LICENCIADOS ISPA
ENTREVISTA PAULA CARNEIRO
P.O.W.E.R. CONSULTING – PONTES ENTRE
UNIVERSIDADE E MERCADO TRABALHO
HOMENAGEM A CHICO MENDES
ISPAO1
D E Z E M B R O 2 0 0 8
ISPAO1
FICHA TÉCNICA
COORDENAÇÃO
Daniel Sousa
[email protected]
REDACÇÃO
Ana Cabral
Gabinete de Comunicação e Imagem
[email protected]
APOIO REDACÇÃO
Cláudia Moura
Gabinete de Comunicação e Imagem
APOIO TÉCNICO
Ricardo Romão
Departamento de Audiovisuais do ISPA
DISTRIBUIÇÃO
Maria Afonso Coxo
Departamento de Mailings do ISPA
DESIGN GRÁFICO
Golpe de Estado
PAGINAÇÃO
Golpe de Estado, Ricardo Romão
IMPRESSÃO
PAC - Artes Gráficas, Lda.
TIRAGEM
6000 exemplares
PROPRIEDADE – ISPA
índice
04
NOTÍCIAS
08
PROTOCOLOS INTERNACIONAIS
18
ENTREVISTA
Antigos alunos ISPA – Paula Carneiro
10
DOSSIER – LICENCIADOS ISPA
26
APRESENTAÇÃO
P.O.W.E.R. Consulting
30
CENTRO DE INVESTIGAÇÃO
E INTERVENÇÃO
32
CONFERÊNCIAS ISPA
37
TUTORIAS PEDAGÓGICAS
38
CONSELHO CULTURAL
Exposição Camões a Pessoa
47
59
DEPARTAMENTO DE FORMAÇÃO
PERMANENTE (DFP)
COMUNIDADE ISPA
OCUPAÇÃO DE TEMPOS LIVRES
50
62
CENTRO DE DOCUMENTAÇÃO
Notícias • 50
Escaparate • 52
Destaques • 53
Revistas temáticas • 54
RECEPÇÃO AO CALOIRO
40
CENTRO DE ESTUDOS
INTERCULTURAIS (CEI)
Homenagem a Chico Mendes •40
O Outro Lado da Quinta da Fonte • 43
Concurso de Fotografia • 44
Breves • 46
56
ENTREVISTA
Professor Convidado ISPA
Amedeo Giorgi
5
ISPA
CONCURSOS DE ATRIBUIÇÃO
DE BOLSAS DE INVESTIGAÇÃO
N O T Í C I A S
BOLSAS DE INTEGRAÇÃO
NA INVESTIGAÇÃO (BII)
As bolsas de integração na investigação (BII)
destinam-se, preferencialmente, a estudantes
do ensino superior nos anos iniciais de formação
e com bom desempenho escolar, inscritos
em instituições nacionais do ensino superior
público ou privado.
I COLÓQUIO
DE PSICOTERAPIA PSICANALÍTICA
Alejandro Ávila Espada, Catedrático de Personalidade, Evaluación y
Psicológicos (Psicoterapia), na Universidade Complutense de Madrid,
foi o conferencista internacional convidado para participar
no I Colóquio de Psicoterapia Psicanalítica: Modelo (s) em Psicoterapia
Psicanalítica.
Com um invejável percurso académico e profissional, de onde
se destacam as mais de 200 publicações editadas, Alejandro Ávila
Espada é actualmente o Director Clínico da Ágora Relacional, dedicada
à clínica e à formação contínua em saúde mental.
Este tipo de bolsa tem por objectivo
estimular o início de actividades científicas
e o desenvolvimento do sentido crítico,
da criatividade e da autonomia dos estudantes
do ensino superior através da prática
da investigação, da aprendizagem dos seus
métodos e da participação na vida
de instituições de investigação, devendo
os bolseiros ser integrados em equipas
de projectos de investigação, e ter um
doutorado da instituição de acolhimento
como supervisor.
A Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT)
apoiará a concessão destas bolsas nas duas
unidades de Investigação e Desenvolvimento
do ISPA, com financiamento plurianual,
nos seguintes projectos:
Unidade de Investigação em Eco-Etologia:
• Biologia dos Organismos Aquáticos
Unidade de Investigação em Psicologia
Cognitiva do Desenvolvimento e da Educação:
• Affective components of learning in pre-adolescents,
adolescents and college students
• Family and peer influences to child social development
Organizado pela Associação Portuguesa de Psicoterapia Psicanalítica
(APPSI), em colaboração com o Instituto Superior de Psicologia
Aplicada (ISPA), o colóquio realizou-se entre 7 e 8 de Novembro,
nas instalações do ISPA, contando com presença de outros investigadores
e especialistas nacionais e internacionais na matéria.
Ética e relação terapêutica; formação, ensino e investigação
e supervisão foram alguns dos temas abordados.
• Improving the quality of family child care services
• Literacy Practices and written language
acquisition
• Organizational catalysers and organizational
human behaviour
• Perceptions of justice and their impact on
deviant behaviour and citizenship
ISPA
Neste momento, o ISPA dispõe
dos seguintes apoios sociais:
• Bolsas de estudo do MCTES – no presente
ano lectivo candidataram-se 444 alunos.
BOLSAS
DE
ACÇÃO
SOCIAL
Como espelho das dificuldades
económicas com que se debatem
muitas famílias portuguesas,
o ISPA viu, este ano lectivo,
a necessidade de ampliar os apoios
concedidos pelo Conselho
de Acção Social.
Esta ajuda concedida pela
Instituição abrange alunos com
carências económicas e que não
sejam abrangidos pelas bolsas
atribuídas pelo Fundo de Acção
Social do Ministério da Ciência
e Tecnologia do Ensino Superior
(MCTES).
Outra das vertentes inseridas
neste plano de apoios sociais,
resulta de uma maior flexibilidade
no que respeita a situações em que
os alunos apresentem dificuldades
de pagamento.
Finalmente, o Gabinete de Acção
Social passa a ser o canal
privilegiado de comunicação entre
os alunos e a banca, nos casos
de recurso a empréstimo bancário.
• Bolsas de estudo do ISPA – destinadas
a alunos, que por vários motivos expressos em regulamento, não podem candidatar-se
às Bolsas do MCTES. No presente
ano lectivo candidataram-se 14 alunos.
• Redução de propina – destina-se a alunos
candidatos às bolsas descritas
anteriormente, permitindo a redução
de propina até ao recebimento da bolsa.
• Situações excepcionais – destina-se
a alunos que por motivos de força maior
(i.e. doença súbita, morte, desemprego sem
outro meio de sustento) estejam impossibilitados de pagar as propinas na sua
totalidade. Cada caso é analisado
individualmente e sujeito a aprovação
superior podendo ser atribuída bolsa
a fundo perdido.
• Flexibilidade de pagamento – destina-se
aos alunos que comprovadamente
apresentem dificuldades na liquidação das
mensalidades. Sujeito a análise
e aprovação do Conselho de Acção Social
Escolar.
• Empréstimos bancários – qualquer aluno
poderá dirigir-se ao Gabinete de Acção
Social no sentido de obter aconselhamento
acerca das alternativas existentes na
banca para empréstimos de formação.
Qualquer que seja a dificuldade
apresentada pelo aluno, o Gabinete
de Acção Social é o local a que deve
recorrer para que a situação seja
analisada, encaminhada
e resolvida da melhor forma.
Para mais informações, contacte
o Gabinete de Acção Social via e-mail
[email protected] ou ligue 21 881 17 25.
6
Certificação,
Validação
e Creditação
de Competências
para Titulares
da Licenciatura em
Psicologia Aplicada
O Conselho Científico do ISPA
nomeou, ao abrigo da Portaria
n.º 401/2007, de 5 de Abril
e do decreto de lei n.º 64/2006
de 21 de Março, uma comissão
que tem como incumbência
proceder à certificação
de competências académicas
e profissionais de titulares
da Licenciatura de Psicologia
Aplicada do ISPA.
Os requisitos exigidos, para
a candidatura e para efeitos
de prosseguimento de estudos
no Mestrado Integrado
em Psicologia, são os definidos
nos suplementos do regulamento
dos concursos especiais
de acesso e ingresso nos cursos
de primeiro ciclo e ciclos
de estudos integrados do ISPA.
O período de candidaturas teve
início a 8 de Setembro e decorreu
até 28 de Novembro.
Para mais informações, contacte
o secretariado do Conselho
Científico do ISPA através d0
e-mail [email protected].
7
ISPA
N O T Í C I A S
25 anos
na Rua Jardim
do Tabaco
‘Onde estão os alunos de 1983-84?’
Esta foi a pergunta que o Instituto
Superior de Psicologia Aplicada (ISPA)
lançou no âmbito da comemoração
dos 25 anos da sua localização na Rua
Jardim do Tabaco, em Santa Apolónia.
JOGAR
"NO REINO
DAS
HISTÓRIAS"
Reflectir sobre assuntos sérios
brincando. Foi o que um grupo
de psicólogos demonstrou, ser possível,
ao reunir, num mesmo espaço,
um grupo de pais e filhos não só
da comunidade ispiana como do exterior.
O ISPA foi o local escolhido para
a realização desta acção lúdico-didáctica,
promovida pelos Laboratórios
Pais/Filhos da Rede de Intervenção
na Família (RIF) e pela Instituição.
Realizada a 22 de Novembro, pela
primeira vez, a experiência tinha
como objectivo estimular a reflexão
em torno das questões do ser pai
e filho e do crescer em conjunto.
Para assinalar esta data tão importante
no seu historial, a Instituição está
a organizar um conjunto diversificado
de iniciativas, que visam juntar antigos
e actuais alunos e docentes para
um encontro muito especial.
A primeira acção aconteceu no dia 14
de Novembro, pelas 18.30h, na Sala
de Actos.
Tratou-se de uma mesa redonda
intitulada ‘Os Psicólogos nas Autarquias’.
Paulo Louro, da Câmara Municipal
de Azambuja; Frederico d’Éça,
da Câmara Municipal de Sintra;
Paula Peixoto, da Câmara Municipal
de Lisboa e Margarida Gama,
da Câmara Municipal de Alenquer,
foram os conferencistas convidados.
Cada um partilhou a sua experiência
e trabalho desenvolvido num contexto
muito específico – as autarquias.
Todos os meses, a Instituição organizará
uma mesa redonda dedicada a várias
temáticas.
ISPA
Ordem
dos Psicólogos
Portugueses
À semelhança de outras
profissões, também os psicólogos
portugueses têm uma Ordem.
Depois de sucessivos pedidos
e de vários anos à espera,
este grupo de profissionais viu
finalmente satisfeita uma das
suas maiores exigências em
matéria de regulamentação.
Com a entrada em vigor da lei
n.º 57/2008, de 4 de Setembro,
os psicólogos passam a dispor
de um diploma e de uma estrutura
que lhes confere as bases
e os estatutos para a prossecução
do exercício da sua actividade.
Entre outros pontos, o presente
documento reitera a obrigatoriedade de os profissionais
licenciados em Psicologia terem
de possuir necessariamente uma
licenciatura com a duração
de quatro ou cinco anos, anterior
à data de 31 de Dezembro
de 2007, para serem reconhecidos
pela Ordem (art. 51º alínea b).
Para mais informações, consulte
www.ispa.pt.
ISPA recebeu
investigadores
internacionais
Coube ao investigador
Hal Whitehead, da Universidade
Dalhousie, no Canadá,
a honra de encerrar o Ciclo
de Conferências em Psicologia
e Ciências do Comportamento 08,
organizado pelo Centro de Investigação
e Intervenção (CII) do ISPA.
A iniciativa, que decorreu
entre os meses de Fevereiro
e Novembro, revelou-se um
sucesso, com centenas
de alunos e docentes a marcarem
presença nas diversas sessões
realizadas.
Vários foram os investigadores,
das mais diversas áreas científicas,
que vieram ao ISPA apresentar
os seus estudos e investigações
em curso.
Foi o caso do português Ricardo
Gil-da-Costa, de Angela Maitner,
de Michel Fayol, de Inge Bretherton,
entre muitos outros.
Além das apresentações, também
houve espaço para a colocação
de questões aos conferencistas
convidados, um momento muito
apreciado pelos participantes.
8
GABINETE DE RELAÇÕES EXTERNAS
Protocolos
Internacionais
Com uma tradição académica de quase meio século ao serviço
do Ensino Universitário da Psicologia em Portugal, o Instituto
Superior de Psicologia Aplicada (ISPA) integra, na sua estrutura,
um Gabinete de Relações Externas, que estabelece a ponte com
instituições académicas, educacionais, políticas, religiosas e sociais
de âmbito nacional e internacional.
UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAPÁ
Entre outras funções, este Gabinete interage com o exterior
de forma organizacional em termos de acordos académicos,
científicos, pedagógicos e de cooperação mais ampla, adequando
a sua função e importância às constantes renovações e transformações que se verificam na sociedade contemporânea.
UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA
UNIVERSIDADE DE SANTA CRUZ DO SUL
UNIVERSITÀ DEGLI STUDI DI MILANO – BICOCCÀ
Além do acolhimento de docentes e discentes erasmus e do apoio
à colocação de alunos estagiários em instituições de prestígio
nacional e internacional, este Gabinete também actua no sentido
da promoção e dinamização da movimentação de docentes para
investigação científica e actividade pedagógica bem como na escolha
e elaboração de parcerias.
Estimular e fomentar a mobilidade intelectual, recolher, sistematizar
e divulgar toda a informação relativa à mobilidade docente e discente
nacional e internacional constituem outras das suas premissas.
A componente externa, nacional e internacional deste Gabinete,
aliada ao aspecto renovador do estímulo à investigação científica
internacional, de que o ISPA sempre se orgulhou, contribui com a
sua forte e intensa acção, através de protocolos com as Universidades de Roma «La Sapienza», Milão, Nápoles, Florença, Paris, Estrasburgo e ainda:
UNIVERSITÀ DEGLI STUDI DI NAPOLI “FREDERICO II”
UNIVERSITÀ DEGLI STUDI DI ROMA “LA SAPIENZA”
UNIVERSITÀ DEGLI STUDI DI FIRENZE
UNIVERSITÉ DE GENÈVE – FACULTÉ DE PSYCHOLOGIE
ET DES SCIENCES DE L’EDUCATION
CENTRO CULTURAL DE MATALANA / MAPUTO – MOÇAMBIQUE
UNIVERSITÉ PARIS VII – L’UNITÉ DE RECHERCHE
EN PSYCHOSOMATIQUE (URPS)
UNIVERSITÉ DE METZ – FACULTÉ DE LETTRES ET SCIENCES
HUMAINES – LABORATOIRE DE PSYCHOLOGIE SOCIAL
E DU CENTRE DE RECHERCHE EN SCIENCES SOCIALES
CENTRO INTERUNIVERSITÁRIO TICINESE – LUGANO – SUÍÇA
UNIVERSIDADE AUTÓNOMA DE MADRID – FACULDADE
DE PSICOLOGIA
UNIVERSITÉ DE PROVENCE – FORMATION DOCTORALE
DE PSYCHOLOGIE
SIRPIDI – INTERNATIONAL SCHOOL OF RESEARCH AND
EDUCATION ON CLINICAL PSYCHOLOGY AND
PSYCHOANALYTICAL PSYCHOTHERAPY – ROMA
UNIVERSITÉ DES SCIENCES HUMAINES DE STRASBOURG
EUROPEAN ASSOCIATION FOR COUNSELLING
11
ISPA
d
D O S S I E R
Licenciados
do ISPA
Conheça o testemunho de três antigos alunos do ISPA que souberam agarrar as oportunidades.
