Informativo da Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal - Ano XIX - Número 64 - ABRIL DE 2009 PARA O BRASIL Investir no setor público é mais urgente que emprestar dinheiro ao FMI GP Vitor de Martino/G1 Condsef reage a declarações do presidente Lula durante encontro do G-20. “Chique é garantir serviços públicos de qualidade para a população”, diz Josemilton Costa, secretário-geral Março: milhares de servidores tomam as ruas e deixaram seu recado: Os trabalhadores não pagarão pela crise. Em junho, categoria volta a Brasília. Objetivo é dobrar número de manifestantes. Na foto ao lado: Em Londres, Lula e Guido Mantega falam a imprensa sobre a possibilidade de Brasil, que compõe G-20, emprestar dinheiro ao FMI A crise econômica que o mundo capitalista enfrenta continua no centro de todas as atenções. O capítulo mais recente aconteceu durante encontro que reuniu governantes das sete economias mais ricas do mundo e de países em desenvolvimento, o grupo conhecido como G-20. Entre as discussões, foi debatido o empréstimo de R$1,1 trilhão ao FMI (Fundo Monetário Internacional) para socorrer países afetados e combater a crise. Conversando com jornalistas sobre o assunto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva classificou como “chique” a possibilidade de o Brasil emprestar dinheiro ao FMI. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, declarou que nos próximos dias será avaliada a quantia que o país poderá destinar ao fundo. Para a Condsef (Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal), o governo deve encarar como prioridade os investimentos no fortalecimento do Estado. “Chique é garantir serviços públicos de qualidade para a população que paga impostos”, declarou o secretário-geral, Josemilton Costa. A entidade representa 80% dos servidores do Executivo Federal que nos últimos meses têm acompanhado com grande apreensão a possibilidade de ver reajustes, já transformados em lei, serem adiados. Apesar de o Ministério do Planejamento ter declarado que o corte de R$21,6 bilhões feito no orçamento não deve afetar os compromissos firmados com os servidores, a categoria segue mobilizada. Manifestações O mês de março deu o tom da vontade da base da Condsef, filiada à CUT (Central Única dos Trabalhadores) de buscar o reconhecimento de sua importância para o Brasil. Duas grandes manifestações lotaram a Esplanada dos Ministérios com mais de 4 mil servidores de todo o país. A categoria defendeu a paridade entre ativos e aposentados e lançou a Campanha Salarial 2009 (confira o eixo completo na página 3). Novas manifestações estão sendo preparadas. Em junho outra grande atividade deve trazer milhares de servidores a Brasília. O objetivo é dobrar o número de manifestantes. Está agendada para julho mais uma parcela dos reajustes negociados com dezenas de categorias. Administração Pública Leia também Condsef se prepara para defender temas de interesse dos servidores na 1ª Conferência Nacional de Recursos Humanos. Entidade acredita que uma boa política de RH deve entender as necessidades dos servidores para melhorar o setor público. Saída para a crise Estudos feitos pelo Dieese, Ipea e Banco Central reforçam teoria de que investimentos públicos serão fundamentais para o Brasil enfrentar a crise. Na foto: Max Leno de Almeida, da subseção do Dieese na Condsef fala a servidores sobre como cenário econômico pode afetar a vida da categoria. Página 2 Página 4 GP 2 Jornal da Condsef - Abril de 2009 edItorIal a crise e os servidores No cenário atual, onde a situação econômica é instável e várias decisões do governo podem prejudicar os servidores de sua base, a Condsef permanece atenta. Estamos trabalhando em todas as frentes, negociando com o governo, buscando apoiadores no Congresso Nacional e, principalmente, organizando os servidores públicos para que todos estejam prontos a lutar por seus interesses. A categoria vem mostrando cada vez mais sua força e é ampliando essa disposição para a luta que vamos alcançar nossa merecida vitória. Quando a crise assombra o mundo e