1 INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE FUNORTE / SOEBRÁS A INSERÇÃO DOS EXAMES LABORATORIAIS PARA O DIAGNÓSTICO E ACOMPANHAMENTO DO CÂNCER DE MAMA SUÉLLEN ARAÚJO Cacoal-RO 2014 1 2 INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE FUNORTE / SOEBRÁS A INSERÇÃO DOS EXAMES LABORATORIAIS PARA O DIAGNÓSTICO E ACOMPANHAMENTO DO CÂNCER DE MAMA SUÉLLEN ARAÚJO Monografia apresentada ao Programa de Especialização em Oncologia Clínica do ICS – FUNORTE / SOEBRÁS NÚCLEO CACOAL, como parte dos requisitos para obtenção do titulo de Especialista. ORIENTADOR: Prof. Ms. Plínio Marinho C. Júnior . Cacoal-RO 2014 2 3 A INSERÇÃO DOS EXAMES LABORATORIAIS PARA O DIAGNÓSTICO E ACOMPANHAMENTO DO CÂNCER DE MAMA Trabalho de Conclusão de Curso elaborado como requisito avaliativo parcial para obtenção do título de especialista em Oncologia Clínica, apresentado ao programa de pós-graduação lato senso das Faculdades Unidas do Norte de Minas – FUNORTE Data de Aprovação: ____/____/____ Conceito: __________ Banca examinadora __________________________________ Plínio Marinho de Carvalho Júnior Orientador _________________________________ Examinador 1 _________________________________ Examinador 2 3 4 Agradecimento Cabe a mim agradecer de forma imensurável aos meus familiares que me acompanharam nessa jornada tornando possível o êxito final e duradouro. Agradeço ainda aos meus colegas de classe pelos momentos vividos, dúvidas e desafios compartilhados ao longo desses anos em que dividimos e enfim realizamos essa missão. Gratidão especial ao Mestre merecedor de todos os adjetivos do título Professor Plínio Marinho de Carvalho Junior que tanto incentivou e apoiou essa e outras turmas em prol do conhecimento e educação continuada. Por final, agradeço a Deus por ter guiado meus passos por esse caminho tão triste e ao mesmo tempo necessário que é a Oncologia. 4 5 Epígrafe “A esperança se adquire. Chega-se à esperança através da verdade, pagando o preço de repetidos esforços e de uma longa paciência. Para encontrar a esperança é necessário ir além do desespero. Quando chegamos ao fim da noite, encontramos a aurora". George Bernanos, 5 6 RESUMO O Câncer é um grande problema da saúde pública mundial. O Câncer de Mama é o segundo maior em incidência em todo o mundo e ainda é o tipo de Câncer que mais acomete as mulheres em todo o Mundo. Os marcadores tumorais do Câncer de Mama (CA 15.3; CEA; MCA; CA 27,29 e Catepsina D) são de suma importância para o diagnóstico e acompanhamento do tratamento deste tipo de Câncer. Este trabalho evidencia a importância e aplicação desses marcadores com o intuito de inseri-los de forma permanente nos quadros de tratamento oncológico. Palavras-chave: Marcadores Tumorais, Câncer de Mama, Metástases, Marcadores Biológicos do Câncer de Mama. 6 7 ABSTRACT Cancer is a major public health problem worldwide. The breast cancer is the second largest in incidence worldwide and is still the type of cancer that affects more women worldwide. Tumor markers of breast cancer (CA 15.3, CEA, MCA, CA 27.29 and Cathepsin D) are of paramount importance for the diagnosis and monitoring of treatment of this type of cancer. This work highlights the importance and application of these markers in order to insert them permanently in the frames of cancer treatment. Keywords: tumors markers, breast cancer, metastasis, biological markers of breast cancer 7 8 LISTA DE ILUSTRAÇÕES FIGURA 1 Taxa De Mortalidade De Mulheres Por Neoplasia Ajustadas Por Idade No Brasil 23 FIGURA 2 Ranking Mundial Da Taxa De Mortalidade De Mulheres Por Câncer De Mama Em 2010 45 LISTA DE QUADROS Alguns Marcadores Tumorais mais frequentemente utilizados. QUADRO 1 32 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas INCA - Instituto Nacional de Câncer MS - Ministério da Saúde SCIELO - Scientific Eletronic Library Online LISTA DE NOTAÇÕES E SÍMBOLOS Câncer de Mama no Alvo da Moda. Câncer