André Soares, Andreia Rodrigues e Joana Duarte são exemplos de jovens que souberam levar
a bom porto o sonho de se formarem em Psicologia.
ISPA
O ISPA foi a sua primeira opção?
Não só foi a primeira como
foi também a única.
O que o levou a escolher
esta instituição?
Na altura em que tive de escolher
a instituição de ensino superior
que iria frequentar, o ISPA foi uma
das que me transmitiu maior
confiança. Esta escolha foi feita um
ano antes de ingressar no ensino
superior e ficou reforçada durante
o meu último ano do secundário,
quando comecei a namorar com uma
rapariga que frequentava a instituição.
Alguns meses antes de ingressar
no ISPA, tive a oportunidade de assistir
a uma aula de Introdução à Psicologia,
tendo sido, provavelmente, o único ou
dos únicos alunos que teve a primeira
aula ainda antes de ingressar.
Quanto tempo demorou
até encontrar o primeiro emprego?
É um pouco difícil responder.
Na verdade, nem cheguei sequer
a procurar. O primeiro emprego
surgiu praticamente dez meses antes
de terminar o curso. Estava ainda
a frequentar o quinto ano
do Mestrado Integrado.
Foi um processo fácil
ou nem por isso?
Não foi nem fácil nem difícil. Acabou
por ser um processo natural. Fiz
o meu estágio no INTEC – Instituto
PSICOLOGIA SOCIAL E DAS ORGANIZAÇÕES
ANDRÉ
SOARES
de Tecnologia Comportamental. Aí tive
a possibilidade de trabalhar com
a directora geral da empresa onde hoje
estou a trabalhar. Foi ainda durante
o estágio que recebi o convite para
ingressar nesta empresa.
Foi a muitas entrevistas?
Na verdade, não fui a nenhuma
entrevista antes de ingressar no meu
actual emprego… a não ser à entrevista
que me deu acesso ao estágio.
Em que locais trabalha?
Na empresa Factor Social.
Que funções desempenha
actualmente e desde quando?
Sou Coordenador da Área
da Formação, desde Setembro, e ainda
sócio e membro do Conselho Fiscal
do INTEC.
12
Como classifica os tempos
em que esteve no ISPA?
Por um lado, foram tempos difíceis.
Foi difícil abandonar a cidade que me
viu crescer (Tomar) e vir para Lisboa.
Passei por algumas dificuldades financeiras. Para as colmatar, tive de arranjar
emprego. Por outro lado, foram dos
melhores anos da minha vida. Os amigos,
os professores, a aprendizagem, as festas,
etc. Houve ainda o trabalho que desenvolvi no Conselho Pedagógico do ISPA,
na Associação de Estudantes, no Gabinete
de Bolonha e na Assembleia de
Representantes que me permitiu um
enorme envolvimento com o ISPA e
com toda a família Ispiana - professores,
alunos e funcionários.
Que tipo de conhecimentos
considera que o ISPA lhe deu
e que facilitaram a sua inserção no
mundo do trabalho?
Além dos conhecimentos académicos
que oferece, o ISPA proporciona ainda
um desenvolvimento pessoal. Não
consigo imaginar uma instituição
de ensino superior sem a proximidade
entre alunos e professores que existe
no ISPA, sem as múltiplas actividades
desenvolvidas como, por exemplo,
os debates, as exposições e os ciclos
de cinema, que contribuem não apenas
para a formação de profissionais
como também para a formação
de pessoas e de cidadãos conscientes.
13
ISPA
Alguma vez equacionou que tinha
feito uma escolha ‘errada’ em
termos de futuro e que deveria ter
seguido outra área?
Sinceramente não.
Sentiu uma grande diferença/choque
quando chegou ao mercado
de trabalho?
A maior diferença que senti foi
a ausência do ISPA porque sempre
passei lá muito tempo. Além das
actividades que já referi ter tido
no ISPA, fui ainda monitor na sala
de informática dos alunos. Já em termos
de inserção no mercado de trabalho,
não senti grande diferença. Encarei-a
apenas como uma mudança de carreira,
uma vez que, durante o tempo
em que estive no ISPA, trabalhei
para conseguir pagar o curso.
Durante o tempo do curso,
pensou, muitas vezes, que poderia
não conseguiri arranjar um
emprego na sua área?
Evidentemente que a ideia me passou
pela cabeça. Acho que qualquer aluno
que frequente um curso de Psicologia
passa por isso. Aliás, foi, precisamente,
a escassez de emprego que, muitas
vezes, me deu força. Sabia que tinha
de me diferenciar para arranjar emprego
e julgo que todos os estudantes
do ISPA devem ter em mente que
só se diferenciando é que conseguem
alcançar aquilo que ambicionam.
Trabalhar noutras áreas, que não
a Psicologia, foi algo que surgiu
no seu imaginário?
Existem sempre momentos de dúvida
e também aquele pensamento
de “como seria se estivesse noutro
curso?”. No entanto, estou feliz com
a escolha que fiz e com a carreira
que escolhi.
Na sua opinião, quais são as maiores
dificuldades com que os actuais
e futuros psicólogos se deparam
na actualidade?
Creio que a principal dificuldade é a
mesma que existe em grande parte das
profissões em Portugal – o desemprego.
No entanto, neste aspecto, julgo
que também existe um problema
que é a falta de empreendedorismo.
Os psicólogos recém-licenciados
queixam-se de falta de emprego,
mas também, com algumas excepções,
não fazem por procurar novas
oportunidades de negócio. Neste
campo, o INTEC – Instituto de Tecnologia
Comportamental é um excelente
exemplo de como os psicólogos
conseguem criar, neste caso, juntamente
com profissionais de outras áreas,
projectos inovadores e com
elevado potencial.
Como podem ser superadas essas
situações que aponta?
Tal como disse anteriormente,
os psicólogos devem tornar-se mais
pró-activos, mais empreendedores.
Existem várias áreas na Psicologia
que ainda não estão muito exploradas
em Portugal e que podem dar origem
a novos projectos. São disso exemplo,
a Psicologia Política e a Psicologia
do Ambiente. A este nível, julgo
que as instituições de ensino superior
podem assumir alguma importância.
Estas devem ser capazes de estimular
o empreendedorismo junto dos seus
alunos. Esta poderá ser, inclusivé, uma
arma num contexto em que aumenta
a competitividade entre instituições
de ensino superior.
Se hoje tivesse que escolher
o ‘seu’ curso voltaria a optar
pela Psicologia?
Sem dúvida.
ISPA
O ISPA foi a sua primeira opção?
Sim.
O que a levou a escolher
esta instituição?
Foi o prestígio da universidade na área
de Psicologia e os amigos que já
estudavam lá.
Quanto tempo demorou
até encontrar o primeiro emprego?
Três meses.
Foi um processo fácil
ou nem por isso?
Sinceramente acho que tive sorte.
Fiz um estágio com jovens que tiveram
um percurso de vida delinquente, e
com eles desenvolvi alguns programas
que foram depois reconhecidos por
orgãos dos serviços prisionais. Ao enviar
o curriculum para esses serviços, fui
chamada para os conhecer melhor.
Foi a muitas entrevistas?
Apenas à dos serviços prisionais.
Em que locais trabalha?
No Estabelecimento Prisional de Tires
e na Escola Profissional Agostinho
Roseta em Marvila.
PSICOLOGIA EDUCACIONAL
ANDREIA
RODRIGUES
Que funções desempenha
actualmente e desde quando?
Sou psicóloga e professora
da disciplina de área de integração
numa escola profissional.
Como classifica os tempos
em que esteve no ISPA?
Classifico-os com uma certa nostalgia:
retiro as amizades que fiz
e os conhecimentos que adquiri.
Que tipo de conhecimentos
considera que o ISPA lhe deu
e que facilitaram a sua inserção no
mundo do trabalho?
O ISPA deu-me a base do meu trabalho.
Tudo o que faço a nível profissional
“vai beber” às fontes teóricas que me
foram transmitidas e das quais destaco as
do quarto ano de Psicologia Educacional.
14
Sentiu uma grande diferença/choque
quando chegou ao mercado
de trabalho?
Completamente. Mas acho que o estágio
curricular é um grande treino
para aquilo que vamos encontrar
lá fora. A meu ver, o curso deveria
começar a sua vertente prática
mais cedo do que aquilo acontece,
ainda que com pequenos investimentos,
porque assim as inseguranças poderiam
ser menores.
Durante o tempo do curso,
pensou, muitas vezes, que poderia
não conseguir arranjar um emprego
na sua área?
Esse pensamento esteve presente
na minha mente desde o primeiro ano
do curso até ao primeiro emprego.
Dadas as actuais instabilidades, ainda
continuo a pensar um pouco.
Alguma vez equacionou
que tinha feito uma escolha
‘errada’ em termos de futuro
e que deveria ter seguido
outra área?
Só senti isso na passagem do terceiro
para o quarto ano, no momento
da escolha da especificidade, mas dois
meses depois de ter escolhido
educacional soube que tinha tomado
a decisão certa.
15
ISPA
Trabalhar noutras áreas, que não a
Psicologia, foi algo que surgiu no
seu imaginário?
Sim, sou pouco apologista dos sucessivos
estágios curriculares por não se
encontrar algo melhor na área.
Considero que assim se alimenta
um ciclo de pouco reconhecimento
da nossa profissão e de justificação
para as empresas, instituições
e serviços de saúde de não investirem
uma parte do seu orçamento na nossa
profissão, mesmo que a considerem
imprescindível. Como tal, sempre tive
disposta a usar a minha criatividade
e motivação laboral para outros campos.
Na sua opinião, quais são
as maiores dificuldades com
que os actuais e futuros psicólogos se
deparam na actualidade?
A sobrelotação do mercado de trabalho
e os excessivos convites para trabalhar
sem remuneração em troca de experiência profissional.
Como podem ser superadas essas
situações que aponta?
Com optimismo, paciência e criatividade porque a motivação para trabalhar
é algo latente.
Se hoje tivesse que escolher
o ‘seu’ curso, voltaria a optar
pela Psicologia?
Hoje é-me difícil rever noutra opção
porque sou fruto do amadurecimento
como psicóloga e como estudante
de Psicologia.
ISPA
16
O ISPA foi a sua primeira opção?
Sim.
a nível pessoal e profissional
de que ainda hoje me recordo.
O que a levou a escolher
esta instituição?
Na altura em que concorri falava-se
muito da vertente dinâmica do curso
de Psicologia e este foi um aspecto
que me interessou de imediato.
Também conhecia algumas colegas
que tinham estudado no ISPA
e que falavam muito bem sobre
o curso e sobre a universidade.
Que tipo de conhecimentos
considera que o ISPA lhe deu
e que facilitaram a sua inserção no
mundo do trabalho?
Em termos globais, o curso prepara-nos
mais ao nível dos conteúdos para
sermos bons profissionais no futuro,
mas ao nível da preparação para
a entrada no mercado de trabalho,
considero que não houve tanto essa
preocupação.
Quanto tempo demorou
até encontrar o primeiro emprego?
Mais ou menos seis meses.
Foi um processo fácil
ou nem por isso?
Foi um processo que se revelou muito
difícil porque, depois de ter terminado
o curso, tive de me inscrever
em muitos sites e de procurar
informação sobre como responder
e agir no momento das entrevistas.
Esta não foi uma vertente
em que o ISPA apostou durante
a licenciatura. Também foi um
investimento pessoal do ponto
de vista monetário porque tive
de comprar mais do que um jornal
para ver os anúncios.
PSICOLOGIA CLÍNICA
JOANA
DUARTE
Foi a muitas entrevistas?
Bastantes e ainda continuo a ir.
Em que locais trabalha?
Trabalho na PSIMAR, em Faro,
e nos "Ginásios de Educação DaVinci"
em Faro, Armação de Pêra e Albufeira.
Que funções desempenha
actualmente e desde quando?
Faço psicoterapia individual, há poucos
meses, e dou formação na área
da Psicoterapia; Psicofarmacologia
e Neuropsicologia. Além destas
funções, também estou inserida num
projecto na minha região (Faro)
relacionado com a Segurança Social.
Como classifica os tempos
em que esteve no ISPA?
Foram tempos de grande aprendizagem
Sentiu uma grande diferença/choque
quando chegou ao mercado
de trabalho?
Diferença não tanto. Foi mais falta
de apoio que senti porque não estava
preparada para procurar trabalho.
Foi uma área em que o ISPA não
apostava tanto e por isso não tinha
muitos conhecimentos nesta área.
Durante o tempo do curso, pensou,
muitas vezes, que não poderia
conseguir arranjar um emprego
na sua área?
Nunca.
17
ISPA
Alguma vez equacionou que tinha
feito uma escolha ‘errada’
em termos de futuro e que deveria
ter seguido outra área?
Não. A Psicologia é uma vocação.
Trabalhar noutras áreas, que não
a Psicologia, foi algo que surgiu
no seu imaginário?
Na altura do curso não, mas depois,
com as dificuldades com que me
confrontei, pensei algumas vezes.
Na sua opinião, quais são
as maiores dificuldades com
que os actuais e futuros psicólogos
se deparam na actualidade?
Para os actuais psicólogos é a escassez
de trabalho. Para os futuros,
é mais ao nível da má formação
que existe no momento, culpa
de algumas instituições de ensino
que não preparam correctamente
os alunos para o mercado de trabalho.
Como podem ser superadas essas
situações que aponta?
É necessário uma análise dos conteúdos
e uma aposta na inclusão de novas
cadeiras e com uma maior vertente
de prática. Porque não uma cadeira
de procura de emprego para ajudar
os alunos?
Se hoje tivesse que escolher
o ‘seu’ curso, voltaria a optar
pela Psicologia?
Sim.
19
ISPA
ENTREVISTA
A N T I G O S
A L U N O S
I S P A
e
Carreira
construída
a pulso
Paula Carneiro, antiga aluna do ISPA, é dona de um curriculum invejável.
Licenciada em Psicologia Social e das Organizações, a Directora de Recursos
Humanos da Microsoft é um caso de sucesso no mundo empresarial
onde só os melhores chegam ao topo.
ISPA
20
21
ISPA
Alguma vez imaginou que, aos 41 anos, estaria
a dirigir o Departamento de Recursos Humanos
na área de consumo internacional online para
a Europa, Médio Oriente e África (EMEA)
de uma multinacional como a Microsoft?
Não tinha propriamente um objectivo definido e o meu
percurso foi-se construindo à conta das oportunidades
que iam surgindo e que fui abraçando.
Cursou Psicologia entre 1995/1990. O que é que a levou
a escolher o ISPA?
Basicamente o querer fazer o curso de Psicologia e, na altura,
as referências sobre o curso do ISPA serem mais fortes
em termos práticos do que propriamente o curso
da Universidade Clássica, que era mais teórico e menos vocacionado para as organizações. Também o haver mais saídas profissionais e mais opções de escolha em termos de futuro pesaram.
Nesta fase já sabia que queria enveredar pela área
das organizações?
Não. A escolha foi sendo feita de acordo com aquilo que ia
vendo e percebendo e que achava que era, mais ou menos,
coincidente comigo. No final, decidi por uma vertente mais
prática e mais de acção empresarial porque via o curso
de clínica muito psicanalítico e não era bem isso que me via a
fazer e que me ia realizar.
Na recta final do curso decidiu ir fazer Erasmus e apostar na formação…
Fui no último ano (1989/90) para a Université d’Aix – Marselha,
em França. Aproveitei o tempo em que lá estive para fazer
uma pós-graduação de Ergonomia Cognitiva e para preparar
a minha monografia.
Ergonomia?
Na altura, a maior parte das pessoas perguntavam-me
o que era isso e o que é que ia fazer com essa formação.
