REVISTA DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DOS ENFERMEIROS OBSTETRAS — N.º 14/2014 I
XVII ENCONTRO NACIONAL APEO 2014, COIMBRA
5 MAIO 2014, DIA INTERNACIONAL EESMO / PARTEIRA, LISBOA
II
REVISTA DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DOS ENFERMEIROS OBSTETRAS — N.º 14/2014
FICHA TÉCNICA
TÍTULO | TITTLE
REVISTA da ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA
dos ENFERMEIROS OBSTETRAS
N.º 14/2014
DIRECTORA | MANAGING DIRECTOR
Índice
3
Dolores Silva Sardo
COORDENADORA | COORDINATOR
Manuela Ferreira
4
COORDENADORA COMISSÃO EDITORIAL
EDITORIAL BOARD COORDINATOR
Rosália Marques
COMISSÃO EDITORIAL | EDITORIAL BOARD
Alexandra Amaral
Benvinda Bento
Manuela Pastor
Arminda Pinheiro
Carolina Henriques
Dolores Sardo
Emília Coutinho
João Franco
Manuela Ferreira
Margarida Sim­‑Sim
Maria Neto Leitão
Marinha Carneiro
Manuela Nené
Otília Zangão
Paula Nelas
Maria Marisa Bernardes; Maria Neto Leitão
9
14
CULTURA ORGANIZACIONAL DA FAMÍLIA E SEXUALIDADE
ADOLESCENTE
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM À GRÁVIDA NO PRÉ-HOSPITALAR
Maria João Tomás
18
ESTADO FUNCIONAL DAS GRÁVIDAS COM HIPERTENSÃO ARTERIAL
INDUZIDA PELA GRAVIDEZ
Helena Sofia Duarte; Isabel Margarida Mendes
23
POLÍTICA NACIONAL DE HUMANIZAÇÃO NA ASSISTÊNCIA AO PARTO
E NASCIMENTO NO BRASIL: PARTICIPAÇÃO DOS ENFERMEIROS
Patrícia Matos; Cláudia Messias; Thiago Oliveira; Maiara Basílio; Monique Santos
27
O TRABALHO DE PARTO: DO ESPERADO AO EXPERIENCIADO
Sandra Patrícia Souto
PUBLICAÇÃO & PROPRIEDADE
PUBLISHING & PROPERTY
ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA
DOS ENFERMEIROS OBSTETRAS ­‑ APEO
Serviço Obstetrícia, 5º Piso
Hospital Garcia de Orta ­‑ Pragal
2805­‑267 ALMADA
PORTUGAL
32
37
CONSTRUÇÃO DAS ESCALAS DE CONHECIMENTOS E DA
NECESSIDADE DE CONHECIMENTOS DO PAI SOBRE A
AMAMENTAÇÃO
João Franco; Vera Gonçalves
42
EXECUÇÃO GRÁFICA
47
Digital 3 ­‑ Estúdio de Impressão, Lda.
TRADUÇÃO E ADAPTAÇÃO CULTURAL DO PARENTS’ POSTNATAL
SENSE OF SECURITY (PPSS) –VERSÃO MATERNA E VERSÃO PATERNA
Cândida Pinto; Cátia Martins; Marinha Carneiro
Telefone: +351 21 591 97 95
Telemóvel: +351 918 492 122
Email: [email protected]
URL: www.apeobstetras.org
DETERMINANTES SOCIODEMOGRÁFICOS DO AFECTO MATERNO
Bruno Gomes; Paula Nelas; João Duarte
O PAPEL DO PAI NA GRAVIDEZ, PARTO E PÓS-PARTO: PERCEÇÕES
PATERNAS
Carina Rodrigues
Periodicidade: Anual
52
Tiragem: 80 exemplares
56
Preço capa: 12€+portes
63
ou parcial, dos artigos publicados sem o prévio
IMPORTÂNCIA DA PARTICIPAÇÃO DO PAI NA AMAMENTAÇÃO:
CONSTRUÇÃO E VALIDAÇÃO DE UM INSTRUMENTO DE MEDIDA
João Franco; Vera Gonçalves
Os artigos são da exclusiva responsabilidade
dos autores. Não é permitida a reprodução, total
EXPERIÊNCIA VIVIDA PELO PAI NO NASCIMENTO DE UM FILHO
PREMATURO
Nelly Augusta Silva; Teresa Campos Silva; Isabel Margarida Mendes
Depósito Legal | Legal Registration
n.º 213433/04
ISSN n.º 1646­‑3625 (edição impressa)
ISSN n.º 2182­‑3006 (edição eletrónica)
TRANSIÇÃO PARA A MENOPAUSA: DAS CONDIÇÕES
AOS FATORES SENSÍVEIS AOS CUIDADOS DE ENFERMAGEM
Célia Maria Grilo
COMISSÃO CIENTÍFICA | SCIENTIFIC REVIEWERS
consentimento da Revista da APEO.
EDITORIAL
Dolores Sardo
CONTRIBUTOS DO CONTACTO PELE-A-PELE NA TEMPERATURA DO
RECÉM-NASCIDO
Ana Maria Carvalho; Maria Otília Zangão
68
BANHO DO RECÉM-NASCIDO: EVIDÊNCIAS
Catarina de Sousa e Silva; Dolores Sardo
REVISTA DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DOS ENFERMEIROS OBSTETRAS — N.º 14/2014 1
APEO – PLANO de Atividades para ano 2014,
aprovado em AGO Almada, 24 maio 2014
Atividades
Local
Data
Coimbra
6 e 7 Maio
Porto / Lisboa
a designar
a designar
19 e 20 Julho
Setembro
Novembro
a designar
Outubro
FORMAÇÃO
XVII Encontro Nacional & 1º Congresso Internacional da
APEO
Workshop sobre Aromaterapia 3 módulos
Curso Atualização sobre Preparação para o Parto e
Parentalidade
PUBLICAÇÕES/DIVULGAÇÃO
Setembro
Revista APEO N.º14/2014
Maio
Ebook ENAPEO
REUNIÕES
Reunião Conselho da ICM
Praga - República Checa
26 a 30 Maio
Reunião ICM - Região Europa do Sul
Praga - República Checa
Maio/Junho
Tallin - Estónia
26 e 27 Setembro
Reunião Anual EMA
Reunião XVII EFNNMA (participação integrada no FNOPE da OE)
Lisboa
Reunião FNOPE
PARTICIPAÇÃO EM EVENTOS
Dia da Internacional do EEESMO/Parteira
Parceria com MCEEESMO
Mostra de Cuidados em
Lisboa
5 Maio
Semana Internacional AM
Parceria com MCEEESMO
Outubro
Praga
1 a 5 Junho
ICM 30th Triennial Congress
Almada, 30 Dezembro 2013
A Presidente APEO
Dolores Silva Sardo
2
REVISTA DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DOS ENFERMEIROS OBSTETRAS — N.º 14/2014
EDITORIAL
CAROS COLEGAS
Estamos a publicar o número catorze da revista APEO
e, em simultâneo, a terceira publicação digital online.
Este periódico apresenta, maioritariamente, os resulta‑
dos de investigações feitas na área do cuidar da saúde
sexual e reprodutiva, que foram apresentados no XVII
Encontro Nacional & 1º no Congresso Internacional
APEO, realizado em maio 2014, em Coimbra.
Os catorze artigos apresentados focam aspetos re‑
lacionados com menopausa, sexualidade, gravidez,
parto, pós-parto, parentalidade, recém-nascido e ama‑
mentação; retratam algumas das práticas desenvolvi‑
das em Portugal e ilustram o estado da arte da enfer‑
magem obstétrica, como promotora de cuidados de
excelência.
Aos autores, revisores e membros das comissões um
agradecimento especial pela dedicação, trabalho e em‑
penho incondicional, pois sem a sua disponibilidade
seria difícil a concretização deste projeto.
Aos leitores, uma palavra de incentivo para continua‑
rem a submeter artigos, sejam de resultados de inves‑
tigação ou sejam de reflexões sobre as práticas, nesta
área especializada, como uma forma de registar e parti‑
lhar o que fazemos hoje e que tanto engrandece a qua‑
lidade da revista.
Acreditamos que a publicação em periódicos cientí‑
ficos é uma estratégia marcante, para dar visibilidade e
divulgar o conhecimento produzido pelos enfermeiros
especialistas; por isso, queremos alargar a nossa publi‑
cação para bianual, dependendo esta do número de ar‑
tigos apresentados. Esta nossa intenção dependerá ba‑
sicamente do interesse, da motivação e da participação
de todos os profissionais de saúde desta área.
Queremos que a Revista da APEO, como revista es‑
pecializada na área da saúde sexual e reprodutiva, seja
considerada uma referência, de acordo com os padrões
das publicações internacionais.
Participe neste projeto… envie o seu artigo.
A Presidente da APEO
Dolores Silva Sardo
REVISTA DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DOS ENFERMEIROS OBSTETRAS — N.º 14/2014 3
Transição para a menopausa:
das condições aos fatores sensíveis
aos cuidados de enfermagem
Maria Marisa Gameiro Bernardes1; Maria Neto da Cruz Leitão2
RESUMO
A menopausa acontece em média aos 50 anos e é uma das mais importantes
transições vivida pelas mulheres. É considerada um processo natural, mas
representa mudanças e desafios nas diferentes dimensões bio­‑psico­‑socio­
‑culturais.
Este estudo tem como objetivos compreender os processos de transi‑
ção enquanto experiências vividas pelas mulheres durante a transição para
a menopausa, e os fatores facilitadores e dificultadores vivenciados durante
esta transição.
Realizamos um estudo qualitativo segundo a grounded theory com orien‑
tações preconizadas por Strauss e Corbin (2008) baseada nos pressupostos
da teoria das transições de Meleis.
Ocorrem alterações muito profundas na vida das mulheres durante a
transição para a menopausa. Os resultados permitiram­‑nos verificar: (a) di‑
ferentes significados atribuídos à menopausa; (b) expectativas das mulheres
sobre o futuro; (c) conhecimentos adquiridos; (d) capacidades adquiridas; (e)
nível de planeamento; (f ) recursos identificados e utilizados pelas mulheres
(g) bem­‑estar / mal­‑estar físico e emocional percecionado. Os fatores facilita‑
dores mais referenciados situam­‑se no domínio ambiental e pessoas signifi‑
cativas. As dificuldades de transição estiveram mais relacionadas com a im‑
previsibilidade das alterações e a insatisfação com orientação dos profissio‑
nais de saúde. Estes resultados convergem com a literatura.
Muitas das condições que influenciam esta transição são sensíveis a cui‑
dados de enfermagem. Sugere­‑se que os enfermeiros desenvolvam cuida‑
dos antecipatórios capazes de prepararem e capacitarem as mulheres. Para
isso, devem prestar cuidados integrais – individualmente e em grupos de
mulheres ‑­ ajudando­‑as a (re) elaborar os seus projetos de vida, a sua identi‑
dade, as suas relações sociais e familiares e a desenvolver o seu máximo po‑
tencial em saúde.
Palavras­‑chave: menopausa; transição; enfermagem.
ABSTRACT
Menopause appears on average at fifties and it is one of the most important
changes experienced by women. It is considered a natural process, but it re‑
presents changes and challenges in the different bio­‑psycho­‑socio­‑cultural
dimensions.
The aims of this study are: to understand the transition processes lived by
women during the transition to menopause; and to understand the agents
experienced throughout the transition, whether they are easy or difficult.
This qualitative study was developed using the grounded theory as a re‑
source, and also having in consideration the presupposed of transitions
theory of Meleis.
Profound changes in women´s life occur during the transition to meno‑
pause. Results allowed us to verify: (a) different meanings attributed to me‑
nopause; (b) expectations of women about the future; (c) acquired know‑
ledge; (d) acquired abilities; (e) planning level; (f ) identified resources used
Enfermeira Especialista em Enfermagem de Saúde Materna, Obstétrica e Ginecológica ­‑ En‑
fermeira Especialista no Hospital Distrital da Figueira da Foz, EPE. Contacto: e­‑mail: marisagb@
sapo.pt.
2
Professora Doutora na Escola Superior de Enfermagem de Coimbra. Contacto: e­‑mail: mne‑
[email protected].
1
4
by women; (g) perceived physical and psychological well­‑being/ bad­‑being.
The most referred helper agents are located in the environmental domain
showing the occupation – professional, familiar and leisure – and important
people. The difficulties of the transition were more related to the unpredicta‑
bility of changes and dissatisfaction about the guidance of health professio‑
nals. These results are suitable with the literature. Many conditions that are
perceived as exercising influence on the transition are sensible to nursing
care. It is suggested that nurses may have to be ready to help in advance, in
order to prepare and capacitate women.
Thus, it is necessary that nurses should offer integral – individually and
in women groups – helping so that these women can (re)make its own life
projects, build an identity and their social, familiar relationships within the
whole changes, and finally to develop their highest potential in health.
Keywords: menopause; transition; nursing
RESUMEN
La menopausia ocurre de media a los 50 años y es una de las transiciones
más importantes que sufre la mujer. Se considera un proceso natural, pero
representa cambios y desafíos en las diferentes dimensiones bio­‑psico­
‑socio­‑culturales.
Este estudio tiene como objetivo comprender los procesos del cambio,
las experiencias de la mujer durante la transición a la menopausia, y los fac‑
tores facilitadores e impedimentos vividos durante esta fase.
Se realizó un estudio cualitativo siguiendo la teoría fundamentada por
las directrices recomendadas por Strauss y Corbin (2008) sobre la base de los
supuestos de la teoría de las transiciones de Meleis.
Se producen cambios muy profundos en la vida de la mujer durante la
transición a la menopausia. Los resultados nos permitieron verificar: (a) los
diferentes significados atribuidos a la menopausia; (b) las expectativas de
la mujer sobre el futuro; (c) conocimientos aprendidos; (d) las capacidades
adquiridas; (e) el nivel de planificación; (f ) recursos identificados y utiliza‑
dos por la mujer (g) bienestar / malestar físico y emocional sentido. El domi‑
nio ambiental y las personas significativas son los factores facilitadores más
mencionados. Las dificultades de la transición estaban relacionados con la
imprevisibilidad de los cambios y la insatisfacción con la orientación de pro‑
fesionales de la salud. Estos hallazgos van al encuentro de la literatura exis‑
tente.
Muchas de las condiciones que influyen en esta transición son sensi‑
bles a los cuidados de enfermería. Se sugiere que los enfermeros desarrollen
atención anticipatoria capaz de preparar y capacitar a la mujer. Para eso ten‑
drán que proporcionar una atención integral ‑­ individualmente y en grupo ­‑
ayudándolas a (re) desarrollar sus proyectos de vida, su identidad, sus rela‑
ciones sociales y familiares y desarrollar todo su potencial en la salud.
Palabras clave: la menopausia; transición; enfermería.
INTRODUÇÃO
A mulher, enquanto ser humano, vivencia várias mudanças
ao longo da sua vida, podendo estas assumir uma dimensão
essencialmente biofisiológica ‑­ como a menarca, a gravidez
ou a última menstruação – ou de natureza também psicos‑
social – como a construção de uma relação de intimidade, a
maternidade, o divórcio, a viuvez, a menopausa, o início de
uma atividade profissional ou o desemprego ­‑ as quais assi‑
REVISTA DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DOS ENFERMEIROS OBSTETRAS — N.º 14/2014
nalam fases sequenciais, podendo ser distintas ou sobrepo‑
níveis.
A literatura refere que uma das mais importantes tran‑
sições vivida pelas mulheres é a transição para a meno‑
pausa. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS)
(1996), esta etapa “natural” e última do ciclo reprodutivo
acontece em média aos 50 anos de idade, sendo reconhe‑
cida após 12 meses de amenorreia traduzindo­‑se em mu‑
danças e desafios nas diferentes dimensões bio­‑psico­
‑sociais e culturais.
Na cultura ocidental encontra­‑se socialmente aliada a uma
conotação negativa relacionada com a perda de feminilidade
– juventude e capacidade reprodutiva ­‑ e como marco de en‑
velhecimento com repercussões na autoimagem.
É um acontecimento que passa a ter visibilidade a par‑
tir do século XX com o aumento da esperança de vida, e um
maior número de mulheres atingem a fase da menopausa.
Segundo os últimos Censos (2011), a esperança média de
vida das mulheres atinge o valor mais alto verificado de 82,4
anos (Portugal, 2012), assistindo­‑se a um envelhecimento da
população feminina em Portugal. Tal significa que uma mu‑
lher pode viver aproximadamente 30 anos após a meno‑
pausa, ou seja, cerca de um terço da sua vida estando, por
consequência expostas, em maior número, às modificações
que acontecem nesta fase.
Como mulher e como enfermeira especialista em saúde
materna, obstétrica e ginecológica, e na procura da quali‑
dade de cuidados de enfermagem, é importante perceber‑
mos qual (ais) o (s) principal (ais) foco (s) de atenção na as‑
sistência à mulher no seu ciclo de vida, com vista a poder‑
mos propor intervenções que se dirijam às suas reais neces‑
sidades de modo a encontrarem uma adaptação eficaz a este
processo de transição.
Este estudo assume como base de sustentação da aná‑
lise do fenómeno a observar, a teoria das transições desen‑
volvida por Schumacher e Meleis (1994) e Meleis et al. (2000),
que propõem como foco central da prática, as pessoas e fa‑
mílias que num determinado contexto sociocultural vivem
um processo de transição.
QUADRO TEÓRICO
A origem etimológica da palavra menopausa consiste na
justaposição de duas palavras gregas em que meno significa
mês e pausis significa pausa, final, cessação (Sheehy, 1992;
Ussher, 1992; Lima e Baracat, 1995; Reyes, 1997 apud Cabral,
2001; Northrup, 2003).
Embora a menopausa seja considerada um aconteci‑
mento fisiológico ou patológico no campo científico, a OMS
assume a menopausa como uma fase da vida das mulheres e
não como um marco.
“A menopausa é a fase da vida da mulher em que os ová‑
rios deixam de funcionar e cessa a capacidade reprodutiva.
Consequentemente no organismo produzem­
‑se diversas
mudanças fisiológicas, alguns deles resultantes da cessação
da função ovárica e de fenómenos relacionados com a me‑
nopausa, e outros devido ao processo de envelhecimento.”
(OMS, 1996:1) (tradução nossa).
A menopausa é, à partida, um processo natural e fisioló‑
gico vivido pelas mulheres em todo o mundo. É considerada
uma fase de transição no ciclo de vida da mulher que marca
a passagem do período reprodutivo para o não reprodutivo,
com o fim permanente da menstruação e consequente (in)
capacidade reprodutiva, duas características reconhecidas
como universais da menopausa.
Apesar das diversas terminologias, em 1981, a OMS pas‑
sou a definir menopausa como “o final da última menstrua‑
ção” (Blasco apud Cabral, 2001, p.72).
Na menopausa, os aspetos biológicos embora significati‑
vos, não são exclusivos e determinantes desta fase da vida
das mulheres. Há que considerar fatores não biológicos, mas
de igual modo importantes, como os psicológicos, sociais e
culturais. A menopausa compreende uma série de mudanças
e realidades que vão muito além de aspetos biológicos (Ca‑
bral, 2001) e é a fase da vida da mulher em que o seu papel
na sociedade se desdobra entre o exercício profissional, as
funções de esposa e de mãe, enfrentando muitas vezes pro‑
blemas relacionados com a saída dos filhos de casa (Águas,
2009).
Os significados que as mulheres atribuem às alterações
que experienciam no seu corpo necessitam ser compreendi‑
dos e respondidos de modo a que possam integrar esta nova
imagem corporal, este corpo de mulher que já não pode ter
filhos e envelhece. O confronto com esta realidade é, fre‑
quentemente, simultâneo com modificações nas relações
conjugais que se desgastaram, na relação com os filhos que
se emanciparam e com os pais que envelhecem (Fagulha e
Gonçalves, 2005). Deste modo, na vigilância de saúde da mu‑
lher afirma­‑se importante de forma a prepará­‑la para os dife‑
rentes aspetos desta nova etapa da vida e para as transfor‑
mações que ocorrem durante esse período.
Sendo considerada um processo biológico natural e uni‑
versal, a menopausa é conhecida por muitas mulheres como
“a mudança de vida” ou “a mudança” (Northrup, 2003, p.437),
em que a mulher deixa transparecer a passagem de uma
fase da vida para outra, de um estado ou condição de vida
para outro que Meleis et al. (2000) designam de transição. Se‑
gundo Abreu (2008, p.36) transição provém do latim transi‑
tiõne que “significa mudança, acto ou efeito de passar de um
estado, período, assunto ou lugar para outro”.
É durante os períodos transicionais de instabilidade de‑
sencadeados por mudanças de desenvolvimento, de situa‑
ção ou de doença que se verifica a proximidade aos cuidados
de enfermagem. Essas mudanças podem causar alterações
profundas na vida da própria pessoa e dos que a rodeiam,
para além de ter implicações significativas na saúde e bem­
‑estar (Schumacher e Meleis, 1994).
A transição remete para mudanças na situação de saúde,
nos papéis desempenhados socialmente, nas expectativas
de vida, nas habilidades socioculturais ou mesmo na capaci‑
dade de gerir as respostas humanas. A experiência de transi‑
REVISTA DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DOS ENFERMEIROS OBSTETRAS — N.º 14/2014 5
ção impõe que cada pessoa que a vive incorpore novos co‑
nhecimentos, que modifique comportamentos, que rede‑
fina os significados associados aos acontecimentos e, con‑
sequentemente, altere a definição de si mesmo no contexto
social (Meleis et al., 2000; Chick e Meleis,1986 apud Meleis,
2010).
A menopausa afigura­‑se como uma das transições que
ocorrem durante o desenvolvimento da vida das mulhe‑
res, razão pela qual foi designada por Schumacher e Meleis
(1994) e Meleis et al. (2000) como uma transição desenvolvi‑
mental. Este tipo de transição requer uma definição ou rede‑
finição dos papéis em que a mulher está envolvida, condicio‑
nada pelas diversas características pessoais, como os signifi‑
cados atribuídos à menopausa, às expectativas, níveis de co‑
nhecimento e preparação, o planeamento ou não desta mu‑
dança, e o bem­‑estar físico e emocional. Neste âmbito, tran‑
sição compreende processos de mudança que requerem
adaptação ou ajustamento (Abreu, 2008).
Na teoria da transição em enfermagem, o enfermeiro tem
como função ajudar as pessoas a gerir os processos de tran‑
sição ao longo do ciclo de vida (Meleis et al., 2000), pelo que
a definição mais comum de transição é de Chick e Meleis
(1986) considerando transição como “uma passagem ou mo‑
vimento de um estado, condição ou local para outro” (Schu‑
macher e Meleis, 1994, p.119).
Os enfermeiros são os primeiros prestadores de cuidados
das pessoas e das suas famílias no percurso das suas vidas e
durante processos de transição (Meleis et al., 2000), pois são
os profissionais de saúde de primeira linha que se encontram
em todos os serviços de saúde e com os quais a população
tem um contacto mais facilitado e continuado. Estão atentos
às mudanças e necessidades impostas pela própria situação
de transição e são, também, quem prepara as pessoas para
as transições difíceis e facilitam o processo de aprendizagem
de novas capacidades/competências para lidarem com essa
situação (Idem).
No regulamento nº 127/2011 referente às competências
específicas do enfermeiro especialista em saúde materna,
obstétrica e ginecológica e no Regulamento dos padrões
de qualidade dos cuidados especializados em enfermagem
de saúde materna, obstétrica e ginecológica (OE, 2011) está
evidente a sua importância da prestação de cuidados de en‑
fermagem ao assumir a responsabilidade pelo exercício de
áreas de atividade e intervenção em períodos significativos
da vida das pessoas, mais concretamente no ciclo de vida da
mulher na fase da menopausa.
METODOLOGIA
Com este estudo procurámos evoluir num percurso onde o
conhecimento e a compreensão do processo experienciado
pelas mulheres na transição para a menopausa possa contri‑
buir para a implementação de práticas de enfermagem pro‑
motoras da sua saúde e a subsequente perceção de bem­‑estar.
Pretendemos compreender o processo e o modo como
as participantes agem nesse contexto e construir uma teo‑
6
ria que possibilite explicar como se processa a transição para
a menopausa.
Desenvolveu­‑se um estudo qualitativo com recurso ao
método para desenvolver uma grounded theory para criar
uma teoria a partir de dados recolhidos, tendo por base os
pressupostos da teoria das transições de Meleis.
Foram definidos previamente critérios de inclusão no es‑
tudo, mulheres:
•• Com idades compreendidas entre os 50 e 55 anos (in‑
clusive) que estivessem em menopausa fisiológica pelo
menos há 1 ano.
•• Que não utilizassem terapia hormonal de substituição.
•• Do concelho da Figueira da Foz.
•• Não serem conhecidas da investigadora.
•• Aceitarem participar voluntariamente no estudo após
esclarecimento.
•• Permitirem o registo áudio das entrevistas realizadas.
A questão de partida para esta investigação: Quais os fa‑
tores que influenciam a transição das mulheres para a meno‑
pausa?
Definimos como objetivos:
•• Compreender os processos de transição enquanto ex‑
periências vividas pelas mulheres durante a transição
para a menopausa.
•• Conhecer os fatores facilitadores e dificultadores da
transição das mulheres para a menopausa.
O número de participantes não foi determinado previa‑
mente, mas resultante de um processo de amostragem teó‑
rica, em que estas foram selecionadas de acordo com a sua
experiência, cultura, interação social, permitindo uma me‑
lhor compreensão das experiências das mulheres e obter as
suas representações e expectativas no processo de transição
para a menopausa.
As participantes do estudo foram 8 mulheres em meno‑
pausa fisiológica com idades entre os 50 e 55 anos, cauca‑
sianas, tinham em média 53,5 anos, a grande maioria eram
casadas, viviam com os maridos, tinham filhos/as e residem
em zona urbana (centro e periferia) e rural do concelho da Fi‑
gueira da Foz. A maioria possuía ensino básico e mantinham
atividade profissional. Aos 50,1 anos foi a idade média em
que entraram em menopausa e o tempo médio vivido após a
menopausa foi de 3 anos e 2 meses.
Realizada colheita de dados através de entrevistas semies‑
truturadas nos anos 2012­‑2013, servindo­‑nos de um guião
de entrevista de orientação previamente elaborado. O es‑
tudo teve parecer favorável da Comissão Ética da Unidade
Investigação em Ciências da Saúde – Enfermagem da Escola
Superior de Enfermagem de Coimbra.
Ao longo de todo o processo de colheita, análise e inter‑
pretação dos dados, teve­‑se em consideração os procedi‑
mentos e as orientações preconizadas por Strauss e Corbin
(2008) quanto ao desenvolvimento de uma grounded theory.
Os dados foram analisados, tendo como suporte as catego‑
rias da teoria das transições desenvolvida por Meleis, e com
base nos objetivos do estudo. Deste modo, a categorização
REVISTA DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DOS ENFERMEIROS OBSTETRAS — N.º 14/2014
da análise ocorreu através de um processo misto de catego‑
rias pré­‑definidas, segundo os pressupostos desta teoria e de
categorias que emergiram dos dados.
O processo de colheita foi alternado com a interpretação e
análise dos dados de acordo com o preconizado por Strauss
e Corbin (2008) e com o método de análise comparativa
constante previsto na grounded theory. A análise dos dados
iniciou­‑se a partir do momento em que se começaram a ou‑
vir as entrevistas, seguida de transcrição. A codificação aberta
e axial permitiram codificar propriedades e dimensões para
desenvolver relações entre conceitos. Não concretizámos a
última fase do processo de análise ‑­ codificação seletiva ‑­ que
consiste em integrar e refinar categorias em torno de uma
categoria central, a qual representa o tema principal de pes‑
quisa, que condensa o produto de todas as análises.
Importa referir que a análise dos dados foi realizada ma‑
nualmente, e decidimos terminar a colheita de dados à oi‑
tava entrevista apesar da possibilidade de não termos atin‑
gido a saturação teórica dos dados.
O respeito pelos princípios éticos foi nossa preocupa‑
ção desde o início e durante toda a realização deste estudo,
atendendo ao princípio da não maleficência, o princípio da
autonomia, o princípio da beneficência e o princípio da jus‑
tiça.
Segundo a teoria das transições, definimos as seguintes
condições de transição: significados atribuídos à menopausa,
expectativas em relação à menopausa, nível de conhecimen‑
tos, capacidades adquiridas, nível de planeamento, recursos
conhecidos e utilizados e bem­‑estar emocional e físico per‑
cecionado (Schumacher e Meleis, 1994; Meleis et al., 2000).
De acordo com estas categorias, da análise emergiram sub‑
categorias, propriedades e dimensões nas quais acreditamos
que poderão explicar como as participantes vivenciaram o
processo de transição para a menopausa.
RESULTADOS
Várias mulheres chegam à menopausa com a sensação de
missão cumprida, sentindo­‑se realizadas do ponto de vista fa‑
miliar e profissional e estão decididas a iniciar uma nova eta‑
pa do seu ciclo de vida. Uma vida mais liberta, mais assumida
e onde querem colocar a sua pessoa no centro, assumindo o
seu passado e os papéis, mas focando­‑se nas suas necessi‑
dades e desejos (ainda) não concretizados, dedicando­‑se ao
seu autocuidado e ao seu bem­‑estar. A menopausa represen‑
ta para a mulher uma libertação que lhes abre novas oportu‑
nidades, porque terminaram a sua função reprodutiva o que
se associa ao terminus da menstruação, uma experiencia fre‑
quentemente negativa que durou décadas e que para muitas
foi muito limitativa.
Uma vez finalizada a tarefa de cuidar dos filhos, conside‑
ram que é tempo se emanciparem e, para a maioria das mu‑
lheres, entrar em menopausa não foi entendido como uma
perda, mas sim uma libertação. Não sentem o vazio nem que
a vida perdeu sentido e, pelo contrário, entendem como uma
oportunidade para si, de investimento pessoal e de autorre‑
flexão. Sentem que tem mais tempo para si mesmas e maior
consciência do seu valor. Sentem­‑se mais confiantes e com
maior autoestima e, por conseguinte, menos dependentes
das opiniões e expectativas da sociedade, embora reconhe‑
çam que, socialmente, ainda existe estigmatização e desva‑
lorização pelas mulheres que se encontram neste período de
vida.
Vários são os fatores pessoais e ambientais que podem fa‑
cilitar ou dificultar esta transição. Destacam­‑se como facilita‑
dores e dificultadores, os fatores pessoais físicos, psicológi‑
cos e emocionais. Como fatores ambientais facilitadores sa‑
lientamos a família, amigas/pessoas significativas, ocupação,
lazer, comunidade e o acesso a recursos. Como fatores am‑
bientais dificultadores destacamos os familiares, conjugais e
os recursos sociais desajustados às necessidades.
Emerge a importância de agir sobre o conhecimento das
mulheres sobre menopausa, de modo a capacitá­‑las para
as mudanças que lhes são exigidas. Perante esta vulnerabi‑
lidade, interessa considerar a dimensão do conhecimento,
através da educação para a saúde, individual ou em grupo,
integrando também os cônjuges / companheiros.
Durante a revisão de literatura efetuada, foi possível con‑
firmar que a investigação relacionada com a transição para
a menopausa é ainda bastante escassa, e em Portugal não
foram encontrados estudos. Após a realização deste estudo
e entre todos os resultados encontrados, parece­‑nos poder
concluir que a menopausa:
•• É considerada uma fase difícil e um momento perturba‑
dor (Price, Storey e Lake , 2008) .
•• Representa perda, onde se inclui a juventude, a fertili‑
dade e capacidade reprodutiva (Manesh e Moghadam,
2011) e uma libertação que abre novas oportunidades
nas suas vidas (Im et al., 2008; Manesh e Moghadam,
2011).
•• O desconforto e a imprevisibilidade das alterações di‑
ficultaram o processo de transição, interferem nas ro‑
tinas e na imagem corporal (Im et al., 2008; Marnocha,
Bergstrom e Dempsey, 2011).
•• Considerado um período de reorganização pessoal,
em que as mulheres procuram ter mais tempo para si
(Im, Lee e Chee, 2010) e identificam novas formas de
viver que consideram significativas (Im et al., 2008).
•• O nível de conhecimentos sobre a menopausa é baixo
independentemente do grau de formação (Im, Lee e
Chee, 2010; Marnocha, Bergstrom e Dempsey, 2011).
•• Os recursos informais – família e relações de proximida‑
de – assumem­‑se como o principal apoio neste proces‑
so de transição (Im et al., 2008; Manesh e Moghadam,
2011).
•• A oferta dos serviços de saúde parece estar desajustada
às necessidades (Price, Storey e Lake, 2008)
•• A orientação e atitude dos profissionais de saúde não
correspondem às suas necessidades (Im et al., 2008).
•• Identificam a enfermeira como um recurso conhecido
e disponível (Marnocha, Bergstrom e Dempsey, 2011).
REVISTA DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DOS ENFERMEIROS OBSTETRAS — N.º 14/2014 7
CONCLUSÃO
A condição de mulher em menopausa no século XXI é, se‑
guramente, diferente do que era há umas décadas atrás e é
fortemente influenciada pela cultura em que está inserida.
No entanto, esta ainda é considerada motivo de constrangi‑
mento e vulnerabilidade para a mulher, com tendência para
o comprometimento da sua qualidade de vida.
Ao longo desta investigação verificámos como o papel da
mulher tem sido condicionado pelo contexto sociocultural e
histórico em que se insere, considerando o significado que a
cultura imprime à menopausa e que é transmitido entre ge‑
rações.
Sustentando­‑nos nos resultado obtidos neste estudo e na
revisão de literatura que fomos desenvolvendo ‑­ onde verifi‑
camos convergência ­‑ consideramos a transição para a me‑
nopausa como foco sensível a cuidados de enfermagem, de‑
vendo os enfermeiros promover uma transição saudável. As‑
sim, gostaríamos de apresentar algumas conclusões:
™™ As mulheres necessitam de cuidados integrais, promo‑
tores da sua saúde e do seu bem­‑estar, o que inclui mas
ultrapassa o rastreio e o tratamento das doenças.
™™ Adoção de modelos globais de intervenção em saúde e
em enfermagem, que olhem as mulheres para além do
seu corpo e da sua (in)capacidade reprodutiva.
™™ Ainda que esses modelos sejam defendidos na teoria,
não foi encontrada evidência de que sustentem as prá‑
ticas dos profissionais de saúde.
™™ A transição para a menopausa apresenta muitos fatores
sensíveis a cuidados de enfermagem, quer do domínio
pessoal, quer familiar e comunitário.
™™ Este conhecimento requer da parte dos enfermeiros,
e em especial dos enfermeiros especialista em saúde
materna, obstétrica e ginecológica, uma atenção redo‑
brada para ajudarem as mulheres a fazerem uma transi‑
ção saudável, o que vem reforçar o preconizado no Re‑
gulamento n.º 127/2011 referente às competências es‑
pecíficas do enfermeiro especialista em saúde materna,
obstétrica e ginecológica.
Gostaríamos de referir que os resultados obtidos neste es‑
tudo são referentes à experiência das mulheres que fizeram
parte da amostragem teórica e por isso não podem ser gene‑
ralizados a todas as mulheres. Contudo, entendemos que es‑
tes resultados são importantes para o conhecimento da tran‑
sição da menopausa em geral, porque convergem com os re‑
sultados referidos da literatura.
Com base nos resultados obtidos e no referido na literatura
entendemos apresentar sugestões para a atuação dos profis‑
sionais de saúde, com destaque para os enfermeiros, enquanto
profissionais de saúde que tem maior proximidade com os ci‑
dadãos e em concreto com as mulheres, atendendo a que são
estas que mais recorrem aos serviços de saúde ­‑ que estão na
menopausa ou no processo de transição para a menopausa ­‑
com o intuito de contribuir para uma transição para a meno‑
pausa integrada no projeto de vida individual da mulher.
8
•• Cuidados de enfermagem antecipatórios capazes de
prepararem e capacitarem as mulheres.
•• Cuidados integrais – individualmente e em grupos de
mulheres – ajudando­‑as a (re)elaborar os seus projetos
de vida, a sua identidade, as suas relações sociais e fami‑
liares e a desenvolver o seu máximo potencial em saúde.
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Cultura Organizacional da Família
e Sexualidade Adolescente
Célia Maria Jesus Ferreira Grilo1
RESUMO
Enquadramento: A adolescência caracteriza­‑se pela progressiva aquisição
de autonomia, e pela suscetibilidade à influência de pares, podendo resultar
na adoção de comportamentos de risco.
Objetivo: Analisar as relações entre as variáveis sociodemográficas e de
contexto sexual, a cultura organizacional da família e as atitudes dos adoles‑
centes face a sexualidade.
Método: Estudo observacional descritivo correlacional, de corte trans‑
versal; a colheita de dados foi realizada através de um questionário sobre a
caraterização sociodemográfica e de contexto sexual; o inventário da cultura
organizacional da família (Nave, 2007) e a escala de atitudes face à sexuali‑
dade (Nelas et al, 2010); Amostra não probabilística de 1216 adolescentes
do 9º ano no âmbito do projeto MISIJ –FCTF­‑PTDC/CPE­‑CED/103313/2008.
Resultados: A média de idades foi de 14.69 anos; 12.6% já iniciaram re‑
lações sexuais; 48.1% apresenta atitudes favoráveis face à sexualidade; os
rapazes revelaram atitudes mais favoráveis que as raparigas, (X2=36.348,
p=0.000). Existem diferenças estatisticamente significativas entre o sexo, diá‑
logo sobre sexualidade com professores e profissionais de saúde (p=0.000),
a idade (p=0.004), a cultura organizacional da família (p<0.005), e as atitudes
dos adolescentes face à sexualidade.
Conclusões: Família e sociedade devem criar modelos de saúde que sus‑
tentem a educação sexual das crianças e adolescentes.
Palavras­‑chave: adolescência, família, sexualidade, atitudes.
ABSTRACT
Background: Adolescence is characterized by the progressive acquisition of
autonomy, but also susceptibility to peer influence that can result in adop‑
Enfermeira Especialista de Saúde Materna e Obstetrícia , Mestre em Educação para a Saúde.
Unidade de Cuidados na Comunidade de Sátão – Mirante do Seixo; e­‑mail: [email protected].
1
tion of risk behaviors.
Objectives: Analyze the relationship between sociodemographic varia‑
bles, of sexual context and organizational culture of the family and the atti‑
tudes adopted by adolescents facing sexuality.
Method: Observational descriptive and correlational, transversal study.
The questionnaire applied was on sociodemographic characterization and
sexual context, the family organizational culture of Nave (2007) and the scale
of attitudes towards sexuality of Nelas et al (2010); a non­‑probabilistic con‑
venience sample of 1216 adolescents attending the 9th year, part of the pro‑
ject MISIJ ­‑FCTF­‑PTDC/CPE­‑CED/103313/2008.
Results: The average age was 14.69 years; 12.6% have initiated sex rela‑
tions; the majority (48.1%) had favorable attitudes towards sexuality. Boys
have more favorable attitudes towards sexuality in global than girls (X2 =
36,348, p = 0.000). There are statistically significant differences between
sex and speaking about sexuality with teachers and health professionals
(p=0.000), age (p=0.004), family organizational culture (p<0.005), and attitu‑
des of adolescents towards sexuality.
Conclusion: Family and society should create health models to support
sex education for children and adolescents.
Keywords: adolescents, family, sexuality, attitudes.
RESUMEN
Encuadramiento: La adolescencia se caracteriza por la progresiva adquisi‑
ción de autonomía, y la susceptibilidad a la influencia de los compañeros, lo
que puede dar lugar a la adopción de conductas de riesgo.
Objetivo: Analizar las relaciones entre las variables sociodemográficas y
el contexto sexual, la cultura organizacional de la familia, y las actitudes de
los adolescentes frente a la sexualidad.
Método: Estudio observacional descriptivo correlacional transversal; la
recolección de datos se llevó a cabo a través de un cuestionario sobre la ca‑
racterización sociodemográfica y contexto sexual; inventario de la cultura
organizacional de la familia (Nave, 2007) y la escala de actitudes hacia la se‑
xualidad (Nelas et al, 2010); Muestra no probabilística de 1216 adolescentes
REVISTA DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DOS ENFERMEIROS OBSTETRAS — N.º 14/2014 9
de noveno grado en MISIJ ­‑FCTF­‑PTDC / CPE­‑CED 103313/2008 / Proyecto.
Resultados: La edad media fue de 14,69 años; 12.6% han iniciado las rela‑
ciones sexuales; 48.1% tienen actitudes favorables hacia la sexualidad; mu‑
chachos mostraron actitudes más favorables que las niñas, (X2 = 36,348, p
= 0.000). Existen diferencias estadísticamente significativas entre el sexo, el
diálogo sobre sexualidad con los maestros y profesionales de la salud (p =
0,000), la edad (p = 0,004), la cultura organizacional de la familia (p <0,005),
y las actitudes de los adolescentes hacia la sexualidad.
Conclusiones: la familia y la sociedad deben crear modelos que apoyan la
educación de la salud sexual de los niños y adolescentes.
Palabras clave: adolescencia, la familia, la sexualidad, actitudes
INTRODUÇÃO
A família tem sido desde longa data uma instituição que se
responsabiliza pela transmissão de uma herança que vai pas‑
sando de geração em geração, e que se constitui de valores,
normas e cultura, próprias e únicas de cada família. Tem o
papel fundamental de influenciar a formação dos indivíduos
que dela fazem parte, contribuindo para a determinação da
personalidade e interferindo significativamente no compor‑
tamento de cada um dos seus membros.
O vértice principal da funcionalidade da família é consti‑
tuído pelas relações interpessoais entre os seus membros, e
a afetividade e os sentimentos de pertença e identidade de‑
sempenham os papéis primordiais (Nave, 2007).
Sendo um evento previsível a adolescência tem grande
impacto no decorrer da vida familiar. O conjunto de transfor‑
mações que aqui se operam inclui importantes mudanças ao
nível da sexualidade, surgindo as primeiras relações amoro‑
sas, que podem ser acompanhadas pelas primeiras experien‑
cias sexuais.
As atitudes dos adolescentes face à sexualidade são in‑
fluenciadas por pessoas significativas, pelos que convivem
proximamente com os adolescentes e pelas experiências vi‑
vidas pelos próprios ao longo do ciclo de vida.
No seguimento desta problemática questionámo­‑nos se as
variáveis sociodemográficas (sexo, idade e local de residência),
de contexto sexual (namoro, diálogo sobre sexualidade, rela‑
ções sexuais, utilização de contraceção) e cultura organizacio‑
nal da família influenciam as atitudes dos adolescentes face a
sexualidade? Para dar resposta a esta questão traçamos como
objetivo analisar as relações entre as variáveis sociodemográfi‑
cas e de contexto sexual, a cultura organizacional da família e
as atitudes dos adolescentes face a sexualidade.
QUADRO TEÓRICO
A adolescência é um período de descoberta dos limites in‑
dividuais, de questionamento dos valores e das normas fa‑
miliares, e de forte adesão aos valores e normas do grupo
de amigos e pares, caracterizado ainda por necessidade de
integração social, pela procura de autonomia e de indepen‑
dência como pessoa, e pela definição da identidade sexual.
A sexualidade define­‑se como uma rede de condutas, ati‑
tudes e afetos; constrói­‑se e aprende­‑se e é parte integrante
do desenvolvimento da personalidade, podendo interferir
no processo de aprendizagem, na saúde mental e física do
10
indivíduo (Brêtas, Ohara, Jardim, Junior e Oliveira, 2011).
A orientação no âmbito da sexualidade deverá ser priori‑
tariamente uma competência da família, elemento fulcral na
identidade de género e no desenvolvimento dos papéis se‑
xuais dos filhos. A educação sexual transmitida e recebida na
família é muito importante para o desenvolvimento harmo‑
nioso da criança e do adolescente. A família que ama, que
acolhe e que cuida é a mesma que educa e informa sobre se‑
xualidade, tornando os seus jovens mais seguros, saudáveis
e felizes (Ferreira et al, 2013). A família, a escola e a rede de
saúde em interligação determinarão a educação sexual dos
adolescentes.
METODOLOGIA
Estudo de natureza quantitativa, observacional descritivo
correlacional, de corte transversal. A técnica de amostragem
foi não probabilística e por conveniência, e constituiu­‑se de
1216 adolescentes a frequentar o 9º ano em escolas públicas,
que aceitaram participar no estudo e cujos progenitores con‑
sentiram a participação.
A colheita de dados foi realizada por meio de um questio‑
nário que inclui questões de caracterização sociodemográ‑
fica, de contexto sexual, o inventário da cultura organizacio‑
nal da família (Nave, 2007) e a escala de atitudes face à sexua‑
lidade (AFSA) (Nelas et al, 2010).
O Inventário da Cultura Organizacional da Família (ICOF)
mede o tipo de cultura adotado por cada família e a sua
funcionalidade e engloba 25 itens, numa escala Tipo Likert.
Compõe­‑se de quatro sub­‑escalas: Cultura das Relações In‑
terpessoais, Cultura Heurística, Cultura de Hierarquia e Cul‑
tura dos Objetivos Sociais. Os valores de alfa de Cronbach va‑
riaram entre 0,912 e 0,926, com valor global 0.918.
A escala de atitudes face à sexualidade em adolescentes
(AFSA) tem como objetivo avaliar conhecimentos e atitudes
dos adolescentes no âmbito da afetividade e sexualidade.
Compõe­‑se de 26 itens, elaborados em Escala tipo Likert.
Através da análise fatorial pelo método Kaiser M obtivemos a
estrutura fatorial de 4 fatores o que nos permitiu agrupar os
itens nas dimensões cultural, social, psicossocial e afetiva. Os
valores de alpha de Cronbach obtidos variaram entre 0.846 e
0.860, com valor global 0.859.
RESULTADOS
No que se refere aos participantes do estudo verificamos que
54.77 % são do sexo feminino. Os participantes tinham entre
14 e 18 anos, com uma média de idade de 14.69 anos. Relati‑
vamente à sua residência a maioria 48.8% reside em aldeia e
32.7% em cidade.
Em relação às variáveis de contexto sexual verificamos
que 25.3% namoram, mas 80.7% com 14 anos não namora
e 39.4% com idade igual ou superior a 16 anos namora (X2=
32.043; p=0.000). Constatámos que 93.9% com 14 anos não
iniciou e 32.8% com 16 anos ou mais já iniciaram relações se‑
xuais (X2=90,545; p=0,000) e que os que se iniciaram sexual‑
mente fizeram­‑no em média com 13,83 anos; 35.9% fizeram­
REVISTA DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DOS ENFERMEIROS OBSTETRAS — N.º 14/2014
‑no com <= 13 anos. Os rapazes têm a primeira relação se‑
xual mais cedo que as raparigas (13.64 e 14.06 anos respeti‑
vamente); são também os rapazes com mais de 16 anos que
mais contraceção fazem (X2 81.828; p=0.000), sendo o pre‑
servativo o método mais utilizado (63.8%).
Atendendo ao diálogo sobre sexualidade, observámos
que os adolescentes dialogam com os amigos 53.3%, com a
mãe 49.3%, com o pai 45.0%, professores (38.5%) e médico
ou enfermeiro (40.5 %).
Tendo em conta as atitudes face à sexualidade, 48.1 % dos
adolescentes apresentaram atitudes favoráveis face à sexua‑
lidade e 24.9% atitudes desfavoráveis, sendo que as rapari‑
gas apresentaram maioritariamente um atitude desfavorá‑
vel e os rapazes uma atitude favorável (X2 =36.348; p=0.000).
Se tivermos em conta os adolescentes que têm uma atitude
desfavorável face à sexualidade, verificamos que estes tive‑
ram relações sexuais (X2 = 7.113; p= 0.029) e fazem contrace‑
ção (X2= 9.475; p=0.009); os que têm uma atitude favorável
não tiveram relações sexuais (X2 = 7.113;p= 0.029).
Considerando as variáveis Cultura Organizacional da Fa‑
mília e atitudes dos adolescentes face à sexualidade pude‑
mos verificar que não existe um tipo de cultura familiar que
possa ser linearmente relacionado com as atitudes dos ado‑
lescentes face à sexualidade pelo que reiteramos a opinião
de Nave (2007) que nos diz que o equilíbrio dinâmico conse‑
guido entre as diferentes dimensões determinará a funciona‑
lidade da família.
Através da análise inferencial verificamos que os adoles‑
centes de 16 anos apresentaram atitudes mais favoráveis
face à sexualidade nas dimensões social (p=0.000), psicosso‑
cial (p=0.000), afetiva (p=0.010) e total (p=0.004); adolescen‑
tes do sexo masculino apresentaram atitudes mais favoráveis
face à sexualidade nas dimensões social (p=0.000), psicosso‑
cial (p=0.000), afetiva (p=0.000) e total (p=0.000); e a residên‑
cia em aldeia atitudes mais favoráveis face à sexualidade nas
dimensões psicossocial (p=0.002) e total (p=0.007).
Os adolescentes que dialogam sobre sexualidade com o
pai apresentaram atitudes mais favoráveis face à sexualidade
na dimensão cultural (p=0.006); os que dialogam com os pro‑
fessores melhoram as atitudes em todas as dimensões – cul‑
tural (p=0.009), social (p=0.004), psicossocial (p=0.015), afe‑
tiva (p=0.003) e total (p=0.000); os que dialogam com mé‑
dico ou enfermeiro apresentam atitudes mais favoráveis
face à sexualidade nas dimensões cultural (p=0.005), social
(p=0.012), afetiva (p=0.029) e total (p=0.000).
São os adolescentes que não namoram que apresentaram
atitudes mais favoráveis face à sexualidade nas dimensões
cultural (p=0.007) e afetiva (p=0.001), e os adolescentes que
não iniciaram relações sexuais apresentam atitudes mais fa‑
voráveis face à sexualidade nas dimensões cultural (p=0.000)
e total (p=0.017). Por outro lado, os adolescentes que não
utilizam contraceção apresentaram atitudes mais favoráveis
face à sexualidade na dimensão cultural (p=0.000), e os que
utilizam contraceção apresentaram atitudes mais favoráveis
na dimensão social (p=0.031).
Através da utilização de regressões múltiplas verificamos
que existe relação entre as variáveis independentes cultura
organizacional da família, sexo e idade, e a variável depen‑
dente atitudes dos adolescentes face à sexualidade, con‑
forme se visualiza no esquema seguinte:
Figura 1: Regressões Múltiplas entre as variáveis independentes
cultura organizacional da família, sexo e idade, e a variável
dependente atitudes dos adolescentes face à sexualidade.
DISCUSSÃO
A nossa amostra é constituída por um total de 1216 alunos
que frequentam o 9º ano de escolaridade em escolas públi‑
cas. No nosso estudo as atitudes dos adolescentes face à se‑
xualidade têm a categoria de variável dependente.
Verificamos que 48.1% dos adolescentes apresentam ati‑
tudes favoráveis face à sexualidade, 27.0% atitudes mode‑
radas e 24.9% atitudes desfavoráveis, quando comparados
com o estudo de Nelas, Fernandes, Ferreira, Duarte e Cha‑
ves (2010), no qual se encontraram atitudes favoráveis face à
sexualidade em 43.1% dos adolescentes e desfavoráveis em
36.9% dos adolescentes, e o estudo de Teixeira, Nelas, Aparí‑
cio e Duarte (2012) que revelou que 46,6% dos alunos apre‑
sentavam atitudes favoráveis face à sexualidade, e 40.4 %
apresentam atitudes desfavoráveis face à sexualidade, verifi‑
camos no nosso estudo um ligeiro aumento dos adolescen‑
tes que apresentam atitudes favoráveis, e uma ligeira dimi‑
nuição dos adolescentes que apresentam atitudes desfavo‑
ráveis face à sexualidade.
Relativamente aos adolescentes que têm uma atitude fa‑
REVISTA DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DOS ENFERMEIROS OBSTETRAS — N.º 14/2014 11
vorável face à sexualidade podemos observar que 53.7% são
do sexo masculino e 46.3% são do sexo feminino. Os dados
estatísticos mostram que os rapazes apresentam atitudes
mais favoráveis que as raparigas, sendo as diferenças esta‑
tisticamente significativas (p=0.000) em todas as dimensões
e na escala global, à exceção das atitudes na dimensão cul‑
tural (p=0.619).
Os estudos de Nelas (2011) e Teixeira, Nelas, Aparício e
Duarte (2012) concluiram que as raparigas possuem atitu‑
des face à sexualidade mais favoráveis têm atitudes favo‑
ráveis face à sexualidade, enquanto a maioria dos rapazes
apresenta atitudes desfavoráveis face à sexualidade, contra‑
riamente ao nosso estudo. Os papéis atribuídos a cada um
dos sexos são socialmente construídos, o que poderá justifi‑
car esta postura tão marcada entre os sexos, implicando ati‑
tudes comportamentais sexuais diferentes.
Perante o estudo da relação entre as atitudes dos adoles‑
centes face à sexualidade e a sua idade, constatamos que os
adolescentes que tem uma atitude desfavorável face à sexua‑
lidade têm maioritariamente (53.8%) 14 anos de idade, assim
como os adolescentes que tem uma atitude favorável são
maioritariamente os de 16 anos de idade (47.0%).
O estudo de Nelas, Silva, Ferreira, Duarte e Chaves (2010),
demonstra que os adolescentes com idade superior a 16
anos têm atitudes mais desfavoráveis face à sexualidade; no
estudo de Teixeira, Nelas, Aparício e Duarte (2012) podemos
observar que os alunos com 14 anos apresentam atitudes
mais favoráveis face à sexualidade, o que contraria os resul‑
tados por nós encontrados. As diferenças observadas nas ati‑
tudes face à sexualidade entre os adolescentes com 14 anos
e as outras faixas etárias confirmam a necessidade e oportu‑
nidade pedagógica de uma intervenção nesta etapa de de‑
senvolvimento que favoreça uma revisão crítica em assuntos
de sexualidade. Uma cultura de educação para a sexualidade
responsável desde tenra idade irá contribuir decerto para o
desenvolvimento de uma capacidade de tomada de decisão
pessoal dos alunos sobre os comportamentos e atitudes face
à sexualidade.
No que diz respeito à relação entre a residência e as atitu‑
des dos estudantes face à sexualidade verificamos no nosso
estudo que dos adolescentes que têm uma atitude favorável
face à sexualidade a maioria (51.8%) reside em aldeia. Nos es‑
tudos realizados por Nelas (2011) e Teixeira, Nelas, Aparício
e Duarte (2012) verificou­‑se que os alunos residentes em zo‑
nas urbanas apresentam atitudes mais favoráveis face à se‑
xualidade, contrariando os nossos resultados. No nosso es‑
tudo, parece­‑nos que a vida mais isenta de pressões e as re‑
lações familiares mais sedimentadas e talvez até mesmo al‑
gum conservadorismo, podem influenciar a forma de estar e
de ser dos adolescentes, e interferir nas atitudes dos adoles‑
centes em geral e face à sexualidade. Estamos em crer que a
realidade dos adolescentes inquiridos no nosso estudo, ca‑
racterizada por residirem maioritariamente em meios peque‑
nos, com relações de vizinhança e convívio entre famílias lhes
poderá proteger de outros ambientes mais vulneráveis às in‑
12
fluências dos pares (Dias e Rodrigues, 2009). Contudo seria
necessário proceder a uma descrição sociodemográfica mais
detalhada da amostra em estudo que permita perceber me‑
lhor a influência que as desigualdades sociodemográficas
têm sobre as atitudes dos adolescentes.
No que se refere ao diálogo dos adolescentes sobre se‑
xualidade constatámos que os adolescentes dialogam com
os amigos 53.3%, com a mãe 49.3%, com o pai 45.0%, pro‑
fessores (38.5%) e médico ou enfermeiro (40.5 %). Um es‑
tudo HBSC (cit.in Matos e Sampaio, 2010), concluiu que os
jovens preferem os amigos e os colegas, depois os pais e
só depois os professores, para obter informação sobre se‑
xualidade, o que reitera o atrás referenciado. Ferreira e Ne‑
las (2008) indicam os amigos como interlocutores privilegia‑
dos para os adolescentes e concluiu que os médicos ou en‑
fermeiros são referenciados por 30.3% dos estudantes, o que
difere do nosso estudo cujos resultados referem que 40.5%
dialogam com médico/enfermeiro sobre sexualidade. Verifi‑
cámos ainda a importante influencia dos professores nas ati‑
tudes dos adolescentes face à sexualidade e parece­‑nos que
quando essa fonte está presente as atitudes dos adolescen‑
tes face à sexualidade são significativamente favorecidas. Re‑
lativamente ao facto de os jovens recorrerem de forma re‑
duzida a profissionais e serviços de saúde e realizando uma
análise mais aprofundada como profissionais de saúde, pa‑
rece sugerir­‑nos que este facto possa estar relacionado com
a falta de informação sobre os serviços disponíveis e dificul‑
dades de acesso aos mesmos.
Verificámos neste estudo que os adolescentes iniciaram a
sua vida sexual e tiveram a primeira relação sexual entre os
10 e os 18 anos de idade, correspondendo­‑lhe uma média de
13,83 anos, o que é um valor ligeiramente abaixo do estudo
publicado por Silva et al (2012) que refere um início de ativi‑
dade sexual pelos 14.68 anos de idade. O estudo do HBSC de
2006 (Matos, et al 2006) revela que a maior parte dos jovens
que já teve relações sexuais refere ter iniciado sexual a partir
dos 14 anos (63.7%).
Numa sociedade em crescente transformação convive­‑se
com a realidade de uma iniciação sexual cada vez mais pre‑
coce entre os adolescentes e um estudo de Silva et al (2012)
defende essa precocidade como um dos fatores de uma pre‑
cária atitude face à sexualidade em adolescentes, recomen‑
dando, entre outros, o incentivo de atraso no início da ativi‑
dade sexual dos adolescentes assim como a vivência de uma
sexualidade consciente como fatores para melhorar a atitu‑
des dos adolescentes face à sexualidade. Coimbra, Ferreira,
Nelas Duarte e Albuquerque (2013) salientam a necessidade
de se desenvolverem programas que promovam conheci‑
mento na área das habilidades pessoais e sociais capazes de
aumentar o empoderamento dos adolescentes.
