Sumário
Sumário
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Brasília contra a intervenção
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Brasília: paisagem urbana
ADL cai na rede
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ao
enyte
Eleição e ética em nossas mãos
Conversando com Mauro Lopes
Inglaterra & Brasil – 75 anos de reconhecimento mútuo
Comunicare
50 anos de Brasília – uma obra de pioneirismo
XV Encontro Nacional da Cultura Maçônica
A Cultura Maçônica e os 50 anos de Brasília
200 anos de Maçonaria no Brasil – cenários e
perspectivas
Postura de vanguarda da Maçonaria
Salve a Si – só por hoje buscarei me manter limpo
Lições de um aprendiz
Orquídeas – fascinantes e surpreendentes
1730 – Maçonaria Universitária
O Estilo Gótico – arte, filosofia e pensamento
Atividade de inteligência de segurança pública e os
grandes eventos
A Assembleia Distrital Legislativa
Em busca do tempo perdido
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Sumário
Expediente
Grande Oriente do Distrito Federal
Federado ao Grande Oriente do Brasil
Grão-Mestre
Jafé Torres
Grão-Mestre Adjunto
Lucas Francisco Galdeano
Grandes Secretários
Esmeraldino Henrique da Silva
Alamir Soares Ferreira
Laélio Ladeira de Souza
Luiz Hamilton da Silva
Sylvio Santinoni
Wagner Lima
Reginaldo Pereira de Araújo
José Wedson Feitosa
Fernando Sergio de Britto e Silva
Humberto Pereira Abreu
Flávio Amaury Fusco
Mauro Magalhães
Cristiano Loder
Francisco de Assis Castro
Editor-chefe
Gilberto Simonassi Corbacho
Editor-executivo e jornalista responsável
Joaquim Nogales Vasconcelos
MTB – 897/05/141/DF
Conselho editorial
Félix Fischer
José de Jesus Filho
Lecio Resende da Silva
Lucas Galdeano
Projeto gráfico, diagramação e capa
Renata Guimarães Leitão
Revisão gramatical
Edelweiss de Morais Mafra
Colaboradores
Johaben Camargo
Lucas Galdeano
Laélio Ladeira
Walber Coutinho Pinheiro
Apoio
André Kainan
Redação
GODF – Grande Oriente do Distrito Federal
SQN 415 – Área para templos
70878-000 Brasília/DF
Tels.: (61) 3340-2427 e 3340-2664
Fax: (61) 3340-1828
www.godf.org.br
Editorial
O Grande Oriente do Distrito Federal, ao completar 39 anos
de fundação, renova o compromisso de continuar a praticar
uma Maçonaria diferenciada, fruto do trabalho e do esforço
dos Veneráveis e obreiros de nossas Oficinas.
A reformulação do nosso veículo oficial de comunicação, a revista aoZenyte, que aumentou o número de páginas, ganhou
novo visual e conteúdo ímpar, é expressão concreta dessa diferenciação.
O leitor encontrará, nesta edição, entrevista com nosso Irmão
e deputado federal Mauro Lopes, exemplo de homem público com moralidade rigorosa; artigo de Ulisses Riedel, Irmão
conhecido por sua ação humanística; dissertação sobre Maçonaria Universitária, do nosso Grão-Mestre Adjunto, Lucas Galdeano; e exposição sobre o estilo gótico, do nosso querido
Irmão Laélio Ladeira, que também assina artigo sobre ética e
política.
Assinalamos ainda a posição firme do GODF contrária a uma
possível intervenção federal em Brasília e homenageamos
a cidade, que completa 50 anos, publicando artigo especial
do nosso Irmão Adirson Vasconcelos, o maior historiador de
Brasília. Completamos a homenagem com belas paisagens da
cidade criada por Juscelino Kubitscheck.
Destacamos também o relevante trabalho social da entidade
Salve a Si, organização não governamental voltada para a recuperação de dependentes químicos na periferia de Brasília.
As novidades inseridas na aoZenyte permitem-nos acreditar que chegamos, com esta edição, a um patamar de qualidade valorizado pelos primeiros passos da revista. Estamos
cumprindo nossa missão de estreitar o relacionamento desse
Grão-Mestrado com nossos Irmãos maçons e com a sociedade
em geral, para construirmos, juntos, um mundo melhor.
Impressão
GráfiKa Papel e Cores
Tiragem
10.000 exemplares
Jafé Torres
Grão-Mestre do Grande Oriente do Distrito Federal
A aoZenyte não se responsabiliza por opiniões
em artigos assinados.
As matérias publicadas podem ser reproduzidas
parcial ou totalmente, sem consulta prévia, desde que indicada a fonte.
Sumário
Brasília
a
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in
Da esquerda para a direita: Elson Ribeiro e Póvoa, presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do DF – Sinduscon; Danielle Moreira,
presidente da Associação Comercial do Distrito Federal – ACDF; Francisco Queiroz Caputo Neto, presidente da OAB/DF; Emens Pereira de Souza,
vice-presidente da OAB/DF; Jafé Torres, Grão-Mestre do Grande Oriente do Distrito Federal – GODF, e representantes de outras entidades brasilienses.
Às
vésperas de completar 50 anos, Brasília
viveu um dos momentos mais críticos
de sua história. A possibilidade iminente de sofrer intervenção federal marcou todo o primeiro trimestre dos brasilienses. O temor só foi descartado com a eleição do novo governador, Rogério
Rosso, em 17 de abril, pela Câmara Legislativa do
Distrito Federal.
Em março, quando muitos já davam a intervenção
como certa, 57 entidades representativas da sociedade civil organizada do DF, entre elas a Ordem dos
Advogados do Brasil – OAB, o Grande Oriente do
Distrito Federal – GODF, associações comunitárias e
de servidores, partidos políticos e entidades do setor
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ao
enyte
produtivo, uniram-se para dizer ao resto do país que
os brasilienses não queriam a intervenção.
No dia 25 de março, uma chuva torrencial desabou
sobre a Capital e prejudicou a grande manifestação
que as 57 entidades pretendiam realizar: um abraço simbólico no edifício sede do Supremo Tribunal
Federal como demonstração pacífica contra a intervenção. Mas o aguaceiro não impediu que os representantes dessas entidades fizessem a manifestação
na arcada do Supremo e entregassem ao presidente
em exercício, ministro Cezar Peluso, que assumiria a
presidência do STF, de fato, um mês depois, um manifesto repudiando veementemente a intervenção
federal.
Sumário
O manifesto defendia a investigação rigorosa de todas as irregularidades apresentadas
no Governo do Distrito Federal e pedia respeito à Lei Orgânica do DF, que prevê eleição indireta no caso de impedimento do
governador e de seu vice.
O presidente da OAB/DF, Francisco Caputo,
um dos organizadores da manifestação, ressaltou que o objetivo do abraço era mostrar
ao Supremo Tribunal Federal que “a sociedade de Brasília está organizada e unida em
torno da autodeterminação da nossa cidade, contrária à intervenção”. O presidente
da OAB/DF salientou que as entidades integrantes do movimento entendem que as
instituições não foram abaladas no Distrito
Federal, apesar da crise sem precedente
que se abateu sobre o GDF, o que torna esta
a mais forte justificativa para um posicionamento contrário à intervenção federal.
Para o Grão-Mestre do Distrito Federal, Jafé
Torres, a intervenção federal representaria
um desastre para os brasilienses. “A Constituição Federal deve ser respeitada. Ela prevê uma série de condições em que a intervenção federal pode ser adotada, e Brasília
não se encaixa em nenhuma delas. Dizemos
‘não’ à intervenção e à paralisação do Distrito
Federal. Há outras formas de manter a normalidade, como, por exemplo, por meio de
eleição indireta. A intervenção seria um verdadeiro desastre na Capital Federal”.
A presidente da Associação Comercial do
Distrito Federal, Danielle Moreira, destacou
que a sociedade sofreu prejuízos com a crise
política no DF e sofreria ainda mais se houvesse a intervenção. Segundo Danielle, empresas já evitavam fazer negócios em Brasília
por conta dos acontecimentos.
No dia 30 de junho, a maioria dos ministros
do STF negou o pedido de intervenção no
Distrito Federal, feito pelo procurador-geral
da República, Roberto Gurgel, em fevereiro
. “A mobilização foi um resgate da autoestima do brasiliense. Hoje a possibilidade de
intervenção é coisa do passado”, afirmou
Caputo à aoZenyte.
Eleição e ética
em nossas mãos
Laélio Ladeira
É
tica faz parte do nosso dia a dia. Há duas espécies de virtude: a intelectual e a moral. A primeira deve, em grande parte, sua geração e
crescimento ao ensino e, por isso, requer experiência e
tempo; ao passo que a virtude moral é adquirida como
resultado do hábito, de onde o seu nome se derivou,
por uma pequena modificação dessa palavra (do grego:
ethos, e sua derivação ethiké).
É evidente, pois, que nenhuma das virtudes morais
surge em nós por natureza, visto que nada que existe
pode ser alterado pelo hábito. Assim, quando lançamos
um tijolo para cima, que, por natureza, move-se para
baixo, ele não adquirirá o hábito de ir para cima, ainda
que tentássemos lançá-lo dez mil vezes para cima. Tampouco poderíamos fazer com que o fogo adquirisse o
hábito de mover-se para baixo ou qualquer coisa que,
por natureza, comporte-se de certa maneira pode ser
habituada a comportar-se de forma diferente.
Do ponto de vista dessa premissa, tendo como ponto
de referência as eleições do próximo outubro, o cidadão
deve ficar atento às decisões que tomará na escolha do
candidato certo para o Executivo local e nacional, assim
como para a Câmara Legislativa Distrital Federal, para
os próximos quatro anos, e para o Senado da República,
para os próximos oito anos.
A sociedade deve ficar atenta para não votar em candidatos com ficha suja, que utilizaram dinheiro público em
seu benefício ou de amigos e parentes, em suma, a prática indevida da má administração do dinheiro público.
Vamos implantar a moralidade pública e política.
A frente de batalha não se limita a Brasília. Ela é ampla
demais.
O que interessa ressaltar agora é o afastamento de todos os dirigentes nocivos ao interesse comum da sociedade.
Sumário
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Conversando com
Mauro Lopes
O
deputado federal Mauro Lopes (PMDB/
MG) construiu uma carreira de sucesso
na Polícia Rodoviária Federal: foi superintendente da PRF em Minas Gerais (19911993) e, mais tarde, diretor-geral da instituição
(1993-1994) no governo Itamar Franco. Entre fevereiro de 1999 e dezembro de 2000, licenciou-se do
mandato de deputado federal para assumir a Secretaria de Segurança Pública das Gerais.
No exercício do quarto mandato de deputado federal, Mauro Lopes recebeu a aoZenyte para uma conversa em seu apartamento funcional, na 302 norte,
em Brasília.
aoZenite: Quais os principais projetos de sua autoria no Congresso Nacional?
6
Mauro Lopes: A perspectiva de desenvolvimento
do Brasil é de 7% a 8% neste ano, mas, se não existir infraestrutura, de nada adiantará. Fui o relator do
projeto do Sistema Nacional de Viação – SNV na Câmara. No Senado, esse projeto foi relatado pelo senador Eliseu Resende. No projeto, colocamos várias
ferrovias, a Norte-Sul e a chamada Transcontinental, que liga o Oceano Atlântico ao Oceano Pacífico,
do Rio de Janeiro ao Peru. Colocamos, também, 26
eclusas nos principais rios brasileiros, o que nos permitirá ter aproximadamente 70 mil km de hidrovias.
Elas [as eclusas] irão nivelar cachoeiras e barragens,
transformando os rios em vias navegáveis.
aoZenite: Quais outros projetos a Comissão de Viação e Transporte da Câmara, da qual o senhor é
membro, vem debatendo?
O Sistema Nacional de Viação engloba todos os modais de transporte, inclusive o transporte de passageiros sobre rodas. No artigo 42, ele dá uma flexibilidade de mais 15 anos às empresas existentes, para
que não ocorra um colapso no Sistema. O governo
queria fazer agora uma pulverização de linhas, o
que não traria nenhum benefício. Com a pulverização, as empresas já instaladas, com grandes linhas,
grandes distâncias, iriam sofrer um colapso. Esse é
um dos projetos mais importantes que estão tramitando no Congresso Nacional hoje.
Mauro Lopes: Na Comissão Viação e Transporte,
temos muitos projetos tramitando, grande parte
na área de transporte ferroviário. Estamos ajudando nos Transporte de Alta Velocidade sobre trilhos
(TAV). No início de junho, haverá um congresso
da Associação Nacional de Transporte de Carga
(ANTC) na Câmara. Se não houver infraestrutura,
não haverá crescimento. Não adianta ter dinheiro
do PAC [Programa de Aceleração do Crescimento]. São necessárias obras, infraestrutura, para que
haja crescimento.
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Sumário
aoZenite: Além da falta de infraestrutura, quais os
outros problemas enfrentados pelo agronegócio?
Mauro Lopes: Um grande problema hoje é o do
adubo, que subiu 25%. Grande parte vem do exterior. O problema é que não temos tecnologia para
produzir fertilizantes. Aqui, fazemos a composição
de adubos, a mistura, mas o fertilizante vem de outros países. Como resultado, as empresas estrangeiras estão sufocando os produtores que poderiam
estar trabalhando para implantar uma indústria nacional. A briga dos parlamentares hoje é combater
os produtos estrangeiros que chegam em massa ao
país, com um custo menor.
aoZenite: Estamos importando até vagões da China para o metrô do Rio de Janeiro. Exportamos o
aço e importamos os vagões...
escolar, quando o Governo compra, ele está isento
do chassi, da carroceria, do pneu e de tudo mais.
Quando ele vai vender para as empresas de transporte de passageiros, empresas que fazem o serviço
de transporte público, o Governo vende os ônibus
com uma carga tributária de 35%. Com a desoneração que já aprovamos na Câmara e que se encontra
no Senado, vamos tirar as cargas de impostos de
ônibus, do óleo diesel, do pneu, da carroceria, do
chassi e de tudo o mais. A taxa deve baixar de 15%
a 20% do preço da passagem, para proteger os usuários de ônibus. É uma medida que nós estamos tomando para ajudar a população.
aoZenite: Por que não se faz a Reforma Tributária?
Todo o mundo fala que quer, mas nunca sai.
