LICENCIADOS ISPA ENTREVISTA PAULA CARNEIRO P.O.W.E.R. CONSULTING – PONTES ENTRE UNIVERSIDADE E MERCADO TRABALHO HOMENAGEM A CHICO MENDES ISPAO1 D E Z E M B R O 2 0 0 8 ISPAO1 FICHA TÉCNICA COORDENAÇÃO Daniel Sousa [email protected] REDACÇÃO Ana Cabral Gabinete de Comunicação e Imagem [email protected] APOIO REDACÇÃO Cláudia Moura Gabinete de Comunicação e Imagem APOIO TÉCNICO Ricardo Romão Departamento de Audiovisuais do ISPA DISTRIBUIÇÃO Maria Afonso Coxo Departamento de Mailings do ISPA DESIGN GRÁFICO Golpe de Estado PAGINAÇÃO Golpe de Estado, Ricardo Romão IMPRESSÃO PAC - Artes Gráficas, Lda. TIRAGEM 6000 exemplares PROPRIEDADE – ISPA índice 04 NOTÍCIAS 08 PROTOCOLOS INTERNACIONAIS 18 ENTREVISTA Antigos alunos ISPA – Paula Carneiro 10 DOSSIER – LICENCIADOS ISPA 26 APRESENTAÇÃO P.O.W.E.R. Consulting 30 CENTRO DE INVESTIGAÇÃO E INTERVENÇÃO 32 CONFERÊNCIAS ISPA 37 TUTORIAS PEDAGÓGICAS 38 CONSELHO CULTURAL Exposição Camões a Pessoa 47 59 DEPARTAMENTO DE FORMAÇÃO PERMANENTE (DFP) COMUNIDADE ISPA OCUPAÇÃO DE TEMPOS LIVRES 50 62 CENTRO DE DOCUMENTAÇÃO Notícias • 50 Escaparate • 52 Destaques • 53 Revistas temáticas • 54 RECEPÇÃO AO CALOIRO 40 CENTRO DE ESTUDOS INTERCULTURAIS (CEI) Homenagem a Chico Mendes •40 O Outro Lado da Quinta da Fonte • 43 Concurso de Fotografia • 44 Breves • 46 56 ENTREVISTA Professor Convidado ISPA Amedeo Giorgi 5 ISPA CONCURSOS DE ATRIBUIÇÃO DE BOLSAS DE INVESTIGAÇÃO N O T Í C I A S BOLSAS DE INTEGRAÇÃO NA INVESTIGAÇÃO (BII) As bolsas de integração na investigação (BII) destinam-se, preferencialmente, a estudantes do ensino superior nos anos iniciais de formação e com bom desempenho escolar, inscritos em instituições nacionais do ensino superior público ou privado. I COLÓQUIO DE PSICOTERAPIA PSICANALÍTICA Alejandro Ávila Espada, Catedrático de Personalidade, Evaluación y Psicológicos (Psicoterapia), na Universidade Complutense de Madrid, foi o conferencista internacional convidado para participar no I Colóquio de Psicoterapia Psicanalítica: Modelo (s) em Psicoterapia Psicanalítica. Com um invejável percurso académico e profissional, de onde se destacam as mais de 200 publicações editadas, Alejandro Ávila Espada é actualmente o Director Clínico da Ágora Relacional, dedicada à clínica e à formação contínua em saúde mental. Este tipo de bolsa tem por objectivo estimular o início de actividades científicas e o desenvolvimento do sentido crítico, da criatividade e da autonomia dos estudantes do ensino superior através da prática da investigação, da aprendizagem dos seus métodos e da participação na vida de instituições de investigação, devendo os bolseiros ser integrados em equipas de projectos de investigação, e ter um doutorado da instituição de acolhimento como supervisor. A Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) apoiará a concessão destas bolsas nas duas unidades de Investigação e Desenvolvimento do ISPA, com financiamento plurianual, nos seguintes projectos: Unidade de Investigação em Eco-Etologia: • Biologia dos Organismos Aquáticos Unidade de Investigação em Psicologia Cognitiva do Desenvolvimento e da Educação: • Affective components of learning in pre-adolescents, adolescents and college students • Family and peer influences to child social development Organizado pela Associação Portuguesa de Psicoterapia Psicanalítica (APPSI), em colaboração com o Instituto Superior de Psicologia Aplicada (ISPA), o colóquio realizou-se entre 7 e 8 de Novembro, nas instalações do ISPA, contando com presença de outros investigadores e especialistas nacionais e internacionais na matéria. Ética e relação terapêutica; formação, ensino e investigação e supervisão foram alguns dos temas abordados. • Improving the quality of family child care services • Literacy Practices and written language acquisition • Organizational catalysers and organizational human behaviour • Perceptions of justice and their impact on deviant behaviour and citizenship ISPA Neste momento, o ISPA dispõe dos seguintes apoios sociais: • Bolsas de estudo do MCTES – no presente ano lectivo candidataram-se 444 alunos. BOLSAS DE ACÇÃO SOCIAL Como espelho das dificuldades económicas com que se debatem muitas famílias portuguesas, o ISPA viu, este ano lectivo, a necessidade de ampliar os apoios concedidos pelo Conselho de Acção Social. Esta ajuda concedida pela Instituição abrange alunos com carências económicas e que não sejam abrangidos pelas bolsas atribuídas pelo Fundo de Acção Social do Ministério da Ciência e Tecnologia do Ensino Superior (MCTES). Outra das vertentes inseridas neste plano de apoios sociais, resulta de uma maior flexibilidade no que respeita a situações em que os alunos apresentem dificuldades de pagamento. Finalmente, o Gabinete de Acção Social passa a ser o canal privilegiado de comunicação entre os alunos e a banca, nos casos de recurso a empréstimo bancário. • Bolsas de estudo do ISPA – destinadas a alunos, que por vários motivos expressos em regulamento, não podem candidatar-se às Bolsas do MCTES. No presente ano lectivo candidataram-se 14 alunos. • Redução de propina – destina-se a alunos candidatos às bolsas descritas anteriormente, permitindo a redução de propina até ao recebimento da bolsa. • Situações excepcionais – destina-se a alunos que por motivos de força maior (i.e. doença súbita, morte, desemprego sem outro meio de sustento) estejam impossibilitados de pagar as propinas na sua totalidade. Cada caso é analisado individualmente e sujeito a aprovação superior podendo ser atribuída bolsa a fundo perdido. • Flexibilidade de pagamento – destina-se aos alunos que comprovadamente apresentem dificuldades na liquidação das mensalidades. Sujeito a análise e aprovação do Conselho de Acção Social Escolar. • Empréstimos bancários – qualquer aluno poderá dirigir-se ao Gabinete de Acção Social no sentido de obter aconselhamento acerca das alternativas existentes na banca para empréstimos de formação. Qualquer que seja a dificuldade apresentada pelo aluno, o Gabinete de Acção Social é o local a que deve recorrer para que a situação seja analisada, encaminhada e resolvida da melhor forma. Para mais informações, contacte o Gabinete de Acção Social via e-mail [email protected] ou ligue 21 881 17 25. 6 Certificação, Validação e Creditação de Competências para Titulares da Licenciatura em Psicologia Aplicada O Conselho Científico do ISPA nomeou, ao abrigo da Portaria n.º 401/2007, de 5 de Abril e do decreto de lei n.º 64/2006 de 21 de Março, uma comissão que tem como incumbência proceder à certificação de competências académicas e profissionais de titulares da Licenciatura de Psicologia Aplicada do ISPA. Os requisitos exigidos, para a candidatura e para efeitos de prosseguimento de estudos no Mestrado Integrado em Psicologia, são os definidos nos suplementos do regulamento dos concursos especiais de acesso e ingresso nos cursos de primeiro ciclo e ciclos de estudos integrados do ISPA. O período de candidaturas teve início a 8 de Setembro e decorreu até 28 de Novembro. Para mais informações, contacte o secretariado do Conselho Científico do ISPA através d0 e-mail [email protected]. 7 ISPA N O T Í C I A S 25 anos na Rua Jardim do Tabaco ‘Onde estão os alunos de 1983-84?’ Esta foi a pergunta que o Instituto Superior de Psicologia Aplicada (ISPA) lançou no âmbito da comemoração dos 25 anos da sua localização na Rua Jardim do Tabaco, em Santa Apolónia. JOGAR "NO REINO DAS HISTÓRIAS" Reflectir sobre assuntos sérios brincando. Foi o que um grupo de psicólogos demonstrou, ser possível, ao reunir, num mesmo espaço, um grupo de pais e filhos não só da comunidade ispiana como do exterior. O ISPA foi o local escolhido para a realização desta acção lúdico-didáctica, promovida pelos Laboratórios Pais/Filhos da Rede de Intervenção na Família (RIF) e pela Instituição. Realizada a 22 de Novembro, pela primeira vez, a experiência tinha como objectivo estimular a reflexão em torno das questões do ser pai e filho e do crescer em conjunto. Para assinalar esta data tão importante no seu historial, a Instituição está a organizar um conjunto diversificado de iniciativas, que visam juntar antigos e actuais alunos e docentes para um encontro muito especial. A primeira acção aconteceu no dia 14 de Novembro, pelas 18.30h, na Sala de Actos. Tratou-se de uma mesa redonda intitulada ‘Os Psicólogos nas Autarquias’. Paulo Louro, da Câmara Municipal de Azambuja; Frederico d’Éça, da Câmara Municipal de Sintra; Paula Peixoto, da Câmara Municipal de Lisboa e Margarida Gama, da Câmara Municipal de Alenquer, foram os conferencistas convidados. Cada um partilhou a sua experiência e trabalho desenvolvido num contexto muito específico – as autarquias. Todos os meses, a Instituição organizará uma mesa redonda dedicada a várias temáticas. ISPA Ordem dos Psicólogos Portugueses À semelhança de outras profissões, também os psicólogos portugueses têm uma Ordem. Depois de sucessivos pedidos e de vários anos à espera, este grupo de profissionais viu finalmente satisfeita uma das suas maiores exigências em matéria de regulamentação. Com a entrada em vigor da lei n.º 57/2008, de 4 de Setembro, os psicólogos passam a dispor de um diploma e de uma estrutura que lhes confere as bases e os estatutos para a prossecução do exercício da sua actividade. Entre outros pontos, o presente documento reitera a obrigatoriedade de os profissionais licenciados em Psicologia terem de possuir necessariamente uma licenciatura com a duração de quatro ou cinco anos, anterior à data de 31 de Dezembro de 2007, para serem reconhecidos pela Ordem (art. 51º alínea b). Para mais informações, consulte www.ispa.pt. ISPA recebeu investigadores internacionais Coube ao investigador Hal Whitehead, da Universidade Dalhousie, no Canadá, a honra de encerrar o Ciclo de Conferências em Psicologia e Ciências do Comportamento 08, organizado pelo Centro de Investigação e Intervenção (CII) do ISPA. A iniciativa, que decorreu entre os meses de Fevereiro e Novembro, revelou-se um sucesso, com centenas de alunos e docentes a marcarem presença nas diversas sessões realizadas. Vários foram os investigadores, das mais diversas áreas científicas, que vieram ao ISPA apresentar os seus estudos e investigações em curso. Foi o caso do português Ricardo Gil-da-Costa, de Angela Maitner, de Michel Fayol, de Inge Bretherton, entre muitos outros. Além das apresentações, também houve espaço para a colocação de questões aos conferencistas convidados, um momento muito apreciado pelos participantes. 8 GABINETE DE RELAÇÕES EXTERNAS Protocolos Internacionais Com uma tradição académica de quase meio século ao serviço do Ensino Universitário da Psicologia em Portugal, o Instituto Superior de Psicologia Aplicada (ISPA) integra, na sua estrutura, um Gabinete de Relações Externas, que estabelece a ponte com instituições académicas, educacionais, políticas, religiosas e sociais de âmbito nacional e internacional. UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAPÁ Entre outras funções, este Gabinete interage com o exterior de forma organizacional em termos de acordos académicos, científicos, pedagógicos e de cooperação mais ampla, adequando a sua função e importância às constantes renovações e transformações que se verificam na sociedade contemporânea. UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA UNIVERSIDADE DE SANTA CRUZ DO SUL UNIVERSITÀ DEGLI STUDI DI MILANO – BICOCCÀ Além do acolhimento de docentes e discentes erasmus e do apoio à colocação de alunos estagiários em instituições de prestígio nacional e internacional, este Gabinete também actua no sentido da promoção e dinamização da movimentação de docentes para investigação científica e actividade pedagógica bem como na escolha e elaboração de parcerias. Estimular e fomentar a mobilidade intelectual, recolher, sistematizar e divulgar toda a informação relativa à mobilidade docente e discente nacional e internacional constituem outras das suas premissas. A componente externa, nacional e internacional deste Gabinete, aliada ao aspecto renovador do estímulo à investigação científica internacional, de que o ISPA sempre se orgulhou, contribui com a sua forte e intensa acção, através de protocolos com as Universidades de Roma «La Sapienza», Milão, Nápoles, Florença, Paris, Estrasburgo e ainda: UNIVERSITÀ DEGLI STUDI DI NAPOLI “FREDERICO II” UNIVERSITÀ DEGLI STUDI DI ROMA “LA SAPIENZA” UNIVERSITÀ DEGLI STUDI DI FIRENZE UNIVERSITÉ DE GENÈVE – FACULTÉ DE PSYCHOLOGIE ET DES SCIENCES DE L’EDUCATION CENTRO CULTURAL DE MATALANA / MAPUTO – MOÇAMBIQUE UNIVERSITÉ PARIS VII – L’UNITÉ DE RECHERCHE EN PSYCHOSOMATIQUE (URPS) UNIVERSITÉ DE METZ – FACULTÉ DE LETTRES ET SCIENCES HUMAINES – LABORATOIRE DE PSYCHOLOGIE SOCIAL E DU CENTRE DE RECHERCHE EN SCIENCES SOCIALES CENTRO INTERUNIVERSITÁRIO TICINESE – LUGANO – SUÍÇA UNIVERSIDADE AUTÓNOMA DE MADRID – FACULDADE DE PSICOLOGIA UNIVERSITÉ DE PROVENCE – FORMATION DOCTORALE DE PSYCHOLOGIE SIRPIDI – INTERNATIONAL SCHOOL OF RESEARCH AND EDUCATION ON CLINICAL PSYCHOLOGY AND PSYCHOANALYTICAL PSYCHOTHERAPY – ROMA UNIVERSITÉ DES SCIENCES HUMAINES DE STRASBOURG EUROPEAN ASSOCIATION FOR COUNSELLING 11 ISPA d D O S S I E R Licenciados do ISPA Conheça o testemunho de três antigos alunos do ISPA que souberam agarrar as oportunidades. André Soares, Andreia Rodrigues e Joana Duarte são exemplos de jovens que souberam levar a bom porto o sonho de se formarem em Psicologia. ISPA O ISPA foi a sua primeira opção? Não só foi a primeira como foi também a única. O que o levou a escolher esta instituição? Na altura em que tive de escolher a instituição de ensino superior que iria frequentar, o ISPA foi uma das que me transmitiu maior confiança. Esta escolha foi feita um ano antes de ingressar no ensino superior e ficou reforçada durante o meu último ano do secundário, quando comecei a namorar com uma rapariga que frequentava a instituição. Alguns meses antes de ingressar no ISPA, tive a oportunidade de assistir a uma aula de Introdução à Psicologia, tendo sido, provavelmente, o único ou dos únicos alunos que teve a primeira aula ainda antes de ingressar. Quanto tempo demorou até encontrar o primeiro emprego? É um pouco difícil responder. Na verdade, nem cheguei sequer a procurar. O primeiro emprego surgiu praticamente dez meses antes de terminar o curso. Estava ainda a frequentar o quinto ano do Mestrado Integrado. Foi um processo fácil ou nem por isso? Não foi nem fácil nem difícil. Acabou por ser um processo natural. Fiz o meu estágio no INTEC – Instituto PSICOLOGIA SOCIAL E DAS ORGANIZAÇÕES ANDRÉ SOARES de Tecnologia Comportamental. Aí tive a possibilidade de trabalhar com a directora geral da empresa onde hoje estou a trabalhar. Foi ainda durante o estágio que recebi o convite para ingressar nesta empresa. Foi a muitas entrevistas? Na verdade, não fui a nenhuma entrevista antes de ingressar no meu actual emprego… a não ser à entrevista que me deu acesso ao estágio. Em que locais trabalha? Na empresa Factor Social. Que funções desempenha actualmente e desde quando? Sou Coordenador da Área da Formação, desde Setembro, e ainda sócio e membro do Conselho Fiscal do INTEC. 