No que se refere à cultura familiar e atitude dos adolescen‑
tes face à sexualidade, Dias e Rodrigues (2009) referem que
o estilo parental democrático parece exercer forte influência
na preparação dos adolescentes para o estabelecimento de
relações afetivas e calorosas que propiciam a educação para
REVISTA DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DOS ENFERMEIROS OBSTETRAS — N.º 14/2014
o amor e para a liberdade exercida de forma responsável.
CONCLUSÃO
A orientação no âmbito da sexualidade deverá ser priorita‑
riamente uma competência da família; Família, Escola e Rede
de Saúde têm papéis diferentes, contudo complementares.
Deixamos duas sugestões que nos parecem primordiais: a
melhoria dos processos de comunicação entre pais e filhos,
coadjuvada e orientada por profissionais especializados na
prevenção do envolvimento dos adolescentes em comporta‑
mentos de risco em saúde, e o maior e melhor envolvimento
dos agentes na educação das crianças e dos adolescentes ­‑
Professores e Profissionais de Saúde – no esforço para me‑
lhorar a sua Educação Sexual. Como estratégias propomos:
Incentivar o atraso no início da atividade sexual dos ado‑
lescentes;
•• Melhorar a acessibilidade dos jovens aos Profissionais
de Saúde;
•• Implementar programas de educação sexual que en‑
volvam adolescentes, pais, professores e profissionais
de saúde especificamente dirigidos à população estu‑
dantil do 3º ciclo do ensino básico;
•• Trabalhar a questão de género no espaço privilegiado
Escola para mudar normas de pares e criar habilidades
de negociação.
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REVISTA DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DOS ENFERMEIROS OBSTETRAS — N.º 14/2014 13
Assistência de Enfermagem à Grávida
no Pré­‑hospitalar
RESUMEN
Maria João Tomás1
RESUMO
A elaboração deste projecto pretende obter não só a (re) construção de prá‑
ticas que sejam portadoras de maior visibilidade para a profissão de enfer‑
magem e para os cuidados que lhe estão inerentes, mas também assegurar
as atividades necessárias para uma assistência eficiente e humanizada, da
grávida em trabalho de parto e em eventos críticos em obstetrícia no con‑
texto pré­‑hospitalar.
Para tal, torna­‑se necessário a compreensão do(s) motivo(s) da sua não
aplicação e das falhas mais frequentes dessa assistência, bem como, o deli‑
neamento de uma linha de orientação que vise a sensibilização e a prepara‑
ção da equipa através da formação em serviço, sobre o parto e eventos críti‑
cos em Obstetrícia e posterior discussão em equipa.
Como instrumento básico de trabalho pretende­‑se a realização de um
Protocolo com a VMER (Viatura Médica de Emergência e Reanimação),
CODU (Centro de Orientação de Doentes Urgentes) e Sala de Partos/Urgên‑
cia da maternidade que permita a uniformização dos procedimentos de en‑
fermagem, assim como a uniformização dos conteúdos e normas de actua‑
ção, tendo como base a realização de um plano de formação integrado e
contínuo dos enfermeiros da VMER e ainda a elaboração de um guia orienta‑
dor dos registos de enfermagem.
Pretende­‑se o envolvimento de todas as equipas de enfermagem, dos
responsáveis pelos serviços e a monitorização das medidas implementadas
e dos resultados obtidos.
Palavras­‑chave: Enfermagem pré­‑hospitalar, obstetrícia, emergência,
parto, formação especializada
ABSTRACT
The elaboration of this project aims to obtain not only the (re)construction
of practices that are carriers of greater visibility to the nursing profession and
for the care that you are involved in, but also to ensure that the activities ne‑
cessary for an efficient care and humanized, pregnant women in labor and
in critical events in obstetrics in the context pre­‑hospital.
Such Pará, the understanding becomes necessary of (s) motive (s) of his
not application and of the most frequent faults of this presence, as well as,
the delineation of a line of direction that aims at the sensibilização and the
preparation of the team through the formation in service, on the childbirth
and critical events in Obstetrical and subsequent discussion in team.
Since basic instrument of work claims the realization of a Protocol with
the VMER (Medical Vehicle of Emergence and Reliveliness), CODU (Centre of
Direction of Urgent Patients) and Room of Childbirth / urgency of the mo‑
therhood that allows the uniformization of the proceedings of nursing, as
well as the uniformization of the contents and standards of acting, taking as
a base the realization of a plan of formation integrated and office junior of
the nurses of the VMER and still the preparation of a guide advisor of the re‑
gisters of nursing.
There is claimed the involvement of all the teams of nursing, of the per‑
sons in charge by the services and the monitorização of the implemented
measures and of the obtained results.
Keywords: Pre­‑hospital nursing, obstetrics, emergency, childbirth, spe‑
cialized training
Especialista em Enfermagem de Saúde Materna e Obstetrícia no Centro Hospitalar Universi‑
tário de Coimbra. [email protected].
1
14
La elaboración de este proyecto busca obtener la reconstrucción de las prác‑
ticas con mayor visibilidad para la profesión de enfermería y para los cui‑
dados que son inherentes, sino también asegurar las actividades necesa‑
rias para una asistencia eficiente y humanizada de la embarazada durante el
parto y en eventos críticos de obstetricia en contexto pre­‑hospitalario.
Teniendo en cuenta este objetivo, es necesario entender la(s) razón(es)
de su inaplicabilidad y de los fallos más frecuentes de este tipo de asistencia,
así como la delimitación de una línea de orientación cuyo objetivo sea sensi‑
bilizar y preparar el equipo a través de la formación en servicio sobre el parto
y eventos críticos en Obstetricia y la posterior discusión en equipo.
Como herramienta básica de trabajo se pretende llevar a cabo un Pro‑
tocolo con la VMER (Automóviles de Emergencia Médica y Reanimación), la
CODU (Centro de Orientación de los pacientes de emergencia) y la Sala de
partos / Urgencia de la maternidad para permitir la estandarización de los
procedimientos de enfermería, así como la estandarización de los conteni‑
dos y normas de actuación, teniendo por base la realización de un plan de
formación integrada y continua para los enfermeros de la VMER y aún la ela‑
boración de un guía orientador de los registros de enfermería.
Se pretende involucrar a todos los equipos de los servicios de enferme‑
ría y sus responsables y la verificación de las medidas adoptadas y de los re‑
sultados obtenidos.
Palabras llave: Enfermería pre­
‑hospitalaria, obstetricia, emergencia,
parto, formación Especializada
ENQUADRAMENTO
O grau de responsabilidade pelos serviços de saúde e o con‑
ceito de prestação de cuidados de qualidade estão na linha
da frente da maior parte das discussões políticas e entre pro‑
fissionais de saúde. No entanto a responsabilidade torna­‑se
difícil quando há uma dotação inadequada de prestadores
de cuidados e a assistência encontra­‑se em desajustada por‑
que não consegue dar resposta às necessidades grávida/
parturiente/puerpara/RN num ambiente físico e de recursos
humanos para um cuidado que garanta a qualidade.
Neste âmbito, somos confrontados diariamente com notí‑
cias de actos “heróicos” de atendimento a grávidas por socor‑
ristas, bombeiros como é conhecido pela população leiga;
assiste­‑se a uma perigosa inversão de valores onde o bom‑
beiro com formação básica em primeiros socorros, coloca­‑se
à frente de casos que, na maioria das vezes, são de resolu‑
ção clínica, levando a própria população a crer que o bom‑
beiro é o profissional indicado para solucionar os problemas
de saúde. Além da própria imprensa que, como é habitual
joga a população contra os profissionais de saúde nas suas
reportagens sensacionalistas, nas quais citam condutas to‑
madas por bombeiros, e que na prática traduzem uma solu‑
ção de menor qualificação para os cuidados de saúde a pres‑
tar aos cidadãos, mais especificamente à grávida dando a im‑
pressão que este profissional é habilitado para a sua assis‑
tência e realização do parto. Este, é assim vivido como uma
realidade distante onde se encerram riscos, irreversibilidade,
REVISTA DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DOS ENFERMEIROS OBSTETRAS — N.º 14/2014
sem previsão de anormalidades, em que essas situações po‑
dem ser vivenciadas de forma tranquila ou não, depende da
sua adaptação.
Acrescentado a esta situação, a decisão do governo em
encerrar as maternidades, e os problemas que suscitaram
veio intensificar esta polémica. As parturientes passaram a
ter de se deslocar para mais longe, logo que chegue a hora
do parto, acrescentando novos factores de intranquilidade e
insegurança a momento delicado e sempre intenso.
No parecer da Ordem dos Enfermeiros sobre “Condições
para o funcionamento de Maternidades”, refere que o En‑
fermeiro Especialista em Enfermagem de Saúde Materna e
Obstetrícia constituirá um recurso indispensável, em todas
as unidades de saúde, públicas e privadas, que pretendam
assumir­‑se como locais de nascimento, uma vez que, Unida‑
des de atendimento à grávida, parturiente e puérpera pela
especificidade da natureza dos cuidados aí desenvolvidos,
concentra riscos de dimensão variada, tornando a manuten‑
ção da saúde e segurança da grávida e feto um imperativo
dos Cuidados de Enfermagem Especializados, implicando,
por isso, competência cientifica, técnica e humana que re‑
querem um nível de conhecimentos e habilidades, que pos‑
sibilitem a tomada de decisão no pleno exercício da autono‑
mia dos cuidados de enfermagem especializados e traduzam
ganhos em saúde para a população.
Tendo em conta o ambiente que envolve o nascimento
neste contexto e sendo a avaliação do risco um procedimento
que deverá ser sistemático, muitos factores podem interferir
nos mecanismos naturais do parto e a qualquer momento se
podem manifestar complicações, o que implica a tomada de
decisão de actuar ou de encaminhar rapidamente para ou‑
tro nível de assistência. Esta realidade transforma este cená‑
rio de actuação instável, imprevisível e pouco padronizado.
Surge a questão: com que segurança e com que qualidade?
Os enfermeiros não podem estar alheios a esta situação,
pois exige um juízo clínico experiente e protocolos de refe‑
renciação. A participação dos enfermeiros nos processos de
mudança dos serviços de saúde é indispensável para que
elas resultem e se traduzam em avanços efectivos na quali‑
dade dos cuidados de saúde prestados. Neste sentido os en‑
fermeiros, devem ter como orientação nas suas tomadas de
decisão as Competências definidas pela Ordem dos Enfer‑
meiros, dispondo estes de um Quadro de Referência, assente
nos seguintes pilares: Regulamento do Exercício Profissional
dos Enfermeiros (REPE); Código Deontológico do Enfermeiro
(CDE); Padrões de Qualidade: enquadramento conceptual e
enunciados descritivos; Competências do Enfermeiro de Cui‑
dados Gerais. São estes pilares que devem orientar a prática
profissional, ética e legal, no domínio da prestação e gestão
de cuidados e no domínio do desenvolvimento profissional.
As condições actuais do exercício exigem que os enfermei‑
ros, cada vez mais, sejam capazes de se apropriarem dos ins‑
trumentos da profissão e com eles nortearem a sua prática.
O enfermeiro terá sempre de tomar uma decisão e na se‑
quência deste processo, pode escolher agir desta ou daquela
forma, incluindo o não agir, assumindo a responsabilidade
da tomada de decisão. Esta responsabilidade, como princí‑
pio orientador, surge no código Deontológico dos Enfermei‑
ros no art. 79º, alínea b), em que o enfermeiro assume o dever
de “responsabilizar­‑se pelas decisões que toma e pelos actos
que pratica ou delega” (CDE in Nunes, Amaral e Gonçalves,
2005, p.77).
Deve assumir uma atitude responsável como vem referen‑
ciado nos termos do artigo 8º, n.º1 do Regulamento do Exer‑
cício Profissional do Enfermeiro (REPE), em que o enfermeiro
terá de “adoptar uma conduta responsável e ética e actuar no
respeito pelos direitos e interesses protegidos dos cidadãos”
(REPE in, Nunes, Amaral e Gonçalves, 2005, p.383).
Por outro lado e de acordo com o Código Deontológico
no Artigo 83 alínea a), o enfermeiro no respeito pelo direito
ao cuidado tem o dever de “co­‑responsabilizar­‑se pelo aten‑
dimento do indivíduo em tempo útil, de forma a não haver
atraso no diagnóstico da doença e respectivo tratamento”
(CDE in Nunes, Amaral e Gonçalves, 2005, p.105). Este as‑
pecto é importante após a tomada de decisão, devendo o
enfermeiro identificar as necessidades de cuidados de en‑
fermagem, e prescrever as intervenções de enfermagem de
forma a evitar riscos, detectar precocemente problemas po‑
tenciais e resolver ou minimizar os problemas reais identi‑
ficados.
Aqui o enfermeiro terá também de ter em conta onde co‑
meçam e terminam as suas competências como refere o Ar‑
tigo n.º 83 alínea b) devendo “orientar o indivíduo para ou‑
tro profissional de saúde mais bem colocado para responder
ao problema, quando o pedido ultrapasse a sua competên‑
cia” (CDE, in, Nunes, Amaral e Gonçalves, 2005, p.105). Este as‑
pecto é coadjuvado com o Artigo 5.º n.º 4 alínea d), do REPE,
em que o enfermeiro deverá “encaminhar, orientando para
os recursos adequados, em função dos problemas existen‑
tes, ou promover a intervenção de outros técnicos de saúde,
quando os problemas identificados não possam ser resolvi‑
dos só pelo enfermeiro” (in, Nunes, Amaral e Gonçalves, 2005,
p. 382).
O processo da assistência à grávida no pré hospitalar en‑
volve uma equipa multiprofissional e o enfermeiro como
membro da equipa de saúde, “assume o dever de trabalhar
em articulação e complementaridade com os restantes pro‑
fissionais de saúde”, nos termos do Artigo 91º alínea b) do
Código Deontológico do enfermeiro. Na alínea c) do mesmo
artigo é também referido que o enfermeiro deve “integrar a
equipa de saúde, em qualquer serviço que trabalhe, colabo‑
rando, com a responsabilidade que lhe é própria (…) promo‑
vendo a qualidade dos serviços” (in, Nunes, Amaral e Gon‑
çalves, 2005, p.151). O Artigo 8º n.º 3 do REPE afirma ainda
que “os enfermeiros têm uma actuação de complementari‑
dade funcional relativamente aos demais profissionais da
saúde, mas dotada de idêntico nível de dignidade e de au‑
tonomia no exercício profissional” (in, Nunes, Amaral e Gon‑
çalves, 2005, p.383). Pretende­‑se que as equipas funcionem
para um bem comum, para a melhor qualidade na assistên‑
REVISTA DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DOS ENFERMEIROS OBSTETRAS — N.º 14/2014 15
cia ao doente e, consequentemente, para a promoção da
qualidade dos serviços prestados.
No entanto, na procura da excelência do exercício, os en‑
fermeiros têm o dever de comunicar através dos seus supe‑
riores hierárquicos estas deficiências encontradas, nos ter‑
mos do Artigo 88.º alínea d) do Estatuto da Ordem dos Enfer‑
meiros (CDE in, Nunes, Amaral e Gonçalves, 2005, p.133) que
referência que é seu dever “assegurar, por todos os meios ao
seu alcance, as condições de trabalho que permitam exercer
a profissão com dignidade e autonomia, comunicando, atra‑
vés das vias competentes, aquelas deficiências que prejudi‑
quem a qualidade de cuidados”.
Considera, que é necessário distinguir a actuação dos que
agem em contexto de transporte de doentes e de socorro e a
intervenção dos enfermeiros no pré­‑hospitalar. Com o exer‑
cício dos segundos surgem muitas vantagens, quer pelo ní‑
vel de formação técnica e humana, quer na racionalização de
recursos, na capacidade de tomar decisões em ambientes de
elevada complexidade, da maior facilidade e interacção com
os outros níveis de prestação de cuidados e com as estrutu‑
ras da rede de urgência do SNS, e fundamentalmente uma
maior segurança nos cuidados prestados aos cidadãos.
Este projecto surge assim, em consequência de, actual‑
mente, não existir uma uniformização de normas de actua‑
ção na assistência à grávida em trabalho de parto e em situa‑
ção crítica. Esta dificuldade verifica­‑se tanto ao nível do co‑
nhecimento científico, quer mesmo ao nível das competên‑
cias técnicas e das não técnicas.
Sabendo da importância que esta problemática tem para
a classe profissional, julga ser pertinente estabelecer algu‑
mas directrizes. Estas medidas constituirão uma forma de
optimizar os recursos humanos, de melhorar o desempenho
técnico, tornando­‑o mais sistematizado e eficiente, melhorar
o intercâmbio das equipas. Tudo com a finalidade central de
melhorar a qualidade dos cuidados de enfermagem presta‑
dos a esta população alvo.
Pela experiência pessoal decorrente do exercício na VMER
e pelas razões mencionadas, concluiu que há necessidade de
melhorar a assistência da grávida neste contexto. Para tal é
necessário dirigir acções formativas à equipa de enfermagem
sobre esta temática. É sem dúvida a preparação da equipa
que estabelece como prioritário, como impulso para a mu‑
dança de comportamentos, no sentido de se aperfeiçoar o
desempenho técnico e a conduta em eventos críticos de ur‑
gência/emergência obstétrica, aumentando a segurança dos
cuidados prestados.
Para além da formação, pelo facto das equipas do pré­
‑hospitalar raramente terem profissionais especializados na
área de Saúde Materna e Obstétrica, parece fundamental
abrir canais de comunicação que facilite a troca de experiên‑
cias e o apoio em tempo real nas situações mais críticas. Afi‑
nal é na maternidade que a massa crítica altamente especia‑
lizada e treinada, pelo que o seu apoio aos profissionais do
pré­‑hospitalar será uma mais valia numa assistência eficaz e
segura.
16
Em sua opinião, as razões apresentadas justificam a reali‑
zação deste projecto, que tem por finalidade, garantir a satis‑
fação das utentes através da melhoria da qualidade dos cui‑
dados de enfermagem, assegurando as actividades necessá‑
rias para assistência eficiente e humanizada, da grávida em
trabalho de parto e situação crítica de urgência/emergência
no contexto pré­‑hospitalar.
Como objetivo geral pretende­‑se garantir uma assistên‑
cia de elevada qualidade científica e técnica à grávida no
pré­‑hospitalar, potenciando processos de melhoria da qua‑
lidade dos cuidados de enfermagem, e como objetivos es‑
pecíficos por um lado estabelecer um programa de prepa‑
ração/formação dos enfermeiros do pré­‑hospitalar, que per‑
mita uma assistência eficiente e humanizada, da grávida em
trabalha de parto e situações críticas de urgências/emergên‑
cias obstétricas e por outro estabelecer um protocolo de co‑
laboração entre a Equipa de Enfermagem da Sala de Partos/
Urgência e a Equipa do Pré­‑hospitalar.
METODOLOGIA
A planear esta intervenção, que tem por base a metodologia
de projecto, não é possível à partida definir com rigor todas
as etapas e fases, dado que elas terão que ser concebidas pe‑
los actores intervenientes e devem poder em cada momento
ser pensadas por todos, mas prevê­‑se que tenha a duração de
um ano, com início no ano 2015, ao longo de quatro fases: 1ª
FASE – Realização do Curso de formação em urgências/emer‑
gências em obstetrícia, com a duração de 30 horas (teórico/
prático), organizado pelo SFAP (departamento de formação)
e em colaboração com o Centro de Simulação Biomédico
de Coimbra, destinado a toda a equipa de enfermagem do
pré­‑hospitalar. Pretendendo­‑se uma abordagem multidis‑
ciplinar, neste curso os formadores serão profissionais com
a especialidade implicadas no atendimento na urgência e
sala de partos. Este curso poderá ser proposto para financia‑
mento do Fundo social Europeu, para comparticipação dos
custos relativos à prestação de serviços dos preletores convi‑
dados. 2ª FASE – Constituição de Grupos de Discussão, com
vista à análise de práticas que permita pensar a experiência,
desenvolver e formalizar saberes e criar estratégias que ultra‑
passem os constrangimentos às práticas desejáveis e apro‑
ximar as reais cada vez mais dos Padrões de Qualidade da
instituição. Irão ser realizadas reuniões mensais. Nessas reu‑
niões poderá ser exposto à equipa um caso clínico ou serem
abordadas algumas temáticas de acordo com as necessida‑
des sentidas expostas pelos elementos da equipa, ou poderá
ser realizado um questionário, para o levantamento dessas
mesmas necessidades. 3ª FASE – Elaboração de um Protocolo
de Colaboração de Enfermagem, no terceiro mês, pela autora
do projecto em interligação com a restante equipa da urgên‑
cia e sala de partos, que assente as suas informações em co‑
nhecimentos e dados científicos correctos e actualizados, de
forma que haja coerência e uniformização nas intervenções
da equipa de enfermagem. Este protocolo servirá aos enfer‑
meiros que prestam cuidados no pré­‑hospitalar, com vista
REVISTA DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DOS ENFERMEIROS OBSTETRAS — N.º 14/2014
à aquisição de competências, através do treino em Simula‑
ção que lhe permitam reduzir os seus medos e a ansiedade;
e tem como objectivo de criar canais de comunicação que
permita o apoio técnico e cientifico sempre que necessário.
Deste protocolo constarão os contactos referentes às dife‑
rentes instituições envolvidas, tendo em vista a articulação
com o CODU. 4ª FASE – Estágio Profissional na Sala de Partos,
que será realizado a partir do quarto mês, a combinar poste‑
riormente com a equipa da Sala de Partos/Urgência com um
período mínimo de 3 dias. Tem como objetivos, promover o
desenvolvimento profissional nas áreas da enfermagem de
urgência/emergência; possibilitar a troca de experiências
construídas no âmbito da prática à grávida/RN; proporcionar
espaços de reflexão e debate sobre novos conceitos; contri‑
buir para a evolução no domínio do conhecimento com vista
à optimização do exercício profissional e por ultimo a melho‑
ria dos cuidados de saúde.
AVALIAÇÃO
•• Monitorização de incidentes críticos, criando um docu‑
mento e incutir à equipa o registo de um evento crítico
em obstetrícia, na qual especifica­‑se o quê que foi feito
e as dificuldades sentidas por cada elemento.
•• Criar um registo de todos os partos em que os enfer‑
meiros estiveram envolvidos, desde o tempo de cha‑
mada até à chegada ao local, o tempo que decorreu a
assistência no local, acompanhamento que foi feito e o
tempo de chegada à maternidade.
•• Construir um questionário de avaliação e monitoriza‑
ção da auto­‑eficácia e segurança percepção de segu‑
rança dos enfermeiros a prestar cuidados à grávida/
parturiente/RN. Esta avaliação, que poderá ser feita
através de uma escala de likert (muito inseguro, insegu‑
ro, indiferente, seguro e muito seguro), saber o grau de
segurança relativamente à sua actuação em especifica‑
mente em uma destas situações.
CONCLUSÃO
A formação contínua dos profissionais é uma das bases fun‑
damentais para manter e elevar o nível de conhecimentos,
aptidões e atitudes quando se prestam cuidados à popula‑
ção, por forma a adequar a actividade assistencial ás necessi‑
dades de saúde da população, o que implica a detecção das
necessidades de natureza educacional e o desenvolvimento
de programas com elas relacionadas. Programas que não se‑
rão apenas cursos, seminários, mas também a incorporação
activa no trabalho diário de actividades formativas cujos ob‑
jectivos sejam centrados no aumento de competência profis‑
sional e na consequente melhoria da qualidade e eficiência
do trabalho realizado.
A prática de enfermagem é por vezes um processo com‑
plexo onde interagem diferentes actores e intervêm múlti‑
plas variáveis, o que muitas vezes interfere no trabalho desen‑
volvido por cada um dos profissionais individualmente e em
equipa, criando dificuldades quer no planeamento de cuida‑
dos centrados na pessoa, quer à sua continuidade e visibili‑
dade. Assim, é de importância fulcral a implementação da dis‑
cussão e análise das práticas de forma a tornarmos visível o
que fazemos e porque fazemos, evidenciar os constrangimen‑
tos às práticas desejáveis e desenvolver estratégias com vista a
ultrapassá­‑los e assim aproximar as nossas práticas reais, para
uma prestação de cuidados de qualidade e potenciar os gan‑
hos em saúde desejados obtendo mais saúde para todos.
Tendo em conta o preconizado pelo Plano nacional de
Saúde 2004/2010, para se obterem mais ganhos em saúde de
uma forma global, a situação na União Europeia e a situação
em Portugal, definem­‑se como prioritárias as estratégias cen‑
tradas na família e no ciclo de vida e na gestão da doença ou
enfermidades; e tendo em conta os eixos estratégicos do PNS
2011­‑2016 como a equidade no acesso aos cuidados de saúde
e a qualidade. Destaca­‑se então, cada vez mais a promoção da
saúde e o papel dos agentes de educação para a saúde, que
beneficiam dos conhecimentos relacionados com o desen‑
volvimento humano, aplicados no contexto em que actuam,
e da proximidade das pessoas que são alvo desta abordagem.
Tendo presente que um projecto passa pela utilização
cada vez maior de instrumentos psicopedagógicos para
o desenvolvimento saudável e responsável e para a imple‑
mentação das mudanças necessárias para um bem­‑estar glo‑
bal destas perturientes/puerparas/RN e da comunidade, e
ainda, como nos diz Mendonça (2004), “ quando nos coloca‑
mos em projecto temos consciência que queremos evoluir e
desenvolver­‑nos integrando essa totalidade”, não nos esque‑
cemos que por vezes surgem constrangimentos que podem
dificultar o avançar do projecto. Sendo que a realização de
actividades concretas que preconizem a formação, varia em
cada serviço, em cada instituição, dependendo da sua orga‑
nização, função e recursos e a integração de toda a equipa de
enfermagem exige motivação e empenho de todos os ele‑
mentos, pode confrontar­‑se com algumas dificuldades, em
especial devido à raridade destas situações nos nossos am‑
bientes de trabalho, o que implica prazos mais flexíveis para a
avaliação de conhecimentos e capacidades apreendidas pela
equipa. Por outro lado tendo em conta a situação financeira
e económica do país que se repercute indubitavelmente nas
filosofias das instituições hospitalares, tem presente a possi‑
bilidade de o curso referido na primeira fase deste projecto
não poder ser financiado pelo Fundo Social Europeu, inviabi‑
lizando o convite de prelectores externos e o treino regular
destas situações em cenários simulados.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Associação Portuguesa de Enfermeiros – Classificação Internacional para
a Prática de Enfermagem: Versão Beta 2, 3ª edição. Lisboa. 2005.
Barbier, M. J. Elaboração de Projectos de Acção e Planificação. Porto Edi‑
tora. Porto. 1993.
Mendonça M. Ensinar e aprender por projectos. Cadernos de CRIAP 31. Edi‑
ções Asa. 2004. ISBN 972­‑41­‑28­‑47­‑4.
NUNES, Lucília; AMARAL, Manuela; GONÇALVES, Rogério – Código Deon‑
tológico do Enfermeiro: dos Comentários à Análise de Casos.1.ª ed. Lis‑
boa: Ordem dos Enfermeiros, 2005. ISBN 972­‑99646­‑0­‑2.
REVISTA DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DOS ENFERMEIROS OBSTETRAS — N.º 14/2014 17
Estado funcional em grávidas
com hipertensão arterial induzida
pela gravidez
Helena Sofia Duarte1; Isabel Margarida Marques Monteiro Dias Mendes2
RESUMO
As síndromes hipertensivas da gravidez são a principal causa de morbimor‑
talidade materno­‑fetal no mundo, originando alterações nos hábitos de vida
da grávida e com possíveis repercussões no estado funcional. O presente es‑
tudo descritivo­‑correlacional pretende descrever o estado funcional em grá‑
vidas com e sem hipertensão arterial induzida pela gravidez, analisar a asso‑
ciação entre fatores de natureza sociodemográficas, obstétrica, estado fun‑
cional em grávidas com e sem hipertensão arterial induzida pela gravidez e
comparar o estado funcional em grávidas com e sem hipertensão arterial in‑
duzida pela gravidez. A amostra não probabilística, acidental é constituída
por 100 grávidas, sendo 50 com hipertensão arterial induzida pela gravidez.
Para a recolha de dados foi utilizado um questionário com dados sociode‑
mográficos e obstétricos e a escala de COOP – Grávidas. Nas grávidas as di‑
mensões que tendem a um melhor estado funcional são a hábitos de saúde,
saúde mental, qualidade de vida e preparação. Das variáveis sociodemográ‑
ficas, apenas as habilitações académicas apresentam diferenças estatistica‑
mente significativas nas dimensões saúde mental e preparação, enquanto
nas obstétricas, na paridade existiu na dimensão apoio social e na idade ges‑
tacional na dimensão bem­‑estar físico.
Palavras­‑chave: Estado Funcional, Gravidez e Hipertensão Arterial Indu‑
zida pela Gravidez.
ABSTRACT
Hypertensive disorders of pregnancy are a leading cause of maternal­‑fetal
morbidity and mortality worldwide, causing changes in lifestyle and preg‑
nant with potential impact on functional status. This descriptive correlatio‑
nal study aims to describe the functional status in pregnant women with
and without pregnancy­‑induced hypertension, examining the association
between sociodemographic factors nature, obstetric, functional status in
pregnant women with and without pregnancy­‑induced hypertension and
to compare the functional status In pregnant women with and without
pregnancy­‑induced hypertension. The non­‑probabilistic random sample
consists of 100 pregnant women, 50 with pregnancy­‑induced hypertension.
Pregnant ­‑ To collect data, a questionnaire with sociodemographic and obs‑
tetric data and COOP scale was used. In pregnant dimensions that tend to a
better functional status are the habits of health, mental health, quality of life
and preparation. Sociodemographic variables, only the academic qualifica‑
tions have statistically significant differences in mental health dimensions
and preparation, while in obstetric, parity existed in the dimension social su‑
pport and gestational age in the dimension physical well­‑being.
Keywords: Functional Status, Pregnancy and Pregnancy­‑Induced Hyper‑
tension.
RESUMEN
Los trastornos hipertensivos del embarazo son una de las causas de morbi‑
lidad materno­‑fetal y mortalidad en todo el mundo llevando, provocando
cambios en el estilo de vida y embarazada con impacto potencial sobre el
estado funcional. Este estudio descriptivo correlacional fue describir el es‑
Enfermeira Especialista em SMO. Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra. Mestre em
Enfermagem SMO. Email: [email protected].
2
Enfermeira Especialista em SMO. Professora Doutora Cordenadora da Escola Superior de
Enfermagem de Coimbra. Email: [email protected].
1
18
tado funcional en mujeres embarazadas con y sin hipertensión inducida por
el embarazo, para analizar la asociación entre los factores sociodemográfi‑
cos naturaleza, situación obstétrica, funcional en mujeres embarazadas con
y sin hipertensión inducida por el embarazo y comparar el estado funcional
en las mujeres embarazadas con y sin hipertensión inducida por el emba‑
razo. La muestra aleatoria no probabilística consta de 100 mujeres embara‑
zadas, 50 con hipertensión inducida por el embarazo. Se utilizó para recopi‑
lar datos de un cuestionario con datos sociodemográficos y obstétricos y la
escala de COOP ­‑ embarazada. En dimensiones embarazadas que tienden a
un mejor estado funcional son los hábitos de salud, salud mental, la calidad
de vida y la preparación. De las variables sociodemográficas, sólo los títulos
académicos tienen diferencias estadísticamente significativas en las dimen‑
siones de salud mental y la preparación, mientras que en obstetricia, exis‑
tía la paridad en la dimensión de apoyo social y la edad gestacional en la di‑
mensión de bienestar físico.
Palabras clave: Estado Funcional, Embarazo e Hipertensión Inducida
por el Embarazo.
INTRODUÇÃO
A hipertensão arterial induzida pela gravidez (HTAIG) é uma
das causas mais comuns de complicações maternas e fetais
determinando alterações nos hábitos de vida e submetendo
a grávida a uma vigilância rigorosa até ao parto, com pos‑
síveis repercussões no estado funcional (EF) (Pascoal, 2002;
Peraçoli e Parpinelli, 2005; Graça, 2010).
A “doença hipertensiva específica da gestação caracteriza­
‑se pela presença de hipertensão arterial, edema e/ou pro‑
teinúria a partir da 20ª semana de gestação, em grávidas pre‑
viamente normotensas” (Hughes apud Zugaib, 2008, p.600).
A HTAIG é uma das doenças de hipertensão arterial na ges‑
tação, onde consta a pré­‑eclâmpsia moderada e grave (Na‑
tional High Blood Pressure Education Working Group apud
Graça, 2010).
As complicações mais frequentes associadas à HTAIG são
o descolamento prematuro da placenta normalmente inse‑
rida, o edema pulmonar, a hemorragia cerebral e a insuficiên‑
cia renal aguda. As perinatais são a restrição do crescimento
intra­‑uterino e o parto prematuro (Neme apud Aguiar et al,
2010).
A qualidade de vida relacionada com a saúde, muitas ve‑
zes é designada por EF de saúde porque é considerada um
dos seus domínios. Para Scholten e Van Wecl o “estado fun‑
cional de saúde é a capacidade que uma pessoa tem de rea‑
lizar e participar nas suas atividades sociais e do dia­‑a­‑dia, e
de se adaptar às restrições ambientais; é medido subjetivo e
objetivamente num determinado período de tempo” (apud
Mendes 1994, p.197).
No âmbito da adaptação do organismo materno à gra‑
videz surgem alterações e em sua consequência o apareci‑
REVISTA DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DOS ENFERMEIROS OBSTETRAS — N.º 14/2014
mento de complicações como é o caso da hipertensão arte‑
rial na gravidez que levam a transições, que podem originar
uma crise. Esta mudança faz com que a grávida tenha de al‑
terar o seu dia a dia e adaptar­‑se de forma a apresentar capa‑
cidade para ultrapassar esta transição de desenvolvimento e
de doença com a ajuda do enfermeiro especialista em saúde
materna e obstétrica (EESMO).
Decorrentes desta problemática o estudo do EF da grávida
com e sem HTAIG é importante para promover uma gravidez
equilibrada, de forma a impedir ou atenuar o aparecimento
de complicações e promovendo o EF.
METODOLOGIA
Este estudo enquadra­
‑se na investigação quantitativa,
não experimental, sendo um estudo transversal do tipo
descritivo­‑correlacional. Pretende­‑se atingir os seguintes ob‑
jetivos: descrever o EF em grávidas com e sem HTAIG; analisar
a associação entre fatores de natureza sociodemográficas,
obstétrica, EF em grávidas com e sem HTAIG; comparar o EF
em grávidas com e sem HTAIG. As questões de investigação
que decorreram dos objetivos são: Qual o EF em mulheres
grávidas com HTAIG? Será que existem diferenças no EF entre
mulheres grávidas com HTAIG e sem patologia diagnostica‑
da? Em que medida as variáveis sociodemográficas influen‑
ciam o EF das mulheres grávidas com HTAIG e sem patolo‑
gia diagnosticada? Em que medida as variáveis obstétricas
influenciam o EF das mulheres grávidas com HTAIG e sem
patologia diagnosticada?
A amostra é não probabilística do tipo acidental e é prove‑
niente da população de grávidas seguidas no Centro Hospi‑
talar e Universitário de Coimbra com HTAIG e sem patologia.
As participantes obedeceram a alguns critérios de inclusão
na amostra: sem antecedentes de HTAIG; idade gestacional
superior ou igual a 20 semanas. Relativamente ao critério de
exclusão é não saber ler nem escrever em língua portuguesa.
No que concerne ao número de participantes, foi constituída
por 100 grávidas, sendo 50 com HTAIG.
Os instrumentos de recolha de dados utilizados foram um
questionário com os dados sociodemográficos e obstétricos
e a escala de COOP – Grávidas. O questionário abrange as va‑
riáveis independentes (idade; habilitações académicas; situa‑
ção profissional; situação clínica; paridade; idade gestacio‑
nal). A escala de COOP – Grávidas foi desenvolvida em 1991
por investigadores da Faculdade de Medicina de Dartmouth
nos Estados Unidos da América e, traduzida e adaptada para
português em 1993 pelo Sr. Professor Doutor Pedro Ferreira.
Este instrumento contém a variável dependente (EF) e tem
como objetivo medir o EF da grávida. É composta por 6 di‑
mensões: bem­‑estar físico; saúde mental; apoio social; hábi‑
tos de saúde; preparação; qualidade de vida. Cada questão é
pontuada de 1 a 5, em que 1 é o melhor estado de saúde e 5
o pior, correspondendo à média da pontuação dos itens em
cada dimensão (Ferreira apud Mendes, 1994).
O tratamento de toda a informação recolhida foi realizado
por computador através do programa Statistical Package
for Social Sciences e, de acordo com as suas caraterísticas,
recorreu­‑se à estatística descritiva.
RESULTADOS
Neste capítulo apresenta­‑se inicialmente as caraterísticas so‑
ciodemográficas e obstétricas da amostra e posteriormente
dar­‑se­‑á resposta às questões de investigação.
No Quadro 1 verifica­‑se que a idade das grávidas varia entre
os 24 e 40 anos, com média de 31,18 anos, desvio padrão de
4,09 e apresenta a maior percentagem (64,0%) no grupo etário
entre 27 – 35 anos. Quanto às habilitações académicas, a maio‑
ria possui o ensino superior, 60,0% e no que se refere à situa‑
ção profissional, a maioria estão empregadas 86,0%. Quanto
ao estado civil, a maioria são casadas, 74,0% e relativamente
ao agregado familiar, a maioria é constituída por marido/com‑
panheiro e filhos com 88,0% e 10% encontram­‑se sozinhas.
As caraterísticas obstétricas são a paridade e a idade ges‑
tacional. Quanto à paridade, a maioria das grávidas são pri‑
migestas, apresentando 62,0%. Em relação à idade gestacio‑
nal, as grávidas encontram­‑se maioritariamente no 3º trimes‑
tre, apresentado uma percentagem de 54,0%.
QUADRO
– Caraterísticas
sociodemográficas
e obstétricas
QUADRO
1 –1 Caraterísticas
sociodemográficas
e obstétricas
Variáveis
N
%
(50)
Idade
18 – 26
7
14,0
27 – 35
32
64,0
36 – 43
11
22,0
Habilitações Académicas
3
6,0
Ensino Secundário
17
34,0
Ensino Superior
30
60,0
43
86,0
7
14,0
Solteira
8
16,0
Casada
Ensino Básico
Situação Profissional
Empregada
Desempregada
Estado Civil
37
74,0
Divorciada
1
2,0
União Facto
4
8,0
Agregado Familiar
5
10,0
44
88,0
Com pais/sogros
1
2,0
Outro
0
0,0
Nulíparas
31
62,0
Primíparas/Multíparas
19
38,0
2º Trimestre
23
46,0
3º Trimestre
27
54,0
Sozinha
Com marido/companheiro e filhos
Paridade
Idade Gestacional
Os resultados que constituem o Quadro 2 permitem-nos conhecer o EF das
média mais baixo OBSTETRAS
(1,47) na dimensão
de saúde,
o que19
indica que apre
REVISTA DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DOS ENFERMEIROS
— N.ºhábitos
14/2014
EF e pior (2,29) na dimensão bem-estar físico por apresentar um valor de mé
Os resultados que constituem o Quadro 2 permitem­‑nos
conhecer o EF das grávidas. Apresenta o valor de média mais
baixo (1,47) na dimensão hábitos de saúde, o que indica que
apresenta uma melhor avaliação do EF e pior (2,29) na di‑
mensão bem­‑estar físico por apresentar um valor de média
mais alto. A dimensão que segue à de hábitos de saúde é a
saúde mental com melhor avaliação do EF com valor de mé‑
dia de 1,88.
QUADRO 2 – Análise descritiva
do EF
QUADRO
2 – Análise descritiva do EF
Estado Funcional
Dimensões
Bem-estar físico
Apoio Social
Hábitos de Saúde
Preparação
Qualidade de Vida
QUADRO 3 – Correlação das dimensões do EF
S
Saúde Mental
Questões
Actividades Diárias
2,08
0,87
Dor/mal-estar
2,50
0,76
Total
2,29
0,66
1,84
0,93
Sentimentos
2,06
0,79
Estado Emocional
1,72
0,90
Amor Próprio
1,90
0,79
Total
1,88
0,68
Apoio Social
2,14
0,86
Total
2,14
0,86
Hábitos de Saúde I
1,18
0,72
Hábitos de Saúde II
1,76
0,62
Total
1,47
0,54
Preparação
2,16
0,77
Total
2,16
0,77
Qualidade de Vida
2,28
0,64
Total
2,28
0,64
Bem-estar
Dimensões do Estado
Funcional
Bem-estar Físico
Média
Stress
Saúde Mental
perfeita positiva. Com as associações lineares pode­‑se referir
que as grávidas que apresentam melhor saúde mental, qua‑
lidade de vida, hábitos de saúde e preparação estabelecem
um EF melhor porque apresentam associações lineares em
maior número.
Apoio Social
Hábitos de Saúde
Preparação
Dimensões do Estado
Funcional
Qualidade de Vida
Bem-estar Físico
Físico
Ró
Saúde
Apoio
Hábitos
Mental
Social
de Saúde
Preparação Qualidade
de Vida
1,000
p
Ró
0,313
p
0,027
1,000
Ró
0,031
0,142
p
0,829
0,327
Ró
-0,044
0,389
0,173
p
0,760
0,005
0,229
Ró
0,036
p
0,803
Bem-estar
Saúde
Ró
Físico
0,117
Mental
0,414 Social
-0,094 de Saúde
0,289
p Ró
0,419
1,000
0,003
0,313
1,000
1,000
0,412
0,003
1,000
0,160
0,267
Apoio
0,200
0,163
Hábitos
0,042
0,516
1,000
Preparação Qualidade
0,460
de Vida1,000
0,001
p
Ró
Saúde
Para verificar
se a Mental
idade
das grávidas
as0,027
habilitações
académicas influenciavam
o EF, utilizou-se
o teste de
Para
verificar
sep ae idade
das grávidas
e as habilitações
aca‑
Kruskal-Wallis.
No Quadro
4 verifica-se
que na idade
das 1,000
grávidas
existe diferença
estatisticamente
démicas
influenciavam
utilizou­
‑se não
o teste
de Kruskal­
0,031o EF, 0,142
Ró
Apoio Social
significativa entre os valores médios
0,829 dimensões
0,327 do estado funcional. As médias variam de 1,29 na
p das várias
‑Wallis. No Quadro 4 verifica­‑se que na idade das grávidas
dimensão hábitos de saúde a 2,00 nas
bem-estar
mental e qualidade de vida no grupo
-0,044
0,389 físico,
0,173 saúde
1,000
Ró dimensões
nãoHábitos
existe
diferença
estatisticamente
significativa
entre os
de Saúde
0,760 de saúde
0,005
p
etário 18-26 anos, de 1,48 na dimensão
hábitos
a 2,410,229
na dimensão bem-estar físico no grupo etário
valores
médios
das
várias
dimensões
do
estado
funcional.
0,200preparação
1,000
27-35 anos e de 1,55 na dimensão Ró
hábitos0,036
de saúde a 0,412
2,45 nas0,160
dimensões
e qualidade de vida no
Preparação
0,003
0,267
As médias
1,29 na
dimensão
hábitos
demental
saúde
a na
p de 0,803
grupo etário
36-43 anos. variam
O nível de
significância
varia
de p=0,108
na0,163
dimensão saúde
a p=0,630
0,117
0,414
-0,094
0,289
0,460
1,000
Ró
2,00
nas
dimensões
bem­
‑
estar
físico,
saúde
mental
e
quali‑
dimensão apoio
social.de Vida
Qualidade
0,419
0,001
p
deentre
vida
grupo
etário 0,003
18­‑260,516
anos,0,042
de 1,48
na dimen‑
QUADROdade
4 – Relação
o EF eno
a idade
das grávidas
são hábitos de saúde a 2,41 na dimensão
bem­
‑
estar
físico no
Idade
Para verificar se a idade das grávidas e as habilitações académicas influenciavam o EF, utilizou-se o teste de
Dimensões
18-26e de 1,55 27-35
grupo etário 27­‑35 anos
na dimensão 36-43
hábitos dep
Kruskal-Wallis.
que na idade das grávidas
Estado
Funcional No Quadro 4 verifica-se
(n =12)
(n =33) não existe diferença
(n =5) estatisticamente
saúde
a 2,45 nas dimensões
preparação
e qualidade
de de
vida
significativa entre os valores médios
das várias dimensões
do estado funcional.
As
médias variam
1,29 na
Média
S
Média
S
Média
S
no grupo
36­
‑2,00
43
anos.bem-estar
O nível
significância
varia
dimensão
hábitos deetário
saúde a 2,00
nas
dimensões
físico,de
saúde
mental e qualidade de
vida node
grupo
0,58
2,41
0,72
2,14
0,45
0,291
Bem-estar Físico
etário
18-26 anos,na
de 1,48
na dimensão hábitos
de saúde
a 2,41 naadimensão
bem-estar
no grupo etário
p=0,108
dimensão
saúde
mental
p=0,630
nafísico
dimensão
2,00
0,82
2,09
0,82
2,36
1,03
0,108
Saúde Mental
27-35 anos e de 1,55 na dimensão hábitos de saúde a 2,45 nas dimensões preparação e qualidade de vida no
apoio social.
0,62
0,630
Apoio
grupoSocial
etário 36-43 anos. O nível de1,57
significância0,24
varia de 1,87
p=0,108 na0,74
dimensão2,11
saúde mental
a p=0,630
na
dimensão
apoio social.
Hábitos
de Saúde
0,27
0,62
1,55
QUADRO 4 – 1,29
Relação entre
o EF1,48
e a idade
das grávidas
No Quadro 3 podemos verificar o coeficiente de correlação Ró de Spearman,Preparação
que foi4 – utilizado
para
medir
a
QUADRO
Relação entre o EF
e a idade
das grávidas
1,86
0,69
2,13
0,79
2,45
0,42
0,388
0,69
0,283
No Quadro 3 podemos verificar o coeficiente de correlação
Idade
intensidade da associação entre o EF das grávidas, tendo sido encontradas
associações
entre as várias
2,00
0,00
2,28
0,73
2,45
0,52
0,174
Qualidade
de Vida
Dimensões
18-26
27-35
36-43
Ró de Spearman, que foi utilizado para medir a intensidade
p
Funcional
(n =12)
(n =33)
(n =5)
dimensões do EF: saúde mental – bem-estar físico (p=0,027); hábitos de saúde Estado
– saúde
mental (p=0,005);
da associação entre o EF das grávidas, tendo sido encontra‑
Média
S
Média
S
Média
S
preparação
– saúde mental
qualidade dedo
vida
saúde men‑
mental (p=0,003);
qualidade de vida
–
das associações
entre (p=0,003);
as várias dimensões
EF: –saúde
2,00
0,58
2,41
0,72
2,14
0,45
0,291
Bem-estar Físico
hábitos
saúde
(p=0,042);
de vida
– preparação
(p=0,001).
tal –debem­
‑estar
físicoqualidade
(p=0,027);
hábitos
de saúde
– saúde
2,00
0,82
2,09
0,82
2,36
1,03
0,108
Saúde Mental
mental (p=0,005); preparação – saúde mental (p=0,003); qua‑
1,57
0,24
1,87
0,74
2,11
0,62
0,630
Apoio Social
Existe coeficiente de correlação negativo entre as dimensões hábitos de saúde e bem-estar físico (Ró = 0,27
0,62
0,42
0,388
Hábitos de Saúde
1,29
1,48
1,55
lidade de vida – saúde mental (p=0,003); qualidade de vida
0,044)
e as dimensões
de qualidade
vida e apoiodesocial
= - 0,094), ou seja,
quando uma dimensão
1,86
0,69
2,13
0,79
2,45
0,69
0,283
Preparação
– hábitos
de saúde
(p=0,042);dequalidade
vida(Ró
– prepara‑
2,00
0,00
2,28
0,73
2,45
0,52
0,174
aumenta
a outra diminui porque variam em sentido contrário. Por exemplo, se aQualidade
dimensão
de Vida bem-estar físico
ção (p=0,001).
Existe
coeficiente
negativo entre as dimen‑
aumenta,
a dimensão
hábitosde
decorrelação
saúde diminui.
sões hábitos de saúde e bem­‑estar físico (Ró = ­‑0,044) e as di‑
No Quadro 5 apresentam­‑se as médias e desvios padrão
Todas as dimensões em relação a si mesmas obtêm um coeficiente de correlação 1,000, isto é, uma
mensões de qualidade de vida e apoio social (Ró = ­‑ 0,094),
das dimensões do EF relacionadas com as habilitações aca‑
associação
perfeita
Com aumenta
as associações
lineares
pode-se referir
que tendo
as grávidas
que
ou seja,linear
quando
umapositiva.
dimensão
a outra
diminui
démicas,
sido encontradas
diferenças estatisticamente
apresentam
mental, qualidade
vida,
hábitos de
estabelecem
porque melhor
variamsaúde
em sentido
contrário.dePor
exemplo,
sesaúde
a di‑ e preparação
significativas
entreumosEFvalores médios da dimensão saúde
mensão
‑estar físico
aumenta,
dimensão
hábitos de
mental (X quadrado = 8,338 e p=0,015) e da dimensão pre‑
melhor
porquebem­
apresentam
associações
linearesa em
maior número.
saúde diminui.
paração (X quadrado = 7,287 e p=0,026). Os valores da mé‑
QUADRO 3 – Correlação das dimensões do EF
Todas as dimensões em relação a si mesmas obtêm um
dia no Ensino Básico variam de 1,50 na dimensão hábitos de
coeficiente de correlação 1,000, isto é, uma associação linear
saúde a 3,17 na dimensão bem­‑estar físico, no Ensino Secun‑
20
REVISTA DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DOS ENFERMEIROS OBSTETRAS — N.º 14/2014
No Quadro 7, encontram-se as médias e desvios padrão das dimensões do EF em relação à parid
médias variam de 1,40 na dimensão hábitos de saúde a 2,22 na dimensão bem-estar físico nas nulípa
No Quadro 5 apresentam-se as médias e desvios padrão das dimensões do EF relacionadas com as
habilitações académicas, tendo sido encontradas diferenças estatisticamente significativas entre os valores
dário variam de 1,32 na dimensão hábitos de saúde a 2,23 na
dimensão qualidade de vida e no Ensino Superior variam de
na dimensão bem-estar físico, no Ensino Secundário variam de 1,32 na dimensão hábitos de saúde a 2,23 na
1,55 na dimensão hábitos de saúde a 2,40 na dimensão pre‑
dimensão qualidade de vida e no Ensino Superior variam de 1,55 na dimensão hábitos de saúde a 2,40 na
paração. O nível de significância varia de p=0,015 na dimen‑
dimensão preparação. O nível de significância varia de p=0,015 na dimensão saúde mental a p=0,710 na
são saúde
mental a p=0,710 na dimensão apoio social.
dimensão
apoio social.
médios da dimensão saúde mental (X quadrado = 8,338 e p=0,015) e da dimensão preparação (X quadrado =
1,58 na dimensão hábitos de saúde a 2,47 na dimensão saúde mental nas primíparas/multíparas. O
significância varia de 0,033 na dimensão apoio social a 0,922 na dimensão preparação.
QUADRO 7 – Relação entre o EF e a paridade
QUADRO 7 – Relação entre o EF e a paridade
7,287 e p=0,026). Os valores da média no Ensino Básico variam de 1,50 na dimensão hábitos de saúde a 3,17
Paridade
Dimensões
Nulíparas
Primíparas/
(n = 31)
Multíparas
Estado Funcional
Média
QUADRO 5 – Relação entre o EF e as habilitações académicas
QUADRO 5 – Relação entre o EF e as habilitações académicas
Habilitações Académicas
Dimensões
Ensino Básico
Ensino Secundário
Ensino Superior
(n =3)
GHTAIG (n =17)
(n =30)
Estado Funcional
Média
Bem-estar Físico
S
3,17
1,44
2,25
Saúde Mental
0,25
Média
S
Média
S
2,18
0,64
2,27
0,54
1,58
0,54
2,02
0,72
p
0,387
0,015
Apoio Social
2,00
1,00
2,06
0,97
2,20
0,81
0,790
Hábitos de Saúde
1,50
0,50
1,32
0,30
1,55
0,63
0,462
Preparação
1,67
1,15
1,82
0,64
2,40
0,72
0,026
Qualidade de Vida
2,00
1,00
2,23
0,44
2,33
0,71
0,782
Para verificar se a situação profissional, paridade e idade
gestacional influenciam o EF, utilizou­‑se o teste de U de
relacionadas com a situação profissional, não tendo sido encontradas diferenças estatisticamente
Mann­‑Whitney. No Quadro 6 apresentam­‑se as médias e des‑
significativas entre os valores médios para nenhuma das dimensões do EF. Nas grávidas empregadas as
viososcilam
padrão
das
dimensões
do EF
com
a Nas
situa‑
médias
entre 1,51
na dimensão
hábitos de saúde
a 2,33relacionadas
na dimensão qualidade
de vida.
grávidas
desempregadas
variam de 1,21 na
dimensão
hábitossido
de saúdeencontradas
a 2,57 na dimensão bem-estar
físico. O nível
ção profissional,
não
tendo
diferenças
es‑ de
significância varia de 0,141 na dimensão hábitos de saúde a 0,476 na dimensão bem-estar físico.
tatisticamente significativas entre os valores médios para ne‑
nhuma das dimensões do EF. Nas grávidas empregadas as
médias oscilam entre 1,51 na dimensão hábitos de saúde a
2,33 na dimensão qualidade de vida. Nas grávidas desempre‑
gadas variam de 1,21 na dimensão hábitos de saúde a 2,57
na dimensão bem­‑estar físico. O nível de significância varia
de 0,141 na dimensão hábitos de saúde a 0,476 na dimensão
bem­‑estar físico.
Para verificar se a situação profissional, paridade e idade gestacional influenciam o EF, utilizou-se o teste de
U de Mann-Whitney. No Quadro 6 apresentam-se as médias e desvios padrão das dimensões do EF
QUADRO 6 – Relação entre o EF e a situação profissional
QUADRO 6 – Relação entre o EF e a situação profissional
Situação Profissional
Dimensões
Estado Funcional
Empregada
Desempregada
(n = 43)
(n = 7)
Média
S
Média
p
S
Bem-estar Físico
2,24
0,60
2,57
0,98
0,476
Saúde Mental
1,92
0,68
1,61
0,64
0,308
p
(n = 19)
S
Média
S
Bem-estar Físico
2,22
0,66
2,39
0,68
0,314
Saúde Mental
1,94
0,81
2,47
0,84
0,122
Apoio Social
1,74
0,49
2,11
0,88
0,033
Hábitos de Saúde
1,40
0,40
1,58
0,71
0,486
Preparação
2,16
0,78
2,16
0,76
0,922
Qualidade de Vida
2,19
0,48
2,42
0,84
0,334
No Quadro 8 pode-se verificar os valores das médias e desvios padrão das dimensões do EF asso
No Quadro 8 pode­‑se verificar os valores das médias e des‑
vios padrão das dimensões do EF associado à idade gestacio‑
vida. No 2º trimestre, as médias das grávidas variam de 1,35 na dimensão hábitos de saúde a
nal. As médias variam de 1,61 na dimensão hábitos de saúde
dimensão bem-estar físico no 3º trimestre. O nível de significância varia de 0,015 na dimensão be
a 2,26 na dimensão qualidade de vida. No 2º trimestre, as
médias das grávidas variam de 1,35 na dimensão hábitos de
saúde a 2,46 na dimensão bem­‑estar físico no 3º trimestre. O
nível de significância varia de 0,015 na dimensão bem­‑estar
físico a 0,929 na dimensão saúde mental. Assim, verificou­‑se
que há diferença estatisticamente significativa na dimensão
físico a 0,929 na dimensão saúde mental. Assim, verificou-se que há diferença estatisticamente sign
bem­‑estar físico (U de Mann­‑Whitney = 190,500 e p=0,015).
idade gestacional. As médias variam de 1,61 na dimensão hábitos de saúde a 2,26 na dimensão qual
na dimensão bem-estar físico (U de Mann-Whitney = 190,500 e p=0,015).
QUADRO 8 – Relação
entre 8
o EF
e a idade gestacional
QUADRO
– Relação
entre o EF e a idade gestacional
Idade Gestacional
Dimensões
2º Trimestre
3º Trimestre
(n = 23)
(n = 27)
Estado Funcional
Média
S
Média
p
S
Bem-estar Físico
2,09
0,67
2,46
0,62
0,015
Saúde Mental
2,00
0,90
2,26
0,81
0,929
Apoio Social
1,92
0,77
1,84
0,60
0,244
Hábitos de Saúde
1,61
0,66
1,35
0,39
0,078
Preparação GHTAIG
2,04
0,77
2,26
0,76
0,273
Qualidade de Vida
2,26
0,75
2,30
0,54
0,453
DISCUSSÃO
DISCUSSÃO
As
apresentam
melhordoavaliação
dohábitos
EF nadedimensão
Asgrávidas
grávidas apresentam
melhor avaliação
EF na dimensão
saúde e pior na dimensão be
0,56
0,27
0,141
Hábitos de Saúde
1,51
1,21
hábitos
de saúde
e pior
na dimensão
bem­
‑estar do
físico.
físico. A dimensão
que segue
é a saúde
mental com melhor
avaliação
EF. A di‑
2,20
0,77
1,86
0,69
0,322
Preparação
mensão
que segue é a saúde mental com melhor avaliação
Foram encontradas associações lineares muito baixas significativas entre as várias dimensões do EF
do
EF.
