MARKETING ESPORTIVO: UMA FERRAMENTA PARA O PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA. Gabriela Strabello Igor Almeida de Carvalho Orientadora: Bettina Ried ESCOLA SUPERIOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA DE JUNDIAÍ RESUMO Procura-se nesta pesquisa apresentar o marketing esportivo como subsídio para o profissional de Educação Física. Inicialmente, conceitua-se o marketing tradicional e defini-se o marketing esportivo. Em seguida, demonstra-se o seu desenvolvimento histórico e sua aderência em relação aos investidores. Designa-se o profissional de Educação Física e apontam-se as suas possibilidades de uso do marketing esportivo. Conclui-se que o marketing esportivo pode ser aplicado como uma ferramenta visando aumentar o desempenho do profissional Educação Física como um todo em qualquer função exercida. E sugere-se maior envolvimento dos profissionais especializados em desporto e atividade física nas áreas organizacionais, como na gestão esportiva. Palavras-chave: Marketing esportivo. Ferramenta. Profissional de Educação Física. INTRODUÇÃO Atualmente, é extremamente improvável na esfera do esporte e atividade física não se deparar com empresas demonstrando suas marcas em equipes, complexos esportivos, arenas esportivas, materiais esportivos... 1 Como profissionais da área de Educação Física devemos buscar informações a respeito do que acontece em nosso contexto, pois o marketing esportivo apesar de ser uma forma de investimento que realmente se afirmou recentemente, é um dos mercados que mais crescem no planeta, sendo responsável pela movimentação de bilhões de dólares. Segundo Melo Neto e Carvalho (2006) o mercado do marketing esportivo em um intervalo de dez anos cresceu 300% nos Estados Unidos e 150% no resto do mundo. O trabalho proposto visa demonstrar o poder do marketing esportivo nas áreas do esporte e atividade física e de que forma o profissional de Educação Física pode utilizá-lo como ferramenta para alcançar seus objetivos. OBJETIVOS Os objetivos desta pesquisa são conceituar o marketing esportivo e apresentar suas funções e aplicações ao profissional de Educação Física, propondo a sua utilização como ferramenta para aumentar o rendimento na busca por seus objetivos profissionais. Conceito de Marketing Esportivo Primeiramente para conceituarmos marketing esportivo, é necessário compreendermos o significado de marketing. Segundo Dolabela (2008, p.136) “... procurar saber o que o cliente queria e só depois projetar um produto que atendesse às necessidades dele. E também às necessidades da empresa, em que o lucro tem papel fundamental. Isso é marketing.” Trilhando a mesma linha de raciocínio Contursi (1996) define marketing como identificar as necessidades do consumidor. Já para Kotler (2000) marketing é satisfazer necessidades e desejos através de um processo de trocas. Notamos que em todas as definições citadas a palavra “necessidade” pode ser encontrada, então definimos marketing como alcançar objetivos mercantilistas oferecendo serviços ou produtos capazes de criar uma 2 expectativa ou vontade1 baseada em necessidades2 que quando satisfeitas correspondam à conquista e manutenção do cliente. Conseqüentemente, podemos conceituar marketing esportivo como sendo “... um dos segmentos do marketing tradicional que se utiliza do desporto como meio de agregar, fortalecer, construir, ampliar e preservar a imagem de uma instituição, personalidade, marca ou produto.” (POIT, 2006, p. 54). Apesar de utilizarmos neste trabalho a definição acima, esclarecemos que alguns autores optam por diferenciar entre marketing esportivo e marketing no esporte. Nessa divisão, marketing esportivo se aplicaria aos atletas, clubes, entidades e federações enquanto agentes vendendo produtos e serviços aos seus consumidores de esporte e marketing no esporte corresponderia à utilização do esporte como meio de comunicação com seus clientes por empresas. Logo, no marketing esportivo o esporte é seu produto e no marketing no esporte, o esporte é um meio de agregar valor e promover os produtos da empresa. Porém, é necessário compreender que o marketing esportivo é aplicado por quem estiver executando a ação para o seu cliente, sendo que há situações em que se pode desempenhar a função de agente e cliente dentro do mesmo ciclo. Assim por exemplo, se um jogador de futebol é contratado por uma empresa de material esportivo para utilizar exclusivamente os materiais desta empresa com fins de divulgá-la e valorizá-la, ele estará prestando um serviço à empresa de material que o contratou, logo ele é o agente e a empresa seu cliente. Mas a partir do momento que as pessoas compram os materiais que o jogador divulgou e valorizou, a empresa torna-se agente, o jogador meio de comunicação e o papel de cliente destina-se ao consumidor do material. Logo, o cliente será sempre quem investe em um serviço ou bem. 1 Vontade – De acordo com Norman (2008), é o que a pessoa quer. Determinada pela cultura, publicidade, auto-imagem. 2 Necessidade – Para Norman (2008), é o que a pessoa precisa para desempenhar uma atividade. Por exemplo, algum tipo de pasta é necessário para transportar documentos de casa para o trabalho, no entanto, apesar de uma sacola de papel servir para o transporte, seria constrangedor utilizá-la para uma reunião de negócios. 