12 Como classifica os tempos em que esteve no ISPA? Por um lado, foram tempos difíceis. Foi difícil abandonar a cidade que me viu crescer (Tomar) e vir para Lisboa. Passei por algumas dificuldades financeiras. Para as colmatar, tive de arranjar emprego. Por outro lado, foram dos melhores anos da minha vida. Os amigos, os professores, a aprendizagem, as festas, etc. Houve ainda o trabalho que desenvolvi no Conselho Pedagógico do ISPA, na Associação de Estudantes, no Gabinete de Bolonha e na Assembleia de Representantes que me permitiu um enorme envolvimento com o ISPA e com toda a família Ispiana - professores, alunos e funcionários. Que tipo de conhecimentos considera que o ISPA lhe deu e que facilitaram a sua inserção no mundo do trabalho? Além dos conhecimentos académicos que oferece, o ISPA proporciona ainda um desenvolvimento pessoal. Não consigo imaginar uma instituição de ensino superior sem a proximidade entre alunos e professores que existe no ISPA, sem as múltiplas actividades desenvolvidas como, por exemplo, os debates, as exposições e os ciclos de cinema, que contribuem não apenas para a formação de profissionais como também para a formação de pessoas e de cidadãos conscientes. 13 ISPA Alguma vez equacionou que tinha feito uma escolha ‘errada’ em termos de futuro e que deveria ter seguido outra área? Sinceramente não. Sentiu uma grande diferença/choque quando chegou ao mercado de trabalho? A maior diferença que senti foi a ausência do ISPA porque sempre passei lá muito tempo. Além das actividades que já referi ter tido no ISPA, fui ainda monitor na sala de informática dos alunos. Já em termos de inserção no mercado de trabalho, não senti grande diferença. Encarei-a apenas como uma mudança de carreira, uma vez que, durante o tempo em que estive no ISPA, trabalhei para conseguir pagar o curso. Durante o tempo do curso, pensou, muitas vezes, que poderia não conseguiri arranjar um emprego na sua área? Evidentemente que a ideia me passou pela cabeça. Acho que qualquer aluno que frequente um curso de Psicologia passa por isso. Aliás, foi, precisamente, a escassez de emprego que, muitas vezes, me deu força. Sabia que tinha de me diferenciar para arranjar emprego e julgo que todos os estudantes do ISPA devem ter em mente que só se diferenciando é que conseguem alcançar aquilo que ambicionam. Trabalhar noutras áreas, que não a Psicologia, foi algo que surgiu no seu imaginário? Existem sempre momentos de dúvida e também aquele pensamento de “como seria se estivesse noutro curso?”. No entanto, estou feliz com a escolha que fiz e com a carreira que escolhi. Na sua opinião, quais são as maiores dificuldades com que os actuais e futuros psicólogos se deparam na actualidade? Creio que a principal dificuldade é a mesma que existe em grande parte das profissões em Portugal – o desemprego. No entanto, neste aspecto, julgo que também existe um problema que é a falta de empreendedorismo. Os psicólogos recém-licenciados queixam-se de falta de emprego, mas também, com algumas excepções, não fazem por procurar novas oportunidades de negócio. Neste campo, o INTEC – Instituto de Tecnologia Comportamental é um excelente exemplo de como os psicólogos conseguem criar, neste caso, juntamente com profissionais de outras áreas, projectos inovadores e com elevado potencial. Como podem ser superadas essas situações que aponta? Tal como disse anteriormente, os psicólogos devem tornar-se mais pró-activos, mais empreendedores. Existem várias áreas na Psicologia que ainda não estão muito exploradas em Portugal e que podem dar origem a novos projectos. São disso exemplo, a Psicologia Política e a Psicologia do Ambiente. A este nível, julgo que as instituições de ensino superior podem assumir alguma importância. Estas devem ser capazes de estimular o empreendedorismo junto dos seus alunos. Esta poderá ser, inclusivé, uma arma num contexto em que aumenta a competitividade entre instituições de ensino superior. Se hoje tivesse que escolher o ‘seu’ curso voltaria a optar pela Psicologia? Sem dúvida. ISPA O ISPA foi a sua primeira opção? Sim. O que a levou a escolher esta instituição? Foi o prestígio da universidade na área de Psicologia e os amigos que já estudavam lá. Quanto tempo demorou até encontrar o primeiro emprego? Três meses. Foi um processo fácil ou nem por isso? Sinceramente acho que tive sorte. Fiz um estágio com jovens que tiveram um percurso de vida delinquente, e com eles desenvolvi alguns programas que foram depois reconhecidos por orgãos dos serviços prisionais. Ao enviar o curriculum para esses serviços, fui chamada para os conhecer melhor. Foi a muitas entrevistas? Apenas à dos serviços prisionais. Em que locais trabalha? No Estabelecimento Prisional de Tires e na Escola Profissional Agostinho Roseta em Marvila. PSICOLOGIA EDUCACIONAL ANDREIA RODRIGUES Que funções desempenha actualmente e desde quando? Sou psicóloga e professora da disciplina de área de integração numa escola profissional. Como classifica os tempos em que esteve no ISPA? Classifico-os com uma certa nostalgia: retiro as amizades que fiz e os conhecimentos que adquiri. Que tipo de conhecimentos considera que o ISPA lhe deu e que facilitaram a sua inserção no mundo do trabalho? O ISPA deu-me a base do meu trabalho. Tudo o que faço a nível profissional “vai beber” às fontes teóricas que me foram transmitidas e das quais destaco as do quarto ano de Psicologia Educacional. 14 Sentiu uma grande diferença/choque quando chegou ao mercado de trabalho? Completamente. Mas acho que o estágio curricular é um grande treino para aquilo que vamos encontrar lá fora. A meu ver, o curso deveria começar a sua vertente prática mais cedo do que aquilo acontece, ainda que com pequenos investimentos, porque assim as inseguranças poderiam ser menores. Durante o tempo do curso, pensou, muitas vezes, que poderia não conseguir arranjar um emprego na sua área? Esse pensamento esteve presente na minha mente desde o primeiro ano do curso até ao primeiro emprego. Dadas as actuais instabilidades, ainda continuo a pensar um pouco. Alguma vez equacionou que tinha feito uma escolha ‘errada’ em termos de futuro e que deveria ter seguido outra área? Só senti isso na passagem do terceiro para o quarto ano, no momento da escolha da especificidade, mas dois meses depois de ter escolhido educacional soube que tinha tomado a decisão certa. 15 ISPA Trabalhar noutras áreas, que não a Psicologia, foi algo que surgiu no seu imaginário? Sim, sou pouco apologista dos sucessivos estágios curriculares por não se encontrar algo melhor na área. Considero que assim se alimenta um ciclo de pouco reconhecimento da nossa profissão e de justificação para as empresas, instituições e serviços de saúde de não investirem uma parte do seu orçamento na nossa profissão, mesmo que a considerem imprescindível. Como tal, sempre tive disposta a usar a minha criatividade e motivação laboral para outros campos. Na sua opinião, quais são as maiores dificuldades com que os actuais e futuros psicólogos se deparam na actualidade? A sobrelotação do mercado de trabalho e os excessivos convites para trabalhar sem remuneração em troca de experiência profissional. Como podem ser superadas essas situações que aponta? Com optimismo, paciência e criatividade porque a motivação para trabalhar é algo latente. Se hoje tivesse que escolher o ‘seu’ curso, voltaria a optar pela Psicologia? Hoje é-me difícil rever noutra opção porque sou fruto do amadurecimento como psicóloga e como estudante de Psicologia. ISPA 16 O ISPA foi a sua primeira opção? Sim. a nível pessoal e profissional de que ainda hoje me recordo. O que a levou a escolher esta instituição? Na altura em que concorri falava-se muito da vertente dinâmica do curso de Psicologia e este foi um aspecto que me interessou de imediato. Também conhecia algumas colegas que tinham estudado no ISPA e que falavam muito bem sobre o curso e sobre a universidade. Que tipo de conhecimentos considera que o ISPA lhe deu e que facilitaram a sua inserção no mundo do trabalho? Em termos globais, o curso prepara-nos mais ao nível dos conteúdos para sermos bons profissionais no futuro, mas ao nível da preparação para a entrada no mercado de trabalho, considero que não houve tanto essa preocupação. Quanto tempo demorou até encontrar o primeiro emprego? Mais ou menos seis meses. Foi um processo fácil ou nem por isso? Foi um processo que se revelou muito difícil porque, depois de ter terminado o curso, tive de me inscrever em muitos sites e de procurar informação sobre como responder e agir no momento das entrevistas. Esta não foi uma vertente em que o ISPA apostou durante a licenciatura. Também foi um investimento pessoal do ponto de vista monetário porque tive de comprar mais do que um jornal para ver os anúncios. PSICOLOGIA CLÍNICA JOANA DUARTE Foi a muitas entrevistas? Bastantes e ainda continuo a ir. Em que locais trabalha? Trabalho na PSIMAR, em Faro, e nos "Ginásios de Educação DaVinci" em Faro, Armação de Pêra e Albufeira. Que funções desempenha actualmente e desde quando? Faço psicoterapia individual, há poucos meses, e dou formação na área da Psicoterapia; Psicofarmacologia e Neuropsicologia. Além destas funções, também estou inserida num projecto na minha região (Faro) relacionado com a Segurança Social. Como classifica os tempos em que esteve no ISPA? Foram tempos de grande aprendizagem Sentiu uma grande diferença/choque quando chegou ao mercado de trabalho? Diferença não tanto. Foi mais falta de apoio que senti porque não estava preparada para procurar trabalho. Foi uma área em que o ISPA não apostava tanto e por isso não tinha muitos conhecimentos nesta área. Durante o tempo do curso, pensou, muitas vezes, que não poderia conseguir arranjar um emprego na sua área? Nunca. 17 ISPA Alguma vez equacionou que tinha feito uma escolha ‘errada’ em termos de futuro e que deveria ter seguido outra área? Não. A Psicologia é uma vocação. Trabalhar noutras áreas, que não a Psicologia, foi algo que surgiu no seu imaginário? Na altura do curso não, mas depois, com as dificuldades com que me confrontei, pensei algumas vezes. Na sua opinião, quais são as maiores dificuldades com que os actuais e futuros psicólogos se deparam na actualidade? Para os actuais psicólogos é a escassez de trabalho. Para os futuros, é mais ao nível da má formação que existe no momento, culpa de algumas instituições de ensino que não preparam correctamente os alunos para o mercado de trabalho. Como podem ser superadas essas situações que aponta? É necessário uma análise dos conteúdos e uma aposta na inclusão de novas cadeiras e com uma maior vertente de prática. Porque não uma cadeira de procura de emprego para ajudar os alunos? Se hoje tivesse que escolher o ‘seu’ curso, voltaria a optar pela Psicologia? Sim. 19 ISPA ENTREVISTA A N T I G O S A L U N O S I S P A e Carreira construída a pulso Paula Carneiro, antiga aluna do ISPA, é dona de um curriculum invejável. Licenciada em Psicologia Social e das Organizações, a Directora de Recursos Humanos da Microsoft é um caso de sucesso no mundo empresarial onde só os melhores chegam ao topo. ISPA 20 21 ISPA Alguma vez imaginou que, aos 41 anos, estaria a dirigir o Departamento de Recursos Humanos na área de consumo internacional online para a Europa, Médio Oriente e África (EMEA) de uma multinacional como a Microsoft? Não tinha propriamente um objectivo definido e o meu percurso foi-se construindo à conta das oportunidades que iam surgindo e que fui abraçando. Cursou Psicologia entre 1995/1990. O que é que a levou a escolher o ISPA? Basicamente o querer fazer o curso de Psicologia e, na altura, as referências sobre o curso do ISPA serem mais fortes em termos práticos do que propriamente o curso da Universidade Clássica, que era mais teórico e menos vocacionado para as organizações. Também o haver mais saídas profissionais e mais opções de escolha em termos de futuro pesaram. Nesta fase já sabia que queria enveredar pela área das organizações? Não. A escolha foi sendo feita de acordo com aquilo que ia vendo e percebendo e que achava que era, mais ou menos, coincidente comigo. No final, decidi por uma vertente mais prática e mais de acção empresarial porque via o curso de clínica muito psicanalítico e não era bem isso que me via a fazer e que me ia realizar. Na recta final do curso decidiu ir fazer Erasmus e apostar na formação… Fui no último ano (1989/90) para a Université d’Aix – Marselha, em França. Aproveitei o tempo em que lá estive para fazer uma pós-graduação de Ergonomia Cognitiva e para preparar a minha monografia. Ergonomia? Na altura, a maior parte das pessoas perguntavam-me o que era isso e o que é que ia fazer com essa formação. Confesso que nem eu própria sabia responder a essas perguntas, mas fui na mesma. Em suma, fui gastar dinheiro e fazer uma formação que não era linear, nem para mim nem para ninguém. Enquanto os meus colegas estavam em Portugal a fazer estágios e a ganhar, eu estava fora. Quando regressei, vim fazer um estágio no Banco de Portugal sem ganhar nada porque, como fui a última, já não havia estágios remunerados disponíveis. Alguma vez se arrependeu dessa decisão? Não. Foi uma experiência que a fez crescer? Sem dúvida e a vários níveis. Todas as experiências têm o efeito de nos permitir crescer, mais do que não seja porque estamos num ambiente e cultura que não são os nossos. Considera que, na altura, o curso do ISPA já respondia às suas exigências e às do mundo empresarial? Havia, pelo menos, uma tentativa de aproximar o quarto e quinto anos do curso à realidade da gestão e da vida empresarial. Por exemplo, no quarto ano já estudávamos uma série de aspectos que tinham a ver com a gestão e com a vida empresarial, que foram para além das expectativas do próprio curso de Psicologia em si. Foram conhecimentos que nos permitiram uma ligação muito importante e concreta à vida das organizações. E em relação ao curso no seu global? Houve coisas que definitivamente foram muito importantes ISPA “Várias vezes me perguntava sobre como ia ser o meu futuro. Confesso que este era um dos meus maiores fantasmas.” não porque depois as tivesse aplicado directamente, mas porque funcionaram como instrumentos que me serviram para perceber determinadas formas de fazer as coisas. É o caso de métodos e técnicas que aprendemos, por exemplo, no segundo ano. Ainda hoje, passados tantos anos, me lembro das cadeiras do prof. Rui Bártolo, nomeadamente as que tinham a ver com os testes psicotécnicos, com as estatísticas e com as matemáticas, como aulas importantes. Durante a licenciatura houve professores que a marcaram, a ponto de a influenciarem no seu percurso? Houve claramente pessoas que me marcaram de formas diferentes e umas mais do que outras. É o caso do prof. Carlos Marques que foi, de longe, a pessoa que mais me marcou em termos de formação e das opções que tomei depois de deixar o ISPA. Além deste professor, também os docentes Rui Bártolo e Miguel Pina e Cunha foram importantes. 