2,33
0,64
1,86
0,58
0,322
Qualidade de Vida
as grávidas que apresentam melhor saúde mental, qualidade de vida, hábitos de saúde e pre
Foram encontradas
associações
muito
baixas
sig‑ que as grávid
estabelecem
um EF melhor. Para
reforçar esta lineares
ideia, Aguiar
et al (2010)
referiram
nificativas
entrepor
asvezes,
várias
dimensões
do EF
em
que eascefaleias
grá‑ devido à elev
apresentam,
alguns
sinais e sintomas
como
o edema
No Quadro 7, encontram-se as médias e desvios padrão das dimensões do EF em relação à HTAIG
paridade.
As
No
Quadro
7,
encontram­
‑
se
as
médias
e
desvios
padrão
vidas
que
apresentam
melhor
saúde
mental,
qualidade
de
pressão
arterial,
o
que
faz
com
que
as
grávidas
apresentem
o
bem-estar
físico
alterado.
médias variam de 1,40 na dimensão hábitos de saúde a 2,22 na dimensão bem-estar físico nas nulíparas e de
das
dimensões
do
EF
em
relação
à
paridade.
As
médias
va‑
vida,
hábitos
de
saúde
e
preparação
estabelecem
um
EF
me‑
1,58 na dimensão hábitos de saúde a 2,47 na dimensão saúde mental nas primíparas/multíparas.
nível da
de gravidez são utilizados pelas mulheres para se adaptarem ao seu novo papel, o mate
Os Omeses
riam
de 1,40
hábitos
de saúde
a 2,22
na preparação.
dimen‑
lhor.
Para
reforçar esta ideia, Aguiar et al (2010) referiram que
significância
variana
de dimensão
0,033 na dimensão
apoio social
a 0,922 na
dimensão
forma a sentirem-se preparadas para cuidar do seu bebé. Este processo desenvolve-se através d
são bem­‑estar físico nas nulíparas e de 1,58 na dimensão há‑
asetapas.
grávidas
comobservou-se
HTAIG apresentam,
alguns
sinais
Neste estudo
que quanto maispor
bem vezes,
preparadas
as grávidas
se encontram, me
QUADRO 7 – Relação entre o EF e a paridade
bitos de saúde a 2,47 na dimensão saúde mental nas primí‑
eavaliação
sintomas
como
o
edema
e
cefaleias
devido
à
elevação
do EF, ou seja, a capacidade para desenvolver o seu papel (Lowdermilk eda
Perry, 2006).
Paridade
paras/multíparas. O nível de significância varia de 0,033 na
pressão arterial, o que faz com que as grávidas apresentem o
Na variável idade das grávidas não existe diferença estatisticamente significativa entre os valores mé
Nulíparas
Primíparas/
Dimensões
dimensão
apoio social a 0,922
na dimensão
preparação.
bem­‑estar físico alterado.
(n = 31)
Multíparas
p
várias dimensões do EF. Em todos os grupos etários a dimensão que tende a avaliar melhor o EF é há
Estado Funcional
Os meses da gravidez são utilizados pelas mulheres para
(n = 19)
saúde. Os valores das médias vão aumentando conforme avança a idade, exceto na dimensão apoio
se
adaptarem ao seu novo papel, o maternal, de forma a
Estes resultados podem ir de encontro aos estudos já realizados, que a idade superior a 35 anos p
Média
S
Média
S
sentirem­
preparadas
cuidar
seu
bebé.
Este depro‑
considerada‑se
um fator
de risco parapara
a HTAIG,
o quedo
pode
justificar
o motivo
valores mais baixo
2,22
0,66
2,39
0,68
0,314
Bem-estar Físico
Apoio Social
2,09
0,84
2,43
0,98
0,322
Saúde Mental
1,94
0,81
2,47
0,84
0,122
(Sibai apud Graça, 2010).
Apoio Social
1,74
0,49
2,11
0,88
0,033
Relativamente à variável habilitações académicas existem diferenças estatisticamente significativas
Hábitos de Saúde
21
valores médios da dimensão saúde mental e da dimensão preparação. A dimensão que tende a avaliar
0,40
0,71
0,486
1,58
REVISTA
DA ASSOCIAÇÃO
PORTUGUESA
DOS ENFERMEIROS OBSTETRAS — N.º 14/2014 1,40
Preparação
2,16
0,78
2,16
0,76
0,922
Qualidade de Vida
2,19
0,48
2,42
0,84
0,334
o seu EF é a hábitos de saúde em todas as categorias das habilitações académicas. A dimensão saúde
cesso desenvolve­‑se através de várias etapas. Neste estudo
observou­‑se que quanto mais bem preparadas as grávidas se
encontram, melhor é a avaliação do EF, ou seja, a capacidade
para desenvolver o seu papel (Lowdermilk e Perry, 2006).
Na variável idade das grávidas não existe diferença estatis‑
ticamente significativa entre os valores médios das várias di‑
mensões do EF. Em todos os grupos etários a dimensão que
tende a avaliar melhor o EF é hábitos de saúde. Os valores das
médias vão aumentando conforme avança a idade, exceto na
dimensão apoio social. Estes resultados podem ir de encon‑
tro aos estudos já realizados, que a idade superior a 35 anos
pode ser considerada um fator de risco para a HTAIG, o que
pode justificar o motivo de valores mais baixos do EF (Sibai
apud Graça, 2010).
Relativamente à variável habilitações académicas exis‑
tem diferenças estatisticamente significativas entre os valo‑
res médios da dimensão saúde mental e da dimensão pre‑
paração. A dimensão que tende a avaliar melhor o seu EF é
a hábitos de saúde em todas as categorias das habilitações
académicas. A dimensão saúde mental tende a avaliar me‑
lhor o EF nas grávidas com ensino secundário. Não se con‑
segue verificar se à medida que aumenta o grau académico,
se aumenta ou diminui o EF porque as dimensões variam de
forma desigual.
Quanto à variável situação profissional, não foram encon‑
tradas diferenças estatisticamente significativas entre os va‑
lores médios para nenhuma dimensão do EF. A dimensão
que tende a avaliar melhor o seu EF é a hábitos de saúde nas
várias situações profissionais, exceto nas desempregadas,
que é na dimensão saúde mental.
Segundo os autores Hueston e Kasik­‑Miller (1998) os fato‑
res sociodemográficos (situação profissional, apoio familiar e
nível de renda) apresentavam apenas uma pequena influên‑
cia sobre o EF na gravidez.
Em relação à paridade existe diferença estatisticamente
significativa na dimensão apoio social. As nulíparas tendem
a avaliar melhor o seu EF em todas as dimensões, exceto na
preparação que apresentam o mesmo valor de média do
que as primíparas/multíparas. A dimensão hábitos de saúde
tende a avaliar melhor o EF.
Quanto à variável idade gestacional há diferenças estatis‑
ticamente significativas na dimensão bem­‑estar físico. As di‑
mensões bem­‑estar físico, saúde mental, preparação e quali‑
dade de vida apresentam médias mais elevadas no terceiro
trimestre comparativamente com o segundo trimestre, ou
seja, o EF piora à medida que a idade gestacional avança.
Hueston e Kasik­‑Miller (1998), no seu estudo sobre o EF em
grávidas, concluíram como estatisticamente significativo a
perceção do estado de saúde física, que piora à medida que
a idade gestacional avança, o que está de acordo com este
estudo. De acordo com os mesmos autores, a saúde mental
e a qualidade de vida não apresentam correlação estatística‑
mente significativa com a idade gestacional.
A dimensão hábitos de saúde melhora à medida que a
idade gestacional avança. Isto pode­‑se observar porque as
22
grávidas sabem que ao adotar comportamentos saudáveis,
diminuem os riscos da patologia para o feto assim como para
ela (Santos et al, 2009).
CONCLUSÃO
As grávidas apresentam melhor EF nas dimensões hábitos de
saúde, saúde mental, qualidade de vida e preparação e pior
na dimensão bem­‑estar físico.
Em relação às variáveis sociodemográficas, só a variá‑
vel habilitações académicas apresentou diferença estatis‑
ticamente significativa nas dimensões preparação e saúde
mental do EF. Quanto às variáveis obstétricas, na paridade
verificou­‑se a existência de diferença estatisticamente signi‑
ficativa com a dimensão apoio social do EF e na idade gesta‑
cional, existiu diferença estatisticamente significativa com a
dimensão bem­‑estar físico.
Desta forma, com este estudo, aumenta­‑se o conheci‑
mento do EESMO de forma a identificar precocemente os
diagnósticos de enfermagem e prevenir e diminuir os riscos
para a grávida e feto.
A grávida com HTAIG tem preocupações acrescidas, rela‑
cionadas com os riscos e complicações materno­‑fetais origi‑
nadas pela patologia. Assim, deve­‑se envolver a grávida nos
cuidados, de forma a aumentar a sua responsabilidade sobre
os hábitos de saúde, envolvendo­‑a nos cuidados e necessi‑
tando de apoio familiar. Com a ajuda do EESMO, a grávida ul‑
trapassa esta fase de transição com mais confiança e menos
receios e medos. Nestes momentos, as grávidas têm de uti‑
lizar a sua capacidade de forma a ajustar­‑se às transições de
desenvolvimento e de saúde­‑doença e deve ser estabelecida
uma relação de confiança e empatia de forma a apresentar as
suas dúvidas e medos.
Assim, pretende­‑se com este estudo promover uma gra‑
videz equilibrada, de forma a impedir ou atenuar o apareci‑
mento de complicações, tais como o parto prematuro e des‑
colamento prematuro da placenta normalmente inserida e
promovendo o EF. Para isso, é necessário aumentar o conhe‑
cimento do EESMO.
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Política nacional de humanização
na assistência ao parto e nascimento
no Brasil: participação dos enfermeiros
Patricia Salles Damasceno de Matos1, Claudia Maria Messias2, Thiago Ferreira de
Oliveira3, Maiara Dias Basilio4, Monique Silva dos Santos4
RESUMO
Este trabalho reflete sobre o conceito de parto e nascimento humani‑
zado que nos últimos anos ganha projeção no Brasil. Regido pelo Mi‑
nistério da Saúde através da portaria/GM n° 569/2000, a humaniza‑
ção do parto alberga um conjunto de propostas que visam mudan‑
ças nas práticas assistenciais, respeitando o processo fisiológico e a
dinâmica própria de cada mulher. Objetivo: O estudo teve como ob‑
jetivo identificar, a partir da bibliografia produzida, a inserção do en‑
fermeiro obstetra na assistência ao parto e nascimento, após imple‑
mentação neste país do Programa de Humanização do Parto e Nasci‑
mento (PHPN). O estudo visou ainda analisar o impacto da participa‑
ção do enfermeiro na pratica do PHPN, enquanto cuidador na saúde
integral da mulher num contexto que traz ao cotidiano dos serviços
exigências por vezes desafiadoras e até mesmo conflitantes. Metodo‑
logia: Trata­‑se de um estudo qualitativo do tipo revisão bibliográfica,
com coleta de dados realizada a partir de fontes secundárias. Resul‑
tados: Como resultados encontramos a participação governamental,
através de legislação, portarias e financiamento de cursos de especia‑
lização em Enfermagem Obstétrica. Em paralelo se fez a implantação
da normatização técnica para tal assistência menos intervencionista
e estratégias para participação da família. Aliado a essa evidencia, re‑
conhecemos a proposta de superação do modelo medicalizado e o
desenvolvimento de habilidades não­‑invasivas peculiares ao modelo
humanizado. Conclusão: Portanto, com a finalidade de se obter uma
visão humanística e holística na qualidade da assistência prestada à
gestante e puérpera, o enfermeiro está inserido no PHPN garantindo
os direitos, o bem­‑estar e aumentando o vinculo mãe­‑filho.
Palavras­‑chave: parto, parto humanizado, parturição, medicalização.
1
Mestre em Enfermagem. Enfermeira do Ministério da Saúde e da SMS/RJ. E­‑mail: patricia‑
[email protected].
2
Doutora em Enfermagem. Enfermeira do Ministério da Saúde e da SMS/RJ. Professora da
Universidade de Castelo Branco. E­‑mail: [email protected].
3
Graduado em Enfermagem.
4
Graduandas em Enfermagem.
ABSTRACT
This paper reflects on the concept of humanized childbirth and birth that
has gained importance in recent years in Brazil. The humanization of labor
and birth was established by the Ministry of Health through the Law GM
569/2000, and encompasses a series of proposals aimed at changing practi‑
ces of health assistance, respecting the physiological process and the dyna‑
mics of each woman. Objective: The study aims to identify, from literature
produced, the insertion of the obstetric nurse or midwife in childbirth and
birth in this country after the implementation of the Humanization of Child‑
birth Program (PHPN). The study aims to analyze the impact of the participa‑
tion of nurses in the practice of the Humanization of Childbirth Program as
caregivers in the health of women, in a context that brings to everyday ser‑
vices challenging and sometimes conflicting requirements. Methodology:
This is a qualitative study of the literature review type, with data collection
undertaken from secondary sources. Results: Our study reveals strong go‑
vernment participation through legislation and enacted ordinances, as well
as via the encouragement and funding of specialized courses in Obstetric
Nursing. In parallel to this, technical regulation for such assistance and for
less interventionist strategies of family involvement was implemented. In
the face of this, we recognize the proposal to go beyond the medicalized
model and to develop a humanized model peculiar to female non­‑invasive
skills. Conclusion: With the objective of achieving a humanistic and holistic
vision in the assistance provided to the mother, the nurse is an intrinsic part
of the PHPN, acting as a guarantor of the latter’s rights and well­‑being, and
enhancing the ties between mother and child.
Keywords: delivery, humanized birth, parity, medicalization.
RESUMEN
Este artículo reflexiona sobre el concepto de parto y nacimiento humaniza‑
dos que ha ganado importancia en los últimos años en Brasil. La human‑
ización del parto y del nacimiento fue establecido por el Ministerio de Sa‑
lud a través de la Ley de GM 569/2000, y abarca una serie de propuestas des‑
tinadas a cambiar las prácticas de asistencia a la salud, respetando el pro‑
ceso fisiológico y la dinámica de cada mujer. Objetivo: El estudio tiene como
objetivo identificar, a partir de la literatura producida, la inserción de la en‑
fermera obstétrica o partera durante el parto y el nacimiento en este país
después de la implementación del Programa de Humanización del Parto
(PHPN). El estudio tiene como objetivo analizar el impacto de la partici‑
pación de la enfermera en la práctica del Programa de Humanización del
REVISTA DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DOS ENFERMEIROS OBSTETRAS — N.º 14/2014 23
Parto, como cuidadora en la salud de las mujeres, en un contexto que lleva a
los servicios cotidianos requisitos difíciles y a veces contradictorios. Metod‑
ología: Se trata de un estudio cualitativo de tipo revisión de la literatura, con
la recogida de datos realizada a partir de fuentes secundarias. Resultados:
Nuestro estudio revela una fuerte participación del gobierno a través de la
legislación y las ordenanzas promulgadas, así como a través del fomento y la
financiación de cursos de especialización en enfermería obstétrica. En para‑
lelo a esto, se implementó la regulación técnica del asistencia y de estrate‑
gias menos intervencionistas de participación de la familia. A la vista de esto,
reconocemos la propuesta de ir más allá del modelo medicalizado y desar‑
rollar un modelo humanizado que incluya capacidades no invasivas. Con‑
clusión: Con el objetivo de lograr una visión humanista y holística en la asis‑
tencia prestada a la madre, la enfermera es una parte intrínseca de la PHPN,
actuando como garante de los derechos y bienestar de la madre, así como el
fortalecimento de los lazos entre la madre y el niño.
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Em tempos remotos a assistência à gestante, parto e ao nas‑
cimento transcorria em família. Com o avanço e evolução
tecnológica e científica na área da saúde, esse evento dei‑
xou de ser visto de forma natural e passou a ser conduzido
através de medicalização e hospitalização sob o pretexto de
minimizar os possíveis riscos para o binômio mãe/filho (BRA‑
SIL,2001).
Com isso, pudemos observar ao longo dos anos o au‑
mento exponencial das intervenções desnecessárias durante
o trabalho de parto e parto, com resultados negativos para a
população e para os indicadores nacionais, no que tange a
taxa de cesáreas e resultados perinatais.
O Programa de Humanização do Parto e Nascimento
(PHPN) foi instituído pelo Ministério da Saúde do Brasil atra‑
vés da portaria GM n° 569/2000, baseando­‑se nas necessida‑
des das gestantes, do recém­‑nascido e da mãe no período do
pós­‑parto. O conceito de humanização do parto engloba um
conjunto de propostas que visam mudanças nas práticas as‑
sistenciais, respeitando o processo fisiológico e a dinâmica
própria de cada mulher, evitando intervenções desnecessá‑
rias ou danosas (BRASIL, 2000). Podemos citar como exem‑
plos clister, restrição hídrica, uso rotineiro de ocitócito ve‑
noso e kristeller.
Desta forma, humanizar a assistência ao nascimento im‑
plica em mudanças de atitudes e rotina com o intuito de tor‑
nar esse momento o menos invasivo e medicalizado, garan‑
tindo assim o processo fisiológico de parturição e a participa‑
ção da gestante como protagonista (MODES, 2010).
O PHPN tem como principal objetivo assegurar os direitos
da gestante e recém­‑nascido, proporcionando um acompa‑
nhamento de pré­‑natal, parto humanizado e puerpério. Ga‑
rante à mulher uma atenção de qualidade e autonomia no
processo de decisão desde o inicio da gestação até o parto.
Define o que espera o governo brasileiro no acompanha‑
mento do parto normal, prevê quando são recomendáveis as
intervenções, resultando em um nascimento saudável e a ga‑
rantia do bem estar materno­‑infantil (BRASIL, 2005).
De acordo com a resolução do Conselho Federal de Enfer‑
magem (COFEN) 223/99, o enfermeiro obstetra está inserido
na política de humanização do parto e nascimento que regu‑
24
lamenta o acompanhamento, evolução e a realização do tra‑
balho do parto normal sem distócia.
A enfermagem, respaldada em evidência científica, deve
proporcionar a gestantes e parturientes, um bem estar atra‑
vés de técnicas não­‑invasivas, orientando para que a evo‑
lução de trabalho de parto transcorra de modo fisiológico,
agradável e prazeroso, minimizando os desconfortos causa‑
dos pela dor e transmitindo conforto e segurança à partu‑
riente (SEIBERT, 2010).
O presente estudo tem como objetivo identificar, a partir
da bibliografia produzida, a inserção do enfermeiro obstetra
na assistência ao parto e nascimento, após implementação
neste país do Programa Nacional de Humanização do Parto e
Nascimento (PHPN).
O estudo visa ainda analisar o impacto da participação do en‑
fermeiro na prática do PHPN, enquanto cuidador da saúde inte‑
gral da mulher num contexto que traz ao cotidiano dos servi‑
ços exigências por vezes desafiadoras e até mesmo conflitantes.
DESENVOLVIMENTO
O processo gravídico­‑puerperal demanda uma assistência
digna e de qualidade que não se limita ao parto/nascimento.
É um fenômeno que necessita de uma assistência humaniza‑
da respeitando normas e condutas preconizadas pela Orga‑
nização Mundial da Saúde – OMS (MARQUE, 2006).
A Lei Orgânica da Saúde (Lei 8080, de 19 de setembro de
1990) prevê a assistência às pessoas por intermédio de ações
de promoção, proteção e recuperação da saúde, com a reali‑
zação integrada das ações assistenciais e das atividades pre‑
ventivas como objetivo do Sistema Único de Saúde (SUS).
O Ministério da Saúde (MS) em 1999 propôs a criação dos
Centros de Parto Normal (CPN) para o acompanhamento de
partos de baixo risco fora das instituições de saúde, coorde‑
nados por enfermeiras obstetras, que presta todos os cuida‑
dos às mulheres e recém­‑nascidos (DIAS, 2005).
A Portaria Ministerial nº 904, de 29 de maio de 2013, esta‑
belece diretrizes para implantação e habilitação de Centro de
Parto Normal (CPN), no âmbito do Sistema Único de Saúde
do Brasil(SUS), para o atendimento à mulher e ao recém­
‑nascido no momento do parto e do nascimento, e dispõe
sobre os respectivos incentivos financeiros de investimento,
custeio e custeio mensal (BRASIL, 2013).
A enfermagem vem se destacando nas discussões acerca
da saúde da mulher em defesa do programa de humaniza‑
ção no pré­‑natal e nascimento. Diante do exposto, o MS tem
criado portarias que favorecem a atuação deste profissional
na atenção integral a saúde da mulher, no período gravídico­
‑puerperal (BRASIL,2005).
O MS define como atenção humanizada ao parto e nas‑
cimento o respeito ao parto como experiência pessoal, cultu‑
ral, sexual e familiar fundamentada na importância do forta‑
lecimento do protagonismo e autonomia da mulher, com sua
participação nas decisões referentes às condutas; proteção con‑
tra abuso, violência ou negligência; reconhecimento dos direi‑
tos fundamentais de mulheres e crianças a tecnologias apro‑
REVISTA DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DOS ENFERMEIROS OBSTETRAS — N.º 14/2014
priadas de atenção em saúde com adoção de práticas baseadas
em evidências, incluindo­‑se a liberdade de movimentação e de
posições durante o trabalho de parto e parto, o direito a acom‑
panhante de livre escolha e à preservação da sua integridade
corporal (BRASIL, 2013).
O enfermeiro contribui na assistência ao pré­‑natal atra‑
vés da consulta de enfermagem, tendo competência téc‑
nica e cientifica de identificar situações de risco habitual e
de alto risco gestacional, auxilia na redução de riscos obsté‑
tricos, promove a saúde da gestante (MARQUE, 2006). Consi‑
derando as características de sua formação, está preparado
para as adaptações no cuidado comas parturiente nos mol‑
des previstos pelo MS.
METODOLOGIA
Trata­‑se de um estudo qualitativo do tipo revisão bibliográfi‑
ca, com coleta de dados realizada a partir de fontes secundá‑
rias, através da revisão integrativa. A coleta foi realizada atra‑
vés da pesquisa de artigos científicos na Biblioteca Virtual
em Saúde, utilizando a base de dados eletrônica ScientificE‑
lectronic Library OnLine (Scielo), Literatura Latino­‑Americana
e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e Programas do
Ministério da Saúde. Foram encontrados inicialmente 100
artigos, tendo sido utilizados os seguintes critérios de inclu‑
são: artigos em Língua Portuguesa e Língua Espanhola; arti‑
gos que retratassem a temática referente ao tema; e artigos
publicados entre 2003­‑2013. Com esses critérios, obteve­‑se o
número de 32 artigos. Após priorizar a inserção do enfermei‑
ro, somente 6 artigos contemplaram o estudo.
A revisão integrativa é composta por seis fases (MENDES,
2008). Inicia com a identificação do tema e seleção da hipó‑
tese ou questão de pesquisa para a elaboração da revisão inte‑
grativa. Segue com estabelecimento de critérios para inclusão
e exclusão de estudos/ amostragem ou busca na literatura. No
terceiro estágio definição das informações a serem extraídas
dos estudos selecionados/ categorização dos estudos, neste
estudo denominadas unidades de registro. Posteriormente
propõe a avaliação dos estudos incluídos na revisão integra‑
tiva. Na etapa seguinte faz a interpretação dos resultados e por
fim a apresentação da revisão/síntese do conhecimento.
RESULTADOS
Trabalhou­‑se com duas unidades de registros, onde a pri‑
meira unidade trata da inserção do enfermeiro na assistência
ao parto humanizado e a segunda unidade trata­‑se do im‑
pacto da participação do enfermeiro na prática PHPN.
Unidade de Registro I – Inserção do Enfermeiro na
Assistência ao Parto Humanizado
A primeira unidade traz participação governamental e
do Ministério da Saúde, através de legislação e portarias de‑
cretadas, bem como o incentivo e financiamento de cursos
de especialização em Enfermagem Obstétrica. Também pu‑
blicou normatização técnica assistência menos intervencio‑
nista e estratégias para participação da família.
A Lei 7.498/86 de Junho de 1986 dispõe sobre o exercício
profissional da enfermagem, e respalda a atuação do enfer‑
meiro obstetra, determinando como responsabilidade desse
profissional o acompanhamento do parto vaginal sem dis‑
torcias, cabe também aos enfermeiros providências necessá‑
ria para estabilizar as possíveis intercorrências até a chegada
do profissional médico (COFEN, 1986).
O Ministério da Saúde propôs em 1999 a criação dos Cen‑
tros de Parto Normal (CPN), conforme a portaria 985/99,
onde o enfermeiro é o profissional responsável técnico e
onde não há médicos na escala de serviço, com a proposta
de atendimento a parturiente e a família, visando resgatar o
direito à privacidade e à dignidade da mulher ao dar à luz, em
um local semelhante ao seu ambiente familiar que garantisse
a segurança do binômiomãe e filho (MACHADO, 2006).
A Rede Cegonha, instituída no âmbito do SUS através da
portaria Ministerial Nº 1.459, de 24 de junho de 2011, con‑
siste numa rede de cuidados que visa assegurar à mulher o
direito ao planejamento reprodutivo e à atenção humaniza‑
daà gravidez, ao parto e ao puerpério, bem como à criança
o direito ao nascimento seguro e ao crescimento e ao de‑
senvolvimento saudáveis. São objetivos da Rede Cegonha
fomentar a implementação de novo modelo de atenção
à saúde da mulher e à saúde da criança com foco na aten‑
ção ao parto, ao nascimento, ao crescimento e ao desenvol‑
vimento da criança de zero aos vinte e quatro meses; orga‑
nizar a Rede de Atenção à Saúde Materna e Infantil para que
esta garanta acesso, acolhimento e resolutividade e reduzir
a mortalidade materna e infantil com ênfase no componente
neonatal. Todos os componentes de implementação e exe‑
cução da Rede Cegonha tem enfermeiros obstetras inseridos
(BRASIL, 2011).
A cidade do Rio de Janeiro foi pioneira na implementa‑
ção da Rede Cegonha e conta com a participação autônoma
de enfermeiros no pré­‑natal, parto, puerpério e também no
transporte sanitário, com as ambulâncias da Rede lideradas
por enfermeiros.
Vale salientar que os recursos federais já estão disponíveis
para a implementação pelos estados e municípios da federa‑
ção. O Ministério é ainda mais claro sobre a participação dos
enfermeiros quando edita a Portaria do MS nº 904, DE 29
DE MAIO DE 2013 e define os Centro de Parto Normal (CPN
como unidades destinadas à assistência ao parto de risco ha‑
bitual, pertencente a um estabelecimento hospitalar, locali‑
zadas nas dependências internas ou externas ao estabeleci‑
mento hospitalar. O seu Art. 3º define como o primeiro requi‑
sitos para constituição da unidade de um estabelecimento
hospitalar como CPN a condução da assistência ao parto de
risco habitual, da admissão à alta, realizada por enfermeiro
obstétrico ou obstetriz (BRASIL, 2013).
Unidade de Registro II ­‑ O Impacto da participação do
enfermeiro na prática do PHPN.
Nesta vertente, trazemos a proposta de superação do mo‑
delo medicalizado e desenvolvimento de habilidades não­
‑invasivas peculiares ao modelo humanizado e descrição de
técnicas não invasivas de assistência ao parto e nascimento.
REVISTA DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DOS ENFERMEIROS OBSTETRAS — N.º 14/2014 25
Apresenta a importância de minimizar medos e anseios, re‑
lacionados ao trabalho de parto e parto através de informa‑
ções corretas à parturiente, além da promoção de cuidados.
O processo de desmedicalização, não significa a exclusão
do profissional ou práticas médicas de assistência, significa
apresentar as mulheres outras opções de cuidado, tendo em
vista diferentes opções e estratégias que podem e devem se
expor como direito de escolha da mulher (PROGIANTI, 2004).
Assim, os autores afirmam que a enfermeira não quer ser
protagonista do parto, percebe o parto como um evento
além do biológico, acredita que o parto demanda cuidado
e não controle e que priorizamos o respeito e a segurança
(PROGIANTI, 2004).
A atuação do enfermeiro com a mulher no processo de
parturição é considerada como possibilidade para redução
da morbimortalidade, além de entender a parturiente como
ser ativo no referido processo, conduzido por uma assistên‑
cia mais humanizada (BARROS, 2004).
A prática assistencial dos Enfermeiros Obstetras é voltada
à valorização da mulher, fortalecendo­‑a no processo de pa‑
rir, respeitando­‑a em seu tempo, propiciando cuidados para
o alívio da dor e condução do trabalho de parto, estimu‑
lando os exercícios, massagens, banhos, deambulação, além
de adoção de posições confortáveis durante o trabalho de
parto (CAUS, 2012).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao longo dos anos o processo de trabalho de parto sofreu di‑
versas modificações e a inserção do enfermeiro nessa prática
é de suma importância a fim de minimizar medos e anseios
relacionados ao trabalho de parto e parto, subsidiando e in‑
formando a parturiente com a intenção de acalmar e promo‑
ver alívio de dor e sofrimento.
O governo brasileiro tem empenhado esforços para me‑
lhor assistência a este segmento da população e cria mecanis‑
mos onde o enfermeiro obstetra tem oportunidade de atuar
com autonomia fora do modelo intervencionista de parto.
O PHPN busca resgatar a atenção integral, de modo que ve‑
nham sobrepor as intervenções médicas e o uso demasiado
de tecnologias por um modelo mais humanista, cujo foco
principal é a mulher sendo atendida por meio de ações que
contemplem as diferenças sociais e culturais (MATOS, 2013).
Portanto, com a finalidade de se obter uma visão huma‑
nística e holística na qualidade da assistência prestada à ges‑
tante e puérpera, o enfermeiro está inserido no Programa de
Humanização do Parto e Nascimento garantindo­‑lhes os di‑
reitos, proporcionando o bem­‑estar e aumentando o vinculo
mãe­‑filho e núcleo familiar.
O enfermeiro especializado técnico­‑cientificamente é ca‑
pacitado para acompanhar o trabalho de parto e humani‑
zar a qualidade na assistência, proporcionando conforto e
segurança a parturiente. Contundo tornando­‑se importante
um aumento na demanda voltada para a capacitação desses
profissionais e ampliação dos espaços de atenção ao ciclo
grávido­‑puerperal nos moldes do PHPN.
26
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REVISTA DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DOS ENFERMEIROS OBSTETRAS — N.º 14/2014
O Trabalho de Parto:
do esperado ao Experienciado
Sandra Patrícia Arantes do Souto1
RESUMO
Enquadramento: Ao longo da gravidez, a mulher desenvolve expectativas,
positivas ou negativas, e que influenciam a sua perceção sobre o trabalho de
parto. Neste contexto, a avaliação da satisfação da mulher com a sua expe‑
riência de trabalho de parto fundamenta­‑se nas diferenças entre o que é an‑
tecipado e o que é percecionado.
Objetivo: Compreender o significado atribuído pela mulher à experiên‑
cia de trabalho de parto, a partir das expectativas construídas durante a gra‑
videz.
Método: Foi desenvolvido um estudo descritivo, de natureza qualitativa.
Para a amostra foram selecionadas nove mulheres, que estiveram interna‑
das no serviço de obstetrícia do Centro Hospitalar Póvoa de Varzim /Vila de
Conde, às quais foram realizadas entrevistas semiestruturadas. Para a análise
dos dados recorreu­‑se à análise de conteúdo. Resultados: A análise de con‑
teúdo do material recolhido fez sobressair duas unidades temáticas, a par‑
tir das quais se desenvolveu uma análise em categorias e subcategorias: 1)
Expetativas associadas ao trabalho de parto; 2) Experiência de trabalho de
parto. Os nove relatos sobre a experiência de trabalho de parto confirmam
uma ambivalência de resultados: expectativas positivas versus expectativas
negativas; experiência positiva versus experiência negativa. Conclusão: As
principais conclusões do estudo baseiam­‑se no resultado da equação entre
as expectativas e a experiência de trabalho de parto. Este trabalho permitiu
concluir que a partir do conhecimento das expectativas em relação ao tra‑
balho de parto, poderemos direcionar o acompanhamento das mulheres e a
sua preparação com o objetivo de otimizar e valorizar a sua satisfação com a
experiência de trabalho de parto.
Palavras­‑chave: expectativas; experiência; trabalho de parto; satisfação.
ABSTRACT
Context: Throughout a pregnancy, a woman develops various expectations,
being them positive or negative ones, which will influence their whole per‑
ception on the experience of giving birth. In this context, the evaluation of
a woman’s levels of approval or satisfaction on giving birth is fundamentally
based on the difference between what the act of childbirth actually is and
what she perceives it to be.
Objective: The main objective would be to fully be able to understand
what the meaning of childbirth becomes to the pregnant woman following
all her built expectations throughout her pregnancy.
Method of analysis: The method of analyses was a descriptive yet scien‑
tifically qualitative one. Nine women were selected, who were admitted in
the Hospital’s obstetrics service in Póvoa de Varzim/Vila de Conde of which
semi­‑structured interviews were conducted. The data collected and the con‑
tent of these interviews were therefore used for our data analysis.
Results: As a result of our content analysis of the data collected, two dis‑
tinctive themes stood out, which lead us to develop a fragmented analy‑
sis consisting of the following categories and subcategories: 1) The Expec‑
tations associated with labor; 2) The actual experience of labor. The nine re‑
ports obtained on the experience of labor confirm an ambivalence of results
such as: positive expectations versus negative expectations and positive ver‑
sus negative experience.
Curso de Pós­‑licenciatura de Especialização em Enfermagem em Saúde Materna e Obs‑
tetrícia; Mestrado de Enfermagem em Saúde Materna e Obstetrícia; Enfermeira Especialista
em Saúde Materna e Obstétrica Centro Hospitalar Póvoa de Varzim/Vila do Conde. Contatos:
Email: [email protected].
1
Conclusion: The main conclusion of this study is primarily based on the
equation between the woman’s expectations and the actual experience
of labor. Therefore, this study allowed us to conclude that after knowing a
woman’s expectations in relation to labor, we can better direct and moni‑
tor a woman and her preparation for labor in order to better optimize and
enhance her general satisfaction with the experience of labor.
Keywords: expectations; experience; labor; satisfaction.
RESUMEN
Introducción: A lo largo del embarazo, la mujer desarrolla expectativas po‑
sitivas o negativas, y que influyen en su percepción a cerca del parto. En este
contexto, la evaluación de la satisfacción de la mujer con su experiencia de
trabajo de parto, se basa en las diferencias entre lo que se anticipa de lo que
se percibe.
Objetivo: Comprender el significado que la mujer atribuye a la experien‑
cia de trabajo de parto, a partir de las expectativas que va creando durante
el embarazo.
Método: Fue realizado un estudio descriptivo, cuantitativo. Para la mues‑
tra se seleccionaron nueve mujeres ingresadas en el servicio de obstetricia
del Centro Hospitalar Póvoa de Varzim /Vila de Conde, que fueron someti‑
das a entrevistas semi­‑estructuradas. Para el análisis de los datos fue hecho
el análisis de contenido.
Resultados: El análisis de contenido del material recogido ha destacado
dos unidades temáticas, a partir de las cuales se desarrolló un análisis por ca‑
tegorías y sub­‑categorías:1) Expectativas asociadas al trabajo de parto; 2) Ex‑
periencia de trabajo de parto. Los nueve informes sobre la experiencia de tra‑
bajo de parto confirmaron una ambivalencia de resultados: expectativas po‑
sitivas versus expectativas negativas; experiencia positiva versus experiencia
negativa.
Conclusión: Las principales conclusiones del estudio se basan en el re‑
sultado de la ecuación entre las expectativas y la experiencia del trabajo de
parto. Este trabajo permitió concluir que a partir del conocimiento de las ex‑
pectativas en relación al trabajo de parto, se podrá direccionar el acompaña‑
miento de las mujeres y su preparación, con el objetivo de optimizar y valo‑
rar su satisfacción con la experiencia del trabajo de parto.
Palabras­‑clave: expectativas; experiencia; trabajo de parto; satisfacción.
INTRODUÇÃO
Para a maioria das sociedades, o trabalho de parto não existe
como um acontecimento isolado e sem significado no ciclo
de vida da mulher. O trabalho de parto representa um evento
crítico na vida da mulher e da sua família (Halldorsdottir &
Karlsdottir, 1996), que perpassa todo o processo da gravidez,
sob a forma de expectativas individuais, e que continua a ser
recordado, marcando profundamente a história da mulher
(Kitzinger, 1984; Simkin, 1991, 1992).
Para Canavarro (2001, p. 20) “(…) a forma como agimos
e sentimos depende das representações esquemáticas que
temos da realidade. De facto, parece haver uma consciên‑
cia crescente de que as expectativas sobre um determinado
acontecimento não só têm influência na forma como as pes‑
soas se sentem ou se comportam, mas influenciam direta‑
mente a forma como essa realidade é experienciada. Este es‑
tudo assenta no pressuposto que a construção das expecta‑
REVISTA DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DOS ENFERMEIROS OBSTETRAS — N.º 14/2014 27
tivas tem influência na própria experiência de trabalho de
parto, pois as imagens que se vão construindo durante a gra‑
videz, sejam elas positivas ou negativas, interferem com a
qualidade da experiência percecionada pela mulher. Dentro
deste contexto, emerge a problemática da investigação: qual
o significado atribuído pela mulher à experiência de trabalho de
parto, a partir das expectativas construídas durante a gravidez.
Em Portugal, são escassos os trabalhos de investigação
que procuram estudar o impacto das expectativas construí‑
das durante a gravidez na perceção da experiência de traba‑
lho de parto, na perspetiva da mulher. Deste modo, entende‑
mos ser necessária a realização de um estudo sobre esta rea‑
lidade, procurando compreender se as experiências foram
diferentes ou não do esperado e de que forma essa relação
é percecionada pela mulher. O conhecimento é poder para
aqueles que o desenvolvem, para os que o usam e para todos
os que beneficiam dele. Assim, a soma de conhecimentos ob‑
tida através desta investigação visa contribuir para a melho‑
ria da qualidade dos cuidados de saúde, no âmbito da en‑
fermagem de saúde materna e obstétrica, transformando­‑se
este trabalho numa oportunidade para responder às exigên‑
cias atuais do acompanhamento da mulher durante o traba‑
lho de parto e da sua preparação, com a finalidade de otimi‑
zar e valorizar a sua satisfação com a experiência de trabalho.
QUADRO TEÓRICO
A avaliação da satisfação da mulher com a sua experiência
de trabalho de parto é uma operação multidimensional, pelo
que se prevê a análise do conceito de satisfação com base
nas diferenças entre o que é esperado ou desejado e o que
é percebido (Bryanton, Gagnon, Johnston, & Hatem, 2008) e
engloba tanto respostas afetivas como avaliações cognitivas
(Hodnett, 2002). Entretanto, Slade, MacPherson, Hume, &
Maresh (1993) consideram que a medição da satisfação com
a experiência de trabalho de parto está relacionada com as
expectativas desenvolvidas ao longo da gravidez.
Diversos autores consideram que as expectativas cons‑
truídas pela mulher em relação ao trabalho de parto, durante
o período da gravidez, podem influenciar, positiva ou nega‑
tivamente, a maneira como o próprio trabalho de parto é ex‑
perienciado (Beaton & Gupton, 1990; Green, 1993; Hallgren,
Kihlgren, Norberg, & Forslin, 1995; Waldenström, 1999; Ho‑
dnett, 2002). Uma combinação distinta parece afetar a mu‑
lher na antecipação da experiência de trabalho de parto: ex‑
pectativas positivas versus expectativas negativas. Alguns es‑
tudos têm procurado compreender as relações entre o tipo
de emoções e as expectativas no período pré­‑natal e as ex‑
periências de trabalho de parto. Os resultados mostram que
emoções como a ansiedade e o medo estão associados a ex‑
pectativas negativas, e reportam­‑se a uma experiência nega‑
tiva de trabalho de parto (Heaman, Beaton, Gupton, & Sloan,
1992; Green, 1993; Waldenström, 1999; Gibbins & Thomson,
2001); por outro lado, a calma, a confiança e o controlo, sob a
forma de expectativas positivas acerca do trabalho de parto,
parecem ser responsáveis pela atribuição de um significado
28
positivo à experiência (Waldenström, 1999; Gibbins & Thom‑
son, 2001).
Atualmente, inúmeros autores para além de procurarem
descrever a experiência de trabalho de parto para a genera‑
lidade das mulheres, expressam interesse em estudar fatores
relativos às circunstâncias de trabalho de parto e que deter‑
minam a qualidade da experiência para a mulher. Para Costa,
Figueiredo, Pacheco, & Pais (2003), a experiência de traba‑
lho de parto transforma­‑se em torno de uma multiplicidade
de fatores individuais, sociais e situacionais. De facto, diver‑
sas variáveis podem influenciar a perceção das mulheres so‑
bre a sua experiência de trabalho de parto (Hodnett, 2002).
De acordo com a literatura, foram identificados os principais
fatores que influenciam a experiência de trabalho de parto,
contribuindo para as diferenças verificadas ao nível da ava‑
liação desta experiência pelas mulheres:
•• Expectativas da mulher
•• Presença de uma pessoa significativa
•• Apoio prestado pelos profissionais da saúde
•• Participação ativa da mulher nas decisões sobre o tra‑
balho de parto e o controlo percebido
•• Dor no trabalho de parto
•• Tipo de parto e analgesia
•• Interação mãe­‑filho imediatamente após o nascimento
Segundo Bryanton, Gagnon, Johnston, & Hatem (2008),
dos indicadores da perceção materna da experiência de tra‑
balho de parto, a maioria são passíveis de intervenções de
enfermagem especializadas como: potencializar o conheci‑
mento da parturiente e da figura significativa; ensinar e in‑
centivar a realização de exercícios respiratórios e de relaxa‑
mento; promover e incentivar o apoio dos parceiros e o pro‑
porcionar oportunidades imediatas da mulher poder estar
com seu filho, logo após o nascimento. Neste sentido, as des‑
cobertas científicas podem oferecer um sentido à atuação
dos profissionais da saúde, pela possibilidade privilegiada de
contribuírem para uma experiência de trabalho de parto po‑
sitiva (Fowles, 1998).
METODOLOGIA
Com o objetivo de compreender o significado atribuído pela
mulher à experiência de trabalho de parto, a partir das ex‑
pectativas construídas durante a gravidez, foi realizado um
estudo descritivo e de natureza qualitativa. A seleção dos
participantes baseou­‑se num processo de amostragem in‑
tencional, sendo a amostra constituída por nove mulheres,
que estiveram internadas no serviço de obstetrícia do Centro
Hospitalar Póvoa de Varzim/Vila de Conde e que partilharam
um conjunto de critérios e condições entre si. A colheita de
dados implicou a utilização de dois instrumentos. No sentido
de assegurar a caracterização da amostra foi preenchido um
formulário (Tabela 1).
REVISTA DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DOS ENFERMEIROS OBSTETRAS — N.º 14/2014
bela 1: Caraterização das participantes em relação à idade, estado civil e profissão
angústia, o mal­‑estar, o nervosismo e a insegurança. Os estu‑
dos confirmam que as mulheres expressam diversos medos
31
Casada
Educadora de Infância
E2
e ansiedades face à experiência de trabalho de parto (Costa,
30
União de facto
Professora
E3
Figueiredo, Pacheco, Marques, & Pais, 2005), tornando­‑se, por
32
Casada
Enfermeira
E4
isso necessário desenvolver estratégias eficazes para enfren‑
36
União de facto
Professora
E5
tarem esses medos.
33
Casada
Administrativa
E6
Existe ainda um grupo de depoimentos, nos quais se per‑
22
Solteira
Administrativa
E7
cebe
que a imagem construída em torno do trabalho de
26
Casada
Cabeleireira
E8
parto é caraterizada por emoções ambivalentes, coexistindo
19
Solteira
Desempregada
E9
simultaneamente emoções positivas e emoções negati‑
Tabela 1: Caraterização das participantes em relação à idade, estado civil
principal instrumento de colheita de dados foie aprofissão
entrevista semiestruturada, e que impôs a construção
de por um lado, a ânsia da mulher em conhecer o seu filho,
vas:
dando forma a uma imagem fantasiada e, ao mesmo tempo,
a vontade de prolongar a gravidez e adiar a experiência de
O principal instrumento de colheita de dados foi a en‑
trabalho de parto, à qual associa progressivamente medos,
trevista semiestruturada, e que impôs a construção de um
ansiedades e inseguranças.
guião com perguntas abertas. No guião orientador da entre‑
Uma combinação paradoxal parece afetar as participantes
vista distinguiram­‑se duas partes. Na primeira parte do guião
face à antecipação do trabalho de parto. De um lado, expec‑
procurou­‑se explorar as expectativas da mulher sobre a ex‑
tativas positivas e do outro lado, expectativas negativas. As‑
periência de trabalho de parto e na segunda parte procurou­
sociado às expectativas positivas sobre o trabalho de parto,
‑se compreender a experiência de trabalho de parto e de que
identificou­‑se a subcategoria Quando penso no meu parto, o
forma a experiência vivida se relacionou com as expectati‑
que mais me agrada é…, através das quais se verificou: a con‑
vas criadas durante a gravidez. As entrevistas decorreram en‑
firmação das expectativas acerca da experiência; a presença
tre a 1.ª e a 4.ª semana após o parto, sendo que a data, a hora
e o local para a realização da entrevista foram definidos por
da figura significativa; a possibilidade de participar no traba‑
cada participante. Cada entrevista teve uma duração média
lho de parto e o bem­‑estar da mulher e do seu bebé. Da di‑
de 45 minutos. As entrevistas foram gravadas e transcritas
mensão associada à construção de expetativas positivas ex‑
na íntegra. A saturação dos dados determinou a finalização
traímos o conceito de trabalho de parto idealizado, no qual a
do processo de recolha de dados. Para a análise dos dados,
mulher realça as suas preferências pessoais. As expectativas,
procedeu­‑se à análise de conteúdo, tendo por base os prin‑
acerca do trabalho de parto desejado, dizem­‑nos que as mu‑
lheres têm como principal expectativa que tudo corra bem,
cípios emanados por Laurence Bardin, dado o carácter meto‑
dizendo com esta expressão que o importante é que no âm‑
dológico de cada fase da análise.
bito geral, em relação a todos os acontecimentos que envol‑
RESULTADOS
vem o trabalho de parto, aconteça tudo dentro do que é con‑
A análise de conteúdo dos depoimentos fez sobressair duas
siderado normal, sem complicações para si próprias ou para
unidades temáticas: 1) Expectativas associadas ao Trabalho de
o seu filho (Guerra, 2010). É comum as mulheres idealizarem
Parto e 2) Experiência de Trabalho de Parto.
o seu trabalho de parto. Mas, qual o significado de ideal? O
que realmente cada mulher pretende para o seu trabalho de
Expectativas associadas ao Trabalho de Parto
parto? São interrogações que nos transportam para a subje‑
Da análise das entrevistas realizadas, observamos que as
tividade e a relatividade inerentes ao conceito de idealização
participantes do estudo desenvolveram expectativas indivi‑
do trabalho de parto, porque confronta preferências, fanta‑
duais em relação ao seu trabalho de parto, sendo que diver‑
sias e desejos que são, inevitavelmente, diferentes entre as
sas circunstâncias e fatores influenciaram o modo como cada
mulheres e, por conseguinte, leva­‑nos a refletir sobre a ne‑
mulher configurou a sua experiência, o que determinou um
cessidade de conhecer, de forma individualizada, a noção de
conjunto de categorias e subcategorias (Figura 1).
“parto ideal” para cada mulher.
A aproximação da experiência de trabalho de parto pa‑
No âmbito das expectativas negativas associadas à expe‑
rece produzir, nas mulheres entrevistadas, uma combinação
riência de trabalho de parto, e que configuram a subcatego‑
diferente de emoções, tanto pela sua natureza como pela sua
ria Quando penso no meu parto, o que mais me preocupa é…,
intensidade. Algumas mulheres associaram à experiência de
distinguem­‑se as preocupações relacionadas com a saúde
trabalho de parto emoções positivas como a calma, o alívio e a
da mulher e do seu bebé e com as consequências adversas
curiosidade. Na perspetiva de Kitzinger (1984) a mulher deve
do trabalho de parto; preocupações relativas a intervenções
ter um espírito tomado por emoções agradáveis em relação
obstétricas indesejadas e o medo da mulher pelo seu com‑
ao trabalho de parto, pela possibilidade de influenciar positi‑
portamento comprometer o resultado da experiência.
vamente a forma como a experiência é vivida. Todavia, a ge‑
O conhecimento das expectativas das grávidas em relação
neralidade das mulheres referiu emoções negativas quando,
ao trabalho de parto tem sido objeto de estudo, havendo di‑
durante a gravidez, imaginavam a sua experiência de traba‑
ferentes estudos realizados em diferentes populações que
lho de parto e verbalizaram o medo, a ansiedade, o pânico, a
procuram conhecer o modo como a grávida antecipa algu‑
Participantes
Idade
Estado Civil
Profissão
E1
30
Casada
Jornalista
REVISTA DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DOS ENFERMEIROS OBSTETRAS — N.º 14/2014 29
Para compreender a avaliação das mulheres sobre a sua
experiência de trabalho de parto, foi elaborada uma figura
esquemática (Figura 2). Na figura distinguem­‑se, sob a forma
de categorias, os fatores que influenciaram a experiência de
trabalho de parto, positiva ou negativamente, a partir dos
quais se definiram as subcategorias e que caracterizam as di‑
ferenças verificadas na avaliação desta expe‑
Categorias
Subcategorias
riência. Assim, a cada categoria estão associa‑
Emoções
Emoções positivas
das duas subcategorias, sendo que a subcate‑
Emoções negativas
goria à esquerda apoia uma experiência de tra‑
Emoções ambivalentes
balho de parto positiva, enquanto a subcate‑
“ Quando penso no meu parto…”
“Quando penso no meu parto, o que mais me agrada é …”
goria à direita tem subjacente uma experiência
“Quando penso no meu parto, o que mais me preocupa é …”
de trabalho de parto negativa.
“Eu e o meu Trabalho de Parto”
O Trabalho de Parto é ele próprio mais as suas circunstâncias
Eu e quem me acompanha nesta aventura
Na figura 3 é especificada a avaliação bipo‑
Eu e a minha participação no trabalho de parto
larizada das participantes sobre determina‑
Eu e a dor de trabalho de parto
dos aspetos relacionados com a experiência
Eu com os profissionais da saúde e eles comigo
de trabalho de parto. Confrontamo­‑nos com a
Eu e o 1º confronto com o meu filho
ideia de que a experiência de trabalho de parto
Figura 1. Categorias e subcategorias associadas à unidade temática: Expectativas associadas ao
Figura 1. Categorias e subcategorias associadas à unidade temática: Expectativas associadas ao Trabalho de
pode não ser considerada uma experiência in‑
Trabalho de Parto.
Parto.
teiramente positiva ou negativa. Verificamos,
por exemplo, que uma das participantes (E3)
Experiência de Trabalho de Parto
manifesta­‑se globalmente satisfeita com a sua experiência
Experiência de Trabalho de Parto
de trabalho de parto, embora se sinta desiludida pela sensa‑
Na unidade temática centrada na experiência de trabalho
Na unidade temática centrada na experiência de trabalho de parto procurou-se compreender de que forma
ção de incompetência e de perda de autocontrolo associada
de parto procurou­‑se compreender de que forma esta ex‑
esta experiência foi percecionada pelas mulheres entrevistadas. As participantes do estudo descreveram, nos
à experiência da dor atribuindo uma conotação negativa à
periência foi percecionada pelas mulheres entrevistadas. As
seus depoimentos, um conjunto de fatores relativos às circunstâncias da experiência de trabalho de parto,
experiência de trabalho de parto. Sendo o trabalho de parto
participantes do estudo descreveram, nos seus depoimen‑
com significativo impacto no modo como percecionaram este acontecimento. De facto, diversas variáveis
considerado uma experiência de caráter pessoal e íntimo
tos,
um
conjunto
de
fatores
relativos
às
circunstâncias
da
ex‑
podem influenciar a avaliação das mulheres sobre as suas experiências de trabalho de parto. Neste sentido,
(Simkin, 1991, 1992; Halldorsdottir & Karlsdottir, 1996), a per‑
periência
de
trabalho
de
parto,
com
significativo
impacto
no
na avaliação da experiência de trabalho de parto, foram considerados as seguintes variáveis: a presença da
das mulheres sobre a experiência é altamente perso‑
modo
como percecionaram
este profissionais
acontecimento.
facto, di‑da mulherceção
figura significativa;
o apoio prestado pelos
da saúde; De
a participação
nas decisões
nalizada
e os seus pontos de vista variam em relação ao que
versas
variáveis
podem
influenciar
a
avaliação
das
mulheres
sobre o trabalho de parto e perceção de controlo; a ligação mãe-filho imediatamente após o parto; a dor no
consideram
sobre
as
suas
experiências
de
trabalho
de
parto.
Neste
sen‑
trabalho de parto e as estratégias para gerir a dor e as circunstâncias obstétricas (duração, intervenções ser uma experiência positiva ou uma experiência
negativa (Bryanton, Gagnon, Johnston, & Hatem, 2008). Tam‑
tido,
na avaliação da experiência de trabalho de parto, fo‑
obstétricas).
bém Slade, MacPherson, Hume, & Ma‑
Para compreender a avaliação das mulheres sobre a sua experiência de trabalho de parto, foi elaborada uma
figura esquemática
(Figura 2). Na figura distinguem-se, sob a forma de categorias,Subcategorias
os fatores que
resh (1993) e Waldenström (1999) con‑
Subcategorias
Categorias
Experiênciaadeexperiência
Trabalho de Parto
Positiva de parto, positiva
Trabalho
Parto Negativa
influenciaram
de trabalho
ou negativamente, a Experiência
partir dosdequais
se de
definiram
cluíram que perceções positivas e perce‑
ausênciaexperiência.
da figura significativa
A presença
da figura significativa
Eu e quem
me acompanhou
nesta A desta
as
subcategorias
e que caracterizam as diferenças
verificadas
na avaliação
Assim, a cada
ções negativas sobre alguns fatores as‑
“aventura”
categoria
estão
associadas
duas
subcategorias,
sendo
que
a
subcategoria
à
esquerda
apoia
uma
experiência
de
sociados à experiência de trabalho de
O apoio dos profissionais da saúde
Eu com os profissionais da saúde e A falta de apoio dos profissionais da saúde
eles comigo
A posição privilegiada
EEESMO durante
o trabalho
de
trabalho
de partodapositiva,
enquanto
a subcategoria
à direita
tem subjacente uma experiência de trabalho de
parto podem coexistir na mesma mu‑
parto
parto negativa.
lher. Apesar da tonalidade positiva com
Não ser protagonista na experiência de trabalho de parto
Ser protagonista na experiência de trabalho de parto
Eu e a minha participação no
trabalho de parto
que a experiência de trabalho de parto
O nascimento como um momento de tensão
O nascimento como um momento de felicidade
Eu e o primeiro confronto com o
meu filho
foi vivida pelas participantes, circunstân‑
Dor experienciada maior que a dor esperada
Dor experienciada menor que a dor esperada
Da dor esperada à dor
cias particulares do trabalho de parto ti‑
experienciada…A dor que senti
Fracassar na capacidade de lidar com a dor de trabalho de
Capacidade de superar a dor de trabalho de parto
foi…
veram um impacto negativo, embora es‑
parto
Caraterísticas Obstétricas:
sas circunstâncias se manifestaram de
diferentes perspetivas
- Duração do Trabalho de parto
forma diferente entre as participantes.
Quando o trabalho de parto é mais rápido do que o esperado
Quando o trabalho de parto é mais longo do que o imaginado
- Uso de Intervenções obstétricas A perspetiva negativa do intervencionismo
A perspetiva positiva do intervencionismo
Através da figura 3 foi, também, pos‑
Figura 2. Categorias e subcategorias associadas à unidade temática: Experiência de Trabalho de Parto
Figura 2. Categorias e subcategorias associadas à unidade temática: Experiência de Trabalho de Parto
sível analisar a relação entre a natureza
das expectativas e avaliação da expe‑
ram considerados as seguintes variáveis: a presença da figura
riência de trabalho de parto, verificando­‑se que a diferença
entre estas duas variáveis foi percecionado de forma positiva
significativa; o apoio prestado pelos profissionais da saúde;
associado a uma sensação de satisfação face à experiência
a participação da mulher nas decisões sobre o trabalho de
de trabalho de parto e/ou de forma negativa, despoletando
parto e perceção de controlo; a ligação mãe­‑filho imediata‑
na mulher a desilusão. Numa análise mais pormenorizada,
mente após o parto; a dor no trabalho de parto e as estraté‑
verificou­‑se que o resultado da equação entre as expectati‑
gias para gerir a dor e as circunstâncias obstétricas (duração,
intervenções obstétricas).
vas e a experiência de trabalho de parto produziu na mulher
mas circunstâncias relevantes da experiência de trabalho de
parto (Oweis & Abushaikha, 2004; Maggioni, Margola & Fili‑
ppi; 2006). Os dados obtidos favoreceram a identificação da
categoria: Eu e o meu Trabalho de Parto, a qual pretende dis‑
tinguir as projeções da mulher sobre diversas dimensões re‑
lacionadas com a experiência de trabalho de parto.
30
REVISTA DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DOS ENFERMEIROS OBSTETRAS — N.º 14/2014
Canavarro, M. C. (2001). Psicologia da Gravidez
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Costa, R. A., Figueiredo, B., Pacheco, A. P., & Pais,
Expectativas Experiência Expectativas Experiência Expectativas Experiência Expectativas Experiência Expectativas Experiência Expectativas Experiência
Positiva
Positiva
Positiva
Positivas
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Positiva
Positivas
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Negativas
Negativas
E1
A. (2003). Parto: Expectativas, Experiência, Dor
Positivas
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Positivas
Positiva
Positiva
E2
Negativas
Negativas
Negativas
e Satisfação. Psicologia, Saúde & Doenças, 4 (1),
47­‑ 67. Retirado de: http://repositorium.sdum.