Mauro Lopes: Tudo aquilo que
o Governo criticava no passado,
Mauro Lopes: Temos indústrias
Deve-se fazer uma
hoje ele faz com mais ganância. O
de vagões aqui no Brasil. O que
Governo está com uma ganância
acontece é que a legislação brasireforma tributária
impressionante de arrecadação
leira, com a série de entraves que
urgentíssima,
nunca vista no país. O imposto
oferece em vários seguimentos,
porque o
tem que passar pelo Congresso
emperra tudo. Deve-se fazer uma
governo não
Nacional. Eles estão criando um
reforma tributária urgentíssima,
sistema de taxas. E as taxas não
está preocupado
porque o Governo não está preprecisam passar pelo Congresso.
ocupado em proteger a indústria
em proteger a
Então eles estão criando taxas
brasileira, ele quer arrecadar.
indústria brasileira,
de tudo que é tipo. Existem tanHoje existem empresas no Brasil
ele quer arrecadar.
tas taxas que, por exemplo, lá em
que, em vez de fabricar, estão
Minas Gerais a única taxa que ainimportando e repassando, o que
da não se paga é a de “uai”. Todo
leva a não gerar emprego, em decorrência da carga mineiro fala “uai”. Então essa taxa não é cobrada
tributária, que é muito grande. Por exemplo, temos ainda, mas vai ser cobrada. O setor produtivo tem
o caso do calçado. O Governo, por meio da Câma- que ser protegido com a carga tributária menor,
ra, colocou uma série de imposições e restrições [à com incentivo maior, com juros baixos, para poder
importação]. Na cidade de Nova Serrana, em Minas incentivar as indústrias, para que elas cresçam e faGerais, existem mais de 1.000 fábricas de tênis que çam investimentos com um custo baixo de capital
estavam falindo, por causa da entrada dos tênis público, sem muita burocracia.
chineses a um preço baixíssimo. Depois das res- aoZenite: Deputado, o senhor se diz municipalista.
trições à importação desses tênis, imediatamente Hoje os prefeitos vivem de pires na mão.
foram gerados mais de 2.000 empregos em Nova
Mauro Lopes: O Governo quer fazer bonito com o
Serrana.
chapéu dos outros. Está incentivando a produção
Outro projeto no qual estou trabalhando trata da de automóveis. Está incentivando a produção de
desoneração do transporte de passageiros. Hoje linha branca, eletrodomésticos, tirando todos os
a carga tributária que vem acrescida na passagem impostos. Mas tudo isso ele está tirando do FPM
de ônibus ultrapassa os 35%. No caso do ônibus [Fundo de Participação do Municípios]. Com isso
Sumário
ao
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a indústria brasileira está crescendo a cada dia e aoZenite: E como o senhor avalia a questão da seo município está tomando prejuízo. Os municípios gurança pública?
estão deixando de arrecadar e as prefeituras estão Mauro Lopes: A União está jogando [a segurança
quebradas. Para 5.564 municípios são repassados pública] para cima do estado. Acontece que o es15% da União. Para 27 estados são repassados tado dá o militar, o funcionário e, às vezes, compra
25%. E 60% da arrecadação ficam com o Gover- viaturas. Mas depois o resto, no dia a dia, a manuno federal, que ainda sacrifica os municípios. O tenção da viatura, o pagamento de aluguel, o oreGoverno isenta a linha branca e os automóveis e lhão, fica tudo por conta da prefeitura. E o Governo
o município fica à míngua. E outra, as obrigações ainda faz propaganda, dizendo que faz segurança
estão todas com os municípios. A saúde é de res- pública. É uma demagogia muito grande que está
ponsabilidade do município, assim como a educa- se aplicando. As pessoas não estão mais querenção, moradia, pavimentação, rede de esgoto. Eu do se candidatar a prefeito, porque, quando os
sou municipalista, mas é uma situação muito difí- municípios ficam inadimplentes e não cumprem
suas obrigações, o prefeito se
cil, porque eles estão quase em
enche de processos e muitas
falência, por causa de tantas
Eu
peço
aos
Irmãos
vezes perde até o patrimônio
obrigações. O governo federal,
pessoal.
com a nossa aprovação, ficou
Maçons para que
de pagar uma parte do salário
se juntem a nós no
aoZenite: Em que a Maçonaria
mínimo dos professores, o piso
pode contribuir para melhorar
Congresso Nacional,
de R$ 950,00. O município ou
essa situação?
e deem sugestões e
o estado que não desse conta
Mauro Lopes: A Ordem tem
informações sobre o
de pagar usaria o dinheiro do
ajudado, e muito. Em todas as
Tesouro Nacional. Só que o
que fazer, para que
cidades que vou, sempre visito
Governo não cumpriu a parpossamos desenvolver
Lojas Maçônicas. A sensibilidate dele. Nós aprovamos, mas
um trabalho de
de do maçom é muito grano Governo não entrou com a
combate
às
drogas,
de. A Maçonaria está sempre
contrapartida.
preocupada com seus semeque estão destruindo
aoZenite: Não seria uma solulhantes, e eu tenho visto ações
as famílias.
ção a implantação do orçamenfantásticas. Uma ação da qual
to impositivo?
me recordo é a do combate às
Mauro Lopes: Ele [o governo federal] aprova o que drogas. Um problema sério nesse país é o do comele quiser. Quando é coisa de interesse do Governo, bate às drogas. É algo muito sério. E é um dever da
ele entra com um Projeto de Lei, um PL, suplemen- sociedade. Eu peço aos Irmãos maçons para que
tando o próprio orçamento do Governo para poder se juntem a nós no Congresso Nacional e deem sudistribuir o dinheiro a vontade e do jeito que quiser. gestões e informações sobre o que fazer, para que
A parte do orçamento para os municípios, a gente possamos desenvolver um trabalho de combate às
manda as emendas parlamentares e o governo não drogas, que estão destruindo as famílias. Eu peço
paga. As vezes, ele empenha, mas empenhar é uma aos Irmãos maçons que colaborarem conosco e
coisa, pagar é outra. É um problema muito sério que possam, a cada dia, esforçarem-se mais, para
pelo qual estamos passando. Eu acho que deve ha- que possamos combater esse problema, e que
ver uma mudança. O Congresso tem que reagir, nós também nos incentivem a criar leis mais duras.
temos que reagir. A situação está insuportável. Esse Deve haver tratamento adequado para os usuários
abuso que está ocorrendo aí, e os municípios estão de drogas e punição mais severa para os traficannuma situação tão difícil que não conseguem nem tes. Só assim conseguiremos nos livrar dessa praga
que infesta nossas cidades.
pagar a folha de pagamento
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Sumário
Inglaterra & Brasil
75 anos de reconhecimento mútuo
Da esquerda para a direita: Sereníssimo Grão-Mestre da Grande Loja Maçônica do DF, Juvenal Amaral; representante da GLUI, Colin Foster;
Grão-Mestre Geral do GOB, Marcos José da Silva; Grão-Mestre do GODF, Jafé Torres, e o deputado federal Tadeu Filipelli.
O
Grande Oriente do Distrito Federal (GODF) organizou, no dia 15 de maio, com o apoio do Grande Oriente do Brasil (GOB), Sessão Magna em comemoração ao 75° aniversário do Tratado de
Reconhecimento Mútuo entre o Grande Oriente do Brasil e a Grande Loja Unida da Inglaterra,
assinado em 6 de maio de 1935.
Durante a solenidade, o historiador Wiliam Carvalho (presidente
da Academia Maçônica de Letras do Distrito Federal) observou
que: “em termos estritamente históricos, o Grande Oriente do Brasil foi reconhecido, pela primeira vez, pela Grande Loja Unida da
Inglaterra em 1880, isto é, há mais de 130 anos, quando, através de
carta datada de 10/01/1880, foi feito um pedido de reconhecimento junto às Potências Maçônicas do mundo”.
Além do Grão-Mestre Geral do GOB, Ir. Marcos José da Silva, do
representante da GLUI, Ir. Colin Foster, e do Grão-Mestre do GODF,
Jafé Torres, estiveram presentes várias autoridades do Brasil Maçônico, entre elas a maioria dos Grãos-Mestres estaduais e dos Veneráveis Mestres das 73 Lojas jurisdicionadas ao GODF. O governador
do DF fez-se representar pelo Ir. e deputado federal Tadeu Filipelli.
Músicos da Banda do Batalhão da Guarda Presidencial.
A cerimônia contou com a Guarda dos Granadeiros e a Banda do
Batalhão da Guarda Presidencial,
que deu um show à parte, com
músicos tocando com gaitas de
fole “Asa Branca”, do Ir. Luiz Gonzaga, “Mulher Rendeira”, de Zé
do Norte, e “Amazing Grace” do
folclore inglês. O Templo Nobre
do GOB estava lotado.
Grãos-Mestres estaduais com o representante da GLUI, Colin Foster, e
o Grão-Mestre Geral do GOB, Marcos José da Silva.
Sumário
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Assembleia dos Veneráveis
No início de março, realizou-se assembleia dos Veneráveis Mestres do GODF. Na pauta, garantir
sucesso dos eventos previstos para 2010. O objetivo já foi alcançado no XV Encontro Nacional da
Cultura Maçônica (08/04 a 10/04), na Campanha pela Assiduidade Financeira (concluída em 21/04)
e no Festival de Massas (29/05). Faltam ainda o Baile do Maçom, que ocorrerá em agosto, e o Jantar
Natalino, em dezembro. O curso de pós-graduação em História da Maçonaria, que começou em
abril, também fez parte da agenda.
GODF – 39 anos
O GODF comemorou 39 anos de fundação no mesmo dia 21/04, em que Brasília completou seu cinquentenário. De manhã, houve hasteamento da
Bandeira Nacional na sede do GODF, na 415 norte
(foto). O Hino Nacional teve acompanhamento da
Banda do Batalhão de Guarda Presidencial. Em seguida, foram entregues diplomas de Assiduidade
Financeira aos representantes das Lojas distritais.
Cavaleiros Templários
O Sumo Sacerdote Cavaleiro Templário do Tabernáculo de
Brasília (Rito de York), Laélio Ladeira (segundo sentado à esquerda), celebrou, dia 26/05, no Rio de Janeiro, cerimônia
em que o Soberano Grande Comendador Enyr de Jesus da
Costa e Silva, do Supremo Conselho do Brasil do Grau 33 do
Rito Escocês Antigo e Aceito, foi ungido sacerdote Cavaleiro
Templário do Tabernáculo.
Vida profana
Atuando como profissional Corretor de Seguros em
Brasília desde 1962, o Em .˙. Ir .˙. Jafé Torres foi homenageado pelo setor com o Troféu Alvorada 2009 – Corretor
de Seguros Destaque (foto). Hoje, Jafé é presidente da
Alerta Corretora de Seguros no DF e em Goiânia, empresa com mais de 3.200 clientes em carteira.
Sumário
História da Maçonaria
O Grande Oriente do Distrito Federal inovou e Brasília ganhou o primeiro curso de pós- graduação
em História da Maçonaria do país, com 360 horas de duração. As aulas tiveram início em maio, no
UDF Centro Universitário, com 25 alunos. A Coordenação ficou a cargo do professor Willian Carvalho.
No programa, origens corporativas da Maçonaria; o Iluminismo; a gênese da Maçonaria Moderna;
as lendas e mitos; Obediências e Potências; o simbolismo e os Altos Graus; Lojas de Pesquisas e Lojas Universitárias; Academias Maçônicas; Jurisprudência Maçônica e Instituições Paramaçônicas; a
AntiMaçonaria; Maçonaria e Política. No corpo docente, nada menos que 10 PhDs.
Areópago de Brasília
O Diretor-Geral do Departamento Nacional de Infraestrutura – DNIT, Luiz Antônio Pagot (sem avental), proferiu palestra na Loja Areópago de Brasília,
em 28/04, sobre a necessidade de o Brasil promover uma revisão do pacto federativo. Pagot defendeu a reformulação da distribuição dos recursos
arrecadados com impostos entre os entes da Federação, União, estados e municípios.
Creche Renascer
As Lojas Universitárias Verdade e Evolução e Pioneiros de Brasília adotaram a Creche Comunitária
Renascer, localizada na Estrutural, antiga invasão próxima ao “lixão”, que acabou se transformando
em Região Administrativa do DF. A entidade vem prestando inestimável assistência às crianças desfavorecidas do local.
Festival de massas
No dia 29 de maio, a Fraternidade
Feminina Cruzeiro do Sul, sob os
auspícios do Grande Oriente do Distrito Federal, organizou o 3° Festival
de Massas em homenagem ao Dia
das Mães. O evento reuniu mais de
mil pessoas no salão de festas do
Grande Oriente do Brasil. Além do
delicioso jantar, foram sorteados 10
micro-ondas, e os músicos transformaram a festa num baile dançante
que adentrou a madrugada.
Sumário
50
uma
obra de
anos
pioneirismo
de Brasília
Adirson Vasconcelos*
Brasília celebra, neste ano de 2010, o seu cinquentenário de fundação
R
evendo sua tradição histórica e suas perspectivas de futuro, chegamos à feliz observação de que esta cidade-capital é fruto
do idealismo, do espírito cívico e da antevisão de pioneiros predestinados ao longo de todos
os tempos, inclusive daqueles que hão de viver o futuro, que já se faz presente.
Brasília tem um longo passado, uma tradição com
mais de dois séculos, desde o Brasil colônia, a partir
do pioneirismo de Tiradentes e de outros brasileiros
clarividentes.
No Império e na República, muitos lutaram pelo
ideal de ter o Brasil uma capital no interior central.
Outros sonharam que a nova capital seria um polo
irradiador de desenvolvimento socioeconômicocultural para todo o Centro-Oeste e o grande Norte.
Até profetizaram o surgimento, na novel cidade, de
uma nova civilização para o Brasil. Três constituições
determinaram Brasília e três comissões escolheram o
local no Planalto Central, em Goiás.
Em um momento de luz, um homem de fé e vontade
inquebrantáveis, o presidente Juscelino Kubitschek,
cumprindo o desejo de muitas gerações de brasileiros, construiu e inaugurou, em 21 de abril de 1960, a
nova Capital Federal, Brasília, nos altiplanos do Brasil
central goiano.
Ao idealismo e ao espírito patriótico de JK somou-se
a participação de homens desbravadores, destemidos, de pioneiros vindos dos mais diferentes pontos
do Brasil, para participar da epopeia da construção
da nova capital brasileira em pleno interior central,
desértico e distante de tudo.
Em todos esses momentos, os maçons se fizeram
presentes, e de forma destacada.
*Adirson Vasconcelos é historiador de Brasília, autor de dezenas de livros sobre a cidade.
12
ao
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Sumário
Ter sido e ser pioneiro na construção de Brasília é
mais que um privilégio, é uma predestinação, uma
bênção de Deus.
Americano do Brasil, Polli Coelho, José Pessoa, Juca
Ludovico, Bernardo Sayão, Altamiro Pacheco e, também, Juscelino Kubitschek.
Vivíamos naqueles anos de 57 a 60 um grande ideal!
O ideal cívico de entregar ao Brasil sua capital, Brasília,
construída e funcionando a partir de 21 de abril de
1960, como queria Juscelino e a lei. Movíamo-nos
e motivávamo-nos pelo idealismo e pelo civismo
pregados por um líder que nos conduzia a todos, o
presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira. A mesma confiança, a mesma resignação e o mesmo entusiasmo dos liderados de Moisés, na Antiguidade, em
busca da “terra prometida”.
Inaugurada em 21 de abril de 1960, Brasília não prosperaria, caso não tivéssemos o apoio e a participação decisiva daqueles que trabalharam conosco pela
fixação e pela consolidação da cidade-capital ao longo dos seus primeiros quarenta/cinquenta anos de
vida, isto é, até o ano 2000.