22 Depois de terminar a licenciatura deparou-se com um dilema comum a vários alunos. O futuro… Na altura, tive o dilema de se devia continuar a estudar, porque tinha óptimas notas e, no ISPA, havia alguma vontade de que continuasse, ou se devia entrar no mundo das organizações. E como resolveu esse conflito? Depois de ter acabado o curso, tentei fazer um bocadinho das duas. No primeiro ano, continuei a dar aulas no ISPA. Estive um ano como assistente do prof. Carlos Marques, na cadeira de Ergonomia Cognitiva. Foi uma experiência para a qual contribuíram muito os conhecimentos que adquiri na minha pós-graduação. A par das aulas, também estive na Portugália a fazer uns trabalhos até que depois entrei para a Marconi como estagiária. Pode-se dizer que, de certa maneira, a sua entrada no mundo do trabalho está muito associado à Ergonomia… Pode-se dizer que sim porque o meu primeiro percurso pós ISPA está muito ligado a essa área que estudei. Foi complicado encontrar o primeiro emprego? Não foi muito linear. Várias vezes me perguntava sobre como ia ser o meu futuro. Confesso que este era um dos meus maiores fantasmas. Apesar de ter uma série de conhecimentos e de ter boas notas, não achava que fosse nada linear encontrar um primeiro emprego porque não tinha muito mais para mostrar do que um curriculum académico, com referências aos projectos de voluntariado em que tinha participado durante o curso. 23 ISPA Mas, naquela altura, não havia várias opções? O que havia mais era a formação através dos cursos de Fundo Social Europeu. Muitos dos meus colegas foram fazer de formadores ou recrutamento porque existiam muitas empresas desta área que tinham sempre recém-licenciados a fazer entrevistas ou a corrigir testes, mas eu sabia que não queria fazer nem uma coisa nem outra. Fui a muitas entrevistas onde claramente não fui seleccionada porque achava estas funções muito limitativas. E isso não a desmotivou? Não. As entrevistas são sempre momentos de aprendizagem. Se, por um lado, tenho a noção de que alguns dos parâmetros, que coloquei para mim própria, no início, me podem ter condicionado no arranjar do primeiro emprego, por outro lado, posso dizer que me ajudaram. É que quando encontrei um emprego, encontrei aquilo que queria. Só levei foi mais tempo do que os colegas. Enquanto esteve no ISPA foi participando em diversos projectos paralelos a par dos estudos. De que tipo? Eram projectos que não tinham necessariamente a ver com a formação do ISPA ou com aquilo que estava a aprender. Eram sobretudo ao nível da cidadania e alguns deles pioneiros. Trabalhei na Confederação Nacional das Associações de Famílias, com a Dra. Teresa Costa Macedo, em projectos pioneiros nos bairros degradados de Lisboa e também na Liga dos Deficientes Motores com a Dr.ª Margarida Faria. Já nesta altura se notava em si a vontade de fazer algo pelos outros… Pode-se dizer que sim. Sempre gostei de abraçar projectos pioneiros e vê-los avançar. Ajudar outras pessoas e contribuir para construir algo que possa ser útil a terceiros foram aspectos que sempre me agradaram. Aconselha, por isso, os alunos a apostarem noutras ocupações a par dos estudos? Acho que é importante que as pessoas tenham outro tipo de ocupações enquanto estudam. Quando olhamos para os jovens fora de Portugal, é muito normal que todos eles ocupem os verões a trabalhar ou a fazer um estágio. Eles ocupam aqueles dois a três meses em actividades profissionais, que mais não seja para ganharem dinheiro. Também é muito normal que as pessoas tirem tempo antes de começarem a trabalhar, por exemplo, para viajarem, para conhecerem outras realidades. Por que é que isso não acontece com os portugueses? Nós ainda não somos tão abertos a este tipo de experiências. Quando alguém envereda por aí é considerado quase um louco ou alguém que não está bem da cabeça porque foge àquele percurso certinho, a que ainda estamos habituados. Ainda somos uma sociedade muito tradicionalista em termos da forma de abordar as opções profissionais. Depois dos primeiros empregos, quer na companhia de aviação Portugália quer na Companhia Portuguesa Rádio Marconi, como chegou até à ICL? Posso dizer que este foi o primeiro grande desafio profissional em termos de mundo empresarial que abracei com vínculo mais definitivo. Foi através de um anúncio de jornal, que tinha a ver com a área da Qualidade de Serviço. Estavam a pedir alguém recém-licenciado/júnior que quisesse aceitar o desafio de integrar a ICL Fujitsu num programa que, na altura, tinham de Eurograduados; isto é, as pessoas iam um ano para fora fazer formação e depois regressavam para a empresa, em Portugal, para aplicarem e desenvolverem uma outra área. Mesmo não tendo directamente a ver com aquilo que estava a fazer ou que tinha estudado, respondi porque achei que podia ter muitas ligações à Ergonomia e acabei por ser seleccionada. ISPA “Quando uma pessoa entra para as multinacionais, e vai fazendo o seu trabalho, é comum que acabe por ser desafiada para desempenhar funções no estrangeiro” Quanto tempo lá permaneceu? Entrei em 1991 e sai no início de 1997. No primeiro ano estive em Inglaterra a fazer formação e a trabalhar na área da Qualidade de Serviço. Depois regressei a Portugal com responsabilidades nessa área e, em 1995, voltei novamente para Inglaterra onde estive cerca de dois anos a trabalhar como Directora de Qualidade na área de sistemas financeiros da ICL. Nunca pensou em recusar o desafio de ir trabalhar para fora? Não. Achei que era a altura certa para fazer este tipo de apostas porque ainda não tinha nem filhos nem grandes responsabilidades familiares. Quando uma pessoa entra para as multinacionais, e vai fazendo o seu trabalho, é comum que acabe por ser desafiada para desempenhar funções no estrangeiro e temos de estar preparados para essa mudança. 24 Que lições retirou desta sua experiência no estrangeiro? A grande aprendizagem foi sobretudo em termos de método de trabalho. O facto de ter ido viver para um país como a Inglaterra e de trabalhar numa multinacional permite-nos adquirir, logo à partida, metodologias de trabalho muito diferentes das portuguesas em termos de disciplina, de organização, de horários. E, pelo meio, ganhar um prémio… Sim. O prémio de Excelência de Qualidade foi para a ICL Portugal. Era uma espécie de Globo de Ouro que foi entregue, pela primeira vez, a uma empresa de serviços na área de tecnologia da informação, em Portugal. Em que se traduziu esse prémio? Em termos pessoais, este reconhecimento valeu-me um prémio anual da companhia, dado a apenas 20 colaboradores entre os milhares de funcionários. Como classifica a sua experiência no estrangeiro do ponto de vista pessoal? Também foi uma experiência muito boa porque, quando voltei para Portugal e deixei a ICL, toda a organização, planeamento e metodologias com que fui sendo confrontada se revelaram muito importantes e úteis na gestão da minha vida pessoal. Tenho a certeza de que, se assim não tivesse sido, não teria feito a carreira que fiz e não teria tido três filhos. Quer isto dizer que a passagem por Inglaterra a ensinou a conciliar os vários papéis associados à mulher? Sem dúvida que aprendi muito nos anos em que vivi no estrangeiro através da organização e do planeamento. Foi toda uma aprendizagem que me ajudou mas, mesmo assim, diria que ainda hoje, é preciso ser quase artista de circo para se conseguir fazer tudo. 25 ISPA É um exemplo para muitos alunos, e sobretudo alunas, de que é possível, em pleno século XXI, a realização pessoal e profissional… Sim, mas preparem-se para a dureza da coisa. Nas entrevistas e em processos de selecção é comum perguntarem-nos sobre se é possível ter filhos e conciliar as várias vertentes. A minha reposta é de que sim, mas de que não é fácil. Por exemplo, não se consegue chegar onde cheguei a trabalhar das 9:00h às 18:00h. Costumo dizer que se as pessoas não estiverem preparadas para fazer sacrifícios, dificilmente conseguirão vencer. É preciso estar mesmo consciente das dificuldades… Na minha vida não houve nada que me tivesse caído do céu pelo facto de ter sido boa aluna ou de ter tido boas oportunidades. Às vezes as oportunidades estão lá, mas as pessoas não as agarram. Quando fui estudar Ergonomia, que ninguém percebia para o que é que servia, não era nada óbvio para mim que aquilo seria depois uma mais-valia quando fui seleccionada para trabalhar na área da Qualidade. Confesso que, na altura, esta aposta na formação foi assim um bocadinho um tiro no escuro. Seguiu-se a experiência de Directora de Recursos Humanos no Grupo Espírito Santo até 2003, ano em que ingressou na Microsoft. Como surgiu esta oportunidade? O desafio surgiu no final desse ano. Entrei com a responsabilidade de dirigir a direcção de Recursos Humanos que, na altura, era relativamente incipiente e, tal como na ICL Fujitsu, também vim criar quase tudo de raiz. Entre 2006 e 2007, acumulei duas funções na área de Recursos Humanos. No ano seguinte, tive uma função só de negócio e no estrangeiro que foi a de bussiness manager do vice-presidente da área da Europa Ocidental (chefe de gabinete). Algo diferente daquilo que estava habituada a fazer até então? Sim. Foi um desafio que decidi aceitar e que não tinha nada a ver com os Recursos Humanos porque achei que era importante para a minha formação e para a minha experiência. Era algo que me podia dar outro tipo de aberturas, de saídas e de aprendizagens. Foi sobretudo um ano de muita aprendizagem e de conhecimento de outras realidades. E quando surgiu a direcção de Recursos Humanos? Foi o último desafio que aceitei. Sou Directora de Recursos Humanos de uma região e de uma área de negócio muito nova na Microsoft. Trata-se de uma área muito de aposta de futuro que é a do consumo online para a região da EMEA (Europa, Médio Oriente e África). No final deste ano fiscal (até Junho do ano que vem), deverá conter cerca de 1.200 pessoas. Pode-se dizer que, ao longo do seu trajecto, foi sempre pioneira? Uma das coisas que mais me define é o gosto que tenho por construir coisas, por construir equipas, por construir família e por construir casas. É isto que gosto mesmo de fazer e que me dá um grande gozo. Se calhar devia ter sido engenheira civil ou arquitecta. Como se sente a dirigir o Departamento de Recursos Humanos e a pertencer aos quadros daquela que foi eleita a melhor empresa em Portugal para se trabalhar? É ao mesmo tempo um privilégio e uma grande responsabilidade manter o nível e a exigência que temos e que transmitimos. De certa maneira, cada um de nós é embaixador dessa imagem e de tudo aquilo que representa ser um símbolo nacional ao nível dos ambientes de trabalho em Portugal. ISPA Com uma vida profissional tão preenchida, como perspectiva o seu futuro daqui a uns tempos? Todas as opções estão em aberto e nesta medida posso dizer que tenho um problema feliz que é o de ter muitas por onde escolher. No entanto, neste momento posso dizer que estou satisfeita por estar a desenvolver projectos que sejam úteis à economia e à gestão das empresas, mais pela vertente das pessoas e, como tal, sinto que estou a construir algo e que estou a contribuir para o País e para o tecido empresarial. Que mensagem ou conselho gostaria de deixar aos actuais alunos? Em primeiro lugar que aproveitem bem os cinco anos não só para aprenderem como para se divertirem e para usufruírem daquilo que é a verdadeira vida académica. Este é um período fantástico do qual tenho bastantes saudades. Não se deixem abater pelas dificuldades e o facto de terem uma licenciatura em Psicologia não quer dizer que não possam trabalhar noutras áreas. Mais do que tentar ser igual a todos os outros, acho que cada um deve procurar aquilo em que é verdadeiramente único e usar as suas mais-valias e as suas forças pessoais para conseguir vender projectos às empresas. Ter bom senso, humildade para aprender sempre mais e trabalhar em equipa são fundamentais para o sucesso. Podemos concluir pelo seu discurso que um dos segredos para se alcançar o sucesso passa por explorarmos o que nos difere uns dos outros? De certo modo sim. Pensem no que têm de único e nas experiências ou vivências que vos diferenciam do resto das pessoas e criem um portfolio de oferta individual que seja único, apetecível e polivalente e que possa ser utilizado nas organizações em prol daquilo que elas a cada momento precisam. Quando todos tentamos ser iguais uns aos outros, fica mais difícil para as empresas decidir. 26 P E R F I L Casada e mãe de três filhos, Paula Carneiro licenciou-se em Psicologia Social e das Organizações, em 1985/1990, no ISPA. Possui uma pós-graduação em Ergonomia Cognitiva (1989/90), pela Unversité d’Aix – Marselha, França, e um Diploma em Estudos Avançados, na Universidade Católica Portuguesa, em 2001. Ao longo de vinte anos de carreira, passou por várias e conceituadas multinacionais, como é o caso da ICL Fujitsu ou da Microsoft, onde desempenha funções sobretudo ao nível da direcção do Departamento de Recursos Humanos. 