Sumário Sumário 4 5 6 9 10 12 16 18 20 Brasília contra a intervenção 23 28 30 32 34 36 40 46 Brasília: paisagem urbana ADL cai na rede 12 48 49 50 23 36 9 11 2 ao enyte Eleição e ética em nossas mãos Conversando com Mauro Lopes Inglaterra & Brasil – 75 anos de reconhecimento mútuo Comunicare 50 anos de Brasília – uma obra de pioneirismo XV Encontro Nacional da Cultura Maçônica A Cultura Maçônica e os 50 anos de Brasília 200 anos de Maçonaria no Brasil – cenários e perspectivas Postura de vanguarda da Maçonaria Salve a Si – só por hoje buscarei me manter limpo Lições de um aprendiz Orquídeas – fascinantes e surpreendentes 1730 – Maçonaria Universitária O Estilo Gótico – arte, filosofia e pensamento Atividade de inteligência de segurança pública e os grandes eventos A Assembleia Distrital Legislativa Em busca do tempo perdido 40 Sumário Expediente Grande Oriente do Distrito Federal Federado ao Grande Oriente do Brasil Grão-Mestre Jafé Torres Grão-Mestre Adjunto Lucas Francisco Galdeano Grandes Secretários Esmeraldino Henrique da Silva Alamir Soares Ferreira Laélio Ladeira de Souza Luiz Hamilton da Silva Sylvio Santinoni Wagner Lima Reginaldo Pereira de Araújo José Wedson Feitosa Fernando Sergio de Britto e Silva Humberto Pereira Abreu Flávio Amaury Fusco Mauro Magalhães Cristiano Loder Francisco de Assis Castro Editor-chefe Gilberto Simonassi Corbacho Editor-executivo e jornalista responsável Joaquim Nogales Vasconcelos MTB – 897/05/141/DF Conselho editorial Félix Fischer José de Jesus Filho Lecio Resende da Silva Lucas Galdeano Projeto gráfico, diagramação e capa Renata Guimarães Leitão Revisão gramatical Edelweiss de Morais Mafra Colaboradores Johaben Camargo Lucas Galdeano Laélio Ladeira Walber Coutinho Pinheiro Apoio André Kainan Redação GODF – Grande Oriente do Distrito Federal SQN 415 – Área para templos 70878-000 Brasília/DF Tels.: (61) 3340-2427 e 3340-2664 Fax: (61) 3340-1828 www.godf.org.br Editorial O Grande Oriente do Distrito Federal, ao completar 39 anos de fundação, renova o compromisso de continuar a praticar uma Maçonaria diferenciada, fruto do trabalho e do esforço dos Veneráveis e obreiros de nossas Oficinas. A reformulação do nosso veículo oficial de comunicação, a revista aoZenyte, que aumentou o número de páginas, ganhou novo visual e conteúdo ímpar, é expressão concreta dessa diferenciação. O leitor encontrará, nesta edição, entrevista com nosso Irmão e deputado federal Mauro Lopes, exemplo de homem público com moralidade rigorosa; artigo de Ulisses Riedel, Irmão conhecido por sua ação humanística; dissertação sobre Maçonaria Universitária, do nosso Grão-Mestre Adjunto, Lucas Galdeano; e exposição sobre o estilo gótico, do nosso querido Irmão Laélio Ladeira, que também assina artigo sobre ética e política. Assinalamos ainda a posição firme do GODF contrária a uma possível intervenção federal em Brasília e homenageamos a cidade, que completa 50 anos, publicando artigo especial do nosso Irmão Adirson Vasconcelos, o maior historiador de Brasília. Completamos a homenagem com belas paisagens da cidade criada por Juscelino Kubitscheck. Destacamos também o relevante trabalho social da entidade Salve a Si, organização não governamental voltada para a recuperação de dependentes químicos na periferia de Brasília. As novidades inseridas na aoZenyte permitem-nos acreditar que chegamos, com esta edição, a um patamar de qualidade valorizado pelos primeiros passos da revista. Estamos cumprindo nossa missão de estreitar o relacionamento desse Grão-Mestrado com nossos Irmãos maçons e com a sociedade em geral, para construirmos, juntos, um mundo melhor. Impressão GráfiKa Papel e Cores Tiragem 10.000 exemplares Jafé Torres Grão-Mestre do Grande Oriente do Distrito Federal A aoZenyte não se responsabiliza por opiniões em artigos assinados. As matérias publicadas podem ser reproduzidas parcial ou totalmente, sem consulta prévia, desde que indicada a fonte. Sumário Brasília a a tr ção n co ven er t in Da esquerda para a direita: Elson Ribeiro e Póvoa, presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do DF – Sinduscon; Danielle Moreira, presidente da Associação Comercial do Distrito Federal – ACDF; Francisco Queiroz Caputo Neto, presidente da OAB/DF; Emens Pereira de Souza, vice-presidente da OAB/DF; Jafé Torres, Grão-Mestre do Grande Oriente do Distrito Federal – GODF, e representantes de outras entidades brasilienses. Às vésperas de completar 50 anos, Brasília viveu um dos momentos mais críticos de sua história. A possibilidade iminente de sofrer intervenção federal marcou todo o primeiro trimestre dos brasilienses. O temor só foi descartado com a eleição do novo governador, Rogério Rosso, em 17 de abril, pela Câmara Legislativa do Distrito Federal. Em março, quando muitos já davam a intervenção como certa, 57 entidades representativas da sociedade civil organizada do DF, entre elas a Ordem dos Advogados do Brasil – OAB, o Grande Oriente do Distrito Federal – GODF, associações comunitárias e de servidores, partidos políticos e entidades do setor 4 ao enyte produtivo, uniram-se para dizer ao resto do país que os brasilienses não queriam a intervenção. No dia 25 de março, uma chuva torrencial desabou sobre a Capital e prejudicou a grande manifestação que as 57 entidades pretendiam realizar: um abraço simbólico no edifício sede do Supremo Tribunal Federal como demonstração pacífica contra a intervenção. Mas o aguaceiro não impediu que os representantes dessas entidades fizessem a manifestação na arcada do Supremo e entregassem ao presidente em exercício, ministro Cezar Peluso, que assumiria a presidência do STF, de fato, um mês depois, um manifesto repudiando veementemente a intervenção federal. Sumário O manifesto defendia a investigação rigorosa de todas as irregularidades apresentadas no Governo do Distrito Federal e pedia respeito à Lei Orgânica do DF, que prevê eleição indireta no caso de impedimento do governador e de seu vice. O presidente da OAB/DF, Francisco Caputo, um dos organizadores da manifestação, ressaltou que o objetivo do abraço era mostrar ao Supremo Tribunal Federal que “a sociedade de Brasília está organizada e unida em torno da autodeterminação da nossa cidade, contrária à intervenção”. O presidente da OAB/DF salientou que as entidades integrantes do movimento entendem que as instituições não foram abaladas no Distrito Federal, apesar da crise sem precedente que se abateu sobre o GDF, o que torna esta a mais forte justificativa para um posicionamento contrário à intervenção federal. Para o Grão-Mestre do Distrito Federal, Jafé Torres, a intervenção federal representaria um desastre para os brasilienses. “A Constituição Federal deve ser respeitada. Ela prevê uma série de condições em que a intervenção federal pode ser adotada, e Brasília não se encaixa em nenhuma delas. Dizemos ‘não’ à intervenção e à paralisação do Distrito Federal. Há outras formas de manter a normalidade, como, por exemplo, por meio de eleição indireta. A intervenção seria um verdadeiro desastre na Capital Federal”. A presidente da Associação Comercial do Distrito Federal, Danielle Moreira, destacou que a sociedade sofreu prejuízos com a crise política no DF e sofreria ainda mais se houvesse a intervenção. Segundo Danielle, empresas já evitavam fazer negócios em Brasília por conta dos acontecimentos. No dia 30 de junho, a maioria dos ministros do STF negou o pedido de intervenção no Distrito Federal, feito pelo procurador-geral da República, Roberto Gurgel, em fevereiro . “A mobilização foi um resgate da autoestima do brasiliense. Hoje a possibilidade de intervenção é coisa do passado”, afirmou Caputo à aoZenyte. Eleição e ética em nossas mãos Laélio Ladeira É tica faz parte do nosso dia a dia. Há duas espécies de virtude: a intelectual e a moral. A primeira deve, em grande parte, sua geração e crescimento ao ensino e, por isso, requer experiência e tempo; ao passo que a virtude moral é adquirida como resultado do hábito, de onde o seu nome se derivou, por uma pequena modificação dessa palavra (do grego: ethos, e sua derivação ethiké). É evidente, pois, que nenhuma das virtudes morais surge em nós por natureza, visto que nada que existe pode ser alterado pelo hábito. Assim, quando lançamos um tijolo para cima, que, por natureza, move-se para baixo, ele não adquirirá o hábito de ir para cima, ainda que tentássemos lançá-lo dez mil vezes para cima. Tampouco poderíamos fazer com que o fogo adquirisse o hábito de mover-se para baixo ou qualquer coisa que, por natureza, comporte-se de certa maneira pode ser habituada a comportar-se de forma diferente. Do ponto de vista dessa premissa, tendo como ponto de referência as eleições do próximo outubro, o cidadão deve ficar atento às decisões que tomará na escolha do candidato certo para o Executivo local e nacional, assim como para a Câmara Legislativa Distrital Federal, para os próximos quatro anos, e para o Senado da República, para os próximos oito anos. A sociedade deve ficar atenta para não votar em candidatos com ficha suja, que utilizaram dinheiro público em seu benefício ou de amigos e parentes, em suma, a prática indevida da má administração do dinheiro público. Vamos implantar a moralidade pública e política. A frente de batalha não se limita a Brasília. Ela é ampla demais. O que interessa ressaltar agora é o afastamento de todos os dirigentes nocivos ao interesse comum da sociedade. Sumário ao enyte 5 Conversando com Mauro Lopes O deputado federal Mauro Lopes (PMDB/ MG) construiu uma carreira de sucesso na Polícia Rodoviária Federal: foi superintendente da PRF em Minas Gerais (19911993) e, mais tarde, diretor-geral da instituição (1993-1994) no governo Itamar Franco. Entre fevereiro de 1999 e dezembro de 2000, licenciou-se do mandato de deputado federal para assumir a Secretaria de Segurança Pública das Gerais. No exercício do quarto mandato de deputado federal, Mauro Lopes recebeu a aoZenyte para uma conversa em seu apartamento funcional, na 302 norte, em Brasília. aoZenite: Quais os principais projetos de sua autoria no Congresso Nacional? 6 Mauro Lopes: A perspectiva de desenvolvimento do Brasil é de 7% a 8% neste ano, mas, se não existir infraestrutura, de nada adiantará. Fui o relator do projeto do Sistema Nacional de Viação – SNV na Câmara. No Senado, esse projeto foi relatado pelo senador Eliseu Resende. No projeto, colocamos várias ferrovias, a Norte-Sul e a chamada Transcontinental, que liga o Oceano Atlântico ao Oceano Pacífico, do Rio de Janeiro ao Peru. Colocamos, também, 26 eclusas nos principais rios brasileiros, o que nos permitirá ter aproximadamente 70 mil km de hidrovias. Elas [as eclusas] irão nivelar cachoeiras e barragens, transformando os rios em vias navegáveis. aoZenite: Quais outros projetos a Comissão de Viação e Transporte da Câmara, da qual o senhor é membro, vem debatendo? O Sistema Nacional de Viação engloba todos os modais de transporte, inclusive o transporte de passageiros sobre rodas. No artigo 42, ele dá uma flexibilidade de mais 15 anos às empresas existentes, para que não ocorra um colapso no Sistema. O governo queria fazer agora uma pulverização de linhas, o que não traria nenhum benefício. Com a pulverização, as empresas já instaladas, com grandes linhas, grandes distâncias, iriam sofrer um colapso. Esse é um dos projetos mais importantes que estão tramitando no Congresso Nacional hoje. Mauro Lopes: Na Comissão Viação e Transporte, temos muitos projetos tramitando, grande parte na área de transporte ferroviário. Estamos ajudando nos Transporte de Alta Velocidade sobre trilhos (TAV). No início de junho, haverá um congresso da Associação Nacional de Transporte de Carga (ANTC) na Câmara. Se não houver infraestrutura, não haverá crescimento. Não adianta ter dinheiro do PAC [Programa de Aceleração do Crescimento]. São necessárias obras, infraestrutura, para que haja crescimento. ao enyte Sumário aoZenite: Além da falta de infraestrutura, quais os outros problemas enfrentados pelo agronegócio? Mauro Lopes: Um grande problema hoje é o do adubo, que subiu 25%. Grande parte vem do exterior. O problema é que não temos tecnologia para produzir fertilizantes. Aqui, fazemos a composição de adubos, a mistura, mas o fertilizante vem de outros países. Como resultado, as empresas estrangeiras estão sufocando os produtores que poderiam estar trabalhando para implantar uma indústria nacional. A briga dos parlamentares hoje é combater os produtos estrangeiros que chegam em massa ao país, com um custo menor. aoZenite: Estamos importando até vagões da China para o metrô do Rio de Janeiro. Exportamos o aço e importamos os vagões... escolar, quando o Governo compra, ele está isento do chassi, da carroceria, do pneu e de tudo mais. Quando ele vai vender para as empresas de transporte de passageiros, empresas que fazem o serviço de transporte público, o Governo vende os ônibus com uma carga tributária de 35%. Com a desoneração que já aprovamos na Câmara e que se encontra no Senado, vamos tirar as cargas de impostos de ônibus, do óleo diesel, do pneu, da carroceria, do chassi e de tudo o mais. A taxa deve baixar de 15% a 20% do preço da passagem, para proteger os usuários de ônibus. É uma medida que nós estamos tomando para ajudar a população. aoZenite: Por que não se faz a Reforma Tributária? Todo o mundo fala que quer, mas nunca sai. Mauro Lopes: Tudo aquilo que o Governo criticava no passado, Mauro Lopes: Temos indústrias Deve-se fazer uma hoje ele faz com mais ganância. O de vagões aqui no Brasil. O que Governo está com uma ganância acontece é que a legislação brasireforma tributária impressionante de arrecadação leira, com a série de entraves que urgentíssima, nunca vista no país. O imposto oferece em vários seguimentos, porque o tem que passar pelo Congresso emperra tudo. Deve-se fazer uma governo não Nacional. Eles estão criando um reforma tributária urgentíssima, sistema de taxas. E as taxas não está preocupado porque o Governo não está preprecisam passar pelo Congresso. ocupado em proteger a indústria em proteger a Então eles estão criando taxas brasileira, ele quer arrecadar. indústria brasileira, de tudo que é tipo. Existem tanHoje existem empresas no Brasil ele quer arrecadar. tas taxas que, por exemplo, lá em que, em vez de fabricar, estão Minas Gerais a única taxa que ainimportando e repassando, o que da não se paga é a de “uai”. Todo leva