de Mama. Fique de olho! 8 9 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO 10 2 OBJETIVO 12 2.1 Objetivos Gerais 12 2.2 Objetivos Específicos 12 3 METODOLOGIA 13 3.1 Materiais 13 3.2 Métodos 13 4 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 14 4.1 Câncer de Mama 14 4.1.2 Histologia do Câncer de Mama 14 4.2.Estatísticas sobre o Câncer 16 4.2.1 Estatísticas sobre o Câncer de Mama 16 4.3 Marcadores Bioquímicos do Câncer 18 4.4 Marcadores Tumorais do Câncer de Mama 19 4.4.1 CA 15.3 19 4.4.2 CEA 20 4.4.3 MCA 20 4.4.4 CA 27,29 20 4.4.5 CATEPSINA D 20 5 DISCUSSÃO E RESULTADOS 21 6 CONCLUSÃO .......................................................................................... 22 7 REFERÊNCIAS 23 8 GLOSSÁRIO 25 9 APÊNDICES 27 9 10 1. INTRODUÇÃO O câncer de mama é um problema de saúde pública, não só em países em desenvolvimento, como é o caso do Brasil, mas também em países desenvolvidos, como Estados Unidos e países da Europa Ocidental. Tal situação deve-se à dificuldade de prevenção primária (eliminar fatores de risco ou diagnosticar e tratar lesões precursoras), observando-se como consequência aumento significativo na incidência e mortalidade decorrentes desta neoplasia. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), observouse nas décadas de 60 e 70 aumento de dez vezes nas taxas de incidência ajustadas por idade nos Registros de Câncer de Base Populacional de diversos continentes (WHO, 2001). O aumento na incidência pode ser explicado, em parte, por alterações nos hábitos reprodutivos, como postergação do primeiro parto, e nutricionais (considerando que a obesidade eleva o risco de câncer na pós-menopausa). Althuis (2005) afirma que Nos Estados Unidos, a American Cancer Society estimou que ocorram em 2006 cerca de 212.930 casos novos e 40.870 mortes por carcinoma de mama. Entretanto, apesar da tendência gradual do au-mento na incidência, observa-se nesse país, bem como nos países da União Européia, uma diminuição na mortalidade por esta neoplasia de até 2,3 % ao ano. O câncer de mama é o segundo tipo de câncer mais frequente no mundo e o mais comum entre as mulheres. Entre as americanas, a incidência é de que 29% dos casos de câncer serão os de mama (SIEGEL et al.,2013). No Brasil, as taxas de mortalidade por câncer de mama apresentaram a estimativa de 52.680 novos casos para o ano de 2012. A estimativa 2014 do Instituto Nacional do Câncer (INCA) para Incidência de Câncer no Brasil para os anos de 2014 e 2015 foi de aproximadamente 576 mil casos novos, incluindo os casos de pele não 10 11 melanoma, que é o tipo mais incidente para ambos os sexos (182 mil casos novos), seguido de próstata (69 mil), mama feminina (75 mil), cólon e reto (33 mil), pulmão (27 mil), estômago (20 mil) e colo do útero (15 mil). Ou seja, 75 mil novos casos de câncer de mama. Ainda de acordo com o INCA (Instituto Nacional de Câncer), câncer é o nome dado a um conjunto de mais de 100(cem) doenças que tem em comum o crescimento desordenado (maligno) de células que invadem os tecidos e órgãos, podendo espalhar-se (metástase) para outras regiões do corpo (2014). O câncer de mama é o segundo tipo de câncer mais frequente no mundo e o mais comum entre as mulheres. Estima-se que 90% das causas de mortes são devido às metástases. O câncer de mama é frequente nas mulheres e é alta a mortalidade por essa causa (OSHIRO, 2014). Com o conhecimento atual, as estratégias de prevenção primária para esse tipo de câncer não são totalmente viáveis, além de serem de alto custo. Nesse sentido, ênfase deve ser dada nas ações de prevenção secundária, que tem como objetivo detectar o câncer precocemente como a finalidade de alterar o curso da doença, uma vez que seu inicio biológico já aconteceu. Nessa fase, quanto mais cedo for identificada a lesão, maior a possibilidade de controle e menor a morbidade imposta pelo tratamento (PENNA, 1995). 