27 ISPA A P R E S E N TA Ç Ã O p EMPREENDEDORISMO NA 1.ª PESSOA QUERER É p.o.w.e.r ISPA 28 Q UERER É p.o.w.e.r É com orgulho que pertencem à primeira junior enterprise da Europa na área da Psicologia Social e das Organizações. Embora já existam vários projectos semelhantes no nosso País e no estrangeiro semelhantes, a verdade é que estes estão associados às áreas de Economia e de Gestão, apresentando-se a P.O.W.E.R. Consulting, ISPA Junior Enterprise como pioneira no seu segmento. também surgiu a sua designação, resultado de um jogo de palavras. A cada letra atribuímos um dos conceitos-chave da área da Psicologia Social e das Organizações e assim chegámos a “Psicologia, Organização, Welfare, Empowerment e Re-inovação”, explica Ana Garcia. A ideia de a constituir surgiu inesperadamente no decorrer de uma aula de 4.º ano, do curso de Psicologia Social e das Organizações, no preciso momento em que um dos alunos folheava um jornal diário onde estava publicado um artigo referente à junior enterprise de uma instituição universitária portuguesa. “Foi na aula de Gestão de Projecto que um colega nos falou do projecto e nos questionou sobre a possibilidade de formarmos algo semelhante na nossa universidade”, relembra a Directora de Recursos Internos, Ana Garcia, de 21 anos. Da simples ideia à concretização do projecto passaram-se poucos meses. Foi ainda no decorrer do primeiro semestre de 2007/2008 que tudo se iniciou. “Começámos com sete pessoas e hoje já somos 17”. O facto de terem realizado, no contexto académico um projecto de implementação no âmbito da criação de negócio e de mudança estratégica, permitiu-lhes adquirir todo um conjunto de conhecimentos e ferramentas que se revelaram cruciais para o avanço da junior enterprise. Da mesma forma inesperada com que nasceu esta associação, de serviços de consultoria na área do Diagnóstico e Intervenção Organizacional das Pequenas e Médias Empresas (PME) OS PRIMEIROS PASSOS RUMO AO SUCESSO Depois de horas de pesquisas e de recolhida toda a informação necessária, o grupo avançou para a apresentação interna da sua ideia. “Tivemos uma reunião com a Direcção e falámos individualmente com cada um dos nossos professores 29 ISPA para lhes apresentarmos a P.O.W.E.R.”, realça a Directora de RH, sublinhando a imediata receptividade. “Não estávamos nada à espera mas o feedback foi muito positivo e motivador. Ficaram extremamente interessados”, destaca Tomás Rodrigues, de 23 anos, do Departamento de Comunicação Interna, enaltecendo o apoio oferecido pelo ISPA desde esse momento. Além do valor monetário, os alunos dispõe de uma sala, localizada no 3.º piso, onde funciona a sede da P.O.W.E.R. várias candidaturas que estamos a analisar”, esclarece Ana Garcia. Superadas as barreiras administrativas e os preconceitos da idade, os alunos puseram mãos à obra e daí ao primeiro trabalho foi um piscar de olhos. “O ISPA foi o nosso primeiro cliente ao adjudicar-nos o ‘Estudo de Mercado’. Tivemos 15 dias para o elaborar e cumprimos o prazo”, salienta Tomás Rodrigues, recordando as curtas férias que tiveram pelo meio. Concluídas as apresentações, avançaram para a grande etapa – o registo da junior entrepise na Conservatória. Foi nesta fase, tão crucial, que se depararam com os maiores obstáculos, incapazes, no entanto, de os demover do seu objectivo. “Como somos muito jovens, não acreditaram muito em nós e não nos deram grande credibilidade, mas o que interessa é que conseguimos registá-la”, refere Tomás Rodrigues. PROTOCOLOS ESTRATÉGICOS O facto de os projectos realizados pela junior enterprise necessitarem de supervisão técnica de profissionais com credibilidade no mercado e a necessidade de se colmatar uma possível instabilidade, resultante da rotatividade das equipas, levou-os a escolherem o professor Francisco Cesário para Presidente e Cláudio Osório para Director Geral Executivo desta organização assente em três níveis: Presidente, Direcção Geral Executiva e Direcção. Embora, até ao momento, os membros da junior enterprise sejam alunos finalistas, isto não significa que o projecto esteja em risco. “Fizemos um processo de recrutamento e recebemos Além da ligação ao ISPA e ao Departamento de Formação Permanente (DFP), os alunos também estão muito satisfeitos com a relação que estabeleceram com a HAYS – Líder Mundial em Recrutamento Especializado que consideram “um importante parceiro estratégico”. O contacto com esta instituição surgiu através de antigos alunos que aí trabalham e que divulgaram o projecto. “Ficaram logo interessados na ideia e entraram em contacto connosco”, revela Tomás Rodrigues. Para ter o maior sucesso, este projecto exige um grande empenhamento e dedicação dos alunos e isso está-lhes no sangue. O mais difícil é mesmo a conciliação com as actividades académicas. Porém, como profissionais que são, prometem sempre cumprir os objectivos a que se propõe nas duas áreas. Projectos de expansão e, quem sabe de internacionalização, podem surgir quando menos se espera. No entanto, ISPA 30 APRESENTAÇÃO ÀS EMPRESAS A P.O.W.E.R. Consulting apresentou-se, oficialmente, ao tecido empresarial, no dia 29 de Outubro. Deloitte, CTT, Tranquilidade, Hays e Accenture foram algumas das empresas que marcaram presença neste evento tão importante para a afirmação do projecto, nascido em contexto universitário. No final, a receptividade e interesse demonstrados pelos representantes das empresas foi interpretado pelos membros da Associação como um sinal positivo é com os pés bem assentes na terra, que avançam. “Queremos concentrar-nos no mercado nacional e aqui fazer bem e melhor. O futuro lá fora é uma incógnita…”, diz Ana Garcia, reconhecendo que se trata de uma organização com grandes mais-valias para oferecer ao mercado. “ de que o projecto agradou. O QUE É UMA ‘JÚNIOR EMPRESA’? Trata-se de uma organização sem fins lucrativos, gerida totalmente por estudantes universitários, com total autonomia em relação à Direcção da Instituição, com a Além de sermos uma fonte renovável de Recursos Internos, também podemos, pelas características do nosso projecto, cobrar metade do valor de custo de mercado”. qual mantém relações vantajosas, tendo como objectivo Na forja adivinham-se novos projectos e novos clientes bem como o estabelecimento de novas parcerias estratégicas e a criação de um site. O desenvolvimento de skills, a criação de um espírito basilar diminuir a distância existente entre o mundo académico e o mercado de trabalho. empreendedor e de inovação a par do fomento do ensino competente constituem alguns dos objectivos associados às ‘Juniores Empresas’. ÁREAS DE ACTUAÇÃO P.O.W.E.R. Diagnosis – para uma gestão da de uma empresa P.O.W.E.R. Training – para uma formação qualificante P.O.W.E.R. Market – para uma análise real do mercado P.O.W.E.R. Recruitment – para encontrar e integrar a pessoa certa no lugar certo P.O.W.E.R. Human Resources – para uma boa gestãodos Recursos Internos de uma empresa CONTACTOS Tel.: 218 811 700 (ext. 393) [email protected] • www.powerconsulting.pt 31 ISPA cii CENTRO DE INVESTIGAÇÃO E INTERVENÇÃO PROJECTOS DE INVESTIGAÇÃO com financiamento da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) Programa Polar Português Projecto do ISPA aprovado Os albatrozes são considerados globalmente ameaçados, em grande medida devido à mortalidade acidental que sofrem quando interagem com artes de pesca. O Programa Polar Português (ProPolar) consiste num conjunto de medidas propostas pelo Comité Português para o Ano Polar Internacional à Fundação para a Ciência e a Tecnologia, que visam promover o desenvolvimento da ciência polar portuguesa. Como temos suspeitas de que certos indivíduos se especializam em determinadas estratégias de alimentação associadas às embarcações de pesca, procuraremos investigar as causas e consequências de tais especializações, usando tecnologias de ponta, como GPS a colocar em aves e outros loggers que monitorizam as actividades das aves no mar, análises de isótopos estáveis para identificação de dietas e estudos genéticos ligados com o envelhecimento e o encurtamento diferencial de telómeros (extremidades dos cromossomas) em diversos indivíduos. A Unidade de Eco-Etologia do ISPA coordena um dos cinco projectos de investigação financiados no âmbito desta medida. De seguida, apresentámos-lhe o resumo das actividades compreendidas pelo projecto, num testemunho do Investigador Responsável, Prof. Paulo Catry, disponível no portal dedicado a esta iniciativa - www.portalpolar.com. Projecto ALBATROZ Especializações individuais em albatrozes: os efeitos da idade, da morfologia e de traços comportamentais Investigador Responsável: Paulo Catry Instituto Superior de Psicologia Aplicada Nos próximos anos, será realizado um estudo sobre especializações individuais em albatrozes-de-sobrancelha Thalassarche melanophris, com trabalho de campo nas ilhas Falkland e na Geórgia do Sul, nomeadamente, realizando análises comparativas entre estas duas regiões. Parte destes estudos serão realizados em colaboração com o British Antarctic Survey. Simultaneamente, serão utilizados os dados deste estudo a longo prazo para desenvolver a utilização dos albatrozes (o seu comportamento e dinâmica populacional) como instrumentos de monitorização do SW do Atlântico Sul e das alterações devidas às pescas e às mudanças climáticas de curto prazo, incluindo variações na temperatura do mar à superfície (SST). Em paralelo, Paulo Catry continuará com a sua actividade como Advisory Editor da Revista Científica Antarctic Science. ISPA 32 Novos projectos nas Ciências do Mar aprovados ÁREA CIENTÍFICA: CIÊNCIAS DO MAR Controlo neuroendócrino do comportamento reprodutor na tilápia de Moçambique: Mecanismos e efeitos do ambiente social Investigador Responsável: Rui Oliveira (Ref. Projecto: PTDC/MAR/72117/2006) Tácticas alternativas de reprodução em peixes teleósteos: o benídeo-pavão (Salaria pavo) como modelo de estudo Investigador Responsável: Rui Oliveira (Ref. Projecto: PTDC/MAR/69749/2007) Produção de sons em góbios de areia do género Pomatoschistus: comunicação inter- e intra-específica Investigador Responsável: Maria Clara Amorim (Ref. Projecto: PTDC/MAR/68868/2006) Variações da temperatura superficial do mar no Atlântico e tendências no sucesso alimentar, migração e dinâmica populacional de cagarras Calonectris diomedea Investigador Responsável: Paulo Catry (Ref. Projecto: PTDC/MAR/71927/2006) Mecanismos neuroendocrinológicos dos polifenismos reprodutores no blenídeo Salaria pavo Investigador Responsável: David Gonçalves (Ref. Projecto: PTDC/MAR/71351/2006) 33 ISPA C O N F E R Ê N C I A S I S PA C Do vasto programa, há a destacar, por exemplo, as conferências intituladas “S. Freud: O Mal estar na cultura – A cultura da culpa”; “L´incestualité dans le couple et la famille”; “Contemporary psychoanalysis, the self and hindu thought”; “Lement du contre transfert et rassemblement du sujet”. Foram momentos de enorme importância quer para os conferencistas quer para os participantes que tiveram a oportunidade, de num mesmo espaço, partilhar uma série de conhecimentos e de experiências. Ciclo de Conferências em Psicanálise e Psicoterapia Psicanalítica Frederico Pereira, Director do ISPA, encerrou a primeira edição do Ciclo de Conferências em Psicanálise e Psicoterapia Psicanalítica subordinada à temática da Interpretação. Tratou-se de uma iniciativa prestigiante para a Instituição, que recebeu alguns dos nomes mais conceituados na área da Psicanálise e da Psicoterapia Psicanalítica. Carlos Padrón, Jean-Pierre Caillot, Jorge Canestri, Manuela Utrilla, Smita Gouth, Luis Martin Cabré e Bianca Lechevalier foram algumas das figuras internacionais que participaram neste conjunto de conferências. Dedicadas à Psicanálise e à Psicoterapia Psicanalítica. “Del Narcisismo al Edipo” foi o tema da conferência inaugural, que decorreu a 15 de Outubro de 2005, no ISPA, e que contou com a presença de Carlos Padrón como conferencista principal. CONFERÊNCIAS REALIZADAS EM 2008 12 de Abril SUBJECTIVIDADE E NARCISISMO - Bernard Penot – 17 de Maio COMEMORAR, REMEMORAR, OLVIDAR - Prof. Juan Eduardo Tesone Ruanova – 31 de Maio THE OPEN-ENDEDNESS OF PSYCHOANALYSIS - Prof.ª Andrea Sabbadini – 27 de Setembro INTERPRETAÇÃO DA INTERPRETAÇÃO; INTERPRETAÇÃO DA CONSTRUÇÃO: SOBRE A METAINTERPRETAÇÃO - Prof. Doutor Frederico Pereira 15 de Novembro DOUBT IN THE ANALYSIS OF A PAEDOPHILE - Prof. Doutor Donald Campbell - ISPA ISPA recebe investigadora de referência na área da Vinculação Inge Bretherton, investigadora da Universidade de Winsconsin-Madison, nos EUA, foi a oradora convidada para analisar a temática das ‘Narratives about postdivorce family life by preschool children and their mothers: Do they reflect the quality of observed relationships?’. Foram vários os participantes que não quiseram perder a oportunidade de assistir à palestra de uma das mais conceituadas investigadoras na área da Vinculação e dos Afectos. Inge Bretherton é uma personalidade internacional de referência no âmbito da Psicologia do Desenvolvimento e do relacionamento entre mães e filhos. Foi inserida no Ciclo de Conferências em Psicologia e Ciências do Comportamento 2008, organizado pelo Centro de Investigação e Intervenção (CII) do ISPA, que a investigadora veio à Instituição. O convite partiu da linha 1 – Psicologia do Desenvolvimento, da Unidade de Investigação em Psicologia Cognitiva, do Desenvolvimento e da Educação (UIPCDE). Esta linha tem desenvolvido vários projectos de investigação, nomeadamente entre a qualidade da vinculação durante a infância e os domínios do desenvolvimento social, cognitivo e emocional. Durante mais de duas horas, a doutorada em Psicologia do Desenvolvimento, pela The Johns Hopkins University, em 1975, partilhou com a assistência, na sua maioria alunos e docentes, as conclusões dos estudos levados a cabo, nos últimos anos, em torno da Vinculação e dos Afectos. Considerada a primeira investigadora na área da Vinculação a desenvolver estudos sobre a Psicologia Cognitiva Moderna assim como sobre a representação mental e as origens da comunicação, Inge Bretherton tem em John Bolby e Mary Ainsworth as suas maiores referências. 