Mais que nos ufanarmos por ter participado da epopeia da construção de Brasília, devemos, isso sim, e
notadamente, reverenciar aqueles que foram os pioneiros do antes e que nos legaram os fundamentos e
as bases do projeto de interiorização da nossa Capital no interior central do Brasil. Vale evocar nomes do
vulto de Tiradentes, Hipólito da Costa, José Bonifácio,
Adolfo de Varnhagen, Deodoro da Fonseca, Rui
Barbosa, Lauro Müller, Floriano Peixoto, Luiz Cruls,
Sumário
Nos primórdios da década de 1960, principalmente,
vivemos momentos muito difíceis, penosos, de incertezas sobre o destino e a permanência de Brasília
como Capital Federal. Felizmente, pela dedicação,
pelos ideais pátrios e pelo espírito pioneiro de muitos que, mesmo chegando depois de nós, abraçaram
e viveram o ideal cívico de fazer Brasília a capital de
todos os brasileiros, foi fixada e consolidada como
urbs e como civitas nos primeiros quarenta anos pósinauguração. Esses nos ajudaram e somaram esforços decisivos para fixar e consolidar a cidade Brasília,
tornando-a uma civitas, própria à vida gregária e ao
trabalho ordenado e eficiente. São igualmente pioao
enyte
13
neiros os pioneiros da fixação e da consolidação de
Brasília.
No período da epopeia da construção, vale recordar que homens simples, quase rudes, retirantes do
Nordeste, de Goiás, de Minas e de outras partes do
país fugiram da seca e da falta de oportunidades,
para, sem quase nenhuma qualificação de mão de
obra, lançar-se à epopeia de Brasília e construir palácios admiráveis, belos edifícios residenciais, avenidas, eixos monumentais etc., entregando pronta e
acabada o que a imprensa mundial classificou de “a
obra do século” e o filósofo francês André Malraux
chamou de “A Capital da Esperança.”
Assim, gente do Norte, do Leste, do Sul e do Oeste,
repetindo o feito dos fugitivos do deserto, na Antiguidade, acorreu à terra prometida e, no planalto
goiano, edificou Brasília, a nova capital do Brasil.
Construíram, também, famílias, em uma mistura integradora, em uma miscigenação de tipos étnicos
os mais diversos — nortistas com gaúchos, mineiros com cearenses, goianos com cariocas etc. Surge
daí, de uniões conjugais, de relacionamentos, de
mistura de costumes e tradições, um novo tipo étnico miscigenado e com todas as cores nacionais: a
integração sociorracial brasileira. O homem síntese,
o homem de Brasília, que despontou ao longo dos
primeiros quarenta anos de vida da cidade-capital.
Esse tempo de quarenta anos faz lembrar a caminhada de Moisés e seus liderados em busca da Canaã prometida por Deus.
Esse homem síntese, o brasiliense, com o aconselhamento de pioneiros predestinados, que edificaram
a cidade e a sustentaram, naturalmente com a assistência de entidades superiores, constrói, nos momentos iniciais do terceiro milênio, as perspectivas
alvissareiras de um futuro promissor, para que se
cumpra a profecia e se implantem no interior planaltino, a partir de Brasília, os fundamentos de uma
nova civilização, já antevista por brasileiros clarividentes e pelo sonho profético do padre salesiano
Dom Bosco.
Cumpre-nos, a nós pioneiros da construção — e aos da
fixação e da consolidação de Brasília —, contemplar
os aqui nascidos nesses primeiros quarenta/
cinquenta anos da nossa cidade.
Para esses, inclusive os que estão
por nascer nestes tempos iniciais
do terceiro milênio, os mais antigos, as profecias de um santo,
as antevisões de estadistas e
brasileiros clarividentes do
Catedral de Brasília hoje.
Ca
te
dr
al
14
ao
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Sumário
de
Br
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tru
ção
–
19
5
9.
passado dão a grande missão pioneira de construir
uma nova civilização, que
terá Brasília como berço e
polo irradiador para o Brasil
e, quiçá, para o mundo.
São os construtores da civilização
do amor, da paz, da justiça social,
que permitirão a formação de
uma sociedade de homens e mulheres felizes.
Pelo pensamento construtivo e
pela evolução moral e espiritual, essa nova geração, nascida
no planalto central brasileiro, esse homem brasiliense,
esse homem síntese nacional fará de Brasília a capital
do terceiro milênio.
Serão esses brasilienses
os pioneiros da civilização profetizada no
sonho de Dom Bosco.
É a geração genuinamente brasiliense. A
primeira. O brasiliense. É o homem síntese
nacional, que Brasília gerou
e gera, fruto do encontro racial de brasileiros de todos os
quadrantes do país que para
cá migraram, trazendo suas
tradições, linguajares, costumes, cores de pele herdadas de
brancos, índios e negros, e até
de estrangeiros.
Será uma riqueza inconcebível, na
visão de Dom Bosco. A cultura e os
valores morais se agigantarão! A ganância pelo poder e pelo ouro não
predominará mais. Os corruptos, os
hipócritas, os maus não terão mais
vez na política, na economia, na cultura. A preocupação maior será o bem
comum. A consciência evolutiva de
cada um definirá melhor os direitos
e as responsabilidades na construção da justiça social e da paz entre os humanos. O pensamento
positivo e a virtude prevalecerão
sobre a matéria e o vício.
A esse homem síntese, o genuinamente brasiliense, cumpre o pioneirismo de atender
aos desígnios da Providência,
tão bem expressos a mim
pelo presidente Juscelino
dois meses antes do seu falecimento, quando me disse: “Adirson, Brasília será a
capital do terceiro milênio.
Viva e verá”.
São esses pioneiros os predestinados à formação das
bases de um novo tempo, de uma nova era, de uma
nova civilização. A civilização fundamentada nos
princípios da igualdade de direitos e deveres, da liberdade de pensamento e da fraternidade universal.
O Brasil será o coração do
mundo e a pátria espiritual
do planeta na vidência de
Humberto de Campos. E
Brasília será a capital do
terceiro milênio na antevisão do presidente Juscelino Kubitschek.
A cada um da nossa geração cumpre realizar uma
parcela dessa missão civilizadora. Sinta-se motivado
e convidado para esse desafio superior de pioneirismo. Um privilégio e uma predestinação.
Preserve a segurança no que se constrói ao longo do tempo!
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Sumário
Tel.: (62) 3093 8080
Fax: (62) 3091-6307
alerta.
ao
senyte
e g u r o s15
Da esquerda para a direita:
Zeno Gonçalves, representando o diretor-geral do Dnit, Luiz Antônio Pagot;
senador Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR), Grão-Mestre do GODF, Jafé Torres;
presidente da ABIM, Antônio do Carmo Ferreira; presidente da Academia de Letras de Brasília, José Carlos Gentili;
o jornalista e professor Carlos Chagas e o presidente da União Planetária, Ulisses Riedel.
O
Grande Oriente do Distrito Federal –
GODF realizou o XV Encontro Nacional
da Cultura Maçônica nos dias 8 e 10 de
abril, em Brasília, no auditório da Universidade Paulista – UNIP. O evento foi promovido pela
ABIM – Associação Brasileira da Imprensa Maçônica,
INBRAPEM – Instituto Brasileiro de Pesquisas e Estudos Maçônicos, AABML – Associação das Academias
Brasileiras Maçônicas de Letras e UBRAEM – União
Brasileira de Escritores Maçons e contou com o apoio
do Grande Oriente do Brasil – GOB.
O evento destacou a convicção de que a evolução
tecnológica dos meios de comunicação não conflita
com a existência de jornais, revistas e livros impressos nem a ameaça, demonstrando que o escritor maçom é importante para a transmissão da cultura e a
perpetuação da tradição maçônica. O Grão-Mestre
Adjunto do Grande Oriente do Distrito Federal, Lucas
Galdeano, prestou homenagem a Francisco de Assis
Carvalho, o Xico Trolha, fundador da valorosa revista
A Trolha, que completou 39 anos no dia 10 de abril.
Na abertura do Encontro, o jornalista Carlos Chagas
falou sobre a epopeia da construção de Brasília e de
alguns episódios da vida do presidente Juscelino
Kubitschek, como o dia chuvoso em que o ex-presidente visitou Brasília, chegando à Praça dos Três Poderes, em desacordo com as ordens do Governo, que
o proibira de pôr os pés na Capital Federal.
Durante os três dias do evento, foram proferidas várias palestras sobre história, filosofia, postura e ética
maçônicas por Irmãos de notório saber do universo
maçônico, transmitindo aos participantes informações de grande relevância para a difusão e aplicação
da cultura maçônica.
16
ao
enyte
O editor-chefe da aoZenyte, Gilberto Corbacho, recebe o
Prêmio Destaque Imprensa Maçônica das mãos do
Grão-Mestre do GODF, Jafé Torres.
Sumário
Da esquerda para a direita: Grão-Mestre do GODF, Jafé Torres; senador Cristóvão
Buarque; presidente da Abim, Antônio Carmo Ferreira, e presidente da Academia
de Letras de Brasília, José Carlos Gentili.
6
4
1
3
2
16
5
15
8
9
10
7
14
Grão-Mestre Adjunto do GODF, Lucas Galdeano (esq.), e Edenir
Gualtieri, presidente do Ibrapem e diretor da Revista A Trolha.
13
11
12
A comissão organizadora do evento reuniu-se para uma confraternização. Alguns Irmãos não puderam comparecer por motivos diversos, mas todos
que compareceram estão na foto acima. 1. Jayme Rodrigo dos Santos Neto; 2. Osvaldo Joaquim de Sousa; 3. Rodrigo Drummond; 4. Luiz Gonzaga da
Rocha; 5. Lucas Galdeano; 6. Luiz Alberto Chaves; 7. Jafé Torres; 8. William Dálbio de Carvalho; 9. José Antonio da Silva; 10. João Carlos Bontempo;
11. Johaben de Oliveira Camargo; 12. Joaquim Nogales; 13. Humberto Pereira de Abreu; 14. João dos Reis Neto; 15. Ari de Sousa Lima; 16. Décio
Bottechia Jr. No detalhe 3x4, Leonardo Henrique dos Santos, integrante da comissão organizadora e autor desta foto.
Dr.
Jorge Lunkes
OAB - DF 12.264
Assessoria em Direito Empresarial e Causas Cíveis (família, sucessões e trabalhistas)
[email protected]
Sumário
61
3245-5579
9986-0310
ao
61
enyte
61
8429-8019
17
A Cultura Maçônica
e os
50 anos de Brasília
Artigo publicado no jornal Correio Braziliense em 02/04/2010*.
Jafé Torres**
A
Maçonaria brasileira realizou em Brasília, de
8 a 10 de abril, a 15a edição do mais importante encontro da cultura maçônica, em homenagem aos 50 anos de Brasília.
A escolha da cidade não se deu por acaso. A relação
da Maçonaria com a fundação da nova Capital data
do tempo do Império. Foram os maçons, liderados
pelo patriarca da Independência, José Bonifácio de
Andrada, uns dos primeiros a defender a mudança
da Capital Federal para o interior do país.
No seu plano urbanístico, Lúcio Costa revelou os
conceitos da fraternidade e
da igualdade, importantes
princípios maçônicos. É só
nos lembrarmos dos seus
primórdios, em que altas autoridades residiriam, lado a
lado, com seus semelhantes
menos aquinhoados pelas
oportunidades. Essa jovem cidade já evoluiu muito. Aprendeu com os erros e acertos
de seus governantes, filhos e
imigrantes.
Dos erros, das angústias, dos pesadelos, das crises
esperamos que Brasília absorva as lições para atingir
seus tempos de maturidade. Neles, os valores fundamentais: respeito, honestidade, fraternidade e solidariedade, se fariam presentes e, assim, constituiriam
exemplo para todos.
Nesse cenário de aprendizagem e fraternidade,
realizou-se o XV Encontro Nacional da Cultura Maçônica, que contou com a presença de importantes
autoridades maçônicas de todo o país e convidados
do exterior.
Na ocasião, temas de destaque estiveram sob expressão da experiência secular da Maçonaria aplicada à
construção de um Brasil melhor, mais justo e humano,
em que as desigualdades sociais sejam corrigidas por
meio de ações que estabeleçam o direito do cidadão
ao trabalho honesto e à igualdade de oportunidades.
Os fundamentos da Maçonaria, assentados nos pilares da
filosofia, da filantropia e da educação progressista, incluem a
investigação das verdades da
natureza e sua correlação com
a moral e a ética. Seu objetivo
é a promoção do bem-estar da
sociedade.
A liberdade dos indivíduos
e de suas associações, sejam
elas instituições, agrupamentos étnicos ou nações; a igualdade de direitos e obrigações, sem distinção de religião, de raça ou nacionalidade; a fraternidade entre
todos os homens, a partir do reconhecimento de
que todos somos filhos do mesmo Criador e, portanto, irmãos, são alguns dos princípios que edificam a
sua importância na sociedade, ao longo da história.
* O texto do artigo foi adaptado ao momento posterior ao evento.
**Jafé Torres é Grão-Mestre do Grande Oriente do Distrito Federal.
18
ao
enyte
Sumário
A ciência, a justiça e o trabalho constituem-se lemas
do verdadeiro maçom. Ciência para esclarecer os espíritos e elevá-los, justiça para equilibrar e enaltecer
as relações humanas e trabalho para que homens
se dignifiquem e se tornem independentes. A Maçonaria está
permanentemente voltada para o
melhoramento intelectual, moral
e social da humanidade.
O respeito à propriedade não é o bastante. É crucial proteger e servir os semelhantes. A Maçonaria
resume o dever do homem afirmando o “respeito a
Deus, o amor ao próximo e a dedicação à família”,
que constitui a maior síntese da
fraternidade universal.
Reconhece, ainda, a existência de
um único princípio Criador, Regulador, Absoluto, Supremo e Infinito, denominado Grande Arquiteto do Universo. A oposição ao
materialismo constitui-se diretriz
fundamental da ideologia maçônica. Abriga em seu seio homens
de qualquer religião, desde que
acreditem em Deus.
Moral, para a Maçonaria, é o pilar do entendimento humano.
É a lei natural e universal que
rege todos os seres racionais e
livres, o caminho que nos ensina
os deveres e a razão dos nossos
direitos. Sentimos o triunfo da
verdade e da justiça, quando a
moral penetra no mais profundo
do nosso ser.
Quanto à virtude, é a força do
bem em seu mais amplo sentido. É o cumprimento dos deveres para com a sociedade e a família. A virtude não
retrocede nem ante o sacrifício ou a morte, quando
se trata do cumprimento do dever. E dever, para a
Maçonaria, é o respeito aos direitos dos indivíduos e
da sociedade.
A Ordem Maçônica tem profunda comunhão com os ideais que
nortearam a construção da nossa
bela Capital.
E é em homenagem a esses ideais
que se realizou em Brasília o XV Encontro Nacional
da Cultura Maçônica. Durante o evento, os trabalhos
terão o mesmo objetivo dos fundadores de Brasília:
fazer desta terra um mundo melhor.
Parabéns, Brasília, por seus 50 anos!
Palestras do evento
Palestras
Palestrante
Palestra de abertura
Carlos Chagas
O papel e relevância de jornais e revistas maçônicas no contexto atual
Antônio do Carmo Ferreira
300 anos da Maçonaria no mundo: retrospectiva histórica, filosófica e cultural
Bernardo Martins Pereira
Iluminismo, Maçonaria e os dias atuais
Paulo Tomimatsu
200 anos da Maçonaria no Brasil: cenários e perspectivas
William Carvalho
O papel e relevância das academias maçônicas de letras no contexto atual
Absaí Gomes Brito
A contribuição musical de Wolfgang Amadeus Mozart à Maçonaria
Marden Maluf
Literatura e escritores maçônicos – universidade ou dispersão de ideias?