11 12 2. OBJETIVO 2.1. OBJETIVO GERAL Definir o cenário de inserção das análises clínicas no campo da oncologia, denotando a sua importância tanto na fase de diagnóstico da patologia como também em todo o processo de tratamento. 2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS Analisar os dados encontrados através da revisão de bibliografia que evidenciem a utilização e necessidade dos exames laboratoriais com os marcadores tumorais para diagnóstico e acompanhamento do desenvolvimento e prognóstico do câncer de mama. 12 13 3. MATERIAL E MÉTODOS 3.1. MATERIAL O estudo a seguir foi realizado à partir de pesquisas via internet, jornais médicos, revistas científicas e sites da área. 3.2 MÉTODOS Foi realizado um levantamento bibliográfico, utilizando-se as palavras-chave "marcadores tumorais e tumor markers" nos indexadores MEDLINE (Literatura Internacional em Ciências da Saúde), PubMed, LILACS (Literatura Latinoamericana em Ciências da Saúde), COCHRANE, SCIELO (Scientific Electronic Library Online), BIREME, dissertações e teses no período de 1990 a 2014, em língua portuguesa e inglesa. Foram também utilizados resumos de recentes simpósios obtidos no site do American Society of Clinical Oncology (ASCO). 13 14 4. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 4.1. CÂNCER DE MAMA “O câncer de mama é a neoplasia maligna mais comum entre as mulheres e sua taxa de mortalidade ainda é alta. É essencial desenvolver ferramentas de diagnóstico mais sensíveis, que não só complementem a mamografia, mas também permitam a detecção e diagnóstico precoce do câncer de mama, permitindo uma terapia menos invasiva, levando a uma menor morbidade nessas pacientes, ao passo que se torna mais eficaz (GOMES JUNIOR et al. 2014).” Segundo OSHIRO et al. o câncer de mama de mama, quando descoberto em sua fase inicial, possui muitas chances de cura, porém essa não é a realidade de muitas regiões brasileiras (2014). O câncer de mama entre as mulheres também representa a principal causa de mortalidade por câncer. Em 2009, houve 11.943 óbitos no Brasil, com predomínio na faixa etária de 40 a 79 anos; porem foram registrados óbitos nas faixas etárias mais precoces como a de 20 a 29 anos. (MS, 2009). Segundo dados de 2008 da Agência internacional para a pesquisa do câncer da Organização Mundial de Saúde, o câncer da mama é o que apresenta maior incidência e mortalidade entre as mulheres, ocupando o quinto lugar, como causa de morte por câncer em ambos os sexos. 4.1.2 HISTOLOGIA DO CÂNCER DE MAMA O tipo histológico é como se fosse o nome e o sobrenome do câncer de mama. Os tipos histológicos de câncer de mama se dividem em vários subtipos, de acordo com fatores como a presença ou ausência de receptores hormonais e extensão do tumor. Os tipos mais básicos de câncer de mama são: 14 15 • • • • • • Carcinoma ducta in situ:é o tipo mais comum de câncer de mama não invasivo. Ele afeta os ductos da mama, que são os canais que conduzem leite. O câncer de mama in situ não invade outros tecidos nem se espalha pela corrente sanguínea, mas pode ser multifocal, ou seja, pode haver vários focos dessa neoplasia na mesma mama. Caracterizase pela presença de um ou mais receptores hormonais na superfície das células. Carcinoma ductal invasivo:ele também acomete os ductos da mama, e se caracteriza por um tumor que pode invadir os tecidos que os circundam. O câncer de mama do tipo ductal invasivo representa de 65 a 85% dos cânceres de mama invasivos. Esse carcinoma pode crescer localmente ou se espalhar para outros órgãos por meio de veias e vasos linfáticos. Caracteriza-se pela presença de um ou mais receptores hormonais na superfície das células. Carcinoma lobular in situ: ele se origina nas células dos lobos mamários e não tem a capacidade de invasão dos tecidos adjacentes. É um tipo de câncer de mama que frequentemente é multifocal. O carcinoma lobular in situ representa de 2 a 6% dos casos de câncer de