REVISTA DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DOS ENFERMEIROS OBSTETRAS — N.º 14/2014 I XVII ENCONTRO NACIONAL APEO 2014, COIMBRA 5 MAIO 2014, DIA INTERNACIONAL EESMO / PARTEIRA, LISBOA II REVISTA DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DOS ENFERMEIROS OBSTETRAS — N.º 14/2014 FICHA TÉCNICA TÍTULO | TITTLE REVISTA da ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA dos ENFERMEIROS OBSTETRAS N.º 14/2014 DIRECTORA | MANAGING DIRECTOR Índice 3 Dolores Silva Sardo COORDENADORA | COORDINATOR Manuela Ferreira 4 COORDENADORA COMISSÃO EDITORIAL EDITORIAL BOARD COORDINATOR Rosália Marques COMISSÃO EDITORIAL | EDITORIAL BOARD Alexandra Amaral Benvinda Bento Manuela Pastor Arminda Pinheiro Carolina Henriques Dolores Sardo Emília Coutinho João Franco Manuela Ferreira Margarida Sim‑Sim Maria Neto Leitão Marinha Carneiro Manuela Nené Otília Zangão Paula Nelas Maria Marisa Bernardes; Maria Neto Leitão 9 14 CULTURA ORGANIZACIONAL DA FAMÍLIA E SEXUALIDADE ADOLESCENTE ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM À GRÁVIDA NO PRÉ-HOSPITALAR Maria João Tomás 18 ESTADO FUNCIONAL DAS GRÁVIDAS COM HIPERTENSÃO ARTERIAL INDUZIDA PELA GRAVIDEZ Helena Sofia Duarte; Isabel Margarida Mendes 23 POLÍTICA NACIONAL DE HUMANIZAÇÃO NA ASSISTÊNCIA AO PARTO E NASCIMENTO NO BRASIL: PARTICIPAÇÃO DOS ENFERMEIROS Patrícia Matos; Cláudia Messias; Thiago Oliveira; Maiara Basílio; Monique Santos 27 O TRABALHO DE PARTO: DO ESPERADO AO EXPERIENCIADO Sandra Patrícia Souto PUBLICAÇÃO & PROPRIEDADE PUBLISHING & PROPERTY ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DOS ENFERMEIROS OBSTETRAS ‑ APEO Serviço Obstetrícia, 5º Piso Hospital Garcia de Orta ‑ Pragal 2805‑267 ALMADA PORTUGAL 32 37 CONSTRUÇÃO DAS ESCALAS DE CONHECIMENTOS E DA NECESSIDADE DE CONHECIMENTOS DO PAI SOBRE A AMAMENTAÇÃO João Franco; Vera Gonçalves 42 EXECUÇÃO GRÁFICA 47 Digital 3 ‑ Estúdio de Impressão, Lda. TRADUÇÃO E ADAPTAÇÃO CULTURAL DO PARENTS’ POSTNATAL SENSE OF SECURITY (PPSS) –VERSÃO MATERNA E VERSÃO PATERNA Cândida Pinto; Cátia Martins; Marinha Carneiro Telefone: +351 21 591 97 95 Telemóvel: +351 918 492 122 Email: [email protected] URL: www.apeobstetras.org DETERMINANTES SOCIODEMOGRÁFICOS DO AFECTO MATERNO Bruno Gomes; Paula Nelas; João Duarte O PAPEL DO PAI NA GRAVIDEZ, PARTO E PÓS-PARTO: PERCEÇÕES PATERNAS Carina Rodrigues Periodicidade: Anual 52 Tiragem: 80 exemplares 56 Preço capa: 12€+portes 63 ou parcial, dos artigos publicados sem o prévio IMPORTÂNCIA DA PARTICIPAÇÃO DO PAI NA AMAMENTAÇÃO: CONSTRUÇÃO E VALIDAÇÃO DE UM INSTRUMENTO DE MEDIDA João Franco; Vera Gonçalves Os artigos são da exclusiva responsabilidade dos autores. Não é permitida a reprodução, total EXPERIÊNCIA VIVIDA PELO PAI NO NASCIMENTO DE UM FILHO PREMATURO Nelly Augusta Silva; Teresa Campos Silva; Isabel Margarida Mendes Depósito Legal | Legal Registration n.º 213433/04 ISSN n.º 1646‑3625 (edição impressa) ISSN n.º 2182‑3006 (edição eletrónica) TRANSIÇÃO PARA A MENOPAUSA: DAS CONDIÇÕES AOS FATORES SENSÍVEIS AOS CUIDADOS DE ENFERMAGEM Célia Maria Grilo COMISSÃO CIENTÍFICA | SCIENTIFIC REVIEWERS consentimento da Revista da APEO. EDITORIAL Dolores Sardo CONTRIBUTOS DO CONTACTO PELE-A-PELE NA TEMPERATURA DO RECÉM-NASCIDO Ana Maria Carvalho; Maria Otília Zangão 68 BANHO DO RECÉM-NASCIDO: EVIDÊNCIAS Catarina de Sousa e Silva; Dolores Sardo REVISTA DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DOS ENFERMEIROS OBSTETRAS — N.º 14/2014 1 APEO – PLANO de Atividades para ano 2014, aprovado em AGO Almada, 24 maio 2014 Atividades Local Data Coimbra 6 e 7 Maio Porto / Lisboa a designar a designar 19 e 20 Julho Setembro Novembro a designar Outubro FORMAÇÃO XVII Encontro Nacional & 1º Congresso Internacional da APEO Workshop sobre Aromaterapia 3 módulos Curso Atualização sobre Preparação para o Parto e Parentalidade PUBLICAÇÕES/DIVULGAÇÃO Setembro Revista APEO N.º14/2014 Maio Ebook ENAPEO REUNIÕES Reunião Conselho da ICM Praga - República Checa 26 a 30 Maio Reunião ICM - Região Europa do Sul Praga - República Checa Maio/Junho Tallin - Estónia 26 e 27 Setembro Reunião Anual EMA Reunião XVII EFNNMA (participação integrada no FNOPE da OE) Lisboa Reunião FNOPE PARTICIPAÇÃO EM EVENTOS Dia da Internacional do EEESMO/Parteira Parceria com MCEEESMO Mostra de Cuidados em Lisboa 5 Maio Semana Internacional AM Parceria com MCEEESMO Outubro Praga 1 a 5 Junho ICM 30th Triennial Congress Almada, 30 Dezembro 2013 A Presidente APEO Dolores Silva Sardo 2 REVISTA DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DOS ENFERMEIROS OBSTETRAS — N.º 14/2014 EDITORIAL CAROS COLEGAS Estamos a publicar o número catorze da revista APEO e, em simultâneo, a terceira publicação digital online. Este periódico apresenta, maioritariamente, os resulta‑ dos de investigações feitas na área do cuidar da saúde sexual e reprodutiva, que foram apresentados no XVII Encontro Nacional & 1º no Congresso Internacional APEO, realizado em maio 2014, em Coimbra. Os catorze artigos apresentados focam aspetos re‑ lacionados com menopausa, sexualidade, gravidez, parto, pós-parto, parentalidade, recém-nascido e ama‑ mentação; retratam algumas das práticas desenvolvi‑ das em Portugal e ilustram o estado da arte da enfer‑ magem obstétrica, como promotora de cuidados de excelência. Aos autores, revisores e membros das comissões um agradecimento especial pela dedicação, trabalho e em‑ penho incondicional, pois sem a sua disponibilidade seria difícil a concretização deste projeto. Aos leitores, uma palavra de incentivo para continua‑ rem a submeter artigos, sejam de resultados de inves‑ tigação ou sejam de reflexões sobre as práticas, nesta área especializada, como uma forma de registar e parti‑ lhar o que fazemos hoje e que tanto engrandece a qua‑ lidade da revista. Acreditamos que a publicação em periódicos cientí‑ ficos é uma estratégia marcante, para dar visibilidade e divulgar o conhecimento produzido pelos enfermeiros especialistas; por isso, queremos alargar a nossa publi‑ cação para bianual, dependendo esta do número de ar‑ tigos apresentados. Esta nossa intenção dependerá ba‑ sicamente do interesse, da motivação e da participação de todos os profissionais de saúde desta área. Queremos que a Revista da APEO, como revista es‑ pecializada na área da saúde sexual e reprodutiva, seja considerada uma referência, de acordo com os padrões das publicações internacionais. Participe neste projeto… envie o seu artigo. A Presidente da APEO Dolores Silva Sardo REVISTA DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DOS ENFERMEIROS OBSTETRAS — N.º 14/2014 3 Transição para a menopausa: das condições aos fatores sensíveis aos cuidados de enfermagem Maria Marisa Gameiro Bernardes1; Maria Neto da Cruz Leitão2 RESUMO A menopausa acontece em média aos 50 anos e é uma das mais importantes transições vivida pelas mulheres. É considerada um processo natural, mas representa mudanças e desafios nas diferentes dimensões bio‑psico‑socio ‑culturais. Este estudo tem como objetivos compreender os processos de transi‑ ção enquanto experiências vividas pelas mulheres durante a transição para a menopausa, e os fatores facilitadores e dificultadores vivenciados durante esta transição. Realizamos um estudo qualitativo segundo a grounded theory com orien‑ tações preconizadas por Strauss e Corbin (2008) baseada nos pressupostos da teoria das transições de Meleis. Ocorrem alterações muito profundas na vida das mulheres durante a transição para a menopausa. Os resultados permitiram‑nos verificar: (a) di‑ ferentes significados atribuídos à menopausa; (b) expectativas das mulheres sobre o futuro; (c) conhecimentos adquiridos; (d) capacidades adquiridas; (e) nível de planeamento; (f ) recursos identificados e utilizados pelas mulheres (g) bem‑estar / mal‑estar físico e emocional percecionado. Os fatores facilita‑ dores mais referenciados situam‑se no domínio ambiental e pessoas signifi‑ cativas. As dificuldades de transição estiveram mais relacionadas com a im‑ previsibilidade das alterações e a insatisfação com orientação dos profissio‑ nais de saúde. Estes resultados convergem com a literatura. Muitas das condições que influenciam esta transição são sensíveis a cui‑ dados de enfermagem. Sugere‑se que os enfermeiros desenvolvam cuida‑ dos antecipatórios capazes de prepararem e capacitarem as mulheres. Para isso, devem prestar cuidados integrais – individualmente e em grupos de mulheres ‑ ajudando‑as a (re) elaborar os seus projetos de vida, a sua identi‑ dade, as suas relações sociais e familiares e a desenvolver o seu máximo po‑ tencial em saúde. Palavras‑chave: menopausa; transição; enfermagem. ABSTRACT Menopause appears on average at fifties and it is one of the most important changes experienced by women. It is considered a natural process, but it re‑ presents changes and challenges in the different bio‑psycho‑socio‑cultural dimensions. The aims of this study are: to understand the transition processes lived by women during the transition to menopause; and to understand the agents experienced throughout the transition, whether they are easy or difficult. This qualitative study was developed using the grounded theory as a re‑ source, and also having in consideration the presupposed of transitions theory of Meleis. Profound changes in women´s life occur during the transition to meno‑ pause. Results allowed us to verify: (a) different meanings attributed to me‑ nopause; (b) expectations of women about the future; (c) acquired know‑ ledge; (d) acquired abilities; (e) planning level; (f ) identified resources used Enfermeira Especialista em Enfermagem de Saúde Materna, Obstétrica e Ginecológica ‑ En‑ fermeira Especialista no Hospital Distrital da Figueira da Foz, EPE. Contacto: e‑mail: marisagb@ sapo.pt. 2 Professora Doutora na Escola Superior de Enfermagem de Coimbra. Contacto: e‑mail: mne‑ [email protected]. 1 4 by women; (g) perceived physical and psychological well‑being/ bad‑being. The most referred helper agents are located in the environmental domain showing the occupation – professional, familiar and leisure – and important people. The difficulties of the transition were more related to the unpredicta‑ bility of changes and dissatisfaction about the guidance of health professio‑ nals. These results are suitable with the literature. Many conditions that are perceived as exercising influence on the transition are sensible to nursing care. It is suggested that nurses may have to be ready to help in advance, in order to prepare and capacitate women. Thus, it is necessary that nurses should offer integral – individually and in women groups – helping so that these women can (re)make its own life projects, build an identity and their social, familiar relationships within the whole changes, and finally to develop their highest potential in health. Keywords: menopause; transition; nursing RESUMEN La menopausia ocurre de media a los 50 años y es una de las transiciones más importantes que sufre la mujer. Se considera un proceso natural, pero representa cambios y desafíos en las diferentes dimensiones bio‑psico ‑socio‑culturales. Este estudio tiene como objetivo comprender los procesos del cambio, las experiencias de la mujer durante la transición a la menopausia, y los fac‑ tores facilitadores e impedimentos vividos durante esta fase. Se realizó un estudio cualitativo siguiendo la teoría fundamentada por las directrices recomendadas por Strauss y Corbin (2008) sobre la base de los supuestos de la teoría de las transiciones de Meleis. Se producen cambios muy profundos en la vida de la mujer durante la transición a la menopausia. Los resultados nos permitieron verificar: (a) los diferentes significados atribuidos a la menopausia; (b) las expectativas de la mujer sobre el futuro; (c) conocimientos aprendidos; (d) las capacidades adquiridas; (e) el nivel de planificación; (f ) recursos identificados y utiliza‑ dos por la mujer (g) bienestar / malestar físico y emocional sentido. El domi‑ nio ambiental y las personas significativas son los factores facilitadores más mencionados. Las dificultades de la transición estaban relacionados con la imprevisibilidad de los cambios y la insatisfacción con la orientación de pro‑ fesionales de la salud. Estos hallazgos van al encuentro de la literatura exis‑ tente. Muchas de las condiciones que influyen en esta transición son sensi‑ bles a los cuidados de enfermería. Se sugiere que los enfermeros desarrollen atención anticipatoria capaz de preparar y capacitar a la mujer. Para eso ten‑ drán que proporcionar una atención integral ‑ individualmente y en grupo ‑ ayudándolas a (re) desarrollar sus proyectos de vida, su identidad, sus rela‑ ciones sociales y familiares y desarrollar todo su potencial en la salud. Palabras clave: la menopausia; transición; enfermería. INTRODUÇÃO A mulher, enquanto ser humano, vivencia várias mudanças ao longo da sua vida, podendo estas assumir uma dimensão essencialmente biofisiológica ‑ como a menarca, a gravidez ou a última menstruação – ou de natureza também psicos‑ social – como a construção de uma relação de intimidade, a maternidade, o divórcio, a viuvez, a menopausa, o início de uma atividade profissional ou o desemprego ‑ as quais assi‑ REVISTA DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DOS ENFERMEIROS OBSTETRAS — N.º 14/2014 nalam fases sequenciais, podendo ser distintas ou sobrepo‑ níveis. A literatura refere que uma das mais importantes tran‑ sições vivida pelas mulheres é a transição para a meno‑ pausa. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) (1996), esta etapa “natural” e última do ciclo reprodutivo acontece em média aos 50 anos de idade, sendo reconhe‑ cida após 12 meses de amenorreia traduzindo‑se em mu‑ danças e desafios nas diferentes dimensões bio‑psico ‑sociais e culturais. Na cultura ocidental encontra‑se socialmente aliada a uma conotação negativa relacionada com a perda de feminilidade – juventude e capacidade reprodutiva ‑ e como marco de en‑ velhecimento com repercussões na autoimagem. É um acontecimento que passa a ter visibilidade a par‑ tir do século XX com o aumento da esperança de vida, e um maior número de mulheres atingem a fase da menopausa. Segundo os últimos Censos (2011), a esperança média de vida das mulheres atinge o valor mais alto verificado de 82,4 anos (Portugal, 2012), assistindo‑se a um envelhecimento da população feminina em Portugal. Tal significa que uma mu‑ lher pode viver aproximadamente 30 anos após a meno‑ pausa, ou seja, cerca de um terço da sua vida estando, por consequência expostas, em maior número, às modificações que acontecem nesta fase. Como mulher e como enfermeira especialista em saúde materna, obstétrica e ginecológica, e na procura da quali‑ dade de cuidados de enfermagem, é importante perceber‑ mos qual (ais) o (s) principal (ais) foco (s) de atenção na as‑ sistência à mulher no seu ciclo de vida, com vista a poder‑ mos propor intervenções que se dirijam às suas reais neces‑ sidades de modo a encontrarem uma adaptação eficaz a este processo de transição. Este estudo assume como base de sustentação da aná‑ lise do fenómeno a observar, a teoria das transições desen‑ volvida por Schumacher e Meleis (1994) e Meleis et al. (2000), que propõem como foco central da prática, as pessoas e fa‑ mílias que num determinado contexto sociocultural vivem um processo de transição. QUADRO TEÓRICO A origem etimológica da palavra menopausa consiste na justaposição de duas palavras gregas em que meno significa mês e pausis significa pausa, final, cessação (Sheehy, 1992; Ussher, 1992; Lima e Baracat, 1995; Reyes, 1997 apud Cabral, 2001; Northrup, 2003). Embora a menopausa seja considerada um aconteci‑ mento fisiológico ou patológico no campo científico, a OMS assume a menopausa como uma fase da vida das mulheres e não como um marco. “A menopausa é a fase da vida da mulher em que os ová‑ rios deixam de funcionar e cessa a capacidade reprodutiva. Consequentemente no organismo produzem ‑se diversas mudanças fisiológicas, alguns deles resultantes da cessação da função ovárica e de fenómenos relacionados com a me‑ nopausa, e outros devido ao processo de envelhecimento.” (OMS, 1996:1) (tradução nossa). A menopausa é, à partida, um processo natural e fisioló‑ gico vivido pelas mulheres em todo o mundo. É considerada uma fase de transição no ciclo de vida da mulher que marca a passagem do período reprodutivo para o não reprodutivo, com o fim permanente da menstruação e consequente (in) capacidade reprodutiva, duas características reconhecidas como universais da menopausa. Apesar das diversas terminologias, em 1981, a OMS pas‑ sou a definir menopausa como “o final da última menstrua‑ ção” (Blasco apud Cabral, 2001, p.72). Na menopausa, os aspetos biológicos embora significati‑ vos, não são exclusivos e determinantes desta fase da vida das mulheres. Há que considerar fatores não biológicos, mas de igual modo importantes, como os psicológicos, sociais e culturais. A menopausa compreende uma série de mudanças e realidades que vão muito além de aspetos biológicos (Ca‑ bral, 2001) e é a fase da vida da mulher em que o seu papel na sociedade se desdobra entre o exercício profissional, as funções de esposa e de mãe, enfrentando muitas vezes pro‑ blemas relacionados com a saída dos filhos de casa (Águas, 2009). Os significados que as mulheres atribuem às alterações que experienciam no seu corpo necessitam ser compreendi‑ dos e respondidos de modo a que possam integrar esta nova imagem corporal, este corpo de mulher que já não pode ter filhos e envelhece. O confronto com esta realidade é, fre‑ quentemente, simultâneo com modificações nas relações conjugais que se desgastaram, na relação com os filhos que se emanciparam e com os pais que envelhecem (Fagulha e Gonçalves, 2005). Deste modo, na vigilância de saúde da mu‑ lher afirma‑se importante de forma a prepará‑la para os dife‑ rentes aspetos desta nova etapa da vida e para as transfor‑ mações que ocorrem durante esse período. Sendo considerada um processo biológico natural e uni‑ versal, a menopausa é conhecida por muitas mulheres como “a mudança de vida” ou “a mudança” (Northrup, 2003, p.437), em que a mulher deixa transparecer a passagem de uma fase da vida para outra, de um estado ou condição de vida para outro que Meleis et al. (2000) designam de transição. Se‑ gundo Abreu (2008, p.36) transição provém do latim transi‑ tiõne que “significa mudança, acto ou efeito de passar de um estado, período, assunto ou lugar para outro”. É durante os períodos transicionais de instabilidade de‑ sencadeados por mudanças de desenvolvimento, de situa‑ ção ou de doença que se verifica a proximidade aos cuidados de enfermagem. Essas mudanças podem causar alterações profundas na vida da própria pessoa e dos que a rodeiam, para além de ter implicações significativas na saúde e bem ‑estar (Schumacher e Meleis, 1994). A transição remete para mudanças na situação de saúde, nos papéis desempenhados socialmente, nas expectativas de vida, nas habilidades socioculturais ou mesmo na capaci‑ dade de gerir as respostas humanas. A experiência de transi‑ REVISTA DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DOS ENFERMEIROS OBSTETRAS — N.º 14/2014 5 ção impõe que cada pessoa que a vive incorpore novos co‑ nhecimentos, que modifique comportamentos, que rede‑ fina os significados associados aos acontecimentos e, con‑ sequentemente, altere a definição de si mesmo no contexto social (Meleis et al., 2000; Chick e Meleis,1986 apud Meleis, 2010). A menopausa afigura‑se como uma das transições que ocorrem durante o desenvolvimento da vida das mulhe‑ res, razão pela qual foi designada por Schumacher e Meleis (1994) e Meleis et al. (2000) como uma transição desenvolvi‑ mental. Este tipo de transição requer uma definição ou rede‑ finição dos papéis em que a mulher está envolvida, condicio‑ nada pelas diversas características pessoais, como os signifi‑ cados atribuídos à menopausa, às expectativas, níveis de co‑ nhecimento e preparação, o planeamento ou não desta mu‑ dança, e o bem‑estar físico e emocional. Neste âmbito, tran‑ sição compreende processos de mudança que requerem adaptação ou ajustamento (Abreu, 2008). Na teoria da transição em enfermagem, o enfermeiro tem como função ajudar as pessoas a gerir os processos de tran‑ sição ao longo do ciclo de vida (Meleis et al., 2000), pelo que a definição mais comum de transição é de Chick e Meleis (1986) considerando transição como “uma passagem ou mo‑ vimento de um estado, condição ou local para outro” (Schu‑ macher e Meleis, 1994, p.119). Os enfermeiros são os primeiros prestadores de cuidados das pessoas e das suas famílias no percurso das suas vidas e durante processos de transição (Meleis et al., 2000), pois são os profissionais de saúde de primeira linha que se encontram em todos os serviços de saúde e com os quais a população tem um contacto mais facilitado e continuado. Estão atentos às mudanças e necessidades impostas pela própria situação de transição e são, também, quem prepara as pessoas para as transições difíceis e facilitam o processo de aprendizagem de novas capacidades/competências para lidarem com essa situação (Idem). No regulamento nº 127/2011 referente às competências específicas do enfermeiro especialista em saúde materna, obstétrica e ginecológica e no Regulamento dos padrões de qualidade dos cuidados especializados em enfermagem de saúde materna, obstétrica e ginecológica (OE, 2011) está evidente a sua importância da prestação de cuidados de en‑ fermagem ao assumir a responsabilidade pelo exercício de áreas de atividade e intervenção em períodos significativos da vida das pessoas, mais concretamente no ciclo de vida da mulher na fase da menopausa. METODOLOGIA Com este estudo procurámos evoluir num percurso onde o conhecimento e a compreensão do processo experienciado pelas mulheres na transição para a menopausa possa contri‑ buir para a implementação de práticas de enfermagem pro‑ motoras da sua saúde e a subsequente perceção de bem‑estar. Pretendemos compreender o processo e o modo como as participantes agem nesse contexto e construir uma teo‑ 6 ria que possibilite explicar como se processa a transição para a menopausa. Desenvolveu‑se um estudo qualitativo com recurso ao método para desenvolver uma grounded theory para criar uma teoria a partir de dados recolhidos, tendo por base os pressupostos da teoria das transições de Meleis. Foram definidos previamente critérios de inclusão no es‑ tudo, mulheres: •• Com idades compreendidas entre os 50 e 55 anos (in‑ clusive) que estivessem em menopausa fisiológica pelo menos há 1 ano. •• Que não utilizassem terapia hormonal de substituição. •• Do concelho da Figueira da Foz. •• Não serem conhecidas da investigadora. •• Aceitarem participar voluntariamente no estudo após esclarecimento. •• Permitirem o registo áudio das entrevistas realizadas. A questão de partida para esta investigação: Quais os fa‑ tores que influenciam a transição das mulheres para a meno‑ pausa? Definimos como objetivos: •• Compreender os processos de transição enquanto ex‑ periências vividas pelas mulheres durante a transição para a menopausa. •• Conhecer os fatores facilitadores e dificultadores da transição das mulheres para a menopausa. O número de participantes não foi determinado previa‑ mente, mas resultante de um processo de amostragem teó‑ rica, em que estas foram selecionadas de acordo com a sua experiência, cultura, interação social, permitindo uma me‑ lhor compreensão das experiências das mulheres e obter as suas representações e expectativas no processo de transição para a menopausa. As participantes do estudo foram 8 mulheres em meno‑ pausa fisiológica com idades entre os 50 e 55 anos, cauca‑ sianas, tinham em média 53,5 anos, a grande maioria eram casadas, viviam com os maridos, tinham filhos/as e residem em zona urbana (centro e periferia) e rural do concelho da Fi‑ gueira da Foz. A maioria possuía ensino básico e mantinham atividade profissional. Aos 50,1 anos foi a idade média em que entraram em menopausa e o tempo médio vivido após a menopausa foi de 3 anos e 2 meses. Realizada colheita de dados através de entrevistas semies‑ truturadas nos anos 2012‑2013, servindo‑nos de um guião de entrevista de orientação previamente elaborado. O es‑ tudo teve parecer favorável da Comissão Ética da Unidade Investigação em Ciências da Saúde – Enfermagem da Escola Superior de Enfermagem de Coimbra. Ao longo de todo o processo de colheita, análise e inter‑ pretação dos dados, teve‑se em consideração os procedi‑ mentos e as orientações preconizadas por Strauss e Corbin (2008) quanto ao desenvolvimento de uma grounded theory. Os dados foram analisados, tendo como suporte as catego‑ rias da teoria das transições desenvolvida por Meleis, e com base nos objetivos do estudo. Deste modo, a categorização REVISTA DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DOS ENFERMEIROS OBSTETRAS — N.º 14/2014 da análise ocorreu através de um processo misto de catego‑ rias pré‑definidas, segundo os pressupostos desta teoria e de categorias que emergiram dos dados. O processo de colheita foi alternado com a interpretação e análise dos dados de acordo com o preconizado por Strauss e Corbin (2008) e com o método de análise comparativa constante previsto na grounded theory. A análise dos dados iniciou‑se a partir do momento em que se começaram a ou‑ vir as entrevistas, seguida de transcrição. A codificação aberta e axial permitiram codificar propriedades e dimensões para desenvolver relações entre conceitos. Não concretizámos a última fase do processo de análise ‑ codificação seletiva ‑ que consiste em integrar e refinar categorias em torno de uma categoria central, a qual representa o tema principal de pes‑ quisa, que condensa o produto de todas as análises. Importa referir que a análise dos dados foi realizada ma‑ nualmente, e decidimos terminar a colheita de dados à oi‑ tava entrevista apesar da possibilidade de não termos atin‑ gido a saturação teórica dos dados. O respeito pelos princípios éticos foi nossa preocupa‑ ção desde o início e durante toda a realização deste estudo, atendendo ao princípio da não maleficência, o princípio da autonomia, o princípio da beneficência e o princípio da jus‑ tiça. Segundo a teoria das transições, definimos as seguintes condições de transição: significados atribuídos à menopausa, expectativas em relação à menopausa, nível de conhecimen‑ tos, capacidades adquiridas, nível de planeamento, recursos conhecidos e utilizados e bem‑estar emocional e físico per‑ cecionado (Schumacher e Meleis, 1994; Meleis et al., 2000). De acordo com estas categorias, da análise emergiram sub‑ categorias, propriedades e dimensões nas quais acreditamos que poderão explicar como as participantes vivenciaram o processo de transição para a menopausa. RESULTADOS Várias mulheres chegam à menopausa com a sensação de missão cumprida, sentindo‑se realizadas do ponto de vista fa‑ miliar e profissional e estão decididas a iniciar uma nova eta‑ pa do seu ciclo de vida. Uma vida mais liberta, mais assumida e onde querem colocar a sua pessoa no centro, assumindo o seu passado e os papéis, mas focando‑se nas suas necessi‑ dades e desejos (ainda) não concretizados, dedicando‑se ao seu autocuidado e ao seu bem‑estar. A menopausa represen‑ ta para a mulher uma libertação que lhes abre novas oportu‑ nidades, porque terminaram a sua função reprodutiva o que se associa ao terminus da menstruação, uma experiencia fre‑ quentemente negativa que durou décadas e que para muitas foi muito limitativa. Uma vez finalizada a tarefa de cuidar dos filhos, conside‑ ram que é tempo se emanciparem e, para a maioria das mu‑ lheres, entrar em menopausa não foi entendido como uma perda, mas sim uma libertação. Não sentem o vazio nem que a vida perdeu sentido e, pelo contrário, entendem como uma oportunidade para si, de investimento pessoal e de autorre‑ flexão. Sentem que tem mais tempo para si mesmas e maior consciência do seu valor. Sentem‑se mais confiantes e com maior autoestima e, por conseguinte, menos dependentes das opiniões e expectativas da sociedade, embora reconhe‑ çam que, socialmente, ainda existe estigmatização e desva‑ lorização pelas mulheres que se encontram neste período de vida. Vários são os fatores pessoais e ambientais que podem fa‑ cilitar ou dificultar esta transição. Destacam‑se como facilita‑ dores e dificultadores, os fatores pessoais físicos, psicológi‑ cos e emocionais. Como fatores ambientais facilitadores sa‑ lientamos a família, amigas/pessoas significativas, ocupação, lazer, comunidade e o acesso a recursos. Como fatores am‑ bientais dificultadores destacamos os familiares, conjugais e os recursos sociais desajustados às necessidades. Emerge a importância de agir sobre o conhecimento das mulheres sobre menopausa, de modo a capacitá‑las para as mudanças que lhes são exigidas. Perante esta vulnerabi‑ lidade, interessa considerar a dimensão do conhecimento, através da educação para a saúde, individual ou em grupo, integrando também os cônjuges / companheiros. Durante a revisão de literatura efetuada, foi possível con‑ firmar que a investigação relacionada com a transição para a menopausa é ainda bastante escassa, e em Portugal não foram encontrados estudos. Após a realização deste estudo e entre todos os resultados encontrados, parece‑nos poder concluir que a menopausa: •• É considerada uma fase difícil e um momento perturba‑ dor (Price, Storey e Lake , 2008) . •• Representa perda, onde se inclui a juventude, a fertili‑ dade e capacidade reprodutiva (Manesh e Moghadam, 2011) e uma libertação que abre novas oportunidades nas suas vidas (Im et al., 2008; Manesh e Moghadam, 2011). •• O desconforto e a imprevisibilidade das alterações di‑ ficultaram o processo de transição, interferem nas ro‑ tinas e na imagem corporal (Im et al., 2008; Marnocha, Bergstrom e Dempsey, 2011). •• Considerado um período de reorganização pessoal, em que as mulheres procuram ter mais tempo para si (Im, Lee e Chee, 2010) e identificam novas formas de viver que consideram significativas (Im et al., 2008). •• O nível de conhecimentos sobre a menopausa é baixo independentemente do grau de formação (Im, Lee e Chee, 2010; Marnocha, Bergstrom e Dempsey, 2011). •• Os recursos informais – família e relações de proximida‑ de – assumem‑se como o principal apoio neste proces‑ so de transição (Im et al., 2008; Manesh e Moghadam, 2011). •• A oferta dos serviços de saúde parece estar desajustada às necessidades (Price, Storey e Lake, 2008) •• A orientação e atitude dos profissionais de saúde não correspondem às suas necessidades (Im et al., 2008). •• Identificam a enfermeira como um recurso conhecido e disponível (Marnocha, Bergstrom e Dempsey, 2011). REVISTA DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DOS ENFERMEIROS OBSTETRAS — N.º 14/2014 7 CONCLUSÃO A condição de mulher em menopausa no século XXI é, se‑ guramente, diferente do que era há umas décadas atrás e é fortemente influenciada pela cultura em que está inserida. No entanto, esta ainda é considerada motivo de constrangi‑ mento e vulnerabilidade para a mulher, com tendência para o comprometimento da sua qualidade de vida. Ao longo desta investigação verificámos como o papel da mulher tem sido condicionado pelo contexto sociocultural e histórico em que se insere, considerando o significado que a cultura imprime à menopausa e que é transmitido entre ge‑ rações. Sustentando‑nos nos resultado obtidos neste estudo e na revisão de literatura que fomos desenvolvendo ‑ onde verifi‑ camos convergência ‑ consideramos a transição para a me‑ nopausa como foco sensível a cuidados de enfermagem, de‑ vendo os enfermeiros promover uma transição saudável. As‑ sim, gostaríamos de apresentar algumas conclusões: As mulheres necessitam de cuidados integrais, promo‑ tores da sua saúde e do seu bem‑estar, o que inclui mas ultrapassa o rastreio e o tratamento das doenças. Adoção de modelos globais de intervenção em saúde e em enfermagem, que olhem as mulheres para além do seu corpo e da sua (in)capacidade reprodutiva. Ainda que esses modelos sejam defendidos na teoria, não foi encontrada evidência de que sustentem as prá‑ ticas dos profissionais de saúde. A transição para a menopausa apresenta muitos fatores sensíveis a cuidados de enfermagem, quer do domínio pessoal, quer familiar e comunitário. Este conhecimento requer da parte dos enfermeiros, e em especial dos enfermeiros especialista em saúde materna, obstétrica e ginecológica, uma atenção redo‑ brada para ajudarem as mulheres a fazerem uma transi‑ ção saudável, o que vem reforçar o preconizado no Re‑ gulamento n.º 127/2011 referente às competências es‑ pecíficas do enfermeiro especialista em saúde materna, obstétrica e ginecológica. Gostaríamos de referir que os resultados obtidos neste es‑ tudo são referentes à experiência das mulheres que fizeram parte da amostragem teórica e por isso não podem ser gene‑ ralizados a todas as mulheres. Contudo, entendemos que es‑ tes resultados são importantes para o conhecimento da tran‑ sição da menopausa em geral, porque convergem com os re‑ sultados referidos da literatura. Com base nos resultados obtidos e no referido na literatura entendemos apresentar sugestões para a atuação dos profis‑ sionais de saúde, com destaque para os enfermeiros, enquanto profissionais de saúde que tem maior proximidade com os ci‑ dadãos e em concreto com as mulheres, atendendo a que são estas que mais recorrem aos serviços de saúde ‑ que estão na menopausa ou no processo de transição para a menopausa ‑ com o intuito de contribuir para uma transição para a meno‑ pausa integrada no projeto de vida individual da mulher. 8 •• Cuidados de enfermagem antecipatórios capazes de prepararem e capacitarem as mulheres. •• Cuidados integrais – individualmente e em grupos de mulheres – ajudando‑as a (re)elaborar os seus projetos de vida, a sua identidade, as suas relações sociais e fami‑ liares e a desenvolver o seu máximo potencial em saúde. 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Método: Estudo observacional descritivo correlacional, de corte trans‑ versal; a colheita de dados foi realizada através de um questionário sobre a caraterização sociodemográfica e de contexto sexual; o inventário da cultura organizacional da família (Nave, 2007) e a escala de atitudes face à sexuali‑ dade (Nelas et al, 2010); Amostra não probabilística de 1216 adolescentes do 9º ano no âmbito do projeto MISIJ –FCTF‑PTDC/CPE‑CED/103313/2008. Resultados: A média de idades foi de 14.69 anos; 12.6% já iniciaram re‑ lações sexuais; 48.1% apresenta atitudes favoráveis face à sexualidade; os rapazes revelaram atitudes mais favoráveis que as raparigas, (X2=36.348, p=0.000). Existem diferenças estatisticamente significativas entre o sexo, diá‑ logo sobre sexualidade com professores e profissionais de saúde (p=0.000), a idade (p=0.004), a cultura organizacional da família (p<0.005), e as atitudes dos adolescentes face à sexualidade. Conclusões: Família e sociedade devem criar modelos de saúde que sus‑ tentem a educação sexual das crianças e adolescentes. Palavras‑chave: adolescência, família, sexualidade, atitudes. ABSTRACT Background: Adolescence is characterized by the progressive acquisition of autonomy, but also susceptibility to peer influence that can result in adop‑ Enfermeira Especialista de Saúde Materna e Obstetrícia , Mestre em Educação para a Saúde. Unidade de Cuidados na Comunidade de Sátão – Mirante do Seixo; e‑mail: [email protected]. 1 tion of risk behaviors. Objectives: Analyze the relationship between sociodemographic varia‑ bles, of sexual context and organizational culture of the family and the atti‑ tudes adopted by adolescents facing sexuality. Method: Observational descriptive and correlational, transversal study. The questionnaire applied was on sociodemographic characterization and sexual context, the family organizational culture of Nave (2007) and the scale of attitudes towards sexuality of Nelas et al (2010); a non‑probabilistic con‑ venience sample of 1216 adolescents attending the 9th year, part of the pro‑ ject MISIJ ‑FCTF‑PTDC/CPE‑CED/103313/2008. Results: The average age was 14.69 years; 12.6% have initiated sex rela‑ tions; the majority (48.1%) had favorable attitudes towards sexuality. Boys have more favorable attitudes towards sexuality in global than girls (X2 = 36,348, p = 0.000). There are statistically significant differences between sex and speaking about sexuality with teachers and health professionals (p=0.000), age (p=0.004), family organizational culture (p<0.005), and attitu‑ des of adolescents towards sexuality. Conclusion: Family and society should create health models to support sex education for children and adolescents. Keywords: adolescents, family, sexuality, attitudes. RESUMEN Encuadramiento: La adolescencia se caracteriza por la progresiva adquisi‑ ción de autonomía, y la susceptibilidad a la influencia de los compañeros, lo que puede dar lugar a la adopción de conductas de riesgo. Objetivo: Analizar las relaciones entre las variables sociodemográficas y el contexto sexual, la cultura organizacional de la familia, y las actitudes de los adolescentes frente a la sexualidad. Método: Estudio observacional descriptivo correlacional transversal; la recolección de datos se llevó a cabo a través de un cuestionario sobre la ca‑ racterización sociodemográfica y contexto sexual; inventario de la cultura organizacional de la familia (Nave, 2007) y la escala de actitudes hacia la se‑ xualidad (Nelas et al, 2010); Muestra no probabilística de 1216 adolescentes REVISTA DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DOS ENFERMEIROS OBSTETRAS — N.º 14/2014 9 de noveno grado en MISIJ ‑FCTF‑PTDC / CPE‑CED 103313/2008 / Proyecto. Resultados: La edad media fue de 14,69 años; 12.6% han iniciado las rela‑ ciones sexuales; 48.1% tienen actitudes favorables hacia la sexualidad; mu‑ chachos mostraron actitudes más favorables que las niñas, (X2 = 36,348, p = 0.000). Existen diferencias estadísticamente significativas entre el sexo, el diálogo sobre sexualidad con los maestros y profesionales de la salud (p = 0,000), la edad (p = 0,004), la cultura organizacional de la familia (p <0,005), y las actitudes de los adolescentes hacia la sexualidad. Conclusiones: la familia y la sociedad deben crear modelos que apoyan la educación de la salud sexual de los niños y adolescentes. Palabras clave: adolescencia, la familia, la sexualidad, actitudes INTRODUÇÃO A família tem sido desde longa data uma instituição que se responsabiliza pela transmissão de uma herança que vai pas‑ sando de geração em geração, e que se constitui de valores, normas e cultura, próprias e únicas de cada família. Tem o papel fundamental de influenciar a formação dos indivíduos que dela fazem parte, contribuindo para a determinação da personalidade e interferindo significativamente no compor‑ tamento de cada um dos seus membros. O vértice principal da funcionalidade da família é consti‑ tuído pelas relações interpessoais entre os seus membros, e a afetividade e os sentimentos de pertença e identidade de‑ sempenham os papéis primordiais (Nave, 2007). Sendo um evento previsível a adolescência tem grande impacto no decorrer da vida familiar. O conjunto de transfor‑ mações que aqui se operam inclui importantes mudanças ao nível da sexualidade, surgindo as primeiras relações amoro‑ sas, que podem ser acompanhadas pelas primeiras experien‑ cias sexuais. As atitudes dos adolescentes face à sexualidade são in‑ fluenciadas por pessoas significativas, pelos que convivem proximamente com os adolescentes e pelas experiências vi‑ vidas pelos próprios ao longo do ciclo de vida. No seguimento desta problemática questionámo‑nos se as variáveis sociodemográficas (sexo, idade e local de residência), de contexto sexual (namoro, diálogo sobre sexualidade, rela‑ ções sexuais, utilização de contraceção) e cultura organizacio‑ nal da família influenciam as atitudes dos adolescentes face a sexualidade? Para dar resposta a esta questão traçamos como objetivo analisar as relações entre as variáveis sociodemográfi‑ cas e de contexto sexual, a cultura organizacional da família e as atitudes dos adolescentes face a sexualidade. QUADRO TEÓRICO A adolescência é um período de descoberta dos limites in‑ dividuais, de questionamento dos valores e das normas fa‑ miliares, e de forte adesão aos valores e normas do grupo de amigos e pares, caracterizado ainda por necessidade de integração social, pela procura de autonomia e de indepen‑ dência como pessoa, e pela definição da identidade sexual. A sexualidade define‑se como uma rede de condutas, ati‑ tudes e afetos; constrói‑se e aprende‑se e é parte integrante do desenvolvimento da personalidade, podendo interferir no processo de aprendizagem, na saúde mental e física do 10 indivíduo (Brêtas, Ohara, Jardim, Junior e Oliveira, 2011). A orientação no âmbito da sexualidade deverá ser priori‑ tariamente uma competência da família, elemento fulcral na identidade de género e no desenvolvimento dos papéis se‑ xuais dos filhos. A educação sexual transmitida e recebida na família é muito importante para o desenvolvimento harmo‑ nioso da criança e do adolescente. A família que ama, que acolhe e que cuida é a mesma que educa e informa sobre se‑ xualidade, tornando os seus jovens mais seguros, saudáveis e felizes (Ferreira et al, 2013). A família, a escola e a rede de saúde em interligação determinarão a educação sexual dos adolescentes. METODOLOGIA Estudo de natureza quantitativa, observacional descritivo correlacional, de corte transversal. A técnica de amostragem foi não probabilística e por conveniência, e constituiu‑se de 1216 adolescentes a frequentar o 9º ano em escolas públicas, que aceitaram participar no estudo e cujos progenitores con‑ sentiram a participação. A colheita de dados foi realizada por meio de um questio‑ nário que inclui questões de caracterização sociodemográ‑ fica, de contexto sexual, o inventário da cultura organizacio‑ nal da família (Nave, 2007) e a escala de atitudes face à sexua‑ lidade (AFSA) (Nelas et al, 2010). O Inventário da Cultura Organizacional da Família (ICOF) mede o tipo de cultura adotado por cada família e a sua funcionalidade e engloba 25 itens, numa escala Tipo Likert. Compõe‑se de quatro sub‑escalas: Cultura das Relações In‑ terpessoais, Cultura Heurística, Cultura de Hierarquia e Cul‑ tura dos Objetivos Sociais. Os valores de alfa de Cronbach va‑ riaram entre 0,912 e 0,926, com valor global 0.918. A escala de atitudes face à sexualidade em adolescentes (AFSA) tem como objetivo avaliar conhecimentos e atitudes dos adolescentes no âmbito da afetividade e sexualidade. Compõe‑se de 26 itens, elaborados em Escala tipo Likert. Através da análise fatorial pelo método Kaiser M obtivemos a estrutura fatorial de 4 fatores o que nos permitiu agrupar os itens nas dimensões cultural, social, psicossocial e afetiva. Os valores de alpha de Cronbach obtidos variaram entre 0.846 e 0.860, com valor global 0.859. RESULTADOS No que se refere aos participantes do estudo verificamos que 54.77 % são do sexo feminino. Os participantes tinham entre 14 e 18 anos, com uma média de idade de 14.69 anos. Relati‑ vamente à sua residência a maioria 48.8% reside em aldeia e 32.7% em cidade. Em relação às variáveis de contexto sexual verificamos que 25.3% namoram, mas 80.7% com 14 anos não namora e 39.4% com idade igual ou superior a 16 anos namora (X2= 32.043; p=0.000). Constatámos que 93.9% com 14 anos não iniciou e 32.8% com 16 anos ou mais já iniciaram relações se‑ xuais (X2=90,545; p=0,000) e que os que se iniciaram sexual‑ mente fizeram‑no em média com 13,83 anos; 35.9% fizeram REVISTA DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DOS ENFERMEIROS OBSTETRAS — N.º 14/2014 ‑no com <= 13 anos. Os rapazes têm a primeira relação se‑ xual mais cedo que as raparigas (13.64 e 14.06 anos respeti‑ vamente); são também os rapazes com mais de 16 anos que mais contraceção fazem (X2 81.828; p=0.000), sendo o pre‑ servativo o método mais utilizado (63.8%). Atendendo ao diálogo sobre sexualidade, observámos que os adolescentes dialogam com os amigos 53.3%, com a mãe 49.3%, com o pai 45.0%, professores (38.5%) e médico ou enfermeiro (40.5 %). Tendo em conta as atitudes face à sexualidade, 48.1 % dos adolescentes apresentaram atitudes favoráveis face à sexua‑ lidade e 24.9% atitudes desfavoráveis, sendo que as rapari‑ gas apresentaram maioritariamente um atitude desfavorá‑ vel e os rapazes uma atitude favorável (X2 =36.348; p=0.000). Se tivermos em conta os adolescentes que têm uma atitude desfavorável face à sexualidade, verificamos que estes tive‑ ram relações sexuais (X2 = 7.113; p= 0.029) e fazem contrace‑ ção (X2= 9.475; p=0.009); os que têm uma atitude favorável não tiveram relações sexuais (X2 = 7.113;p= 0.029). Considerando as variáveis Cultura Organizacional da Fa‑ mília e atitudes dos adolescentes face à sexualidade pude‑ mos verificar que não existe um tipo de cultura familiar que possa ser linearmente relacionado com as atitudes dos ado‑ lescentes face à sexualidade pelo que reiteramos a opinião de Nave (2007) que nos diz que o equilíbrio dinâmico conse‑ guido entre as diferentes dimensões determinará a funciona‑ lidade da família. Através da análise inferencial verificamos que os adoles‑ centes de 16 anos apresentaram atitudes mais favoráveis face à sexualidade nas dimensões social (p=0.000), psicosso‑ cial (p=0.000), afetiva (p=0.010) e total (p=0.004); adolescen‑ tes do sexo masculino apresentaram atitudes mais favoráveis face à sexualidade nas dimensões social (p=0.000), psicosso‑ cial (p=0.000), afetiva (p=0.000) e total (p=0.000); e a residên‑ cia em aldeia atitudes mais favoráveis face à sexualidade nas dimensões psicossocial (p=0.002) e total (p=0.007). Os adolescentes que dialogam sobre sexualidade com o pai apresentaram atitudes mais favoráveis face à sexualidade na dimensão cultural (p=0.006); os que dialogam com os pro‑ fessores melhoram as atitudes em todas as dimensões – cul‑ tural (p=0.009), social (p=0.004), psicossocial (p=0.015), afe‑ tiva (p=0.003) e total (p=0.000); os que dialogam com mé‑ dico ou enfermeiro apresentam atitudes mais favoráveis face à sexualidade nas dimensões cultural (p=0.005), social (p=0.012), afetiva (p=0.029) e total (p=0.000). São os adolescentes que não namoram que apresentaram atitudes mais favoráveis face à sexualidade nas dimensões cultural (p=0.007) e afetiva (p=0.001), e os adolescentes que não iniciaram relações sexuais apresentam atitudes mais fa‑ voráveis face à sexualidade nas dimensões cultural (p=0.000) e total (p=0.017). Por outro lado, os adolescentes que não utilizam contraceção apresentaram atitudes mais favoráveis face à sexualidade na dimensão cultural (p=0.000), e os que utilizam contraceção apresentaram atitudes mais favoráveis na dimensão social (p=0.031). Através da utilização de regressões múltiplas verificamos que existe relação entre as variáveis independentes cultura organizacional da família, sexo e idade, e a variável depen‑ dente atitudes dos adolescentes face à sexualidade, con‑ forme se visualiza no esquema seguinte: Figura 1: Regressões Múltiplas entre as variáveis independentes cultura organizacional da família, sexo e idade, e a variável dependente atitudes dos adolescentes face à sexualidade. DISCUSSÃO A nossa amostra é constituída por um total de 1216 alunos que frequentam o 9º ano de escolaridade em escolas públi‑ cas. No nosso estudo as atitudes dos adolescentes face à se‑ xualidade têm a categoria de variável dependente. Verificamos que 48.1% dos adolescentes apresentam ati‑ tudes favoráveis face à sexualidade, 27.0% atitudes mode‑ radas e 24.9% atitudes desfavoráveis, quando comparados com o estudo de Nelas, Fernandes, Ferreira, Duarte e Cha‑ ves (2010), no qual se encontraram atitudes favoráveis face à sexualidade em 43.1% dos adolescentes e desfavoráveis em 36.9% dos adolescentes, e o estudo de Teixeira, Nelas, Aparí‑ cio e Duarte (2012) que revelou que 46,6% dos alunos apre‑ sentavam atitudes favoráveis face à sexualidade, e 40.4 % apresentam atitudes desfavoráveis face à sexualidade, verifi‑ camos no nosso estudo um ligeiro aumento dos adolescen‑ tes que apresentam atitudes favoráveis, e uma ligeira dimi‑ nuição dos adolescentes que apresentam atitudes desfavo‑ ráveis face à sexualidade. Relativamente aos adolescentes que têm uma atitude fa‑ REVISTA DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DOS ENFERMEIROS OBSTETRAS — N.º 14/2014 11 vorável face à sexualidade podemos observar que 53.7% são do sexo masculino e 46.3% são do sexo feminino. Os dados estatísticos mostram que os rapazes apresentam atitudes mais favoráveis que as raparigas, sendo as diferenças esta‑ tisticamente significativas (p=0.000) em todas as dimensões e na escala global, à exceção das atitudes na dimensão cul‑ tural (p=0.619). Os estudos de Nelas (2011) e Teixeira, Nelas, Aparício e Duarte (2012) concluiram que as raparigas possuem atitu‑ des face à sexualidade mais favoráveis têm atitudes favo‑ ráveis face à sexualidade, enquanto a maioria dos rapazes apresenta atitudes desfavoráveis face à sexualidade, contra‑ riamente ao nosso estudo. Os papéis atribuídos a cada um dos sexos são socialmente construídos, o que poderá justifi‑ car esta postura tão marcada entre os sexos, implicando ati‑ tudes comportamentais sexuais diferentes. Perante o estudo da relação entre as atitudes dos adoles‑ centes face à sexualidade e a sua idade, constatamos que os adolescentes que tem uma atitude desfavorável face à sexua‑ lidade têm maioritariamente (53.8%) 14 anos de idade, assim como os adolescentes que tem uma atitude favorável são maioritariamente os de 16 anos de idade (47.0%). O estudo de Nelas, Silva, Ferreira, Duarte e Chaves (2010), demonstra que os adolescentes com idade superior a 16 anos têm atitudes mais desfavoráveis face à sexualidade; no estudo de Teixeira, Nelas, Aparício e Duarte (2012) podemos observar que os alunos com 14 anos apresentam atitudes mais favoráveis face à sexualidade, o que contraria os resul‑ tados por nós encontrados. As diferenças observadas nas ati‑ tudes face à sexualidade entre os adolescentes com 14 anos e as outras faixas etárias confirmam a necessidade e oportu‑ nidade pedagógica de uma intervenção nesta etapa de de‑ senvolvimento que favoreça uma revisão crítica em assuntos de sexualidade. Uma cultura de educação para a sexualidade responsável desde tenra idade irá contribuir decerto para o desenvolvimento de uma capacidade de tomada de decisão pessoal dos alunos sobre os comportamentos e atitudes face à sexualidade. No que diz respeito à relação entre a residência e as atitu‑ des dos estudantes face à sexualidade verificamos no nosso estudo que dos adolescentes que têm uma atitude favorável face à sexualidade a maioria (51.8%) reside em aldeia. Nos es‑ tudos realizados por Nelas (2011) e Teixeira, Nelas, Aparício e Duarte (2012) verificou‑se que os alunos residentes em zo‑ nas urbanas apresentam atitudes mais favoráveis face à se‑ xualidade, contrariando os nossos resultados. No nosso es‑ tudo, parece‑nos que a vida mais isenta de pressões e as re‑ lações familiares mais sedimentadas e talvez até mesmo al‑ gum conservadorismo, podem influenciar a forma de estar e de ser dos adolescentes, e interferir nas atitudes dos adoles‑ centes em geral e face à sexualidade. Estamos em crer que a realidade dos adolescentes inquiridos no nosso estudo, ca‑ racterizada por residirem maioritariamente em meios peque‑ nos, com relações de vizinhança e convívio entre famílias lhes poderá proteger de outros ambientes mais vulneráveis às in‑ 12 fluências dos pares (Dias e Rodrigues, 2009). Contudo seria necessário proceder a uma descrição sociodemográfica mais detalhada da amostra em estudo que permita perceber me‑ lhor a influência que as desigualdades sociodemográficas têm sobre as atitudes dos adolescentes. No que se refere ao diálogo dos adolescentes sobre se‑ xualidade constatámos que os adolescentes dialogam com os amigos 53.3%, com a mãe 49.3%, com o pai 45.0%, pro‑ fessores (38.5%) e médico ou enfermeiro (40.5 %). Um es‑ tudo HBSC (cit.in Matos e Sampaio, 2010), concluiu que os jovens preferem os amigos e os colegas, depois os pais e só depois os professores, para obter informação sobre se‑ xualidade, o que reitera o atrás referenciado. Ferreira e Ne‑ las (2008) indicam os amigos como interlocutores privilegia‑ dos para os adolescentes e concluiu que os médicos ou en‑ fermeiros são referenciados por 30.3% dos estudantes, o que difere do nosso estudo cujos resultados referem que 40.5% dialogam com médico/enfermeiro sobre sexualidade. Verifi‑ cámos ainda a importante influencia dos professores nas ati‑ tudes dos adolescentes face à sexualidade e parece‑nos que quando essa fonte está presente as atitudes dos adolescen‑ tes face à sexualidade são significativamente favorecidas. Re‑ lativamente ao facto de os jovens recorrerem de forma re‑ duzida a profissionais e serviços de saúde e realizando uma análise mais aprofundada como profissionais de saúde, pa‑ rece sugerir‑nos que este facto possa estar relacionado com a falta de informação sobre os serviços disponíveis e dificul‑ dades de acesso aos mesmos. Verificámos neste estudo que os adolescentes iniciaram a sua vida sexual e tiveram a primeira relação sexual entre os 10 e os 18 anos de idade, correspondendo‑lhe uma média de 13,83 anos, o que é um valor ligeiramente abaixo do estudo publicado por Silva et al (2012) que refere um início de ativi‑ dade sexual pelos 14.68 anos de idade. O estudo do HBSC de 2006 (Matos, et al 2006) revela que a maior parte dos jovens que já teve relações sexuais refere ter iniciado sexual a partir dos 14 anos (63.7%). Numa sociedade em crescente transformação convive‑se com a realidade de uma iniciação sexual cada vez mais pre‑ coce entre os adolescentes e um estudo de Silva et al (2012) defende essa precocidade como um dos fatores de uma pre‑ cária atitude face à sexualidade em adolescentes, recomen‑ dando, entre outros, o incentivo de atraso no início da ativi‑ dade sexual dos adolescentes assim como a vivência de uma sexualidade consciente como fatores para melhorar a atitu‑ des dos adolescentes face à sexualidade. Coimbra, Ferreira, Nelas Duarte e Albuquerque (2013) salientam a necessidade de se desenvolverem programas que promovam conheci‑ mento na área das habilidades pessoais e sociais capazes de aumentar o empoderamento dos adolescentes. No que se refere à cultura familiar e atitude dos adolescen‑ tes face à sexualidade, Dias e Rodrigues (2009) referem que o estilo parental democrático parece exercer forte influência na preparação dos adolescentes para o estabelecimento de relações afetivas e calorosas que propiciam a educação para REVISTA DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DOS ENFERMEIROS OBSTETRAS — N.