3 Histórico do Marketing Esportivo Definirmos uma data para o surgimento do marketing esportivo seria muito impreciso, pois as opiniões dos pesquisadores não são unânimes. Em nossas pesquisas o registro mais antigo que encontramos foi relatado por Sbrighi (2006) indicando que nos anos 30 o esporte eqüestre, mais precisamente o turfe, teve patrocínio de uma empresa de cigarros na Inglaterra, no Grande Prêmio de Ascot. Quanto ao Brasil, Sbrighi (2006) relata o primeiro patrocínio como ocorrido nos anos 30, pela Cervejaria Caracu, no carro de corrida do Barão de Tefé em uma prova realizada no Rio de Janeiro. No futebol, segundo Poit (2006, p.55) “... o Instituto Brasileiro do Café procurava, nas décadas de 50 e 60, fortalecer sua marca no exterior por meio das imagens de Pelé e Garrincha.” “A primeira manifestação de marketing esportivo no futebol se deu na Itália, em 1952, quando a Stock, uma empresa fabricante de conhaque, espalhou anúncios por todos os estádios do país. Para tanto, pagou uma quantia considerável a todos os times da Série A italiana: 30 mil dólares.” (LANCELOTTI, 1997 apud GUERRA, 2005, p.194) De acordo com Smit (2007), desde que Horst Dassler, filho de Adolf Dassler, fundador da Adidas, entrou no mundo dos negócios nos anos 50, as empresas fabricantes de material esportivo investiram maciçamente para que os atletas aparecessem com seus calçados e roupas visando divulgar suas marcas. “Horst achava que o marketing esportivo tinha um grande futuro...” (SMIT, 2007, p.194) O vôlei também demonstrou de forma notória a penetração do marketing esportivo. A modalidade que era amadora, com a entrada de investidores se profissionalizou e alcançou lucrativos resultados. “No Brasil, o marketing esportivo começa a ser visto no final da década de 1970 e início da de 1980. Primeiro no vôlei, por meio do presidente da Confederação Brasileira de Vôlei da época, Carlos Artur Nuzmam, que sempre viu o esporte como grande negócio, uma grande oportunidade de investimento das empresas. Por isto, naquela época, Pirelli e Supergasbrás 4 montaram equipes fortes de vôlei e foram os primeiros timesempresa numa modalidade que sempre se disse amadora, como o voleibol.” (GUERRA, 2005, p.194-195.) Vaz (1995) relata que a partir da década de 80, em alguns estados brasileiros havia mais pessoas comparecendo a partidas de vôlei do que em jogos dos campeonatos de futebol. Em 1993, o campeonato atingiu uma receita de US$ 50 milhões devido à venda de ingressos, patrocínios e cobertura da mídia. “Apesar de a CBV3 ter contrato de exclusividade com um determinado fabricante, alguns jogadores, atraídos por uma oferta de US$ 500, propunham que usássemos os tênis de uma marca concorrente. A polêmica foi encerrada por Nuzmam (sic): usaríamos o tênis oficial e pronto.” (REZENDE, 2006, p.50). No basquete podemos destacar o fenomenal jogador Michael Jordan que evidenciou o poder do marketing esportivo sendo contratado por várias empresas como McDonald’s, Nike e Gatorade. A Nike, fabricante de materiais esportivos, criou uma linha de produtos e calçados que gerava um binômio produto/esporte, o Air Jordan. Onde “air” correspondia ao sistema de bolsas de ar dos tênis da empresa. Rovell (2007) relata que a Gatorade, fabricante de bebida energética, contratou Jordan por 10 anos, investindo algo em torno de 13,5 milhões de dólares. No entanto, o energético da empresa Quaker Oats, nas semanas posteriores a campanha estrelada pelo ícone da NBA 4 batizada de “Be Like Mike”5 superou pela primeira vez em 26 anos as vendas de aveia da própria empresa. Sem dúvida, Jordan foi um dos maiores exemplos da influência que o esporte pode causar às empresas quando bem associado. “... mais do que nunca as empresas estavam contratando atletas profissionais para ajudá-las a vender seus produtos. A idéia era que se o indivíduo fosse fã de determinado atleta, ele teria maior probabilidade de comprar 3 CBV – Confederação Brasileira de Vôlei. 4 NBA – National Basketball Association, sigla da liga americana de basquete profissional. 5 Be Like Mike – Seja como o Mike. 5 um produto se aquele atleta o recomendasse ou se seu rosto estivesse estampado na embalagem.” (ROVELL, 2007, p.80) Retornando ao futebol, Guerra (2005) relata que em 2003 o clube espanhol Real Madrid contratou o jogador inglês David Beckham e demonstrou como o futebol se transformaria em um negócio. A apresentação do jogador durou cerca de vinte e oito horas, atingindo uma audiência televisiva de dois bilhões de espectadores e virou manchete em quase todos os jornais do mundo. A clínica Sanitas pagou 414 mil dólares para efetuar o rotineiro exame de urina do jogador que foi transmitido e comercializado pela Real Madri TV. Quando o inglês desembarcou no aeroporto espanhol recebeu dois telefones celulares da marca Siemens e foi ao clube em um automóvel da marca Audi, ambos patrocinadores do Real Madrid. A Adidas, fabricante dos uniformes do clube espanhol, calculou um aumento de 20% nas suas vendas durante aquelas semana, sendo que durante a apresentação já haviam sido vendidas oito mil camisas do jogador. Posteriormente, em 2007, Beckham transferiu-se para o Los Angeles Galaxy dos Estados Unidos proporcionando mais um belo espetáculo de marketing que foi coroado quando o jogador assinou um empréstimo de apenas quatro meses para o AC Milan da Itália