a não gerar emprego, em decorrência da carga mineiro fala “uai”. Então essa taxa não é cobrada tributária, que é muito grande. Por exemplo, temos ainda, mas vai ser cobrada. O setor produtivo tem o caso do calçado. O Governo, por meio da Câma- que ser protegido com a carga tributária menor, ra, colocou uma série de imposições e restrições [à com incentivo maior, com juros baixos, para poder importação]. Na cidade de Nova Serrana, em Minas incentivar as indústrias, para que elas cresçam e faGerais, existem mais de 1.000 fábricas de tênis que çam investimentos com um custo baixo de capital estavam falindo, por causa da entrada dos tênis público, sem muita burocracia. chineses a um preço baixíssimo. Depois das res- aoZenite: Deputado, o senhor se diz municipalista. trições à importação desses tênis, imediatamente Hoje os prefeitos vivem de pires na mão. foram gerados mais de 2.000 empregos em Nova Mauro Lopes: O Governo quer fazer bonito com o Serrana. chapéu dos outros. Está incentivando a produção Outro projeto no qual estou trabalhando trata da de automóveis. Está incentivando a produção de desoneração do transporte de passageiros. Hoje linha branca, eletrodomésticos, tirando todos os a carga tributária que vem acrescida na passagem impostos. Mas tudo isso ele está tirando do FPM de ônibus ultrapassa os 35%. No caso do ônibus [Fundo de Participação do Municípios]. Com isso Sumário ao enyte 7 a indústria brasileira está crescendo a cada dia e aoZenite: E como o senhor avalia a questão da seo município está tomando prejuízo. Os municípios gurança pública? estão deixando de arrecadar e as prefeituras estão Mauro Lopes: A União está jogando [a segurança quebradas. Para 5.564 municípios são repassados pública] para cima do estado. Acontece que o es15% da União. Para 27 estados são repassados tado dá o militar, o funcionário e, às vezes, compra 25%. E 60% da arrecadação ficam com o Gover- viaturas. Mas depois o resto, no dia a dia, a manuno federal, que ainda sacrifica os municípios. O tenção da viatura, o pagamento de aluguel, o oreGoverno isenta a linha branca e os automóveis e lhão, fica tudo por conta da prefeitura. E o Governo o município fica à míngua. E outra, as obrigações ainda faz propaganda, dizendo que faz segurança estão todas com os municípios. A saúde é de res- pública. É uma demagogia muito grande que está ponsabilidade do município, assim como a educa- se aplicando. As pessoas não estão mais querenção, moradia, pavimentação, rede de esgoto. Eu do se candidatar a prefeito, porque, quando os sou municipalista, mas é uma situação muito difí- municípios ficam inadimplentes e não cumprem suas obrigações, o prefeito se cil, porque eles estão quase em enche de processos e muitas falência, por causa de tantas Eu peço aos Irmãos vezes perde até o patrimônio obrigações. O governo federal, pessoal. com a nossa aprovação, ficou Maçons para que de pagar uma parte do salário se juntem a nós no aoZenite: Em que a Maçonaria mínimo dos professores, o piso pode contribuir para melhorar Congresso Nacional, de R$ 950,00. O município ou essa situação? e deem sugestões e o estado que não desse conta Mauro Lopes: A Ordem tem informações sobre o de pagar usaria o dinheiro do ajudado, e muito. Em todas as Tesouro Nacional. Só que o que fazer, para que cidades que vou, sempre visito Governo não cumpriu a parpossamos desenvolver Lojas Maçônicas. A sensibilidate dele. Nós aprovamos, mas um trabalho de de do maçom é muito grano Governo não entrou com a combate às drogas, de. A Maçonaria está sempre contrapartida. preocupada com seus semeque estão destruindo aoZenite: Não seria uma solulhantes, e eu tenho visto ações as famílias. ção a implantação do orçamenfantásticas. Uma ação da qual to impositivo? me recordo é a do combate às Mauro Lopes: Ele [o governo federal] aprova o que drogas. Um problema sério nesse país é o do comele quiser. Quando é coisa de interesse do Governo, bate às drogas. É algo muito sério. E é um dever da ele entra com um Projeto de Lei, um PL, suplemen- sociedade. Eu peço aos Irmãos maçons para que tando o próprio orçamento do Governo para poder se juntem a nós no Congresso Nacional e deem sudistribuir o dinheiro a vontade e do jeito que quiser. gestões e informações sobre o que fazer, para que A parte do orçamento para os municípios, a gente possamos desenvolver um trabalho de combate às manda as emendas parlamentares e o governo não drogas, que estão destruindo as famílias. Eu peço paga. As vezes, ele empenha, mas empenhar é uma aos Irmãos maçons que colaborarem conosco e coisa, pagar é outra. É um problema muito sério que possam, a cada dia, esforçarem-se mais, para pelo qual estamos passando. Eu acho que deve ha- que possamos combater esse problema, e que ver uma mudança. O Congresso tem que reagir, nós também nos incentivem a criar leis mais duras. temos que reagir. A situação está insuportável. Esse Deve haver tratamento adequado para os usuários abuso que está ocorrendo aí, e os municípios estão de drogas e punição mais severa para os traficannuma situação tão difícil que não conseguem nem tes. Só assim conseguiremos nos livrar dessa praga que infesta nossas cidades. pagar a folha de pagamento 8 ao enyte Sumário Inglaterra & Brasil 75 anos de reconhecimento mútuo Da esquerda para a direita: Sereníssimo Grão-Mestre da Grande Loja Maçônica do DF, Juvenal Amaral; representante da GLUI, Colin Foster; Grão-Mestre Geral do GOB, Marcos José da Silva; Grão-Mestre do GODF, Jafé Torres, e o deputado federal Tadeu Filipelli. O Grande Oriente do Distrito Federal (GODF) organizou, no dia 15 de maio, com o apoio do Grande Oriente do Brasil (GOB), Sessão Magna em comemoração ao 75° aniversário do Tratado de Reconhecimento Mútuo entre o Grande Oriente do Brasil e a Grande Loja Unida da Inglaterra, assinado em 6 de maio de 1935. Durante a solenidade, o historiador Wiliam Carvalho (presidente da Academia Maçônica de Letras do Distrito Federal) observou que: “em termos estritamente históricos, o Grande Oriente do Brasil foi reconhecido, pela primeira vez, pela Grande Loja Unida da Inglaterra em 1880, isto é, há mais de 130 anos, quando, através de carta datada de 10/01/1880, foi feito um pedido de reconhecimento junto às Potências Maçônicas do mundo”. Além do Grão-Mestre Geral do GOB, Ir. Marcos José da Silva, do representante da GLUI, Ir. Colin Foster, e do Grão-Mestre do GODF, Jafé Torres, estiveram presentes várias autoridades do Brasil Maçônico, entre elas a maioria dos Grãos-Mestres estaduais e dos Veneráveis Mestres das 73 Lojas jurisdicionadas ao GODF. O governador do DF fez-se representar pelo Ir. e deputado federal Tadeu Filipelli. Músicos da Banda do Batalhão da Guarda Presidencial. A cerimônia contou com a Guarda dos Granadeiros e a Banda do Batalhão da Guarda Presidencial, que deu um show à parte, com músicos tocando com gaitas de fole “Asa Branca”, do Ir. Luiz Gonzaga, “Mulher Rendeira”, de Zé do Norte, e “Amazing Grace” do folclore inglês. O Templo Nobre do GOB estava lotado. Grãos-Mestres estaduais com o representante da GLUI, Colin Foster, e o Grão-Mestre Geral do GOB, Marcos José da Silva. Sumário ao enyte 9 Assembleia dos Veneráveis No início de março, realizou-se assembleia dos Veneráveis Mestres do GODF. Na pauta, garantir sucesso dos eventos previstos para 2010. O objetivo já foi alcançado no XV Encontro Nacional da Cultura Maçônica (08/04 a 10/04), na Campanha pela Assiduidade Financeira (concluída em 21/04) e no Festival de Massas (29/05). Faltam ainda o Baile do Maçom, que ocorrerá em agosto, e o Jantar Natalino, em dezembro. O curso de pós-graduação em História da Maçonaria, que começou em abril, também fez parte da agenda. GODF – 39 anos O GODF comemorou 39 anos de fundação no mesmo dia 21/04, em que Brasília completou seu cinquentenário. De manhã, houve hasteamento da Bandeira Nacional na sede do GODF, na 415 norte (foto). O Hino Nacional teve acompanhamento da Banda do Batalhão de Guarda Presidencial. Em seguida, foram entregues diplomas de Assiduidade Financeira aos representantes das Lojas distritais. Cavaleiros Templários O Sumo Sacerdote Cavaleiro Templário do Tabernáculo de Brasília (Rito de York), Laélio Ladeira (segundo sentado à esquerda), celebrou, dia 26/05, no Rio de Janeiro, cerimônia em que o Soberano Grande Comendador Enyr de Jesus da Costa e Silva, do Supremo Conselho do Brasil do Grau 33 do Rito Escocês Antigo e Aceito, foi ungido sacerdote Cavaleiro Templário do Tabernáculo. Vida profana Atuando como profissional Corretor de Seguros em Brasília desde 1962, o Em .˙. Ir .˙. Jafé Torres foi homenageado pelo setor com o Troféu Alvorada 2009 – Corretor de Seguros Destaque (foto). Hoje, Jafé é presidente da Alerta Corretora de Seguros no DF e em Goiânia, empresa com mais de 3.200 clientes em carteira. Sumário História da Maçonaria O Grande Oriente do Distrito Federal inovou e Brasília ganhou o primeiro curso de pós- graduação em História da Maçonaria do país, com 360 horas de duração. As aulas tiveram início em maio, no UDF Centro Universitário, com 25 alunos. A Coordenação ficou a cargo do professor Willian Carvalho. No programa, origens corporativas da Maçonaria; o Iluminismo; a gênese da Maçonaria Moderna; as lendas e mitos; Obediências e Potências; o simbolismo e os Altos Graus; Lojas de Pesquisas e Lojas Universitárias; Academias Maçônicas; Jurisprudência Maçônica e Instituições Paramaçônicas; a AntiMaçonaria; Maçonaria e Política. No corpo docente, nada menos que 10 PhDs. Areópago de Brasília O Diretor-Geral do Departamento Nacional de Infraestrutura – DNIT, Luiz Antônio Pagot (sem avental), proferiu palestra na Loja Areópago de Brasília, em 28/04, sobre a necessidade de o Brasil promover uma revisão do pacto federativo. Pagot defendeu a reformulação da distribuição dos recursos arrecadados com impostos entre os entes da Federação, União, estados e municípios. Creche Renascer As Lojas Universitárias Verdade e Evolução e Pioneiros de Brasília adotaram a Creche Comunitária Renascer, localizada na Estrutural, antiga invasão próxima ao “lixão”, que acabou se transformando em Região Administrativa do DF. A entidade vem prestando inestimável assistência às crianças desfavorecidas do local. Festival de massas No dia 29 de maio, a Fraternidade Feminina Cruzeiro do Sul, sob os auspícios do Grande Oriente do Distrito Federal, organizou o 3° Festival de Massas em homenagem ao Dia das Mães. O evento reuniu mais de mil pessoas no salão de festas do Grande Oriente do Brasil. Além do delicioso jantar, foram sorteados 10 micro-ondas, e os músicos transformaram a festa num baile dançante que adentrou a madrugada. Sumário 50 uma obra de anos pioneirismo de Brasília Adirson Vasconcelos* Brasília celebra, neste ano de 2010, o seu cinquentenário de fundação R evendo sua tradição histórica e suas perspectivas de futuro, chegamos à feliz observação de que esta cidade-capital é fruto do idealismo, do espírito cívico e da antevisão de pioneiros predestinados ao longo de todos os tempos, inclusive daqueles que hão de viver o futuro, que já se faz presente. Brasília tem um longo passado, uma tradição com mais de dois séculos, desde o Brasil colônia, a partir do pioneirismo de Tiradentes e de outros brasileiros clarividentes. No Império e na República, muitos lutaram pelo ideal de ter o Brasil uma capital no interior central. Outros sonharam que a nova capital seria um polo irradiador de desenvolvimento socioeconômicocultural para todo o Centro-Oeste e o grande Norte. Até profetizaram o surgimento, na novel cidade, de uma nova civilização para o Brasil. Três constituições determinaram Brasília e três comissões escolheram o local no Planalto Central, em Goiás. Em um momento de luz, um homem de fé e vontade inquebrantáveis, o presidente Juscelino Kubitschek, cumprindo o desejo de muitas gerações de brasileiros, construiu e inaugurou, em 21 de abril de 1960, a nova Capital Federal, Brasília, nos altiplanos do Brasil central goiano. Ao idealismo e ao espírito patriótico de JK somou-se a participação de homens desbravadores, destemidos, de pioneiros vindos dos mais diferentes pontos do Brasil, para participar da epopeia da construção da nova capital brasileira em pleno interior central, desértico e distante de tudo. Em todos esses momentos, os maçons se fizeram presentes, e de forma destacada. *Adirson Vasconcelos é historiador de Brasília, autor de dezenas de livros sobre a cidade. 