mama. Carcinoma lobular invasivo: ele também nasce dos lobos mamários e é o segundo tipo mais comum de câncer de mama. O carcinoma lobular invasivo pode invadir outros tecidos e crescer localmente ou se espalhar. Geralmente apresenta receptores de estrógeno e progesterona na superfície das células, mas raramente a proteína HER2. Carcinoma inflamatório: raramente apresenta receptores hormonais, podendo ser chamado de triplo negativo. Ele é a forma mais agressiva de câncer de mama – e também a mais rara. O carcinoma inflamatório se apresenta como uma inflamação na mama e frequentemente tem uma grande extensão. O câncer de mama do tipo inflamatório também começa nas glândulas que produzem leite. As chances dele se espalhar por outras partes do corpo e produzir metástases são grandes. Doença de Paget: é um tipo de câncer de mama que acomete a aréola ou mamilos, podendo afetar os dois ao mesmo tempo. Ele representa de 0,5 a 4,3% de todos os casos de carcinoma mamário, sendo portando uma forma mais rara. Ele é caracterizado por alterações na pele do mamilo, como crostas e inflamações – no entanto, também pode ser assintomático. Existem duas teorias para explicar a origem da doença de Paget da mama: as células tumorais podem crescer nos ductos mamários e progredir em direção à epiderme do mamilo, ou então as células tumorais se desenvolvem já na porção terminal dos ductos, na junção com a epiderme. 15 16 4.2. ESTATÍSTICAS SOBRE O CÂNCER O câncer constitui-se um grande problema de saúde pública mundial. A Organização Mundial da Saúde estima que no ano 2030 haverá 27 milhões de novos casos de câncer, 75 milhões de pessoas vivendo com câncer e 17 milhões de mortes por causa do câncer. O câncer constitui a segunda causa de morte depois das doenças vasculares, representando 23% do total. Cerca de 1.660.290 novos casos de câncer e 580.350 casos de óbito são estimados nos Estados Unidos para o ano de 2013, totalizando quase 1600 mortes por dia (SIEGEl et al.,2013). No Brasil, a previsão para o ano de 2012 apontaram a ocorrência de 518.510 novos casos reforçando a magnitude do problema do câncer no país. Deste total, 257.870 serão casos novos para o sexo masculino e 260.640 para o sexo feminino. Confirma-se a estimativa que o câncer da pele do tipo não melanoma é o mais incidente na população brasileira, seguido pelos tumores de próstata, mama feminina, cólon e reto, pulmão, estômago e colo do útero. Para o sexo feminino destacam-se, entre os cinco mais incidentes, os tumores de pele não melanoma (71 mil casos novos), mama (53 mil), colo do útero (18 mil), cólon e reto (16 mil) e pulmão (10 mil) (INCA, 2012). Para os anos de 2014 e 2015 apontaram 576 mil casos novos, incluindo os casos de pele não melanoma, que é o tipo mais incidente para ambos os sexos (182 mil casos novos), seguido de próstata (69 mil), mama feminina (75 mil), cólon e reto (33 mil), pulmão (27 mil), estômago (20 mil) e colo do útero (15 mil) (INCA 2014). 4.2.1. ESTATÍSTICAS SOBRE O CÂNCER DE MAMA O câncer de mama é o segundo tipo de câncer mais frequente no mundo e o mais comum entre as mulheres. Entre as americanas, a incidência é de que 29% dos casos de câncer serão os de mama (SIEGEL et al.,2013). No Brasil, as taxas de mortalidade por câncer de mama apresentaram a estimativa de 52.680 novos casos para o ano de 2012. 