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Nº 31 - abril 2013
Mercado
Mercado Segurador tem novas normas de solvência
Em 18 de fevereiro deste ano, a Superintendência de Seguros Privados (SUSEP) publicou uma coletânea de normas
que visam o aprimoramento dos requisitos de solvência do mercado segurador, abrangendo limite de retenção,
provisões técnicas, valores redutores da necessidade de cobertura das provisões técnicas e capital mínimo requerido.
Também foram publicadas normas relativas à restituição da comissão de corretagem em caso de cancelamento ou devolução de prêmio, instituição de ouvidoria pelas empresas do mercado e contratação por meio de bilhete de seguro.
Para continuar lendo o artigo da atuária da Mirador, Luciana Brand, acesse nosso site
clicando na imagem ao lado.
Serviços
Redução da Taxa de Juros e Gestão Atuarial
Em janeiro foram publicadas duas novas resoluções no segmento dos Fundos de Pensão (Resolução CNPC No. 9 e 10)
tratando especialmente do efeito da redução do ganho financeiro com os títulos públicos federais. Com a sistemática
redução dos juros dos títulos públicos e a dificuldade de obter boas rentabilidades com baixos riscos, é cada vez mais
necessário minimizar a volatilidade e as incertezas sobre os passivos dos planos previdenciários, com ferramentas
que propiciem uma ampla visão dos riscos atuariais. A Mirador tem desenvolvido diversas sistemáticas de medição e
acompanhamento desses riscos, tais como a Matriz Atuarial e o ALM estocástico, auxiliando seus clientes no gerenciamento dos compromissos de longo prazo. Para mais informações sobre os serviços oferecidos, entre em contato com
nossos técnicos!
Participação em eventos
Consultor da Mirador Atuarial inicia ciclo de palestras
A convite da Escola Nacional de Seguros - FUNENSEG, o consultor e atuário da Mirador Sérgio Rangel ministrou, dia
22 de março, em Fortaleza, palestra sobre “Novas Abordagens de Comercialização de Seguros e Previdência” para
os executivos e corretores de seguros do Ceará. Sua fala teve como objetivo oferecer aos participantes um diferencial inovador a partir de informações científicas sobre os diferentes
aspectos que envolvem a tomada de decisão, com foco na venda
consultiva, nas técnicas de persuasão e na descoberta guiada. O
consultor descreve os principais processos cognitivos e emocionais
que influenciam os comportamentos econômicos, bem como as
estratégias eficazes para ajudar os clientes a realizarem escolhas
melhores e, assim, formarem ou amadurecerem uma cultura de
planejamento de vida e de proteção contra riscos. A apresentação
foi incluída no ciclo de eventos promovidos pela FUNENSEG em
2013, tendo sido programada, até o momento, para ser ministrada
também em Salvador, Vitória e Porto Alegre.
Treinamentos
Mirador fecha parceria com a SULGÁS para treinamento In Company
A Mirador estabeleceu parceria com a Companhia de Gás do Estado do Rio Grande do Sul – SULGÁS para fins de capacitação. A psicóloga e consultora Luciane Fagundes irá ministrar, para os colaboradores da SULGÁS, treinamentos
em Psicologia Econômica, visando desenvolver competências e melhorar a compreensão das decisões econômicas.
A parceria firmada reforça ainda mais a missão da Mirador que, além das suas atividades de consultoria e assessoria no âmbito atuarial, busca também o desenvolvimento de competências por meio de cursos, treinamentos,
conferências, workshops e seminários, visando disseminar a cultura previdenciária entre os seus clientes.
Depoimento da Consultora da Mirador Atuarial:
“Todos nós temos de tomar dezenas de decisões todos os dias: do que comer ou vestir à escolha da escola dos filhos
ou aceitar ou não aquele desafio profissional. Na maioria das vezes, nossas escolhas são feitas de forma simplificada, automática e sem considerar o impacto da decisão no longo prazo. Independente de serem escolhas simples
ou complexas, não estamos imunes a falhas que podem prejudicar nossas escolhas e decisões. As descobertas
científicas sobre a Tomada de Decisão (TD) chegaram a uma constatação inegável: nossa racionalidade é limitada e
atitudes puramente racionais não costumam predominar quando se trata de decisões econômicas. A Psicologia Econômica procura examinar essas falhas e seus impactos em nossas próprias vidas, a partir de comportamentos como
compras impulsivas, gastos desnecessários, endividamento, dificuldade de poupar, de se preparar para o futuro ou
para um infortúnio. Além de explicar os mecanismos cognitivos e emocionais que levam as pessoas a se equivocarem em suas decisões, a Psicologia Econômica ensina como se proteger contra isso: como uma visão de raio X da
própria mente, aprendendo a enxergar as próprias falhas até então invisíveis.”
Entrevista
Neoliberalismo às avessas: entrevista com Lúcio Roca Bragança
Em vídeo-entrevista, o advogado da Agrifoglio Vianna Advogados
Associados, Lúcio Roca Bragança, coloca a relação do Estado regulador
com a atividade privada e expõe os pontos em que a própria regulação
pode entrar em conflito. Na entrevista, Lúcio aborda a divergência na
regulação da atividade seguradora, controlada, hoje, por duas frentes
estatais, o Poder Judiciário e a SUSEP. Para o advogado, a atuação de
um sobre os processos gerenciais do outro acaba gerando um Neoliberalismo às Avessas. Ele levanta a questão: como pode a mesma
atividade privada sofrer regulação de dois órgãos distintos e, muitas
vezes, conflitantes?
Clique na imagem para ver a entrevista
Artigo
Envelhecimento e cinema
O que caracteriza o cinema não é apenas o modo pelo qual o homem se apresenta ao aparelho, é também a maneira pela qual, graças a esse aparelho, ele representa para si o mundo que o rodeia.