que o utilizará para divulgar a equipe e aumentar o volume de vendas, a partir janeiro de 2009. Para Smit (2007), Beckham é o resumo do marketing esportivo moderno como uma mistura de esporte, celebridade e estilo. Acompanhando a expansão do mercado do marketing esportivo, surgiram empresas especializadas neste seguimento prestando serviços de consultoria, relações públicas, gestão de arenas esportivas, gestão esportiva, captação de recursos, eventos esportivos e outros. De acordo com Areias (2008) o futebol brasileiro nos anos 70 negociava e obtinha receitas apenas dos sócios e torcedores. A partir dos anos 80 houve a entrada da televisão e dos anunciantes neste grupo, logo a margem de receitas começava a aumentar. Então nos anos 90 empresas especializadas em negociações de jogadores e agentes investiram no futebol envolvendo cada vez mais profissionais. Baseados nas informações apresentadas, concluímos que por volta dos anos 30 foram feitas ações esparsas de marketing esportivo que começaram a se popularizar a partir das décadas de 50, 60 e 70, principalmente devido ao 6 crescimento das empresas fabricantes de material esportivo. Nos anos 80, as empresas de outros segmentos do mercado que não apresentavam nenhum serviço ou produto relacionados ao esporte, notaram as várias possibilidades de retorno e investiram no esporte. Isso causou na década de 90 uma acelerada “explosão” de investimentos. Atualmente, o mercado esportivo continua quebrando recordes, de forma que seu crescimento cria um grande número de investidores e de empresas especializadas em prestar serviços relacionados ao esporte e atividade física. No entanto, nem sempre o marketing esportivo foi bem vindo ao esporte, de acordo com Guerra (2005) até 1979, a FIFA6 proibia publicidade nos uniformes de futebol, permitindo apenas um pequeno espaço destinado ao fabricante do material esportivo. Porém, o italiano Franco D’Atomma, presidente do Perugia, adquiriu uma fábrica de uniformes esportivos e tornou-a homônima ao patrocinador da equipe, a fábrica alimentícia Ponte. Outras duas grandes empresas utilizaram estratégias semelhantes, a Philips e a Bayer, que possuíam equipes fundadas há décadas por funcionários, notaram as possibilidades de se beneficiar do esporte e investiram na profissionalização das equipes, respectivamente PSV Eindhoven e Bayer Leverkusen. No caso da Philips, a empresa assumiu o controle acionário da equipe comprando cerca de 80% das ações do clube. Segundo Smit (2007), a Adidas e a Puma tiveram que muitas vezes pagar remunerações escondidas aos atletas para que usassem suas marcas, pois as federações proibiam patrocínios ao esporte, para satisfazer as exigências das entidades esportivas internacionais de os atletas serem amadores para poderem, por exemplo, participar dos Jogos Olímpicos. Outra barreira que estas marcas enfrentaram foi o patrocínio, ou melhor profissionalismo velado a atletas da Alemanha Oriental, pois os ideais socialistas não permitiam que os atletas fossem profissionais e nem que utilizassem marcas da porção capitalista, no entanto eram funcionários de empresas estatais sendo pagos para não trabalhar, mas para treinar e competir. 6 FIFA – Fédération Internationale de Football Association, em português, Federação Internacional de Futebol. 7 Alguns recursos utilizados pela Adidas para driblar as proibições foram: o patrocínio a federações; a utilização das três listras em substituição ao logo e o nome da empresa; e a fabricação de roupas, já que não havia nenhuma orientação legal para se proibir que os uniformes apresentassem o nome de seus fabricantes. Talvez o maior defensor do amadorismo no esporte foi Avery Brundage, presidente do COI7 no período entre 1952 a 1972. Mas o dirigente parecia um pouco contraditório, enquanto proibia que os atletas olímpicos recebessem remunerações para competir, permitia que os atletas do bloco leste da Alemanha participassem das competições. Sendo que estes eram mantidos pelo Estado socialista, dedicando-se apenas a treinar. Para Smit (2007), o esporte começou a evoluir rapidamente com a posse de João Havelange como presidente da FIFA em 1974. Apoiado por Horst Dassler, então um dos proprietários da Adidas, e seu sócio em uma empresa de marketing esportivo chamada ISL, Patrick Nally. Havelange desenvolveu inúmeros projetos, conseguiu recursos para organizar grandes eventos e profissionalizou definitivamente o futebol. No esporte olímpico não foi muito diferente, Smit (2007) relata que após os Jogos Olímpicos deixarem a cidade de Montreal com um montante de dois bilhões de dólares em dívidas, o movimento olímpico estava à beira de um colapso. Então, Juan Samaranch, também apoiado por Dassler e Nally, assumiu a presidência do COI em 1980. O plano foi muito semelhante ao adotado por Havelange, foram atraídos investidores que ajudaram na profissionalização do esporte. Com a evolução do esporte, a exploração de espaços publicitários, itens licenciados e qualquer outra fonte de receitas, se tornaram uma prática cada vez mais comum. Segundo Guerra (2005), a FIFA durante a Copa do Mundo de Futebol de 1994 obteve receitas superiores a um bilhão de dólares. 7 COI – Comitê Olímpico Internacional. 