16 17 Embora se observe uma relativa manutenção no número de casos a partir de 2007, a incidência de morte por câncer de mama supera outros três tipos de neoplasias mais frequentes entre as mulheres (traquéia, brônquios e pulmões; cólon e reto, cólo de útero e estômago) FIGURA 1 – TAXA DE MORTALIDADE DE MULHERES POR NEOPLASIA AJUSTADAS POR IDADE NO BRASIL. Taxas de morte de mulheres – a cada 100 mil - para os três tipos de neoplasias mais frequentes no gênero. O eixo y do gráfico corresponde às percentagens de óbito correspondentes a cada neoplasia. Dados de 1990 até 2010. A linha rosa corresponde ao câncer de mama, marrom ao câncer de traqueia, brônquios e pulmões, a linha verde ao câncer de cólon e reto, a linha lilás ao câncer de útero e a linha turquesa corresponde ao câncer de estômago. Fonte: Disponível em http://mortalidade.inca.gov.br/Mortalidade/ “A manutenção na taxa de mortalidade durante os últimos anos devese, principalmente, pela extensão de programas de diagnóstico precoce e aumento do acesso a mamografia (FREITAS-JUNIOR et al.,2012).” Segundo a agência internacional de pesquisas do câncer da Organização Mundial da Saúde1 o Brasil encontra-se em 10º lugar no ranking mundial, com elevadas taxas de incidência e de mortalidade (Figura 2). 17 18 FIGURA 2 – RANKING MUNDIAL DA TAXA DE MORTALIDADE DE MULHERES POR CÂNCER DE MAMA EM 2010. O gráfico mostra a ordem dos países em incidência de casos (barras em vermelho) enquanto as barras azuis mostra a taxa de mortalidade, em números absolutos (eixo y). O Brasil encontra-se em 10º lugar na lista, com o números de óbito muito altos em relação ao números de casos, comparado aos Estados Unidos e China, por exemplo, os primeiros do ranking em incidência. Fonte: Disponível em http://globocan.iarc.fr 4.3. MARCADORES BIOQUÍMICOS DO CÂNCER “Os marcadores tumorais são macromoléculas presentes no tumor, no sangue ou em outros líquidos biológicos, cujo aparecimento e/ou alterações em suas concentrações estão relacionados com a gênese e o crescimento de células neoplásicas (ALMEIDA et al. 2007)” De acordo com FERRAZ E ANDRIOLO (2014), o marcador tumoral deve ser altamente específico para cada tipo de neoplasia e sensível o suficiente para detectar as células neoplásicas mesmo em pequeno número, permitindo o diagnóstico precoce tanto em sangue como em fluídos biológicos. NOME Antigénio carcino-embrionário CEA Alpha -1-fetoproteína AFP Antigénio específico da próstata PSA NATUREZA QUÍMICA Glicoproteína _____ Antigénio onco--fetal Glicoproteína _____ Antigénio onco-fetal Glicoproteína _____ Enzima LOCAL DE SÍNTESE Mucosa intestinal do embrião e do feto VALORES DE REFERÊNCIA Não fumadores <5,4 µg/L Fumadores <7,2 µg/L Saco vitelino e fígado fetal <20,0 µg/L Canais excretores da próstata <5,0 µg/L 18 19 Antigénio 15-3 do cancro CA 15-3 Antigénio hidrocarbonado 19-9 CA 19-9 Glicoproteína _____ Antigénio associado ao tumor Glicolípido, relacionado com o grupo sanguíneo Lewis _____ Antigénio associado ao tumor Antigénio 125 do cancro CA 125 Glicoproteína _____ Antigénio associado ao tumor CYFRA 21-1 Fragmento da citoqueratina 19 Gonadotropina coriónica humana ß-HCG Glicoproteína _____ Hormona Calcitonina Polipeptídeo Antigénio 72-4 do cancro CA 72-4 Fosfátase ácida prostática Enólase específica dos neurónios NSE Polipeptídeo _____ Antigénio associado ao tumor Lizosimas de células epiteliais _____ Enzima Dímero da enzima enólase _____ Enzima Células do carcinoma da mama e algumas células epiteliais <37,0 KU/L Epitélio do tracto gastrointestinal do feto; carcinomas variados; muitas células mucosas <37,0 KU/L Membranas de variados carcinomas do ovário; epitélio normal da árvore brônquica do feto e do adulto Pré-menopausa 3,6 - 54,6 KU/L Pós-menopausa 3,9 - 68,6 KU/L Gravidez 10,5 - 71,8 KU/L Variados tecidos, especialmente pulmões Sinciciotrofoblastos da placenta; células germinativas de estruturas trofoblásticas; células gigantes de seminomas Células C da tireóide 0,25-3,3 µg/L <5 UI/L <50,0 pg/mL Células epiteliais <4,6 KU/L Principalmente na próstata Adulto <4,0 U/L Criança <3,5 U/L Neurónios; eritrócitos; plaquetas <12,5 µg/mL QUADRO I - Alguns dos marcadores tumorais mais frequentemente utilizados 4.4. MARCADORES TUMORAIS DO CÂNCER DE MAMA 4.4.1. CA 15.3 Marcador por excelência do câncer de mama. É o mais sensível e específico. Quando associado a outros marcadores se torna muito importante para a escolha do seguimento do tratamento. O inconveniente é que na fase inicial apenas 23% dos casos apresentam aumento (ONCOGUIA, 2012). Após o término do tratamento a elevação dos níveis de CA 15.3 pode indicar recorrência ou metástase mesmo antes do paciente apresentar evidências clínicas. 