12 ao enyte Sumário Ter sido e ser pioneiro na construção de Brasília é mais que um privilégio, é uma predestinação, uma bênção de Deus. Americano do Brasil, Polli Coelho, José Pessoa, Juca Ludovico, Bernardo Sayão, Altamiro Pacheco e, também, Juscelino Kubitschek. Vivíamos naqueles anos de 57 a 60 um grande ideal! O ideal cívico de entregar ao Brasil sua capital, Brasília, construída e funcionando a partir de 21 de abril de 1960, como queria Juscelino e a lei. Movíamo-nos e motivávamo-nos pelo idealismo e pelo civismo pregados por um líder que nos conduzia a todos, o presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira. A mesma confiança, a mesma resignação e o mesmo entusiasmo dos liderados de Moisés, na Antiguidade, em busca da “terra prometida”. Inaugurada em 21 de abril de 1960, Brasília não prosperaria, caso não tivéssemos o apoio e a participação decisiva daqueles que trabalharam conosco pela fixação e pela consolidação da cidade-capital ao longo dos seus primeiros quarenta/cinquenta anos de vida, isto é, até o ano 2000. Mais que nos ufanarmos por ter participado da epopeia da construção de Brasília, devemos, isso sim, e notadamente, reverenciar aqueles que foram os pioneiros do antes e que nos legaram os fundamentos e as bases do projeto de interiorização da nossa Capital no interior central do Brasil. Vale evocar nomes do vulto de Tiradentes, Hipólito da Costa, José Bonifácio, Adolfo de Varnhagen, Deodoro da Fonseca, Rui Barbosa, Lauro Müller, Floriano Peixoto, Luiz Cruls, Sumário Nos primórdios da década de 1960, principalmente, vivemos momentos muito difíceis, penosos, de incertezas sobre o destino e a permanência de Brasília como Capital Federal. Felizmente, pela dedicação, pelos ideais pátrios e pelo espírito pioneiro de muitos que, mesmo chegando depois de nós, abraçaram e viveram o ideal cívico de fazer Brasília a capital de todos os brasileiros, foi fixada e consolidada como urbs e como civitas nos primeiros quarenta anos pósinauguração. Esses nos ajudaram e somaram esforços decisivos para fixar e consolidar a cidade Brasília, tornando-a uma civitas, própria à vida gregária e ao trabalho ordenado e eficiente. São igualmente pioao enyte 13 neiros os pioneiros da fixação e da consolidação de Brasília. No período da epopeia da construção, vale recordar que homens simples, quase rudes, retirantes do Nordeste, de Goiás, de Minas e de outras partes do país fugiram da seca e da falta de oportunidades, para, sem quase nenhuma qualificação de mão de obra, lançar-se à epopeia de Brasília e construir palácios admiráveis, belos edifícios residenciais, avenidas, eixos monumentais etc., entregando pronta e acabada o que a imprensa mundial classificou de “a obra do século” e o filósofo francês André Malraux chamou de “A Capital da Esperança.” Assim, gente do Norte, do Leste, do Sul e do Oeste, repetindo o feito dos fugitivos do deserto, na Antiguidade, acorreu à terra prometida e, no planalto goiano, edificou Brasília, a nova capital do Brasil. Construíram, também, famílias, em uma mistura integradora, em uma miscigenação de tipos étnicos os mais diversos — nortistas com gaúchos, mineiros com cearenses, goianos com cariocas etc. Surge daí, de uniões conjugais, de relacionamentos, de mistura de costumes e tradições, um novo tipo étnico miscigenado e com todas as cores nacionais: a integração sociorracial brasileira. O homem síntese, o homem de Brasília, que despontou ao longo dos primeiros quarenta anos de vida da cidade-capital. Esse tempo de quarenta anos faz lembrar a caminhada de Moisés e seus liderados em busca da Canaã prometida por Deus. Esse homem síntese, o brasiliense, com o aconselhamento de pioneiros predestinados, que edificaram a cidade e a sustentaram, naturalmente com a assistência de entidades superiores, constrói, nos momentos iniciais do terceiro milênio, as perspectivas alvissareiras de um futuro promissor, para que se cumpra a profecia e se implantem no interior planaltino, a partir de Brasília, os fundamentos de uma nova civilização, já antevista por brasileiros clarividentes e pelo sonho profético do padre salesiano Dom Bosco. Cumpre-nos, a nós pioneiros da construção — e aos da fixação e da consolidação de Brasília —, contemplar os aqui nascidos nesses primeiros quarenta/ cinquenta anos da nossa cidade. Para esses, inclusive os que estão por nascer nestes tempos iniciais do terceiro milênio, os mais antigos, as profecias de um santo, as antevisões de estadistas e brasileiros clarividentes do Catedral de Brasília hoje. Ca te dr al 14 ao enyte Sumário de Br as ília em co ns tru ção – 19 5 9. passado dão a grande missão pioneira de construir uma nova civilização, que terá Brasília como berço e polo irradiador para o Brasil e, quiçá, para o mundo. São os construtores da civilização do amor, da paz, da justiça social, que permitirão a formação de uma sociedade de homens e mulheres felizes. Pelo pensamento construtivo e pela evolução moral e espiritual, essa nova geração, nascida no planalto central brasileiro, esse homem brasiliense, esse homem síntese nacional fará de Brasília a capital do terceiro milênio. Serão esses brasilienses os pioneiros da civilização profetizada no sonho de Dom Bosco. É a geração genuinamente brasiliense. A primeira. O brasiliense. É o homem síntese nacional, que Brasília gerou e gera, fruto do encontro racial de brasileiros de todos os quadrantes do país que para cá migraram, trazendo suas tradições, linguajares, costumes, cores de pele herdadas de brancos, índios e negros, e até de estrangeiros. Será uma riqueza inconcebível, na visão de Dom Bosco. A cultura e os valores morais se agigantarão! A ganância pelo poder e pelo ouro não predominará mais. Os corruptos, os hipócritas, os maus não terão mais vez na política, na economia, na cultura. A preocupação maior será o bem comum. A consciência evolutiva de cada um definirá melhor os direitos e as responsabilidades na construção da justiça social e da paz entre os humanos. O pensamento positivo e a virtude prevalecerão sobre a matéria e o vício. A esse homem síntese, o genuinamente brasiliense, cumpre o pioneirismo de atender aos desígnios da Providência, tão bem expressos a mim pelo presidente Juscelino dois meses antes do seu falecimento, quando me disse: “Adirson, Brasília será a capital do terceiro milênio. Viva e verá”. São esses pioneiros os predestinados à formação das bases de um novo tempo, de uma nova era, de uma nova civilização. A civilização fundamentada nos princípios da igualdade de direitos e deveres, da liberdade de pensamento e da fraternidade universal. O Brasil será o coração do mundo e a pátria espiritual do planeta na vidência de Humberto de Campos. E Brasília será a capital do terceiro milênio na antevisão do presidente Juscelino Kubitschek. A cada um da nossa geração cumpre realizar uma parcela dessa missão civilizadora. Sinta-se motivado e convidado para esse desafio superior de pioneirismo. Um privilégio e uma predestinação. Preserve a segurança no que se constrói ao longo do tempo! 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O evento foi promovido pela ABIM – Associação Brasileira da Imprensa Maçônica, INBRAPEM – Instituto Brasileiro de Pesquisas e Estudos Maçônicos, AABML – Associação das Academias Brasileiras Maçônicas de Letras e UBRAEM – União Brasileira de Escritores Maçons e contou com o apoio do Grande Oriente do Brasil – GOB. O evento destacou a convicção de que a evolução tecnológica dos meios de comunicação não conflita com a existência de jornais, revistas e livros impressos nem a ameaça, demonstrando que o escritor maçom é importante para a transmissão da cultura e a perpetuação da tradição maçônica. O Grão-Mestre Adjunto do Grande Oriente do Distrito Federal, Lucas Galdeano, prestou homenagem a Francisco de Assis Carvalho, o Xico Trolha, fundador da valorosa revista A Trolha, que completou 39 anos no dia 10 de abril. Na abertura do Encontro, o jornalista Carlos Chagas falou sobre a epopeia da construção de Brasília e de alguns episódios da vida do presidente Juscelino Kubitschek, como o dia chuvoso em que o ex-presidente visitou Brasília, chegando à Praça dos Três Poderes, em desacordo com as ordens do Governo, que o proibira de pôr os pés na Capital Federal. Durante os três dias do evento, foram proferidas várias palestras sobre história, filosofia, postura e ética maçônicas por Irmãos de notório saber do universo maçônico, transmitindo aos participantes informações de grande relevância para a difusão e aplicação da cultura maçônica. 16 ao enyte O editor-chefe da aoZenyte, Gilberto Corbacho, recebe o Prêmio Destaque Imprensa Maçônica das mãos do Grão-Mestre do GODF, Jafé Torres. Sumário Da esquerda para a direita: Grão-Mestre do GODF, Jafé Torres; senador Cristóvão Buarque; presidente da Abim, Antônio Carmo Ferreira, e presidente da Academia de Letras de Brasília, José Carlos Gentili. 6 4 1 3 2 16 5 15 8 9 10 7 14 Grão-Mestre Adjunto do GODF, Lucas Galdeano (esq.), e Edenir Gualtieri, presidente do Ibrapem e diretor da Revista A Trolha. 13 11 12 A comissão organizadora do evento reuniu-se para uma confraternização. Alguns Irmãos não puderam comparecer por motivos diversos, mas todos que compareceram estão na foto acima. 1. Jayme Rodrigo dos Santos Neto; 2. Osvaldo Joaquim de Sousa; 3. Rodrigo Drummond; 4. Luiz Gonzaga da Rocha; 5. Lucas Galdeano; 6. Luiz Alberto Chaves; 7. Jafé Torres; 8. William Dálbio de Carvalho; 9. José Antonio da Silva; 10. João Carlos Bontempo; 11. Johaben de Oliveira Camargo; 12. Joaquim Nogales; 13. Humberto Pereira de Abreu; 14. João dos Reis Neto; 15. Ari de Sousa Lima; 16. Décio Bottechia Jr. No detalhe 3x4, Leonardo Henrique dos Santos, integrante da comissão organizadora e autor desta foto. Dr. Jorge Lunkes OAB - DF 12.264 Assessoria em Direito Empresarial e Causas Cíveis (família, sucessões e trabalhistas) [email protected] Sumário 61 3245-5579 9986-0310 ao 61 enyte 61 8429-8019 17 A Cultura Maçônica e os 50 anos de Brasília Artigo publicado no jornal Correio Braziliense em 02/04/2010*. Jafé Torres** A Maçonaria brasileira realizou em Brasília, de 8 a 10 de abril, a 15a edição do mais importante encontro da cultura maçônica, em homenagem aos 50 anos de Brasília. A escolha da cidade não se deu por acaso. A relação da Maçonaria com a fundação da nova Capital data do tempo do Império. Foram os maçons, liderados pelo patriarca da Independência, José Bonifácio de Andrada, uns dos primeiros a defender a mudança da Capital Federal para o interior do país. No seu plano urbanístico, Lúcio Costa revelou os conceitos da fraternidade e da igualdade, importantes princípios maçônicos. É só nos lembrarmos dos seus primórdios, em que altas autoridades residiriam, lado a lado, com seus semelhantes menos aquinhoados pelas oportunidades. Essa jovem cidade já evoluiu muito. Aprendeu com os erros e acertos de seus governantes, filhos e imigrantes. Dos erros, das angústias, dos pesadelos, das crises esperamos que Brasília absorva as lições para atingir seus tempos de maturidade. Neles, os valores fundamentais: respeito, honestidade, fraternidade e solidariedade, se fariam presentes e, assim, constituiriam exemplo para todos. Nesse cenário de aprendizagem e fraternidade, realizou-se o XV Encontro Nacional da Cultura Maçônica, que contou com a presença de importantes autoridades maçônicas de todo o país e convidados do exterior. Na ocasião, temas de destaque estiveram sob expressão da experiência secular da Maçonaria aplicada à construção de um Brasil melhor, mais justo e humano, em que as desigualdades sociais sejam corrigidas por meio de ações que estabeleçam o direito do cidadão ao trabalho honesto e à igualdade de oportunidades. Os fundamentos da Maçonaria, assentados nos pilares da filosofia, da filantropia e da educação progressista, incluem a investigação das verdades da natureza e sua correlação com a moral e a ética. Seu objetivo é a promoção do bem-estar da sociedade. A liberdade dos indivíduos e de suas associações, sejam elas instituições, agrupamentos étnicos ou nações; a igualdade de direitos e obrigações, sem distinção de religião, de raça ou nacionalidade; a fraternidade entre todos os homens, a partir do reconhecimento de que todos somos filhos do mesmo Criador e, portanto, irmãos, são alguns dos princípios que edificam a sua importância na sociedade, ao longo da história. * O texto do artigo foi adaptado ao momento posterior ao evento. **Jafé Torres é Grão-Mestre do Grande Oriente do Distrito Federal. 18 ao enyte Sumário A ciência, a justiça e o trabalho constituem-se lemas do verdadeiro maçom. Ciência para esclarecer os espíritos e elevá-los, justiça para equilibrar e enaltecer as relações humanas e trabalho para que homens se dignifiquem e se tornem independentes. A Maçonaria está permanentemente voltada para o melhoramento intelectual, moral e social da humanidade. O respeito à propriedade não é o bastante. É crucial proteger e servir os semelhantes. A Maçonaria resume o dever do homem afirmando o “respeito a Deus, o amor ao próximo e a dedicação à família”, que constitui a maior síntese da fraternidade universal. Reconhece, ainda, a existência de um único princípio Criador, Regulador, Absoluto, Supremo e Infinito, denominado Grande Arquiteto do Universo. A oposição ao materialismo constitui-se diretriz fundamental da ideologia maçônica. Abriga em seu seio homens de qualquer religião, desde que acreditem em Deus. Moral, para a Maçonaria, é o pilar do entendimento humano. É a lei natural e universal que rege todos os seres racionais e livres, o caminho que nos ensina os deveres e a razão dos nossos direitos. Sentimos o triunfo da verdade e da justiça, quando a moral penetra no mais profundo do nosso ser. Quanto à virtude, é a força do bem em seu mais amplo sentido. É o cumprimento dos deveres para com a sociedade e a família. A virtude não retrocede nem ante o sacrifício ou a morte, quando se trata do cumprimento do dever. E dever, para a Maçonaria, é o respeito aos direitos dos indivíduos e da sociedade. A Ordem Maçônica tem profunda comunhão com os ideais que nortearam a construção da nossa bela Capital. E é em homenagem a esses ideais que se realizou em Brasília o XV Encontro Nacional da Cultura Maçônica. Durante o evento, os trabalhos terão o mesmo objetivo dos fundadores de Brasília: fazer desta terra um mundo melhor. Parabéns, Brasília, por seus 50 anos! Palestras do evento Palestras Palestrante Palestra de abertura Carlos Chagas O papel e relevância de jornais e revistas maçônicas no contexto atual Antônio do Carmo Ferreira 300 anos da Maçonaria no mundo: retrospectiva histórica, filosófica e cultural Bernardo Martins Pereira Iluminismo, Maçonaria e os dias atuais Paulo Tomimatsu 200 anos da Maçonaria no Brasil: cenários e perspectivas William Carvalho O papel e relevância das academias maçônicas de letras no contexto atual Absaí Gomes Brito A contribuição musical de Wolfgang Amadeus Mozart à Maçonaria Marden Maluf Literatura e escritores maçônicos – universidade ou dispersão de ideias? Élio Figueiredo 50 anos da Maçonaria no Distrito Federal: experiências e alteridade Adirson Vasconcelos O comprometimento maçônico Moacir José Outeiro Pinto O conceito maçônico refutado: a essência da Maçonaria Ronaldo Rebello de Britto Sumário ao enyte 19 200 anos de Maçonaria no Brasil cenários e perspectivas William Almeida de Carvalho* U m dos muitos tópicos discutidos no XV Encontro Nacional da Cultura Maçônica é o que passamos a comentar. O Brasil maçônico, primeira potência do mundo latino, vem crescendo com taxas chinesas, motivo de justo orgulho, mas as evasões apresentam taxas norteamericanas, o que indica que não estamos conseguindo reter nossos preciosos recursos humanos, como se pode observar pelo quadro abaixo. Quadro I Ocorrência 2006 2007 2008 2009 Iniciações 5.182 5.699 5.600 5.625 Quite Placets 4.097 4.650 4.205 3.580 Saldo 1.085 1.049 1.395 2.045 Fonte: Boletim do GOB Já é hora de nos debruçarmos sobre estes números e buscar encontrar a causa de tal descalabro. A Maçonaria brasileira, que entrou em processo de declínio ideológico a partir da grande cisão de 1927, não se recuperou até os dias atuais. Até aquela data, a Maçonaria era uma elite estratégica do país, confundindo sua história com a do Brasil. Convém antes salientar que tenho uma visão elitista da sociedade brasileira. Já se disse que, em ciências sociais, não se tem telescópio nem microscópio, e, sim, conceitos, para que se explique a realidade a ser pesquisada. Os conceitos têm de ser “justos e perfeitos”, para iluminar a realidade. Normalmente, no Brasil, confunde-se elite com classe dominante, dois conceitos bem diferentes. Tome-se o seguinte exemplo: em Brasília, há um sindicado de médicos. Esse sindicado é a elite dos médicos. O que então significa ser elite? Ter mais centralidade no sistema analisado, possuir maior informação, ter maior capacidade de mobilização, manter maior intercâmbio com as outras elites etc. Elites estratégicas seriam as elites que possuem sistema de inteligência próprio, que custam caro. O bispo Macedo, o presidente da Rede Globo, o ministro da Defesa e os secretários da Marinha, do Exército, da Aeronáutica, os presidentes de partidos políticos não necessitam ver os jornais do dia para se informar, pois possuem sistemas e canais de inteligência. A Maçonaria, no passado, era uma elite estratégica, hoje é uma elite convencional, como centenas de outras no Brasil. A Maçonaria, se quiser voltar a ser uma elite estratégica, deverá saber traduzir o atual estágio cultural e institucional do país, para se inserir em um projeto nacional para auxiliar o Brasil, como fez no passado. O Brasil projeta-se nos próximos anos como o 5° PIB mundial, mas seus valores e algumas de suas instituições são pré-republicanas, ou, traduzindo em termos de ciências sociais, somos patrimonialistas e corporativistas. O rarefeito Iluminismo brasileiro deve ser visto dentro do quadro herdado de um Estado mercantilista e patrimonialista português, que o Marquês de Pombal tentou romper, com seu despotismo esclare- * William Almeida de Carvalho – economista, cientista político e presidente da Academia Maçônica de Letras do Distrito Federal. 