Élio Figueiredo
50 anos da Maçonaria no Distrito Federal: experiências e alteridade
Adirson Vasconcelos
O comprometimento maçônico
Moacir José Outeiro Pinto
O conceito maçônico refutado: a essência da Maçonaria
Ronaldo Rebello de Britto
Sumário
ao
enyte
19
200 anos de
Maçonaria no Brasil
cenários e perspectivas
William Almeida de Carvalho*
U
m dos muitos tópicos discutidos no XV Encontro Nacional da Cultura Maçônica é o
que passamos a comentar. O Brasil maçônico, primeira potência do mundo latino,
vem crescendo com taxas chinesas, motivo de justo
orgulho, mas as evasões apresentam taxas norteamericanas, o que indica que não estamos conseguindo reter nossos preciosos recursos humanos,
como se pode observar pelo quadro abaixo.
Quadro I
Ocorrência
2006
2007
2008
2009
Iniciações
5.182
5.699
5.600
5.625
Quite Placets
4.097
4.650
4.205
3.580
Saldo
1.085
1.049
1.395
2.045
Fonte: Boletim do GOB
Já é hora de nos debruçarmos sobre estes números e
buscar encontrar a causa de tal descalabro.
A Maçonaria brasileira, que entrou em processo de
declínio ideológico a partir da grande cisão de 1927,
não se recuperou até os dias atuais. Até aquela data,
a Maçonaria era uma elite estratégica do país, confundindo sua história com a do Brasil.
Convém antes salientar que tenho uma visão elitista
da sociedade brasileira. Já se disse que, em ciências
sociais, não se tem telescópio nem microscópio, e,
sim, conceitos, para que se explique a realidade a ser
pesquisada. Os conceitos têm de ser “justos e perfeitos”, para iluminar a realidade. Normalmente, no
Brasil, confunde-se elite com classe dominante, dois
conceitos bem diferentes.
Tome-se o seguinte exemplo: em Brasília, há um sindicado de médicos. Esse sindicado é a elite dos médicos. O que então significa ser elite? Ter mais centralidade no sistema analisado, possuir maior informação, ter maior capacidade de mobilização, manter
maior intercâmbio com as outras elites etc.
Elites estratégicas seriam as elites que possuem sistema de inteligência próprio, que custam caro. O bispo Macedo, o presidente da Rede Globo, o ministro
da Defesa e os secretários da Marinha, do Exército,
da Aeronáutica, os presidentes de partidos políticos
não necessitam ver os jornais do dia para se informar, pois possuem sistemas e canais de inteligência.
A Maçonaria, no passado, era uma elite estratégica,
hoje é uma elite convencional, como centenas de
outras no Brasil.
A Maçonaria, se quiser voltar a ser uma elite estratégica, deverá saber traduzir o atual estágio cultural e
institucional do país, para se inserir em um projeto
nacional para auxiliar o Brasil, como fez no passado.
O Brasil projeta-se nos próximos anos como o 5° PIB
mundial, mas seus valores e algumas de suas instituições são pré-republicanas, ou, traduzindo em
termos de ciências sociais, somos patrimonialistas e
corporativistas.
O rarefeito Iluminismo brasileiro deve ser visto dentro do quadro herdado de um Estado mercantilista e patrimonialista português, que o Marquês de
Pombal tentou romper, com seu despotismo esclare-
* William Almeida de Carvalho – economista, cientista político e presidente da Academia Maçônica de Letras do Distrito Federal.
20
ao
enyte
Sumário
ÎÎ
representação e cooptação;
ÎÎ
estatismo (e seus subprodutos);
ÎÎ
prebendas patrimoniais (apropriação privada);
ÎÎ
autossuficiência do poder;
ÎÎ
inchaço das funções administrativas: fiscal,
judiciária, executiva, legislativa;
ÎÎ
raquitismo da vida civil;
ÎÎ
fiscalismo endêmico;
ÎÎ
insolidarismo;
ÎÎ
privatização da coisa pública;
ÎÎ
corporativismo.
cido, através de um Iluminismo envergonhado, que
não chegou a frutificar.
O Brasil é herdeiro desse mitigado Iluminismo português. A vinda da família real em 1808, apesar de importantíssima, traz para o Brasil o patrimonialismo,
com todas as suas mazelas. O Tratado de Viena, em
1815, consolida tais traços.
O Brasil é herdeiro de uma cultura patrimonialista. O
patrimonialismo é a característica de um Estado que
não possui distinções entre os limites do público e
do privado. Foi comum a praticamente todos os absolutismos.
As características básicas do patrimonialismo podem
ser assim sintetizadas:
ÎÎ
no início: patrimônio imperial = patrimônio público;
ÎÎ
centralismo;
Pelo exposto, fica claro que nossas raízes patrimonialistas, conjugadas com a chaga da escravidão e do
centralismo, geraram consequências avassaladoras,
de que sofremos os efeitos até os dias atuais.
A título de exemplo, compare a estrutura centralizada do Brasil com a dos EUA no quadro abaixo.
Número de empregados públicos do Governo
Brasil e Estados Unidos
Estados Unidos
Brasil
24,79%
69,27%
55,88%
32,51%
18,65%
81,35%
5,94%
1877
11,61%
1920
1930
Governo federal
Governos estadual e local
Governo central
Governo provincial
Governo municipal
Fontes: Para o Brasil, Manoel Francisco Correia, Relatório e Censos de 1872 e 1920. Para os Estados Unidos, Historical Statistics of The United
States, Colonial Times to 1957.
Brasília exerce poder hipercentralizador sobre o resto
do país, pois isso está no nosso DNA institucional.
Proclamamos a República, mas nossos valores não
são ainda republicanos, tendem mais para o patrimonialismo e o corporativismo.
Sumário
Além desses fatos assinalados, gostaríamos de apontar para um fato novo na estrutura social brasileira
atual: o surgimento de uma poderosa classe média.
O Brasil de meados do século XX, início de nossa formação urbano-industrial, apresentava mobilidade
ao
enyte
21
social em termos individuais. Nos últimos 20 anos, em alguns países, tais como México, Chile, Índia, China e
Brasil, blocos imensos das classes D e E têm migrado para a classe C, fenômeno novo, a que chamo de “classe
média morena”.
O quadro abaixo dá uma ideia da nova classe média “morena”, que se apresenta no Brasil nos dias atuais.
Distribuição das classes econômicas no Brasil
(%)
Governo FHC
100
90
Governo Lula
Classe A e B
80
70
Classe C
60
50
40
Classe D
30
20
10
Classe E
0
1992
93
94
95
96
97
98
99
2000
01
02
03
04
05
06
Plano Real
A nova classe média já é quase 50% da população
brasileira e metade dela é de afro-brasileiros. Não
possui ainda uma sustentabilidade garantida, pois
poderá, dependendo das agruras do desenvolvimento socioeconômico do país, regredir à classe D.
Não possui ainda o poder de articulação da velha
classe média tradicional, repleta de procuradores,
desembargadores, juízes, advogados, professores
universitários, empresários (pequenos e médios),
profissionais liberais etc. incrustados fortemente e
com seus interesses corporativos bem alicerçados
na estrutura de poder.
Juntando tudo isso, valores e instituições pré-iluministas, corporativistas e patrimonialistas, com o
surgimento da classe média “morena”, apresenta-se
um fantástico nicho de mercado para instituições do
tipo da Maçonaria.
22
ao
enyte
Os grandes empresários e os trabalhadores sindicalizados já possuem seus mecanismos institucionais de
articulação e representação na estrutura de poder. A
classe média encontra-se desamparada, pagando
seus impostos e assistindo passivamente ao descalabro institucional do país: um Judiciário moroso, burocrático e regiamente pago; um Executivo que, em
termos de gestão, não consegue nem sequer gastar
o seu orçamento (o PAC mal consegue gastar 45% de
seu orçamento) e um Legislativo de 4° mundo.
Eis aí o grande nicho de mercado em que a Maçonaria brasileira poderá trabalhar, se quiser voltar a
ser uma elite estratégica. Um projeto nacional estratégico para ajudar o país a articular uma verdadeira
reforma política, a fim de adequar o país aos novos
tempos.
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Sumário
Brasilia
paisagem urbana
Balão do aeroporto
A
ntes da construção de Brasília, o Brasil
era formado por um arquipélago de
terras contínuas. A região Norte, isolada, não se comunicava com as regiões
Sul ou Sudeste, e o Centro-Oeste era
um grande vazio. O interior do país permanecia selvagem, quase desabitado,
e viajar pelo planalto central era uma
verdadeira aventura.
Reconhecida como polo de desenvolvimento regional, Brasília exerce influência direta sobre 22 municípios espalhados por 55 mil quilômetros quadrados
em Goiás e Minas Gerais. A população do Distrito Federal — 2,5 milhões de habitantes —, somada à da
Região do Entorno, chega perto de quatro milhões
de pessoas. O DF ocupa a oitava posição no ranking
econômico das unidades da federação, mas possui a
maior renda per capita do país: R$ 40.696/ano.
A cidade erguida por Juscelino Kubitscheck, Israel
Pinheiro e 60 mil candangos de todas as regiões do
país não se tornou apenas a nova Capital Federal,
mas também o grande ponto de convergência e conexão da nação brasileira. De Brasília, que significa
Brasil em latim, partem estradas para os quatro cantos do vasto território nacional.
Porém, não foi por sua pujança econômica que a
cidade mais inspirou músicos e poetas. Sua arquitetura moderna, desenhada por Oscar Niemeyer, e
seu traçado urbanístico, riscado por Lúcio Costa, encantaram artistas de todos os matizes, de todas as
ideologias.
“Escolhi Brasília como ponto alto do meu governo,
porque estou convencido de que a nova capital representou um marco. Depois de sua construção, ninguém poderia duvidar de nossas indústrias ou da capacidade do trabalho brasileiro. Brasília deixou atrás
de si uma nova era de autoconfiança e otimismo”, disse certa vez o ex-presidente Juscelino Kubitschek.
*Fotos cedidas pela Novacap.
Sumário
“[O desenho de Brasília] não tem nada de avião! É
como se fosse uma borboleta. Jamais foi um avião’’,
destacou Lucio Costa em sua última entrevista ao
Correio Braziliense, em outubro de 1997.
“Era um rabisco que pulsava”, definiu Carlos Drumond
de Andrade.
Entre tantas obras de arte sobre a cidade, selecionamos alguns versos, para fazer, com eles, a nossa homenagem à Capital, que completou 50 anos este ano.
ao
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23
Terra de sol
Terra de luz
Terra que guarda no céu
A brilhar o sinal de uma cruz
Terra de luz
Terra-esperança, promessa
De um mundo de paz e de amor
Terra de irmãos
Ó alma brasileira ...
... Alma brasileira ...
Terra-poesia de canções e de perdão
Terra que um dia encontrou seu coração
Vinicius de Moraes
Asa Sul
Eixão Norte
Brasília
Acrópole da Nova Era
Deusa transcendente luminosa
Femil megalópole de Aquário
Cibérpolis ontológica piramidal
Síntese do Novo Homem Universal
Gustavo Dourado
Cidade do voo continente,
Cidade conteúdo em sua mente,
Cidade de leves arcos e portais,
O homem: chama em seus cristais.
Maria da Glória Lima Barbosa
24
ao
enyte
Sumário
Balão do aeroporto (detalhe)
Era só um rabisco no ermo que atordoa os poetas
Um sopro ponteando o nada
ao mais concreto do lugar nenhum.
Um verso solto que de tão plano,
devia só ter a altura de um horizonte embaçado.
Desses que só os olhos desertos de utopia
são capazes de umedecer.
Pura cicatriz em nanquim, regada a lápis de cor.
Depois vieram os retoques, as curvas
arquitetadas com inspiração dos céus.
Esperamos os quase mil dias de tua gestação,
para te ver nascer poesia concreta,
além dos números, suspensa
na alvorada que toca Deus e o chão.
Éder Rodrigues
Catedral de Brasília
Palácio do Planalto
Curtindo o gosto de curtir a tarde
a aparência cândida
do dia.
Sob a água morna
do chuveiro
deixa que corra pelo corpo inteiro
— UAU!
o paladar mais fundo da alegria.
Reynaldo Jardim
Foto: Flávio Cruvinel
Ventos e chuvas corroeram arestas,
dispersaram resíduos,
e o terreno está pronto: esqueleto
à espera da carne.
E vieram os pioneiros
e rasgaram os mapas
(no papel, o embrião): corpo
à espera de uma alma.
Foto: Flávio Cruvinel
Anderson Braga Horta
Sumário
ao
enyte
25
Jardim do Tribunal de Justiça do DF
A cidade dos palácios
não tem muros
Seus guardiões são
homens invisíveis
que tecem a história
no porão do tempo
Tripulantes da nave-mãe
Cidade verde de sonhos
Madura de ambições
Suas ruas são apenas
ruas despidas
de esquinas e becos
Braços eternos
recebem a ardência
do sol, o brilho da lua
Os palácios
são casas brancas
belas
suspensas em arcos
Arte concretizada
Palco das ilusões
Maria Félix
Em Brasília,
há um tempo em que
a vida desaparece,
mas não cessa.
Apenas aguarda
e se fortalece
sem pressa.
Até um dia
de novo, cresce.
E assim tudo recomeça.
TT Catalão
26
ao
enyte
Sumário
No coração do país
Foi erguida uma bandeira,
Surgiu nossa Brasília
A capital brasileira,
De Brasil nome oriundo
Reconhecida no mundo
Brasília não tem fronteira.
Edisio Araújo
Há quem te veja nave de aço, avião
mas eu te vejo ave de pluma,
asas abertas sobre o chão.
Há quem te veja futurista e avançada
mas eu recolho em ti a paisagem rural
lá de onde eu vim:
fazenda iluminada.
E quem declara guerra a teu concreto armado
nunca sentiu a paz do teu concreto desarmado.
Há quem te veja exata, fria, diurna e burocrática
mas te conheço é gata noturna, quente, sensual – enigmática.
Há quem te gostaria só Plano Piloto, teu lado nobre,
mas eu também te encontro na periferia, teu lado pobre.
Há quem só te reconheça nos cartões postais
mas eu te vejo inteira, Planaltina,
cercada de Gamas, Guarás e Taguatingas.
Aos que só te querem grande – Patrimônio Mundial,
egoisticamente te declaro patrimônio meu, exclusivo:
Brasília minha
e, no meu bem-querer diminutivo, Brasilinha.
Paulo José Cunha
Sumário
ao
enyte
27
Postu ra d e
vang uar da
da Maco naria
Foto do Memorial JK
A
história nos comprova o êxito da Maçonaria, decorrente de uma atuação
externa inteligente e de vanguarda, de
liderança na solução dos problemas
sociais, sempre à frente de seu tempo. Uma bandeira é irresistível quando uma confluência de fatores
concorre para a sua maturação e a chegada do seu
tempo. Quem sair primeiro e empunhar essa bandeira terá sucesso inevitável. A Maçonaria tem um
passado de glória, porque, alicerçada em princípios
eternos, soube sempre detectar a correta chamada
do tempo para o avanço da sociedade. Significativa
foi a atuação da Maçonaria pela Independência do
Brasil, pela Abolição e pela República.
A questão é simples: para ser vanguarda é preciso estar além do seu tempo.
A Maçonaria não precisa observar para onde a sociedade marcha e, então, escolher uma posição de
vanguarda ou imaginar qual seria a vanguarda para
os dias atuais, qual seria a chamada do tempo. Basta
assumir as suas próprias bandeiras, que, por serem
lastreadas em princípios eternos e universais, sempre foram bandeiras de vanguarda.