(Walter Benjamin)
Há, na raiz do cinema, a ideia de permanência: um filme é feito
para ficar no tempo. Se a pintura, a escultura e a fotografia operam
a partir da síntese temporal (registrando um momento estático), o
cinema, a seu turno, pode existir e prosperar no tempo. É precisamente a partir dessa relação que ele vai dialogar com as perspectivas humanas da vida, pois existem filmes que podem transformar
ou até subverter a passagem dos segundos que nos são tão caros, levantando questões e oferecendo pontos de
partida para nossa própria condição material. Fora dos filmes, no chamado “mundo real”, muitas vezes usurpamos
de nós mesmos o direito de ver, isto é, de enxergar as coisas, os problemas e as soluções, bem como os melhores
caminhos a seguir. Enquanto isso, o tempo passa.
Os filmes, assim como nós, envelhecem, mas ficam historicamente ligados a um contexto específico. Aqueles que
mais admiramos compõem o imaginário coletivo por muito tempo, mantendo-se vivos e atuais. Eles contam histórias de como o mundo é, como poderia ou deveria ser ou como seus criadores queriam que ele fosse. Há aqueles que abraçam diretamente a velhice, e são estes que mais nos interessa discutir aqui, pois é a partir deles que
poderemos projetar algo mais próximo do nosso dia a dia. Para começar, podemos citar alguns exemplos. Saraband
(2003), o último filme de Ingmar Bergman, gira em torno do reencontro de um ex-casal após muito tempo; As Confissões de Schimidt (2002) mostra o personagem do título, interpretado por Jack Nicholson, aprendendo a lidar com
sua recente condição de aposentado; Amor (2012) versa sobre um momento delicado na vida de um casal de idade
avançada, que envolve questões de saúde e organização familiar e pessoal; Umberto D. (1952), que se passa na Itália
no início dos anos 1950, trata dos problemas econômicos do país, o que afeta diretamente nas pensões concedidas
pelo Estado, colocando os idosos em difíceis condições financeiras e obrigando-os a reestruturarem suas vidas.
Como vimos, a representação do idoso no cinema não é menos importante que a juventude mostrada na tela, sendo que eles inclusive
habitam, em alguns casos, os mesmos filmes – aliás, um filme como
Ensina-me a Viver (1971) mostra um jovem de 20 anos e sua paixão
por uma mulher beirando os 80. Até porque, grosso modo, falar
sobre juventude é também falar sobre velhice: há sempre um futuro
à espreita, depende de como pensamos ele no sentido do planejamento. Não são poucos os filmes que colocam a questão da velhice
como ponto primordial, encenando os valores que vão transformando e marcando a vida das pessoas. Para além de ser apenas um
objeto localizado no espaço e no tempo dedicado a proporcionar
lazer e diversão às massas, o cinema, enquanto forma de expressão artística e política, pode muito bem oferecer
novas perspectivas diante do olhar passivo. Viver é questionar, expandir as possibilidades da existência e corporificar
as nossas necessidades e os nossos desejos mais íntimos. O cinema, em parte, também é isso.
A principal forma de interação entre o cinema e a terceira idade opera entre a possibilidade de aproximação das
experiências artísticas (o filme) e humanas (digamos, a vida). Ver a si mesmo refletido na tela é um mecanismo de
identificação que funciona como uma ponte intelectual entre a obra e o espectador. Enquanto duram, as imagens
que vemos no cinema se colocam em posição de análise, restando ao público localizar sua validade. Mas o modo
como enxergamos essas imagens hoje será diferente de como as veremos amanhã, e é por isso que um filme nunca
será o mesmo se o assistirmos em fases diferentes de nossas vidas. Mudamos e, com essa mudança, nos acompanha
uma carga emocional, estética e intelectual, o que afeta nossa percepção do mundo.
Um filme como Antes de Partir (2007), por exemplo, nos mostra
o quanto devemos viver cada momento de nossas vidas isonomicamente, não priorizando este em detrimento daquele, pois cada
“fase” demanda uma conjunção de desejos, tarefas, responsabilidades e expectativas distintas. No filme, os personagens de Jack
Nicholson e Morgan Freeman, cada um por motivos distintos, não
tiveram um passado tal e qual pensam ter aproveitado. Quando
recebem a notícia de que possuem pouco tempo de vida, resolvem
fazer as mais diversas atividades na tentativa de, enfim, vivê-la.
Trata-se, evidentemente, de uma mudança radical, até um tanto
desesperada, de tentar dar cabo às vontades e os desejos humanos
intrínsecos ao ato de existir. Perspectiva oposta a de Morangos Silvestres (1957), de Ingmar Bergman, que faz o
registro de um professor que sai em viagem para receber uma homenagem por seus 50 anos de trabalho na Universidade de Lund, na Suécia. No trajeto, reflete sobre o passado e projeta o final da vida. Neste sentido, tanto Antes de
Partir quanto Morangos Silvestres abordam as diversas maneiras que temos para lidar com a morte.
Outra coisa é a pulsão sexual. Mesmo os desejos sexuais se mantêm ativos durante a velhice, como nos mostra
Chuvas de Verão (1977), de Cacá Diegues. O filme retrata um casal de idosos que, aos poucos, vai se aproximando,
quando numa das cenas mais bonitas do cinema brasileiro consuma não somente o sexo, mas a afirmação do desejo
e do direito de ser e querer. O que os filmes podem nos mostrar é isso: essa vontade de viver, de cuidar de si, de valorizar cada dia e de não arrefecer diante das dificuldades que vão surgindo. Não podemos esperar nada do cinema
se não soubermos o mínimo que ele pode nos oferecer.
Por Pedro Henrique Gomes, jornalista da Mirador Atuarial.
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