Positivas
Positiva
Positivas
Positiva
Positivas
Positivas
Positiva
Positivas
Parto
Positiva
E3
Negativa
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natural
uminho.pt/handle/1822/3758
Positivas
Positiva
Positiva
Positiva
Positiva
Positiva
Positivas
Positiva
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Positivas
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Positiva
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Costa, R., Figueiredo, B., Pacheco, A., Marques,
Positivas
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Positiva
E5
Negativas
Negativa
Negativas
Negativas
A., & Pais, A. (2005). – Questionário de Antecipa‑
Positivas
Positivas
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Positiva
Positivas
Positiva
Positivas
Parto
Negativa
E6
Negativa
Negativas
ção do Parto (QAP). Psychologica, 38, 265­‑295.
natural
Positivas
Positiva
Positiva
Positiva
Positiva
Positivas
Positiva
Positiva
E7
Negativas
Negativas
Negativa
Negativas
Retirado de: http://repositorium.sdum.uminho.
pt/handle/1822/4641
Positivas
Positiva
Positiva
Positiva
Positiva
Positiva
Positiva
Positiva
Positiva
Positivas
Positiva
E8
Negativas
Fowles, E. R. (1998). Labor concerns of women
Positivas
Positiva
Positiva
Positiva
Positivas
Positiva
Positiva
Positiva
E9
Negativas
Negativas
Negativas
Negativas
two months after delivery. Birth, 25 (4), 235­‑240.
doi: 10.1046/j.1523­‑536X.1998.00235.x
Figura 3. A Relação entre as expectativas e a experiência de trabalho de parto das mulheres do estudo
Figura 3. A Relação entre as expectativas e a experiência de trabalho de parto das mulheres do estudo
Gibbins, J., & Thomson, A. M. (2001). Wo‑
men’s expectations and experiences of chil‑
dbirth. Midwifery, 17 (4), 302­
‑313.
doi:
uma sensação de satisfação, quando as experiências confir‑
10.1177/1363459313476964.
Green, J. M. (1993). Expectations and experiences of pain in labor:
maram as expetativas (positivas) ou superaram as expecta‑
findings from a large prospective study. Birth. 20 (2), 65­‑72. doi:
tivas criadas ao longo da gravidez, e a desilusão, quando as
10.1111/j.1523­‑536X.1993.tb00419.x.
experiências diferiram negativamente das suas expetativas.
Guerra, M. J. (2010). O Parto Desejado: Expectativas de um Grupo de Grá‑
vidas. Porto: Instituto de Ciências da Saúde da Universidade Católica
Portuguesa, Tese de Mestrado.
Halldorsdottir, S., & Karlsdottir, S. I. (1996). Journeying through labour
O presente estudo reafirma o trabalho de parto como um
and delivery: perceptions of women who have given birth. Midwifery,
acontecimento único no ciclo de vida da mulher e uma ex‑
12 (2), 48–61. doi: 0.1016/S0266­‑6138(96)90002­‑9.
periência fortemente personalizada. Os relatos sobre a ex‑
Hallgren, A., Kihlgren, M., Norberg, A., & Forslin, L. (1995). Wo‑
periência de trabalho de parto confirmam o modo pessoal
men’s perceptions of childbirth and childbirth education be‑
como cada mulher antecipou e percecionou a sua experiên‑
fore and after education and birth. Midwifery, 11 (3), 130­‑137. doi:
cia de trabalho de parto. Entretanto, os dados analisados de‑
10.1016/0266­‑6138(95)90027­‑6.
Heaman, M., Beaton, J., Gupton, A., & Sloan, J. (1992). A comparison of chil‑
monstraram que existem fatores que facilitaram ou dificulta‑
dbirth expectations in high­‑risk and low­‑risk pregnant women. Clinical
ram a experiência de trabalho de parto e, por conseguinte,
Nursing Research. 1 (3), 252­‑265. doi: 10.1177/105477389200100305
influenciaram positiva ou negativamente o modo como a
Hodnett, E. D. (2002). Pain and women’s satisfaction with the experi‑
experiência de trabalho de parto foi percecionada.
ence of childbirth: A systematic review. American Journal of Obstet‑
As principais conclusões do estudo baseiam­‑se no resul‑
rics & Gynecology. 186 (5) (Suppl.), 160­
‑172. doi: 10.1016/S0002­
‑9378(02)70189­‑0
tado da equação entre as expectativas e a experiência de
Kitzinger, S. (1984). A Experiência de Parto. Lisboa: Instituto Piaget.
trabalho de parto. De facto, se quisermos melhorar as expe‑
Maggioni, C., Margola, D., & Filippi, F. (2006). PTSD, risk factors, and ex‑
riências de trabalho de parto das mulheres, precisamos de
pectations among women having a baby: A two­‑wave longitudinal
compreender a relação existente entre as expectativas des‑
study. Journal of Psychosomatic Obstetrics & Gynecology, 27 (2), 81­‑90.
tas mulheres e a sua perceção sobre a experiência de traba‑
doi: 10.1080/01674820600712875.
lho de parto. Assim, este estudo permitiu concluir que a par‑
Oweis, A., & AbushaikhaA, L. (2004). Jordanian pregnant women´s expec‑
tations of their first childbirth experience. International Journal of Nur‑
tir do conhecimento das expectativas das mulheres em rela‑
sing Practice, 10 (6), 264­‑271. doi: 10.1111/j.1440­‑172x.2004.00488.x
ção ao trabalho de parto, poderemos direcionar o acompa‑
Simkin, P. (1991). Just another day in a woman’s life? Part I: Women’s long­
nhamento das mulheres e a sua preparação com o objetivo
‑term perceptions of their first birth experience. Birth, 18 (4), 203­‑210.
de otimizar e valorizar a sua satisfação com a experiência de
doi: 10.1111/j.1523­‑536X.1991.tb00103.x.
trabalho de parto.
Simkin, P. (1992). Just another day in a woman’s life? Part II: Nature and
consistency of women’s long term memories of their first birth expe‑
riences. Birth, 19 (2), 64­‑81. doi: 10.1111/j.1523­‑536X.1992.tb00382.x.
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Journal of Psychosomatic Research, 47 (5), 471­
‑482. doi: 10.1016/
tric, Gynecologic, & Neonatal Nursing, 37 (1), 24­‑34. doi: 10.1111/j.1552­‑
S0022­‑3999(99)00043­‑4.
‑6909.2007.00203.x.
Presença da Figura
Significativa
Apoio prestado pelos
Profissionais da Saúde
Participação da Mulher
nas Decisões sobre o
Trabalho de Parto e
Perceção de Controlo
Ligação mãe-filho
Imediatamente Após o
Nascimento
Dor no Trabalho de
Parto e as estratégias
para gerir a dor
Circunstâncias
obstétricas (duração,
intervenções obstétricas)
CONCLUSÕES
BIBLIOGRAFIA
REVISTA DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DOS ENFERMEIROS OBSTETRAS — N.º 14/2014 31
Tradução e adaptação cultural
do Parents' postnatal sense of security
(PPSS) – Versão materna e versão
paterna
Cândida Pinto1, Cátia Martins2; Marinha Carneiro3
RESUMO
Enquadramento: O período pós­‑natal é uma fase essencial no processo de
transição para uma parentalidade autónoma. A autonomia está associada à
segurança parental, para a qual contribui o apoio fornecido pelos profissio‑
nais de enfermagem.
Objetivo: traduzir e adaptar dois instrumentos que permitem avaliar a
perceção de segurança da mãe e do pai, na primeira semana após o nas‑
cimento.
Método: trata­‑se de um estudo metodológico, ao analisar a fidelidade e
validade de instrumentos. A amostra foi constituída por 96 mães e 96 pais na
primeira semana após o nascimento.
Resultados: Os resultados da análise exploratória com rotação varimax
mostram uma versão paterna com uma estrutura conceptual semelhante ao
original. Apesar da versão materna incluir menos um item do que a versão
original, aproxima­‑se da sua estrutura concetual, quando sujeita a uma aná‑
lise exploratória forçada a 4 fatores. Os valores de consistência interna ob‑
tidos pelo alfa de Cronbach situam­‑se entre 0,67 e os 0,89 nas versões ma‑
terna e paterna.
Conclusões: O estudo revelou que o PPSS, versão materna e versão pa‑
terna, são instrumentos válidos e fiáveis, sendo necessário reforçar o pro‑
cesso de validação em estudos posteriores. A sua utilização na prática po‑
derá potenciar uma transição para uma parentalidade autónoma e segura.
Palavras chave: Pais; Enfermagem Obstétrica; Escalas
ABSTRACT
Background: the early postpartum period is an important step in the transi‑
tion process to an independent parenting. The autonomy is linked to parental
security, for which the support provided by nursing professionals is essential.
Aim: to translate and to adapt two instruments for assessing the sense of
security of both parents in the first week after childbirth.
Methodology: The research has a methodological design to study the re‑
liability and validity of two instruments. The sample was composed by 96
mothers and 96 fathers in the first week after childbirth.
Results: The results of exploratory factor analysis, with varimax rotation,
in the paternal version, present a conceptual framework similar to the origi‑
nal. Although the maternal version included one less item than the original
version, it is approximated to the original conceptual structure when sub‑
jected to an exploratory analysis forced to 4 factors. The values obtained for
internal consistency by Cronbach’s alpha lie between 0.67 and 0.89 on the
maternal and paternal versions.
Conclusions: The study revealed that the PPSS instrument, whether in the
maternal or paternal version, is valid and reliable, being necessary to streng‑
then the process of validation in further studies. Its use in practice may pro‑
mote a transition to an autonomous and safe parenthood.
Keywords: Parents; Obstetrical Nursing; Scales
EESIP; PhD; Professora Coordenadora ESEP; [email protected]
Mestre em Enfermagem de Saúde Materna e Obstetrícia, CHMA – Unidade de Famalicão,
E.P.E.; [email protected]
3
EESMO; PhD; Professora Coordenadora ESEP; [email protected]
1
2
32
RESUMEN
Contextualización: El período postnatal es un paso clave en la transición
hacia una parentalidad independiente. La autonomía se asocia con la con‑
fianza que tienen los padres. En este sentido, el apoyo prestado por los pro‑
fesionales de enfermería es esencial.
Objetivo: En este estudio se ha pretendido traducir y adaptar dos instru‑
mentos para evaluar la percepción de seguridad en la primera semana des‑
pués del nacimiento del bebé.
Metodología: La investigación tiene un diseño metodológico para el es‑
tudio de la fiabilidad y la validez de los instrumentos. La muestra consistió
en 96 madres y 96 padres en la primera semana después del nacimiento.
Resultados: Los resultados del análisis exploratorio con rotación varimax
muestran una versión de los padres, con un marco conceptual similar a lo
original. Aunque la versión materna incluye un punto menos que la versión
original, se aproxima a la estructura conceptual cuando se somete a un aná‑
lisis exploratorio forzado a cuatro factores. Los valores obtenidos para la con‑
sistencia interna mediante el alfa de Cronbach se encuentran entre 0,67 y
0,89 para las versiones materna y paterna, respectivamente.
Conclusiones: El estudio reveló que el PPSS, versiones maternal y pater‑
nal, es un instrumento válido y fiable, siendo necesario fortalecer el proceso
de validación para estudios posteriores. Su uso en la práctica puede promo‑
ver una transición para una parentalidad autónoma y segura.
Palabras clave: Padres; Enfermería Obstétrica; Escalas
INTRODUÇÃO
A transição para a parentalidade é hoje reconhecida como
uma das transições desenvolvimentais mais críticas na vida
dos sujeitos (McKellar, Pincombe e Henderson, 2009). Mas
essa transição inscreve­‑se no percurso singular de cada um
dos elementos do casal sendo influenciada pelos contextos
políticos, económicos e sociais envolventes. Neste âmbito as
mudanças nas famílias contemporâneas, com as novas reor‑
ganizações familiares, com o predomínio de famílias nuclea‑
res e simultaneamente uma cultura social que pressiona para
a assunção do papel de “bons pais” (Choi, Henshaw, Baker
eTree, 2005), o que pode vulnerabilizar esta transição. Assim
no mundo contemporâneo, a investigação tem demostrado
que esta transição pode potenciar instabilidade, sobretudo
para a mulher levando­‑a a sentir­‑se insegura, expressando
sentimentos de ansiedade e stress (Emmanuel, Creedy, St
John e Brown, 2011). Tradicionalmente os cuidados pós­
‑natais estiveram focalizados na mulher e na criança, mas
paulatinamente tem­‑se progredido para um enfoque fami‑
liar incluindo o pai como alvo de cuidados (Persson, Fridlund,
Kvist e Dykes, 2012; Steen, Downe, Bamford e Edozien, 2012).
Paralelamente as mudanças sociais verificadas nas últimas
REVISTA DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DOS ENFERMEIROS OBSTETRAS — N.º 14/2014
décadas confrontam­‑nos com outros desafios. Na maioria
das situações, tendo em conta as taxas de natalidade os pais
são “primíparos”. Isto faz com que enfrentem pela primeira
vez várias situações, que podem potenciar insegurança e
stresse, como as decorrentes da satisfação das necessidades
do recém­‑nascido, nomeadamente a amamentação, as even‑
tuais complicações pós parto e a integração da nova identi‑
dade de “serem pais” nas identidades pré­‑existentes (Ellberg,
Högberg e Lindh, 2010). Neste contexto, o período pós parto
é experienciado de um modo imprevisível, sendo que a ne‑
cessidade de segurança, a participação na tomada de deci‑
são e a vinculação se tornam centrais para o bem­‑estar dos
pais e da própria criança (Fredriksson, Högberg, e Lundman,
2003; Persson e Dykes, 2002).
Anderson (1984) referido por Persson e Dykes (2009) des‑
creve dois tipos de segurança. A segurança básica que diz
respeito à perceção de segurança que se vai construindo
desde a infância, e a perceção de segurança situacional, onde
diferentes situações podem gerar um sentido de segurança
ou insegurança. Neste sentido, a segurança que uma pessoa
experiencia perante uma determinada situação depende de
ambos os tipos de segurança anteriormente referidos. A per‑
ceção de segurança das mães durante a gravidez e o nasci‑
mento está associada com os cuidados de saúde que recebe,
nomeadamente o apoio e informação, com o suporte social,
com o próprio sentido de controlo e atitudes e com o apoio
do parceiro (Melender e Lauri, 2002; Persson e Dykes, 2009).
Por sua vez os pais ao serem incluídos nos cuidados, ao ser­
‑lhes dado a oportunidade para assumirem a responsabili‑
dade, ao assegurarem­‑lhes o bem­‑estar da mãe e da criança,
ao serem tratados como pessoas e ao encontrarem pessoal
de saúde competente, permite­‑lhes promover uma perce‑
ção de segurança nesta nova identidade (Persson et al, 2012).
De facto, os homens se não forem apoiados e ajudados nesta
transição terão mais dificuldade no apoio à sua companheira,
e na assunção do seu papel de pais (Steen, et al, 2012). As‑
sim, os profissionais de saúde em geral, e os enfermeiros em
particular, nomeadamente os enfermeiros especialistas em
saúde materna e obstétrica têm um papel crucial na promo‑
ção da segurança parental relacionada com a transição para
a parentalidade.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
O PPSS é um instrumento desenvolvido para ser aplicado
quer às mães, quer aos pais, e que nos remete para resulta‑
dos relativamente aos sentimentos de segurança dos mes‑
mos no pós­‑parto, nomeadamente na primeira semana após
o nascimento (Persson, Fridlund e Dykes, 2007). Segundo
estes autores, estes instrumentos permitem avaliar dimen‑
sões positivas que podem ser influenciadas pela prática dos
cuidados de saúde, pelo que a análise dos resultados pode
constituir um contributo para a qualidade de cuidados em
saúde. Sob o ponto de vista teórico, estes instrumentos fo‑
ram desenvolvidos a partir de uma investigação qualitativa
(Persson e Dykes, 2002) e sustentados numa revisão biblio‑
gráfica. A duas versões são similares, contudo, os itens estão
adequados à mãe e ao pai. A análise fatorial deste estudo
mostrou quatro dimensões quer para a versão materna, quer
para a versão paterna. Três destas dimensões são comuns
a ambos, sendo elas: empoderamento do comportamen‑
to parental pelo EESMO; sensação de afinidade na família e
sensação de bem­‑estar geral. Para a mãe a quarta dimensão
prende­‑se com a amamentação e para o pai com a sua perce‑
ção do bem­‑estar materno, incluindo também a amamenta‑
ção (Persson e Dykes, 2009).
A versão materna do instrumento contém 18 itens e a ver‑
são paterna 13 itens, todos respeitantes à primeira semana
após o parto. Estes incluem questões relativamente às atitu‑
des e disponibilidade oferecida pelo EESMO/pessoal do ser‑
viço; à atenção, informações e conselhos que foram transmi‑
tidos à mãe; à saúde física e psicológica; aos sentimentos de
participação nos cuidados; aos sentimentos de afinidade en‑
tre os membros da família; à disponibilidade de cuidadores;
e aos sentimentos de segurança.
As escalas apresentam­‑se sob a forma de afirmações, em
que os respondentes reportam o seu grau de concordância
numa escala de Likert, com 4 hipóteses de resposta em que
o «um» corresponde ao não concordo, e o «quatro» ao con‑
cordo plenamente (Persson e Dykes, 2009). Assim, o presente
estudo tem como objetivo a tradução e a adaptação do PPSS
na versão materna e versão paterna, dada a inexistência de
instrumentos similares, e ao percecionarmos a sua utilidade
nos contextos clínicos.
METODOLOGIA
O presente estudo assume um cariz metodológico, na me‑
dida em que se pretende contribuir para o processo de tra‑
dução e adaptação de instrumentos. A adaptação dos ins‑
trumentos já existentes em detrimento da construção de
um novo instrumento, constitui uma mais­‑valia, uma vez
que possibilita um intercâmbio de informação uniformizada
entre a comunidade científica, pela comparabilidade dos re‑
sultados. O processo de tradução e adaptação foi norteado
pelos princípios propostos pela ISPOR (International Society
for Pharmacoeconomics and Outcomes Research) (Wild et al.
2005). Assim obteve­‑se a autorização da autora para a utili‑
zação das escalas, tendo­‑se procedido à análise das mesmas.
Posteriormente foi efetuada a tradução por dois tradutores
independentes cuja língua materna é o português e com co‑
nhecimento fluente em Inglês, por forma a eliminar possíveis
erros que podem decorrer de significados ambíguos nos ins‑
trumentos originais. Essas traduções foram posteriormente
analisadas pela investigadora principal (Martins, 2012) e pela
orientadora no sentido de se identificarem discrepâncias, a
fim de se chegar a um consenso sobre uma primeira versão.
Os pontos de não concordância eram mínimos e nenhum de‑
les impedia a percetibilidade e interpretação do instrumento,
tendo sido relativamente fácil chegar a um consenso sobre a
tradução final. Por sua vez, esta primeira versão foi sujeita a
uma retradução. Não tendo sido possível a realização desta
REVISTA DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DOS ENFERMEIROS OBSTETRAS — N.º 14/2014 33
etapa por um individuo cuja língua materna fosse a do ins‑
trumento original, e segundo Moreira (2004) não sendo isso
indispensável, foi realizada por uma professora de Inglês e
portanto com excelente domínio da língua original do instru‑
mento. Esta tradutora desconhecia o instrumento, seus obje‑
tivos ou conceitos subjacentes. O resultado deste processo
foi muito semelhante ao das versões originais dos instrumen‑
tos, sem alteração do significado ou interpretação dos seus
itens. Chegou­‑se assim, a uma versão consensual com pre‑
servação do sentido dos itens originais e a obtenção de itens
com características adequadas na versão traduzida, como o
preconizado por Moreira (2004). As escalas foram sujeitas a
um pré­‑teste junto de 3 casais que não denotaram qualquer
incompreensão em relação aos itens. Inferimos neste âmbito,
que os instrumentos são facilmente compreensíveis e cultu‑
ralmente adequados e portanto com uma equivalência se‑
mântica, idiomática e concetual em ambas as línguas.
PARTICIPANTES
E PROCEDIMENTOS
O nosso estudo decorreu numa instituição hospitalar públi‑
ca, após obtenção da autorização para a sua realização. Aos
participantes foi solicitado o consentimento informado, tal
como está estabelecido na Declaração de Helsínquia. Um
questionário com a versão materna e outro com a versão pa‑
terna, foram entregues a cada casal durante o internamento
e após o nascimento do seu filho/a, sendo devolvidos ano‑
nimamente no dia da alta. Dado o autopreenchimento, dos
157 questionários entregues a casais, 61 foram eliminados
por não estarem completamente preenchidos. Restaram 96
questionários de cada versão devidamente preenchidos. A
prossecução do estudo com esta amostra foi determinada
pelo número de participantes necessários para o desenvol‑
vimento de uma análise fatorial usando o critério de cinco
participantes por cada item do questionário (Moreira, 2004).
Em termos de caraterização da amostra, a média etária das
mães era de 29,96 anos (DP=5,32), e dos pais de 31,57 anos
(DP=5,37). Em relação ao estado civil mais de 88% eram casa‑
dos ou viviam em união de facto, sendo que 65,6% eram pais
pela primeira vez.
VALIDADE DE CONSTRUCTO
Efetivamos a análise da estrutura concetual do PPSS através
da análise exploratória recorrendo ao método de análise de
componentes principais com rotação varimax. Numa primei‑
ra análise a versão materna apresentava cinco fatores, sen‑
do que os itens referentes à dimensão do bem­‑estar geral se
subdividiam por dois fatores. Com vista à aproximação da
escala original forçamos esta análise de componentes prin‑
cipais a 4 fatores, cuja solução conceptual é sobreponível
à escala original, com exceção do item 10 que saturava na
dimensão Amamentação. A variabilidade da saturação deste
item levou­‑nos à sua eliminação. Porém, em futuros estudos
somos de opinião de que se deve manter, pela avaliação que
tem subjacente “Senti­‑me fisicamente bem”.
Tendo em conta a normalização dos valores de Kaiser­
‑Meyer­‑Oklin (KMO) obtivemos o valor de 0,82 o que nos per‑
mitiu a prossecução da análise fatorial. Retivemos os itens
com carga fatorial igual ou superior a 0,30. Os dados são
apresentados na tabela 1.
Tabela 1 – Resultado da análise dos componentes principais da PPSS (versão
materna), com rotação varimax, valores próprios e específicos e variância
explicada (N=96)
Procedemos de igual modo a uma análise exploratória de
componentes principais com rotação varimax, e normaliza‑
ção dos valores de Kaiser , cujo valor foi de 0,82 para a ver‑
são paterna. Estes resultados são apresentados na tabela 2.
MATERIAL
Neste estudo foi utilizado um questionário sociodemográfi‑
co para ambos os progenitores, e questões referentes à gra‑
videz e parto (Martins, 2012), conjuntamente com a versão
materna e a versão paterna do PPSS, entregue a cada um dos
progenitores.
RESULTADOS
No sentido de contribuirmos para a avaliação das caraterísti‑
cas métricas do PPSS (versão materna/ versão paterna) para
a população portuguesa, efetuamos o estudo da fidelidade e
validade de ambos os instrumentos, seguindo o que foi pre‑
conizado pelos autores (Persson, Fridlund e Dykes, 2007).
34
Tabela 2 – Resultado da análise dos componentes principais da PPSS (versão
paterna) com rotação varimax, valores próprios e específicos e variância
explicada
REVISTA DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DOS ENFERMEIROS OBSTETRAS — N.º 14/2014
Embora o critério de Kaiser oriente para que se devam re‑
ter fatores com valores próprios superiores a 1, Jolliffe (1986)
citado por Field (2005), diz que esse critério é muito res‑
trito, podendo optar­‑se por reter fatores com valores pró‑
prios superiores a 0,70. Neste pressuposto os valores obti‑
dos permitem­‑nos afirmar que o instrumento adaptado ava‑
lia quatro fatores ou dimensões, tal como o instrumento ori‑
ginal, e pela mesma ordem de importância para a compreen‑
são da perceção de segurança parental.
FIDELIDADE
Para procedermos ao estudo da fidelidade recorremos ao cál‑
culo de Alpha de Cronbach, que é o indicador mais aconse‑
lhado para a consistência interna de um instrumento do tipo
escala de Likert, e que exige uma única aplicação do teste
(Coutinho, 2011). Os valores obtidos são considerados ade‑
quados dado o número de itens que constitui cada subes‑
cala, aproximando­‑se dos valores do estudo original (tabela
3 e 4). Porém, na versão materna nesta análise manteve­‑se o
resultado obtido na análise de componentes principais, isto
é, não consta o item 10.
Tabela 3 – Alpha de Cronbach para a escala PPSS – versão materna
Tabela 4 – Alpha de Cronbach para a escala PPSS – versão paterna
DISCUSSÃO
De acordo com as descrições dos pais, o período do pós­
‑parto é um tempo de muitas questões (Fredriksson, Hö‑
gberg, e Lundman, 2003). Incondicionalmente isto remete­
‑nos para a necessidade de uma informação focalizada nas
necessidades de cada casal, e inerente apoio. A preparação
para o parto já divulgada e em prática no nosso país, pode
ser manifestamente insuficiente, pois particularmente os ca‑
sais “primíparos” podem durante a gravidez não saber colo‑
car as questões que lhes poderão surgir após o nascimento
(Persson, et al,2011). Neste âmbito emerge a necessidade de
implementar intervenções cujo objetivo seja melhorar os
cuidados aos pais e recém­‑nascido, informando e orientan‑
do com base nas necessidades individuais, estabelecendo­
‑se modelos que permitam o suporte aquando do regresso
a casa. E inquestionávelmente esse suporte deve ser assu‑
mido pelos profissionais de enfermagem, e em particular
pelos enfermeiros especialistas em saúde materna e ob‑
stétrica, sendo que a investigação revela ser este um apoio
fulcral para o desenvolvimento da segurança na assunção
dos papéis parentais (Persson e Dykes, 2009). É possível que
através do empoderamento tão precoce quanto possível os
pais consigam lidar melhor com a transição para a parentali‑
dade e adaptarem­‑se mais eficazmente, numa parentalidade
autónoma e positiva.
Assim, estes instrumentos poderão ser utilizados na
prática para monitorizar a perceção de segurança dos pais.
Há que referir que a versão paterna avalia a perspetiva do pai,
e não só o seu papel de apoio à mulher, sendo que o envolvi‑
mento da figura paterna na gravidez e no nascimento, é hoje
reclamado como um direito por parte do género masculino,
e que tráz benficios óbvios para a unidade familiar (Persson,
et al, 2012; Steen, et al, 2012).
Pretendemos com este estudo traduzir e adaptar dois
instrumentos que têm como objetivo a avaliação da perce‑
ção de segurança dos pais na primeira semana após o nasci‑
mento. No que se refere à estrutura conceptual que emergiu
pela análise exploratória, a versão materna demonstrou al‑
guma mutabilidade. Numa primeira análise surgiu­‑nos uma
solução com 5 fatores, sendo que a dimensão bem­‑estar apa‑
recia subdividida em duas. Ao forçarmos esse estudo a 4 fa‑
tores, encontramos uma estrutura que consideramos seme‑
lhante à versão original, mas com uma instabilidade no po‑
sicionamento do item 10 «Senti­‑mo fisicamente bem», que
apresentava uma saturação na dimensão «amamentação».
Embora se possa compreender em termos conceptuais a sua
integração nesta dimensão, dada a relevância do sucesso da
amamentação para o bem­‑estar, a retirada deste item desta
subescala aumentava a sua consistência interna. Neste pres‑
suposto, e baseadas numa análise estatística resolvemos eli‑
minar esse item do presente estudo. Porém sugerimos que
em futuros estudos no nosso país, esse item deva ser inte‑
grado. No que concerne à versão paterna, apesar de termos
retido valores próprios inferiores a 1, a solução encontrada é
sobreponível à versão dos autores (Persson, Fridlund e Dykes,
2007).
Assumimos neste estudo, não fazer o teste ‑­ reteste que é
considerada uma medida que atesta a fiabilidade de um ins‑
trumento, dado que nos fornece os mesmos resultados ainda
que aplicado duas vezes à mesma situação ou fenómeno, in‑
dependentemente das circunstâncias em que foi aplicado ou
do investigador que o aplicou (Coutinho, 2011). A isto está
subjacente a reprodutibilidade, que nem sempre na prática é
possível de avaliar. Por exemplo, em situações de grande al‑
terabilidade, não se consegue precisar a estabilidade tempo‑
ral. Os resultados obtidos na primeira semana após o nasci‑
mento, no que se reporta à perceção de segurança, serão in‑
dubitavelmente diferentes se fizéssemos essa colheita na ter‑
REVISTA DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DOS ENFERMEIROS OBSTETRAS — N.º 14/2014 35
ceira ou quarta semana após o nascimento.
Acresce a tudo isto a evidente «juventude» destes instru‑
mentos. Isto confrontou­‑nos com a inexistência de estudos
para além dos autores, que nos permitissem a comparabili‑
dade de resultados, nomeadamente as propriedades de psi‑
cometria. Os próprios autores continuam o seu processo de
validação destes instrumentos (Persson, et al, 2012). Apesar
disto, e por serem no âmbito da pesquisa efetuada os únicos
instrumentos que avaliam individualmente cada elemento
parental, e simultaneamente permitem monitorizar a quali‑
dade de cuidados prestados, a sua aplicabilidade na prática
pode contribuir para ganhos em saúde.
CONCLUSÃO
A qualidade dos cuidados em saúde é hoje um repto colo‑
cado aos profissionais e um objetivo almejado por qualquer
instituição de saúde. No que se refere à transição para a pa‑
rentalidade, os estudos têm vindo a reforçar a necessidade
de se investir em cuidados que se revertam em maior satis‑
fação dos utentes, e potenciem o bem­‑estar quer dos pais,
quer da criança (Ellberg, Högberg e Lindh, 2010; Kvist e Per‑
sson 2009). Para além disso, a integração efetiva do pai num
“mundo” tradicionalmente restrito à mulher, traz para além
da igualdade de género um forte contributo para a constru‑
ção da afinidade familiar com os inerentes ganhos para a sua
dinâmica. Assim, a pesquisa efetuada leva­‑nos a constatar
que até à data, os primeiros instrumentos que visam mo‑
nitorizar a perceção de segurança de ambos os pais, foram
os aqui apresentados. Inquestionavelmente as implicações
da utilização destes instrumentos nos contextos clínicos
parecem­‑nos óbvias. O conhecimento acerca da perceção de
segurança dos pais na primeira semana após o nascimento
permite o desenvolvimento de cuidados mais consentâneos
com as necessidades parentais identificadas. Para além disso,
como referem as próprias autoras (Persson, Fridlund e Dykes,
2007), estes instrumentos podem ser utilizados com variável
de resultado comparando modelos de práticas de cuidados,
e mesmo o tempo de permanência no serviço de puerpério.
Porém, apesar dos dados da psicometria nos conduzir à acei‑
tação da usabilidade destes instrumentos, o facto de serem
recentes, levam­‑nos a inferir da necessidade de futuros estu‑
dos que validem ou refutem estes resultados.
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REVISTA DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DOS ENFERMEIROS OBSTETRAS — N.º 14/2014
Construção das escalas
de conhecimentos e da necessidade
de conhecimentos do pai sobre
a amamentação
João Franco1, Vera Gonçalves2.
RESUMO
Enquadramento: O conhecimento no âmbito da amamentação é determi‑
nante para a sua prática e estabilização, sendo um fator importante para a
sua manutenção. Contudo não existem instrumentos para avaliar e compa‑
rar resultados, bem como para associar com outras variáveis, de modo a ava‑
liar o contributo dos conhecimentos do pai para a implementação e manu‑
tenção da amamentação.
Objetivos: Construir e validar a escala de conhecimentos do pai sobre a
amamentação ECPA) e a escala da necessidade de conhecimentos do pai so‑
bre a amamentação (ENCPA).
Método: Após revisão da literatura e entrevistas, construiu­‑se as duas es‑
calas, compostas por 9 itens. Realizou­‑se um estudo quantitativo, explorató‑
rio e descritivo, com uma amostra aleatória de 150 pais, sendo o estudo pre‑
viamente aprovado pela Comissão de Ética da instituição onde foi realizado.
Resultados: As escalas apresentam boa consistência interna, e uma boa
validade com valores de KMO de 0,880 e 0,864 e uma variância explicada de
71,85% e 72,72%, revelando uma boa fidelidade.
Verificou­‑se a existência de duas dimensões com os mesmos itens, as
quais apresentam um Alpha de Cronbach de 0,834 e 0,917.
Os pais consideram que a sua necessidade de conhecimento é superior
ao conhecimento que possuem sobre a amamentação, revelando estarem
recetivos ao aumento de conhecimento nesta área.
Conclusão: Cada escala possui duas dimensões, revelando uma fideli‑
dade e validade interna. Possui muito boas características para ser utilizada
em estudos que pretendam avaliar o conhecimento do pai na amamentação
e/ou a necessidade de conhecimento do pai na amamentação.
Palavras­‑chave: escala, conhecimento, pai, amamentação, enfermagem
obstétrica.
ABSTRACT
Background: The knowledge within breastfeeding is crucial for its practical
and stabilization is an important factor for its maintenance. However there
are no tools to evaluate and compare results, and to associate with other va‑
riables, in order to assess the contribution of knowledge from father to the
implementation and maintenance of breastfeeding.
Objectives: To construct and validate a scale of knowledge about the
father ECPA) Breastfeeding and the scale of the need for knowledge about
breastfeeding father (ENCPA).
Methods: After a literature review and interviews, we constructed two
scales, composed of 9 items. We conducted a quantitative, exploratory and
descriptive study with a random sample of 150 parents, and the study was
previously approved by the Ethics Committee of the institution where it was
conducted.
Results: The scales have good internal consistency and good validity
with KMO values of
​​ 0.880 and 0.864 and an explained variance of 71.85%
and 72.72%, showing a good fidelity.
EESMO. Professor Coordenador da ESEnfC / Investigador da UICISA­‑E (joaosfranco@gmail.
com).
2
EESMO. Enfermeira na MBB­‑CHUC ([email protected]).
1
Verified the existence of two dimensions with the same items, which
have a Cronbach’s alpha of 0.834 and 0.917.
Parents consider their need for knowledge is superior to their knowle‑
dge about breastfeeding, are revealing recetivos to increase knowledge in
this area.
Conclusion: Each scale has two dimensions, revealing a fidelity and in‑
ternal validity. It has very good characteristics for use in studies aiming to
assess the knowledge of the father in breastfeeding and / or the need for
knowledge of the father in breastfeeding.
Keywords: scale, knowledge, father, nursing, obstetrical nursing.
RESUMEN
Antecedentes: El conocimiento dentro de la lactancia materna es crucial
para su práctica y la estabilización es un factor importante para su manteni‑
miento. Sin embargo no existen herramientas para evaluar y comparar los
resultados, y para asociarse con otras variables, con el fin de evaluar la con‑
tribución de los conocimientos de padres a la implementación y manteni‑
miento de la lactancia materna.
Objetivos: Construir y validar una escala de conocimiento sobre el padre
ECPA) La lactancia materna y la escala de la necesidad de conocimientos so‑
bre el padre lactancia (ENCPA).
Métodos: Después de una revisión de la literatura y entrevistas, se cons‑
truyeron dos escalas, compuesto por 9 artículos. Se realizó un estudio cuan‑
titativo, exploratorio y descriptivo, con una muestra aleatoria de 150 padres,
y el estudio fue aprobado previamente por el Comité de Ética de la institu‑
ción donde se llevó a cabo.
Resultados: Las escalas tienen buena consistencia interna y buena vali‑
dez con valores KMO de 0,880 y 0,864 y una varianza explicada de 71,85% y
72,72%, mostrando una buena fidelidad.
Verificada la existencia de dos dimensiones con los mismos elementos,
que tienen un alfa de Cronbach de 0,834 y 0,917.
Los padres consideran que su necesidad de conocimiento es superior
a sus conocimientos sobre la lactancia materna, están revelando recetivos
para aumentar el conocimiento en esta área.
Conclusión: Cada escala tiene dos dimensiones, revelando una fidelidad
y validez interna. Tiene muy buenas características para su uso en estudios
dirigidos a evaluar el conocimiento del padre en la lactancia materna y / o la
necesidad de conocimiento del padre en la lactancia materna.
Palabras clave: escala, conocimiento, padre, enfermería, matrona.
INTRODUÇÃO
O homem contemporâneo imagina­‑se como pai bastante
presente, carinhoso e atencioso. Como consequência, teria
um bom relacionamento com o seu filho, educando­‑o e ser‑
vindo de exemplo (Levy, 2002). Sabe­‑se que um sentimen‑
to positivo sobre a amamentação leva o pai a exercer maior
influência sobre a decisão da mulher em amamentar e em
manter a amamentação por mais tempo.
No entanto, apesar do pai demonstrar interesse e disposi‑
ção em ajudar a mulher durante o período da amamentação,
REVISTA DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DOS ENFERMEIROS OBSTETRAS — N.º 14/2014 37
a falta de conhecimento sobre aspetos práticos da amamen‑
tação pode levá­‑lo a influenciar a mulher para o uso de subs‑
titutos do leite materno, por esta aparentar ser a opção mais
fácil quando surgem dificuldades, levando ao abandono pre‑
coce da amamentação (Ibidem).
QUADRO TEÓRICO
No estudo de Goodman (2005) a amamentação foi identi‑
ficada como uma fonte significativa de frustração. Alguns
pais (homens) cujos filhos eram amamentados não estavam
preparados para isso e ficaram surpreendidos com o efeito
da amamentação nas suas vidas e nas relações com os seus
filhos, mas, alguns pais falam com satisfação do início do en‑
volvimento deles nesse período da amamentação e de como
desenvolveram os seus próprios caminhos para criarem laços
com o bebé. Eles tocavam muito no bebé, cantavam, brinca‑
vam com ele, e assim foram desenvolvendo intimidade com
os seus filhos.
A falta de conhecimentos do pai e conceitos errados
acerca da amamentação, podem ser um obstáculo à sua pre‑
valência. Algumas atitudes paternas contrárias à amamenta‑
ção podem ser desencadeadas durante a gravidez e durante
o período da amamentação, como o ciúme decorrente da
maior proximidade física e emocional entre a mãe e o filho e,
o facto de o pai não poder participar diretamente na alimen‑
tação da criança (Ibidem).
Neste sentido a avaliação dos conhecimentos do pai, bem
como da sua necessidade de conhecimentos, podem deter‑
minar a sua expetativa face à amamentação e planear inter‑
venções mais focalizadas. Contudo não existem instrumen‑
tos capazes de avaliar e comparar resultados nestas duas
áreas. De acordo com o exposto definiu­‑se como objetivos:
construir e validar a escala de conhecimentos do pai sobre a
amamentação (ECPA) e construir e validar a escala da neces‑
sidade de conhecimentos do pai sobre a amamentação (EN‑
CPA).
Relativamente aos conhecimentos do pai sobre amamen‑
tação, verifica­‑se que no Dicionário da Língua Portuguesa
(2010, p. 402) que conhecimento é definido como “faculdade
de conhecer; domínio teórico e/ou prático de determinada
área”, e conhecer significa “ter ideia ou noção de algo”. Deste
modo conhecimento do pai sobre amamentação considera­
‑se, para o atual estudo, a informação de que o pai é deten‑
tor, acerca da amamentação.
Quanto à necessidade de conhecimentos do pai sobre
amamentação, no Dicionário da Língua Portuguesa (2010, p.
602) “necessidade” é definida como “falta, carência…”. Deste
modo, e considerando a definição de conhecimento pelo Di‑
cionário de Língua Portuguesa, necessidade de conhecimen‑
tos do pai sobre amamentação considera­‑se, para o atual es‑
tudo, a falta de informação de que o pai é detentor acerca da
amamentação.
METODOLOGIA
Foi inicialmente realizado um estudo qualitativo, tendo por
38
base a análise de entrevistas realizadas a pais, mães e enfer‑
meiros, bem como revisão bibliografia, que permitiu selecio‑
nar 9 itens, os quais integram a escala de conhecimentos do
pai sobre amamentação (ECPA) e a escala de necessidade de
conhecimento do pai sobre amamentação (ENCPA).
Na ECPA procura­‑se avaliar o nível de conhecimento do
pai, e na ENCPA procura­‑se avaliar a necessidade de conheci‑
mento do pai, relativamente a cada item através de uma es‑
cala ordinal de 1 a 5, correspondendo 1 a muito baixo, 2 a
baixo, 3 a médio, 4 a alto e 5 a muito alto.
A partir deste estudo realizou­‑se um estudo quantitativo,
do tipo exploratório­‑descritivo, com uma amostra não pro‑
babilística, constituída por 150 pais (homens), selecionados
aleatoriamente num internamento de puerpério, que aceita‑
ram participar no estudo, com os seguintes critérios de inclu‑
são: filhos recém­‑nascidos com mais de 48 horas de vida; sa‑
ber ler e escrever.
Foi utilizado o questionário para colheita de dados, o qual
era composto pela caracterização da amostra, a ECPA e a EN‑
CPA. Obteve­‑se autorização da Comissão de Ética da institui‑
ção e foi informado cada pai do tema e objetivos do estudo,
bem como solicitada a sua colaboração na participação atra‑
vés do preenchimento de um consentimento informado.
Os dados foram trabalhados pelos autores com recurso ao
SPSS 20.0.
RESULTADOS
A idade dos pais estava compreendida entre 19 e os 52 anos,
existindo uma maior frequência relativa no grupo etário
compreendido entre os 31 e os 36 anos (48,7%), seguido do
grupo etário entre os 25 e os 30 anos (20,7%). A média de
idades é 32,57 anos, com um desvio padrão de 5,841, sendo
a moda de 33 e a mediana 33,0 anos.
A maioria dos pais (60,7%) não tinha filhos anteriores e
39,3% dos pais tinha filhos anteriores. No que respeita ao es‑
tado civil, 69,3% estavam casados, 16,0% era solteiros, 11,3%
viviam em união de facto e 3,3% estavam separados ou di‑
vorciados.
DESCRIÇÃO DA ECPA E DA ENCPA
Quanto à ECPA, verifica­‑se que relativamente às vantagens
da amamentação para a mãe 38,0% dos pais situa­‑se no ní‑
vel 4, 22,7% no nível 5, 20,7% no nível 3, 16,0% no nível 2 e
2,7% situa­‑se no nível 1 de conhecimento, a média é 3,62, o
desvio padrão 1,085, a moda é 4 e a mediana é 4,0. Quanto
ao conhecimento sobre as vantagens da amamentação para
o bebé, 34,7% dos pais situa­‑se no nível 5 de conhecimento,
33,3% no nível 4, 18,0% no nível 3, 12,0% no nível 2 e 2,0% no
nível 1, a média é 3,87, o desvio padrão 1,085, a moda 4 e a
mediana 4,0. Quanto ao conhecimento sobre as vantagens a
nível económico, 38,0% dos pais inquiridos situa­‑se no nível
5 de conhecimento, 32,7% no nível 4, 16,0% no nível 3, 10,7%
no nível 2 e 2,7% no nível 1, a média é 3,93, o desvio padrão
1,100, a moda é 5 e a mediana 4,0. Acerca do conhecimen‑
to sobre as vantagens da amamentação para o ambiente,
REVISTA DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DOS ENFERMEIROS OBSTETRAS — N.º 14/2014
verifica­‑se que 29,3% dos pais inquiridos situa­‑se no nível 4
de conhecimento, 25,3% situa­‑se o nível 3, 24,0% no nível 5,
15,3% no nível 2 e 6,0% no nível 1, a média é 3,50, o desvio
padrão 1,186, a moda 4 e a mediana 4,0. Relativamente ao
conhecimento sobre as características do leite materno
26,7% dos pais situa­‑se no nível 5 de conhecimento, 24,0%
no nível 3, 22,0% no nível 4, 18,7% no nível 2 e 8,7% no
nível 1, a média é 3,39, o desvio padrão 1,295, a moda 5 e a
mediana 3,0. Quanto ao conhecimento sobre a posição da
mãe e do bebé durante a amamentação, 30,7% dos pais in‑
o seu 33,3%
conhecimento
3, 28,0%
situa
nono
sequiridos
no nível 5 desitua
conhecimento,
no nível 4, 18,0%no
no nível
nível 3, 12,0%
no nível
2 e 2,0%
nível
1, a média
é 3,87, ono
desvio
padrão
a moda
e a mediana
4,0. Quanto
conhecimento
nível
4, 18,0%
nível
2, 1,085,
13,3%
no 4nível
5 e 10,0%
noaonível
1, a
sobre
as vantagens
económico,
38,0%
dos pais a
inquiridos
no nível 5 de
média
é 3,17,aonível
desvio
padrão
é 1,172,
modasitua-se
3 e a mediana
conhecimento, 32,7% no nível 4, 16,0% no nível 3, 10,7% no nível 2 e 2,7% no nível 1, a média é
3,0. Acerca do conhecimento sobre a fisiologia da lactação,
3,93, o desvio padrão 1,100, a moda é 5 e a mediana 4,0. Acerca do conhecimento sobre as
32,0%dados
pais inquiridos
situa
o seu
nositua-se
nívelno
vantagens
amamentação
para o ambiente,
verifica-se
queconhecimento
29,3% dos pais inquiridos
nível
de conhecimento,
25,3%
situa-se ono
nívelnível
3, 24,0%
nível 5, no
15,3%
no nível
6,0% no
3, 426,0%
no nível
2, 20,0%
1,no12,7%
nível
4 2ee9,3%
nível 1, a média é 3,50, o desvio padrão 1,186, a moda 4 e a mediana 4,0. Relativamente ao
situa no nível 5, a média é 2,65, o desvio padrão é 1,204, a
conhecimento sobre as características do leite materno 26,7% dos pais situa-se no nível 5 de
moda 3 e a mediana 3,0. Relativamente ao conhecimento
conhecimento, 24,0% no nível 3, 22,0% no nível 4, 18,7% no nível 2 e 8,7% no nível 1, a média é
sobre
ospadrão
direitos
mãe e3,0.do
pai aodurante
a amamen‑
3,39,
o desvio
1,295, legais
a moda 5 da
e a mediana
Quanto
conhecimento
sobre a posição
datação,
mãe e do 28,0%
bebé durante
a amamentação,
30,7%
dos pais
inquiridos
o seu conhecimento no
dos
pais situa­
‑se no
nível
3 desituaconhecimento,
nível 3, 28,0% situa no nível 4, 18,0% no nível 2, 13,3% no nível 5 e 10,0% no nível 1, a média é
24,7% no nível 4, 22,0% no nível 2, 13,3% no nível 1 e 12,0%
3,17, o desvio padrão é 1,172, a moda 3 e a mediana 3,0. Acerca do conhecimento sobre a fisiologia
situa­‑se no nível 5 de conhecimento, a média é 3,00, o desvio
da lactação, 32,0% dos pais inquiridos situa o seu conhecimento no nível 3, 26,0% no nível 2, 20,0%
é 1,221,
e nível
a mediana
dosé pro‑
nopadrão
nível 1, 12,7%
no nível 4ae moda
9,3% situa3no
5, a média é 3,0.
2,65, oAcerca
desvio padrão
1,204, a
moda
3 e a mediana
Relativamente
ao conhecimento
sobre os direitos
legais da
mãe pais
e do pai
blemas
que 3,0.
podem
surgir
na amamentação,
28,7%
dos
durante a amamentação, 28,0% dos pais situa-se no nível 3 de conhecimento, 24,7% no nível 4,
inquiridos situa o seu conhecimento no nível 2, 26,7% no ní‑
22,0% no nível 2, 13,3% no nível 1 e 12,0% situa-se no nível 5 de conhecimento, a média é 3,00, o
vel 3, 23,3% no nível 1, 14,7% no nível 4 e 6,7% situa­‑se no
desvio padrão é 1,221, a moda 3 e a mediana 3,0. Acerca dos problemas que podem surgir na
nível 5, a28,7%
média
é 2,53,
o desvio
padrão
é 1,191,
e a3,
amamentação,
dos pais
inquiridos
situa o seu
conhecimento
no nívela2,moda
26,7% no2nível
23,3%
no nível 1,2,0
14,7%
no nível 4 e 6,7% situa-se no nível 5, a média é 2,53, o desvio padrão é
mediana
(Quadro1).
1,191, a moda 2 e a mediana 2,0 (Quadro1).
Quadro 1 - Distribuição das respostas dos pais à ECPA
Quadro 1 ‑­ Distribuição das respostas dos pais à ECPA
Escala do conhecimento do pai sobre
amamentação (ECPA)
Vantagens da amamentação para a mãe.
Vantagens da amamentação para o bebé.
Vantagens da amamentação a nível
económico
Vantagens da amamentação para o
ambiente
Características do leite materno
Posição da mãe e do bebé na
amamentação
Fisiologia da lactação
Direitos legais da mãe e do pai durante a
amamentação
Problemas que podem surgir na
amamentação
Nível de conhecimento
%
X
Sd Mo Md
1
2
3
4
5
2,7 16,0 20,7 38,0 22,7 3,62 1,085 4 4,0
2,0 12,0 18,0 33,3 34,7 3,87 1,085 5 4,0
2,7 10,7 16,0 32,7 38,0 3,93 1,100
5
4,0
6,0 15,3 25,3 29,3 24,0 3,50 1,186
4
4,0
8,7 18,7 24,0 22,0 26,7 3,39 1,295
5
3,0
10,0 18,0 30,7 28,0 13,3 3,17 1,172
3
3,0
20,0 26,0 32,0 12,7 9,3 2,65 1,204
3
3,0
13,3 22,0 28,0 24,7 12,0 3,00 1,221
3
3,0
23,3 28,7 26,7 14,7 6,7 2,53 1,191
2
2,0
No que respeita à ENCPA, relativamente às vantagens da
amamentação para a mãe, 38,7% dos pais inquiridos situa­
‑se no nível 5, 30,7% no nível 4, 16,7% no nível 3, 10,0% no
nível 2 e 4,0% situa­‑se no nível 1, a média é 3,90, o desvio
padrão 1,145, a moda é 5 e a mediana 4,0. Relativamente
às vantagens da amamentação para o bebé, 37,3% dos pais
situa­‑se no nível 5, 28,7% no nível 4, 18,0% no nível 3, 11,3%
no nível 2 e 4,7% situa­‑se no nível 1, a média é 3,83, o des‑
vio padrão 1,186, a moda 5 e a mediana 4,0. Quanto às van‑
tagens da amamentação a nível económico, 37,3% dos pais
inquiridos situa­‑se no nível 5, 25,3% no nível 4, 17,3% no ní‑
vel 3, 13,3% no nível 2 e 6,7% situa­‑a no nível 1, a média é
de 3,73, o desvio padrão é de 1,273, a moda é 5 e a mediana
é 4,0. Relativamente às vantagens da amamentação para o
ambiente, 36,7% dos pais situa­‑se no nível 4, 31,3% no nível
5, 19,3% no nível 3, 8,7% no nível 2 e 4,0% situa­‑a no nível
1, a média é 3,83, o desvio padrão 1,091, a moda 4 e a me‑
diana 4,0. Quanto às características do leite materno, 50,7%
dos pais situa­‑se no nível 5, 21,3% no nível 4, 8,7% no nível
3, 7,3% no nível 2 e 2,0% situa­‑se no nível 1 de necessidade
No que respeita à ENCPA, relativamente às vantagens da amamentação para a mãe, 38,7% dos
de conhecimento, a média é 4,11, o desvio padrão é 1,078, a
pais inquiridos situa-se no nível 5, 30,7% no nível 4, 16,7% no nível 3, 10,0% no nível 2 e 4,0%
moda 5 e a mediana 5,0. Acerca da posição da mãe e do bebé
situa-se no nível 1, a média é 3,90, o desvio padrão 1,145, a moda é 5 e a mediana 4,0.
na amamentação,
48,0%
dos pais
situa­
‑se nononível
Relativamente
às vantagens da
amamentação
para oinquiridos
bebé, 37,3% dos
pais situa-se
nível 5,
28,7%
no nível no
4, 18,0%
no nível
3, 11,3% no
2 e 4,7%
situa-se no
1, a média
3,83, o
5, 24,0%
nível
4, 19,3%
nonível
nível
3, 6,7%
nonível
nível
2 e é2,0%
desvio padrão 1,186, a moda 5 e a mediana 4,0. Quanto às vantagens da amamentação a nível
no nível 1, a média é 4,09, o desvio padrão 1,058, a moda 5
económico, 37,3% dos pais inquiridos situa-se no nível 5, 25,3% no nível 4, 17,3% no nível 3, 13,3%
e nível
a mediana
4,0.
fisiologia
daélactação,
45,3%
no
2 e 6,7% situa-a
no Relativamente
nível 1, a média é de 3,73,
o desvio padrão
de 1,273, a moda
é5ea
mediana
é 4,0. Relativamente
às‑se
vantagens
da amamentação
para no
o ambiente,
dos pais
dos inquiridos
situa­
no nível
5, 28,7%
nível 36,7%
4, 16,0%
situa-se no nível 4, 31,3% no nível 5, 19,3% no nível 3, 8,7% no nível 2 e 4,0% situa-a no nível 1, a
no nível 3, 7,3% no nível 2 e 2,7% no nível 1, a média é 4,07,
média é 3,83, o desvio padrão 1,091, a moda 4 e a mediana 4,0. Quanto às características do leite
o desvio padrão é 1,072, a moda 5 e a mediana 4,0. Acerca
materno, 50,7% dos pais situa-se no nível 5, 21,3% no nível 4, 8,7% no nível 3, 7,3% no nível 2 e
dossitua-se
direitos
da mãe
e do pai durante
a oamamentação
2,0%
no nívellegais
1 de necessidade
de conhecimento,
a média é 4,11,
desvio padrão é 1,078,
a40,7%
moda 5 e dos
a mediana
5,0.
Acerca
da
posição
da
mãe
e
do
bebé
na
amamentação,
dos pais
pais inquiridos situa­‑se no nível 5, 32,0%48,0%
no nível
inquiridos situa-se no nível 5, 24,0% no nível 4, 19,3% no nível 3, 6,7% no nível 2 e 2,0% no nível
4, 18,7% no nível 3, 6,7% no nível 2 e 2,0% situa no nível 1, a
1, a média é 4,09, o desvio padrão 1,058, a moda 5 e a mediana 4,0. Relativamente fisiologia da
média45,3%
é 4,03,
o desvio
1,023,
a moda
5 nível
e a 3,mediana
lactação,
dos inquiridos
situa-sepadrão
no nível 5, 28,7%
no nível
4, 16,0% no
7,3% no nível
24,0.
e 2,7%
no nível 1, a média éaos
4,07, problemas
o desvio padrão éque
1,072,podem
a moda 5 esurgir
a mediana
4,0. Acerca
Relativamente
durante
dos direitos legais da mãe e do pai durante a amamentação 40,7% dos pais inquiridos situa-se no
na amamentação, 48,7% dos pais situa­‑se no nível 5, 33,3%
nível 5, 32,0% no nível 4, 18,7% no nível 3, 6,7% no nível 2 e 2,0% situa no nível 1, a média é 4,03,
no nível 4, 10,0% no nível 3, 5,3% no nível 2 e 2,7% situa no ní‑
o desvio padrão 1,023, a moda 5 e a mediana 4,0. Relativamente aos problemas que podem surgir
vel 1nadeamamentação,
necessidade
depais
conhecimento,
a média
durante
48,7% dos
situa-se no nível 5, 33,3%
no nívelé4,4,20,
10,0% o
no des‑
nível 3,
5,3%
e 2,7% situa
no nível 5
1 de
de conhecimento,
a média
vionoé nível
de 21,003,
a moda
e necessidade
a mediana
4,0 (Quadro
2).é 4,20, o desvio
é de 1,003, a moda 5 e a mediana 4,0 (Quadro 2).
Quadro 2- Distribuição das respostas dos pais à ENCPA
Quadro 2­‑ Distribuição das respostas dos pais à ENCPA
Escala da necessidade de conhecimento do
pai sobre amamentação (ENCPA)
Vantagens da amamentação para a mãe.
Vantagens da amamentação para o bebé.
Vantagens da amamentação a nível económico
Vantagens da amamentação para o ambiente
Características do leite materno
Posição da mãe e do bebé na amamentação
Fisiologia da lactação
Direitos legais da mãe e do pai durante a
amamentação
Problemas que podem surgir na amamentação
Necessidade de conhecimento
%
M
X
Sd
o
3
4
5
16,7 30,7 38,73,90 1,145 5
18,0 28,7 37,3 3,83 1,186 5
17,3 25,3 37,3 3,73 1,273 5
19,3 36,7 31,3 3,83 1,091 4
8,7 21,3 50,7 4,11 1,078 5
19,3 24,0 48,0 4,09 1,058 5
16,0 28,7 45,3 4,07 1,072 5
1
2
4,0 10,0
4,7 11,3
6,7 13,3
4,0 8,7
2,0 7,3
2,0 6,7
2,7 7,3
Md
4,0
4,0
4,0
4,0
5,0
4,0
4,0
2,0 6,7
18,7 32,0 40,7 4,03 1,023
5 4,0
2,7 5,3
10,0 33,3 48,7 4,20 1,003
5 4,0
Fidelidade das escalas
Fidelidade das escalas
Verificou­‑se a relação de cada item com o total da escala
para avaliar se era necessário excluir algum dos 9 itens (qua‑
dro 3). Decidiu­‑se manter os 9 itens da escala, por os valores
de correlação de cada item com o total da escala ser superior
a 0,300, exceto no item 8 da ECPA. Contudo decidiu­‑se não
excluir este item, por se considerar importante na avaliação
do conhecimento.
O valor do Alpha de Cronbach foi de 0,915 e 0,914, respeti‑
vamente na ECPA e ENCPA, os quais, segundo Pestana e Ga‑
geiro (2000), indicam que estamos perante uma escala com
boa fiabilidade.