ameaça os trabalhadores, a formação de uma consciência política se faz importante. Nos próximos meses, filiadas à Condsef realizam rodadas de assembléia pelos estados. Além de manter a categoria informada sobre o processo de negociação com o governo, as assembléias devem discutir um indicativo de greve para o mês de junho. Todos os esforços estão sendo feitos para manter os trabalhadores preparados a reagir caso o governo federal deixe de cumprir com acordos firmados e já transformados em lei. Todos os esforços estão sendo feitos para manter os trabalhadores preparados a reagir A mobilização é importante para garantir o atendimento de outras demandas urgentes. Com pelo menos quatro ações básicas do governo é possível enfrentar a crise sem repassar a conta aos servidores públicos. Reduzindo a taxa de juros, do superávit primário, com a taxação das grandes fortunas e cobrança dos sonegadores que só no ano passado deixaram de pagar em impostos cerca de R$200 bilhões, a União teria condições de investir em serviços públicos de qualidade voltados à população. A Condsef defende o investimento público como fundamental para alavancar o crescimento do País. Em defesa desses investimentos, os servidores contam ainda com instituições como Ipea, Banco Central e Dieese. Em estudos recentes, todas essas conceituadas instituições apresentaram dados mostrando que a saída para a crise está nos investimentos públicos. É obrigação do governo destinar recursos para atender nossas principais demandas. Disso depende a conquista de melhores condições de trabalho e disso depende a qualidade dos serviços prestados à população. Para alcançar nossos objetivos e defender nossos direitos nas mesas de negociação e no Congresso Nacional, é nossa obrigação continuar lutando. O caminho é difícil e devemos estar prontos a enfrentar os obstáculos que o cenário econômico e político impõem aos servidores. Devemos lutar com toda força. Para a Condsef, a luta por todas as reivindicações que compõem a Campanha Salarial 2009 dos servidores será intensa ao longo do ano. Nenhuma demanda será esquecida. Com participação de todas as nossas filiadas, o objetivo é ampliar a pressão e mobilização dos servidores. Com esforço, resistência, união e mobilização nossa vitória será certa. Estejamos preparados e dispostos para a luta. Direção CONDSEF ConferÊnCIa naCIonal de rh em julho, brasília vai sediar debate que pode mudar administração pública. Condsef e filiadas defendem políticas para melhorar situação dos servidores federais governo quer mudar vida funcional do servidor Desde o início de março a Condsef (Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal) e suas entidades filiadas participam de préconferências nas cinco regiões do país que preparam a 1ª Conferência Nacional de Recursos Humanos da Administração Pública Federal. O evento acontece em Brasília entre os dias 6 e 9 de julho e vai reunir gestores do governo, representações sindicais e sociedade civil organizada em um debate que pode mudar a administração pública brasileira. teMas Seis temas estarão no centro dos debates: a democratização das relações de trabalho, diretrizes de carreira, gestão para avaliação de desempenho, saúde, previdência e benefício dos servidores e sistema em gestão de pessoas. Sobre todos esses pontos, Condsef e filiadas têm sugestões e demandas de sua base que serão levadas para o centro do debate. O objetivo é dar suporte às reivindicações e interesse dos servidores públicos para melhorar a relação de trabalho com o governo. Para a Condsef, o investimento público deve ser aliado a uma administração pública eficiente. “Não adianta o governo investir se esse investimento for mal empregado”, avalia Sérgio Ronaldo da Silva, diretor da Confederação. a íntegra do documento que levanta sugestões para melhorar a administração pública pode ser acessada no site www.condsef.org.br. o documento será levado ao Ministério do Planejamento, Casa Civil e Presidência da República na PaUta o QUe dIZ doCUmento elaborado Pela Condsef saÚDe Do seRVIDoR entre as