64º Congresso Nacional de Botânica Belo Horizonte, 10-15 de Novembro de 2013 AVALIAÇÃO DAS INFORMAÇÕES DISPONÍVEIS SOBRE PLANTAS MEDICINAIS EM SITES BRASILEIROS 1 1 1 1 Letícia A. Soares da Mota *, Alexandre N. Coelho , Carolina A. C. Jorge , Caroline S. Aarão , Laura L. dos 1 Santos 1 Faculdade Pitágoras Belo Horizonte; *[email protected] Introdução A internet facilitou a divulgação da informação científica entre os profissionais da área da saúde e leigos [1]. No entanto, devido à abertura do sistema, qualquer pessoa pode disponibilizar informações na internet, inclusive sem embasamento [2]. O desconhecimento de parte da população sobre efeitos secundários e toxicidade de espécies utilizadas habitualmente como medicinais pode levar a consequências sérias [3]. Devido à falta de informação, à disposição de informações falsas na internet e ao consumo habitual de plantas medicinais por grande parte da população brasileira, este trabalho teve como objetivo avaliar as informações contidas em sites brasileiros de plantas medicinais, de modo a verificar se os mesmos fornecem informações sufientes e confiáveis para identificação das espécies vegetais medicinais, bem como suas formas de utilização. Metodologia Este trabalho foi realizado durante a disciplina de Botânica Econômica. No dia 15 de maio de 2013 foram realizadas pesquisas no “Google” por páginas brasileiras utilizando como palavras-chave: “fitoterapia”, “melhores sites de plantas medicinais” e “plantas medicinais”. Foi estabelecido que somente seriam avaliados os 10 primeiros resultados obtidos que abordavam especificamente o tema, normalmente os mais acessados pela população em geral. Foram excluídos da busca blogs e sites que apresentavam informações gerais sobre plantas sem falar especificamente de cada uma. Os sites avaliados foram: www.plantamed.com.br; www.ci-67.ciagri.usp.br; www.tuasaude.com; www.criasaude.com.br; www.saude.ig.com.br; www.cháecia.com.br; www.hortomedicinaldohu.ufsc.br; www.cantoverde.org; www.ervasmedicinaiscuram.com; www.plantasmedicinaisefitoterapia.com Para avaliação das informações foram escolhidas 4 espécies indicadas no RENISUS [4]: Eucalyptus globulus Labill., Foeniculum vulgare Mill., Justicia pectoralis Jacq. e Mikania glomerata Spreng. Cada site foi avaliado em relação à presença e ausência dos seguintes critérios para cada espécie: identificação (descrição da espécie, ilustração, nomes vernaculares, nome científico e família grafados corretamente e sinonímia cientifica), uso (indicações e contra-indicações, formas de preparo e utilização, diferenciação entre infusão e decocção, partes do vegetal utilizadas, dosagem, princípios ativos) e referências bibliográficas. A grafia do nome científico, família e sinonímia científica foi avaliada de acordo com o ® site da Tropicos (http://www.tropicos.org/). Resultados e Discussão Apenas dois sites apresentaram mais de 70% dos critérios analisados (www.hortomedicinaldohu.ufsc.br e www.criasaude.com.br). Sabe-se que a disponibilização de informações para identificação das espécies é muito importante para evitar o uso indevido de espécies semelhantes; no entanto observou-se que, apesar de apresentarem em geral nome científico correto e nomes vernaculares (90%), muitos sites não apresentam a sinonímia científica (70%), nem ilustração (39%). Em relação às formas de uso, a maior parte dos sites apresentou indicações, formas de utilização e partes utilizadas do vegetal (80, 70 e 70% respectivamente). Entretanto, dados sobre dosagens específicas, contraindicações e informações sobre o potencial tóxicos das plantas avaliadas foram muito escassos, estando presentes em apenas 35, 40 e 30% dos sites respectivamente, o que pode levar a população ao seu uso inadequado, podendo inclusive ocasionar intoxicações. Apenas a página do Horto Medicinal do Hospital Universitário da UFSC (10%) apresentou referências bibliográficas das informações, o que evidencia a necessidade de cuidado ao buscar este tipo de informação pela internet, uma vez que na maior parte dos sites buscados as informações disponibilizadas não possuem respaldo científico [1]. Conclusões Devido à ausência de informações completas e ao desconhecimento das referências utilizadas para disponibilização de conteúdo na maior parte dos sites analisados, recomenda-se muita cautela na utilização dos mesmos como fonte de informação sobre plantas medicinais. Diante das possíveis consequências negativas da administração de plantas medicinais pela população sem orientação médica [3], baseada apenas em consultas na internet, seria necessário uma melhor adequação do conteúdo dos sítios que disponibilizam este tipo de informação, de forma a gerar maior disponibilização de informações corretas à população. Além disso, é importante reforçar junto à população os possíveis riscos da automedicação. Referências Bibliográficas [1] Silva, L.V.E.R.; Mello Jr., J.F.; Mion, O. 2005. Avaliação das informações sobre rinite alérgica em sites brasileiros na rede mundial de computadores (Internet). Revista Brasileira de Otorrinolaringologia 71 (5): 590-597. [2] Tomaél, M. et al. 2001. Avaliação de fontes de informação na Internet: critérios de qualidade. Informação e Sociedade 11(2):13-35. [3] Navarro Moll, M. C. 2000. Uso racional de las plantas medicinales. Pharmaceutical Care Espana 2: 9-19. [4] Ministério da Saúde. 2009. Relação de Plantas Medicinais de Interesse do SUS. Disponível em: http://portal.saude.gov.br/portal/ arquivos/pdf/RENISUS.pdf Acesso em: 26 de julho de 2013.