8 Aderência dos Investidores ao Esporte Após essa breve retrospectiva do marketing esportivo justificaremos as vantagens que o tornam tão atrativo ao investidor. Para Poit (2006) o investidor pode visar os seguintes retornos: fortalecimento da imagem de sua empresa ou produto, retorno de mídia espontânea, conquista e manutenção de mercado, comunicar-se com o cliente, agregar valor à marca ou imagem e aumentar o reconhecimento do público. Segundo Sbrighi (2006) as principais vantagens do marketing esportivo são que ele conecta a emoção do esporte com a marca da empresa, cria uma atitude positiva perante o consumidor, diferencia sua marca do concorrente, incrementa o mind share8, gera publicidade espontânea, melhora o relacionamento com os espectadores e possibilita a utilização de produtos licenciados. “... O esporte, além de produto, assumiu uma condição de um dos mais poderosos veículos de comunicação do mundo. O fato de atingir todo o tipo de público, sem distinção de raça, sexo, idade etc, com simpatia, sem barreiras de comunicação, e com alto conteúdo emocional, tornou seus espaços publicitários altamente desejados pelos anunciantes.” (AREIAS, 2003, p.74) Muitos autores defendem que um composto de marketing bem elaborado deve conter os “4Ps”: preço, praça, produto e promoção. De acordo com Derzi (2005), preço corresponde ao valor pelo qual o produto vai ser comercializado. A fixação do preço se baseia no custo do produto somado a sua margem de lucro, na base de preços da concorrência e na percepção do valor do produto para o consumidor. A praça está relacionada ao mercado consumidor, onde o produto vai ser armazenado, distribuído e comercializado. 8 Mind Share – Também conhecido como Share of Mind, segundo Sbrighi (2006) é uma expressão para descrever o quanto uma marca está fixada na mente do consumidor. Este dá preferência a comprar marcas conhecidas, confia mais em algo que já viu, ouviu ou provou a algo novo. 9 O produto é considerado adequado quando atinge as necessidades e os desejos de seu consumidor, ou seja, quando cria e corresponde à expectativa do cliente. E a promoção é o sistema de comunicação com o mercado, podendo ser propaganda, eventos, mala direta... Um investidor que aplica recursos no esporte e na atividade física pode alcançar os retornos citados, pois o marketing esportivo é capaz de oferecer recursos para que os “4Ps” sejam aplicados. No entanto, gostaríamos de observar que o esporte e a atividade física possibilitam um quinto “P” a um composto de marketing que é a paixão. Holanda (1993) define paixão como uma emoção levada a um alto grau de intensidade. Um torcedor que vai assistir a uma partida de sua equipe está suscetível a emoções desta natureza, a alegria da vitória e a decepção da derrota. O investidor muitas vezes deseja comercializar muito mais que um produto ao seu cliente, busca transmitir emoção para satisfazer o consumidor. O produto vinculado ao esporte pode proporcionar estes sentimentos ao cliente, transforma uma montadora de veículos na empresa que ajudou seu time de coração a vencer um campeonato. Hatzidakis (2007, p.47) “A empresa que oferecer aos seus clientes experiências e realização de sonhos sempre estará na mente e no coração destes clientes, pois ela conseguiu criar atributos diferenciados.” Outro ponto importante é a teoria do publicitário Hanlon (2007), batizada de “código primordial”. Ele afirma que uma marca para ser desejada pelo consumidor necessita de sete itens. São eles: a história da criação; a crença, sua missão; os ícones, algo que comunique a marca de forma espontânea; os rituais, as interações repetidas que uma pessoa tem; os pagãos, os antagonistas à marca; as palavras sagradas, uma linguagem auxiliar para criar uma cultura; o líder, a pessoa catalisadora. Se o esporte e a atividade física fossem uma marca e as modalidades esportivas seus produtos, poderíamos afirmar que ambos, marca e produto, possuem todos os itens do código primordial. Logo, uma empresa detentora dos sete itens do código primordial que investe no esporte, cria uma união harmoniosa, transformando-se em um binômio esporte/empresa, o que a torna mais desejada. Por outro lado, para uma marca que apresente alguma 10 dificuldade para suprir os sete itens do código, o esporte possibilita a apropriação de seus valores, completando os itens restantes para que ela consiga ser mais atrativa ao consumidor. Um bom exemplo de binômio bem sucedido esporte/investidor foi a seleção brasileira de futebol na Copa do Mundo de 1994, relativa à qual Areias (2007) relata que todos os investidores obtiveram o retorno almejado, cada jogador recebeu cerca de quarenta mil dólares por assinar contrato com quatro empresas de figurinhas que comercializavam o álbum oficial da Copa do Mundo de 1994 em diferentes regiões do Mundo. A cervejaria Brahma que não possuía o direito de imagem da seleção brasileira preferiu patrocinar os jogadores individualmente, logo criou campanhas publicitárias com um símbolo, o número um, onde os jogadores apareciam em inserções na televisão, revistas e jornais fazendo o gesto do número um. A campanha foi tão bem sucedida que alguns jogadores comemoravam os gols com o símbolo, por sugestão do patrocinador. Dessa forma, a cervejaria conseguiu fixar na mente dos consumidores a idéia de sempre relacionar a Brahma como a cerveja “número um”. Em sua pesquisa, Plastina (2007) demonstra que o esporte é tão eficiente para seu investidor no quesito recall9 de marca que a empresa Parmalat era a quinta marca mais lembrada pelo público mesmo tendo deixado o esporte há sete anos. Pois quando a Parmalat investiu na equipe de futebol do Palmeiras, foi uma geração de grandes contratações e conquistas, o que criou uma fidelidade do torcedor com o investidor de sua equipe. Existem vários casos de sucesso unindo os investidores ao esporte, pois como demonstramos acima, o esporte e a atividade física possibilitam que um investidor promova sua marca, produto ou serviço com muita eficiência devido a sua exposição na mídia e importância social. Logo, podemos denominá-lo um efetivo veículo de comunicação possuidor de uma linguagem universal. 