ações para promover uma melhor política na área está a proteção dos ambientes de trabalho. Para tanto, a Condsef propõe, entre outras coisas, a criação de comissões de prevenção de acidentes, fixação de exames periódicos anuais, além da importância de definir uma política de preparação do servidor para a aposentadoria. gestão De Pessoas Um dos objetivos é deixar de ver os servidores apenas como despesa e passar a tratar a força de trabalho como instrumento indispensável para a adoção das políticas de estado. EXPEDIENTE CONDSEF S.C.S. Ed. Wady Cecílio II, 6º andar, Q. 02, nº 164 70302-915 – Brasília/DF Fone: (61) 2103-7200 – Fax: (61) 2103-7221 www.condsef.org.br e-mail: [email protected] DIREÇÃO EXECUTIVA Secretaria Geral Josemilton Maurício da Costa DeMoCRatIZação Das ReLações De tRabaLHo a Condsef defende dois pontos essenciais: a negociação coletiva e respeito aos direitos sindicais. DIRetRIZes De CaRReIRa a Condsef acredita que o governo pode aproveitar melhor sua força de trabalho permitindo o máximo de mobilidade, levando em conta evolução, formação escolar do servidor e qualificação. a possibilidade de ascensão funcional também é levantada. entre outros itens estão: participação da sociedade na avaliação dos serviços prestados; garantia de acesso aos instrumentos de qualificação; definição de piso salarial; jornada de trabalho compatível com necessidades dos órgãos. Secretaria de Administração José Carlos de Oliveira Secretaria de Finanças Pedro Armengol de Souza Secretaria de Imprensa e Comunicação Sérgio Ronaldo da Silva Secretaria de Política Sindical e Formação Neide Rocha Cunha Solimões Secretaria de Assuntos Jurídicos, Parlamentares e de Classe Edison Vitor Cardoni Secretaria de Relações Internacionais qUestões PReVIDenCIáRIas as leis que regem aposentadoria no serviço público, direitos perdidos ao longo dos anos e desrespeito à Constituição são pontos que a Condsef quer levar para o debate. as aposentadorias por invalidez e aposentadorias compulsórias ganham capítulo especial neste debate. o fim do chamado “princípio da paridade” também é questionado. beneFÍCIos a subseção do dieese na Condsef fez levantamento sobre a defasagem dos benefícios pagos aos servidores do executivo federal buscando nas legislações, entender como é possível melhorar esse tema tão importante na vida dos trabalhadores do setor. Edvaldo Andrade Pitanga Secretaria de Aposentados e Pensionistas Luís Carlos de Alencar Macêdo Secretaria de Políticas Públicas e Social Eladir Elizabeth Lima Tiragem: 5 mil exemplares Diagramação: Paulo de Morais MG07996JP Jornalista Responsável: Graziela Pereira de Almeida MG08090 JP Impressão: Starprint 3 Jornal da Condsef - Abril de 2009 Unidade Busca pelo atendimento de pauta de reivindicações e preservação de direitos inclui intenso trabalho parlamentar Campanha salarial 2009 mobiliza servidores em torno de pauta única C umprimento dos acordos estabelecidos com o governo, implantação de uma política salarial permanente, aprovação da convenção 151 da Organização Internancional do Trabalho (OIT), consolidação do direito irrestrito de greve. Estas e outras bandeiras de luta estão no centro das atenções dos servidores públicos para os próximos meses, quando atividades promovidas pela Condsef (veja quadro) pretendem unir a categoria em torno dos objetivos da Campanha Salarial 2009. Declarações recentes do ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, à imprensa revelaram a necessidade de mobilização dos servidores federais para garantir o cumprimento de acordos por parte do Palácio do Planalto. Quando questionado sobre temas que interessam aos trabalhadores do serviço público, o ministro informou que apenas demandas de pouco impacto no orçamento podem ser atendidas. Apesar de ter assegurado que irá manter os reajustes de mais de um milhão de servidores dentro dos prazos negociados, as afirmações do ministro deixaram os dirigentes da Condsef em estado de atenção. Afinal, é a qualidade do serviço público brasileiro que entra novamente em jogo, desta vez em período