34 As ligações entre dois campos do saber Psychanalyse et éducation: quelles possibilités de dialogue? foi o tema da conferência organizada pela Associação Portuguesa de Psicoterapia Psicanalítica (APPSI), em colaboração com o ISPA. Jeanne de Moll, presidente da AGSAS – Association des groupes de soutien au soutien. Aplication du Balint pour les einseignants, foi a conferencista convidada. A sessão realizada a 10 de Outubro, no Auditório Armando Castro do ISPA, constituiu uma oportunidade de reflexão para todos aqueles que se interessam pela aplicação da Psicanálise a contextos não clínicos. Ao longo da sua comunicação, a investigadora abordou a questão do modo com o acto educativo e a Psicanálise se estendem para além da relação dual habitual (clínica ou de investigação), ao grupal, às influências do inconsciente e da importância da afectividade nas aprendizagens. A presidente da AGSAS, associação que se dedica ao apoio daqueles que se movem no espaço escolar, local onde se ajudam as crianças a crescer, a integrar na cultura e na sociedade, interagindo com os outros, considera que é neste espaço de construção de saberes que se desenvolve o sentimento de si. É na relação com os educadores que a construção dos saberes toma forma. Na sua intervenção, Jeanne Moll colocou também o problema de se saber como é que os educadores podem aproveitar os conhecimentos da Psicanálise. Na sua opinião, as dificuldades escolares terão um sentido de organização psíquica, i.e., serão uma resposta relacional aos métodos de aprendizagem (como o é a formação do sintoma). Nesta matéria, a investigadora defende que a resposta reside na capacidade de se ir ao encontro do mundo interno da criança e de se estabelecerem ligações que permitam a retoma do acesso aos saberes. A terminar referiu-se a Freinet e à escola cooperativa onde há espaço para que os alunos cooperem e desenvolvam saberes e competências através das suas produções escritas - texto livre - num ambiente de confiança em que os próprios professores têm que se questionar sobre as suas atitudes profissionais. 35 ISPA Delegação portuguesa do ISPA em Itália 1- Cristina Quelhas em trabalho com Phil Johnson-Laird, no local da Conferência. Quatro investigadores do ISPA participaram na 6th International Conference on Thinking, que decorreu na ilha de San Servolo, em Veneza, entre os dias 21 e 23 de Agosto. O evento, que teve lugar num antigo manicómio, contou com a participação de alguns dos mais conceituados investigadores desta área, entre eles, Phil Johnson-Laird, Jonathan Evans, Ruth Byrne e Steve Sloman. Jorge Senos, Ana Cristina Quelhas, Teresa Garcia-Marques e Csongor Juhos constituíram a delegação portuguesa de investigadores da linha de investigação Cognição e Contexto presentes nesta conferência com os seguintes trabalhos: • Quelhas, A.C., Juhos, Cs., & Power, M.J. (2008). Individual differences and the function of counterfactual thinking. • Juhos, Cs., & Quelhas, A. C. (2008). Conditional inference under time constriction. • Senos, J., & Garcia-Marques, T. (2008). Causal context, the link between counterfactual and causal reasoning. • Garcia-Marques, T. (2008). Familiarity as a regulatory mechanism for dualistic cognitive architectures. 2- Jorge Senos com Cristina Quelhas e Csongor Juhos, com a ilha de San Servolo como fundo. ISPA 36 C Ciclo de Conferências em Reabilitação e Inserção Social “Sistemas e Contextos Prisionais” foi o tema escolhido para encerrar o Ciclo de quatro conferências, coordenadas por Arménio Sequeira, professor do ISPA, no âmbito da Pós-Graduação em Reabilitação e Inserção Social. Nesta iniciativa que participaram várias personalidades notáveis, referências nas suas áreas de investigação, que analisaram e reflectiram sobre alguns dos aspectos que afectam o tecido social. Serge Ebersold, da OCDE; Catherine Delcroix e Patrick Colin, da Universidade Marc Block, Estrasburgo, e Jawad Hajjam, da “Autonomie, Savoir et Compétences”, Estrasburgo, constituíram os restantes oradores participantes. Coube a Patrick Colin, da Universidade Marc Block, de Estrasburgo, o encerramento deste conjunto de palestras, realizadas entre 16 de Maio e 6 Junho, no Salão Nobre do ISPA. Além de uma perspectiva histórica sobre a pena de morte e os diferentes tipos de penas, Patrick Colin realçou o facto de, actualmente, se “procurar o que é que pode ajudar a inserção da pessoa após cumprimento de pena”, acrescentando que não se pode encarar “o trabalho como o único meio de Inserção Social, até porque os níveis de desemprego não o permitem”. Na sua intervenção apelou para a procura de outras estratégias que potenciem a Inserção Social de pessoas após cumprimento de pena. “Os Estudantes com Deficiência no Ensino Superior” de Serge Ebersold; Migração e o Desenvolvimento Social” de Catherine Delcroix e “Definição e Construção de Projectos em Reabilitação e Inserção Social” de Jawad Hajjam constituíram as restantes comunicações apresentadas durante esta iniciativa. Serge Ebersold, da OCDE, centrou a sua intervenção em torno da problemática da Escola, referindo-se em concreto à questão da discriminação que afecta a vida dos alunos portadores de deficiência. Além da referência aos diferentes tipos de deficiência, Serge Ebersold debruçou-se também sobre as diferentes formas de perspectivar a escola e o emprego. A temática da Migração foi o ponto de partida para a comunicação de Catherine Delcroix que iniciou a sua apresentação com uma perspectiva histórica da Emigração em França. Jawad Hajjam dividiu a sua exposição em três grandes pólos: A Empresa Social e a não discriminação; Empresas de Inserção e Como é que as Empresas de Inserção gerem o percurso das pessoas. A partir do exemplo da sua empresa “Autonomie, Savoir et Compétences”, Jawad Hajjam explicou a essência destes três pólos, referindo que na sua empresa têm como regra apostar na formação profissional em áreas onde realmente há emprego. Desta forma trabalham activamente a inserção da pessoa no mercado de trabalho. 37 ISPA C Psicologia Comunitária em debate Lisboa foi a cidade escolhida para acolher a II Conferência Internacional de Psicologia Comunitária. O evento, organizado pelo Departamento de Psicologia Comunitária, com o apoio do ISPA e da Sociedade Portuguesa de Psicologia Comunitária, decorreu na Fundação Calouste Gulbenkian, entre 4 e 6 de Junho. Mais de 550 participantes, vindos de 36 países dos cinco continentes, assistiram a este colóquio intitulado ‘A construção de comunidades participativas, promotoras de empowerment e diversificadas’. México, Japão, Estados Unidos da América, Itália, Alemanha, Brasil, Canadá e Austrália/Nova Zelândia foram alguns dos países representados nesta conferência, cuja realização foi precedida de sete Institutos Pré-Conferência. Parcerias Comunitárias, Prevenção da Violência Doméstica, Recovery das Pessoas com Doença Mental, Avaliação de Programas Comunitárias, Participação Comunitária de Jovens, LGBT e Investigação Participada constituíram os temas destes sete cursos de formação, que tiveram lugar no ISPA e na Fundação, nos dias 2 e 3 de Junho. Enquanto anfitrião, o ISPA fez-se representar por 10 professores e investigadores que apresentaram os seus trabalhos ou estudos em curso e por 10 alunos de Mestrado que expuseram comunicações ou posters relacionados com os trabalhos de dissertação, já terminados ou em fase de conclusão. Foram três dias de intenso trabalho e reflexão que culminaram na apresentação de cerca de 600 comunicações, disponibilizadas através dos mais variados formatos, nomeadamente sessões de debate, workshops e apresentações em poster. Além de José Ornelas, Presidente da Comissão Organizadora do Evento e de Idália Moniz, Secretária de Estado Adjunta e da Reabilitação, a sessão de abertura contou ainda com a presença de Wolfgang Stark, Presidente da Associação Europeia de Psicologia Comunitária; de Christopher Sonn, da Victoria University na Austrália e Presidente do Comité Científico da Conferência e de Maria João Vargas Moniz, Coordenadora Executiva da Conferência. A próxima conferência internacional terá lugar na cidade de Puebla, no México, desconhecendo-se ainda a data da sua realização. ISPA T TUTORIAS Tutorias Pedagógicas uma iniciativa da responsabilidade da Docente 38 Maria Olívia Ribeiro Decorrente da implementação do Processo de Bolonha nas faculdades surge, de forma quase imperativa, a necessidade de se renovarem os modelos pedagógicos no Ensino Superior, na medida em que este processo vem preconizar a construção do conhecimento de forma gradual, activa, participada e cada vez mais autónoma. Estes princípios só são possíveis de se incrementar através da introdução de tarefas e de actividades que levem os alunos, não só a adquirir o gosto pelo saber, como também a serem capazes de articular e relacionar os vários saberes. Para se ter uma ideia mais precisa, os cinco objectivos de aprendizagem (learning outcomes) preconizados para os alunos do primeiro Ciclo do Ensino Superior (estabelecidos na Conferência de Dublin – Dezembro de 2004) são: conhecimento e compreensão; aplicação de conhecimentos e compreensão; formulação de juízos; competências de comunicação e competências de aprendizagem. das 15:30h às 17:30h, na sala 304, com a Docente Maria Olívia Ribeiro, aberto a todos os alunos que entendam necessitar de um acompanhamento mais próximo e dedicado da sua situação pedagógica e académica. Este horário de atendimento poderá ser ajustado, caso se justifique, devendo os alunos interessados contactar a docente através do endereço electrónico [email protected]. A tutoria pode ser entendida como um processo que possibilita e oferece aos estudantes uma atenção individualizada, sistemática e integrada, com o intuito de facilitar a sua integração na Instituição e no meio académico, bem como promover o sucesso escolar e educativo, orientar na definição do seu plano de estudos e em todas aquelas actividades que complementem o seu desenvolvimento académico e profissional. Neste sentido, as tutorias apresentam-se como um espaço formativo privilegiado no desenvolvimento das potencialidades académicas, pessoais e relacionais dos alunos. Os principais objectivos do regime de tutórias são: • Fornecer orientação sobre procedimentos escolares e académicos • Auxiliar na integração dos alunos Um modelo pedagógico assente nestes princípios conduz a uma nova realidade para o Ensino Superior. É neste novo enquadramento do Ensino Superior Europeu que surgem algumas experiências de tutórias, nomeadamente no ensino superior português, relativamente às quais o ISPA não está alheio. • Encorajar e motivar É, exactamente, no âmbito do desenvolvimento de um projecto de Tutorias Pedagógicas, levado a cabo pelo ISPA, que foi criado um horário de atendimento semanal, às quartas-feiras • Diagnosticar potencialidades e dificuldades dos alunos • Desenvolver em conjunto competências de organização e metodologias de trabalho • Orientar e esclarecer dúvidas relacionadas com a organização da instituição e com o plano de estudos • Outros que se venham a revelar como importantes 39 ISPA C O N S E L H O C U LT U R A L E Psicologia, literatura e artes plásticas Por ocasião do 25.º Congresso Internacional “Literatura e Psicologia”, que teve lugar no ISPA, de 2 a 7 de Julho de 2008, esteve patente na Grande Galeria uma exposição intitulada Camões e Pessoa com obras dos pintores José de Guimarães e Costa Pinheiro. Para aproximar literatura e artes visuais que melhor do que a inspiração dos dois maiores vultos da literatura portuguesa por dois dos nossos maiores artistas contemporâneos. A vintena de trabalhos de José de Guimarães, ilustrando temas de Os Lusíadas, impunham-se pela riqueza cromática e arrojo desconstructivo da gramática muito peculiar do artista. As duas imponentes tapeçarias, representando um Camões herói-guerreiro da pena, completavam a evocação do vate. ISPA c Esta sessão da exposição abria com uma gravura de finais do século XVI, Lisboa no tempo de Camões, de Braunio, Civitates Orbis Terraum, Vol V, 1593 (?). Por sua vez Pessoa, os seus heterónimos e o imaginário pessoano eram evocados por Costa Pinheiro numa tapeçaria da Manufactura das Tapeçarias de Portalegre e em duas litografias de grande formato, uma das quais significativamente intitulada Espaço Poético de Fernando Pessoa com o seu chapéu, a sua caneta e os seus óculos “Maritimus”, 1979. José de Guimarães é hoje um artista cuja obra está amplamente divulgada no estrangeiro, nomeadamente no Japão. Costa Pinheiro, que trabalhou em Paris e sobretudo em Munique, é também um artista que deixou uma forte marca da arte e da literatura portuguesa além fronteiras. AM 40 41 ISPA cei C E N T R O D E E S T U D O S I N T E R C U LT U R A I S Homenagem a Chico Mendes “Um homem à frente do seu tempo” A emoção e o carinho com que Ângela Mendes falou do pai e do trabalho que este desenvolveu em nome da preservação da Amazónia comoveram todos quantos assistiram à conferência, realizada no ISPA, a 3 de Novembro. Passados vinte anos do seu assassinato, Chico Mendes permanece bem vivo no coração e na memória de todos quantos, ainda hoje, lutam pelos seus ideais. ISPA “Se me emocionar e chorar não se preocupem. É normal e acontece sempre que falo do meu pai”. Foi com estas palavras que Ângela Mendes, a filha do malogrado seringueiro brasileiro, assassinado por grupos de fazendeiros, a 22 de Dezembro de 1988, em Xapuri, Estado do Acre, na Amazónia, introduziu o seu discurso. Sempre cativante e comovente, Ângela Mendes deixou-se, por várias vezes, levar pela emoção que passou para a assistência, na sua maioria jovens estudantes. Para muitos destes alunos, a figura de Chico Mendes era, até aqui, totalmente desconhecida. Recordar o líder dos seringueiros, lançando, junto das comunidades mais jovens, a semente do trabalho que este ecologista nato desenvolveu no âmbito da luta pela preservação ecológica são alguns dos objectivos que Ângela Mendes, coordenadora do Comité Chico Mendes, pretende ao correr o mundo, divulgando a mensagem do seu pai. A sua vinda ao ISPA, que aconteceu no âmbito do Ano Europeu do Diálogo Intercultural, coincidiu com o facto de se assinalarem os vinte anos do assassínio do seringueiro conhecido como o ‘Homem da Floresta’. A organização desta iniciativa coube ao Centro de Estudos Interculturais Aziz Ab’Saber (CEI). Durante cerca de uma hora, Ângela Mendes e Gomercindo Rodrigues, grande amigo e companheiro de luta de Chico Mendes, falaram abertamente sobre a vida e obra deste 42 ecologista que, um dia disse, querer viver para salvar a Amazónia. Por ela, enfrentou tudo e todos, criando uma legião de inimigos que, mais tarde, em 1988, lhe ceifariam a vida, depois de sucessivas ameaças de morte e perseguições. Chico Mendes preservou até à morte o seu ideal de infância de amar e defender o meio ambiente. Considerava a floresta amazónica a casa, o lar de todos aqueles que ela abrigava: seringueiros, trabalhadores rurais, índios, pescadores ribeirinhos. Com todos, lutou pacificamente para neutralizar e consciencializar os predadores sobre as consequências da devastação ambiental. Chico Mendes sabia que a defesa da Amazónia era a defesa da própria vida dos que nela nasceram e tinham o direito de viver. Embora só na adolescência tenha sido alfabetizado, Chico Mendes era um verdadeiro doutor em matéria de ecologia. Conhecia a floresta da Amazónia, a sua fauna e flora, como poucos e, por ela, enfrentou o ódio de grupos de fazendeiros e de empresas, apostados na exploração e devastação da floresta. Mesmo sem grandes estudos e com muitas dificuldades pelo meio, o sindicalista conseguiu levar, a bom porto, a sua mensagem, mobilizando e consciencializando a sociedade rural e as Organizações Não Governamentais (ONG), nacionais e internacionais. Distinguido pela ONU, em 1987, com o prémio ‘Global 500’, Chico Mendes era, como familiares e amigos gostam de o recordar, “um homem à frente dos seu tempo”, “um homem predestinado a uma causa”. 