9 Recall de Marca – De acordo com Derzi (2005, p.69) “intensidade que um determinado anúncio é memorizado pelo consumidor em potencial.” 11 O Profissional de Educação Física De acordo com o artigo segundo da Lei Federal nº 9.696/98, designa-se como profissional de Educação Física qualquer possuidor de diploma de curso de Educação Física, oficialmente autorizado ou reconhecido; os possuidores de diploma em Educação Física expedido por instituição de ensino superior estrangeira, revalidado na forma da legislação em vigor; os que, até a data do início da vigência desta lei, tenham comprovadamente exercido atividades próprias dos profissionais de Educação Física, nos termos a serem estabelecidos pelo Conselho Federal de Educação Física. O artigo terceiro dessa Lei Federal nº 9.696/98 relata as atividades próprias dos profissionais de Educação Física como sendo coordenar, planejar, programar, supervisionar, dinamizar, dirigir, organizar, avaliar e executar trabalhos, programas, planos e projetos, bem como prestar serviços de auditoria, consultoria e assessoria, realizar treinamentos especializados, participar de equipes multidisciplinares e interdisciplinares e elaborar informes técnicos, científicos e pedagógicos, todos nas áreas da atividade física e do desporto. Dessa forma, o profissional de Educação Física legalmente habilitado é um prestador de serviço, o produto que ele vende é o serviço prestado ao cliente. Todas as profissões possuem um produto, que de acordo com Holanda (1993) é o resultado da atividade humana, podendo este ser até mesmo um serviço prestado. Chamamos a atenção para as profissões que nem sempre lidam diretamente com a captação de clientes ou vendas, como a grande parte das funções do profissional de Educação Física. Estes não são treinados academicamente para comercializar seus produtos ou demonstrar a eficácia de seus serviços ao cliente. Dessa forma, o marketing esportivo pode ser um caminho para tornar mais eficiente o contato com o cliente. A partir do momento que o profissional de Educação Física utilizar seu serviço como meio para aumentar a captação de recursos e clientes, aderência e atrair novos investidores para sua área, o seu trabalho se tornará mais valorizado. “... os centros especializados poderiam ser definidos como empresas que, com fim lucrativo, disponibilizam 12 instalações e pessoal adequado para promover o exercício físico de forma apropriada, segura e ética, a fim de atender os anseios de seus clientes, elevando o nível de qualidade de vida pela prática física. Ostensivamente, encaixam-se na definição os clubes, os hotéis, os condomínios, as clínicas de reabilitação, os hospitais, os spas e as academias de ginástica.” (SABA, 2001, p.52) Observando as palavras acima, notamos uma ligação entre os conceitos de marketing incorporados aos serviços prestados pelo profissional de Educação Física10. Os centros especializados em atividade física objetivando lucro disponibilizam serviços e recursos para atender as necessidades dos seus clientes. É necessária uma visão comercial mesmo para uma profissão pertencente à área da saúde, pois o profissional de Educação Física assim como outros profissionais almeja lucro. No entanto, a comercialização de seu serviço geralmente é realizada por academias, escolas, clubes..., subentendendo-se que cabe a ele apenas a execução do serviço. Para Derzi (2005), um produto para atender ao cliente necessita basicamente de três elementos: qualidade, embalagem e imagem. No caso do profissional de Educação Física a embalagem não existe por seu produto ser um serviço, mas a qualidade e a imagem podem ser aperfeiçoadas. De acordo com Norman (2008), as características de um produto adorado pelo consumidor podem ser mapeadas em três níveis: visceral, comportamental e reflexivo. Onde o nível visceral corresponde à aparência ou primeira emoção que o produto causa no consumidor. O segundo nível está remetido ao prazer e efetividade do uso. E o terceiro nível à auto-imagem, satisfação pessoal, lembranças e orgulho que o produto pode desenvolver no consumidor. Dessa forma os níveis viscerais e comportamentais se referem ao 10 Gostaríamos de esclarecer que utilizamos durante todo o trabalho o esporte e a atividade física como áreas distintas, pois vários autores, por exemplo, consideram o esporte como uma atividade de alto rendimento. Dessa forma, como estamos tratando da atividade física como um todo, independentemente de seu caráter, e um dos nossos objetos de estudo, o marketing esportivo, faz menção ao esporte em seu nome. Optamos por distingui-los para que as ações de marketing esportivo não aparentassem ficar restritas apenas ao alto rendimento. 