Confesso que nem eu própria sabia responder a essas
perguntas, mas fui na mesma. Em suma, fui gastar dinheiro
e fazer uma formação que não era linear, nem para mim
nem para ninguém. Enquanto os meus colegas estavam
em Portugal a fazer estágios e a ganhar, eu estava fora.
Quando regressei, vim fazer um estágio no Banco de Portugal
sem ganhar nada porque, como fui a última, já não havia
estágios remunerados disponíveis.
Alguma vez se arrependeu dessa decisão?
Não.
Foi uma experiência que a fez crescer?
Sem dúvida e a vários níveis. Todas as experiências têm
o efeito de nos permitir crescer, mais do que não seja porque
estamos num ambiente e cultura que não são os nossos.
Considera que, na altura, o curso do ISPA já respondia
às suas exigências e às do mundo empresarial?
Havia, pelo menos, uma tentativa de aproximar o quarto
e quinto anos do curso à realidade da gestão e da vida
empresarial. Por exemplo, no quarto ano já estudávamos uma
série de aspectos que tinham a ver com a gestão e com a vida
empresarial, que foram para além das expectativas do próprio
curso de Psicologia em si. Foram conhecimentos que nos
permitiram uma ligação muito importante e concreta à vida
das organizações.
E em relação ao curso no seu global?
Houve coisas que definitivamente foram muito importantes
ISPA
“Várias vezes
me perguntava
sobre como ia ser
o meu futuro.
Confesso que este era
um dos meus maiores
fantasmas.”
não porque depois as tivesse aplicado directamente, mas
porque funcionaram como instrumentos que me serviram
para perceber determinadas formas de fazer as coisas.
É o caso de métodos e técnicas que aprendemos, por exemplo,
no segundo ano. Ainda hoje, passados tantos anos, me lembro
das cadeiras do prof. Rui Bártolo, nomeadamente as que tinham
a ver com os testes psicotécnicos, com as estatísticas e com
as matemáticas, como aulas importantes.
Durante a licenciatura houve professores
que a marcaram, a ponto de a influenciarem
no seu percurso?
Houve claramente pessoas que me marcaram de formas
diferentes e umas mais do que outras. É o caso do prof.
Carlos Marques que foi, de longe, a pessoa que mais me marcou
em termos de formação e das opções que tomei depois
de deixar o ISPA. Além deste professor, também os docentes
Rui Bártolo e Miguel Pina e Cunha foram importantes.
22
Depois de terminar a licenciatura deparou-se com um
dilema comum a vários alunos. O futuro…
Na altura, tive o dilema de se devia continuar a estudar,
porque tinha óptimas notas e, no ISPA, havia alguma vontade
de que continuasse, ou se devia entrar no mundo
das organizações.
E como resolveu esse conflito?
Depois de ter acabado o curso, tentei fazer um bocadinho das
duas. No primeiro ano, continuei a dar aulas no ISPA. Estive
um ano como assistente do prof. Carlos Marques,
na cadeira de Ergonomia Cognitiva. Foi uma experiência
para a qual contribuíram muito os conhecimentos
que adquiri na minha pós-graduação. A par das aulas, também
estive na Portugália a fazer uns trabalhos até que depois
entrei para a Marconi como estagiária.
Pode-se dizer que, de certa maneira, a sua entrada no
mundo do trabalho está muito associado à Ergonomia…
Pode-se dizer que sim porque o meu primeiro percurso pós
ISPA está muito ligado a essa área que estudei.
Foi complicado encontrar o primeiro emprego?
Não foi muito linear. Várias vezes me perguntava sobre como
ia ser o meu futuro. Confesso que este era um dos meus
maiores fantasmas. Apesar de ter uma série de conhecimentos
e de ter boas notas, não achava que fosse nada linear
encontrar um primeiro emprego porque não tinha muito mais
para mostrar do que um curriculum académico, com referências
aos projectos de voluntariado em que tinha participado
durante o curso.
23
ISPA
Mas, naquela altura, não havia várias opções?
O que havia mais era a formação através dos cursos de
Fundo Social Europeu. Muitos dos meus colegas foram fazer
de formadores ou recrutamento porque existiam muitas
empresas desta área que tinham sempre recém-licenciados
a fazer entrevistas ou a corrigir testes, mas eu sabia que não
queria fazer nem uma coisa nem outra. Fui a muitas entrevistas
onde claramente não fui seleccionada porque achava estas
funções muito limitativas.
E isso não a desmotivou?
Não. As entrevistas são sempre momentos de aprendizagem.
Se, por um lado, tenho a noção de que alguns dos parâmetros,
que coloquei para mim própria, no início, me podem ter
condicionado no arranjar do primeiro emprego, por outro
lado, posso dizer que me ajudaram. É que quando encontrei
um emprego, encontrei aquilo que queria. Só levei foi mais
tempo do que os colegas.
Enquanto esteve no ISPA foi participando em diversos projectos paralelos a par dos estudos. De que tipo?
Eram projectos que não tinham necessariamente a ver
com a formação do ISPA ou com aquilo que estava a aprender.
Eram sobretudo ao nível da cidadania e alguns deles pioneiros.
Trabalhei na Confederação Nacional das Associações
de Famílias, com a Dra. Teresa Costa Macedo, em projectos
pioneiros nos bairros degradados de Lisboa e também
na Liga dos Deficientes Motores com a Dr.ª Margarida Faria.
Já nesta altura se notava em si a vontade de fazer algo
pelos outros…
Pode-se dizer que sim. Sempre gostei de abraçar
projectos pioneiros e vê-los avançar. Ajudar outras pessoas
e contribuir para construir algo que possa ser útil a terceiros
foram aspectos que sempre me agradaram.
Aconselha, por isso, os alunos a apostarem noutras
ocupações a par dos estudos?
Acho que é importante que as pessoas tenham outro tipo
de ocupações enquanto estudam. Quando olhamos para
os jovens fora de Portugal, é muito normal que todos eles
ocupem os verões a trabalhar ou a fazer um estágio.
Eles ocupam aqueles dois a três meses em actividades
profissionais, que mais não seja para ganharem dinheiro.
Também é muito normal que as pessoas tirem tempo antes
de começarem a trabalhar, por exemplo, para viajarem,
para conhecerem outras realidades.
Por que é que isso não acontece com os portugueses?
Nós ainda não somos tão abertos a este tipo de experiências.
Quando alguém envereda por aí é considerado quase um
louco ou alguém que não está bem da cabeça porque foge
àquele percurso certinho, a que ainda estamos habituados.
Ainda somos uma sociedade muito tradicionalista em termos
da forma de abordar as opções profissionais.
Depois dos primeiros empregos, quer na companhia
de aviação Portugália quer na Companhia Portuguesa
Rádio Marconi, como chegou até à ICL?
Posso dizer que este foi o primeiro grande desafio profissional
em termos de mundo empresarial que abracei com vínculo
mais definitivo. Foi através de um anúncio de jornal, que tinha
a ver com a área da Qualidade de Serviço. Estavam a pedir
alguém recém-licenciado/júnior que quisesse aceitar o desafio
de integrar a ICL Fujitsu num programa que, na altura, tinham
de Eurograduados; isto é, as pessoas iam um ano para fora
fazer formação e depois regressavam para a empresa,
em Portugal, para aplicarem e desenvolverem uma outra área.
Mesmo não tendo directamente a ver com aquilo que estava
a fazer ou que tinha estudado, respondi porque achei
que podia ter muitas ligações à Ergonomia e acabei
por ser seleccionada.
ISPA
“Quando uma pessoa
entra para
as multinacionais,
e vai fazendo
o seu trabalho,
é comum que acabe
por ser desafiada
para desempenhar
funções
no estrangeiro”
Quanto tempo lá permaneceu?
Entrei em 1991 e sai no início de 1997. No primeiro ano
estive em Inglaterra a fazer formação e a trabalhar na área
da Qualidade de Serviço. Depois regressei a Portugal
com responsabilidades nessa área e, em 1995, voltei
novamente para Inglaterra onde estive cerca de dois anos
a trabalhar como Directora de Qualidade na área
de sistemas financeiros da ICL.
Nunca pensou em recusar o desafio de ir trabalhar para fora?
Não. Achei que era a altura certa para fazer este tipo
de apostas porque ainda não tinha nem filhos nem grandes
responsabilidades familiares. Quando uma pessoa entra
para as multinacionais, e vai fazendo o seu trabalho,
é comum que acabe por ser desafiada para desempenhar
funções no estrangeiro e temos de estar preparados
para essa mudança.
24
Que lições retirou desta sua experiência no estrangeiro?
A grande aprendizagem foi sobretudo em termos de método
de trabalho. O facto de ter ido viver para um país como
a Inglaterra e de trabalhar numa multinacional permite-nos
adquirir, logo à partida, metodologias de trabalho muito
diferentes das portuguesas em termos de disciplina,
de organização, de horários.
E, pelo meio, ganhar um prémio…
Sim. O prémio de Excelência de Qualidade foi para a ICL
Portugal. Era uma espécie de Globo de Ouro que foi
entregue, pela primeira vez, a uma empresa de serviços
na área de tecnologia da informação, em Portugal.
Em que se traduziu esse prémio?
Em termos pessoais, este reconhecimento valeu-me um
prémio anual da companhia, dado a apenas 20 colaboradores
entre os milhares de funcionários.
Como classifica a sua experiência no estrangeiro
do ponto de vista pessoal?
Também foi uma experiência muito boa porque, quando voltei
para Portugal e deixei a ICL, toda a organização,
planeamento e metodologias com que fui sendo confrontada
se revelaram muito importantes e úteis na gestão da minha
vida pessoal. Tenho a certeza de que, se assim não tivesse sido,
não teria feito a carreira que fiz e não teria tido três filhos.
Quer isto dizer que a passagem por Inglaterra a ensinou
a conciliar os vários papéis associados à mulher?
Sem dúvida que aprendi muito nos anos em que vivi
no estrangeiro através da organização e do planeamento.
Foi toda uma aprendizagem que me ajudou mas, mesmo
assim, diria que ainda hoje, é preciso ser quase artista
de circo para se conseguir fazer tudo.
25
ISPA
É um exemplo para muitos alunos, e sobretudo alunas,
de que é possível, em pleno século XXI, a realização
pessoal e profissional…
Sim, mas preparem-se para a dureza da coisa. Nas entrevistas
e em processos de selecção é comum perguntarem-nos
sobre se é possível ter filhos e conciliar as várias vertentes. A
minha reposta é de que sim, mas de que não é fácil. Por
exemplo, não se consegue chegar onde cheguei a trabalhar
das 9:00h às 18:00h. Costumo dizer que se as pessoas
não estiverem preparadas para fazer sacrifícios, dificilmente
conseguirão vencer.
É preciso estar mesmo consciente das dificuldades…
Na minha vida não houve nada que me tivesse caído do céu
pelo facto de ter sido boa aluna ou de ter tido boas
oportunidades. Às vezes as oportunidades estão lá,
mas as pessoas não as agarram. Quando fui estudar
Ergonomia, que ninguém percebia para o que é que servia,
não era nada óbvio para mim que aquilo seria depois uma
mais-valia quando fui seleccionada para trabalhar na área
da Qualidade. Confesso que, na altura, esta aposta
na formação foi assim um bocadinho um tiro no escuro.
Seguiu-se a experiência de Directora de Recursos
Humanos no Grupo Espírito Santo até 2003,
ano em que ingressou na Microsoft. Como surgiu
esta oportunidade?
O desafio surgiu no final desse ano. Entrei com
a responsabilidade de dirigir a direcção de Recursos
Humanos que, na altura, era relativamente incipiente
e, tal como na ICL Fujitsu, também vim criar quase tudo de
raiz. Entre 2006 e 2007, acumulei duas funções
na área de Recursos Humanos. No ano seguinte, tive uma
função só de negócio e no estrangeiro que foi a de bussiness
manager do vice-presidente da área da Europa Ocidental
(chefe de gabinete).
Algo diferente daquilo que estava habituada
a fazer até então?
Sim. Foi um desafio que decidi aceitar e que não tinha nada
a ver com os Recursos Humanos porque achei que era
importante para a minha formação e para a minha
experiência. Era algo que me podia dar outro tipo
de aberturas, de saídas e de aprendizagens. Foi sobretudo
um ano de muita aprendizagem e de conhecimento
de outras realidades.
E quando surgiu a direcção de Recursos Humanos?
Foi o último desafio que aceitei. Sou Directora de Recursos
Humanos de uma região e de uma área de negócio muito
nova na Microsoft. Trata-se de uma área muito de aposta
de futuro que é a do consumo online para a região
da EMEA (Europa, Médio Oriente e África). No final deste
ano fiscal (até Junho do ano que vem), deverá conter cerca
de 1.200 pessoas.
Pode-se dizer que, ao longo do seu trajecto,
foi sempre pioneira?
Uma das coisas que mais me define é o gosto que tenho por
construir coisas, por construir equipas, por construir família
e por construir casas. É isto que gosto mesmo de fazer e que
me dá um grande gozo. Se calhar devia ter sido engenheira
civil ou arquitecta.
Como se sente a dirigir o Departamento de Recursos
Humanos e a pertencer aos quadros daquela que foi
eleita a melhor empresa em Portugal para se trabalhar?
É ao mesmo tempo um privilégio e uma grande
responsabilidade manter o nível e a exigência que temos
e que transmitimos. De certa maneira, cada um de nós
é embaixador dessa imagem e de tudo aquilo que representa
ser um símbolo nacional ao nível dos ambientes de trabalho
em Portugal.
ISPA
Com uma vida profissional tão preenchida,
como perspectiva o seu futuro daqui a uns tempos?
Todas as opções estão em aberto e nesta medida posso dizer
que tenho um problema feliz que é o de ter muitas por onde
escolher. No entanto, neste momento posso dizer que estou
satisfeita por estar a desenvolver projectos que sejam úteis
à economia e à gestão das empresas, mais pela vertente
das pessoas e, como tal, sinto que estou a construir algo
e que estou a contribuir para o País e para o tecido
empresarial.
Que mensagem ou conselho gostaria de deixar
aos actuais alunos?
Em primeiro lugar que aproveitem bem os cinco anos não só
para aprenderem como para se divertirem e para usufruírem
daquilo que é a verdadeira vida académica. Este é um período
fantástico do qual tenho bastantes saudades. Não se deixem
abater pelas dificuldades e o facto de terem uma licenciatura
em Psicologia não quer dizer que não possam trabalhar
noutras áreas. Mais do que tentar ser igual a todos
os outros, acho que cada um deve procurar aquilo em que é
verdadeiramente único e usar as suas mais-valias e as suas
forças pessoais para conseguir vender projectos às empresas.
Ter bom senso, humildade para aprender sempre mais
e trabalhar em equipa são fundamentais para o sucesso.
Podemos concluir pelo seu discurso que um
dos segredos para se alcançar o sucesso passa
por explorarmos o que nos difere uns dos outros?
De certo modo sim. Pensem no que têm de único e nas
experiências ou vivências que vos diferenciam do resto das
pessoas e criem um portfolio de oferta individual que seja
único, apetecível e polivalente e que possa ser utilizado nas
organizações em prol daquilo que elas a cada momento
precisam. Quando todos tentamos ser iguais uns aos outros,
fica mais difícil para as empresas decidir.
26
P E R F I L
Casada e mãe de três filhos, Paula Carneiro
licenciou-se em Psicologia Social e das Organizações,
em 1985/1990, no ISPA.
Possui uma pós-graduação em Ergonomia Cognitiva
(1989/90), pela Unversité d’Aix – Marselha, França,
e um Diploma em Estudos Avançados, na Universidade
Católica Portuguesa, em 2001.