19 20 4.4.2. CEA Conforme o ONCOGUIA o Antígeno Carcinoembrionário (CEA) é uma proteína encontrada em pequenas quantidades no sangue de pessoas saudáveis, se tornando importante à partir do momento em que se eleva em pessoas que têm câncer (2012). Cerca de 50% das pessoas com câncer de cólon, pâncreas, estômago, pulmão ou mama apresentam nível do CEA elevado. Esses níveis podem ainda indicar que o tratamento não está sendo eficaz. 4.4.3. MCA O Mucin-like Carcinoma Associated Antigen (MCA) é uma glicoproteína que pode ser utilizada como marcador tumoral do câncer de mama devido a sua correlação com a CA 15.3 na avaliação prognóstica e no controle terapêutico. 4.4.4. CA 27,29 Assim como o antígeno CA 15.3 é encontrado no sangue da maioria das pacientes com câncer de mama. Exames sequentes de CA 27,29 podem auxiliar na verificação da eficácia do tratamento e após o término podem auxiliar na detecção de recorrência (ONCOGUIA, 2012). 4.4.5. CATEPSINA D A Catepsina D é uma enprotease lisossomal ácida encontrada em quase todas as células dos mamíferos, sendo portanto um marcador tumoral muito utilizado no câncer de mama (ONCOGUIA,2012). 20 21 5. DISCUSSÃO E RESULTADOS O câncer é hoje uma das maiores preocupações da saúde pública em nível globalizado, uma vez que a patologia hoje atinge pessoas em todo o mundo, sem distinções de idade, hábitos e classe social. A identificação primária dessa patologia se torna de suma importância para o diagnóstico precoce como também aumenta potencialmente as chances de cura do indivíduo assim como a sua qualidade de vida, durante e póstratamento. O Câncer de Mama foi um dos primeiros a estar em foco devido à coragem de mulheres que colocaram seus nomes e histórias, muitas vezes traumáticas, devido à “mutilação” que sofreram em função do mal sofrido, para serem utilizadas como exemplo e incentivo à prevenção. O autoexame das mamas, através de diversas campanhas publicitárias se tornou um grande aliado ao diagnóstico precoce, porém, não se faz suficiente para conclusões a cerca do quadro clínico, sendo aí a grande inserção dos exames laboratoriais dos marcadores tumorais para o câncer de mama. Os exames laboratoriais dos marcadores cancerígenos podem e devem ser utilizados em larga escala para o diagnóstico e acompanhamento do câncer a fim de minimizar os danos causados ao paciente nesse quadro tão devastador em que o câncer se apresenta na atualidade. Contudo, os marcadores tumorais são imprescindíveis no quadro atual de desenvolvimento da Oncologia, se tornando de suma importância seu estudo e pesquisa para progressão de métodos e evolução em seus dados. 21 22 6. CONCLUSÃO O câncer de mama é comprovadamente um grande problema da saúde pública não somente no Brasil como também em todo mundo. Entre as mulheres é o principal tipo de câncer e ocupa o segundo lugar mundial em números de casos em ambos os sexos. A detecção precoce é de suma importância para o prognóstico do paciente assim como para o acompanhamento do tratamento e resultados alcançados. A inserção dos marcadores biológicos tem a intenção de facilitar a adesão ao tratamento. A utilização de exames laboratoriais nesse processo se torna bem menos traumático que biópsias, por exemplo, e em alguns casos tão eficaz como outros tantos métodos adotados atualmente. Enfim, a inserção dos exames laboratoriais no diagnóstico e tratamento do câncer, não somente de Mama como tantos outros se torna um avanço inestimável ao estudo Oncológico, melhorando a qualidade de vida do paciente acometido durante e após o tratamento. 