º 14/2014 o amor e para a liberdade exercida de forma responsável. CONCLUSÃO A orientação no âmbito da sexualidade deverá ser priorita‑ riamente uma competência da família; Família, Escola e Rede de Saúde têm papéis diferentes, contudo complementares. Deixamos duas sugestões que nos parecem primordiais: a melhoria dos processos de comunicação entre pais e filhos, coadjuvada e orientada por profissionais especializados na prevenção do envolvimento dos adolescentes em comporta‑ mentos de risco em saúde, e o maior e melhor envolvimento dos agentes na educação das crianças e dos adolescentes ‑ Professores e Profissionais de Saúde – no esforço para me‑ lhorar a sua Educação Sexual. Como estratégias propomos: Incentivar o atraso no início da atividade sexual dos ado‑ lescentes; •• Melhorar a acessibilidade dos jovens aos Profissionais de Saúde; •• Implementar programas de educação sexual que en‑ volvam adolescentes, pais, professores e profissionais de saúde especificamente dirigidos à população estu‑ dantil do 3º ciclo do ensino básico; •• Trabalhar a questão de género no espaço privilegiado Escola para mudar normas de pares e criar habilidades de negociação. BIBLIOGRAFIA Brêtas, J. R., Ohara, C. V., Jardim, D. P., Junior, W. 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Para tal, torna‑se necessário a compreensão do(s) motivo(s) da sua não aplicação e das falhas mais frequentes dessa assistência, bem como, o deli‑ neamento de uma linha de orientação que vise a sensibilização e a prepara‑ ção da equipa através da formação em serviço, sobre o parto e eventos críti‑ cos em Obstetrícia e posterior discussão em equipa. Como instrumento básico de trabalho pretende‑se a realização de um Protocolo com a VMER (Viatura Médica de Emergência e Reanimação), CODU (Centro de Orientação de Doentes Urgentes) e Sala de Partos/Urgên‑ cia da maternidade que permita a uniformização dos procedimentos de en‑ fermagem, assim como a uniformização dos conteúdos e normas de actua‑ ção, tendo como base a realização de um plano de formação integrado e contínuo dos enfermeiros da VMER e ainda a elaboração de um guia orienta‑ dor dos registos de enfermagem. Pretende‑se o envolvimento de todas as equipas de enfermagem, dos responsáveis pelos serviços e a monitorização das medidas implementadas e dos resultados obtidos. Palavras‑chave: Enfermagem pré‑hospitalar, obstetrícia, emergência, parto, formação especializada ABSTRACT The elaboration of this project aims to obtain not only the (re)construction of practices that are carriers of greater visibility to the nursing profession and for the care that you are involved in, but also to ensure that the activities ne‑ cessary for an efficient care and humanized, pregnant women in labor and in critical events in obstetrics in the context pre‑hospital. Such Pará, the understanding becomes necessary of (s) motive (s) of his not application and of the most frequent faults of this presence, as well as, the delineation of a line of direction that aims at the sensibilização and the preparation of the team through the formation in service, on the childbirth and critical events in Obstetrical and subsequent discussion in team. Since basic instrument of work claims the realization of a Protocol with the VMER (Medical Vehicle of Emergence and Reliveliness), CODU (Centre of Direction of Urgent Patients) and Room of Childbirth / urgency of the mo‑ therhood that allows the uniformization of the proceedings of nursing, as well as the uniformization of the contents and standards of acting, taking as a base the realization of a plan of formation integrated and office junior of the nurses of the VMER and still the preparation of a guide advisor of the re‑ gisters of nursing. There is claimed the involvement of all the teams of nursing, of the per‑ sons in charge by the services and the monitorização of the implemented measures and of the obtained results. Keywords: Pre‑hospital nursing, obstetrics, emergency, childbirth, spe‑ cialized training Especialista em Enfermagem de Saúde Materna e Obstetrícia no Centro Hospitalar Universi‑ tário de Coimbra. [email protected]. 1 14 La elaboración de este proyecto busca obtener la reconstrucción de las prác‑ ticas con mayor visibilidad para la profesión de enfermería y para los cui‑ dados que son inherentes, sino también asegurar las actividades necesa‑ rias para una asistencia eficiente y humanizada de la embarazada durante el parto y en eventos críticos de obstetricia en contexto pre‑hospitalario. Teniendo en cuenta este objetivo, es necesario entender la(s) razón(es) de su inaplicabilidad y de los fallos más frecuentes de este tipo de asistencia, así como la delimitación de una línea de orientación cuyo objetivo sea sensi‑ bilizar y preparar el equipo a través de la formación en servicio sobre el parto y eventos críticos en Obstetricia y la posterior discusión en equipo. Como herramienta básica de trabajo se pretende llevar a cabo un Pro‑ tocolo con la VMER (Automóviles de Emergencia Médica y Reanimación), la CODU (Centro de Orientación de los pacientes de emergencia) y la Sala de partos / Urgencia de la maternidad para permitir la estandarización de los procedimientos de enfermería, así como la estandarización de los conteni‑ dos y normas de actuación, teniendo por base la realización de un plan de formación integrada y continua para los enfermeros de la VMER y aún la ela‑ boración de un guía orientador de los registros de enfermería. Se pretende involucrar a todos los equipos de los servicios de enferme‑ ría y sus responsables y la verificación de las medidas adoptadas y de los re‑ sultados obtenidos. Palabras llave: Enfermería pre ‑hospitalaria, obstetricia, emergencia, parto, formación Especializada ENQUADRAMENTO O grau de responsabilidade pelos serviços de saúde e o con‑ ceito de prestação de cuidados de qualidade estão na linha da frente da maior parte das discussões políticas e entre pro‑ fissionais de saúde. No entanto a responsabilidade torna‑se difícil quando há uma dotação inadequada de prestadores de cuidados e a assistência encontra‑se em desajustada por‑ que não consegue dar resposta às necessidades grávida/ parturiente/puerpara/RN num ambiente físico e de recursos humanos para um cuidado que garanta a qualidade. Neste âmbito, somos confrontados diariamente com notí‑ cias de actos “heróicos” de atendimento a grávidas por socor‑ ristas, bombeiros como é conhecido pela população leiga; assiste‑se a uma perigosa inversão de valores onde o bom‑ beiro com formação básica em primeiros socorros, coloca‑se à frente de casos que, na maioria das vezes, são de resolu‑ ção clínica, levando a própria população a crer que o bom‑ beiro é o profissional indicado para solucionar os problemas de saúde. Além da própria imprensa que, como é habitual joga a população contra os profissionais de saúde nas suas reportagens sensacionalistas, nas quais citam condutas to‑ madas por bombeiros, e que na prática traduzem uma solu‑ ção de menor qualificação para os cuidados de saúde a pres‑ tar aos cidadãos, mais especificamente à grávida dando a im‑ pressão que este profissional é habilitado para a sua assis‑ tência e realização do parto. Este, é assim vivido como uma realidade distante onde se encerram riscos, irreversibilidade, REVISTA DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DOS ENFERMEIROS OBSTETRAS — N.º 14/2014 sem previsão de anormalidades, em que essas situações po‑ dem ser vivenciadas de forma tranquila ou não, depende da sua adaptação. Acrescentado a esta situação, a decisão do governo em encerrar as maternidades, e os problemas que suscitaram veio intensificar esta polémica. As parturientes passaram a ter de se deslocar para mais longe, logo que chegue a hora do parto, acrescentando novos factores de intranquilidade e insegurança a momento delicado e sempre intenso. No parecer da Ordem dos Enfermeiros sobre “Condições para o funcionamento de Maternidades”, refere que o En‑ fermeiro Especialista em Enfermagem de Saúde Materna e Obstetrícia constituirá um recurso indispensável, em todas as unidades de saúde, públicas e privadas, que pretendam assumir‑se como locais de nascimento, uma vez que, Unida‑ des de atendimento à grávida, parturiente e puérpera pela especificidade da natureza dos cuidados aí desenvolvidos, concentra riscos de dimensão variada, tornando a manuten‑ ção da saúde e segurança da grávida e feto um imperativo dos Cuidados de Enfermagem Especializados, implicando, por isso, competência cientifica, técnica e humana que re‑ querem um nível de conhecimentos e habilidades, que pos‑ sibilitem a tomada de decisão no pleno exercício da autono‑ mia dos cuidados de enfermagem especializados e traduzam ganhos em saúde para a população. Tendo em conta o ambiente que envolve o nascimento neste contexto e sendo a avaliação do risco um procedimento que deverá ser sistemático, muitos factores podem interferir nos mecanismos naturais do parto e a qualquer momento se podem manifestar complicações, o que implica a tomada de decisão de actuar ou de encaminhar rapidamente para ou‑ tro nível de assistência. Esta realidade transforma este cená‑ rio de actuação instável, imprevisível e pouco padronizado. Surge a questão: com que segurança e com que qualidade? Os enfermeiros não podem estar alheios a esta situação, pois exige um juízo clínico experiente e protocolos de refe‑ renciação. A participação dos enfermeiros nos processos de mudança dos serviços de saúde é indispensável para que elas resultem e se traduzam em avanços efectivos na quali‑ dade dos cuidados de saúde prestados. Neste sentido os en‑ fermeiros, devem ter como orientação nas suas tomadas de decisão as Competências definidas pela Ordem dos Enfer‑ meiros, dispondo estes de um Quadro de Referência, assente nos seguintes pilares: Regulamento do Exercício Profissional dos Enfermeiros (REPE); Código Deontológico do Enfermeiro (CDE); Padrões de Qualidade: enquadramento conceptual e enunciados descritivos; Competências do Enfermeiro de Cui‑ dados Gerais. São estes pilares que devem orientar a prática profissional, ética e legal, no domínio da prestação e gestão de cuidados e no domínio do desenvolvimento profissional. As condições actuais do exercício exigem que os enfermei‑ ros, cada vez mais, sejam capazes de se apropriarem dos ins‑ trumentos da profissão e com eles nortearem a sua prática. O enfermeiro terá sempre de tomar uma decisão e na se‑ quência deste processo, pode escolher agir desta ou daquela forma, incluindo o não agir, assumindo a responsabilidade da tomada de decisão. Esta responsabilidade, como princí‑ pio orientador, surge no código Deontológico dos Enfermei‑ ros no art. 79º, alínea b), em que o enfermeiro assume o dever de “responsabilizar‑se pelas decisões que toma e pelos actos que pratica ou delega” (CDE in Nunes, Amaral e Gonçalves, 2005, p.77). Deve assumir uma atitude responsável como vem referen‑ ciado nos termos do artigo 8º, n.º1 do Regulamento do Exer‑ cício Profissional do Enfermeiro (REPE), em que o enfermeiro terá de “adoptar uma conduta responsável e ética e actuar no respeito pelos direitos e interesses protegidos dos cidadãos” (REPE in, Nunes, Amaral e Gonçalves, 2005, p.383). Por outro lado e de acordo com o Código Deontológico no Artigo 83 alínea a), o enfermeiro no respeito pelo direito ao cuidado tem o dever de “co‑responsabilizar‑se pelo aten‑ dimento do indivíduo em tempo útil, de forma a não haver atraso no diagnóstico da doença e respectivo tratamento” (CDE in Nunes, Amaral e Gonçalves, 2005, p.105). Este as‑ pecto é importante após a tomada de decisão, devendo o enfermeiro identificar as necessidades de cuidados de en‑ fermagem, e prescrever as intervenções de enfermagem de forma a evitar riscos, detectar precocemente problemas po‑ tenciais e resolver ou minimizar os problemas reais identi‑ ficados. Aqui o enfermeiro terá também de ter em conta onde co‑ meçam e terminam as suas competências como refere o Ar‑ tigo n.º 83 alínea b) devendo “orientar o indivíduo para ou‑ tro profissional de saúde mais bem colocado para responder ao problema, quando o pedido ultrapasse a sua competên‑ cia” (CDE, in, Nunes, Amaral e Gonçalves, 2005, p.105). Este as‑ pecto é coadjuvado com o Artigo 5.º n.º 4 alínea d), do REPE, em que o enfermeiro deverá “encaminhar, orientando para os recursos adequados, em função dos problemas existen‑ tes, ou promover a intervenção de outros técnicos de saúde, quando os problemas identificados não possam ser resolvi‑ dos só pelo enfermeiro” (in, Nunes, Amaral e Gonçalves, 2005, p. 382). O processo da assistência à grávida no pré hospitalar en‑ volve uma equipa multiprofissional e o enfermeiro como membro da equipa de saúde, “assume o dever de trabalhar em articulação e complementaridade com os restantes pro‑ fissionais de saúde”, nos termos do Artigo 91º alínea b) do Código Deontológico do enfermeiro. Na alínea c) do mesmo artigo é também referido que o enfermeiro deve “integrar a equipa de saúde, em qualquer serviço que trabalhe, colabo‑ rando, com a responsabilidade que lhe é própria (…) promo‑ vendo a qualidade dos serviços” (in, Nunes, Amaral e Gon‑ çalves, 2005, p.151). O Artigo 8º n.º 3 do REPE afirma ainda que “os enfermeiros têm uma actuação de complementari‑ dade funcional relativamente aos demais profissionais da saúde, mas dotada de idêntico nível de dignidade e de au‑ tonomia no exercício profissional” (in, Nunes, Amaral e Gon‑ çalves, 2005, p.383). Pretende‑se que as equipas funcionem para um bem comum, para a melhor qualidade na assistên‑ REVISTA DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DOS ENFERMEIROS OBSTETRAS — N.º 14/2014 15 cia ao doente e, consequentemente, para a promoção da qualidade dos serviços prestados. No entanto, na procura da excelência do exercício, os en‑ fermeiros têm o dever de comunicar através dos seus supe‑ riores hierárquicos estas deficiências encontradas, nos ter‑ mos do Artigo 88.º alínea d) do Estatuto da Ordem dos Enfer‑ meiros (CDE in, Nunes, Amaral e Gonçalves, 2005, p.133) que referência que é seu dever “assegurar, por todos os meios ao seu alcance, as condições de trabalho que permitam exercer a profissão com dignidade e autonomia, comunicando, atra‑ vés das vias competentes, aquelas deficiências que prejudi‑ quem a qualidade de cuidados”. Considera, que é necessário distinguir a actuação dos que agem em contexto de transporte de doentes e de socorro e a intervenção dos enfermeiros no pré‑hospitalar. Com o exer‑ cício dos segundos surgem muitas vantagens, quer pelo ní‑ vel de formação técnica e humana, quer na racionalização de recursos, na capacidade de tomar decisões em ambientes de elevada complexidade, da maior facilidade e interacção com os outros níveis de prestação de cuidados e com as estrutu‑ ras da rede de urgência do SNS, e fundamentalmente uma maior segurança nos cuidados prestados aos cidadãos. Este projecto surge assim, em consequência de, actual‑ mente, não existir uma uniformização de normas de actua‑ ção na assistência à grávida em trabalho de parto e em situa‑ ção crítica. Esta dificuldade verifica‑se tanto ao nível do co‑ nhecimento científico, quer mesmo ao nível das competên‑ cias técnicas e das não técnicas. Sabendo da importância que esta problemática tem para a classe profissional, julga ser pertinente estabelecer algu‑ mas directrizes. Estas medidas constituirão uma forma de optimizar os recursos humanos, de melhorar o desempenho técnico, tornando‑o mais sistematizado e eficiente, melhorar o intercâmbio das equipas. Tudo com a finalidade central de melhorar a qualidade dos cuidados de enfermagem presta‑ dos a esta população alvo. Pela experiência pessoal decorrente do exercício na VMER e pelas razões mencionadas, concluiu que há necessidade de melhorar a assistência da grávida neste contexto. Para tal é necessário dirigir acções formativas à equipa de enfermagem sobre esta temática. É sem dúvida a preparação da equipa que estabelece como prioritário, como impulso para a mu‑ dança de comportamentos, no sentido de se aperfeiçoar o desempenho técnico e a conduta em eventos críticos de ur‑ gência/emergência obstétrica, aumentando a segurança dos cuidados prestados. Para além da formação, pelo facto das equipas do pré ‑hospitalar raramente terem profissionais especializados na área de Saúde Materna e Obstétrica, parece fundamental abrir canais de comunicação que facilite a troca de experiên‑ cias e o apoio em tempo real nas situações mais críticas. Afi‑ nal é na maternidade que a massa crítica altamente especia‑ lizada e treinada, pelo que o seu apoio aos profissionais do pré‑hospitalar será uma mais valia numa assistência eficaz e segura. 16 Em sua opinião, as razões apresentadas justificam a reali‑ zação deste projecto, que tem por finalidade, garantir a satis‑ fação das utentes através da melhoria da qualidade dos cui‑ dados de enfermagem, assegurando as actividades necessá‑ rias para assistência eficiente e humanizada, da grávida em trabalho de parto e situação crítica de urgência/emergência no contexto pré‑hospitalar. Como objetivo geral pretende‑se garantir uma assistên‑ cia de elevada qualidade científica e técnica à grávida no pré‑hospitalar, potenciando processos de melhoria da qua‑ lidade dos cuidados de enfermagem, e como objetivos es‑ pecíficos por um lado estabelecer um programa de prepa‑ ração/formação dos enfermeiros do pré‑hospitalar, que per‑ mita uma assistência eficiente e humanizada, da grávida em trabalha de parto e situações críticas de urgências/emergên‑ cias obstétricas e por outro estabelecer um protocolo de co‑ laboração entre a Equipa de Enfermagem da Sala de Partos/ Urgência e a Equipa do Pré‑hospitalar. METODOLOGIA A planear esta intervenção, que tem por base a metodologia de projecto, não é possível à partida definir com rigor todas as etapas e fases, dado que elas terão que ser concebidas pe‑ los actores intervenientes e devem poder em cada momento ser pensadas por todos, mas prevê‑se que tenha a duração de um ano, com início no ano 2015, ao longo de quatro fases: 1ª FASE – Realização do Curso de formação em urgências/emer‑ gências em obstetrícia, com a duração de 30 horas (teórico/ prático), organizado pelo SFAP (departamento de formação) e em colaboração com o Centro de Simulação Biomédico de Coimbra, destinado a toda a equipa de enfermagem do pré‑hospitalar. Pretendendo‑se uma abordagem multidis‑ ciplinar, neste curso os formadores serão profissionais com a especialidade implicadas no atendimento na urgência e sala de partos. Este curso poderá ser proposto para financia‑ mento do Fundo social Europeu, para comparticipação dos custos relativos à prestação de serviços dos preletores convi‑ dados. 2ª FASE – Constituição de Grupos de Discussão, com vista à análise de práticas que permita pensar a experiência, desenvolver e formalizar saberes e criar estratégias que ultra‑ passem os constrangimentos às práticas desejáveis e apro‑ ximar as reais cada vez mais dos Padrões de Qualidade da instituição. Irão ser realizadas reuniões mensais. Nessas reu‑ niões poderá ser exposto à equipa um caso clínico ou serem abordadas algumas temáticas de acordo com as necessida‑ des sentidas expostas pelos elementos da equipa, ou poderá ser realizado um questionário, para o levantamento dessas mesmas necessidades. 3ª FASE – Elaboração de um Protocolo de Colaboração de Enfermagem, no terceiro mês, pela autora do projecto em interligação com a restante equipa da urgên‑ cia e sala de partos, que assente as suas informações em co‑ nhecimentos e dados científicos correctos e actualizados, de forma que haja coerência e uniformização nas intervenções da equipa de enfermagem. Este protocolo servirá aos enfer‑ meiros que prestam cuidados no pré‑hospitalar, com vista REVISTA DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DOS ENFERMEIROS OBSTETRAS — N.º 14/2014 à aquisição de competências, através do treino em Simula‑ ção que lhe permitam reduzir os seus medos e a ansiedade; e tem como objectivo de criar canais de comunicação que permita o apoio técnico e cientifico sempre que necessário. Deste protocolo constarão os contactos referentes às dife‑ rentes instituições envolvidas, tendo em vista a articulação com o CODU. 4ª FASE – Estágio Profissional na Sala de Partos, que será realizado a partir do quarto mês, a combinar poste‑ riormente com a equipa da Sala de Partos/Urgência com um período mínimo de 3 dias. Tem como objetivos, promover o desenvolvimento profissional nas áreas da enfermagem de urgência/emergência; possibilitar a troca de experiências construídas no âmbito da prática à grávida/RN; proporcionar espaços de reflexão e debate sobre novos conceitos; contri‑ buir para a evolução no domínio do conhecimento com vista à optimização do exercício profissional e por ultimo a melho‑ ria dos cuidados de saúde. AVALIAÇÃO •• Monitorização de incidentes críticos, criando um docu‑ mento e incutir à equipa o registo de um evento crítico em obstetrícia, na qual especifica‑se o quê que foi feito e as dificuldades sentidas por cada elemento. •• Criar um registo de todos os partos em que os enfer‑ meiros estiveram envolvidos, desde o tempo de cha‑ mada até à chegada ao local, o tempo que decorreu a assistência no local, acompanhamento que foi feito e o tempo de chegada à maternidade. •• Construir um questionário de avaliação e monitoriza‑ ção da auto‑eficácia e segurança percepção de segu‑ rança dos enfermeiros a prestar cuidados à grávida/ parturiente/RN. Esta avaliação, que poderá ser feita através de uma escala de likert (muito inseguro, insegu‑ ro, indiferente, seguro e muito seguro), saber o grau de segurança relativamente à sua actuação em especifica‑ mente em uma destas situações. CONCLUSÃO A formação contínua dos profissionais é uma das bases fun‑ damentais para manter e elevar o nível de conhecimentos, aptidões e atitudes quando se prestam cuidados à popula‑ ção, por forma a adequar a actividade assistencial ás necessi‑ dades de saúde da população, o que implica a detecção das necessidades de natureza educacional e o desenvolvimento de programas com elas relacionadas. Programas que não se‑ rão apenas cursos, seminários, mas também a incorporação activa no trabalho diário de actividades formativas cujos ob‑ jectivos sejam centrados no aumento de competência profis‑ sional e na consequente melhoria da qualidade e eficiência do trabalho realizado. A prática de enfermagem é por vezes um processo com‑ plexo onde interagem diferentes actores e intervêm múlti‑ plas variáveis, o que muitas vezes interfere no trabalho desen‑ volvido por cada um dos profissionais individualmente e em equipa, criando dificuldades quer no planeamento de cuida‑ dos centrados na pessoa, quer à sua continuidade e visibili‑ dade. Assim, é de importância fulcral a implementação da dis‑ cussão e análise das práticas de forma a tornarmos visível o que fazemos e porque fazemos, evidenciar os constrangimen‑ tos às práticas desejáveis e desenvolver estratégias com vista a ultrapassá‑los e assim aproximar as nossas práticas reais, para uma prestação de cuidados de qualidade e potenciar os gan‑ hos em saúde desejados obtendo mais saúde para todos. Tendo em conta o preconizado pelo Plano nacional de Saúde 2004/2010, para se obterem mais ganhos em saúde de uma forma global, a situação na União Europeia e a situação em Portugal, definem‑se como prioritárias as estratégias cen‑ tradas na família e no ciclo de vida e na gestão da doença ou enfermidades; e tendo em conta os eixos estratégicos do PNS 2011‑2016 como a equidade no acesso aos cuidados de saúde e a qualidade. Destaca‑se então, cada vez mais a promoção da saúde e o papel dos agentes de educação para a saúde, que beneficiam dos conhecimentos relacionados com o desen‑ volvimento humano, aplicados no contexto em que actuam, e da proximidade das pessoas que são alvo desta abordagem. Tendo presente que um projecto passa pela utilização cada vez maior de instrumentos psicopedagógicos para o desenvolvimento saudável e responsável e para a imple‑ mentação das mudanças necessárias para um bem‑estar glo‑ bal destas perturientes/puerparas/RN e da comunidade, e ainda, como nos diz Mendonça (2004), “ quando nos coloca‑ mos em projecto temos consciência que queremos evoluir e desenvolver‑nos integrando essa totalidade”, não nos esque‑ cemos que por vezes surgem constrangimentos que podem dificultar o avançar do projecto. Sendo que a realização de actividades concretas que preconizem a formação, varia em cada serviço, em cada instituição, dependendo da sua orga‑ nização, função e recursos e a integração de toda a equipa de enfermagem exige motivação e empenho de todos os ele‑ mentos, pode confrontar‑se com algumas dificuldades, em especial devido à raridade destas situações nos nossos am‑ bientes de trabalho, o que implica prazos mais flexíveis para a avaliação de conhecimentos e capacidades apreendidas pela equipa. Por outro lado tendo em conta a situação financeira e económica do país que se repercute indubitavelmente nas filosofias das instituições hospitalares, tem presente a possi‑ bilidade de o curso referido na primeira fase deste projecto não poder ser financiado pelo Fundo Social Europeu, inviabi‑ lizando o convite de prelectores externos e o treino regular destas situações em cenários simulados. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Associação Portuguesa de Enfermeiros – Classificação Internacional para a Prática de Enfermagem: Versão Beta 2, 3ª edição. Lisboa. 2005. Barbier, M. J. Elaboração de Projectos de Acção e Planificação. Porto Edi‑ tora. Porto. 1993. Mendonça M. Ensinar e aprender por projectos. Cadernos de CRIAP 31. Edi‑ ções Asa. 2004. ISBN 972‑41‑28‑47‑4. NUNES, Lucília; AMARAL, Manuela; GONÇALVES, Rogério – Código Deon‑ tológico do Enfermeiro: dos Comentários à Análise de Casos.1.ª ed. Lis‑ boa: Ordem dos Enfermeiros, 2005. ISBN 972‑99646‑0‑2. REVISTA DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DOS ENFERMEIROS OBSTETRAS — N.º 14/2014 17 Estado funcional em grávidas com hipertensão arterial induzida pela gravidez Helena Sofia Duarte1; Isabel Margarida Marques Monteiro Dias Mendes2 RESUMO As síndromes hipertensivas da gravidez são a principal causa de morbimor‑ talidade materno‑fetal no mundo, originando alterações nos hábitos de vida da grávida e com possíveis repercussões no estado funcional. O presente es‑ tudo descritivo‑correlacional pretende descrever o estado funcional em grá‑ vidas com e sem hipertensão arterial induzida pela gravidez, analisar a asso‑ ciação entre fatores de natureza sociodemográficas, obstétrica, estado fun‑ cional em grávidas com e sem hipertensão arterial induzida pela gravidez e comparar o estado funcional em grávidas com e sem hipertensão arterial in‑ duzida pela gravidez. A amostra não probabilística, acidental é constituída por 100 grávidas, sendo 50 com hipertensão arterial induzida pela gravidez. Para a recolha de dados foi utilizado um questionário com dados sociode‑ mográficos e obstétricos e a escala de COOP – Grávidas. Nas grávidas as di‑ mensões que tendem a um melhor estado funcional são a hábitos de saúde, saúde mental, qualidade de vida e preparação. Das variáveis sociodemográ‑ ficas, apenas as habilitações académicas apresentam diferenças estatistica‑ mente significativas nas dimensões saúde mental e preparação, enquanto nas obstétricas, na paridade existiu na dimensão apoio social e na idade ges‑ tacional na dimensão bem‑estar físico. Palavras‑chave: Estado Funcional, Gravidez e Hipertensão Arterial Indu‑ zida pela Gravidez. ABSTRACT Hypertensive disorders of pregnancy are a leading cause of maternal‑fetal morbidity and mortality worldwide, causing changes in lifestyle and preg‑ nant with potential impact on functional status. This descriptive correlatio‑ nal study aims to describe the functional status in pregnant women with and without pregnancy‑induced hypertension, examining the association between sociodemographic factors nature, obstetric, functional status in pregnant women with and without pregnancy‑induced hypertension and to compare the functional status In pregnant women with and without pregnancy‑induced hypertension. The non‑probabilistic random sample consists of 100 pregnant women, 50 with pregnancy‑induced hypertension. Pregnant ‑ To collect data, a questionnaire with sociodemographic and obs‑ tetric data and COOP scale was used. In pregnant dimensions that tend to a better functional status are the habits of health, mental health, quality of life and preparation. Sociodemographic variables, only the academic qualifica‑ tions have statistically significant differences in mental health dimensions and preparation, while in obstetric, parity existed in the dimension social su‑ pport and gestational age in the dimension physical well‑being. Keywords: Functional Status, Pregnancy and Pregnancy‑Induced Hyper‑ tension. RESUMEN Los trastornos hipertensivos del embarazo son una de las causas de morbi‑ lidad materno‑fetal y mortalidad en todo el mundo llevando, provocando cambios en el estilo de vida y embarazada con impacto potencial sobre el estado funcional. Este estudio descriptivo correlacional fue describir el es‑ Enfermeira Especialista em SMO. Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra. Mestre em Enfermagem SMO. Email: [email protected]. 2 Enfermeira Especialista em SMO. Professora Doutora Cordenadora da Escola Superior de Enfermagem de Coimbra. Email: [email protected]. 1 18 tado funcional en mujeres embarazadas con y sin hipertensión inducida por el embarazo, para analizar la asociación entre los factores sociodemográfi‑ cos naturaleza, situación obstétrica, funcional en mujeres embarazadas con y sin hipertensión inducida por el embarazo y comparar el estado funcional en las mujeres embarazadas con y sin hipertensión inducida por el emba‑ razo. La muestra aleatoria no probabilística consta de 100 mujeres embara‑ zadas, 50 con hipertensión inducida por el embarazo. Se utilizó para recopi‑ lar datos de un cuestionario con datos sociodemográficos y obstétricos y la escala de COOP ‑ embarazada. En dimensiones embarazadas que tienden a un mejor estado funcional son los hábitos de salud, salud mental, la calidad de vida y la preparación. De las variables sociodemográficas, sólo los títulos académicos tienen diferencias estadísticamente significativas en las dimen‑ siones de salud mental y la preparación, mientras que en obstetricia, exis‑ tía la paridad en la dimensión de apoyo social y la edad gestacional en la di‑ mensión de bienestar físico. Palabras clave: Estado Funcional, Embarazo e Hipertensión Inducida por el Embarazo. INTRODUÇÃO A hipertensão arterial induzida pela gravidez (HTAIG) é uma das causas mais comuns de complicações maternas e fetais determinando alterações nos hábitos de vida e submetendo a grávida a uma vigilância rigorosa até ao parto, com pos‑ síveis repercussões no estado funcional (EF) (Pascoal, 2002; Peraçoli e Parpinelli, 2005; Graça, 2010). A “doença hipertensiva específica da gestação caracteriza ‑se pela presença de hipertensão arterial, edema e/ou pro‑ teinúria a partir da 20ª semana de gestação, em grávidas pre‑ viamente normotensas” (Hughes apud Zugaib, 2008, p.600). A HTAIG é uma das doenças de hipertensão arterial na ges‑ tação, onde consta a pré‑eclâmpsia moderada e grave (Na‑ tional High Blood Pressure Education Working Group apud Graça, 2010). As complicações mais frequentes associadas à HTAIG são o descolamento prematuro da placenta normalmente inse‑ rida, o edema pulmonar, a hemorragia cerebral e a insuficiên‑ cia renal aguda. As perinatais são a restrição do crescimento intra‑uterino e o parto prematuro (Neme apud Aguiar et al, 2010). A qualidade de vida relacionada com a saúde, muitas ve‑ zes é designada por EF de saúde porque é considerada um dos seus domínios. Para Scholten e Van Wecl o “estado fun‑ cional de saúde é a capacidade que uma pessoa tem de rea‑ lizar e participar nas suas atividades sociais e do dia‑a‑dia, e de se adaptar às restrições ambientais; é medido subjetivo e objetivamente num determinado período de tempo” (apud Mendes 1994, p.197). No âmbito da adaptação do organismo materno à gra‑ videz surgem alterações e em sua consequência o apareci‑ REVISTA DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DOS ENFERMEIROS OBSTETRAS — N.º 14/2014 mento de complicações como é o caso da hipertensão arte‑ rial na gravidez que levam a transições, que podem originar uma crise. Esta mudança faz com que a grávida tenha de al‑ terar o seu dia a dia e adaptar‑se de forma a apresentar capa‑ cidade para ultrapassar esta transição de desenvolvimento e de doença com a ajuda do enfermeiro especialista em saúde materna e obstétrica (EESMO). Decorrentes desta problemática o estudo do EF da grávida com e sem HTAIG é importante para promover uma gravidez equilibrada, de forma a impedir ou atenuar o aparecimento de complicações e promovendo o EF. METODOLOGIA Este estudo enquadra ‑se na investigação quantitativa, não experimental, sendo um estudo transversal do tipo descritivo‑correlacional. Pretende‑se atingir os seguintes ob‑ jetivos: descrever o EF em grávidas com e sem HTAIG; analisar a associação entre fatores de natureza sociodemográficas, obstétrica, EF em grávidas com e sem HTAIG; comparar o EF em grávidas com e sem HTAIG. As questões de investigação que decorreram dos objetivos são: Qual o EF em mulheres grávidas com HTAIG? Será que existem diferenças no EF entre mulheres grávidas com HTAIG e sem patologia diagnostica‑ da? Em que medida as variáveis sociodemográficas influen‑ ciam o EF das mulheres grávidas com HTAIG e sem patolo‑ gia diagnosticada? Em que medida as variáveis obstétricas influenciam o EF das mulheres grávidas com HTAIG e sem patologia diagnosticada? A amostra é não probabilística do tipo acidental e é prove‑ niente da população de grávidas seguidas no Centro Hospi‑ talar e Universitário de Coimbra com HTAIG e sem patologia. As participantes obedeceram a alguns critérios de inclusão na amostra: sem antecedentes de HTAIG; idade gestacional superior ou igual a 20 semanas. Relativamente ao critério de exclusão é não saber ler nem escrever em língua portuguesa. No que concerne ao número de participantes, foi constituída por 100 grávidas, sendo 50 com HTAIG. Os instrumentos de recolha de dados utilizados foram um questionário com os dados sociodemográficos e obstétricos e a escala de COOP – Grávidas. O questionário abrange as va‑ riáveis independentes (idade; habilitações académicas; situa‑ ção profissional; situação clínica; paridade; idade gestacio‑ nal). A escala de COOP – Grávidas foi desenvolvida em 1991 por investigadores da Faculdade de Medicina de Dartmouth nos Estados Unidos da América e, traduzida e adaptada para português em 1993 pelo Sr. Professor Doutor Pedro Ferreira. Este instrumento contém a variável dependente (EF) e tem como objetivo medir o EF da grávida. É composta por 6 di‑ mensões: bem‑estar físico; saúde mental; apoio social; hábi‑ tos de saúde; preparação; qualidade de vida. Cada questão é pontuada de 1 a 5, em que 1 é o melhor estado de saúde e 5 o pior, correspondendo à média da pontuação dos itens em cada dimensão (Ferreira apud Mendes, 1994). O tratamento de toda a informação recolhida foi realizado por computador através do programa Statistical Package for Social Sciences e, de acordo com as suas caraterísticas, recorreu‑se à estatística descritiva. RESULTADOS Neste capítulo apresenta‑se inicialmente as caraterísticas so‑ ciodemográficas e obstétricas da amostra e posteriormente dar‑se‑á resposta às questões de investigação. No Quadro 1 verifica‑se que a idade das grávidas varia entre os 24 e 40 anos, com média de 31,18 anos, desvio padrão de 4,09 e apresenta a maior percentagem (64,0%) no grupo etário entre 27 – 35 anos. Quanto às habilitações académicas, a maio‑ ria possui o ensino superior, 60,0% e no que se refere à situa‑ ção profissional, a maioria estão empregadas 86,0%. Quanto ao estado civil, a maioria são casadas, 74,0% e relativamente ao agregado familiar, a maioria é constituída por marido/com‑ panheiro e filhos com 88,0% e 10% encontram‑se sozinhas. As caraterísticas obstétricas são a paridade e a idade ges‑ tacional. Quanto à paridade, a maioria das grávidas são pri‑ migestas, apresentando 62,0%. Em relação à idade gestacio‑ nal, as grávidas encontram‑se maioritariamente no 3º trimes‑ tre, apresentado uma percentagem de 54,0%. QUADRO – Caraterísticas sociodemográficas e obstétricas QUADRO 1 –1 Caraterísticas sociodemográficas e obstétricas Variáveis N % (50) Idade 18 – 26 7 14,0 27 – 35 32 64,0 36 – 43 11 22,0 Habilitações Académicas 3 6,0 Ensino Secundário 17 34,0 Ensino Superior 30 60,0 43 86,0 7 14,0 Solteira 8 16,0 Casada Ensino Básico Situação Profissional Empregada Desempregada Estado Civil 37 74,0 Divorciada 1 2,0 União Facto 4 8,0 Agregado Familiar 5 10,0 44 88,0 Com pais/sogros 1 2,0 Outro 0 0,0 Nulíparas 31 62,0 Primíparas/Multíparas 19 38,0 2º Trimestre 23 46,0 3º Trimestre 27 54,0 Sozinha Com marido/companheiro e filhos Paridade Idade Gestacional Os resultados que constituem o Quadro 2 permitem-nos conhecer o EF das média mais baixo OBSTETRAS (1,47) na dimensão de saúde, o que19 indica que apre REVISTA DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DOS ENFERMEIROS — N.ºhábitos 14/2014 EF e pior (2,29) na dimensão bem-estar físico por apresentar um valor de mé Os resultados que constituem o Quadro 2 permitem‑nos conhecer o EF das grávidas. Apresenta o valor de média mais baixo (1,47) na dimensão hábitos de saúde, o que indica que apresenta uma melhor avaliação do EF e pior (2,29) na di‑ mensão bem‑estar físico por apresentar um valor de média mais alto. A dimensão que segue à de hábitos de saúde é a saúde mental com melhor avaliação do EF com valor de mé‑ dia de 1,88. QUADRO 2 – Análise descritiva do EF QUADRO 2 – Análise descritiva do EF Estado Funcional Dimensões Bem-estar físico Apoio Social Hábitos de Saúde Preparação Qualidade de Vida QUADRO 3 – Correlação das dimensões do EF S Saúde Mental Questões Actividades Diárias 2,08 0,87 Dor/mal-estar 2,50 0,76 Total 2,29 0,66 1,84 0,93 Sentimentos 2,06 0,79 Estado Emocional 1,72 0,90 Amor Próprio 1,90 0,79 Total 1,88 0,68 Apoio Social 2,14 0,86 Total 2,14 0,86 Hábitos de Saúde I 1,18 0,72 Hábitos de Saúde II 1,76 0,62 Total 1,47 0,54 Preparação 2,16 0,77 Total 2,16 0,77 Qualidade de Vida 2,28 0,64 Total 2,28 0,64 Bem-estar Dimensões do Estado Funcional Bem-estar Físico Média Stress Saúde Mental perfeita positiva. Com as associações lineares pode‑se referir que as grávidas que apresentam melhor saúde mental, qua‑ lidade de vida, hábitos de saúde e preparação estabelecem um EF melhor porque apresentam associações lineares em maior número. Apoio Social Hábitos de Saúde Preparação Dimensões do Estado Funcional Qualidade de Vida Bem-estar Físico Físico Ró Saúde Apoio Hábitos Mental Social de Saúde Preparação Qualidade de Vida 1,000 p Ró 0,313 p 0,027 1,000 Ró 0,031 0,142 p 0,829 0,327 Ró -0,044 0,389 0,173 p 0,760 0,005 0,229 Ró 0,036 p 0,803 Bem-estar Saúde Ró Físico 0,117 Mental 0,414 Social -0,094 de Saúde 0,289 p Ró 0,419 1,000 0,003 0,313 1,000 1,000 0,412 0,003 1,000 0,160 0,267 Apoio 0,200 0,163 Hábitos 0,042 0,516 1,000 Preparação Qualidade 0,460 de Vida1,000 0,001 p Ró Saúde Para verificar se a Mental idade das grávidas as0,027 habilitações académicas influenciavam o EF, utilizou-se o teste de Para verificar sep ae idade das grávidas e as habilitações aca‑ Kruskal-Wallis. No Quadro 4 verifica-se que na idade das 1,000 grávidas existe diferença estatisticamente démicas influenciavam utilizou ‑se não o teste de Kruskal 0,031o EF, 0,142 Ró Apoio Social significativa entre os valores médios 0,829 dimensões 0,327 do estado funcional. As médias variam de 1,29 na p das várias ‑Wallis. No Quadro 4 verifica‑se que na idade das grávidas dimensão hábitos de saúde a 2,00 nas bem-estar mental e qualidade de vida no grupo -0,044 0,389 físico, 0,173 saúde 1,000 Ró dimensões nãoHábitos existe diferença estatisticamente significativa entre os de Saúde 0,760 de saúde 0,005 p etário 18-26 anos, de 1,48 na dimensão hábitos a 2,410,229 na dimensão bem-estar físico no grupo etário valores médios das várias dimensões do estado funcional. 0,200preparação 1,000 27-35 anos e de 1,55 na dimensão Ró hábitos0,036 de saúde a 0,412 2,45 nas0,160 dimensões e qualidade de vida no Preparação 0,003 0,267 As médias 1,29 na dimensão hábitos demental saúde a na p de 0,803 grupo etário 36-43 anos. variam O nível de significância varia de p=0,108 na0,163 dimensão saúde a p=0,630 0,117 0,414 -0,094 0,289 0,460 1,000 Ró 2,00 nas dimensões bem ‑ estar físico, saúde mental e quali‑ dimensão apoio social.de Vida Qualidade 0,419 0,001 p deentre vida grupo etário 0,003 18‑260,516 anos,0,042 de 1,48 na dimen‑ QUADROdade 4 – Relação o EF eno a idade das grávidas são hábitos de saúde a 2,41 na dimensão bem ‑ estar físico no Idade Para verificar se a idade das grávidas e as habilitações académicas influenciavam o EF, utilizou-se o teste de Dimensões 18-26e de 1,55 27-35 grupo etário 27‑35 anos na dimensão 36-43 hábitos dep Kruskal-Wallis. que na idade das grávidas Estado Funcional No Quadro 4 verifica-se (n =12) (n =33) não existe diferença (n =5) estatisticamente saúde a 2,45 nas dimensões preparação e qualidade de de vida significativa entre os valores médios das várias dimensões do estado funcional. As médias variam 1,29 na Média S Média S Média S no grupo 36 ‑2,00 43 anos.bem-estar O nível significância varia dimensão hábitos deetário saúde a 2,00 nas dimensões físico,de saúde mental e qualidade de vida node grupo 0,58 2,41 0,72 2,14 0,45 0,291 Bem-estar Físico etário 18-26 anos,na de 1,48 na dimensão hábitos de saúde a 2,41 naadimensão bem-estar no grupo etário p=0,108 dimensão saúde mental p=0,630 nafísico dimensão 2,00 0,82 2,09 0,82 2,36 1,03 0,108 Saúde Mental 27-35 anos e de 1,55 na dimensão hábitos de saúde a 2,45 nas dimensões preparação e qualidade de vida no apoio social. 0,62 0,630 Apoio grupoSocial etário 36-43 anos. O nível de1,57 significância0,24 varia de 1,87 p=0,108 na0,74 dimensão2,11 saúde mental a p=0,630 na dimensão apoio social. Hábitos de Saúde 0,27 0,62 1,55 QUADRO 4 – 1,29 Relação entre o EF1,48 e a idade das grávidas No Quadro 3 podemos verificar o coeficiente de correlação Ró de Spearman,Preparação que foi4 – utilizado para medir a QUADRO Relação entre o EF e a idade das grávidas 1,86 0,69 2,13 0,79 2,45 0,42 0,388 0,69 0,283 No Quadro 3 podemos verificar o coeficiente de correlação Idade intensidade da associação entre o EF das grávidas, tendo sido encontradas associações entre as várias 2,00 0,00 2,28 0,73 2,45 0,52 0,174 Qualidade de Vida Dimensões 18-26 27-35 36-43 Ró de Spearman, que foi utilizado para medir a intensidade p Funcional (n =12) (n =33) (n =5) dimensões do EF: saúde mental – bem-estar físico (p=0,027); hábitos de saúde Estado – saúde mental (p=0,005); da associação entre o EF das grávidas, tendo sido encontra‑ Média S Média S Média S preparação – saúde mental qualidade dedo vida saúde men‑ mental (p=0,003); qualidade de vida – das associações entre (p=0,003); as várias dimensões EF: –saúde 2,00 0,58 2,41 0,72 2,14 0,45 0,291 Bem-estar Físico hábitos saúde (p=0,042); de vida – preparação (p=0,001). tal –debem ‑estar físicoqualidade (p=0,027); hábitos de saúde – saúde 2,00 0,82 2,09 0,82 2,36 1,03 0,108 Saúde Mental mental (p=0,005); preparação – saúde mental (p=0,003); qua‑ 1,57 0,24 1,87 0,74 2,11 0,62 0,630 Apoio Social Existe coeficiente de correlação negativo entre as dimensões hábitos de saúde e bem-estar físico (Ró = 0,27 0,62 0,42 0,388 Hábitos de Saúde 1,29 1,48 1,55 lidade de vida – saúde mental (p=0,003); qualidade de vida 0,044) e as dimensões de qualidade vida e apoiodesocial = - 0,094), ou seja, quando uma dimensão 1,86 0,69 2,13 0,79 2,45 0,69 0,283 Preparação – hábitos de saúde (p=0,042);dequalidade vida(Ró – prepara‑ 2,00 0,00 2,28 0,73 2,45 0,52 0,174 aumenta a outra diminui porque variam em sentido contrário. Por exemplo, se aQualidade dimensão de Vida bem-estar físico ção (p=0,001). Existe coeficiente negativo entre as dimen‑ aumenta, a dimensão hábitosde decorrelação saúde diminui. sões hábitos de saúde e bem‑estar físico (Ró = ‑0,044) e as di‑ No Quadro 5 apresentam‑se as médias e desvios padrão Todas as dimensões em relação a si mesmas obtêm um coeficiente de correlação 1,000, isto é, uma mensões de qualidade de vida e apoio social (Ró = ‑ 0,094), das dimensões do EF relacionadas com as habilitações aca‑ associação perfeita Com aumenta as associações lineares pode-se referir que tendo as grávidas que ou seja,linear quando umapositiva. dimensão a outra diminui démicas, sido encontradas diferenças estatisticamente apresentam mental, qualidade vida, hábitos de estabelecem porque melhor variamsaúde em sentido contrário.dePor exemplo, sesaúde a di‑ e preparação significativas entreumosEFvalores médios da dimensão saúde mensão ‑estar físico aumenta, dimensão hábitos de mental (X quadrado = 8,338 e p=0,015) e da dimensão pre‑ melhor porquebem apresentam associações linearesa em maior número. saúde diminui. paração (X quadrado = 7,287 e p=0,026). Os valores da mé‑ QUADRO 3 – Correlação das dimensões do EF Todas as dimensões em relação a si mesmas obtêm um dia no Ensino Básico variam de 1,50 na dimensão hábitos de coeficiente de correlação 1,000, isto é, uma associação linear saúde a 3,17 na dimensão bem‑estar físico, no Ensino Secun‑ 20 REVISTA DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DOS ENFERMEIROS OBSTETRAS — N.º 14/2014 No Quadro 7, encontram-se as médias e desvios padrão das dimensões do EF em relação à parid médias variam de 1,40 na dimensão hábitos de saúde a 2,22 na dimensão bem-estar físico nas nulípa No Quadro 5 apresentam-se as médias e desvios padrão das dimensões do EF relacionadas com as habilitações académicas, tendo sido encontradas diferenças estatisticamente significativas entre os valores dário variam de 1,32 na dimensão hábitos de saúde a 2,23 na dimensão qualidade de vida e no Ensino Superior variam de na dimensão bem-estar físico, no Ensino Secundário variam de 1,32 na dimensão hábitos de saúde a 2,23 na 1,55 na dimensão hábitos de saúde a 2,40 na dimensão pre‑ dimensão qualidade de vida e no Ensino Superior variam de 1,55 na dimensão hábitos de saúde a 2,40 na paração. O nível de significância varia de p=0,015 na dimen‑ dimensão preparação. O nível de significância varia de p=0,015 na dimensão saúde mental a p=0,710 na são saúde mental a p=0,710 na dimensão apoio social. dimensão apoio social. médios da dimensão saúde mental (X quadrado = 8,338 e p=0,015) e da dimensão preparação (X quadrado = 1,58 na dimensão hábitos de saúde a 2,47 na dimensão saúde mental nas primíparas/multíparas. O significância varia de 0,033 na dimensão apoio social a 0,922 na dimensão preparação. QUADRO 7 – Relação entre o EF e a paridade QUADRO 7 – Relação entre o EF e a paridade 7,287 e p=0,026). Os valores da média no Ensino Básico variam de 1,50 na dimensão hábitos de saúde a 3,17 Paridade Dimensões Nulíparas Primíparas/ (n = 31) Multíparas Estado Funcional Média QUADRO 5 – Relação entre o EF e as habilitações académicas QUADRO 5 – Relação entre o EF e as habilitações académicas Habilitações Académicas Dimensões Ensino Básico Ensino Secundário Ensino Superior (n =3) GHTAIG (n =17) (n =30) Estado Funcional Média Bem-estar Físico S 3,17 1,44 2,25 Saúde Mental 0,25 Média S Média S 2,18 0,64 2,27 0,54 1,58 0,54 2,02 0,72 p 0,387 0,015 Apoio Social 2,00 1,00 2,06 0,97 2,20 0,81 0,790 Hábitos de Saúde 1,50 0,50 1,32 0,30 1,55 0,63 0,462 Preparação 1,67 1,15 1,82 0,64 2,40 0,72 0,026 Qualidade de Vida 2,00 1,00 2,23 0,44 2,33 0,71 0,782 Para verificar se a situação profissional, paridade e idade gestacional influenciam o EF, utilizou‑se o teste de U de relacionadas com a situação profissional, não tendo sido encontradas diferenças estatisticamente Mann‑Whitney. No Quadro 6 apresentam‑se as médias e des‑ significativas entre os valores médios para nenhuma das dimensões do EF. Nas grávidas empregadas as viososcilam padrão das dimensões do EF com a Nas situa‑ médias entre 1,51 na dimensão hábitos de saúde a 2,33relacionadas na dimensão qualidade de vida. grávidas desempregadas variam de 1,21 na dimensão hábitossido de saúdeencontradas a 2,57 na dimensão bem-estar físico. O nível ção profissional, não tendo diferenças es‑ de significância varia de 0,141 na dimensão hábitos de saúde a 0,476 na dimensão bem-estar físico. tatisticamente significativas entre os valores médios para ne‑ nhuma das dimensões do EF. Nas grávidas empregadas as médias oscilam entre 1,51 na dimensão hábitos de saúde a 2,33 na dimensão qualidade de vida. Nas grávidas desempre‑ gadas variam de 1,21 na dimensão hábitos de saúde a 2,57 na dimensão bem‑estar físico. O nível de significância varia de 0,141 na dimensão hábitos de saúde a 0,476 na dimensão bem‑estar físico. Para verificar se a situação profissional, paridade e idade gestacional influenciam o EF, utilizou-se o teste de U de Mann-Whitney. No Quadro 6 apresentam-se as médias e desvios padrão das dimensões do EF QUADRO 6 – Relação entre o EF e a situação profissional QUADRO 6 – Relação entre o EF e a situação profissional Situação Profissional Dimensões Estado Funcional Empregada Desempregada (n = 43) (n = 7) Média S Média p S Bem-estar Físico 2,24 0,60 2,57 0,98 0,476 Saúde Mental 1,92 0,68 1,61 0,64 0,308 p (n = 19) S Média S Bem-estar Físico 2,22 0,66 2,39 0,68 0,314 Saúde Mental 1,94 0,81 2,47 0,84 0,122 Apoio Social 1,74 0,49 2,11 0,88 0,033 Hábitos de Saúde 1,40 0,40 1,58 0,71 0,486 Preparação 2,16 0,78 2,16 0,76 0,922 Qualidade de Vida 2,19 0,48 2,42 0,84 0,334 No Quadro 8 pode-se verificar os valores das médias e desvios padrão das dimensões do EF asso No Quadro 8 pode‑se verificar os valores das médias e des‑ vios padrão das dimensões do EF associado à idade gestacio‑ vida. No 2º trimestre, as médias das grávidas variam de 1,35 na dimensão hábitos de saúde a nal. As médias variam de 1,61 na dimensão hábitos de saúde dimensão bem-estar físico no 3º trimestre. O nível de significância varia de 0,015 na dimensão be a 2,26 na dimensão qualidade de vida. No 2º trimestre, as médias das grávidas variam de 1,35 na dimensão hábitos de saúde a 2,46 na dimensão bem‑estar físico no 3º trimestre. O nível de significância varia de 0,015 na dimensão bem‑estar físico a 0,929 na dimensão saúde mental. Assim, verificou‑se que há diferença estatisticamente significativa na dimensão físico a 0,929 na dimensão saúde mental. Assim, verificou-se que há diferença estatisticamente sign bem‑estar físico (U de Mann‑Whitney = 190,500 e p=0,015). idade gestacional. As médias variam de 1,61 na dimensão hábitos de saúde a 2,26 na dimensão qual na dimensão bem-estar físico (U de Mann-Whitney = 190,500 e p=0,015). QUADRO 8 – Relação entre 8 o EF e a idade gestacional QUADRO – Relação entre o EF e a idade gestacional Idade Gestacional Dimensões 2º Trimestre 3º Trimestre (n = 23) (n = 27) Estado Funcional Média S Média p S Bem-estar Físico 2,09 0,67 2,46 0,62 0,015 Saúde Mental 2,00 0,90 2,26 0,81 0,929 Apoio Social 1,92 0,77 1,84 0,60 0,244 Hábitos de Saúde 1,61 0,66 1,35 0,39 0,078 Preparação GHTAIG 2,04 0,77 2,26 0,76 0,273 Qualidade de Vida 2,26 0,75 2,30 0,54 0,453 DISCUSSÃO DISCUSSÃO As apresentam melhordoavaliação dohábitos EF nadedimensão Asgrávidas grávidas apresentam melhor avaliação EF na dimensão saúde e pior na dimensão be 0,56 0,27 0,141 Hábitos de Saúde 1,51 1,21 hábitos de saúde e pior na dimensão bem ‑estar do físico. físico. A dimensão que segue é a saúde mental com melhor avaliação EF. A di‑ 2,20 0,77 1,86 0,69 0,322 Preparação mensão que segue é a saúde mental com melhor avaliação Foram encontradas associações lineares muito baixas significativas entre as várias dimensões do EF do EF. 2,33 0,64 1,86 0,58 0,322 Qualidade de Vida as grávidas que apresentam melhor saúde mental, qualidade de vida, hábitos de saúde e pre Foram encontradas associações muito baixas sig‑ que as grávid estabelecem um EF melhor. Para reforçar esta lineares ideia, Aguiar et al (2010) referiram nificativas entrepor asvezes, várias dimensões do EF em que eascefaleias grá‑ devido à elev apresentam, alguns sinais e sintomas como o edema No Quadro 7, encontram-se as médias e desvios padrão das dimensões do EF em relação à HTAIG paridade. As No Quadro 7, encontram ‑ se as médias e desvios padrão vidas que apresentam melhor saúde mental, qualidade de pressão arterial, o que faz com que as grávidas apresentem o bem-estar físico alterado. médias variam de 1,40 na dimensão hábitos de saúde a 2,22 na dimensão bem-estar físico nas nulíparas e de das dimensões do EF em relação à paridade. As médias va‑ vida, hábitos de saúde e preparação estabelecem um EF me‑ 1,58 na dimensão hábitos de saúde a 2,47 na dimensão saúde mental nas primíparas/multíparas. nível da de gravidez são utilizados pelas mulheres para se adaptarem ao seu novo papel, o mate Os Omeses riam de 1,40 hábitos de saúde a 2,22 na preparação. dimen‑ lhor. Para reforçar esta ideia, Aguiar et al (2010) referiram que significância variana de dimensão 0,033 na dimensão apoio social a 0,922 na dimensão forma a sentirem-se preparadas para cuidar do seu bebé. Este processo desenvolve-se através d são bem‑estar físico nas nulíparas e de 1,58 na dimensão há‑ asetapas. grávidas comobservou-se HTAIG apresentam, alguns sinais Neste estudo que quanto maispor bem vezes, preparadas as grávidas se encontram, me QUADRO 7 – Relação entre o EF e a paridade bitos de saúde a 2,47 na dimensão saúde mental nas primí‑ eavaliação sintomas como o edema e cefaleias devido à elevação do EF, ou seja, a capacidade para desenvolver o seu papel (Lowdermilk eda Perry, 2006). Paridade paras/multíparas. O nível de significância varia de 0,033 na pressão arterial, o que faz com que as grávidas apresentem o Na variável idade das grávidas não existe diferença estatisticamente significativa entre os valores mé Nulíparas Primíparas/ Dimensões dimensão apoio social a 0,922 na dimensão preparação. bem‑estar físico alterado. (n = 31) Multíparas p várias dimensões do EF. Em todos os grupos etários a dimensão que tende a avaliar melhor o EF é há Estado Funcional Os meses da gravidez são utilizados pelas mulheres para (n = 19) saúde. Os valores das médias vão aumentando conforme avança a idade, exceto na dimensão apoio se adaptarem ao seu novo papel, o maternal, de forma a Estes resultados podem ir de encontro aos estudos já realizados, que a idade superior a 35 anos p Média S Média S sentirem preparadas cuidar seu bebé. Este depro‑ considerada‑se um fator de risco parapara a HTAIG, o quedo pode justificar o motivo valores mais baixo 2,22 0,66 2,39 0,68 0,314 Bem-estar Físico Apoio Social 2,09 0,84 2,43 0,98 0,322 Saúde Mental 1,94 0,81 2,47 0,84 0,122 (Sibai apud Graça, 2010). Apoio Social 1,74 0,49 2,11 0,88 0,033 Relativamente à variável habilitações académicas existem diferenças estatisticamente significativas Hábitos de Saúde 21 valores médios da dimensão saúde mental e da dimensão preparação. A dimensão que tende a avaliar 0,40 0,71 0,486 1,58 REVISTA DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DOS ENFERMEIROS OBSTETRAS — N.