Ulisses Riedel*
Vejamos sinteticamente: a Maçonaria é uma entidade em que seus membros, atuando como Irmãos,
com solidariedade interna, com uma postura espiritual ecumênica e suprapartidária, buscam humildemente o auto-aperfeiçoamento. Então, em atitude
de solidariedade externa, voltados para o mundo,
procuram bem servir a humanidade, sustentados
nos princípios eternos e universais da espiritualidade ecumênica, da liberdade, da igualdade e da fraternidade.
Por serem os princípios da Maçonaria eternos e universais, esses princípios estão sempre presentes,
são sempre atuais. Como o processo evolutivo da
sociedade humana é construído por etapas, é preciso perceber a aplicação desses princípios eternos
e universais no contexto atual. Assim, a Maçonaria
estará sempre na “crista da onda”, sendo sempre atual, não cristalizada no passado, sinalizando o porvir,
e, por isso, estando além do seu tempo em relação
à sociedade.
Ser maçom é praticar a humildade, reconhecendo
a imperfeição humana; é esforçar-se em seu autoaperfeiçoamento para melhor servir; é atuar inte-
*Ulisses Riedel é membro da A.·.R.·.L.·.S.·. Honra e Tradição 3873, advogado trabalhista, fundador do Departamento Intersindical de
Assessoria Parlamentar – DIAP e presidente da ONG União Planetária.
28
ao
enyte
Sumário
ligente e amorosamente para a construção de um
mundo de paz e de justiça social; é trabalhar para
que tenhamos uma sociedade livre, com uma democracia solidária, com liberdade de expressão e de palavra, de religião, de estudar, de morar, de trabalhar,
de se divertir, de ter acesso aos bens de consumo,
de votar e de ser votado. Não se trata da construção
de uma democracia competitiva, com liberdade sem
ética, em que os mais fortes exploram os mais fracos
em uma luta de irmãos contra irmãos. Antes, pelo
contrário, é trabalhar para que tenhamos uma sociedade igualitária, em que a igualdade seja de direitos
e de oportunidades. É trabalhar para que tenhamos
uma sociedade fraterna, em que todos se reconheçam como irmãos, feitos do mesmo barro pelo Grande Arquiteto do Universo.
A Maçonaria, para se manter na vanguarda, precisa
ousar através da prática dos seus próprios valores,
adotando, entre outras:
a) postura em defesa da fraternidade, calcada em
uma visão espiritual ecumênica, com o reconhecimento da irmandade de todos os seres;
A Maçonaria é uma entidade secular, espiritual e
ecumênica. A fé em Deus é exigência para ser Maçom, e seus membros podem ser integrantes de
qualquer corrente religiosa. Nesse sentido, deve-se
manter uma postura de vanguarda, promovendo
e liderando atividades ecumênicas, especialmente
pelo fato de que a humanidade ainda vive despedaçada em lutas religiosas.
b) postura em defesa de uma democracia solidária,
de auxílio mútuo, de fraternidade, em contraponto à
democracia competitiva vigente, de luta de uns contra outros;
O compromisso da Maçonaria é com a conquista
de um mundo de justiça social calcado na fraternidade; a humanidade conquistou, pelo menos
em parte, uma visão democrática de organização
social, mas a democracia conhecida está assentada
na competitividade, na disputa por um espaço na
sociedade, no conflito de classes e de interesses,
quando dentro de uma visão maçônica dever-se-ia
buscar a construção de uma sociedade democrática solidária, alicerçada na fraternidade, no companheirismo, no compartilhamento, no socorro
mútuo, no “um por todos e todos por um”.
Sumário
c) postura nacionalista diante da defesa das Metas
do Milênio, aprovadas pelo Brasil na Assembleia Geral da ONU;
A Maçonaria sempre teve um compromisso de
defesa dos ideais nacionalistas e certamente não
existe ideal mais elevado do que a construção de
uma pátria livre da miséria, da ignorância, do analfabetismo, das doenças endêmicas. Essa é uma
atuação concreta, na qual a Maçonaria pode ultrapassar os limites do assistencialismo para buscar a
conquista de uma sociedade humana justa, construída e alicerçada nos princípios maçônicos. Oito
são os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio
– ODM: 1. Erradicar a fome e a miséria do mundo;
2. Educação básica de qualidade para todos (o que
implica acabar com o analfabetismo); 3. Igualdade
de gêneros e a valorização da mulher; 4. Reduzir
a mortalidade infantil; 5. Melhorar a condição de
saúde das gestantes; 6. Combater a AIDS, a malária
e outras doenças endêmicas; 7. Qualidade de vida
e respeito ao meio ambiente; 8. Todo o mundo trabalhando pelo desenvolvimento (o que implica inclusão social).
d) postura de profundo estudo do auto-aperfeiçoamento para melhor servir.
O caminho a ser percorrido pelos Maçons é complexo e gigantesco, dependendo prioritariamente
de auto-aperfeiçoamento. O “lavrar a pedra bruta”
deve ser examinado com profundidade, com estudo científico, com método, yoga e meditação. Os
Maçons buscam humildemente o auto-aperfeiçoamento para melhor servir. Esse auto-aperfeiçoamento deve ser feito com os estudos mais recentes da psicanálise e outras disciplinas correlatas,
buscando compreender a natureza humana e seu
aprimoramento.
É essencial que a Maçonaria intensifique sua Missão
Magna de transformação da sociedade pelo bem,
pela fraternidade, pela solidariedade.
A Maçonaria precisa assumir, com coragem, essas
bandeiras que lhe pertencem. Se não o fizer, outras
entidades o farão, possivelmente sem a mesma capacidade, uma vez que o processo evolutivo é permanente e inevitável, não podendo ser detido. Assim como as águas buscam sempre encontrar saídas,
também marcha a vida.
ao
enyte
29
SalveaSi
só por hoje buscarei me manter limpo
A
peste chegou. Está solta nas ruas, batendo às nossas portas, invadindo nossas casas, presente em todos os lugares. De um
modo ou de outro, somos todos afetados. Temos que
combater a droga, classificada pela OMS – Organização Mundial de Saúde como sendo tão devastadora
quanto os efeitos maléficos da peste bubônica.
O Centro de Tratamento de Dependência Química
Salve a Si, ONG voltada para a recuperação de dependentes químicos e de álcool, nasceu do esforço
de um desses combatentes, Henrique França, um
adicto, um dependente em recuperação.
Salve a Si, organização não governamental sem fins
lucrativos, foi criada em 2000, com o objetivo de
oferecer tratamento aos adictos de álcool e outras
drogas. Surgiu como forma de estender a outros dependentes químicos a experiência de recuperação
30
ao
enyte
de um jovem dependente baseada no amor. Por isso,
a maior mensagem da entidade é o “resgate da vida
através do amor”.
“A proposta terapêutica tem seu foco nas questões
comportamentais, visando à recuperação mental,
emocional e espiritual do dependente; na prevenção de possíveis recaídas na utilização da droga; na
terapia racional emotiva; na terapia comportamental cognitiva e na terapia sistêmica familiar”, explica
Henrique.
Ele destaca que o objetivo da Salve a Si é levar o dependente a se conscientizar para viver livre da escravidão das drogas. “Buscamos o resgate do indivíduo
com laborterapia de três horas diárias, muita disciplina e aquisição da responsabilidade profissional,
e, assim, recuperamos a sua autoestima. Ao mesmo
tempo, buscamos a conexão com a espiritualidade
Sumário
ecumênica, sem doutrinação religiosa, mas com palestras de padres, pastores e líderes espirituais de
outros segmentos religiosos, no intuito maior de
reforçar o contato consciente com o seu Poder Superior de escolha. Conscientizamos cada um sobre
o poder que tem de livre-arbítrio; basta que o seu
Poder Superior seja apenas bondoso, amoroso e cuidadoso”, filosofa o fundador da Salve a Si.
Henrique enfatiza que “a recuperação, com o abandono da dependência química, é possível e real. O
objetivo da Salve a Si é levar o dependente a conscientizar-se das ferramentas necessárias para poder
desfrutar de uma nova maneira de viver: ‘limpo’ e
sereno”, diz ele, salientando que, “na recuperação, o
álcool também é visto como droga”.
Em suas palavras, um “indivíduo devastado pelo uso
de drogas encontra-se, na maioria dos casos, dentro
de um quadro de insanidade. Fragilizado e sensível,
ele necessita de amparo e carinho para se valorizar e
crescer num ambiente salutar e harmonioso”.
Embora esteja “limpo” há anos, Henrique ressalta que
nunca irá se considerar recuperado, mas sempre em
recuperação. “Todos os profissionais da Salve a Si,
sem exceção, também se encontram em recuperação, sabendo que, por não existir a cura, devem viver
a manutenção diária, buscando ajudar o próximo a
encontrar essa nova forma de viver”, diz Henrique.
Hoje a Salve a Si é um centro de tratamento devidamente registrado e regularizado nos órgãos competentes, com capacidade para 28 residentes do sexo
masculino. Seu centro de recuperação está localizado
numa propriedade rural com rio, córrego, mirantes e
nascente, localizada na DF 140, a 58 quilômetros do
centro de Brasília. O local conta com uma complexa
infraestrutura, que inclui granja, mudário de plantas
exóticas e medicinais, produção de agricultura orgânica e piscicultura, além de mudas plantadas de
mogno, teca e neen indiano.
A propriedade, de 33 hectares, foi cedida por um casal de colaboradores, um irmão maçom e sua esposa, para fins de recuperação de adictos, em regime
de comodato por 14 anos, renováveis automaticamente por mais 14 anos.
Para servir de dormitório aos residentes, a casa sede
foi remodelada: a sala virou sala de reunião terapêuSumário
tica e de vídeoterapia, uma garagem virou refeitório
e o que era uma churrasqueira ao ar livre virou uma
cozinha. O escritório do centro e a casa dos funcionários funcionam na estrutura de um antigo depósito
de ferramentas. Mas há terapeuta que ainda pernoita em colchão no chão do escritório para gozar de
um mínimo de privacidade.
Para a recuperação de adictos, a entidade não cobra
taxas nem mensalidades, mas as famílias dos residentes podem contribuir de forma simbólica, até o limite de dois salários-mínimos. A maioria dos residentes
não paga nada. A verba é revertida ao pagamento
de terapeutas, psicólogo e coordenador, pagamento
que é simbólico também. O compromisso da equipe
é munido pelo AMOR e dele emana à causa da recuperação.
Durante o período de recuperação, a Salve a Si, que
vive de doações de alimentos, oferece cinco refeições diárias aos residentes e se esforça na reutilização de móveis doados ou até mesmo recolhidos nas
ruas, em latas de entulho, que, posteriormente, são
reformados e reutilizados
Nos planos de Henrique, a Salve a Si pode crescer e
consolidar-se como importante instituição na área
de recuperação de dependentes químicos. Além de
experiência comprovada em recuperação de adictos,
ela está localizada em uma propriedade rural com espaço suficiente para ampliar o número de residentes.
“A entidade necessita de melhorias para acomodar
seus residentes e poder oferecer recuperação com
qualidade. Já temos um projeto idealizado pelo arquiteto Marcos Decat França para a construção de novas
instalações para um total de 40 residentes, e a casa
que hoje é utilizada pelos residentes, que necessita de
imediata reforma de todo o telhado, pode ser adaptada para ser um auditório com cozinha e refeitório”,
informa Henrique, sonhando em levar a mais adictos
a sua história de recuperação.
A bela história da Salve a Si pode ser encontrada no
Youtube:
http://www.youtube.com/watch?v=t6HtT5p0RFI ou
no próprio website: http://www.salveasi.com.br/.
Para contato: [email protected].
ao
enyte
31
Lições
de um
aprendiz
O
Irmão Carlos Hugo S. Correa colabora há muito com o Centro de Tratamento para Dependência
Química Salve a Si. De tanto explicar o que o motivou a ceder o sítio que comprara nas redondezas de Brasília para servir de sede da entidade, resolveu escrever uma parábola, atribuída ao
grande mago cabalista Abramelin, a qual publicamos a seguir.
Quando o mago Abramelin criou o “Jogo do Ganha-Ganha”
Certa feita, Abramelin, “O Judeu”, recebeu a visita
de três alquimistas, que foram tentar convencê-lo a
não divulgar demais suas investigações sobre a magia cabalística. Abramelin foi um grande mago, que
peregrinou pela Europa no ápice do Renascimento,
pesquisando os segredos da velha cabala hebraica,
ensinados pelos egípcios a Abraão. Legou à humanidade um compêndio detalhado sobre as hierarquias
sagradas, arcanjos, anjos, querubins e serafins, como
também das potestades materialistas — nomes e
características, legiões a sublegiões a que pertenceriam — e, o mais importante, como invocá-las e o
que obter de cada uma delas.
Por volta do ano 1600, o velho sábio decidiu registrar
todo o seu conhecimento por escrito. Mais que isso,
tinha por hábito compartilhar o resultado de suas
pesquisas espirituais com os aprendizes que o procuravam vindos de todos os cantos da Europa, África
e Oriente. Por isso, foi abordado pelos três alquimistas. Queriam convencê-lo a ser mais reservado. Suas
descobertas eram por demais relevantes. Ensinavam
a invocar os arcanjos. Até aí, tudo bem. Mas também
ensinavam como obter toda sorte de favores dos
demônios. Poderiam proporcionar poder demais
32
ao
enyte
aos iniciados. Ensinava como obter a amizade de reis e
príncipes, seduzir donzelas, arranjar aliados e até como
conseguir ouro, prata e outras riquezas. Os três alquimistas já haviam testado os ensinamentos. Funcionavam. Era poder demais para mentes despreparadas.
Abramelin só escutava os argumentos. Nada respondia. Até que, em determinado momento, um dos sábios alquimistas veio com um argumento novo.
— Pelo menos não ensine tudo o que sabe. Guarde
sempre algum segredo importante. Assim o senhor
será sempre o mago mais poderoso do mundo. Sua
fama se espalhará para além do Oriente e o senhor
estará sempre cercado de discípulos. Os aprendizes
virão e estarão sempre retornando com presentes
para obter novos conhecimentos. E, ao retornarem,
o senhor arrancará de cada um deles o que aprenderam com outros mestres. Assim, nenhum discípulo
jamais terá tanto poder ou fama quanto o senhor.
Era um argumento novo, registrou Abramelin em
suas memórias, lidas com atenção por Voltaire. Ora,
o que aquele alquimista estava dizendo, em linguagem coloquial, era para ele não revelar o “pulo do
gato”. Usando o dialeto marxista, era para não sociali-
Sumário
zar seu capital acumulado (o conhecimento). Ao contrário. A ideia era virar uma espécie de precursor do
capitalismo selvagem. O plano era usar os jovens discípulos para fazer aquilo que, quase três séculos mais
tarde, Marx definiria como “mais-valia”. Ou seja, ao
invés de compartilhar, como o velho cabalista vinha
fazendo, seria melhor acumular, acumular e acumular seu principal capital, o conhecimento. Abramelim
refletiu, refletiu. Ele não registra se ficou tentado pela
obtenção da fama, das riquezas
e do poder que o plano lhe proporcionaria. Registra apenas que
refletiu bastante. Disse, então:
— Peguem aquelas lâmpadas
que estão acolá.