de incertezas provocado pela instabilidade da economia. Diante da situação crucial, a Condsef, que esteve reunida com Bernardo em março, intensificou o trabalho parlamentar para garantir o poder de voz nas negociações. A entidade solicitou uma reunião com a presidente da Frente Parlamentar em Defesa dos Servidores Públicos, a deputada Alice Portugal (PCdoB-BA). O assunto do encontro vai bem além da campanha salarial deste ano. Diversas matérias que tramitam no Congresso afetam diretamente os interesses dos servidores federais, como a aprovação da PEC 270, a retirada de quatro projetos de lei que limitam os reajustes e a paridade entre ativos e aposentados. A pauta dos servidores é extensa e merece ser amplamente discutida para evitar que itens fundamentais sejam deixados de lado. Negociações A instalação imediata dos grupos de trabalho (GT´s) que vão discutir reestruturação de carreira em diversos setores é outro ponto que vem sendo cobrado pela Condsef. De acordo com a Secre- Em audiência, Josemilton Costa fala ao ministro Paulo Bernardo das demandas dos servidores. Ao lado do ministro, deputada Alice Portugal (PcdoB-BA), da Frente Parlamentar em Defesa dos Servidores Públicos taria de Recursos Humanos (SRH), portarias com instalação de todos os GT´s devem ser publicadas nas próximas semanas. A criação dos GT’s não garante, por si só, o atendimento das demandas dos servidores. Mas abre possibilidades de conquistas que dependem, evidentemente, da mobilização e do poder de pressão dos servidores. Outro tema recorrente nas conversas entre representantes dos servidores e do Palácio do Planalto é o reajuste nos benefícios, como auxílioalimentação e creche. Os valores praticados pelo governo são, muitas vezes, irrisórios, o que gera situações curiosas, como em alguns estados onde o auxílio-alimentação ganhou a alcunha de “vale-coxinha”, tamanha a defasagem do benefício. O governo sinalizou, entretanto, que a demanda não deve ser atendida este ano, alegando que o impacto nas contas públicas não pode ser coberto dentro do orçamento deste ano. Frente às incertezas, é importante que todos estajam prontos a unir forças em defesas dos direitos e interesses dos servidores. Fique ligado! Confira a agenda de assembléias e plenárias e pauta de reivindicação dos servidores PRÓXIMAS ATIVIDADES Assembléias até 15 de maio nos estados 16 de maio: Plenária Nacional Condsef Trabalho parlamentar e atividades no Congresso em defesa da pauta dos servidores Em junho: grande marcha a Brasília em defesa dos reajustes e eixos da Campanha Salarial 2009 BANDEIRAS DE LUTA Cumprimento de todos os acordos firmados com o governo Política salarial permanente com reposição das perdas salariais e correção de distorções Paridade com integralidade entre ativos e aposentados/pensionistas Retirada dos Projetos de Lei 001, 092, 306 e 248 do Congresso Aprovação da Convenção 151 Direito irrestrito da greve Reajuste dos benefícios (auxílio alimentação, auxílio creche, diárias e contrapartida do Plano de Saúde) Em defesa da ascensão funcional Fim do desmonte dos órgãos públicos (Funasa, Incra, Iphan, Ibama, entre outros) Planos de Carreiras/DPC Antecipação das Tabelas Remuneratórias de 2010 e 2011 A crise não é nossa. Os trabalhadores do serviço público não pagarão esta conta Aprovação da PEC 270, que dá direito a aposentadoria integral por invalidez Divulgação/CUT 30 de março Condsef e filiadas participam de unidade histórica A Condsef e suas entidades filiadas participaram das atividades contra a crise e as demissões que marcaram o dia 30 de março em todo o Brasil. O ato histórico conseguiu reunir entidades sindicais que representam quase a totalidade dos trabalhadores brasileiros em defesa de investimentos públicos, pela redução dos juros e em defesa dos direitos trabalhistas e sociais. GP Em todos os estados, a Condsef e suas filiadas somaram forças às atividades levando a bandeira dos servidores públicos e defendendo investimentos no setor. Para dar força ao movimento, a Condsef realiza ainda uma campanha que vai coletar