Ao longo de vinte anos de carreira, passou
por várias e conceituadas multinacionais,
como é o caso da ICL Fujitsu ou da Microsoft,
onde desempenha funções sobretudo ao nível
da direcção do Departamento de Recursos
Humanos.
27
ISPA
A P R E S E N TA Ç Ã O
p
EMPREENDEDORISMO NA 1.ª PESSOA
QUERER É
p.o.w.e.r
ISPA
28
Q UERER É
p.o.w.e.r
É com orgulho que pertencem à primeira junior enterprise
da Europa na área da Psicologia Social e das Organizações.
Embora já existam vários projectos semelhantes no nosso
País e no estrangeiro semelhantes, a verdade é que estes
estão associados às áreas de Economia e de Gestão,
apresentando-se a P.O.W.E.R. Consulting, ISPA Junior
Enterprise como pioneira no seu segmento.
também surgiu a sua designação, resultado de um jogo de
palavras. A cada letra atribuímos um dos conceitos-chave
da área da Psicologia Social e das Organizações e assim
chegámos a “Psicologia, Organização, Welfare, Empowerment
e Re-inovação”, explica Ana Garcia.
A ideia de a constituir surgiu inesperadamente no decorrer
de uma aula de 4.º ano, do curso de Psicologia Social
e das Organizações, no preciso momento em que um dos
alunos folheava um jornal diário onde estava publicado
um artigo referente à junior enterprise de uma instituição universitária portuguesa. “Foi na aula de Gestão de Projecto que
um colega nos falou do projecto e nos questionou
sobre a possibilidade de formarmos algo semelhante na nossa
universidade”, relembra a Directora de Recursos Internos,
Ana Garcia, de 21 anos.
Da simples ideia à concretização do projecto passaram-se
poucos meses. Foi ainda no decorrer do primeiro semestre
de 2007/2008 que tudo se iniciou. “Começámos com sete
pessoas e hoje já somos 17”. O facto de terem realizado,
no contexto académico um projecto de implementação
no âmbito da criação de negócio e de mudança estratégica,
permitiu-lhes adquirir todo um conjunto de conhecimentos
e ferramentas que se revelaram cruciais para o avanço
da junior enterprise.
Da mesma forma inesperada com que nasceu esta associação,
de serviços de consultoria na área do Diagnóstico e Intervenção
Organizacional das Pequenas e Médias Empresas (PME)
OS PRIMEIROS PASSOS RUMO AO SUCESSO
Depois de horas de pesquisas e de recolhida toda a informação
necessária, o grupo avançou para a apresentação interna
da sua ideia. “Tivemos uma reunião com a Direcção e falámos
individualmente com cada um dos nossos professores
29
ISPA
para lhes apresentarmos a P.O.W.E.R.”, realça a Directora
de RH, sublinhando a imediata receptividade. “Não estávamos
nada à espera mas o feedback foi muito positivo e motivador.
Ficaram extremamente interessados”, destaca Tomás
Rodrigues, de 23 anos, do Departamento de Comunicação
Interna, enaltecendo o apoio oferecido pelo ISPA desde esse
momento. Além do valor monetário, os alunos dispõe de uma
sala, localizada no 3.º piso, onde funciona a sede da P.O.W.E.R.
várias candidaturas que estamos a analisar”, esclarece Ana Garcia.
Superadas as barreiras administrativas e os preconceitos
da idade, os alunos puseram mãos à obra e daí ao primeiro
trabalho foi um piscar de olhos. “O ISPA foi o nosso primeiro
cliente ao adjudicar-nos o ‘Estudo de Mercado’. Tivemos 15
dias para o elaborar e cumprimos o prazo”, salienta Tomás
Rodrigues, recordando as curtas férias que tiveram pelo meio.
Concluídas as apresentações, avançaram para a grande etapa
– o registo da junior entrepise na Conservatória. Foi nesta
fase, tão crucial, que se depararam com os maiores obstáculos,
incapazes, no entanto, de os demover do seu objectivo.
“Como somos muito jovens, não acreditaram muito em nós
e não nos deram grande credibilidade, mas o que interessa
é que conseguimos registá-la”, refere Tomás Rodrigues.
PROTOCOLOS ESTRATÉGICOS
O facto de os projectos realizados pela junior enterprise necessitarem de supervisão técnica de profissionais com credibilidade
no mercado e a necessidade de se colmatar uma possível instabilidade, resultante da rotatividade das equipas, levou-os a escolherem
o professor Francisco Cesário para Presidente e Cláudio Osório
para Director Geral Executivo desta organização assente em três
níveis: Presidente, Direcção Geral Executiva e Direcção.
Embora, até ao momento, os membros da junior enterprise
sejam alunos finalistas, isto não significa que o projecto esteja
em risco. “Fizemos um processo de recrutamento e recebemos
Além da ligação ao ISPA e ao Departamento de Formação
Permanente (DFP), os alunos também estão muito satisfeitos
com a relação que estabeleceram com a HAYS – Líder Mundial
em Recrutamento Especializado que consideram “um importante
parceiro estratégico”. O contacto com esta instituição surgiu
através de antigos alunos que aí trabalham e que divulgaram
o projecto. “Ficaram logo interessados na ideia e entraram em
contacto connosco”, revela Tomás Rodrigues.
Para ter o maior sucesso, este projecto exige um grande
empenhamento e dedicação dos alunos e isso está-lhes
no sangue. O mais difícil é mesmo a conciliação com as actividades académicas. Porém, como profissionais que são, prometem
sempre cumprir os objectivos a que se propõe nas duas áreas.
Projectos de expansão e, quem sabe de internacionalização,
podem surgir quando menos se espera. No entanto,
ISPA
30
APRESENTAÇÃO ÀS EMPRESAS
A P.O.W.E.R. Consulting apresentou-se, oficialmente, ao
tecido empresarial, no dia 29 de Outubro. Deloitte, CTT,
Tranquilidade, Hays e Accenture foram algumas das empresas que marcaram presença neste evento tão importante
para a afirmação do projecto, nascido em contexto
universitário.
No final, a receptividade e interesse demonstrados pelos
representantes das empresas foi interpretado pelos
membros da Associação como um sinal positivo
é com os pés bem assentes na terra, que avançam.
“Queremos concentrar-nos no mercado nacional e aqui fazer
bem e melhor. O futuro lá fora é uma incógnita…”,
diz Ana Garcia, reconhecendo que se trata de uma organização
com grandes mais-valias para oferecer ao mercado. “
de que o projecto agradou.
O QUE É UMA ‘JÚNIOR EMPRESA’?
Trata-se de uma organização sem fins lucrativos, gerida
totalmente por estudantes universitários, com total
autonomia em relação à Direcção da Instituição, com a
Além de sermos uma fonte renovável de Recursos Internos,
também podemos, pelas características do nosso projecto,
cobrar metade do valor de custo de mercado”.
qual mantém relações vantajosas, tendo como objectivo
Na forja adivinham-se novos projectos e novos clientes bem
como o estabelecimento de novas parcerias estratégicas
e a criação de um site.
O desenvolvimento de skills, a criação de um espírito
basilar diminuir a distância existente entre o mundo
académico e o mercado de trabalho.
empreendedor e de inovação a par do fomento do ensino
competente constituem alguns dos objectivos associados
às ‘Juniores Empresas’.
ÁREAS DE ACTUAÇÃO
P.O.W.E.R. Diagnosis – para uma gestão da de uma empresa
P.O.W.E.R. Training – para uma formação qualificante
P.O.W.E.R. Market – para uma análise real do mercado
P.O.W.E.R. Recruitment – para encontrar e integrar a pessoa
certa no lugar certo
P.O.W.E.R. Human Resources – para uma boa gestãodos
Recursos Internos de uma empresa
CONTACTOS
Tel.: 218 811 700 (ext. 393)
[email protected] • www.powerconsulting.pt
31
ISPA
cii
CENTRO DE INVESTIGAÇÃO E INTERVENÇÃO
PROJECTOS DE INVESTIGAÇÃO
com financiamento
da Fundação para a Ciência
e Tecnologia (FCT)
Programa Polar Português
Projecto do ISPA aprovado
Os albatrozes são considerados globalmente ameaçados,
em grande medida devido à mortalidade acidental que sofrem
quando interagem com artes de pesca.
O Programa Polar Português (ProPolar) consiste num
conjunto de medidas propostas pelo Comité Português
para o Ano Polar Internacional à Fundação para a Ciência
e a Tecnologia, que visam promover o desenvolvimento
da ciência polar portuguesa.
Como temos suspeitas de que certos indivíduos se especializam
em determinadas estratégias de alimentação associadas às
embarcações de pesca, procuraremos investigar as causas
e consequências de tais especializações, usando tecnologias
de ponta, como GPS a colocar em aves e outros loggers
que monitorizam as actividades das aves no mar, análises
de isótopos estáveis para identificação de dietas e estudos
genéticos ligados com o envelhecimento e o encurtamento
diferencial de telómeros (extremidades dos cromossomas)
em diversos indivíduos.
A Unidade de Eco-Etologia do ISPA coordena um dos cinco
projectos de investigação financiados no âmbito desta medida.
De seguida, apresentámos-lhe o resumo das actividades
compreendidas pelo projecto, num testemunho
do Investigador Responsável, Prof. Paulo Catry, disponível
no portal dedicado a esta iniciativa - www.portalpolar.com.
Projecto ALBATROZ
Especializações individuais em albatrozes: os efeitos da idade,
da morfologia e de traços comportamentais
Investigador Responsável: Paulo Catry
Instituto Superior de Psicologia Aplicada
Nos próximos anos, será realizado um estudo sobre
especializações individuais em albatrozes-de-sobrancelha
Thalassarche melanophris, com trabalho de campo nas ilhas
Falkland e na Geórgia do Sul, nomeadamente, realizando
análises comparativas entre estas duas regiões. Parte destes
estudos serão realizados em colaboração com o British
Antarctic Survey.
Simultaneamente, serão utilizados os dados deste estudo
a longo prazo para desenvolver a utilização dos albatrozes
(o seu comportamento e dinâmica populacional) como
instrumentos de monitorização do SW do Atlântico Sul
e das alterações devidas às pescas e às mudanças climáticas
de curto prazo, incluindo variações na temperatura do mar
à superfície (SST).
Em paralelo, Paulo Catry continuará com a sua actividade
como Advisory Editor da Revista Científica Antarctic Science.
ISPA
32
Novos projectos
nas Ciências
do Mar aprovados
ÁREA CIENTÍFICA: CIÊNCIAS DO MAR
Controlo neuroendócrino do comportamento
reprodutor na tilápia de Moçambique:
Mecanismos e efeitos do ambiente social
Investigador Responsável: Rui Oliveira
(Ref. Projecto: PTDC/MAR/72117/2006)
Tácticas alternativas de reprodução em peixes teleósteos:
o benídeo-pavão (Salaria pavo) como modelo de estudo
Investigador Responsável: Rui Oliveira
(Ref. Projecto: PTDC/MAR/69749/2007)
Produção de sons em góbios de areia do género
Pomatoschistus: comunicação inter- e intra-específica
Investigador Responsável: Maria Clara Amorim
(Ref. Projecto: PTDC/MAR/68868/2006)
Variações da temperatura superficial do mar no Atlântico
e tendências no sucesso alimentar, migração e dinâmica
populacional de cagarras Calonectris diomedea
Investigador Responsável: Paulo Catry
(Ref. Projecto: PTDC/MAR/71927/2006)
Mecanismos neuroendocrinológicos dos polifenismos
reprodutores no blenídeo Salaria pavo
Investigador Responsável: David Gonçalves
(Ref. Projecto: PTDC/MAR/71351/2006)
33
ISPA
C O N F E R Ê N C I A S I S PA
C
Do vasto programa, há a destacar, por exemplo,
as conferências intituladas “S. Freud: O Mal estar na cultura –
A cultura da culpa”; “L´incestualité dans le couple et la famille”;
“Contemporary psychoanalysis, the self and hindu thought”;
“Lement du contre transfert et rassemblement du sujet”.
Foram momentos de enorme importância quer para
os conferencistas quer para os participantes que tiveram
a oportunidade, de num mesmo espaço, partilhar uma série
de conhecimentos e de experiências.
Ciclo de Conferências
em Psicanálise
e Psicoterapia
Psicanalítica
Frederico Pereira, Director do ISPA, encerrou a primeira
edição do Ciclo de Conferências em Psicanálise e Psicoterapia
Psicanalítica subordinada à temática da Interpretação.
Tratou-se de uma iniciativa prestigiante para a Instituição,
que recebeu alguns dos nomes mais conceituados na área
da Psicanálise e da Psicoterapia Psicanalítica.
Carlos Padrón, Jean-Pierre Caillot, Jorge Canestri, Manuela
Utrilla, Smita Gouth, Luis Martin Cabré e Bianca Lechevalier
foram algumas das figuras internacionais que participaram
neste conjunto de conferências. Dedicadas à Psicanálise
e à Psicoterapia Psicanalítica.
“Del Narcisismo al Edipo” foi o tema da conferência
inaugural, que decorreu a 15 de Outubro de 2005, no ISPA,
e que contou com a presença de Carlos Padrón como
conferencista principal.
CONFERÊNCIAS REALIZADAS EM 2008
12 de Abril
SUBJECTIVIDADE E NARCISISMO
- Bernard Penot –
17 de Maio
COMEMORAR, REMEMORAR, OLVIDAR
- Prof. Juan Eduardo Tesone Ruanova –
31 de Maio
THE OPEN-ENDEDNESS OF PSYCHOANALYSIS
- Prof.ª Andrea Sabbadini –
27 de Setembro
INTERPRETAÇÃO DA INTERPRETAÇÃO; INTERPRETAÇÃO
DA CONSTRUÇÃO: SOBRE A METAINTERPRETAÇÃO
- Prof. Doutor Frederico Pereira 15 de Novembro
DOUBT IN THE ANALYSIS OF A PAEDOPHILE
- Prof. Doutor Donald Campbell -
ISPA
ISPA recebe
investigadora de referência
na área da Vinculação
Inge Bretherton, investigadora da Universidade
de Winsconsin-Madison, nos EUA, foi a oradora convidada
para analisar a temática das ‘Narratives about postdivorce family
life by preschool children and their mothers: Do they reflect the
quality of observed relationships?’.
Foram vários os participantes que não quiseram perder
a oportunidade de assistir à palestra de uma das mais conceituadas
investigadoras na área da Vinculação e dos Afectos.
Inge Bretherton é uma personalidade internacional de referência
no âmbito da Psicologia do Desenvolvimento e do relacionamento
entre mães e filhos. Foi inserida no Ciclo de Conferências
em Psicologia e Ciências do Comportamento 2008, organizado
pelo Centro de Investigação e Intervenção (CII) do ISPA,
que a investigadora veio à Instituição.
O convite partiu da linha 1 – Psicologia do Desenvolvimento,
da Unidade de Investigação em Psicologia Cognitiva,
do Desenvolvimento e da Educação (UIPCDE). Esta linha tem
desenvolvido vários projectos de investigação, nomeadamente
entre a qualidade da vinculação durante a infância e os domínios
do desenvolvimento social, cognitivo e emocional.
Durante mais de duas horas, a doutorada em Psicologia
do Desenvolvimento, pela The Johns Hopkins University,
em 1975, partilhou com a assistência, na sua maioria alunos
e docentes, as conclusões dos estudos levados a cabo, nos últimos
anos, em torno da Vinculação e dos Afectos.