22 23 7 REFERÊNCIAS ALMEIDA, José Ricardo Chamhum; PEDROSA,Núbia de Lima; LEITE, Juliana Brovini; FLEMING, Tânia Ribeiro do Prado; CARVALHO, Vanessa Henriques de; CARDOSO, Antônio de Assis Alexandre. Marcadores tumorais: revisão de literatura. Revista Brasileira de Cancerologia. Ano 2007. ALTHUIS MD, Dozier JM, Anderson WF, Devesa SS, Brinton LA. Global trend in breast cancer incidence and mortality 1973-1997. Int J Epidemiol. 2005;34(2): 405-12. BOYLE P , Ferlay J. Cancer incidence and mortality in Europe, 2004. Ann Oncol. 2005; 16(4): 481-8. CAVALIERI, Edneia Amancio De Souza Ramos. Perfil epigenético dos genes cxcr4, cxcl12, esr1, pgr e mmp2 envolvidos com o mecanismo molecular de metástase em câncer de mama. Ano 2013. ESTATÍSTICAS VITAIS [Internet]. Brasília, DF: Ministério da Saúde. c2008Disponível em: http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/deftohtm.exe?sim/cnv/obt10uf.def Acesso em: Agosto de 2014. FERRAZ, Maria Lúcia C. Gomes e ANDRIOLO, Adagmar. Marcadores tumorais bioquímicos. Ano 2014. GLOBOCAN 2008 (IARC). Section of cancer information. Breast cancer incidence and mortality worldwide in 2008. Ano 2008. LABMED. Marcadores tumorais. DISPONÍVEL EM: <http://www.labmed.pt/NotasTecnicas06.asp>. Acesso em: Agosto de 2014. MOLINA L; DALBEN I; DE LUCA LA. Análise das oportunidades de diagnóstico precoce para as neoplasias malignas de mama. Rev Assoc Med Bras.; 49 (2):185-90. Ano 2003. ONCOGUIA. Exames de sangue para o diagnóstico do câncer de mama. DISPONÍVEL EM: <http://www.oncoguia.org.br/conteudo/exames-de-sanguepara-o-diagnostico-do-cancer-de-mama/1392/264/> Ano 2012. Acesso em: julho 2014. OSHIRO, Maria de Lourdes ; BERGMANN, Anke; SILVA Rubiana Gambarim da; COSTA Karine Cavalcante da ; TRAVAIM, Ingrid Elisandra Bumbieris; SILVA,Graziela Braz da; THULER,Luiz Claudio . Câncer de mama avançado 23 24 como evento sentinela para avaliação do programa de detecção precoce do câncer de mama no centro-oeste do brasil. Ano 2014. OSHIRO ML, BERGMANN A, SILVA RG, COSTA KC, Travaim IEB, Silva GB, Thuler LCS. Revista Brasileira de Cancerologia 2014; 60(1): 15-23. PENNA MLF. Condição marcadora e evento sentinela na avaliação de serviços de saúde. Ano 2011. THULER LCS. Considerações sobre a prevenção do câncer de mama feminino. Rev Bras Cancerol; 49(4):227-38. Ano 2003. WORLD HEALTH ORGANIZATION (WHO) [homepage on the Internet]. World health statistics annual: 1997-1999. WHO; 2001 [cited 2006 Jun 26]. Available from: http://www.who.int/en/ 24 25 8 GLOSSÁRIO CA 15.3: principal marcador do câncer de Mama. CA 27,29: encontrado no sangue da maioria das pacientes com câncer de mama. Câncer: o nome dado a um conjunto de mais de 100 doenças que têm em comum o crescimento desordenado (maligno) de células que invadem os tecidos e órgãos. Câncer de Mama: tumor maligno que se desenvolve na mama como consequência de alterações genéticas em algum conjunto de células da mama, que passam a se dividir descontroladamente. Catepsina D: protease lisossomal ácida encontrada em quase todas as células dos mamíferos. CEA: proteína que se encontra em aumento de pessoas com câncer. Marcadores Tumorais: macromoléculas presentes no tumor, no sangue ou em outros líquidos biológicos de pessoas com câncer. Mucin-like Carcinoma Associated Antigen (MCA): glicoproteína que pode ser utilizada como marcador tumoral do câncer de mama devido a sua correlação com a CA 15.3. 25 26 26 27 9 APÊNDICES 1-PERGUNTAS FREQUENTES 1-Qual a porcentagem de cânceres de mama que acontecem por conta da mutação genética? R:A população geral tem cerca de 10 a 12% de riscos de desenvolver a doença. De acordo com a Sociedade Brasileira de Mastologia, a presença da mutação entre os casos de câncer de mama gira em torno de 5 a 10%, sendo que 5% de todos os cânceres de mama são de mulheres com a mutação genética BRCA. Por isso, a maneira mais segura de tratar e prevenir é visitar o seu mastologista, quando indicado, e seguir suas orientações. 