20 ao enyte Sumário ÎÎ representação e cooptação; ÎÎ estatismo (e seus subprodutos); ÎÎ prebendas patrimoniais (apropriação privada); ÎÎ autossuficiência do poder; ÎÎ inchaço das funções administrativas: fiscal, judiciária, executiva, legislativa; ÎÎ raquitismo da vida civil; ÎÎ fiscalismo endêmico; ÎÎ insolidarismo; ÎÎ privatização da coisa pública; ÎÎ corporativismo. cido, através de um Iluminismo envergonhado, que não chegou a frutificar. O Brasil é herdeiro desse mitigado Iluminismo português. A vinda da família real em 1808, apesar de importantíssima, traz para o Brasil o patrimonialismo, com todas as suas mazelas. O Tratado de Viena, em 1815, consolida tais traços. O Brasil é herdeiro de uma cultura patrimonialista. O patrimonialismo é a característica de um Estado que não possui distinções entre os limites do público e do privado. Foi comum a praticamente todos os absolutismos. As características básicas do patrimonialismo podem ser assim sintetizadas: ÎÎ no início: patrimônio imperial = patrimônio público; ÎÎ centralismo; Pelo exposto, fica claro que nossas raízes patrimonialistas, conjugadas com a chaga da escravidão e do centralismo, geraram consequências avassaladoras, de que sofremos os efeitos até os dias atuais. A título de exemplo, compare a estrutura centralizada do Brasil com a dos EUA no quadro abaixo. Número de empregados públicos do Governo Brasil e Estados Unidos Estados Unidos Brasil 24,79% 69,27% 55,88% 32,51% 18,65% 81,35% 5,94% 1877 11,61% 1920 1930 Governo federal Governos estadual e local Governo central Governo provincial Governo municipal Fontes: Para o Brasil, Manoel Francisco Correia, Relatório e Censos de 1872 e 1920. Para os Estados Unidos, Historical Statistics of The United States, Colonial Times to 1957. Brasília exerce poder hipercentralizador sobre o resto do país, pois isso está no nosso DNA institucional. Proclamamos a República, mas nossos valores não são ainda republicanos, tendem mais para o patrimonialismo e o corporativismo. Sumário Além desses fatos assinalados, gostaríamos de apontar para um fato novo na estrutura social brasileira atual: o surgimento de uma poderosa classe média. O Brasil de meados do século XX, início de nossa formação urbano-industrial, apresentava mobilidade ao enyte 21 social em termos individuais. Nos últimos 20 anos, em alguns países, tais como México, Chile, Índia, China e Brasil, blocos imensos das classes D e E têm migrado para a classe C, fenômeno novo, a que chamo de “classe média morena”. O quadro abaixo dá uma ideia da nova classe média “morena”, que se apresenta no Brasil nos dias atuais. Distribuição das classes econômicas no Brasil (%) Governo FHC 100 90 Governo Lula Classe A e B 80 70 Classe C 60 50 40 Classe D 30 20 10 Classe E 0 1992 93 94 95 96 97 98 99 2000 01 02 03 04 05 06 Plano Real A nova classe média já é quase 50% da população brasileira e metade dela é de afro-brasileiros. Não possui ainda uma sustentabilidade garantida, pois poderá, dependendo das agruras do desenvolvimento socioeconômico do país, regredir à classe D. Não possui ainda o poder de articulação da velha classe média tradicional, repleta de procuradores, desembargadores, juízes, advogados, professores universitários, empresários (pequenos e médios), profissionais liberais etc. incrustados fortemente e com seus interesses corporativos bem alicerçados na estrutura de poder. Juntando tudo isso, valores e instituições pré-iluministas, corporativistas e patrimonialistas, com o surgimento da classe média “morena”, apresenta-se um fantástico nicho de mercado para instituições do tipo da Maçonaria. 22 ao enyte Os grandes empresários e os trabalhadores sindicalizados já possuem seus mecanismos institucionais de articulação e representação na estrutura de poder. A classe média encontra-se desamparada, pagando seus impostos e assistindo passivamente ao descalabro institucional do país: um Judiciário moroso, burocrático e regiamente pago; um Executivo que, em termos de gestão, não consegue nem sequer gastar o seu orçamento (o PAC mal consegue gastar 45% de seu orçamento) e um Legislativo de 4° mundo. Eis aí o grande nicho de mercado em que a Maçonaria brasileira poderá trabalhar, se quiser voltar a ser uma elite estratégica. Um projeto nacional estratégico para ajudar o país a articular uma verdadeira reforma política, a fim de adequar o país aos novos tempos. Será isso um mero sonho? Quem viver verá... www.documentalcontabil.com.br E-mail:[email protected] SEPS 705/905, conj. A, sala 309 e 311 – Centro Empresarial Santa Cruz Tel.: (61) 3242-4132 / 3244-6476 Fax: (61) 3244-6476 Sumário Brasilia paisagem urbana Balão do aeroporto A ntes da construção de Brasília, o Brasil era formado por um arquipélago de terras contínuas. A região Norte, isolada, não se comunicava com as regiões Sul ou Sudeste, e o Centro-Oeste era um grande vazio. O interior do país permanecia selvagem, quase desabitado, e viajar pelo planalto central era uma verdadeira aventura. Reconhecida como polo de desenvolvimento regional, Brasília exerce influência direta sobre 22 municípios espalhados por 55 mil quilômetros quadrados em Goiás e Minas Gerais. A população do Distrito Federal — 2,5 milhões de habitantes —, somada à da Região do Entorno, chega perto de quatro milhões de pessoas. O DF ocupa a oitava posição no ranking econômico das unidades da federação, mas possui a maior renda per capita do país: R$ 40.696/ano. A cidade erguida por Juscelino Kubitscheck, Israel Pinheiro e 60 mil candangos de todas as regiões do país não se tornou apenas a nova Capital Federal, mas também o grande ponto de convergência e conexão da nação brasileira. De Brasília, que significa Brasil em latim, partem estradas para os quatro cantos do vasto território nacional. Porém, não foi por sua pujança econômica que a cidade mais inspirou músicos e poetas. Sua arquitetura moderna, desenhada por Oscar Niemeyer, e seu traçado urbanístico, riscado por Lúcio Costa, encantaram artistas de todos os matizes, de todas as ideologias. “Escolhi Brasília como ponto alto do meu governo, porque estou convencido de que a nova capital representou um marco. Depois de sua construção, ninguém poderia duvidar de nossas indústrias ou da capacidade do trabalho brasileiro. Brasília deixou atrás de si uma nova era de autoconfiança e otimismo”, disse certa vez o ex-presidente Juscelino Kubitschek. *Fotos cedidas pela Novacap. Sumário “[O desenho de Brasília] não tem nada de avião! É como se fosse uma borboleta. Jamais foi um avião’’, destacou Lucio Costa em sua última entrevista ao Correio Braziliense, em outubro de 1997. “Era um rabisco que pulsava”, definiu Carlos Drumond de Andrade. Entre tantas obras de arte sobre a cidade, selecionamos alguns versos, para fazer, com eles, a nossa homenagem à Capital, que completou 50 anos este ano. ao enyte 23 Terra de sol Terra de luz Terra que guarda no céu A brilhar o sinal de uma cruz Terra de luz Terra-esperança, promessa De um mundo de paz e de amor Terra de irmãos Ó alma brasileira ... ... Alma brasileira ... Terra-poesia de canções e de perdão Terra que um dia encontrou seu coração Vinicius de Moraes Asa Sul Eixão Norte Brasília Acrópole da Nova Era Deusa transcendente luminosa Femil megalópole de Aquário Cibérpolis ontológica piramidal Síntese do Novo Homem Universal Gustavo Dourado Cidade do voo continente, Cidade conteúdo em sua mente, Cidade de leves arcos e portais, O homem: chama em seus cristais. Maria da Glória Lima Barbosa 24 ao enyte Sumário Balão do aeroporto (detalhe) Era só um rabisco no ermo que atordoa os poetas Um sopro ponteando o nada ao mais concreto do lugar nenhum. Um verso solto que de tão plano, devia só ter a altura de um horizonte embaçado. Desses que só os olhos desertos de utopia são capazes de umedecer. Pura cicatriz em nanquim, regada a lápis de cor. Depois vieram os retoques, as curvas arquitetadas com inspiração dos céus. Esperamos os quase mil dias de tua gestação, para te ver nascer poesia concreta, além dos números, suspensa na alvorada que toca Deus e o chão. Éder Rodrigues Catedral de Brasília Palácio do Planalto Curtindo o gosto de curtir a tarde a aparência cândida do dia. Sob a água morna do chuveiro deixa que corra pelo corpo inteiro — UAU! o paladar mais fundo da alegria. Reynaldo Jardim Foto: Flávio Cruvinel Ventos e chuvas corroeram arestas, dispersaram resíduos, e o terreno está pronto: esqueleto à espera da carne. E vieram os pioneiros e rasgaram os mapas (no papel, o embrião): corpo à espera de uma alma. Foto: Flávio Cruvinel Anderson Braga Horta Sumário ao enyte 25 Jardim do Tribunal de Justiça do DF A cidade dos palácios não tem muros Seus guardiões são homens invisíveis que tecem a história no porão do tempo Tripulantes da nave-mãe Cidade verde de sonhos Madura de ambições Suas ruas são apenas ruas despidas de esquinas e becos Braços eternos recebem a ardência do sol, o brilho da lua Os palácios são casas brancas belas suspensas em arcos Arte concretizada Palco das ilusões Maria Félix Em Brasília, há um tempo em que a vida desaparece, mas não cessa. Apenas aguarda e se fortalece sem pressa. Até um dia de novo, cresce. E assim tudo recomeça. TT Catalão 26 ao enyte Sumário No coração do país Foi erguida uma bandeira, Surgiu nossa Brasília A capital brasileira, De Brasil nome oriundo Reconhecida no mundo Brasília não tem fronteira. Edisio Araújo Há quem te veja nave de aço, avião mas eu te vejo ave de pluma, asas abertas sobre o chão. Há quem te veja futurista e avançada mas eu recolho em ti a paisagem rural lá de onde eu vim: fazenda iluminada. E quem declara guerra a teu concreto armado nunca sentiu a paz do teu concreto desarmado. Há quem te veja exata, fria, diurna e burocrática mas te conheço é gata noturna, quente, sensual – enigmática. Há quem te gostaria só Plano Piloto, teu lado nobre, mas eu também te encontro na periferia, teu lado pobre. Há quem só te reconheça nos cartões postais mas eu te vejo inteira, Planaltina, cercada de Gamas, Guarás e Taguatingas. Aos que só te querem grande – Patrimônio Mundial, egoisticamente te declaro patrimônio meu, exclusivo: Brasília minha e, no meu bem-querer diminutivo, Brasilinha. Paulo José Cunha Sumário ao enyte 27 Postu ra d e vang uar da da Maco naria Foto do Memorial JK A história nos comprova o êxito da Maçonaria, decorrente de uma atuação externa inteligente e de vanguarda, de liderança na solução dos problemas sociais, sempre à frente de seu tempo. Uma bandeira é irresistível quando uma confluência de fatores concorre para a sua maturação e a chegada do seu tempo. Quem sair primeiro e empunhar essa bandeira terá sucesso inevitável. A Maçonaria tem um passado de glória, porque, alicerçada em princípios eternos, soube sempre detectar a correta chamada do tempo para o avanço da sociedade. Significativa foi a atuação da Maçonaria pela Independência do Brasil, pela Abolição e pela República. A questão é simples: para ser vanguarda é preciso estar além do seu tempo. A Maçonaria não precisa observar para onde a sociedade marcha e, então, escolher uma posição de vanguarda ou imaginar qual seria a vanguarda para os dias atuais, qual seria a chamada do tempo. Basta assumir as suas próprias bandeiras, que, por serem lastreadas em princípios eternos e universais, sempre foram bandeiras de vanguarda. Ulisses Riedel* Vejamos sinteticamente: a Maçonaria é uma entidade em que seus membros, atuando como Irmãos, com solidariedade interna, com uma postura espiritual ecumênica e suprapartidária, buscam humildemente o auto-aperfeiçoamento. Então, em atitude de solidariedade externa, voltados para o mundo, procuram bem servir a humanidade, sustentados nos princípios eternos e universais da espiritualidade ecumênica, da liberdade, da igualdade e da fraternidade. Por serem os princípios da Maçonaria eternos e universais, esses princípios estão sempre presentes, são sempre atuais. Como o processo evolutivo da sociedade humana é construído por etapas, é preciso perceber a aplicação desses princípios eternos e universais no contexto atual. Assim, a Maçonaria estará sempre na “crista da onda”, sendo sempre atual, não cristalizada no passado, sinalizando o porvir, e, por isso, estando além do seu tempo em relação à sociedade. Ser maçom é praticar a humildade, reconhecendo a imperfeição humana; é esforçar-se em seu autoaperfeiçoamento para melhor servir; é atuar inte- *Ulisses Riedel é membro da A.·.R.·.L.·.S.·. Honra e Tradição 3873, advogado trabalhista, fundador do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar – DIAP e presidente da ONG União Planetária. 