Considerada a primeira investigadora na área da Vinculação
a desenvolver estudos sobre a Psicologia Cognitiva Moderna
assim como sobre a representação mental e as origens
da comunicação, Inge Bretherton tem em John Bolby
e Mary Ainsworth as suas maiores referências.
34
As ligações
entre dois campos do saber
Psychanalyse et éducation: quelles possibilités de dialogue?
foi o tema da conferência organizada pela Associação
Portuguesa de Psicoterapia Psicanalítica (APPSI), em colaboração
com o ISPA. Jeanne de Moll, presidente da AGSAS – Association
des groupes de soutien au soutien. Aplication
du Balint pour les einseignants, foi a conferencista convidada.
A sessão realizada a 10 de Outubro, no Auditório Armando Castro
do ISPA, constituiu uma oportunidade de reflexão para todos aqueles
que se interessam pela aplicação da Psicanálise a contextos não clínicos.
Ao longo da sua comunicação, a investigadora abordou a questão
do modo com o acto educativo e a Psicanálise se estendem para
além da relação dual habitual (clínica ou de investigação), ao grupal,
às influências do inconsciente e da importância da afectividade
nas aprendizagens.
A presidente da AGSAS, associação que se dedica ao apoio daqueles
que se movem no espaço escolar, local onde se ajudam as crianças
a crescer, a integrar na cultura e na sociedade, interagindo com
os outros, considera que é neste espaço de construção de saberes
que se desenvolve o sentimento de si. É na relação com
os educadores que a construção dos saberes toma forma.
Na sua intervenção, Jeanne Moll colocou também o problema
de se saber como é que os educadores podem aproveitar
os conhecimentos da Psicanálise.
Na sua opinião, as dificuldades escolares terão um sentido de organização psíquica, i.e., serão uma resposta relacional aos métodos de
aprendizagem (como o é a formação do sintoma). Nesta matéria, a
investigadora defende que a resposta reside na capacidade de se ir ao
encontro do mundo interno da criança e de se estabelecerem
ligações que permitam a retoma do acesso aos saberes.
A terminar referiu-se a Freinet e à escola cooperativa onde há
espaço para que os alunos cooperem e desenvolvam saberes e
competências através das suas produções escritas - texto livre - num
ambiente de confiança em que os próprios professores têm que se
questionar sobre as suas atitudes profissionais.
35
ISPA
Delegação
portuguesa do ISPA
em Itália
1- Cristina Quelhas em trabalho com Phil Johnson-Laird, no local
da Conferência.
Quatro investigadores do ISPA participaram
na 6th International Conference on Thinking, que decorreu
na ilha de San Servolo, em Veneza, entre os dias
21 e 23 de Agosto.
O evento, que teve lugar num antigo manicómio, contou
com a participação de alguns dos mais conceituados
investigadores desta área, entre eles, Phil Johnson-Laird,
Jonathan Evans, Ruth Byrne e Steve Sloman.
Jorge Senos, Ana Cristina Quelhas, Teresa Garcia-Marques
e Csongor Juhos constituíram a delegação portuguesa
de investigadores da linha de investigação Cognição
e Contexto presentes nesta conferência com os seguintes
trabalhos:
• Quelhas, A.C., Juhos, Cs., & Power, M.J. (2008). Individual
differences and the function of counterfactual thinking.
• Juhos, Cs., & Quelhas, A. C. (2008). Conditional inference
under time constriction.
• Senos, J., & Garcia-Marques, T. (2008). Causal context,
the link between counterfactual and causal reasoning.
• Garcia-Marques, T. (2008). Familiarity as a regulatory
mechanism for dualistic cognitive architectures.
2- Jorge Senos com Cristina Quelhas e Csongor Juhos, com a ilha
de San Servolo como fundo.
ISPA
36
C
Ciclo
de Conferências
em Reabilitação
e Inserção Social
“Sistemas e Contextos Prisionais” foi o tema escolhido
para encerrar o Ciclo de quatro conferências, coordenadas
por Arménio Sequeira, professor do ISPA, no âmbito
da Pós-Graduação em Reabilitação e Inserção Social.
Nesta iniciativa que participaram várias personalidades
notáveis, referências nas suas áreas de investigação,
que analisaram e reflectiram sobre alguns dos aspectos que
afectam o tecido social.
Serge Ebersold, da OCDE; Catherine Delcroix e Patrick
Colin, da Universidade Marc Block, Estrasburgo, e Jawad
Hajjam, da “Autonomie, Savoir et Compétences”, Estrasburgo,
constituíram os restantes oradores participantes.
Coube a Patrick Colin, da Universidade Marc Block,
de Estrasburgo, o encerramento deste conjunto de palestras,
realizadas entre 16 de Maio e 6 Junho, no Salão Nobre do ISPA.
Além de uma perspectiva histórica sobre a pena de morte
e os diferentes tipos de penas, Patrick Colin realçou o facto
de, actualmente, se “procurar o que é que pode ajudar
a inserção da pessoa após cumprimento de pena”,
acrescentando que não se pode encarar “o trabalho como
o único meio de Inserção Social, até porque os níveis
de desemprego não o permitem”.
Na sua intervenção apelou para a procura de outras
estratégias que potenciem a Inserção Social de pessoas
após cumprimento de pena.
“Os Estudantes com Deficiência no Ensino Superior”
de Serge Ebersold; Migração e o Desenvolvimento Social”
de Catherine Delcroix e “Definição e Construção
de Projectos em Reabilitação e Inserção Social” de Jawad
Hajjam constituíram as restantes comunicações apresentadas
durante esta iniciativa.
Serge Ebersold, da OCDE, centrou a sua intervenção
em torno da problemática da Escola, referindo-se em concreto
à questão da discriminação que afecta a vida dos alunos
portadores de deficiência. Além da referência aos diferentes tipos
de deficiência, Serge Ebersold debruçou-se também sobre
as diferentes formas de perspectivar a escola e o emprego.
A temática da Migração foi o ponto de partida para
a comunicação de Catherine Delcroix que iniciou a sua
apresentação com uma perspectiva histórica da Emigração
em França.
Jawad Hajjam dividiu a sua exposição em três grandes pólos:
A Empresa Social e a não discriminação; Empresas de Inserção
e Como é que as Empresas de Inserção gerem o percurso das
pessoas. A partir do exemplo da sua empresa “Autonomie,
Savoir et Compétences”, Jawad Hajjam explicou a essência
destes três pólos, referindo que na sua empresa têm como
regra apostar na formação profissional em áreas onde
realmente há emprego. Desta forma trabalham activamente
a inserção da pessoa no mercado de trabalho.
37
ISPA
C
Psicologia
Comunitária
em debate
Lisboa foi a cidade escolhida para acolher a II Conferência
Internacional de Psicologia Comunitária. O evento, organizado
pelo Departamento de Psicologia Comunitária, com o apoio
do ISPA e da Sociedade Portuguesa de Psicologia
Comunitária, decorreu na Fundação Calouste Gulbenkian,
entre 4 e 6 de Junho.
Mais de 550 participantes, vindos de 36 países dos cinco
continentes, assistiram a este colóquio intitulado
‘A construção de comunidades participativas, promotoras
de empowerment e diversificadas’.
México, Japão, Estados Unidos da América, Itália, Alemanha,
Brasil, Canadá e Austrália/Nova Zelândia foram alguns dos
países representados nesta conferência, cuja realização foi
precedida de sete Institutos Pré-Conferência.
Parcerias Comunitárias, Prevenção da Violência Doméstica,
Recovery das Pessoas com Doença Mental, Avaliação
de Programas Comunitárias, Participação Comunitária
de Jovens, LGBT e Investigação Participada constituíram
os temas destes sete cursos de formação, que tiveram lugar
no ISPA e na Fundação, nos dias 2 e 3 de Junho.
Enquanto anfitrião, o ISPA fez-se representar por 10 professores
e investigadores que apresentaram os seus trabalhos ou estudos
em curso e por 10 alunos de Mestrado que expuseram
comunicações ou posters relacionados com os trabalhos
de dissertação, já terminados ou em fase de conclusão.
Foram três dias de intenso trabalho e reflexão
que culminaram na apresentação de cerca de 600
comunicações, disponibilizadas através dos mais variados
formatos, nomeadamente sessões de debate, workshops
e apresentações em poster.
Além de José Ornelas, Presidente da Comissão Organizadora
do Evento e de Idália Moniz, Secretária de Estado Adjunta
e da Reabilitação, a sessão de abertura contou ainda
com a presença de Wolfgang Stark, Presidente da Associação
Europeia de Psicologia Comunitária; de Christopher Sonn,
da Victoria University na Austrália e Presidente do Comité
Científico da Conferência e de Maria João Vargas Moniz,
Coordenadora Executiva da Conferência.
A próxima conferência internacional terá lugar na cidade
de Puebla, no México, desconhecendo-se ainda a data
da sua realização.
ISPA
T
TUTORIAS
Tutorias
Pedagógicas
uma iniciativa da responsabilidade da Docente
38
Maria Olívia Ribeiro
Decorrente da implementação do Processo de Bolonha
nas faculdades surge, de forma quase imperativa, a necessidade
de se renovarem os modelos pedagógicos no Ensino
Superior, na medida em que este processo vem preconizar
a construção do conhecimento de forma gradual, activa,
participada e cada vez mais autónoma.
Estes princípios só são possíveis de se incrementar através
da introdução de tarefas e de actividades que levem
os alunos, não só a adquirir o gosto pelo saber, como também
a serem capazes de articular e relacionar os vários saberes.
Para se ter uma ideia mais precisa, os cinco objectivos
de aprendizagem (learning outcomes) preconizados
para os alunos do primeiro Ciclo do Ensino Superior
(estabelecidos na Conferência de Dublin – Dezembro
de 2004) são: conhecimento e compreensão; aplicação
de conhecimentos e compreensão; formulação de juízos;
competências de comunicação e competências de aprendizagem.
das 15:30h às 17:30h, na sala 304, com a Docente Maria Olívia
Ribeiro, aberto a todos os alunos que entendam necessitar
de um acompanhamento mais próximo e dedicado da sua
situação pedagógica e académica. Este horário de atendimento
poderá ser ajustado, caso se justifique, devendo os alunos
interessados contactar a docente através do endereço
electrónico [email protected].
A tutoria pode ser entendida como um processo
que possibilita e oferece aos estudantes uma atenção
individualizada, sistemática e integrada, com o intuito
de facilitar a sua integração na Instituição e no meio académico,
bem como promover o sucesso escolar e educativo,
orientar na definição do seu plano de estudos e em todas
aquelas actividades que complementem o seu desenvolvimento
académico e profissional.
Neste sentido, as tutorias apresentam-se como um espaço
formativo privilegiado no desenvolvimento das potencialidades
académicas, pessoais e relacionais dos alunos.
Os principais objectivos do regime de tutórias são:
• Fornecer orientação sobre procedimentos escolares
e académicos
• Auxiliar na integração dos alunos
Um modelo pedagógico assente nestes princípios conduz a uma
nova realidade para o Ensino Superior. É neste novo enquadramento do Ensino Superior Europeu que surgem algumas
experiências de tutórias, nomeadamente no ensino superior
português, relativamente às quais o ISPA não está alheio.
• Encorajar e motivar
É, exactamente, no âmbito do desenvolvimento de um projecto
de Tutorias Pedagógicas, levado a cabo pelo ISPA, que foi
criado um horário de atendimento semanal, às quartas-feiras
• Diagnosticar potencialidades e dificuldades dos alunos
• Desenvolver em conjunto competências de organização
e metodologias de trabalho
• Orientar e esclarecer dúvidas relacionadas com a organização
da instituição e com o plano de estudos
• Outros que se venham a revelar como importantes
39
ISPA
C O N S E L H O C U LT U R A L
E
Psicologia,
literatura
e artes plásticas
Por ocasião do 25.º Congresso Internacional “Literatura
e Psicologia”, que teve lugar no ISPA, de 2 a 7 de Julho
de 2008, esteve patente na Grande Galeria uma exposição
intitulada Camões e Pessoa com obras dos pintores
José de Guimarães e Costa Pinheiro.
Para aproximar literatura e artes visuais que melhor
do que a inspiração dos dois maiores vultos da literatura
portuguesa por dois dos nossos maiores artistas
contemporâneos.
A vintena de trabalhos de José de Guimarães, ilustrando
temas de Os Lusíadas, impunham-se pela riqueza cromática
e arrojo desconstructivo da gramática muito peculiar
do artista.
As duas imponentes tapeçarias, representando um Camões
herói-guerreiro da pena, completavam a evocação do vate.
ISPA
c
Esta sessão da exposição abria com uma gravura de finais
do século XVI, Lisboa no tempo de Camões, de Braunio,
Civitates Orbis Terraum, Vol V, 1593 (?).
Por sua vez Pessoa, os seus heterónimos e o imaginário
pessoano eram evocados por Costa Pinheiro numa tapeçaria
da Manufactura das Tapeçarias de Portalegre e em duas
litografias de grande formato, uma das quais significativamente
intitulada Espaço Poético de Fernando Pessoa com o seu
chapéu, a sua caneta e os seus óculos “Maritimus”, 1979.
José de Guimarães é hoje um artista cuja obra está
amplamente divulgada no estrangeiro, nomeadamente
no Japão. Costa Pinheiro, que trabalhou em Paris e sobretudo
em Munique, é também um artista que deixou uma forte
marca da arte e da literatura portuguesa além fronteiras.
AM
40
41
ISPA
cei
C E N T R O D E E S T U D O S I N T E R C U LT U R A I S
Homenagem
a Chico Mendes
“Um homem à frente do seu tempo”
A emoção e o carinho com que Ângela Mendes falou do pai e do trabalho que este desenvolveu em nome
da preservação da Amazónia comoveram todos quantos assistiram à conferência, realizada no ISPA,
a 3 de Novembro. Passados vinte anos do seu assassinato, Chico Mendes permanece bem vivo
no coração e na memória de todos quantos, ainda hoje, lutam pelos seus ideais.
ISPA
“Se me emocionar e chorar não se preocupem. É normal
e acontece sempre que falo do meu pai”. Foi com estas
palavras que Ângela Mendes, a filha do malogrado seringueiro
brasileiro, assassinado por grupos de fazendeiros,
a 22 de Dezembro de 1988, em Xapuri, Estado do Acre,
na Amazónia, introduziu o seu discurso.
Sempre cativante e comovente, Ângela Mendes deixou-se,
por várias vezes, levar pela emoção que passou para
a assistência, na sua maioria jovens estudantes. Para muitos
destes alunos, a figura de Chico Mendes era, até aqui,
totalmente desconhecida.
Recordar o líder dos seringueiros, lançando, junto
das comunidades mais jovens, a semente do trabalho
que este ecologista nato desenvolveu no âmbito da luta pela
preservação ecológica são alguns dos objectivos que Ângela
Mendes, coordenadora do Comité Chico Mendes, pretende
ao correr o mundo, divulgando a mensagem do seu pai.
A sua vinda ao ISPA, que aconteceu no âmbito do Ano
Europeu do Diálogo Intercultural, coincidiu com o facto de se
assinalarem os vinte anos do assassínio do seringueiro
conhecido como o ‘Homem da Floresta’. A organização desta
iniciativa coube ao Centro de Estudos Interculturais Aziz
Ab’Saber (CEI).
Durante cerca de uma hora, Ângela Mendes e Gomercindo
Rodrigues, grande amigo e companheiro de luta de Chico
Mendes, falaram abertamente sobre a vida e obra deste
42
ecologista que, um dia disse, querer viver para salvar
a Amazónia. Por ela, enfrentou tudo e todos, criando uma legião
de inimigos que, mais tarde, em 1988, lhe ceifariam a vida, depois
de sucessivas ameaças de morte e perseguições.