º 14/2014 1,40 Preparação 2,16 0,78 2,16 0,76 0,922 Qualidade de Vida 2,19 0,48 2,42 0,84 0,334 o seu EF é a hábitos de saúde em todas as categorias das habilitações académicas. A dimensão saúde cesso desenvolve‑se através de várias etapas. Neste estudo observou‑se que quanto mais bem preparadas as grávidas se encontram, melhor é a avaliação do EF, ou seja, a capacidade para desenvolver o seu papel (Lowdermilk e Perry, 2006). Na variável idade das grávidas não existe diferença estatis‑ ticamente significativa entre os valores médios das várias di‑ mensões do EF. Em todos os grupos etários a dimensão que tende a avaliar melhor o EF é hábitos de saúde. Os valores das médias vão aumentando conforme avança a idade, exceto na dimensão apoio social. Estes resultados podem ir de encon‑ tro aos estudos já realizados, que a idade superior a 35 anos pode ser considerada um fator de risco para a HTAIG, o que pode justificar o motivo de valores mais baixos do EF (Sibai apud Graça, 2010). Relativamente à variável habilitações académicas exis‑ tem diferenças estatisticamente significativas entre os valo‑ res médios da dimensão saúde mental e da dimensão pre‑ paração. A dimensão que tende a avaliar melhor o seu EF é a hábitos de saúde em todas as categorias das habilitações académicas. A dimensão saúde mental tende a avaliar me‑ lhor o EF nas grávidas com ensino secundário. Não se con‑ segue verificar se à medida que aumenta o grau académico, se aumenta ou diminui o EF porque as dimensões variam de forma desigual. Quanto à variável situação profissional, não foram encon‑ tradas diferenças estatisticamente significativas entre os va‑ lores médios para nenhuma dimensão do EF. A dimensão que tende a avaliar melhor o seu EF é a hábitos de saúde nas várias situações profissionais, exceto nas desempregadas, que é na dimensão saúde mental. Segundo os autores Hueston e Kasik‑Miller (1998) os fato‑ res sociodemográficos (situação profissional, apoio familiar e nível de renda) apresentavam apenas uma pequena influên‑ cia sobre o EF na gravidez. Em relação à paridade existe diferença estatisticamente significativa na dimensão apoio social. As nulíparas tendem a avaliar melhor o seu EF em todas as dimensões, exceto na preparação que apresentam o mesmo valor de média do que as primíparas/multíparas. A dimensão hábitos de saúde tende a avaliar melhor o EF. Quanto à variável idade gestacional há diferenças estatis‑ ticamente significativas na dimensão bem‑estar físico. As di‑ mensões bem‑estar físico, saúde mental, preparação e quali‑ dade de vida apresentam médias mais elevadas no terceiro trimestre comparativamente com o segundo trimestre, ou seja, o EF piora à medida que a idade gestacional avança. Hueston e Kasik‑Miller (1998), no seu estudo sobre o EF em grávidas, concluíram como estatisticamente significativo a perceção do estado de saúde física, que piora à medida que a idade gestacional avança, o que está de acordo com este estudo. De acordo com os mesmos autores, a saúde mental e a qualidade de vida não apresentam correlação estatística‑ mente significativa com a idade gestacional. A dimensão hábitos de saúde melhora à medida que a idade gestacional avança. Isto pode‑se observar porque as 22 grávidas sabem que ao adotar comportamentos saudáveis, diminuem os riscos da patologia para o feto assim como para ela (Santos et al, 2009). CONCLUSÃO As grávidas apresentam melhor EF nas dimensões hábitos de saúde, saúde mental, qualidade de vida e preparação e pior na dimensão bem‑estar físico. Em relação às variáveis sociodemográficas, só a variá‑ vel habilitações académicas apresentou diferença estatis‑ ticamente significativa nas dimensões preparação e saúde mental do EF. Quanto às variáveis obstétricas, na paridade verificou‑se a existência de diferença estatisticamente signi‑ ficativa com a dimensão apoio social do EF e na idade gesta‑ cional, existiu diferença estatisticamente significativa com a dimensão bem‑estar físico. Desta forma, com este estudo, aumenta‑se o conheci‑ mento do EESMO de forma a identificar precocemente os diagnósticos de enfermagem e prevenir e diminuir os riscos para a grávida e feto. A grávida com HTAIG tem preocupações acrescidas, rela‑ cionadas com os riscos e complicações materno‑fetais origi‑ nadas pela patologia. Assim, deve‑se envolver a grávida nos cuidados, de forma a aumentar a sua responsabilidade sobre os hábitos de saúde, envolvendo‑a nos cuidados e necessi‑ tando de apoio familiar. Com a ajuda do EESMO, a grávida ul‑ trapassa esta fase de transição com mais confiança e menos receios e medos. Nestes momentos, as grávidas têm de uti‑ lizar a sua capacidade de forma a ajustar‑se às transições de desenvolvimento e de saúde‑doença e deve ser estabelecida uma relação de confiança e empatia de forma a apresentar as suas dúvidas e medos. Assim, pretende‑se com este estudo promover uma gra‑ videz equilibrada, de forma a impedir ou atenuar o apareci‑ mento de complicações, tais como o parto prematuro e des‑ colamento prematuro da placenta normalmente inserida e promovendo o EF. Para isso, é necessário aumentar o conhe‑ cimento do EESMO. BIBLIOGRAFIA AGUIAR, Maria [et al.] – Sistematização da assistência de enfermagem a paciente com Síndrome Hipertensiva Específica da Gestação. 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Política nacional de humanização na assistência ao parto e nascimento no Brasil: participação dos enfermeiros Patricia Salles Damasceno de Matos1, Claudia Maria Messias2, Thiago Ferreira de Oliveira3, Maiara Dias Basilio4, Monique Silva dos Santos4 RESUMO Este trabalho reflete sobre o conceito de parto e nascimento humani‑ zado que nos últimos anos ganha projeção no Brasil. Regido pelo Mi‑ nistério da Saúde através da portaria/GM n° 569/2000, a humaniza‑ ção do parto alberga um conjunto de propostas que visam mudan‑ ças nas práticas assistenciais, respeitando o processo fisiológico e a dinâmica própria de cada mulher. Objetivo: O estudo teve como ob‑ jetivo identificar, a partir da bibliografia produzida, a inserção do en‑ fermeiro obstetra na assistência ao parto e nascimento, após imple‑ mentação neste país do Programa de Humanização do Parto e Nasci‑ mento (PHPN). O estudo visou ainda analisar o impacto da participa‑ ção do enfermeiro na pratica do PHPN, enquanto cuidador na saúde integral da mulher num contexto que traz ao cotidiano dos serviços exigências por vezes desafiadoras e até mesmo conflitantes. Metodo‑ logia: Trata‑se de um estudo qualitativo do tipo revisão bibliográfica, com coleta de dados realizada a partir de fontes secundárias. Resul‑ tados: Como resultados encontramos a participação governamental, através de legislação, portarias e financiamento de cursos de especia‑ lização em Enfermagem Obstétrica. Em paralelo se fez a implantação da normatização técnica para tal assistência menos intervencionista e estratégias para participação da família. Aliado a essa evidencia, re‑ conhecemos a proposta de superação do modelo medicalizado e o desenvolvimento de habilidades não‑invasivas peculiares ao modelo humanizado. Conclusão: Portanto, com a finalidade de se obter uma visão humanística e holística na qualidade da assistência prestada à gestante e puérpera, o enfermeiro está inserido no PHPN garantindo os direitos, o bem‑estar e aumentando o vinculo mãe‑filho. Palavras‑chave: parto, parto humanizado, parturição, medicalização. 1 Mestre em Enfermagem. Enfermeira do Ministério da Saúde e da SMS/RJ. E‑mail: patricia‑ [email protected]. 2 Doutora em Enfermagem. Enfermeira do Ministério da Saúde e da SMS/RJ. Professora da Universidade de Castelo Branco. E‑mail: [email protected]. 3 Graduado em Enfermagem. 4 Graduandas em Enfermagem. ABSTRACT This paper reflects on the concept of humanized childbirth and birth that has gained importance in recent years in Brazil. The humanization of labor and birth was established by the Ministry of Health through the Law GM 569/2000, and encompasses a series of proposals aimed at changing practi‑ ces of health assistance, respecting the physiological process and the dyna‑ mics of each woman. Objective: The study aims to identify, from literature produced, the insertion of the obstetric nurse or midwife in childbirth and birth in this country after the implementation of the Humanization of Child‑ birth Program (PHPN). The study aims to analyze the impact of the participa‑ tion of nurses in the practice of the Humanization of Childbirth Program as caregivers in the health of women, in a context that brings to everyday ser‑ vices challenging and sometimes conflicting requirements. Methodology: This is a qualitative study of the literature review type, with data collection undertaken from secondary sources. Results: Our study reveals strong go‑ vernment participation through legislation and enacted ordinances, as well as via the encouragement and funding of specialized courses in Obstetric Nursing. In parallel to this, technical regulation for such assistance and for less interventionist strategies of family involvement was implemented. In the face of this, we recognize the proposal to go beyond the medicalized model and to develop a humanized model peculiar to female non‑invasive skills. Conclusion: With the objective of achieving a humanistic and holistic vision in the assistance provided to the mother, the nurse is an intrinsic part of the PHPN, acting as a guarantor of the latter’s rights and well‑being, and enhancing the ties between mother and child. Keywords: delivery, humanized birth, parity, medicalization. RESUMEN Este artículo reflexiona sobre el concepto de parto y nacimiento humaniza‑ dos que ha ganado importancia en los últimos años en Brasil. La human‑ ización del parto y del nacimiento fue establecido por el Ministerio de Sa‑ lud a través de la Ley de GM 569/2000, y abarca una serie de propuestas des‑ tinadas a cambiar las prácticas de asistencia a la salud, respetando el pro‑ ceso fisiológico y la dinámica de cada mujer. Objetivo: El estudio tiene como objetivo identificar, a partir de la literatura producida, la inserción de la en‑ fermera obstétrica o partera durante el parto y el nacimiento en este país después de la implementación del Programa de Humanización del Parto (PHPN). El estudio tiene como objetivo analizar el impacto de la partici‑ pación de la enfermera en la práctica del Programa de Humanización del REVISTA DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DOS ENFERMEIROS OBSTETRAS — N.º 14/2014 23 Parto, como cuidadora en la salud de las mujeres, en un contexto que lleva a los servicios cotidianos requisitos difíciles y a veces contradictorios. Metod‑ ología: Se trata de un estudio cualitativo de tipo revisión de la literatura, con la recogida de datos realizada a partir de fuentes secundarias. Resultados: Nuestro estudio revela una fuerte participación del gobierno a través de la legislación y las ordenanzas promulgadas, así como a través del fomento y la financiación de cursos de especialización en enfermería obstétrica. En para‑ lelo a esto, se implementó la regulación técnica del asistencia y de estrate‑ gias menos intervencionistas de participación de la familia. A la vista de esto, reconocemos la propuesta de ir más allá del modelo medicalizado y desar‑ rollar un modelo humanizado que incluya capacidades no invasivas. Con‑ clusión: Con el objetivo de lograr una visión humanista y holística en la asis‑ tencia prestada a la madre, la enfermera es una parte intrínseca de la PHPN, actuando como garante de los derechos y bienestar de la madre, así como el fortalecimento de los lazos entre la madre y el niño. CONSIDERAÇÕES INICIAIS Em tempos remotos a assistência à gestante, parto e ao nas‑ cimento transcorria em família. Com o avanço e evolução tecnológica e científica na área da saúde, esse evento dei‑ xou de ser visto de forma natural e passou a ser conduzido através de medicalização e hospitalização sob o pretexto de minimizar os possíveis riscos para o binômio mãe/filho (BRA‑ SIL,2001). Com isso, pudemos observar ao longo dos anos o au‑ mento exponencial das intervenções desnecessárias durante o trabalho de parto e parto, com resultados negativos para a população e para os indicadores nacionais, no que tange a taxa de cesáreas e resultados perinatais. O Programa de Humanização do Parto e Nascimento (PHPN) foi instituído pelo Ministério da Saúde do Brasil atra‑ vés da portaria GM n° 569/2000, baseando‑se nas necessida‑ des das gestantes, do recém‑nascido e da mãe no período do pós‑parto. O conceito de humanização do parto engloba um conjunto de propostas que visam mudanças nas práticas as‑ sistenciais, respeitando o processo fisiológico e a dinâmica própria de cada mulher, evitando intervenções desnecessá‑ rias ou danosas (BRASIL, 2000). Podemos citar como exem‑ plos clister, restrição hídrica, uso rotineiro de ocitócito ve‑ noso e kristeller. Desta forma, humanizar a assistência ao nascimento im‑ plica em mudanças de atitudes e rotina com o intuito de tor‑ nar esse momento o menos invasivo e medicalizado, garan‑ tindo assim o processo fisiológico de parturição e a participa‑ ção da gestante como protagonista (MODES, 2010). O PHPN tem como principal objetivo assegurar os direitos da gestante e recém‑nascido, proporcionando um acompa‑ nhamento de pré‑natal, parto humanizado e puerpério. Ga‑ rante à mulher uma atenção de qualidade e autonomia no processo de decisão desde o inicio da gestação até o parto. Define o que espera o governo brasileiro no acompanha‑ mento do parto normal, prevê quando são recomendáveis as intervenções, resultando em um nascimento saudável e a ga‑ rantia do bem estar materno‑infantil (BRASIL, 2005). De acordo com a resolução do Conselho Federal de Enfer‑ magem (COFEN) 223/99, o enfermeiro obstetra está inserido na política de humanização do parto e nascimento que regu‑ 24 lamenta o acompanhamento, evolução e a realização do tra‑ balho do parto normal sem distócia. A enfermagem, respaldada em evidência científica, deve proporcionar a gestantes e parturientes, um bem estar atra‑ vés de técnicas não‑invasivas, orientando para que a evo‑ lução de trabalho de parto transcorra de modo fisiológico, agradável e prazeroso, minimizando os desconfortos causa‑ dos pela dor e transmitindo conforto e segurança à partu‑ riente (SEIBERT, 2010). O presente estudo tem como objetivo identificar, a partir da bibliografia produzida, a inserção do enfermeiro obstetra na assistência ao parto e nascimento, após implementação neste país do Programa Nacional de Humanização do Parto e Nascimento (PHPN). O estudo visa ainda analisar o impacto da participação do en‑ fermeiro na prática do PHPN, enquanto cuidador da saúde inte‑ gral da mulher num contexto que traz ao cotidiano dos servi‑ ços exigências por vezes desafiadoras e até mesmo conflitantes. DESENVOLVIMENTO O processo gravídico‑puerperal demanda uma assistência digna e de qualidade que não se limita ao parto/nascimento. É um fenômeno que necessita de uma assistência humaniza‑ da respeitando normas e condutas preconizadas pela Orga‑ nização Mundial da Saúde – OMS (MARQUE, 2006). A Lei Orgânica da Saúde (Lei 8080, de 19 de setembro de 1990) prevê a assistência às pessoas por intermédio de ações de promoção, proteção e recuperação da saúde, com a reali‑ zação integrada das ações assistenciais e das atividades pre‑ ventivas como objetivo do Sistema Único de Saúde (SUS). O Ministério da Saúde (MS) em 1999 propôs a criação dos Centros de Parto Normal (CPN) para o acompanhamento de partos de baixo risco fora das instituições de saúde, coorde‑ nados por enfermeiras obstetras, que presta todos os cuida‑ dos às mulheres e recém‑nascidos (DIAS, 2005). A Portaria Ministerial nº 904, de 29 de maio de 2013, esta‑ belece diretrizes para implantação e habilitação de Centro de Parto Normal (CPN), no âmbito do Sistema Único de Saúde do Brasil(SUS), para o atendimento à mulher e ao recém ‑nascido no momento do parto e do nascimento, e dispõe sobre os respectivos incentivos financeiros de investimento, custeio e custeio mensal (BRASIL, 2013). A enfermagem vem se destacando nas discussões acerca da saúde da mulher em defesa do programa de humaniza‑ ção no pré‑natal e nascimento. Diante do exposto, o MS tem criado portarias que favorecem a atuação deste profissional na atenção integral a saúde da mulher, no período gravídico ‑puerperal (BRASIL,2005). O MS define como atenção humanizada ao parto e nas‑ cimento o respeito ao parto como experiência pessoal, cultu‑ ral, sexual e familiar fundamentada na importância do forta‑ lecimento do protagonismo e autonomia da mulher, com sua participação nas decisões referentes às condutas; proteção con‑ tra abuso, violência ou negligência; reconhecimento dos direi‑ tos fundamentais de mulheres e crianças a tecnologias apro‑ REVISTA DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DOS ENFERMEIROS OBSTETRAS — N.º 14/2014 priadas de atenção em saúde com adoção de práticas baseadas em evidências, incluindo‑se a liberdade de movimentação e de posições durante o trabalho de parto e parto, o direito a acom‑ panhante de livre escolha e à preservação da sua integridade corporal (BRASIL, 2013). O enfermeiro contribui na assistência ao pré‑natal atra‑ vés da consulta de enfermagem, tendo competência téc‑ nica e cientifica de identificar situações de risco habitual e de alto risco gestacional, auxilia na redução de riscos obsté‑ tricos, promove a saúde da gestante (MARQUE, 2006). Consi‑ derando as características de sua formação, está preparado para as adaptações no cuidado comas parturiente nos mol‑ des previstos pelo MS. METODOLOGIA Trata‑se de um estudo qualitativo do tipo revisão bibliográfi‑ ca, com coleta de dados realizada a partir de fontes secundá‑ rias, através da revisão integrativa. A coleta foi realizada atra‑ vés da pesquisa de artigos científicos na Biblioteca Virtual em Saúde, utilizando a base de dados eletrônica ScientificE‑ lectronic Library OnLine (Scielo), Literatura Latino‑Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e Programas do Ministério da Saúde. Foram encontrados inicialmente 100 artigos, tendo sido utilizados os seguintes critérios de inclu‑ são: artigos em Língua Portuguesa e Língua Espanhola; arti‑ gos que retratassem a temática referente ao tema; e artigos publicados entre 2003‑2013. Com esses critérios, obteve‑se o número de 32 artigos. Após priorizar a inserção do enfermei‑ ro, somente 6 artigos contemplaram o estudo. A revisão integrativa é composta por seis fases (MENDES, 2008). Inicia com a identificação do tema e seleção da hipó‑ tese ou questão de pesquisa para a elaboração da revisão inte‑ grativa. Segue com estabelecimento de critérios para inclusão e exclusão de estudos/ amostragem ou busca na literatura. No terceiro estágio definição das informações a serem extraídas dos estudos selecionados/ categorização dos estudos, neste estudo denominadas unidades de registro. Posteriormente propõe a avaliação dos estudos incluídos na revisão integra‑ tiva. Na etapa seguinte faz a interpretação dos resultados e por fim a apresentação da revisão/síntese do conhecimento. RESULTADOS Trabalhou‑se com duas unidades de registros, onde a pri‑ meira unidade trata da inserção do enfermeiro na assistência ao parto humanizado e a segunda unidade trata‑se do im‑ pacto da participação do enfermeiro na prática PHPN. Unidade de Registro I – Inserção do Enfermeiro na Assistência ao Parto Humanizado A primeira unidade traz participação governamental e do Ministério da Saúde, através de legislação e portarias de‑ cretadas, bem como o incentivo e financiamento de cursos de especialização em Enfermagem Obstétrica. Também pu‑ blicou normatização técnica assistência menos intervencio‑ nista e estratégias para participação da família. A Lei 7.498/86 de Junho de 1986 dispõe sobre o exercício profissional da enfermagem, e respalda a atuação do enfer‑ meiro obstetra, determinando como responsabilidade desse profissional o acompanhamento do parto vaginal sem dis‑ torcias, cabe também aos enfermeiros providências necessá‑ ria para estabilizar as possíveis intercorrências até a chegada do profissional médico (COFEN, 1986). O Ministério da Saúde propôs em 1999 a criação dos Cen‑ tros de Parto Normal (CPN), conforme a portaria 985/99, onde o enfermeiro é o profissional responsável técnico e onde não há médicos na escala de serviço, com a proposta de atendimento a parturiente e a família, visando resgatar o direito à privacidade e à dignidade da mulher ao dar à luz, em um local semelhante ao seu ambiente familiar que garantisse a segurança do binômiomãe e filho (MACHADO, 2006). A Rede Cegonha, instituída no âmbito do SUS através da portaria Ministerial Nº 1.459, de 24 de junho de 2011, con‑ siste numa rede de cuidados que visa assegurar à mulher o direito ao planejamento reprodutivo e à atenção humaniza‑ daà gravidez, ao parto e ao puerpério, bem como à criança o direito ao nascimento seguro e ao crescimento e ao de‑ senvolvimento saudáveis. São objetivos da Rede Cegonha fomentar a implementação de novo modelo de atenção à saúde da mulher e à saúde da criança com foco na aten‑ ção ao parto, ao nascimento, ao crescimento e ao desenvol‑ vimento da criança de zero aos vinte e quatro meses; orga‑ nizar a Rede de Atenção à Saúde Materna e Infantil para que esta garanta acesso, acolhimento e resolutividade e reduzir a mortalidade materna e infantil com ênfase no componente neonatal. Todos os componentes de implementação e exe‑ cução da Rede Cegonha tem enfermeiros obstetras inseridos (BRASIL, 2011). A cidade do Rio de Janeiro foi pioneira na implementa‑ ção da Rede Cegonha e conta com a participação autônoma de enfermeiros no pré‑natal, parto, puerpério e também no transporte sanitário, com as ambulâncias da Rede lideradas por enfermeiros. Vale salientar que os recursos federais já estão disponíveis para a implementação pelos estados e municípios da federa‑ ção. O Ministério é ainda mais claro sobre a participação dos enfermeiros quando edita a Portaria do MS nº 904, DE 29 DE MAIO DE 2013 e define os Centro de Parto Normal (CPN como unidades destinadas à assistência ao parto de risco ha‑ bitual, pertencente a um estabelecimento hospitalar, locali‑ zadas nas dependências internas ou externas ao estabeleci‑ mento hospitalar. O seu Art. 3º define como o primeiro requi‑ sitos para constituição da unidade de um estabelecimento hospitalar como CPN a condução da assistência ao parto de risco habitual, da admissão à alta, realizada por enfermeiro obstétrico ou obstetriz (BRASIL, 2013). Unidade de Registro II ‑ O Impacto da participação do enfermeiro na prática do PHPN. Nesta vertente, trazemos a proposta de superação do mo‑ delo medicalizado e desenvolvimento de habilidades não ‑invasivas peculiares ao modelo humanizado e descrição de técnicas não invasivas de assistência ao parto e nascimento. REVISTA DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DOS ENFERMEIROS OBSTETRAS — N.º 14/2014 25 Apresenta a importância de minimizar medos e anseios, re‑ lacionados ao trabalho de parto e parto através de informa‑ ções corretas à parturiente, além da promoção de cuidados. O processo de desmedicalização, não significa a exclusão do profissional ou práticas médicas de assistência, significa apresentar as mulheres outras opções de cuidado, tendo em vista diferentes opções e estratégias que podem e devem se expor como direito de escolha da mulher (PROGIANTI, 2004). Assim, os autores afirmam que a enfermeira não quer ser protagonista do parto, percebe o parto como um evento além do biológico, acredita que o parto demanda cuidado e não controle e que priorizamos o respeito e a segurança (PROGIANTI, 2004). A atuação do enfermeiro com a mulher no processo de parturição é considerada como possibilidade para redução da morbimortalidade, além de entender a parturiente como ser ativo no referido processo, conduzido por uma assistên‑ cia mais humanizada (BARROS, 2004). A prática assistencial dos Enfermeiros Obstetras é voltada à valorização da mulher, fortalecendo‑a no processo de pa‑ rir, respeitando‑a em seu tempo, propiciando cuidados para o alívio da dor e condução do trabalho de parto, estimu‑ lando os exercícios, massagens, banhos, deambulação, além de adoção de posições confortáveis durante o trabalho de parto (CAUS, 2012). CONSIDERAÇÕES FINAIS Ao longo dos anos o processo de trabalho de parto sofreu di‑ versas modificações e a inserção do enfermeiro nessa prática é de suma importância a fim de minimizar medos e anseios relacionados ao trabalho de parto e parto, subsidiando e in‑ formando a parturiente com a intenção de acalmar e promo‑ ver alívio de dor e sofrimento. O governo brasileiro tem empenhado esforços para me‑ lhor assistência a este segmento da população e cria mecanis‑ mos onde o enfermeiro obstetra tem oportunidade de atuar com autonomia fora do modelo intervencionista de parto. O PHPN busca resgatar a atenção integral, de modo que ve‑ nham sobrepor as intervenções médicas e o uso demasiado de tecnologias por um modelo mais humanista, cujo foco principal é a mulher sendo atendida por meio de ações que contemplem as diferenças sociais e culturais (MATOS, 2013). Portanto, com a finalidade de se obter uma visão huma‑ nística e holística na qualidade da assistência prestada à ges‑ tante e puérpera, o enfermeiro está inserido no Programa de Humanização do Parto e Nascimento garantindo‑lhes os di‑ reitos, proporcionando o bem‑estar e aumentando o vinculo mãe‑filho e núcleo familiar. O enfermeiro especializado técnico‑cientificamente é ca‑ pacitado para acompanhar o trabalho de parto e humani‑ zar a qualidade na assistência, proporcionando conforto e segurança a parturiente. Contundo tornando‑se importante um aumento na demanda voltada para a capacitação desses profissionais e ampliação dos espaços de atenção ao ciclo grávido‑puerperal nos moldes do PHPN. 26 REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS Barros, L.M. & Silva, R.M. (2004). Atuação da enfermeira na assistência à mulher no processo de parturição. Texto contexto ‑ Enferm. Vol.13 no. 3 Florianópolis July/Sept. Acessado em 20/03/2013 Disponível em: http://www.scielo.org/php/index.php Brasil. 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Disponível em:http://www.bdtd.uerj.br/ REVISTA DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DOS ENFERMEIROS OBSTETRAS — N.º 14/2014 O Trabalho de Parto: do esperado ao Experienciado Sandra Patrícia Arantes do Souto1 RESUMO Enquadramento: Ao longo da gravidez, a mulher desenvolve expectativas, positivas ou negativas, e que influenciam a sua perceção sobre o trabalho de parto. Neste contexto, a avaliação da satisfação da mulher com a sua expe‑ riência de trabalho de parto fundamenta‑se nas diferenças entre o que é an‑ tecipado e o que é percecionado. Objetivo: Compreender o significado atribuído pela mulher à experiên‑ cia de trabalho de parto, a partir das expectativas construídas durante a gra‑ videz. Método: Foi desenvolvido um estudo descritivo, de natureza qualitativa. Para a amostra foram selecionadas nove mulheres, que estiveram interna‑ das no serviço de obstetrícia do Centro Hospitalar Póvoa de Varzim /Vila de Conde, às quais foram realizadas entrevistas semiestruturadas. Para a análise dos dados recorreu‑se à análise de conteúdo. Resultados: A análise de con‑ teúdo do material recolhido fez sobressair duas unidades temáticas, a par‑ tir das quais se desenvolveu uma análise em categorias e subcategorias: 1) Expetativas associadas ao trabalho de parto; 2) Experiência de trabalho de parto. Os nove relatos sobre a experiência de trabalho de parto confirmam uma ambivalência de resultados: expectativas positivas versus expectativas negativas; experiência positiva versus experiência negativa. Conclusão: As principais conclusões do estudo baseiam‑se no resultado da equação entre as expectativas e a experiência de trabalho de parto. Este trabalho permitiu concluir que a partir do conhecimento das expectativas em relação ao tra‑ balho de parto, poderemos direcionar o acompanhamento das mulheres e a sua preparação com o objetivo de otimizar e valorizar a sua satisfação com a experiência de trabalho de parto. Palavras‑chave: expectativas; experiência; trabalho de parto; satisfação. ABSTRACT Context: Throughout a pregnancy, a woman develops various expectations, being them positive or negative ones, which will influence their whole per‑ ception on the experience of giving birth. In this context, the evaluation of a woman’s levels of approval or satisfaction on giving birth is fundamentally based on the difference between what the act of childbirth actually is and what she perceives it to be. Objective: The main objective would be to fully be able to understand what the meaning of childbirth becomes to the pregnant woman following all her built expectations throughout her pregnancy. Method of analysis: The method of analyses was a descriptive yet scien‑ tifically qualitative one. Nine women were selected, who were admitted in the Hospital’s obstetrics service in Póvoa de Varzim/Vila de Conde of which semi‑structured interviews were conducted. The data collected and the con‑ tent of these interviews were therefore used for our data analysis. Results: As a result of our content analysis of the data collected, two dis‑ tinctive themes stood out, which lead us to develop a fragmented analy‑ sis consisting of the following categories and subcategories: 1) The Expec‑ tations associated with labor; 2) The actual experience of labor. The nine re‑ ports obtained on the experience of labor confirm an ambivalence of results such as: positive expectations versus negative expectations and positive ver‑ sus negative experience. Curso de Pós‑licenciatura de Especialização em Enfermagem em Saúde Materna e Obs‑ tetrícia; Mestrado de Enfermagem em Saúde Materna e Obstetrícia; Enfermeira Especialista em Saúde Materna e Obstétrica Centro Hospitalar Póvoa de Varzim/Vila do Conde. Contatos: Email: [email protected]. 1 Conclusion: The main conclusion of this study is primarily based on the equation between the woman’s expectations and the actual experience of labor. Therefore, this study allowed us to conclude that after knowing a woman’s expectations in relation to labor, we can better direct and moni‑ tor a woman and her preparation for labor in order to better optimize and enhance her general satisfaction with the experience of labor. Keywords: expectations; experience; labor; satisfaction. RESUMEN Introducción: A lo largo del embarazo, la mujer desarrolla expectativas po‑ sitivas o negativas, y que influyen en su percepción a cerca del parto. En este contexto, la evaluación de la satisfacción de la mujer con su experiencia de trabajo de parto, se basa en las diferencias entre lo que se anticipa de lo que se percibe. Objetivo: Comprender el significado que la mujer atribuye a la experien‑ cia de trabajo de parto, a partir de las expectativas que va creando durante el embarazo. Método: Fue realizado un estudio descriptivo, cuantitativo. Para la mues‑ tra se seleccionaron nueve mujeres ingresadas en el servicio de obstetricia del Centro Hospitalar Póvoa de Varzim /Vila de Conde, que fueron someti‑ das a entrevistas semi‑estructuradas. Para el análisis de los datos fue hecho el análisis de contenido. Resultados: El análisis de contenido del material recogido ha destacado dos unidades temáticas, a partir de las cuales se desarrolló un análisis por ca‑ tegorías y sub‑categorías:1) Expectativas asociadas al trabajo de parto; 2) Ex‑ periencia de trabajo de parto. Los nueve informes sobre la experiencia de tra‑ bajo de parto confirmaron una ambivalencia de resultados: expectativas po‑ sitivas versus expectativas negativas; experiencia positiva versus experiencia negativa. Conclusión: Las principales conclusiones del estudio se basan en el re‑ sultado de la ecuación entre las expectativas y la experiencia del trabajo de parto. Este trabajo permitió concluir que a partir del conocimiento de las ex‑ pectativas en relación al trabajo de parto, se podrá direccionar el acompaña‑ miento de las mujeres y su preparación, con el objetivo de optimizar y valo‑ rar su satisfacción con la experiencia del trabajo de parto. Palabras‑clave: expectativas; experiencia; trabajo de parto; satisfacción. INTRODUÇÃO Para a maioria das sociedades, o trabalho de parto não existe como um acontecimento isolado e sem significado no ciclo de vida da mulher. O trabalho de parto representa um evento crítico na vida da mulher e da sua família (Halldorsdottir & Karlsdottir, 1996), que perpassa todo o processo da gravidez, sob a forma de expectativas individuais, e que continua a ser recordado, marcando profundamente a história da mulher (Kitzinger, 1984; Simkin, 1991, 1992). Para Canavarro (2001, p. 20) “(…) a forma como agimos e sentimos depende das representações esquemáticas que temos da realidade. De facto, parece haver uma consciên‑ cia crescente de que as expectativas sobre um determinado acontecimento não só têm influência na forma como as pes‑ soas se sentem ou se comportam, mas influenciam direta‑ mente a forma como essa realidade é experienciada. Este es‑ tudo assenta no pressuposto que a construção das expecta‑ REVISTA DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DOS ENFERMEIROS OBSTETRAS — N.º 14/2014 27 tivas tem influência na própria experiência de trabalho de parto, pois as imagens que se vão construindo durante a gra‑ videz, sejam elas positivas ou negativas, interferem com a qualidade da experiência percecionada pela mulher. Dentro deste contexto, emerge a problemática da investigação: qual o significado atribuído pela mulher à experiência de trabalho de parto, a partir das expectativas construídas durante a gravidez. Em Portugal, são escassos os trabalhos de investigação que procuram estudar o impacto das expectativas construí‑ das durante a gravidez na perceção da experiência de traba‑ lho de parto, na perspetiva da mulher. Deste modo, entende‑ mos ser necessária a realização de um estudo sobre esta rea‑ lidade, procurando compreender se as experiências foram diferentes ou não do esperado e de que forma essa relação é percecionada pela mulher. O conhecimento é poder para aqueles que o desenvolvem, para os que o usam e para todos os que beneficiam dele. Assim, a soma de conhecimentos ob‑ tida através desta investigação visa contribuir para a melho‑ ria da qualidade dos cuidados de saúde, no âmbito da en‑ fermagem de saúde materna e obstétrica, transformando‑se este trabalho numa oportunidade para responder às exigên‑ cias atuais do acompanhamento da mulher durante o traba‑ lho de parto e da sua preparação, com a finalidade de otimi‑ zar e valorizar a sua satisfação com a experiência de trabalho. QUADRO TEÓRICO A avaliação da satisfação da mulher com a sua experiência de trabalho de parto é uma operação multidimensional, pelo que se prevê a análise do conceito de satisfação com base nas diferenças entre o que é esperado ou desejado e o que é percebido (Bryanton, Gagnon, Johnston, & Hatem, 2008) e engloba tanto respostas afetivas como avaliações cognitivas (Hodnett, 2002). Entretanto, Slade, MacPherson, Hume, & Maresh (1993) consideram que a medição da satisfação com a experiência de trabalho de parto está relacionada com as expectativas desenvolvidas ao longo da gravidez. Diversos autores consideram que as expectativas cons‑ truídas pela mulher em relação ao trabalho de parto, durante o período da gravidez, podem influenciar, positiva ou nega‑ tivamente, a maneira como o próprio trabalho de parto é ex‑ perienciado (Beaton & Gupton, 1990; Green, 1993; Hallgren, Kihlgren, Norberg, & Forslin, 1995; Waldenström, 1999; Ho‑ dnett, 2002). Uma combinação distinta parece afetar a mu‑ lher na antecipação da experiência de trabalho de parto: ex‑ pectativas positivas versus expectativas negativas. Alguns es‑ tudos têm procurado compreender as relações entre o tipo de emoções e as expectativas no período pré‑natal e as ex‑ periências de trabalho de parto. Os resultados mostram que emoções como a ansiedade e o medo estão associados a ex‑ pectativas negativas, e reportam‑se a uma experiência nega‑ tiva de trabalho de parto (Heaman, Beaton, Gupton, & Sloan, 1992; Green, 1993; Waldenström, 1999; Gibbins & Thomson, 2001); por outro lado, a calma, a confiança e o controlo, sob a forma de expectativas positivas acerca do trabalho de parto, parecem ser responsáveis pela atribuição de um significado 28 positivo à experiência (Waldenström, 1999; Gibbins & Thom‑ son, 2001). Atualmente, inúmeros autores para além de procurarem descrever a experiência de trabalho de parto para a genera‑ lidade das mulheres, expressam interesse em estudar fatores relativos às circunstâncias de trabalho de parto e que deter‑ minam a qualidade da experiência para a mulher. Para Costa, Figueiredo, Pacheco, & Pais (2003), a experiência de traba‑ lho de parto transforma‑se em torno de uma multiplicidade de fatores individuais, sociais e situacionais. De facto, diver‑ sas variáveis podem influenciar a perceção das mulheres so‑ bre a sua experiência de trabalho de parto (Hodnett, 2002). De acordo com a literatura, foram identificados os principais fatores que influenciam a experiência de trabalho de parto, contribuindo para as diferenças verificadas ao nível da ava‑ liação desta experiência pelas mulheres: •• Expectativas da mulher •• Presença de uma pessoa significativa •• Apoio prestado pelos profissionais da saúde •• Participação ativa da mulher nas decisões sobre o tra‑ balho de parto e o controlo percebido •• Dor no trabalho de parto •• Tipo de parto e analgesia •• Interação mãe‑filho imediatamente após o nascimento Segundo Bryanton, Gagnon, Johnston, & Hatem (2008), dos indicadores da perceção materna da experiência de tra‑ balho de parto, a maioria são passíveis de intervenções de enfermagem especializadas como: potencializar o conheci‑ mento da parturiente e da figura significativa; ensinar e in‑ centivar a realização de exercícios respiratórios e de relaxa‑ mento; promover e incentivar o apoio dos parceiros e o pro‑ porcionar oportunidades imediatas da mulher poder estar com seu filho, logo após o nascimento. Neste sentido, as des‑ cobertas científicas podem oferecer um sentido à atuação dos profissionais da saúde, pela possibilidade privilegiada de contribuírem para uma experiência de trabalho de parto po‑ sitiva (Fowles, 1998). METODOLOGIA Com o objetivo de compreender o significado atribuído pela mulher à experiência de trabalho de parto, a partir das ex‑ pectativas construídas durante a gravidez, foi realizado um estudo descritivo e de natureza qualitativa. A seleção dos participantes baseou‑se num processo de amostragem in‑ tencional, sendo a amostra constituída por nove mulheres, que estiveram internadas no serviço de obstetrícia do Centro Hospitalar Póvoa de Varzim/Vila de Conde e que partilharam um conjunto de critérios e condições entre si. A colheita de dados implicou a utilização de dois instrumentos. No sentido de assegurar a caracterização da amostra foi preenchido um formulário (Tabela 1). REVISTA DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DOS ENFERMEIROS OBSTETRAS — N.º 14/2014 bela 1: Caraterização das participantes em relação à idade, estado civil e profissão angústia, o mal‑estar, o nervosismo e a insegurança. Os estu‑ dos confirmam que as mulheres expressam diversos medos 31 Casada Educadora de Infância E2 e ansiedades face à experiência de trabalho de parto (Costa, 30 União de facto Professora E3 Figueiredo, Pacheco, Marques, & Pais, 2005), tornando‑se, por 32 Casada Enfermeira E4 isso necessário desenvolver estratégias eficazes para enfren‑ 36 União de facto Professora E5 tarem esses medos. 33 Casada Administrativa E6 Existe ainda um grupo de depoimentos, nos quais se per‑ 22 Solteira Administrativa E7 cebe que a imagem construída em torno do trabalho de 26 Casada Cabeleireira E8 parto é caraterizada por emoções ambivalentes, coexistindo 19 Solteira Desempregada E9 simultaneamente emoções positivas e emoções negati‑ Tabela 1: Caraterização das participantes em relação à idade, estado civil principal instrumento de colheita de dados foie aprofissão entrevista semiestruturada, e que impôs a construção de por um lado, a ânsia da mulher em conhecer o seu filho, vas: dando forma a uma imagem fantasiada e, ao mesmo tempo, a vontade de prolongar a gravidez e adiar a experiência de O principal instrumento de colheita de dados foi a en‑ trabalho de parto, à qual associa progressivamente medos, trevista semiestruturada, e que impôs a construção de um ansiedades e inseguranças. guião com perguntas abertas. No guião orientador da entre‑ Uma combinação paradoxal parece afetar as participantes vista distinguiram‑se duas partes. Na primeira parte do guião face à antecipação do trabalho de parto. De um lado, expec‑ procurou‑se explorar as expectativas da mulher sobre a ex‑ tativas positivas e do outro lado, expectativas negativas. As‑ periência de trabalho de parto e na segunda parte procurou sociado às expectativas positivas sobre o trabalho de parto, ‑se compreender a experiência de trabalho de parto e de que identificou‑se a subcategoria Quando penso no meu parto, o forma a experiência vivida se relacionou com as expectati‑ que mais me agrada é…, através das quais se verificou: a con‑ vas criadas durante a gravidez. As entrevistas decorreram en‑ firmação das expectativas acerca da experiência; a presença tre a 1.ª e a 4.ª semana após o parto, sendo que a data, a hora e o local para a realização da entrevista foram definidos por da figura significativa; a possibilidade de participar no traba‑ cada participante. Cada entrevista teve uma duração média lho de parto e o bem‑estar da mulher e do seu bebé. Da di‑ de 45 minutos. As entrevistas foram gravadas e transcritas mensão associada à construção de expetativas positivas ex‑ na íntegra. A saturação dos dados determinou a finalização traímos o conceito de trabalho de parto idealizado, no qual a do processo de recolha de dados. Para a análise dos dados, mulher realça as suas preferências pessoais. As expectativas, procedeu‑se à análise de conteúdo, tendo por base os prin‑ acerca do trabalho de parto desejado, dizem‑nos que as mu‑ lheres têm como principal expectativa que tudo corra bem, cípios emanados por Laurence Bardin, dado o carácter meto‑ dizendo com esta expressão que o importante é que no âm‑ dológico de cada fase da análise. bito geral, em relação a todos os acontecimentos que envol‑ RESULTADOS vem o trabalho de parto, aconteça tudo dentro do que é con‑ A análise de conteúdo dos depoimentos fez sobressair duas siderado normal, sem complicações para si próprias ou para unidades temáticas: 1) Expectativas associadas ao Trabalho de o seu filho (Guerra, 2010). É comum as mulheres idealizarem Parto e 2) Experiência de Trabalho de Parto. o seu trabalho de parto. Mas, qual o significado de ideal? O que realmente cada mulher pretende para o seu trabalho de Expectativas associadas ao Trabalho de Parto parto? São interrogações que nos transportam para a subje‑ Da análise das entrevistas realizadas, observamos que as tividade e a relatividade inerentes ao conceito de idealização participantes do estudo desenvolveram expectativas indivi‑ do trabalho de parto, porque confronta preferências, fanta‑ duais em relação ao seu trabalho de parto, sendo que diver‑ sias e desejos que são, inevitavelmente, diferentes entre as sas circunstâncias e fatores influenciaram o modo como cada mulheres e, por conseguinte, leva‑nos a refletir sobre a ne‑ mulher configurou a sua experiência, o que determinou um cessidade de conhecer, de forma individualizada, a noção de conjunto de categorias e subcategorias (Figura 1). “parto ideal” para cada mulher. A aproximação da experiência de trabalho de parto pa‑ No âmbito das expectativas negativas associadas à expe‑ rece produzir, nas mulheres entrevistadas, uma combinação riência de trabalho de parto, e que configuram a subcatego‑ diferente de emoções, tanto pela sua natureza como pela sua ria Quando penso no meu parto, o que mais me preocupa é…, intensidade. Algumas mulheres associaram à experiência de distinguem‑se as preocupações relacionadas com a saúde trabalho de parto emoções positivas como a calma, o alívio e a da mulher e do seu bebé e com as consequências adversas curiosidade. Na perspetiva de Kitzinger (1984) a mulher deve do trabalho de parto; preocupações relativas a intervenções ter um espírito tomado por emoções agradáveis em relação obstétricas indesejadas e o medo da mulher pelo seu com‑ ao trabalho de parto, pela possibilidade de influenciar positi‑ portamento comprometer o resultado da experiência. vamente a forma como a experiência é vivida. Todavia, a ge‑ O conhecimento das expectativas das grávidas em relação neralidade das mulheres referiu emoções negativas quando, ao trabalho de parto tem sido objeto de estudo, havendo di‑ durante a gravidez, imaginavam a sua experiência de traba‑ ferentes estudos realizados em diferentes populações que lho de parto e verbalizaram o medo, a ansiedade, o pânico, a procuram conhecer o modo como a grávida antecipa algu‑ Participantes Idade Estado Civil Profissão E1 30 Casada Jornalista REVISTA DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DOS ENFERMEIROS OBSTETRAS — N.º 14/2014 29 Para compreender a avaliação das mulheres sobre a sua experiência de trabalho de parto, foi elaborada uma figura esquemática (Figura 2). Na figura distinguem‑se, sob a forma de categorias, os fatores que influenciaram a experiência de trabalho de parto, positiva ou negativamente, a partir dos quais se definiram as subcategorias e que caracterizam as di‑ ferenças verificadas na avaliação desta expe‑ Categorias Subcategorias riência. Assim, a cada categoria estão associa‑ Emoções Emoções positivas das duas subcategorias, sendo que a subcate‑ Emoções negativas goria à esquerda apoia uma experiência de tra‑ Emoções ambivalentes balho de parto positiva, enquanto a subcate‑ “ Quando penso no meu parto…” “Quando penso no meu parto, o que mais me agrada é …” goria à direita tem subjacente uma experiência “Quando penso no meu parto, o que mais me preocupa é …” de trabalho de parto negativa. “Eu e o meu Trabalho de Parto” O Trabalho de Parto é ele próprio mais as suas circunstâncias Eu e quem me acompanha nesta aventura Na figura 3 é especificada a avaliação bipo‑ Eu e a minha participação no trabalho de parto larizada das participantes sobre determina‑ Eu e a dor de trabalho de parto dos aspetos relacionados com a experiência Eu com os profissionais da saúde e eles comigo de trabalho de parto. Confrontamo‑nos com a Eu e o 1º confronto com o meu filho ideia de que a experiência de trabalho de parto Figura 1. Categorias e subcategorias associadas à unidade temática: Expectativas associadas ao Figura 1. Categorias e subcategorias associadas à unidade temática: Expectativas associadas ao Trabalho de pode não ser considerada uma experiência in‑ Trabalho de Parto. Parto. teiramente positiva ou negativa. Verificamos, por exemplo, que uma das participantes (E3) Experiência de Trabalho de Parto manifesta‑se globalmente satisfeita com a sua experiência Experiência de Trabalho de Parto de trabalho de parto, embora se sinta desiludida pela sensa‑ Na unidade temática centrada na experiência de trabalho Na unidade temática centrada na experiência de trabalho de parto procurou-se compreender de que forma ção de incompetência e de perda de autocontrolo associada de parto procurou‑se compreender de que forma esta ex‑ esta experiência foi percecionada pelas mulheres entrevistadas. As participantes do estudo descreveram, nos à experiência da dor atribuindo uma conotação negativa à periência foi percecionada pelas mulheres entrevistadas. As seus depoimentos, um conjunto de fatores relativos às circunstâncias da experiência de trabalho de parto, experiência de trabalho de parto. Sendo o trabalho de parto participantes do estudo descreveram, nos seus depoimen‑ com significativo impacto no modo como percecionaram este acontecimento. De facto, diversas variáveis considerado uma experiência de caráter pessoal e íntimo tos, um conjunto de fatores relativos às circunstâncias da ex‑ podem influenciar a avaliação das mulheres sobre as suas experiências de trabalho de parto. Neste sentido, (Simkin, 1991, 1992; Halldorsdottir & Karlsdottir, 1996), a per‑ periência de trabalho de parto, com significativo impacto no na avaliação da experiência de trabalho de parto, foram considerados as seguintes variáveis: a presença da das mulheres sobre a experiência é altamente perso‑ modo como percecionaram este profissionais acontecimento. facto, di‑da mulherceção figura significativa; o apoio prestado pelos da saúde; De a participação nas decisões nalizada e os seus pontos de vista variam em relação ao que versas variáveis podem influenciar a avaliação das mulheres sobre o trabalho de parto e perceção de controlo; a ligação mãe-filho imediatamente após o parto; a dor no consideram sobre as suas experiências de trabalho de parto. Neste sen‑ trabalho de parto e as estratégias para gerir a dor e as circunstâncias obstétricas (duração, intervenções ser uma experiência positiva ou uma experiência negativa (Bryanton, Gagnon, Johnston, & Hatem, 2008). Tam‑ tido, na avaliação da experiência de trabalho de parto, fo‑ obstétricas). bém Slade, MacPherson, Hume, & Ma‑ Para compreender a avaliação das mulheres sobre a sua experiência de trabalho de parto, foi elaborada uma figura esquemática (Figura 2). Na figura distinguem-se, sob a forma de categorias,Subcategorias os fatores que resh (1993) e Waldenström (1999) con‑ Subcategorias Categorias Experiênciaadeexperiência Trabalho de Parto Positiva de parto, positiva Trabalho Parto Negativa influenciaram de trabalho ou negativamente, a Experiência partir dosdequais se de definiram cluíram que perceções positivas e perce‑ ausênciaexperiência. da figura significativa A presença da figura significativa Eu e quem me acompanhou nesta A desta as subcategorias e que caracterizam as diferenças verificadas na avaliação Assim, a cada ções negativas sobre alguns fatores as‑ “aventura” categoria estão associadas duas subcategorias, sendo que a subcategoria à esquerda apoia uma experiência de sociados à experiência de trabalho de O apoio dos profissionais da saúde Eu com os profissionais da saúde e A falta de apoio dos profissionais da saúde eles comigo A posição privilegiada EEESMO durante o trabalho de trabalho de partodapositiva, enquanto a subcategoria à direita tem subjacente uma experiência de trabalho de parto podem coexistir na mesma mu‑ parto parto negativa. lher. Apesar da tonalidade positiva com Não ser protagonista na experiência de trabalho de parto Ser protagonista na experiência de trabalho de parto Eu e a minha participação no trabalho de parto que a experiência de trabalho de parto O nascimento como um momento de tensão O nascimento como um momento de felicidade Eu e o primeiro confronto com o meu filho foi vivida pelas participantes, circunstân‑ Dor experienciada maior que a dor esperada Dor experienciada menor que a dor esperada Da dor esperada à dor cias particulares do trabalho de parto ti‑ experienciada…A dor que senti Fracassar na capacidade de lidar com a dor de trabalho de Capacidade de superar a dor de trabalho de parto foi… veram um impacto negativo, embora es‑ parto Caraterísticas Obstétricas: sas circunstâncias se manifestaram de diferentes perspetivas - Duração do Trabalho de parto forma diferente entre as participantes. Quando o trabalho de parto é mais rápido do que o esperado Quando o trabalho de parto é mais longo do que o imaginado - Uso de Intervenções obstétricas A perspetiva negativa do intervencionismo A perspetiva positiva do intervencionismo Através da figura 3 foi, também, pos‑ Figura 2. Categorias e subcategorias associadas à unidade temática: Experiência de Trabalho de Parto Figura 2. Categorias e subcategorias associadas à unidade temática: Experiência de Trabalho de Parto sível analisar a relação entre a natureza das expectativas e avaliação da expe‑ ram considerados as seguintes variáveis: a presença da figura riência de trabalho de parto, verificando‑se que a diferença entre estas duas variáveis foi percecionado de forma positiva significativa; o apoio prestado pelos profissionais da saúde; associado a uma sensação de satisfação face à experiência a participação da mulher nas decisões sobre o trabalho de de trabalho de parto e/ou de forma negativa, despoletando parto e perceção de controlo; a ligação mãe‑filho imediata‑ na mulher a desilusão. Numa análise mais pormenorizada, mente após o parto; a dor no trabalho de parto e as estraté‑ verificou‑se que o resultado da equação entre as expectati‑ gias para gerir a dor e as circunstâncias obstétricas (duração, intervenções obstétricas). vas e a experiência de trabalho de parto produziu na mulher mas circunstâncias relevantes da experiência de trabalho de parto (Oweis & Abushaikha, 2004; Maggioni, Margola & Fili‑ ppi; 2006). Os dados obtidos favoreceram a identificação da categoria: Eu e o meu Trabalho de Parto, a qual pretende dis‑ tinguir as projeções da mulher sobre diversas dimensões re‑ lacionadas com a experiência de trabalho de parto. 