28 ao enyte Sumário ligente e amorosamente para a construção de um mundo de paz e de justiça social; é trabalhar para que tenhamos uma sociedade livre, com uma democracia solidária, com liberdade de expressão e de palavra, de religião, de estudar, de morar, de trabalhar, de se divertir, de ter acesso aos bens de consumo, de votar e de ser votado. Não se trata da construção de uma democracia competitiva, com liberdade sem ética, em que os mais fortes exploram os mais fracos em uma luta de irmãos contra irmãos. Antes, pelo contrário, é trabalhar para que tenhamos uma sociedade igualitária, em que a igualdade seja de direitos e de oportunidades. É trabalhar para que tenhamos uma sociedade fraterna, em que todos se reconheçam como irmãos, feitos do mesmo barro pelo Grande Arquiteto do Universo. A Maçonaria, para se manter na vanguarda, precisa ousar através da prática dos seus próprios valores, adotando, entre outras: a) postura em defesa da fraternidade, calcada em uma visão espiritual ecumênica, com o reconhecimento da irmandade de todos os seres; A Maçonaria é uma entidade secular, espiritual e ecumênica. A fé em Deus é exigência para ser Maçom, e seus membros podem ser integrantes de qualquer corrente religiosa. Nesse sentido, deve-se manter uma postura de vanguarda, promovendo e liderando atividades ecumênicas, especialmente pelo fato de que a humanidade ainda vive despedaçada em lutas religiosas. b) postura em defesa de uma democracia solidária, de auxílio mútuo, de fraternidade, em contraponto à democracia competitiva vigente, de luta de uns contra outros; O compromisso da Maçonaria é com a conquista de um mundo de justiça social calcado na fraternidade; a humanidade conquistou, pelo menos em parte, uma visão democrática de organização social, mas a democracia conhecida está assentada na competitividade, na disputa por um espaço na sociedade, no conflito de classes e de interesses, quando dentro de uma visão maçônica dever-se-ia buscar a construção de uma sociedade democrática solidária, alicerçada na fraternidade, no companheirismo, no compartilhamento, no socorro mútuo, no “um por todos e todos por um”. Sumário c) postura nacionalista diante da defesa das Metas do Milênio, aprovadas pelo Brasil na Assembleia Geral da ONU; A Maçonaria sempre teve um compromisso de defesa dos ideais nacionalistas e certamente não existe ideal mais elevado do que a construção de uma pátria livre da miséria, da ignorância, do analfabetismo, das doenças endêmicas. Essa é uma atuação concreta, na qual a Maçonaria pode ultrapassar os limites do assistencialismo para buscar a conquista de uma sociedade humana justa, construída e alicerçada nos princípios maçônicos. Oito são os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio – ODM: 1. Erradicar a fome e a miséria do mundo; 2. Educação básica de qualidade para todos (o que implica acabar com o analfabetismo); 3. Igualdade de gêneros e a valorização da mulher; 4. Reduzir a mortalidade infantil; 5. Melhorar a condição de saúde das gestantes; 6. Combater a AIDS, a malária e outras doenças endêmicas; 7. Qualidade de vida e respeito ao meio ambiente; 8. Todo o mundo trabalhando pelo desenvolvimento (o que implica inclusão social). d) postura de profundo estudo do auto-aperfeiçoamento para melhor servir. O caminho a ser percorrido pelos Maçons é complexo e gigantesco, dependendo prioritariamente de auto-aperfeiçoamento. O “lavrar a pedra bruta” deve ser examinado com profundidade, com estudo científico, com método, yoga e meditação. Os Maçons buscam humildemente o auto-aperfeiçoamento para melhor servir. Esse auto-aperfeiçoamento deve ser feito com os estudos mais recentes da psicanálise e outras disciplinas correlatas, buscando compreender a natureza humana e seu aprimoramento. É essencial que a Maçonaria intensifique sua Missão Magna de transformação da sociedade pelo bem, pela fraternidade, pela solidariedade. A Maçonaria precisa assumir, com coragem, essas bandeiras que lhe pertencem. Se não o fizer, outras entidades o farão, possivelmente sem a mesma capacidade, uma vez que o processo evolutivo é permanente e inevitável, não podendo ser detido. Assim como as águas buscam sempre encontrar saídas, também marcha a vida. ao enyte 29 SalveaSi só por hoje buscarei me manter limpo A peste chegou. Está solta nas ruas, batendo às nossas portas, invadindo nossas casas, presente em todos os lugares. De um modo ou de outro, somos todos afetados. Temos que combater a droga, classificada pela OMS – Organização Mundial de Saúde como sendo tão devastadora quanto os efeitos maléficos da peste bubônica. O Centro de Tratamento de Dependência Química Salve a Si, ONG voltada para a recuperação de dependentes químicos e de álcool, nasceu do esforço de um desses combatentes, Henrique França, um adicto, um dependente em recuperação. Salve a Si, organização não governamental sem fins lucrativos, foi criada em 2000, com o objetivo de oferecer tratamento aos adictos de álcool e outras drogas. Surgiu como forma de estender a outros dependentes químicos a experiência de recuperação 30 ao enyte de um jovem dependente baseada no amor. Por isso, a maior mensagem da entidade é o “resgate da vida através do amor”. “A proposta terapêutica tem seu foco nas questões comportamentais, visando à recuperação mental, emocional e espiritual do dependente; na prevenção de possíveis recaídas na utilização da droga; na terapia racional emotiva; na terapia comportamental cognitiva e na terapia sistêmica familiar”, explica Henrique. Ele destaca que o objetivo da Salve a Si é levar o dependente a se conscientizar para viver livre da escravidão das drogas. “Buscamos o resgate do indivíduo com laborterapia de três horas diárias, muita disciplina e aquisição da responsabilidade profissional, e, assim, recuperamos a sua autoestima. Ao mesmo tempo, buscamos a conexão com a espiritualidade Sumário ecumênica, sem doutrinação religiosa, mas com palestras de padres, pastores e líderes espirituais de outros segmentos religiosos, no intuito maior de reforçar o contato consciente com o seu Poder Superior de escolha. Conscientizamos cada um sobre o poder que tem de livre-arbítrio; basta que o seu Poder Superior seja apenas bondoso, amoroso e cuidadoso”, filosofa o fundador da Salve a Si. Henrique enfatiza que “a recuperação, com o abandono da dependência química, é possível e real. O objetivo da Salve a Si é levar o dependente a conscientizar-se das ferramentas necessárias para poder desfrutar de uma nova maneira de viver: ‘limpo’ e sereno”, diz ele, salientando que, “na recuperação, o álcool também é visto como droga”. Em suas palavras, um “indivíduo devastado pelo uso de drogas encontra-se, na maioria dos casos, dentro de um quadro de insanidade. Fragilizado e sensível, ele necessita de amparo e carinho para se valorizar e crescer num ambiente salutar e harmonioso”. Embora esteja “limpo” há anos, Henrique ressalta que nunca irá se considerar recuperado, mas sempre em recuperação. “Todos os profissionais da Salve a Si, sem exceção, também se encontram em recuperação, sabendo que, por não existir a cura, devem viver a manutenção diária, buscando ajudar o próximo a encontrar essa nova forma de viver”, diz Henrique. Hoje a Salve a Si é um centro de tratamento devidamente registrado e regularizado nos órgãos competentes, com capacidade para 28 residentes do sexo masculino. Seu centro de recuperação está localizado numa propriedade rural com rio, córrego, mirantes e nascente, localizada na DF 140, a 58 quilômetros do centro de Brasília. O local conta com uma complexa infraestrutura, que inclui granja, mudário de plantas exóticas e medicinais, produção de agricultura orgânica e piscicultura, além de mudas plantadas de mogno, teca e neen indiano. A propriedade, de 33 hectares, foi cedida por um casal de colaboradores, um irmão maçom e sua esposa, para fins de recuperação de adictos, em regime de comodato por 14 anos, renováveis automaticamente por mais 14 anos. Para servir de dormitório aos residentes, a casa sede foi remodelada: a sala virou sala de reunião terapêuSumário tica e de vídeoterapia, uma garagem virou refeitório e o que era uma churrasqueira ao ar livre virou uma cozinha. O escritório do centro e a casa dos funcionários funcionam na estrutura de um antigo depósito de ferramentas. Mas há terapeuta que ainda pernoita em colchão no chão do escritório para gozar de um mínimo de privacidade. Para a recuperação de adictos, a entidade não cobra taxas nem mensalidades, mas as famílias dos residentes podem contribuir de forma simbólica, até o limite de dois salários-mínimos. A maioria dos residentes não paga nada. A verba é revertida ao pagamento de terapeutas, psicólogo e coordenador, pagamento que é simbólico também. O compromisso da equipe é munido pelo AMOR e dele emana à causa da recuperação. Durante o período de recuperação, a Salve a Si, que vive de doações de alimentos, oferece cinco refeições diárias aos residentes e se esforça na reutilização de móveis doados ou até mesmo recolhidos nas ruas, em latas de entulho, que, posteriormente, são reformados e reutilizados Nos planos de Henrique, a Salve a Si pode crescer e consolidar-se como importante instituição na área de recuperação de dependentes químicos. Além de experiência comprovada em recuperação de adictos, ela está localizada em uma propriedade rural com espaço suficiente para ampliar o número de residentes. “A entidade necessita de melhorias para acomodar seus residentes e poder oferecer recuperação com qualidade. Já temos um projeto idealizado pelo arquiteto Marcos Decat França para a construção de novas instalações para um total de 40 residentes, e a casa que hoje é utilizada pelos residentes, que necessita de imediata reforma de todo o telhado, pode ser adaptada para ser um auditório com cozinha e refeitório”, informa Henrique, sonhando em levar a mais adictos a sua história de recuperação. A bela história da Salve a Si pode ser encontrada no Youtube: http://www.youtube.com/watch?v=t6HtT5p0RFI ou no próprio website: http://www.salveasi.com.br/. Para contato: [email protected]. ao enyte 31 Lições de um aprendiz O Irmão Carlos Hugo S. Correa colabora há muito com o Centro de Tratamento para Dependência Química Salve a Si. De tanto explicar o que o motivou a ceder o sítio que comprara nas redondezas de Brasília para servir de sede da entidade, resolveu escrever uma parábola, atribuída ao grande mago cabalista Abramelin, a qual publicamos a seguir. Quando o mago Abramelin criou o “Jogo do Ganha-Ganha” Certa feita, Abramelin, “O Judeu”, recebeu a visita de três alquimistas, que foram tentar convencê-lo a não divulgar demais suas investigações sobre a magia cabalística. Abramelin foi um grande mago, que peregrinou pela Europa no ápice do Renascimento, pesquisando os segredos da velha cabala hebraica, ensinados pelos egípcios a Abraão. Legou à humanidade um compêndio detalhado sobre as hierarquias sagradas, arcanjos, anjos, querubins e serafins, como também das potestades materialistas — nomes e características, legiões a sublegiões a que pertenceriam — e, o mais importante, como invocá-las e o que obter de cada uma delas. Por volta do ano 1600, o velho sábio decidiu registrar todo o seu conhecimento por escrito. Mais que isso, tinha por hábito compartilhar o resultado de suas pesquisas espirituais com os aprendizes que o procuravam vindos de todos os cantos da Europa, África e Oriente. Por isso, foi abordado pelos três alquimistas. Queriam convencê-lo a ser mais reservado. Suas descobertas eram por demais relevantes. Ensinavam a invocar os arcanjos. Até aí, tudo bem. Mas também ensinavam como obter toda sorte de favores dos demônios. Poderiam proporcionar poder demais 32 ao enyte aos iniciados. Ensinava como obter a amizade de reis e príncipes, seduzir donzelas, arranjar aliados e até como conseguir ouro, prata e outras riquezas. Os três alquimistas já haviam testado os ensinamentos. Funcionavam. Era poder demais para mentes despreparadas. Abramelin só escutava os argumentos. Nada respondia. Até que, em determinado momento, um dos sábios alquimistas veio com um argumento novo. — Pelo menos não ensine tudo o que sabe. Guarde sempre algum segredo importante. Assim o senhor será sempre o mago mais poderoso do mundo. Sua fama se espalhará para além do Oriente e o senhor estará sempre cercado de discípulos. Os aprendizes virão e estarão sempre retornando com presentes para obter novos conhecimentos. E, ao retornarem, o senhor arrancará de cada um deles o que aprenderam com outros mestres. Assim, nenhum discípulo jamais terá tanto poder ou fama quanto o senhor. Era um argumento novo, registrou Abramelin em suas memórias, lidas com atenção por Voltaire. Ora, o que aquele alquimista estava dizendo, em linguagem coloquial, era para ele não revelar o “pulo do gato”. Usando o dialeto marxista, era para não sociali- Sumário zar seu capital acumulado (o conhecimento). Ao contrário. A ideia era virar uma espécie de precursor do capitalismo selvagem. O plano era usar os jovens discípulos para fazer aquilo que, quase três séculos mais tarde, Marx definiria como “mais-valia”. Ou seja, ao invés de compartilhar, como o velho cabalista vinha fazendo, seria melhor acumular, acumular e acumular seu principal capital, o conhecimento. Abramelim refletiu, refletiu. Ele não registra se ficou tentado pela obtenção da fama, das riquezas e do poder que o plano lhe proporcionaria. Registra apenas que refletiu bastante. Disse, então: — Peguem aquelas lâmpadas que estão acolá. Eram os tempos das lamparinas a óleo em formato que lembrava muito a lâmpada mágica do gênio de Aladim, aquele personagem d’As Mil e Uma Noites, que tanto preencheu nossos imaginários infantis. Os alquimistas se levantaram, pegaram as lâmpadas e se sentaram de novo em frente a Abramelim. — Agora acendam as suas lâmpadas na minha lâmpada. Acenderam. — E então?, indagou o velho. — Vossas lâmpadas apagaram minha lâmpada? Vossas luzes apagaram minha luz? — insistiu. Diante do estupor dos três alquimistas, o mago concluiu: — Ao contrário. Minha sala ficou muito mais iluminada. E sou eu quem mais está se beneficiando com isso. Quatro séculos mais tarde, os gurus da administração de empresas formulariam teorias e métodos que utilizam a sinergia de pessoas ou equipes