Chico Mendes preservou até à morte o seu ideal de infância
de amar e defender o meio ambiente. Considerava a floresta
amazónica a casa, o lar de todos aqueles que ela abrigava:
seringueiros, trabalhadores rurais, índios, pescadores ribeirinhos.
Com todos, lutou pacificamente para neutralizar e consciencializar
os predadores sobre as consequências da devastação ambiental.
Chico Mendes sabia que a defesa da Amazónia era a defesa da
própria vida dos que nela nasceram e tinham o direito de viver.
Embora só na adolescência tenha sido alfabetizado, Chico
Mendes era um verdadeiro doutor em matéria de ecologia.
Conhecia a floresta da Amazónia, a sua fauna e flora, como
poucos e, por ela, enfrentou o ódio de grupos de fazendeiros e de
empresas, apostados na exploração e devastação da floresta.
Mesmo sem grandes estudos e com muitas dificuldades pelo
meio, o sindicalista conseguiu levar, a bom porto, a sua
mensagem, mobilizando e consciencializando a sociedade rural
e as Organizações Não Governamentais (ONG), nacionais e
internacionais.
Distinguido pela ONU, em 1987, com o prémio ‘Global 500’,
Chico Mendes era, como familiares e amigos gostam
de o recordar, “um homem à frente dos seu tempo”,
“um homem predestinado a uma causa”.
43
ISPA
Por diversas vezes, a emoção tomou conta do discurso e,
mesmo com a voz embargada, Ângela Mendes e Gomercindo
Rodrigues ofereceram, a todos os presentes, um momento
especial, através do qual deram a conhecer a história de força
e de coragem de um homem como poucos.
“Tudo nele era intenso”. É assim que Ângela Mendes recorda
o pai, um ser que, no seu entender, “nasceu com uma força
para transformar o mundo”. Também para Gomercindo
Rodrigues, falar do amigo é trazê-lo de novo para junto dos
vivos. Para ele, Chico Mendes não morreu já que “ele está
vivo nas ideias e nas sementes que plantou.”
Ideais de uma vida
Decorridas duas décadas
sobre a morte de Chico Mendes,
os seus ideais permanecem ainda vivos.
A busca de melhores condições
de trabalho e de vida para
A sessão, toda ela muito dominada pela comoção, terminou
com um outro momento de grande simbolismo, que não
deixou ninguém indiferente.
Com um semblante carregado e um olhar profundo,
Gomercindo Rodrigues encerrou a sessão. Durante alguns
minutos, e como faz questão de fazer sempre em todas
as sessões em que participa para falar de Chico Mendes,
recordou, pormenorizadamente, os últimos instantes que
viveu ao lado do seringueiro, que pressentiu a chegada
da sua morte. “Lembro-me de tudo como se fosse hoje”.
Passados vinte anos, as palavras saem-lhe com a naturalidade
de quem não esquece aquele momento tão triste para todos.
as populações da floresta;
de um desenvolvimento sustentável,
baseado no uso dos recursos
da floresta de forma não predatória,
a partir dos conhecimentos
são valores que ainda perduram.
ISPA
44
cei
Desmistificar, ou mesmo eliminar, o rótulo que lhe foi
atribuído, mostrando o que de bom se faz naquele bairro,
como é o caso dos inúmeros projectos de cariz social
e cultural, foi um dos principais objectivos da conferência
‘Aprender na Apelação: Uma Comunidade, um Agrupamento,
uma Acção’.
O OUTRO
LADO
da Quinta da Fonte
Os últimos acontecimentos registados,
este verão, na Quinta da Fonte, na Apelação,
trouxeram, uma vez mais, o bairro social
para a ribalta mediática, descrevendo-o
de violento, inseguro e xenófobo. Porém,
nem só deste género de actos se conta a história
da comunidade, na sua maioria africana,
que aí reside.
A iniciativa foi organizada pelo Centro de Estudos
Interculturais Aziz Ab’Sáber (CEI), a 23 de Setembro,
no âmbito do Ano Europeu do Diálogo Intercultural.
Félix Bolânos, Délcio Martins, António Nascimento – Papaito,
Mauro Pereira e Luísa Magnano foram alguns dos professores
e animadores presentes nesta acção, em representação
das várias entidades que intervêm junto da comunidade.
São elas, o Agrupamento de Escolas da Apelação, a Associação
de Jovens da Apelação, o Centro Comunitário da Apelação
e o Clube de Cidadania da Apelação.
‘Caminhos de um modelo de intervenção’, ‘uma comunidade
que sonha uma comunidade melhor’ e ‘percursos de Educação
não formal’ foram alguns dos temas em análise nesta sessão,
que contou com a presença de dezenas de participantes das
mais variadas áreas, desde psicólogos a professores passando
por outros técnicos sociais.
Explorar o potencial da comunidade, abrindo-lhes novos
horizontes, ao mesmo tempo em que se aposta num conjunto
de actividades relacionadas com a dinamização quotidiana
escolar são metas que os profissionais no terreno, seguidores
do lema ‘Juntos por um mundo melhor’, pretendem alcançar.
A sessão terminou com a exibição de um vídeo clip onde
alguns jovens da Quinta da Fonte lançam mensagens sociais
juntamente com outros jovens parisienses, resultado de um
intercâmbio que levou um grupo de alunos até Paris.
45
ISPA
MARTA MORENO • 1.º LUGAR
ISPA
cei
CONCURSO DE FOTOGRAFIA
Um olhar
sobre diferentes
culturas
MARTA MORENO • 2.º LUGAR
Valorizar as competências técnicas e a criatividade
no âmbito da fotografia e sensibilizar a comunidade do ISPA
para a realidade multicultural com que hoje qualquer cidadão
se confronta constituíram os grandes objectivos da iniciativa
‘A interculturalidade vista pelo olhar de cada um’.
Em Maio, o Centro de Estudos Interculturais Aziz Ab’Sáber
(CEI) e o Conselho Cultural, no contexto do Ano Europeu
do Diálogo Intercultural, lançaram um desafio aos alunos
do ISPA para que registassem nas suas máquinas fotográficas
a realidade intercultural que mais os seduzisse.
Concorreram os seguintes alunos:
Luciana Pedrosa de Oliveira Caseiro, com ‘Esse teu olhar,
que tanto me diz, que tanto me conforta’; Selene Adelaide
dos Santos Fernandes, com ‘Trás-os-Montes em terra
de pastores’; e Marta Moreno, com ‘Ao encontro do equilíbrio’,
que obtiveram o segundo lugar. ‘Encanto’, de Marta Moreno,
foi a fotografia classificada em primeiro lugar.
LUCIANA PEDROSA DE OLIVEIRA CASEIRO • 2.º LUGAR
A entrega dos prémios decorreu a 29 de Setembro.
SELENE ADELAIDE DOS SANTOS FERNANDES • 2.º LUGAR
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47
ISPA
cei
BREVES
WORKSHOP MUSICAL
O Centro de Estudos Interculturais do ISPA realizou,
na noite de 24 de Outubro, no Salão Nobre, um Concerto
com o grupo Stockholm Lisboa Project.
Músicos portugueses e suecos juntaram-se neste projecto para
explorar pontos de encontro entre as suas tradições musicais.
O seu repertório abrangeu música tradicional portuguesa e
escadinava. Fado e Polskas foram levados até aos ouvintes pelas
cores sonoras do violino mandola nórdica, harmónica e voz.
Simon Stalspets, Sérgio Crisóstomo, Liana e Filip Jers prenderam
a atenção dos presentes com a sua alegria, movimento e som.
O evento contou com a presença de 36 pessoas das mais
diversas áreas. Jornalistas, músicos, psicólogos, estudantes, professores de música foram alguns dos que assistiram a este concerto.
“OFICINA: SONS E SUCATAS”
O mês de Outubro contou ainda com a realização
de um workshop intitulado “Oficina: Sons e Sucatas”.
Este evento, realizado a 30 de Outubro, teve como principal
objectivo ampliar e diversificar a sensibilidade acústica
e musical dos participantes.
Durante a acção, os intervenientes construíram instrumentos
musicais a partir de desperdícios urbanos, o que permitiu
aos intervenientes um maior contacto com os conceitos
de forma, volume e sonoridade.
No final, os participantes levaram para casa os vários
instrumentos por si criados, tais como, corneta de balões,
flauta de pan, pau de chuva, xequerê, tamborim, entre outros.
Este projecto contou com a participação de uma professora,
de um animador, de duas técnicas de educação especial
e reabilitação, bem como de uma turma de 16 alunos
do 6.º ano da Escola Voz do Operário.
ISPA
48
DFP
DEPARTAMENTO DE FORMAÇÃO PERMANENTE
DESENVOLVEMOS
COMPETÊNCIAS HUMANIZADAS
ACREDITAÇÃO DGERT
CRÉDITOS PARA LICENCIADOS DO ISPA
A formação organizada pelo Departamento de Formação
Permanente (DFP) está acreditada pela DGERT– Direcção
Geral do Emprego e das Relações de Trabalho (ex-INOFOR)
e assenta em três domínios:
Os Psicólogos, Técnicos de Reabilitação e Inserção Social
e Técnicos de Desenvolvimento Comunitário e Saúde Mental
licenciados pelo ISPA (pré-Bolonha), bem como os Mestres
em Psicologia (pós-Bolonha) do Mestrado Integrado do ISPA
beneficiam de um regime especial de créditos para frequência
de acções de formação no Departamento de Formação
Permanente do ISPA.
• Concepção de intervenções, programas, instrumentos
e suportes formativos
• Organização e promoção das actividades formativas
• Desenvolvimento/execução de intervenções
ou actividades formativas
Esta acreditação é um instrumento essencial de garantia
da qualidade da formação dirigida a profissionais,
que é certificada pelo DFP do ISPA.
A acumulação de 9 unidades de crédito (90 horas), obtidas
por frequência de acções de formação no DFP, confere direito
à frequência gratuita de 1 acção de formação até 35 horas.
Para mais informações, contacte [email protected].
49
ISPA
CURSO LUSO-BRASILEIRO
SOBRE PSICANÁLISE DO BEBÉ E DA FAMÍLIA
Um grupo de psicólogos, vindos do Brasil, esteve no ISPA,
entre 29 e 31 de Julho, para frequentar o 1.º Curso
Luso-Brasileiro de Psicanálise do Bebé e da Família,
coordenado pelo Prof. Doutor Eduardo Sá.
Em paralelo, o DFP está a organizar o Complemento
de Formação Inicial de Formadores, acção que permitirá
aos alunos, com aproveitamento na cadeira de Gestão
de Formação do Mestrado Integrado de Psicologia, acederem
ao CAP – Certificado de Aptidão Pedagógica de Formador,
no quadro de um protocolo assinado entre o ISPA e o IEFP.
PARCERIAS DE FORMAÇÃO NO 4.º TRIMESTRE DE 2008
PROGRAMA DE FORMAÇÃO PARA A INSERÇÃO NO
MERCADO DE TRABALHO – 2008/2009
O Departamento de Formação Permanente colocou,
recentemente, à disposição de todos os estudantes,
de qualquer ano do ISPA, oportunidades de formação
que visam facilitar a sua inserção no mercado de trabalho.
Trata-se de um conjunto de acções, de curta duração, sobre
diversas temáticas:
• Gestão de Projectos (já realizado)
• Preparação para a Entrevista de Emprego (já realizado)
• Técnicas de Comunicação em Público
• Técnicas de Procura de Emprego
• Gestão de Formação
• Como Elaborar o Curriculum Vitae
• Língua Gestual Portuguesa
• Planeamento de Carreira. Elaborar Plano Individual de Formação
• Gestão do Tempo
• Gestão do Stress
Para mais informações, consulte a Área Aluno ou envie
um email para [email protected].
FORMAÇÃO INICIAL DE FORMADORES
O DFP solicitou a homologação de um Curso de Formação
Inicial de Formadores (acesso ao CAP), coordenado pelo
Prof. Joaquim Pinto Coelho, ao Instituto do Emprego
e Formação Profissional (IEFP). Porém, ainda não obteve
resposta referente a este curso, que integrará a oferta
formativa, aberta ao exterior para 2009.
No 4.º trimestre de 2008, o DFP desenvolveu um conjunto
de actividades formativas em parceria com outras entidades,
nomeadamente com a Associação Portuguesa
de Psicogerontologia (1.º Curso Avançado de Psicogerontologia),
com a Associação ILGA-Portugal e Panteras Rosas (1.º Curso
Introdução aos Estudos Gays e Lésbicos) e com a Associação
Portuguesa de Psicólogos dos Cuidados de Saúde Primários
(2.º Curso Psicofarmacologia para Psicólogos).
FORMAÇÃO “À MEDIDA”
Entre Julho e Novembro, o DFP executou várias acções
de formação no exterior, a pedido de várias entidades:
• Comunicação e saúde/gestão de conflitos, no Centro
de Saúde de Sete Rios (Lisboa)
• Psicologia da criança para educadores, na Casa Pia de Lisboa
• Avaliação e promoção de competências parentais,
na AQST/Intervenção Precoce de Santiago do Cacém
• Gestão do stress e prevenção do burnout, na Associação
Portuguesa dos Médicos de Clínica Geral
• Gestão de conflitos e condução de reuniões, na USF
Emergir do Centro de Saúde da Parede
• Avaliação e promoção de competências parentais
para a Equipa de Apoio ao Tribunal de Menores de Lisboa
(EATML), da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa.
ISPA
50
DFP
FORMAÇÃO PARA INSERÇÃO NOS CENTROS
NOVAS OPORTUNIDADES (CNO)
O Departamento de Formação Permanente realizou,
entre Julho e Setembro, 8 acções de formação sobre Novas
Oportunidades/Reconhecimento, Validação e Certificação
de Competências (RVCC).
As acções foram animadas por Catarina Reis Marques e Rita
Monteiro, do CNO da Escola de Hotelaria e Turismo de Lisboa.
No final, mais de uma centena de formandos (140) adquiriram
as competências necessárias para a inserção profissional
em CNO.
Para o exercício das funções de técnico de encaminhamento
e de profissional de reconhecimento de competências,
a licenciatura em Psicologia constitui um dos requisitos
obrigatórios, sendo a formação específica, de acordo com
o normativo legal, um requisito facilitador.
IX ENCONTRO DO SERVIÇO DE PSICOLOGIA
DO HOSPITAL PULIDO VALENTE (CHLN-EPE)
“Psicologia da Saúde: Novas e Velhas Realidades” foi o tema
do IX Encontro do Serviço de Psicologia do Hospital Pulido
Valente (CHLN-EPE). O evento, organizado pelo Serviço
de Psicologia do Hospital Pulido Valente (CHLN-EPE)
em parceria com o Departamento de Formação Permanente
do ISPA, realizou-se nos dias 20 e 21 de Novembro.
NOVIDADES PARA 2009
Dando seguimento à política de inovação em matéria
da oferta formativa contínua, dirigida aos profissionais
de várias áreas, o DFP apresenta, no seu plano de actividades,
para 2009, novas acções de formação e novos serviços
de supervisão:
FORMAÇÃO CONTÍNUA
• Aquisição e Desenvolvimento da Linguagem Escrita
• Coaching nas Organizações
• Comportamentos de Risco em Crianças e Adolescentes
• EndNote Web para Investigadores
• Ética e Deontologia na Intervenção Psicológica
• Gestão Estratégica de Conflitos
• Improvisação e Psicologia
• Iniciação ao Empreendedorismo
• Introdução à Hipnose Clínica
• Introdução ao Psicodrama e Sociodrama
• Jogo e Actividade Lúdica em Arte-Terapia
• Psicologia e Diabetes
• Psicologia do Tráfego
• Psicoterapia Psicanalítica
• Só Bebé – Clínica da Gravidez e Intervenção Precoce
CURSOS AVANÇADOS
• Avaliação Psicológica Forense
• Metodologia de Pesquisa, Redacção e Apresentação
de Trabalhos Científicos
SUPERVISÃO
• Avaliação Psicológica Forense
• Programas de Educação Parental
• Supervisão Clínica
Para saber mais sobre as actividades formativas consulte
a página do DFP em http://www.ispa.pt/ISPA/vPT/DFP/
e subscreva a newsletter.
