimas:
A despensa repleta de alimentos dispensa restaurante.
→ heterógrafas e heterófonas
O professor cerrou a porta e não deixou os alunos entrarem.
O marceneiro serrou a porta no tamanho solicitado pelo cliente.
→ heterógrafas e homófonas
A descrição é um tipo de texto.
A discrição é qualidade imprescindível a um psicólogo.
→ heterógrafas e heterófonas
Palavras parecidas no som e na escrita.
3. Empregos de algumas letras
3.1 Emprega-se o “s”
a)
Amoroso, carinhosa, afetuoso;
→ -oso/- osa quando formadores de adjetivos.
b)
→
c)
→
Burguês, burguesa; inglês, inglesa;
-ês/-esa quando formadores de adjetivos pátrios ou não.
Analisar (análise), pesquisar (pesquisa);
-isar quando a palavra primitiva for grafada com s.
3.2 Emprega-se o “c” e o “ç”
a)
→
b)
→
açaí, caçula, miçanga, paçoca;
em palavras de origem tupi / africana.
beiço, caiçara, foice, louça, traiçoeiro;
após ditongos
3.3 Emprega-se o “h”:
a)
No nome do estado Bahia (contudo, não há h em baía, baiano, baianinha);
b)
Em palavras compostas em que o segundo elemento é iniciado por h, a
palavra será grafada com hífen. Exs: sobre-humano, anti-higiênico, préhistórico (Exceção: subumano).
3.4 Emprega-se o “z”:
a)
b)
c)
d)
Em palavras derivadas em zal / zinho(a). Exs: cafezal, avezinha
Em palavras derivadas de primitivas já grafadas com z. Exs: Enraizar (raiz),
esvaziar (vazio);
Em substantivos abstratos derivados de adjetivos. Exs: Pobreza, acidez,
riqueza, leveza
Com o sufixo –izar quando a palavra primitiva não for grafada com s. Exs:
Canalizar (canal), cicatrizar (cicatriz), profetizar, anarquizar (anarquia).
3.5 Emprega-se o “x”
a)
b)
c)
d)
Após ditongo. Exs: baixo, deixar, eixo, frouxo,
queixada;
Após “en”. Exs: Enxada, enxergar, enxofre,
enxerido, enxurrada, enxovalhar (Exceções:
encher / encharcar);
Após o “me”. Exs: Mexer, mexerica, mexicano
(Exceção: mecha)
Em palavras de origem tupi ou africana. Exs:
Abacaxi, caxambu, xará, maxixe.
3.6 Emprega-se o dígrafo “ch”:
a)
Por razões epistemológicas (= origem da palavra). Exs:
chuchu, salsicha, mochila, pechincha, flecha, fachada, bucha.
3.7 Emprega-se o “g”:
a)
Com as terminações –agem/-igem/-ugem. Exs: viagem,
origem, vertigem, ferrugem;
b)
c)
Com as terminações –ágio/-égio/-ígio/-ógio/-úgio. Exs:
Contágio, sacrilégio, prodígio, relógio, refúgio;
Com palavras derivadas de primitivas já grafadas com g. Exs:
Massagista (massagem), vertiginoso (vertigem), faringite
(faringe), salvageria (selvagem).
3.8 Emprega-se o “j”:
a)
Com palavras derivadas de primitivas já grafadas
com j. Exs: Laranjada (laranja), lojista (loja),
cerejeira (cereja), nojento (nojo);
b)
c)
Com verbos terminados em –jar. Exs: Viajar,
arranjar, despejar;
Com palavras de origem africana. Exs: Canjica,
jenipapo, jerimum, jiló, jiboia, pajé.
3.9 Emprego do “e” ou “i”:
a)
b)
Emprega-se “e” no final de verbos cuja
desinência infinitiva é (-uar/-oar). Exs: (uar) - continue, habitue, pontue; (-oar) Abençoe, magoe, perdoe;
Emprega-se o “i” no final de verbos cuja
desinência é –uir. Exs: Diminui, influi,
possui.
4. SOLETRANDO…

Ver quadro de palavras p.13 a 17:
“Casos de ortografia duvidosa”.
4. Reforma Ortográfica
O que muda???