2-Uma pessoa que tem risco comprovado para câncer de mama pode fazer uma mastectomia preventiva? Uma mulher com alto risco para câncer de mama pode, sim, optar por fazer a mastectomia preventiva. A mastectomia preventiva mamária consiste na retirada da região interna da mama - ou seja, da glândula mamária juntamente com os ductos mamários - que são os locais onde pode acontecer a formação de um tumor. Com a retirada do interior da mama, os riscos de câncer reduzem em até 90%. As chances do câncer ainda existem porque 10% do tecido mamário é preservado para a nutrir a pele, auréola e mamilo. Na cirurgia sempre serão removidas as duas mamas, daí a denominação de dupla mastectomia preventiva. Existem também tratamentos que usam os chamados anti-hormônios ou moduladores hormonais, que inibem a produção de estrógeno e impedem as células da mama de se multiplicarem. Esse tratamento, no entanto, é recomendado apenas para cânceres de mama hormonais - ou seja, que acontecem ou podem acontecer em decorrência de alterações hormonais - não sendo indicado para pessoas que tem o risco genético, por exemplo. Para pacientes com risco genético, uma alternativa é redobrar a atenção e acompanhamento da mamas, partindo para exames de rastreamento, como ultrassom de mamas e mamografias, em intervalos de tempos mais curtos, a cada seis meses, por exemplo, dependendo do que o seu médico considerar mais seguro. O objetivo nesse caso é identificar o câncer numa fase muito precoce e iniciar o tratamento adequado a partir desse diagnóstico. 27 28 2- OS 12 SINTOMAS DO CÂNCER DE MAMA Os sintomas inicias de câncer de mama estão relacionados com alterações na forma ou na sensibilidade das mamas, tanto na mulher, como no homem e, quando descobertos precocemente, podem aumentar as chances de cura. Assim, os 12 sintomas de câncer de mama mais frequentes incluem: 1. Nódulo ou caroço na mama, que está sempre presente e não diminui de tamanho; 2. Inchaço e nódulos frequentes nas ínguas das axilas; 3. Alterações do tamanho ou forma da mama; 4. Assimetria entre as duas mamas, como, por exemplo, uma maior que a outra; 5. Presença de um sulco na mama, como se fosse um afundamento de uma parte da mama; 6. Endurecimento da pele da mama, semelhante a casca de laranja; 7. Vermelhidão, inchaço, calor ou dor na pele da mama; 8. Coceira frequente na mama ou no mamilo; 9. Formação de crostas ou feridas na pele junto do mamilo; 10. Liberação de líquido pelo mamilo, especialmente se for sangue; 11. Inversão súbita do mamilo; 12. Veia facilmente observada e crescente. A presença de um destes sintomas não significa necessariamente a existência de câncer na mama, mas, deve-se consultar o médico mastologista, pois pode ser um nódulo benigno ou uma inflamação do tecido mamário, que necessitam de tratamento. 28 29 3- FOTOS DOS SINTOMAS DO CÂNCER DE MAMA NA MULHER 29 30 4- FOTOS DO CÂNCER DE MAMA MASCULINO 30 31 5- PERGUNTAS IMPORTANTES CONSULTA MÉDICA • • • • • • • • • • • • • • • • • • PARA SE FAZER NA Onde está a doença nesse momento e qual a sua extensão? Meu câncer é receptor de hormônio positivo ou negativo? Meu câncer é HER-2 positivo ou negativo? Quais são as opções de tratamento e como elas funcionam? Quais são os efeitos colaterais mais e menos comuns do tratamento? Como esse tratamento me beneficiará? Posso evitar os desconfortos do tratamento? Como? Qual a previsão de duração do tratamento? Precisarei visitar o médico e realizar exames com que frequência durante o tratamento? Quais exames serão necessários? Precisarei ficar internada? Precisarei seguir dieta específica? Posso fazer a reconstrução mamária? Como ficará minha mama? Posso apresentar linfedema? Quais são as chances? Meu câncer voltará? Quais são as chances? Para quem devo ligar se tiver dúvidas e problemas relativos ao tratamento? Quando terminar, quais serão os próximos passos? Eu tenho outras doenças concomitantes que afetam a minha capacidade de tolerar tratamentos? Há alguma recomendação especial para esse momento? 31