abaixo-assinados pelo Brasil exigindo do governo Lula a publicação de uma medida provisória contra demissões. Em São Paulo, mais de 10 mil foram às ruas defeder trabalhadores contra a crise 4 Jornal da Condsef - Abril de 2009 PLANOS DE SAÚDE dieese, ipea e banco central Defesa de um Estado forte ganha força com estudos e dados de instituições renomadas Investimento público é essencial contra a crise Instituições renomadas como o Banco Central (BC), Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada) e Dieese (Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos) divulgaram estudos e dados recentes que alimentam o debate sobre a importância que os investimentos públicos têm sobre a vida dos brasileiros. Esses dados demonstram que a construção de um Estado forte passa pelo investimento no setor público. Teoria que Condsef, suas filiadas e a CUT sempre defenderam. Um estudo divulgado pelo Ipea revelou o baixo índice (10,7%) de servidores públicos na faixa economicamente ativa do país, eliminando o mito de que a máquina pública é inchada e comprovando a necessidade de contratar mais servidores, ampliando o acesso dos brasileiros aos serviços públicos. A pesquisa revelou ainda que em países desenvolvidos como Dinamarca e Suécia a relação de servidores trabalhando para o Estado é de mais de 30% da população economicamente ativa. Na América Latina o Brasil ocupa apenas a 8ª posição dessa relação (população/servidores). Complementando o argumento, o Correio Braziliense publicou recentemente matéria em que o BC aponta que os investimentos públicos serão fundamentais para o Brasil enfrentar a crise. Na matéria, o diretor de Política Econômica do Banco Central, Mário Mesquita, falou sobre o papel do governo para evitar que o Brasil termine o ano afetado pela crise internacional. Além dos investimentos públicos, reajustes dos servidores, o aumento do salário mínimo, benefícios assistenciais, investimentos em obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) também são apontados na equação que projeta para 1,2% o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB). Ações no setor público, diz o BC, vão estimular a produção e o consumo. alternativas Durante Plenária Nacional da Condsef, o assessor econômico da Subseção do Dieese na entidade, Max Leno de Almeida, apresentou estudo que esclareceu aos servidores alguns pontos sobre a crise e os caminhos para enfrentá-la. Na apresentação, o Diesse aponta a restrição do crédito e custo financeiro, queda na demanda de setores da economia e redução do comércio exterior como problemas a serem resolvidos. Para o Dieese, a reação conjunta entre sociedade e governo será um dos fatores chaves para o país superar a crise. As medidas do governo para atenuar os impactos serão determinantes para uma saída favorável do Brasil. Nesse cenário, o PAC deve trazer mais investimentos aumentando Condsef vai à Justiça contra abuso GP Com dados de entidades de renome, Condsef vai cobrar investimentos no setor público. Na foto: em frente ao Ministerio do Planejamento servidores pressionam por cumprimento de acordos e atendimento de revindicações assim a demanda do mercado interno e conseqüente expansão da renda. Desafio é dialogar com a sociedade - O debate com a opinião pública sobre a necessidade de dar atenção especial aos investimentos públicos é um dos itens que os servidores devem priorizar nesse processo. Há uma tendência do mercado, auxiliando pela chamada “grande mídia”, de comparar os investimentos no setor público a um descontrole de “gastos” com a máquina administrativa. Ao lado dos servidores estão dados levantados pelo Dieese que ajudam a derrubar o mito dos “gastos exagerados”. Um deles é o déficit nominal do governo que vem caindo nos últimos anos. As despesas de pessoal, apontadas como “calcanhar de aquiles” da União, também não representam concretamente nenhum descontrole. Nem em relação ao PIB, tampouco em relação à Receita Corrente Líquida. Enquanto isso, ganha espaço o debate sobre a necessidade de reduzir o superávit primário. Em