13 “agora”, aos sentimentos e experiências enquanto de fato se está usando ou vendo o produto. Enquanto o nível reflexivo está relacionado com as lembranças do passado e a consideração do futuro, são relações de longo prazo que definem a identificação do consumidor com determinado produto, havendo sentimentos de satisfação por ter, usar e exibi-lo. O profissional de Educação Física necessita dos três níveis para ser bem sucedido. O aluno precisa ter uma primeira impressão positiva do profissional contratado, sentir prazer ao/e ser educado 11 e estar satisfeito com o serviço prestado orgulhando-se de seus resultados Propomos que o profissional de Educação Física não se restrinja a atender o cliente somente com qualidade, mas a encarar o seu serviço como o investimento de um cliente que além de qualidade espera ser surpreendido por uma imagem positiva. Dessa forma, o profissional de Educação Física estará contribuído para o marketing pessoal, de sua profissão e da instituição onde ele trabalha. Marketing Esportivo: A Ferramenta. Como afirmamos anteriormente, o marketing esportivo pode ser um auxílio ao profissional de Educação Física na busca de seus objetivos. Para atuar como subsídio em distintas possibilidades, é necessário somente que se faça uma adaptação a cada situação. O profissional de Educação Física pode utilizar estratégias de marketing esportivo para captar recursos quando estiver organizando um evento ou atuando como gestor esportivo. Suponhamos que seja a organização de um campeonato de futebol, o profissional poderia conseguir apoio da mídia para divulgar o evento em troca de publicidade, atrair investidores de outras áreas dispostos a patrocinar, ter fabricantes de materiais esportivos fornecendo as 11 Afirmamos que o aluno deve ser educado, pois o profissional de Educação Física em qualquer serviço prestado estará de alguma forma educando o seu aluno ao alcance de seu objetivo. Pois para Holanda (1993), educação é o processo de desenvolvimento da capacidade física, intelectual e moral do ser humano. 14 bolas do campeonato e etc. Esta mesma estratégia poderia ser aplicada até mesmo para um congresso de Educação Física. De acordo com Hatzidakis (2007), o evento esportivo intercolegial Vibração Nestlé, possuía 8 categorias em 11 modalidades esportivas. Em 2003, contou com a participação de 709 escolas de quatro estados diferentes totalizando aproximadamente 30.000 alunos participando do evento diretamente. Dentre seus objetivos estavam incentivar a prática esportiva nas escolas e promover convivência e integração entre estudantes e escolas brasileiras. O evento organizado por profissionais de Educação Física possuía interesses comuns entre organização e participantes, no entanto só foi possível ser realizado devido ao apoio fornecido pela fabricante de alimentos Nestlé. Hatzidakis (2007) nos fornece outro exemplo semelhante, um campeonato de futebol masculino e feminino organizado simultaneamente em quatro cidades, a Copa Guaraná Antarctica. O evento possuía como objetivo estimular a prática esportiva dentro e fora das escolas e valorizar o professor de Educação Física das escolas, que de acordo com os organizadores tem papel fundamental no incentivo a prática do esporte. Além da empresa de refrigerantes, o evento organizado por profissionais de Educação Física obteve o fornecimento do material esportivo pela Nike e contou com a chancela da CBF12. Dentro do marketing esportivo há uma área de estudo voltada á captação de recursos. Para o profissional de Educação Física que atue como treinador de equipe desportiva e necessite de investimento, esta pode ser uma ferramenta para melhorar a qualidade na construção de um projeto de patrocínio. Por exemplo, um treinador de handebol que leva uma equipe anualmente para os jogos regionais e necessita de recursos para que seu time tenha condições de competir, com a utilização desta ferramenta, pode alcançar um maior número de patrocinadores e apoiadores ou aumentar o valor da cota de patrocínio. Outra área da Educação Física onde a elaboração de projetos tem importância é na ginástica laboral em empresas. Os profissionais deste ramo podem usufruir dos recursos do marketing esportivo conquistando maior 12 CBF – Confederação Brasileira de Futebol. 15 aceitação e valorização em suas propostas de melhoria da qualidade de vida dos funcionários nos aspectos sociais, psicológicos e físicos resultando em uma possível satisfação interna, pois para muitos autores o primeiro cliente da empresa é o próprio funcionário, que precisa acreditar nos valores da instituição que trabalha. Neste contexto existe um argumento que pode ser utilizado pelo profissional de Educação Física para implantar seu projeto de ginástica laboral, o endomarketing13. O profissional de Educação Física que trabalha com pesquisas científicas e preparação física também pode utilizar o marketing esportivo como subsídio. De acordo com Rovell (2007), a Gatorade patrocinou a associação dos preparadores físicos nos Estados Unidos, oferecendo recursos financeiros e científicos para a execução de suas funções. E segundo Melo Neto e Carvalho (2006) a Gatorade criou o GSSI14 voltado para a realização e patrocínio a pesquisas científicas, pois a instituição possui interesse em desenvolver