para multiplicar a eficiência do trabalho e maximizar os lucros. Costumam chamar tal estratégia de “Jogo do GanhaGanha” — em referência a uma das premissas do capitalismo selvagem, no qual, quando um ganha, alguém perde. Nesse caso, paradoxalmente, todos ganham. A íntegra deste texto pode ser lida no endereço: http:// www.conteudo.com.br/studart/quando-o-magoabramelin-criou-o-201cjogo-do-ganha-ganha201d. SOF/SUL quadra 4, conj. A, lote 2/4 – Guará – Fone: (61) 3362-2700 – Fax: 3361-6136 SOF/Sul quadra 5, conj. B, lote 1/4 – Guará (Linha pesada) – Fone: (61) 3362-2300 – Fax: 3361-7322 2º Av., bl. 341-A, loja 1 – Núcleo Bandeirante – Fone: (61) 3486-8800 – Fax: 3386-2525 SHN – Área Esp. 19 – Taguatinga Norte – Fone: (61) 3355-8500 – Fax: 3354-7474 Quadra 4, lote 1.560 – Setor Leste Industrial – Gama – Fone: (61) 3484-9200 – Fax: 3384-1462 ADE, conj. 1, lote 1 (atrás da Nasa Caminhões) – Fone: (61) 3212-2020 ADE – Área de desenvolvimento econômico – Núcleo Bandeirante Brasília/DF Há 40 anos trabalhando junto com você. Conheça nossa linha Office e torne seu trabalho mais prático. Sumário 40 anos de tradição (61) 3349-0880 www.brito.com.br [email protected] [email protected] Cyrtopodium aliciae Orquideas fascinantes e surpreendentes Lou Menezes* O estudo das plantas é muito cativante e abrangente e muito mais se é desses maravilhosos organismos chamados orquídeas, distribuídos em pretensiosa organização fitogeográfica tão sugestiva quanto dependente de hábitos, na mútua inter-relação que a comunidade biótica, em harmonia, faz prosperar. As orquídeas pertencem à família Orchidaceae, que é uma das três maiores famílias de plantas floríferas (Angiospermae) de nosso planeta, sendo as outras duas a Asteraceae (Compositae) e a Poaceae (Graminae). No mundo, existem cerca de 35 mil espécies conhecidas de orquídeas, e mais de 3 mil estão em território brasileiro. As orquídeas possuem diferentes hábitos na natureza. São encontradas agarradas às árvores e palmeiras, chamadas de epifíticas, mas nunca parasitas, como é popularmente divulgado; outras crescem no solo e são chamadas de terrestres; outras sobre rochas, denominadas rupestres ou rupícolas; e também aquelas de áreas alagadas, denominadas de paludículas. Com suas fascinantes e exóticas flores de colorido e perfume que fogem à nossa compreensão, as orquídeas apresentam peculiaridades surpreendentes. Entre milhares, este é o caso daquelas do gênero Cyrtopodium, as quais possuem, no planalto central brasileiro, o centro de sua distribuição geográfica no Brasil. As plantas do gênero Cyrtopodium são popularmente identificadas por diferentes nomes. Em muitas regiões, são conhecidas por “sumaré”, designação que dá nome a diversas localidades nos estados do Rio de Janeiro e São Paulo, onde ocorrem grandes populações do gênero sobre as rochas; em algumas localidades do nordeste, são chamadas de “rabo-de-tatu”, em alusão à semelhança dos pseudobulbos fusiformes de algumas espécies com o rabo desse animal. *Lou Menezes – engenheira florestal e analista ambiental, é chefe do Orquidário Nacional do Intituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA. 34 ao enyte Sumário Cyrtopodium witecki Sao também identificadas como “cola-desapateiro”, devido ao uso do sumo extraído dos seus pseudobulbos na colagem de couro, papel e madeira. Essa goma também é usada, em Goiás, para encerar os liços dos teares manuais primitivos, que são feitos de fios de algodão. “Bisturi-do-mato” ou “lanceta-milagrosa” são outros nomes populares para identificar as plantas de Cyrtopodium. Dessas plantas pode ser destacado seu valor terapêutico na utilização tópica da exudação de seus pseudobulbos para tratamento de abscessos, além da produção de xarope para o tratamento de tosses e coqueluche. No planalto central brasileiro, centro da distribuição geográfica das plantas do gênero Cyrtopodium, as atividades antrópicas, notadamente voltadas para a agricultura, têm sido responsáveis pelo desaparecimento de extensas áreas nativas para o plantio de soja, algodão e milho. Cyrtopodium gigas Nesse contexto da preservação, além da supressão dessas áreas nativas especificamente ligadas à ocorrência do gênero Cyrtopodium e de outras orquídeas terrestres, no atual processo de depredação das florestas tropicais no mundo, cerca de 11 milhões de hectares por ano — ou talvez bem mais —, centenas de milhares de espécies vegetais e animais serão extintas nos próximos anos e, com elas, nossas joias da natureza, as orquídeas. Cyrtopodium cardiochilum Sumário ao enyte 35 0 173 Maçonaria Universitária* Lucas Galdeano** C omo parte de um intenso programa de modernização da Ordem e de rejuvenescimento de seus quadros, encontra-se em curso um projeto de instalação de Lojas Acadêmicas e de Lojas Universitárias em todo o país, independentemente de Obediência Maçônica. Identificado como uma antiga aspiração de maçons brasileiros, esse movimento foi iniciado na segunda metade da década passada, ganhou força e vigor a partir do ano de 2000 e, em meio a um emaranhado de crenças e preconceitos, conquistou legitimidade no círculo maçônico brasileiro. Mas, afinal, quem está com a razão? As Lojas Universitárias são uma invenção do Grande Oriente do Brasil? Oficina desse tipo é uma mera extensão da Ação Paramaçônica Juvenil (APJ) e da Ordem Demolay? A primeira Loja Universitária surgiu na Inglaterra, em 1730 – University Lodge. Era integrada por estudantes de Oxford (foto) e Cambridge. 36 ao enyte Sumário Um pouco de história Quem inventou as Lojas Universitárias? Ao contrário do que imagina o senso comum, as Lojas Universitárias não são novas e nem uma invenção do Grande Oriente do Brasil, a maior Obediência Maçônica do Mundo Latino. Elas, há muito, existem em outros países, como Inglaterra, Irlanda, Estados Unidos, Canadá e Austrália. A primeira Loja Universitária devidamente constituída foi a University Lodge 74, de Londres, no dia 14 de dezembro de 1730, por iniciativa dos maçons da Loja Urso do Arado 63, que se reuniam na taberna de mesmo nome. Dessa Loja Universitária participou, além de estudantes da Universidade de Oxford e Cambrige, um dos baluartes da Moderna Maçonaria, ninguém menos que Jean Théophile Désaguliers (*1683 †1744), considerado o Pai da Maçonaria Especulativa Moderna. A Westminster and Keystone Lodge, segunda do gênero, fundada em 1722, tornou-se universitária em 1855. Em 1873, assim como a University Lodge 74, passou a reunir os estudantes de Cambridge e Oxford. Jean Théophile Désaguliers, Pai da Maçonaria Moderna, criou a primeira Loja Universitária da história. Outro exemplo de maçom ilustre que pertenceu a uma Loja ligada à área acadêmica, agora nas artes literárias, foi o de Oscar Wilde (*1854 †1900), um dos maiores escritores do século XIX, que ingressou na Loja Universitária Apollo em 23 de fevereiro de 1875, com licença especial, por ser menor de idade. Assim como as Lojas Universitárias de Oxford e Cambridge, a Apollo e a Isaac Newton apresentavam licença, automaticamente renovada a cada ano, para iniciar candidatos abaixo de 21 anos. Segundo o Irmão William Carvalho, historiador maçônico, “a Loja Universitária Apollo era, então, como é ainda hoje, uma loja prestigiosa na Maçonaria inglesa. A loja original Alfred, na Universidade de Oxford 455, fundada em 1769, abateu colunas em 1783. Acordou em maio de 1818 e, em dezembro, constitui-se como Loja Apollo 711”. Um ano depois, a palavra “Universitária” agregou-se ao seu título. A Loja Universitária Apollo, agora com o número 357, continuou a praticar seu ritual de maneira tradicional e dentro de seu estilo histórico. Oscar Wilde – por ser menor de idade, o escritor irlandês precisou de licença especial para ingressar na Loja Universitária Apolo em 1875. Nos Estados Unidos, existem, entre outras, as Lojas Havard e Boston University. Sumário ao enyte 37 No Brasil A denominação “Loja Universitária” surgiu no país em 1975, com a criação da Loja Universitária 1928, de Bragança Paulista (SP), fundada a 20 de agosto daquele ano, federada ao Grande Oriente do Brasil. Depois surgiu a Fraternidade Acadêmica Piratininga 2862, na cidade de São Paulo, fundada em 20 de abril de 1995, também federada ao GOB. Idealizada pelo então Grande Secretário-Geral de Relações Maçônicas Exteriores Adjunto ao GOB, o eminente Irmão Rubens Barbosa de Mattos (*1937 †2003), Grão-Mestre Honorário do Grande Oriente de São Paulo, que exerceu o cargo de Grão-Mestre Estadual no período de 21/06/1991 a 20/06/1995, essa Loja é considerada, no meio maçônico, a primeira Loja genuinamente Universitária. Situação em 2007 Em 2007, segundo os dados da Grande SecretariaGeral da Guarda dos Selos do Grande Oriente do Brasil, existiam 73 Lojas Maçônicas Acadêmicas e Universitárias federadas ao Poder Central, assim distribuídas: 1 no Acre; 1 no Maranhão; 2 no Distrito Federal; 2 em Goiás; 2 em Pernambuco; 2 no Rio de Janeiro; 2 em Rondônia; 3 no Espírito Santo; 3 no Paraná; 5 em Santa Catarina; 19 em Minas Gerais e 31 no estado de São Paulo. Do total de 73 Oficinas, 44 eram Fraternidades Acadêmicas e 29, Lojas Universitárias. Das 44 Oficinas do tipo Fraternidades Acadêmicas, 26 trabalham no Rito Escocês Antigo e Aceito; 8 no Rito Francês ou Moderno; 6 no Rito Brasileiro; 3 no Rito Adonhiramita e 1 no Rito de York ou de Emulação. Das 29 Oficinas do tipo Universitárias, 15 trabalham no R.·.E.·.A.·.A.·.; 6 no Rito Francês ou Moderno; 5 no Rito Adonhiramita e 3 no Rito Brasileiro. No Distrito Federal Na jurisdição do Grande Oriente do Distrito Federal, não se pode falar em Loja Universitária, sem mencionar o nome do eminente Irmão João Correia Silva Filho, Grão-Mestre de Honra da nossa Obediência Distrital. 38 ao enyte O eminente Irmão João Correia tornou-se o grande responsável pela fundação da ARLS Universitária Verdade e Evolução 3492, do Rito Moderno, primeira Oficina Universitária da Capital da República, fundada em 22 de março de 2003. Durante os últimos seis anos (1996 a 2002) que antecederam a fundação daquela que seria a primeira Loja Universitária do Distrito Federal, o discurso do GODF pautou-se no crescimento quantitativo e qualitativo dos Quadros das Lojas, fazendo frente a uma postura mantida pela grande maioria dos Irmãos: “o que vale é a qualidade” e a “quantidade impede a qualidade”. A falta da aceitação da política de “Crescimento dos Quadros das Lojas” — a renovação dos quadros estava abaixo, às vezes, da simples reposição de obreiros — levou o Grande Oriente do Distrito Federal ao envelhecimento, fato que já vinha ocorrendo em todo o GOB, chegando-se a uma média etária de 60 anos. Hoje a faixa etária de maçons do GOB gira em torno de 52 anos, graças às 73 Lojas Maçônicas ligadas à área acadêmica, federadas ao Grande Oriente do Brasil. No final da Administração do então Grão-Mestre Hélio Pereira Leite, foi fundada, em 31 de março de 2007, a segunda Loja Universitária jurisdicionada ao GODF, com o título distintivo de A.·.R.·.L.·.S.·. Universitária Ordem, Luz e Amor 3848, do R.·. E.·. A.·. A.·.. Maçonaria Universitária? A rigor, não existe Maçonaria Universitária. O que existe são Lojas Maçônicas chamadas de Acadêmicas e Universitárias. As leis que as regem são as mesmas leis que regem qualquer outra Loja Maçônica federada ao Grande Oriente do Brasil. A única diferença é que essas agremiações privilegiam a iniciação de universitários, de Sumário professores e demais candidatos ligados à área acadêmica. Reúnem-se em condições de hora, local e frequência e buscam conciliar atividades da Ordem com as de estudante. As Lojas Acadêmicas e as Lojas Universitárias propriamente ditas são muito semelhantes. A única diferença está no título distintivo que adotaram, porque, de resto, funcionam com os mesmos objetivos e da mesma maneira. Como dissemos, são Lojas Maçônicas iguais às outras Oficinas federadas. O futuro da Maçonaria em geral e da “Maçonaria Universitária” em particular está em conseguir chegar até a juventude e oferecer a ela uma doutrina calcada em ideais progressistas, solidários e espirituais, construindo o futuro com base nos alicerces de nossa tradição — o que de melhor a humanidade já conquistou — e expondo um ideal maçônico contemporâneo, de acordo com a realidade atual e futura do povo brasileiro. Sendo uma Loja Maçônica igual a outra qualquer, Irmãos podem ser chamados para a fundação de uma Oficina desse tipo, quer estejam ligados à área acadêmica quer não. Do mesmo modo, os candidatos não terão de ser única e exclusivamente oriundos de Instituições de Ensino Superior para compor os seus quadros. Lembrando sempre que somos, no presente, os portadores do ideal maçônico, legar aos nossos sucessores uma Ordem mais sublime e mais coesa só dependerá de nosso trabalho e habilidade. Assim, transformaremos os anseios da comunidade em fulgurante realidade, modernizando a Ordem, sem prejuízo das tradições herdadas de nossos antepassados. A idade para ingresso na Ordem, segundo a atual legislação, é de 18 anos. NOVAE SED ANTIQVAE Renovação-Trabalho-União Futuro Geral e Particular Divulgue essa ideia! A Maçonaria brasileira, atualmente, é uma das que mais crescem no mundo e temos plena consciência de que, em um futuro bem próximo, estaremos atingindo o ponto de mutação, em que a quantidade se transformará em qualidade. A Maçonaria está perdendo terreno quantitativo na Europa e nos Estados Unidos e ganhando no Brasil, e as oficinas universitárias são um importante fator de renovação qualitativa da Maçonaria Brasileira. * Texto resumido com autorização do autor. A íntegra do artigo pode ser encontrada no endereço: http://www. freemasons-freemasonry.com/galdeano_maconaria_ universitaria.html. **Lucas Galdeano é atual Grão-Mestre Adjunto do Grande Oriente do Distrito Federal (2007-2011), presidente do Conselho Maçônico Distrital (2007-2011) e presidente do Conselho Editorial da Revista Egrégora. Atuação nas áreas: tributária, bancária e empresarial SRTV qd. 701, bl. A, sala 330 Fone: (61) 3321-2535 Brasília – DF E-mail: [email protected] Sumário ao enyte 39 O Estilo Gótico Arte, filosofia e pensamento Laélio Ladeira* H oje, o mundo em que vivemos está dividido em setores cada vez mais estanques na área do conhecimento, do saber e da erudição. A tendência é a especialização, que, dia após dia, fica mais limitada. Segundo a nossa formação, esses padrões, as ciências exatas, a arquitetura e a filosofia