Opinião do Convidado – Raul Marques
MAR2008
O nosso convidado deste mês é o meu irmão que se apresenta desta forma: Raul Jorge
dos Santos Marques, idade: 37 anos, casado, pai de um pirata com 3 anos.
Formado em Gestão pelo Instituto Politécnico de Beja.
Membro da Comissão Técnica 42 do Instituto Português de Qualidade (SC1 – Grupo de
Trabalho 2 – Coordenador Aparelhos respiratórios; e Grupo de Trabalho 4- Vogal).
Actualmente exerço funções de responsável de importação/exportação numa empresa do
sector de comercialização de equipamentos de segurança.
Adoro ler e viajar.
Não
percam
os
seus
textos
a
partir
deste
mês
no
nosso
fórum
www.juliosantos.net/forum no espaço dedicado aos Bombeiros.
A TEMÁTICA DOS GASES
Nos dias de hoje em que pelos piores motivos, se fala nos meios de comunicação em
gases, seria talvez útil aclararmos alguns aspectos.
Primeiro que tudo tanto quanto sei a legislação em vigor que rege a área da instalação,
distribuição e demais vertentes desta área é bastante actual e rigorosa, bem como as
medidas de inspecção preconizadas. No prédio onde resido à cerca de um mês o
condomínio decidiu mudar para gás natural e pude apreciar o trabalho dos técnicos. E se
hoje em dia for assim pelo país afora estamos em boas mãos.
No entanto haverá como em todas as profissões profissionais mais ou menos
competentes, mas o problema maior será o de certas empresas para cortar custos,
utilizam condutas e sistemas que não estão adequados ao gás natural (vimos situações
dessas ocorrerem em Lisboa, e não só), e evitar manutenções/substituições. Mais uma
vez acredito que a maioria das empresas do sector são sérias e competentes, mas como
em todos os sectores o bom convive com o menos bom.
Por fim o que realmente quero chamar à atenção é que em todos os temas a segurança
começa em nós (eu sei!...é uma frase feita, mas não é por ser uma frase feita que deixa
de ser verdade, isso às vezes acontece). Começar por desligar o gás ao sair de casa, ou
no caso de sentir cheiro a gás não ligar a iluminação ou qualquer outra fonte de ignição
(isqueiro, fósforos, electrodomésticos, etc.), arejar a casa e desligar a torneira central do
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gás e em caso de dúvida chamar a empresa fornecedora e os bombeiros, pode fazer a
diferença entre a vida e a morte. Pois os gases fornecidos para utilização doméstica são
explosivos. E essa é uma das vertentes, se bem que muitas das notícias que vêm a lume
têm a ver com esse assassino silencioso, o monóxido de carbono.
Na nossa habitação o importante é respeitar estas regras e efectuar as inspecções
previstas por lei. No entanto muitos de nós temos por hábito resolver os pequenos
problemas de bricolage, pois é mais barato, porque “eu sei como se faz”, e não nos
dirigimos aos técnicos competentes. O esquentador desliga-se com frequência? basta uma
pequena operação (que por razões óbvias não vou dizer como é), e já não o faz.
Esquecem-se é que se ele se desliga é porque há compressão de gases e se o faz é por
uma questão de SEGURANÇA, a acumulação de gases é perigosa.
O monóxido de carbono (CO), é um gás muito perigoso e em poucos segundos a
concentração num espaço fechado é suficiente para adormecer um adulto, começa a
circular na corrente sanguínea e quando damos por isso estamos literalmente a respirar
CO e não Oxigénio, para o que o nosso organismo não está preparado para fazer, daí ser
chamada a “morte doce”; fica sonolento e morre sem dar conta.
O colocar o esquentador na casa de banho porque “é mais perto e aquece melhor”, “não
necessita de tanta tubagem”, é outro erro que leva às consequências atrás descritas.
Passemos agora às indústrias; os problemas que se deparam são similares ainda que a
outra escala. Tentativas de economizar que levam a descurar procedimentos de
segurança, a facilitar, a deixar para amanhã o investimento que devia ser feito hoje. E aí
os problemas aumentam de forma exponencial, pois já não temos apenas o perigo do CO
ou de gases explosivos que podemos ter em casa.
Nas indústrias temos gases explosivos com limites inferiores de explosividade mais
baixos, gases com níveis de toxicidade elevada a concentrações muito reduzidas, bem
como situações de insuficiência ou mesmo ausência de O2. Estratificados de forma
diferente, com densidades superiores, equivalente ou inferiores ao ar ambiente.
A minha experiência diz-me que algumas situações não deram mau resultado até agora
apenas por sorte. No entanto é de salientar que muitas empresas, serviços municipais de
protecção civil e associações de bombeiros, entre outras entidades, estão cada vez mais
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alerta para os perigos dos gases e investem cada vez mais em meios humanos através da
formação e aquisição de conhecimentos, quer através de meios técnicos, i.e. material.
Decidi de uma forma mais ligeira trazer alguns conceitos e se possível no futuro
aprofundá-los neste espaço para os que estiverem interessados, nomeadamente sobre a
teoria geral dos gases, detectores portáteis e fixos de gases, analisadores, etc.…, mas
para já é apenas um ALERTA.
O objectivo destas linhas foi apenas o de uma vez mais alertar para os perigos dos gases
e tentar consciencializar o público em geral para o que é necessário fazer para evitar o
que aconteceu a várias famílias, várias escolas e a vários prédios no ano transacto.
Raul Marques
MAR2008
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A Temática dos Gases Por Dr. Raul Marques