REVISTA DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DOS ENFERMEIROS OBSTETRAS — N.º 14/2014 39
algum dos 9 itens (quadro 3). Decidiu-se manter os 9 itens da escala, por os valores de correlação
de cada item com o total da escala ser superior a 0,300, exceto no item 8 da ECPA. Contudo decidiuse não excluir este item, por se considerar importante na avaliação do conhecimento.
O valor do Alpha de Cronbach foi de 0,915 e 0,914, respetivamente na ECPA e ENCPA, os quais,
segundo Pestana e Gageiro (2000), indicam que estamos perante uma escala com boa fiabilidade.
Verificou-se a relação de cada
item
o total
da escala
para
avaliar se era necessário excluir
Quadro
3 -com
Relação
dos itens
da ECPA
e ENCPA.
Quadro
3 ‑­ Relação
dosositens
da ECPA
e ENCPA.
algum dos 9 itens (quadro
3). Decidiu-se
manter
9 itens
da escala,
por os valores de correlação
de cada item com o total da escala ser superior a 0,300, exceto no ECPA
item 8 da ECPA.ENCPA
Contudo decidiur item do
Aαconhecimento.
se
r item
Aα se
se não excluir este item, por seITEM
considerar importante na avaliação
com o
item
com o
item
O valor do Alpha de Cronbach foi de 0,915 e 0,914, respetivamente
na ECPAtotal
e ENCPA,
os quais,
total eliminado
eliminado
1 -Pestana
Vantagense da
amamentação
a mãe;que estamos perante
,795 uma
,900
,899
segundo
Gageiro
(2000),para
indicam
escala,782
com boa
fiabilidade.
2 - Vantagens da amamentação para o bebé;
,776
,901
,807
,897
Quadro 3 -aRelação
dos itens da ECPA
e ENCPA.
3 - Vantagens da amamentação
nível económico;
,715
,905
,692
,906
4 - Vantagens da amamentação para o ambiente;
,662
,909
,769
,900
5 - Características do leite materno;
,732
,904
,730
,903
6 - Posição da mãe e do bebé na amamentação;
,704
,906
,708
,904
ECPA
ENCPA
7 - Fisiologia da lactação;
,745
,903
,642
,909
8 - Direitos Legais da mãe
e do pai durante a amamentação
,547
,915 Aα se
r item ,917
Aα se,534 r item
ITEM
9 - Problemas que podem surgir na Amamentação.
,687
com o ,907item ,653com ,908
o
item
Alpha de Cronbach
0,915
0,914
total eliminado total eliminado
1 - Vantagens da amamentação para a mãe;
,795
,900
,782
,899
De seguida recorreu-se à análise fatorial de modo a verificar a existência de fatores. Para validar a
2 - Vantagens
da
amamentação
para o bebé;
,776 de ,901
,807
,897
De
seguida
recorreu­
‑
se
à
análise
fatorial
modo
a
verifi‑
utilização
análise fatorial apara
estas
variáveis realizaram-se ,715
os testes de
Kaiser-Meyer-Olkin
3 - Vantagens
dada
amamentação
nível
económico;
,905
,692
,906
(KMO)
o teste
de esfericidade
deoBartlett.
Estes testes
apresentam
valores,909
de 0,880
de 0,864, ,900
car
a eda
existência
depara
fatores.
Para
validar
a,662
utilização
dae,769
análise
4 - Vantagens
amamentação
ambiente;
5 - Características
do leite
,904um valor
respetivamente
para materno;
a ECPA e ENCPA, o que é normalmente,732
aceite como
elevado ,903
fatorial
para
estas
variáveis
realizaram­‑se,704
os testes
de,730
Kaiser­
6 - Posição
da mãe
e do bebé
amamentação;
,906 validou-se
,708 o uso ,904
(Pestana
e Gageiro,
2000).na
Como
o teste de esfericidade de Bartlett
foi recusado,
7 - Fisiologia
da lactação;
,745
,903Bartlett.
,642 Es‑,909
‑Meyer­
‑fatorial.
Olkin (KMO) e o teste de esfericidade
de
da análise
8 - Direitos Legais da mãe e do pai durante a amamentação
,547
,917
,534
,915
Para testes
selecionar o
número de fatores avalores
reter, utilizou-se
o0,880
critério deeKaiser,
tendo sido respeti‑
retidos dois
tes
apresentam
de
de
0,864,
9 - Problemas que podem surgir na Amamentação.
,687
,907
,653
,908
fatores que explicam, no seu conjunto 71,850% (ECPA) e 72,715% (ENCPA), da variância total
Cronbach
0,915
0,914
vamente Alpha
para de
a ECPA
e ENCPA, o que é normalmente
aceite
(quadro 4), o que é muito aceitável neste tipo de análise (ibidem).
como um valor elevado (Pestana e Gageiro, 2000). Como o
teste
de esfericidade
devariáveis
Bartlett
foi recusado,
‑se o
utilização
da análise
fatorial para estas
realizaram-se
os testesvalidou­
de Kaiser-Meyer-Olkin
Extração da Soma dos
Rotação da Soma dos Loadings
uso
da
análise
fatorial.
(KMO) e o teste de esfericidadeLoadings
de Bartlett.
Estes testes apresentam
valores de 0,880 e de 0,864,
Quadrados
Quadrados
Escala
Item
da
%
%número
Cumulativa
Total
Parapara
selecionar
fatores
a% reter,
utilizou­
‑se oelevado
respetivamente
a ECPA e o
ENCPA,
o quede
é normalmente
aceite como
um valor
Variância
Cumulativa
1 Como o teste
60,443
3,644de Bartlett
40,488foi recusado,
40,488validou-se o uso
(Pestana
e
Gageiro,
2000).
de
esfericidade
critérioECPA
de Kaiser,
tendo
sido retidos
fatores71,850
que expli‑
2
11,407
2,823 dois
31,362
1
59,739
3,752
41,691
41,691
da análise
fatorial.
ENCPA
cam,
no
seu conjunto
71,850%
(ECPA)
e
72,715%
(ENCPA),
da
2
72,715
2,792
31,024
72,715
Para selecionar o número de fatores a reter, utilizou-se o critério de Kaiser, tendo sido retidos dois
variância total (quadro 4), o que é muito aceitável neste tipo
fatores que explicam, no seu conjunto 71,850% (ECPA) e 72,715% (ENCPA), da variância total
de análise (ibidem).
(quadro 4), o que é muito aceitável neste tipo de análise (ibidem).
Quadro 4 - Variância explicada e fatores a reter após rotação da ECPA e ENCPA.
De seguida recorreu-se
à análise fatorial de modo a verificar a existência de fatores. Para validar a
Quadro 4 - Variância explicada e fatores a reter após rotação da ECPA e ENCPA.
Quadro 4 ‑­ Variância explicada e fatores a reter após rotação da ECPA e ENCPA.
Escala
ECPA
ENCPA
Item
Extração da Soma dos
Loadings Quadrados
% Cumulativa
1
2
1
2
60,443
11,407
59,739
72,715
Rotação da Soma dos Loadings
Quadrados
% da
%
Total
Variância
Cumulativa
3,644
40,488
40,488
2,823
31,362
71,850
3,752
41,691
41,691
2,792
31,024
72,715
Realizou­‑se a rotação Varimax, para cada uma das esca‑
las, tendo­‑se encontrado duas componentes que explicam
o fenómeno em estudo, em cada escala, como é possível
verificar­‑se no quadro 5. Note­‑se que foram encontrados os
mesmos
itens,Varimax,
nos mesmos
fatores
emescalas,
cada uma
dasencontrado
escalas,duas
Realizou-se
a rotação
para cada
uma das
tendo-se
o que permitirá
componentes
que explicam comparar
o fenómeno emresultados.
estudo, em cada escala, como é possível verificar-se
no quadro
Note-sede
queCronbach
foram encontrados
nos mesmos
em cada
O5.Alpha
paraos amesmos
ECPAitens,
é 0,903
parafatores
o fator
1 euma
das escalas, o que permitirá comparar resultados.
0,848 para o fator 2. Para a ENCPA de 0,916 para o fator 1 e
O Alpha de Cronbach para a ECPA é 0,903 para o fator 1 e 0,848 para o fator 2. Para a ENCPA de
0,838para o fator 2.
0,916 para o fator 1 e 0,838para o fator 2.
Quadro 5 - Determinação fatorial da ECPA e da ENCPA.
Quadro 5 ‑­ Determinação fatorial da ECPA e da ENCPA.
Item
1.Vantagens da amamentação para a mãe
2.Vantagens da amamentação para o bebé
3.Vantagens da amamentação a nível económico
4.Vantagens da amamentação para o ambiente
5.Características do leite materno
6.Posição da mãe e do bebé na amamentação
7.Fisiologia da lactação
8.Direitos Legais da mãe e do pai durante a
amamentação
9.Problemas que podem surgir na Amamentação
Alpha de Cronbach
ECPA
Fator 1 Fator 2
,824
,888
,847
,665
,744
,682
,750
,763
0,903
,850
0,848
ENCPA
Fator Fator
1
2
,802
,875
,871
,824
,695
,622
,813
,773
0,916
,826
0,838
De acordo com o conteúdo dos itens que integram os fatores, denominam-se: fator 1 - funções da
De acordo com o conteúdo dos itens que integram os fa‑
tores, denominam­‑se: fator 1 ‑­ funções da amamentação
De acordo com estas dimensões, a média dos conhecimentos sobre as funções da amamentação
(Item 1, 2, 3, 4 e 5); fator 2 ‑­ anatomofisiologia da amamenta‑
é 18,31, o desvio padrão é 4,894, a moda 25 e a mediana 19,0 e nos conhecimentos sobre a
amamentação (Item 1, 2, 3, 4 e 5); fator 2 - anatomofisiologia da amamentação (Item 6, 7, 8 e 9).
ção (Item 6, 7, 8 e 9). De acordo com estas dimensões, a mé‑
dia dos conhecimentos sobre as funções da amamentação é
18,31, o desvio padrão é 4,894, a moda 25 e a mediana 19,0
e nos conhecimentos sobre a anatomofisiologia da amamen‑
tação a média é 11,35, o desvio padrão 3,969, a moda 8 e a
mediana 12,0. No global a média é 29,65, o desvio padrão
8,152, a moda 36 e a mediana 30,0 (Quadro 7).
A média da necessidade de conhecimento sobre as fun‑
ções da amamentação é 19,40, o desvio padrão 5,007, a moda
25 e a mediana 20,0 e na necessidade de conhecimento so‑
bre a anatomofisiologia da amamentação a média é 16,38, o
desvio padrão 3,409, a moda 20 e a mediana 16,5. No global
a média é 35,78, o desvio padrão 7,670, a moda 45 e a me‑
diana 37,0.
Quadro 6 ­‑ Distribuição dos resultados por dimensão da ECPA e ENCPA
Escalas
ECPA
ENCPA
Dimensões
Conhecimento sobre as funções da
amamentação
Conhecimento sobre a
anatomofisiologia da amamentação
GLOBAL
Necessidade de conhecimento
sobre as funções da amamentação
Necessidade de conhecimento
sobre a anatomofisiologia da
amamentação
GLOBAL
Mín
Max
X
Sd
Mo
Md
5,0
25,0
18,31
4,894
25
19,0
4,0
20,0
11,35
3,969
8
12,0
9,0
45,0
29,65
8,152
36
30,0
5,0
25,0
19,40
5,007
25
20,0
7,0
20,0
16,38
3,409
20
16,5
15,0
45,0
35,78
7,670
45
37,0
DISCUSSÃO
No que se refere ao conhecimento do pai sobre amamenta‑
DISCUSSÃO
e refere
à necessidade
de
doe àpai
sobre de
amamen‑
Noção
que se
ao conhecimento
do conhecimento
pai sobre amamentação
necessidade
conhecimento
dotação,
pai sobre amamentação,
escalas avaliam
cadauma
uma destas
variáveis
o que constituía
um dos
as escalasasavaliam
cada
destas
variáveis
o que
objetivos
delineados,
que
foi
concretizado
pela
ECPA
e
na
ENCPA,
constituídas
pelos
mesmo
constituía um dos objetivos delineados, que foi concretizado 9
itens, com duas dimensões. Callahan et al, (2006) referem que o sucesso da amamentação parece
pela ECPA e na ENCPA, constituídas pelos mesmo 9 itens, com
estar dependente de vários fatores, sendo que um deles é o apoio dado pelo companheiro, e sem
duas
Callahan
et al,
que o será
sucesso
dúvida
quedimensões.
um pai motivado
e conhecedor
das(2006)
vantagensreferem
da amamentação,
um pilar
fundamental
no apoio à mulher
que amamenta.
ainda,de
quevários
o melhor fatores,
período para
da amamentação
parece
estarAcrescenta-se
dependente
inserir o pai no processo de amamentação deve ser nas consultas, durante o período pré-natal,
sendo que um deles é o apoio dado pelo companheiro, e sem
onde o casal pode ser esclarecido acerca de questões relativas à amamentação. Desta forma o
dúvida que um pai motivado e conhecedor das vantagens da
homem passaria a compreender os benefícios do leite materno, dispondo-se então a apoiar a
amamentação,
será um
pilar
fundamental
no apoio
à mulher
mulher,
dando suporte emocional
e ajuda
para
superar as dificuldades
que possam
vir a surgir
durante
período em que amamente
(American
2002).
queoamamenta.
Acrescenta­
‑seAcademy
ainda,of Pediatrics,
que o melhor
período
Relativamente ao conhecimento sobre amamentação, avaliado pela ECPA, verifica-se que em
para inserir o pai no processo de amamentação deve ser nas
média, para cada item do conhecimento sobre amamentação, os pais inquiridos situam-se entre o
consultas, durante o período pré­‑natal, onde o casal pode
nível 2 e 4, sendo os itens em que os quais referem ter conhecimentos mais elevados: vantagens
esclarecido
de(média
questões
à amamentação.
daser
amamentação
a nívelacerca
económico
de 3,93);relativas
conhecimento
sobre as vantagens da
amamentação
para oobebé
(média de
3,87). Os itens
sobre os quais referem
ter um nível de
Desta forma
homem
passaria
a compreender
os benefícios
conhecimento mais baixo é: problemas que podem surgir na amamentação (média de 2,53);
do leite materno, dispondo­‑se então a apoiar a mulher, dan‑
fisiologia da lactação (média de 2,65).
do suporte emocional e ajuda para superar as dificuldades
Relativamente à necessidade de conhecimento do pai sobre amamentação, verifica-se que os pais
a surgir
o período
em que
emque
médiapossam
situam paravir
todos
os itens adurante
sua necessidade
de conhecimento
entreamamente
o nível 3 e 4, para
alguns
itens ultrapassam
a média of
de 4,
sendo nestes itens
onde sentem uma maior necessidade
(American
Academy
Pediatrics,
2002).
de conhecimento. O item em que os pais referem ter maior necessidade de conhecimento é:
Relativamente ao conhecimento sobre amamentação,
problemas que podem surgir na amamentação (média de 4,20); características do leite materno
avaliado pela ECPA, verifica­‑se que em média, para cada
item do conhecimento sobre amamentação, os pais inquiri‑
dos situam­‑se entre o nível 2 e 4, sendo os itens em que os
quais referem ter conhecimentos mais elevados: vantagens
da amamentação a nível económico (média de 3,93); conhe‑
cimento sobre as vantagens da amamentação para o bebé
(média de 3,87). Os itens sobre os quais referem ter um nível
de conhecimento mais baixo é: problemas que podem surgir
na amamentação (média de 2,53); fisiologia da lactação (mé‑
dia de 2,65).
anatomofisiologia da amamentação a média é 11,35, o desvio padrão 3,969, a moda 8 e a mediana
12,0. No global a média é 29,65, o desvio padrão 8,152, a moda 36 e a mediana 30,0 (Quadro 7).
A média da necessidade de conhecimento sobre as funções da amamentação é 19,40, o desvio
40
padrão 5,007, a moda REVISTA
25 e a mediana
20,0 e na necessidade
de conhecimento
sobre
a
DA ASSOCIAÇÃO
PORTUGUESA
DOS
ENFERMEIROS
anatomofisiologia da amamentação a média é 16,38, o desvio padrão 3,409, a moda 20 e a mediana
16,5. No global a média é 35,78, o desvio padrão 7,670, a moda 45 e a mediana 37,0.
OBSTETRAS — N.º 14/2014
Relativamente à necessidade de conhecimento do pai so‑
bre amamentação, verifica­‑se que os pais em média situam
para todos os itens a sua necessidade de conhecimento en‑
tre o nível 3 e 4, para alguns itens ultrapassam a média de 4,
sendo nestes itens onde sentem uma maior necessidade de
conhecimento. O item em que os pais referem ter maior ne‑
cessidade de conhecimento é: problemas que podem surgir
na amamentação (média de 4,20); características do leite ma‑
terno (média de 4,11). O item sobre o qual referem ter menos
necessidade de conhecimento é sobre as vantagens da ama‑
mentação a nível económico (média de 3,73).
Não sendo possível comparar estes resultados com outros
estudos, importa referir que globalmente as escalas apresen‑
tam bons valores psicométricos o que é um excelente indicar
indicador para a sua utilização em estudos futuros. Quanto
aos 9 itens, verificou­‑se que a sua utilização explica mais de
71% nas duas escalas, e o facto de se agruparam os mesmos
itens em duas dimensões, permite a comparação de resulta‑
dos entre si.
A construção e validação das duas escalas permitem a sua
utilização em futuros estudos, relacionando­‑as com outras
variáveis. Neste sentido a ECPA e a ENCPA, podem ser instru‑
mentos que avaliem não só as dimensões ou itens em que
os pais (homens) têm maior necessidade de conhecimento,
como pode possibilitar a avaliação de ações de educação
para a saúde, bem como as implicações do maior conheci‑
mento dos pais da amamentação no seu envolvimento e/ou
participação na amamentação ou em outras áreas de mater‑
nidade e paternidade.
CONCLUSÃO
De acordo com os resultados obtidos e a discussão dos mes‑
mos, verifica­‑se que a ECPA e a ENCPA apresentam boa fide‑
lidade (Alfa de Cronbach = 0,915; 0,914) e validade (KMO =
0,880; 0,864), tendo sido identificadas duas dimensões que
explicam respetivamente 71,850% e 72,715% da variância,
nomeadamente: conhecimentos sobre funções da amamen‑
tação e conhecimentos sobre anatomofisiologia da ama‑
mentação.
Relativamente à escala ECPA, os pais situam em média o
seu conhecimento entre o nível 2 (baixo) e 4 (alto). Verifica­‑se
que os conhecimentos mais elevados são sobre as vantagens
da amamentação a nível económico e sobre as vantagens da
amamentação para o bebé, e os conhecimentos mais baixos
são acerca dos problemas que podem surgir na amamenta‑
ção e sobre a fisiologia da lactação.
No que respeita à NCPA, os pais situam em média para to‑
dos os itens a sua necessidade de conhecimento em torno
de 4 (alto), sendo que para alguns itens a ultrapassa em mé‑
dia o nível 4 (alto). A maior necessidade de conhecimento é
acerca dos problemas que podem surgir na amamentação e
acerca das características do leite materno e a menor neces‑
sidade de conhecimento é sobre as vantagens da amamen‑
tação a nível económico;
No global, a população em estudo têm conhecimentos so‑
bre amamentação mas ainda sentem necessidade de obter
mais conhecimentos, o que permite concluir que os pais es‑
tão recetivos a aumentar o seu conhecimento, havendo por
isso um potencial de intervenção da enfermagem na área da
amamentação para os pais.
Como principais limitações considera­‑se não existir estu‑
dos capazes de comparar resultados, a amostra ter 150 par‑
ticipantes, e o facto de se ter realizado apenas numa Mater‑
nidade, sendo importante alargar o âmbito do estudo a nível
regional ou nacional.
As implicações do estudo para a investigação, surge do
facto de terem sido criados dois instrumentos para utili‑
zação em estudos futuros, não apenas para validar a sua
utilização, como também para se poder comparar resultados
e relacionar com outras variáveis de modo a avaliar a sua
implicação em aspetos diversos quer maternos, paternos
como de ambos. No que respeita à implicação deste estudo
para a prática de enfermagem, consideramos que a aborda‑
gem sobre os conhecimentos da amamentação, deve incluir
as duas dimensões obtidas.
Este estudo não deve ser encarado como um fim em si
mesmo mas um abrir horizontes que nos mova e nos esti‑
mule a seguir atuando em prol da qualidade dos cuidados de
Enfermagem em Saúde Materna e Obstetrícia.
BIBLIOGRAFIA
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Breastfeeding. Acedido a 23 junho 2011 em http://www.aap.org/
healthychildren­‑breastfeeding
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Goodman, J. (2005). Tornar­‑se um pai presente na vida da criança. Journal
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mité Nacional para a UNICEF.
Pestana, M.; Gageiro, J. (2008). Análise de dados para ciências sociais ­‑ A
complementaridade do SPSS. (5ª ed.). Lisboa: Edições Sílabo.
REVISTA DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DOS ENFERMEIROS OBSTETRAS — N.º 14/2014 41
Determinantes sóciodemográficos
do afecto materno
Bruno Gomes1; Paula Nelas2; João Duarte3
RESUMO
Enquadramento: O afecto materno é uma relação emocional única, espe‑
cífica e duradoura,que se estabelece de um modo gradual, desde os primei‑
ros contactos entre a mãe e o bebé,traduzindo­‑se num processo de adapta‑
ção mútuo, no qual, mãe e bebé, participam activamente. A maneira como
a gestação se inscreve no meio social repercute emocionalmente no modo
como a mãe se posiciona diante do mundo e como irá se relacionar com o
bebé, opai, a sua família de origem e a família constituída a partir do nasci‑
mento do novo ser (Soifer, 1992; Barbieri, 2002; Maldonado, 2002; Pergher;
Cardoso, 2008 Levy; Jonathan, 2010) citados por (Barbosa, Machado, Souza,
& Scorsolini­‑Comin, 2010).
Objectivos: Determinar quais as variáveis sociodemográficas que têm
impacto no afeto materno.
Métodos: Estudo de natureza quantitativa, transversal, de carácter
descritivo­‑correlacional eexplicativo, com uma amostra não probabilística
por conveniência de 312 participantes. O protocolo de avaliação é um ques‑
tionário que permite fazer a caracterização sociodemográfica da amostra,
neste caso, mulheres que foram mães há dois anos.
Resultados: Constatamos que a escolaridade materna (p=0,010), a es‑
colaridade paterna(p=0,006) tem poder explicativo sobre o afecto materno.
Em contraponto com a idade materna, idade paterna, estado civil, nacionali‑
dade, local de residência, e situação profissional paterna e materna que não
possuem poder explicativo para o afeto materno.
Conclusão: Os profissionais de saúde devem ter em consideração o con‑
texto sociodemográfico, nomeadamente a escolaridade materna e paterna,
no qual a mulher se insere no sentido de promover uma melhor adapta‑
ção à maternidade, proporcionando contexto que favoreçam a vinculação
da díade/tríade.
Palavras Chave: Afecto Materno; relação mãe­‑filho; determinantes
ABSTRAT
Background: Maternal affection is a unique, specific and lasting emotional
relationship that is established in a stepwise manner, from the first contacts
between the mother and the baby, resulting in a mutual adaptation process
in which the mother and baby, actively participate. The way pregnancy falls
within the social environment resonates emotionally in the way the mother
stands before the world and how it will relate to the baby, Opai, your family
of origin and family constituted from birth the new being (Soifer, 1992; Bar‑
bieri, 2002; Maldonado, 2002; Pergher; Cardoso, 2008 Levy, Jonathan, 2010)
cited by (Barbosa Machado, Souza, & Scorsolini­‑Comin, 2010).
Objectives: To determine which sociodemographic variables that have
an impact on maternal affection.
Methods: A quantitative, cross­‑sectional, descriptive correlational na‑
ture eexplicativo with a non­‑probability convenience sample of 312 parti‑
cipants. The evaluation protocol is a questionnaire that allows the sociode‑
mographic characteristics of the sample, in this case, women who gave birth
two years ago.
Results: We found that maternal education (p = 0.010), paternal educa‑
tion (p = 0.006) has explanatory power on maternal affection. In contrast
with maternal age, paternal age, marital status, nationality, place of resi‑
1 Enfermeiro Especialista em saúde materna obstetrícia e ginecologia Centro Hospitalar Cova
da Beira, [email protected], Portugal
2
EESMO. PhD, Escola Superior de Saúde de Viseu; [email protected].
3
EESMO. PhD, Escola Superior de Saúde de Viseu; [email protected].
42
dence, and paternal and maternal occupational status who have no expla‑
natory power for maternal affection.
Conclusion: Health professionals should take into account the socio‑
demographic background, including maternal and paternal education, in
which a woman inserts to promote a better adaptation to motherhood, pro‑
viding context that favor the binding of the dyad / triad.
Key Words: Maternal Affection; mother­‑child relationship; determinants
RESUMEN
Estructura: afecto maternal es una relación emocional, específica y dura‑
dera, que establece un modo gradual, desde los primeros contactos entre la
madre y el bebé, traducir en un proceso de adaptación mutua, en la que ma‑
dre y bebé, están participando activamente. Embarazo es parte de los efec‑
tos del ambiente social emocionalmente como la madre se coloca delante
del mundo y cómo se refieren a la bebé, padre, su familia de origen y cons‑
tituido desde el nacimiento del nuevo ser (Soifer, 1992; Barbieri, 2002; Mal‑
donado, 2002; Pergher; Cardoso, Levy 2008; Jonathan, 2010) citado por (Bar‑
bosa, Machado, Souza & Scorsolini­‑Comin, 2010).
Objetivos: determinar qué variables socio­‑demográficas que inciden en
el afecto maternal.
Métodos: estudio de carácter cuantitativo, transversal, descriptivo­
‑explicativo correlacional en la naturaleza, con una muestra no probabilís‑
tico por conveniencia de 312 participantes. El protocolo de evaluación es
un cuestionario que le permite realizar la caracterización demográfica de la
muestra, en este caso, las mujeres que fueron madres hace dos años.
Resultados: encontramos que escolaridad maternal (p = 0.010), escola‑
ridad paterna (p = 0.006) tiene poder explicativo de afecto maternal. En con‑
trapunto con la edad materna, estado civil, edad paterna, nacionalidad, lu‑
gar de residencia y situación laboral paterna y materna que carecen de po‑
der explicativo para el afecto maternal.
Conclusion: profesionales de la salud deben tomar en consideración el
contexto demográfico, particularmente la educación materna y paterna, en
el cual la mujer se inserta con el fin de promover una mejor adaptación a la
maternidad, proporcionar contexto favoreciendo la tríada/díada vinculante.
Palabras clave: Afecto Maternal; relación madre­‑hijo; determinantes
INTRODUÇÃO
As transformações sociais e tecnológicas que aconteceram
nos últimos anos obrigaram a importantes modificações na
interação dos progenitores para com os bebés, tendo estas
repercussões sobre a qualidade da relação emocional e dos
cuidados parentais. O afecto materno é uma relação emocio‑
nal única, específica e duradoura, que se estabelece de um
modo gradual, desde os primeiros contactos entre a mãe e o
bebé, traduzindo­‑se num processo de adaptação mútuo, no
qual, mãe e bebé, participam activamente.
Existe uma discussão, no seio das ciências sociais sobre o
papel que os aspectos socioeconómicos, obstétricos e psico‑
lógicos têm na interação da díade, em particular nos aspectos
do comportamento da mãe, procurando, desta forma, uma a
melhor compreensão da temática. Baseando­‑se nesta discus‑
são surge a necessidade de desenvolver estudos de caracte‑
rização de componentes maternos em contextos específicos.
Assim, esta investigação pretende caracterizar o afecto ma‑
REVISTA DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DOS ENFERMEIROS OBSTETRAS — N.º 14/2014
terno e o impacto dos factores sociodemográficos, obstétri‑
cos, aleitamento materno e interação da díade (mãe­‑bebé).
QUADRO TEÓRICO
Contemporaneamente, a gravidez e a maternidade são
eventos singulares que circunscrevem períodos do desen‑
volvimento que marcam profundamente a história de vida
não apenas das gestantes e futuras mães, como também
da família e da rede social constituída pelas pessoas que as
acompanham.
A maneira como a gestação se inscreve no meio social re‑
percute emocionalmente no modo como a mãe se posiciona
diante do mundo e como irá se relacionar com o bebé, o pai,
a sua família de origem e a família constituída a partir do nas‑
cimento do novo ser (Soifer, 1992; Barbieri, 2002; Maldonado,
2002; Pergher; Cardoso, 2008 Levy; Jonathan, 2010) citados
por (Barbosa, Machado, Souza, & Scorsolini­‑Comin, 2010).
Os dados encontrados por Blum (1980) e Murphy, Brewin
e Silka, (1997) mostram que as mulheres que têm o seu pri‑
meiro filho numa idade mais tardia apresentam maior resi‑
liência, isto é, parecem ter mais vantagens psicológicas (Mar‑
tins, 2012). Uma diferença psicológica crucial entre as mulhe‑
res que são mães entre os 20 e os 30 anos e as mulheres que
adiam a gravidez para depois dos 35 é encontrada no grau e
processo de separação de suas mães. Consequentemente, as
mulheres com mais de 35 anos têm, muitas vezes, escolhas
mais claras, definidas e maduras face à gravidez e aos cuida‑
dos a prestar ao seu filho, do que seria possível, para ela, an‑
teriormente (Martins, 2012).
Tanto o apoio social e económico, como o emocional e o
educacional parecem ser muito importantes, sendo o com‑
panheiro a pessoa de maior peso nesses diferentes tipos de
apoio (Faleiros, Trezza, & Carandina, 2006, Caldeira, Moreira,
& Pinto, 2007)
A idade materna avançada está associada a problemas
pré, intra e pós­‑parto, tais como, o aborto, a concepção me‑
dicamente assistida, o parto prematuro, a diabetes durante a
gestação, ao parto eutócico e às anomalias cromossómicas
(Mendes da Graça, 2005).
A probabilidade de mulheres mais velhas terem uma edu‑
cação superior a 12 anos é maior do que nas mulheres mais
jovens, embora a magnitude desta diferença seja maior entre
as mulheres multíparas. Além disso, a tendência das primípa‑
ras com 40 anos ou mais para terem mais de 12 anos de edu‑
cação é maior do que a das multíparas da mesma idade. Da
mesma forma, é mais provável que as primíparas entre os 20
e os 35 anos tenham mais de 12 anos de educação do que as
multíparas da mesma idade (Martins, 2012).
A taxa de actividade feminina em Portugal ultrapassa a
média europeia, com um dos valores mais elevados da Eu‑
ropa Comunitária, sendo o estado membro da União Euro‑
peia (UE) onde as mães com filhos até aos 10 anos trabalham
mais horas (Maia M. J., 2007). De acordo com a mesma autora
a modalidade de trabalho predominante na população femi‑
nina portuguesa em relação a outras realidades europeias, é
o trabalho a tempo inteiro, que atinge valores da ordem dos
80%. Salienta­‑se ainda a fraca taxa de emprego feminino a
tempo parcial com um valor de apenas 8,2%, quando a mé‑
dia da UE é de 17,2%
A grande parte dos autores considera que as mães com
um estatuto socioeconómico médio ou alto estabelecem,
geralmente, um ligação afectiva mais positivo do que as
mães com estatuto socioeconómico baixo (Martins, 2012).
De acordo com Figueiredo (2001) referenciado pelo autor
supracitado diz­‑nos que, muito embora não sejam encon‑
tradas diferenças significativas no estabelecimento emocio‑
nal das mães com estatutos socioeconómicos diferentes, as
mães com um estatuto médio ou elevado providenciam ao
seu bebé muito mais oportunidades de estimulação do que
as mães com um estatuto menos elevado. Resultados seme‑
lhantes são encontrados, por exemplo nos estudos de Cohen
e Beckwith (1976) quanto ao nível de escolaridade das mães.
Estudos posteriores acrescentam ainda que o bonding ne‑
gativo, associado ao estatuto socioeconómico e educacional
menos elevado, é também determinado pela pouca colabo‑
ração e dor intensa durante o parto.
Na caracterização sociodemográfica do estudo realizado
na mesma região da beira interior (n=211) foi possível ob‑
servar que o grupo etário predominante era o de mães
com idade compreendida entre os 19 e os 35 anos inclusive
(79,6%), sendo o estado civil predominante o de casado ou
em união de facto (81,5%) e na sua maioria de nacionalidade
portuguesa (96,7%). As habilitações literárias da população
estudada na sua maioria de formação superior 40,8% e 33,2%
com formação secundária. Apesar das qualificações pode­‑se
observar que 52,1% trabalhavam como trabalhadoras não
qualificadas e no compito global da amostra 81% era empre‑
gada a tempo inteiro, residindo 46% na cidade e 37% na vila
(Gomes, Nelas, & Duarte, 2012).
METODOLOGIA
A consulta bibliográfica efectuada revelou­‑nos que são es‑
cassas as pesquisas que se tem debruçado sobre o afecto ma‑
terno. Neste estudo focalizámos o interesse naquilo que nos
pareceu vir a ser mais pertinente, no sentido de dar possíveis
respostas às seguintes questões:
•• Qual a influência das variáveis sócio­‑demográficas (ida‑
de materna e paterna, estado civil, escolaridade mater‑
na e paterna, situação profissional e local de residência)
no afecto materno?
Delineado o objectivo do estudo que procura responder
a algumas das inquietações que esta problemática nos sus‑
cita, ou seja:
•• Determinar se as variáveis sociodemográficas têm im‑
pacto no afeto materno;
Concebeu­‑se um estudo de natureza quantitativa, não ex‑
perimental, em corte transversal e descritivo­‑correlacional.
Segue os métodos do estudo de análise quantitativa, pois
pretende­‑se garantir a precisão dos resultados, evitar distorções
de análise e interpretação, insere­‑se no tipo de investigação não
REVISTA DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DOS ENFERMEIROS OBSTETRAS — N.º 14/2014 43
No Quadro 2 podemos observar a existência de diferença estatisticamente significativa
(p=0,002), da variável profissão ao nível do grupo de participantes com profissões enquadradas a nível
de quadros superiores/intermédios (res. -3,6; 3,6) e trabalhadoras não qualificadas (res. 2,2; -2,2).
experimental pois não procura manipular as variáveis em es‑
tudo, embora seja nossa intenção obter evidências para explicar
por que ocorre um determinado fenómeno, ou seja, proporcio‑
nar um certo sentido de causalidade (Sampieri, 2003).
Trata­‑se de estudo transversal, possui as características de
um estudo descritivo e correlacional explicativo.
Elegemos, de acordo com os objectivos do estudo, todas
as mães que foram a consulta de saúde infantil dos dois anos
com o seu filho, no período compreendido entre o mês de
Outubro de 2010 a Dezembro de 2011 e que acederam vo‑
luntariamente a preencher o questionário.
Utilizamos um tipo de amostragem não probabilística por
conveniência, uma vez que, os elementos da amostra foram
selecionados em razão da sua presença num local, num dado
Utilizamos um tipo de amostragem não probabilística por conveniência, uma vez que, os
momento
(Fortin, 2009).
elementos da amostra foram selecionados em razão da sua presença num local, num dado momento
A
amostra
é constituída por 312 mães residentes nos con‑
(Fortin, 2009).
celhosA amostra
de Castelo
Branco, Covilhã, Fundão, Guarda e Viseu
é constituída por 312 mães residentes nos concelhos de Castelo Branco, Covilhã,
obedecendo
aos
seguintes
critérios:
acederem
no
Fundão, Guarda e Viseu
obedecendo
aos seguintes
critérios: acederem
participar participar
no estudo e o último
filho com idade
2 anos.
estudo
e odeúltimo
filho com idade de 2 anos.
A aplicação de cada
de recolha de dados foi
feitarecolha
através de abordagem
individual
A aplicação
deinstrumento
cada instrumento
de
de dados
foi
às mães na referida consulta.
feita através de abordagem individual às mães na referida
Relativamente a caracterização sociodemográfica das mulheres podemos verificar as
consulta.
características gerais da amostra como a idade materna, o estado civil, a nacionalidade, co-habitação,
Relativamente a caracterização sociodemográfica das mu‑
escolaridade, profissão, situação profissional, e local de residência (Quadro 1).
lheres podemos verificar as características gerais da amos‑
tra como a idade materna, o estado civil, a nacionalidade, co­
‑habitação, escolaridade, profissão, situação profissional, e
local de residência (Quadro 1).
Grupo Etário Materno
Estado Civil
Portuguesa
Co-Habtitação
19 - 35Anos
≥ 36 Anos
Resíduos
Ajustados
Nº
≥ 36
Anos
%
Nº
%
Nº
%
Solteira/Divorciada
49
19,6
12
19,4
0
0
61
19,6
Casada/união de facto
201
80,4
50
80,6
0
0
251
80,4
96,8
Sim
240
96
62
100
-1,6
1,6
302
Não
10
4
0
0
1,6
-1,6
10
3,2
Marido e filhos
188
87,4
53
88,3
-0,2
0,2
214
87,6
Outros familiares
27
12,6
7
11,7
0,2
-0,2
34
12,4
Até ao 3º Ciclo
65
26,9
13
21
1,0
-1,0
78
25,7
Secundário
81
32,5
15
24,2
1,3
-1,3
96
30,9
101
40,6
34
54,8
-2
2
135
43,4
93
37,7
35
56,5
-2,7
2,7
128
41,4
Profissão
Ensino Superior
Quadros
superiores/Intermédios
Trabalhadores
qualificados
Trabalhadores não
qualificados
Empregada tempo inteiro
77
31,2
16
25,8
0,8
-0,8
93
30,1
77
31,2
11
17,7
2,1
-2,1
88
28,5
196
78,7
56
90,3
-2,1
2,1
252
81
Empregada tempo parcial
Desempregada/ em
formação
Aldeia
19
7,6
0
0
2,2
-2,2
19
6,1
34
13,7
6
9,7
0,8
-0,8
40
12,9
30
12,1
7
11,3
0,2
-0,2
Vila
103
41,5
21
33,9
1,1
-1,1
124
40,0
Cidade
115
46,8
34
54,8
-1,2
1,2
149
48,1
Residência
RESULTADOS
37
2
p
Estado Civil
Co-Habtitação
Escolaridade
Profissão
Situação
Profissional
Residência
19-35 Anos
Moderado
Nº
%
161
78,9
0,965
2,562
0,109
0,034
0,853
0,127
4,129
7,843
0,020
6,167
0,046
1,495
0,474
11,9
Fraco
Moderado
Nº
%
0.7
-0.7
250
80,1
>=36 Anos
19
17,6
43
21,1
-0.7
0.7
62
19,9
Solteira/Divorciada
17
15,7
44
21,6
-1,2
1,2
61
19,5
Casada/união de facto
91
84,3
160
78,4,
1.2
-1,2
251
80,4
Marido e filhos
81
91
160
86
1,2
-1,2
241
87,6
Outros familiares
8
9
26
24
-1.2
1,2
34
12,4
Até ao 3º Ciclo
38
35,2
42
20,7
2,8
-2,8
80
25,7
-0,4
Secundário
35
32,4
61
30
0,4
96
30,9
Ensino Superior
Quadros
superiores/Intermédios
Trabalhadores
qualificados
Trabalhadores não
qualificados
Empregada tempo inteiro
Empregada tempo
parcial
Desempregada/ em
formação
Aldeia
35
32,4
100
49,3
-2,9
2,9
135
43,4
30
27,8
98
48,8
-3,6
3,6
128
41,4
39
36,1
54
26,9
1,7
-1,7
93
30,1
39
36,1
48
24,4
2,2
-2,2
88
28,5
90
83,3
162
79,8
0,8
-0,8
252
81,0
6
5,6
13
6,4
-0,3
0,3
19
6,1
12
11,1
28
13,8
-0,7
0,7
40
12,9
17
15,7
20
9,9
1,5
-1,5
37
11,9
Vila
45
41,7
79
39,1
0,4
-0,4
124
40,0
Cidade
46
42,6
103
33,2
-1,4
1,4
149
48,1
2
P
0,539
0,463
1,525
0,217
1,383
0,240
10,498
0,005
12,855
0,002
0,586
0,746
3,158
0,206
Seguidamente será apresentado
sobre a forma de quadro
a caracterização
paterna.
Seguidamente
será apresentado
sobre
a forma
de quadro
No que respeita à idade
dos companheiros/conjugues participantes do estudo sera apresentado
a caracterização
paterna.
sobre a forma de quadro a respectiva caracterização.
No que respeita à idade dos companheiros/conjugues
participantes do estudo sera apresentado sobre a forma de
quadro a respectiva caracterização.
Quadro 3 ­‑ Distribuição paterna segundo as variáveis sócio­‑demográficas
Quadro 3 - Distribuição paterna segundo as variáveis sócio-demográficas
Resíduos
Ajustados
Grupo Etário Materno
Variáveis Sócio-demográficas paternas
Grupo Etário
19-35Anos
Nº
%
≥ 36 Anos
Nº
%
19 – 35
Anos
≥ 36
Anos
Nº
%
2
p
67,132
0,000
5,172
≤ 30 Anos
96
38,4
2
3,2
5,3
-5,3
98
31,4
31 - 35 Anos
98
39,2
13
21
2,7
-2,7
111
35,6
≥ 36 Anos
56
22,4
47
75,8
-8
8
103
33,0
Secundário
96
38,7
20
32,3
0,9
-0,9
Resíduos
2,3Ajustados-2,3
116
37,4
0,075
80
Nº
107
26,3
%
34,9
2
p
148
98
52
111
48,1
31,4
17,0
35,6
8,457
0,015
67,132
0,000
0,075
5,172
Quadro
3 - Distribuição
as variáveis
Até ao
3º Ciclo
95 paterna
38,3 segundo
19 30,6
1,1 sócio-demográficas
-1,1
114
36,8
Grupo Etário
Escolaridade
0,002
A observação do Quadro 2 permite verificar que a escolarida‑
de materna apresenta diferenças estatisticamente significa‑
tivas (p=0,005) e os valores de ajustamento residual indicam
que as diferenças são ao nível do grupo participantes com
escolaridade até ao 3º ciclo e com escolaridade superior.
No Quadro 2 podemos observar a existência de diferença
estatisticamente significativa (p=0,002), da variável profissão
ao nível do grupo de participantes com profissões enquadra‑
das a nível de quadros superiores/intermédios (res. ‑­ 3,6; 3,6)
e trabalhadoras não qualificadas (res. 2,2; ­‑2,2).
44
Idade
Profissão
19 35Anos
Resíduos Ajustados
Fraco
Nº
%
89 82,4
Ensino Superior
Variáveis Sócio-demográficas
paternas
Quadros
Escolaridade
Situação Profissional
Afecto materno
Variáveis Sócio-demográficas maternas
Escolaridade
Quadro 1 ­‑ Distribuição das participantes
sócio­
‑demográficas
Quadro 1segundo
- Distribuiçãovariáveis
das participantes
segundo
variáveis sócio-demográficas
Variáveis Sócio-demográficas maternas
Quadro 2 ­‑ Distribuição das participantes segundo variáveis
sócio­‑demográficas por grupos de afecto materno
Quadro 2 - Distribuição das participantes segundo variáveis sócio-demográficas por grupos de afecto materno
superiores/Intermédios
Trabalhadores qualificados
≤ 30 Anos
Trabalhadores não
31
- 35 Anos
qualificados
Etário Materno
57 Grupo18,4
23
7,4
19-35Anos
76
31
Nº
%
127
51,8
96
38,4
42
17,1
98
39,2
≥ 36 Anos
31
50
Nº
%
21 33,9
2
3,2
10
13 16,1
21
19-2,8
– 35
Anos
2,5
5,3
0,2
2,7
≥2,8
36
Anos
-2,5
-5,3
-0,2
-2,7
≥ 36 Anos
56
22,4
47
75,8
-8
8
103
33,0
Até ao 3º Ciclo
95
38,3
19
30,6
1,1
-1,1
114
36,8
Secundário
96
38,7
20
32,3
0,9
-0,9
116
37,4
Após a
a análise
descritiva dos57dados18,4
obtidos,
passamos
de seguida
à abordagem
inferencial dos
Após
análise
dos
dados
de
Ensino Superiordescritiva
23
7,4
2,3 obtidos,
-2,3
80 passamos
26,3
Quadros
mesmos, através da estatística
analítica
76
31
31
50
-2,8
2,8
107
34,9
seguida àsuperiores/Intermédios
abordagem inferencial dos mesmos, através da es‑
Profissão
Trabalhadores qualificados
127
51,8
21 33,9
2,5
-2,5
148
48,1
8,457
0,015
Com a finalidade de verificar se existem diferenças estatisticamente significativas entre a
Trabalhadores não
tatística
analítica
42
17,1
10 16,1
0,2
-0,2
52
17,0
qualificados
idade e estado civil das participantes face ao afecto materno, aplicámos o teste de Mann-Whitney
Com a finalidade de verificar se existem diferenças estatis‑
(Quadro 4) verificamdo-se a ausência de diferença significativa entre os grupos, sendo legítimo
ticamente
significativas
entre
a passamos
idadedeeseguida
estado
civil das
parti‑
concluirApós
que estes
não influenciam
o afecto
materno.
a análise
descritiva dos
dados
obtidos,
à abordagem
inferencial
dos
mesmos, através
da estatística
analítica materno, aplicámos o teste de Mann­
cipantes
face
ao
afecto
Quadro 4 - Teste de Mann-Whitney entre o afecto materno e variáveis sócio-demográficas
‑Whitney
4) verificamdo­
‑se aestatisticamente
ausênciasignificativas
de diferença
Com a (Quadro
finalidade de verificar
se existem diferenças
entre a
idade e estado civilentre
das participantes
face ao afecto
materno,
aplicámos oconcluir
teste de Mann-Whitney
significativa
os grupos,
sendo
legítimo
que es‑
Afecto Materno
Nº
OM
UMW
(Quadro 4) verificamdo-se a ausência
de diferença significativa
entre pos grupos, sendo legítimo
tes
não influenciam
o afecto
materno.
19 – 35 Anos
250 154,21
concluir que estes não influenciam
Idade Maternao afecto materno.
7178,5 0,362
≥ 36 Anos
62
165,71
Solteira/divorciada
61
171,99
Estado
Civil
6710,5materno
0,129
QuadroQuadro
4 ­‑ Teste
de
Mann­
‑Whitney
entre
o152,74
afecto
e variáveis
4 - Teste
de Mann-Whitney
entrede
o afecto
materno
e variáveis
sócio-demográficas
Casada/União
facto
251
sócio­‑demográficas
A aplicação do teste de Kruskal-Wallis
(QuadroNº4) OM
no que
concerne
a escolaridade materna,
Afecto Materno
UMW
p
observa-se uma tendência para um afecto19materno
consoante mais elevado é a escolaridade
– 35 Anos aumentado
250 154,21
Idade Materna
7178,5 0,362
≥ 36 Anos
62 165,71
das mulheres existindo diferença estatisticamente
significativa
(p = 0,010).
Estado Civil
Solteira/divorciada
61
171,99
6710,5 0,129
facto a251
152,74 materno e a escolaridade materna e
Com a finalidade de estudar Casada/União
a relação de
entre
o afecto
paterna uma vez que o teste de Kruskal-Wallis revelou diferenças estatisticamente significativas entre
A aplicação do teste de Kruskal­‑Wallis (Quadro 4) no que
escolaridadeuma
materna
que confirmaram
a diferença
entre os grupos
entre com
habilitações
literárias ate
observa-se
para um afecto
materno aumentado
consoante
elevado é a escolaridade
concerne
atendência
escolaridade
materna,
observa­
‑mais
se uma
tendência
ao 3ºciclo
(p=0,007)
e com
formação
superior (p=0,007).
das
mulheres
existindo
diferença
estatisticamente
significativa (p = 0,010).
para um afecto materno aumentado consoante mais elevado
Com a finalidade de estudar a relação entre a o afecto materno e a escolaridade materna e
épaterna
a escolaridade
das mulheres existindo diferença estatistica‑
uma vez que o teste de Kruskal-Wallis revelou diferenças estatisticamente significativas entre
mente
significativa
0,010).
os grupos. Realizou-se
o teste de(p
post=
hoc
de Tukey efectuado com ordenações médias, para a variável
escolaridade
que confirmaram
entre a
os grupos
entre com
habilitações
ate
Com materna
a finalidade
dea diferença
estudar
relação
entre
a oliterárias
afecto
ao 3ºciclo (p=0,007) e com formação superior (p=0,007).
materno
e a escolaridade materna e paterna uma vez que o
os grupos.
Realizou-se
testede
deKruskal-Wallis
post hoc de Tukey
efectuado
para amaterna,
variável
A aplicação
dooteste
(Quadro
4) nocom
queordenações
concerne amédias,
escolaridade
REVISTA DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DOS ENFERMEIROS OBSTETRAS — N.º 14/2014
teste de Kruskal­‑Wallis revelou diferenças estatisticamente
significativas entre os grupos. Realizou­‑se o teste de post
hoc de Tukey efectuado com ordenações médias, para a va‑
riável escolaridade materna que confirmaram a diferença en‑
tre os grupos entre com habilitações literárias ate ao 3ºciclo
(p=0,007) e com formação superior (p=0,007).
A escolaridade paterna comporta­
‑se de igual modo,
A escolaridade
paterna comporta-se
de igual
modo, obtendo-se
diferenças
altamente
obtendo­
‑se diferenças
altamente
significativas,
logo
respon‑
significativas,
logo
responsáveis
por
um
maior
índice
de
afecto
materno.
Para
a
variável
escolaridade
sáveis por um maior índice de afecto materno. Para a variável
paternaescolaridade
foram realizados paterna
os mesmos foram
procedimentos
tendo sido
diferenças
estatisticamente
realizados
osobtida
mesmos
procedi‑
significativa para os grupos ≤ 3º Ciclo e ensino superior (p=0,04).
mentos tendo sido obtida diferenças estatisticamente signi‑
ficativa para os grupos ≤ 3º Ciclo e ensino superior (p=0,04).
Quadro 5 – Teste de Kruskal-Wallis entre o afecto materno e variáveis sócio-demográficas
Quadro 5 – Teste de Kruskal­‑Wallis entre o afecto materno
e variáveis sócio­‑demográficas
Afecto materno
Idade Paterna
Escolaridade materna
Escolaridade Paterna
Nº
OM
≤ 30 Anos
98
94,34
31 – 35 Anos
111
95,24
≥ 36 Anos
103
94,61
≤ 3º Ciclo
80
131,74
Secundário
96
157,09
2
p
45,714 0,826
9,174
0,010
Superior
135 169,60
≤ 3º Ciclo
114 136,76
Secundário
116 158,50 10,369 0,006
Afecto materno e variáveis sócio­‑demográficas
A idade em que as mulheres têm o primeiro filho tem
vindo a aumentar nos últimos anos. Em 2002, era de 29 anos
e em 2009 era de 30,3 anos (INE, 2008 e 2009 citado por Mar‑
tins, 2012). No que respeita à idade, a média de idade ma‑
terna foi de 31,18 anos e a paterna de 33,36 anos.
Importa referir que no grupo de participantes com idade
igual ou superior a 36 anos obtivemos 19,9% da amostra, o
que nos indica a existência de mães que tiveram os seus fi‑
lhos no extremo superior da vida fértil, que segundo Graça,
(2005).
No estudo realizado não existe diferença estatística sig‑
nificativa entre os dois grupos (p=0,826). Contudo, pode‑
mos verificar que as participantes com idade ≥ 36 anos obti‑
veram ordenações médias mais elevadas (165,71) do que as
mais novas (154,21), logo manifestam mais afecto materno.
Estes resultados são corroborados por Martins (2012) ao re‑
ferir no seu estudo que as mães com idades compreen‑
didas entre os 26 e os 35 anos parecem apresentar
mais dificuldades em estabelecer uma relação emo‑
cional saudável.
Através dos coeficientes padronizados beta, obtidos pela
regressão
múltipla verificou­‑se que a variável idade (r=0,054,
Situação Profissional Empregada tempo parcial 19 168,05 1,941 0,379
Desempregada
40 171,53
p=0,169),
estabelece
com o afecto materno uma relação di‑
Aldeia
37 147,07
Residência
Vila
125 158,59 0,493 0,782
recta, assim sendo quanto maior for o seu valor maior será
Cidade
149 155,02
afecto materno.
Quanto ao estado civil verificámos que a maioria das mães
Conclusão
(80,4%) está casada ou vive em união de facto valores seme‑
CONCLUSÃO
A estratégia metodológica desenhada para este estudo teve em conta o tipo de estudo realizado lhantes aos estudos realizado por Gomes, Nelas, & Duarte,
A estratégia
metodológica
desenhada
para
estesuficiente
estudo
e os objectivos
traçados. Tais
objectivos levaram-nos
a definir uma
amostra
queteve
conseguisse (2012), Martins (2012) e Lima (2010).
traduzirem
resultados
e a eleger
como instrumentos
de medição
um questionário
de auto-resposta.
contafiáveis
o tipo
de estudo
realizado
e os objectivos
traçados.
Ao relacionarmos o estado civil das mães com o afecto
Tais
objectivos
levaram­
‑
nos
a
definir
uma
amostra
suficiente
materno,
podemos constatar que as mulheres que são sol‑
O facto de o nosso estudo ser transversal e descritivo/analítico pode ser uma limitação do
que
resultados
fiáveisexperimental
e a eleger
teira/divorciadas são aquelas que apresentam maior afecto
mesmo,
umaconseguisse
vez que carece traduzir
por esse motivo
de um controlo
dascomo
variáveis
instrumentos
de
medição
dedeauto­
materno. No entanto, um estudo quantitativo, transversal,
independentes.
Salientamos
também
o facto um
de noquestionário
momento da colheita
dados‑resposta.
as participantes
terem de se
fenómenos
com
um distanciamento
temporal significativo,
de cerca de 2
O reportar
facto ade
o nosso
estudo
ser transversal
e descritivo/ana‑
correlacional, realizado com 136 gestantes verificou que se‑
anos. lítico
A transformação
do nosso
em longitudinal
com monitorização
da que
evolução
pode ser
umaestudo
limitação
do mesmo,
uma vez
ca‑das
gundo o nível de apego materno fetal, as participantes casa‑
variáveis
envolvidas
poderia
conduzir
à
obtenção
de
melhores
resultados.
rece por esse motivo de um controlo experimental das variá‑
das apresentavam níveis mais elevados face as participantes
veis
independentes.
Salientamos
factode de
O estudo
empírico descritivo
correlacinal e também
explicativo o
apesar
ser no
um mo‑
estudo não solteiras e/ou separadas (Schumidt & Argimon, 2009).
mento
da colheita
dados as participantes
de se re‑nos seus Verificou­‑se que as mães que afirmam possuir uma vasta
experimental
pretende
descrever osde
comportamentos
dos participantes talterem
qual se manifestam
ambientes
naturais
de vida e de com
identificar
inter-relação entre as
variáveis dependentes
e rede de apoio social, que possuem relações mais positivas
portar
a fenómenos
um adistanciamento
temporal
signi‑
independentes,
sendo
também
intenção
obter
evidências
para
explicar
por
que
ocorre
um
determinado
ficativo, de cerca de 2 anos. A transformação do nosso estudo
e íntimas e que beneficiam de maior apoio por parte dos
em longitudinal com monitorização da evolução das variá‑
companheiros, mostram­‑se mais sensíveis às necessidades
veis envolvidas poderia conduzir à obtenção de melhores re‑
do bebé, mais positivas para com a criança e, consequente‑
sultados.
mente, uma ligação afectiva mais positivo do que mães que
O estudo empírico descritivo correlacinal e explicativo
referem a ausência desse apoio. Martins (2012), refere ainda
apesar de ser um estudo não experimental pretende descre‑
que esses efeitos benéficos foram observados sobretudo, na
ver os comportamentos dos participantes tal qual se mani‑
presença de circunstâncias adversas, como seja condições
festam nos seus ambientes naturais de vida e de identificar a
negativas associadas à prematuridade do bebé e às suas di‑
inter­‑relação entre as variáveis dependentes e independen‑
ficuldades.
tes, sendo também intenção obter evidências para explicar
Hernandes e Hutz (2008) referem que, para as mulheres, o
por que ocorre um determinado fenómeno (Duarte, 2008).
ajustamento conjugal e emocional é importante, principal‑
mente, no período da gravidez do primeiro filho. Sendo as‑
Foi com base neste pressuposto que se tornou possível ava‑
sim, uma das fontes de apoio social para o desenvolvimento
liar a eficácia preditiva de algumas variáveis em estudo, no‑
da ligação está na capacidade de adaptação do casal à nova
meadamente a escolaridade materna (p=0,010), a escolari‑
experiência (Martins, 2012).
dade paterna (p=0,006).
Superior
80
177,86
Empregada Tempo Inteiro 252 152,63
REVISTA DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DOS ENFERMEIROS OBSTETRAS — N.º 14/2014 45
Desde 1993, a escolaridade mínima obrigatória no nosso
país é de 12 anos. No entanto, Portugal detém ainda um dos
mais baixos níveis de escolaridade e qualificação da Europa
com 8 anos de média. No presente estudo, 43.4% das par‑
ticipantes possuía formação académica superior e 30,9% da
amostra tinha o ensino secundário, resultados semelhantes
ao estudo previamente realizado (Gomes, Nelas, & Duarte,
2012). No estudo realizado por Martins (2012) as participan‑
tes com formação superior era de 27,1% tendo a maior fatia
da amostra escolaridade inferior ou igual ao 3º ciclo (53,5%).
Verificou­‑se a existência de diferenças estatisticamente
significativas (p=0,010) e com base nas ordenações médias
podemos afirmar que a formação académica é directamente
proporcional ao aumento do afecto materno resultado se‑
melhante ao encontrado por Schumidt & Argimon (2009).
Observamos tambem que existen diferenças estatistica‑
mente significativas entre os grupos de participantes com
formação superior e as que possuem formação ate ao 3º ci‑
clo (p=0,007).