nada teriam em comum e estariam voltadas para assuntos opostos, paralelos e até antagônicos. De modestas capelas de beira de estrada a grandes catedrais, as muitas igrejas erguidas em toda a Europa no século XII demonstravam uma nova forma arquitetônica, que combinava tradições locais com influências romanas e bizantinas. Como grandes construtores, os normandos desempenharam papel significativo na disseminação desse estilo românico pelas terras que conquistaram. A visão do mundo cristão na Idade Média Tentar entender a vida intelectual e a arte da Idade Média, sem se reportar ao espírito, à mentalidade da época, é tomar uma coisa por outra, isto é, equivocarse. Constituiria, por exemplo, grave erro de apreciação atribuir a fatores meramente práticos a decisão do bispo Maurice de Sully (1120-1196) de destruir a igreja construída apenas setenta anos antes, para edificar, em seu lugar, a catedral de Notre Dame de Paris. O período histórico em que surgiu a construção gótica estava repleto de polêmicas. Existiam pessoas difamadoras sistemáticas, assim como os admiradores incondicionais. O espírito cristão governava o agir, o Como os exemplos franceses aqui mostrados sugerem, a força das construções românicas derivava de suas paredes exteriores imponentes, geralmente feitas de cascalho ligado com argamassa e revestido com pedras planas. O espaço no interior dessas paredes era dividido por colunas robustas e amplos arcos semicirculares à maneira romana: a forma dos arcos que se sucediam repercutia nos tetos abobadados. Efeitos decorativos detalhados estavam limitados a pontos-chave — o capitel das colunas ou os arcos acima das entradas — e o efeito do conjunto era de tranquila majestade. Na segunda metade do século XII, o uso de botaréus para suportar o peso dos tetos abobadados eliminou a necessidade de paredes tão grossas, e o estilo românico deu paulatinamente lugar ao gótico. Vitral da Abadia de Saint Denis *Laélio Ladeira – ex-professor da Universidade de Brasília, do Instituto Militar de Engenharia na Praia Vermelha do Rio de Janeiro e da Escola Nacional de Engenharia do Rio de Janeiro, é o atual Sumo Sacerdote (High Priest) Tabernáculo Brasília 236 em Kt.Pt. Laélio Ladeira. 40 ao enyte Sumário pensar e todas as circunstâncias que envolviam a vida do homem do século XI. A fim de compreender as pessoas da Idade Média, é necessário não perder de vista, nem um só momento, que tudo e todos existiam em função da fé cristã. Fazendo tácita referência a essa época, o papa Leão XIII (1810-1903) ensina, na Encíclica Immortale Dei, que houve um tempo no qual a filosofia do Evangelho governava os povos. O espírito cristão havia absorvido até a essência a sociedade de então, dando origem a uma cosmovisão cristã. Isso se verificava em todas as camadas sociais — desde os mais nobres ou ricos até os mais pobres e humildes — e todas as atividades humanas estavam imbuídas dos ensinamentos cristãos. Origem Nave da catedral de Colônia – Alemanha Foi em 1144 que a arte gótica teve seu início com o término do coro da abadia de Saint Denis – São Dionísio. O elemento de estudo da humanidade, em presença de Deus, passou a ser o próprio homem e o mundo real, sem que, para isso, o homem desviasse a sua devoção religiosa. A abadia de Saint Denis, local onde foram enterrados os reis franceses, teve sua terceira reconstrução iniciada em 1137, quando o abade Suger, o principal idealizador do estilo gótico, decidiu renovar os edifícios da abadia. Mantendo a cripta no estilo românico, a reforma da fachada foi terminada em 1140 e, finalmente, o coro em 1144, marcando o início de um novo estilo. O crescimento das cidades coincide com o término do regime feudal. Enquanto as catedrais românicas apresentavam-se pesadas, escuras, onde os homens religiosos da Idade Média se escondiam com medo dos olhos de Deus, as catedrais góticas abriram-se para a luz do mundo exterior, apresentando grandes vitrais e elementos estruturais novos. A busca pela luminosidade possuidora de poder espiritual. Os pedreiros livres, equipados com simples ferramentas e relações geométricas, construíram altos arcos e pontiagudas torres associados a um sistema complexo de abóbadas ogivais, arcobotantes e contrafortes. As catedrais góticas atingiram inacreditáveis alturas e, com seus belos vitrais, tornaram-se símbolo dessa época. Consideradas verdadeiras obras-primas por aparentarem dimensões maiores ainda que as reais e, principalmente, por produzirem um jogo de luzes e sombras em seu interior, as catedrais góticas podem ser consideradas uma vitória da arquitetura sobre a gravidade. Abadia de Saint Denis Sumário ao enyte 41 Período Feudal Desde Filipe II da França (1165-1223), a monarquia francesa tinha como objetivo enfraquecer os senhores feudais, donos de territórios e exércitos frequentemente maiores que os do próprio rei. Quando os servos das glebas, que dependiam exclusivamente do seu senhor, pressionados por pesadas obrigações impostas pela nobreza feudal, começaram a fugir para as cidades, a monarquia protegeu-os. Cada homem que escapava era um soldado a menos nas fileiras do senhor feudal. O rei queria fortalecer seu poder e, enfraquecendo os senhores feudais, alcançava seu objetivo. Filipe IV, rei da França (1268-1314), cognominado o Belo, deu um passo decisivo nesse sentido, regulamentando o direito dos burgueses e garantindo-lhes o apoio e a simpatia real. A meta dos fugitivos do campo era modesta: trabalhar nos burgos a troco de um salário. Aos poucos, reuniram-se em pequenas associações, sob as ordens de um mestre, e depois, fortalecidos, organizaram-se em corporações profissionais, que guardavam os segredos de cada ofício. O número de habitantes das cidades expandiu-se tanto que a Igreja teve de se adaptar aos novos tempos. Opiniões levantaram-se contra a reclusão dos monges nos mosteiros, sustentando a necessidade de os religiosos instruírem os novos habitantes em assuntos religiosos e em questões sociais, uma catequização completa. A Universidade de Sorbonne, fundada em 1257, tornou-se o posto avançado das novas ideias religiosas. Foi nesse novo mundo e sob o patrocínio da Igreja que surgiram as primeiras manifestações da arte gótica: as catedrais. Corporações de artesãos eram contratadas pelos bispados para erguer esses imponentes edifícios de pedra, que se tornaram símbolo da cidade. A Igreja foi, de fato, o maior cliente dos artistas e artesãos da época. Arquitetura, escultura, pintura e demais manifestações do período gótico (séculos XII a XIV) são obras anônimas, fruto das corporações de profissionais. Mesmo quando uma obra é atribuída a um mestre, em geral, ele não a fez sozinho. Notre Dame de Paris Um espírito de competição tomou conta do século XII, no que se referia à construção de catedrais. O desconhecido mestre dos trabalhos de Notre Dame de Paris, logo no início do trabalho, em 1150, decidiu que essa catedral seria a mais alta igreja existente na época. Os trabalhos começaram e, quando o coro estava praticamente terminado, resolveram aumentar ainda mais a altura da catedral, agora para uma altura um terço mais alta do que qualquer outra catedral existente. Catedral de Notre Dame Notre Dame tornou-se uma obra alvo de grandes discussões, pois, além da altura e beleza, muitos problemas foram resolvidos. Sua altura tornouse tão grande, que a luz que entrava pelas janelas situadas na parte superior das paredes da catedral não atingia o chão. 42 ao enyte Sumário Quanto mais alta ficava sua estrutura, mais problemas eram encontrados, entre eles, a grande velocidade e pressão dos ventos. Frente a esses problemas, os mestres construtores e estudiosos encontraram uma solução: arcobotantes, contrafortes e abóbadas ogivais, introduzidos em 1180. Os novos elementos estruturais propiciaram paredes mais altas e resistiram aos esforços laterais gerados pelas abóbadas e pelo vento. Porém, diante de pequenas rachaduras, os construtores perceberam pontos falhos nesse esquema estrutural e, em 1220, modificaram a estrutura, além de terem introduzido escadarias ao lado dos corredores e galerias. separa a nave do corpo e forma os braços da cruz nas igrejas que apresentam essa disposição) por paredes de vidro. Livres da influência de cargas, foram abertos, nessas paredes, grandes orifícios, que foram preenchidos com vidros e estruturados apenas por dois pequenos pilares. Formou-se, com centenas de blocos de pedra, uma belíssima moldura para esses vidros em forma de rosa (rosácea), delineando a fachada da catedral. Em 1250, Jean de Chelles, mestre construtor do período, decidiu substituir as paredes dos transeptos (galeria transversal que, em uma igreja, A perfeição e habilidade do trabalho de Jean de Chelles, desenvolvendo a geometria e supervisionando o corte das pedras, foi tanta, que essa moldura de pedra vem suportando 117 metros quadrados de vidros há mais de 700 anos. Nos últimos 100 anos, não conseguiram superá-la em tamanho. Rosácea da catedral de Notre Dame de Paris Catedral de Chartres É considerada pelos arquitetos e especialistas em arte como a mais perfeita das catedrais europeias. Foi construída entre 1195 e 1260 e continua sendo a joia da França. Os construtores originais conceberam a estrutura completa com nove torres, mas apenas duas foram erguidas. A catedral é famosa em todo o mundo e exemplifica o puro estilo gótico do século XIII, com suas esculturas e vitrais. Cortada por ruas estreitas e muralhas do século XV, Chartres é, por sua catedral, magnífico exemplo da arquitetura gótica. Fica na região central do país, situada às margens do rio Eure, a 75 km de Paris. Antiga Autricum da Gália céltica, era para os gauleses o centro mais importante do culto druídico. Foi queimada pelos normandos em 858 e, de 1417 a 1432, esteve ocupada pelos ingleses. Em 1870, foi ocupada pelos alemães, que dela se serviram como centro de operações. Na segunda guerra mundial, foi novamente ocupada pelos alemães de 1940 a 1944. Os aspectos mais notáveis são as esculturas dos portais, especialmente as do Portail Royal, que inicia a escultura gótica europeia, os vitrais coloridos do século XII e a grade do coro. As torres e os pináculos da catedral de Chartres compõem um espetáculo de tirar o fôlego. O seu interior, com os vitrais, pedras e madeiras esculpidas, é impressionante. Todas as peças são cuidadosamente trabalhadas à mão. Catedral de Chartres – França Sumário O sucesso de sua festa nas mãos de profissionais qualificados, para que você possa realizar seu maior sonho e curti-lo. Rua 242, n. 30, q. 71, lt. 4 Setor Coimbra – Goiânia/GO (Praça da Igreja São Judas Tadeu) Sumário Catedral de Estrasburgo Conhecida pelos romanos como Argentoratum, Estrasburgo foi fundada em 12 a.C. e incorporada ao Império franco no século V. A construção de sua catedral teve início em 1176 e foi concluída em 1439. Ela foi o mais alto edifício do mundo entre 1625 a 1874, permanecendo como a mais alta igreja do mundo até 1880, quando foi ultrapassada pela catedral de Colônia. Hoje é a quarta igreja mais alta do mundo. Contrafortes da catedral de Strasbourg – França Catedral de Colônia Chamada de “rainha das catedrais”, a catedral de Colônia, localizada na cidade alemã de Colônia, começou a ser construída no século XIII (1248) e foi concluída somente em 15 de outubro de 1880. As duas torres possuem 157 metros de altura, tendo a catedral o comprimento de 144 metros e a largura de 86 metros. Quando finalizada, era o prédio mais alto do mundo. A catedral é dedicada a São Pedro e a Maria. Glossário* Fachada da catedral de Colônia – Alemanha Abóbada – construção arqueada feita de concreto, pedras ou tijolos em forma de cunha, destinada a cobrir um espaço, apoiando-se sobre paredes, pilares ou colunas. Arcada – sequência de arcos. Arcobotante – construção em forma de meio arco erguida na parte exterior dos edifícios góticos para apoiar as paredes e abóbadas. Botaréu – estrutura construtiva afastada da parede, essencialmente um pilar, que absorve o empuxo do arcobotante. Clerestório – conjunto de janelas laterais do andar superior das igrejas medievais. Nave – ala central de uma igreja ou catedral. Pináculo – o ponto mais alto de um lugar (edifício, torre, etc.). Rosácea – óculo fechado por vitral, com as armações dos vidros feitas de pedra ou de metal dispostas como os raios de um círculo. Trifório – em uma igreja, galeria estreita sobre os arcos da nave central ou sobre as naves laterais. *Fonte: Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Coruchéu Contraforte – pilar de alvenaria na superfície externa de uma parede, para sustentar a pressão de uma abóbada, terraço ou outros esforços que possam derrubá-la. Coruchéu – arremate pontiagudo que encima as partes elevadas de uma edificação, geralmente uma torre ou campanário. Gárgulas – parte saliente das calhas de telhados, que se destina a escoar águas pluviais a certa distância da parede e que eram ornadas com esculturas monstruosas (humanas ou animalescas). Sumário Botaréu ao enyte 45 Atividade de inteligência de segurança pública os t n e v se e d n a r e os g Régis Limana* D iante do fenômeno da violência e das novas expressões de criminalidade, percebe-se que as intervenções, orientadas por práticas eminentemente policiais e de cunho repressivo, têm apresentado resultados que pouco avançam no campo da pacificação social, redundando no aumento dos processos de criminalização e, por conseguinte, reprodução da violência, que culmina por se institucionalizar em uma prática maniqueísta de busca incessante da separação entre os “bons” e “maus” cidadãos. Nesse cenário, somado à complexidade sistêmica do país e às novas demandas sociais oriundas da chamada “era da informação”, foi criado o Subsistema de Inteligência de Segurança Pública – SISP pelo Decreto Presidencial 3.695 de 2000, com o objetivo de desenvolver um processo de integração sistêmica e dinâmica entre todos os Organismos de Inteligência de Segurança Publica do Brasil, a fim de organizar, de forma cooperativa e interinstitucional, os fluxos de informação. Paralelamente, o Estado brasileiro, cada vez mais, consolida-se como potência emergente, amplificada, pelo fato de ser protagonista de futuros grandes eventos, como os Jogos Mundiais Militares de 2011, a Copa das Confederações de 2013, a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2016, o que fará com que o Brasil seja o foco das