Eram os tempos das lamparinas
a óleo em formato que lembrava muito a lâmpada mágica do
gênio de Aladim, aquele personagem d’As Mil e Uma Noites,
que tanto preencheu nossos
imaginários infantis. Os alquimistas se levantaram, pegaram
as lâmpadas e se sentaram de
novo em frente a Abramelim.
— Agora acendam as suas lâmpadas na minha lâmpada.
Acenderam.
— E então?, indagou o velho. — Vossas lâmpadas
apagaram minha lâmpada? Vossas luzes apagaram
minha luz? — insistiu.
Diante do estupor dos três alquimistas, o mago concluiu:
— Ao contrário. Minha sala ficou muito mais iluminada. E sou eu quem mais está se beneficiando com isso.
Quatro séculos mais tarde, os
gurus da administração de
empresas formulariam teorias
e métodos que utilizam a sinergia de pessoas ou equipes
para multiplicar a eficiência
do trabalho e maximizar os
lucros. Costumam chamar tal
estratégia de “Jogo do GanhaGanha” — em referência a
uma das premissas do capitalismo selvagem, no qual,
quando um ganha, alguém
perde. Nesse caso, paradoxalmente, todos ganham.
A íntegra deste texto pode ser lida no endereço: http://
www.conteudo.com.br/studart/quando-o-magoabramelin-criou-o-201cjogo-do-ganha-ganha201d.
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Cyrtopodium aliciae
Orquideas
fascinantes e surpreendentes
Lou Menezes*
O
estudo das plantas é muito cativante e abrangente e muito mais se é desses maravilhosos organismos chamados orquídeas, distribuídos em pretensiosa organização fitogeográfica tão sugestiva quanto dependente de hábitos, na mútua inter-relação que a comunidade biótica, em
harmonia, faz prosperar.
As orquídeas pertencem à família Orchidaceae, que é uma das três maiores famílias de plantas floríferas
(Angiospermae) de nosso planeta, sendo as outras duas a Asteraceae (Compositae) e a Poaceae (Graminae). No mundo, existem cerca de 35 mil espécies conhecidas de orquídeas,
e mais de 3 mil estão em território brasileiro.
As orquídeas possuem diferentes hábitos na natureza. São
encontradas agarradas às árvores e palmeiras, chamadas de
epifíticas, mas nunca parasitas, como é popularmente divulgado; outras crescem no solo e são chamadas de terrestres;
outras sobre rochas, denominadas rupestres ou rupícolas;
e também aquelas de áreas alagadas, denominadas de paludículas.
Com suas fascinantes e exóticas flores de colorido e perfume que fogem à nossa compreensão, as orquídeas
apresentam peculiaridades surpreendentes. Entre milhares, este é o caso daquelas do gênero Cyrtopodium,
as quais possuem, no planalto central brasileiro, o centro de sua distribuição geográfica no Brasil.
As plantas do gênero Cyrtopodium são popularmente
identificadas por diferentes nomes. Em muitas regiões, são
conhecidas por “sumaré”, designação que dá nome a diversas localidades nos estados do Rio de Janeiro e São Paulo,
onde ocorrem grandes populações do gênero sobre as
rochas; em algumas localidades do nordeste, são chamadas de “rabo-de-tatu”, em alusão à semelhança dos pseudobulbos fusiformes de algumas espécies com o rabo
desse animal.
*Lou Menezes – engenheira florestal e analista ambiental, é chefe do Orquidário Nacional do
Intituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA.
34
ao
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Sumário
Cyrtopodium witecki
Sao
também identificadas como “cola-desapateiro”, devido ao uso do sumo
extraído dos seus pseudobulbos na
colagem de couro, papel e madeira.
Essa goma também é usada, em Goiás, para encerar os liços
dos teares manuais primitivos, que são feitos de fios de
algodão. “Bisturi-do-mato” ou “lanceta-milagrosa” são
outros nomes populares para identificar as plantas
de Cyrtopodium. Dessas plantas pode ser destacado seu valor terapêutico na utilização tópica da
exudação de seus pseudobulbos para tratamento de
abscessos, além da produção de xarope para o tratamento de tosses e coqueluche.
No planalto central brasileiro, centro da distribuição geográfica das plantas do gênero Cyrtopodium, as atividades antrópicas,
notadamente voltadas para a agricultura, têm sido responsáveis
pelo desaparecimento de extensas áreas nativas para o plantio de soja, algodão e milho.
Cyrtopodium gigas
Nesse contexto da preservação, além da supressão dessas áreas nativas especificamente ligadas à ocorrência do gênero Cyrtopodium e de outras orquídeas terrestres, no atual processo de depredação das florestas
tropicais no mundo, cerca de 11 milhões de hectares por ano — ou talvez bem mais —, centenas de milhares de espécies vegetais e animais serão extintas nos próximos anos e, com elas, nossas joias da natureza, as
orquídeas.
Cyrtopodium cardiochilum
Sumário
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35
0
173 Maçonaria
Universitária*
Lucas Galdeano**
C
omo parte de um intenso programa de modernização da Ordem e de rejuvenescimento de seus
quadros, encontra-se em curso um projeto de instalação de Lojas Acadêmicas e de Lojas Universitárias em todo o país, independentemente de Obediência Maçônica.
Identificado como uma antiga aspiração de maçons brasileiros, esse movimento foi iniciado na
segunda metade da década passada, ganhou força e vigor a partir do ano de 2000 e, em meio a um emaranhado de crenças e preconceitos, conquistou legitimidade no círculo maçônico brasileiro.
Mas, afinal, quem está com a razão? As Lojas Universitárias são uma invenção do Grande Oriente do Brasil?
Oficina desse tipo é uma mera extensão da Ação Paramaçônica Juvenil (APJ) e da Ordem Demolay?
A primeira Loja Universitária surgiu na Inglaterra, em 1730 – University Lodge. Era integrada por estudantes de Oxford (foto) e Cambridge.
36
ao
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Sumário
Um pouco de história
Quem inventou as Lojas Universitárias?
Ao contrário do que imagina o senso comum, as Lojas Universitárias não são novas e nem uma invenção do Grande Oriente
do Brasil, a maior Obediência Maçônica do Mundo Latino.
Elas, há muito, existem em outros países, como Inglaterra, Irlanda, Estados Unidos, Canadá e Austrália.
A primeira Loja Universitária devidamente constituída foi a
University Lodge 74, de Londres, no dia 14 de dezembro de
1730, por iniciativa dos maçons da Loja Urso do Arado 63, que
se reuniam na taberna de mesmo nome. Dessa Loja Universitária participou, além de estudantes da Universidade de Oxford e
Cambrige, um dos baluartes da Moderna Maçonaria, ninguém
menos que Jean Théophile Désaguliers (*1683 †1744), considerado o Pai da Maçonaria Especulativa Moderna.
A Westminster and Keystone Lodge, segunda do gênero, fundada em 1722, tornou-se universitária em 1855. Em 1873, assim como a University Lodge 74, passou a reunir os estudantes
de Cambridge e Oxford.
Jean Théophile Désaguliers, Pai da Maçonaria Moderna,
criou a primeira Loja Universitária da história.
Outro exemplo de maçom ilustre que pertenceu a uma Loja
ligada à área acadêmica, agora nas artes literárias, foi o de
Oscar Wilde (*1854 †1900), um dos maiores escritores do
século XIX, que ingressou na Loja Universitária Apollo em
23 de fevereiro de 1875, com licença especial, por ser menor de idade.
Assim como as Lojas Universitárias de Oxford e Cambridge,
a Apollo e a Isaac Newton apresentavam licença, automaticamente renovada a cada ano, para iniciar candidatos abaixo de 21 anos.
Segundo o Irmão William Carvalho, historiador maçônico,
“a Loja Universitária Apollo era, então, como é ainda hoje,
uma loja prestigiosa na Maçonaria inglesa. A loja original
Alfred, na Universidade de Oxford 455, fundada em 1769,
abateu colunas em 1783. Acordou em maio de 1818 e, em
dezembro, constitui-se como Loja Apollo 711”.
Um ano depois, a palavra “Universitária” agregou-se ao seu
título. A Loja Universitária Apollo, agora com o número 357,
continuou a praticar seu ritual de maneira tradicional e
dentro de seu estilo histórico.
Oscar Wilde – por ser menor de idade, o escritor irlandês
precisou de licença especial para ingressar na
Loja Universitária Apolo em 1875.
Nos Estados Unidos, existem, entre outras, as Lojas Havard
e Boston University.
Sumário
ao
enyte
37
No Brasil
A denominação “Loja Universitária” surgiu no país em
1975, com a criação da Loja Universitária 1928, de
Bragança Paulista (SP), fundada a 20 de agosto daquele ano, federada ao Grande Oriente do Brasil.
Depois surgiu a Fraternidade Acadêmica Piratininga 2862, na cidade de São Paulo, fundada em 20 de
abril de 1995, também federada ao GOB. Idealizada pelo então Grande Secretário-Geral de Relações
Maçônicas Exteriores Adjunto ao GOB, o eminente
Irmão Rubens Barbosa de Mattos (*1937 †2003),
Grão-Mestre Honorário do Grande Oriente de São
Paulo, que exerceu o cargo de Grão-Mestre Estadual no período de 21/06/1991 a 20/06/1995, essa
Loja é considerada, no meio maçônico, a primeira
Loja genuinamente Universitária.
Situação em 2007
Em 2007, segundo os dados da Grande SecretariaGeral da Guarda dos Selos do Grande Oriente do
Brasil, existiam 73 Lojas Maçônicas Acadêmicas e
Universitárias federadas ao Poder Central, assim distribuídas: 1 no Acre; 1 no Maranhão; 2 no Distrito
Federal; 2 em Goiás; 2 em Pernambuco; 2 no Rio de
Janeiro; 2 em Rondônia; 3 no Espírito Santo; 3 no Paraná; 5 em Santa Catarina; 19 em Minas Gerais e 31
no estado de São Paulo.
Do total de 73 Oficinas, 44 eram Fraternidades Acadêmicas e 29, Lojas Universitárias.
Das 44 Oficinas do tipo Fraternidades Acadêmicas, 26
trabalham no Rito Escocês Antigo e Aceito; 8 no Rito
Francês ou Moderno; 6 no Rito Brasileiro; 3 no Rito
Adonhiramita e 1 no Rito de York ou de Emulação.
Das 29 Oficinas do tipo Universitárias, 15 trabalham
no R.·.E.·.A.·.A.·.; 6 no Rito Francês ou Moderno; 5 no
Rito Adonhiramita e 3 no Rito Brasileiro.
No Distrito Federal
Na jurisdição do Grande Oriente do Distrito Federal,
não se pode falar em Loja Universitária, sem mencionar o nome do eminente Irmão João Correia Silva
Filho, Grão-Mestre de Honra da nossa Obediência
Distrital.
38
ao
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O eminente Irmão João
Correia tornou-se o grande responsável pela fundação da ARLS Universitária Verdade e Evolução
3492, do Rito Moderno,
primeira Oficina Universitária da Capital da República, fundada em 22
de março de 2003.
Durante os últimos seis
anos (1996 a 2002) que
antecederam a fundação daquela que seria a primeira Loja Universitária do Distrito Federal, o discurso
do GODF pautou-se no crescimento quantitativo e
qualitativo dos Quadros das Lojas, fazendo frente
a uma postura mantida pela grande maioria dos Irmãos: “o que vale é a qualidade” e a “quantidade impede a qualidade”.
A falta da aceitação da política de “Crescimento dos
Quadros das Lojas” — a renovação dos quadros estava
abaixo, às vezes, da simples reposição de obreiros —
levou o Grande Oriente do Distrito Federal ao envelhecimento, fato que já vinha ocorrendo em todo o GOB,
chegando-se a uma média etária de 60 anos.
Hoje a faixa etária de maçons do GOB gira em torno de 52 anos, graças às 73 Lojas Maçônicas ligadas
à área acadêmica, federadas ao Grande Oriente do
Brasil.
No final da Administração do então Grão-Mestre
Hélio Pereira Leite, foi fundada, em 31 de março de
2007, a segunda Loja Universitária jurisdicionada ao
GODF, com o título distintivo de A.·.R.·.L.·.S.·. Universitária Ordem, Luz e Amor 3848, do R.·. E.·. A.·. A.·..
Maçonaria Universitária?
A rigor, não existe Maçonaria Universitária. O que
existe são Lojas Maçônicas chamadas de Acadêmicas e Universitárias.
As leis que as regem são as mesmas leis que regem
qualquer outra Loja Maçônica federada ao Grande
Oriente do Brasil. A única diferença é que essas agremiações privilegiam a iniciação de universitários, de
Sumário
professores e demais candidatos ligados à área acadêmica. Reúnem-se em condições de hora, local e
frequência e buscam conciliar atividades da Ordem
com as de estudante.
As Lojas Acadêmicas e as Lojas Universitárias propriamente ditas são muito semelhantes. A única diferença está no título distintivo que
adotaram, porque, de resto, funcionam com os mesmos objetivos e da
mesma maneira. Como dissemos,
são Lojas Maçônicas iguais às outras
Oficinas federadas.
O futuro da Maçonaria em geral e da “Maçonaria Universitária” em particular está em conseguir chegar
até a juventude e oferecer a ela uma doutrina calcada em ideais progressistas, solidários e espirituais,
construindo o futuro com base nos alicerces de nossa tradição — o que de melhor a humanidade já
conquistou — e expondo um ideal
maçônico contemporâneo, de acordo com a realidade atual e futura do
povo brasileiro.
Sendo uma Loja Maçônica igual a outra qualquer, Irmãos podem ser chamados para a fundação de uma Oficina desse tipo, quer estejam ligados à
área acadêmica quer não. Do mesmo
modo, os candidatos não terão de ser
única e exclusivamente oriundos de
Instituições de Ensino Superior para
compor os seus quadros.
Lembrando sempre que somos, no
presente, os portadores do ideal
maçônico, legar aos nossos sucessores uma Ordem mais sublime e
mais coesa só dependerá de nosso
trabalho e habilidade. Assim, transformaremos os anseios da comunidade em fulgurante realidade, modernizando a Ordem, sem prejuízo
das tradições herdadas de nossos
antepassados.
A idade para ingresso na Ordem,
segundo a atual legislação, é de 18
anos.
NOVAE SED ANTIQVAE
Renovação-Trabalho-União
Futuro Geral e Particular
Divulgue essa ideia!
A Maçonaria brasileira, atualmente, é
uma das que mais crescem no mundo e temos plena consciência de que, em um futuro bem próximo,
estaremos atingindo o ponto de mutação, em que a
quantidade se transformará em qualidade.
A Maçonaria está perdendo terreno quantitativo na
Europa e nos Estados Unidos e ganhando no Brasil, e
as oficinas universitárias são um importante fator de
renovação qualitativa da Maçonaria Brasileira.
* Texto resumido com autorização do autor. A íntegra do
artigo pode ser encontrada no endereço: http://www.
freemasons-freemasonry.com/galdeano_maconaria_
universitaria.html.
**Lucas Galdeano é atual Grão-Mestre Adjunto do Grande Oriente do Distrito Federal (2007-2011), presidente
do Conselho Maçônico Distrital (2007-2011) e presidente do Conselho Editorial da Revista Egrégora.