a ciência do esporte em todos os continentes. A Educação Física escolar também pode beneficiar-se dessa ferramenta desde que adaptada a proposta educacional da escola e sua abordagem de ensino. Poit (2008) relata a importância de a escola apresentar uma reflexão a respeito da indústria esportiva. Pois suas estratégias impedem a manifestação de um pensamento crítico, o que torna os alunos consumidores enganados pelas empresas que utilizam o esporte como fonte de publicidade e lucro. Para as abordagens de natureza crítica, por exemplo, a crítico superadora e a crítico emancipadora, o marketing esportivo pode se tornar uma excelente tendência a ser estudada, pois oportuna uma discussão envolvendo a esfera do esporte e atividade física, a sociedade, próprio indivíduo e 13 Endomarketing – Para Iderika (2000) “é um conjunto de ações de marketing para o público interno - funcionários - das empresas e organizações. É um processo cujo foco é sintonizar e sincronizar, para implementar e operacionalizar a estrutura de marketing da empresa ou organização que visa ação-para-omercado. Seu objetivo é facilitar e realizar trocas construindo relacionamentos com o público interno, compartilhando os objetivos da empresa ou organização, harmonizando e fortalecendo estas relações e assim integrar a noção de cliente nos processos internos da estrutura organizacional propiciando melhoria na qualidade de produtos e serviços com produtividade pessoal e de processos.” 14 GSSI – Gatorade Sport Science Institute, em português, Instituto Gatorade de Ciência Esportiva. 16 principalmente a cultura corporal. Há um “leque” de questionamentos e conceitos que podem se transformar em conhecimento. Tratando-se das abordagens menos críticas que as anteriores, o marketing esportivo se transforma em uma estratégia motivacional, pois suas ações só são eficazes se houverem consumidores diretos e indiretos de esporte, logo a promoção da prática de esporte e atividade física é automaticamente realizada pelo investidor. Porém, afirmamos que é preciso ser cauteloso sem desprezar a opinião crítica para não serem criados equivocadamente conceitos de culto ao corpo. “... os jovens e adultos incentivados a propagarem que a atividade física é imprescindível à saúde do ser humano como um todo, à medida que o modismo, alicerçado pelo marketing, instala um falso valor de uso. Valor este, que incentiva a prática da Educação Física, conectando o culto ao corpo, à venda de agasalhos, camisetas, tênis, medicamentos calçados energéticos, especiais, alimentos materiais naturais, esportivos, clínicas de emagrecimento, disseminação das atividades físicas mais exóticas, enfim lançamento de uma nova moda.” (GAIO, 2007, p.26) De acordo com Guerra (2005), durante a Copa do Mundo de Futebol de 2002, o jogador brasileiro Ronaldo utilizou um corte de cabelo exótico como estratégia de marketing. Rapidamente seu penteado virou moda, principalmente entre as crianças, pois queriam copiar o que seu ídolo fazia. Resultados semelhantes foram descritos por Rovell (2007), na campanha da Gatorade com Michael Jordan, muitas crianças queriam “ser como Mike”. Observamos que o desenvolvimento das propostas vinculadas à Educação Física escolar dependem do entendimento do professor a respeito do marketing esportivo. Caso contrário, um preconceito pode ser criado na sociedade, o que seria retroceder em um desenvolvimento que, quando bem executado, tem trazido inúmeros benefícios à esfera do esporte e atividade física. Aprender um pouco a respeito de marketing esportivo permite novos conhecimentos, pois algumas lições de marketing tradicional são universais a todos seus segmentos, logo estratégias utilizadas em grandes empresas podem ser adaptadas ao cotidiano do profissional de Educação Física com finalidade de aumentar a aderência ao seu serviço. 17 Para sermos mais claros utilizaremos o exemplo da Disney que de acordo com Connellan (2005) apresenta uma política de marketing baseada em sete lições: A primeira lição afirma que concorrente é qualquer empresa com a qual o cliente o compara. Se o atendimento que um profissional de Educação Física realizar ao cliente não corresponder as suas expectativas e no mesmo dia o consumidor for bem atendido em uma farmácia, provavelmente uma comparação mesmo que espontânea é feita. A lição número dois é definida como fantástica atenção aos detalhes, o que para o profissional de Educação Física pode significar atender os alunos com maior atenção exercendo a sua sensibilidade interpessoal. Notar um movimento mais difícil que pode ser aperfeiçoado e chamar o aluno pelo nome são pequenos detalhes que se tornam pontos positivos. Todos os profissionais mostram entusiasmo é a terceira lição. O profissional de Educação Física não pode deixar suas preocupações particulares interferirem no seu atendimento, principalmente porque nem sempre é fácil motivar as pessoas a praticar atividades físicas. Semelhante a anterior, a quarta lição relata que tudo deve mostrar entusiasmo. O ambiente de trabalho do profissional de Educação Física deve criar motivação em seus alunos, como os equipamentos, a trilha sonora... Em casos de profissionais que trabalham em algumas entidades públicas onde há falta de recursos, a confecção de materiais alternativos tem sido uma possibilidade muitas vezes viável, o que oportuna a customização de alguns equipamentos, podendo ser até um meio de motivar os alunos a participar das aulas e uma estratégia de ensino. A quinta lição propõe múltiplos postos de escuta, que correspondem a possuir diferentes meios de medir o feedback15 dos clientes. O profissional de Educação Física deve munir-se de distintas possibilidades de avaliar o rendimento do aluno. 