atenções mundiais e provável alvo de ações atentatórias à Segurança Pública e à Ordem Social. A fim de anular ou minimizar esses riscos e somada a um conjunto de dados colimados, premissas, diretrizes e análises efetuadas, a visão sobre o Sistema de Segurança para os grandes Eventos não pode se subsumir à questão criminal. Pelo contrário, diante desse cenário dinâmico, obrigatoriamente, o Sistema de Segurança deve envolver a compreensão do fenômeno da violência e da criminalidade como algo multifatorial e o preparo e instrumentalização das estruturas de Inteligência não podem voltar-se para uma perspectiva eminentemente repressiva, qual seja, pautada em concepção militarizada e beligerante, de fácil manipulação e de “combate” a um pseudoinimigo e de pouco espaço para a discussão e prática dialógica na resolução dos conflitos. A responsabilidade máster da segurança em grandes eventos é do Governo federal, que deve coordenar o envolvimento das autoridades de segurança federais, estaduais e municipais e das agências de defesa e inteligência na operação de segurança dos * Régis Limana é presidente da Comissão Especial de Segurança do Ministério da Justiça – MJ e coordenador-geral de Inteligência da Secretaria Nacional de Segurança Pública – MJ. 46 ao enyte Sumário jogos, integradas ao comitê organizador respectivo. Para esse propósito, foi criada uma Comissão Especial de Segurança, denominada CESEG, pela Portaria 155/MJ, de 6 de fevereiro de 2009, com o objetivo de coordenar, planejar e implementar as ações necessárias na área de segurança e ordem pública para os grandes eventos. Depreende-se também que, a fim de viabilizar ações integradas de prevenção à violência e à criminalidade em grandes eventos, além da necessidade de cooperação intergovernamental e interinstitucional, torna-se imperioso o estabelecimento de novo padrão de relacionamento entre as comunidades e as forças de segurança direta ou indiretamente envolvidas, pautado na concepção do Estadoprevenção. Nesse sentido, é evidente que as áreas de atuação da Atividade de Inteligência de Segurança Pública têm relevância não apenas tática mas também estratégica, voltada para a sustentabilidade da democracia e busca incessante da paz social. Pode-se citar a intercomunicação de dados, os levantamentos estatísticos, a produção de conhecimento qualificado, a assessoria com base científica para a concepção de planejamento estratégico diante dos novos cenários, a avaliação do desempenho e o realinhamento das metas e ações, tudo no sentido de que o Estado deve estar na vanguarda, antecipar-se aos conflitos, prevenindo-os, Sumário agindo, pois, de maneira a cumprir os ditames constitucionais, cujas bases estão na construção de uma sociedade livre, justa e solidária. Depreende-se também que as ações no campo da Inteligência de Segurança Pública, cada vez mais, devem estar alicerçadas sobre teses, teorias e doutrinas, mas também naquilo que a Atividade de Inteligência pode oferecer de mais especial e suas possíveis consequências, que dizem respeito à materialidade substancial da realidade, de modo a oferecer intervenções qualificadas nos conflitos ou sobre seus riscos, ampliando a dimensão da cidadania e reduzindo os impactos negativos sobre a sociedade. Nesse contexto insere-se a segurança nos grandes eventos, em que a atuação dos Organismos de Inteligência de Segurança Pública tem o relevante papel de fornecer os elementos necessários para o enfrentamento da violência urbana e, consequentemente, desenvolvimento do inconsciente coletivo de segurança para a sociedade, refletindo, com isso, no atendimento das demandas pertinentes às atividades dos jogos, de forma que os conflitos e as eventuais expressões de violência passem por processos de contenção, sempre com a observância dos princípios consectários de um Estado Democrático de Direito, tendo como primado a dignidade da pessoa humana e o exercício pleno dos direitos de cidadania. ao enyte 47 ADL cai na rede A Assembleia Distrital Legislativa (ADL) entrou de vez na internet. Seu novo site fica no endereço http:// www.adl-df.org. A nova plataforma da ADL-GODF permitirá maior transparência nas atividades da Assembleia, operando como meio de comunicação entre a família maçônica e os deputados distritais. Ao adentrar no site, os Irmãos encontrarão relações de fotos da administração atual e da anterior, das comissões e dos deputados. Para facilitar o planejamento da agenda dos Irmãos, o site disponibiliza um calendário com todos os eventos que ocorrerão durante o mês atual. Em caso de dúvida em relação à Assembleia Legislativa Federal, qualquer Irmão poderá deixar uma mensagem no site. Acesse o site da ADL e acompanhe as atividades de seu representante. Composição da Assembleia Distrital Legislativa 48 Nome Loja Nome Loja Adimar de Barros Real Segredo Isaías da Silva Oliveira Obreiros do Vale Alamir Soares Ferreira Honra e Tradição Jethro Bello Torres Univ. Ordem, Luz e Amor Alencar Fernandes Alves Luz e Fraternidade (DF) João Alberto da Silva Tavares Virtude e Razão Antonio Carlos Elteto de Oliveira Sete de Setembro João de Deus Santos Acácia do Planalto Antonio Charles Rodrigues Atalaia de Brasília João dos Reis Neto Universitária Verdade e Evolução Antonio Claudio Araújo Pitágoras João Jacob Gonçalves Fraternidade e Justiça II Antonio Jose da Silva Brigadeiro Proença José Afonso Filho Vicente Gomes Machado Antonio Mafaldo do Prado Filhos de Salomão José Armando de Jesus Moreno Anthony Sayer Antonio Teixeira de Oliveira Jr. José Castellani Jose Bernardo Wernik Mizratti Ministro Helio Beltrão Augusto de Barcellos Willer Presidente Juscelino Kubitschek José Carlos Rios Soler Equidade e Justiça Augusto Konrad Estudo e Trabalho José Euclydes de Mello Fênix de Brasília Carlos Alberto Lopes Medeiros Areópago de Brasília Carlos de Pina Neto Abrigo da Virtude José Magela do Nascimento Fraternidade Universal VI César Fontes Ciminelli Obreiros do Planalto Josmar Rodrigues de Lima Duque de Caxias Cláudio Roberto de Almeida Humildade e União Luiz Gonzaga da Rocha Antônio Francisco Lisboa Constancio Guimarães Lobo Dirceu Torres Lusitano Abrantes Malheiro Vigário Bartolomeu Fagundes Deusdet Nonato Mathias Filho Pioneiros de Brasília Manoel Tavares Santos Gonçalves Ledo Deverson Lettiere João Rosário Marcelo M. Serafini Luz do Planalto Central Edesio Rocha Acácia dos 33 Marco Aurélio Guimarães Miguel Arcanjo Tolosa Edson Ribas Costa Acácia da Montanha Marcos Antonio Zin Romano Thomas Kemphis Emilio de Lelis Prado Aguia do planalto Miguel Ferreira da Silva Brasília Eutimio Bandeira Ortegal Aurora de Brasília Nelson Borges da Silveira Hipólito da Costa Francisco Caetano Ribeiro União e Concórdia Otavio Henrique Teixeira Pimenta Inconfidentes Francisco Queiroz Junior Fraternidade Brasiliense Paulo Pereira Milagres Fraternidade de Samambaia Gilberto Alves Cavaleiros da Fraternidade Renato Samuel Fonseca União e Silêncio Humberto Marinho de Araujo Três Poderes Robson Pierre dos Reis Lírios do Campo Innocencio de Jesus Viegas Jeremias Pinheiro Moreira Valceir Pagung Joferlino M. Pontes Iratan da Silva Rodrigues Guatimozim Wilson Machado da Fonseca Raimundo Rodrigues Chaves ao enyte Sumário A Assembleia Distrital Legislativa Manoel Tavares Santos* O Grande Oriente do Distrito Federal tem a estrutura clássica de tripartição republicana do poder, ou seja, ele é composto por um Poder Executivo, exercido pelo Grão-Mestre Distrital, um Poder Judiciário, exercido pelo Tribunal Distrital de Justiça, e um Poder Legislativo, exercido pela Assembleia Distrital Legislativa (ADL), na qual cada Loja jurisdicionada ao GODF possui um deputado representante, com mandato de quatro anos. Cada um dos poderes do GODF exerce sua competência de forma independente, clara e uniforme, não há interferência ou colisão de competências entre as esferas do Executivo, Legislativo e Judiciário. O objetivo primordial da ADL é exercer a função legislativa pertinente à feitura de leis, elaborando normas de abrangência distrital, influindo e decidindo sobre os destinos da Maçonaria Distrital. Passa pela Assembleia desde normas de uso de paramentos e detalhes ritualísticos até a aprovação do orçamento anual do GODF. Como Poder Legislativo, a ADL tem o dever de fiscalizar a administração do Grão-Mestrado Distrital, o Poder Executivo, e, em situações específicas, o dever de julgar determinadas pessoas, como o Grão-Mestre Distrital ou os próprios membros da Assembleia. Normalmente as sessões da Assembleia Legislativa são realizadas em Grau III, com o objetivo de discutir e debater assuntos e temas de interesse da sociedade maçônica em geral, bem como discutir e votar proposições que se tornarão normas e leis. A ADL também realiza sessões destinadas às comemorações e homenagens a personalidades selecionadas. *Manoel Tavares Santos – deputado distrital e presidente da ADL. Sumário A Assembleia Distrital é administrada pelos componentes da Mesa Diretora, eleitos anualmente por todos os deputados. Em 2007 e 2008, a prioridade da ADL foi elaborar a nova Constituição do Grande Oriente do Distrito Federal, finalmente aprovada em 02/06/2008. Após essa data, foi elaborado o Estatuto da ADL, aprovado no início de 2009. Atualmente está em fase final de aprovação a revisão do Regimento Interno da Assembleia. É a contribuição do Legislativo para fortalecimento dos marcos legais da Maçonaria do GODF, fornecendo uma base segura para o aperfeiçoamento da identidade política e jurídica da Ordem. É importante ressaltar que a maior dificuldade para qualquer forma de regulação é a necessidade de posicionamentos políticos amadurecidos para seleção das diferentes propostas de aperfeiçoamento no arcabouço jurídico e normativo, pois qualquer forma de regulação que seja feita sem um olhar sensível e democrático para o futuro, dentro das possíveis formas de organização da Ordem, pode resultar em textos autoritários e sem sintonia com as expectativas do mundo maçônico. Por isso, no funcionamento normal da ADL, existem organismos permanentes ou temporários, chamados de Comissões, que são constituídas para examinar determinadas matérias, a respeito das quais os membros integrantes tenham presumida experiência ou conhecimento. As Comissões Permanentes fazem parte da estrutura institucional da ADL. A elas cabe apreciar proposições pertinentes aos seus respectivos campos temáticos e às suas áreas de atuação. Debatendo os projetos, apresentando emendas, emitindo pareceres, as Comissões são as responsáveis pela aprovação ou rejeição das matérias. ao enyte 49 Em busca do tempo perdido N ão! Não estou falando do mais importante período romanesco do século 20 quando Marcel Proust iniciou o lançamento em 1913, de sua coleção de romances, em número de oito, iniciando com Os Prazeres e os Dias. Mas, igual a Proust, temos momentos que nos devolvem ao passado e voltamos à infância e vamos crescendo em recordações até chegarmos aos dias atuais. Aí, nesse caminhar no tempo, sorrimos, amamos, sofremos e às vezes quase morremos. Eu e a Bel estamos entrando no período gostoso da vida onde cada minuto é vivido intensamente. Estamos agora caminhando na única avenida do nosso bairro. Longa, reta, com subidas e declives. Bem arborizada, o que nos proporciona respirar o ar saudável das rajadas que sopram do Norte. No caminho vamos encontrando outras pessoas que, como nós, buscam recuperar a saúde quase perdida no decorrer da vida. Antes: um charuto cubano, um cachimbo com fumo inglês e cigarros das melhores marcas. No almoço as iguarias repletas de sal, açúcar e muita gordura com sabores mil. No jantar as finas bebidas do mundo, das farras, dos encontros sociais, das noitadas dançantes intermináveis completando o “bom” da juventude. Agora: no lugar dos fumos uma bombinha de ar comprimido para dilatar os brônquios; em vez das gorduras das refeições, um peitinho de frango grelhado, sem sal e sem pimenta; e, substituindo as bebidas das melhores cepas e de ricos alambiques, um chá de maçã com canela ou o charmoso chá verde tão em moda. Substituindo os belos passos de um tango ou de um bolero bem traçado, caminhamos sem destino pelas ruas, que nos proporcionam o prazer de ir em busca de momentos de suor, para depois de um bom * Innocêncio Viégas – escritor, teólogo, membro da Academia de Letras de Brasília. E-mail: [email protected]. 50 ao enyte Innocêncio Viégas* banho e de um revigorante café da manhã, lermos o jornal, só na parte da cultura e diversão, pois as demais páginas não merecem a nossa atenção. Continuamos nossa caminhada e eis que um quarentão bem saudável, dirigindo uma enorme caminhonete, para ao nosso lado. Paramos também. — São casados? Perguntou o desconhecido. — Sim, só há 48 anos. Respondo. No banco atrás do motorista, um enorme e tranquilo cão de guarda nos observa enquanto o seu dono, querendo chorar, esconde o rosto com a mão direita. Recuperado, ele fala. — Lembrei agora dos meus pais. Eles também caminhavam assim. O meu velho já viajou. Outra vez pareceu chorar e logo voltou ao diálogo. A mamãe continua. Eles andavam de mãos dadas, disse ele, olhando para as nossas mãos. — Vocês podem dar as mãos? Perguntou. — Claro que podemos. Respondi e logo segurei a mão da Bel. — Vão com Deus! Disse e arrancou passivamente a sua caminhonete, enquanto o cão deixava cair no vidro da janela uma grossa e pegajosa baba. Concluí que os dois choravam cada um ao seu modo. Por alguns metros, caminhamos calados. Nós também queríamos chorar. Fomos e nem olhei para trás. A saudade que aquele desconhecido sentiu ao nos ver demonstrou ser ele um bom homem. Um coração sensível ao bem; um filho saudoso, talvez carente de um carinho, um afago da mamãe e um abraço apertado do papai. Momentos que não retornam. Já estamos em casa, o nosso banho foi reconfortante. O café, fumegante. O leite desnatado, o queijo branco macio e sem gosto e o pão integral, com gosto de ontem. Tem coisa melhor? Nós também estamos “em busca do tempo perdido”. Sumário Sumário Supremo Conselho do Brasil do Grau 33 para o Rito Escocês O Supremo Conselho do Brasil do Grau 33 para o Rito Escocês Antigo e Aceito foi fundado em 12 de novembro de 1832, tendo funcionado, até o ano de 1976, no prédio da rua do Lavradio 97, na cidade do Rio de Janeiro, sede do Grande Oriente do Brasil. Sede atual: Campo de São Cristóvão 114 Rio de Janeiro/RJ – Brasil Fone: (21) 2589-8773 Sumário