Atuação nas áreas:
tributária, bancária e empresarial
SRTV qd. 701, bl. A, sala 330
Fone: (61) 3321-2535
Brasília – DF
E-mail: [email protected]
Sumário
ao
enyte
39
O Estilo Gótico
Arte, filosofia e pensamento
Laélio Ladeira*
H
oje, o mundo em que vivemos está dividido
em setores cada vez mais estanques na área do
conhecimento, do saber e da erudição. A tendência é a especialização, que, dia após dia, fica mais
limitada. Segundo a nossa formação, esses padrões,
as ciências exatas, a arquitetura e a filosofia nada teriam em comum e estariam voltadas para assuntos
opostos, paralelos e até antagônicos.
De modestas capelas de beira de estrada a grandes
catedrais, as muitas igrejas erguidas em toda a Europa no século XII demonstravam uma nova forma
arquitetônica, que combinava tradições locais com
influências romanas e bizantinas. Como grandes
construtores, os normandos desempenharam papel
significativo na disseminação desse estilo românico
pelas terras que conquistaram.
A visão do mundo cristão na
Idade Média
Tentar entender a vida intelectual e a arte da Idade
Média, sem se reportar ao espírito, à mentalidade da
época, é tomar uma coisa por outra, isto é, equivocarse. Constituiria, por exemplo, grave erro de apreciação
atribuir a fatores meramente práticos a decisão do
bispo Maurice de Sully (1120-1196) de destruir a igreja construída apenas setenta anos antes, para edificar,
em seu lugar, a catedral de Notre Dame de Paris.
O período histórico em que surgiu a construção gótica estava repleto de polêmicas. Existiam pessoas difamadoras sistemáticas, assim como os admiradores
incondicionais. O espírito cristão governava o agir, o
Como os exemplos franceses aqui mostrados sugerem, a força das construções românicas derivava
de suas paredes exteriores imponentes, geralmente
feitas de cascalho ligado com argamassa e revestido
com pedras planas. O espaço no interior dessas paredes era dividido por colunas robustas e amplos arcos
semicirculares à maneira romana: a forma dos arcos
que se sucediam repercutia nos tetos abobadados.
Efeitos decorativos detalhados estavam limitados a
pontos-chave — o capitel das colunas ou os arcos
acima das entradas — e o efeito do conjunto era de
tranquila majestade.
Na segunda metade do século XII, o uso de botaréus
para suportar o peso dos tetos abobadados eliminou a necessidade de paredes tão grossas, e o estilo
românico deu paulatinamente lugar ao gótico.
Vitral da Abadia de Saint Denis
*Laélio Ladeira – ex-professor da Universidade de Brasília, do Instituto Militar de Engenharia na Praia Vermelha do Rio de Janeiro e da
Escola Nacional de Engenharia do Rio de Janeiro, é o atual Sumo Sacerdote (High Priest) Tabernáculo Brasília 236 em Kt.Pt. Laélio Ladeira.
40
ao
enyte
Sumário
pensar e todas as circunstâncias que envolviam a vida do
homem do século XI. A fim de compreender as pessoas
da Idade Média, é necessário não perder de vista, nem um
só momento, que tudo e todos existiam em função da fé
cristã.
Fazendo tácita referência a essa época, o papa Leão XIII
(1810-1903) ensina, na Encíclica Immortale Dei, que houve
um tempo no qual a filosofia do Evangelho governava os povos. O espírito cristão havia absorvido até a essência a sociedade de então, dando origem a uma cosmovisão cristã. Isso
se verificava em todas as camadas sociais — desde os mais
nobres ou ricos até os mais pobres e humildes — e todas
as atividades humanas estavam imbuídas dos ensinamentos
cristãos.
Origem
Nave da catedral de Colônia – Alemanha
Foi em 1144 que a arte gótica teve seu início com o término do coro da abadia de Saint Denis – São Dionísio.
O elemento de estudo da humanidade, em presença de Deus, passou a ser o próprio homem e o mundo real,
sem que, para isso, o homem desviasse a sua devoção religiosa.
A abadia de Saint Denis, local onde foram enterrados os reis franceses, teve sua terceira reconstrução iniciada
em 1137, quando o abade Suger, o principal idealizador do estilo gótico, decidiu renovar os edifícios da abadia. Mantendo a cripta no estilo românico, a reforma
da fachada foi terminada em 1140 e, finalmente, o
coro em 1144, marcando o início de um novo estilo.
O crescimento das cidades coincide com o término
do regime feudal. Enquanto as catedrais românicas
apresentavam-se pesadas, escuras, onde os homens
religiosos da Idade Média se escondiam com medo
dos olhos de Deus, as catedrais góticas abriram-se
para a luz do mundo exterior, apresentando grandes
vitrais e elementos estruturais novos. A busca pela
luminosidade possuidora de poder espiritual. Os pedreiros livres, equipados com simples ferramentas e
relações geométricas, construíram altos arcos e pontiagudas torres associados a um sistema complexo
de abóbadas ogivais, arcobotantes e contrafortes. As
catedrais góticas atingiram inacreditáveis alturas e,
com seus belos vitrais, tornaram-se símbolo dessa
época. Consideradas verdadeiras obras-primas por
aparentarem dimensões maiores ainda que as reais
e, principalmente, por produzirem um jogo de luzes e sombras em seu interior, as catedrais góticas
podem ser consideradas uma vitória da arquitetura
sobre a gravidade.
Abadia de Saint Denis
Sumário
ao
enyte
41
Período Feudal
Desde Filipe II da França (1165-1223), a monarquia francesa tinha como
objetivo enfraquecer os senhores feudais, donos de territórios e exércitos
frequentemente maiores que os do próprio rei.
Quando os servos das glebas, que dependiam exclusivamente do seu senhor,
pressionados por pesadas obrigações impostas pela nobreza feudal, começaram a fugir para as cidades, a monarquia protegeu-os. Cada homem que
escapava era um soldado a menos nas fileiras do senhor feudal. O rei queria
fortalecer seu poder e, enfraquecendo os senhores feudais, alcançava seu objetivo. Filipe IV, rei da França (1268-1314), cognominado o Belo, deu um passo
decisivo nesse sentido, regulamentando o direito dos burgueses e garantindo-lhes o apoio e a simpatia real. A meta dos fugitivos do campo era modesta: trabalhar nos burgos a troco de um salário. Aos poucos, reuniram-se em
pequenas associações, sob as ordens de um mestre, e depois, fortalecidos, organizaram-se em corporações
profissionais, que guardavam os segredos de cada ofício.
O número de habitantes das cidades expandiu-se tanto que a Igreja teve de se adaptar aos novos tempos.
Opiniões levantaram-se contra a reclusão dos monges nos mosteiros, sustentando a necessidade de os religiosos instruírem os novos habitantes em assuntos religiosos e em questões sociais, uma catequização
completa. A Universidade de Sorbonne, fundada em 1257, tornou-se o posto avançado das novas ideias
religiosas. Foi nesse novo mundo e sob o patrocínio da Igreja que surgiram as primeiras manifestações da
arte gótica: as catedrais. Corporações de artesãos eram contratadas pelos bispados para erguer esses imponentes edifícios de pedra, que se tornaram símbolo da cidade.
A Igreja foi, de fato, o maior cliente dos artistas e artesãos da época. Arquitetura, escultura, pintura e demais
manifestações do período gótico (séculos XII a XIV) são obras anônimas, fruto das corporações de profissionais. Mesmo quando uma obra é atribuída a um mestre, em geral, ele não a fez sozinho.
Notre Dame de Paris
Um espírito de competição tomou conta do século XII, no que se referia à construção de catedrais. O
desconhecido mestre dos trabalhos de Notre Dame de Paris, logo no início do trabalho, em 1150, decidiu
que essa catedral seria a mais alta igreja existente na época. Os trabalhos começaram e, quando o coro estava
praticamente terminado, resolveram aumentar ainda mais a altura da catedral, agora para uma altura um
terço mais alta do que qualquer
outra catedral existente.
Catedral de Notre Dame
Notre Dame tornou-se uma obra
alvo de grandes discussões,
pois, além da altura e beleza,
muitos problemas foram
resolvidos. Sua altura tornouse tão grande, que a luz
que entrava pelas janelas
situadas na parte superior
das paredes da catedral
não atingia o chão.
42
ao
enyte
Sumário
Quanto mais alta ficava sua estrutura, mais problemas
eram encontrados, entre eles, a grande velocidade e
pressão dos ventos. Frente a esses problemas, os mestres construtores e estudiosos encontraram uma solução: arcobotantes, contrafortes e abóbadas ogivais,
introduzidos em 1180. Os novos elementos estruturais
propiciaram paredes mais altas e resistiram aos esforços laterais gerados pelas abóbadas e pelo vento. Porém, diante de pequenas rachaduras,
os construtores perceberam pontos falhos nesse esquema estrutural e, em
1220, modificaram a estrutura, além
de terem introduzido escadarias ao
lado dos corredores e galerias.
separa a nave do corpo e forma os braços da cruz
nas igrejas que apresentam essa disposição) por paredes de vidro. Livres da influência de cargas, foram
abertos, nessas paredes, grandes orifícios, que foram
preenchidos com vidros e estruturados apenas por
dois pequenos pilares. Formou-se, com centenas de
blocos de pedra, uma belíssima moldura para esses
vidros em forma de rosa (rosácea), delineando
a fachada da catedral.
Em 1250, Jean de Chelles, mestre
construtor do período, decidiu substituir as paredes dos transeptos (galeria transversal que, em uma igreja,
A perfeição e habilidade do trabalho
de Jean de Chelles, desenvolvendo a geometria e supervisionando
o corte das pedras, foi tanta, que
essa moldura de pedra vem suportando 117 metros quadrados
de vidros há mais de 700 anos.
Nos últimos 100 anos, não conseguiram superá-la em tamanho.
Rosácea da catedral de Notre Dame de Paris
Catedral de Chartres
É considerada pelos arquitetos e especialistas em arte como a mais perfeita das catedrais europeias.
Foi construída entre 1195 e 1260 e continua sendo a joia da França. Os construtores originais
conceberam a estrutura completa com nove torres, mas apenas duas foram erguidas.
A catedral é famosa em todo o mundo e exemplifica o puro estilo gótico
do século XIII, com suas esculturas e vitrais.
Cortada por ruas estreitas e muralhas do século XV, Chartres é, por
sua catedral, magnífico exemplo da arquitetura gótica. Fica na
região central do país, situada às margens do rio Eure, a 75 km
de Paris.
Antiga Autricum da Gália céltica, era para os gauleses o centro
mais importante do culto druídico. Foi queimada pelos
normandos em 858 e, de 1417 a 1432, esteve ocupada pelos
ingleses. Em 1870, foi ocupada pelos alemães, que dela se
serviram como centro de operações. Na segunda guerra
mundial, foi novamente ocupada pelos alemães de 1940
a 1944. Os aspectos mais notáveis são as esculturas dos
portais, especialmente as do Portail Royal, que inicia
a escultura gótica europeia, os vitrais coloridos do
século XII e a grade do coro. As torres e os pináculos
da catedral de Chartres compõem um espetáculo de
tirar o fôlego. O seu interior, com os vitrais, pedras e
madeiras esculpidas, é impressionante. Todas as peças
são cuidadosamente trabalhadas à mão.
Catedral de Chartres – França
Sumário
O sucesso de sua festa nas mãos de profissionais
qualificados, para que você possa realizar
seu maior sonho e curti-lo.
Rua 242, n. 30, q. 71, lt. 4 Setor Coimbra – Goiânia/GO
(Praça da Igreja São Judas Tadeu)
Sumário
Catedral de Estrasburgo
Conhecida pelos romanos como Argentoratum, Estrasburgo foi fundada em 12 a.C. e incorporada ao Império
franco no século V. A construção de sua catedral teve
início em 1176 e foi concluída em 1439. Ela foi o mais
alto edifício do mundo entre 1625 a 1874, permanecendo como a mais alta igreja do mundo até 1880, quando
foi ultrapassada pela catedral de Colônia. Hoje é a quarta igreja mais alta do mundo.
Contrafortes da catedral de Strasbourg – França
Catedral de Colônia
Chamada de “rainha das catedrais”, a catedral de Colônia, localizada na cidade alemã de Colônia, começou a ser construída no século XIII (1248) e foi concluída somente em 15 de outubro de 1880. As duas
torres possuem 157 metros de altura, tendo a catedral o comprimento de 144 metros e a largura de 86
metros. Quando finalizada, era o prédio mais alto do
mundo. A catedral é dedicada a São Pedro e a Maria.
Glossário*
Fachada da catedral de Colônia – Alemanha
Abóbada – construção arqueada feita de concreto, pedras
ou tijolos em forma de cunha, destinada a cobrir um espaço, apoiando-se sobre paredes, pilares ou colunas.
Arcada – sequência de arcos.
Arcobotante – construção em forma de meio arco erguida
na parte exterior dos edifícios góticos para apoiar as paredes e abóbadas.
Botaréu – estrutura construtiva afastada da parede, essencialmente um pilar, que absorve o empuxo do arcobotante.
Clerestório – conjunto de janelas laterais do andar superior das igrejas medievais.
Nave – ala central de uma igreja ou catedral.
Pináculo – o ponto mais alto de um lugar (edifício, torre,
etc.).
Rosácea – óculo fechado por vitral, com as armações dos
vidros feitas de pedra ou de metal dispostas como os raios
de um círculo.
Trifório – em uma igreja, galeria estreita sobre os arcos da
nave central ou sobre as naves laterais.
*Fonte: Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa.
Coruchéu
Contraforte – pilar de alvenaria na superfície externa de
uma parede, para sustentar a pressão de uma abóbada,
terraço ou outros esforços que possam derrubá-la.
Coruchéu – arremate pontiagudo que encima as partes
elevadas de uma edificação, geralmente uma torre ou
campanário.
Gárgulas – parte saliente das calhas de telhados, que se
destina a escoar águas pluviais a certa distância da parede
e que eram ornadas com esculturas monstruosas (humanas ou animalescas).
Sumário
Botaréu
ao
enyte
45
Atividade de inteligência
de segurança pública
os
t
n
e
v
se
e
d
n
a
r
e os g
Régis Limana*
D
iante do fenômeno da violência e das
novas expressões de criminalidade, percebe-se que as intervenções, orientadas
por práticas eminentemente policiais e
de cunho repressivo, têm apresentado resultados
que pouco avançam no campo da pacificação social,
redundando no aumento dos processos de criminalização e, por conseguinte, reprodução da violência,
que culmina por se institucionalizar em uma prática
maniqueísta de busca incessante da separação entre
os “bons” e “maus” cidadãos.
Nesse cenário, somado à complexidade sistêmica do
país e às novas demandas sociais oriundas da chamada “era da informação”, foi criado o Subsistema
de Inteligência de Segurança Pública – SISP pelo Decreto Presidencial 3.695 de 2000, com o objetivo de
desenvolver um processo de integração sistêmica e
dinâmica entre todos os Organismos de Inteligência
de Segurança Publica do Brasil, a fim de organizar,
de forma cooperativa e interinstitucional, os fluxos
de informação.
Paralelamente, o Estado brasileiro, cada vez mais,
consolida-se como potência emergente, amplificada, pelo fato de ser protagonista de futuros grandes
eventos, como os Jogos Mundiais Militares de 2011,
a Copa das Confederações de 2013, a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos
de 2016, o que fará com que o Brasil seja o foco das
atenções mundiais e provável alvo de ações atentatórias à Segurança Pública e à Ordem Social.