30 REVISTA DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DOS ENFERMEIROS OBSTETRAS — N.º 14/2014 Canavarro, M. C. (2001). Psicologia da Gravidez e da Maternidade. Coimbra: Quarteto Editora. Costa, R. A., Figueiredo, B., Pacheco, A. P., & Pais, Expectativas Experiência Expectativas Experiência Expectativas Experiência Expectativas Experiência Expectativas Experiência Expectativas Experiência Positiva Positiva Positiva Positivas Positivas Positiva Positivas Positiva Positivas Positiva Negativas Negativas E1 A. (2003). Parto: Expectativas, Experiência, Dor Positivas Positivas Positivas Positiva Positiva Positiva Positivas Positiva Positiva E2 Negativas Negativas Negativas e Satisfação. Psicologia, Saúde & Doenças, 4 (1), 47‑ 67. Retirado de: http://repositorium.sdum. Positivas Positiva Positivas Positiva Positivas Positivas Positiva Positivas Parto Positiva E3 Negativa Negativa natural uminho.pt/handle/1822/3758 Positivas Positiva Positiva Positiva Positiva Positiva Positivas Positiva Positivas Positivas E4 Positiva Negativa Costa, R., Figueiredo, B., Pacheco, A., Marques, Positivas Positiva Positiva Positiva Positivas Positiva Positiva Positiva E5 Negativas Negativa Negativas Negativas A., & Pais, A. (2005). – Questionário de Antecipa‑ Positivas Positivas Positiva Positiva Positiva Positivas Positiva Positivas Parto Negativa E6 Negativa Negativas ção do Parto (QAP). Psychologica, 38, 265‑295. natural Positivas Positiva Positiva Positiva Positiva Positivas Positiva Positiva E7 Negativas Negativas Negativa Negativas Retirado de: http://repositorium.sdum.uminho. pt/handle/1822/4641 Positivas Positiva Positiva Positiva Positiva Positiva Positiva Positiva Positiva Positivas Positiva E8 Negativas Fowles, E. R. (1998). Labor concerns of women Positivas Positiva Positiva Positiva Positivas Positiva Positiva Positiva E9 Negativas Negativas Negativas Negativas two months after delivery. Birth, 25 (4), 235‑240. doi: 10.1046/j.1523‑536X.1998.00235.x Figura 3. A Relação entre as expectativas e a experiência de trabalho de parto das mulheres do estudo Figura 3. A Relação entre as expectativas e a experiência de trabalho de parto das mulheres do estudo Gibbins, J., & Thomson, A. M. (2001). Wo‑ men’s expectations and experiences of chil‑ dbirth. Midwifery, 17 (4), 302 ‑313. doi: uma sensação de satisfação, quando as experiências confir‑ 10.1177/1363459313476964. Green, J. M. (1993). Expectations and experiences of pain in labor: maram as expetativas (positivas) ou superaram as expecta‑ findings from a large prospective study. Birth. 20 (2), 65‑72. doi: tivas criadas ao longo da gravidez, e a desilusão, quando as 10.1111/j.1523‑536X.1993.tb00419.x. experiências diferiram negativamente das suas expetativas. Guerra, M. J. (2010). O Parto Desejado: Expectativas de um Grupo de Grá‑ vidas. Porto: Instituto de Ciências da Saúde da Universidade Católica Portuguesa, Tese de Mestrado. Halldorsdottir, S., & Karlsdottir, S. I. (1996). Journeying through labour O presente estudo reafirma o trabalho de parto como um and delivery: perceptions of women who have given birth. Midwifery, acontecimento único no ciclo de vida da mulher e uma ex‑ 12 (2), 48–61. doi: 0.1016/S0266‑6138(96)90002‑9. periência fortemente personalizada. Os relatos sobre a ex‑ Hallgren, A., Kihlgren, M., Norberg, A., & Forslin, L. (1995). Wo‑ periência de trabalho de parto confirmam o modo pessoal men’s perceptions of childbirth and childbirth education be‑ como cada mulher antecipou e percecionou a sua experiên‑ fore and after education and birth. Midwifery, 11 (3), 130‑137. doi: cia de trabalho de parto. Entretanto, os dados analisados de‑ 10.1016/0266‑6138(95)90027‑6. Heaman, M., Beaton, J., Gupton, A., & Sloan, J. (1992). A comparison of chil‑ monstraram que existem fatores que facilitaram ou dificulta‑ dbirth expectations in high‑risk and low‑risk pregnant women. Clinical ram a experiência de trabalho de parto e, por conseguinte, Nursing Research. 1 (3), 252‑265. doi: 10.1177/105477389200100305 influenciaram positiva ou negativamente o modo como a Hodnett, E. D. (2002). Pain and women’s satisfaction with the experi‑ experiência de trabalho de parto foi percecionada. ence of childbirth: A systematic review. American Journal of Obstet‑ As principais conclusões do estudo baseiam‑se no resul‑ rics & Gynecology. 186 (5) (Suppl.), 160 ‑172. doi: 10.1016/S0002 ‑9378(02)70189‑0 tado da equação entre as expectativas e a experiência de Kitzinger, S. (1984). A Experiência de Parto. Lisboa: Instituto Piaget. trabalho de parto. De facto, se quisermos melhorar as expe‑ Maggioni, C., Margola, D., & Filippi, F. (2006). PTSD, risk factors, and ex‑ riências de trabalho de parto das mulheres, precisamos de pectations among women having a baby: A two‑wave longitudinal compreender a relação existente entre as expectativas des‑ study. Journal of Psychosomatic Obstetrics & Gynecology, 27 (2), 81‑90. tas mulheres e a sua perceção sobre a experiência de traba‑ doi: 10.1080/01674820600712875. lho de parto. Assim, este estudo permitiu concluir que a par‑ Oweis, A., & AbushaikhaA, L. (2004). Jordanian pregnant women´s expec‑ tations of their first childbirth experience. International Journal of Nur‑ tir do conhecimento das expectativas das mulheres em rela‑ sing Practice, 10 (6), 264‑271. doi: 10.1111/j.1440‑172x.2004.00488.x ção ao trabalho de parto, poderemos direcionar o acompa‑ Simkin, P. (1991). Just another day in a woman’s life? Part I: Women’s long nhamento das mulheres e a sua preparação com o objetivo ‑term perceptions of their first birth experience. Birth, 18 (4), 203‑210. de otimizar e valorizar a sua satisfação com a experiência de doi: 10.1111/j.1523‑536X.1991.tb00103.x. trabalho de parto. Simkin, P. (1992). Just another day in a woman’s life? Part II: Nature and consistency of women’s long term memories of their first birth expe‑ riences. Birth, 19 (2), 64‑81. doi: 10.1111/j.1523‑536X.1992.tb00382.x. Slade, P., MacPherson, S. A., Hume, A., & Maresh, M. (1993). Expectations, Beaton, J., & Gupton, A. (1990). Childbirth expectations: a qualitative experiences and satisfaction with labour. British Journal of Clinical Psy‑ analysis. Midwifery, 6 (3), 133‑139. doi: 10.1891/1058‑1243.22.2.103 chology, 32 (4), 469‑83. doi: 10.1111/j.2044‑8260.1993.tb01083.x. Bryanton, J., Gagnon, A., Johnston, C., & Hatem, M. (2008). Predictors of Waldesntröm, U. (1999). Experience of labor and birth in 1111 women. Women’s Perceptions of the Childbirth Experience. Journal of Obste‑ Journal of Psychosomatic Research, 47 (5), 471 ‑482. doi: 10.1016/ tric, Gynecologic, & Neonatal Nursing, 37 (1), 24‑34. doi: 10.1111/j.1552‑ S0022‑3999(99)00043‑4. ‑6909.2007.00203.x. Presença da Figura Significativa Apoio prestado pelos Profissionais da Saúde Participação da Mulher nas Decisões sobre o Trabalho de Parto e Perceção de Controlo Ligação mãe-filho Imediatamente Após o Nascimento Dor no Trabalho de Parto e as estratégias para gerir a dor Circunstâncias obstétricas (duração, intervenções obstétricas) CONCLUSÕES BIBLIOGRAFIA REVISTA DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DOS ENFERMEIROS OBSTETRAS — N.º 14/2014 31 Tradução e adaptação cultural do Parents' postnatal sense of security (PPSS) – Versão materna e versão paterna Cândida Pinto1, Cátia Martins2; Marinha Carneiro3 RESUMO Enquadramento: O período pós‑natal é uma fase essencial no processo de transição para uma parentalidade autónoma. A autonomia está associada à segurança parental, para a qual contribui o apoio fornecido pelos profissio‑ nais de enfermagem. Objetivo: traduzir e adaptar dois instrumentos que permitem avaliar a perceção de segurança da mãe e do pai, na primeira semana após o nas‑ cimento. Método: trata‑se de um estudo metodológico, ao analisar a fidelidade e validade de instrumentos. A amostra foi constituída por 96 mães e 96 pais na primeira semana após o nascimento. Resultados: Os resultados da análise exploratória com rotação varimax mostram uma versão paterna com uma estrutura conceptual semelhante ao original. Apesar da versão materna incluir menos um item do que a versão original, aproxima‑se da sua estrutura concetual, quando sujeita a uma aná‑ lise exploratória forçada a 4 fatores. Os valores de consistência interna ob‑ tidos pelo alfa de Cronbach situam‑se entre 0,67 e os 0,89 nas versões ma‑ terna e paterna. Conclusões: O estudo revelou que o PPSS, versão materna e versão pa‑ terna, são instrumentos válidos e fiáveis, sendo necessário reforçar o pro‑ cesso de validação em estudos posteriores. A sua utilização na prática po‑ derá potenciar uma transição para uma parentalidade autónoma e segura. Palavras chave: Pais; Enfermagem Obstétrica; Escalas ABSTRACT Background: the early postpartum period is an important step in the transi‑ tion process to an independent parenting. The autonomy is linked to parental security, for which the support provided by nursing professionals is essential. Aim: to translate and to adapt two instruments for assessing the sense of security of both parents in the first week after childbirth. Methodology: The research has a methodological design to study the re‑ liability and validity of two instruments. The sample was composed by 96 mothers and 96 fathers in the first week after childbirth. Results: The results of exploratory factor analysis, with varimax rotation, in the paternal version, present a conceptual framework similar to the origi‑ nal. Although the maternal version included one less item than the original version, it is approximated to the original conceptual structure when sub‑ jected to an exploratory analysis forced to 4 factors. The values obtained for internal consistency by Cronbach’s alpha lie between 0.67 and 0.89 on the maternal and paternal versions. Conclusions: The study revealed that the PPSS instrument, whether in the maternal or paternal version, is valid and reliable, being necessary to streng‑ then the process of validation in further studies. Its use in practice may pro‑ mote a transition to an autonomous and safe parenthood. Keywords: Parents; Obstetrical Nursing; Scales EESIP; PhD; Professora Coordenadora ESEP; [email protected] Mestre em Enfermagem de Saúde Materna e Obstetrícia, CHMA – Unidade de Famalicão, E.P.E.; [email protected] 3 EESMO; PhD; Professora Coordenadora ESEP; [email protected] 1 2 32 RESUMEN Contextualización: El período postnatal es un paso clave en la transición hacia una parentalidad independiente. La autonomía se asocia con la con‑ fianza que tienen los padres. En este sentido, el apoyo prestado por los pro‑ fesionales de enfermería es esencial. Objetivo: En este estudio se ha pretendido traducir y adaptar dos instru‑ mentos para evaluar la percepción de seguridad en la primera semana des‑ pués del nacimiento del bebé. Metodología: La investigación tiene un diseño metodológico para el es‑ tudio de la fiabilidad y la validez de los instrumentos. La muestra consistió en 96 madres y 96 padres en la primera semana después del nacimiento. Resultados: Los resultados del análisis exploratorio con rotación varimax muestran una versión de los padres, con un marco conceptual similar a lo original. Aunque la versión materna incluye un punto menos que la versión original, se aproxima a la estructura conceptual cuando se somete a un aná‑ lisis exploratorio forzado a cuatro factores. Los valores obtenidos para la con‑ sistencia interna mediante el alfa de Cronbach se encuentran entre 0,67 y 0,89 para las versiones materna y paterna, respectivamente. Conclusiones: El estudio reveló que el PPSS, versiones maternal y pater‑ nal, es un instrumento válido y fiable, siendo necesario fortalecer el proceso de validación para estudios posteriores. Su uso en la práctica puede promo‑ ver una transición para una parentalidad autónoma y segura. Palabras clave: Padres; Enfermería Obstétrica; Escalas INTRODUÇÃO A transição para a parentalidade é hoje reconhecida como uma das transições desenvolvimentais mais críticas na vida dos sujeitos (McKellar, Pincombe e Henderson, 2009). Mas essa transição inscreve‑se no percurso singular de cada um dos elementos do casal sendo influenciada pelos contextos políticos, económicos e sociais envolventes. Neste âmbito as mudanças nas famílias contemporâneas, com as novas reor‑ ganizações familiares, com o predomínio de famílias nuclea‑ res e simultaneamente uma cultura social que pressiona para a assunção do papel de “bons pais” (Choi, Henshaw, Baker eTree, 2005), o que pode vulnerabilizar esta transição. Assim no mundo contemporâneo, a investigação tem demostrado que esta transição pode potenciar instabilidade, sobretudo para a mulher levando‑a a sentir‑se insegura, expressando sentimentos de ansiedade e stress (Emmanuel, Creedy, St John e Brown, 2011). Tradicionalmente os cuidados pós ‑natais estiveram focalizados na mulher e na criança, mas paulatinamente tem‑se progredido para um enfoque fami‑ liar incluindo o pai como alvo de cuidados (Persson, Fridlund, Kvist e Dykes, 2012; Steen, Downe, Bamford e Edozien, 2012). Paralelamente as mudanças sociais verificadas nas últimas REVISTA DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DOS ENFERMEIROS OBSTETRAS — N.º 14/2014 décadas confrontam‑nos com outros desafios. Na maioria das situações, tendo em conta as taxas de natalidade os pais são “primíparos”. Isto faz com que enfrentem pela primeira vez várias situações, que podem potenciar insegurança e stresse, como as decorrentes da satisfação das necessidades do recém‑nascido, nomeadamente a amamentação, as even‑ tuais complicações pós parto e a integração da nova identi‑ dade de “serem pais” nas identidades pré‑existentes (Ellberg, Högberg e Lindh, 2010). Neste contexto, o período pós parto é experienciado de um modo imprevisível, sendo que a ne‑ cessidade de segurança, a participação na tomada de deci‑ são e a vinculação se tornam centrais para o bem‑estar dos pais e da própria criança (Fredriksson, Högberg, e Lundman, 2003; Persson e Dykes, 2002). Anderson (1984) referido por Persson e Dykes (2009) des‑ creve dois tipos de segurança. A segurança básica que diz respeito à perceção de segurança que se vai construindo desde a infância, e a perceção de segurança situacional, onde diferentes situações podem gerar um sentido de segurança ou insegurança. Neste sentido, a segurança que uma pessoa experiencia perante uma determinada situação depende de ambos os tipos de segurança anteriormente referidos. A per‑ ceção de segurança das mães durante a gravidez e o nasci‑ mento está associada com os cuidados de saúde que recebe, nomeadamente o apoio e informação, com o suporte social, com o próprio sentido de controlo e atitudes e com o apoio do parceiro (Melender e Lauri, 2002; Persson e Dykes, 2009). Por sua vez os pais ao serem incluídos nos cuidados, ao ser ‑lhes dado a oportunidade para assumirem a responsabili‑ dade, ao assegurarem‑lhes o bem‑estar da mãe e da criança, ao serem tratados como pessoas e ao encontrarem pessoal de saúde competente, permite‑lhes promover uma perce‑ ção de segurança nesta nova identidade (Persson et al, 2012). De facto, os homens se não forem apoiados e ajudados nesta transição terão mais dificuldade no apoio à sua companheira, e na assunção do seu papel de pais (Steen, et al, 2012). As‑ sim, os profissionais de saúde em geral, e os enfermeiros em particular, nomeadamente os enfermeiros especialistas em saúde materna e obstétrica têm um papel crucial na promo‑ ção da segurança parental relacionada com a transição para a parentalidade. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA O PPSS é um instrumento desenvolvido para ser aplicado quer às mães, quer aos pais, e que nos remete para resulta‑ dos relativamente aos sentimentos de segurança dos mes‑ mos no pós‑parto, nomeadamente na primeira semana após o nascimento (Persson, Fridlund e Dykes, 2007). Segundo estes autores, estes instrumentos permitem avaliar dimen‑ sões positivas que podem ser influenciadas pela prática dos cuidados de saúde, pelo que a análise dos resultados pode constituir um contributo para a qualidade de cuidados em saúde. Sob o ponto de vista teórico, estes instrumentos fo‑ ram desenvolvidos a partir de uma investigação qualitativa (Persson e Dykes, 2002) e sustentados numa revisão biblio‑ gráfica. A duas versões são similares, contudo, os itens estão adequados à mãe e ao pai. A análise fatorial deste estudo mostrou quatro dimensões quer para a versão materna, quer para a versão paterna. Três destas dimensões são comuns a ambos, sendo elas: empoderamento do comportamen‑ to parental pelo EESMO; sensação de afinidade na família e sensação de bem‑estar geral. Para a mãe a quarta dimensão prende‑se com a amamentação e para o pai com a sua perce‑ ção do bem‑estar materno, incluindo também a amamenta‑ ção (Persson e Dykes, 2009). A versão materna do instrumento contém 18 itens e a ver‑ são paterna 13 itens, todos respeitantes à primeira semana após o parto. Estes incluem questões relativamente às atitu‑ des e disponibilidade oferecida pelo EESMO/pessoal do ser‑ viço; à atenção, informações e conselhos que foram transmi‑ tidos à mãe; à saúde física e psicológica; aos sentimentos de participação nos cuidados; aos sentimentos de afinidade en‑ tre os membros da família; à disponibilidade de cuidadores; e aos sentimentos de segurança. As escalas apresentam‑se sob a forma de afirmações, em que os respondentes reportam o seu grau de concordância numa escala de Likert, com 4 hipóteses de resposta em que o «um» corresponde ao não concordo, e o «quatro» ao con‑ cordo plenamente (Persson e Dykes, 2009). Assim, o presente estudo tem como objetivo a tradução e a adaptação do PPSS na versão materna e versão paterna, dada a inexistência de instrumentos similares, e ao percecionarmos a sua utilidade nos contextos clínicos. METODOLOGIA O presente estudo assume um cariz metodológico, na me‑ dida em que se pretende contribuir para o processo de tra‑ dução e adaptação de instrumentos. A adaptação dos ins‑ trumentos já existentes em detrimento da construção de um novo instrumento, constitui uma mais‑valia, uma vez que possibilita um intercâmbio de informação uniformizada entre a comunidade científica, pela comparabilidade dos re‑ sultados. O processo de tradução e adaptação foi norteado pelos princípios propostos pela ISPOR (International Society for Pharmacoeconomics and Outcomes Research) (Wild et al. 2005). Assim obteve‑se a autorização da autora para a utili‑ zação das escalas, tendo‑se procedido à análise das mesmas. Posteriormente foi efetuada a tradução por dois tradutores independentes cuja língua materna é o português e com co‑ nhecimento fluente em Inglês, por forma a eliminar possíveis erros que podem decorrer de significados ambíguos nos ins‑ trumentos originais. Essas traduções foram posteriormente analisadas pela investigadora principal (Martins, 2012) e pela orientadora no sentido de se identificarem discrepâncias, a fim de se chegar a um consenso sobre uma primeira versão. Os pontos de não concordância eram mínimos e nenhum de‑ les impedia a percetibilidade e interpretação do instrumento, tendo sido relativamente fácil chegar a um consenso sobre a tradução final. Por sua vez, esta primeira versão foi sujeita a uma retradução. Não tendo sido possível a realização desta REVISTA DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DOS ENFERMEIROS OBSTETRAS — N.º 14/2014 33 etapa por um individuo cuja língua materna fosse a do ins‑ trumento original, e segundo Moreira (2004) não sendo isso indispensável, foi realizada por uma professora de Inglês e portanto com excelente domínio da língua original do instru‑ mento. Esta tradutora desconhecia o instrumento, seus obje‑ tivos ou conceitos subjacentes. O resultado deste processo foi muito semelhante ao das versões originais dos instrumen‑ tos, sem alteração do significado ou interpretação dos seus itens. Chegou‑se assim, a uma versão consensual com pre‑ servação do sentido dos itens originais e a obtenção de itens com características adequadas na versão traduzida, como o preconizado por Moreira (2004). As escalas foram sujeitas a um pré‑teste junto de 3 casais que não denotaram qualquer incompreensão em relação aos itens. Inferimos neste âmbito, que os instrumentos são facilmente compreensíveis e cultu‑ ralmente adequados e portanto com uma equivalência se‑ mântica, idiomática e concetual em ambas as línguas. PARTICIPANTES E PROCEDIMENTOS O nosso estudo decorreu numa instituição hospitalar públi‑ ca, após obtenção da autorização para a sua realização. Aos participantes foi solicitado o consentimento informado, tal como está estabelecido na Declaração de Helsínquia. Um questionário com a versão materna e outro com a versão pa‑ terna, foram entregues a cada casal durante o internamento e após o nascimento do seu filho/a, sendo devolvidos ano‑ nimamente no dia da alta. Dado o autopreenchimento, dos 157 questionários entregues a casais, 61 foram eliminados por não estarem completamente preenchidos. Restaram 96 questionários de cada versão devidamente preenchidos. A prossecução do estudo com esta amostra foi determinada pelo número de participantes necessários para o desenvol‑ vimento de uma análise fatorial usando o critério de cinco participantes por cada item do questionário (Moreira, 2004). Em termos de caraterização da amostra, a média etária das mães era de 29,96 anos (DP=5,32), e dos pais de 31,57 anos (DP=5,37). Em relação ao estado civil mais de 88% eram casa‑ dos ou viviam em união de facto, sendo que 65,6% eram pais pela primeira vez. VALIDADE DE CONSTRUCTO Efetivamos a análise da estrutura concetual do PPSS através da análise exploratória recorrendo ao método de análise de componentes principais com rotação varimax. Numa primei‑ ra análise a versão materna apresentava cinco fatores, sen‑ do que os itens referentes à dimensão do bem‑estar geral se subdividiam por dois fatores. Com vista à aproximação da escala original forçamos esta análise de componentes prin‑ cipais a 4 fatores, cuja solução conceptual é sobreponível à escala original, com exceção do item 10 que saturava na dimensão Amamentação. A variabilidade da saturação deste item levou‑nos à sua eliminação. Porém, em futuros estudos somos de opinião de que se deve manter, pela avaliação que tem subjacente “Senti‑me fisicamente bem”. Tendo em conta a normalização dos valores de Kaiser ‑Meyer‑Oklin (KMO) obtivemos o valor de 0,82 o que nos per‑ mitiu a prossecução da análise fatorial. Retivemos os itens com carga fatorial igual ou superior a 0,30. Os dados são apresentados na tabela 1. Tabela 1 – Resultado da análise dos componentes principais da PPSS (versão materna), com rotação varimax, valores próprios e específicos e variância explicada (N=96) Procedemos de igual modo a uma análise exploratória de componentes principais com rotação varimax, e normaliza‑ ção dos valores de Kaiser , cujo valor foi de 0,82 para a ver‑ são paterna. Estes resultados são apresentados na tabela 2. MATERIAL Neste estudo foi utilizado um questionário sociodemográfi‑ co para ambos os progenitores, e questões referentes à gra‑ videz e parto (Martins, 2012), conjuntamente com a versão materna e a versão paterna do PPSS, entregue a cada um dos progenitores. RESULTADOS No sentido de contribuirmos para a avaliação das caraterísti‑ cas métricas do PPSS (versão materna/ versão paterna) para a população portuguesa, efetuamos o estudo da fidelidade e validade de ambos os instrumentos, seguindo o que foi pre‑ conizado pelos autores (Persson, Fridlund e Dykes, 2007). 34 Tabela 2 – Resultado da análise dos componentes principais da PPSS (versão paterna) com rotação varimax, valores próprios e específicos e variância explicada REVISTA DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DOS ENFERMEIROS OBSTETRAS — N.º 14/2014 Embora o critério de Kaiser oriente para que se devam re‑ ter fatores com valores próprios superiores a 1, Jolliffe (1986) citado por Field (2005), diz que esse critério é muito res‑ trito, podendo optar‑se por reter fatores com valores pró‑ prios superiores a 0,70. Neste pressuposto os valores obti‑ dos permitem‑nos afirmar que o instrumento adaptado ava‑ lia quatro fatores ou dimensões, tal como o instrumento ori‑ ginal, e pela mesma ordem de importância para a compreen‑ são da perceção de segurança parental. FIDELIDADE Para procedermos ao estudo da fidelidade recorremos ao cál‑ culo de Alpha de Cronbach, que é o indicador mais aconse‑ lhado para a consistência interna de um instrumento do tipo escala de Likert, e que exige uma única aplicação do teste (Coutinho, 2011). Os valores obtidos são considerados ade‑ quados dado o número de itens que constitui cada subes‑ cala, aproximando‑se dos valores do estudo original (tabela 3 e 4). Porém, na versão materna nesta análise manteve‑se o resultado obtido na análise de componentes principais, isto é, não consta o item 10. Tabela 3 – Alpha de Cronbach para a escala PPSS – versão materna Tabela 4 – Alpha de Cronbach para a escala PPSS – versão paterna DISCUSSÃO De acordo com as descrições dos pais, o período do pós ‑parto é um tempo de muitas questões (Fredriksson, Hö‑ gberg, e Lundman, 2003). Incondicionalmente isto remete ‑nos para a necessidade de uma informação focalizada nas necessidades de cada casal, e inerente apoio. A preparação para o parto já divulgada e em prática no nosso país, pode ser manifestamente insuficiente, pois particularmente os ca‑ sais “primíparos” podem durante a gravidez não saber colo‑ car as questões que lhes poderão surgir após o nascimento (Persson, et al,2011). Neste âmbito emerge a necessidade de implementar intervenções cujo objetivo seja melhorar os cuidados aos pais e recém‑nascido, informando e orientan‑ do com base nas necessidades individuais, estabelecendo ‑se modelos que permitam o suporte aquando do regresso a casa. E inquestionávelmente esse suporte deve ser assu‑ mido pelos profissionais de enfermagem, e em particular pelos enfermeiros especialistas em saúde materna e ob‑ stétrica, sendo que a investigação revela ser este um apoio fulcral para o desenvolvimento da segurança na assunção dos papéis parentais (Persson e Dykes, 2009). É possível que através do empoderamento tão precoce quanto possível os pais consigam lidar melhor com a transição para a parentali‑ dade e adaptarem‑se mais eficazmente, numa parentalidade autónoma e positiva. Assim, estes instrumentos poderão ser utilizados na prática para monitorizar a perceção de segurança dos pais. Há que referir que a versão paterna avalia a perspetiva do pai, e não só o seu papel de apoio à mulher, sendo que o envolvi‑ mento da figura paterna na gravidez e no nascimento, é hoje reclamado como um direito por parte do género masculino, e que tráz benficios óbvios para a unidade familiar (Persson, et al, 2012; Steen, et al, 2012). Pretendemos com este estudo traduzir e adaptar dois instrumentos que têm como objetivo a avaliação da perce‑ ção de segurança dos pais na primeira semana após o nasci‑ mento. No que se refere à estrutura conceptual que emergiu pela análise exploratória, a versão materna demonstrou al‑ guma mutabilidade. Numa primeira análise surgiu‑nos uma solução com 5 fatores, sendo que a dimensão bem‑estar apa‑ recia subdividida em duas. Ao forçarmos esse estudo a 4 fa‑ tores, encontramos uma estrutura que consideramos seme‑ lhante à versão original, mas com uma instabilidade no po‑ sicionamento do item 10 «Senti‑mo fisicamente bem», que apresentava uma saturação na dimensão «amamentação». Embora se possa compreender em termos conceptuais a sua integração nesta dimensão, dada a relevância do sucesso da amamentação para o bem‑estar, a retirada deste item desta subescala aumentava a sua consistência interna. Neste pres‑ suposto, e baseadas numa análise estatística resolvemos eli‑ minar esse item do presente estudo. Porém sugerimos que em futuros estudos no nosso país, esse item deva ser inte‑ grado. No que concerne à versão paterna, apesar de termos retido valores próprios inferiores a 1, a solução encontrada é sobreponível à versão dos autores (Persson, Fridlund e Dykes, 2007). Assumimos neste estudo, não fazer o teste ‑ reteste que é considerada uma medida que atesta a fiabilidade de um ins‑ trumento, dado que nos fornece os mesmos resultados ainda que aplicado duas vezes à mesma situação ou fenómeno, in‑ dependentemente das circunstâncias em que foi aplicado ou do investigador que o aplicou (Coutinho, 2011). A isto está subjacente a reprodutibilidade, que nem sempre na prática é possível de avaliar. Por exemplo, em situações de grande al‑ terabilidade, não se consegue precisar a estabilidade tempo‑ ral. Os resultados obtidos na primeira semana após o nasci‑ mento, no que se reporta à perceção de segurança, serão in‑ dubitavelmente diferentes se fizéssemos essa colheita na ter‑ REVISTA DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DOS ENFERMEIROS OBSTETRAS — N.º 14/2014 35 ceira ou quarta semana após o nascimento. Acresce a tudo isto a evidente «juventude» destes instru‑ mentos. Isto confrontou‑nos com a inexistência de estudos para além dos autores, que nos permitissem a comparabili‑ dade de resultados, nomeadamente as propriedades de psi‑ cometria. Os próprios autores continuam o seu processo de validação destes instrumentos (Persson, et al, 2012). Apesar disto, e por serem no âmbito da pesquisa efetuada os únicos instrumentos que avaliam individualmente cada elemento parental, e simultaneamente permitem monitorizar a quali‑ dade de cuidados prestados, a sua aplicabilidade na prática pode contribuir para ganhos em saúde. CONCLUSÃO A qualidade dos cuidados em saúde é hoje um repto colo‑ cado aos profissionais e um objetivo almejado por qualquer instituição de saúde. No que se refere à transição para a pa‑ rentalidade, os estudos têm vindo a reforçar a necessidade de se investir em cuidados que se revertam em maior satis‑ fação dos utentes, e potenciem o bem‑estar quer dos pais, quer da criança (Ellberg, Högberg e Lindh, 2010; Kvist e Per‑ sson 2009). Para além disso, a integração efetiva do pai num “mundo” tradicionalmente restrito à mulher, traz para além da igualdade de género um forte contributo para a constru‑ ção da afinidade familiar com os inerentes ganhos para a sua dinâmica. Assim, a pesquisa efetuada leva‑nos a constatar que até à data, os primeiros instrumentos que visam mo‑ nitorizar a perceção de segurança de ambos os pais, foram os aqui apresentados. Inquestionavelmente as implicações da utilização destes instrumentos nos contextos clínicos parecem‑nos óbvias. O conhecimento acerca da perceção de segurança dos pais na primeira semana após o nascimento permite o desenvolvimento de cuidados mais consentâneos com as necessidades parentais identificadas. Para além disso, como referem as próprias autoras (Persson, Fridlund e Dykes, 2007), estes instrumentos podem ser utilizados com variável de resultado comparando modelos de práticas de cuidados, e mesmo o tempo de permanência no serviço de puerpério. Porém, apesar dos dados da psicometria nos conduzir à acei‑ tação da usabilidade destes instrumentos, o facto de serem recentes, levam‑nos a inferir da necessidade de futuros estu‑ dos que validem ou refutem estes resultados. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Coutinho, Clara (2011). Metodologias de Investigação em Ciências So‑ ciais e Humanas ‑ Teoria e Prática. Coimbra : Edições Almedina, S.A. 36 Choi, P., Henshaw, C., Baker, S., & Tree, J. (2005). Supermum, superwife, supereverything: performing femininity in the transition to mother‑ hood. 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[consult.18 out.2012] dis‑ ponível em http://www.biomedcentral.com/1471‑2393/9/35 Martins, Cátia (2012) ‑ A segurança dos pais no pós‑parto: contributo para a adaptação do PPSS (Parent`s posnatal sense of security), numa população portuguesa. Tese de Mestrado em Enfermagem de Saúde Materna e Obstétrica apresentada na Escola Superior de Enfermagem do Porto, não publicada. McKellar, L., Pincombe, J., & Henderson, A. (2009). ‘Coming ready or not!’Preparing parents for parenthood. British Journal of Midwifery, 17(3), 160‑167. Melender, H. L., & Lauri, S. (2002). Experiences of security associated with pregnancy and childbirth: A study of pregnant women. International journal of nursing practice, 8(6), 289‑296. Moreira, João M. (2004). Questionário: Teoria e Prática. Coimbra : Livra‑ ria Almedina. Persson, E. K., & Dykes, A. K. (2002). Parents’ experience of early discharge from hospital after birth in Sweden. Midwifery, 18(1), 53‑60. Persson, E. K., & Dykes, A. K. (2009). 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Objetivos: Construir e validar a escala de conhecimentos do pai sobre a amamentação ECPA) e a escala da necessidade de conhecimentos do pai so‑ bre a amamentação (ENCPA). Método: Após revisão da literatura e entrevistas, construiu‑se as duas es‑ calas, compostas por 9 itens. Realizou‑se um estudo quantitativo, explorató‑ rio e descritivo, com uma amostra aleatória de 150 pais, sendo o estudo pre‑ viamente aprovado pela Comissão de Ética da instituição onde foi realizado. Resultados: As escalas apresentam boa consistência interna, e uma boa validade com valores de KMO de 0,880 e 0,864 e uma variância explicada de 71,85% e 72,72%, revelando uma boa fidelidade. Verificou‑se a existência de duas dimensões com os mesmos itens, as quais apresentam um Alpha de Cronbach de 0,834 e 0,917. Os pais consideram que a sua necessidade de conhecimento é superior ao conhecimento que possuem sobre a amamentação, revelando estarem recetivos ao aumento de conhecimento nesta área. Conclusão: Cada escala possui duas dimensões, revelando uma fideli‑ dade e validade interna. Possui muito boas características para ser utilizada em estudos que pretendam avaliar o conhecimento do pai na amamentação e/ou a necessidade de conhecimento do pai na amamentação. Palavras‑chave: escala, conhecimento, pai, amamentação, enfermagem obstétrica. ABSTRACT Background: The knowledge within breastfeeding is crucial for its practical and stabilization is an important factor for its maintenance. However there are no tools to evaluate and compare results, and to associate with other va‑ riables, in order to assess the contribution of knowledge from father to the implementation and maintenance of breastfeeding. Objectives: To construct and validate a scale of knowledge about the father ECPA) Breastfeeding and the scale of the need for knowledge about breastfeeding father (ENCPA). Methods: After a literature review and interviews, we constructed two scales, composed of 9 items. We conducted a quantitative, exploratory and descriptive study with a random sample of 150 parents, and the study was previously approved by the Ethics Committee of the institution where it was conducted. Results: The scales have good internal consistency and good validity with KMO values of 0.880 and 0.864 and an explained variance of 71.85% and 72.72%, showing a good fidelity. EESMO. Professor Coordenador da ESEnfC / Investigador da UICISA‑E (joaosfranco@gmail. com). 2 EESMO. Enfermeira na MBB‑CHUC ([email protected]). 1 Verified the existence of two dimensions with the same items, which have a Cronbach’s alpha of 0.834 and 0.917. Parents consider their need for knowledge is superior to their knowle‑ dge about breastfeeding, are revealing recetivos to increase knowledge in this area. Conclusion: Each scale has two dimensions, revealing a fidelity and in‑ ternal validity. It has very good characteristics for use in studies aiming to assess the knowledge of the father in breastfeeding and / or the need for knowledge of the father in breastfeeding. Keywords: scale, knowledge, father, nursing, obstetrical nursing. RESUMEN Antecedentes: El conocimiento dentro de la lactancia materna es crucial para su práctica y la estabilización es un factor importante para su manteni‑ miento. Sin embargo no existen herramientas para evaluar y comparar los resultados, y para asociarse con otras variables, con el fin de evaluar la con‑ tribución de los conocimientos de padres a la implementación y manteni‑ miento de la lactancia materna. Objetivos: Construir y validar una escala de conocimiento sobre el padre ECPA) La lactancia materna y la escala de la necesidad de conocimientos so‑ bre el padre lactancia (ENCPA). Métodos: Después de una revisión de la literatura y entrevistas, se cons‑ truyeron dos escalas, compuesto por 9 artículos. Se realizó un estudio cuan‑ titativo, exploratorio y descriptivo, con una muestra aleatoria de 150 padres, y el estudio fue aprobado previamente por el Comité de Ética de la institu‑ ción donde se llevó a cabo. Resultados: Las escalas tienen buena consistencia interna y buena vali‑ dez con valores KMO de 0,880 y 0,864 y una varianza explicada de 71,85% y 72,72%, mostrando una buena fidelidad. Verificada la existencia de dos dimensiones con los mismos elementos, que tienen un alfa de Cronbach de 0,834 y 0,917. Los padres consideran que su necesidad de conocimiento es superior a sus conocimientos sobre la lactancia materna, están revelando recetivos para aumentar el conocimiento en esta área. Conclusión: Cada escala tiene dos dimensiones, revelando una fidelidad y validez interna. Tiene muy buenas características para su uso en estudios dirigidos a evaluar el conocimiento del padre en la lactancia materna y / o la necesidad de conocimiento del padre en la lactancia materna. Palabras clave: escala, conocimiento, padre, enfermería, matrona. INTRODUÇÃO O homem contemporâneo imagina‑se como pai bastante presente, carinhoso e atencioso. Como consequência, teria um bom relacionamento com o seu filho, educando‑o e ser‑ vindo de exemplo (Levy, 2002). Sabe‑se que um sentimen‑ to positivo sobre a amamentação leva o pai a exercer maior influência sobre a decisão da mulher em amamentar e em manter a amamentação por mais tempo. No entanto, apesar do pai demonstrar interesse e disposi‑ ção em ajudar a mulher durante o período da amamentação, REVISTA DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DOS ENFERMEIROS OBSTETRAS — N.º 14/2014 37 a falta de conhecimento sobre aspetos práticos da amamen‑ tação pode levá‑lo a influenciar a mulher para o uso de subs‑ titutos do leite materno, por esta aparentar ser a opção mais fácil quando surgem dificuldades, levando ao abandono pre‑ coce da amamentação (Ibidem). QUADRO TEÓRICO No estudo de Goodman (2005) a amamentação foi identi‑ ficada como uma fonte significativa de frustração. Alguns pais (homens) cujos filhos eram amamentados não estavam preparados para isso e ficaram surpreendidos com o efeito da amamentação nas suas vidas e nas relações com os seus filhos, mas, alguns pais falam com satisfação do início do en‑ volvimento deles nesse período da amamentação e de como desenvolveram os seus próprios caminhos para criarem laços com o bebé. Eles tocavam muito no bebé, cantavam, brinca‑ vam com ele, e assim foram desenvolvendo intimidade com os seus filhos. A falta de conhecimentos do pai e conceitos errados acerca da amamentação, podem ser um obstáculo à sua pre‑ valência. Algumas atitudes paternas contrárias à amamenta‑ ção podem ser desencadeadas durante a gravidez e durante o período da amamentação, como o ciúme decorrente da maior proximidade física e emocional entre a mãe e o filho e, o facto de o pai não poder participar diretamente na alimen‑ tação da criança (Ibidem). Neste sentido a avaliação dos conhecimentos do pai, bem como da sua necessidade de conhecimentos, podem deter‑ minar a sua expetativa face à amamentação e planear inter‑ venções mais focalizadas. Contudo não existem instrumen‑ tos capazes de avaliar e comparar resultados nestas duas áreas. De acordo com o exposto definiu‑se como objetivos: construir e validar a escala de conhecimentos do pai sobre a amamentação (ECPA) e construir e validar a escala da neces‑ sidade de conhecimentos do pai sobre a amamentação (EN‑ CPA). Relativamente aos conhecimentos do pai sobre amamen‑ tação, verifica‑se que no Dicionário da Língua Portuguesa (2010, p. 402) que conhecimento é definido como “faculdade de conhecer; domínio teórico e/ou prático de determinada área”, e conhecer significa “ter ideia ou noção de algo”. Deste modo conhecimento do pai sobre amamentação considera ‑se, para o atual estudo, a informação de que o pai é deten‑ tor, acerca da amamentação. Quanto à necessidade de conhecimentos do pai sobre amamentação, no Dicionário da Língua Portuguesa (2010, p. 602) “necessidade” é definida como “falta, carência…”. Deste modo, e considerando a definição de conhecimento pelo Di‑ cionário de Língua Portuguesa, necessidade de conhecimen‑ tos do pai sobre amamentação considera‑se, para o atual es‑ tudo, a falta de informação de que o pai é detentor acerca da amamentação. METODOLOGIA Foi inicialmente realizado um estudo qualitativo, tendo por 38 base a análise de entrevistas realizadas a pais, mães e enfer‑ meiros, bem como revisão bibliografia, que permitiu selecio‑ nar 9 itens, os quais integram a escala de conhecimentos do pai sobre amamentação (ECPA) e a escala de necessidade de conhecimento do pai sobre amamentação (ENCPA). Na ECPA procura‑se avaliar o nível de conhecimento do pai, e na ENCPA procura‑se avaliar a necessidade de conheci‑ mento do pai, relativamente a cada item através de uma es‑ cala ordinal de 1 a 5, correspondendo 1 a muito baixo, 2 a baixo, 3 a médio, 4 a alto e 5 a muito alto. A partir deste estudo realizou‑se um estudo quantitativo, do tipo exploratório‑descritivo, com uma amostra não pro‑ babilística, constituída por 150 pais (homens), selecionados aleatoriamente num internamento de puerpério, que aceita‑ ram participar no estudo, com os seguintes critérios de inclu‑ são: filhos recém‑nascidos com mais de 48 horas de vida; sa‑ ber ler e escrever. Foi utilizado o questionário para colheita de dados, o qual era composto pela caracterização da amostra, a ECPA e a EN‑ CPA. Obteve‑se autorização da Comissão de Ética da institui‑ ção e foi informado cada pai do tema e objetivos do estudo, bem como solicitada a sua colaboração na participação atra‑ vés do preenchimento de um consentimento informado. Os dados foram trabalhados pelos autores com recurso ao SPSS 20.0. RESULTADOS A idade dos pais estava compreendida entre 19 e os 52 anos, existindo uma maior frequência relativa no grupo etário compreendido entre os 31 e os 36 anos (48,7%), seguido do grupo etário entre os 25 e os 30 anos (20,7%). A média de idades é 32,57 anos, com um desvio padrão de 5,841, sendo a moda de 33 e a mediana 33,0 anos. A maioria dos pais (60,7%) não tinha filhos anteriores e 39,3% dos pais tinha filhos anteriores. No que respeita ao es‑ tado civil, 69,3% estavam casados, 16,0% era solteiros, 11,3% viviam em união de facto e 3,3% estavam separados ou di‑ vorciados. DESCRIÇÃO DA ECPA E DA ENCPA Quanto à ECPA, verifica‑se que relativamente às vantagens da amamentação para a mãe 38,0% dos pais situa‑se no ní‑ vel 4, 22,7% no nível 5, 20,7% no nível 3, 16,0% no nível 2 e 2,7% situa‑se no nível 1 de conhecimento, a média é 3,62, o desvio padrão 1,085, a moda é 4 e a mediana é 4,0. Quanto ao conhecimento sobre as vantagens da amamentação para o bebé, 34,7% dos pais situa‑se no nível 5 de conhecimento, 33,3% no nível 4, 18,0% no nível 3, 12,0% no nível 2 e 2,0% no nível 1, a média é 3,87, o desvio padrão 1,085, a moda 4 e a mediana 4,0. Quanto ao conhecimento sobre as vantagens a nível económico, 38,0% dos pais inquiridos situa‑se no nível 5 de conhecimento, 32,7% no nível 4, 16,0% no nível 3, 10,7% no nível 2 e 2,7% no nível 1, a média é 3,93, o desvio padrão 1,100, a moda é 5 e a mediana 4,0. Acerca do conhecimen‑ to sobre as vantagens da amamentação para o ambiente, REVISTA DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DOS ENFERMEIROS OBSTETRAS — N.º 14/2014 verifica‑se que 29,3% dos pais inquiridos situa‑se no nível 4 de conhecimento, 25,3% situa‑se o nível 3, 24,0% no nível 5, 15,3% no nível 2 e 6,0% no nível 1, a média é 3,50, o desvio padrão 1,186, a moda 4 e a mediana 4,0. Relativamente ao conhecimento sobre as características do leite materno 26,7% dos pais situa‑se no nível 5 de conhecimento, 24,0% no nível 3, 22,0% no nível 4, 18,7% no nível 2 e 8,7% no nível 1, a média é 3,39, o desvio padrão 1,295, a moda 5 e a mediana 3,0. Quanto ao conhecimento sobre a posição da mãe e do bebé durante a amamentação, 30,7% dos pais in‑ o seu 33,3% conhecimento 3, 28,0% situa nono sequiridos no nível 5 desitua conhecimento, no nível 4, 18,0%no no nível nível 3, 12,0% no nível 2 e 2,0% nível 1, a média é 3,87, ono desvio padrão a moda e a mediana 4,0. Quanto conhecimento nível 4, 18,0% nível 2, 1,085, 13,3% no 4nível 5 e 10,0% noaonível 1, a sobre as vantagens económico, 38,0% dos pais a inquiridos no nível 5 de média é 3,17,aonível desvio padrão é 1,172, modasitua-se 3 e a mediana conhecimento, 32,7% no nível 4, 16,0% no nível 3, 10,7% no nível 2 e 2,7% no nível 1, a média é 3,0. Acerca do conhecimento sobre a fisiologia da lactação, 3,93, o desvio padrão 1,100, a moda é 5 e a mediana 4,0. Acerca do conhecimento sobre as 32,0%dados pais inquiridos situa o seu nositua-se nívelno vantagens amamentação para o ambiente, verifica-se queconhecimento 29,3% dos pais inquiridos nível de conhecimento, 25,3% situa-se ono nívelnível 3, 24,0% nível 5, no 15,3% no nível 6,0% no 3, 426,0% no nível 2, 20,0% 1,no12,7% nível 4 2ee9,3% nível 1, a média é 3,50, o desvio padrão 1,186, a moda 4 e a mediana 4,0. Relativamente ao situa no nível 5, a média é 2,65, o desvio padrão é 1,204, a conhecimento sobre as características do leite materno 26,7% dos pais situa-se no nível 5 de moda 3 e a mediana 3,0. Relativamente ao conhecimento conhecimento, 24,0% no nível 3, 22,0% no nível 4, 18,7% no nível 2 e 8,7% no nível 1, a média é sobre ospadrão direitos mãe e3,0.do pai aodurante a amamen‑ 3,39, o desvio 1,295, legais a moda 5 da e a mediana Quanto conhecimento sobre a posição datação, mãe e do 28,0% bebé durante a amamentação, 30,7% dos pais inquiridos o seu conhecimento no dos pais situa ‑se no nível 3 desituaconhecimento, nível 3, 28,0% situa no nível 4, 18,0% no nível 2, 13,3% no nível 5 e 10,0% no nível 1, a média é 24,7% no nível 4, 22,0% no nível 2, 13,3% no nível 1 e 12,0% 3,17, o desvio padrão é 1,172, a moda 3 e a mediana 3,0. Acerca do conhecimento sobre a fisiologia situa‑se no nível 5 de conhecimento, a média é 3,00, o desvio da lactação, 32,0% dos pais inquiridos situa o seu conhecimento no nível 3, 26,0% no nível 2, 20,0% é 1,221, e nível a mediana dosé pro‑ nopadrão nível 1, 12,7% no nível 4ae moda 9,3% situa3no 5, a média é 3,0. 2,65, oAcerca desvio padrão 1,204, a moda 3 e a mediana Relativamente ao conhecimento sobre os direitos legais da mãe pais e do pai blemas que 3,0. podem surgir na amamentação, 28,7% dos durante a amamentação, 28,0% dos pais situa-se no nível 3 de conhecimento, 24,7% no nível 4, inquiridos situa o seu conhecimento no nível 2, 26,7% no ní‑ 22,0% no nível 2, 13,3% no nível 1 e 12,0% situa-se no nível 5 de conhecimento, a média é 3,00, o vel 3, 23,3% no nível 1, 14,7% no nível 4 e 6,7% situa‑se no desvio padrão é 1,221, a moda 3 e a mediana 3,0. Acerca dos problemas que podem surgir na nível 5, a28,7% média é 2,53, o desvio padrão é 1,191, e a3, amamentação, dos pais inquiridos situa o seu conhecimento no nívela2,moda 26,7% no2nível 23,3% no nível 1,2,0 14,7% no nível 4 e 6,7% situa-se no nível 5, a média é 2,53, o desvio padrão é mediana (Quadro1). 1,191, a moda 2 e a mediana 2,0 (Quadro1). Quadro 1 - Distribuição das respostas dos pais à ECPA Quadro 1 ‑ Distribuição das respostas dos pais à ECPA Escala do conhecimento do pai sobre amamentação (ECPA) Vantagens da amamentação para a mãe. Vantagens da amamentação para o bebé. Vantagens da amamentação a nível económico Vantagens da amamentação para o ambiente Características do leite materno Posição da mãe e do bebé na amamentação Fisiologia da lactação Direitos legais da mãe e do pai durante a amamentação Problemas que podem surgir na amamentação Nível de conhecimento % X Sd Mo Md 1 2 3 4 5 2,7 16,0 20,7 38,0 22,7 3,62 1,085 4 4,0 2,0 12,0 18,0 33,3 34,7 3,87 1,085 5 4,0 2,7 10,7 16,0 32,7 38,0 3,93 1,100 5 4,0 6,0 15,3 25,3 29,3 24,0 3,50 1,186 4 4,0 8,7 18,7 24,0 22,0 26,7 3,39 1,295 5 3,0 10,0 18,0 30,7 28,0 13,3 3,17 1,172 3 3,0 20,0 26,0 32,0 12,7 9,3 2,65 1,204 3 3,0 13,3 22,0 28,0 24,7 12,0 3,00 1,221 3 3,0 23,3 28,7 26,7 14,7 6,7 2,53 1,191 2 2,0 No que respeita à ENCPA, relativamente às vantagens da amamentação para a mãe, 38,7% dos pais inquiridos situa ‑se no nível 5, 30,7% no nível 4, 16,7% no nível 3, 10,0% no nível 2 e 4,0% situa‑se no nível 1, a média é 3,90, o desvio padrão 1,145, a moda é 5 e a mediana 4,0. Relativamente às vantagens da amamentação para o bebé, 37,3% dos pais situa‑se no nível 5, 28,7% no nível 4, 18,0% no nível 3, 11,3% no nível 2 e 4,7% situa‑se no nível 1, a média é 3,83, o des‑ vio padrão 1,186, a moda 5 e a mediana 4,0. Quanto às van‑ tagens da amamentação a nível económico, 37,3% dos pais inquiridos situa‑se no nível 5, 25,3% no nível 4, 17,3% no ní‑ vel 3, 13,3% no nível 2 e 6,7% situa‑a no nível 1, a média é de 3,73, o desvio padrão é de 1,273, a moda é 5 e a mediana é 4,0. Relativamente às vantagens da amamentação para o ambiente, 36,7% dos pais situa‑se no nível 4, 31,3% no nível 5, 19,3% no nível 3, 8,7% no nível 2 e 4,0% situa‑a no nível 1, a média é 3,83, o desvio padrão 1,091, a moda 4 e a me‑ diana 4,0. Quanto às características do leite materno, 50,7% dos pais situa‑se no nível 5, 21,3% no nível 4, 8,7% no nível 3, 7,3% no nível 2 e 2,0% situa‑se no nível 1 de necessidade No que respeita à ENCPA, relativamente às vantagens da amamentação para a mãe, 38,7% dos de conhecimento, a média é 4,11, o desvio padrão é 1,078, a pais inquiridos situa-se no nível 5, 30,7% no nível 4, 16,7% no nível 3, 10,0% no nível 2 e 4,0% moda 5 e a mediana 5,0. Acerca da posição da mãe e do bebé situa-se no nível 1, a média é 3,90, o desvio padrão 1,145, a moda é 5 e a mediana 4,0. na amamentação, 48,0% dos pais situa ‑se nononível Relativamente às vantagens da amamentação para oinquiridos bebé, 37,3% dos pais situa-se nível 5, 28,7% no nível no 4, 18,0% no nível 3, 11,3% no 2 e 4,7% situa-se no 1, a média 3,83, o 5, 24,0% nível 4, 19,3% nonível nível 3, 6,7% nonível nível 2 e é2,0% desvio padrão 1,186, a moda 5 e a mediana 4,0. Quanto às vantagens da amamentação a nível no nível 1, a média é 4,09, o desvio padrão 1,058, a moda 5 económico, 37,3% dos pais inquiridos situa-se no nível 5, 25,3% no nível 4, 17,3% no nível 3, 13,3% e nível a mediana 4,0. fisiologia daélactação, 45,3% no 2 e 6,7% situa-a no Relativamente nível 1, a média é de 3,73, o desvio padrão de 1,273, a moda é5ea mediana é 4,0. Relativamente às‑se vantagens da amamentação para no o ambiente, dos pais dos inquiridos situa no nível 5, 28,7% nível 36,7% 4, 16,0% situa-se no nível 4, 31,3% no nível 5, 19,3% no nível 3, 8,7% no nível 2 e 4,0% situa-a no nível 1, a no nível 3, 7,3% no nível 2 e 2,7% no nível 1, a média é 4,07, média é 3,83, o desvio padrão 1,091, a moda 4 e a mediana 4,0. Quanto às características do leite o desvio padrão é 1,072, a moda 5 e a mediana 4,0. Acerca materno, 50,7% dos pais situa-se no nível 5, 21,3% no nível 4, 8,7% no nível 3, 7,3% no nível 2 e dossitua-se direitos da mãe e do pai durante a oamamentação 2,0% no nívellegais 1 de necessidade de conhecimento, a média é 4,11, desvio padrão é 1,078, a40,7% moda 5 e dos a mediana 5,0. Acerca da posição da mãe e do bebé na amamentação, dos pais pais inquiridos situa‑se no nível 5, 32,0%48,0% no nível inquiridos situa-se no nível 5, 24,0% no nível 4, 19,3% no nível 3, 6,7% no nível 2 e 2,0% no nível 4, 18,7% no nível 3, 6,7% no nível 2 e 2,0% situa no nível 1, a 1, a média é 4,09, o desvio padrão 1,058, a moda 5 e a mediana 4,0. Relativamente fisiologia da média45,3% é 4,03, o desvio 1,023, a moda 5 nível e a 3,mediana lactação, dos inquiridos situa-sepadrão no nível 5, 28,7% no nível 4, 16,0% no 7,3% no nível 24,0. e 2,7% no nível 1, a média éaos 4,07, problemas o desvio padrão éque 1,072,podem a moda 5 esurgir a mediana 4,0. Acerca Relativamente durante dos direitos legais da mãe e do pai durante a amamentação 40,7% dos pais inquiridos situa-se no na amamentação, 48,7% dos pais situa‑se no nível 5, 33,3% nível 5, 32,0% no nível 4, 18,7% no nível 3, 6,7% no nível 2 e 2,0% situa no nível 1, a média é 4,03, no nível 4, 10,0% no nível 3, 5,3% no nível 2 e 2,7% situa no ní‑ o desvio padrão 1,023, a moda 5 e a mediana 4,0. Relativamente aos problemas que podem surgir vel 1nadeamamentação, necessidade depais conhecimento, a média durante 48,7% dos situa-se no nível 5, 33,3% no nívelé4,4,20, 10,0% o no des‑ nível 3, 5,3% e 2,7% situa no nível 5 1 de de conhecimento, a média vionoé nível de 21,003, a moda e necessidade a mediana 4,0 (Quadro 2).é 4,20, o desvio é de 1,003, a moda 5 e a mediana 4,0 (Quadro 2). Quadro 2- Distribuição das respostas dos pais à ENCPA Quadro 2‑ Distribuição das respostas dos pais à ENCPA Escala da necessidade de conhecimento do pai sobre amamentação (ENCPA) Vantagens da amamentação para a mãe. Vantagens da amamentação para o bebé. Vantagens da amamentação a nível económico Vantagens da amamentação para o ambiente Características do leite materno Posição da mãe e do bebé na amamentação Fisiologia da lactação Direitos legais da mãe e do pai durante a amamentação Problemas que podem surgir na amamentação Necessidade de conhecimento % M X Sd o 3 4 5 16,7 30,7 38,73,90 1,145 5 18,0 28,7 37,3 3,83 1,186 5 17,3 25,3 37,3 3,73 1,273 5 19,3 36,7 31,3 3,83 1,091 4 8,7 21,3 50,7 4,11 1,078 5 19,3 24,0 48,0 4,09 1,058 5 16,0 28,7 45,3 4,07 1,072 5 1 2 4,0 10,0 4,7 11,3 6,7 13,3 4,0 8,7 2,0 7,3 2,0 6,7 2,7 7,3 Md 4,0 4,0 4,0 4,0 5,0 4,0 4,0 2,0 6,7 18,7 32,0 40,7 4,03 1,023 5 4,0 2,7 5,3 10,0 33,3 48,7 4,20 1,003 5 4,0 Fidelidade das escalas Fidelidade das escalas Verificou‑se a relação de cada item com o total da escala para avaliar se era necessário excluir algum dos 9 itens (qua‑ dro 3). Decidiu‑se manter os 9 itens da escala, por os valores de correlação de cada item com o total da escala ser superior a 0,300, exceto no item 8 da ECPA. Contudo decidiu‑se não excluir este item, por se considerar importante na avaliação do conhecimento. O valor do Alpha de Cronbach foi de 0,915 e 0,914, respeti‑ vamente na ECPA e ENCPA, os quais, segundo Pestana e Ga‑ geiro (2000), indicam que estamos perante uma escala com boa fiabilidade. REVISTA DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DOS ENFERMEIROS OBSTETRAS — N.