43 ISPA Por diversas vezes, a emoção tomou conta do discurso e, mesmo com a voz embargada, Ângela Mendes e Gomercindo Rodrigues ofereceram, a todos os presentes, um momento especial, através do qual deram a conhecer a história de força e de coragem de um homem como poucos. “Tudo nele era intenso”. É assim que Ângela Mendes recorda o pai, um ser que, no seu entender, “nasceu com uma força para transformar o mundo”. Também para Gomercindo Rodrigues, falar do amigo é trazê-lo de novo para junto dos vivos. Para ele, Chico Mendes não morreu já que “ele está vivo nas ideias e nas sementes que plantou.” Ideais de uma vida Decorridas duas décadas sobre a morte de Chico Mendes, os seus ideais permanecem ainda vivos. A busca de melhores condições de trabalho e de vida para A sessão, toda ela muito dominada pela comoção, terminou com um outro momento de grande simbolismo, que não deixou ninguém indiferente. Com um semblante carregado e um olhar profundo, Gomercindo Rodrigues encerrou a sessão. Durante alguns minutos, e como faz questão de fazer sempre em todas as sessões em que participa para falar de Chico Mendes, recordou, pormenorizadamente, os últimos instantes que viveu ao lado do seringueiro, que pressentiu a chegada da sua morte. “Lembro-me de tudo como se fosse hoje”. Passados vinte anos, as palavras saem-lhe com a naturalidade de quem não esquece aquele momento tão triste para todos. as populações da floresta; de um desenvolvimento sustentável, baseado no uso dos recursos da floresta de forma não predatória, a partir dos conhecimentos são valores que ainda perduram. ISPA 44 cei Desmistificar, ou mesmo eliminar, o rótulo que lhe foi atribuído, mostrando o que de bom se faz naquele bairro, como é o caso dos inúmeros projectos de cariz social e cultural, foi um dos principais objectivos da conferência ‘Aprender na Apelação: Uma Comunidade, um Agrupamento, uma Acção’. O OUTRO LADO da Quinta da Fonte Os últimos acontecimentos registados, este verão, na Quinta da Fonte, na Apelação, trouxeram, uma vez mais, o bairro social para a ribalta mediática, descrevendo-o de violento, inseguro e xenófobo. Porém, nem só deste género de actos se conta a história da comunidade, na sua maioria africana, que aí reside. A iniciativa foi organizada pelo Centro de Estudos Interculturais Aziz Ab’Sáber (CEI), a 23 de Setembro, no âmbito do Ano Europeu do Diálogo Intercultural. Félix Bolânos, Délcio Martins, António Nascimento – Papaito, Mauro Pereira e Luísa Magnano foram alguns dos professores e animadores presentes nesta acção, em representação das várias entidades que intervêm junto da comunidade. São elas, o Agrupamento de Escolas da Apelação, a Associação de Jovens da Apelação, o Centro Comunitário da Apelação e o Clube de Cidadania da Apelação. ‘Caminhos de um modelo de intervenção’, ‘uma comunidade que sonha uma comunidade melhor’ e ‘percursos de Educação não formal’ foram alguns dos temas em análise nesta sessão, que contou com a presença de dezenas de participantes das mais variadas áreas, desde psicólogos a professores passando por outros técnicos sociais. Explorar o potencial da comunidade, abrindo-lhes novos horizontes, ao mesmo tempo em que se aposta num conjunto de actividades relacionadas com a dinamização quotidiana escolar são metas que os profissionais no terreno, seguidores do lema ‘Juntos por um mundo melhor’, pretendem alcançar. A sessão terminou com a exibição de um vídeo clip onde alguns jovens da Quinta da Fonte lançam mensagens sociais juntamente com outros jovens parisienses, resultado de um intercâmbio que levou um grupo de alunos até Paris. 45 ISPA MARTA MORENO • 1.º LUGAR ISPA cei CONCURSO DE FOTOGRAFIA Um olhar sobre diferentes culturas MARTA MORENO • 2.º LUGAR Valorizar as competências técnicas e a criatividade no âmbito da fotografia e sensibilizar a comunidade do ISPA para a realidade multicultural com que hoje qualquer cidadão se confronta constituíram os grandes objectivos da iniciativa ‘A interculturalidade vista pelo olhar de cada um’. Em Maio, o Centro de Estudos Interculturais Aziz Ab’Sáber (CEI) e o Conselho Cultural, no contexto do Ano Europeu do Diálogo Intercultural, lançaram um desafio aos alunos do ISPA para que registassem nas suas máquinas fotográficas a realidade intercultural que mais os seduzisse. Concorreram os seguintes alunos: Luciana Pedrosa de Oliveira Caseiro, com ‘Esse teu olhar, que tanto me diz, que tanto me conforta’; Selene Adelaide dos Santos Fernandes, com ‘Trás-os-Montes em terra de pastores’; e Marta Moreno, com ‘Ao encontro do equilíbrio’, que obtiveram o segundo lugar. ‘Encanto’, de Marta Moreno, foi a fotografia classificada em primeiro lugar. LUCIANA PEDROSA DE OLIVEIRA CASEIRO • 2.º LUGAR A entrega dos prémios decorreu a 29 de Setembro. SELENE ADELAIDE DOS SANTOS FERNANDES • 2.º LUGAR 46 47 ISPA cei BREVES WORKSHOP MUSICAL O Centro de Estudos Interculturais do ISPA realizou, na noite de 24 de Outubro, no Salão Nobre, um Concerto com o grupo Stockholm Lisboa Project. Músicos portugueses e suecos juntaram-se neste projecto para explorar pontos de encontro entre as suas tradições musicais. O seu repertório abrangeu música tradicional portuguesa e escadinava. Fado e Polskas foram levados até aos ouvintes pelas cores sonoras do violino mandola nórdica, harmónica e voz. Simon Stalspets, Sérgio Crisóstomo, Liana e Filip Jers prenderam a atenção dos presentes com a sua alegria, movimento e som. O evento contou com a presença de 36 pessoas das mais diversas áreas. Jornalistas, músicos, psicólogos, estudantes, professores de música foram alguns dos que assistiram a este concerto. “OFICINA: SONS E SUCATAS” O mês de Outubro contou ainda com a realização de um workshop intitulado “Oficina: Sons e Sucatas”. Este evento, realizado a 30 de Outubro, teve como principal objectivo ampliar e diversificar a sensibilidade acústica e musical dos participantes. Durante a acção, os intervenientes construíram instrumentos musicais a partir de desperdícios urbanos, o que permitiu aos intervenientes um maior contacto com os conceitos de forma, volume e sonoridade. No final, os participantes levaram para casa os vários instrumentos por si criados, tais como, corneta de balões, flauta de pan, pau de chuva, xequerê, tamborim, entre outros. Este projecto contou com a participação de uma professora, de um animador, de duas técnicas de educação especial e reabilitação, bem como de uma turma de 16 alunos do 6.º ano da Escola Voz do Operário. ISPA 48 DFP DEPARTAMENTO DE FORMAÇÃO PERMANENTE DESENVOLVEMOS COMPETÊNCIAS HUMANIZADAS ACREDITAÇÃO DGERT CRÉDITOS PARA LICENCIADOS DO ISPA A formação organizada pelo Departamento de Formação Permanente (DFP) está acreditada pela DGERT– Direcção Geral do Emprego e das Relações de Trabalho (ex-INOFOR) e assenta em três domínios: Os Psicólogos, Técnicos de Reabilitação e Inserção Social e Técnicos de Desenvolvimento Comunitário e Saúde Mental licenciados pelo ISPA (pré-Bolonha), bem como os Mestres em Psicologia (pós-Bolonha) do Mestrado Integrado do ISPA beneficiam de um regime especial de créditos para frequência de acções de formação no Departamento de Formação Permanente do ISPA. • Concepção de intervenções, programas, instrumentos e suportes formativos • Organização e promoção das actividades formativas • Desenvolvimento/execução de intervenções ou actividades formativas Esta acreditação é um instrumento essencial de garantia da qualidade da formação dirigida a profissionais, que é certificada pelo DFP do ISPA. A acumulação de 9 unidades de crédito (90 horas), obtidas por frequência de acções de formação no DFP, confere direito à frequência gratuita de 1 acção de formação até 35 horas. Para mais informações, contacte [email protected]. 49 ISPA CURSO LUSO-BRASILEIRO SOBRE PSICANÁLISE DO BEBÉ E DA FAMÍLIA Um grupo de psicólogos, vindos do Brasil, esteve no ISPA, entre 29 e 31 de Julho, para frequentar o 1.º Curso Luso-Brasileiro de Psicanálise do Bebé e da Família, coordenado pelo Prof. Doutor Eduardo Sá. Em paralelo, o DFP está a organizar o Complemento de Formação Inicial de Formadores, acção que permitirá aos alunos, com aproveitamento na cadeira de Gestão de Formação do Mestrado Integrado de Psicologia, acederem ao CAP – Certificado de Aptidão Pedagógica de Formador, no quadro de um protocolo assinado entre o ISPA e o IEFP. PARCERIAS DE FORMAÇÃO NO 4.º TRIMESTRE DE 2008 PROGRAMA DE FORMAÇÃO PARA A INSERÇÃO NO MERCADO DE TRABALHO – 2008/2009 O Departamento de Formação Permanente colocou, recentemente, à disposição de todos os estudantes, de qualquer ano do ISPA, oportunidades de formação que visam facilitar a sua inserção no mercado de trabalho. Trata-se de um conjunto de acções, de curta duração, sobre diversas temáticas: • Gestão de Projectos (já realizado) • Preparação para a Entrevista de Emprego (já realizado) • Técnicas de Comunicação em Público • Técnicas de Procura de Emprego • Gestão de Formação • Como Elaborar o Curriculum Vitae • Língua Gestual Portuguesa • Planeamento de Carreira. Elaborar Plano Individual de Formação • Gestão do Tempo • Gestão do Stress Para mais informações, consulte a Área Aluno ou envie um email para [email protected]. FORMAÇÃO INICIAL DE FORMADORES O DFP solicitou a homologação de um Curso de Formação Inicial de Formadores (acesso ao CAP), coordenado pelo Prof. Joaquim Pinto Coelho, ao Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP). Porém, ainda não obteve resposta referente a este curso, que integrará a oferta formativa, aberta ao exterior para 2009. No 4.º trimestre de 2008, o DFP desenvolveu um conjunto de actividades formativas em parceria com outras entidades, nomeadamente com a Associação Portuguesa de Psicogerontologia (1.º Curso Avançado de Psicogerontologia), com a Associação ILGA-Portugal e Panteras Rosas (1.º Curso Introdução aos Estudos Gays e Lésbicos) e com a Associação Portuguesa de Psicólogos dos Cuidados de Saúde Primários (2.º Curso Psicofarmacologia para Psicólogos). FORMAÇÃO “À MEDIDA” Entre Julho e Novembro, o DFP executou várias acções de formação no exterior, a pedido de várias entidades: • Comunicação e saúde/gestão de conflitos, no Centro de Saúde de Sete Rios (Lisboa) • Psicologia da criança para educadores, na Casa Pia de Lisboa • Avaliação e promoção de competências parentais, na AQST/Intervenção Precoce de Santiago do Cacém • Gestão do stress e prevenção do burnout, na Associação Portuguesa dos Médicos de Clínica Geral • Gestão de conflitos e condução de reuniões, na USF Emergir do Centro de Saúde da Parede • Avaliação e promoção de competências parentais para a Equipa de Apoio ao Tribunal de Menores de Lisboa (EATML), da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa. ISPA 50 DFP FORMAÇÃO PARA INSERÇÃO NOS CENTROS NOVAS OPORTUNIDADES (CNO) O Departamento de Formação Permanente realizou, entre Julho e Setembro, 8 acções de formação sobre Novas Oportunidades/Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências (RVCC). As acções foram animadas por Catarina Reis Marques e Rita Monteiro, do CNO da Escola de Hotelaria e Turismo de Lisboa. No final, mais de uma centena de formandos (140) adquiriram as competências necessárias para a inserção profissional em CNO. Para o exercício das funções de técnico de encaminhamento e de profissional de reconhecimento de competências, a licenciatura em Psicologia constitui um dos requisitos obrigatórios, sendo a formação específica, de acordo com o normativo legal, um requisito facilitador. IX ENCONTRO DO SERVIÇO DE PSICOLOGIA DO HOSPITAL PULIDO VALENTE (CHLN-EPE) “Psicologia da Saúde: Novas e Velhas Realidades” foi o tema do IX Encontro do Serviço de Psicologia do Hospital Pulido Valente (CHLN-EPE). O evento, organizado pelo Serviço de Psicologia do Hospital Pulido Valente (CHLN-EPE) em parceria com o Departamento de Formação Permanente do ISPA, realizou-se nos dias 20 e 21 de Novembro. NOVIDADES PARA 2009 Dando seguimento à política de inovação em matéria da oferta formativa contínua, dirigida aos profissionais de várias áreas, o DFP apresenta, no seu plano de actividades, para 2009, novas acções de formação e novos serviços de supervisão: FORMAÇÃO CONTÍNUA • Aquisição e Desenvolvimento da Linguagem Escrita • Coaching nas Organizações • Comportamentos de Risco em Crianças e Adolescentes • EndNote Web para Investigadores • Ética e Deontologia na Intervenção Psicológica • Gestão Estratégica de Conflitos • Improvisação e Psicologia • Iniciação ao Empreendedorismo • Introdução à Hipnose Clínica • Introdução ao Psicodrama e Sociodrama • Jogo e Actividade Lúdica em Arte-Terapia • Psicologia e Diabetes • Psicologia do Tráfego • Psicoterapia Psicanalítica • Só Bebé – Clínica da Gravidez e Intervenção Precoce CURSOS AVANÇADOS • Avaliação Psicológica Forense • Metodologia de Pesquisa, Redacção e Apresentação de Trabalhos Científicos SUPERVISÃO • Avaliação Psicológica Forense • Programas de Educação Parental • Supervisão Clínica Para saber mais sobre as actividades formativas consulte a página do DFP em http://www.ispa.pt/ISPA/vPT/DFP/ e subscreva a newsletter. Equipa DFP - da esquerda para a direita: Jorge Queiroz, Sílvia Ramalho, Paula Sousa, José A. Carvalho Teixeira e Margarida Alvadia. 