15 Feedback – “Termo utilizado em comunicação no sentido da obtenção de uma resposta. Parte do controle do sistema em que os resultados das ações retornam ao indivíduo, permitindo que os procedimentos de trabalho sejam analisados e corrigidos.” (DERZI, 2005, p.68) 18 A lição número seis aborda recompensa, reconhecimento e comemoração. Esta se aproxima ao cumprimento de metas, a motivar o aluno com palavras de incentivo, ou premiá-lo de alguma forma quando houver evolução. E finalmente a sétima lição aplica o conceito de que todas as pessoas são importantes. O profissional de Educação Física não trabalha sozinho, em qualquer função que ele exerça há profissionais que fornecem suporte ao seu trabalho, como os funcionários da limpeza que fazem a manutenção sanitária dos ambientes de trabalho. Dessa forma, é necessário respeitar e ouvir as necessidades de todos os trabalhadores, pois estes auxiliam a criar o ambiente onde tudo e todos mostram entusiasmo e podem se tornar postos de escuta em suas avaliações. Nossa última sugestão na utilização do marketing esportivo como ferramenta diz respeito ao envolvimento do profissional de Educação Física na organização do esporte nacional. De acordo com Areias (2007) o modelo de gestão esportiva utilizado no Brasil vai à contramão do Mundo devido ao seu amadorismo de muitas vezes utilizar dirigentes voluntários não remunerados. O esporte brasileiro se tornou uma profissão, empregando inúmeros profissionais especializados em diversas áreas, porém ocorre um fato contra a lógica, estes profissionais remunerados para prestar serviço ao esporte são contratados por voluntários. Transformando o desporto nacional em instituições onde os chefes são amadores e os subordinados são profissionais. No entanto, consideramos que esse fato se deve ao profissional de Educação Física, que muitas vezes não se especializa na gestão do esporte, limitando-se a ser um executor. Logo, grande parte das entidades esportivas é administrada por pessoas que não possuem conhecimento aprofundado a respeito do esporte, possuem uma visão superficial do senso comum. O marketing esportivo pode ser uma alternativa para mudarmos esse panorama, o profissional de Educação Física poderá tornar-se um gestor esportivo com conhecimento aprofundado no produto que está sendo comercializado, impedindo que ações baseadas no senso comum sejam tomadas. Dessa forma, o desporto nacional se tornaria muito mais valorizado, seria regido por profissionais realmente interessados em aumentar os incentivos públicos e privados ao esporte, revelar novos talentos e mantê-los 19 atuando em território nacional, elaborar uma infra estrutura adequada ao desporto nacional, utilizar o esporte como agente social, ter equipes desportivas sem dívidas e com superávit... Porém, antes de finalizarmos gostaríamos de esclarecer que não pode haver o equívoco em utilizar o marketing esportivo erroneamente para profissionalizar o esporte amador, este deve ser preservado devido a sua importância na formação social. Pois atualmente o que encontramos, salvando raras exceções, é o esporte profissional sendo regido por amadores, enquanto o esporte amador tenta se profissionalizar contratando mão-de-obra profissional especializada. Ou seja, é um alerta de que algo está errado. O esporte amador possui seus benefícios que não podem ser destruídos com a profissionalização, até porque muitos atletas do esporte profissional surgiram do amadorismo. Defendemos que o esporte profissional se profissionalize e almejamos que esta frase se torne uma redundância. CONSIDERAÇÕES FINAIS Ao fornecermos, no âmbito do presente trabalho, algumas alternativas de aplicação das várias que esperamos serem criadas a partir da proposta deste trabalho, almejamos aos profissionais de educação física que exercem a função baseados no poder16 e possuem pouca autoridade17, o marketing esportivo seja uma possibilidade de melhorar seu desempenho e a aderência de seus clientes. E aos que são bem sucedidos, que o utilizem como meio de aumentar seu sucesso e desenvolvê-lo contribuindo para que os padrões da atividade física e o desporto brasileiro sejam elevados. Pois assim como é possível, conforme demonstramos, que o marketing utilize o esporte e a atividade física em seu benefício, os profissionais de educação física devem agir reciprocamente com o marketing. 16 Poder – Para Hunter (2004) é a faculdade de forçar ou coagir alguém a fazer sua vontade, por causa de sua posição ou força, mesmo que a pessoa preferisse não o fazer. 17 Autoridade – Hunter (2004) a define como a habilidade de levar as pessoas a fazerem de boa vontade o que você quer por causa de sua influência pessoal. 20 Logo, acreditamos que nossa proposta possa ser uma nova ferramenta para aumentar o desempenho da capacitação dos profissionais de Educação Física. REFERÊNCIAS AREAIS, J.H. Curso de Introdução: Gestão e Marketing Esportivo. 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