º 14/2014 39 algum dos 9 itens (quadro 3). Decidiu-se manter os 9 itens da escala, por os valores de correlação de cada item com o total da escala ser superior a 0,300, exceto no item 8 da ECPA. Contudo decidiuse não excluir este item, por se considerar importante na avaliação do conhecimento. O valor do Alpha de Cronbach foi de 0,915 e 0,914, respetivamente na ECPA e ENCPA, os quais, segundo Pestana e Gageiro (2000), indicam que estamos perante uma escala com boa fiabilidade. Verificou-se a relação de cada item o total da escala para avaliar se era necessário excluir Quadro 3 -com Relação dos itens da ECPA e ENCPA. Quadro 3 ‑ Relação dosositens da ECPA e ENCPA. algum dos 9 itens (quadro 3). Decidiu-se manter 9 itens da escala, por os valores de correlação de cada item com o total da escala ser superior a 0,300, exceto no ECPA item 8 da ECPA.ENCPA Contudo decidiur item do Aαconhecimento. se r item Aα se se não excluir este item, por seITEM considerar importante na avaliação com o item com o item O valor do Alpha de Cronbach foi de 0,915 e 0,914, respetivamente na ECPAtotal e ENCPA, os quais, total eliminado eliminado 1 -Pestana Vantagense da amamentação a mãe;que estamos perante ,795 uma ,900 ,899 segundo Gageiro (2000),para indicam escala,782 com boa fiabilidade. 2 - Vantagens da amamentação para o bebé; ,776 ,901 ,807 ,897 Quadro 3 -aRelação dos itens da ECPA e ENCPA. 3 - Vantagens da amamentação nível económico; ,715 ,905 ,692 ,906 4 - Vantagens da amamentação para o ambiente; ,662 ,909 ,769 ,900 5 - Características do leite materno; ,732 ,904 ,730 ,903 6 - Posição da mãe e do bebé na amamentação; ,704 ,906 ,708 ,904 ECPA ENCPA 7 - Fisiologia da lactação; ,745 ,903 ,642 ,909 8 - Direitos Legais da mãe e do pai durante a amamentação ,547 ,915 Aα se r item ,917 Aα se,534 r item ITEM 9 - Problemas que podem surgir na Amamentação. ,687 com o ,907item ,653com ,908 o item Alpha de Cronbach 0,915 0,914 total eliminado total eliminado 1 - Vantagens da amamentação para a mãe; ,795 ,900 ,782 ,899 De seguida recorreu-se à análise fatorial de modo a verificar a existência de fatores. Para validar a 2 - Vantagens da amamentação para o bebé; ,776 de ,901 ,807 ,897 De seguida recorreu ‑ se à análise fatorial modo a verifi‑ utilização análise fatorial apara estas variáveis realizaram-se ,715 os testes de Kaiser-Meyer-Olkin 3 - Vantagens dada amamentação nível económico; ,905 ,692 ,906 (KMO) o teste de esfericidade deoBartlett. Estes testes apresentam valores,909 de 0,880 de 0,864, ,900 car a eda existência depara fatores. Para validar a,662 utilização dae,769 análise 4 - Vantagens amamentação ambiente; 5 - Características do leite ,904um valor respetivamente para materno; a ECPA e ENCPA, o que é normalmente,732 aceite como elevado ,903 fatorial para estas variáveis realizaram‑se,704 os testes de,730 Kaiser 6 - Posição da mãe e do bebé amamentação; ,906 validou-se ,708 o uso ,904 (Pestana e Gageiro, 2000).na Como o teste de esfericidade de Bartlett foi recusado, 7 - Fisiologia da lactação; ,745 ,903Bartlett. ,642 Es‑,909 ‑Meyer ‑fatorial. Olkin (KMO) e o teste de esfericidade de da análise 8 - Direitos Legais da mãe e do pai durante a amamentação ,547 ,917 ,534 ,915 Para testes selecionar o número de fatores avalores reter, utilizou-se o0,880 critério deeKaiser, tendo sido respeti‑ retidos dois tes apresentam de de 0,864, 9 - Problemas que podem surgir na Amamentação. ,687 ,907 ,653 ,908 fatores que explicam, no seu conjunto 71,850% (ECPA) e 72,715% (ENCPA), da variância total Cronbach 0,915 0,914 vamente Alpha para de a ECPA e ENCPA, o que é normalmente aceite (quadro 4), o que é muito aceitável neste tipo de análise (ibidem). como um valor elevado (Pestana e Gageiro, 2000). Como o teste de esfericidade devariáveis Bartlett foi recusado, ‑se o utilização da análise fatorial para estas realizaram-se os testesvalidou de Kaiser-Meyer-Olkin Extração da Soma dos Rotação da Soma dos Loadings uso da análise fatorial. (KMO) e o teste de esfericidadeLoadings de Bartlett. Estes testes apresentam valores de 0,880 e de 0,864, Quadrados Quadrados Escala Item da % %número Cumulativa Total Parapara selecionar fatores a% reter, utilizou ‑se oelevado respetivamente a ECPA e o ENCPA, o quede é normalmente aceite como um valor Variância Cumulativa 1 Como o teste 60,443 3,644de Bartlett 40,488foi recusado, 40,488validou-se o uso (Pestana e Gageiro, 2000). de esfericidade critérioECPA de Kaiser, tendo sido retidos fatores71,850 que expli‑ 2 11,407 2,823 dois 31,362 1 59,739 3,752 41,691 41,691 da análise fatorial. ENCPA cam, no seu conjunto 71,850% (ECPA) e 72,715% (ENCPA), da 2 72,715 2,792 31,024 72,715 Para selecionar o número de fatores a reter, utilizou-se o critério de Kaiser, tendo sido retidos dois variância total (quadro 4), o que é muito aceitável neste tipo fatores que explicam, no seu conjunto 71,850% (ECPA) e 72,715% (ENCPA), da variância total de análise (ibidem). (quadro 4), o que é muito aceitável neste tipo de análise (ibidem). Quadro 4 - Variância explicada e fatores a reter após rotação da ECPA e ENCPA. De seguida recorreu-se à análise fatorial de modo a verificar a existência de fatores. Para validar a Quadro 4 - Variância explicada e fatores a reter após rotação da ECPA e ENCPA. Quadro 4 ‑ Variância explicada e fatores a reter após rotação da ECPA e ENCPA. Escala ECPA ENCPA Item Extração da Soma dos Loadings Quadrados % Cumulativa 1 2 1 2 60,443 11,407 59,739 72,715 Rotação da Soma dos Loadings Quadrados % da % Total Variância Cumulativa 3,644 40,488 40,488 2,823 31,362 71,850 3,752 41,691 41,691 2,792 31,024 72,715 Realizou‑se a rotação Varimax, para cada uma das esca‑ las, tendo‑se encontrado duas componentes que explicam o fenómeno em estudo, em cada escala, como é possível verificar‑se no quadro 5. Note‑se que foram encontrados os mesmos itens,Varimax, nos mesmos fatores emescalas, cada uma dasencontrado escalas,duas Realizou-se a rotação para cada uma das tendo-se o que permitirá componentes que explicam comparar o fenómeno emresultados. estudo, em cada escala, como é possível verificar-se no quadro Note-sede queCronbach foram encontrados nos mesmos em cada O5.Alpha paraos amesmos ECPAitens, é 0,903 parafatores o fator 1 euma das escalas, o que permitirá comparar resultados. 0,848 para o fator 2. Para a ENCPA de 0,916 para o fator 1 e O Alpha de Cronbach para a ECPA é 0,903 para o fator 1 e 0,848 para o fator 2. Para a ENCPA de 0,838para o fator 2. 0,916 para o fator 1 e 0,838para o fator 2. Quadro 5 - Determinação fatorial da ECPA e da ENCPA. Quadro 5 ‑ Determinação fatorial da ECPA e da ENCPA. Item 1.Vantagens da amamentação para a mãe 2.Vantagens da amamentação para o bebé 3.Vantagens da amamentação a nível económico 4.Vantagens da amamentação para o ambiente 5.Características do leite materno 6.Posição da mãe e do bebé na amamentação 7.Fisiologia da lactação 8.Direitos Legais da mãe e do pai durante a amamentação 9.Problemas que podem surgir na Amamentação Alpha de Cronbach ECPA Fator 1 Fator 2 ,824 ,888 ,847 ,665 ,744 ,682 ,750 ,763 0,903 ,850 0,848 ENCPA Fator Fator 1 2 ,802 ,875 ,871 ,824 ,695 ,622 ,813 ,773 0,916 ,826 0,838 De acordo com o conteúdo dos itens que integram os fatores, denominam-se: fator 1 - funções da De acordo com o conteúdo dos itens que integram os fa‑ tores, denominam‑se: fator 1 ‑ funções da amamentação De acordo com estas dimensões, a média dos conhecimentos sobre as funções da amamentação (Item 1, 2, 3, 4 e 5); fator 2 ‑ anatomofisiologia da amamenta‑ é 18,31, o desvio padrão é 4,894, a moda 25 e a mediana 19,0 e nos conhecimentos sobre a amamentação (Item 1, 2, 3, 4 e 5); fator 2 - anatomofisiologia da amamentação (Item 6, 7, 8 e 9). ção (Item 6, 7, 8 e 9). De acordo com estas dimensões, a mé‑ dia dos conhecimentos sobre as funções da amamentação é 18,31, o desvio padrão é 4,894, a moda 25 e a mediana 19,0 e nos conhecimentos sobre a anatomofisiologia da amamen‑ tação a média é 11,35, o desvio padrão 3,969, a moda 8 e a mediana 12,0. No global a média é 29,65, o desvio padrão 8,152, a moda 36 e a mediana 30,0 (Quadro 7). A média da necessidade de conhecimento sobre as fun‑ ções da amamentação é 19,40, o desvio padrão 5,007, a moda 25 e a mediana 20,0 e na necessidade de conhecimento so‑ bre a anatomofisiologia da amamentação a média é 16,38, o desvio padrão 3,409, a moda 20 e a mediana 16,5. No global a média é 35,78, o desvio padrão 7,670, a moda 45 e a me‑ diana 37,0. Quadro 6 ‑ Distribuição dos resultados por dimensão da ECPA e ENCPA Escalas ECPA ENCPA Dimensões Conhecimento sobre as funções da amamentação Conhecimento sobre a anatomofisiologia da amamentação GLOBAL Necessidade de conhecimento sobre as funções da amamentação Necessidade de conhecimento sobre a anatomofisiologia da amamentação GLOBAL Mín Max X Sd Mo Md 5,0 25,0 18,31 4,894 25 19,0 4,0 20,0 11,35 3,969 8 12,0 9,0 45,0 29,65 8,152 36 30,0 5,0 25,0 19,40 5,007 25 20,0 7,0 20,0 16,38 3,409 20 16,5 15,0 45,0 35,78 7,670 45 37,0 DISCUSSÃO No que se refere ao conhecimento do pai sobre amamenta‑ DISCUSSÃO e refere à necessidade de doe àpai sobre de amamen‑ Noção que se ao conhecimento do conhecimento pai sobre amamentação necessidade conhecimento dotação, pai sobre amamentação, escalas avaliam cadauma uma destas variáveis o que constituía um dos as escalasasavaliam cada destas variáveis o que objetivos delineados, que foi concretizado pela ECPA e na ENCPA, constituídas pelos mesmo constituía um dos objetivos delineados, que foi concretizado 9 itens, com duas dimensões. Callahan et al, (2006) referem que o sucesso da amamentação parece pela ECPA e na ENCPA, constituídas pelos mesmo 9 itens, com estar dependente de vários fatores, sendo que um deles é o apoio dado pelo companheiro, e sem duas Callahan et al, que o será sucesso dúvida quedimensões. um pai motivado e conhecedor das(2006) vantagensreferem da amamentação, um pilar fundamental no apoio à mulher que amamenta. ainda,de quevários o melhor fatores, período para da amamentação parece estarAcrescenta-se dependente inserir o pai no processo de amamentação deve ser nas consultas, durante o período pré-natal, sendo que um deles é o apoio dado pelo companheiro, e sem onde o casal pode ser esclarecido acerca de questões relativas à amamentação. Desta forma o dúvida que um pai motivado e conhecedor das vantagens da homem passaria a compreender os benefícios do leite materno, dispondo-se então a apoiar a amamentação, será um pilar fundamental no apoio à mulher mulher, dando suporte emocional e ajuda para superar as dificuldades que possam vir a surgir durante período em que amamente (American 2002). queoamamenta. Acrescenta ‑seAcademy ainda,of Pediatrics, que o melhor período Relativamente ao conhecimento sobre amamentação, avaliado pela ECPA, verifica-se que em para inserir o pai no processo de amamentação deve ser nas média, para cada item do conhecimento sobre amamentação, os pais inquiridos situam-se entre o consultas, durante o período pré‑natal, onde o casal pode nível 2 e 4, sendo os itens em que os quais referem ter conhecimentos mais elevados: vantagens esclarecido de(média questões à amamentação. daser amamentação a nívelacerca económico de 3,93);relativas conhecimento sobre as vantagens da amamentação para oobebé (média de 3,87). Os itens sobre os quais referem ter um nível de Desta forma homem passaria a compreender os benefícios conhecimento mais baixo é: problemas que podem surgir na amamentação (média de 2,53); do leite materno, dispondo‑se então a apoiar a mulher, dan‑ fisiologia da lactação (média de 2,65). do suporte emocional e ajuda para superar as dificuldades Relativamente à necessidade de conhecimento do pai sobre amamentação, verifica-se que os pais a surgir o período em que emque médiapossam situam paravir todos os itens adurante sua necessidade de conhecimento entreamamente o nível 3 e 4, para alguns itens ultrapassam a média of de 4, sendo nestes itens onde sentem uma maior necessidade (American Academy Pediatrics, 2002). de conhecimento. O item em que os pais referem ter maior necessidade de conhecimento é: Relativamente ao conhecimento sobre amamentação, problemas que podem surgir na amamentação (média de 4,20); características do leite materno avaliado pela ECPA, verifica‑se que em média, para cada item do conhecimento sobre amamentação, os pais inquiri‑ dos situam‑se entre o nível 2 e 4, sendo os itens em que os quais referem ter conhecimentos mais elevados: vantagens da amamentação a nível económico (média de 3,93); conhe‑ cimento sobre as vantagens da amamentação para o bebé (média de 3,87). Os itens sobre os quais referem ter um nível de conhecimento mais baixo é: problemas que podem surgir na amamentação (média de 2,53); fisiologia da lactação (mé‑ dia de 2,65). anatomofisiologia da amamentação a média é 11,35, o desvio padrão 3,969, a moda 8 e a mediana 12,0. No global a média é 29,65, o desvio padrão 8,152, a moda 36 e a mediana 30,0 (Quadro 7). A média da necessidade de conhecimento sobre as funções da amamentação é 19,40, o desvio 40 padrão 5,007, a moda REVISTA 25 e a mediana 20,0 e na necessidade de conhecimento sobre a DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DOS ENFERMEIROS anatomofisiologia da amamentação a média é 16,38, o desvio padrão 3,409, a moda 20 e a mediana 16,5. No global a média é 35,78, o desvio padrão 7,670, a moda 45 e a mediana 37,0. OBSTETRAS — N.º 14/2014 Relativamente à necessidade de conhecimento do pai so‑ bre amamentação, verifica‑se que os pais em média situam para todos os itens a sua necessidade de conhecimento en‑ tre o nível 3 e 4, para alguns itens ultrapassam a média de 4, sendo nestes itens onde sentem uma maior necessidade de conhecimento. O item em que os pais referem ter maior ne‑ cessidade de conhecimento é: problemas que podem surgir na amamentação (média de 4,20); características do leite ma‑ terno (média de 4,11). O item sobre o qual referem ter menos necessidade de conhecimento é sobre as vantagens da ama‑ mentação a nível económico (média de 3,73). Não sendo possível comparar estes resultados com outros estudos, importa referir que globalmente as escalas apresen‑ tam bons valores psicométricos o que é um excelente indicar indicador para a sua utilização em estudos futuros. Quanto aos 9 itens, verificou‑se que a sua utilização explica mais de 71% nas duas escalas, e o facto de se agruparam os mesmos itens em duas dimensões, permite a comparação de resulta‑ dos entre si. A construção e validação das duas escalas permitem a sua utilização em futuros estudos, relacionando‑as com outras variáveis. Neste sentido a ECPA e a ENCPA, podem ser instru‑ mentos que avaliem não só as dimensões ou itens em que os pais (homens) têm maior necessidade de conhecimento, como pode possibilitar a avaliação de ações de educação para a saúde, bem como as implicações do maior conheci‑ mento dos pais da amamentação no seu envolvimento e/ou participação na amamentação ou em outras áreas de mater‑ nidade e paternidade. CONCLUSÃO De acordo com os resultados obtidos e a discussão dos mes‑ mos, verifica‑se que a ECPA e a ENCPA apresentam boa fide‑ lidade (Alfa de Cronbach = 0,915; 0,914) e validade (KMO = 0,880; 0,864), tendo sido identificadas duas dimensões que explicam respetivamente 71,850% e 72,715% da variância, nomeadamente: conhecimentos sobre funções da amamen‑ tação e conhecimentos sobre anatomofisiologia da ama‑ mentação. Relativamente à escala ECPA, os pais situam em média o seu conhecimento entre o nível 2 (baixo) e 4 (alto). Verifica‑se que os conhecimentos mais elevados são sobre as vantagens da amamentação a nível económico e sobre as vantagens da amamentação para o bebé, e os conhecimentos mais baixos são acerca dos problemas que podem surgir na amamenta‑ ção e sobre a fisiologia da lactação. No que respeita à NCPA, os pais situam em média para to‑ dos os itens a sua necessidade de conhecimento em torno de 4 (alto), sendo que para alguns itens a ultrapassa em mé‑ dia o nível 4 (alto). A maior necessidade de conhecimento é acerca dos problemas que podem surgir na amamentação e acerca das características do leite materno e a menor neces‑ sidade de conhecimento é sobre as vantagens da amamen‑ tação a nível económico; No global, a população em estudo têm conhecimentos so‑ bre amamentação mas ainda sentem necessidade de obter mais conhecimentos, o que permite concluir que os pais es‑ tão recetivos a aumentar o seu conhecimento, havendo por isso um potencial de intervenção da enfermagem na área da amamentação para os pais. Como principais limitações considera‑se não existir estu‑ dos capazes de comparar resultados, a amostra ter 150 par‑ ticipantes, e o facto de se ter realizado apenas numa Mater‑ nidade, sendo importante alargar o âmbito do estudo a nível regional ou nacional. As implicações do estudo para a investigação, surge do facto de terem sido criados dois instrumentos para utili‑ zação em estudos futuros, não apenas para validar a sua utilização, como também para se poder comparar resultados e relacionar com outras variáveis de modo a avaliar a sua implicação em aspetos diversos quer maternos, paternos como de ambos. No que respeita à implicação deste estudo para a prática de enfermagem, consideramos que a aborda‑ gem sobre os conhecimentos da amamentação, deve incluir as duas dimensões obtidas. Este estudo não deve ser encarado como um fim em si mesmo mas um abrir horizontes que nos mova e nos esti‑ mule a seguir atuando em prol da qualidade dos cuidados de Enfermagem em Saúde Materna e Obstetrícia. BIBLIOGRAFIA American Academy of Pediatrics (2002). New Mother´s Guide to Breastfeeding. Acedido a 23 junho 2011 em http://www.aap.org/ healthychildren‑breastfeeding Callahan, S.; Sejourné, N.; Denis, A. (2006, maio). Fatigue and breastfeed‑ ing: an inevitable partnership. Journal of Human Lactation, 22. Porto Editora (org.) (2010). Dicionário da língua portuguesa. Porto: Porto Editora. Goodman, J. (2005). Tornar‑se um pai presente na vida da criança. Journal of Obstetric, Gynecologic Neonatal Nursing, 34 (2),190‑200. Levy, L.; Bertolo, H. (2008). Manual de aleitamento materno. Lisboa: Co‑ mité Nacional para a UNICEF. Pestana, M.; Gageiro, J. (2008). Análise de dados para ciências sociais ‑ A complementaridade do SPSS. (5ª ed.). Lisboa: Edições Sílabo. REVISTA DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DOS ENFERMEIROS OBSTETRAS — N.º 14/2014 41 Determinantes sóciodemográficos do afecto materno Bruno Gomes1; Paula Nelas2; João Duarte3 RESUMO Enquadramento: O afecto materno é uma relação emocional única, espe‑ cífica e duradoura,que se estabelece de um modo gradual, desde os primei‑ ros contactos entre a mãe e o bebé,traduzindo‑se num processo de adapta‑ ção mútuo, no qual, mãe e bebé, participam activamente. A maneira como a gestação se inscreve no meio social repercute emocionalmente no modo como a mãe se posiciona diante do mundo e como irá se relacionar com o bebé, opai, a sua família de origem e a família constituída a partir do nasci‑ mento do novo ser (Soifer, 1992; Barbieri, 2002; Maldonado, 2002; Pergher; Cardoso, 2008 Levy; Jonathan, 2010) citados por (Barbosa, Machado, Souza, & Scorsolini‑Comin, 2010). Objectivos: Determinar quais as variáveis sociodemográficas que têm impacto no afeto materno. Métodos: Estudo de natureza quantitativa, transversal, de carácter descritivo‑correlacional eexplicativo, com uma amostra não probabilística por conveniência de 312 participantes. O protocolo de avaliação é um ques‑ tionário que permite fazer a caracterização sociodemográfica da amostra, neste caso, mulheres que foram mães há dois anos. Resultados: Constatamos que a escolaridade materna (p=0,010), a es‑ colaridade paterna(p=0,006) tem poder explicativo sobre o afecto materno. Em contraponto com a idade materna, idade paterna, estado civil, nacionali‑ dade, local de residência, e situação profissional paterna e materna que não possuem poder explicativo para o afeto materno. Conclusão: Os profissionais de saúde devem ter em consideração o con‑ texto sociodemográfico, nomeadamente a escolaridade materna e paterna, no qual a mulher se insere no sentido de promover uma melhor adapta‑ ção à maternidade, proporcionando contexto que favoreçam a vinculação da díade/tríade. Palavras Chave: Afecto Materno; relação mãe‑filho; determinantes ABSTRAT Background: Maternal affection is a unique, specific and lasting emotional relationship that is established in a stepwise manner, from the first contacts between the mother and the baby, resulting in a mutual adaptation process in which the mother and baby, actively participate. The way pregnancy falls within the social environment resonates emotionally in the way the mother stands before the world and how it will relate to the baby, Opai, your family of origin and family constituted from birth the new being (Soifer, 1992; Bar‑ bieri, 2002; Maldonado, 2002; Pergher; Cardoso, 2008 Levy, Jonathan, 2010) cited by (Barbosa Machado, Souza, & Scorsolini‑Comin, 2010). Objectives: To determine which sociodemographic variables that have an impact on maternal affection. Methods: A quantitative, cross‑sectional, descriptive correlational na‑ ture eexplicativo with a non‑probability convenience sample of 312 parti‑ cipants. The evaluation protocol is a questionnaire that allows the sociode‑ mographic characteristics of the sample, in this case, women who gave birth two years ago. Results: We found that maternal education (p = 0.010), paternal educa‑ tion (p = 0.006) has explanatory power on maternal affection. In contrast with maternal age, paternal age, marital status, nationality, place of resi‑ 1 Enfermeiro Especialista em saúde materna obstetrícia e ginecologia Centro Hospitalar Cova da Beira, [email protected], Portugal 2 EESMO. PhD, Escola Superior de Saúde de Viseu; [email protected]. 3 EESMO. PhD, Escola Superior de Saúde de Viseu; [email protected]. 42 dence, and paternal and maternal occupational status who have no expla‑ natory power for maternal affection. Conclusion: Health professionals should take into account the socio‑ demographic background, including maternal and paternal education, in which a woman inserts to promote a better adaptation to motherhood, pro‑ viding context that favor the binding of the dyad / triad. Key Words: Maternal Affection; mother‑child relationship; determinants RESUMEN Estructura: afecto maternal es una relación emocional, específica y dura‑ dera, que establece un modo gradual, desde los primeros contactos entre la madre y el bebé, traducir en un proceso de adaptación mutua, en la que ma‑ dre y bebé, están participando activamente. Embarazo es parte de los efec‑ tos del ambiente social emocionalmente como la madre se coloca delante del mundo y cómo se refieren a la bebé, padre, su familia de origen y cons‑ tituido desde el nacimiento del nuevo ser (Soifer, 1992; Barbieri, 2002; Mal‑ donado, 2002; Pergher; Cardoso, Levy 2008; Jonathan, 2010) citado por (Bar‑ bosa, Machado, Souza & Scorsolini‑Comin, 2010). Objetivos: determinar qué variables socio‑demográficas que inciden en el afecto maternal. Métodos: estudio de carácter cuantitativo, transversal, descriptivo ‑explicativo correlacional en la naturaleza, con una muestra no probabilís‑ tico por conveniencia de 312 participantes. El protocolo de evaluación es un cuestionario que le permite realizar la caracterización demográfica de la muestra, en este caso, las mujeres que fueron madres hace dos años. Resultados: encontramos que escolaridad maternal (p = 0.010), escola‑ ridad paterna (p = 0.006) tiene poder explicativo de afecto maternal. En con‑ trapunto con la edad materna, estado civil, edad paterna, nacionalidad, lu‑ gar de residencia y situación laboral paterna y materna que carecen de po‑ der explicativo para el afecto maternal. Conclusion: profesionales de la salud deben tomar en consideración el contexto demográfico, particularmente la educación materna y paterna, en el cual la mujer se inserta con el fin de promover una mejor adaptación a la maternidad, proporcionar contexto favoreciendo la tríada/díada vinculante. Palabras clave: Afecto Maternal; relación madre‑hijo; determinantes INTRODUÇÃO As transformações sociais e tecnológicas que aconteceram nos últimos anos obrigaram a importantes modificações na interação dos progenitores para com os bebés, tendo estas repercussões sobre a qualidade da relação emocional e dos cuidados parentais. O afecto materno é uma relação emocio‑ nal única, específica e duradoura, que se estabelece de um modo gradual, desde os primeiros contactos entre a mãe e o bebé, traduzindo‑se num processo de adaptação mútuo, no qual, mãe e bebé, participam activamente. Existe uma discussão, no seio das ciências sociais sobre o papel que os aspectos socioeconómicos, obstétricos e psico‑ lógicos têm na interação da díade, em particular nos aspectos do comportamento da mãe, procurando, desta forma, uma a melhor compreensão da temática. Baseando‑se nesta discus‑ são surge a necessidade de desenvolver estudos de caracte‑ rização de componentes maternos em contextos específicos. Assim, esta investigação pretende caracterizar o afecto ma‑ REVISTA DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DOS ENFERMEIROS OBSTETRAS — N.º 14/2014 terno e o impacto dos factores sociodemográficos, obstétri‑ cos, aleitamento materno e interação da díade (mãe‑bebé). QUADRO TEÓRICO Contemporaneamente, a gravidez e a maternidade são eventos singulares que circunscrevem períodos do desen‑ volvimento que marcam profundamente a história de vida não apenas das gestantes e futuras mães, como também da família e da rede social constituída pelas pessoas que as acompanham. A maneira como a gestação se inscreve no meio social re‑ percute emocionalmente no modo como a mãe se posiciona diante do mundo e como irá se relacionar com o bebé, o pai, a sua família de origem e a família constituída a partir do nas‑ cimento do novo ser (Soifer, 1992; Barbieri, 2002; Maldonado, 2002; Pergher; Cardoso, 2008 Levy; Jonathan, 2010) citados por (Barbosa, Machado, Souza, & Scorsolini‑Comin, 2010). Os dados encontrados por Blum (1980) e Murphy, Brewin e Silka, (1997) mostram que as mulheres que têm o seu pri‑ meiro filho numa idade mais tardia apresentam maior resi‑ liência, isto é, parecem ter mais vantagens psicológicas (Mar‑ tins, 2012). Uma diferença psicológica crucial entre as mulhe‑ res que são mães entre os 20 e os 30 anos e as mulheres que adiam a gravidez para depois dos 35 é encontrada no grau e processo de separação de suas mães. Consequentemente, as mulheres com mais de 35 anos têm, muitas vezes, escolhas mais claras, definidas e maduras face à gravidez e aos cuida‑ dos a prestar ao seu filho, do que seria possível, para ela, an‑ teriormente (Martins, 2012). Tanto o apoio social e económico, como o emocional e o educacional parecem ser muito importantes, sendo o com‑ panheiro a pessoa de maior peso nesses diferentes tipos de apoio (Faleiros, Trezza, & Carandina, 2006, Caldeira, Moreira, & Pinto, 2007) A idade materna avançada está associada a problemas pré, intra e pós‑parto, tais como, o aborto, a concepção me‑ dicamente assistida, o parto prematuro, a diabetes durante a gestação, ao parto eutócico e às anomalias cromossómicas (Mendes da Graça, 2005). A probabilidade de mulheres mais velhas terem uma edu‑ cação superior a 12 anos é maior do que nas mulheres mais jovens, embora a magnitude desta diferença seja maior entre as mulheres multíparas. Além disso, a tendência das primípa‑ ras com 40 anos ou mais para terem mais de 12 anos de edu‑ cação é maior do que a das multíparas da mesma idade. Da mesma forma, é mais provável que as primíparas entre os 20 e os 35 anos tenham mais de 12 anos de educação do que as multíparas da mesma idade (Martins, 2012). A taxa de actividade feminina em Portugal ultrapassa a média europeia, com um dos valores mais elevados da Eu‑ ropa Comunitária, sendo o estado membro da União Euro‑ peia (UE) onde as mães com filhos até aos 10 anos trabalham mais horas (Maia M. J., 2007). De acordo com a mesma autora a modalidade de trabalho predominante na população femi‑ nina portuguesa em relação a outras realidades europeias, é o trabalho a tempo inteiro, que atinge valores da ordem dos 80%. Salienta‑se ainda a fraca taxa de emprego feminino a tempo parcial com um valor de apenas 8,2%, quando a mé‑ dia da UE é de 17,2% A grande parte dos autores considera que as mães com um estatuto socioeconómico médio ou alto estabelecem, geralmente, um ligação afectiva mais positivo do que as mães com estatuto socioeconómico baixo (Martins, 2012). De acordo com Figueiredo (2001) referenciado pelo autor supracitado diz‑nos que, muito embora não sejam encon‑ tradas diferenças significativas no estabelecimento emocio‑ nal das mães com estatutos socioeconómicos diferentes, as mães com um estatuto médio ou elevado providenciam ao seu bebé muito mais oportunidades de estimulação do que as mães com um estatuto menos elevado. Resultados seme‑ lhantes são encontrados, por exemplo nos estudos de Cohen e Beckwith (1976) quanto ao nível de escolaridade das mães. Estudos posteriores acrescentam ainda que o bonding ne‑ gativo, associado ao estatuto socioeconómico e educacional menos elevado, é também determinado pela pouca colabo‑ ração e dor intensa durante o parto. Na caracterização sociodemográfica do estudo realizado na mesma região da beira interior (n=211) foi possível ob‑ servar que o grupo etário predominante era o de mães com idade compreendida entre os 19 e os 35 anos inclusive (79,6%), sendo o estado civil predominante o de casado ou em união de facto (81,5%) e na sua maioria de nacionalidade portuguesa (96,7%). As habilitações literárias da população estudada na sua maioria de formação superior 40,8% e 33,2% com formação secundária. Apesar das qualificações pode‑se observar que 52,1% trabalhavam como trabalhadoras não qualificadas e no compito global da amostra 81% era empre‑ gada a tempo inteiro, residindo 46% na cidade e 37% na vila (Gomes, Nelas, & Duarte, 2012). METODOLOGIA A consulta bibliográfica efectuada revelou‑nos que são es‑ cassas as pesquisas que se tem debruçado sobre o afecto ma‑ terno. Neste estudo focalizámos o interesse naquilo que nos pareceu vir a ser mais pertinente, no sentido de dar possíveis respostas às seguintes questões: •• Qual a influência das variáveis sócio‑demográficas (ida‑ de materna e paterna, estado civil, escolaridade mater‑ na e paterna, situação profissional e local de residência) no afecto materno? Delineado o objectivo do estudo que procura responder a algumas das inquietações que esta problemática nos sus‑ cita, ou seja: •• Determinar se as variáveis sociodemográficas têm im‑ pacto no afeto materno; Concebeu‑se um estudo de natureza quantitativa, não ex‑ perimental, em corte transversal e descritivo‑correlacional. Segue os métodos do estudo de análise quantitativa, pois pretende‑se garantir a precisão dos resultados, evitar distorções de análise e interpretação, insere‑se no tipo de investigação não REVISTA DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DOS ENFERMEIROS OBSTETRAS — N.º 14/2014 43 No Quadro 2 podemos observar a existência de diferença estatisticamente significativa (p=0,002), da variável profissão ao nível do grupo de participantes com profissões enquadradas a nível de quadros superiores/intermédios (res. -3,6; 3,6) e trabalhadoras não qualificadas (res. 2,2; -2,2). experimental pois não procura manipular as variáveis em es‑ tudo, embora seja nossa intenção obter evidências para explicar por que ocorre um determinado fenómeno, ou seja, proporcio‑ nar um certo sentido de causalidade (Sampieri, 2003). Trata‑se de estudo transversal, possui as características de um estudo descritivo e correlacional explicativo. Elegemos, de acordo com os objectivos do estudo, todas as mães que foram a consulta de saúde infantil dos dois anos com o seu filho, no período compreendido entre o mês de Outubro de 2010 a Dezembro de 2011 e que acederam vo‑ luntariamente a preencher o questionário. Utilizamos um tipo de amostragem não probabilística por conveniência, uma vez que, os elementos da amostra foram selecionados em razão da sua presença num local, num dado Utilizamos um tipo de amostragem não probabilística por conveniência, uma vez que, os momento (Fortin, 2009). elementos da amostra foram selecionados em razão da sua presença num local, num dado momento A amostra é constituída por 312 mães residentes nos con‑ (Fortin, 2009). celhosA amostra de Castelo Branco, Covilhã, Fundão, Guarda e Viseu é constituída por 312 mães residentes nos concelhos de Castelo Branco, Covilhã, obedecendo aos seguintes critérios: acederem no Fundão, Guarda e Viseu obedecendo aos seguintes critérios: acederem participar participar no estudo e o último filho com idade 2 anos. estudo e odeúltimo filho com idade de 2 anos. A aplicação de cada de recolha de dados foi feitarecolha através de abordagem individual A aplicação deinstrumento cada instrumento de de dados foi às mães na referida consulta. feita através de abordagem individual às mães na referida Relativamente a caracterização sociodemográfica das mulheres podemos verificar as consulta. características gerais da amostra como a idade materna, o estado civil, a nacionalidade, co-habitação, Relativamente a caracterização sociodemográfica das mu‑ escolaridade, profissão, situação profissional, e local de residência (Quadro 1). lheres podemos verificar as características gerais da amos‑ tra como a idade materna, o estado civil, a nacionalidade, co ‑habitação, escolaridade, profissão, situação profissional, e local de residência (Quadro 1). Grupo Etário Materno Estado Civil Portuguesa Co-Habtitação 19 - 35Anos ≥ 36 Anos Resíduos Ajustados Nº ≥ 36 Anos % Nº % Nº % Solteira/Divorciada 49 19,6 12 19,4 0 0 61 19,6 Casada/união de facto 201 80,4 50 80,6 0 0 251 80,4 96,8 Sim 240 96 62 100 -1,6 1,6 302 Não 10 4 0 0 1,6 -1,6 10 3,2 Marido e filhos 188 87,4 53 88,3 -0,2 0,2 214 87,6 Outros familiares 27 12,6 7 11,7 0,2 -0,2 34 12,4 Até ao 3º Ciclo 65 26,9 13 21 1,0 -1,0 78 25,7 Secundário 81 32,5 15 24,2 1,3 -1,3 96 30,9 101 40,6 34 54,8 -2 2 135 43,4 93 37,7 35 56,5 -2,7 2,7 128 41,4 Profissão Ensino Superior Quadros superiores/Intermédios Trabalhadores qualificados Trabalhadores não qualificados Empregada tempo inteiro 77 31,2 16 25,8 0,8 -0,8 93 30,1 77 31,2 11 17,7 2,1 -2,1 88 28,5 196 78,7 56 90,3 -2,1 2,1 252 81 Empregada tempo parcial Desempregada/ em formação Aldeia 19 7,6 0 0 2,2 -2,2 19 6,1 34 13,7 6 9,7 0,8 -0,8 40 12,9 30 12,1 7 11,3 0,2 -0,2 Vila 103 41,5 21 33,9 1,1 -1,1 124 40,0 Cidade 115 46,8 34 54,8 -1,2 1,2 149 48,1 Residência RESULTADOS 37 2 p Estado Civil Co-Habtitação Escolaridade Profissão Situação Profissional Residência 19-35 Anos Moderado Nº % 161 78,9 0,965 2,562 0,109 0,034 0,853 0,127 4,129 7,843 0,020 6,167 0,046 1,495 0,474 11,9 Fraco Moderado Nº % 0.7 -0.7 250 80,1 >=36 Anos 19 17,6 43 21,1 -0.7 0.7 62 19,9 Solteira/Divorciada 17 15,7 44 21,6 -1,2 1,2 61 19,5 Casada/união de facto 91 84,3 160 78,4, 1.2 -1,2 251 80,4 Marido e filhos 81 91 160 86 1,2 -1,2 241 87,6 Outros familiares 8 9 26 24 -1.2 1,2 34 12,4 Até ao 3º Ciclo 38 35,2 42 20,7 2,8 -2,8 80 25,7 -0,4 Secundário 35 32,4 61 30 0,4 96 30,9 Ensino Superior Quadros superiores/Intermédios Trabalhadores qualificados Trabalhadores não qualificados Empregada tempo inteiro Empregada tempo parcial Desempregada/ em formação Aldeia 35 32,4 100 49,3 -2,9 2,9 135 43,4 30 27,8 98 48,8 -3,6 3,6 128 41,4 39 36,1 54 26,9 1,7 -1,7 93 30,1 39 36,1 48 24,4 2,2 -2,2 88 28,5 90 83,3 162 79,8 0,8 -0,8 252 81,0 6 5,6 13 6,4 -0,3 0,3 19 6,1 12 11,1 28 13,8 -0,7 0,7 40 12,9 17 15,7 20 9,9 1,5 -1,5 37 11,9 Vila 45 41,7 79 39,1 0,4 -0,4 124 40,0 Cidade 46 42,6 103 33,2 -1,4 1,4 149 48,1 2 P 0,539 0,463 1,525 0,217 1,383 0,240 10,498 0,005 12,855 0,002 0,586 0,746 3,158 0,206 Seguidamente será apresentado sobre a forma de quadro a caracterização paterna. Seguidamente será apresentado sobre a forma de quadro No que respeita à idade dos companheiros/conjugues participantes do estudo sera apresentado a caracterização paterna. sobre a forma de quadro a respectiva caracterização. No que respeita à idade dos companheiros/conjugues participantes do estudo sera apresentado sobre a forma de quadro a respectiva caracterização. Quadro 3 ‑ Distribuição paterna segundo as variáveis sócio‑demográficas Quadro 3 - Distribuição paterna segundo as variáveis sócio-demográficas Resíduos Ajustados Grupo Etário Materno Variáveis Sócio-demográficas paternas Grupo Etário 19-35Anos Nº % ≥ 36 Anos Nº % 19 – 35 Anos ≥ 36 Anos Nº % 2 p 67,132 0,000 5,172 ≤ 30 Anos 96 38,4 2 3,2 5,3 -5,3 98 31,4 31 - 35 Anos 98 39,2 13 21 2,7 -2,7 111 35,6 ≥ 36 Anos 56 22,4 47 75,8 -8 8 103 33,0 Secundário 96 38,7 20 32,3 0,9 -0,9 Resíduos 2,3Ajustados-2,3 116 37,4 0,075 80 Nº 107 26,3 % 34,9 2 p 148 98 52 111 48,1 31,4 17,0 35,6 8,457 0,015 67,132 0,000 0,075 5,172 Quadro 3 - Distribuição as variáveis Até ao 3º Ciclo 95 paterna 38,3 segundo 19 30,6 1,1 sócio-demográficas -1,1 114 36,8 Grupo Etário Escolaridade 0,002 A observação do Quadro 2 permite verificar que a escolarida‑ de materna apresenta diferenças estatisticamente significa‑ tivas (p=0,005) e os valores de ajustamento residual indicam que as diferenças são ao nível do grupo participantes com escolaridade até ao 3º ciclo e com escolaridade superior. No Quadro 2 podemos observar a existência de diferença estatisticamente significativa (p=0,002), da variável profissão ao nível do grupo de participantes com profissões enquadra‑ das a nível de quadros superiores/intermédios (res. ‑ 3,6; 3,6) e trabalhadoras não qualificadas (res. 2,2; ‑2,2). 44 Idade Profissão 19 35Anos Resíduos Ajustados Fraco Nº % 89 82,4 Ensino Superior Variáveis Sócio-demográficas paternas Quadros Escolaridade Situação Profissional Afecto materno Variáveis Sócio-demográficas maternas Escolaridade Quadro 1 ‑ Distribuição das participantes sócio ‑demográficas Quadro 1segundo - Distribuiçãovariáveis das participantes segundo variáveis sócio-demográficas Variáveis Sócio-demográficas maternas Quadro 2 ‑ Distribuição das participantes segundo variáveis sócio‑demográficas por grupos de afecto materno Quadro 2 - Distribuição das participantes segundo variáveis sócio-demográficas por grupos de afecto materno superiores/Intermédios Trabalhadores qualificados ≤ 30 Anos Trabalhadores não 31 - 35 Anos qualificados Etário Materno 57 Grupo18,4 23 7,4 19-35Anos 76 31 Nº % 127 51,8 96 38,4 42 17,1 98 39,2 ≥ 36 Anos 31 50 Nº % 21 33,9 2 3,2 10 13 16,1 21 19-2,8 – 35 Anos 2,5 5,3 0,2 2,7 ≥2,8 36 Anos -2,5 -5,3 -0,2 -2,7 ≥ 36 Anos 56 22,4 47 75,8 -8 8 103 33,0 Até ao 3º Ciclo 95 38,3 19 30,6 1,1 -1,1 114 36,8 Secundário 96 38,7 20 32,3 0,9 -0,9 116 37,4 Após a a análise descritiva dos57dados18,4 obtidos, passamos de seguida à abordagem inferencial dos Após análise dos dados de Ensino Superiordescritiva 23 7,4 2,3 obtidos, -2,3 80 passamos 26,3 Quadros mesmos, através da estatística analítica 76 31 31 50 -2,8 2,8 107 34,9 seguida àsuperiores/Intermédios abordagem inferencial dos mesmos, através da es‑ Profissão Trabalhadores qualificados 127 51,8 21 33,9 2,5 -2,5 148 48,1 8,457 0,015 Com a finalidade de verificar se existem diferenças estatisticamente significativas entre a Trabalhadores não tatística analítica 42 17,1 10 16,1 0,2 -0,2 52 17,0 qualificados idade e estado civil das participantes face ao afecto materno, aplicámos o teste de Mann-Whitney Com a finalidade de verificar se existem diferenças estatis‑ (Quadro 4) verificamdo-se a ausência de diferença significativa entre os grupos, sendo legítimo ticamente significativas entre a passamos idadedeeseguida estado civil das parti‑ concluirApós que estes não influenciam o afecto materno. a análise descritiva dos dados obtidos, à abordagem inferencial dos mesmos, através da estatística analítica materno, aplicámos o teste de Mann cipantes face ao afecto Quadro 4 - Teste de Mann-Whitney entre o afecto materno e variáveis sócio-demográficas ‑Whitney 4) verificamdo ‑se aestatisticamente ausênciasignificativas de diferença Com a (Quadro finalidade de verificar se existem diferenças entre a idade e estado civilentre das participantes face ao afecto materno, aplicámos oconcluir teste de Mann-Whitney significativa os grupos, sendo legítimo que es‑ Afecto Materno Nº OM UMW (Quadro 4) verificamdo-se a ausência de diferença significativa entre pos grupos, sendo legítimo tes não influenciam o afecto materno. 19 – 35 Anos 250 154,21 concluir que estes não influenciam Idade Maternao afecto materno. 7178,5 0,362 ≥ 36 Anos 62 165,71 Solteira/divorciada 61 171,99 Estado Civil 6710,5materno 0,129 QuadroQuadro 4 ‑ Teste de Mann ‑Whitney entre o152,74 afecto e variáveis 4 - Teste de Mann-Whitney entrede o afecto materno e variáveis sócio-demográficas Casada/União facto 251 sócio‑demográficas A aplicação do teste de Kruskal-Wallis (QuadroNº4) OM no que concerne a escolaridade materna, Afecto Materno UMW p observa-se uma tendência para um afecto19materno consoante mais elevado é a escolaridade – 35 Anos aumentado 250 154,21 Idade Materna 7178,5 0,362 ≥ 36 Anos 62 165,71 das mulheres existindo diferença estatisticamente significativa (p = 0,010). Estado Civil Solteira/divorciada 61 171,99 6710,5 0,129 facto a251 152,74 materno e a escolaridade materna e Com a finalidade de estudar Casada/União a relação de entre o afecto paterna uma vez que o teste de Kruskal-Wallis revelou diferenças estatisticamente significativas entre A aplicação do teste de Kruskal‑Wallis (Quadro 4) no que escolaridadeuma materna que confirmaram a diferença entre os grupos entre com habilitações literárias ate observa-se para um afecto materno aumentado consoante elevado é a escolaridade concerne atendência escolaridade materna, observa ‑mais se uma tendência ao 3ºciclo (p=0,007) e com formação superior (p=0,007). das mulheres existindo diferença estatisticamente significativa (p = 0,010). para um afecto materno aumentado consoante mais elevado Com a finalidade de estudar a relação entre a o afecto materno e a escolaridade materna e épaterna a escolaridade das mulheres existindo diferença estatistica‑ uma vez que o teste de Kruskal-Wallis revelou diferenças estatisticamente significativas entre mente significativa 0,010). os grupos. Realizou-se o teste de(p post= hoc de Tukey efectuado com ordenações médias, para a variável escolaridade que confirmaram entre a os grupos entre com habilitações ate Com materna a finalidade dea diferença estudar relação entre a oliterárias afecto ao 3ºciclo (p=0,007) e com formação superior (p=0,007). materno e a escolaridade materna e paterna uma vez que o os grupos. Realizou-se testede deKruskal-Wallis post hoc de Tukey efectuado para amaterna, variável A aplicação dooteste (Quadro 4) nocom queordenações concerne amédias, escolaridade REVISTA DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DOS ENFERMEIROS OBSTETRAS — N.º 14/2014 teste de Kruskal‑Wallis revelou diferenças estatisticamente significativas entre os grupos. Realizou‑se o teste de post hoc de Tukey efectuado com ordenações médias, para a va‑ riável escolaridade materna que confirmaram a diferença en‑ tre os grupos entre com habilitações literárias ate ao 3ºciclo (p=0,007) e com formação superior (p=0,007). A escolaridade paterna comporta ‑se de igual modo, A escolaridade paterna comporta-se de igual modo, obtendo-se diferenças altamente obtendo ‑se diferenças altamente significativas, logo respon‑ significativas, logo responsáveis por um maior índice de afecto materno. Para a variável escolaridade sáveis por um maior índice de afecto materno. Para a variável paternaescolaridade foram realizados paterna os mesmos foram procedimentos tendo sido diferenças estatisticamente realizados osobtida mesmos procedi‑ significativa para os grupos ≤ 3º Ciclo e ensino superior (p=0,04). mentos tendo sido obtida diferenças estatisticamente signi‑ ficativa para os grupos ≤ 3º Ciclo e ensino superior (p=0,04). Quadro 5 – Teste de Kruskal-Wallis entre o afecto materno e variáveis sócio-demográficas Quadro 5 – Teste de Kruskal‑Wallis entre o afecto materno e variáveis sócio‑demográficas Afecto materno Idade Paterna Escolaridade materna Escolaridade Paterna Nº OM ≤ 30 Anos 98 94,34 31 – 35 Anos 111 95,24 ≥ 36 Anos 103 94,61 ≤ 3º Ciclo 80 131,74 Secundário 96 157,09 2 p 45,714 0,826 9,174 0,010 Superior 135 169,60 ≤ 3º Ciclo 114 136,76 Secundário 116 158,50 10,369 0,006 Afecto materno e variáveis sócio‑demográficas A idade em que as mulheres têm o primeiro filho tem vindo a aumentar nos últimos anos. Em 2002, era de 29 anos e em 2009 era de 30,3 anos (INE, 2008 e 2009 citado por Mar‑ tins, 2012). No que respeita à idade, a média de idade ma‑ terna foi de 31,18 anos e a paterna de 33,36 anos. Importa referir que no grupo de participantes com idade igual ou superior a 36 anos obtivemos 19,9% da amostra, o que nos indica a existência de mães que tiveram os seus fi‑ lhos no extremo superior da vida fértil, que segundo Graça, (2005). No estudo realizado não existe diferença estatística sig‑ nificativa entre os dois grupos (p=0,826). Contudo, pode‑ mos verificar que as participantes com idade ≥ 36 anos obti‑ veram ordenações médias mais elevadas (165,71) do que as mais novas (154,21), logo manifestam mais afecto materno. Estes resultados são corroborados por Martins (2012) ao re‑ ferir no seu estudo que as mães com idades compreen‑ didas entre os 26 e os 35 anos parecem apresentar mais dificuldades em estabelecer uma relação emo‑ cional saudável. Através dos coeficientes padronizados beta, obtidos pela regressão múltipla verificou‑se que a variável idade (r=0,054, Situação Profissional Empregada tempo parcial 19 168,05 1,941 0,379 Desempregada 40 171,53 p=0,169), estabelece com o afecto materno uma relação di‑ Aldeia 37 147,07 Residência Vila 125 158,59 0,493 0,782 recta, assim sendo quanto maior for o seu valor maior será Cidade 149 155,02 afecto materno. Quanto ao estado civil verificámos que a maioria das mães Conclusão (80,4%) está casada ou vive em união de facto valores seme‑ CONCLUSÃO A estratégia metodológica desenhada para este estudo teve em conta o tipo de estudo realizado lhantes aos estudos realizado por Gomes, Nelas, & Duarte, A estratégia metodológica desenhada para estesuficiente estudo e os objectivos traçados. Tais objectivos levaram-nos a definir uma amostra queteve conseguisse (2012), Martins (2012) e Lima (2010). traduzirem resultados e a eleger como instrumentos de medição um questionário de auto-resposta. contafiáveis o tipo de estudo realizado e os objectivos traçados. Ao relacionarmos o estado civil das mães com o afecto Tais objectivos levaram ‑ nos a definir uma amostra suficiente materno, podemos constatar que as mulheres que são sol‑ O facto de o nosso estudo ser transversal e descritivo/analítico pode ser uma limitação do que resultados fiáveisexperimental e a eleger teira/divorciadas são aquelas que apresentam maior afecto mesmo, umaconseguisse vez que carece traduzir por esse motivo de um controlo dascomo variáveis instrumentos de medição dedeauto materno. No entanto, um estudo quantitativo, transversal, independentes. Salientamos também o facto um de noquestionário momento da colheita dados‑resposta. as participantes terem de se fenómenos com um distanciamento temporal significativo, de cerca de 2 O reportar facto ade o nosso estudo ser transversal e descritivo/ana‑ correlacional, realizado com 136 gestantes verificou que se‑ anos. lítico A transformação do nosso em longitudinal com monitorização da que evolução pode ser umaestudo limitação do mesmo, uma vez ca‑das gundo o nível de apego materno fetal, as participantes casa‑ variáveis envolvidas poderia conduzir à obtenção de melhores resultados. rece por esse motivo de um controlo experimental das variá‑ das apresentavam níveis mais elevados face as participantes veis independentes. Salientamos factode de O estudo empírico descritivo correlacinal e também explicativo o apesar ser no um mo‑ estudo não solteiras e/ou separadas (Schumidt & Argimon, 2009). mento da colheita dados as participantes de se re‑nos seus Verificou‑se que as mães que afirmam possuir uma vasta experimental pretende descrever osde comportamentos dos participantes talterem qual se manifestam ambientes naturais de vida e de com identificar inter-relação entre as variáveis dependentes e rede de apoio social, que possuem relações mais positivas portar a fenómenos um adistanciamento temporal signi‑ independentes, sendo também intenção obter evidências para explicar por que ocorre um determinado ficativo, de cerca de 2 anos. A transformação do nosso estudo e íntimas e que beneficiam de maior apoio por parte dos em longitudinal com monitorização da evolução das variá‑ companheiros, mostram‑se mais sensíveis às necessidades veis envolvidas poderia conduzir à obtenção de melhores re‑ do bebé, mais positivas para com a criança e, consequente‑ sultados. mente, uma ligação afectiva mais positivo do que mães que O estudo empírico descritivo correlacinal e explicativo referem a ausência desse apoio. Martins (2012), refere ainda apesar de ser um estudo não experimental pretende descre‑ que esses efeitos benéficos foram observados sobretudo, na ver os comportamentos dos participantes tal qual se mani‑ presença de circunstâncias adversas, como seja condições festam nos seus ambientes naturais de vida e de identificar a negativas associadas à prematuridade do bebé e às suas di‑ inter‑relação entre as variáveis dependentes e independen‑ ficuldades. tes, sendo também intenção obter evidências para explicar Hernandes e Hutz (2008) referem que, para as mulheres, o por que ocorre um determinado fenómeno (Duarte, 2008). ajustamento conjugal e emocional é importante, principal‑ mente, no período da gravidez do primeiro filho. Sendo as‑ Foi com base neste pressuposto que se tornou possível ava‑ sim, uma das fontes de apoio social para o desenvolvimento liar a eficácia preditiva de algumas variáveis em estudo, no‑ da ligação está na capacidade de adaptação do casal à nova meadamente a escolaridade materna (p=0,010), a escolari‑ experiência (Martins, 2012). dade paterna (p=0,006). Superior 80 177,86 Empregada Tempo Inteiro 252 152,63 REVISTA DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DOS ENFERMEIROS OBSTETRAS — N.º 14/2014 45 Desde 1993, a escolaridade mínima obrigatória no nosso país é de 12 anos. No entanto, Portugal detém ainda um dos mais baixos níveis de escolaridade e qualificação da Europa com 8 anos de média. No presente estudo, 43.4% das par‑ ticipantes possuía formação académica superior e 30,9% da amostra tinha o ensino secundário, resultados semelhantes ao estudo previamente realizado (Gomes, Nelas, & Duarte, 2012). No estudo realizado por Martins (2012) as participan‑ tes com formação superior era de 27,1% tendo a maior fatia da amostra escolaridade inferior ou igual ao 3º ciclo (53,5%). Verificou‑se a existência de diferenças estatisticamente significativas (p=0,010) e com base nas ordenações médias podemos afirmar que a formação académica é directamente proporcional ao aumento do afecto materno resultado se‑ melhante ao encontrado por Schumidt & Argimon (2009). Observamos tambem que existen diferenças estatistica‑ mente significativas entre os grupos de participantes com formação superior e as que possuem formação ate ao 3º ci‑ clo (p=0,007). A formação académica do conjugue assume igual com‑ portamento, ou seja apresenta diferenças estatisticamente significativas (p=0,006) confirmada pelo teste de Kruskal ‑Walis, existindo diferenças significativas entre os grupos de pais com formação ate ao 3º ciclo e os pais com formação su‑ perior (p=0,04) como se pode verificar através da realização do teste post hoc de Tukey. A taxa de actividade feminina em Portugal ultrapassa a média europeia, com um dos valores mais elevados da Eu‑ ropa Comunitária, sendo o estado membro da União Euro‑ peia (UE) onde as mães com filhos até aos 10 anos trabalham mais horas (Maia M. J., 2007). No presente estudo a maioria (87,1%) das participantes exercia uma actividade profissional. A maior percentagem (81%) trabalha a tempo integral, 6,1 % referiram trabalhar a tempo parcial, valores semelhantes ao do estudo realizado por Martins (2012). Podemos verificar que tendo por base os grupos etários existem diferenças para o grupo das par‑ ticipantes empregadas a tempo inteiro (resíduos ajustados ‑2,1 e 2,1) sendo as participantes de idade ≥36 que possuem maior valor percentual 90,3% vs. 78,7%. Verifica‑se também que apesar de não existir diferença es‑ tatisticamente significativa as participantes que trabalham menos tempo têm maiores índices de afecto materno, orde‑ nações médias mais elevadas. Resultados semelhantes aos encontrados por Martins (2012), na sua investigação. Este facto poderá estar associado a uma maior disponibilidade para estar com o bebé e um maior número de horas de con‑ vivência. Se, alguns autores não encontraram quaisquer efeitos ad‑ versos e outros tenham mesmo verificado consequências positivas, há autores que observaram efeitos adversos sobre o afecto materno, pelo facto de a mãe trabalhar fora de casa e colocar precocemente o bebé no infantário (Martins, 2012) No entanto, Hoffman (1984), assim como Zaslow, Peder‑ sen, Suwalsky, Cain e Fivel (1985) não encontraram quaisquer 46 diferenças na relação estabelecida entre as mães que se au‑ sentem de casa para irem trabalhar e as mães que permane‑ cem em casa. Observaram, antes, que estas diferenças esta‑ vam nos tempos escolhidos por estas mães para se relacio‑ narem com os seus filhos, sendo que as mães que trabalham fora de casa compensam o tempo em que não estão com o bebé mantendo‑se de um modo mais presente com ele fora das horas do trabalho (Martins, 2012). A distribuição das participantes no estudo demostrou que 48,1 % reside na cidade e 11,9% que reside na aldeia, valores semelhantes ao estudo realizado por Gomes, Nelas, & Duarte (2012), onde se verificou que 46% residiam na cidade e 16,1 % na aldeia. Podemos constatar que as participantes resi‑ dentes nas vilas foram as que obtiveram ordenações médias mais elevadas (158,59) no afeto materno, sendo que as orde‑ nações médias mais baixas se verificaram nas que residem nas aldeias (meio rural), pelo teste de Kruskal‑Wallis e seus resultados constamos que as diferenças entre os dois grupos não são significativas (p> 0,05). Pelo referido anteriormente podemos inferir que as participantes que vivem em vilas têm maior de afecto materno. O estudo da co ‑habitação permitiu verificar a grande maioria das participantes viviam com o marido e filhos (87,6) a semelhança do estudo de Schumidt & Argimon, (2009). A experiência humana torna‑se útil sempre que sejamos capazes de a reverter a favor do Homem, deste modo, os re‑ sultados desta investigação terão um contributo directo mas podendo ser um potencial no desenvolvimento de futuros práticas pelo reconhecimento das lacunas encontradas, e evidências produzidas que não poderão ficar limitadas a esta tese. Durante a realização deste estudo recorreu‑se a uma re‑ visão da literatura que procurou ser o mais actual possível, de forma a aprofundar e consolidar conhecimentos relacio‑ nados com o tema estudado. Utilizando este momento final para extrair as principais conclusões e fazer referência às limitações do trabalho bem como propor algumas sugestões que poderão contribuir para trabalhos futuros. Uma das limitações do nosso estudo, é o facto de termos trabalhado com uma amostra aleatória de mães, já que os resultados, dependem da honestidade e sinceridade da in‑ querida, isto é, as suas respostas são habitualmente dirigidas mais a condutas desejáveis e não tanto às que na realidade acontecem (Duarte, 2008). Outra limitação deve‑se ao facto de o nosso estudo ser transversal e descritivo/analítico, uma vez que carece por esse motivo de um controlo experimental das variáveis inde‑ pendentes. Salientamos ainda o facto de no momento da co‑ lheita de dados as mães terem de se reportarem a fenómenos com um distanciamento temporal significativo, de cerca de 2 anos. A transformação do nosso estudo em longitudinal com monitorização da evolução das variáveis envolvidas poderia conduzir à obtenção de melhores resultados. REVISTA DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DOS ENFERMEIROS OBSTETRAS — N.