51 ISPA cd C E N T R O D E D O C U M E N TA Ç Ã O notícias º 1 Encontro de Editores Portugueses de Publicações Periódicas Os Editores Portugueses de Publicações Periódicas estiveram reunidos no âmbito do 1.º Encontro destes profissionais. O evento, que contou com a presença do Director de Licenciamento de Conteúdos da EBSCO, Dr. Clive Wright, realizou-se, na Sala de Actos do ISPA, a 20 de Maio. Aula Aberta de Etologia Humana Organizado pela EBSCO, e com o apoio do Centro de Documentação do ISPA, este Encontro juntou, no mesmo espaço, mais de 50 editores de publicações periódicas científicas. Além de outros temas abordados, os participantes receberam informação sobre o novo projecto da EBSCO, uma base de dados de conteúdos em português, designada Fonte Académica, a criar em 2009. A Biblioteca do ISPA foi o local escolhido para a realização de uma Aula Aberta sobre Etologia Humana. O espaço revelou-se pequeno para acolher todos os interessados que quiseram participar nesta aula, ministrada pelo Prof. Doutor Manuel Eduardo dos Santos. A acção, inserida no âmbito da Temática do Mês dedicada ao tema da Etologia, teve lugar na sala de trabalho em grupo da Biblioteca. a 6 de Outubro. Dr. Clive Wright (Director de Licenciamento de Conteúdos da EBSCO) ISPA 52 Temática do Mês O Centro de Documentação disponibiliza aos seus utilizadores, na primeira semana de cada mês, um espaço de difusão temático, que abrange as mais variadas áreas científicas e pedagógicas. Estas acções podem acontecer sob a forma de aulas abertas, de pequenos eventos, de debates, de palestras, de exposições bibliográficas ou mesmo de recursos electrónicos. DATA E TEMÁTICA DO MÊS 2 - 6 de Dezembro • Reabilitação e Inserção Social 5 - 10 de Janeiro • Gerontologia 2 - 7 de Fevereiro • Autismo 2 - 7 de Março • Distúrbios alimentares web site Já está disponível o novo interface do programa de interrogação da EBSCOHOST, designado EBSCO 2.0, que será alvo de futuras acções de Formação de Utilizadores. Formação para Utilizadores Além das sessões de apresentação e de formação do utilizador específica, o Centro de Documentação disponibiliza à comunidade de utilizadores um conjunto de ferramentas para melhorar a processo de pesquisa de informação. Catálogo do ISPA, Web of Knowledge, B-on, EndNote & EndNote Web, Psychoanalitic Electronic Publishing (PEP), PsycINFO & PsycARTICLES, Bases de dados da EBSCO (Academic Search Complete, Bussines Search Complete, ERIC, MEDLINE) são algumas das áreas ministradas, a título gratuito, pelos técnicos. Com estas acções, pretende-se que os utilizadores (estudantes e docentes) adquiram as competências necessárias para o adequado uso avançado de bases de dados, de ferramentas de pesquisa e de informação científica na web. CALENDÁRIO DAS ACÇÕES DE FORMAÇÃO DE UTILIZADORES 1.º Semestre 2008/09 - Quartas-feiras Sala de Informática (sala 108) • 14.30h às 16.30h DATA SESSÃO 3 Dezembro • PEP – Psicanálise* 10 Dezembro • Scielo* 17 Dezembro • Web of Knowledge * Sessões abertas a todos os utilizadores (internos e externos). ENTRADA LIVRE Mediante inscrição prévia limitada à capacidade de sala (40 lugares) Tutorial de Apoio à interrogação das bases de dados em: http://support.ebsco.com/training /flash_videos/ehost2/2.0.htm INSCRIÇÕES Por e-mail para [email protected] (Indique: nome, número, data da sessão e e-mail) 53 ISPA escaparate Aguiar, E. (2004). Desenho livre infantil: Clegg, S. R. & Bailey, J. R., (Eds.). (2008). Cunha, M. P., Rego, A., Lopes, M. P., & Leituras fenomenológicas. Rio de Janeiro: International encyclopedia of organization Ceitil, M., (2008). Organizações positivas: E-Papers, 104 pp. [C5 AGUI1]. studies. Thousand Oaks: SAGE, 4 vol. Manual de trabalho e formação. [ENC CLEG1-4]. Lisboa: Sílabo, 306 pp. [S2 CUNH/M16]. Carr, A. (2006). The handbook of child and Creswell, J. W. (1997). Qualitative inquiry Linden, W. (2005).Stress management : adolescent clinical psychology (2nd ed.). and research design: Choosing among five From basic science to better practice. London: Routledge, 1190 pp. traditions. Thousand Oaks: SAGE, 403 pp. Thousand Oaks: Sage, 218 pp. [C9 [C2 CARR/A1]. [M CRES2]. LIND1]. ISPA 54 cd destaques na área da Psicologia Comunitária. Índices Remissivos de Autores e Conceitos, para além de uma extensa Bibliografia, concluem o manual. O Prof. Doutor José Ornelas é docente universitário no ISPA. Director da Licenciatura em Desenvolvimento Comunitário e Saúde Mental e do Mestrado em Psicologia Comunitária. Ornelas, J. (2008). Psicologia comunitária. Lisboa: Fim de Século, 478 pp. [C8 ORNE/J6] Neath, I. & Surprenant, A. M. (2003). Human memory (2nd. ed.). Belmont: Thomson, 2003. 474 pp. [P2 NEAT2]. “A Psicologia Comunitária tem como objectivo a melhoria efectiva do bem-estar das populações, em particular das pessoas que se encontram em situação de maior vulnerabilidade social. O envolvimento cívico e o sentimento de comunidade que se entrecruzam com os mecanismos de participação, empowerment e liderança comunitária, funcionam como a fonte inspiradora para a psicologia comunitária.” O'Donohue, W., & Ferguson, K. (Ed.). (2003). Handbook of professional ethics for psychologists: Issues, questions, and Este livro está estruturado em formato de manual e tem como objectivo contribuir para a consolidação do ensino da disciplina de Psicologia Comunitária. controversies. Thousand Oaks: Sage, 474 pp. [P1 ODON2]. Dividido em sete capítulos: Origens e Fundamentos da Psicologia Comunitária; Saúde Mental Comunitária; Ecologia e Psicologia Comunitária; Suporte Social; Intervenção e Mudança Social; Prevenção em Saúde Mental; e Investigação e Avaliação Colaborativa tem, no final, uma secção de recursos que inclui Biografias, Sociedades, Programas Académicos e Jornais Científicos Silva, A. C. (2008). As fogueiras da Inquisição. Lisboa : Presença, 197 pp. [LT1 SILV/C5]. “As Fogueiras da Inquisição” é um romance histórico de grande beleza literária, que se desenrola ao longo do século XVI, uma época profundamente conturbada para sefarditas e cristãos-novos em Portugal. É neste cenário de denúncia e medo, em que as perseguições e os massacres se sucedem e intensificam até culminarem no estabelecimento da Inquisição em terras lusas, a pedido de D. João III, que acompanhamos três gerações de uma família judaica portuguesa, desde o reinado de D. Manuel I à dinastia filipina. Sara de Leão, protagonista e neta desta família, está presa num calabouço exíguo, em Évora, acusada de práticas judaizantes. Para se evadir da penosa situação em 55 ISPA cd que se encontra, Sara refugia-se no passado e recorda a avó, Ester Baltasar, que lhe transmitiu a história e a doutrina do seu povo. Temos assim oportunidade de ficar a conhecer esta extraordinária saga familiar, as suas vicissitudes, a coragem e a solidariedade que as sucessivas gerações revelaram face ao terror que as ameaçava. Num misto ficcional e histórico, que nos leva a encontrar personagens como Damião de Góis ou Beatriz de Luna, conhecida em toda a Europa como «a Senhora», esta narrativa prende-nos, irremediavelmente, nas teias do seu imenso fascínio.” Prof. Doutora Ana Cristina Silva é docente universitária no ISPA. Este livro é um verdadeiro manual sobre a gestão de pessoas, escrito por professores desta especialidade do ISPA, Universidades do Minho, Nova e de Aveiro. Esta obra explica o modo como as organizações podem melhorar a gestão das pessoas e desenvolver o capital humano. revistas temáticas Respeitando os temas tradicionais, introduz e discute novos tópicos frequentemente ausentes neste género de bibliografia. Concilia teoria e prática, recorrendo a inúmeros exemplos, caixas, tabelas e figuras para ilustrar os conceitos e temas apresentados. Destina-se a gestores, académicos e estudantes das áreas de gestão, de economia, do comportamento organizacional e da psicologia das organizações. Frères et soeurs/Coordenation: Chantal Lecheartier-Atlan. Revue Française de Psychanalyse. 72(2), (2008). [R9]. A obra está dividida em sete partes. Na primeira os autores enquadram o que é a gestão de pessoas. A segunda foca-se nas questões de atracção de talentos (recrutamento e selecção). A terceira nas competências de formação. A quarta na avaliação de desempenho. A quinta na retenção de pessoal (incluindo os sistemas de compensação). A sexta no outsourcing e nas reestruturações empresariais. E a sétima nas disfunções organizacionais. O livro termina com um epílogo com as 33 ideias chave dos autores. Gomes, J. F., Cunha, M. P., Rego, A., Cunha, R. C., Cardoso, C. C. & Marques, C. M. (2008). Manual de gestão de pessoas e do capital humano. Lisboa: Silabo, 878 pp. [S2 GOME2]. Les représentations d'attachement chez l'enfant/Coordonné par Chantal Zaouche-Gaudron et Blaise Pierrehumbert. Enfance, 60(1), 2008. [R3]. TORNE-SE leitor DA BIBLIOTECA DE 2ª A 6ª FEIRA • 09:30H ÀS 23:00H SÁBADO • 10:00H ÀS 18:00H Entrevista Amedeo Giorgi Amedeo Giorgi foi o primeiro investigador a elaborar um método fenomenológico aplicado à psicologia nos 60. Com um background em psicologia experimental, alterou o seu percurso académico e iniciou o projecto de uma psicologia científica humana. Fundador do Journal of Phenomenological Psychology, tem mais de 130 artigos em revistas internacionais, entre outras obras livro publicadas. Apresentamos-lhe, de seguida, não o investigador, mas o homem e o cidadão norte-americano. Enquanto, nos EUA, decorria a eleição para o futuro presidente, Amedeo Giorgi tecia-nos alguns comentários acerca deste acto eleitoral. ISPA Fale-nos um pouco do seu percurso como psicólogo. Qual a vertente da Psicologia em que trabalha? Especializei-me em Psicologia Fenomenológica e métodos de investigação. Actualmente sou professor de Psicologia no Saybrook Institute, em São Francisco. Tirei o PHD na UAW-Ford University e, mais tarde, fui trabalhar para uma empresa de Consultadoria, no Kentucky, num complexo militar no âmbito da Psicologia Experimental. No entanto, foi depois de ter lido William James, que abordava os vários tipos de consciência, que me comecei a interessar mais sobre outras áreas da Psicologia. Nessa altura, já havia várias oportunidades na área da Psicologia? Em 1958 existiam poucas saídas profissionais na área da Psicologia Experimental e, como nesta altura, a Rússia tinha lançado o Sputnik e os EUA tinham de se colocar a par dessa evolução, surgiram novas oportunidades e fui recrutado para trabalhar como Psicólogo Experimental, só que esta função só fazia sentido se rebentasse uma 3.ª Guerra Mundial porque o meu trabalho envolvia a área militar. Como não estava interessado em que rebentasse a 3.ª GM, sai da empresa e fui dar aulas na Manhattan University. E como é que surgiu a Fenomenologia na sua vida? Nesta transacção entre trabalhos, ouvi falar da Fenomenologia e, como procurava algo com mais sentido, comecei a pesquisar sobre esta área. Em 1962, a Dusquein University convidou-me para ajudar na construção do Departamento de Psicologia Fenomenológica no âmbito da investigação. Estive 25 anos nesta universidade onde me especializei em Psicologia Fenomenológica e métodos de investigação. Um dia decidi que precisava de mudar porque houve alterações no departamento. Estou há 22 anos no Saybrook Institute. É professor convidado do ISPA. Como surgiu esta ligação? Há três anos, o prof. Daniel Sousa do ISPA perguntou-me se estava disponível para participar num novo Mestrado do ISPA1. Respondi logo positivamente. No dia das eleições na América, 4 de Novembro, estava no ISPA. Qual dos candidatos apoiava? O homem certo ganhou. Não sou democrata nem republicano. 1 Prof. Amedeo Giorgi tem participado no Mestrado de Relação de Ajuda – Perspectivas da Psicoterapia Existencial. Em particular, tem contribuído para a aplicação do método fenomenológico, no contexto da investigação psicológica, no seminário de dissertação do referido mestrado. 58 Sou independente e, por isso, sinto-me livre para votar naquilo que considero ser o correcto na altura. No entanto, desde que o presidente George W. Bush chegou ao poder que tenho sido sempre democrata porque considero que foi o pior presidente que os EUA já tiveram. O que é que o leva a dizer isso? Na minha opinião, o governo de George W. Bush actuou sempre no sentido de favorecer os ricos. Na América, temos um lema que é o ‘Government of the people, by the people, for the people’ e no caso de Bush, este lema converteu-se em ‘Government of the privileges, by the privileges, for the privileges’. Ele é um presidente autoritário e discordei de muitas das suas decisões. Enquanto cidadão norte-americano, como é que viu estas eleições em termos de particularidades; ou seja, o primeiro candidato afro-americano do lado democrata e uma vice-presidente mulher do lado republicano? Com Barack Obama no poder, tenho a certeza de que ele vai trabalhar para um bem comum. No que diz respeito às particularidades dos dois partidos, teria votado na Hillary Clinton, se ela tivesse sido a candidata democrata em vez do Obama, mas nunca votaria nos republicanos e, muito menos, na Sarah Pallin. Em relação a tudo o que se disse sobre as questões raciais, voto nos valores e tudo o resto é secundário. Esta eleição mostrou algum nível de maturidade do povo americano. No que diz respeito aos dois candidatos, quais os pontos fortes e fracos que identifica em cada um? Identifico-me com os valores do Barack Obama. Além disso é jovem. Como advogado que é, conhece a Constituição e isso faz-me sentir confiante. John McCain falou muito da guerra e chegou mesmo a referir, durante a campanha, que se fosse necessário, os EUA estariam em guerra nos próximos cem anos. Eu não quero isso para o meu país. Outro problema relacionado com as políticas republicanas é que John McCain se acercou de pessoas muito ligadas à religião, o que, no meu entender, não foi positivo porque estas não dão o melhor sentido à religião. Nem a imagem de um herói de guerra me fez vacilar na minha escolha porque isso não faz dele um bom presidente. 