A formação académica do conjugue assume igual com‑
portamento, ou seja apresenta diferenças estatisticamente
significativas (p=0,006) confirmada pelo teste de Kruskal­
‑Walis, existindo diferenças significativas entre os grupos de
pais com formação ate ao 3º ciclo e os pais com formação su‑
perior (p=0,04) como se pode verificar através da realização
do teste post hoc de Tukey.
A taxa de actividade feminina em Portugal ultrapassa a
média europeia, com um dos valores mais elevados da Eu‑
ropa Comunitária, sendo o estado membro da União Euro‑
peia (UE) onde as mães com filhos até aos 10 anos trabalham
mais horas (Maia M. J., 2007).
No presente estudo a maioria (87,1%) das participantes
exercia uma actividade profissional. A maior percentagem
(81%) trabalha a tempo integral, 6,1 % referiram trabalhar a
tempo parcial, valores semelhantes ao do estudo realizado
por Martins (2012). Podemos verificar que tendo por base
os grupos etários existem diferenças para o grupo das par‑
ticipantes empregadas a tempo inteiro (resíduos ajustados
­‑2,1 e 2,1) sendo as participantes de idade ≥36 que possuem
maior valor percentual 90,3% vs. 78,7%.
Verifica­‑se também que apesar de não existir diferença es‑
tatisticamente significativa as participantes que trabalham
menos tempo têm maiores índices de afecto materno, orde‑
nações médias mais elevadas. Resultados semelhantes aos
encontrados por Martins (2012), na sua investigação. Este
facto poderá estar associado a uma maior disponibilidade
para estar com o bebé e um maior número de horas de con‑
vivência.
Se, alguns autores não encontraram quaisquer efeitos ad‑
versos e outros tenham mesmo verificado consequências
positivas, há autores que observaram efeitos adversos sobre
o afecto materno, pelo facto de a mãe trabalhar fora de casa
e colocar precocemente o bebé no infantário (Martins, 2012)
No entanto, Hoffman (1984), assim como Zaslow, Peder‑
sen, Suwalsky, Cain e Fivel (1985) não encontraram quaisquer
46
diferenças na relação estabelecida entre as mães que se au‑
sentem de casa para irem trabalhar e as mães que permane‑
cem em casa. Observaram, antes, que estas diferenças esta‑
vam nos tempos escolhidos por estas mães para se relacio‑
narem com os seus filhos, sendo que as mães que trabalham
fora de casa compensam o tempo em que não estão com o
bebé mantendo­‑se de um modo mais presente com ele fora
das horas do trabalho (Martins, 2012).
A distribuição das participantes no estudo demostrou que
48,1 % reside na cidade e 11,9% que reside na aldeia, valores
semelhantes ao estudo realizado por Gomes, Nelas, & Duarte
(2012), onde se verificou que 46% residiam na cidade e 16,1
% na aldeia. Podemos constatar que as participantes resi‑
dentes nas vilas foram as que obtiveram ordenações médias
mais elevadas (158,59) no afeto materno, sendo que as orde‑
nações médias mais baixas se verificaram nas que residem
nas aldeias (meio rural), pelo teste de Kruskal­‑Wallis e seus
resultados constamos que as diferenças entre os dois grupos
não são significativas (p> 0,05). Pelo referido anteriormente
podemos inferir que as participantes que vivem em vilas têm
maior de afecto materno.
O estudo da co­
‑habitação permitiu verificar a grande
maioria das participantes viviam com o marido e filhos (87,6)
a semelhança do estudo de Schumidt & Argimon, (2009).
A experiência humana torna­‑se útil sempre que sejamos
capazes de a reverter a favor do Homem, deste modo, os re‑
sultados desta investigação terão um contributo directo mas
podendo ser um potencial no desenvolvimento de futuros
práticas pelo reconhecimento das lacunas encontradas, e
evidências produzidas que não poderão ficar limitadas a esta
tese.
Durante a realização deste estudo recorreu­‑se a uma re‑
visão da literatura que procurou ser o mais actual possível,
de forma a aprofundar e consolidar conhecimentos relacio‑
nados com o tema estudado.
Utilizando este momento final para extrair as principais
conclusões e fazer referência às limitações do trabalho bem
como propor algumas sugestões que poderão contribuir
para trabalhos futuros.
Uma das limitações do nosso estudo, é o facto de termos
trabalhado com uma amostra aleatória de mães, já que os
resultados, dependem da honestidade e sinceridade da in‑
querida, isto é, as suas respostas são habitualmente dirigidas
mais a condutas desejáveis e não tanto às que na realidade
acontecem (Duarte, 2008).
Outra limitação deve­‑se ao facto de o nosso estudo ser
transversal e descritivo/analítico, uma vez que carece por
esse motivo de um controlo experimental das variáveis inde‑
pendentes. Salientamos ainda o facto de no momento da co‑
lheita de dados as mães terem de se reportarem a fenómenos
com um distanciamento temporal significativo, de cerca de 2
anos. A transformação do nosso estudo em longitudinal com
monitorização da evolução das variáveis envolvidas poderia
conduzir à obtenção de melhores resultados.
REVISTA DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DOS ENFERMEIROS OBSTETRAS — N.º 14/2014
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O papel do pai na Gravidez,
Parto e Pós­‑Parto: perceções paternas
Carina Rodrigues1
RESUMO
O período de transição para a parentalidade exige uma série de adaptações
por parte dos futuros pais, onde se destaca a trajetória masculina que as‑
sume um papel preponderante na gravidez, parto e pós­‑parto.
O presente estudo decorre da necessidade de se analisar o papel do
companheiro no processo gravídico, parto e pós­‑parto e perceber de que
forma o homem vivencia e se envolve neste novo papel.
Trata­‑se de um estudo qualitativo, onde se procurou, numa amostra es‑
tratificada de dez futuros pais compreender de que forma os pais vivenciam
a adaptação à paternidade, analisar as suas perceções relativamente à gravi‑
Especialista em Enfermagem de Saúde Materna e Obstétrica; Professora Adjunta no Institu‑
to Piaget; e­‑mail: [email protected].
1
dez, parto e pós­‑parto assim como estudar os benefícios da sua participação
no ciclo gravídico e puerperal;
Utilizou­‑se, como método de recolha de dados, uma entrevista semies‑
truturada, que foi sujeita a um estudo piloto anterior à sua aplicação. Foi
posteriormente construído um guião de entrevista de doze questões, orga‑
nizadas segundo a revisão de literatura realizada.
Os resultados revelaram a importância papel do pai quer durante a gra‑
videz, quer durante o parto e puerpério. Os resultados foram interpretados
à luz da literatura revista, que corroboraram, e sugerem implicações na área
de saúde materna remetendo para posteriores estudos de aprofundamento.
Palavras­‑chave: Parentalidade, papel, gravidez, parto, pós­‑parto.
ABSTRACT
The period of transition to parenthood requires a number of adjustments on
the part of prospective parents, which includes the male career that takes a
leading role in pregnancy, childbirth and postpartum.
REVISTA DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DOS ENFERMEIROS OBSTETRAS — N.º 14/2014 47
The present study stems from the need to analyze the companion paper
the pregnancy, delivery and postpartum and realize how man experiences
and becomes involved in this new role.
This is a qualitative study in which we sought, a stratified sample of ten
future parents understand how parents experience the adaptation to paren‑
thood, analyze their perceptions with respect to pregnancy, childbirth and
postpartum and to study the benefits of their participation in pregnancy
and childbirth;
Was used as a method of collecting data, a semi­‑structured interview,
which was subject to a pre­‑implementation pilot study. Was subsequently
constructed an interview guide of eight questions, organized according to
the literature review.
The results revealed the importance of the father role either during preg‑
nancy or during childbirth and postpartum. The results were interpreted in
the light of the literature review, which corroborated and suggest implica‑
tions in the area of ​​maternal health reference for further detailed studies.
Keywords: Parenting, paper, pregnancy, childbirth, postpartum.
RESUMEN
El período de transición a la paternidad requiere una serie de adaptaciones
por parte de los futuros padres, que incluye la carrera masculina que juega
un papel importante en el embarazo, el parto y el posparto.
Este estudio nace de la necesidad de analizar el papel de la compañera
del embarazo, parto y postparto y darse cuenta de cómo el hombre experi‑
menta y se ve envuelto en esta nueva función.
Se trata de un estudio cualitativo en el que buscábamos, una muestra es‑
tratificada de diez futuros padres a entender cómo los padres experimentan
la adaptación a la paternidad, analizar sus percepciones con respecto al em‑
barazo, el parto y el posparto, así como estudiar los beneficios de la su parti‑
cipación en el embarazo y el parto;
Fue utilizado como un método de recolección de datos, una entrevista
semi­‑estructurada, que fue objeto de un estudio piloto previo a su aplica‑
ción. Más tarde se construyó una guía de entrevista de doce preguntas, or‑
ganizados de acuerdo a la revisión de la literatura.
Los resultados revelaron la importancia de la función padre, ya sea du‑
rante el embarazo o durante el parto y el posparto. Los resultados fueron in‑
terpretados a la luz de la revisión de la literatura, que confirmó, y sugieren
implicaciones en el ámbito de referencia de la salud materna para su poste‑
rior estudio de profundización.
Palabras clave: Parenting, papel, embarazo, parto, post­‑parto.
INTRODUÇÃO
A gravidez é um ciclo de estruturação e crescimento cujo iní‑
cio ocorre com o processo de fecundação e dá­‑se por con‑
cluído com o nascimento do bebé, que exige da futura mãe/
casal um esforço de adaptação e reajustamento a nível bio‑
lógico, psicológico e social. A gestação funciona para os pais
como um estágio em que são preparados para os seus novos
e exigentes papéis. Brazelton (1988) refere a este respeito
que os pais nesta fase constroem sentimentos e fantasias,
revêm a sua infância e os seus pais, assim como emergem
as preocupações inerentes à transição para a parentalidade.
A postura masculina relativamente à parentalidade difere
bastante da feminina, uma vez que a mulher possui a capa‑
cidade de sentir os movimentos do seu filho dentro de si, as‑
sim como ajudá­‑lo no seu nascimento e amamentá­‑lo. Como
tal existem autores que referem que o vínculo entre pai e fi‑
lho demora mais tempo a concretizar­‑se, construindo­‑se gra‑
dualmente ao longo tempo à medida que a criança se desen‑
volve (Delmore­‑Ko, Pancer, Hunsberger e Pratt, 2000). É es‑
48
sencialmente um vínculo indireto, mediado pela mãe.
O presente estudo tem como objetivo analisar a perceção
dos futuros pais sobre a gravidez, parto e pós­‑parto e intitula­
‑se “O papel do pai na gravidez, parto e pós­‑parto: perceções
paternas”. Os objetivos são os seguintes:
•• Identificar de que forma os pais vivenciam a adaptação
à paternidade;
•• Analisar as perceções dos pais relativamente à gravidez,
parto e pós­‑parto;
•• Estudar os benefícios da participação do pai no ciclo
gravídico e puerperal;
Pretende­‑se assim, contribuir para o esclarecimento desta
temática, considerando que enquanto a realidade apresenta
questões para resolver, a ciência proporciona uma grelha de
análise global que permite a clarificação dessas questões. A
investigação em Enfermagem deve ter em vista, estabelecer
a conexão entre ilações provenientes das teorias científicas
e os problemas surgidos no real, identificando e explicando
esses problemas segundo estudos científicos, contribuindo
posteriormente para implicações na prática de enfermagem
melhorando a qualidade dos serviços prestados. Espera­‑se
então com este estudo, contribuir para a criação de novos sa‑
beres, que, pensa­‑se serem cruciais numa profissão cujo ob‑
jetivo fulcral é melhorar cada vez mais a prestação de cuida‑
dos àquele que mais necessita.
QUADRO TEÓRICO
Nas últimas décadas tem­‑se vindo a assistir a um envolvi‑
mento cada vez mais profundo dos homens na gravidez,
sendo que participam no seu acompanhamento desde o
diagnóstico da gravidez, até às consultas médicas e cursos
de preparação para a parentalidade com especial participa‑
ção no momento do parto, onde dão apoio e compreensão
à parturiente e ajudam em atividades de relaxamento como
a respiração.
Relativamente ao envolvimento paterno na gravidez
Parke (1996) defende que os pais passam por mudanças si‑
milares às das companheiras grávidas. Integrado nestas apa‑
rece a síndroma de Couvade em que os pais experimentam
os mesmos sintomas físicos e psicológicos semelhantes aos
manifestados pela grávida, devido a causas psico­‑somáticas.
Os sintomas podem ir desde náuseas e enjoos, assim como
caibras, sensibilidade ou irritabilidade exageradas tendo sido
também já relatados casos de aumento de peso. Vários estu‑
dos realizados sobre esta síndrome documentam que cerca
de cinquenta por cento dos pais acabam por manifestar pelo
menos dez por cento dos sintomas, sendo os homens mais
afetados aqueles que foram adotados ou que pertenciam a
casais com maior desejo em concretizar o sonho de ter um fi‑
lho. De Martini (1999) realizou um estudo em 30 futuros pais
e verificou que cerca de metade apresentavam este tipo de
síndrome.
Piccinini et al (2004) assim como May (1982) referem que
que o envolvimento paterno pode variar ao longo da gravi‑
dez de acordo com as características de cada pai, e acrescen‑
REVISTA DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DOS ENFERMEIROS OBSTETRAS — N.º 14/2014
tam que o envolvimento emocional é constituído por três fa‑
ses: a primeira destas compreende o período desde a sus‑
peita da gravidez até a sua confirmação, quando os pais po‑
dem experimentar reacções de desconforto, stresse e ambi‑
valência. Na segunda fase, os pais ainda não sentem a gesta‑
ção como uma realidade, uma vez que os sinais físicos não
são evidentes, fazendo com que a distância emocional seja
a característica mais marcante neste período. Na última fase,
geralmente no terceiro trimestre de gravidez os homens vi‑
venciam a gestação como algo real, sentindo­‑se mais inte‑
grados no ciclo gravídico à medida que a gravidez progride.
Na mesma linha de pensamento Carvalho (2005:15) refere
que o homem tem vindo a romper “conceitos antigos do pai
autoritário e cria a imagem de um pai participativo passando a
ocupar uma posição ativa na gravidez de sua mulher, dividindo
com ela as preocupações com a gestação como também acom‑
panha e participa do nascimento de seu filho”. O papel do pai
na gravidez passa então através da sua participação em ati‑
vidades relativas à gravidez desde a sua vigilância assim até
à sua integração nos preparativos para o nascimento assim
como na tranquilização e apoio emocional da companheira.
Da mesma forma que o papel do homem tem­‑se vindo a
afigurar importante na gravidez, também no parto o homem
desempenha uma figura essencial.
Se há alguns anos, a prestação de cuidados à parturiente
assentava num modelo em que a mulher se via entregue a
si própria e submissa às equipas médicas e de enfermagem,
num ambiente que lhe era completamente desconhecido e
gerador de dúvidas e incertezas (Kitzinger, 1995), atualmente
a realidade já é outra que contempla a participação do pai.
Esta vertente de encarar o parto, tornava a mulher como um
ser passivo, submergida em rotinas hospitalares, com um
desrespeito profundo pelo modelo biopsicossocial, em que
a pessoa é encarada de forma holística. Na tentativa de con‑
trariar esta tendência foram surgindo defensores da huma‑
nização do parto. A organização mundial de saúde em 1996,
criou um documento de referência ao parto normal, onde se
incluiu a participação e encoraja a participação do pai (Lei
nº14/85 de 6 de Julho).
O pai desempenha um apoio fundamental, constituindo
uma base de apoio e de segurança para a parturiente ao
mesmo tempo que reforça a identidade do homem e reduz
a sensação de estar a ser excluído. Na mesma linha de pen‑
samento Carvalho (2003:394) refere que “tanto a materni‑
dade como a paternidade são beneficiadas, facilitando a soli‑
dariedade e compartilhamento de emoções profundas no nas‑
cimento da criança, o que pode contribuir para a construção de
relações mais igualitárias entre homens e mulheres”. Oliveira
e Brito (2006:4) acrescentam ainda que “a participação dos
pais no nascimento traz o núcleo familiar para o ambiente ins‑
titucional, constituindo um desafio e possibilidade de constru‑
ção de uma assistência atenta à qualidade do nascimento das
crianças. O homem deseja compartilhar o nascimento do filho
para poder sentir a emoção de ser pai e permanecer com sua
parceira. Entretanto, essa vontade nem sempre é concretizada
devido às inúmeras desigualdades institucionais e de conduta
profissional, tornando­‑se cada vez mais imprescindível advogar
a presença do homem como uma necessidade e prioridade para
o bem­‑estar do casal e da família”.
A nível do pós­‑parto o pai também desempenha um papel
primordial. Tal como refere Oliveira e Brito (2006:2) “a ajuda
paterna nos cuidados com a criança proporciona uma intera‑
ção precoce e mais intensa entre pai e bebé, o que favorece o
crescimento saudável da criança, além de transmitir segurança
à companheira, pois ajuda­‑a, indiretamente, a sentir­‑se mais
amorosa e dedicada ao seu filho”.
Após o nascimento, o pai percebe as primeiras dez sema‑
nas de paternidade da mesma forma que a mãe, sendo um
período caracterizado pela incerteza, pelo aumento de res‑
ponsabilidades, pela interrupção do sono e pela incapaci‑
dade de controlar o tempo necessário para prestar cuidados
ao recém­‑nascido (Oliveira e Brito; 2006). O período puer‑
peral é por si só um fator de desequilíbrio da relação con‑
jugal na medida em que a atenção da puérpera está focada
na criança, que lhe consome muito tempo quer na prática
de amamentação quer na solicitação excessiva do recém­
‑nascido. A atividade sexual neste período também dimi‑
nui quer pela falta de motivação da mulher quer pelo esgo‑
tamento da companheira provocado pelos cuidados à casa
e à criança, principalmente quando não há partilha de tare‑
fas. A este respeito, as mesmas autoras (2006:5) referem que
“mostrar­‑se disponível, seja para ajudar ativamente a cuidar do
bebé ou apenas ouvir a sua companheira, é a atitude favorável
à prevenção do desgaste psicológico da mulher, ao desenvolvi‑
mento do vínculo e ao exercício da paternidade”.
Também a nível da prevenção do aparecimento da de‑
pressão pós­‑parto, o papel do pai é fundamental. Ó Hara
(1992) verificou um fraco ajustamento matrimonial em puér‑
peras que desenvolveram depressão quando comparadas
com puérperas não deprimidas, defendendo que um rela‑
cionamento social pobre com o companheiro predispõe a
mulher ao desenvolvimento desta perturbação. A qualidade
da relação do casal, principalmente em primíparas condi‑
ciona a forma da puérpera se ajustar às mudanças trazidas
pela maternidade, sendo que a falta de relações íntimas, de
apoio e de confiança conduzem ao aparecimento da depres‑
são. Também Figueiredo (1997­‑a), refere que estudos com
mães solteiras evidenciam maior risco de desenvolvimento
de depressão pós­‑parto, devido à falta de apoio de um com‑
panheiro na gravidez, parto e pós­‑parto. O´Hara (1992) de‑
monstrou nos seus estudos que, as mulheres com depressão
pós parto referem com significativa frequência sentirem­‑se
pouco apoiadas pelo cônjuge e manifestarem­‑se pouco sa‑
tisfeitas com o relacionamento conjugal que têm.
METODOLOGIA
No âmbito da metodologia utilizada, passam a referir­‑se
os sujeitos da amostra envolvida no presente estudo, bem
como o instrumento utilizado e os procedimentos havidos.
Através de um estudo qualitativo, procurou­‑se analisar,
REVISTA DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DOS ENFERMEIROS OBSTETRAS — N.º 14/2014 49
numa amostra de 10 futuros pais, de que forma os pais viven‑
ciam a adaptação à paternidade, analisar as suas perceções
relativamente à gravidez, parto e pós­‑parto e de certa forma
comprovar os benefícios da participação do pai no ciclo gra‑
vídico e puerperal;
Todos os pais foram informados do tipo de estudo, dos
objetivos do mesmo e do carácter voluntário da sua parti‑
cipação. Todos se mostraram disponíveis e colaborantes e
autorizaram a gravação em suporte digital. Tentou­‑se que
as entrevistas decorressem num clima de confiança e à von‑
tade. Tratando­‑se de entrevistas semiestruturadas procurou­
‑se centrar o seu desenvolvimento, nos aspetos incluídos
no guião. A população em estudo foi constituída por 10 ho‑
mens, pais de primeira vez, com idades compreendidas en‑
tre os 25 e 40 anos.
5
Quadro 1: Guião de entrevista
Bloco de assuntos
Quadro 1: Guião de entrevista
Objetivos
Questões
 Confirmar a disponibilidade do entrevistado para participar
I
Legitimação
da entrevista
na pesquisa
Legitimar a
entrevista
.Motivar o
entrevistado
 Informar sobre o tema e objetivos da pesquisa
 Garantir a confidencialidade
 Solicitar autorização para gravar a entrevista
 Poderá interromper quando desejar
Recolher informação sobre
II
Breve
caracterização das
participantes no
estudo
Obter dados
sociodemográficos
das puérperas
 Idade
 Habilitações Literárias
 Profissão
1.Gravidez
1.1. De que forma tem apoiou a gravidez da sua companheira?
1.2. Quais as maiores dificuldades que sentiu durante a gravidez
Identificar de que
forma os pais
vivenciam a
III
Perceções paternas
do papel do pai na
gravidez, parto e
pós-parto
adaptação à
paternidade;
da sua companheira?
1.3. Que sentiu durante a gravidez da sua companheira?
1.4. Existe algum aspeto que alterasse se passasse pelo mesmo
período novamente?
2. Parto
2.1. De que forma apoiou a sua companheira no parto?
Analisar as perceções
2.2. Quais as maiores dificuldades que sentiu durante o
dos pais relativamente
nascimento do seu filho?
à gravidez, parto e
pós-parto;
Estudar os benefícios
da participação do pai
no ciclo gravídico e
puerperal;
2.3. Que sentiu durante o nascimento?
2.4. Existe algum aspeto que alterasse se passasse pela mesma
experiência novamente?
3.Pós-Parto
3.1. De que forma tem apoiou a sua companheira após o
nascimento?
3.2. Quais as maiores dificuldades que sentiu após o nascimento
do seu filho?
3.3. Que sentiu durante o pós-parto da sua companheira?
3.4. Existe algum aspeto que alterasse se passasse pelo mesmo
período novamente?
RESULTADOS
Feita a categorização temática, sobressaiu uma área temática
previamente definida e as respetivas categorias definidas à
posteriori: perceções paternas do papel do pai na gravidez,
parto e pós­‑parto.
Tendo por base o suporte teórico e a metodologia pro‑
posta a utilizar, procedeu­‑se à reanálise e reinterpretação dos
discursos de onde emergiram as unidades de registo e as uni‑
dades de contexto.
Para as perceções paternas do papel do pai no ciclo
50
gravídico­‑puerperal obteve­‑se como unidades de registo:
Gravidez, Parto e Pós­‑parto.
A maioria dos entrevistados (mais de 50%) referiu ter dado
apoio à sua companheira na gravidez através da ida a consul‑
tas pré­‑natais (E2, E3, E5, E7, E8, E10), cursos de preparação
para a parentalidade (E2, E3, E5, E8, E9, E10), apoio nos des‑
confortos próprios da gravidez (E2, E3, E5, E7; E8, E10), assim
como participar na preparação para o nascimento (E1, E2, E3,
E5, E7, E8, E10). A nível das dificuldades sentidas neste pe‑
ríodo os entrevistados referiram alguma complexidade em
compreender os sentimentos das companheiras (E4; E7; E10)
e sentirem­‑se por vezes excluídos num projeto que também
lhe pertencia (E1, E3, E7, E9). As principais alterações que rea‑
lizariam se voltassem a passar pelo mesmo período seriam
o estar mais tempo com a companheira (E1, E3, E4, E7, E10),
aprofundarem mais os conhecimentos sobre a gravidez e
parto (livros, programas, frequência de cursos de preparação
para a parentalidade) (E4, E6, E7).
Relativamente ao parto, constatou­‑se que a maioria dos
entrevistados deu apoio à sua companheira durante o parto
(E1, E2, E5, E7, E8, E10), através de apoio na respiração (E2,
E3, E5, E8, E9, E10), de transmitir confiança e segurança (E2,
E3, E5, E8, E9, E10), de tranquilizar a companheira (E2, E5,
E6). Alguns entrevistados referiram ainda que se tinham sen‑
tido úteis neste momento no sentido em que ajudaram o fi‑
lho a nascer (E1, E4, E5, E9). As maiores dificuldades sentidas
resumem­‑se ao receio de acontecer algo inesperado à sua
companheira e ao seu filho (E1, E2, E3, E4, E6, E8, E9), ao as‑
sistir ao parto eutócico/distócico (E5, E7, E10) ou à reanima‑
ção do recém­‑nascido (E5, E6, E7, E8, E10). Três dos entrevis‑
tados também referiram que a maior dificuldade foi descons‑
truir a convicção de que não eram capazes de assistir ao nas‑
cimento do filho (E5, E6, E7, E10).
Os sentimentos mais vivenciados neste momento foram
o receio (E5, E6, E7, E10), a alegria (E1, E3, E5), o entusiasmo
(E2, E8), a partilha de emoções (E1, E2, E6, E8), o amor (E1, E2,
E3, E4, E5, E7, E8, E9, E10), o carinho (E9), a felicidade (E1, E2,
E6, E8, E9), demonstrando que o parto constitui o momento
mais importante para o homem e que é nele que ele consi‑
dera o filho como real e perceciona a paternidade e consolida
o papel de pai. Relativamente aos aspetos que os entrevista‑
dos alterariam se voltassem a passar por este momento no‑
vamente, a maioria dos entrevistados referiu o corte do cor‑
dão umbilical que não lhe foi permitido quer por partos dis‑
tócicos quer por esquecimento/não estar informado, quer
por normas e rotinas hospitalares (E5, E6, E7, E10).
No pós­‑parto, constatou­‑se que a maioria dos pais não
apoia a companheira em tarefas domésticas mas auxilia na
prestação de cuidados ao recém­‑nascido (E1, E3, E4, E7, E10).
Os recentes pais nesta altura consideram prioritário satisfa‑
zer as exigências do recém­‑nascido. A falta de apoio foi tam‑
bém referenciada pela necessidade de retomar a atividade
profissional (E6, E7, E9; E10). Mais de metade dos entrevista‑
dos relatou que sentiram mais necessidade de ajudar a com‑
panheira nas primeiras semanas após o nascimento e que
REVISTA DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DOS ENFERMEIROS OBSTETRAS — N.º 14/2014
esta necessidade foi diminuindo gradualmente (E1, E2, E5, E7,
E8, E10). No que concerne às principais dificuldades no pós­
‑parto, os pais referiram a falta de descanso durante a noite
(E1, E6, E9), a dificuldade em não compreender o choro do
bebé (E2, E3, E8) e a alteração abrupta das rotinas e hábitos de
vida (E4, E5, E7). O stresse vivenciado pela companheira tam‑
bém foi considerado como uma dificuldade sentida no pós­
‑parto (E10). Muitos dos entrevistados referiram sentirem­‑se
excluídos neste período, pela atenção da companheira para
com o bebé, assim como incapazes e com pouca habilidade
de prestar cuidados aos seus filhos uma vez que as suas ações
eram constantemente mediadas por ações de outros fami‑
liares, afastando­‑os de experiências importantes da paterni‑
dade (E1, E4, E5, E7, E10). Referiram ainda que sentiam que
a sua presença era dispensável naquele momento. Foi tam‑
bém relatado uma maior proximidade física, afetiva e emo‑
cional para com a companheira, apesar destas estarem mais
focadas nos cuidados ao bebé e na amamentação e com me‑
nos apetência para o relacionamento sexual (E4, E7, E9, E10).
Quando questionados sobre aspetos que alterariam nesta
fase, a maioria dos pais considera que o pós­‑parto não cons‑
titui uma fase problemática e como tal a maioria dos entre‑
vistados não referiu alterar nada após o nascimento (E1, E2,
E4, E5, E6, E9, E10). Apenas dois dos entrevistados referiram
a importância do apoio contínuo à companheira para evitar
distúrbios depressivos (E3, E8). Constata­‑se então que sendo
o parto o período com maior importância para o pai, o pós­
‑parto constitui sem dúvida aquele que é mais descurado
sob o ponto de vista do homem.
CONCLUSÕES
Após o percurso até aqui efetuado poder­‑se­‑á partir para
uma análise mais pormenorizada das partes que delinearam
esta investigação, revelando as conclusões que dela emer‑
giram. Após a revisão da literatura foi criada uma grelha de
análise que apresentasse pormenorizadamente as dimen‑
sões, os componentes e indicadores para cada conceito. A
partir daqui, constituiu­‑se o modelo conceptual, que permi‑
tiu estabelecer uma relação entre os dois conceitos, que pos‑
teriormente evoluiu para o guião da entrevista.
Tendo em consideração a análise de conteúdo das entre‑
vistas efetuadas, foi possível verificar a importância do papel
do homem na gravidez, parto e pós­‑parto sendo que a maio‑
ria dos entrevistados concordou com esta relação. Estes re‑
sultados vão no sentido do esperado e aproximam­‑se de ele‑
mentos da literatura revista (Oliveira e Brito, 2006; Carvalho,
2005; Parke, 1996).
Todos os entrevistados percecionam o parto como o acon‑
tecimento mais importante no ciclo gravídico­‑puerperal. O
período da gravidez é considerado como uma fase de média
importância e por último surge o pós­‑parto em que os pais
consideram a companheira mais capacitada e mais responsá‑
vel na prestação de cuidados ao filho.
Em posteriores estudos, poder­‑se­‑iam retomar aspetos
com vista a um maior aprofundamento dos resultados e da
sua interpretação, quer no âmbito dos instrumentos utiliza‑
dos quer numa ampliação da amostra dos sujeitos estuda‑
dos. A natureza da relação entre a personalidade paterna e
sucesso da amamentação poderia ser um dos aspetos a re‑
tomar, bem como a realização de análises dos resultados em
função de novas variáveis, quer do sujeito quer do contexto
profissional ou familiar dos sujeitos.
No culminar desta tarefa, árdua mas muito desafiante,
está­‑se consciente que as conclusões permitidas por esta in‑
vestigação não constituem a clarificação total desta proble‑
mática, nem tão pouco constituem o culminar de um pro‑
cesso; são, bem antes, um manancial importante de informa‑
ção que poderá servir para a formulação de novas questões
de estudo, com um assumir de novos desafios de investiga‑
ção em Enfermagem, Psicologia e Saúde.
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‑314.
REVISTA DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DOS ENFERMEIROS OBSTETRAS — N.º 14/2014 51
Experiência vivida pelo pai
no nascimento de um filho prematuro
Nelly Augusta Silva1; Teresa Maria Campos Silva2; Isabel Margarida Marques Monteiro
Dias Mendes***
3
RESUMO
Introdução: Num país onde a prematuridade tem vindo a aumentar, o pai e
o seu envolvimento no processo de cuidados ao filho prematuro são, por ve‑
zes, esquecidos, sendo a mãe o foco da atenção.
Objetivos: Conhecer a evidência científica sobre a vivência do pai no
nascimento de um filho prematuro entre 2005 e 2012.
Metodologia: Revisão sistemática da literatura segundo Cochrane Colla‑
boration (2011), utilizando o método PI(C)OD.
Resultados: Os estudos analisados focalizam o grande impacto do nas‑
cimento de um filho prematuro na vivência paterna, bem como, os obstácu‑
los com que o pai se depara nesta nova e difícil etapa da vida, os quais po‑
dem dificultar o processo de transição para a parentalidade, e a importân‑
cia do acompanhamento dos enfermeiros no processo de preparação do re‑
gresso a casa.
Conclusões: Conhecer a vivência paterna no nascimento de um filho
prematuro contribuirá na valorização da figura paterna e da sua participa‑
ção no ambiente de cuidados ao filho prematuro, privilegiando uma assis‑
tência de qualidade ao pai pelos enfermeiros ao longo do processo de pre‑
paração para a alta hospitalar.
Palavras-chave: Relações pai-filho; nascimento prematuro; cuidados de
enfermagem.
Objetivos: Evaluar la evidencia científica sobre la experiencia del padre en el
nacimiento de un niño prematuro, entre 2005 y 2012.
Métodos: Revisión sistemática de la literatura segundo Cochrane Cola‑
boración (2011), utilizando el método de PI(C)OD.
Resultados: Los estudios analizados se centran en el gran impacto del
nacimiento de un niño prematuro en la experiencia de lo padre y los obs‑
táculos que el padre se enfrenta en esta nueva y difícil etapa de la vida, lo
que puede dificultar la transición a la paternidad, y la importancia de la su‑
pervisión de las enfermeras en el proceso de preparación del regreso a casa.
Conclusiones: conocer al padre que vive el nacimiento de un niño pre‑
maturo contribuyen en la valoración de la figura paterna y su participación
en el cuidado de su niño prematuro, privilegiando la atención de calidad al
padre por las enfermeras en todo el proceso de preparación para el alta hos‑
pitalaria
Palabras clave: Las relaciones padre-hijo; nacimiento prematuro; cuida‑
dos de enfermería.
INTRODUÇÃO
RESUMEN
Historicamente o conceito de paternidade não apresentou
o mesmo reconhecimento no que respeita a construção
social do papel paterno, atravessando alguns períodos de
transição. Nos últimos anos, o pai tem vindo a destacar-se
como um elemento cada vez mais participativo nas ques‑
tões ligadas ao nascimento dos filhos e parentalidade e, à
semelhança da figura materna, este teve de se adaptar ao
seu novo papel parental, ficando exposto a momentos feli‑
zes e agradáveis podendo, contudo, deparar-se com alguns
obstáculos difíceis de ultrapassar, como no caso do nasci‑
mento de um filho prematuro. O nascimento prematuro
tem um grande impacto na vivência paterna, daí a impor‑
tância deste elemento ser integrado, pelos profissionais
de saúde, no ambiente de cuidados ao recém-nascido pre‑
maturo na Unidade de Cuidados Intensivos Neonatais, de
forma que adquire as capacidades para prestar os cuidados
ao recém-nascido prematuro autonomamente, para que,
aquando da alta hospitalar, esteja preparado para cuidar do
seu filho prematuro no domicílio. A elaboração desta revi‑
são sistemática da literatura tem como objetivo “Conhecer
a vivência do pai no nascimento de um filho prematuro”
procurando na evidência científica o estado da arte sobre
a temática, de modo a que a Enfermagem possa ser, peran‑
te o fenómeno da paternidade, um elemento facilitador no
processo de transição para a parentalidade.
EESMO. ACES Baixo Vouga – Unidade de Cuidados de Saúde Personalizados Anadia III. nelli‑
[email protected].
EESMO. Professora Adjunta da Escola Superior de Enfermagem de Coimbra. Doutoranda em
Enfermagem no ICS - Universidade Católica Portuguesa. [email protected].
3
EESMO. Professora Coordenadora da Escola Superior de Enfermagem de Coimbra. Doutora‑
da em Ciências de Enfermagem. [email protected].
Na antiguidade, o pai representava a autoridade da família
e detinha o papel de progenitor e responsável pelo sus‑
tento económico da família e educação dos filhos, não se
envolvendo na fase do nascimento e cuidados aos filhos
sendo a mãe considerada a principal cuidadora. Este foi
muitas vezes descrito como desinteressado e ausente na
ABSTRACT
Introduction: In a country where prematurity has increased, the father and
his involvement in the care process of premature children are sometimes for‑
gotten, being the mother the focus of the attention.
Objectives: To assess the scientific evidence on the experience of the fa‑
ther in the birth of a premature child between 2005 and 2012.
Methods: A systematic literature review second Cochrane Collaboration
(2011), using the PI(C)OD method.
Results: The studies analyzed focus on the major impact of the birth of a
premature child in the paternal experience, as well as the obstacles that his
father faced in this new and difficult phase of life, which can hinder the pro‑
cess of transition to parenthood and the importance of monitoring of nurses
in the preparation of the homecoming process.
Conclusions: Understanding the paternal experience in the birth of a
premature child helps in the appreciation of the father and his participa‑
tion in the environment of care of the premature child, emphasizing qua‑
lity care to the father by nurses throughout the preparation for hospital dis‑
charge process.
Key-words: father-child relationship; premature birth; nurse care.
Introducción: En un país donde la prematuridad ha aumentado, su pa‑
dre y su implicación en el proceso de atención de los niños prema‑
turos son a veces olvidados, siendo la madre el foco de atención.
1
2
52
QUADRO TEÓRICO
REVISTA DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DOS ENFERMEIROS OBSTETRAS — N.º 14/2014
prestação dos cuidados ao recém-nascido (Brazelton e
Cramer in Mendes, 2009), pois o parto e a própria gravidez
eram assumidos como “assunto de mulher” (Seabra, Jesus
& Ribeiro, 2008). Ao longo dos tempos, o papel paterno
passou a afirmar-se no seio da família assumindo-se mais
ativo no que concerne às suas funções e responsabilidades
relativas à paternidade, demonstrando interesse e parti‑
cipação desde o período pré-concecional ao nascimento,
nos cuidados à criança ao longo do seu crescimento e tam‑
bém começou a envolver-se nalgumas tarefas considera‑
das mais femininas. Assim pode-se dizer que a vivência do
homem na construção do seu papel paterno e na transição
para a parentalidade tem hoje contornos diferentes dos de
há umas décadas atrás.
O nascimento de um filho marca o início de uma nova fase
do ciclo familiar acarretando intensas mudanças, levando à
necessidade de adaptação e de reorganização do casal/famí‑
lia, especialmente aquando do nascimento de um filho pre‑
maturo.
O recém-nascido pré-termo ou prematuro é o nascimento
que ocorre antes do termo, isto é, com idade gestacional in‑
ferior a 37 semanas de gestação e peso fetal inferior a 2500
gramas (OMS in Carvalho, Araújo, Costa, Brito & Souza, 2009).
Perante a vulnerabilidade e risco de morte da criança, sur‑
gem sentimentos de culpa, impotência, medo, tristeza, raiva
e mesmo rejeição pelo filho que geraram. O nascimento de
um bebé antes do termo caracteriza um momento de crise
para a família (Araújo & Rodrigues, 2010).
Atualmente, a sobrevivência dos recém-nascidos pre‑
maturos tem sido uma realidade constante no quotidiano
(Araújo & Rodrigues, 2010). Segundo Carvalho et al (2009),
estima-se que anualmente em todo o mundo nascem 20 mi‑
lhões de recém-nascidos com baixo peso, muitos em con‑
sequência de partos prematuros. Perante este problema de
saúde pública, Portugal também não é exceção. Contraria‑
mente ao decréscimo verificado na natalidade, no que con‑
cerne os nados vivos prematuros e de baixo peso, a percenta‑
gem de prematuros era de 6,6% e de baixo peso era de 7,5%
em 2005 e de 7,4% e de 8,4% respetivamente em 2011.
Tendo em conta que a mortalidade e morbidade neona‑
tal são maiores entre os recém-nascidos prematuros, o de‑
senvolvimento das Unidades de Cuidados Intensivos Neona‑
tais (UCIN) revelou-se um marco na história da Neonatologia,
possibilitando uma assistência de qualidade ao recém-nas‑
cido prematuro e consequentemente, contribuído para a sua
sobrevivência.
O ambiente na UCIN é, visto pelo pai como uma ameaça,
e dado que o ambiente envolvente influencia o processo de
vinculação entre pai/filho, a aproximação e relação de con‑
fiança entre os enfermeiros e o pai possibilita minimizar a
separação pai/filho e fortalecer assim os seus laços afetivos.
A figura paterna deve ser incluída no processo de cuidados
para despertar o interesse e sentimento de pertença relativa‑
mente ao recém-nascido prematuro. Porém é necessário res‑
peitar a disposição do pai ao quebrar as barreiras para tocar
no seu filho. A participação deste no ambiente de prestação
de cuidados deve ser negociada com ele, tendo em conta a
sua disponibilidade física e psicológica.
A notícia da alta hospitalar do prematuro representa sem‑
pre um momento de alegria para os pais. Porém, a alta hos‑
pitalar também pode originar mais stress e ansiedade nos
pais, pois estes sabem que, no domicílio, eles serão os únicos
cuidadores do recém-nascido prematuro e deverão assumir
a responsabilidade na satisfação das necessidades do seu fi‑
lho, sem ter ao seu lado o apoio e orientação do enfermeiro.
O nascimento prematuro tem consequências sobre as vi‑
vências maternas e paternas. Contudo, o pai e o seu envol‑
vimento são por vezes esquecidos nesta nova e difícil etapa
da vida. Segundo a revisão bibliográfica de Tronchin e Tsune‑
chiro (2005), existem poucos estudos que evidenciem a ex‑
periência paterna no cuidar do prematuro, sendo que a ma‑
ternidade tem recebido maior ênfase do que a paternidade.
Segundo Nitschke in Gomes, Filho e Erdmann (2008), tam‑
bém na prática de muitos profissionais de enfermagem, as
orientações estão voltadas quase que exclusivamente para
o binómio mãe/filho, esquecendo-se da participação do
pai como membro constituinte da família, dissociando-o da
mesma. Especificamente, os enfermeiros conhecem os direi‑
tos do pai, mas parece que resistem em reconhecê-lo como
cuidador.
METODO DE REVISÃO
SISTEMÁTICA
De acordo com o contexto apresentado emergiu a seguinte
questão “Conhecer a evidência científica sobre a vivência
do pai no nascimento de um filho prematuro entre 2005
e 2012.” Para dar resposta foi elaborada uma revisão siste‑
mática da literatura segundo os princípios The Cochrane
Collaboration (2011) que permitisse descrever a evidência
científica sobre o fenómeno em análise. No processo de
seleção dos documentos utilizámos o método PI(C)OD es‑
tabelecendo como critérios de inclusão serem artigos de re‑
vistas eletrónicas e livros escritos em português, publicados
entre 2005/2012. Como recurso de pesquisa utilizámos as
bases de dados SCIELO e Repositório Científico de Acesso
Aberto de Portugal. Procedemos à leitura integral dos 38
artigos encontrados de modo a nos proporcionar uma vi‑
são de todo o conteúdo, seguido de um leitura mais por‑
menorizada de cada estudo e tendo em conta os critérios
de inclusão foram selecionados 6 artigos que continham o
propósito desta revisão.
APRESENTAÇÃO
DOS RESULTADOS
Dos 6 artigos selecionados, 4 são de Portugal e 2 são do Bra‑
sil, escritos em português. Maioritariamente, cinco, tem um
desenho qualitativo recorrendo à observação participante e
entrevista sendo um de cariz quantitativo. Quanto aos par‑
ticipantes, na maioria são pais e mães e num estudo são en‑
fermeiras.
REVISTA DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DOS ENFERMEIROS OBSTETRAS — N.º 14/2014 53
Quadro 1 – Apresentação da seleção final dos artigos.
Dos resultados obtidos, na análise dos seis artigos selecio‑
nados, surgiram três dimensões, nomeadamente: pai face ao
nascimento de um filho prematuro; o papel do enfermeiro
face ao pai de um filho prematuro na UCIN e a transição vi‑
vida pelo pai de um filho prematuro.
No que respeita à dimensão “pai face ao nascimento de
um filho prematuro”, remetendo-nos para o percurso da fi‑
gura paterna, a construção social do papel paterno não teve
o mesmo reconhecimento ao longo da História. Segundo
Côrrea in Mendes (2009), regressando às comunidades pri‑
mitivas, o cuidar paterno era prestado pelos tios paternos
ou outros homens da comunidade, sendo que o pai bioló‑
gico não exercia socialmente esse cuidado. A partir do século
XVI, o conceito de família foi sofrendo grandes modificações
na sua estrutura e na organização dos papéis dos seus mem‑
bros.
No nascimento dos filhos, o pai era colocado de parte e
rejeitado, participando apenas no momento da conceção.
O pai era muitas vezes descrito como desinteressado e au‑
sente na prestação dos cuidados ao filho (Brazelton e Cramer
in Mendes, 2009). As grandes mudanças sociais sentidas após
a II Guerra Mundial, com a rápida industrialização e a eman‑
cipação da mulher para o mercado de trabalho constituíram
fatores que contribuíram para uma nova alteração no con‑
ceito da paternidade (Mendes, 2009), surgindo o declínio da
função paterna e a partilha da autoridade parental. Esta au‑
tora salienta que na sociedade atual, o homem assume cada
vez mais a sua paternidade, estando mais consciente da im‑
portância do seu papel, ficando apenas para trás a ideia de
perpetuação do seu nome, a história familiar e a herança.
A nova fase do ciclo familiar que corresponde ao nasci‑
mento de um filho acarreta grandes modificações na dinâ‑
mica da família exigindo aos elementos que a constituem
reorganizarem-se nas suas funções, especialmente aquando
do nascimento de um filho prematuro. Martinet in Baião
(2009), refere que de acordo com a Organização Mundial
de Saúde (OMS), a prematuridade é definida como o nas‑
cimento de um recém-nascido que ocorre antes das 37 se‑
manas de gestação após o primeiro dia da última menstrua‑
ção. Segundo Oliveira et al in Amaral (2009), a fragilidade e
imaturidade geral de um recém-nascido prematuro podem
comprometer o funcionamento dos seus órgãos, e mesmo a
sua sobrevivência, podendo provocar sequelas graves, e al‑
gumas irreversíveis, que permaneçam e interfiram durante o
seu crescimento e desenvolvimento infantil.
54
Barradas (2008, p. 57) salienta que “a prematuridade repre‑
senta quase a metade da mortalidade neonatal quase 80%
da mortalidade nos 10 primeiros dias”. E esta autora acres‑
centa que o número de internamentos de recém-nascidos
prematuros é expressivo na UCIN, pois segundo os dados
da Direção Geral da Saúde, o tempo de internamento médio
destes recém-nascidos é cerca de 45 dias, sendo que dos re‑
cém-nascidos prematuros com peso de nascimento abaixo
de 1000g é superior a três meses.
O período de internamento de um recém-nascido prema‑
turo na UCIN constitui um momento de grande sofrimento
para os pais, e de acordo com Whaley e Wong citados por
Barradas (2008), à medida que se aproxima o momento da
alta, os pais ficam muito apreensivos e exaltados, devendo
ser dado o tempo necessário à família para assimilar as in‑
formações e aprender a reconhecer as necessidades básicas
dos cuidados. Deste modo, o planeamento da alta não deve
ocorrer apenas no momento da alta, mas sim deve-se iniciar
desde o momento do internamento do recém-nascido pre‑
maturo na UCIN, devendo ambos os pais serem incluídos
neste processo.
No que concerne à dimensão “o papel do enfermeiro face
ao pai de um filho prematuro na UCIN”, observamos que o
período de hospitalização do recém-nascido prematuro
pode ser muito longo, dependendo da sua situação clínica,
para que possa receber um conjunto de cuidados de cuida‑
dos específicos de neonatologia que possibilite a sua sobre‑
vivência num ambiente extra-uterino.
Esta separação súbita entre pais e recém-nascido após
o nascimento e a necessidade de internamento podem di‑
ficultar e comprometer o processo de vinculação. Este pro‑
cesso também designado por relação precoce ou apego en‑
tre pais/filho é definido por Klaus e Kennell citados por Ama‑
ral (2009) como uma ligação emocional que liga pais e re‑
cém-nascido, a qual se inicia ainda durante a gravidez e se in‑
tensifica com o nascimento, tornando-se a mais importante
ligação humana.
Inicialmente, os pais de um filho prematuro apresentam
dificuldades em estabelecer laços afetivos com o mesmo,
não significando, no entanto, que estes deixarão de existir.
Estes sentem-se muitas vezes inseguros quanto ao recém‑
-nascido prematuro e à sua possibilidade de sobreviver, e
culpabilizam-se pela situação clínica do seu filho (Batalha et
al., 1999; Hockenberry et al., 2006; Brazelton e Cramer, 2004
in Amaral (2009)). Também o próprio aspeto físico é pouco
atraente pela sua imaturidade, podendo impressionar os pais
e dificultar a sua aproximação com o próprio filho.
Na opinião de Barradas (2008), para que o contacto pre‑
coce entre pai/recém-nascido prematuro seja estabelecido
com êxito, os profissionais de saúde devem facilitar os con‑
tactos iniciais da interação pai/filho, salientando a importân‑
cia da sua presença junto do recém-nascido para que este se
sinta protegido e amado.
Porém, Brazelton citado por Barradas também enuncia al‑
guns estádios pelos quais os pais devem passar para con‑
REVISTA DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DOS ENFERMEIROS OBSTETRAS — N.º 14/2014
seguirem superar os seus sentimentos de culpa, angústia e
medo, nomeadamente:
“Relacionar-se com o recém-nascido prematuro através
de informações que são fornecidos pela equipa médica;
Observar o movimento do recém-nascido prematuro que
é manipulado pela enfermeira, mas não lhe tenta provo‑
car esses movimentos; Observar o movimento do recém‑
-nascido prematuro que agarra o dedo da enfermeira ou
vira a cara ao som da voz e fica satisfeito. O seu filho está
a transformar-se em pessoa; Começar a tocar no seu re‑
cém-nascido prematuro e a acariciá-lo; Numa última fase
pega no seu recém-nascido prematuro, em que o segura e
começa a alimentá-lo.” (2008, p.80)
Como mencionam Carvalho et al (2009), durante o período
de internamento do prematuro na UCIN, o plano de cuidados
elaborado para as necessidades do recém-nascido deve con‑
templar também estratégias assistenciais tanto para a mãe
como para o pai. O pai é o primeiro a acompanhar e cuidar
do seu filho prematuro na UCIN, sendo ele a contactar pri‑
meiramente com os profissionais de saúde, a cuidar da com‑
panheira fragilizada, assim como, a assumir outras atividades
domésticas e profissionais (Avery, 1999; Coutinho e Morsch,
2006 in Carvalho et al (2009); Barradas (2008)).
Dado que o ambiente da UCIN pode impressionar o pai
pelo seu equipamento e tecnologia, podendo mesmo con‑
dicionar a sua participação no ambiente de cuidados, Davies
citado por Barradas refere que,
“Uma breve explicação do estado da criança, o tipo de
equipamento a ser utilizado, pode ajudar a aliviar muitas
preocupações dos pais antes de verem o filho (…) a fun‑
ção de cada peça do equipamento e dos procedimentos
atenuarão o choque inicial (…) a apresentação do pes‑
soal ajudará os pais a descontraírem-se e a sentirem-se
mais em «casa»” (2008, p.71).
Contudo, Amaral (2009) menciona que os profissionais de
saúde nem sempre estão atentos às necessidades emocio‑
nais do recém-nascido prematuro e das suas famílias por es‑
tarem tão habituados a concentrar a sua atenção para os as‑
petos físicos de manutenção da vida do bebé. E realça que
nem sempre é valorizada a importância de envolver os pais
no ambiente de cuidados, ou simplesmente é evitada a sua
participação, por se pensar que estes são incapazes de inter‑
vir junto do seu filho devido à tecnologia envolvente.
O enfermeiro, ao prestar cuidados especializados ao re‑
cém-nascido prematuro, deve possibilitar, numa filosofia de
parceria de cuidados, que os pais tenham um papel ativo nos
mesmos, orientando-os nos cuidados a prestar, partilhando
conhecimentos e ensinando-lhes técnicas adequadas que
satisfaçam as necessidades do seu filho (Amaral, 2009;Fer‑
reira e Costa, s.d.; Mano in Amaral, 2009).
A figura paterna não deve ser menosprezada pelos enfer‑
meiros, devendo também ser incluída no processo de cuida‑
dos para despertar o interesse e sentimento de pertença re‑
lativamente ao recém-nascido prematuro. Á medida que o
pai se vai sentindo mais confiante no ambiente de cuidados,
o enfermeiro deve promover a sua participação nas ativida‑
des com o filho prematuro, de acordo com a sua vontade e
capacidade, tais como a higiene e conforto, alimentação, vi‑
gilância de temperatura, entre outros cuidados de enferma‑
gem, de forma que este se sinta mais responsável e útil no
cuidar do seu filho, reduzindo assim a sua sensação de impo‑
tência (Barradas, 2008).
No que respeita a dimensão “a transição vivida pelo pai
de filho prematuro”, partindo da Teoria das Transições de
Afaf Meleis, no nascimento de um filho, observámos que o
pai atravessa uma transição desenvolvimental, especifica‑
mente, a transição para a parentalidade, a qual pode ser difi‑
cultada pelos obstáculos com que o pai se depara no nasci‑
mento de um filho prematuro. Quanto ao padrão, esta transi‑
ção é única. O pai tem de adaptar-se à nova fase do ciclo vital
a que corresponde o nascimento de um filho, reorganizando‑
-se na dinâmica familiar e redefinindo os seus papéis paren‑
tais e funções no seio da família.
CONCLUSÃO
Os estudos analisados nesta revisão focalizam o grande
impacto do nascimento de um filho prematuro na vivência
paterna, bem como, os obstáculos com que o pai se depara
nesta nova e difícil etapa da vida, os quais podem dificultar o
processo de transição para a parentalidade. A transição para
a parentalidade é um processo vivido pelo pai, o qual deve
adaptar-se, assumindo o seu novo papel parental perante o
filho.
A fragilidade e imaturidade do recém-nascido prematuro
e o ambiente altamente tecnológico da UCIN podem tam‑
bém dificultar o contacto precoce entre pai-filho, bem como
a participação do pai no ambiente de cuidados ao filho pre‑
maturo. A prematuridade de um filho, para além de subme‑
ter o pai a momentos de tensão, medo e preocupação, exige
que este percorra um processo de aprendizagem que o ca‑
pacite de se relacionar e cuidar autonomamente do seu filho
prematuro na UCIN e, posteriormente, no domicílio, sendo
fundamental o apoio e o acompanhamento dos profissionais
de saúde, principalmente dos enfermeiros, no processo de
preparação para a alta hospitalar.
Com esta revisão sistemática da literatura, procurámos co‑
nhecer a vivência do pai no nascimento de um filho prema‑
turo de modo a contribuir na valorização da figura paterna e
da sua participação no ambiente de cuidados ao filho prema‑
turo na UCIN, privilegiando uma assistência de qualidade ao
pai pelos enfermeiros ao longo do processo de preparação
para a alta hospitalar.
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terna: um olhar sobre A história e o papel do enfermeiro nos dias de
hoje. Revista Sinais Vitais, 77, 29-32.
Importância da participação do pai na
amamentação: construção e validação
de um instrumento de medida
João Franco1, Vera Gonçalves2
RESUMO
Enquadramento: O envolvimento, as atitudes e a participação do pai na
amamentação é importante para a decisão e manutenção da amamentação.
Face à ausência de instrumentos que permitam avaliar e comparar resulta‑
dos, construímos uma escala para avaliar a importância da participação do
pai na amamentação.
Objetivos: Construir e validar a escala de importância de participação do
pai na amamentação (EIPPA).
Método: Após entrevistas a pais, mães e enfermeiras, obteve-se a EIPPA,
composta por 18 itens, sendo realizado um estudo quantitativo, explorató‑
rio e descritivo, com 150 pais. O estudo foi previamente aprovado pela Co‑
missão de Ética da instituição onde foi realizado.
Resultados: A EIPPA apresenta boa consistência interna (Alpha=0,933),
boa validade com (KMO=0,909), e uma variância explicada de 66,065%.
Verificou-se existirem três dimensões (física, afetiva e doméstica), com
valores de Alpha entre 0,915 e 0,803.
Os pais consideram mais importante a dimensão doméstica, seguida da
afetiva e da física. Os itens com valores mais elevados foram: cuidados ao bebé
para ajudar a mãe que amamenta; promover momentos de repouso e relaxa‑
mento à mãe e ajuda do pai na execução de trabalhos domésticos. O item com
menos importância foi a presença do pai nas aulas de preparação para o parto.
1
2
EESMO - Professor Coordenador da ESEnfC / Investigador da UICISA-E ([email protected]).
EESMO - Enfermeira na MBB-CHUC ([email protected])
56
Conclusão: Deve ser promovida a participação do pai na amamentação
nas 3 dimensões, através de estratégias específicas para cada dimensão.O
envolvimento do pai deve iniciar-se no período pré-natal, e no puerpério de‑
ve-se potenciar a presença do pai e dirigir a sua participação para as três di‑
mensões da amamentação.
Palavras-chave: pai, participação, amamentação, escala, enfermagem
obstétrica.
ABSTRACT
Background: The involvement, attitudes and participation of the fa‑
ther in breastfeeding is important for the decision and maintain breast‑
feeding. In the absence of tools for assessing and comparing results, we
constructed a scale to assess the importance of parent involvement in
breastfeeding.
Objectives: To construct and validate a scale of importance of parent in‑
volvement in breastfeeding (EIPPA).
Method: After interviewing the parents and nurses, we obtained the EI‑
PPA, composed of 18 itenssendo performed a quantitative, exploratory and
descriptive study with 150 parents. The study was approved by the Ethics
Committee of the institution where it was conducted.
Results: The EIPPA has good internal consistency (alpha = 0.933), with
good validity (KMO = 0.909), and an explained variance of 66.065%.
It was found there three dimensions (physical, emotional and domestic),
with Alpha values ​​between 0.915 and 0.803.
Parents consider most important domestic dimension, then the emotio‑
nal and physical. Items with higher values w
​​ ere: care for the baby to help the
REVISTA DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DOS ENFERMEIROS OBSTETRAS — N.º 14/2014
nursing mother; promote moments of rest and relaxation to help the mother
and father in performing domestic work. The item less importance was the
presence of the father in preparation classes for childbirth.
Conclusion: It should be promoted parent participation in breastfeeding
in three dimensions, through specific strategies for each dimension. Father
involvement should begin in the prenatal period, and in the postpartum pe‑
riod should enhance the father’s presence and directing their participation
for the three dimensions of breastfeeding.