YouTube - Reforma Ortográfica em 2009
Inclusão das letras “K”, “W” e “Y” no alfabeto que
passa a ter 26 letras;
Trema deixa de existir;
Mudanças na utilização do hífen;
Perda de acentos gráficos em algumas palavras.
5. Emprego do hífen – Reforma
Ortográfica
a)
b)
Vogal
+
Vogal
c)
anti-higiênico, co-herdeiro, macro-história, minihotel, sobre-humano, super-homem, ultra-humano
(*subumano);
Aeroespacial, anteontem, antieducativo,
autoaprendizagem, autoestrada, coautor,
coedição, extraescolar, infraestrutura;
→ vogais diferentes: união do prefixo ao radical
Anti-inflamatório, contra-atacar, micro-ondas,
semi-internato, auto-observação; (Exceções:
coobrigar, coordenar, cooperar, cooptar,
reescrever)
→ vogais iguais: separação por hífen entre prefixo e radical
d) Anteprojeto, antipedagógico, autopeça, autoprodução,
pseudoprofessor, semicírculo, semideus, seminovo,
ultramoderno; (Exceção: vice-rei, vice-presidente) → vogal +
qualquer consoante = união do prefixo ao radical.
Vogal
+
Consoante e) antirrábico, antirracismo, antirreligioso, antissocial, biorritmo,
contrarregra, cosseno, neorrealismo, semirreta, ultrassom
(Exceção: sub-região) → vogal + consoante r/s = união do prefixo
ao radical com duplucação do r/s.
Consoante
f) hiper-requintado, inter-racial, inter-regional, sub-bibliotecário
+
→ consoantes iguais = separação entre prefixo e radical pelo hífen.
Consoante
hipermercado, intermunicipal, superinteressante,superproteção,
ou
hiperativo, interescolar → consoantes diferentes ou consoante +
Consoante
vogal = união do prefixo ao radical.
+
Vogal
g) Há sempre hífen com os prefixos: além, ex, sem,
recém, pré, pós, vice. Exs: além-mar, ex-presidente,
sem-terra, recém-nascido, pré-história, pósgraduação, vice-presidente.
h) Não há hífen com palavras que perderam noção de
composição. Exs: girassol, mandachuva, paraquedas,
paraquedista, pontapé (Exceções: para-choque,
para-brisa etc.)
Obs: essa regra é ainda muito questionada por não
haver limites claros de quais palavras já perderam a
noção de composição.
6. Ortoépia / Prosódia
Mendigo ou mendingo?
Mortadela ou mortandela?
Supertição ou superstição?
Recorde = /recórde/
Rubrica = /rubríca/
Pudico = /pudíco/
Nobel = /nobél/
→ Trata-se do estudo da pronúncia adequada de palavras de
acordo com a norma-padrão da Língua Portuguesa.
7. Transformações Ortográficas:
Metaplasmos

(a)
(b)
Metaplasmos: modificações fonéticas por
evolução histórica / transferidas
indevidamente. Tipos:
Aférese: cê (você), menagem
(homenagem), namorar (inamorare) →
perda do som inicial da palavra.
Síncope: supertição (superstição), mau
(malu) → perda do som medial da palavra.
c) Haplologia: rodador → rodor → redor
→ perda do som medial pelo fato de a palavra ter outro fonema igual ou
semelhante (tipo de síncope).
d) Apócope: amare → amar, vamos → vamo
→ perda de som final da palavra.
e) Prótese: stare → estar
→ acréscimo de som no início da palavra.
f) Epítese: chic → chique, club → clube, beef → bife, film →
filme
→ acréscimo de som no final da palavra.
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