negociação Todos esses dados serão levados pela Condsef para as mesas de negociação com o governo. A entidade deve pressionar pelo atendimento das demandas que fazem parte da Campanha Salarial 2009 dos servidores públicos. A campanha fala na necessidade de investir no setor público e não deixar para os servidores a conta de uma crise que não é dos trabalhadores. Os números divulgados dão força para justificar as reivindicações feitas pelos servidores públicos. Para a Condsef, esse quadro mostra que o país não investe de forma adequada na administração pública e conseqüentemente prejudica a qualidade dos serviços oferecidos à população. “É importante que estes estudos ajudem a esclarecer que a qualidade dos serviços prestados à população como saúde, educação, segurança, e outras áreas essenciais, está diretamente li- O que é preciso para vencer a crise Reduzir a taxa de juros Reduzir a taxa Selic Reduzir o superávit primário Taxar grandes fortunas Cobrar dos sonegadores Só no ano passado a União deixou de arregadar cerca de R$200 bilhões em impostos que poderiam ser investidos em serviços públicos de qualidade para a população ENTENDA Déficit nominal É o conceito de déficit público que, além das receitas e despesas, inclui os gastos com o pagamento de juros da dívida pública. No caso do Brasil, ao final de 1998, esse déficit superava os 8% do PIB. O último dado aponta para 1,07% do PIB. Superávit primário É a economia feita para o pagamento de juros da dívida do governo. Taxa Selic É, no Brasil, a taxa de financiamento no mercado interbancário para operações de um dia, que possuem lastro em títulos públicos federais. Ela reflete o custo do dinheiro para empréstimos bancários, com base na remuneração dos títulos públicos. gada à falta de estrutura oferecida pelo próprio Estado à sociedade”, diz Josemilton Costa, secretário-geral da entidade. A assessoria jurídica da Condsef entrou com uma ação na Justiça solicitando a anulação de aumentos anunciados pela Geap para planos de saúde que atendem grande parte dos servidores do Executivo Federal. As novas regras aprovadas no conselho administrativo da Geap estão sendo aplicadas na medida em que os planos são renovados nos ministérios. Muitos servidores vêm denunciando os aumentos considerados abusivos. A Condsef orienta o trabalhador a ter cautela e não alterar seu plano de saúde até que uma decisão jurídica seja tomada. O objetivo é reverter esse quadro. Problemas nos planos atendimentos pela Capsaúde também estão sendo debatidos. Juntas, as duas instituições atendem mais da metade dos servidores do Executivo. Um dos argumentos é o caráter dos planos de saúde que atuam em regime de co-participação. Pelas regras, essas instituições não podem atuar visando lucro. Portanto, os reajustes abusivos não se justificam. imposto compulsório Entidade move ação por liberdade sindical Desde que o Ministério do Trabalho e Emprego editou Instrução Normativa nº 1, em setembro do ano passado, a Condsef (Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal), suas filiadas e a CUT (Central Única dos Trabalhadores) travam uma batalha para impedir a cobrança de imposto sindical aos servidores públicos. Condsef e filiadas moveram ação coletiva na Justiça para impedir a cobrança compulsória e lutar pelo direito à liberdade sindical. O imposto implica na cobrança de um dia de trabalho por ano a todo trabalhador, sindicalizado ou não. A Condsef considera a cobrança uma intromissão do Estado na forma de organização dos trabalhadores. Há quase duas décadas os sindicatos filiados à Condsef conduzem a luta dos trabalhadores do setor público com a contribuição financeira voluntária de seus filiados. A entidade defende a organização livre onde os sindicatos são construídos pelos próprios trabalhadores. Essa ação coletiva é parte de uma iniciativa política para avançar na luta contra toda ingerência do Estado na vida dos sindicatos e em defesa da liberdade sindical, direito que consta na Convenção 87 da OIT (Organização Internacional do Trabalho). ACESSE WWW.CONDSEF.ORG.BR