Equipa DFP - da esquerda para a direita: Jorge Queiroz, Sílvia Ramalho,
Paula Sousa, José A. Carvalho Teixeira e Margarida Alvadia.
51
ISPA
cd
C E N T R O D E D O C U M E N TA Ç Ã O
notícias
º
1 Encontro
de Editores
Portugueses de Publicações Periódicas
Os Editores Portugueses de Publicações Periódicas estiveram reunidos no âmbito
do 1.º Encontro destes profissionais. O evento, que contou com a presença do
Director de Licenciamento de Conteúdos da EBSCO, Dr. Clive Wright, realizou-se,
na Sala de Actos do ISPA, a 20 de Maio.
Aula Aberta
de Etologia
Humana
Organizado pela EBSCO, e com o apoio do Centro de Documentação do ISPA,
este Encontro juntou, no mesmo espaço, mais de 50 editores de publicações
periódicas científicas. Além de outros temas abordados, os participantes
receberam informação sobre o novo projecto da EBSCO, uma base de dados
de conteúdos em português, designada Fonte Académica, a criar em 2009.
A Biblioteca do ISPA
foi o local escolhido
para a realização
de uma Aula Aberta sobre
Etologia Humana.
O espaço revelou-se
pequeno para acolher todos
os interessados que quiseram
participar nesta aula,
ministrada pelo Prof. Doutor
Manuel Eduardo dos Santos.
A acção, inserida no âmbito
da Temática do Mês dedicada
ao tema da Etologia, teve lugar
na sala de trabalho em grupo
da Biblioteca. a 6 de Outubro.
Dr. Clive Wright (Director de Licenciamento de Conteúdos da EBSCO)
ISPA
52
Temática
do Mês
O Centro de Documentação disponibiliza
aos seus utilizadores, na primeira semana
de cada mês, um espaço de difusão temático,
que abrange as mais variadas áreas científicas
e pedagógicas.
Estas acções podem acontecer sob a forma de
aulas abertas, de pequenos
eventos, de debates, de palestras, de exposições
bibliográficas ou mesmo de recursos electrónicos.
DATA E TEMÁTICA DO MÊS
2 - 6 de Dezembro • Reabilitação e Inserção Social
5 - 10 de Janeiro • Gerontologia
2 - 7 de Fevereiro • Autismo
2 - 7 de Março • Distúrbios alimentares
web site
Já está disponível o novo interface
do programa de interrogação da EBSCOHOST,
designado EBSCO 2.0, que será alvo de
futuras acções de Formação de Utilizadores.
Formação
para Utilizadores
Além das sessões de apresentação e de formação do utilizador específica,
o Centro de Documentação disponibiliza à comunidade de utilizadores
um conjunto de ferramentas para melhorar a processo de pesquisa
de informação.
Catálogo do ISPA, Web of Knowledge, B-on, EndNote & EndNote Web,
Psychoanalitic Electronic Publishing (PEP), PsycINFO & PsycARTICLES,
Bases de dados da EBSCO (Academic Search Complete, Bussines Search
Complete, ERIC, MEDLINE) são algumas das áreas ministradas, a título
gratuito, pelos técnicos.
Com estas acções, pretende-se que os utilizadores (estudantes e docentes)
adquiram as competências necessárias para o adequado uso avançado
de bases de dados, de ferramentas de pesquisa e de informação
científica na web.
CALENDÁRIO DAS ACÇÕES
DE FORMAÇÃO DE UTILIZADORES
1.º Semestre 2008/09 - Quartas-feiras
Sala de Informática (sala 108) • 14.30h às 16.30h
DATA SESSÃO
3 Dezembro • PEP – Psicanálise*
10 Dezembro • Scielo*
17 Dezembro • Web of Knowledge
* Sessões abertas a todos os utilizadores (internos e externos).
ENTRADA LIVRE
Mediante inscrição prévia limitada à capacidade de sala (40 lugares)
Tutorial de Apoio à interrogação das bases de
dados em: http://support.ebsco.com/training
/flash_videos/ehost2/2.0.htm
INSCRIÇÕES
Por e-mail para [email protected]
(Indique: nome, número, data da sessão e e-mail)
53
ISPA
escaparate
Aguiar, E. (2004). Desenho livre infantil:
Clegg, S. R. & Bailey, J. R., (Eds.). (2008).
Cunha, M. P., Rego, A., Lopes, M. P., &
Leituras fenomenológicas. Rio de Janeiro:
International encyclopedia of organization
Ceitil, M., (2008). Organizações positivas:
E-Papers, 104 pp. [C5 AGUI1].
studies. Thousand Oaks: SAGE, 4 vol.
Manual de trabalho e formação.
[ENC CLEG1-4].
Lisboa: Sílabo, 306 pp. [S2 CUNH/M16].
Carr, A. (2006). The handbook of child and
Creswell, J. W. (1997). Qualitative inquiry
Linden, W. (2005).Stress management :
adolescent clinical psychology (2nd ed.).
and research design: Choosing among five
From basic science to better practice.
London: Routledge, 1190 pp.
traditions. Thousand Oaks: SAGE, 403 pp.
Thousand Oaks: Sage, 218 pp. [C9
[C2 CARR/A1].
[M CRES2].
LIND1].
ISPA
54
cd
destaques
na área da Psicologia Comunitária.
Índices Remissivos de Autores
e Conceitos, para além de uma extensa
Bibliografia, concluem o manual.
O Prof. Doutor José Ornelas é docente
universitário no ISPA. Director
da Licenciatura em Desenvolvimento
Comunitário e Saúde Mental e do
Mestrado em Psicologia Comunitária.
Ornelas, J. (2008). Psicologia comunitária.
Lisboa: Fim de Século, 478 pp. [C8 ORNE/J6]
Neath, I. & Surprenant, A. M. (2003).
Human memory (2nd. ed.). Belmont:
Thomson, 2003. 474 pp. [P2 NEAT2].
“A Psicologia Comunitária tem como
objectivo a melhoria efectiva do bem-estar
das populações, em particular das pessoas
que se encontram em situação de maior
vulnerabilidade social.
O envolvimento cívico e o sentimento
de comunidade que se entrecruzam
com os mecanismos de participação,
empowerment e liderança comunitária,
funcionam como a fonte inspiradora para
a psicologia comunitária.”
O'Donohue, W., & Ferguson, K. (Ed.).
(2003). Handbook of professional ethics
for psychologists: Issues, questions, and
Este livro está estruturado em formato
de manual e tem como objectivo
contribuir para a consolidação do ensino
da disciplina de Psicologia Comunitária.
controversies. Thousand Oaks: Sage,
474 pp. [P1 ODON2].
Dividido em sete capítulos: Origens
e Fundamentos da Psicologia Comunitária;
Saúde Mental Comunitária; Ecologia
e Psicologia Comunitária; Suporte Social;
Intervenção e Mudança Social; Prevenção
em Saúde Mental; e Investigação e Avaliação
Colaborativa tem, no final, uma secção
de recursos que inclui Biografias, Sociedades,
Programas Académicos e Jornais Científicos
Silva, A. C. (2008). As fogueiras da Inquisição.
Lisboa : Presença, 197 pp. [LT1 SILV/C5].
“As Fogueiras da Inquisição” é um romance
histórico de grande beleza literária, que se
desenrola ao longo do século XVI, uma
época profundamente conturbada para
sefarditas e cristãos-novos em Portugal.
É neste cenário de denúncia e medo,
em que as perseguições e os massacres
se sucedem e intensificam até culminarem
no estabelecimento da Inquisição
em terras lusas, a pedido de D. João III,
que acompanhamos três gerações
de uma família judaica portuguesa, desde
o reinado de D. Manuel I à dinastia filipina.
Sara de Leão, protagonista e neta desta
família, está presa num calabouço exíguo,
em Évora, acusada de práticas judaizantes.
Para se evadir da penosa situação em
55
ISPA
cd
que se encontra, Sara refugia-se no
passado e recorda a avó, Ester Baltasar,
que lhe transmitiu a história e a doutrina
do seu povo.
Temos assim oportunidade de ficar a
conhecer esta extraordinária saga familiar,
as suas vicissitudes, a coragem e a solidariedade que as sucessivas gerações
revelaram face ao terror que as ameaçava.
Num misto ficcional e histórico, que
nos leva a encontrar personagens como
Damião de Góis ou Beatriz de Luna,
conhecida em toda a Europa como
«a Senhora», esta narrativa prende-nos,
irremediavelmente, nas teias do seu
imenso fascínio.”
Prof. Doutora Ana Cristina Silva é docente
universitária no ISPA.
Este livro é um verdadeiro manual sobre
a gestão de pessoas, escrito por professores
desta especialidade do ISPA, Universidades
do Minho, Nova e de Aveiro.
Esta obra explica o modo como as organizações podem melhorar a gestão das
pessoas e desenvolver o capital humano.
revistas
temáticas
Respeitando os temas tradicionais, introduz
e discute novos tópicos frequentemente
ausentes neste género de bibliografia.
Concilia teoria e prática, recorrendo
a inúmeros exemplos, caixas, tabelas
e figuras para ilustrar os conceitos e temas
apresentados.
Destina-se a gestores, académicos
e estudantes das áreas de gestão,
de economia, do comportamento organizacional e da psicologia das organizações.
Frères et soeurs/Coordenation:
Chantal Lecheartier-Atlan. Revue Française
de Psychanalyse. 72(2), (2008). [R9].
A obra está dividida em sete partes.
Na primeira os autores enquadram
o que é a gestão de pessoas. A segunda
foca-se nas questões de atracção
de talentos (recrutamento e selecção).
A terceira nas competências de formação.
A quarta na avaliação de desempenho.
A quinta na retenção de pessoal (incluindo
os sistemas de compensação). A sexta
no outsourcing e nas reestruturações
empresariais. E a sétima nas disfunções
organizacionais.
O livro termina com um epílogo
com as 33 ideias chave dos autores.
Gomes, J. F., Cunha, M. P., Rego, A.,
Cunha, R. C., Cardoso, C. C. & Marques,
C. M. (2008). Manual de gestão de pessoas
e do capital humano. Lisboa: Silabo, 878
pp. [S2 GOME2].
Les représentations d'attachement chez
l'enfant/Coordonné par
Chantal Zaouche-Gaudron et Blaise
Pierrehumbert. Enfance, 60(1), 2008. [R3].
TORNE-SE
leitor
DA BIBLIOTECA
DE 2ª A 6ª FEIRA • 09:30H ÀS 23:00H
SÁBADO • 10:00H ÀS 18:00H
Entrevista
Amedeo Giorgi
Amedeo Giorgi foi o primeiro investigador a elaborar um método fenomenológico aplicado à psicologia nos 60.
Com um background em psicologia experimental, alterou o seu percurso académico e iniciou o projecto
de uma psicologia científica humana. Fundador do Journal of Phenomenological Psychology,
tem mais de 130 artigos em revistas internacionais, entre outras obras livro publicadas. Apresentamos-lhe,
de seguida, não o investigador, mas o homem e o cidadão norte-americano. Enquanto, nos EUA,
decorria a eleição para o futuro presidente, Amedeo Giorgi tecia-nos alguns comentários acerca deste acto eleitoral.
ISPA
Fale-nos um pouco do seu percurso como psicólogo.
Qual a vertente da Psicologia em que trabalha?
Especializei-me em Psicologia Fenomenológica e métodos
de investigação. Actualmente sou professor de Psicologia
no Saybrook Institute, em São Francisco. Tirei o PHD
na UAW-Ford University e, mais tarde, fui trabalhar para uma
empresa de Consultadoria, no Kentucky, num complexo militar
no âmbito da Psicologia Experimental. No entanto, foi depois
de ter lido William James, que abordava os vários tipos
de consciência, que me comecei a interessar mais sobre outras
áreas da Psicologia.
Nessa altura, já havia várias oportunidades na área
da Psicologia?
Em 1958 existiam poucas saídas profissionais na área
da Psicologia Experimental e, como nesta altura, a Rússia tinha
lançado o Sputnik e os EUA tinham de se colocar a par dessa
evolução, surgiram novas oportunidades e fui recrutado para
trabalhar como Psicólogo Experimental, só que esta função só
fazia sentido se rebentasse uma 3.ª Guerra Mundial porque
o meu trabalho envolvia a área militar. Como não estava interessado
em que rebentasse a 3.ª GM, sai da empresa e fui dar aulas na
Manhattan University.
E como é que surgiu a Fenomenologia na sua vida?
Nesta transacção entre trabalhos, ouvi falar da Fenomenologia
e, como procurava algo com mais sentido, comecei a pesquisar
sobre esta área. Em 1962, a Dusquein University convidou-me
para ajudar na construção do Departamento de Psicologia
Fenomenológica no âmbito da investigação. Estive 25 anos
nesta universidade onde me especializei em Psicologia
Fenomenológica e métodos de investigação. Um dia decidi
que precisava de mudar porque houve alterações no departamento.
Estou há 22 anos no Saybrook Institute.
É professor convidado do ISPA. Como surgiu esta ligação?
Há três anos, o prof. Daniel Sousa do ISPA perguntou-me se
estava disponível para participar num novo Mestrado do ISPA1.
Respondi logo positivamente.
No dia das eleições na América, 4 de Novembro,
estava no ISPA. Qual dos candidatos apoiava?
O homem certo ganhou. Não sou democrata nem republicano.
1
Prof. Amedeo Giorgi tem participado no Mestrado de Relação de Ajuda
– Perspectivas da Psicoterapia Existencial. Em particular, tem contribuído
para a aplicação do método fenomenológico, no contexto da investigação
psicológica, no seminário de dissertação do referido mestrado.
58
Sou independente e, por isso, sinto-me livre para votar naquilo
que considero ser o correcto na altura. No entanto, desde
que o presidente George W. Bush chegou ao poder que tenho
sido sempre democrata porque considero que foi o pior
presidente que os EUA já tiveram.
O que é que o leva a dizer isso?
Na minha opinião, o governo de George W. Bush actuou
sempre no sentido de favorecer os ricos. Na América, temos
um lema que é o ‘Government of the people, by the people,
for the people’ e no caso de Bush, este lema converteu-se
em ‘Government of the privileges, by the privileges, for the privileges’.
Ele é um presidente autoritário e discordei de muitas das suas
decisões.
Enquanto cidadão norte-americano, como é que viu estas
eleições em termos de particularidades; ou seja, o
primeiro candidato afro-americano do lado democrata e uma
vice-presidente mulher do lado republicano?
Com Barack Obama no poder, tenho a certeza de que ele vai
trabalhar para um bem comum. No que diz respeito
às particularidades dos dois partidos, teria votado na Hillary
Clinton, se ela tivesse sido a candidata democrata em vez
do Obama, mas nunca votaria nos republicanos e, muito
menos, na Sarah Pallin. Em relação a tudo o que se disse
sobre as questões raciais, voto nos valores e tudo o resto
é secundário. Esta eleição mostrou algum nível de maturidade
do povo americano.
No que diz respeito aos dois candidatos, quais
os pontos fortes e fracos que identifica em cada um?