59 ISPA Como é que acha que estas eleições foram ‘transmitidas’ para o resto do mundo? Nós, americanos, sabemos que a reputação dos EUA baixou bastante desde que George W. Bush se tornou presidente e, por isso, sabíamos que o mundo estava a observar-nos. Esta situação notou-se ainda mais quando Barack Obama se deslocou à Alemanha e conseguiu juntar 150 mil pessoas para o ouvir. Foi nesta altura que percebemos que a Europa estava de olhos postos em nós. Que tipo de implicações é que a crise económica que afecta os EUA pode vir a ter na Europa e em Portugal? Existem várias versões para explicar a crise económica. Alguns economistas alegam mesmo que ela já existia e que era previsível. Na América, os pobres sustentam os ricos. É assim que o sistema funciona. As pessoas que poderiam corrigir esta situação não estão no poder e assim nada podem fazer. Quem está no poder suporta os ricos porque, por exemplo, têm interesses na banca. No entanto, estou de acordo com o facto de o Estado ter intervido na situação bancária, mas, na minha opinião, talvez devesse tê-lo feito de outra forma. Mas o que é facto, é que, se isto não tivesse acontecido, teríamos entrado em depressão tal como sucedeu nos anos 30. E do ponto de vista social? É difícil avaliar o impacto social nos EUA quando ainda impera o sentimento individualista ao contrário do que acontece na Europa. Muitos norte-americanos são movidos pelo medo, dando possibilidade a governos como o de George W. Bush de, por exemplo, justificarem uma guerra acreditando que se combaterem o inimigo no território deles, eles não vão atacar no nosso. Esta é a ideia do social nos EUA em contraponto com o que acontece na Europa. No entanto, existe um problema no meu país que se prende com o desemprego. As pessoas estão, de facto, preocupadas com esta questão e isto torna-as mais egoístas, apesar de ainda não sabermos do real impacto que esta crise vai ter porque ainda está no início. Já que mostrou ser contrário à guerra, pode-nos explicar o que é que se passou em relação aos psicólogos da APA (American Psychological Association) que estiveram no Iraque a serviço? A APA colocou psicólogos nas salas de interrogatório durante a guerra do Iraque, mas a associação dos médicos, psiquiatras e antropólogos negou a presença de profissionais destas áreas nestes interrogatórios, ao contrário da APA que não negou o seu envolvimento. E porque é que esta situação se verificou? Esta situação aconteceu porque existem muitos psicólogos na APA a trabalhar directamente no sector militar e, portanto, votaram a favor do seu envolvimento nos interrogatórios. Quando os restantes profissionais da APA tiveram conhecimento desta situação, juntaram-se para protestar no sentido de transformar a APA na associação americana dos psicólogos para a ética na psicologia. Chegou mesmo a ser feito um referendo, através do qual os vários associados foram chamados a responder à questão sobre se os psicólogos deveriam ou não participar nestes interrogatórios. E quem venceu? Felizmente, os contra a participação ganharam. A implementação desta regra demorou dois anos e foi um processo difícil porque cerca de 65% dos psicólogos da APA trabalham para o Governo e, por isso, trabalharam a favor do seu próprio interesse. No final, fomos a votos e mudámos de presidente e de conduta da associação. ISPA C O M U N I D A D E 60 I S P A OCUPAÇÃO DE TEMPOS LIVRES Crianças divertem-se no ISPA Terminaram as aulas dos graúdos e o ISPA foi ‘invadido’ pelos mais novos. Cerca de 40 crianças, entre os 2 e os 16 anos, filhos de funcionários e docentes do ISPA, participaram no "Espaço de Férias”. Esta Ocupação de Tempos Livres, organizada pela primeira vez, decorreu entre 23 de Junho e 31 de Julho e 1 e 13 de Setembro. A par das muitas actividades temáticas, o grupo foi também brindado com várias visitas, nomeadamente a Alfama, ao Chiado, ao elevador de Santa Justa e a Belém onde, além de um piquenique nos jardins, visitaram o planetário. Nem mesmo os pastéis de Belém faltaram neste dia… O ÚLTIMO DIA Além do colorido e da alegria que trouxeram à Escola, esta iniciativa revelou-se um sucesso que agradou a pais e filhos, estando prevista a sua repetição, já no próximo ano. Mata-piolho, lencinho, monopólio, uno, futebol, gincanas, arco, Party & Co. foram alguns dos jogos de grupo dinamizados pela equipa de animadores. Além dos jogos, dos desenhos e das pinturas, a pequenada também teve a oportunidade de confirmar se tinha talento para a culinária, fazendo, sob o olhar atento dos responsáveis, salame, mini-pizzas, bolachinhas e gelatinas. Para o assinalar em grande, as crianças e coordenadores, pertencentes ao primeiro grupo, organizaram, a 31 de Julho, um lanche, com apresentação de alguns trabalhos e fotografias, para o qual convidaram os pais. No caso do segundo grupo, a data foi assinalada com a "Grande Aventura Espaço Férias", acção composta por jogos e gincanas. Além do prémio de participação, foram ainda distinguidos o grande vencedor, o melhor rapaz, a melhor rapariga e a melhor jovem promessa. Tabletes de chocolates e gomas foram as recompensas. 61 ISPA “Tal mãe, tal filha!” Se a minha filha Sara ficou com uma ideia tão positiva do ATL do “trabalho da mãe” (como ela sempre diz), então a mãe só tem motivos para dizer bem de uma forma geral: bem da “ideia”, bem das pessoas que a representaram (Ana, João, Patrícia, Miguel e Inês) e bem do “ISPA” por ter dado “luz verde” à iniciativa. ISPA atento às necessidades de funcionários e docentes “O ISPA sempre se distinguiu por ser uma Instituição pioneira e de excelência académica. Assumiu-se também desde sempre como eclético e pluralista nos seus interesses e actividades. A formação e investigação académica, intervenção na comunidade ou divulgação cultural e artística são áreas pelas quais tem sido amplamente reconhecido. Mas o que verdadeiramente caracteriza e diferencia o ISPA é a preocupação com o bem-estar e satisfação dos seus alunos, funcionários e docentes. Foi precisamente com este espírito que surgiu a ideia de criar um espaço de Ocupação de Tempos Livres que visava, para além de lhes oferecer um espaço no qual pudessem confiar os seus filhos, reforçar laços entre todos e criar proximidade.” TESTEMUNHOS “Gostei muito do ATL do ISPA e aquilo que mais me agradou foi conhecer novos amigos e participar nas actividades. Gostei muito dos jogos; da comida que fizemos (Pizzas, Bolos); dos passeios (Planetário, Belém, Jardim) e dos filmes que vimos. Também adorei os monitores que foram fantásticos. Gostaria muito que o ISPA continuasse com o ATL.” Passaram-se bons momentos de convívio, não só entre as crianças, mas também entre filhos e pais (pelo tempinho extra que passaram juntos nas viagens) e até entre colegas de trabalho (porque fizeram-se cumprimentos, trocaram-se palavras e sorrisos sobre um assunto que é alegria comum de todos … os nossos filhotes!). A minha filha é uma criança tímida e eu pensei que por ela nunca ter frequentado um ATL ou Jardim de Infância que era capaz de não se sentir bem, mas pelo contrário, ela adorou e progrediu! Obrigado e até à próxima! ORLANDA PÔLA (FUNCIONÁRIA) “O ATL do ISPA foi excelente. Permitiu uma oportunidade de relacionamento diferente para a minha filha Sara. Acho a ideia excelente, proporcionando um maior leque de escolhas para os pais durante o período de férias escolares e criando diferentes opções de preenchimento dos tempos livres. Também achei excelente o relacionamento criado com todos os intervenientes e prometo que, na próxima oportunidade de ATL-ISPA, colocarei as minhas filhas nas actividades diárias existentes.” JOSÉ FERREIRA PEDRO ALEXANDRE FONSECA (PARTICIPANTE) (ALUNO) ISPA 62 “Falar do ATL no ISPA é seguramente falar de uma iniciativa que olhei inicialmente com alguma reticência mas que, no final, me deixou muito feliz. E deixou-me feliz porque deixou três índios endiabrados mortos de alegria e desejosos que amanhã chegasse já hoje. Os três índios (que são meus filhos, já se vê) adoraram a experiência: conheceram novos e bons amigos, partilharam com os crescidos brincadeiras de fazer com (e não de ser vigiado a fazer) e viveram longos dias no mesmo espaço físico da mãe, que os deixou radiantes – também podiam espreitar o gabinete da mãe. E todos os dias se repetia a cena: ‘Podemos ficar mais um bocadinho?’ quando os ia buscar e logo de seguida ‘Podemos ir ao teu gabinete?’ Tudo isto só pode ter acontecido porque se sentiram muito bem. Adoraram o ATL do ISPA e eu só posso dizer que também adorei o ATL do ISPA. Não queria deixar de agradecer a esta instituição a iniciativa bem como ‘ao João, à Patrícia, ao Miguel e à Inês’ que deram aos meus índios um lugar na tenda da alegria.” MARIA OLÍVIA RIBEIRO (DOCENTE) “Gostaria de agradecer ao ISPA esta excelente iniciativa que se revelou um êxito. Às pessoas que os acompanharam durante este período, Patrícia, Ana, Inês, Miguel e João, um MUITO OBRIGADO, pelo carinho, dedicação, atenção e respeito que tiveram para com os nossos filhos. Como todos sabemos, é muito “stressante”, e complicado, conciliar a vida profissional com as férias escolares dos nossos filhos, levantando-se sempre a questão de onde os deixar durante este período. Neste sentido, a possibilidade de os ter perto de nós, com a certeza de que são bem tratados e acompanhados, resolve-nos o problema, com ganhos tanto a nível laboral como a nível pessoal. Achei o centro ATL muito bem organizado, oferecendo um vasto leque de actividades didácticas e divertidas, e promovendo a interacção e boa relação entre todos os participantes, sendo, aliás, prova disso os laços de amizade criados, que duram até hoje. Recebi do meu filho as melhores impressões, sendo frequente a sua manifestação de desejo de regressar e reencontrar todos os amigos e monitores.” ANA PAÇÓ (FUNCIONÁRIA) 63 ISPA RECEPÇÃO AO CALOIRO Para mais tarde recordar O ano lectivo de 2008/09 arrancou com os caloiros ispianos a serem alvo das tradicionais praxes académicas. Sempre com a tónica da brincadeira como elemento principal, os novos elementos puderam, através das iniciativas lúdicas, características de uma recepção ao caloiro, conhecer melhor a Instituição e a própria cultura ispiana. ISPA Entre 15 e 19 de Setembro, os caloiros do ISPA foram os actores principais de uma história que jamais esquecerão. A entrada na universidade constitui uma experiência única e, como tal, é um momento marcante no seu percurso pessoal e académico. Para que a data fosse assinalada em grande, a Comissão Organizadora da Recepção ao Caloiro (CORC) do ISPA proporcionou aos caloiros um vasto e diversificado programa de actividades que tinham como objectivo o seu acolhimento e integração. Embora, no presente ano lectivo, o número rondasse os 220, apenas 50 caloiros participaram nas diversas actividades planeadas pela organização, nas quais também estiveram presentes 115 veteranos, que não quiseram perder a oportunidade de praxar os alunos recém-chegados. Apesar da fraca afluência, os caloiros envolvidos demonstraram sempre uma grande boa disposição e muita vontade de participar. Rally paper ISPA, jogos tradicionais, debates, eleição da Miss e Mister Caloiros foram algumas das actividades realizadas. No primeiro dia, os novos membros foram surpreendidos como uma aula fantasma (praxe tradicional no historial da Instituição), dada por professores ‘do outro mundo’, figuras aterrorizadoras interpretadas pelos alunos João Álvaro, Ana Pereira e Michael Reynolds. Se a ideia era assustar os novos elementos, pode-se dizer que o objectivo foi atingido em pleno já que nem todos se aperceberam desta partida. Desvendada a brincadeira, foi a risada geral e a garantia de que os professores do ISPA não são nada parecidos com aqueles que ali viram. Actividades para todos os gostos A par desta aula e da discussão e aprovação, por unanimidade, do Código de Praxe, que decorreu em simultâneo noutra sala, o dia ficou também marcado pelo Rally ISPA. Dança, mímica, malabarismo e jogos tradicionais, como o de receber um ovo como o seu melhor amigo dessa semana ou o de procurar malaguetas na farinha, foram algumas das actividades em que participaram durante toda a tarde. Já no segundo dia, a primeira atracção recaiu sobre o jogo do ‘Trivial Psicologia’. Através deste jogo, em que veteranos adaptaram algumas das categorias aos temas da Psicologia, os caloiros tiveram um primeiro contacto com alguns dos conceitos-chave que os vão acompanhar ao longo da sua formação académica. 64 De seguida, um novo rally, mas, desta feita, o Rally Tascas por Alfama. Ao superarem cada uma das provas, sete no total, os participantes tinham direito a beber um copo de sangria. Imitação da cantora britânica Amy Winehouse, encenação da última ceia e construções humanas (por exemplo, Torre Eiffel) foram algumas das provas com que se confrontaram. O debate sobre o espírito académico e a experiência dos veteranos no ISPA/caloiros dominou o programa de actividades do terceiro dia. Além da eleição da Miss e Mister Caloiro, respectivamente Íris Martins e João Maria Ameal, o penúltimo dia ficou ainda marcado pelo Tribunal de Praxes onde foram julgados e avaliados os comportamentos dos caloiros e dos veteranos. A noite terminou em grande animação com o jantar do caloiro, no refeitório do ISPA, e com uma festa de recepção, denominada Welcome to the jungle. No dia seguinte, viveu-se um dos momentos mais importantes e emblemáticos de todo o programa, com as atenções a recaírem sobre o Baptismo Académico, realizado no miradouro de Santa Luzia. Um momento de que todos gostaram e do qual não se vão esquecer tão cedo. O fim de uma TRADIÇÃO O aluno do ISPA, João Maria Ameal, foi eleito o Mister Caloiro ’08 ao nível das faculdades de Lisboa. Este era um dos títulos que já fugia ao ISPA, há vários anos. A eleição, inserida na Mega Recepção ao Caloiro, realizou-se na Expo, nos dias 24 e 25 de Setembro, contando com a participação de várias universidades de Lisboa.