A fim de anular ou minimizar esses riscos e somada
a um conjunto de dados colimados, premissas, diretrizes e análises efetuadas, a visão sobre o Sistema
de Segurança para os grandes Eventos não pode se
subsumir à questão criminal. Pelo contrário, diante
desse cenário dinâmico, obrigatoriamente, o Sistema de Segurança deve envolver a compreensão
do fenômeno da violência e da criminalidade como
algo multifatorial e o preparo e instrumentalização
das estruturas de Inteligência não podem voltar-se
para uma perspectiva eminentemente repressiva,
qual seja, pautada em concepção militarizada e beligerante, de fácil manipulação e de “combate” a um
pseudoinimigo e de pouco espaço para a discussão
e prática dialógica na resolução dos conflitos.
A responsabilidade máster da segurança em grandes eventos é do Governo federal, que deve coordenar o envolvimento das autoridades de segurança
federais, estaduais e municipais e das agências de
defesa e inteligência na operação de segurança dos
* Régis Limana é presidente da Comissão Especial de Segurança do Ministério da Justiça – MJ e coordenador-geral de Inteligência
da Secretaria Nacional de Segurança Pública – MJ.
46
ao
enyte
Sumário
jogos, integradas ao comitê organizador respectivo.
Para esse propósito, foi criada uma Comissão Especial de Segurança, denominada CESEG, pela Portaria
155/MJ, de 6 de fevereiro de 2009, com o objetivo de
coordenar, planejar e implementar as ações necessárias na área de segurança e ordem pública para os
grandes eventos.
Depreende-se também que, a fim de viabilizar ações
integradas de prevenção à violência e à criminalidade em grandes eventos, além da necessidade de
cooperação intergovernamental e interinstitucional,
torna-se imperioso o estabelecimento de novo
padrão de relacionamento entre as comunidades
e as forças de segurança
direta ou indiretamente
envolvidas, pautado na
concepção do Estadoprevenção.
Nesse sentido, é evidente
que as áreas de atuação
da Atividade de Inteligência de Segurança Pública
têm relevância não apenas tática mas também estratégica, voltada para a
sustentabilidade da democracia e busca incessante
da paz social. Pode-se citar a intercomunicação de
dados, os levantamentos estatísticos, a produção de
conhecimento qualificado, a assessoria com base
científica para a concepção de planejamento estratégico diante dos novos cenários, a avaliação do
desempenho e o realinhamento das metas e ações,
tudo no sentido de que o Estado deve estar na vanguarda, antecipar-se aos conflitos, prevenindo-os,
Sumário
agindo, pois, de maneira a cumprir os ditames constitucionais, cujas bases estão na construção de uma
sociedade livre, justa e solidária.
Depreende-se também que as ações no campo da
Inteligência de Segurança Pública, cada vez mais,
devem estar alicerçadas sobre teses, teorias e doutrinas, mas também naquilo que a Atividade de Inteligência pode oferecer de mais especial e suas
possíveis consequências, que dizem respeito à materialidade substancial da realidade, de modo a oferecer intervenções qualificadas nos conflitos ou sobre
seus riscos, ampliando a
dimensão da cidadania
e reduzindo os impactos
negativos sobre a sociedade.
Nesse contexto insere-se
a segurança nos grandes
eventos, em que a atuação dos Organismos de
Inteligência de Segurança
Pública tem o relevante
papel de fornecer os elementos necessários para
o enfrentamento da violência urbana e, consequentemente, desenvolvimento do inconsciente coletivo de segurança para a
sociedade, refletindo, com isso, no atendimento das
demandas pertinentes às atividades dos jogos, de
forma que os conflitos e as eventuais expressões de
violência passem por processos de contenção, sempre com a observância dos princípios consectários
de um Estado Democrático de Direito, tendo como
primado a dignidade da pessoa humana e o exercício pleno dos direitos de cidadania.
ao
enyte
47
ADL cai na rede
A Assembleia Distrital Legislativa (ADL) entrou de
vez na internet. Seu novo site fica no endereço http://
www.adl-df.org. A nova plataforma da ADL-GODF
permitirá maior transparência nas atividades da Assembleia, operando como meio de comunicação entre a família maçônica e os deputados distritais.
Ao adentrar no site, os Irmãos encontrarão relações
de fotos da administração atual e da anterior, das
comissões e dos deputados. Para facilitar o planejamento da agenda dos Irmãos, o site disponibiliza
um calendário com todos os eventos que ocorrerão
durante o mês atual. Em caso de dúvida em relação
à Assembleia Legislativa Federal, qualquer Irmão poderá deixar uma mensagem no site.
Acesse o site da ADL e acompanhe as atividades de seu representante.
Composição da Assembleia Distrital Legislativa
48
Nome
Loja
Nome
Loja
Adimar de Barros
Real Segredo
Isaías da Silva Oliveira
Obreiros do Vale
Alamir Soares Ferreira
Honra e Tradição
Jethro Bello Torres
Univ. Ordem, Luz e Amor
Alencar Fernandes Alves
Luz e Fraternidade (DF)
João Alberto da Silva Tavares
Virtude e Razão
Antonio Carlos Elteto de Oliveira
Sete de Setembro
João de Deus Santos
Acácia do Planalto
Antonio Charles Rodrigues
Atalaia de Brasília
João dos Reis Neto
Universitária Verdade e Evolução
Antonio Claudio Araújo
Pitágoras
João Jacob Gonçalves
Fraternidade e Justiça II
Antonio Jose da Silva
Brigadeiro Proença
José Afonso Filho
Vicente Gomes Machado
Antonio Mafaldo do Prado
Filhos de Salomão
José Armando de Jesus Moreno
Anthony Sayer
Antonio Teixeira de Oliveira Jr.
José Castellani
Jose Bernardo Wernik Mizratti
Ministro Helio Beltrão
Augusto de Barcellos Willer
Presidente Juscelino Kubitschek
José Carlos Rios Soler
Equidade e Justiça
Augusto Konrad
Estudo e Trabalho
José Euclydes de Mello
Fênix de Brasília
Carlos Alberto Lopes Medeiros
Areópago de Brasília
Carlos de Pina Neto
Abrigo da Virtude
José Magela do Nascimento
Fraternidade Universal VI
César Fontes Ciminelli
Obreiros do Planalto
Josmar Rodrigues de Lima
Duque de Caxias
Cláudio Roberto de Almeida
Humildade e União
Luiz Gonzaga da Rocha
Antônio Francisco Lisboa
Constancio Guimarães Lobo
Dirceu Torres
Lusitano Abrantes Malheiro
Vigário Bartolomeu Fagundes
Deusdet Nonato Mathias Filho
Pioneiros de Brasília
Manoel Tavares Santos
Gonçalves Ledo
Deverson Lettiere
João Rosário
Marcelo M. Serafini
Luz do Planalto Central
Edesio Rocha
Acácia dos 33
Marco Aurélio Guimarães
Miguel Arcanjo Tolosa
Edson Ribas Costa
Acácia da Montanha
Marcos Antonio Zin Romano
Thomas Kemphis
Emilio de Lelis Prado
Aguia do planalto
Miguel Ferreira da Silva
Brasília
Eutimio Bandeira Ortegal
Aurora de Brasília
Nelson Borges da Silveira
Hipólito da Costa
Francisco Caetano Ribeiro
União e Concórdia
Otavio Henrique Teixeira Pimenta Inconfidentes
Francisco Queiroz Junior
Fraternidade Brasiliense
Paulo Pereira Milagres
Fraternidade de Samambaia
Gilberto Alves
Cavaleiros da Fraternidade
Renato Samuel Fonseca
União e Silêncio
Humberto Marinho de Araujo
Três Poderes
Robson Pierre dos Reis
Lírios do Campo
Innocencio de Jesus Viegas
Jeremias Pinheiro Moreira
Valceir Pagung
Joferlino M. Pontes
Iratan da Silva Rodrigues
Guatimozim
Wilson Machado da Fonseca
Raimundo Rodrigues Chaves
ao
enyte
Sumário
A Assembleia
Distrital Legislativa
Manoel Tavares Santos*
O
Grande Oriente do Distrito Federal tem a
estrutura clássica de tripartição republicana do poder, ou seja, ele é composto
por um Poder Executivo, exercido pelo
Grão-Mestre Distrital, um Poder Judiciário, exercido
pelo Tribunal Distrital de Justiça, e um Poder Legislativo, exercido pela Assembleia Distrital Legislativa
(ADL), na qual cada Loja jurisdicionada ao GODF
possui um deputado representante, com mandato
de quatro anos.
Cada um dos poderes do GODF exerce sua competência de forma independente, clara e uniforme, não
há interferência ou colisão de competências entre as
esferas do Executivo, Legislativo e Judiciário.
O objetivo primordial da ADL é exercer a função legislativa pertinente à feitura de leis, elaborando normas de abrangência distrital, influindo e decidindo
sobre os destinos da Maçonaria Distrital. Passa pela
Assembleia desde normas de uso de paramentos e
detalhes ritualísticos até a aprovação do orçamento
anual do GODF.
Como Poder Legislativo, a ADL tem o dever de fiscalizar a administração do Grão-Mestrado Distrital, o Poder Executivo, e, em situações específicas, o dever de
julgar determinadas pessoas, como o Grão-Mestre
Distrital ou os próprios membros da Assembleia.
Normalmente as sessões da Assembleia Legislativa
são realizadas em Grau III, com o objetivo de discutir
e debater assuntos e temas de interesse da sociedade maçônica em geral, bem como discutir e votar
proposições que se tornarão normas e leis. A ADL
também realiza sessões destinadas às comemorações e homenagens a personalidades selecionadas.
*Manoel Tavares Santos – deputado distrital e presidente da ADL.
Sumário
A Assembleia Distrital é administrada pelos componentes da Mesa Diretora, eleitos anualmente por todos os deputados.
Em 2007 e 2008, a prioridade da ADL foi elaborar a
nova Constituição do Grande Oriente do Distrito
Federal, finalmente aprovada em 02/06/2008. Após
essa data, foi elaborado o Estatuto da ADL, aprovado no início de 2009. Atualmente está em fase final
de aprovação a revisão do Regimento Interno da Assembleia. É a contribuição do Legislativo para fortalecimento dos marcos legais da Maçonaria do GODF,
fornecendo uma base segura para o aperfeiçoamento da identidade política e jurídica da Ordem.
É importante ressaltar que a maior dificuldade para
qualquer forma de regulação é a necessidade de posicionamentos políticos amadurecidos para seleção
das diferentes propostas de aperfeiçoamento no arcabouço jurídico e normativo, pois qualquer forma
de regulação que seja feita sem um olhar sensível e
democrático para o futuro, dentro das possíveis formas de organização da Ordem, pode resultar em textos autoritários e sem sintonia com as expectativas
do mundo maçônico.
Por isso, no funcionamento normal da ADL, existem
organismos permanentes ou temporários, chamados de Comissões, que são constituídas para examinar determinadas matérias, a respeito das quais os
membros integrantes tenham presumida experiência ou conhecimento.
As Comissões Permanentes fazem parte da estrutura
institucional da ADL. A elas cabe apreciar proposições pertinentes aos seus respectivos campos temáticos e às suas áreas de atuação. Debatendo os projetos, apresentando emendas, emitindo pareceres,
as Comissões são as responsáveis pela aprovação ou
rejeição das matérias.
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49
Em busca do tempo perdido
N
ão! Não estou falando do mais importante período romanesco do século 20
quando Marcel Proust iniciou o lançamento em 1913, de sua coleção de romances, em
número de oito, iniciando com Os Prazeres e os Dias.
Mas, igual a Proust, temos momentos que nos devolvem ao passado e voltamos à infância e vamos
crescendo em recordações até chegarmos aos dias
atuais. Aí, nesse caminhar no tempo, sorrimos, amamos, sofremos e às vezes quase morremos.
Eu e a Bel estamos entrando no período gostoso da
vida onde cada minuto é vivido intensamente. Estamos agora caminhando na única avenida do nosso
bairro. Longa, reta, com subidas e declives. Bem arborizada, o que nos proporciona respirar o ar saudável das rajadas que sopram do Norte.
No caminho vamos encontrando outras pessoas que,
como nós, buscam recuperar a saúde quase perdida
no decorrer da vida. Antes: um charuto cubano, um
cachimbo com fumo inglês e cigarros das melhores
marcas. No almoço as iguarias repletas de sal, açúcar e muita gordura com sabores mil. No jantar as
finas bebidas do mundo, das farras, dos encontros
sociais, das noitadas dançantes intermináveis completando o “bom” da juventude. Agora: no lugar dos
fumos uma bombinha de ar comprimido para dilatar
os brônquios; em vez das gorduras das refeições, um
peitinho de frango grelhado, sem sal e sem pimenta;
e, substituindo as bebidas das melhores cepas e de
ricos alambiques, um chá de maçã com canela ou o
charmoso chá verde tão em moda.
Substituindo os belos passos de um tango ou de um
bolero bem traçado, caminhamos sem destino pelas
ruas, que nos proporcionam o prazer de ir em busca de momentos de suor, para depois de um bom
* Innocêncio Viégas – escritor, teólogo, membro da Academia
de Letras de Brasília. E-mail: [email protected].
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ao
enyte
Innocêncio Viégas*
banho e de um revigorante café da manhã, lermos
o jornal, só na parte da cultura e diversão, pois as demais páginas não merecem a nossa atenção.
Continuamos nossa caminhada e eis que um quarentão bem saudável, dirigindo uma enorme caminhonete, para ao nosso lado. Paramos também.
— São casados? Perguntou o desconhecido.
— Sim, só há 48 anos. Respondo.
No banco atrás do motorista, um enorme e tranquilo cão de guarda nos observa enquanto o seu dono,
querendo chorar, esconde o rosto com a mão direita.
Recuperado, ele fala.
— Lembrei agora dos meus pais. Eles também caminhavam assim. O meu velho já viajou. Outra vez
pareceu chorar e logo voltou ao diálogo. A mamãe
continua. Eles andavam de mãos dadas, disse ele,
olhando para as nossas mãos.
— Vocês podem dar as mãos? Perguntou.
— Claro que podemos. Respondi e logo segurei a
mão da Bel.
— Vão com Deus! Disse e arrancou passivamente a
sua caminhonete, enquanto o cão deixava cair no vidro da janela uma grossa e pegajosa baba. Concluí
que os dois choravam cada um ao seu modo.
Por alguns metros, caminhamos calados. Nós também queríamos chorar. Fomos e nem olhei para trás.
A saudade que aquele desconhecido sentiu ao nos
ver demonstrou ser ele um bom homem. Um coração sensível ao bem; um filho saudoso, talvez carente de um carinho, um afago da mamãe e um abraço
apertado do papai. Momentos que não retornam. Já
estamos em casa, o nosso banho foi reconfortante. O
café, fumegante. O leite desnatado, o queijo branco
macio e sem gosto e o pão integral, com gosto de
ontem.
Tem coisa melhor?
Nós também estamos “em busca do tempo perdido”.
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Supremo Conselho do Brasil do Grau 33 para o Rito Escocês
O Supremo Conselho do Brasil do Grau 33 para o Rito Escocês Antigo
e Aceito foi fundado em 12 de novembro de 1832, tendo funcionado,
até o ano de 1976, no prédio da rua do Lavradio 97, na cidade do Rio
de Janeiro, sede do Grande Oriente do Brasil.
Sede atual: Campo de São Cristóvão 114
Rio de Janeiro/RJ – Brasil
Fone: (21) 2589-8773
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