Identifico-me com os valores do Barack Obama. Além disso
é jovem. Como advogado que é, conhece a Constituição e isso
faz-me sentir confiante. John McCain falou muito da guerra
e chegou mesmo a referir, durante a campanha, que se fosse
necessário, os EUA estariam em guerra nos próximos cem
anos. Eu não quero isso para o meu país. Outro problema
relacionado com as políticas republicanas é que John McCain
se acercou de pessoas muito ligadas à religião, o que, no meu
entender, não foi positivo porque estas não dão o melhor
sentido à religião. Nem a imagem de um herói de guerra me
fez vacilar na minha escolha porque isso não faz dele
um bom presidente.
59
ISPA
Como é que acha que estas eleições foram ‘transmitidas’
para o resto do mundo?
Nós, americanos, sabemos que a reputação dos EUA baixou
bastante desde que George W. Bush se tornou presidente
e, por isso, sabíamos que o mundo estava a observar-nos.
Esta situação notou-se ainda mais quando Barack Obama se
deslocou à Alemanha e conseguiu juntar 150 mil pessoas para
o ouvir. Foi nesta altura que percebemos que a Europa estava
de olhos postos em nós.
Que tipo de implicações é que a crise económica que
afecta os EUA pode vir a ter na Europa e em Portugal?
Existem várias versões para explicar a crise económica.
Alguns economistas alegam mesmo que ela já existia
e que era previsível. Na América, os pobres sustentam
os ricos. É assim que o sistema funciona. As pessoas que
poderiam corrigir esta situação não estão no poder
e assim nada podem fazer. Quem está no poder suporta
os ricos porque, por exemplo, têm interesses na banca.
No entanto, estou de acordo com o facto de o Estado ter
intervido na situação bancária, mas, na minha opinião, talvez
devesse tê-lo feito de outra forma. Mas o que é facto,
é que, se isto não tivesse acontecido, teríamos entrado
em depressão tal como sucedeu nos anos 30.
E do ponto de vista social?
É difícil avaliar o impacto social nos EUA quando ainda impera
o sentimento individualista ao contrário do que acontece
na Europa. Muitos norte-americanos são movidos pelo medo,
dando possibilidade a governos como o de George W. Bush
de, por exemplo, justificarem uma guerra acreditando
que se combaterem o inimigo no território deles, eles não
vão atacar no nosso. Esta é a ideia do social nos EUA
em contraponto com o que acontece na Europa. No entanto,
existe um problema no meu país que se prende com o desemprego. As pessoas estão, de facto, preocupadas com esta questão e
isto torna-as mais egoístas, apesar de ainda não sabermos do real
impacto que esta crise vai ter porque ainda está no início.
Já que mostrou ser contrário à guerra, pode-nos explicar
o que é que se passou em relação aos psicólogos da APA
(American Psychological Association) que estiveram no
Iraque a serviço?
A APA colocou psicólogos nas salas de interrogatório durante
a guerra do Iraque, mas a associação dos médicos, psiquiatras
e antropólogos negou a presença de profissionais destas áreas
nestes interrogatórios, ao contrário da APA que não negou
o seu envolvimento.
E porque é que esta situação se verificou?
Esta situação aconteceu porque existem muitos psicólogos na
APA a trabalhar directamente no sector militar e, portanto,
votaram a favor do seu envolvimento nos interrogatórios.
Quando os restantes profissionais da APA
tiveram conhecimento desta situação, juntaram-se para protestar
no sentido de transformar a APA na associação americana
dos psicólogos para a ética na psicologia. Chegou mesmo a ser
feito um referendo, através do qual os vários associados foram
chamados a responder à questão sobre se os psicólogos
deveriam ou não participar nestes interrogatórios.
E quem venceu?
Felizmente, os contra a participação ganharam. A implementação
desta regra demorou dois anos e foi um processo difícil
porque cerca de 65% dos psicólogos da APA trabalham
para o Governo e, por isso, trabalharam a favor do seu próprio
interesse. No final, fomos a votos e mudámos de presidente
e de conduta da associação.
ISPA
C O M U N I D A D E
60
I S P A
OCUPAÇÃO
DE TEMPOS
LIVRES Crianças
divertem-se
no ISPA
Terminaram as aulas dos graúdos e o ISPA foi ‘invadido’
pelos mais novos. Cerca de 40 crianças, entre os 2 e os 16
anos, filhos de funcionários e docentes do ISPA, participaram
no "Espaço de Férias”. Esta Ocupação de Tempos Livres,
organizada pela primeira vez, decorreu entre 23 de Junho
e 31 de Julho e 1 e 13 de Setembro.
A par das muitas actividades temáticas, o grupo foi também
brindado com várias visitas, nomeadamente a Alfama, ao Chiado,
ao elevador de Santa Justa e a Belém onde, além de um
piquenique nos jardins, visitaram o planetário. Nem mesmo
os pastéis de Belém faltaram neste dia…
O ÚLTIMO DIA
Além do colorido e da alegria que trouxeram à Escola, esta
iniciativa revelou-se um sucesso que agradou a pais e filhos,
estando prevista a sua repetição, já no próximo ano.
Mata-piolho, lencinho, monopólio, uno, futebol, gincanas, arco,
Party & Co. foram alguns dos jogos de grupo dinamizados pela
equipa de animadores.
Além dos jogos, dos desenhos e das pinturas, a pequenada
também teve a oportunidade de confirmar se tinha talento
para a culinária, fazendo, sob o olhar atento dos responsáveis,
salame, mini-pizzas, bolachinhas e gelatinas.
Para o assinalar em grande, as crianças e coordenadores,
pertencentes ao primeiro grupo, organizaram, a 31 de Julho,
um lanche, com apresentação de alguns trabalhos
e fotografias, para o qual convidaram os pais.
No caso do segundo grupo, a data foi assinalada com
a "Grande Aventura Espaço Férias", acção composta por jogos
e gincanas. Além do prémio de participação, foram ainda
distinguidos o grande vencedor, o melhor rapaz, a melhor
rapariga e a melhor jovem promessa. Tabletes de chocolates
e gomas foram as recompensas.
61
ISPA
“Tal mãe, tal filha!” Se a minha filha Sara ficou com uma
ideia tão positiva do ATL do “trabalho da mãe” (como
ela sempre diz), então a mãe só tem motivos para dizer
bem de uma forma geral: bem da “ideia”, bem das pessoas
que a representaram (Ana, João, Patrícia, Miguel e Inês)
e bem do “ISPA” por ter dado “luz verde” à iniciativa.
ISPA atento às necessidades
de funcionários e docentes
“O ISPA sempre se distinguiu por ser uma Instituição
pioneira e de excelência académica. Assumiu-se também
desde sempre como eclético e pluralista nos seus
interesses e actividades. A formação e investigação
académica, intervenção na comunidade ou divulgação
cultural e artística são áreas pelas quais tem sido
amplamente reconhecido.
Mas o que verdadeiramente caracteriza e diferencia
o ISPA é a preocupação com o bem-estar e satisfação
dos seus alunos, funcionários e docentes.
Foi precisamente com este espírito que surgiu a ideia
de criar um espaço de Ocupação de Tempos Livres
que visava, para além de lhes oferecer um espaço
no qual pudessem confiar os seus filhos, reforçar laços
entre todos e criar proximidade.”
TESTEMUNHOS
“Gostei muito do ATL do ISPA e aquilo que mais
me agradou foi conhecer novos amigos e participar
nas actividades. Gostei muito dos jogos; da comida
que fizemos (Pizzas, Bolos); dos passeios (Planetário,
Belém, Jardim) e dos filmes que vimos. Também adorei
os monitores que foram fantásticos. Gostaria muito que
o ISPA continuasse com o ATL.”
Passaram-se bons momentos de convívio, não só entre
as crianças, mas também entre filhos e pais (pelo
tempinho extra que passaram juntos nas viagens)
e até entre colegas de trabalho (porque fizeram-se
cumprimentos, trocaram-se palavras e sorrisos sobre
um assunto que é alegria comum de todos …
os nossos filhotes!).
A minha filha é uma criança tímida e eu pensei que por
ela nunca ter frequentado um ATL ou Jardim de Infância
que era capaz de não se sentir bem, mas pelo contrário,
ela adorou e progrediu!
Obrigado e até à próxima!
ORLANDA PÔLA
(FUNCIONÁRIA)
“O ATL do ISPA foi excelente. Permitiu uma oportunidade
de relacionamento diferente para a minha filha Sara.
Acho a ideia excelente, proporcionando um maior leque
de escolhas para os pais durante o período de férias
escolares e criando diferentes opções de preenchimento
dos tempos livres.
Também achei excelente o relacionamento criado com
todos os intervenientes e prometo que, na próxima
oportunidade de ATL-ISPA, colocarei as minhas filhas
nas actividades diárias existentes.”
JOSÉ FERREIRA
PEDRO ALEXANDRE FONSECA
(PARTICIPANTE)
(ALUNO)
ISPA
62
“Falar do ATL no ISPA é seguramente falar de uma
iniciativa que olhei inicialmente com alguma reticência
mas que, no final, me deixou muito feliz. E deixou-me
feliz porque deixou três índios endiabrados mortos
de alegria e desejosos que amanhã chegasse já hoje.
Os três índios (que são meus filhos, já se vê) adoraram
a experiência: conheceram novos e bons amigos,
partilharam com os crescidos brincadeiras de fazer
com (e não de ser vigiado a fazer) e viveram longos
dias no mesmo espaço físico da mãe, que os deixou
radiantes – também podiam espreitar o gabinete da mãe.
E todos os dias se repetia a cena: ‘Podemos ficar mais
um bocadinho?’ quando os ia buscar e logo de seguida
‘Podemos ir ao teu gabinete?’
Tudo isto só pode ter acontecido porque se sentiram
muito bem. Adoraram o ATL do ISPA e eu só posso
dizer que também adorei o ATL do ISPA.
Não queria deixar de agradecer a esta instituição
a iniciativa bem como ‘ao João, à Patrícia, ao Miguel
e à Inês’ que deram aos meus índios um lugar na tenda
da alegria.”
MARIA OLÍVIA RIBEIRO
(DOCENTE)
“Gostaria de agradecer ao ISPA esta excelente
iniciativa que se revelou um êxito. Às pessoas
que os acompanharam durante este período, Patrícia,
Ana, Inês, Miguel e João, um MUITO OBRIGADO,
pelo carinho, dedicação, atenção e respeito que tiveram
para com os nossos filhos.
Como todos sabemos, é muito “stressante”, e complicado,
conciliar a vida profissional com as férias escolares
dos nossos filhos, levantando-se sempre a questão
de onde os deixar durante este período.
Neste sentido, a possibilidade de os ter perto de nós,
com a certeza de que são bem tratados e acompanhados,
resolve-nos o problema, com ganhos tanto a nível laboral
como a nível pessoal.
Achei o centro ATL muito bem organizado, oferecendo
um vasto leque de actividades didácticas e divertidas,
e promovendo a interacção e boa relação entre todos
os participantes, sendo, aliás, prova disso os laços
de amizade criados, que duram até hoje.
Recebi do meu filho as melhores impressões, sendo
frequente a sua manifestação de desejo de regressar
e reencontrar todos os amigos e monitores.”
ANA PAÇÓ
(FUNCIONÁRIA)
63
ISPA
RECEPÇÃO AO CALOIRO
Para
mais tarde
recordar
O ano lectivo de 2008/09 arrancou com os caloiros ispianos a serem alvo
das tradicionais praxes académicas.
Sempre com a tónica da brincadeira como elemento principal, os novos elementos puderam,
através das iniciativas lúdicas, características de uma recepção ao caloiro,
conhecer melhor a Instituição e a própria cultura ispiana.
ISPA
Entre 15 e 19 de Setembro, os caloiros
do ISPA foram os actores principais
de uma história que jamais esquecerão.
A entrada na universidade constitui
uma experiência única e, como tal,
é um momento marcante no seu
percurso pessoal e académico. Para
que a data fosse assinalada em grande,
a Comissão Organizadora da
Recepção ao Caloiro (CORC)
do ISPA proporcionou aos caloiros
um vasto e diversificado programa
de actividades que tinham como
objectivo o seu acolhimento e integração.
Embora, no presente ano lectivo,
o número rondasse os 220, apenas
50 caloiros participaram nas diversas
actividades planeadas pela organização,
nas quais também estiveram presentes
115 veteranos, que não quiseram
perder a oportunidade de praxar os
alunos recém-chegados.
Apesar da fraca afluência, os caloiros
envolvidos demonstraram sempre
uma grande boa disposição e muita
vontade de participar. Rally paper ISPA,
jogos tradicionais, debates, eleição da
Miss e Mister Caloiros foram algumas
das actividades realizadas.
No primeiro dia, os novos membros
foram surpreendidos como uma aula
fantasma (praxe tradicional no historial
da Instituição), dada por professores
‘do outro mundo’, figuras aterrorizadoras
interpretadas pelos alunos João Álvaro,
Ana Pereira e Michael Reynolds.
Se a ideia era assustar os novos
elementos, pode-se dizer que o objectivo
foi atingido em pleno já que nem todos se
aperceberam desta partida.
Desvendada a brincadeira, foi a risada
geral e a garantia de que os professores
do ISPA não são nada parecidos com
aqueles que ali viram.
Actividades para
todos os gostos
A par desta aula e da discussão
e aprovação, por unanimidade,
do Código de Praxe, que decorreu
em simultâneo noutra sala, o dia ficou
também marcado pelo Rally ISPA.
Dança, mímica, malabarismo e jogos
tradicionais, como o de receber um
ovo como o seu melhor amigo dessa
semana ou o de procurar malaguetas
na farinha, foram algumas das actividades
em que participaram durante toda a tarde.
Já no segundo dia, a primeira atracção
recaiu sobre o jogo do ‘Trivial
Psicologia’. Através deste jogo,
em que veteranos adaptaram algumas
das categorias aos temas da Psicologia,
os caloiros tiveram um primeiro
contacto com alguns dos conceitos-chave
que os vão acompanhar ao longo
da sua formação académica.
64
De seguida, um novo rally, mas, desta
feita, o Rally Tascas por Alfama. Ao
superarem cada uma das provas, sete
no total, os participantes tinham direito
a beber um copo de sangria. Imitação da
cantora britânica Amy Winehouse,
encenação da última ceia e construções
humanas (por exemplo, Torre Eiffel)
foram algumas das provas com que se
confrontaram.
O debate sobre o espírito académico
e a experiência dos veteranos
no ISPA/caloiros dominou o programa
de actividades do terceiro dia.
Além da eleição da Miss e Mister Caloiro,
respectivamente Íris Martins e João
Maria Ameal, o penúltimo dia ficou
ainda marcado pelo Tribunal de Praxes
onde foram julgados e avaliados
os comportamentos dos caloiros
e dos veteranos.
A noite terminou em grande animação
com o jantar do caloiro, no refeitório
do ISPA, e com uma festa de recepção,
denominada Welcome to the jungle.
No dia seguinte, viveu-se um
dos momentos mais importantes
e emblemáticos de todo o programa,
com as atenções a recaírem sobre
o Baptismo Académico, realizado
no miradouro de Santa Luzia. Um
momento de que todos gostaram
e do qual não se vão esquecer tão cedo.
O fim
de uma
TRADIÇÃO
O aluno do ISPA, João Maria
Ameal, foi eleito o Mister Caloiro
’08 ao nível das faculdades de
Lisboa. Este era um dos títulos
que já fugia ao ISPA, há vários
anos. A eleição, inserida
na Mega Recepção ao Caloiro,
realizou-se na Expo, nos dias 24
e 25 de Setembro, contando
com a participação de várias
universidades de Lisboa.
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