º 14/2014 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Barbosa, F. A., Machado, L. d., Souza, L. V., & Scorsolini‑Comin, F. 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O presente estudo decorre da necessidade de se analisar o papel do companheiro no processo gravídico, parto e pós‑parto e perceber de que forma o homem vivencia e se envolve neste novo papel. Trata‑se de um estudo qualitativo, onde se procurou, numa amostra es‑ tratificada de dez futuros pais compreender de que forma os pais vivenciam a adaptação à paternidade, analisar as suas perceções relativamente à gravi‑ Especialista em Enfermagem de Saúde Materna e Obstétrica; Professora Adjunta no Institu‑ to Piaget; e‑mail: [email protected]. 1 dez, parto e pós‑parto assim como estudar os benefícios da sua participação no ciclo gravídico e puerperal; Utilizou‑se, como método de recolha de dados, uma entrevista semies‑ truturada, que foi sujeita a um estudo piloto anterior à sua aplicação. Foi posteriormente construído um guião de entrevista de doze questões, orga‑ nizadas segundo a revisão de literatura realizada. Os resultados revelaram a importância papel do pai quer durante a gra‑ videz, quer durante o parto e puerpério. Os resultados foram interpretados à luz da literatura revista, que corroboraram, e sugerem implicações na área de saúde materna remetendo para posteriores estudos de aprofundamento. Palavras‑chave: Parentalidade, papel, gravidez, parto, pós‑parto. ABSTRACT The period of transition to parenthood requires a number of adjustments on the part of prospective parents, which includes the male career that takes a leading role in pregnancy, childbirth and postpartum. REVISTA DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DOS ENFERMEIROS OBSTETRAS — N.º 14/2014 47 The present study stems from the need to analyze the companion paper the pregnancy, delivery and postpartum and realize how man experiences and becomes involved in this new role. This is a qualitative study in which we sought, a stratified sample of ten future parents understand how parents experience the adaptation to paren‑ thood, analyze their perceptions with respect to pregnancy, childbirth and postpartum and to study the benefits of their participation in pregnancy and childbirth; Was used as a method of collecting data, a semi‑structured interview, which was subject to a pre‑implementation pilot study. Was subsequently constructed an interview guide of eight questions, organized according to the literature review. The results revealed the importance of the father role either during preg‑ nancy or during childbirth and postpartum. The results were interpreted in the light of the literature review, which corroborated and suggest implica‑ tions in the area of maternal health reference for further detailed studies. Keywords: Parenting, paper, pregnancy, childbirth, postpartum. RESUMEN El período de transición a la paternidad requiere una serie de adaptaciones por parte de los futuros padres, que incluye la carrera masculina que juega un papel importante en el embarazo, el parto y el posparto. Este estudio nace de la necesidad de analizar el papel de la compañera del embarazo, parto y postparto y darse cuenta de cómo el hombre experi‑ menta y se ve envuelto en esta nueva función. Se trata de un estudio cualitativo en el que buscábamos, una muestra es‑ tratificada de diez futuros padres a entender cómo los padres experimentan la adaptación a la paternidad, analizar sus percepciones con respecto al em‑ barazo, el parto y el posparto, así como estudiar los beneficios de la su parti‑ cipación en el embarazo y el parto; Fue utilizado como un método de recolección de datos, una entrevista semi‑estructurada, que fue objeto de un estudio piloto previo a su aplica‑ ción. Más tarde se construyó una guía de entrevista de doce preguntas, or‑ ganizados de acuerdo a la revisión de la literatura. Los resultados revelaron la importancia de la función padre, ya sea du‑ rante el embarazo o durante el parto y el posparto. Los resultados fueron in‑ terpretados a la luz de la revisión de la literatura, que confirmó, y sugieren implicaciones en el ámbito de referencia de la salud materna para su poste‑ rior estudio de profundización. Palabras clave: Parenting, papel, embarazo, parto, post‑parto. INTRODUÇÃO A gravidez é um ciclo de estruturação e crescimento cujo iní‑ cio ocorre com o processo de fecundação e dá‑se por con‑ cluído com o nascimento do bebé, que exige da futura mãe/ casal um esforço de adaptação e reajustamento a nível bio‑ lógico, psicológico e social. A gestação funciona para os pais como um estágio em que são preparados para os seus novos e exigentes papéis. Brazelton (1988) refere a este respeito que os pais nesta fase constroem sentimentos e fantasias, revêm a sua infância e os seus pais, assim como emergem as preocupações inerentes à transição para a parentalidade. A postura masculina relativamente à parentalidade difere bastante da feminina, uma vez que a mulher possui a capa‑ cidade de sentir os movimentos do seu filho dentro de si, as‑ sim como ajudá‑lo no seu nascimento e amamentá‑lo. Como tal existem autores que referem que o vínculo entre pai e fi‑ lho demora mais tempo a concretizar‑se, construindo‑se gra‑ dualmente ao longo tempo à medida que a criança se desen‑ volve (Delmore‑Ko, Pancer, Hunsberger e Pratt, 2000). É es‑ 48 sencialmente um vínculo indireto, mediado pela mãe. O presente estudo tem como objetivo analisar a perceção dos futuros pais sobre a gravidez, parto e pós‑parto e intitula ‑se “O papel do pai na gravidez, parto e pós‑parto: perceções paternas”. Os objetivos são os seguintes: •• Identificar de que forma os pais vivenciam a adaptação à paternidade; •• Analisar as perceções dos pais relativamente à gravidez, parto e pós‑parto; •• Estudar os benefícios da participação do pai no ciclo gravídico e puerperal; Pretende‑se assim, contribuir para o esclarecimento desta temática, considerando que enquanto a realidade apresenta questões para resolver, a ciência proporciona uma grelha de análise global que permite a clarificação dessas questões. A investigação em Enfermagem deve ter em vista, estabelecer a conexão entre ilações provenientes das teorias científicas e os problemas surgidos no real, identificando e explicando esses problemas segundo estudos científicos, contribuindo posteriormente para implicações na prática de enfermagem melhorando a qualidade dos serviços prestados. Espera‑se então com este estudo, contribuir para a criação de novos sa‑ beres, que, pensa‑se serem cruciais numa profissão cujo ob‑ jetivo fulcral é melhorar cada vez mais a prestação de cuida‑ dos àquele que mais necessita. QUADRO TEÓRICO Nas últimas décadas tem‑se vindo a assistir a um envolvi‑ mento cada vez mais profundo dos homens na gravidez, sendo que participam no seu acompanhamento desde o diagnóstico da gravidez, até às consultas médicas e cursos de preparação para a parentalidade com especial participa‑ ção no momento do parto, onde dão apoio e compreensão à parturiente e ajudam em atividades de relaxamento como a respiração. Relativamente ao envolvimento paterno na gravidez Parke (1996) defende que os pais passam por mudanças si‑ milares às das companheiras grávidas. Integrado nestas apa‑ rece a síndroma de Couvade em que os pais experimentam os mesmos sintomas físicos e psicológicos semelhantes aos manifestados pela grávida, devido a causas psico‑somáticas. Os sintomas podem ir desde náuseas e enjoos, assim como caibras, sensibilidade ou irritabilidade exageradas tendo sido também já relatados casos de aumento de peso. Vários estu‑ dos realizados sobre esta síndrome documentam que cerca de cinquenta por cento dos pais acabam por manifestar pelo menos dez por cento dos sintomas, sendo os homens mais afetados aqueles que foram adotados ou que pertenciam a casais com maior desejo em concretizar o sonho de ter um fi‑ lho. De Martini (1999) realizou um estudo em 30 futuros pais e verificou que cerca de metade apresentavam este tipo de síndrome. Piccinini et al (2004) assim como May (1982) referem que que o envolvimento paterno pode variar ao longo da gravi‑ dez de acordo com as características de cada pai, e acrescen‑ REVISTA DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DOS ENFERMEIROS OBSTETRAS — N.º 14/2014 tam que o envolvimento emocional é constituído por três fa‑ ses: a primeira destas compreende o período desde a sus‑ peita da gravidez até a sua confirmação, quando os pais po‑ dem experimentar reacções de desconforto, stresse e ambi‑ valência. Na segunda fase, os pais ainda não sentem a gesta‑ ção como uma realidade, uma vez que os sinais físicos não são evidentes, fazendo com que a distância emocional seja a característica mais marcante neste período. Na última fase, geralmente no terceiro trimestre de gravidez os homens vi‑ venciam a gestação como algo real, sentindo‑se mais inte‑ grados no ciclo gravídico à medida que a gravidez progride. Na mesma linha de pensamento Carvalho (2005:15) refere que o homem tem vindo a romper “conceitos antigos do pai autoritário e cria a imagem de um pai participativo passando a ocupar uma posição ativa na gravidez de sua mulher, dividindo com ela as preocupações com a gestação como também acom‑ panha e participa do nascimento de seu filho”. O papel do pai na gravidez passa então através da sua participação em ati‑ vidades relativas à gravidez desde a sua vigilância assim até à sua integração nos preparativos para o nascimento assim como na tranquilização e apoio emocional da companheira. Da mesma forma que o papel do homem tem‑se vindo a afigurar importante na gravidez, também no parto o homem desempenha uma figura essencial. Se há alguns anos, a prestação de cuidados à parturiente assentava num modelo em que a mulher se via entregue a si própria e submissa às equipas médicas e de enfermagem, num ambiente que lhe era completamente desconhecido e gerador de dúvidas e incertezas (Kitzinger, 1995), atualmente a realidade já é outra que contempla a participação do pai. Esta vertente de encarar o parto, tornava a mulher como um ser passivo, submergida em rotinas hospitalares, com um desrespeito profundo pelo modelo biopsicossocial, em que a pessoa é encarada de forma holística. Na tentativa de con‑ trariar esta tendência foram surgindo defensores da huma‑ nização do parto. A organização mundial de saúde em 1996, criou um documento de referência ao parto normal, onde se incluiu a participação e encoraja a participação do pai (Lei nº14/85 de 6 de Julho). O pai desempenha um apoio fundamental, constituindo uma base de apoio e de segurança para a parturiente ao mesmo tempo que reforça a identidade do homem e reduz a sensação de estar a ser excluído. Na mesma linha de pen‑ samento Carvalho (2003:394) refere que “tanto a materni‑ dade como a paternidade são beneficiadas, facilitando a soli‑ dariedade e compartilhamento de emoções profundas no nas‑ cimento da criança, o que pode contribuir para a construção de relações mais igualitárias entre homens e mulheres”. Oliveira e Brito (2006:4) acrescentam ainda que “a participação dos pais no nascimento traz o núcleo familiar para o ambiente ins‑ titucional, constituindo um desafio e possibilidade de constru‑ ção de uma assistência atenta à qualidade do nascimento das crianças. O homem deseja compartilhar o nascimento do filho para poder sentir a emoção de ser pai e permanecer com sua parceira. Entretanto, essa vontade nem sempre é concretizada devido às inúmeras desigualdades institucionais e de conduta profissional, tornando‑se cada vez mais imprescindível advogar a presença do homem como uma necessidade e prioridade para o bem‑estar do casal e da família”. A nível do pós‑parto o pai também desempenha um papel primordial. Tal como refere Oliveira e Brito (2006:2) “a ajuda paterna nos cuidados com a criança proporciona uma intera‑ ção precoce e mais intensa entre pai e bebé, o que favorece o crescimento saudável da criança, além de transmitir segurança à companheira, pois ajuda‑a, indiretamente, a sentir‑se mais amorosa e dedicada ao seu filho”. Após o nascimento, o pai percebe as primeiras dez sema‑ nas de paternidade da mesma forma que a mãe, sendo um período caracterizado pela incerteza, pelo aumento de res‑ ponsabilidades, pela interrupção do sono e pela incapaci‑ dade de controlar o tempo necessário para prestar cuidados ao recém‑nascido (Oliveira e Brito; 2006). O período puer‑ peral é por si só um fator de desequilíbrio da relação con‑ jugal na medida em que a atenção da puérpera está focada na criança, que lhe consome muito tempo quer na prática de amamentação quer na solicitação excessiva do recém ‑nascido. A atividade sexual neste período também dimi‑ nui quer pela falta de motivação da mulher quer pelo esgo‑ tamento da companheira provocado pelos cuidados à casa e à criança, principalmente quando não há partilha de tare‑ fas. A este respeito, as mesmas autoras (2006:5) referem que “mostrar‑se disponível, seja para ajudar ativamente a cuidar do bebé ou apenas ouvir a sua companheira, é a atitude favorável à prevenção do desgaste psicológico da mulher, ao desenvolvi‑ mento do vínculo e ao exercício da paternidade”. Também a nível da prevenção do aparecimento da de‑ pressão pós‑parto, o papel do pai é fundamental. Ó Hara (1992) verificou um fraco ajustamento matrimonial em puér‑ peras que desenvolveram depressão quando comparadas com puérperas não deprimidas, defendendo que um rela‑ cionamento social pobre com o companheiro predispõe a mulher ao desenvolvimento desta perturbação. A qualidade da relação do casal, principalmente em primíparas condi‑ ciona a forma da puérpera se ajustar às mudanças trazidas pela maternidade, sendo que a falta de relações íntimas, de apoio e de confiança conduzem ao aparecimento da depres‑ são. Também Figueiredo (1997‑a), refere que estudos com mães solteiras evidenciam maior risco de desenvolvimento de depressão pós‑parto, devido à falta de apoio de um com‑ panheiro na gravidez, parto e pós‑parto. O´Hara (1992) de‑ monstrou nos seus estudos que, as mulheres com depressão pós parto referem com significativa frequência sentirem‑se pouco apoiadas pelo cônjuge e manifestarem‑se pouco sa‑ tisfeitas com o relacionamento conjugal que têm. METODOLOGIA No âmbito da metodologia utilizada, passam a referir‑se os sujeitos da amostra envolvida no presente estudo, bem como o instrumento utilizado e os procedimentos havidos. Através de um estudo qualitativo, procurou‑se analisar, REVISTA DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DOS ENFERMEIROS OBSTETRAS — N.º 14/2014 49 numa amostra de 10 futuros pais, de que forma os pais viven‑ ciam a adaptação à paternidade, analisar as suas perceções relativamente à gravidez, parto e pós‑parto e de certa forma comprovar os benefícios da participação do pai no ciclo gra‑ vídico e puerperal; Todos os pais foram informados do tipo de estudo, dos objetivos do mesmo e do carácter voluntário da sua parti‑ cipação. Todos se mostraram disponíveis e colaborantes e autorizaram a gravação em suporte digital. Tentou‑se que as entrevistas decorressem num clima de confiança e à von‑ tade. Tratando‑se de entrevistas semiestruturadas procurou ‑se centrar o seu desenvolvimento, nos aspetos incluídos no guião. A população em estudo foi constituída por 10 ho‑ mens, pais de primeira vez, com idades compreendidas en‑ tre os 25 e 40 anos. 5 Quadro 1: Guião de entrevista Bloco de assuntos Quadro 1: Guião de entrevista Objetivos Questões Confirmar a disponibilidade do entrevistado para participar I Legitimação da entrevista na pesquisa Legitimar a entrevista .Motivar o entrevistado Informar sobre o tema e objetivos da pesquisa Garantir a confidencialidade Solicitar autorização para gravar a entrevista Poderá interromper quando desejar Recolher informação sobre II Breve caracterização das participantes no estudo Obter dados sociodemográficos das puérperas Idade Habilitações Literárias Profissão 1.Gravidez 1.1. De que forma tem apoiou a gravidez da sua companheira? 1.2. Quais as maiores dificuldades que sentiu durante a gravidez Identificar de que forma os pais vivenciam a III Perceções paternas do papel do pai na gravidez, parto e pós-parto adaptação à paternidade; da sua companheira? 1.3. Que sentiu durante a gravidez da sua companheira? 1.4. Existe algum aspeto que alterasse se passasse pelo mesmo período novamente? 2. Parto 2.1. De que forma apoiou a sua companheira no parto? Analisar as perceções 2.2. Quais as maiores dificuldades que sentiu durante o dos pais relativamente nascimento do seu filho? à gravidez, parto e pós-parto; Estudar os benefícios da participação do pai no ciclo gravídico e puerperal; 2.3. Que sentiu durante o nascimento? 2.4. Existe algum aspeto que alterasse se passasse pela mesma experiência novamente? 3.Pós-Parto 3.1. De que forma tem apoiou a sua companheira após o nascimento? 3.2. Quais as maiores dificuldades que sentiu após o nascimento do seu filho? 3.3. Que sentiu durante o pós-parto da sua companheira? 3.4. Existe algum aspeto que alterasse se passasse pelo mesmo período novamente? RESULTADOS Feita a categorização temática, sobressaiu uma área temática previamente definida e as respetivas categorias definidas à posteriori: perceções paternas do papel do pai na gravidez, parto e pós‑parto. Tendo por base o suporte teórico e a metodologia pro‑ posta a utilizar, procedeu‑se à reanálise e reinterpretação dos discursos de onde emergiram as unidades de registo e as uni‑ dades de contexto. Para as perceções paternas do papel do pai no ciclo 50 gravídico‑puerperal obteve‑se como unidades de registo: Gravidez, Parto e Pós‑parto. A maioria dos entrevistados (mais de 50%) referiu ter dado apoio à sua companheira na gravidez através da ida a consul‑ tas pré‑natais (E2, E3, E5, E7, E8, E10), cursos de preparação para a parentalidade (E2, E3, E5, E8, E9, E10), apoio nos des‑ confortos próprios da gravidez (E2, E3, E5, E7; E8, E10), assim como participar na preparação para o nascimento (E1, E2, E3, E5, E7, E8, E10). A nível das dificuldades sentidas neste pe‑ ríodo os entrevistados referiram alguma complexidade em compreender os sentimentos das companheiras (E4; E7; E10) e sentirem‑se por vezes excluídos num projeto que também lhe pertencia (E1, E3, E7, E9). As principais alterações que rea‑ lizariam se voltassem a passar pelo mesmo período seriam o estar mais tempo com a companheira (E1, E3, E4, E7, E10), aprofundarem mais os conhecimentos sobre a gravidez e parto (livros, programas, frequência de cursos de preparação para a parentalidade) (E4, E6, E7). Relativamente ao parto, constatou‑se que a maioria dos entrevistados deu apoio à sua companheira durante o parto (E1, E2, E5, E7, E8, E10), através de apoio na respiração (E2, E3, E5, E8, E9, E10), de transmitir confiança e segurança (E2, E3, E5, E8, E9, E10), de tranquilizar a companheira (E2, E5, E6). Alguns entrevistados referiram ainda que se tinham sen‑ tido úteis neste momento no sentido em que ajudaram o fi‑ lho a nascer (E1, E4, E5, E9). As maiores dificuldades sentidas resumem‑se ao receio de acontecer algo inesperado à sua companheira e ao seu filho (E1, E2, E3, E4, E6, E8, E9), ao as‑ sistir ao parto eutócico/distócico (E5, E7, E10) ou à reanima‑ ção do recém‑nascido (E5, E6, E7, E8, E10). Três dos entrevis‑ tados também referiram que a maior dificuldade foi descons‑ truir a convicção de que não eram capazes de assistir ao nas‑ cimento do filho (E5, E6, E7, E10). Os sentimentos mais vivenciados neste momento foram o receio (E5, E6, E7, E10), a alegria (E1, E3, E5), o entusiasmo (E2, E8), a partilha de emoções (E1, E2, E6, E8), o amor (E1, E2, E3, E4, E5, E7, E8, E9, E10), o carinho (E9), a felicidade (E1, E2, E6, E8, E9), demonstrando que o parto constitui o momento mais importante para o homem e que é nele que ele consi‑ dera o filho como real e perceciona a paternidade e consolida o papel de pai. Relativamente aos aspetos que os entrevista‑ dos alterariam se voltassem a passar por este momento no‑ vamente, a maioria dos entrevistados referiu o corte do cor‑ dão umbilical que não lhe foi permitido quer por partos dis‑ tócicos quer por esquecimento/não estar informado, quer por normas e rotinas hospitalares (E5, E6, E7, E10). No pós‑parto, constatou‑se que a maioria dos pais não apoia a companheira em tarefas domésticas mas auxilia na prestação de cuidados ao recém‑nascido (E1, E3, E4, E7, E10). Os recentes pais nesta altura consideram prioritário satisfa‑ zer as exigências do recém‑nascido. A falta de apoio foi tam‑ bém referenciada pela necessidade de retomar a atividade profissional (E6, E7, E9; E10). Mais de metade dos entrevista‑ dos relatou que sentiram mais necessidade de ajudar a com‑ panheira nas primeiras semanas após o nascimento e que REVISTA DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DOS ENFERMEIROS OBSTETRAS — N.º 14/2014 esta necessidade foi diminuindo gradualmente (E1, E2, E5, E7, E8, E10). No que concerne às principais dificuldades no pós ‑parto, os pais referiram a falta de descanso durante a noite (E1, E6, E9), a dificuldade em não compreender o choro do bebé (E2, E3, E8) e a alteração abrupta das rotinas e hábitos de vida (E4, E5, E7). O stresse vivenciado pela companheira tam‑ bém foi considerado como uma dificuldade sentida no pós ‑parto (E10). Muitos dos entrevistados referiram sentirem‑se excluídos neste período, pela atenção da companheira para com o bebé, assim como incapazes e com pouca habilidade de prestar cuidados aos seus filhos uma vez que as suas ações eram constantemente mediadas por ações de outros fami‑ liares, afastando‑os de experiências importantes da paterni‑ dade (E1, E4, E5, E7, E10). Referiram ainda que sentiam que a sua presença era dispensável naquele momento. Foi tam‑ bém relatado uma maior proximidade física, afetiva e emo‑ cional para com a companheira, apesar destas estarem mais focadas nos cuidados ao bebé e na amamentação e com me‑ nos apetência para o relacionamento sexual (E4, E7, E9, E10). Quando questionados sobre aspetos que alterariam nesta fase, a maioria dos pais considera que o pós‑parto não cons‑ titui uma fase problemática e como tal a maioria dos entre‑ vistados não referiu alterar nada após o nascimento (E1, E2, E4, E5, E6, E9, E10). Apenas dois dos entrevistados referiram a importância do apoio contínuo à companheira para evitar distúrbios depressivos (E3, E8). Constata‑se então que sendo o parto o período com maior importância para o pai, o pós ‑parto constitui sem dúvida aquele que é mais descurado sob o ponto de vista do homem. CONCLUSÕES Após o percurso até aqui efetuado poder‑se‑á partir para uma análise mais pormenorizada das partes que delinearam esta investigação, revelando as conclusões que dela emer‑ giram. Após a revisão da literatura foi criada uma grelha de análise que apresentasse pormenorizadamente as dimen‑ sões, os componentes e indicadores para cada conceito. A partir daqui, constituiu‑se o modelo conceptual, que permi‑ tiu estabelecer uma relação entre os dois conceitos, que pos‑ teriormente evoluiu para o guião da entrevista. Tendo em consideração a análise de conteúdo das entre‑ vistas efetuadas, foi possível verificar a importância do papel do homem na gravidez, parto e pós‑parto sendo que a maio‑ ria dos entrevistados concordou com esta relação. Estes re‑ sultados vão no sentido do esperado e aproximam‑se de ele‑ mentos da literatura revista (Oliveira e Brito, 2006; Carvalho, 2005; Parke, 1996). Todos os entrevistados percecionam o parto como o acon‑ tecimento mais importante no ciclo gravídico‑puerperal. O período da gravidez é considerado como uma fase de média importância e por último surge o pós‑parto em que os pais consideram a companheira mais capacitada e mais responsá‑ vel na prestação de cuidados ao filho. Em posteriores estudos, poder‑se‑iam retomar aspetos com vista a um maior aprofundamento dos resultados e da sua interpretação, quer no âmbito dos instrumentos utiliza‑ dos quer numa ampliação da amostra dos sujeitos estuda‑ dos. A natureza da relação entre a personalidade paterna e sucesso da amamentação poderia ser um dos aspetos a re‑ tomar, bem como a realização de análises dos resultados em função de novas variáveis, quer do sujeito quer do contexto profissional ou familiar dos sujeitos. No culminar desta tarefa, árdua mas muito desafiante, está‑se consciente que as conclusões permitidas por esta in‑ vestigação não constituem a clarificação total desta proble‑ mática, nem tão pouco constituem o culminar de um pro‑ cesso; são, bem antes, um manancial importante de informa‑ ção que poderá servir para a formulação de novas questões de estudo, com um assumir de novos desafios de investiga‑ ção em Enfermagem, Psicologia e Saúde. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRAZELTON, T. O desenvolvimento do apego: uma família em formação. Porto Alegre: Artes Médicas, 1989. CARVALHO, J. Nascimento de um filho: o significado para o pai. Natal: Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2005. Dissertação de Mestrado. DE MARTINI, T. (1999). A transição para a parentalidade: Expectativas, sentimentos e síndrome de couvade dos futuros pais ao longo da gestação. Dissertação de Mestrado não‑publicada, Programa de Pós ‑graduação em Psicologia do Desenvolvimento, Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, RS. DELMORE‑KO, P., PANCER, S. M., HUNSBERGER, B. & PRATT, M. (2000). Be‑ coming a parent: The relation between prenatal expectations and postnatal experience. Journal of Family Psychology, 14, 625‑640. FIGUEIREDO, B. (1997‑a) ‑ Depressão pós Parto, interacção mãe‑bébé e desenvolvimento infantil. Dissertação de doutoramento: Braga: Uni‑ versidade do Minho. GARCÊS, M. (2011) Vivências da figura paterna no trabalho de parto e nascimento no processo de transição para a parentalidade. Disserta‑ ção de mestrado, Universidade do Porto. KITZINGER, Sheila ‑ A experiência do parto. Lisboa: Instituto Piaget, 1995. OLIVEIR, E., BRITO, R. (2006) Ações de cuidado desempenhadas pelo pai no puerpério. Disponível em http://www.scielo.br/scielo.php?scrip‑ t=sci_arttext&pid=S1414‑81452009000300020. May, K. A. (1982). Three phases of father involvement in pregnancy. Nur‑ sing Research, 31, 337‑342. ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. (1996). Maternidade Segura, Assis‑ tência ao parto normal: um guia prático, OMS/SRF/MSM. O`HARA, M. (1992) ‑ Pospartum depression: a comprehensive review. In Brockington, I., & kumar, R. (Eds.). Motherwood and mental illness. London: Academic Press. PARKE, R. D. (1996). Fatherhood. Cambridge, Massachusetts: Harvard Uni‑ versity Press PICCININI, C. A., Tudge, J., Lopes, R. S. & Sperb, T. M. (1998). Estudo longi‑ tudinal de Porto Alegre: Da gestação à escola. Porto Alegre: Instituto de Psicologia, UFRGS. (Projeto de pesquisa). PICCININI, C., SILVA, M., TONANTZIN, G., LOPES, R. (2004) O Envolvimento paterno durante a gestação, Psicologia; Reflexão e Crítica, 17 (3), 303 ‑314. REVISTA DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DOS ENFERMEIROS OBSTETRAS — N.º 14/2014 51 Experiência vivida pelo pai no nascimento de um filho prematuro Nelly Augusta Silva1; Teresa Maria Campos Silva2; Isabel Margarida Marques Monteiro Dias Mendes*** 3 RESUMO Introdução: Num país onde a prematuridade tem vindo a aumentar, o pai e o seu envolvimento no processo de cuidados ao filho prematuro são, por ve‑ zes, esquecidos, sendo a mãe o foco da atenção. Objetivos: Conhecer a evidência científica sobre a vivência do pai no nascimento de um filho prematuro entre 2005 e 2012. Metodologia: Revisão sistemática da literatura segundo Cochrane Colla‑ boration (2011), utilizando o método PI(C)OD. Resultados: Os estudos analisados focalizam o grande impacto do nas‑ cimento de um filho prematuro na vivência paterna, bem como, os obstácu‑ los com que o pai se depara nesta nova e difícil etapa da vida, os quais po‑ dem dificultar o processo de transição para a parentalidade, e a importân‑ cia do acompanhamento dos enfermeiros no processo de preparação do re‑ gresso a casa. Conclusões: Conhecer a vivência paterna no nascimento de um filho prematuro contribuirá na valorização da figura paterna e da sua participa‑ ção no ambiente de cuidados ao filho prematuro, privilegiando uma assis‑ tência de qualidade ao pai pelos enfermeiros ao longo do processo de pre‑ paração para a alta hospitalar. Palavras-chave: Relações pai-filho; nascimento prematuro; cuidados de enfermagem. Objetivos: Evaluar la evidencia científica sobre la experiencia del padre en el nacimiento de un niño prematuro, entre 2005 y 2012. Métodos: Revisión sistemática de la literatura segundo Cochrane Cola‑ boración (2011), utilizando el método de PI(C)OD. Resultados: Los estudios analizados se centran en el gran impacto del nacimiento de un niño prematuro en la experiencia de lo padre y los obs‑ táculos que el padre se enfrenta en esta nueva y difícil etapa de la vida, lo que puede dificultar la transición a la paternidad, y la importancia de la su‑ pervisión de las enfermeras en el proceso de preparación del regreso a casa. Conclusiones: conocer al padre que vive el nacimiento de un niño pre‑ maturo contribuyen en la valoración de la figura paterna y su participación en el cuidado de su niño prematuro, privilegiando la atención de calidad al padre por las enfermeras en todo el proceso de preparación para el alta hos‑ pitalaria Palabras clave: Las relaciones padre-hijo; nacimiento prematuro; cuida‑ dos de enfermería. INTRODUÇÃO RESUMEN Historicamente o conceito de paternidade não apresentou o mesmo reconhecimento no que respeita a construção social do papel paterno, atravessando alguns períodos de transição. Nos últimos anos, o pai tem vindo a destacar-se como um elemento cada vez mais participativo nas ques‑ tões ligadas ao nascimento dos filhos e parentalidade e, à semelhança da figura materna, este teve de se adaptar ao seu novo papel parental, ficando exposto a momentos feli‑ zes e agradáveis podendo, contudo, deparar-se com alguns obstáculos difíceis de ultrapassar, como no caso do nasci‑ mento de um filho prematuro. O nascimento prematuro tem um grande impacto na vivência paterna, daí a impor‑ tância deste elemento ser integrado, pelos profissionais de saúde, no ambiente de cuidados ao recém-nascido pre‑ maturo na Unidade de Cuidados Intensivos Neonatais, de forma que adquire as capacidades para prestar os cuidados ao recém-nascido prematuro autonomamente, para que, aquando da alta hospitalar, esteja preparado para cuidar do seu filho prematuro no domicílio. A elaboração desta revi‑ são sistemática da literatura tem como objetivo “Conhecer a vivência do pai no nascimento de um filho prematuro” procurando na evidência científica o estado da arte sobre a temática, de modo a que a Enfermagem possa ser, peran‑ te o fenómeno da paternidade, um elemento facilitador no processo de transição para a parentalidade. EESMO. ACES Baixo Vouga – Unidade de Cuidados de Saúde Personalizados Anadia III. nelli‑ [email protected]. EESMO. Professora Adjunta da Escola Superior de Enfermagem de Coimbra. Doutoranda em Enfermagem no ICS - Universidade Católica Portuguesa. [email protected]. 3 EESMO. Professora Coordenadora da Escola Superior de Enfermagem de Coimbra. Doutora‑ da em Ciências de Enfermagem. [email protected]. Na antiguidade, o pai representava a autoridade da família e detinha o papel de progenitor e responsável pelo sus‑ tento económico da família e educação dos filhos, não se envolvendo na fase do nascimento e cuidados aos filhos sendo a mãe considerada a principal cuidadora. Este foi muitas vezes descrito como desinteressado e ausente na ABSTRACT Introduction: In a country where prematurity has increased, the father and his involvement in the care process of premature children are sometimes for‑ gotten, being the mother the focus of the attention. Objectives: To assess the scientific evidence on the experience of the fa‑ ther in the birth of a premature child between 2005 and 2012. Methods: A systematic literature review second Cochrane Collaboration (2011), using the PI(C)OD method. Results: The studies analyzed focus on the major impact of the birth of a premature child in the paternal experience, as well as the obstacles that his father faced in this new and difficult phase of life, which can hinder the pro‑ cess of transition to parenthood and the importance of monitoring of nurses in the preparation of the homecoming process. Conclusions: Understanding the paternal experience in the birth of a premature child helps in the appreciation of the father and his participa‑ tion in the environment of care of the premature child, emphasizing qua‑ lity care to the father by nurses throughout the preparation for hospital dis‑ charge process. Key-words: father-child relationship; premature birth; nurse care. Introducción: En un país donde la prematuridad ha aumentado, su pa‑ dre y su implicación en el proceso de atención de los niños prema‑ turos son a veces olvidados, siendo la madre el foco de atención. 1 2 52 QUADRO TEÓRICO REVISTA DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DOS ENFERMEIROS OBSTETRAS — N.º 14/2014 prestação dos cuidados ao recém-nascido (Brazelton e Cramer in Mendes, 2009), pois o parto e a própria gravidez eram assumidos como “assunto de mulher” (Seabra, Jesus & Ribeiro, 2008). Ao longo dos tempos, o papel paterno passou a afirmar-se no seio da família assumindo-se mais ativo no que concerne às suas funções e responsabilidades relativas à paternidade, demonstrando interesse e parti‑ cipação desde o período pré-concecional ao nascimento, nos cuidados à criança ao longo do seu crescimento e tam‑ bém começou a envolver-se nalgumas tarefas considera‑ das mais femininas. Assim pode-se dizer que a vivência do homem na construção do seu papel paterno e na transição para a parentalidade tem hoje contornos diferentes dos de há umas décadas atrás. O nascimento de um filho marca o início de uma nova fase do ciclo familiar acarretando intensas mudanças, levando à necessidade de adaptação e de reorganização do casal/famí‑ lia, especialmente aquando do nascimento de um filho pre‑ maturo. O recém-nascido pré-termo ou prematuro é o nascimento que ocorre antes do termo, isto é, com idade gestacional in‑ ferior a 37 semanas de gestação e peso fetal inferior a 2500 gramas (OMS in Carvalho, Araújo, Costa, Brito & Souza, 2009). Perante a vulnerabilidade e risco de morte da criança, sur‑ gem sentimentos de culpa, impotência, medo, tristeza, raiva e mesmo rejeição pelo filho que geraram. O nascimento de um bebé antes do termo caracteriza um momento de crise para a família (Araújo & Rodrigues, 2010). Atualmente, a sobrevivência dos recém-nascidos pre‑ maturos tem sido uma realidade constante no quotidiano (Araújo & Rodrigues, 2010). Segundo Carvalho et al (2009), estima-se que anualmente em todo o mundo nascem 20 mi‑ lhões de recém-nascidos com baixo peso, muitos em con‑ sequência de partos prematuros. Perante este problema de saúde pública, Portugal também não é exceção. Contraria‑ mente ao decréscimo verificado na natalidade, no que con‑ cerne os nados vivos prematuros e de baixo peso, a percenta‑ gem de prematuros era de 6,6% e de baixo peso era de 7,5% em 2005 e de 7,4% e de 8,4% respetivamente em 2011. Tendo em conta que a mortalidade e morbidade neona‑ tal são maiores entre os recém-nascidos prematuros, o de‑ senvolvimento das Unidades de Cuidados Intensivos Neona‑ tais (UCIN) revelou-se um marco na história da Neonatologia, possibilitando uma assistência de qualidade ao recém-nas‑ cido prematuro e consequentemente, contribuído para a sua sobrevivência. O ambiente na UCIN é, visto pelo pai como uma ameaça, e dado que o ambiente envolvente influencia o processo de vinculação entre pai/filho, a aproximação e relação de con‑ fiança entre os enfermeiros e o pai possibilita minimizar a separação pai/filho e fortalecer assim os seus laços afetivos. A figura paterna deve ser incluída no processo de cuidados para despertar o interesse e sentimento de pertença relativa‑ mente ao recém-nascido prematuro. Porém é necessário res‑ peitar a disposição do pai ao quebrar as barreiras para tocar no seu filho. A participação deste no ambiente de prestação de cuidados deve ser negociada com ele, tendo em conta a sua disponibilidade física e psicológica. A notícia da alta hospitalar do prematuro representa sem‑ pre um momento de alegria para os pais. Porém, a alta hos‑ pitalar também pode originar mais stress e ansiedade nos pais, pois estes sabem que, no domicílio, eles serão os únicos cuidadores do recém-nascido prematuro e deverão assumir a responsabilidade na satisfação das necessidades do seu fi‑ lho, sem ter ao seu lado o apoio e orientação do enfermeiro. O nascimento prematuro tem consequências sobre as vi‑ vências maternas e paternas. Contudo, o pai e o seu envol‑ vimento são por vezes esquecidos nesta nova e difícil etapa da vida. Segundo a revisão bibliográfica de Tronchin e Tsune‑ chiro (2005), existem poucos estudos que evidenciem a ex‑ periência paterna no cuidar do prematuro, sendo que a ma‑ ternidade tem recebido maior ênfase do que a paternidade. Segundo Nitschke in Gomes, Filho e Erdmann (2008), tam‑ bém na prática de muitos profissionais de enfermagem, as orientações estão voltadas quase que exclusivamente para o binómio mãe/filho, esquecendo-se da participação do pai como membro constituinte da família, dissociando-o da mesma. Especificamente, os enfermeiros conhecem os direi‑ tos do pai, mas parece que resistem em reconhecê-lo como cuidador. METODO DE REVISÃO SISTEMÁTICA De acordo com o contexto apresentado emergiu a seguinte questão “Conhecer a evidência científica sobre a vivência do pai no nascimento de um filho prematuro entre 2005 e 2012.” Para dar resposta foi elaborada uma revisão siste‑ mática da literatura segundo os princípios The Cochrane Collaboration (2011) que permitisse descrever a evidência científica sobre o fenómeno em análise. No processo de seleção dos documentos utilizámos o método PI(C)OD es‑ tabelecendo como critérios de inclusão serem artigos de re‑ vistas eletrónicas e livros escritos em português, publicados entre 2005/2012. Como recurso de pesquisa utilizámos as bases de dados SCIELO e Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal. Procedemos à leitura integral dos 38 artigos encontrados de modo a nos proporcionar uma vi‑ são de todo o conteúdo, seguido de um leitura mais por‑ menorizada de cada estudo e tendo em conta os critérios de inclusão foram selecionados 6 artigos que continham o propósito desta revisão. APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS Dos 6 artigos selecionados, 4 são de Portugal e 2 são do Bra‑ sil, escritos em português. Maioritariamente, cinco, tem um desenho qualitativo recorrendo à observação participante e entrevista sendo um de cariz quantitativo. Quanto aos par‑ ticipantes, na maioria são pais e mães e num estudo são en‑ fermeiras. REVISTA DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DOS ENFERMEIROS OBSTETRAS — N.º 14/2014 53 Quadro 1 – Apresentação da seleção final dos artigos. Dos resultados obtidos, na análise dos seis artigos selecio‑ nados, surgiram três dimensões, nomeadamente: pai face ao nascimento de um filho prematuro; o papel do enfermeiro face ao pai de um filho prematuro na UCIN e a transição vi‑ vida pelo pai de um filho prematuro. No que respeita à dimensão “pai face ao nascimento de um filho prematuro”, remetendo-nos para o percurso da fi‑ gura paterna, a construção social do papel paterno não teve o mesmo reconhecimento ao longo da História. Segundo Côrrea in Mendes (2009), regressando às comunidades pri‑ mitivas, o cuidar paterno era prestado pelos tios paternos ou outros homens da comunidade, sendo que o pai bioló‑ gico não exercia socialmente esse cuidado. A partir do século XVI, o conceito de família foi sofrendo grandes modificações na sua estrutura e na organização dos papéis dos seus mem‑ bros. No nascimento dos filhos, o pai era colocado de parte e rejeitado, participando apenas no momento da conceção. O pai era muitas vezes descrito como desinteressado e au‑ sente na prestação dos cuidados ao filho (Brazelton e Cramer in Mendes, 2009). As grandes mudanças sociais sentidas após a II Guerra Mundial, com a rápida industrialização e a eman‑ cipação da mulher para o mercado de trabalho constituíram fatores que contribuíram para uma nova alteração no con‑ ceito da paternidade (Mendes, 2009), surgindo o declínio da função paterna e a partilha da autoridade parental. Esta au‑ tora salienta que na sociedade atual, o homem assume cada vez mais a sua paternidade, estando mais consciente da im‑ portância do seu papel, ficando apenas para trás a ideia de perpetuação do seu nome, a história familiar e a herança. A nova fase do ciclo familiar que corresponde ao nasci‑ mento de um filho acarreta grandes modificações na dinâ‑ mica da família exigindo aos elementos que a constituem reorganizarem-se nas suas funções, especialmente aquando do nascimento de um filho prematuro. Martinet in Baião (2009), refere que de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a prematuridade é definida como o nas‑ cimento de um recém-nascido que ocorre antes das 37 se‑ manas de gestação após o primeiro dia da última menstrua‑ ção. Segundo Oliveira et al in Amaral (2009), a fragilidade e imaturidade geral de um recém-nascido prematuro podem comprometer o funcionamento dos seus órgãos, e mesmo a sua sobrevivência, podendo provocar sequelas graves, e al‑ gumas irreversíveis, que permaneçam e interfiram durante o seu crescimento e desenvolvimento infantil. 54 Barradas (2008, p. 57) salienta que “a prematuridade repre‑ senta quase a metade da mortalidade neonatal quase 80% da mortalidade nos 10 primeiros dias”. E esta autora acres‑ centa que o número de internamentos de recém-nascidos prematuros é expressivo na UCIN, pois segundo os dados da Direção Geral da Saúde, o tempo de internamento médio destes recém-nascidos é cerca de 45 dias, sendo que dos re‑ cém-nascidos prematuros com peso de nascimento abaixo de 1000g é superior a três meses. O período de internamento de um recém-nascido prema‑ turo na UCIN constitui um momento de grande sofrimento para os pais, e de acordo com Whaley e Wong citados por Barradas (2008), à medida que se aproxima o momento da alta, os pais ficam muito apreensivos e exaltados, devendo ser dado o tempo necessário à família para assimilar as in‑ formações e aprender a reconhecer as necessidades básicas dos cuidados. Deste modo, o planeamento da alta não deve ocorrer apenas no momento da alta, mas sim deve-se iniciar desde o momento do internamento do recém-nascido pre‑ maturo na UCIN, devendo ambos os pais serem incluídos neste processo. No que concerne à dimensão “o papel do enfermeiro face ao pai de um filho prematuro na UCIN”, observamos que o período de hospitalização do recém-nascido prematuro pode ser muito longo, dependendo da sua situação clínica, para que possa receber um conjunto de cuidados de cuida‑ dos específicos de neonatologia que possibilite a sua sobre‑ vivência num ambiente extra-uterino. Esta separação súbita entre pais e recém-nascido após o nascimento e a necessidade de internamento podem di‑ ficultar e comprometer o processo de vinculação. Este pro‑ cesso também designado por relação precoce ou apego en‑ tre pais/filho é definido por Klaus e Kennell citados por Ama‑ ral (2009) como uma ligação emocional que liga pais e re‑ cém-nascido, a qual se inicia ainda durante a gravidez e se in‑ tensifica com o nascimento, tornando-se a mais importante ligação humana. Inicialmente, os pais de um filho prematuro apresentam dificuldades em estabelecer laços afetivos com o mesmo, não significando, no entanto, que estes deixarão de existir. Estes sentem-se muitas vezes inseguros quanto ao recém‑ -nascido prematuro e à sua possibilidade de sobreviver, e culpabilizam-se pela situação clínica do seu filho (Batalha et al., 1999; Hockenberry et al., 2006; Brazelton e Cramer, 2004 in Amaral (2009)). Também o próprio aspeto físico é pouco atraente pela sua imaturidade, podendo impressionar os pais e dificultar a sua aproximação com o próprio filho. Na opinião de Barradas (2008), para que o contacto pre‑ coce entre pai/recém-nascido prematuro seja estabelecido com êxito, os profissionais de saúde devem facilitar os con‑ tactos iniciais da interação pai/filho, salientando a importân‑ cia da sua presença junto do recém-nascido para que este se sinta protegido e amado. Porém, Brazelton citado por Barradas também enuncia al‑ guns estádios pelos quais os pais devem passar para con‑ REVISTA DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DOS ENFERMEIROS OBSTETRAS — N.º 14/2014 seguirem superar os seus sentimentos de culpa, angústia e medo, nomeadamente: “Relacionar-se com o recém-nascido prematuro através de informações que são fornecidos pela equipa médica; Observar o movimento do recém-nascido prematuro que é manipulado pela enfermeira, mas não lhe tenta provo‑ car esses movimentos; Observar o movimento do recém‑ -nascido prematuro que agarra o dedo da enfermeira ou vira a cara ao som da voz e fica satisfeito. O seu filho está a transformar-se em pessoa; Começar a tocar no seu re‑ cém-nascido prematuro e a acariciá-lo; Numa última fase pega no seu recém-nascido prematuro, em que o segura e começa a alimentá-lo.” (2008, p.80) Como mencionam Carvalho et al (2009), durante o período de internamento do prematuro na UCIN, o plano de cuidados elaborado para as necessidades do recém-nascido deve con‑ templar também estratégias assistenciais tanto para a mãe como para o pai. O pai é o primeiro a acompanhar e cuidar do seu filho prematuro na UCIN, sendo ele a contactar pri‑ meiramente com os profissionais de saúde, a cuidar da com‑ panheira fragilizada, assim como, a assumir outras atividades domésticas e profissionais (Avery, 1999; Coutinho e Morsch, 2006 in Carvalho et al (2009); Barradas (2008)). Dado que o ambiente da UCIN pode impressionar o pai pelo seu equipamento e tecnologia, podendo mesmo con‑ dicionar a sua participação no ambiente de cuidados, Davies citado por Barradas refere que, “Uma breve explicação do estado da criança, o tipo de equipamento a ser utilizado, pode ajudar a aliviar muitas preocupações dos pais antes de verem o filho (…) a fun‑ ção de cada peça do equipamento e dos procedimentos atenuarão o choque inicial (…) a apresentação do pes‑ soal ajudará os pais a descontraírem-se e a sentirem-se mais em «casa»” (2008, p.71). Contudo, Amaral (2009) menciona que os profissionais de saúde nem sempre estão atentos às necessidades emocio‑ nais do recém-nascido prematuro e das suas famílias por es‑ tarem tão habituados a concentrar a sua atenção para os as‑ petos físicos de manutenção da vida do bebé. E realça que nem sempre é valorizada a importância de envolver os pais no ambiente de cuidados, ou simplesmente é evitada a sua participação, por se pensar que estes são incapazes de inter‑ vir junto do seu filho devido à tecnologia envolvente. O enfermeiro, ao prestar cuidados especializados ao re‑ cém-nascido prematuro, deve possibilitar, numa filosofia de parceria de cuidados, que os pais tenham um papel ativo nos mesmos, orientando-os nos cuidados a prestar, partilhando conhecimentos e ensinando-lhes técnicas adequadas que satisfaçam as necessidades do seu filho (Amaral, 2009;Fer‑ reira e Costa, s.d.; Mano in Amaral, 2009). A figura paterna não deve ser menosprezada pelos enfer‑ meiros, devendo também ser incluída no processo de cuida‑ dos para despertar o interesse e sentimento de pertença re‑ lativamente ao recém-nascido prematuro. Á medida que o pai se vai sentindo mais confiante no ambiente de cuidados, o enfermeiro deve promover a sua participação nas ativida‑ des com o filho prematuro, de acordo com a sua vontade e capacidade, tais como a higiene e conforto, alimentação, vi‑ gilância de temperatura, entre outros cuidados de enferma‑ gem, de forma que este se sinta mais responsável e útil no cuidar do seu filho, reduzindo assim a sua sensação de impo‑ tência (Barradas, 2008). No que respeita a dimensão “a transição vivida pelo pai de filho prematuro”, partindo da Teoria das Transições de Afaf Meleis, no nascimento de um filho, observámos que o pai atravessa uma transição desenvolvimental, especifica‑ mente, a transição para a parentalidade, a qual pode ser difi‑ cultada pelos obstáculos com que o pai se depara no nasci‑ mento de um filho prematuro. Quanto ao padrão, esta transi‑ ção é única. O pai tem de adaptar-se à nova fase do ciclo vital a que corresponde o nascimento de um filho, reorganizando‑ -se na dinâmica familiar e redefinindo os seus papéis paren‑ tais e funções no seio da família. CONCLUSÃO Os estudos analisados nesta revisão focalizam o grande impacto do nascimento de um filho prematuro na vivência paterna, bem como, os obstáculos com que o pai se depara nesta nova e difícil etapa da vida, os quais podem dificultar o processo de transição para a parentalidade. A transição para a parentalidade é um processo vivido pelo pai, o qual deve adaptar-se, assumindo o seu novo papel parental perante o filho. A fragilidade e imaturidade do recém-nascido prematuro e o ambiente altamente tecnológico da UCIN podem tam‑ bém dificultar o contacto precoce entre pai-filho, bem como a participação do pai no ambiente de cuidados ao filho pre‑ maturo. A prematuridade de um filho, para além de subme‑ ter o pai a momentos de tensão, medo e preocupação, exige que este percorra um processo de aprendizagem que o ca‑ pacite de se relacionar e cuidar autonomamente do seu filho prematuro na UCIN e, posteriormente, no domicílio, sendo fundamental o apoio e o acompanhamento dos profissionais de saúde, principalmente dos enfermeiros, no processo de preparação para a alta hospitalar. Com esta revisão sistemática da literatura, procurámos co‑ nhecer a vivência do pai no nascimento de um filho prema‑ turo de modo a contribuir na valorização da figura paterna e da sua participação no ambiente de cuidados ao filho prema‑ turo na UCIN, privilegiando uma assistência de qualidade ao pai pelos enfermeiros ao longo do processo de preparação para a alta hospitalar. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Amaral, N. M. F. (2009). Parceria de cuidados entre enfermeiras e pais de recém-nascidos prematuros internados: a visão das enfermeiras (Dissertação de Mestrado). 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Objetivos: Construir e validar a escala de importância de participação do pai na amamentação (EIPPA). Método: Após entrevistas a pais, mães e enfermeiras, obteve-se a EIPPA, composta por 18 itens, sendo realizado um estudo quantitativo, explorató‑ rio e descritivo, com 150 pais. O estudo foi previamente aprovado pela Co‑ missão de Ética da instituição onde foi realizado. Resultados: A EIPPA apresenta boa consistência interna (Alpha=0,933), boa validade com (KMO=0,909), e uma variância explicada de 66,065%. Verificou-se existirem três dimensões (física, afetiva e doméstica), com valores de Alpha entre 0,915 e 0,803. Os pais consideram mais importante a dimensão doméstica, seguida da afetiva e da física. Os itens com valores mais elevados foram: cuidados ao bebé para ajudar a mãe que amamenta; promover momentos de repouso e relaxa‑ mento à mãe e ajuda do pai na execução de trabalhos domésticos. O item com menos importância foi a presença do pai nas aulas de preparação para o parto. 