Keywords: father involvement, breastfeeding, scale, midwives
RESUMEN
Antecedentes: La participación, actitudes y participación del padre en la
lactancia materna es importante para la decisión y mantener la lactancia ma‑
terna. Ante la falta de herramientas para la evaluación y comparación de los
resultados, se construyó una escala para evaluar la importancia de la partici‑
pación de los padres en la lactancia materna.
Objetivos: Construir y validar una escala de importancia de la participa‑
ción de los padres en la lactancia (EIPPA).
Método: Después de entrevistar a los padres de familia y las enfermeras,
que obtuvo el EIPPA, compuesto por 18 itenssendo realizó un estudio cuan‑
titativo, exploratorio y descriptivo con 150 padres. El estudio fue aprobado
por el Comité de Ética de la institución donde se llevó a cabo.
Resultados: El EIPPA tiene buena consistencia interna (alfa = 0,933), con
una buena validez (KMO = 0,909), y una varianza explicada de 66,065%.
Se encontró que hay tres dimensiones (física, emocional y nacionales),
con valores alfa entre 0,915 y 0,803.
Los padres consideran más importante la dimensión doméstica, enton‑
ces el emocional y físico. Los elementos con los valores más altos fueron: el
cuidado del bebé para ayudar a la madre lactante; promover momentos de
descanso y relajación para ayudar a la madre y el padre en la realización de
trabajo doméstico. El elemento menos importante fue la presencia del padre
en las clases de preparación para el parto.
Conclusión: Se debe promover la participación de los padres en la lac‑
tancia materna en tres dimensiones, a través de estrategias específicas para
cada dimensión. La participación del padre debe comenzar en el período
prenatal y en el puerperio debe mejorar la presencia del padre y dirigir su
participación en las tres dimensiones de la lactancia materna.
Palabras clave: participación del padre, lactancia materna, escala, ma‑
trona
INTRODUÇÃO
Muitos dos trabalhos e artigos que envolvem o tema da ama‑
mentação, abordam sobretudo a interação entre mãe e filho,
sendo a figura paterna secundária não interferindo direta‑
mente neste processo (Costa, 2007). Contudo, as mudanças
que têm vindo a ocorrer na sociedade em geral ao longo dos
últimos anos, trazem consigo alterações na conceção de fa‑
mília, de parentalidade e de paternidade. Neste sentido tem‑
-se verificado que é cada vez maior a participação do pai na
amamentação, mas não se conhece em rigor a importância
que o próprio pai atribui à sua participação. De acordo com
o exposto definiu-se como questão de partida: Qual a impor‑
tância que o pai atribui à sua participação na amamentação.
O termo importância é definido no Dicionário da Língua
Portuguesa (2010, p. 881) como “interesse, relevância, valor,
influência…”,e participação como “ato ou efeito de participar,
envolvimento em determinada atividade…” (Ibidem, p. 1193).
Por seu lado participar significa “fazer parte integrante, to‑
mar parte, acompanhar solidariamente”. Amamentação é de‑
finida pela OMS (2008) como sendo o “ato ou efeito de ama‑
mentar…”. No presente estudo considera-se “importância da
participação do pai na amamentação”, como o interesse que
o pai tem em fazer parte integrante da amamentação.
Com base na questão de partida foram definidos os se‑
guintes objetivos: identificar os aspetos que caracterizam a
importância da participação do pai na amamentação; cons‑
truir e validar uma escala para avaliar a participação do pai na
amamentação; avaliar a importância que o pai atribui à sua
participação na amamentação.
QUADRO TEÓRICO
A partir dos anos 70 do século XX que surge uma “nova pa‑
ternidade”, onde o pai enquanto progenitor, não só se com‑
promete com o sustento económico e disciplina dos filhos,
mas também se envolve é e capaz de assumir os cuidados em
qualquer fase do desenvolvimento da criança (Lamb, 2001,
apud Leal, 2005), passando a considerar-se ele próprio um
agente ativo na vida familiar e no crescimento dos seus filhos
(Burguiere, 1990 apud Leal, 2005).
Sharma & Petosa (2007) referem que é cada vez maior o
interesse do pai em tornar-se um elemento integrante na
amamentação, pois ela diz respeito à saúde e desenvolvi‑
mento do seu filho, sendo reconhecida a necessidade da in‑
clusão e participação do pai na amamentação, na medida em
que ele pode representar um fator determinante para o su‑
cesso desta (Ibidem). Levy, (2002) considera que entre as ra‑
zões da decisão para amamentar com êxito é a opinião favo‑
rável de pessoas que lhe são significativas, nomeadamente o
seu companheiro, considerando a este propósito Callahan et
a (2006) que um pai motivado e conhecedor das vantagens
da amamentação, será um pilar fundamental no apoio à mu‑
lher que amamenta.
Vários autores são unânimes em afirmar a importância da
participação do pai no processo de amamentação do filho.
Mas enfatizam que, para isso ocorrer efetivamente, é neces‑
sário prepará-lo para os acontecimentos da gestação, parto
e lactação desde o período pré-natal. Como refere Martins
Filho (1998, apud Serafim e Lindsey, 2002), a preparação do
companheiro para a nova situação de pai é essencial para ele
compreender as modificações que ocorrem na dinâmica fa‑
miliar com a vinda do bebé e, a partir disso, melhorar a par‑
ticipação e a ajuda à esposa no período de amamentação.
Um pai motivado para a amamentação, conhecedor das
vantagens do leite materno e capaz de apoiar a mãe durante
o período da amamentação, pode ser das mais importan‑
tes ajudas na promoção e prevalência desta (Callahan et al,
2006), já que o facto de uma criança ser alimentada com leite
materno, ao invés de leite artificial, sobretudo nos primeiros
dias de vida, pode ter efeitos importantes sobre a sua condi‑
ção de saúde em adulto (Pinto, 2008), podendo o pai desem‑
penhar um importante apoio a esta prática.
Nesta linha de abordagem, Primo e Caetano (1998, apud
Soares et al, 2004), afirmam que a presença e a ajuda do pai
contribuem de forma positiva no incentivo e prática da ama‑
mentação, e que a aprovação e as atitudes do companheiro
REVISTA DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DOS ENFERMEIROS OBSTETRAS — N.º 14/2014 57
em relação à amamentação são consideradas pela mulher
elementos importantes na decisão de amamentar.
METODOLOGIA
A construção da escala de importância da participação do
pai na amamentação (EIPPA) foi feita com base em entrevis‑
tas semiestruturadas a 10 pais, 8 puérperas e 10 enfermeiras,
tendo depois sido submetida a uma Comissão de Júris. Após
a avaliação dos resultados resultou uma instrumento consti‑
tuído por dezoito itens, sendo avaliado cada item segundo a
sua importância, através de uma escala ordinal de 1 a 5, cor‑
respondendo 1 a nada importante e 5 a muito importante.
Após a construção da EIPPA, realizou-se um estudo quan‑
titativo, do tipo exploratório-descritivo, com uma amostra
não probabilística, constituída por 150 pais (homens), sele‑
cionados aleatoriamente num internamento de puerpério,
que aceitaram participar no estudo, com os seguintes crité‑
rios de inclusão: filhos recém-nascidos com mais de 48 horas
de vida e saber ler e escrever.
Foi utilizado o questionário para colheita de dados, o qual
era composto pela caracterização da amostra, e a EIPPA. Ob‑
teve-se autorização da Comissão de Ética da instituição e
foi informado cada pai do tema e objetivos do estudo, bem
como solicitada a sua colaboração através do preenchimento
de um consentimento informado.
Os dados foram trabalhados pelos autores com recurso ao
SPSS 20.0.
RESULTADOS
A idade dos pais situa-se entre 19 e os 52 anos, existindo uma
maior frequência relativa no grupo etário entre os 31 e os 36
anos (48,7%), seguido do grupo etário entre os 25 e os 30
anos (20,7%). A média de idades é 32,57 anos, com um desvio
padrão de 5,841, sendo a moda de 33 e a mediana 33,0 anos.
A maioria dos pais (60,7%) não tinha filhos anteriores e
39,3% dos pais tinha filhos anteriores. No que respeita ao es‑
tado civil, 69,3% estavam casados, 16,0% são solteiros, 11,3%
viviam em união de facto e 3,3% estavam separados ou di‑
vorciados.
Dos pais inquiridos 48,7% acompanhou sempre a grávida
às consultas de vigilância pré-natal e 54,0%% acompanhou
sempre a grávida às ecografias.
DESCRIÇÃO DA EIPPA
De acordo com o quadro 1 verifica-se que no item impor‑
tância da sua participação para o fortalecimento da relação
entre o bebé, a mãe e o pai, a maioria dos pais inquiridos
(64,0%) atribui o nível 5; 28,0% atribui o nível 4; 7,3% atribui o
nível 3, 0,7% o nível 2 e nenhum pai atribuiu o nível 1, sendo
a média 4,55, o desvio padrão 0,661, a moda 5 e a mediana
5,0. No item importância da presença do pai nas consultas de
vigilância pré-natal para o sucesso da amamentação, 48,7%
dos pais inquiridos atribui o nível 5, 27,3% o nível 4, 19,3% o
nível 3, 2,7% o nível 2 e 2,0% atribui o nível 1, sendo a média
4,18, o desvio padrão 0,970, a moda 5 e a mediana 4,0. No
58
item importância da presença do pai nas aulas de Preparação
para o Parto para o sucesso da amamentação, 32,7% dos pais
inquiridos atribui o nível 5 de importância da participação,
27,3% o nível 4, 22,2% o nível 3, 10,0% o nível 2 e 8,0% atribui
o nível 1, a média é 3,67, o desvio padrão 1,251, a moda é 5 e
a mediana é 4,0. Relativamente ao item importância da pre‑
sença do pai no internamento após o parto, para o sucesso
da amamentação, 55,3% dos pais inquiridos atribui o nível 5,
30,7% atribui o nível 4, 12,0% o nível 3, 1,3% atribui o nível 1
e 0,7% o nível 2, sendo a média 4,38, o desvio padrão 0,825,
a moda 5 e a mediana 5,0. No que se refere à importância da
presença do pai enquanto a mãe está a amamentar o bebé,
41,3% dos pais indicou o nível 5, 34,7% o nível 4, 20,0% o ní‑
vel 3, 2,7% o nível 2 e 1,3% o nível 1, sendo a média 4,12,
o desvio padrão 0,912, a moda 5 e a mediana 4,0. No que
concerne ao item importância do pai conversar com a mãe
enquanto ela amamenta o bebé, 41,3% dos pais atribuem o
nível 5, 32,0% o nível 4, 20,7% o nível 3, 3,3% o nível 2 e 2,7%
atribui o nível 1, sendo a média 4,06, o desvio padrão 0,998, a
moda 5 e a mediana 4,0. Relativamente ao item importância
do pai acarinhar a mãe com gestos de ternura enquanto ela
está a amamentar, 46,7% dos pais atribui o nível 5, 31,3% o
nível 4, 18,0% o nível 3, 2,0% o nível 2 e 2,0% dos pais atribui
o nível 1, a média é 4,19, o desvio padrão 0,937, a moda 5 e
a mediana 4,0. Quanto ao item importância do pai falar para
o bebé enquanto este está a mamar, 42,7% dos pais atribui
o nível 5, 30,7% o nível 4, 22,0% o nível 3, 3,3% o nível 2 e
1,3% atribui o nível 1, sendo a média 4,10, o desvio padrão
0,947, a moda 5 e a mediana 4,0. No que se refere ao item
importância da ajuda do pai a posicionar o bebé para ma‑
mar, 39,3% dos pais atribui o nível 4, 37,3% o nível 5, 18,0% o
nível 3, 4,0% o nível 2 e 1,3% dos pais atribui o nível 1, sendo
a média 4,07, o desvio padrão 0,913, a moda 4 e a mediana
4,0. Relativamente ao item importância do pai reconhecer se
o bebé está a pegar corretamente na mama, 44,7% dos pais
atribuem o nível 5, 34,7% atribui o nível 4, 17,3% o nível 3,
2,7% o nível 2 e 0,7% atribui o nível 1, sendo a média 4,20,
o desvio padrão 0,867, a moda 5, e a mediana 4,0. Relativa‑
mente ao item importância da ajuda do pai na execução de
trabalhos domésticos de modo a proporcionar períodos de
repouso à mãe que amamenta, uma elevada percentagem
de pais inquiridos (76,0%) atribui o nível 5, 18,7% atribui o
nível 4, 4,7% atribui o nível 3, 0,7% o nível 2 e nenhum pai
atribui o nível 1, sendo a média 4,70, o desvio padrão 0,588,
a moda 5 e a mediana 5,0. Quanto ao item importância da
colaboração do pai nos cuidados aos filhos mais velhos para
apoiar a mãe que amamenta, 72,7% dos pais inquiridos atri‑
bui o nível 5, 18,0% o nível 4, 9,3% o nível 3 e nenhum pai atri‑
bui o nível 2 e 1, sendo a média 4,63, o desvio padrão 0,649,
a moda é 5 e a mediana 5,0. Quanto ao item importância da
participação do pai nos cuidados ao bebé para ajudar a mãe
que amamenta, a maioria dos pais inquiridos (79,3%) atribui
o nível 5, 16,7% atribui o nível 4, 4,0% atribui o nível 3 e ne‑
nhum pai atribui o nível 2 e 1, sendo a média 4,75, o desvio
padrão é 0,517, a moda 5 e a mediana 5,0. Relativamente ao
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item importância das demonstrações de carinho e afeto para
com a mãe durante o período de amamentação, 62,0% dos
pais inquiridos atribui o nível 5, 31,3% atribui o nível 4, 6,7% o
nível 3 e nenhum pai atribui o nível 2 e 1, sendo a média 4,55,
o desvio padrão 0,619, a moda 5 e a mediana 5,0. Quanto ao
item importância do pai promover momentos de repouso e
relaxamento à mãe durante o período de amamentação, a
maioria dos pais inquiridos (72,7%) atribui o nível 5, 24,7%
atribui o nível 4, 2,7% o nível 3 e nenhum pai atribui o nível
2 e 1, sendo a média 4,70, o desvio padrão 0,515, a moda 5
e a mediana 5,0. Relativamente ao item importância da par‑
ticipação do pai na amamentação para a relação conjugal,
57,3% dos pais inquiridos atribui o nível 5, 28,0% atribui o
nível 4, 13,3% o nível 3, 1,3% o nível 2 e nenhum pai atribui
o nível 1, sendo a média 4,41, o desvio padrão 0,770, a moda
5 e a mediana 5,0. Quanto ao item importância dos conheci‑
mentos do pai acerca do aleitamento materno para a partici‑
pação na amamentação, 53,3% dos pais inquiridos atribui o
nível 5, 34,7% atribui o nível 4, 11,3% atribui o nível 3, 0,7%
o nível 2 e nenhum pai atribuí o nível 1, sendo a média 4,41,
o desvio padrão 0,715, a moda 5 e a mediana 5,0. No que
se refere ao item importância do alargamento do período de
permanência do pai junto da mãe e bebé, no internamento,
para a amamentação, a maioria dos pais inquiridos (62,0%)
atribui o nível 5, 28,7% atribui o nível 4, 8,7% o nível 3, 0,7%
o nível 2 e nenhum pai atribui o nível 1, sendo a média 4,52,
o desvio padrão 0,683, a moda 5 e a mediana 5,0 (quadro 1).
Quadro 1- Distribuição das respostas dos pais à EIPPA.
Quadro 1– Distribuição das respostas dos pais à EIPPA
ESCALA DA IMPORTÂNCIA DA PARTICIPAÇÃO DO PAI NA
AMAMENTAÇÃO (EIPPA)
Qual a importância da participação do pai na amamentação para o
fortalecimento da relação entre bebé, mãe e pai
Importância da Participação
%
X
Sd Mo Md
3
4
5
1
2
0
0,7
7,3 28,0 64,0 4,55 0,661
5 5,0
2,0 2,7 19,3 27,3 48,7 4,18 0,970
5 4,0
8,0 10,0 22,0 27,3 32,7 3,67 1,251
5 4,0
1,3 0,7 12,0 30,7 55,3 4,38 0,825
5 5,0
1,3 2,7 20,0 34,7 41,3 4,12 0,912
5 4,0
2,7 3,3 20,7 32,0 41,3 4,06 0,998
5
2,0 2,0 18,0 31,3 46,7 4,19 0,937
5
Qual a importância do pai falar para o bebé enquanto este está a mamar?
1,3 3,3 22,0 30,7 42,7 4,10 0,947
5
Qual a importância da ajuda do pai a posicionar o bebé para mamar?
1,3 4,0 18,0 39,3 37,3 4,07 0,913
4
Qual a importância do pai reconhecer se o bebé está a pegar
corretamente na mama?
0,7 2,7 17,3 34,7 44,7 4,20 0,867
5 4,0
Qual a importância da presença do pai nas consultas de vigilância prénatal para o sucesso da amamentação?
Qual a importância da presença do pai nas aulas de preparação para o
parto para o sucesso da amamentação?
Qual a importância da presença do pai no internamento após o parto, para
o sucesso da amamentação?
Qual a importância da presença do pai enquanto a mãe está a amamentar
o bebé?
Qual a importância do pai conversar com a mãe enquanto ela amamenta o
bebé?
Qual a importância do pai acarinhar a mãe com gestos de ternura
enquanto ela está a amamentar?
Qual a importância da ajuda do pai na execução de trabalhos domésticos,
de modo a proporcionar períodos de repouso à mãe que amamenta?
Qual a importância da colaboração do pai nos cuidados aos filhos mais
velhos para apoiar a mãe que amamenta?
Qual a importância da participação do pai nos cuidados ao bebé
(adormecer o bebé, mudar a fralda, dar banho, brincar, etc) para ajudar a
mãe que amamenta?
Qual a importância das demonstrações de carinho e afeto para com a
mãe, durante o período de amamentação?
Qual a importância do pai promover momentos de repouso e relaxamento
à mãe, durante o período de amamentação?
Qual a importância da participação do pai na amamentação para a relação
conjugal?
Qual a importância dos conhecimentos do pai acerca do aleitamento
materno para a participação na amamentação do seu filho(a)?
Qual a importância do alargamento do período de permanência do pai
junto da mãe e bebé, no internamento, para a amamentação?
4,
0
4,
0
4,
0
4,
0
0
0,7
4,7 18,7 76,0 4,70 0,588
5 5,0
0
0
9,3 18,0 72,7 4,63 0,649
5 5,0
0
0
4,0 16,7 79,3 4,75 0,517
5 5,0
0
0
6,7 31,3 62,0 4,550,619
5 5,0
0
0
2,7 24,7 72,7 4,700,515
5
0
1,3 13,3 28,0 57,3 4,410,770
5
0
0,7 11,3 34,7 53,3 4,410,715
5
0
0,7
5
8,7 28,7 62,0 4,520,683
5,
0
5,
0
5,
0
5,
0
FIDELIDADE E VALIDADE
Fidelidade e validade
Para medir a consistência interna da escala, foi utilizado o Alpha de Cronbach, tendo-se obtido o
Para medir a consistência interna da escala, foi utilizado o Al‑
com boa fiabilidade. A relação de cada item com o total da escala é superior a 0,300, o que indica
pha de Cronbach, tendo-se obtido o valor de 0,933, o qual se‑
existir uma alta correlação, não sendo necessário excluir nenhum dos 18 itens, não melhorando o
gundo Pestana e Gageiro (2000), indica que estamos perante
Alpha de Cronbach com a exclusão de qualquer item (quadro 2).
uma escala com boa fiabilidade. A relação de cada item com
o total da escala é superior a 0,300, o que indica existir uma
alta correlação, não sendo necessário excluir nenhum dos 18
valor de 0,933, o qual segundo Pestana e Gageiro (2000), indica que estamos perante uma escala
itens, não melhorando o Alpha de Cronbach com a exclusão
de qualquer item (quadro 2).
Quadro
2 –2 Relação
itensdadaEscala
Escala
IPPA.
Quadro
- Relação dos
dos itens
da da
IPPA.
Correlação
do item
com o total
Alpha de
Cronbach se
item eliminado
,507
,932
,673
,929
,626
,933
,580
,931
5.Qual a importância da presença do pai enquanto a mãe está a amamentar o bebé?
,704
,928
6.Qual a importância do pai conversar com a mãe enquanto ela amamenta o bebé?
7.Qual a importância do pai acarinhar a mãe com gestos de ternura enquanto ela está a
amamentar?
8.Qual a importância do pai falar para o bebé enquanto este está a mamar?
9.Qual a importância da ajuda do pai a posicionar o bebé para mamar?
10.Qual a importância do pai reconhecer se o bebé está a pegar corretamente na
mama?
11.Qual a importância da ajuda do pai na execução de trabalhos domésticos, de modo
a proporcionar períodos de repouso à mãe que amamenta?
12.Qual a importância da colaboração do pai nos cuidados aos filhos mais velhos para
apoiar a mãe que amamenta?
13.Qual a importância da participação do pai nos cuidados ao bebé (adormecer o bebé,
mudar a fralda, dar banho, brincar, etc) para ajudar a mãe que amamenta?
14.Qual a importância das demonstrações de carinho e afeto para com a mãe, durante
o período de Amamentação?
15.Qual a importância do pai promover momentos de repouso e relaxamento à mãe,
durante o período de Amamentação?
16.Qual a importância da participação do pai na amamentação para a relação conjugal?
17.Qual a importância dos conhecimentos do pai acerca de Aleitamento Materno para a
participação na Amamentação do seu filho(a)?
18.Qual a importância do alargamento do período de permanência do pai junto da mãe
e bebé, no internamento, para a Amamentação?
,732
,928
,793
,926
,670
,768
,929
,927
,737
,928
,494
,933
,463
,933
,565
,932
,620
,931
,602
,931
Item
1.Qual a importância da participação do pai na amamentação para o fortalecimento da
relação entre bebé, mãe e pai?
2.Qual a importância da presença do pai nas consultas de vigilância Pré-natal para o
sucesso da amamentação?
3.Qual a importância da presença do pai nas Aulas de Preparação para o Parto para o
sucesso da amamentação?
4.Qual a importância da presença do pai no internamento após o parto, para o sucesso
da amamentação?
,717
,928
,656
,930
,769
,928
Procurou-se analisar a existência de fatores, recorrendo-se
à Análise Fatorial. Para validar a utilização da Análise Fatorial
utilização da Análise Fatorial para estas variáveis realizaram-se os testes de Kaiser-Meyer-Olkin
parae oestas
realizaram-se
os obtidos,
testesapresentam
de Kaiser-Meyer‑
(KMO)
teste devariáveis
esfericidade de
Bartlett. Os resultados
um valor de KMO
de
0,909 o (KMO)
que é normalmente
aceite
como
um valor elevadode
(Pestana
e Gageiro,
tendo o
-Olkin
e o teste
de
esfericidade
Bartlett.
Os 2000)
resulta‑
teste
esfericidade de
Bartlett sido recusado,
assim
o uso de
da análise
fatorial.
dosdeobtidos,
apresentam
um validando
valor de
KMO
0,909
o que é
Para selecionar o número de fatores utilizou-se o critério de Kaiser, que escolhe os fatores cuja
normalmente aceite como um valor elevado (Pestana e Ga‑
variância explicada seja superior a 1 (Pestana e Gageiro, 2000), tendo resultado três fatores que
geiro,no2000)
tendo
o teste
de esfericidade
explicam,
seu conjunto
66,065%
da variância
total (Quadro 3). de Bartlett sido re‑
cusado, validando assim o uso da análise fatorial.
Para selecionar o número de fatores utilizou-se o critério
de Kaiser, que escolhe os fatores cuja variância explicada seja
superior a 1 (Pestana e Gageiro, 2000), tendo resultado três
fatores que explicam, no seu conjunto 66,065% da variância
total (Quadro 3).
Procurou-se analisar a existência de fatores, recorrendo-se à Análise Fatorial. Para validar a
Quadro 3Quadro
– Variância
explicada
e fatores
rotação.
4 -Variância
explicada
e fatoresaareter
reter após
após rotação.
Item
1
2
3
Extração da Soma dos
Loadings Quadrados
% Cumulativa
48,920
58,818
66,065
Rotação da Soma dos Loadings Quadrados
Total
5,181
3,706
3,004
% da Variância
28,785
20,590
16,690
% Cumulativa
28,785
49,375
66,065
Os loadings dos fatores retidos não apontam para dimensões latentes compreensíveis. Assim,
optou-se por efetuar uma rotação de forma a facilitar a interpretação dos fatores extraídos,
Os loadings dos fatores retidos não apontam para dimen‑
intermédios.
O método
utilizado foi a rotação de
Varimax,optou-se
com exclusão por
de valores
inferiores a
sões
latentes
compreensíveis.
Assim,
efetuar
0,500, pelo critério da normalização de Kaiser (Pestana e Gageiro, 2000). Após a rotação de
uma
rotação de forma a facilitar a interpretação dos fatores
Varimax, verifica-se a existência de três componentes (quadro 4).
extraídos,
aumentando os loadings mais elevados, reduzindo
Os três fatores são designados por: fator 1 - Participação física (Item 2, 3, 5, 6, 7, 8, 9 e 10); fator 2
os- Participação
mais baixos
fazendo
desaparecer
O (Item
mé‑11, 12
afetiva e
(Item
1, 4, 14, 15,
16, 17 e 18) e fatoros
3 - intermédios.
Participação doméstica
e
13).
todo utilizado foi a rotação de Varimax, com exclusão de va‑
O Alpha de Cronbach para a dimensão participação física foi de 0,915, para a dimensão participação
lores
inferiores a 0,500, pelo critério da normalização de Kai‑
afetiva foi de 0,878 e para a dimensão participação doméstica foi de 0,803.
ser (Pestana e Gageiro,
2000).
Após fatorial
a rotação
de Varimax, ve‑
Quadro
4 -Determinação
da EIPPA
rifica-se a existência de três componentes (quadroComponentes
4).
Item
Física Afetiva Doméstica
Os6.Qual
três
fatores
são designados
fator
fí‑
a importância
do pai conversar
com a mãe enquanto elapor:
amamenta
o bebé? 1 - Participação
,830
7.Qual a importância do pai acarinhar a mãe com gestos de ternura enquanto ela está
,804
amamentar?
sica a(Item
2, 3, 5, 6, 7, 8, 9 e 10); fator 2 - Participação
afetiva
5.Qual a importância da presença do pai enquanto a mãe está a amamentar o bebé?
,755
9.Qual
importância
da ajuda16,
do pai17
a posicionar
o bebé
mamar?3 - Participação
,752
(Item2.Qual
1,aa4,
14, 15,
e 18)
epara
fator
domés‑
importância da presença do pai nas consultas de vigilância Pré-Natal para o
,690
sucesso da Amamentação?
tica (Item
11,
12
e
13).
8.Qual a importância do pai falar para o bebé enquanto este está a mamar?
,685
10.Qual a importância do pai reconhecer se o bebé está a pegar corretamente na
,669
Omama?
Alpha de Cronbach para a dimensão participação
fí‑
3.Qual a importância da presença do pai nas Aulas de Preparação para o Parto para o
,639
sucesso da amamentação?
sica 16.Qual
foi de
0,915,
para
a
dimensão
participação
afetiva
foi
de
a importância da participação do pai na amamentação para a relação
,762
conjugal?
a importância
dos conhecimentos doparticipação
pai acerca do Aleitamento Materno
para
0,87817.Qual
e para
a dimensão
doméstica
foi,703
de 0,803.
a participação na Amamentação do seu filho(a)?
aumentando os loadings mais elevados, reduzindo os mais baixos e fazendo desaparecer os
14.Qual a importância das demonstrações de carinho e afeto para com a mãe, durante
o período de Amamentação?
18.Qual a importância do alargamento do período de permanência do pai junto da
mãe e bebé, no internamento, para a Amamentação?
1.Qual a importância da participação do pai na amamentação para o fortalecimento da
relação entre bebé, mãe e pai?
15.Qual a importância do pai promover momentos de repouso e relaxamento à mãe,
durante o período de Amamentação?
4.Qual a importância da presença do pai no internamento após o parto, para o
sucesso da Amamentação?
11.Qual a importância da ajuda do pai na execução de trabalhos domésticos, de modo
a proporcionar períodos de repouso à mãe que amamenta?
12.Qual a importância da colaboração do pai nos cuidados aos filhos mais velhos para
REVISTA DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DOS ENFERMEIROS OBSTETRAS — N.º 14/2014 ,689
,649
,648
,600
,537
59
,776
Os três fatores são designados por: fator 1 - Participação física (Item 2, 3, 5, 6, 7, 8, 9 e 10); fator 2
- Participação afetiva (Item 1, 4, 14, 15, 16, 17 e 18) e fator 3 - Participação doméstica (Item 11, 12
e 13).
O Alpha de Cronbach para a dimensão participação física foi de 0,915, para a dimensão participação
afetiva foi de 0,878 e para a dimensão participação doméstica foi de 0,803.
Quadro
-Determinação fatorial
da EIPPA
Quadro
4 –4 Determinação
fatorial
da EIPPA
Item
6.Qual a importância do pai conversar com a mãe enquanto ela amamenta o bebé?
7.Qual a importância do pai acarinhar a mãe com gestos de ternura enquanto ela está
a amamentar?
5.Qual a importância da presença do pai enquanto a mãe está a amamentar o bebé?
9.Qual a importância da ajuda do pai a posicionar o bebé para mamar?
2.Qual a importância da presença do pai nas consultas de vigilância Pré-Natal para o
sucesso da Amamentação?
8.Qual a importância do pai falar para o bebé enquanto este está a mamar?
10.Qual a importância do pai reconhecer se o bebé está a pegar corretamente na
mama?
3.Qual a importância da presença do pai nas Aulas de Preparação para o Parto para o
sucesso da amamentação?
16.Qual a importância da participação do pai na amamentação para a relação
conjugal?
17.Qual a importância dos conhecimentos do pai acerca do Aleitamento Materno para
a participação na Amamentação do seu filho(a)?
14.Qual a importância das demonstrações de carinho e afeto para com a mãe, durante
o período de Amamentação?
18.Qual a importância do alargamento do período de permanência do pai junto da
mãe e bebé, no internamento, para a Amamentação?
1.Qual a importância da participação do pai na amamentação para o fortalecimento da
relação entre bebé, mãe e pai?
15.Qual a importância do pai promover momentos de repouso e relaxamento à mãe,
durante o período de Amamentação?
4.Qual a importância da presença do pai no internamento após o parto, para o
sucesso da Amamentação?
11.Qual a importância da ajuda do pai na execução de trabalhos domésticos, de modo
a proporcionar períodos de repouso à mãe que amamenta?
12.Qual a importância da colaboração do pai nos cuidados aos filhos mais velhos para
apoiar a mãe que amamenta?
13.Qual a importância da participação do pai nos cuidados ao bebé (adormecer o
bebé, mudar a fralda, dar banho, brincar, etc) para ajudar a mãe que amamenta?”
Alpha de Cronbach
Componentes
Física Afetiva Doméstica
,830
,804
,755
,752
,690
,685
,669
,639
,762
,703
,689
,649
,648
,600
,537
,776
,772
,741
0,915
0,878
0,803
Relativamente à distribuição por dimensão, a média na
participação física é 32,58, o desvio padrão 6,208, a moda 40
e a mediana 34,0. Na participação afetiva a média é 31,52, o
desvio padrão
3,674,
a moda
35 na
e participação
a mediana
parti‑
Relativamente
à distribuição
por dimensão,
a média
física 33,0.
é 32,58,Na
o desvio
padrão
6,208,
a modadoméstica
40 e a mediana 34,0.
Na participação
afetivaoa desvio
média é 31,52,
o desvio1,492,
padrão 3,674,
cipação
a média
é 14,08,
padrão
a
a moda 35 e a mediana 33,0. Na participação doméstica a média é 14,08, o desvio padrão 1,492, a
moda 15 e a mediana 15,0. No global a média é de 78,20, o
moda 15 e a mediana 15,0. No global a média é de 78,20, o desvio padrão 10,09, a moda 90 e a
desvio padrão 10,09, a moda 90 e a mediana 80,0 (Quadro 5).
mediana 80,0 (Quadro 5).
Quadro
5 – Distribuição
pordimensão
dimensão
da EIPPA.
Quadro
5 - Distribuiçãodos
dosresultados
resultados por
da EIPPA.
Dimensões da EIPPA
Participação física
Participação afetiva
Participação doméstica
GLOBAL
Mín
11,0
16,0
9,0
38,0
Max
40,0
35,0
15,0
90,0
X
32,58
31,52
14,08
78,20
Sd
6,208
3,674
1,492
10,094
Mo
40
35
15
90
Md
34,0
33,0
15,0
80,0
DISCUSSÃO
DISCUSSÃO
Foi construída e validade a EIPPA, o que respondeu a dois ob‑
jetivos delineados para este trabalho. Esta escala, manteve os
Esta escala, manteve os 18 itens iniciais, apresenta três dimensões da participação do pai na
18 itens iniciais, apresenta três dimensões da participação do
amamentação: física, afetiva e doméstica. Quando se fala em importância da participação do pai
pai na amamentação: física, afetiva e doméstica. Quando se
na amamentação, muitas vezes esta é vista como uma participação global do pai, isto é, atribui-se
falaaoem
participação
donapai
na amamentação,
valor
pai, importância
refere-se que a sua da
participação
e envolvimento
amamentação
são determinantes,
mas
objetivamente
participação
nãouma
são claras,
daí que, possamglobal
advir dificuldades
muitas
vezesas áreas
estadaésua
vista
como
participação
do
quando o objetivo é demonstrar e ensinar ao pai as áreas específicas em que este pode atuar para
pai, isto é, atribui-se valor ao pai, refere-se que a sua partici‑
apoiar a amamentação.
pação e envolvimento na amamentação são determinantes,
Deste modo, ao reconhecer estas dimensões, intervir na formação e no envolvimento do pai em
mas objetivamente
asobjetivo
árease focalizado.
da sua participação
não sãodocla‑
amamentação,
torna-se algo mais
Cada dimensão da participação
pai na
amamentação
passapossam
a ter um valor
distintodificuldades
e portanto, atuar equando
incrementar o
a participação
ras, daí que,
advir
objetivodoépai
tendo em vista cada uma destas dimensões, pode levar à criação de programas de educação para
demonstrar e ensinar ao pai as áreas específicas em que este
a saúde com o objetivo de os tornar os pais elementos efetivos da participação na amamentação e
pode
atuarassumir
paraumapoiar
amamentação.
assim
poderem
lugar tãoaimportante
que lhes cabe, como promotores do aleitamento
Deste
modo,
ao reconhecer estas dimensões, intervir na
materno
na tríade
mãe-pai-bebé.
Reconhecer
a importância
da opinião do homem
decisão
mulher em amamentar,tor‑
permite
formação
e no envolvimento
donapai
emda amamentação,
avaliar o efeito da intervenção educativa no casal. Estudos realizados mostram que a incidência e
na-se algo mais objetivo e focalizado. Cada dimensão da par‑
a duração da amamentação entre as mulheres que assistiam a aulas sobre a importância da
ticipação eram
do pai
na quando
amamentação
passapresentes.
a ter um
valorque
dis‑
amamentação,
maiores
os parceiros estavam
Acredita-se
essa
intervenção
sobre
amamentação
permite ao pai motivar
a sua parceira na
decisão
tinto e educacional
portanto,
atuar
e incrementar
a participação
do
pai de
amamentar (Gomes & Resende, 2002, apud Costa, 2007).
tendo em vista cada uma destas dimensões, pode levar à
criação de programas de educação para a saúde com o ob‑
jetivo de os tornar os pais elementos efetivos da participa‑
ção na amamentação e assim poderem assumir um lugar tão
importante que lhes cabe, como promotores do aleitamento
materno na tríade mãe-pai-bebé.
Foi construída e validade a EIPPA, o que respondeu a dois objetivos delineados para este trabalho.
60
Reconhecer a importância da opinião do homem na de‑
cisão da mulher em amamentar, permite avaliar o efeito da
intervenção educativa no casal. Estudos realizados mostram
que a incidência e a duração da amamentação entre as mu‑
lheres que assistiam a aulas sobre a importância da amamen‑
tação, eram maiores quando os parceiros estavam presentes.
Acredita-se que essa intervenção educacional sobre ama‑
mentação permite ao pai motivar a sua parceira na decisão
de amamentar (Gomes & Resende, 2002, apud Costa, 2007).
De acordo com o exposto, nas respostas aos itens da es‑
cala, verifica-se que a maioria dos pais situou a importân‑
cia da sua participação na amamentação para o fortaleci‑
mento da relação entre bebé, mãe e pai, no nível 5 (64,0%)
e nenhum pai situou no nível 1. Estes dados sugerem que os
pais atribuem na sua maioria, um valor elevado à amamen‑
tação, vendo nela um modo de aproximar a tríade mãe-pai‑
-bebé. Esta atitude positiva e de aceitação do pai face à ama‑
mentação é, para Primo e Caetano (1998, apud Soares et al,
2004), considerada pela mulher um elemento favorável à de‑
cisão de amamentar e de prolongar o aleitamento materno
por mais tempo.
Relativamente à importância da presença do pai nas con‑
sultas de vigilância pré-natal para o sucesso da amamenta‑
ção, a maior percentagem dos pais situou essa importância
no nível 5 (48,7%) e 27,3% situou no nível 4. Quanto à im‑
portância da presença do pai nas aulas de preparação para o
parto para o sucesso da amamentação, 32,7% atribuiu o nível
5 e 27,3% atribuiu o nível 4. Marques et al (2004), refere que
relativamente ao acompanhamento pré-natal, o pai ganha
especial destaque, e a sua participação pode variar muito de
acordo com os sentimentos que emergem ao longo da gravi‑
dez, pois alguns pais só se sentem efetivamente pais depois
do nascimento do bebé. Ainda assim, com estas respostas
verifica-se que a maioria os pais atribui elevada importân‑
cia à sua participação nestes dois momentos do período pré‑
-natal para o sucesso da amamentação (consulta pré-natal e
curso de preparação para o parto), pois para muitos pais es‑
tes momentos são contactos relevantes com profissionais de
saúde que os podem esclarecer e transmitir informação útil
acerca do aleitamento materno. A American Academy of Pe‑
diatrics (2002) reforça esta ideia, ao referir que o melhor pe‑
ríodo para inserir o pai no processo de amamentação é nas
consultas, durante o período pré-natal.
Relativamente à importância da presença do pai no interna‑
mento após o parto para o sucesso da amamentação, a maio‑
ria dos pais situou a sua resposta no nível 5 (55,3%) e apenas
1,3% situou no nível 1. Através desta resposta verifica-se que o
pai vê na sua presença um ato benéfico e de contributo para a
amamentação. A presença do pai logo após o nascimento da
criança é de extrema importância para a continuidade da ama‑
mentação, já que desde o primeiro dia podem surgir dificulda‑
des na amamentação e o pai, desde que devidamente infor‑
mado e motivado para a amamentação, terá um papel fulcral
no apoio à mulher quando esta se depara com estes proble‑
mas (American Academy of Pediatrics, 2002).
REVISTA DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DOS ENFERMEIROS OBSTETRAS — N.º 14/2014
Quanto à importância da presença do pai enquanto a mãe
está a amamentar, 41,3% dos pais situou no nível 5 da escala
de importância e 34,7% situou no nível 4. Relativamente à
importância do pai conversar com a mãe enquanto ela ama‑
menta o bebé, 41,3% dos pais atribuiu o nível 5 e 32,0% atri‑
buiu o nível 4. Relativamente à importância do pai acarinhar
a mãe com gestos de ternura enquanto ela está a amamen‑
tar, quase metade dos pais inquiridos (46,7%), atribuiu o ní‑
vel 5. Relativamente à importância do pai falar para o bebé
enquanto este está a mamar, 42,7% atribuiu o nível 5. Estes
gestos avaliados nestas quatro questões, prendem-se todos
com a dimensão da afetividade que o pai transmite à mãe e
ao bebé durante a amamentação, o facto de o pai associar es‑
tes gestos de carinho e afeto à amamentação, pode ser deter‑
minante para o seu sucesso, havendo uma sensação de har‑
monia recíproca entre os elementos da tríade. Estudos recen‑
tes no âmbito da sociologia e da psicologia comportamen‑
tal, mostram que a gravidez, o parto e a vinculação precoce,
são fortemente influenciados pelas atitudes do pai. Brazel‑
ton & Cramer (2004) apoiam esta ideia, referindo que o apoio
emocional do marido contribui para uma adaptação bem-su‑
cedida da mulher ao seu estado gravídico e posteriormente
materno, e a sua presença constante após o nascimento, está
associada a uma experiência mais positiva para ambos no
que concerne ao seu papel parental.
Quanto à importância da ajuda do pai a posicionar o bebé
para mamar, 39,3% dos pais atribuíram o nível 4 da escala de
importância e 37,3% atribuiu o nível 5. Relativamente à impor‑
tância do pai reconhecer se o bebé está a pegar corretamente
na mama, grande parte dos pais inquiridos (44,7%), atribuiu
o nível 5 da escala e apenas 0,7% atribuiu o nível 1 da escala.
Estas duas questões relacionam-se com a ajuda prática que
o pai pode dar no ato de amamentar propriamente dito (di‑
mensão física), e pelas respostas dos pais depreende-se que
atribuem bastante importância à sua participação nestas ati‑
vidades. Costa (2007) refere que o pai assume a amamenta‑
ção como sendo uma necessidade do seu filho e algo necessá‑
rio ao seu bom desenvolvimento, e deste modo emerge nele
uma postura interventiva na amamentação, levando-o a exer‑
cer maior influência sobre a decisão da mulher em amamentar
e em manter a amamentação por mais tempo.
Relativamente à importância da ajuda do pai na execução
de trabalhos domésticos, de modo a proporcionar períodos
de repouso à mãe que amamenta, a maioria dos pais inquiri‑
dos atribuiu o nível 5 (76,0%), nenhum pai atribuiu o nível 1 e
apenas 0,7% atribuiu o nível 2. De forma semelhante respon‑
deram à questão sobre a importância da colaboração do pai
nos cuidados aos filhos mais velhos para apoiar a mãe que
amamenta, onde 72,7% dos pais atribuiu o nível 5 e nenhum
pai atribuiu o nível 2 e 1. A resposta à questão sobre a impor‑
tância da participação do pai nos cuidados ao bebé para aju‑
dar a mãe que amamenta, é semelhante às anteriores, pois os
pais inquiridos atribuíram na sua maioria o nível 5 (79,3%) e
nenhum pai atribuiu o nível 2 e 1. Estas atividades, prendem‑
-se com a participação do pai na dimensão doméstica, e aqui
é clara a importância que eles dão à sua participação como
forma de ajudar e colaborar com a mãe durante o período
de amamentação. Estes resultados vão ao encontro daquilo
que as novas teorias da parentalidade e mais propriamente
da paternidade descrevem, pois os “pais de hoje” defendem
uma nova forma de estar na família e na relação que estabe‑
lecem com os filhos (Balancho, 2004). Crescentemente os ho‑
mens passam a poder manifestar de múltiplas formas a sua
paternidade, assim como, o seu papel ativo na vida familiar e
doméstica e em conformidade com a imagem do pai envol‑
vido, assiste-se gradualmente a uma aproximação dos papéis
parentais (Ibidem).
Relativamente à importância das demonstrações de cari‑
nho e afeto para com a mãe durante o período de amamen‑
tação, 62,0% dos pais atribuíram o nível 5 e nenhum pai atri‑
buiu o nível 1 e o nível 2. Quanto à importância do pai pro‑
mover momentos de repouso e relaxamento à mãe durante
o período da amamentação, a maioria dos pais atribuiu o ní‑
vel 5 (72,7%) e nenhum pai atribuiu o nível 1 e o nível 2. Rela‑
tivamente à importância da participação do pai na amamen‑
tação para a relação conjugal, a maioria dos pais (57,3%) atri‑
buiu o nível 5, nenhum pai atribuiu o nível 1 e 1,3% atribuiu
o nível 2. Estas questões prendem-se também com a partici‑
pação do pai na dimensão afetiva e, à imagem dos itens ini‑
ciais da escala, estas respostas traduzem a valorização que o
pai coloca no seu envolvimento afetivo e em todo o apoio
psicológico dado à sua companheira durante o período de
amamentação. De ressalvar a relação entre a amamentação e
a conjugalidade, pois como foi referido neste trabalho, mui‑
tas vezes a amamentação associada às alterações do corpo
da mulher no período pós-parto, podem ser incompatíveis
com uma vivência plena da conjugalidade, interferindo com
a intimidade do casal (Falceto e Giugliani, 2004, apud Costa,
2007). Ainda assim, muitos homens ao verem a amamenta‑
ção como um bem-maior para a saúde do seu filho, e sendo
esse filho um projeto a dois (mãe e pai), ela passa a ser en‑
tendida como algo natural e inclusivamente como um ato
que acresce a toda uma vivência sadia da conjugalidade. Mas
para esta aceitação por parte do homem vão depender inú‑
meros fatores, nomeadamente, o peso que este coloca nas
transformações físicas da mulher no período pós-parto, o
erotismo que atribui à mama, a motivação que o pai tem para
o seu filho ser amamentado e os conhecimentos que o pai
tem acerca da amamentação (Ibidem).
Quanto à importância dos conhecimentos do pai acerca
do aleitamento materno para a participação na amamenta‑
ção do filho, a maioria dos pais (53,3%), também atribuiu o
nível 5, nenhum pai atribuiu o nível 1 e apenas 0,7% dos pais
atribuiu o nível 2. Através destas respostas é possível verifi‑
car que os pais conferem elevada importância aos seus co‑
nhecimentos sobre amamentação, vendo neles um fator im‑
portante para o sucesso desta. A este propósito Callahan et al
(2006) defende que um pai motivado e conhecedor das van‑
tagens da amamentação é um pilar fundamental no apoio à
mulher que amamenta.
REVISTA DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DOS ENFERMEIROS OBSTETRAS — N.º 14/2014 61
Relativamente à importância do alargamento do período
de permanência do pai junto da mãe, no internamento, para
a amamentação, a maioria dos pais (62,0%), atribuiu o nível 5,
nenhum pai atribuiu o nível 1 e apenas 0,7% dos pais atribuiu
o nível 2. Através desta resposta verifica-se que os pais con‑
ferem importância à sua presença junto da mãe e do bebé
desde os primeiros momentos de vida deste, para o sucesso
da amamentação. O envolvimento do pai na amamentação
deve iniciar-se no período pré-natal, no entanto, após o nas‑
cimento e na presença do bebé real, o profissional de saúde
deverá integrar o pai em todos os cuidados inerentes ao filho
e especificamente na amamentação (Gomez, 2005).
Verifica-se no geral na EIPPA que os pais inquiridos atri‑
buem em quase todos os itens níveis elevados de importân‑
cia à sua participação, pois o valor médio é superior a 4, com
exceção do item 3, cujo valor médio de respostas é inferior a
4 (3,67) acerca da importância da participação do pai nas au‑
las de preparação para o parto para o sucesso da amamen‑
tação. O pai/casal ainda percebe estas aulas como dirigidas
para a mulher, não vendo nelas importância para o apoio que
pode dar, enquanto pai, durante o período da amamentação.
Face aos resultados globais obtidos nesta escala, verifica‑
-se que o pai identifica em si a importância na amamentação,
que muitos autores defendem. Ele será o pilar da mulher, so‑
bretudo nos primeiros dias após o nascimento do bebé, e se
o pai se conseguir envolver nas três dimensões da sua par‑
ticipação da amamentação, ele estará apto a apoiar a mu‑
lher durante o período de amamentação e assim a promo‑
ver a sua prevalência. Ao contrário, um pai pouco motivado
e com um baixo nível de conhecimento em amamentação e
em tudo o que a envolve, pode levar ao abandono precoce
desta, mesmo quando se está perante uma mulher motivada.
Como refere Costa (2007), apesar de o pai demonstrar inte‑
resse e disposição em ajudar a mulher durante o período da
amamentação, a falta de conhecimento sobre aspetos práti‑
cos da amamentação pode levá-lo a influenciar a mulher ao
abandono desta quando surgem dificuldades. Daí que a edu‑
cação para a saúde ao pai, no âmbito da amamentação e es‑
pecificamente, em cada uma destas três dimensões, deva ser
uma prioridade e um objetivo da intervenção do enfermeiro
especialista em saúde materna e obstetrícia.
CONCLUSÃO
Este estudo permitiu construir e validar a EIPPA, que quanto
à fidelidade apresentou um Alfa de Cronbach de 0,933 e um
KMO de 0,909. Foram identificadas três dimensões da parti‑
cipação do pai na amamentação que explicam 66,065% da
variância, (física, afetiva e participação doméstica), devendo
cada uma constituir um foco de atenção distinto, e ser es‑
tudada e analisada no sentido de melhor contribuir para o
aperfeiçoamento das estratégias de educação para a saúde
em amamentação. Ao segmentar a participação do pai na
amamentação, e educar em cada uma das dimensões pode
traduzir-se em ganhos para a saúde.
No geral os pais inquiridos atribuem, níveis elevados de
62
importância à sua participação nos vários itens da EIPPA, o
que se revela que o estudo da amamentação sob a ótica da
participação do pai, permitiu identificar mudanças nas ati‑
tudes masculinas que têm contribuído não só para a prática
da amamentação, mas, principalmente, para a construção de
um “novo pai”, com papéis redefinidos no contexto familiar.
O modelo da nova paternidade, onde o homem procura vi‑
venciar todos os momentos desde a gravidez, possibilita as
transformações das relações sociais de género e a formação
do vínculo afetivo pai-filho desde a gravidez.
As limitações do estudo foi o fato de ser realizado pela pri‑
meira vez e de a amostra ser de 150 participantes. No que
respeita às implicações do estudo para a prática de enferma‑
gem, deve-se considerar o desenvolvimento de estratégias
específicas para cada dimensão da participação do pai na
amamentação, as quais devem resultar de propostas especí‑
ficas indicadas e trabalhadas com cada casal de acordo com
os seus contextos e realidades.
No que respeita a estudos posteriores, sugere-se a utiliza‑
ção da EIPPA num estudo transversal e quase experimental
no sentido de avaliar o contributo das intervenções de enfer‑
magem na participação do pai, em cada dimensão ou nas 3
dimensões da participação do pai na amamentação.
Cabe aos enfermeiros, sobretudo aos enfermeiros especia‑
listas em saúde materna e obstetrícia desconstruir o “pai tra‑
dicional” e construir um “novo pai” mais próximo da criança,
mais ativo na amamentação e na vida familiar. Esta forma
de intervir, provavelmente, irá reverter-se em mudanças nas
conceções e, consequentemente, no exercício de ser pai, o
que possibilitará o apoio, incentivo e promoção da amamen‑
tação, aumentando os índices de aleitamento materno e fa‑
vorecendo a saúde das crianças e assim a saúde pública em
geral (Costa, 2007).
Vários autores são unânimes em afirmar a importância da
participação do pai no processo de amamentação do filho.
Mas enfatizam que, para isso ocorrer efetivamente, é neces‑
sário prepará-lo para os acontecimentos da gestação, parto
e lactação desde o período pré-natal (Martins Filho, 1998,
apud Serafim e Lindsey, 2002). Pode-se daí inferir que apos‑
tar no envolvimento do pai na amamentação é apostar na
saúde materno-infantil e cada estratégia adotada nesse sen‑
tido vai fazer prosperar a saúde das populações.
Este estudo não deve ser encarado como um fim em si
mesmo mas um abrir horizontes que nos mova e nos esti‑
mule a seguir atuando em prol da qualidade dos cuidados de
enfermagem em saúde materna e obstetrícia.
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Contributo do contacto pele-a-pele na
temperatura do recém-nascido
Ana Maria Violante Gomes Oliveira Carvalho1; Maria Otília Brites Zangão2
RESUMO
Enquadramento: Entre os animais mamíferos, o ser humano é o único que
separa o recém-nascido da sua mãe. Essa separação pode ser o desencadear
de danos, nomeadamente na sua termorregulação e deixar escapar um mo‑
mento precioso na vida da mãe e do bebé, pelo que a promoção do con‑
tato pele-a-pele deve ser estimulada desde os primeiros minutos de vida
do bebé.
Objetivo: Demonstrar que no Bloco de Partos do Hospital Distrital de
Santarém, a temperatura corporal dos recém-nascidos não diminui quando
em contacto pele-a-pele com a mãe. Método: O estudo descritivo de abordagem quantitativa utilizou uma
amostra não probabilística e de conveniência. Para recolher os dados utili‑
zou-se um questionário de caracterização sociodemográfica da mãe e do re‑
cém-nascido e uma tabela onde foram monitorizadas as temperaturas con‑
forme os momentos pré-estabelecidos. Para a recolha de dados foram real‑
izados vários procedimentos de forma a cumprir a componente ética e legal
da pesquisa em enfermagem com seres humanos.
Resultados: As temperaturas médias apresentadas à nascença, aos 10’,
20’ e 30’ de vida foram, respetivamente de 37,56º; 37,40º; 37,02º e 37,00º. O
tempo decorrido entre o nascimento e a primeira mamada foi em média de
46 minutos, com um mínimo de 10 minutos e um máximo de 76 minutos.
Conclusões: Concluiu-se que a temperatura corporal do recém-nascido
não diminui para parâmetros de hipotermia quando em contacto pele-a‑
-pele com a mãe durante os primeiros trinta minutos de vida.
Palavras-chave: contacto pele-a-pele; temperatura, recém-nascido
Mestre em Enfermagem de Saúde Materna e Obstétrica, EESMO, Hospital de Santarém, EPE,
[email protected].
2
Doutora em Enfermagem, Professora Adjunta na ESESJD/UÉ, EESMO, [email protected].
1
ABSTRACT
Background: Among the mammals, only human being separates the
newborn from its mother. This separation may be the trigger of damage, par‑
ticularly in baby thermoregulation and let out a precious moment in the life
of the mother and the baby, so the promotion of skin-to-skin contact should
be encouraged from the first minutes of the baby’s life.
Objective: To demonstrate that in Hospital Distrital de Santarém deli‑
very’s room the temperature of newborns body does not decrease when in
skin-to-skin contact with their mothers.
Method: This descriptive study used a quantitative approach and non‑
-probabilistic convenience sample. To collect the data we used a question‑
naire of sociodemographic characteristics of the mother and newborn and a
table where the temperatures were monitored according to pre-established
times. For data collection several procedures to comply with legal and ethi‑
cal component of nursing research with human subjects were conducted.
Results: The average temperatures presented at birth, at 10 ‘, 20’ and 30
‘of life were respectively of 37,56º; 37,40º; 37,02º and 37,00º. The time be‑
tween birth and first suckling averaged 46 minutes, with a minimum of 10
minutes and a maximum of 76 minutes.
Conclusions: We concluded that the temperature of the newborn body
does not decrease for parameters of hypothermia when in skin-to-skin con‑
tact with their mothers during the first thirty minutes of life.
Keywords: skin-to-skin contact; temperature, newborn
RESUMEN
Antecedentes: Entre los mamíferos, el ser humano es el único que separa al
recién nacido de su madre. Esta separación puede ser el desencadenante de
daños, especialmente en su termorregulación y dejar escapar un momento
precioso en la vida de la madre y del bebé, por lo que la promoción del con‑
tacto piel a piel debe ser alentada desde los primeros minutos de vida del bebé.
REVISTA DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DOS ENFERMEIROS OBSTETRAS — N.º 14/2014 63
Objetivo: Demostrar que en la sala de partos de Hospital Distrital de San‑
tarém, la temperatura corporal de los recién nacidos no disminuye cuando
están en contacto piel a piel con la madre.
Método: Estudio descriptivo que utiliza un enfoque cuantitativo y mues‑
tra de conveniencia no probabilística. Para recoger los datos se utilizó un
cuestionario de las características sociodemográficas de la madre y del re‑
cién nacido y una tabla en que las temperaturas fueron controlados de
acuerdo con los tiempos preestablecidos. Para la recolección de datos se lle‑
varon a cabo varios procedimientos para cumplir con el componente legal y
ética de la investigación con sujetos humanos en enfermería.
Resultados: Las temperaturas medias que se presentan al nacer, al 10 ‘,
20’ y 30 ‘de la vida fueron, respectivamente, de 37,56º; 37,40º; 37,02º y 37,00º.
El tiempo entre el nacimiento y la primera succión promedio de 46 minutos,
con un mínimo de 10 minutos y un máximo de 76 minutos.
Conclusiones: Concluimos que la temperatura corporal del recién na‑
cido no disminuye para los parámetros de la hipotermia en el contacto piel a
piel con la madre durante los primeros treinta minutos de vida.
Palabras clave: contacto piel a piel; temperatura, recién nacido
INTRODUÇÃO
Foi só a partir do final do séc. XVIII que a opinião acerca do
aleitamento materno começou a ser mais favorável, influen‑
ciada pela mudanças cientificas e culturais que iam aconte‑
cendo, tornando visível os benefícios deste, principalmente
na diminuição da mortalidade infantil (Marinho, 2004). Entre
os animais mamíferos, o ser humano é o único que separa
o recém-nascido de sua mãe, essa separação pode desenca‑
dear malefícios e deixar escapar um momento precioso na
vida da mãe e do bebé. Ao contrário do que se argumenta‑
va até o início do século passado, os bebés, quando nascem,
não são como tábua rasa, ou seja, destituídos de qualquer
experiência sensorial; eles já estão equipados com certo
número de sistemas comportamentais, prontos para serem
ativados por estímulos, como o contato pele-a-pele (toque),
o olhar, a fala e/ou a emissão de sons, o odor (cheiros) e a
amamentação (Rosa et al, 2010).
Respeitando a individualidade e magia que envolve o bi‑
nômio mãe-filho neste momento, a promoção do contato
pele-a-pele deve ser realizada desde os primeiros minutos
de vida do bebé, pelo que tem sido objeto de trabalhos cien‑
tíficos que comprovam os benefícios fisiológicos e psicosso‑
ciais, tanto para a saúde da mãe quanto para a do recém-nas‑
cido (Matos et al, 2010).