1 2 EESMO - Professor Coordenador da ESEnfC / Investigador da UICISA-E ([email protected]). EESMO - Enfermeira na MBB-CHUC ([email protected]) 56 Conclusão: Deve ser promovida a participação do pai na amamentação nas 3 dimensões, através de estratégias específicas para cada dimensão.O envolvimento do pai deve iniciar-se no período pré-natal, e no puerpério de‑ ve-se potenciar a presença do pai e dirigir a sua participação para as três di‑ mensões da amamentação. Palavras-chave: pai, participação, amamentação, escala, enfermagem obstétrica. ABSTRACT Background: The involvement, attitudes and participation of the fa‑ ther in breastfeeding is important for the decision and maintain breast‑ feeding. In the absence of tools for assessing and comparing results, we constructed a scale to assess the importance of parent involvement in breastfeeding. Objectives: To construct and validate a scale of importance of parent in‑ volvement in breastfeeding (EIPPA). Method: After interviewing the parents and nurses, we obtained the EI‑ PPA, composed of 18 itenssendo performed a quantitative, exploratory and descriptive study with 150 parents. The study was approved by the Ethics Committee of the institution where it was conducted. Results: The EIPPA has good internal consistency (alpha = 0.933), with good validity (KMO = 0.909), and an explained variance of 66.065%. It was found there three dimensions (physical, emotional and domestic), with Alpha values between 0.915 and 0.803. Parents consider most important domestic dimension, then the emotio‑ nal and physical. Items with higher values w ere: care for the baby to help the REVISTA DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DOS ENFERMEIROS OBSTETRAS — N.º 14/2014 nursing mother; promote moments of rest and relaxation to help the mother and father in performing domestic work. The item less importance was the presence of the father in preparation classes for childbirth. Conclusion: It should be promoted parent participation in breastfeeding in three dimensions, through specific strategies for each dimension. Father involvement should begin in the prenatal period, and in the postpartum pe‑ riod should enhance the father’s presence and directing their participation for the three dimensions of breastfeeding. Keywords: father involvement, breastfeeding, scale, midwives RESUMEN Antecedentes: La participación, actitudes y participación del padre en la lactancia materna es importante para la decisión y mantener la lactancia ma‑ terna. Ante la falta de herramientas para la evaluación y comparación de los resultados, se construyó una escala para evaluar la importancia de la partici‑ pación de los padres en la lactancia materna. Objetivos: Construir y validar una escala de importancia de la participa‑ ción de los padres en la lactancia (EIPPA). Método: Después de entrevistar a los padres de familia y las enfermeras, que obtuvo el EIPPA, compuesto por 18 itenssendo realizó un estudio cuan‑ titativo, exploratorio y descriptivo con 150 padres. El estudio fue aprobado por el Comité de Ética de la institución donde se llevó a cabo. Resultados: El EIPPA tiene buena consistencia interna (alfa = 0,933), con una buena validez (KMO = 0,909), y una varianza explicada de 66,065%. Se encontró que hay tres dimensiones (física, emocional y nacionales), con valores alfa entre 0,915 y 0,803. Los padres consideran más importante la dimensión doméstica, enton‑ ces el emocional y físico. Los elementos con los valores más altos fueron: el cuidado del bebé para ayudar a la madre lactante; promover momentos de descanso y relajación para ayudar a la madre y el padre en la realización de trabajo doméstico. El elemento menos importante fue la presencia del padre en las clases de preparación para el parto. Conclusión: Se debe promover la participación de los padres en la lac‑ tancia materna en tres dimensiones, a través de estrategias específicas para cada dimensión. La participación del padre debe comenzar en el período prenatal y en el puerperio debe mejorar la presencia del padre y dirigir su participación en las tres dimensiones de la lactancia materna. Palabras clave: participación del padre, lactancia materna, escala, ma‑ trona INTRODUÇÃO Muitos dos trabalhos e artigos que envolvem o tema da ama‑ mentação, abordam sobretudo a interação entre mãe e filho, sendo a figura paterna secundária não interferindo direta‑ mente neste processo (Costa, 2007). Contudo, as mudanças que têm vindo a ocorrer na sociedade em geral ao longo dos últimos anos, trazem consigo alterações na conceção de fa‑ mília, de parentalidade e de paternidade. Neste sentido tem‑ -se verificado que é cada vez maior a participação do pai na amamentação, mas não se conhece em rigor a importância que o próprio pai atribui à sua participação. De acordo com o exposto definiu-se como questão de partida: Qual a impor‑ tância que o pai atribui à sua participação na amamentação. O termo importância é definido no Dicionário da Língua Portuguesa (2010, p. 881) como “interesse, relevância, valor, influência…”,e participação como “ato ou efeito de participar, envolvimento em determinada atividade…” (Ibidem, p. 1193). Por seu lado participar significa “fazer parte integrante, to‑ mar parte, acompanhar solidariamente”. Amamentação é de‑ finida pela OMS (2008) como sendo o “ato ou efeito de ama‑ mentar…”. No presente estudo considera-se “importância da participação do pai na amamentação”, como o interesse que o pai tem em fazer parte integrante da amamentação. Com base na questão de partida foram definidos os se‑ guintes objetivos: identificar os aspetos que caracterizam a importância da participação do pai na amamentação; cons‑ truir e validar uma escala para avaliar a participação do pai na amamentação; avaliar a importância que o pai atribui à sua participação na amamentação. QUADRO TEÓRICO A partir dos anos 70 do século XX que surge uma “nova pa‑ ternidade”, onde o pai enquanto progenitor, não só se com‑ promete com o sustento económico e disciplina dos filhos, mas também se envolve é e capaz de assumir os cuidados em qualquer fase do desenvolvimento da criança (Lamb, 2001, apud Leal, 2005), passando a considerar-se ele próprio um agente ativo na vida familiar e no crescimento dos seus filhos (Burguiere, 1990 apud Leal, 2005). Sharma & Petosa (2007) referem que é cada vez maior o interesse do pai em tornar-se um elemento integrante na amamentação, pois ela diz respeito à saúde e desenvolvi‑ mento do seu filho, sendo reconhecida a necessidade da in‑ clusão e participação do pai na amamentação, na medida em que ele pode representar um fator determinante para o su‑ cesso desta (Ibidem). Levy, (2002) considera que entre as ra‑ zões da decisão para amamentar com êxito é a opinião favo‑ rável de pessoas que lhe são significativas, nomeadamente o seu companheiro, considerando a este propósito Callahan et a (2006) que um pai motivado e conhecedor das vantagens da amamentação, será um pilar fundamental no apoio à mu‑ lher que amamenta. Vários autores são unânimes em afirmar a importância da participação do pai no processo de amamentação do filho. Mas enfatizam que, para isso ocorrer efetivamente, é neces‑ sário prepará-lo para os acontecimentos da gestação, parto e lactação desde o período pré-natal. Como refere Martins Filho (1998, apud Serafim e Lindsey, 2002), a preparação do companheiro para a nova situação de pai é essencial para ele compreender as modificações que ocorrem na dinâmica fa‑ miliar com a vinda do bebé e, a partir disso, melhorar a par‑ ticipação e a ajuda à esposa no período de amamentação. Um pai motivado para a amamentação, conhecedor das vantagens do leite materno e capaz de apoiar a mãe durante o período da amamentação, pode ser das mais importan‑ tes ajudas na promoção e prevalência desta (Callahan et al, 2006), já que o facto de uma criança ser alimentada com leite materno, ao invés de leite artificial, sobretudo nos primeiros dias de vida, pode ter efeitos importantes sobre a sua condi‑ ção de saúde em adulto (Pinto, 2008), podendo o pai desem‑ penhar um importante apoio a esta prática. Nesta linha de abordagem, Primo e Caetano (1998, apud Soares et al, 2004), afirmam que a presença e a ajuda do pai contribuem de forma positiva no incentivo e prática da ama‑ mentação, e que a aprovação e as atitudes do companheiro REVISTA DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DOS ENFERMEIROS OBSTETRAS — N.º 14/2014 57 em relação à amamentação são consideradas pela mulher elementos importantes na decisão de amamentar. METODOLOGIA A construção da escala de importância da participação do pai na amamentação (EIPPA) foi feita com base em entrevis‑ tas semiestruturadas a 10 pais, 8 puérperas e 10 enfermeiras, tendo depois sido submetida a uma Comissão de Júris. Após a avaliação dos resultados resultou uma instrumento consti‑ tuído por dezoito itens, sendo avaliado cada item segundo a sua importância, através de uma escala ordinal de 1 a 5, cor‑ respondendo 1 a nada importante e 5 a muito importante. Após a construção da EIPPA, realizou-se um estudo quan‑ titativo, do tipo exploratório-descritivo, com uma amostra não probabilística, constituída por 150 pais (homens), sele‑ cionados aleatoriamente num internamento de puerpério, que aceitaram participar no estudo, com os seguintes crité‑ rios de inclusão: filhos recém-nascidos com mais de 48 horas de vida e saber ler e escrever. Foi utilizado o questionário para colheita de dados, o qual era composto pela caracterização da amostra, e a EIPPA. Ob‑ teve-se autorização da Comissão de Ética da instituição e foi informado cada pai do tema e objetivos do estudo, bem como solicitada a sua colaboração através do preenchimento de um consentimento informado. Os dados foram trabalhados pelos autores com recurso ao SPSS 20.0. RESULTADOS A idade dos pais situa-se entre 19 e os 52 anos, existindo uma maior frequência relativa no grupo etário entre os 31 e os 36 anos (48,7%), seguido do grupo etário entre os 25 e os 30 anos (20,7%). A média de idades é 32,57 anos, com um desvio padrão de 5,841, sendo a moda de 33 e a mediana 33,0 anos. A maioria dos pais (60,7%) não tinha filhos anteriores e 39,3% dos pais tinha filhos anteriores. No que respeita ao es‑ tado civil, 69,3% estavam casados, 16,0% são solteiros, 11,3% viviam em união de facto e 3,3% estavam separados ou di‑ vorciados. Dos pais inquiridos 48,7% acompanhou sempre a grávida às consultas de vigilância pré-natal e 54,0%% acompanhou sempre a grávida às ecografias. DESCRIÇÃO DA EIPPA De acordo com o quadro 1 verifica-se que no item impor‑ tância da sua participação para o fortalecimento da relação entre o bebé, a mãe e o pai, a maioria dos pais inquiridos (64,0%) atribui o nível 5; 28,0% atribui o nível 4; 7,3% atribui o nível 3, 0,7% o nível 2 e nenhum pai atribuiu o nível 1, sendo a média 4,55, o desvio padrão 0,661, a moda 5 e a mediana 5,0. No item importância da presença do pai nas consultas de vigilância pré-natal para o sucesso da amamentação, 48,7% dos pais inquiridos atribui o nível 5, 27,3% o nível 4, 19,3% o nível 3, 2,7% o nível 2 e 2,0% atribui o nível 1, sendo a média 4,18, o desvio padrão 0,970, a moda 5 e a mediana 4,0. No 58 item importância da presença do pai nas aulas de Preparação para o Parto para o sucesso da amamentação, 32,7% dos pais inquiridos atribui o nível 5 de importância da participação, 27,3% o nível 4, 22,2% o nível 3, 10,0% o nível 2 e 8,0% atribui o nível 1, a média é 3,67, o desvio padrão 1,251, a moda é 5 e a mediana é 4,0. Relativamente ao item importância da pre‑ sença do pai no internamento após o parto, para o sucesso da amamentação, 55,3% dos pais inquiridos atribui o nível 5, 30,7% atribui o nível 4, 12,0% o nível 3, 1,3% atribui o nível 1 e 0,7% o nível 2, sendo a média 4,38, o desvio padrão 0,825, a moda 5 e a mediana 5,0. No que se refere à importância da presença do pai enquanto a mãe está a amamentar o bebé, 41,3% dos pais indicou o nível 5, 34,7% o nível 4, 20,0% o ní‑ vel 3, 2,7% o nível 2 e 1,3% o nível 1, sendo a média 4,12, o desvio padrão 0,912, a moda 5 e a mediana 4,0. No que concerne ao item importância do pai conversar com a mãe enquanto ela amamenta o bebé, 41,3% dos pais atribuem o nível 5, 32,0% o nível 4, 20,7% o nível 3, 3,3% o nível 2 e 2,7% atribui o nível 1, sendo a média 4,06, o desvio padrão 0,998, a moda 5 e a mediana 4,0. Relativamente ao item importância do pai acarinhar a mãe com gestos de ternura enquanto ela está a amamentar, 46,7% dos pais atribui o nível 5, 31,3% o nível 4, 18,0% o nível 3, 2,0% o nível 2 e 2,0% dos pais atribui o nível 1, a média é 4,19, o desvio padrão 0,937, a moda 5 e a mediana 4,0. Quanto ao item importância do pai falar para o bebé enquanto este está a mamar, 42,7% dos pais atribui o nível 5, 30,7% o nível 4, 22,0% o nível 3, 3,3% o nível 2 e 1,3% atribui o nível 1, sendo a média 4,10, o desvio padrão 0,947, a moda 5 e a mediana 4,0. No que se refere ao item importância da ajuda do pai a posicionar o bebé para ma‑ mar, 39,3% dos pais atribui o nível 4, 37,3% o nível 5, 18,0% o nível 3, 4,0% o nível 2 e 1,3% dos pais atribui o nível 1, sendo a média 4,07, o desvio padrão 0,913, a moda 4 e a mediana 4,0. Relativamente ao item importância do pai reconhecer se o bebé está a pegar corretamente na mama, 44,7% dos pais atribuem o nível 5, 34,7% atribui o nível 4, 17,3% o nível 3, 2,7% o nível 2 e 0,7% atribui o nível 1, sendo a média 4,20, o desvio padrão 0,867, a moda 5, e a mediana 4,0. Relativa‑ mente ao item importância da ajuda do pai na execução de trabalhos domésticos de modo a proporcionar períodos de repouso à mãe que amamenta, uma elevada percentagem de pais inquiridos (76,0%) atribui o nível 5, 18,7% atribui o nível 4, 4,7% atribui o nível 3, 0,7% o nível 2 e nenhum pai atribui o nível 1, sendo a média 4,70, o desvio padrão 0,588, a moda 5 e a mediana 5,0. Quanto ao item importância da colaboração do pai nos cuidados aos filhos mais velhos para apoiar a mãe que amamenta, 72,7% dos pais inquiridos atri‑ bui o nível 5, 18,0% o nível 4, 9,3% o nível 3 e nenhum pai atri‑ bui o nível 2 e 1, sendo a média 4,63, o desvio padrão 0,649, a moda é 5 e a mediana 5,0. Quanto ao item importância da participação do pai nos cuidados ao bebé para ajudar a mãe que amamenta, a maioria dos pais inquiridos (79,3%) atribui o nível 5, 16,7% atribui o nível 4, 4,0% atribui o nível 3 e ne‑ nhum pai atribui o nível 2 e 1, sendo a média 4,75, o desvio padrão é 0,517, a moda 5 e a mediana 5,0. Relativamente ao REVISTA DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DOS ENFERMEIROS OBSTETRAS — N.º 14/2014 item importância das demonstrações de carinho e afeto para com a mãe durante o período de amamentação, 62,0% dos pais inquiridos atribui o nível 5, 31,3% atribui o nível 4, 6,7% o nível 3 e nenhum pai atribui o nível 2 e 1, sendo a média 4,55, o desvio padrão 0,619, a moda 5 e a mediana 5,0. Quanto ao item importância do pai promover momentos de repouso e relaxamento à mãe durante o período de amamentação, a maioria dos pais inquiridos (72,7%) atribui o nível 5, 24,7% atribui o nível 4, 2,7% o nível 3 e nenhum pai atribui o nível 2 e 1, sendo a média 4,70, o desvio padrão 0,515, a moda 5 e a mediana 5,0. Relativamente ao item importância da par‑ ticipação do pai na amamentação para a relação conjugal, 57,3% dos pais inquiridos atribui o nível 5, 28,0% atribui o nível 4, 13,3% o nível 3, 1,3% o nível 2 e nenhum pai atribui o nível 1, sendo a média 4,41, o desvio padrão 0,770, a moda 5 e a mediana 5,0. Quanto ao item importância dos conheci‑ mentos do pai acerca do aleitamento materno para a partici‑ pação na amamentação, 53,3% dos pais inquiridos atribui o nível 5, 34,7% atribui o nível 4, 11,3% atribui o nível 3, 0,7% o nível 2 e nenhum pai atribuí o nível 1, sendo a média 4,41, o desvio padrão 0,715, a moda 5 e a mediana 5,0. No que se refere ao item importância do alargamento do período de permanência do pai junto da mãe e bebé, no internamento, para a amamentação, a maioria dos pais inquiridos (62,0%) atribui o nível 5, 28,7% atribui o nível 4, 8,7% o nível 3, 0,7% o nível 2 e nenhum pai atribui o nível 1, sendo a média 4,52, o desvio padrão 0,683, a moda 5 e a mediana 5,0 (quadro 1). Quadro 1- Distribuição das respostas dos pais à EIPPA. Quadro 1– Distribuição das respostas dos pais à EIPPA ESCALA DA IMPORTÂNCIA DA PARTICIPAÇÃO DO PAI NA AMAMENTAÇÃO (EIPPA) Qual a importância da participação do pai na amamentação para o fortalecimento da relação entre bebé, mãe e pai Importância da Participação % X Sd Mo Md 3 4 5 1 2 0 0,7 7,3 28,0 64,0 4,55 0,661 5 5,0 2,0 2,7 19,3 27,3 48,7 4,18 0,970 5 4,0 8,0 10,0 22,0 27,3 32,7 3,67 1,251 5 4,0 1,3 0,7 12,0 30,7 55,3 4,38 0,825 5 5,0 1,3 2,7 20,0 34,7 41,3 4,12 0,912 5 4,0 2,7 3,3 20,7 32,0 41,3 4,06 0,998 5 2,0 2,0 18,0 31,3 46,7 4,19 0,937 5 Qual a importância do pai falar para o bebé enquanto este está a mamar? 1,3 3,3 22,0 30,7 42,7 4,10 0,947 5 Qual a importância da ajuda do pai a posicionar o bebé para mamar? 1,3 4,0 18,0 39,3 37,3 4,07 0,913 4 Qual a importância do pai reconhecer se o bebé está a pegar corretamente na mama? 0,7 2,7 17,3 34,7 44,7 4,20 0,867 5 4,0 Qual a importância da presença do pai nas consultas de vigilância prénatal para o sucesso da amamentação? Qual a importância da presença do pai nas aulas de preparação para o parto para o sucesso da amamentação? Qual a importância da presença do pai no internamento após o parto, para o sucesso da amamentação? Qual a importância da presença do pai enquanto a mãe está a amamentar o bebé? Qual a importância do pai conversar com a mãe enquanto ela amamenta o bebé? Qual a importância do pai acarinhar a mãe com gestos de ternura enquanto ela está a amamentar? Qual a importância da ajuda do pai na execução de trabalhos domésticos, de modo a proporcionar períodos de repouso à mãe que amamenta? Qual a importância da colaboração do pai nos cuidados aos filhos mais velhos para apoiar a mãe que amamenta? Qual a importância da participação do pai nos cuidados ao bebé (adormecer o bebé, mudar a fralda, dar banho, brincar, etc) para ajudar a mãe que amamenta? Qual a importância das demonstrações de carinho e afeto para com a mãe, durante o período de amamentação? Qual a importância do pai promover momentos de repouso e relaxamento à mãe, durante o período de amamentação? Qual a importância da participação do pai na amamentação para a relação conjugal? Qual a importância dos conhecimentos do pai acerca do aleitamento materno para a participação na amamentação do seu filho(a)? Qual a importância do alargamento do período de permanência do pai junto da mãe e bebé, no internamento, para a amamentação? 4, 0 4, 0 4, 0 4, 0 0 0,7 4,7 18,7 76,0 4,70 0,588 5 5,0 0 0 9,3 18,0 72,7 4,63 0,649 5 5,0 0 0 4,0 16,7 79,3 4,75 0,517 5 5,0 0 0 6,7 31,3 62,0 4,550,619 5 5,0 0 0 2,7 24,7 72,7 4,700,515 5 0 1,3 13,3 28,0 57,3 4,410,770 5 0 0,7 11,3 34,7 53,3 4,410,715 5 0 0,7 5 8,7 28,7 62,0 4,520,683 5, 0 5, 0 5, 0 5, 0 FIDELIDADE E VALIDADE Fidelidade e validade Para medir a consistência interna da escala, foi utilizado o Alpha de Cronbach, tendo-se obtido o Para medir a consistência interna da escala, foi utilizado o Al‑ com boa fiabilidade. A relação de cada item com o total da escala é superior a 0,300, o que indica pha de Cronbach, tendo-se obtido o valor de 0,933, o qual se‑ existir uma alta correlação, não sendo necessário excluir nenhum dos 18 itens, não melhorando o gundo Pestana e Gageiro (2000), indica que estamos perante Alpha de Cronbach com a exclusão de qualquer item (quadro 2). uma escala com boa fiabilidade. A relação de cada item com o total da escala é superior a 0,300, o que indica existir uma alta correlação, não sendo necessário excluir nenhum dos 18 valor de 0,933, o qual segundo Pestana e Gageiro (2000), indica que estamos perante uma escala itens, não melhorando o Alpha de Cronbach com a exclusão de qualquer item (quadro 2). Quadro 2 –2 Relação itensdadaEscala Escala IPPA. Quadro - Relação dos dos itens da da IPPA. Correlação do item com o total Alpha de Cronbach se item eliminado ,507 ,932 ,673 ,929 ,626 ,933 ,580 ,931 5.Qual a importância da presença do pai enquanto a mãe está a amamentar o bebé? ,704 ,928 6.Qual a importância do pai conversar com a mãe enquanto ela amamenta o bebé? 7.Qual a importância do pai acarinhar a mãe com gestos de ternura enquanto ela está a amamentar? 8.Qual a importância do pai falar para o bebé enquanto este está a mamar? 9.Qual a importância da ajuda do pai a posicionar o bebé para mamar? 10.Qual a importância do pai reconhecer se o bebé está a pegar corretamente na mama? 11.Qual a importância da ajuda do pai na execução de trabalhos domésticos, de modo a proporcionar períodos de repouso à mãe que amamenta? 12.Qual a importância da colaboração do pai nos cuidados aos filhos mais velhos para apoiar a mãe que amamenta? 13.Qual a importância da participação do pai nos cuidados ao bebé (adormecer o bebé, mudar a fralda, dar banho, brincar, etc) para ajudar a mãe que amamenta? 14.Qual a importância das demonstrações de carinho e afeto para com a mãe, durante o período de Amamentação? 15.Qual a importância do pai promover momentos de repouso e relaxamento à mãe, durante o período de Amamentação? 16.Qual a importância da participação do pai na amamentação para a relação conjugal? 17.Qual a importância dos conhecimentos do pai acerca de Aleitamento Materno para a participação na Amamentação do seu filho(a)? 18.Qual a importância do alargamento do período de permanência do pai junto da mãe e bebé, no internamento, para a Amamentação? ,732 ,928 ,793 ,926 ,670 ,768 ,929 ,927 ,737 ,928 ,494 ,933 ,463 ,933 ,565 ,932 ,620 ,931 ,602 ,931 Item 1.Qual a importância da participação do pai na amamentação para o fortalecimento da relação entre bebé, mãe e pai? 2.Qual a importância da presença do pai nas consultas de vigilância Pré-natal para o sucesso da amamentação? 3.Qual a importância da presença do pai nas Aulas de Preparação para o Parto para o sucesso da amamentação? 4.Qual a importância da presença do pai no internamento após o parto, para o sucesso da amamentação? ,717 ,928 ,656 ,930 ,769 ,928 Procurou-se analisar a existência de fatores, recorrendo-se à Análise Fatorial. Para validar a utilização da Análise Fatorial utilização da Análise Fatorial para estas variáveis realizaram-se os testes de Kaiser-Meyer-Olkin parae oestas realizaram-se os obtidos, testesapresentam de Kaiser-Meyer‑ (KMO) teste devariáveis esfericidade de Bartlett. Os resultados um valor de KMO de 0,909 o (KMO) que é normalmente aceite como um valor elevadode (Pestana e Gageiro, tendo o -Olkin e o teste de esfericidade Bartlett. Os 2000) resulta‑ teste esfericidade de Bartlett sido recusado, assim o uso de da análise fatorial. dosdeobtidos, apresentam um validando valor de KMO 0,909 o que é Para selecionar o número de fatores utilizou-se o critério de Kaiser, que escolhe os fatores cuja normalmente aceite como um valor elevado (Pestana e Ga‑ variância explicada seja superior a 1 (Pestana e Gageiro, 2000), tendo resultado três fatores que geiro,no2000) tendo o teste de esfericidade explicam, seu conjunto 66,065% da variância total (Quadro 3). de Bartlett sido re‑ cusado, validando assim o uso da análise fatorial. Para selecionar o número de fatores utilizou-se o critério de Kaiser, que escolhe os fatores cuja variância explicada seja superior a 1 (Pestana e Gageiro, 2000), tendo resultado três fatores que explicam, no seu conjunto 66,065% da variância total (Quadro 3). Procurou-se analisar a existência de fatores, recorrendo-se à Análise Fatorial. Para validar a Quadro 3Quadro – Variância explicada e fatores rotação. 4 -Variância explicada e fatoresaareter reter após após rotação. Item 1 2 3 Extração da Soma dos Loadings Quadrados % Cumulativa 48,920 58,818 66,065 Rotação da Soma dos Loadings Quadrados Total 5,181 3,706 3,004 % da Variância 28,785 20,590 16,690 % Cumulativa 28,785 49,375 66,065 Os loadings dos fatores retidos não apontam para dimensões latentes compreensíveis. Assim, optou-se por efetuar uma rotação de forma a facilitar a interpretação dos fatores extraídos, Os loadings dos fatores retidos não apontam para dimen‑ intermédios. O método utilizado foi a rotação de Varimax,optou-se com exclusão por de valores inferiores a sões latentes compreensíveis. Assim, efetuar 0,500, pelo critério da normalização de Kaiser (Pestana e Gageiro, 2000). Após a rotação de uma rotação de forma a facilitar a interpretação dos fatores Varimax, verifica-se a existência de três componentes (quadro 4). extraídos, aumentando os loadings mais elevados, reduzindo Os três fatores são designados por: fator 1 - Participação física (Item 2, 3, 5, 6, 7, 8, 9 e 10); fator 2 os- Participação mais baixos fazendo desaparecer O (Item mé‑11, 12 afetiva e (Item 1, 4, 14, 15, 16, 17 e 18) e fatoros 3 - intermédios. Participação doméstica e 13). todo utilizado foi a rotação de Varimax, com exclusão de va‑ O Alpha de Cronbach para a dimensão participação física foi de 0,915, para a dimensão participação lores inferiores a 0,500, pelo critério da normalização de Kai‑ afetiva foi de 0,878 e para a dimensão participação doméstica foi de 0,803. ser (Pestana e Gageiro, 2000). Após fatorial a rotação de Varimax, ve‑ Quadro 4 -Determinação da EIPPA rifica-se a existência de três componentes (quadroComponentes 4). Item Física Afetiva Doméstica Os6.Qual três fatores são designados fator fí‑ a importância do pai conversar com a mãe enquanto elapor: amamenta o bebé? 1 - Participação ,830 7.Qual a importância do pai acarinhar a mãe com gestos de ternura enquanto ela está ,804 amamentar? sica a(Item 2, 3, 5, 6, 7, 8, 9 e 10); fator 2 - Participação afetiva 5.Qual a importância da presença do pai enquanto a mãe está a amamentar o bebé? ,755 9.Qual importância da ajuda16, do pai17 a posicionar o bebé mamar?3 - Participação ,752 (Item2.Qual 1,aa4, 14, 15, e 18) epara fator domés‑ importância da presença do pai nas consultas de vigilância Pré-Natal para o ,690 sucesso da Amamentação? tica (Item 11, 12 e 13). 8.Qual a importância do pai falar para o bebé enquanto este está a mamar? ,685 10.Qual a importância do pai reconhecer se o bebé está a pegar corretamente na ,669 Omama? Alpha de Cronbach para a dimensão participação fí‑ 3.Qual a importância da presença do pai nas Aulas de Preparação para o Parto para o ,639 sucesso da amamentação? sica 16.Qual foi de 0,915, para a dimensão participação afetiva foi de a importância da participação do pai na amamentação para a relação ,762 conjugal? a importância dos conhecimentos doparticipação pai acerca do Aleitamento Materno para 0,87817.Qual e para a dimensão doméstica foi,703 de 0,803. a participação na Amamentação do seu filho(a)? aumentando os loadings mais elevados, reduzindo os mais baixos e fazendo desaparecer os 14.Qual a importância das demonstrações de carinho e afeto para com a mãe, durante o período de Amamentação? 18.Qual a importância do alargamento do período de permanência do pai junto da mãe e bebé, no internamento, para a Amamentação? 1.Qual a importância da participação do pai na amamentação para o fortalecimento da relação entre bebé, mãe e pai? 15.Qual a importância do pai promover momentos de repouso e relaxamento à mãe, durante o período de Amamentação? 4.Qual a importância da presença do pai no internamento após o parto, para o sucesso da Amamentação? 11.Qual a importância da ajuda do pai na execução de trabalhos domésticos, de modo a proporcionar períodos de repouso à mãe que amamenta? 12.Qual a importância da colaboração do pai nos cuidados aos filhos mais velhos para REVISTA DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DOS ENFERMEIROS OBSTETRAS — N.º 14/2014 ,689 ,649 ,648 ,600 ,537 59 ,776 Os três fatores são designados por: fator 1 - Participação física (Item 2, 3, 5, 6, 7, 8, 9 e 10); fator 2 - Participação afetiva (Item 1, 4, 14, 15, 16, 17 e 18) e fator 3 - Participação doméstica (Item 11, 12 e 13). O Alpha de Cronbach para a dimensão participação física foi de 0,915, para a dimensão participação afetiva foi de 0,878 e para a dimensão participação doméstica foi de 0,803. Quadro -Determinação fatorial da EIPPA Quadro 4 –4 Determinação fatorial da EIPPA Item 6.Qual a importância do pai conversar com a mãe enquanto ela amamenta o bebé? 7.Qual a importância do pai acarinhar a mãe com gestos de ternura enquanto ela está a amamentar? 5.Qual a importância da presença do pai enquanto a mãe está a amamentar o bebé? 9.Qual a importância da ajuda do pai a posicionar o bebé para mamar? 2.Qual a importância da presença do pai nas consultas de vigilância Pré-Natal para o sucesso da Amamentação? 8.Qual a importância do pai falar para o bebé enquanto este está a mamar? 10.Qual a importância do pai reconhecer se o bebé está a pegar corretamente na mama? 3.Qual a importância da presença do pai nas Aulas de Preparação para o Parto para o sucesso da amamentação? 16.Qual a importância da participação do pai na amamentação para a relação conjugal? 17.Qual a importância dos conhecimentos do pai acerca do Aleitamento Materno para a participação na Amamentação do seu filho(a)? 14.Qual a importância das demonstrações de carinho e afeto para com a mãe, durante o período de Amamentação? 18.Qual a importância do alargamento do período de permanência do pai junto da mãe e bebé, no internamento, para a Amamentação? 1.Qual a importância da participação do pai na amamentação para o fortalecimento da relação entre bebé, mãe e pai? 15.Qual a importância do pai promover momentos de repouso e relaxamento à mãe, durante o período de Amamentação? 4.Qual a importância da presença do pai no internamento após o parto, para o sucesso da Amamentação? 11.Qual a importância da ajuda do pai na execução de trabalhos domésticos, de modo a proporcionar períodos de repouso à mãe que amamenta? 12.Qual a importância da colaboração do pai nos cuidados aos filhos mais velhos para apoiar a mãe que amamenta? 13.Qual a importância da participação do pai nos cuidados ao bebé (adormecer o bebé, mudar a fralda, dar banho, brincar, etc) para ajudar a mãe que amamenta?” Alpha de Cronbach Componentes Física Afetiva Doméstica ,830 ,804 ,755 ,752 ,690 ,685 ,669 ,639 ,762 ,703 ,689 ,649 ,648 ,600 ,537 ,776 ,772 ,741 0,915 0,878 0,803 Relativamente à distribuição por dimensão, a média na participação física é 32,58, o desvio padrão 6,208, a moda 40 e a mediana 34,0. Na participação afetiva a média é 31,52, o desvio padrão 3,674, a moda 35 na e participação a mediana parti‑ Relativamente à distribuição por dimensão, a média física 33,0. é 32,58,Na o desvio padrão 6,208, a modadoméstica 40 e a mediana 34,0. Na participação afetivaoa desvio média é 31,52, o desvio1,492, padrão 3,674, cipação a média é 14,08, padrão a a moda 35 e a mediana 33,0. Na participação doméstica a média é 14,08, o desvio padrão 1,492, a moda 15 e a mediana 15,0. No global a média é de 78,20, o moda 15 e a mediana 15,0. No global a média é de 78,20, o desvio padrão 10,09, a moda 90 e a desvio padrão 10,09, a moda 90 e a mediana 80,0 (Quadro 5). mediana 80,0 (Quadro 5). Quadro 5 – Distribuição pordimensão dimensão da EIPPA. Quadro 5 - Distribuiçãodos dosresultados resultados por da EIPPA. Dimensões da EIPPA Participação física Participação afetiva Participação doméstica GLOBAL Mín 11,0 16,0 9,0 38,0 Max 40,0 35,0 15,0 90,0 X 32,58 31,52 14,08 78,20 Sd 6,208 3,674 1,492 10,094 Mo 40 35 15 90 Md 34,0 33,0 15,0 80,0 DISCUSSÃO DISCUSSÃO Foi construída e validade a EIPPA, o que respondeu a dois ob‑ jetivos delineados para este trabalho. Esta escala, manteve os Esta escala, manteve os 18 itens iniciais, apresenta três dimensões da participação do pai na 18 itens iniciais, apresenta três dimensões da participação do amamentação: física, afetiva e doméstica. Quando se fala em importância da participação do pai pai na amamentação: física, afetiva e doméstica. Quando se na amamentação, muitas vezes esta é vista como uma participação global do pai, isto é, atribui-se falaaoem participação donapai na amamentação, valor pai, importância refere-se que a sua da participação e envolvimento amamentação são determinantes, mas objetivamente participação nãouma são claras, daí que, possamglobal advir dificuldades muitas vezesas áreas estadaésua vista como participação do quando o objetivo é demonstrar e ensinar ao pai as áreas específicas em que este pode atuar para pai, isto é, atribui-se valor ao pai, refere-se que a sua partici‑ apoiar a amamentação. pação e envolvimento na amamentação são determinantes, Deste modo, ao reconhecer estas dimensões, intervir na formação e no envolvimento do pai em mas objetivamente asobjetivo árease focalizado. da sua participação não sãodocla‑ amamentação, torna-se algo mais Cada dimensão da participação pai na amamentação passapossam a ter um valor distintodificuldades e portanto, atuar equando incrementar o a participação ras, daí que, advir objetivodoépai tendo em vista cada uma destas dimensões, pode levar à criação de programas de educação para demonstrar e ensinar ao pai as áreas específicas em que este a saúde com o objetivo de os tornar os pais elementos efetivos da participação na amamentação e pode atuarassumir paraumapoiar amamentação. assim poderem lugar tãoaimportante que lhes cabe, como promotores do aleitamento Deste modo, ao reconhecer estas dimensões, intervir na materno na tríade mãe-pai-bebé. Reconhecer a importância da opinião do homem decisão mulher em amamentar,tor‑ permite formação e no envolvimento donapai emda amamentação, avaliar o efeito da intervenção educativa no casal. Estudos realizados mostram que a incidência e na-se algo mais objetivo e focalizado. Cada dimensão da par‑ a duração da amamentação entre as mulheres que assistiam a aulas sobre a importância da ticipação eram do pai na quando amamentação passapresentes. a ter um valorque dis‑ amamentação, maiores os parceiros estavam Acredita-se essa intervenção sobre amamentação permite ao pai motivar a sua parceira na decisão tinto e educacional portanto, atuar e incrementar a participação do pai de amamentar (Gomes & Resende, 2002, apud Costa, 2007). tendo em vista cada uma destas dimensões, pode levar à criação de programas de educação para a saúde com o ob‑ jetivo de os tornar os pais elementos efetivos da participa‑ ção na amamentação e assim poderem assumir um lugar tão importante que lhes cabe, como promotores do aleitamento materno na tríade mãe-pai-bebé. Foi construída e validade a EIPPA, o que respondeu a dois objetivos delineados para este trabalho. 60 Reconhecer a importância da opinião do homem na de‑ cisão da mulher em amamentar, permite avaliar o efeito da intervenção educativa no casal. Estudos realizados mostram que a incidência e a duração da amamentação entre as mu‑ lheres que assistiam a aulas sobre a importância da amamen‑ tação, eram maiores quando os parceiros estavam presentes. Acredita-se que essa intervenção educacional sobre ama‑ mentação permite ao pai motivar a sua parceira na decisão de amamentar (Gomes & Resende, 2002, apud Costa, 2007). De acordo com o exposto, nas respostas aos itens da es‑ cala, verifica-se que a maioria dos pais situou a importân‑ cia da sua participação na amamentação para o fortaleci‑ mento da relação entre bebé, mãe e pai, no nível 5 (64,0%) e nenhum pai situou no nível 1. Estes dados sugerem que os pais atribuem na sua maioria, um valor elevado à amamen‑ tação, vendo nela um modo de aproximar a tríade mãe-pai‑ -bebé. Esta atitude positiva e de aceitação do pai face à ama‑ mentação é, para Primo e Caetano (1998, apud Soares et al, 2004), considerada pela mulher um elemento favorável à de‑ cisão de amamentar e de prolongar o aleitamento materno por mais tempo. Relativamente à importância da presença do pai nas con‑ sultas de vigilância pré-natal para o sucesso da amamenta‑ ção, a maior percentagem dos pais situou essa importância no nível 5 (48,7%) e 27,3% situou no nível 4. Quanto à im‑ portância da presença do pai nas aulas de preparação para o parto para o sucesso da amamentação, 32,7% atribuiu o nível 5 e 27,3% atribuiu o nível 4. Marques et al (2004), refere que relativamente ao acompanhamento pré-natal, o pai ganha especial destaque, e a sua participação pode variar muito de acordo com os sentimentos que emergem ao longo da gravi‑ dez, pois alguns pais só se sentem efetivamente pais depois do nascimento do bebé. Ainda assim, com estas respostas verifica-se que a maioria os pais atribui elevada importân‑ cia à sua participação nestes dois momentos do período pré‑ -natal para o sucesso da amamentação (consulta pré-natal e curso de preparação para o parto), pois para muitos pais es‑ tes momentos são contactos relevantes com profissionais de saúde que os podem esclarecer e transmitir informação útil acerca do aleitamento materno. A American Academy of Pe‑ diatrics (2002) reforça esta ideia, ao referir que o melhor pe‑ ríodo para inserir o pai no processo de amamentação é nas consultas, durante o período pré-natal. Relativamente à importância da presença do pai no interna‑ mento após o parto para o sucesso da amamentação, a maio‑ ria dos pais situou a sua resposta no nível 5 (55,3%) e apenas 1,3% situou no nível 1. Através desta resposta verifica-se que o pai vê na sua presença um ato benéfico e de contributo para a amamentação. A presença do pai logo após o nascimento da criança é de extrema importância para a continuidade da ama‑ mentação, já que desde o primeiro dia podem surgir dificulda‑ des na amamentação e o pai, desde que devidamente infor‑ mado e motivado para a amamentação, terá um papel fulcral no apoio à mulher quando esta se depara com estes proble‑ mas (American Academy of Pediatrics, 2002). REVISTA DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DOS ENFERMEIROS OBSTETRAS — N.º 14/2014 Quanto à importância da presença do pai enquanto a mãe está a amamentar, 41,3% dos pais situou no nível 5 da escala de importância e 34,7% situou no nível 4. Relativamente à importância do pai conversar com a mãe enquanto ela ama‑ menta o bebé, 41,3% dos pais atribuiu o nível 5 e 32,0% atri‑ buiu o nível 4. Relativamente à importância do pai acarinhar a mãe com gestos de ternura enquanto ela está a amamen‑ tar, quase metade dos pais inquiridos (46,7%), atribuiu o ní‑ vel 5. Relativamente à importância do pai falar para o bebé enquanto este está a mamar, 42,7% atribuiu o nível 5. Estes gestos avaliados nestas quatro questões, prendem-se todos com a dimensão da afetividade que o pai transmite à mãe e ao bebé durante a amamentação, o facto de o pai associar es‑ tes gestos de carinho e afeto à amamentação, pode ser deter‑ minante para o seu sucesso, havendo uma sensação de har‑ monia recíproca entre os elementos da tríade. Estudos recen‑ tes no âmbito da sociologia e da psicologia comportamen‑ tal, mostram que a gravidez, o parto e a vinculação precoce, são fortemente influenciados pelas atitudes do pai. Brazel‑ ton & Cramer (2004) apoiam esta ideia, referindo que o apoio emocional do marido contribui para uma adaptação bem-su‑ cedida da mulher ao seu estado gravídico e posteriormente materno, e a sua presença constante após o nascimento, está associada a uma experiência mais positiva para ambos no que concerne ao seu papel parental. Quanto à importância da ajuda do pai a posicionar o bebé para mamar, 39,3% dos pais atribuíram o nível 4 da escala de importância e 37,3% atribuiu o nível 5. Relativamente à impor‑ tância do pai reconhecer se o bebé está a pegar corretamente na mama, grande parte dos pais inquiridos (44,7%), atribuiu o nível 5 da escala e apenas 0,7% atribuiu o nível 1 da escala. Estas duas questões relacionam-se com a ajuda prática que o pai pode dar no ato de amamentar propriamente dito (di‑ mensão física), e pelas respostas dos pais depreende-se que atribuem bastante importância à sua participação nestas ati‑ vidades. Costa (2007) refere que o pai assume a amamenta‑ ção como sendo uma necessidade do seu filho e algo necessá‑ rio ao seu bom desenvolvimento, e deste modo emerge nele uma postura interventiva na amamentação, levando-o a exer‑ cer maior influência sobre a decisão da mulher em amamentar e em manter a amamentação por mais tempo. Relativamente à importância da ajuda do pai na execução de trabalhos domésticos, de modo a proporcionar períodos de repouso à mãe que amamenta, a maioria dos pais inquiri‑ dos atribuiu o nível 5 (76,0%), nenhum pai atribuiu o nível 1 e apenas 0,7% atribuiu o nível 2. De forma semelhante respon‑ deram à questão sobre a importância da colaboração do pai nos cuidados aos filhos mais velhos para apoiar a mãe que amamenta, onde 72,7% dos pais atribuiu o nível 5 e nenhum pai atribuiu o nível 2 e 1. A resposta à questão sobre a impor‑ tância da participação do pai nos cuidados ao bebé para aju‑ dar a mãe que amamenta, é semelhante às anteriores, pois os pais inquiridos atribuíram na sua maioria o nível 5 (79,3%) e nenhum pai atribuiu o nível 2 e 1. Estas atividades, prendem‑ -se com a participação do pai na dimensão doméstica, e aqui é clara a importância que eles dão à sua participação como forma de ajudar e colaborar com a mãe durante o período de amamentação. Estes resultados vão ao encontro daquilo que as novas teorias da parentalidade e mais propriamente da paternidade descrevem, pois os “pais de hoje” defendem uma nova forma de estar na família e na relação que estabe‑ lecem com os filhos (Balancho, 2004). Crescentemente os ho‑ mens passam a poder manifestar de múltiplas formas a sua paternidade, assim como, o seu papel ativo na vida familiar e doméstica e em conformidade com a imagem do pai envol‑ vido, assiste-se gradualmente a uma aproximação dos papéis parentais (Ibidem). Relativamente à importância das demonstrações de cari‑ nho e afeto para com a mãe durante o período de amamen‑ tação, 62,0% dos pais atribuíram o nível 5 e nenhum pai atri‑ buiu o nível 1 e o nível 2. Quanto à importância do pai pro‑ mover momentos de repouso e relaxamento à mãe durante o período da amamentação, a maioria dos pais atribuiu o ní‑ vel 5 (72,7%) e nenhum pai atribuiu o nível 1 e o nível 2. Rela‑ tivamente à importância da participação do pai na amamen‑ tação para a relação conjugal, a maioria dos pais (57,3%) atri‑ buiu o nível 5, nenhum pai atribuiu o nível 1 e 1,3% atribuiu o nível 2. Estas questões prendem-se também com a partici‑ pação do pai na dimensão afetiva e, à imagem dos itens ini‑ ciais da escala, estas respostas traduzem a valorização que o pai coloca no seu envolvimento afetivo e em todo o apoio psicológico dado à sua companheira durante o período de amamentação. De ressalvar a relação entre a amamentação e a conjugalidade, pois como foi referido neste trabalho, mui‑ tas vezes a amamentação associada às alterações do corpo da mulher no período pós-parto, podem ser incompatíveis com uma vivência plena da conjugalidade, interferindo com a intimidade do casal (Falceto e Giugliani, 2004, apud Costa, 2007). Ainda assim, muitos homens ao verem a amamenta‑ ção como um bem-maior para a saúde do seu filho, e sendo esse filho um projeto a dois (mãe e pai), ela passa a ser en‑ tendida como algo natural e inclusivamente como um ato que acresce a toda uma vivência sadia da conjugalidade. Mas para esta aceitação por parte do homem vão depender inú‑ meros fatores, nomeadamente, o peso que este coloca nas transformações físicas da mulher no período pós-parto, o erotismo que atribui à mama, a motivação que o pai tem para o seu filho ser amamentado e os conhecimentos que o pai tem acerca da amamentação (Ibidem). Quanto à importância dos conhecimentos do pai acerca do aleitamento materno para a participação na amamenta‑ ção do filho, a maioria dos pais (53,3%), também atribuiu o nível 5, nenhum pai atribuiu o nível 1 e apenas 0,7% dos pais atribuiu o nível 2. Através destas respostas é possível verifi‑ car que os pais conferem elevada importância aos seus co‑ nhecimentos sobre amamentação, vendo neles um fator im‑ portante para o sucesso desta. A este propósito Callahan et al (2006) defende que um pai motivado e conhecedor das van‑ tagens da amamentação é um pilar fundamental no apoio à mulher que amamenta. REVISTA DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DOS ENFERMEIROS OBSTETRAS — N.º 14/2014 61 Relativamente à importância do alargamento do período de permanência do pai junto da mãe, no internamento, para a amamentação, a maioria dos pais (62,0%), atribuiu o nível 5, nenhum pai atribuiu o nível 1 e apenas 0,7% dos pais atribuiu o nível 2. Através desta resposta verifica-se que os pais con‑ ferem importância à sua presença junto da mãe e do bebé desde os primeiros momentos de vida deste, para o sucesso da amamentação. O envolvimento do pai na amamentação deve iniciar-se no período pré-natal, no entanto, após o nas‑ cimento e na presença do bebé real, o profissional de saúde deverá integrar o pai em todos os cuidados inerentes ao filho e especificamente na amamentação (Gomez, 2005). Verifica-se no geral na EIPPA que os pais inquiridos atri‑ buem em quase todos os itens níveis elevados de importân‑ cia à sua participação, pois o valor médio é superior a 4, com exceção do item 3, cujo valor médio de respostas é inferior a 4 (3,67) acerca da importância da participação do pai nas au‑ las de preparação para o parto para o sucesso da amamen‑ tação. O pai/casal ainda percebe estas aulas como dirigidas para a mulher, não vendo nelas importância para o apoio que pode dar, enquanto pai, durante o período da amamentação. Face aos resultados globais obtidos nesta escala, verifica‑ -se que o pai identifica em si a importância na amamentação, que muitos autores defendem. Ele será o pilar da mulher, so‑ bretudo nos primeiros dias após o nascimento do bebé, e se o pai se conseguir envolver nas três dimensões da sua par‑ ticipação da amamentação, ele estará apto a apoiar a mu‑ lher durante o período de amamentação e assim a promo‑ ver a sua prevalência. Ao contrário, um pai pouco motivado e com um baixo nível de conhecimento em amamentação e em tudo o que a envolve, pode levar ao abandono precoce desta, mesmo quando se está perante uma mulher motivada. Como refere Costa (2007), apesar de o pai demonstrar inte‑ resse e disposição em ajudar a mulher durante o período da amamentação, a falta de conhecimento sobre aspetos práti‑ cos da amamentação pode levá-lo a influenciar a mulher ao abandono desta quando surgem dificuldades. Daí que a edu‑ cação para a saúde ao pai, no âmbito da amamentação e es‑ pecificamente, em cada uma destas três dimensões, deva ser uma prioridade e um objetivo da intervenção do enfermeiro especialista em saúde materna e obstetrícia. CONCLUSÃO Este estudo permitiu construir e validar a EIPPA, que quanto à fidelidade apresentou um Alfa de Cronbach de 0,933 e um KMO de 0,909. Foram identificadas três dimensões da parti‑ cipação do pai na amamentação que explicam 66,065% da variância, (física, afetiva e participação doméstica), devendo cada uma constituir um foco de atenção distinto, e ser es‑ tudada e analisada no sentido de melhor contribuir para o aperfeiçoamento das estratégias de educação para a saúde em amamentação. Ao segmentar a participação do pai na amamentação, e educar em cada uma das dimensões pode traduzir-se em ganhos para a saúde. No geral os pais inquiridos atribuem, níveis elevados de 62 importância à sua participação nos vários itens da EIPPA, o que se revela que o estudo da amamentação sob a ótica da participação do pai, permitiu identificar mudanças nas ati‑ tudes masculinas que têm contribuído não só para a prática da amamentação, mas, principalmente, para a construção de um “novo pai”, com papéis redefinidos no contexto familiar. O modelo da nova paternidade, onde o homem procura vi‑ venciar todos os momentos desde a gravidez, possibilita as transformações das relações sociais de género e a formação do vínculo afetivo pai-filho desde a gravidez. As limitações do estudo foi o fato de ser realizado pela pri‑ meira vez e de a amostra ser de 150 participantes. No que respeita às implicações do estudo para a prática de enferma‑ gem, deve-se considerar o desenvolvimento de estratégias específicas para cada dimensão da participação do pai na amamentação, as quais devem resultar de propostas especí‑ ficas indicadas e trabalhadas com cada casal de acordo com os seus contextos e realidades. No que respeita a estudos posteriores, sugere-se a utiliza‑ ção da EIPPA num estudo transversal e quase experimental no sentido de avaliar o contributo das intervenções de enfer‑ magem na participação do pai, em cada dimensão ou nas 3 dimensões da participação do pai na amamentação. Cabe aos enfermeiros, sobretudo aos enfermeiros especia‑ listas em saúde materna e obstetrícia desconstruir o “pai tra‑ dicional” e construir um “novo pai” mais próximo da criança, mais ativo na amamentação e na vida familiar. Esta forma de intervir, provavelmente, irá reverter-se em mudanças nas conceções e, consequentemente, no exercício de ser pai, o que possibilitará o apoio, incentivo e promoção da amamen‑ tação, aumentando os índices de aleitamento materno e fa‑ vorecendo a saúde das crianças e assim a saúde pública em geral (Costa, 2007). Vários autores são unânimes em afirmar a importância da participação do pai no processo de amamentação do filho. Mas enfatizam que, para isso ocorrer efetivamente, é neces‑ sário prepará-lo para os acontecimentos da gestação, parto e lactação desde o período pré-natal (Martins Filho, 1998, apud Serafim e Lindsey, 2002). Pode-se daí inferir que apos‑ tar no envolvimento do pai na amamentação é apostar na saúde materno-infantil e cada estratégia adotada nesse sen‑ tido vai fazer prosperar a saúde das populações. Este estudo não deve ser encarado como um fim em si mesmo mas um abrir horizontes que nos mova e nos esti‑ mule a seguir atuando em prol da qualidade dos cuidados de enfermagem em saúde materna e obstetrícia. BIBLIOGRAFIA American Academy of Pediatrics (2002). New Mother´s Guide to Breast‑ feeding. Acedido a 23 junho 2011 em http://www.aap.org/healthy‑ children-breastfeeding Brazelton, T.; Cramer, B. (2004). A relação mais precoce - os pais, os bebés e a interacção precoce. (1ª ed). Lisboa: Terramar. Callahan, S.; Sejourné, N.; Denis, A. (2006, maio). Fatigue and breastfeed‑ ing: an inevitable partnership. Journal of Human Lactation, 22 (2), p182-187. REVISTA DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DOS ENFERMEIROS OBSTETRAS — N.º 14/2014 Costa, A.; Lamy, L. (2007). Amamentação – uma questão de desejo ou cul‑ tura?. Consultado a 9 de maio de 2011 em WWW:<URL:http://www. chbalgarvio.min-saude.pt/NR/rdonlyres/441A2CAF-0A16-4A30-85F‑ 5CDC54429BCE5/17030/Amamentacao_trabalho_cientifico.pdf>. Costa, C.R. (2007). Representação do Papel do pai no aleitamento ma‑ terno. Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado em Nutrição Clínica da Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Uni‑ versidade do Porto. Consultado a 9 de maio de 2011 em WWW.http:// repositorio-aberto.up.pt/bitstream/10216/62560/2/124142_33M. pdf. Porto Editora (org.) (2010). Dicionário da língua portuguesa. Porto: Porto Editora. Leal, I. (2005). Psicologia da gravidez e da parentalidade. Lisboa: Fim de Século. Levy, L.; Bertolo, H. (2008). Manual de aleitamento materno. Lisboa: Co‑ mité Nacional para a UNICEF. Marques, E.; Nascimento, M.; Cotta, R.; Magalhães, K.; Santana, L. (2004). Amamentação em prematuros: práticas hospitalares – Jornal de Pe‑ diatria, 80, p.78-81. 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Essa separação pode ser o desencadear de danos, nomeadamente na sua termorregulação e deixar escapar um mo‑ mento precioso na vida da mãe e do bebé, pelo que a promoção do con‑ tato pele-a-pele deve ser estimulada desde os primeiros minutos de vida do bebé. Objetivo: Demonstrar que no Bloco de Partos do Hospital Distrital de Santarém, a temperatura corporal dos recém-nascidos não diminui quando em contacto pele-a-pele com a mãe. Método: O estudo descritivo de abordagem quantitativa utilizou uma amostra não probabilística e de conveniência. Para recolher os dados utili‑ zou-se um questionário de caracterização sociodemográfica da mãe e do re‑ cém-nascido e uma tabela onde foram monitorizadas as temperaturas con‑ forme os momentos pré-estabelecidos. Para a recolha de dados foram real‑ izados vários procedimentos de forma a cumprir a componente ética e legal da pesquisa em enfermagem com seres humanos. Resultados: As temperaturas médias apresentadas à nascença, aos 10’, 20’ e 30’ de vida foram, respetivamente de 37,56º; 37,40º; 37,02º e 37,00º. O tempo decorrido entre o nascimento e a primeira mamada foi em média de 46 minutos, com um mínimo de 10 minutos e um máximo de 76 minutos. Conclusões: Concluiu-se que a temperatura corporal do recém-nascido não diminui para parâmetros de hipotermia quando em contacto pele-a‑ -pele com a mãe durante os primeiros trinta minutos de vida. Palavras-chave: contacto pele-a-pele; temperatura, recém-nascido Mestre em Enfermagem de Saúde Materna e Obstétrica, EESMO, Hospital de Santarém, EPE, [email protected]. 2 Doutora em Enfermagem, Professora Adjunta na ESESJD/UÉ, EESMO, [email protected]. 1 ABSTRACT Background: Among the mammals, only human being separates the newborn from its mother. This separation may be the trigger of damage, par‑ ticularly in baby thermoregulation and let out a precious moment in the life of the mother and the baby, so the promotion of skin-to-skin contact should be encouraged from the first minutes of the baby’s life. Objective: To demonstrate that in Hospital Distrital de Santarém deli‑ very’s room the temperature of newborns body does not decrease when in skin-to-skin contact with their mothers. Method: This descriptive study used a quantitative approach and non‑ -probabilistic convenience sample. To collect the data we used a question‑ naire of sociodemographic characteristics of the mother and newborn and a table where the temperatures were monitored according to pre-established times. For data collection several procedures to comply with legal and ethi‑ cal component of nursing research with human subjects were conducted. Results: The average temperatures presented at birth, at 10 ‘, 20’ and 30 ‘of life were respectively of 37,56º; 37,40º; 37,02º and 37,00º. The time be‑ tween birth and first suckling averaged 46 minutes, with a minimum of 10 minutes and a maximum of 76 minutes. Conclusions: We concluded that the temperature of the newborn body does not decrease for parameters of hypothermia when in skin-to-skin con‑ tact with their mothers during the first thirty minutes of life. Keywords: skin-to-skin contact; temperature, newborn RESUMEN Antecedentes: Entre los mamíferos, el ser humano es el único que separa al recién nacido de su madre. Esta separación puede ser el desencadenante de daños, especialmente en su termorregulación y dejar escapar un momento precioso en la vida de la madre y del bebé, por lo que la promoción del con‑ tacto piel a piel debe ser alentada desde los primeros minutos de vida del bebé. REVISTA DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DOS ENFERMEIROS OBSTETRAS — N.