Alguns estudos portugueses apontam para uma alta in‑
cidência do aleitamento materno, significando que mais de
90% das mães portuguesas iniciam o aleitamento materno,
no entanto esses mesmos estudos mostram que quase me‑
tade das mães desistem de dar de mamar durante o primeiro
mês de vida do bebé, sugerindo que a maior parte das mães
não conseguem cumprir o seu projeto de dar de mamar, de‑
sistindo muito precocemente da amamentação (Levy & Bér‑
tolo, 2012). Uma das formas de promover o aleitamento ma‑
terno consiste em permitir o contacto pele-a-pele entre a
mãe e o bebé após o nascimento. Este facto dá a oportuni‑
dade ao bebé de mamar na primeira hora de vida e posterior‑
mente de ser amamentado com frequência, levando a mu‑
lher que deseja amamentar a ter mais sucesso do que aque‑
64
las que não passam por esta experiência (OMS, 1998).
Kennel & Klaus (1998) referem que o contacto precoce e
contínuo entre mãe e o bebé parece diminuir o abandono
e aumentar o sucesso e a duração da amamentação. O alei‑
tamento materno representa, para a família, um reforço dos
laços afetivos, que se comprovou terem início com o con‑
tacto precoce entre mãe e filho, ajudando na prevenção dos
maus tratos infantis, e, por acréscimo, faz com que as gravi‑
dezes sejam mais espaçadas, funcionando como contrace‑
tivo, o que é especialmente relevante nos países em desen‑
volvimento (Graça, 2005; Cardoso, 2006). Esta afirmação ecoa
em Thompson & Mestrich (1989) quando referem que deve
ter-se em atenção que a interrupção da interação mãe-bebé
no período pós-natal imediato pode levar algumas mulhe‑
res ao insucesso no seu intento de amamentar e ao subse‑
quente comportamento alterado com relação à criança. As‑
sim, o bebé não deve ser afastado da mãe para ser pesado,
medido, tomar banho, ser-lhe administrado vitamina K ou
medicação ocular antes de decorrida a primeira hora (Ken‑
nel & Klaus, 1998).
O contacto íntimo entre mãe e bebé logo após o nasci‑
mento, além de contribuir para o desenvolvimento precoce
do vínculo afetivo, também ajuda os bebés a se adaptarem
ao novo meio ambiente não estéril, favorecendo a coloniza‑
ção de sua pele e trato gastrointestinal com os microrganis‑
mos da mãe, que tendem a ser não patogénicos e contra os
quais o leite materno proporciona anticorpos. Assim, os be‑
bés são simultaneamente expostos e protegidos contra mi‑
crorganismos aos quais a imunidade ativa só se desenvolverá
mais tarde (OMS, 1998; González, 2004).
Se o RN de termo imediatamente após o parto for colo‑
cado em contacto pele-a-pele, recupera a temperatura cor‑
poral, acelera a sua adaptação metabólica, estreita os víncu‑
los com a mãe e favorece-se a amamentação (Kennel & Klaus,
1998).
Por este motivo, a Iniciativa Hospital Amigo dos Bebés, no
seu 4º passo, recomenda que se coloque o bebé em contacto
pele-a-pele durante um mínimo de 30 minutos. No entanto
Papí et al (1998) recomenda que o contacto pele-a-pele deve
durar 50 minutos para que o recém-nascido tenha tempo
para agarrar espontaneamente a mama da sua mãe.
Sintetizando, o contacto pele-a-pele após o nascimento e
a amamentação na primeira hora de vida são extremamente
importantes, nomeadamente porque:
•• Facilita a transição para a vida extrauterina (WHO, 1998);
•• O corpo da mãe ajuda a manter o recém-nascido ade‑
quadamente aquecido e isso é de especial importância
para bebés pequenos e com baixo peso ao nascer (Papí
et al, 1998; WABA, 2007);
•• O recém-nascido fica menos stressado, chora menos e
tem menos dor (Bystrova et al, 2003; WABA, 2007, Marin
et al, 2010);
•• Facilita o processo de vinculação (Bystrova et al, 2009);
•• Favorece a adaptação do recém-nascido ao meio am‑
biente não estéril e a prevenção de ocorrência de infe‑
REVISTA DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DOS ENFERMEIROS OBSTETRAS — N.º 14/2014
ções no bebé (WABA, 2007; González, 2004);
•• A mãe apresenta menos riscos de hemorragia pós parto
e menor nível de dor no ingurgitamento mamário (Ze‑
tterström, 2003);
•• Possibilita início precoce e manutenção prolongada da
amamentação (Marin et al, 2010).
Por todos estes motivos, os profissionais de saúde envol‑
vidos no parto precisam dispensar especial atenção à reali‑
zação do contacto pele-a-pele, cuidando para que ele acon‑
teça o mais precocemente possível, ainda na sala de parto.
Segundo Almeida & Martins Filho (2004) esta técnica é de ex‑
trema simplicidade, não se justificando as dificuldades para
que ela não aconteça – falta de pessoal, cansaço da mãe após
o parto, cama da sala de partos ser muito estreita, sala muito
fria, a equipe de saúde não achar este percursor importante
para o aleitamento, etc.
tral sobre o peito materno, com gorro na cabeça e cobertos
por panos aquecidos. Providenciou-se para que não existisse
roupa entre a mãe e o recém-nascido e avaliou-se a tempe‑
ratura rectal deste à nascença, aos 10, aos 20 e aos 30 minu‑
tos de vida. A avaliação de temperatura foi avaliada sempre
com o mesmo termómetro de forma a evitar desvios. Tendo
por base as orientações da Organização Mundial de Saúde
(1997) e de Lowdermilk, Perry & Bobak (2002) que referem
a temperatura axilar média normal de 37oc, variando entre
36,5 e 37,2oc, considerou-se hipotermia, valores de tempera‑
tura abaixo de 36,5oc.
Monitorizou-se também a temperatura da sala de partos
de forma a verificar-se a sua influência na temperatura apre‑
sentada pelo recém-nascido.
Os instrumentos de recolha de dados foram um questio‑
nário de caracterização sociodemográfica da puérpera e do
recém-nascido e utilizou-se uma tabela onde foram monito‑
OBJETIVO
rizadas as temperaturas conforme os momentos pré-estabe‑
A atitude da maioria dos elementos da equipa de saúde do
lecidos.
Bloco de Partos do Hospital Distrital de Santarém, EPE face à
Para a recolha de dados foram realizados vários proced‑
implementação do contacto pele-a-pele imediato, como prá‑
imentos de forma a cumprir a componente ética e legal da
tica corrente tem encontrado resistência na crença de que
pesquisa em enfermagem com seres humanos. Foi também
o recém-nascido arrefece com mais facilidade estando em
solicitada autorização do Conselho de Administração do
contacto pele-a-pele imediato na região toraco-abdominal
Hospital Distrital de Santarém, EPE, a qual foi positiva.
Para a recolha de dados foram realizados vários procedimentos de forma a cumprir a componente
materna, do que sob fonte de calor após lhe serem prestados
O tratamento estatístico dos dados foi realizado através da
ética e legal da pesquisa em enfermagem com seres humanos. Foi também solicitada autorização
os cuidados imediatos. Por outro lado, a APEO & OE (2012)
aplicação Software IBM® SPSS® Statistic (Statistical Package for
do Conselho de Administração do Hospital Distrital de Santarém, EPE, a qual foi positiva.
defendem como práticas promotoras do aleitamento mater‑
Social Sciences) versão 22.
O tratamento estatístico dos dados foi realizado através da aplicação Software IBM® SPSS®
no, fomentar a investigação sobre práticas clínicas, fisiologia
Statistic (Statistical Package for Social Sciences) versão 22.
e suporte aos processos fisiológicos da amamentação. Neste
RESULTADOS/DISCUSSÃO
sentido apontámos como objetivo:
Obtivemos uma amostra constituída por 33 díades. Em ter‑
RESULTADOS/DISCUSSÃO
•• Demonstrar que no Bloco de Partos do Hospital Dis‑
mos de caracterização, verificou-se que 39,4% das mães ti‑
Obtivemos uma amostra constituída por 33 díades. Em termos de caracterização, verificou-se que
trital de Santarém, a temperatura corporal dos recém‑
nham entre 30 e 34 anos, sendo 42,4% primíparas e 39,39%
39,4% das mães tinham entre 30 e 34 anos, sendo 42,4% primíparas e 39,39% eram segundas
-nascidos não diminui quando em contacto pele-a-pele
eram segundas gestas (figura 1).
gestas (figura 1).
com a mãe.
METODOLOGIA
Realizou-se um estudo descritivo de abordagem quantita‑
tiva. A nossa população foram todas as parturientes que re‑
correram ao Bloco de Partos do Hospital Distrital de Santa‑
rém e que aceitaram participar no estudo e que se enqua‑
dravam nos critérios de seleção. A amostra foi não probabi‑
lística e de conveniência, recrutada no Bloco de Partos, entre
Janeiro e Dezembro de 2011, e que obedeceu aos seguintes
critérios de seleção:
Figura
1 – Distribuição
da amostra
acordo
como onúmero
númerode
de filhos
filhos
Figura
1 – Distribuição
da amostra
de de
acordo
com
•• Gravidez de baixo risco e de termo,
•• Evolução normal do trabalho de parto,
A maior parte (42,4%)
das parte
mães tinha
o ensino
secundário.
não realizou
•• Rutura de membranas inferior a 24 horas,
A maior
(42,4%)
das mães
tinha Ao maioria
ensino (51,5%)
secundá‑
nenhum curso rio.
de preparação
o parto.
que fizeram
preparação
o parto a maioria
•• Parto eutócico,
A maioriapara
(51,5%)
nãoDas
realizou
nenhum
cursopara
de prepa‑
(92,3%) teve o ração
tema amamentação
nasDas
temáticas
abordadas
durante o curso.
inquiridas que já
•• Recém-nascido com Índice de Apgar igual ou superior
para o parto.
que fizeram
preparação
paraAs
o parto
a 8,
a maioria anterior
(92,3%)no
teve
o tema amamentação
nasparte
temáticas
tinham uma experiência
aleitamento
materno, a maior
(26,1%) praticou
•• RNs com peso entre 2500gr e 4500gr,
abordadas
durante
que
já tinham
uma
aleitamento materno
exclusivo
até aoso5curso.
meses As
de inquiridas
vida do bebé.
A maioria
dos recém-nascidos
•• Mãe disponível para participar no estudo e para
ama‑
experiência
anterior
no
aleitamento
materno,
a
maior
parte
60,6% são do sexo masculino, e a maior parte pesava entre 3000g e 3499g, o que corresponde a
mentar
(26,1%)
aleitamento
materno
exclusivo até aos 5
42,4% da amostra,
como praticou
pode ser observado
na figura
2.
Em termos de procedimentos, após o nascimento os re‑
meses de vida do bebé. A maioria dos recém-nascidos 60,6%
cém-nascidos foram bem secos, colocados em decúbito ven‑
são do sexo masculino, e a maior parte pesava entre 3000g e
REVISTA DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DOS ENFERMEIROS OBSTETRAS — N.º 14/2014 65
3499g, o que corresponde a 42,4% da amostra, como pode
ser observado na figura 2.
nificativo da temperatura corporal do RN prematuros após a
aplicação de 60 e 30 minutos do contacto pele-a-pele, respe‑
tivamente em cada estudo. Também na revisão bibliográfica
realizada por Souza, Versiani, Ruas & Silva (2013), concluíram
que o contacto pele a pela favorece a manutenção da tempe‑
ratural corporal dos RN.
A temperatura média apresentada pela sala de parto foi
de 20,50 C, com um desvio padrão de 2,27, um mínimo de 170
C e um máximo de 260 C. Não se verificou correlação entre
a temperatura da sala e a temperatura apresentada pelo re‑
cém-nascido durante o tempo de contacto pele-a-pele. Tam‑
bém no estudo de Christensson, Cabrera, Christensson, Uv‑
nas-Moberg & Winberg (1995) foi avaliada a temperatura am‑
biente e não se verificou influência na temperatura do RN.
O tempo decorrido entre o nascimento e a primeira ma‑
2 – Distribuição
da amostra
de acordo
peso apresentado
Figura 2 –Figura
Distribuição
da amostra
de acordo
com o com
pesooapresentado
pelospelos
recém-nascidos
mada
foi em média de 46 minutos, com um mínimo de 10
recém-nascidos
minutos e um máximo de 76 minutos. Verificou-se que 39,4%
Figura 2 – Distribuição da amostra de acordo com o peso apresentado pelos recém-nascidos
Antes e após de se iniciar o contacto pele-a-pele foram registadas a temperatura do ambiente da
Antes e após de se iniciar o contacto pele-a-pele foram
das mães necessitaram de ajuda para iniciar a amamenta‑
sala de partos e a temperatura do RN via retal.
registadas
a
temperatura
do
ambiente
da
sala
de
partos
e
a
ção
Antes e após de se iniciar o contacto pele-a-pele foram registadas a temperatura do ambiente
da e 57,6% não. Jack Newman (2009) diz-nos que do ponto
As temperaturas médias apresentadas à nascença, aos 10’, 20’ e 30’ de vida foram,
temperatura
do
RN
via
retal.
de
vista do aleitamento materno, os bebés que são manti‑
sala de partos e a temperatura do RN via retal.
respetivamente de 37,56º; 37,40º; 37,02º e 37,00º como pode ser observado na figura 3.
As médias
temperaturas
médias
apresentadas
à nascença,
aosvida foram,
dos pele-a-pele com a mãe logo após o nascimento, durante
As temperaturas
apresentadas
à nascença,
aos 10’,
20’ e 30’ de
10’,de20’
e 30’37,40º;
de vida
foram,
respetivamente
37,56º;na37,40º;
pelo menos uma hora, são mais propensos a sem nenhuma
respetivamente
37,56º;
37,02º
e 37,00º
como pode ser de
observado
figura 3.
37,02º e 37,00º como pode ser observado na figura 3.
ajuda a iniciar a amamentação.
CONCLUSÃO
A temperatura corporal do recém-nascido não diminui
para parâmetros de hipotermia quando em contacto pele-apele com a mãe durante os primeiros trinta minutos de vida,
mantendo-se, em média, entre os 37,5 e os 37,0oc. Tal como
refere González (2004) citando Papí e colaboradores que ve‑
rificaram um aumento progressivo da temperatura do re‑
cém-nascido em contacto pele-a-pele com a mãe, conside‑
rando-a a sua melhor fonte de calor, por estar sempre à tem‑
peratura constante, sem perigo de arrefecimento ou sobrea‑
acidental.
Figura 3 – Evolução da temperatura média apresentada pelos recém-nascidos durantequecimento
os
Apesar
de
a temperatura da sala ser inferior ao preconi‑
Figura 3 – Evolução da temperatura
média
pelos recém-nascidos
primeiros
30’ apresentada
de vida
Figura 3 – Evolução da temperatura média apresentada pelos recém-nascidos durante os
durante os primeiros 30’ de vida
zado pela Organização Mundial de Saúde (1997) ou seja no
primeiros 30’ de vida
o
mínimo
Constatou-se que a temperatura apresentada pelo recém-nascido à nascença tem correlação
forte de 25 c, verifica-se que a temperatura do recém-nas‑
Constatou-se
a temperatura
apresentada
pelo recém‑
cido durante o contacto pele-a-pele não tem relação com a
e estatisticamente
significativa que
(p<0,01)
com a temperatura
que este apresenta
durante o contacto
Constatou-se que a temperatura apresentada pelo recém-nascido à nascença tem correlação forte
-nascido
à
nascença
tem
correlação
forte
e
estatisticamente
temperatura da sala mas sim o com a temperatura que este
e que
o peso do(p<0,01)
recém-nascido
apenas tem
correlação
positiva
e estatisticamente
e pele-a-pele
estatisticamente
significativa
com a temperatura
que
este apresenta
durante
o contacto
(p<0,01) com
temperatura
que este apresenta
apresenta à nascença. Este resultado está de acordo com o
significativaesignificativa
(p<0.05)
na temperatura
aos 30a minutos
de vida.
pele-a-pele
que o peso
do recém-nascido
apenas tem
correlação positiva e estatisticamente
durante o contacto pele-a-pele e que o peso do recém-nas‑
fenómeno da sincronia termal referida por Phillips (2013) em
significativa (p<0.05) na temperatura aos 30 minutos de vida.
cido apenas tem correlação positiva e estatisticamente sig‑
que o6 peito materno aquece recém-nascidos arrefecidos e
nificativa (p<0.05) na temperatura aos 30 minutos de vida.
arrefece
os que estão muito quentes. Acrescenta ainda que
6
Tal como no estudo de Christensson, Cabrera, Christens‑
este fenómeno, sendo frequentemente constatado em pre‑
son, Uvnas-Moberg & Winberg (1995) a temperatura média
maturos é igualmente importante nos recém-nascidos de
estava dentro da variação da temperatura normal, no en‑
termo.
tanto apresentou-se significativamente mais elevada nos
O facto de haver recém-nascidos que iniciaram a primeira
grupos pele-a-pele, e pele-a-pele/berço do que no grupo
mamada nos primeiros 10 minutos de vida leva-nos a que‑
que estava apenas no berço. Os mesmos autores num es‑
rer que é possível encurtar, no Hospital Distrital de Santarém
tudo anterior de 1992, mostraram que o contacto íntimo en‑
E.P.E., a média do tempo decorrido entre o nascimento e a
tre a mãe e o RN aumenta a temperatura corporal interna do
primeira mamada, pelo que sugerimos a realização de mais
bebé. Também nos estudos de Miltersteiner, Miltersteiner,
estudos.
Rech & Molle (2003) e de Almeida, Almeida & Fortin (2007) os
Apesar de uma amostra de dimensão reduzida, considera‑
resultados dos estudos mostraram que houve aumento sig‑
-se este estudo um importante contributo para uma melhor
66
REVISTA DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DOS ENFERMEIROS OBSTETRAS — N.º 14/2014
compreensão da importância do contacto pele-a-pele nos
primeiros momento da vida de um recém-nascido.
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REVISTA DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DOS ENFERMEIROS OBSTETRAS — N.º 14/2014 67
Banho do recém-nascido: evidências
Catarina de Sousa e Silva1; Dolores Sardo2
RESUMO
A pele do recém-nascido sofre um processo de adaptação do meio intra para
o extrauterino e apresenta características particulares, especialmente, du‑
rante o primeiro ano de vida. A manutenção e integridade das suas funções
depende dos cuidados a que é submetida, nos quais se inclui o banho. Con‑
tudo, este tema é controverso pois, se por um lado, é evidente um crescente
investimento na comunidade científica para perceber de que modo a pele
do recém-nascido é afetada por fatores externos, por outro lado, parece não
haver consenso quanto às práticas de cuidados que são executadas e reco‑
mendadas pelos profissionais de saúde. Daí que, a realização de uma revi‑
são da literatura com subsequente integração no âmbito dos cuidados de
saúde praticados no contexto português, parece ser uma temática de ex‑
trema pertinência.
Palavras-Chave: recém-nascido, higiene da pele.
ABSTRACT
The newborn’s skin undergoes a process of adaptation of the intra for ex‑
trauterino and presents particular characteristics, especially, during the first
year of life. The maintenance and integrity of the skin functions, depends on
the care that is submitted, including the bath. This subject is controversial:
on the one hand, it is evident an increasing investment in the scientific com‑
munity to understand how newborn’s skin is affected by external factors, on
the other hand, there seems to be no consensus on care practices that are
performed and recommended by health professionals. For this reason, con‑
ducting a literature review with subsequent integration in the circumstances
of health care practiced in Portuguese context, seems to us to be a theme of
the utmost relevance.
Keywords: newborn, skin hygiene.
RESUMEN
La piel del recién nacido sufre un proceso de adaptación de los medios intra
para extrauterino y presenta características particulares, especialmente du‑
rante el primer año de vida. El mantenimiento y la integridad de sus funcio‑
nes depende de la atención que han sufrido, en el cual se incluye el baño. Sin
embargo, este tema es controvertido, ya que, por un lado, es evidente una
creciente preocupación en la comunidad científica para comprender cómo
la piel del recién nacido se ve afectada por factores externos, por otro lado,
parece que no hay consenso en cuanto a las prácticas de cuidado que se rea‑
lizan y son recomendado por profesionales de la salud. Por lo tanto, la reali‑
zación de una revisión de la literatura con la integración posterior en el cui‑
dado de la salud que se practican en el contexto portugués, que parece ser
un tema de suma relevância.
Palabras clave: recién nacido, higiene de la piel.
INTRODUÇÃO
A pele dos recém-nascidos difere das dos adultos, sendo
mais susceptível às agressões externas, pelo que necessita
de atenção distinta. Medidas simples, tais como, a manu‑
tenção de uma barreira epidérmica intacta, minimizando a
exposição aos produtos de higiene e a não remoção do vér‑
nix caseosa, protegem a função de barreira da pele (April &
Dinulos, 2005).
1
2
EESMO Centro Hospitalar do Porto.
EESMO, Professora na Escola Superior de Enfermagem do Porto
68
Relativamente ao vérnix caseoso, pensa-se que, exerce
função protetora da camada externa da pele, minimizando o
risco de infeção, mantendo o PH e a hidratação da pele e au‑
xilia ainda, na termorregulação. Por estes fatores, diversos au‑
tores desaconselham a sua remoção (Larson & Dinulos, 2005;
Walker, Akinbi, Meinzen-Derr, Narendran, Visscher & Hoath.,
2008; Monteagudo et al., 2011; Dyer, 2013).
O uso de água simples, para prestar os cuidados de hi‑
giene ao recém-nascido é adotado por algumas instituições
e recomendado, como sendo o produto com menor poten‑
cial de risco. Contudo, sabe-se que, o PH da água é diferente
do PH da pele do recém-nascido, pelo que o seu uso exclu‑
sivo pode interferir com a barreira protetora própria da ca‑
mada externa da pele do recém-nascido. Para além disso,
não remove eficazmente algumas substâncias, tais como, as
fezes (Lavender, Bedwell, O’Brien, Cork, Turner & Hart., 2011).
Blume-Peytavi, Cork, Faergemann, Szczapa, Vanaclocha &
Gelmetti (2009) sugerem que se deva proceder a uma rotina
diária de limpeza, com um agente de PH adequado, restrito
à região perineal, para remoção efetiva dos resíduos de fezes
e urina. Sarkar, Basu, Agrawal & Gupta (2010), referem que,
para os recém-nascidos, os agentes de limpeza não devem
ser usados rotineiramente e o seu uso deve ser limitado a al‑
gumas áreas, como por exemplo, a região perineal. Mas, Fer‑
nandes, Machado & Oliveira (2011), referem que, os produtos
de limpeza apenas são necessários para a remoção das fezes,
e o uso de água morna é suficiente na limpeza diária da urina.
OBJETIVO
O presente estudo tem como principal objetivo obter evi‑
dências científicas, no sentido de compreender o efeito dos
cuidados à pele do recém-nascido e contribuir para uma to‑
mada de decisão sustentada, especialmente no que se refere
ao banho, durante as primeiras quatro semanas de vida.
MÉTODO
Trata-se de uma síntese interpretativa crítica dos resultados
obtidos através de uma revisão da literatura existente entre
2005 e 2013. Para a identificação dos estudos recorreu-se às
seguintes bases de dados: CINAHL®, Cochrane Central Regis‑
ter of Controlled Trials®, SCOPUS® e MEDLINE®, B-On®. Foram
utilizados descritores como: recém-nascido, banho, primeiro
banho, cuidados com a pele, assim como sinónimos frequen‑
temente utilizados em português, inglês e espanhol, com o
carácter boleano “and”.
RESULTADOS
Dos estudos analisados, grande parte não são randomiza‑
dos e muitas das revisões da literatura encontradas, apesar
de baseadas em evidência científica, culminam em artigos
de atualização e de opinião de peritos. A investigação mais
REVISTA DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DOS ENFERMEIROS OBSTETRAS — N.º 14/2014
atual é, na sua maioria, suportada pela indústria farmacêu‑
tica/ cosmética, que para além disso, tem investido na for‑
mulação de produtos que respeitem a estrutura e funções
da pele do recém-nascido. Dos dados colhidos e analisados
é possível perceber que a escassez de investigação com ele‑
vado grau de evidência dificulta o consenso. De certo modo,
o uso exclusivo de água parece ser insuficiente para a remo‑
ção de determinados resíduos, tais como mecónio e sangue;
mas, o uso de produtos destinados à pele do recém-nascido
necessita de maior evidência, de modo a clarificar de que for‑
ma podem ser recomendados, o que inclui as possíveis áreas
de aplicação, quantidade e frequência de uso.
De seguida, esquematizam-se sob a forma de tabela, al‑
guns dos artigos revistos que, de certa forma, respondem ao
que se pretende com a execução do presente trabalho.
ESTUDOS
OBJETIVO
TIPO DE
ESTUDO
AMOSTRA
CRITÉRIOS DE
INCLUSÃO E
EXCLUSÃO
INTERVENÇÃO
RESULTADOS
CONCLUSÃO
Comparar a
taxa de
colonização
com S.
Aureus na
pele do RN
de termo,
após o 1º
banho com
clorexidina
ou com um
sabão
neutro.
Ensaio
clinico
randomiza
do.
93 RN.
Grupo
experimental
(clorexidina
0,25%) - 44
RN;
Grupo
controle
(sabão com
PH 7) - 49
RN.
Foram incluídos RN´s de
termo, com peso
adequado para a idade
gestacional e com IA ≥7.
Foram excluídos os RN
com lesões na pele,
malformações
congénitas, suspeita de
infeção congénita, rutura
prematura de
membranas˃18h,
presença de líquido
amniótico com cheiro
fétido, RN´s com mães
HIV positivas ou com
suspeita de outras
infeções.
Realizadas 3
colheitas de
culturas da pele
dos RN´s: antes
do banho, 30 min
e 24h após o
procedimento.
Em ambos os
grupos o banho
foi realizado com
o mesmo
procedimento,
entre 1 a 1.5h
após o
nascimento.
A colonização
com S. Aureus, 30
min após o banho
foi
significativamente
inferior no grupo
que recebeu o
banho com
clorexidina.
O primeiro
banho com
clorexidina reduz
a colonização
com S. Aureus
na pele do RN,
num período de
24h.
TABELA 2: EFEITOS DO BANHO LOGO APÓS O NASCIMENTO SOBRE AS ADAPTAÇÕES TÉRMICA
E CARDIORRESPIRATÓRIA DO RECÉM-NASCIDO A TERMO
Vania Elisa M. Puglie; Alice D’Agostini Deutsch; Marcia de Freitas; Maria Fernanda P.S. Dornaus; & Celso
Moura Rebello – 2009, Brasil
TABELA 2: EFEITOS DO BANHO LOGO APÓS O NASCIMENTO
OBJETIVO
TIPO DE
AMOSTRA
CRITÉRIOSEDE
INTERVENÇÃO
RESULTAD
CONCLUSÃO
SOBRE
AS ADAPTAÇÕES
TÉRMICA
CARDIORRESPIRATÓRIA
ESTUDOS
ESTUDO
INCLUSÃO E
OS
RECÉM-NASCIDO
A TERMO
TABELA 1: EFFECT OF THE DO
FIRST
BATH WITHEXCLUSÃO
CHLORHEXIDINE
ON SKIN COLONIZATION WITH
STAPHYLOCOCCUS AUREUS IN NORMAL HEALTHY TERM NEWBORNS
Vania
Elisa
M.
Puglie;
Alice
Deutsch;
Marcia
deEmFreitas;
Banhos;
se Estudo
194 RNs,
98 D’Agostini
Foram
incluídos
RN Em
ambos
ambos
banho
na sala
Maria L. Da Determinar
Cunha, Renato
S. Procianoy,
Débora
T. Franceschini,
Laura
L.osDe Oliveira
e MariaO L.
Cunha
–
RN;
o banho dado descritivo
grupo
com Apgar ≥8 no
grupos, os RNs
os grupos, a de parto em RN de
Brasil
Fernanda
P.S.no
Dornaus;
& Celso
Moura
Rebello
– 2009,
Brasiltermo e saudáveis
salas de parto; Maria
ao RN logo
retrospetivo,
banho
e 96 no2008,
5ºmin.
de vida;
receberam
o mesmo
temperatura
PALAVRASCHAVE
tipo casogrupo
peso de nascimento atendimento, com
corporal,
não interferiu com
AMOSTRA controle.
CRITÉRIOS
DE idade
INTERVENÇÃO
CONCLUSÃO
controle.
≥2500g;
exceção doRESULTADOS
frequência
a adaptação
INCLUSÃO
E
gestacional
≥37
momento da
cardíaca,
cardiorrespiratória,
EXCLUSÃO
semanas e sem
realização do
respiratória, nem com os
banho.
tensão O primeiro
valores de
93 RN.
Foram incluídosmalformações
RN´s de Realizadas
3
A colonização
congénitas. colheitas No
controle,
o arterial
Grupo
termo, com peso
de grupo com
S. Aureus,
30 e
banho temperatura
com
as da
banho
dadoapós
apóso banho
saturação
de corporal.
experimental adequado paraForam
a idadeexcluídas
culturas
pele foi min
clorexidina
reduz
gestações
a 3ª hora de vida; no oxigénio
(clorexidina gestacional e com IA ≥7. dos RN´s: antes foi
a colonização
gemelares, RNs
grupo experimental, foram
0,25%) - 44 Foram excluídos
os malformações
RN do banho,o 30
min foi
significativamente
com S. Aureus
com
banho
semelhantes
RN;
com lesões na ou
pele,
e 24h após
o
inferior
que
realizado
entre 15noe grupo na pele do RN,
Grupo
malformações apresentavam
procedimento.
que
recebeu
o
num período de
30 minutos
após
o
desconforto
respinascimento.
controle
congénitas, suspeita
de Em
ambos
os
banho com
24h.
ratório
inicial.
(sabão com infeção congénita,
rutura
grupos o banho clorexidina.
PH 7) - 49
prematura de
foi realizado com
RN.
membranas˃18h,
o mesmo
presença de líquido
procedimento,
amniótico com cheiro
entre 1 a 1.5h
fétido, RN´s com mães
após o
HIV positivas ou com
nascimento.
suspeita de outras
infeções.
1TABELA
2: EFEITOS DO BANHO LOGO APÓS O NASCIMENTO SOBRE AS ADAPTAÇÕES TÉRMICA
E CARDIORRESPIRATÓRIA DO RECÉM-NASCIDO A TERMO
Vania Elisa M. Puglie; Alice D’Agostini Deutsch; Marcia de Freitas; Maria Fernanda P.S. Dornaus; & Celso
Moura Rebello – 2009, Brasil
EESMO Centro Hospitalar do Porto.
2
EESMO, Professora na Escola Superior de Enfermagem do Porto
PALAVRASCHAVE
OBJETIVO
TIPO DE
ESTUDO
AMOSTRA
CRITÉRIOS DE
INCLUSÃO E
EXCLUSÃO
INTERVENÇÃO
RESULTAD
OS
CONCLUSÃO
Banhos;
RN;
salas de parto;
monitorização
fisiológica;
regulação da
temperatura
corporal
Determinar se
o banho dado
ao RN logo
após o
nascimento
interfere na
transição para
a vida
extrauterina,
especialmente
nas
adaptações
cardiorrespirat
ória e na
termorregulaç
Estudo
descritivo
retrospetivo,
tipo casocontrole.
194 RNs, 98
no grupo
banho e 96 no
grupo
controle.
Foram incluídos RN
com Apgar ≥8 no
5ºmin. de vida;
peso de nascimento
≥2500g; idade
gestacional ≥37
semanas e sem
malformações
congénitas.
Foram excluídas as
gestações
gemelares, RNs
com malformações
ou que
apresentavam
Em ambos os
grupos, os RNs
receberam o mesmo
atendimento, com
exceção do
momento da
realização do
banho.
No grupo controle, o
banho foi dado após
a 3ª hora de vida; no
grupo experimental,
o banho foi
realizado entre 15 e
30 minutos após o
Em ambos
os grupos, a
temperatura
corporal,
frequência
cardíaca,
respiratória,
tensão
arterial e
saturação de
oxigénio
foram
semelhantes
O banho na sala
de parto em RN de
termo e saudáveis
não interferiu com
a adaptação
cardiorrespiratória,
nem com os
valores de
temperatura
corporal.
OBJETIVO
TIPO DE
ESTUDO
AMOSTRA
CRITÉRIOS DE
INCLUSÃO E
EXCLUSÃO
INTERVENÇÃO
RESULTADOS
CONCLUSÃO
TABELA
3: INFANT
SKIN-CLEANSING
PRODUCT
VERSUS
WATER: Embora
A PILOT
Fornecer
Estudo
piloto
100 RNs.
Inclusão:
RNs de
Realizada avaliação
esteRANDOMIZED,
Este estudo piloto
informações
randomizado.
Grupo
termo,
quanto à perdaTRIAL
de
estudo não tenha forneceu
ASSESSOR-BLINDED
CONTROLLED
preliminares
à
experimental
aparentemente
água,
hidratação
e & Anna
sido desenhado
informações
para
Tina Lavende,
Carol Bedwell,
Ediri O’Brien,
Michael J CorK,
Mark
Turner
Hart – 2011,
Inglaterra
realização de
(Johnson &
saudáveis, com
PH da superfície da para testar
a realização de
uma
Johnson): 49
menos 24h vida.
pele do RN (coxas,
hipóteses, os
uma investigação
OBJETIVO
TIPO DE
AMOSTRA Exclusão:
CRITÉRIOS
INTERVENÇÃO
RESULTADOS em
CONCLUSÃO
investigação
RNs.
RNs DE
antebraços
e
resultados
maior escala.
ESTUDO
INCLUSÃO
E
em maior
Grupo controle admitidos
na unidade
abdómen), nas
sugerem que não
EXCLUSÃO
escala para
(água): 51 RNs. de Neonatologia,
primeiras 24h após o houve evidências
determinar se o Estudo piloto
presença RNs
de lesões
nascimentoavaliação
e nas 4 a Embora
de quaisquer
Fornecer
100 RNs.
Inclusão:
de
Realizada
este
Este estudo piloto
banho com
na pele, a realizarem quanto
8 semanas
de vida.
diferenças
informações
randomizado.
Grupo
termo,
à perda
de
estudo
não tenha forneceu
recurso a umà
fototerapia ou que
Em média,
os RNs
consistentes,
em informações para
preliminares
experimental
aparentemente
água,
hidratação
e
sido
desenhado
produto
estivessem
a
tomaram
banho
3
nenhuma
das
realização de
(Johnson &
saudáveis, com
PH da superfície da para testar
a realização de
específico de
participar
noutro
vezes/semana,
nos
zonas da pele
uma
Johnson): 49
menos
24h
vida.
pele
do RN (coxas,
hipóteses,
os sob uma investigação
limpeza é
estudo de RNs
dois grupos.e
teste.
investigação
RNs.
Exclusão:
antebraços
resultados
em maior escala.
superior
investigação.
em
maiorao
Grupo controle admitidos
na unidade abdómen), nas
sugerem que não
banho com
escala
para
(água): 51 RNs. de Neonatologia,
primeiras 24h após o houve evidências
água simples.
determinar
se o
presença de lesões nascimento e nas 4 a de quaisquer
banho com
na pele, a realizarem 8 semanas de vida. diferenças
recurso a um
fototerapia ou que
Em média, os RNs
consistentes, em
produto
estivessem a
tomaram banho 3
nenhuma das
específico de
participar noutro
vezes/semana, nos
zonas da pele sob
limpeza
é
estudo
de
dois
grupos.
TABELA 4: RANDOMIZED, CONTROLLED TRIAL EVALUATING A BABY teste.
WASH PRODUCT ON SKIN
superior ao
investigação.
BARRIER FUNCTION
IN HEALTHY, TERM NEONATES
banho com
Lavender,
água
simples. Tina Lavender, Carol Bedwell, Stephen A. Roberts, Anna Hart, Mark A. Turner, Lesley-Anne
TABELA 4: RANDOMIZED,
CONTROLLED
TRIAL EVALUATING
Carter, & Michael
J. Cork – 2013, Inglaterra
A BABY WASH
PRODUCT
ON SKIN BARRIER FUNCTION
IN HEALTHY,
TIPO DE
AMOSTRA CRITÉRIOS DE INCLUSÃO E INTERVENÇÃO
RESULTADOS
CONCLUSÃO
ESTUDO
EXCLUSÃO
TERM
NEONATES
TABELA 4: RANDOMIZED, CONTROLLED
TRIAL
EVALUATING A BABY WASH PRODUCT ON SKIN
FUNCTION
IN HEALTHY,
TERM NEONATES
Lavender,
Tina307BARRIER
Lavender,
Carol
Bedwell,
Stephen
A. Roberts,
AnnaNão
Hart,
Examinar
a
Estudo
RNs
Inclusão: RNs
de termo,
Realizada
Os resultados
foram
Lavender,
Tina Lavender,
Carol Bedwell,
Stephen
A. Roberts,
Anna Hart, Mark
A. Turner, Lesley-Anne
hipótese do controlado
Grupo
aparentemente saudáveis,
avaliação quanto à demonstraram que detetadas
Carter,
& Michael
J. Cork
– 2013,
Inglaterra
Markrandomizado.
A. Turner,
Lesley-Anne
Carter,
& Michael
J. Cork a–realização
2013, daInglaterra
uso de um
experimental nas 1 48h de vida,
perda de água,
diferenças,
OBJETIVO
as
TABELA 1: EFFECT OF THE FIRST BATH WITH CHLORHEXIDINE
ESTUDOS
ON SKIN COLONIZATION WITH
STAPHYLOCOCCUS AUREUS
TABELA 1: EFFECT OF
FIRST BATH
WITH CHLORHEXIDINE
ON SKIN COLONIZATION WITH
INTHE
NORMAL
HEALTHY
TERM NEWBORNS
STAPHYLOCOCCUS AUREUS IN NORMAL HEALTHY TERM NEWBORNS
Maria
L. Da Cunha, Renato S. Procianoy, Débora T. Franceschini,
Maria L. Da Cunha, Renato S. Procianoy, Débora T. Franceschini, Laura L. De Oliveira e Maria L. Cunha –
Brasil
Laura L. De Oliveira e2008,
Maria
L. Cunha – 2008, Brasil
monitorização após o
OBJETIVO
TIPO DE
fisiológica;
nascimento
ESTUDO
regulação da interfere
na
temperatura
transição para
corporal
Compararaavida
Ensaio
taxa de extrauterina,
clinico
especialmente
colonização
randomiza
nas
com S.
do.
adaptações
Aureus nacardiorrespirat
pele do RN
ória e na
de termo, termorregulaç
após o 1º ão.
banho com
clorexidina
ou com um
sabão
neutro.
TABELA 3: INFANT SKIN-CLEANSING PRODUCT VERSUS WATER:
A PILOT RANDOMIZED, ASSESSOR-BLINDED CONTROLLED TRIAL
TABELA 3: INFANT SKIN-CLEANSING PRODUCT VERSUS WATER: A PILOT RANDOMIZED,
Tina Lavende,
Carol Bedwell, Ediri
O’Brien,TRIAL
Michael J CorK,
ASSESSOR-BLINDED
CONTROLLED
Tina Lavende, Carol Bedwell,
Ediri O’Brien,
Michael
J CorK,
Mark Turner
& Anna Hart – 2011, Inglaterra
Mark Turner
& Anna
Hart
– 2011,
Inglaterra
produto
OBJETIVO
TIPO DE
específico
ESTUDO
para RN, não
ser inferior ao
uso exclusivo
de água para
Examinar
a
Estudo
o banho. do controlado
hipótese
uso de um
randomizado.
produto
específico
para RN, não
ser inferior ao
uso exclusivo
de água para
o banho.
(Johnson &
AMOSTRA
Johnson):
n=159
Grupo controle
(água):n=148.
307 RNs
Grupo
experimental
(Johnson &
Johnson):
n=159
Grupo controle
(água):n=148.
recrutados entre Fevereiro
CRITÉRIOS
INCLUSÃO E
2010
e MarçoDE
2011.
Exclusão:EXCLUSÃO
RNs admitidos na
unidade de Neonatologia,
presença de lesões na pele,
submetidos
a fototerapia,
Inclusão:
RNs
de termo, com
comprometimento
não
aparentemente
saudáveis,
traumático
com
nas
1as 48hda
deepiderme,
vida,
anomalias cromossómicas,
recrutados
entre Fevereiro
com
evidência
de
alterações
2010 e Março 2011.
a
da pele naRNs
1 avaliação
Exclusão:
admitidose na
aquelas que
se encontram
unidade
de Neonatologia,
para adoção.
presença
de lesões na pele,
submetidos a fototerapia, com
comprometimento não
traumático da epiderme, com
anomalias cromossómicas,
com evidência de alterações
da pele na 1a avaliação e
aquelas que se encontram
para adoção.
hidratação e PH da
INTERVENÇÃO
superfície
da pele
do RN nas coxas,
antebraços e
abdómen, nas 1as
48h após
Realizada
nascimento,
nos à
avaliação
quanto
1os 14 de
diaságua,
de vida
perda
e às 4 e 8 e PH da
hidratação
semanas
de
superfície davida.
pele
EmRN
média,
os RNs
do
nas coxas,
tomaram banho
antebraços
e 3
vezes/ semana,
abdómen,
nas 1as
nos dois
48h
apósgrupos.
nascimento, nos
1os 14 dias de vida
e às 4 e 8
semanas de vida.
Em média, os RNs
tomaram banho 3
vezes/ semana,
nos dois grupos.
higiene da pele do
RESULTADOS
RN
com o produto
testado não é
inferior ao uso
exclusivo de água,
pararesultados
o mesmo
Os
efeito.
demonstraram
que
a realização da
higiene da pele do
RN com o produto
testado não é
inferior ao uso
exclusivo de água,
para o mesmo
efeito.
relativamente
CONCLUSÃO
aos
parâmetros
avaliados na pele
do RN,
comparando o
uso de
um
Não
foram
produto
detetadas
específico de
diferenças,
limpeza ou água.
relativamente
aos parâmetros
avaliados na pele
do RN,
comparando o
uso de um
produto
específico de
limpeza ou água.
REVISÕES DA LITERATURA
1
EESMO Centro Hospitalar do Porto.
2
EESMO, Professora na Escola Superior de Enfermagem do Porto
TABELA 5: BATHING AND CLEANSING IN NEWBORNS FROM DAY 1
TO FIRST YEAR OF
LIFE: RECOMMENDATIONS FROM
REVISÕES DA LITERATURA
A EUROPEAN ROUND TABLE MEETING
1
EESMO
Centro Hospitalar
do Porto.AND CLEANSING IN NEWBORNS FROM DAY 1 TO FIRST YEAR OF LIFE:
TABELA
5: BATHING
U Blume-Peytavi,
MJ Cork,
J Faergemann, J Szczapa, F Vanaclocha,
2
EESMO, Professora naRECOMMENDATIONS
Escola Superior de Enfermagem do
Porto A EUROPEAN ROUND TABLE MEETING
FROM
REVISÕES
DA LITERATURA
U Blume-Peytavi, MJ Cork, J Faergemann,
J Szczapa,
F Vanaclocha, & C Gelmetti – 2009
& C Gelmetti
– 2009
TABELA
PALAVRASCHAVE
5:OBJETIVO
BATHING AND
CLEANSING
INMÉTODO
NEWBORNS FROM
DAY 1 TO FIRST CONCLUSÃO
YEAR OF LIFE:
CRITÉRIOS
DE
RESULTADOS
RECOMMENDATIONS
INCLUSÃO E FROM A EUROPEAN ROUND TABLE MEETING
U Blume-Peytavi, MJEXCLUSÃO
Cork, J Faergemann, J Szczapa, F Vanaclocha, & C Gelmetti – 2009
Bathing,
PALAVRAScleansing,
CHAVE
consensus,
epidermal skin
barrier, Infant,
Bathing,
newborn.
cleansing,
consensus,
epidermal skin
barrier, Infant,
newborn.
Encontro
OBJETIVO
Europeu
sobre
"Melhores
Práticas para
limpeza infantil‘,
Encontro
com um painel
Europeu
sobre
de
"Melhores
dermatologistas
Práticas
para
e pediatras,
limpeza
reunidosinfantil‘,
com o
com
um
intuito
depainel
de
encontrarem
dermatologistas
consenso acerca
e
pediatras,
das
melhores
reunidos
práticas, com o
intuito
de
relativamente
ao
encontrarem
banho e higiene
consenso
acerca
Infantil e do
RN.
das melhores
práticas,
relativamente ao
banho e higiene
Infantil e do RN.
Inclusão: RN de
CRITÉRIOS
termo
com a DE
INCLUSÃO
pele
saudável,E
EXCLUSÃO
sem
achados
patológicos
Inclusão:
RNdede
(baixo risco
termo
com a
desenvolverem
pele
saudável,
doenças
de
sem
pele).achados
patológicos
(baixo risco de
desenvolverem
doenças de
pele).
Revisão compreensiva
MÉTODO
das evidências
encontradas na literatura,
com recurso à base de
dados Pubmed.
Revisão
compreensiva
Descritores:
‘neonate’,
das
evidências
‘newborn’,
‘infant’,
encontradas
na literatura,
‘bathing’, ‘washing’
and
com
recursoand
à base
de
‘cleansing’,
specific
dados
terms, Pubmed.
including ‘atopic
Descritores:
‘neonate’,
dermatitis’, ‘cloth’,
‘newborn’,
‘infant’,
‘culture’, contamination’,
‘bathing’,
and
‘emollient’,‘washing’
‘hard water’,
‘cleansing’,
and specific
‘liquid cleanser’,
‘oils’,
terms,
includingbenefits’,
‘atopic
‘psychological
dermatitis’,
‘cloth’,
‘safety’, ‘season’,
‘culture’,
contamination’,
‘shampoo’,
‘soap’,
‘emollient’,
‘hard water’,
‘sponge’, and
‘liquid
cleanser’, ‘oils’,
‘temperature’.
‘psychological benefits’,
‘safety’, ‘season’,
‘shampoo’, ‘soap’,
‘sponge’, and
‘temperature’.
Sabonetes
RESULTADOS
alcalinos
têm
inúmeras
desvantagens,
com efeitos sobre
Sabonetes
o pH da pele e
alcalinos
têm
sobre a camada
inúmeras
lipídica protetora,
desvantagens,
podendo causar
com
efeitos
irritação
e sobre
o
pH da pele e
desidratação.
sobre
a camada
Produtos
usados
lipídica
protetora,
na higiene
do RN
podendo
devem tercausar
provas
irritação
e
documentadas
da
desidratação.
suavidade sobre a
Produtos
pele e os usados
olhos.
na higiene do RN
devem ter provas
documentadas da
suavidade sobre a
pele e os olhos.
O banho de imersão do RN é
geralmenteCONCLUSÃO
superior à lavagem do
corpo por partes e deve procederse à sua realização 2-3 vezes por
semana.
O
banhoas
deevidências
imersão docientíficas
RN é
Embora
geralmente
superior
à lavagem do
sejam limitadas,
os dados
corpo
por partes
e deve
disponíveis
sugerem
queprocedero uso de
se
à sua realização
vezes por
produtos
de higiene 2-3
apropriados
semana.
pode ser superiores ao uso
Embora
as
evidências
científicas
exclusivo de água. Contudo, os
sejam
limitadas,
os dados
produtos
a usar para
a higiene do
disponíveis
sugerem
o uso
de
RN não devem
alterarque
o pH
normal
produtos
de higiene
da superfície
da peleapropriados
ou causar
pode
ser Para
superiores
ao usoaqueles
irritação.
além disso,
exclusivo
de
água.
Contudo,
os
que contêm emoliente parecem ter
produtos
usar para a higiene do
vantagensa adicionais,
RN
não devem alterar
o pHe normal
particularmente
em bebés
da
superfície
da pele
crianças
em alto
riscoou
decausar
dermatite
irritação.
atópica. Para além disso, aqueles
que contêm emoliente parecem ter
vantagens adicionais,
particularmente em bebés e
crianças em alto risco de dermatite
REVIEW
OF THE CLINICAL
atópica.
TABELA 6: SKIN CARE PRACTICES FOR NEWBORNS AND INFANTS:
EVIDENCE FOR BEST PRACTICES
Ulrike
Blume-Peytavi,
Matthias
Hauser,
Georgios N. Stamatas,
Delano Pathirana, &
NatalieINFANTS:
Garcia Bartels –
TABELA
6: SKIN
CARE
PRACTICES
FOR NEWBORNS
AND
2011
TABELA
6: SKIN CARE
PRACTICES
FOR NEWBORNS
AND FOR
INFANTS:
REVIEW
OF THE CLINICAL
REVIEW
OF THE
CLINICAL
EVIDENCE
BEST
PRACTICES
EVIDENCE
FOR
OBJETIVO
MÉTODO
CRITÉRIOS
DE BEST PRACTICES
RESULTADOS
CONCLUSÃO
Blume-Peytavi,
Matthias
Georgios
N. Stamatas,
Ulrike Ulrike
Blume-Peytavi,
Matthias Hauser,
Georgios
N.
Delano Pathirana,
& Natalie Delano
Garcia Bartels –
INCLUSÃOHauser,
E Stamatas,
EXCLUSÃO 2011
Pathirana, & Natalie Garcia Bartels – 2011
Compilar e
analisar
a
OBJETIVO
literatura
científica,
existente
Compilar
e
desde 1970,
analisar
a da
sobre a pele
literatura
criança até aos
científica,
12 meses de
existente
vida, as
desde
práticas1970,
de
sobre
a pele
limpeza
e da
criança
produtosaté aos
12
meses de
relacionados.
vida, as
práticas de
limpeza e
produtos
relacionados.
Revisão Sistemática da
Literatura.
MÉTODO
Pesquisa em bases de
dados eletrónicas: PubMed
e EMBASE.
Revisão
Sistemática
da
93 artigos
foram
Literatura.
identificados como
Pesquisa
bases de a
relevantesem
e submetidos
dados
eletrónicas:
PubMed
completa
revisão, dos
e
EMBASE.
quais
resultaram 20
93
artigos foram
estudos.
identificados como
relevantes e submetidos a
completa revisão, dos
quais resultaram 20
estudos.
Inclusão: estudos
randomizados,
ensaios
CRITÉRIOS
DE
clínicos
não
INCLUSÃO
E
randomizados,
estudos
EXCLUSÃO
coorte e caso-controle.
Inclusão:
Exclusão:estudos
RNs
randomizados,
ensaios
prematuros ou com
clínicos
não da
compromisso
randomizados,
estudos
integridade da pele
ou
coorte
e
caso-controle.
com necessidade de
Exclusão:
RNs
tratamentos
intensivos.
prematuros ou com
compromisso da
integridade da pele ou
com necessidade de
tratamentos intensivos.
As evidências extraídas da literatura, de
natureza heterogénea,
sugerem que, os
RESULTADOS
banhos de imersão em água têm efeitos
positivos, comparativamente à lavagem
por partes.
As
evidências
extraídas
da literatura,
Geralmente
não
é recomendado
o usode
natureza
heterogénea,
que,oos
de produtos
de higiene.sugerem
No entanto,
banhos
de imersão
em água têm
efeitos
uso de produtos
apropriados
parece
positivos,
comparativamente
à lavagem
comparável
com o uso de água
limpa,
por
partes. à manutenção do PH e da
em relação
Geralmente
não
é
recomendado
o
camada protetora lipídica da pele. uso
de produtos de higiene. No entanto, o
uso de produtos apropriados parece
comparável com o uso de água limpa,
em relação à manutenção do PH e da
camada protetora lipídica da pele.
REVISTA DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DOS ENFERMEIROS OBSTETRAS — N.º 14/2014 1
EESMO Centro Hospitalar do Porto.
2
EESMO, Professora na Escola Superior de Enfermagem do Porto
Permanecem
incertezas
sobre os
CONCLUSÃO
procedimentos de
higiene do RN mais
adequados e seguros,
Permanecem
uma vez que se sabe
incertezas
que a pele sobre
das os
procedimentos
de
crianças apresenta
higiene
do RN mais
muitas fragilidades
adequados
e seguros,
durante o primeiro
ano
uma
vez
que
se
sabe
de vida, especialmente
que
a pele dasdias
nos primeiros
crianças
apresenta
após o nascimento.
muitas fragilidades
durante o primeiro ano
de vida, especialmente
nos primeiros dias
após o nascimento.
69
TABELA 7: EFFICACY AND SAFETY OF WHOLE BODY SKIN CLEANSING
TABELA
7: EFFICACY
AND SAFETY OFIN
WHOLE
BODY SKIN-CLEANSING
WITH CHLORHEXIDINE
IN
WITH
CHLORHEXIDINE
NEONATES
A SYSTEMIC
REVIEW
NEONATES - A SYSTEMIC REVIEW
Sankar,
M. Jeeva;
& Paul,
– 2013
Sankar,
M. Jeeva;
& Paul, Vinod
Vinod K.K.
– 2013
PALAVRASCHAVE
OBJETIVO
MÉTODO
Neonate,
chlorhexidine,
skin cleansing,
systematic
review
Sintetizar as
evidências
atuais acerca
da eficácia da
limpeza da
pele de todo o
corpo do RN
com
clorexidina.
POPULAÇ
ÃO EM
ESTUDO
Revisão Sistemática
RNs nos 1os
da Literatura, de
28 dias de
estudos randomizados vida.
e quaseexperimentais.
Pesquisa bases de
dados eletrónicas:
MEDLINE, EMBASE,
Scopus, Web of
Science, CINAHL.
Descritores:
“chlorhexidine”,
“infant”, “newborn”;
“neonates”.
CRITÉRIOS DE
INCLUSÃO E
EXCLUSÃO
RESULTADOS
CONCLUSÃO
Inclusão: estudos que
comparam a higiene de
toda a pele do RN com
clorexidina, com
placebo ou nenhuma
higiene.
Exclusão: estudos que
comparam o uso de
clorexidina com outros
antisépticos ou estudos
que avaliam a
aplicação de clorexidina
no coto umbilical.
9 estudos, nos
quais a
concentração da
clorexidina
utilizada é
variável.
Não existe evidência
conclusiva acerca dos
benefícios do uso da
clorexidina, pelo que o
seu uso não deve ser
recomendado para
higienizar a pele do
RN.
CONCLUSÕES
CONCLUSÕES
Atualmente têm emergido bastantes estudos de investigação científica que dão contributos acerca dos
Atualmente
emergido
bastantes
estudos
investiga‑
cuidados a ter com atêm
manutenção
das funções da
pele do recém-nascido.
Contudo,de
os estudos
encontrados
apresentam algumas limitações, na medida em que, são heterogéneos entre si, o que dificulta a
ção
científica que dão contributos acerca dos cuidados a ter
comparação dos dados e poucos apresentam elevados graus de evidência. Mediante a revisão da literatura,
com
manutenção
funções
daquepele
dobanho
recém-nascido.
parece a
aceitável
recomendar paradas
o contexto
Português,
o primeiro
do recém-nascido seja
efetuado após estabilização
hemodinâmica.
Até às quatro semanas
de vida, o banho
pode ser dado
apenas
Contudo,
os estudos
encontrados
apresentam
algumas
limi‑
com água, podendo recorrer-se a pequenas quantidades de produtos de limpeza com um PH apropriado e
tações,
na medida em que, são heterogéneos entre si, o que
de preferência com emoliente na sua composição, especialmente para lavar a área genital. Este estudo teve
algumas limitações,
nomeadamente a dos
dificuldade
em obter
artigos em texto
integral e a ausência
dificulta
a comparação
dados
e poucos
apresentam
ele‑de
estudos elaborados em contextos culturais mais diversificados, nomeadamente ao nível nacional.
vados
graus
de
evidência.
Mediante
a
revisão
da
literatura,
Recomenda-se, mais investigação randomizada controlada, no sentido de fortalecer os resultados
encontrados.
parece
aceitável recomendar para o contexto Português, que
o primeiro banho do recém-nascido seja efetuado após es‑
tabilização
hemodinâmica. Até às quatro semanas de vida, o
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Blume-Peytavi,
U., Cork,
Faergemann,
J., Szczapa,
Vanaclocha,
F. & Gelmetti,
C. (2009). Bathing
banho
pode
serM.,
dado
apenas
comJ.,água,
podendo
recorrer-se
and cleansing in newborns from day 1 to first year of life: recommendations from a European round table
meeting. JEADV, (23), 751–759. doi: 10.1111/j.1468-3083.2009.03140.x
a pequenas
quantidades de produtos de limpeza com um PH
Cunha, M., Procianoy, R., Franceschini, D., Oliveira, L. & Cunha, M. (2008). Effect of the first bath with
chlorhexidine one skin
with Staphylococcus
aureus in normal
healthycomposi‑
term newborns.
apropriado
de colonization
preferência
com emoliente
na sua
Scandinavian Journal of Infectious Diseases, (40), 615-620. doi: 10.1080/00365540801932447
ção,
especialmente
para
lavarin Perinatology,
a área genital.
Este estudo teve
Dyer, J.
A. (2013). Newborn skin care.
Seminars
37 (1), 3-7. doi:
http://dx.doi.org/10.1053/j.semperi.2012.11.008
algumas
limitações,
nomeadamente
a
dificuldade
em obter
Fernandes, J. D., Machado, M.C. & Oliveira, Z. N. (2011). Prevenção e cuidados com a pele da criança e do
recém-nascido. Anais Brasileiros de Dermatologia, 86 (1), 102-110.
artigos
em texto integral e a ausência de estudos elaborados
em
contextos culturais mais diversificados, nomeadamente
EESMO Centro Hospitalar do Porto.
Professora na Escola Superior de Enfermagem do Porto
aoEESMO,
nível
nacional. Recomenda-se, mais investigação rando‑
mizada controlada, no sentido de fortalecer os resultados
encontrados.
1
2
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2014 ICM COUNCIL MEETING, PRAGA, REPÚBLICA CHECA
2014 ICM 30TH TRIENNIAL CONGRESS, PRAGA, REPUBLICA CHECA
2014 EMA MEETING, TALLIN, ESTÓNIA
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