º 14/2014 63 Objetivo: Demostrar que en la sala de partos de Hospital Distrital de San‑ tarém, la temperatura corporal de los recién nacidos no disminuye cuando están en contacto piel a piel con la madre. Método: Estudio descriptivo que utiliza un enfoque cuantitativo y mues‑ tra de conveniencia no probabilística. Para recoger los datos se utilizó un cuestionario de las características sociodemográficas de la madre y del re‑ cién nacido y una tabla en que las temperaturas fueron controlados de acuerdo con los tiempos preestablecidos. Para la recolección de datos se lle‑ varon a cabo varios procedimientos para cumplir con el componente legal y ética de la investigación con sujetos humanos en enfermería. Resultados: Las temperaturas medias que se presentan al nacer, al 10 ‘, 20’ y 30 ‘de la vida fueron, respectivamente, de 37,56º; 37,40º; 37,02º y 37,00º. El tiempo entre el nacimiento y la primera succión promedio de 46 minutos, con un mínimo de 10 minutos y un máximo de 76 minutos. Conclusiones: Concluimos que la temperatura corporal del recién na‑ cido no disminuye para los parámetros de la hipotermia en el contacto piel a piel con la madre durante los primeros treinta minutos de vida. Palabras clave: contacto piel a piel; temperatura, recién nacido INTRODUÇÃO Foi só a partir do final do séc. XVIII que a opinião acerca do aleitamento materno começou a ser mais favorável, influen‑ ciada pela mudanças cientificas e culturais que iam aconte‑ cendo, tornando visível os benefícios deste, principalmente na diminuição da mortalidade infantil (Marinho, 2004). Entre os animais mamíferos, o ser humano é o único que separa o recém-nascido de sua mãe, essa separação pode desenca‑ dear malefícios e deixar escapar um momento precioso na vida da mãe e do bebé. Ao contrário do que se argumenta‑ va até o início do século passado, os bebés, quando nascem, não são como tábua rasa, ou seja, destituídos de qualquer experiência sensorial; eles já estão equipados com certo número de sistemas comportamentais, prontos para serem ativados por estímulos, como o contato pele-a-pele (toque), o olhar, a fala e/ou a emissão de sons, o odor (cheiros) e a amamentação (Rosa et al, 2010). Respeitando a individualidade e magia que envolve o bi‑ nômio mãe-filho neste momento, a promoção do contato pele-a-pele deve ser realizada desde os primeiros minutos de vida do bebé, pelo que tem sido objeto de trabalhos cien‑ tíficos que comprovam os benefícios fisiológicos e psicosso‑ ciais, tanto para a saúde da mãe quanto para a do recém-nas‑ cido (Matos et al, 2010). Alguns estudos portugueses apontam para uma alta in‑ cidência do aleitamento materno, significando que mais de 90% das mães portuguesas iniciam o aleitamento materno, no entanto esses mesmos estudos mostram que quase me‑ tade das mães desistem de dar de mamar durante o primeiro mês de vida do bebé, sugerindo que a maior parte das mães não conseguem cumprir o seu projeto de dar de mamar, de‑ sistindo muito precocemente da amamentação (Levy & Bér‑ tolo, 2012). Uma das formas de promover o aleitamento ma‑ terno consiste em permitir o contacto pele-a-pele entre a mãe e o bebé após o nascimento. Este facto dá a oportuni‑ dade ao bebé de mamar na primeira hora de vida e posterior‑ mente de ser amamentado com frequência, levando a mu‑ lher que deseja amamentar a ter mais sucesso do que aque‑ 64 las que não passam por esta experiência (OMS, 1998). Kennel & Klaus (1998) referem que o contacto precoce e contínuo entre mãe e o bebé parece diminuir o abandono e aumentar o sucesso e a duração da amamentação. O alei‑ tamento materno representa, para a família, um reforço dos laços afetivos, que se comprovou terem início com o con‑ tacto precoce entre mãe e filho, ajudando na prevenção dos maus tratos infantis, e, por acréscimo, faz com que as gravi‑ dezes sejam mais espaçadas, funcionando como contrace‑ tivo, o que é especialmente relevante nos países em desen‑ volvimento (Graça, 2005; Cardoso, 2006). Esta afirmação ecoa em Thompson & Mestrich (1989) quando referem que deve ter-se em atenção que a interrupção da interação mãe-bebé no período pós-natal imediato pode levar algumas mulhe‑ res ao insucesso no seu intento de amamentar e ao subse‑ quente comportamento alterado com relação à criança. As‑ sim, o bebé não deve ser afastado da mãe para ser pesado, medido, tomar banho, ser-lhe administrado vitamina K ou medicação ocular antes de decorrida a primeira hora (Ken‑ nel & Klaus, 1998). O contacto íntimo entre mãe e bebé logo após o nasci‑ mento, além de contribuir para o desenvolvimento precoce do vínculo afetivo, também ajuda os bebés a se adaptarem ao novo meio ambiente não estéril, favorecendo a coloniza‑ ção de sua pele e trato gastrointestinal com os microrganis‑ mos da mãe, que tendem a ser não patogénicos e contra os quais o leite materno proporciona anticorpos. Assim, os be‑ bés são simultaneamente expostos e protegidos contra mi‑ crorganismos aos quais a imunidade ativa só se desenvolverá mais tarde (OMS, 1998; González, 2004). Se o RN de termo imediatamente após o parto for colo‑ cado em contacto pele-a-pele, recupera a temperatura cor‑ poral, acelera a sua adaptação metabólica, estreita os víncu‑ los com a mãe e favorece-se a amamentação (Kennel & Klaus, 1998). Por este motivo, a Iniciativa Hospital Amigo dos Bebés, no seu 4º passo, recomenda que se coloque o bebé em contacto pele-a-pele durante um mínimo de 30 minutos. No entanto Papí et al (1998) recomenda que o contacto pele-a-pele deve durar 50 minutos para que o recém-nascido tenha tempo para agarrar espontaneamente a mama da sua mãe. Sintetizando, o contacto pele-a-pele após o nascimento e a amamentação na primeira hora de vida são extremamente importantes, nomeadamente porque: •• Facilita a transição para a vida extrauterina (WHO, 1998); •• O corpo da mãe ajuda a manter o recém-nascido ade‑ quadamente aquecido e isso é de especial importância para bebés pequenos e com baixo peso ao nascer (Papí et al, 1998; WABA, 2007); •• O recém-nascido fica menos stressado, chora menos e tem menos dor (Bystrova et al, 2003; WABA, 2007, Marin et al, 2010); •• Facilita o processo de vinculação (Bystrova et al, 2009); •• Favorece a adaptação do recém-nascido ao meio am‑ biente não estéril e a prevenção de ocorrência de infe‑ REVISTA DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DOS ENFERMEIROS OBSTETRAS — N.º 14/2014 ções no bebé (WABA, 2007; González, 2004); •• A mãe apresenta menos riscos de hemorragia pós parto e menor nível de dor no ingurgitamento mamário (Ze‑ tterström, 2003); •• Possibilita início precoce e manutenção prolongada da amamentação (Marin et al, 2010). Por todos estes motivos, os profissionais de saúde envol‑ vidos no parto precisam dispensar especial atenção à reali‑ zação do contacto pele-a-pele, cuidando para que ele acon‑ teça o mais precocemente possível, ainda na sala de parto. Segundo Almeida & Martins Filho (2004) esta técnica é de ex‑ trema simplicidade, não se justificando as dificuldades para que ela não aconteça – falta de pessoal, cansaço da mãe após o parto, cama da sala de partos ser muito estreita, sala muito fria, a equipe de saúde não achar este percursor importante para o aleitamento, etc. tral sobre o peito materno, com gorro na cabeça e cobertos por panos aquecidos. Providenciou-se para que não existisse roupa entre a mãe e o recém-nascido e avaliou-se a tempe‑ ratura rectal deste à nascença, aos 10, aos 20 e aos 30 minu‑ tos de vida. A avaliação de temperatura foi avaliada sempre com o mesmo termómetro de forma a evitar desvios. Tendo por base as orientações da Organização Mundial de Saúde (1997) e de Lowdermilk, Perry & Bobak (2002) que referem a temperatura axilar média normal de 37oc, variando entre 36,5 e 37,2oc, considerou-se hipotermia, valores de tempera‑ tura abaixo de 36,5oc. Monitorizou-se também a temperatura da sala de partos de forma a verificar-se a sua influência na temperatura apre‑ sentada pelo recém-nascido. Os instrumentos de recolha de dados foram um questio‑ nário de caracterização sociodemográfica da puérpera e do recém-nascido e utilizou-se uma tabela onde foram monito‑ OBJETIVO rizadas as temperaturas conforme os momentos pré-estabe‑ A atitude da maioria dos elementos da equipa de saúde do lecidos. Bloco de Partos do Hospital Distrital de Santarém, EPE face à Para a recolha de dados foram realizados vários proced‑ implementação do contacto pele-a-pele imediato, como prá‑ imentos de forma a cumprir a componente ética e legal da tica corrente tem encontrado resistência na crença de que pesquisa em enfermagem com seres humanos. Foi também o recém-nascido arrefece com mais facilidade estando em solicitada autorização do Conselho de Administração do contacto pele-a-pele imediato na região toraco-abdominal Hospital Distrital de Santarém, EPE, a qual foi positiva. Para a recolha de dados foram realizados vários procedimentos de forma a cumprir a componente materna, do que sob fonte de calor após lhe serem prestados O tratamento estatístico dos dados foi realizado através da ética e legal da pesquisa em enfermagem com seres humanos. Foi também solicitada autorização os cuidados imediatos. Por outro lado, a APEO & OE (2012) aplicação Software IBM® SPSS® Statistic (Statistical Package for do Conselho de Administração do Hospital Distrital de Santarém, EPE, a qual foi positiva. defendem como práticas promotoras do aleitamento mater‑ Social Sciences) versão 22. O tratamento estatístico dos dados foi realizado através da aplicação Software IBM® SPSS® no, fomentar a investigação sobre práticas clínicas, fisiologia Statistic (Statistical Package for Social Sciences) versão 22. e suporte aos processos fisiológicos da amamentação. Neste RESULTADOS/DISCUSSÃO sentido apontámos como objetivo: Obtivemos uma amostra constituída por 33 díades. Em ter‑ RESULTADOS/DISCUSSÃO •• Demonstrar que no Bloco de Partos do Hospital Dis‑ mos de caracterização, verificou-se que 39,4% das mães ti‑ Obtivemos uma amostra constituída por 33 díades. Em termos de caracterização, verificou-se que trital de Santarém, a temperatura corporal dos recém‑ nham entre 30 e 34 anos, sendo 42,4% primíparas e 39,39% 39,4% das mães tinham entre 30 e 34 anos, sendo 42,4% primíparas e 39,39% eram segundas -nascidos não diminui quando em contacto pele-a-pele eram segundas gestas (figura 1). gestas (figura 1). com a mãe. METODOLOGIA Realizou-se um estudo descritivo de abordagem quantita‑ tiva. A nossa população foram todas as parturientes que re‑ correram ao Bloco de Partos do Hospital Distrital de Santa‑ rém e que aceitaram participar no estudo e que se enqua‑ dravam nos critérios de seleção. A amostra foi não probabi‑ lística e de conveniência, recrutada no Bloco de Partos, entre Janeiro e Dezembro de 2011, e que obedeceu aos seguintes critérios de seleção: Figura 1 – Distribuição da amostra acordo como onúmero númerode de filhos filhos Figura 1 – Distribuição da amostra de de acordo com •• Gravidez de baixo risco e de termo, •• Evolução normal do trabalho de parto, A maior parte (42,4%) das parte mães tinha o ensino secundário. não realizou •• Rutura de membranas inferior a 24 horas, A maior (42,4%) das mães tinha Ao maioria ensino (51,5%) secundá‑ nenhum curso rio. de preparação o parto. que fizeram preparação o parto a maioria •• Parto eutócico, A maioriapara (51,5%) nãoDas realizou nenhum cursopara de prepa‑ (92,3%) teve o ração tema amamentação nasDas temáticas abordadas durante o curso. inquiridas que já •• Recém-nascido com Índice de Apgar igual ou superior para o parto. que fizeram preparação paraAs o parto a 8, a maioria anterior (92,3%)no teve o tema amamentação nasparte temáticas tinham uma experiência aleitamento materno, a maior (26,1%) praticou •• RNs com peso entre 2500gr e 4500gr, abordadas durante que já tinham uma aleitamento materno exclusivo até aoso5curso. meses As de inquiridas vida do bebé. A maioria dos recém-nascidos •• Mãe disponível para participar no estudo e para ama‑ experiência anterior no aleitamento materno, a maior parte 60,6% são do sexo masculino, e a maior parte pesava entre 3000g e 3499g, o que corresponde a mentar (26,1%) aleitamento materno exclusivo até aos 5 42,4% da amostra, como praticou pode ser observado na figura 2. Em termos de procedimentos, após o nascimento os re‑ meses de vida do bebé. A maioria dos recém-nascidos 60,6% cém-nascidos foram bem secos, colocados em decúbito ven‑ são do sexo masculino, e a maior parte pesava entre 3000g e REVISTA DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DOS ENFERMEIROS OBSTETRAS — N.º 14/2014 65 3499g, o que corresponde a 42,4% da amostra, como pode ser observado na figura 2. nificativo da temperatura corporal do RN prematuros após a aplicação de 60 e 30 minutos do contacto pele-a-pele, respe‑ tivamente em cada estudo. Também na revisão bibliográfica realizada por Souza, Versiani, Ruas & Silva (2013), concluíram que o contacto pele a pela favorece a manutenção da tempe‑ ratural corporal dos RN. A temperatura média apresentada pela sala de parto foi de 20,50 C, com um desvio padrão de 2,27, um mínimo de 170 C e um máximo de 260 C. Não se verificou correlação entre a temperatura da sala e a temperatura apresentada pelo re‑ cém-nascido durante o tempo de contacto pele-a-pele. Tam‑ bém no estudo de Christensson, Cabrera, Christensson, Uv‑ nas-Moberg & Winberg (1995) foi avaliada a temperatura am‑ biente e não se verificou influência na temperatura do RN. O tempo decorrido entre o nascimento e a primeira ma‑ 2 – Distribuição da amostra de acordo peso apresentado Figura 2 –Figura Distribuição da amostra de acordo com o com pesooapresentado pelospelos recém-nascidos mada foi em média de 46 minutos, com um mínimo de 10 recém-nascidos minutos e um máximo de 76 minutos. Verificou-se que 39,4% Figura 2 – Distribuição da amostra de acordo com o peso apresentado pelos recém-nascidos Antes e após de se iniciar o contacto pele-a-pele foram registadas a temperatura do ambiente da Antes e após de se iniciar o contacto pele-a-pele foram das mães necessitaram de ajuda para iniciar a amamenta‑ sala de partos e a temperatura do RN via retal. registadas a temperatura do ambiente da sala de partos e a ção Antes e após de se iniciar o contacto pele-a-pele foram registadas a temperatura do ambiente da e 57,6% não. Jack Newman (2009) diz-nos que do ponto As temperaturas médias apresentadas à nascença, aos 10’, 20’ e 30’ de vida foram, temperatura do RN via retal. de vista do aleitamento materno, os bebés que são manti‑ sala de partos e a temperatura do RN via retal. respetivamente de 37,56º; 37,40º; 37,02º e 37,00º como pode ser observado na figura 3. As médias temperaturas médias apresentadas à nascença, aosvida foram, dos pele-a-pele com a mãe logo após o nascimento, durante As temperaturas apresentadas à nascença, aos 10’, 20’ e 30’ de 10’,de20’ e 30’37,40º; de vida foram, respetivamente 37,56º;na37,40º; pelo menos uma hora, são mais propensos a sem nenhuma respetivamente 37,56º; 37,02º e 37,00º como pode ser de observado figura 3. 37,02º e 37,00º como pode ser observado na figura 3. ajuda a iniciar a amamentação. CONCLUSÃO A temperatura corporal do recém-nascido não diminui para parâmetros de hipotermia quando em contacto pele-apele com a mãe durante os primeiros trinta minutos de vida, mantendo-se, em média, entre os 37,5 e os 37,0oc. Tal como refere González (2004) citando Papí e colaboradores que ve‑ rificaram um aumento progressivo da temperatura do re‑ cém-nascido em contacto pele-a-pele com a mãe, conside‑ rando-a a sua melhor fonte de calor, por estar sempre à tem‑ peratura constante, sem perigo de arrefecimento ou sobrea‑ acidental. Figura 3 – Evolução da temperatura média apresentada pelos recém-nascidos durantequecimento os Apesar de a temperatura da sala ser inferior ao preconi‑ Figura 3 – Evolução da temperatura média pelos recém-nascidos primeiros 30’ apresentada de vida Figura 3 – Evolução da temperatura média apresentada pelos recém-nascidos durante os durante os primeiros 30’ de vida zado pela Organização Mundial de Saúde (1997) ou seja no primeiros 30’ de vida o mínimo Constatou-se que a temperatura apresentada pelo recém-nascido à nascença tem correlação forte de 25 c, verifica-se que a temperatura do recém-nas‑ Constatou-se a temperatura apresentada pelo recém‑ cido durante o contacto pele-a-pele não tem relação com a e estatisticamente significativa que (p<0,01) com a temperatura que este apresenta durante o contacto Constatou-se que a temperatura apresentada pelo recém-nascido à nascença tem correlação forte -nascido à nascença tem correlação forte e estatisticamente temperatura da sala mas sim o com a temperatura que este e que o peso do(p<0,01) recém-nascido apenas tem correlação positiva e estatisticamente e pele-a-pele estatisticamente significativa com a temperatura que este apresenta durante o contacto (p<0,01) com temperatura que este apresenta apresenta à nascença. Este resultado está de acordo com o significativaesignificativa (p<0.05) na temperatura aos 30a minutos de vida. pele-a-pele que o peso do recém-nascido apenas tem correlação positiva e estatisticamente durante o contacto pele-a-pele e que o peso do recém-nas‑ fenómeno da sincronia termal referida por Phillips (2013) em significativa (p<0.05) na temperatura aos 30 minutos de vida. cido apenas tem correlação positiva e estatisticamente sig‑ que o6 peito materno aquece recém-nascidos arrefecidos e nificativa (p<0.05) na temperatura aos 30 minutos de vida. arrefece os que estão muito quentes. Acrescenta ainda que 6 Tal como no estudo de Christensson, Cabrera, Christens‑ este fenómeno, sendo frequentemente constatado em pre‑ son, Uvnas-Moberg & Winberg (1995) a temperatura média maturos é igualmente importante nos recém-nascidos de estava dentro da variação da temperatura normal, no en‑ termo. tanto apresentou-se significativamente mais elevada nos O facto de haver recém-nascidos que iniciaram a primeira grupos pele-a-pele, e pele-a-pele/berço do que no grupo mamada nos primeiros 10 minutos de vida leva-nos a que‑ que estava apenas no berço. Os mesmos autores num es‑ rer que é possível encurtar, no Hospital Distrital de Santarém tudo anterior de 1992, mostraram que o contacto íntimo en‑ E.P.E., a média do tempo decorrido entre o nascimento e a tre a mãe e o RN aumenta a temperatura corporal interna do primeira mamada, pelo que sugerimos a realização de mais bebé. Também nos estudos de Miltersteiner, Miltersteiner, estudos. Rech & Molle (2003) e de Almeida, Almeida & Fortin (2007) os Apesar de uma amostra de dimensão reduzida, considera‑ resultados dos estudos mostraram que houve aumento sig‑ -se este estudo um importante contributo para uma melhor 66 REVISTA DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DOS ENFERMEIROS OBSTETRAS — N.º 14/2014 compreensão da importância do contacto pele-a-pele nos primeiros momento da vida de um recém-nascido. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Almeida CM, Almeida AFN, Forti EMP (2007) Efeitos do método mãe can‑ guru nos sinais vitais de recém-nascidos pré-termo de baixo peso. Re‑ vista Brasileira de Fisioterapia, São Carlos, v. 11, n. 1, p. 1-5, jan./fev. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rbfis/v11n1/01.pdf Almeida EA, Martins Filho J (2004). O contacto precoce mãe- filho e a sua contribuição para o sucesso do aleitamento materno. Revista Ciên‑ cias Médicas, 13(4), 381-388. 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Con‑ tudo, este tema é controverso pois, se por um lado, é evidente um crescente investimento na comunidade científica para perceber de que modo a pele do recém-nascido é afetada por fatores externos, por outro lado, parece não haver consenso quanto às práticas de cuidados que são executadas e reco‑ mendadas pelos profissionais de saúde. Daí que, a realização de uma revi‑ são da literatura com subsequente integração no âmbito dos cuidados de saúde praticados no contexto português, parece ser uma temática de ex‑ trema pertinência. Palavras-Chave: recém-nascido, higiene da pele. ABSTRACT The newborn’s skin undergoes a process of adaptation of the intra for ex‑ trauterino and presents particular characteristics, especially, during the first year of life. The maintenance and integrity of the skin functions, depends on the care that is submitted, including the bath. This subject is controversial: on the one hand, it is evident an increasing investment in the scientific com‑ munity to understand how newborn’s skin is affected by external factors, on the other hand, there seems to be no consensus on care practices that are performed and recommended by health professionals. For this reason, con‑ ducting a literature review with subsequent integration in the circumstances of health care practiced in Portuguese context, seems to us to be a theme of the utmost relevance. Keywords: newborn, skin hygiene. RESUMEN La piel del recién nacido sufre un proceso de adaptación de los medios intra para extrauterino y presenta características particulares, especialmente du‑ rante el primer año de vida. El mantenimiento y la integridad de sus funcio‑ nes depende de la atención que han sufrido, en el cual se incluye el baño. Sin embargo, este tema es controvertido, ya que, por un lado, es evidente una creciente preocupación en la comunidad científica para comprender cómo la piel del recién nacido se ve afectada por factores externos, por otro lado, parece que no hay consenso en cuanto a las prácticas de cuidado que se rea‑ lizan y son recomendado por profesionales de la salud. Por lo tanto, la reali‑ zación de una revisión de la literatura con la integración posterior en el cui‑ dado de la salud que se practican en el contexto portugués, que parece ser un tema de suma relevância. Palabras clave: recién nacido, higiene de la piel. INTRODUÇÃO A pele dos recém-nascidos difere das dos adultos, sendo mais susceptível às agressões externas, pelo que necessita de atenção distinta. Medidas simples, tais como, a manu‑ tenção de uma barreira epidérmica intacta, minimizando a exposição aos produtos de higiene e a não remoção do vér‑ nix caseosa, protegem a função de barreira da pele (April & Dinulos, 2005). 1 2 EESMO Centro Hospitalar do Porto. EESMO, Professora na Escola Superior de Enfermagem do Porto 68 Relativamente ao vérnix caseoso, pensa-se que, exerce função protetora da camada externa da pele, minimizando o risco de infeção, mantendo o PH e a hidratação da pele e au‑ xilia ainda, na termorregulação. Por estes fatores, diversos au‑ tores desaconselham a sua remoção (Larson & Dinulos, 2005; Walker, Akinbi, Meinzen-Derr, Narendran, Visscher & Hoath., 2008; Monteagudo et al., 2011; Dyer, 2013). O uso de água simples, para prestar os cuidados de hi‑ giene ao recém-nascido é adotado por algumas instituições e recomendado, como sendo o produto com menor poten‑ cial de risco. Contudo, sabe-se que, o PH da água é diferente do PH da pele do recém-nascido, pelo que o seu uso exclu‑ sivo pode interferir com a barreira protetora própria da ca‑ mada externa da pele do recém-nascido. Para além disso, não remove eficazmente algumas substâncias, tais como, as fezes (Lavender, Bedwell, O’Brien, Cork, Turner & Hart., 2011). Blume-Peytavi, Cork, Faergemann, Szczapa, Vanaclocha & Gelmetti (2009) sugerem que se deva proceder a uma rotina diária de limpeza, com um agente de PH adequado, restrito à região perineal, para remoção efetiva dos resíduos de fezes e urina. Sarkar, Basu, Agrawal & Gupta (2010), referem que, para os recém-nascidos, os agentes de limpeza não devem ser usados rotineiramente e o seu uso deve ser limitado a al‑ gumas áreas, como por exemplo, a região perineal. Mas, Fer‑ nandes, Machado & Oliveira (2011), referem que, os produtos de limpeza apenas são necessários para a remoção das fezes, e o uso de água morna é suficiente na limpeza diária da urina. OBJETIVO O presente estudo tem como principal objetivo obter evi‑ dências científicas, no sentido de compreender o efeito dos cuidados à pele do recém-nascido e contribuir para uma to‑ mada de decisão sustentada, especialmente no que se refere ao banho, durante as primeiras quatro semanas de vida. MÉTODO Trata-se de uma síntese interpretativa crítica dos resultados obtidos através de uma revisão da literatura existente entre 2005 e 2013. Para a identificação dos estudos recorreu-se às seguintes bases de dados: CINAHL®, Cochrane Central Regis‑ ter of Controlled Trials®, SCOPUS® e MEDLINE®, B-On®. Foram utilizados descritores como: recém-nascido, banho, primeiro banho, cuidados com a pele, assim como sinónimos frequen‑ temente utilizados em português, inglês e espanhol, com o carácter boleano “and”. RESULTADOS Dos estudos analisados, grande parte não são randomiza‑ dos e muitas das revisões da literatura encontradas, apesar de baseadas em evidência científica, culminam em artigos de atualização e de opinião de peritos. A investigação mais REVISTA DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DOS ENFERMEIROS OBSTETRAS — N.º 14/2014 atual é, na sua maioria, suportada pela indústria farmacêu‑ tica/ cosmética, que para além disso, tem investido na for‑ mulação de produtos que respeitem a estrutura e funções da pele do recém-nascido. Dos dados colhidos e analisados é possível perceber que a escassez de investigação com ele‑ vado grau de evidência dificulta o consenso. De certo modo, o uso exclusivo de água parece ser insuficiente para a remo‑ ção de determinados resíduos, tais como mecónio e sangue; mas, o uso de produtos destinados à pele do recém-nascido necessita de maior evidência, de modo a clarificar de que for‑ ma podem ser recomendados, o que inclui as possíveis áreas de aplicação, quantidade e frequência de uso. De seguida, esquematizam-se sob a forma de tabela, al‑ guns dos artigos revistos que, de certa forma, respondem ao que se pretende com a execução do presente trabalho. ESTUDOS OBJETIVO TIPO DE ESTUDO AMOSTRA CRITÉRIOS DE INCLUSÃO E EXCLUSÃO INTERVENÇÃO RESULTADOS CONCLUSÃO Comparar a taxa de colonização com S. Aureus na pele do RN de termo, após o 1º banho com clorexidina ou com um sabão neutro. Ensaio clinico randomiza do. 93 RN. Grupo experimental (clorexidina 0,25%) - 44 RN; Grupo controle (sabão com PH 7) - 49 RN. Foram incluídos RN´s de termo, com peso adequado para a idade gestacional e com IA ≥7. Foram excluídos os RN com lesões na pele, malformações congénitas, suspeita de infeção congénita, rutura prematura de membranas˃18h, presença de líquido amniótico com cheiro fétido, RN´s com mães HIV positivas ou com suspeita de outras infeções. Realizadas 3 colheitas de culturas da pele dos RN´s: antes do banho, 30 min e 24h após o procedimento. Em ambos os grupos o banho foi realizado com o mesmo procedimento, entre 1 a 1.5h após o nascimento. A colonização com S. Aureus, 30 min após o banho foi significativamente inferior no grupo que recebeu o banho com clorexidina. O primeiro banho com clorexidina reduz a colonização com S. Aureus na pele do RN, num período de 24h. TABELA 2: EFEITOS DO BANHO LOGO APÓS O NASCIMENTO SOBRE AS ADAPTAÇÕES TÉRMICA E CARDIORRESPIRATÓRIA DO RECÉM-NASCIDO A TERMO Vania Elisa M. Puglie; Alice D’Agostini Deutsch; Marcia de Freitas; Maria Fernanda P.S. Dornaus; & Celso Moura Rebello – 2009, Brasil TABELA 2: EFEITOS DO BANHO LOGO APÓS O NASCIMENTO OBJETIVO TIPO DE AMOSTRA CRITÉRIOSEDE INTERVENÇÃO RESULTAD CONCLUSÃO SOBRE AS ADAPTAÇÕES TÉRMICA CARDIORRESPIRATÓRIA ESTUDOS ESTUDO INCLUSÃO E OS RECÉM-NASCIDO A TERMO TABELA 1: EFFECT OF THE DO FIRST BATH WITHEXCLUSÃO CHLORHEXIDINE ON SKIN COLONIZATION WITH STAPHYLOCOCCUS AUREUS IN NORMAL HEALTHY TERM NEWBORNS Vania Elisa M. Puglie; Alice Deutsch; Marcia deEmFreitas; Banhos; se Estudo 194 RNs, 98 D’Agostini Foram incluídos RN Em ambos ambos banho na sala Maria L. Da Determinar Cunha, Renato S. Procianoy, Débora T. Franceschini, Laura L.osDe Oliveira e MariaO L. Cunha – RN; o banho dado descritivo grupo com Apgar ≥8 no grupos, os RNs os grupos, a de parto em RN de Brasil Fernanda P.S.no Dornaus; & Celso Moura Rebello – 2009, Brasiltermo e saudáveis salas de parto; Maria ao RN logo retrospetivo, banho e 96 no2008, 5ºmin. de vida; receberam o mesmo temperatura PALAVRASCHAVE tipo casogrupo peso de nascimento atendimento, com corporal, não interferiu com AMOSTRA controle. CRITÉRIOS DE idade INTERVENÇÃO CONCLUSÃO controle. ≥2500g; exceção doRESULTADOS frequência a adaptação INCLUSÃO E gestacional ≥37 momento da cardíaca, cardiorrespiratória, EXCLUSÃO semanas e sem realização do respiratória, nem com os banho. tensão O primeiro valores de 93 RN. Foram incluídosmalformações RN´s de Realizadas 3 A colonização congénitas. colheitas No controle, o arterial Grupo termo, com peso de grupo com S. Aureus, 30 e banho temperatura com as da banho dadoapós apóso banho saturação de corporal. experimental adequado paraForam a idadeexcluídas culturas pele foi min clorexidina reduz gestações a 3ª hora de vida; no oxigénio (clorexidina gestacional e com IA ≥7. dos RN´s: antes foi a colonização gemelares, RNs grupo experimental, foram 0,25%) - 44 Foram excluídos os malformações RN do banho,o 30 min foi significativamente com S. Aureus com banho semelhantes RN; com lesões na ou pele, e 24h após o inferior que realizado entre 15noe grupo na pele do RN, Grupo malformações apresentavam procedimento. que recebeu o num período de 30 minutos após o desconforto respinascimento. controle congénitas, suspeita de Em ambos os banho com 24h. ratório inicial. (sabão com infeção congénita, rutura grupos o banho clorexidina. PH 7) - 49 prematura de foi realizado com RN. membranas˃18h, o mesmo presença de líquido procedimento, amniótico com cheiro entre 1 a 1.5h fétido, RN´s com mães após o HIV positivas ou com nascimento. suspeita de outras infeções. 1TABELA 2: EFEITOS DO BANHO LOGO APÓS O NASCIMENTO SOBRE AS ADAPTAÇÕES TÉRMICA E CARDIORRESPIRATÓRIA DO RECÉM-NASCIDO A TERMO Vania Elisa M. Puglie; Alice D’Agostini Deutsch; Marcia de Freitas; Maria Fernanda P.S. Dornaus; & Celso Moura Rebello – 2009, Brasil EESMO Centro Hospitalar do Porto. 2 EESMO, Professora na Escola Superior de Enfermagem do Porto PALAVRASCHAVE OBJETIVO TIPO DE ESTUDO AMOSTRA CRITÉRIOS DE INCLUSÃO E EXCLUSÃO INTERVENÇÃO RESULTAD OS CONCLUSÃO Banhos; RN; salas de parto; monitorização fisiológica; regulação da temperatura corporal Determinar se o banho dado ao RN logo após o nascimento interfere na transição para a vida extrauterina, especialmente nas adaptações cardiorrespirat ória e na termorregulaç Estudo descritivo retrospetivo, tipo casocontrole. 194 RNs, 98 no grupo banho e 96 no grupo controle. Foram incluídos RN com Apgar ≥8 no 5ºmin. de vida; peso de nascimento ≥2500g; idade gestacional ≥37 semanas e sem malformações congénitas. Foram excluídas as gestações gemelares, RNs com malformações ou que apresentavam Em ambos os grupos, os RNs receberam o mesmo atendimento, com exceção do momento da realização do banho. No grupo controle, o banho foi dado após a 3ª hora de vida; no grupo experimental, o banho foi realizado entre 15 e 30 minutos após o Em ambos os grupos, a temperatura corporal, frequência cardíaca, respiratória, tensão arterial e saturação de oxigénio foram semelhantes O banho na sala de parto em RN de termo e saudáveis não interferiu com a adaptação cardiorrespiratória, nem com os valores de temperatura corporal. OBJETIVO TIPO DE ESTUDO AMOSTRA CRITÉRIOS DE INCLUSÃO E EXCLUSÃO INTERVENÇÃO RESULTADOS CONCLUSÃO TABELA 3: INFANT SKIN-CLEANSING PRODUCT VERSUS WATER: Embora A PILOT Fornecer Estudo piloto 100 RNs. Inclusão: RNs de Realizada avaliação esteRANDOMIZED, Este estudo piloto informações randomizado. Grupo termo, quanto à perdaTRIAL de estudo não tenha forneceu ASSESSOR-BLINDED CONTROLLED preliminares à experimental aparentemente água, hidratação e & Anna sido desenhado informações para Tina Lavende, Carol Bedwell, Ediri O’Brien, Michael J CorK, Mark Turner Hart – 2011, Inglaterra realização de (Johnson & saudáveis, com PH da superfície da para testar a realização de uma Johnson): 49 menos 24h vida. pele do RN (coxas, hipóteses, os uma investigação OBJETIVO TIPO DE AMOSTRA Exclusão: CRITÉRIOS INTERVENÇÃO RESULTADOS em CONCLUSÃO investigação RNs. RNs DE antebraços e resultados maior escala. ESTUDO INCLUSÃO E em maior Grupo controle admitidos na unidade abdómen), nas sugerem que não EXCLUSÃO escala para (água): 51 RNs. de Neonatologia, primeiras 24h após o houve evidências determinar se o Estudo piloto presença RNs de lesões nascimentoavaliação e nas 4 a Embora de quaisquer Fornecer 100 RNs. Inclusão: de Realizada este Este estudo piloto banho com na pele, a realizarem quanto 8 semanas de vida. diferenças informações randomizado. Grupo termo, à perda de estudo não tenha forneceu recurso a umà fototerapia ou que Em média, os RNs consistentes, em informações para preliminares experimental aparentemente água, hidratação e sido desenhado produto estivessem a tomaram banho 3 nenhuma das realização de (Johnson & saudáveis, com PH da superfície da para testar a realização de específico de participar noutro vezes/semana, nos zonas da pele uma Johnson): 49 menos 24h vida. pele do RN (coxas, hipóteses, os sob uma investigação limpeza é estudo de RNs dois grupos.e teste. investigação RNs. Exclusão: antebraços resultados em maior escala. superior investigação. em maiorao Grupo controle admitidos na unidade abdómen), nas sugerem que não banho com escala para (água): 51 RNs. de Neonatologia, primeiras 24h após o houve evidências água simples. determinar se o presença de lesões nascimento e nas 4 a de quaisquer banho com na pele, a realizarem 8 semanas de vida. diferenças recurso a um fototerapia ou que Em média, os RNs consistentes, em produto estivessem a tomaram banho 3 nenhuma das específico de participar noutro vezes/semana, nos zonas da pele sob limpeza é estudo de dois grupos. TABELA 4: RANDOMIZED, CONTROLLED TRIAL EVALUATING A BABY teste. WASH PRODUCT ON SKIN superior ao investigação. BARRIER FUNCTION IN HEALTHY, TERM NEONATES banho com Lavender, água simples. Tina Lavender, Carol Bedwell, Stephen A. Roberts, Anna Hart, Mark A. Turner, Lesley-Anne TABELA 4: RANDOMIZED, CONTROLLED TRIAL EVALUATING Carter, & Michael J. Cork – 2013, Inglaterra A BABY WASH PRODUCT ON SKIN BARRIER FUNCTION IN HEALTHY, TIPO DE AMOSTRA CRITÉRIOS DE INCLUSÃO E INTERVENÇÃO RESULTADOS CONCLUSÃO ESTUDO EXCLUSÃO TERM NEONATES TABELA 4: RANDOMIZED, CONTROLLED TRIAL EVALUATING A BABY WASH PRODUCT ON SKIN FUNCTION IN HEALTHY, TERM NEONATES Lavender, Tina307BARRIER Lavender, Carol Bedwell, Stephen A. Roberts, AnnaNão Hart, Examinar a Estudo RNs Inclusão: RNs de termo, Realizada Os resultados foram Lavender, Tina Lavender, Carol Bedwell, Stephen A. Roberts, Anna Hart, Mark A. Turner, Lesley-Anne hipótese do controlado Grupo aparentemente saudáveis, avaliação quanto à demonstraram que detetadas Carter, & Michael J. Cork – 2013, Inglaterra Markrandomizado. A. Turner, Lesley-Anne Carter, & Michael J. Cork a–realização 2013, daInglaterra uso de um experimental nas 1 48h de vida, perda de água, diferenças, OBJETIVO as TABELA 1: EFFECT OF THE FIRST BATH WITH CHLORHEXIDINE ESTUDOS ON SKIN COLONIZATION WITH STAPHYLOCOCCUS AUREUS TABELA 1: EFFECT OF FIRST BATH WITH CHLORHEXIDINE ON SKIN COLONIZATION WITH INTHE NORMAL HEALTHY TERM NEWBORNS STAPHYLOCOCCUS AUREUS IN NORMAL HEALTHY TERM NEWBORNS Maria L. Da Cunha, Renato S. Procianoy, Débora T. Franceschini, Maria L. Da Cunha, Renato S. Procianoy, Débora T. Franceschini, Laura L. De Oliveira e Maria L. Cunha – Brasil Laura L. De Oliveira e2008, Maria L. Cunha – 2008, Brasil monitorização após o OBJETIVO TIPO DE fisiológica; nascimento ESTUDO regulação da interfere na temperatura transição para corporal Compararaavida Ensaio taxa de extrauterina, clinico especialmente colonização randomiza nas com S. do. adaptações Aureus nacardiorrespirat pele do RN ória e na de termo, termorregulaç após o 1º ão. banho com clorexidina ou com um sabão neutro. TABELA 3: INFANT SKIN-CLEANSING PRODUCT VERSUS WATER: A PILOT RANDOMIZED, ASSESSOR-BLINDED CONTROLLED TRIAL TABELA 3: INFANT SKIN-CLEANSING PRODUCT VERSUS WATER: A PILOT RANDOMIZED, Tina Lavende, Carol Bedwell, Ediri O’Brien,TRIAL Michael J CorK, ASSESSOR-BLINDED CONTROLLED Tina Lavende, Carol Bedwell, Ediri O’Brien, Michael J CorK, Mark Turner & Anna Hart – 2011, Inglaterra Mark Turner & Anna Hart – 2011, Inglaterra produto OBJETIVO TIPO DE específico ESTUDO para RN, não ser inferior ao uso exclusivo de água para Examinar a Estudo o banho. do controlado hipótese uso de um randomizado. produto específico para RN, não ser inferior ao uso exclusivo de água para o banho. (Johnson & AMOSTRA Johnson): n=159 Grupo controle (água):n=148. 307 RNs Grupo experimental (Johnson & Johnson): n=159 Grupo controle (água):n=148. recrutados entre Fevereiro CRITÉRIOS INCLUSÃO E 2010 e MarçoDE 2011. Exclusão:EXCLUSÃO RNs admitidos na unidade de Neonatologia, presença de lesões na pele, submetidos a fototerapia, Inclusão: RNs de termo, com comprometimento não aparentemente saudáveis, traumático com nas 1as 48hda deepiderme, vida, anomalias cromossómicas, recrutados entre Fevereiro com evidência de alterações 2010 e Março 2011. a da pele naRNs 1 avaliação Exclusão: admitidose na aquelas que se encontram unidade de Neonatologia, para adoção. presença de lesões na pele, submetidos a fototerapia, com comprometimento não traumático da epiderme, com anomalias cromossómicas, com evidência de alterações da pele na 1a avaliação e aquelas que se encontram para adoção. hidratação e PH da INTERVENÇÃO superfície da pele do RN nas coxas, antebraços e abdómen, nas 1as 48h após Realizada nascimento, nos à avaliação quanto 1os 14 de diaságua, de vida perda e às 4 e 8 e PH da hidratação semanas de superfície davida. pele EmRN média, os RNs do nas coxas, tomaram banho antebraços e 3 vezes/ semana, abdómen, nas 1as nos dois 48h apósgrupos. nascimento, nos 1os 14 dias de vida e às 4 e 8 semanas de vida. Em média, os RNs tomaram banho 3 vezes/ semana, nos dois grupos. higiene da pele do RESULTADOS RN com o produto testado não é inferior ao uso exclusivo de água, pararesultados o mesmo Os efeito. demonstraram que a realização da higiene da pele do RN com o produto testado não é inferior ao uso exclusivo de água, para o mesmo efeito. relativamente CONCLUSÃO aos parâmetros avaliados na pele do RN, comparando o uso de um Não foram produto detetadas específico de diferenças, limpeza ou água. relativamente aos parâmetros avaliados na pele do RN, comparando o uso de um produto específico de limpeza ou água. REVISÕES DA LITERATURA 1 EESMO Centro Hospitalar do Porto. 2 EESMO, Professora na Escola Superior de Enfermagem do Porto TABELA 5: BATHING AND CLEANSING IN NEWBORNS FROM DAY 1 TO FIRST YEAR OF LIFE: RECOMMENDATIONS FROM REVISÕES DA LITERATURA A EUROPEAN ROUND TABLE MEETING 1 EESMO Centro Hospitalar do Porto.AND CLEANSING IN NEWBORNS FROM DAY 1 TO FIRST YEAR OF LIFE: TABELA 5: BATHING U Blume-Peytavi, MJ Cork, J Faergemann, J Szczapa, F Vanaclocha, 2 EESMO, Professora naRECOMMENDATIONS Escola Superior de Enfermagem do Porto A EUROPEAN ROUND TABLE MEETING FROM REVISÕES DA LITERATURA U Blume-Peytavi, MJ Cork, J Faergemann, J Szczapa, F Vanaclocha, & C Gelmetti – 2009 & C Gelmetti – 2009 TABELA PALAVRASCHAVE 5:OBJETIVO BATHING AND CLEANSING INMÉTODO NEWBORNS FROM DAY 1 TO FIRST CONCLUSÃO YEAR OF LIFE: CRITÉRIOS DE RESULTADOS RECOMMENDATIONS INCLUSÃO E FROM A EUROPEAN ROUND TABLE MEETING U Blume-Peytavi, MJEXCLUSÃO Cork, J Faergemann, J Szczapa, F Vanaclocha, & C Gelmetti – 2009 Bathing, PALAVRAScleansing, CHAVE consensus, epidermal skin barrier, Infant, Bathing, newborn. cleansing, consensus, epidermal skin barrier, Infant, newborn. Encontro OBJETIVO Europeu sobre "Melhores Práticas para limpeza infantil‘, Encontro com um painel Europeu sobre de "Melhores dermatologistas Práticas para e pediatras, limpeza reunidosinfantil‘, com o com um intuito depainel de encontrarem dermatologistas consenso acerca e pediatras, das melhores reunidos práticas, com o intuito de relativamente ao encontrarem banho e higiene consenso acerca Infantil e do RN. das melhores práticas, relativamente ao banho e higiene Infantil e do RN. Inclusão: RN de CRITÉRIOS termo com a DE INCLUSÃO pele saudável,E EXCLUSÃO sem achados patológicos Inclusão: RNdede (baixo risco termo com a desenvolverem pele saudável, doenças de sem pele).achados patológicos (baixo risco de desenvolverem doenças de pele). Revisão compreensiva MÉTODO das evidências encontradas na literatura, com recurso à base de dados Pubmed. Revisão compreensiva Descritores: ‘neonate’, das evidências ‘newborn’, ‘infant’, encontradas na literatura, ‘bathing’, ‘washing’ and com recursoand à base de ‘cleansing’, specific dados terms, Pubmed. including ‘atopic Descritores: ‘neonate’, dermatitis’, ‘cloth’, ‘newborn’, ‘infant’, ‘culture’, contamination’, ‘bathing’, and ‘emollient’,‘washing’ ‘hard water’, ‘cleansing’, and specific ‘liquid cleanser’, ‘oils’, terms, includingbenefits’, ‘atopic ‘psychological dermatitis’, ‘cloth’, ‘safety’, ‘season’, ‘culture’, contamination’, ‘shampoo’, ‘soap’, ‘emollient’, ‘hard water’, ‘sponge’, and ‘liquid cleanser’, ‘oils’, ‘temperature’. ‘psychological benefits’, ‘safety’, ‘season’, ‘shampoo’, ‘soap’, ‘sponge’, and ‘temperature’. Sabonetes RESULTADOS alcalinos têm inúmeras desvantagens, com efeitos sobre Sabonetes o pH da pele e alcalinos têm sobre a camada inúmeras lipídica protetora, desvantagens, podendo causar com efeitos irritação e sobre o pH da pele e desidratação. sobre a camada Produtos usados lipídica protetora, na higiene do RN podendo devem tercausar provas irritação e documentadas da desidratação. suavidade sobre a Produtos pele e os usados olhos. na higiene do RN devem ter provas documentadas da suavidade sobre a pele e os olhos. O banho de imersão do RN é geralmenteCONCLUSÃO superior à lavagem do corpo por partes e deve procederse à sua realização 2-3 vezes por semana. O banhoas deevidências imersão docientíficas RN é Embora geralmente superior à lavagem do sejam limitadas, os dados corpo por partes e deve disponíveis sugerem queprocedero uso de se à sua realização vezes por produtos de higiene 2-3 apropriados semana. pode ser superiores ao uso Embora as evidências científicas exclusivo de água. Contudo, os sejam limitadas, os dados produtos a usar para a higiene do disponíveis sugerem o uso de RN não devem alterarque o pH normal produtos de higiene da superfície da peleapropriados ou causar pode ser Para superiores ao usoaqueles irritação. além disso, exclusivo de água. Contudo, os que contêm emoliente parecem ter produtos usar para a higiene do vantagensa adicionais, RN não devem alterar o pHe normal particularmente em bebés da superfície da pele crianças em alto riscoou decausar dermatite irritação. atópica. Para além disso, aqueles que contêm emoliente parecem ter vantagens adicionais, particularmente em bebés e crianças em alto risco de dermatite REVIEW OF THE CLINICAL atópica. TABELA 6: SKIN CARE PRACTICES FOR NEWBORNS AND INFANTS: EVIDENCE FOR BEST PRACTICES Ulrike Blume-Peytavi, Matthias Hauser, Georgios N. Stamatas, Delano Pathirana, & NatalieINFANTS: Garcia Bartels – TABELA 6: SKIN CARE PRACTICES FOR NEWBORNS AND 2011 TABELA 6: SKIN CARE PRACTICES FOR NEWBORNS AND FOR INFANTS: REVIEW OF THE CLINICAL REVIEW OF THE CLINICAL EVIDENCE BEST PRACTICES EVIDENCE FOR OBJETIVO MÉTODO CRITÉRIOS DE BEST PRACTICES RESULTADOS CONCLUSÃO Blume-Peytavi, Matthias Georgios N. Stamatas, Ulrike Ulrike Blume-Peytavi, Matthias Hauser, Georgios N. Delano Pathirana, & Natalie Delano Garcia Bartels – INCLUSÃOHauser, E Stamatas, EXCLUSÃO 2011 Pathirana, & Natalie Garcia Bartels – 2011 Compilar e analisar a OBJETIVO literatura científica, existente Compilar e desde 1970, analisar a da sobre a pele literatura criança até aos científica, 12 meses de existente vida, as desde práticas1970, de sobre a pele limpeza e da criança produtosaté aos 12 meses de relacionados. vida, as práticas de limpeza e produtos relacionados. Revisão Sistemática da Literatura. MÉTODO Pesquisa em bases de dados eletrónicas: PubMed e EMBASE. Revisão Sistemática da 93 artigos foram Literatura. identificados como Pesquisa bases de a relevantesem e submetidos dados eletrónicas: PubMed completa revisão, dos e EMBASE. quais resultaram 20 93 artigos foram estudos. identificados como relevantes e submetidos a completa revisão, dos quais resultaram 20 estudos. Inclusão: estudos randomizados, ensaios CRITÉRIOS DE clínicos não INCLUSÃO E randomizados, estudos EXCLUSÃO coorte e caso-controle. Inclusão: Exclusão:estudos RNs randomizados, ensaios prematuros ou com clínicos não da compromisso randomizados, estudos integridade da pele ou coorte e caso-controle. com necessidade de Exclusão: RNs tratamentos intensivos. prematuros ou com compromisso da integridade da pele ou com necessidade de tratamentos intensivos. As evidências extraídas da literatura, de natureza heterogénea, sugerem que, os RESULTADOS banhos de imersão em água têm efeitos positivos, comparativamente à lavagem por partes. As evidências extraídas da literatura, Geralmente não é recomendado o usode natureza heterogénea, que,oos de produtos de higiene.sugerem No entanto, banhos de imersão em água têm efeitos uso de produtos apropriados parece positivos, comparativamente à lavagem comparável com o uso de água limpa, por partes. à manutenção do PH e da em relação Geralmente não é recomendado o camada protetora lipídica da pele. uso de produtos de higiene. No entanto, o uso de produtos apropriados parece comparável com o uso de água limpa, em relação à manutenção do PH e da camada protetora lipídica da pele. REVISTA DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DOS ENFERMEIROS OBSTETRAS — N.º 14/2014 1 EESMO Centro Hospitalar do Porto. 2 EESMO, Professora na Escola Superior de Enfermagem do Porto Permanecem incertezas sobre os CONCLUSÃO procedimentos de higiene do RN mais adequados e seguros, Permanecem uma vez que se sabe incertezas que a pele sobre das os procedimentos de crianças apresenta higiene do RN mais muitas fragilidades adequados e seguros, durante o primeiro ano uma vez que se sabe de vida, especialmente que a pele dasdias nos primeiros crianças apresenta após o nascimento. muitas fragilidades durante o primeiro ano de vida, especialmente nos primeiros dias após o nascimento. 69 TABELA 7: EFFICACY AND SAFETY OF WHOLE BODY SKIN CLEANSING TABELA 7: EFFICACY AND SAFETY OFIN WHOLE BODY SKIN-CLEANSING WITH CHLORHEXIDINE IN WITH CHLORHEXIDINE NEONATES A SYSTEMIC REVIEW NEONATES - A SYSTEMIC REVIEW Sankar, M. Jeeva; & Paul, – 2013 Sankar, M. Jeeva; & Paul, Vinod Vinod K.K. – 2013 PALAVRASCHAVE OBJETIVO MÉTODO Neonate, chlorhexidine, skin cleansing, systematic review Sintetizar as evidências atuais acerca da eficácia da limpeza da pele de todo o corpo do RN com clorexidina. POPULAÇ ÃO EM ESTUDO Revisão Sistemática RNs nos 1os da Literatura, de 28 dias de estudos randomizados vida. e quaseexperimentais. Pesquisa bases de dados eletrónicas: MEDLINE, EMBASE, Scopus, Web of Science, CINAHL. Descritores: “chlorhexidine”, “infant”, “newborn”; “neonates”. CRITÉRIOS DE INCLUSÃO E EXCLUSÃO RESULTADOS CONCLUSÃO Inclusão: estudos que comparam a higiene de toda a pele do RN com clorexidina, com placebo ou nenhuma higiene. Exclusão: estudos que comparam o uso de clorexidina com outros antisépticos ou estudos que avaliam a aplicação de clorexidina no coto umbilical. 9 estudos, nos quais a concentração da clorexidina utilizada é variável. Não existe evidência conclusiva acerca dos benefícios do uso da clorexidina, pelo que o seu uso não deve ser recomendado para higienizar a pele do RN. CONCLUSÕES CONCLUSÕES Atualmente têm emergido bastantes estudos de investigação científica que dão contributos acerca dos Atualmente emergido bastantes estudos investiga‑ cuidados a ter com atêm manutenção das funções da pele do recém-nascido. Contudo,de os estudos encontrados apresentam algumas limitações, na medida em que, são heterogéneos entre si, o que dificulta a ção científica que dão contributos acerca dos cuidados a ter comparação dos dados e poucos apresentam elevados graus de evidência. Mediante a revisão da literatura, com manutenção funções daquepele dobanho recém-nascido. parece a aceitável recomendar paradas o contexto Português, o primeiro do recém-nascido seja efetuado após estabilização hemodinâmica. Até às quatro semanas de vida, o banho pode ser dado apenas Contudo, os estudos encontrados apresentam algumas limi‑ com água, podendo recorrer-se a pequenas quantidades de produtos de limpeza com um PH apropriado e tações, na medida em que, são heterogéneos entre si, o que de preferência com emoliente na sua composição, especialmente para lavar a área genital. Este estudo teve algumas limitações, nomeadamente a dos dificuldade em obter artigos em texto integral e a ausência dificulta a comparação dados e poucos apresentam ele‑de estudos elaborados em contextos culturais mais diversificados, nomeadamente ao nível nacional. vados graus de evidência. Mediante a revisão da literatura, Recomenda-se, mais investigação randomizada controlada, no sentido de fortalecer os resultados encontrados. parece aceitável recomendar para o contexto Português, que o primeiro banho do recém-nascido seja efetuado após es‑ tabilização hemodinâmica. Até às quatro semanas de vida, o REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Blume-Peytavi, U., Cork, Faergemann, J., Szczapa, Vanaclocha, F. & Gelmetti, C. (2009). Bathing banho pode serM., dado apenas comJ.,água, podendo recorrer-se and cleansing in newborns from day 1 to first year of life: recommendations from a European round table meeting. JEADV, (23), 751–759. doi: 10.1111/j.1468-3083.2009.03140.x a pequenas quantidades de produtos de limpeza com um PH Cunha, M., Procianoy, R., Franceschini, D., Oliveira, L. & Cunha, M. (2008). Effect of the first bath with chlorhexidine one skin with Staphylococcus aureus in normal healthycomposi‑ term newborns. apropriado de colonization preferência com emoliente na sua Scandinavian Journal of Infectious Diseases, (40), 615-620. doi: 10.1080/00365540801932447 ção, especialmente para lavarin Perinatology, a área genital. Este estudo teve Dyer, J. A. (2013). Newborn skin care. Seminars 37 (1), 3-7. doi: http://dx.doi.org/10.1053/j.semperi.2012.11.008 algumas limitações, nomeadamente a dificuldade em obter Fernandes, J. D., Machado, M.C. & Oliveira, Z. N. (2011). Prevenção e cuidados com a pele da criança e do recém-nascido. Anais Brasileiros de Dermatologia, 86 (1), 102-110. artigos em texto integral e a ausência de estudos elaborados em contextos culturais mais diversificados, nomeadamente EESMO Centro Hospitalar do Porto. Professora na Escola Superior de Enfermagem do Porto aoEESMO, nível nacional. Recomenda-se, mais investigação rando‑ mizada controlada, no sentido de fortalecer os resultados encontrados. 1 2 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Blume-Peytavi, U., Cork, M., Faergemann, J., Szczapa, J., Vanaclocha, F. & Gelmetti, C. (2009). Bathing and cleansing in newborns from day 1 to first year of life: recommendations from a European round table meet‑ 70 ing. JEADV, (23), 751–759. doi: 10.1111/j.1468-3083.2009.03140.x Cunha, M., Procianoy, R., Franceschini, D., Oliveira, L. & Cunha, M. (2008). Effect of the first bath with chlorhexidine on skin coloni‑ zation with Staphylococcus aureus in normal healthy term new‑ borns. Scandinavian Journal of Infectious Diseases, (40), 615-620. doi: 10.1080/00365540801932447 Dyer, J. A. (2013). Newborn skin care. Seminars in Perinatology, 37 (1), 3-7. doi: http://dx.doi.org/10.1053/j.semperi.2012.11.008 Fernandes, J. D., Machado, M.C. & Oliveira, Z. N. (2011). Prevenção e cui‑ dados com a pele da criança e do recém-nascido. Anais Brasileiros de Dermatologia, 86 (1), 102-110. Larson, A. A. & Dinulos, J.G.H. (2005). Cutaneous bacterial infections in the newborn. Current Opinion in Pediatrics, 17 (4), 481- 485. doi: 10.1097/01.mop.0000171321.68806.bd Lavender, T., Bedwell, C., O´Brien, E., Cork, M., Turner, M. & Hart, A. (2011). 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Deve ter titulo em português e inglês, identificação do(s) autor(es) (máximo de seis) imediatamente a seguir ao título, categoria profissional, instituição e forma de contacto (telefone e e-mail) em nota de rodapé; 4.Resumo: O resumo do artigo deve ser apresentado em português e inglês, não deve exceder 200 palavras e deve conter o enquadramento, objetivos, método, resultados e principais conclusões; 5.Palavras-chave: O artigo deve apresentar no máximo 4 palavras-chave em português e inglês; 6. O artigo deve ter entre 1000 a 3500 palavras, serem escritos em folha em A4, letra Areal 11, a 1,5 espaço, respeitando 2,0 cm para margens. Devem conter Introdução, Quadro Teórico, Metodologia, Resultados e Conclusão. 7. Devem ser apresentados em coluna única, formato digital e não devem ser usados fundos de cor; 8. As referências bibliográficas devem obrigatoriamente respeitar a norma internacional APA, e em letra Arial 8 a 1 espaço; 9. Só poderão ser publicados artigos originais cujo conteúdo é da exclusiva responsabilidade do(s) autor(es); 10. Qualquer texto deve preservar a confidencialidade e respeitar os princípios éticos das publicações, não esquecendo a necessidade de autorização para utilizar material de outros estudos e ou fotografias; 11. A seleção dos artigos a publicar é da responsabilidade da comissão científica da revista APEO que poderá sugerir modificações; 12. O autor principal será informado, por e-mail, da decisão da comissão científica. Os trabalhos enviados não serão devolvidos; 13. Os artigos deverão ser enviados, por e-mail, até 30 de Junho de cada ano civil, para: [email protected] 72 REVISTA DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DOS ENFERMEIROS OBSTETRAS — N.º 14/2014 2014 ICM COUNCIL MEETING, PRAGA, REPÚBLICA CHECA 2014 ICM 30TH TRIENNIAL CONGRESS, PRAGA, REPUBLICA CHECA 2014 EMA MEETING, TALLIN, ESTÓNIA REVISTA DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DOS ENFERMEIROS OBSTETRAS — N.º 14/2014 73 74 REVISTA DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DOS ENFERMEIROS OBSTETRAS — N.º 14/2014