Instituto Brasileiro de Ensino Educação Ambiental – Evolução Histórica da Educação Ambiental www.institutoibe.com.br – [email protected] – (0XX31)2533-0500 Instituto Brasileiro de Ensino Educação Ambiental – Evolução Histórica da Educação Ambiental EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL GUIA DE ESTUDO 3 PROFESSOR (A): COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA www.institutoibe.com.br – [email protected] – (0XX31)2533-0500 Instituto Brasileiro de Ensino Educação Ambiental – Evolução Histórica da Educação Ambiental SUMÁRIO 1 DAS PRIMEIRAS PREOCUPAÇÕES ATÉ A REVOLUÇÃO AMBIENTAL DOSANOS 1960 ............................................................................................... 03 2 AS CONFERÊNCIAS INTERGOVERNAMENTAIS E O PAPEL DO BRASIL NA ATUALIDADE .............................................................................. 06 3 SITUANDO A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO BRASIL ................................ 17 REFERÊNCIAS CONSULTADAS E UTILIZADAS .......................................... 32 ANEXOS........................................................................................................... 38 www.institutoibe.com.br – [email protected] – (0XX31)2533-0500 3 Instituto Brasileiro de Ensino Educação Ambiental e Sustentabilidade – Evolução Histórica da Educação Ambiental 1. DAS PRIMEIRAS PREOCUPAÇÕES ATÉ A REVOLUÇÃO AMBIENTAL DOS ANOS 60 1949 é um ano importante para o Meio Ambiente. Foi precisamente neste ano que observamos os primeiros indícios de que o mundo começava a se preocupar com as questões ambientais, quando aconteceu a Primeira Conferência das Nações Unidas sobre os problemas do Meio Ambiente, registrando a presença de 24 países empenhados com programas de educação ambiental (CARNEIRO, 1999). Outro marco importante para a socialização do debate ambiental aconteceu em 1962, quando uma bióloga que trabalhava para o governo americano, Rachel Carson, publicou o livro Silent Spring (Primavera Silenciosa). Este livro é uma apaixonada denúncia dos estragos causados pelo uso do DDT1 e de outros agrotóxicos. O livro contribuiu para a proibição desse produto e posteriormente, para a criação da Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA). O livro de Carson provocou grande comoção na opinião pública americana, sendo de fundamental importância na abertura do debate popular em grande escala acerca das questões ambientais (COIMBRA, 2006). No entanto para Krüger (2001) citando Odum (1988), os primórdios do movimento ambientalista confundem-se com as primeiras discussões engendradas pelo Clube de Roma na década de 60. Criado em 1968 pelo empresário Aurelio Peccei, o chamado Clube de Roma, reunia cientistas, pedagogos, economistas, humanistas, industriais e funcionários públicos, com o objetivo de debater a crise atual e futura da humanidade. Logo após a publicação de A primavera silenciosa, trabalhos como o de Paul Ehrlich, (The Population Bomb, 1966) e o de Garret Hardin (Tragedy of the Commons, 1968), reforçaram a teoria malthusiana, relacionando a degradação ambiental e a dos recursos naturais ao crescimento populacional. Em 1972, com a publicação pelo Clube de Roma do livro Limites do crescimento, os cientistas, liderados por Dennis Meadows, argumentam de forma catastrofista que a sociedade se confrontaria dentro de poucas décadas com os limites do seu 1 DDT (sigla de Dicloro-Difenil-Tricloroetano) é o primeiro pesticida moderno desenvolvido após a Segunda Guerra para o combate dos mosquitos causadores da malária e do tifo. O DDT é insolúvel em água, mas solúvel em compostos orgânicos como a gordura e o óleo e tem um odor suave (wikipedia). www.institutoibe.com.br – [email protected] – (0XX31)2533-0500 4 Instituto Brasileiro de Ensino Educação Ambiental e Sustentabilidade – Evolução Histórica da Educação Ambiental crescimento por causa do esgotamento dos recursos naturais. Para alcançar a estabilidade econômica e ecológica propõe-se o congelamento do crescimento da população global e do capital industrial, mostrando a realidade dos recursos limitados e indicando um forte viés para o controle demográfico. Estes trabalhos estão assentados na premissa de que a utilização de recursos naturais finitos é uma variável fundamental do processo econômico e social. A sua leitura é que a finitude no modo de produção de mercadorias só pode significar “catástrofe” (JACOBI, 2005). Embora ainda não se falasse em Educação Ambiental, os problemas ambientais já mostravam a irracionalidade do modelo econômico da década de 1960. Em março de 1965, na Conferência de Educação da Universidade de Keele, na Inglaterra, colocou-se pela primeira vez a expressão Educação Ambiental, com a recomendação de que ela deveria se tornar uma parte essencial de educação de todos os cidadãos (KRÜGER, 2001). Um dos méritos dos debates e das conclusões do Clube de Roma foi colocar o problema ambiental em nível planetário, e como consequência, a ONU realizou entre os dias 5 a 15 de junho de 1972, em Estocolmo, na Suécia, a Primeira Conferência Mundial sobre Meio Ambiente Humano e Desenvolvimento, constituindo assim, o primeiro pronunciamento solene sobre a necessidade da Educação Ambiental, onde adotou, mediante a Declaração de Estocolmo: meio ambiente. Além de incorporar as questões ambientais na agenda internacional, esta Declaração representou o início de um diálogo entre países industrializados e países em desenvolvimento, a respeito da vinculação que existe entre o crescimento econômico, a poluição dos bens globais (ar, água e oceanos) e o bem-estar dos povos de todo mundo (COIMBRA, 2006, p.133 citando REIGOTA, 2001, p. 15). Nessa Conferência é estabelecida a natureza da Educação Ambiental (EA) e definidos seus princípios, objetivos, características, bem como as estratégias a serem adotadas para sua efetivação. A interdisciplinaridade, a perspectiva regional e mundial inter-relacionada e a continuidade passam a ser indicadas como suas características principais. Apesar de se reconhecer que a educação não pode resolver por si só todos os problemas ambientais globais, afirma-se que, com a www.institutoibe.com.br – [email protected] – (0XX31)2533-0500 5 Instituto Brasileiro de Ensino Educação Ambiental e Sustentabilidade – Evolução Histórica da Educação Ambiental ajuda da ciência e da tecnologia, pode contribuir para a formulação de outras soluções que visem uma nova ordem internacional, onde o crescimento econômico seja controlado e haja uma distribuição equitativa dos benefícios do progresso. Estavam, assim, plantados os princípios e características da Educação Ambiental, cabendo a cada país, de acordo com suas peculiaridades socioambientais, definir as linhas de atuação nacionais, regionais e locais. www.institutoibe.com.br – [email protected] – (0XX31)2533-0500 6 Instituto Brasileiro de Ensino Educação Ambiental e Sustentabilidade – Evolução Histórica da Educação Ambiental 2 AS CONFERÊNCIAS INTERGOVERNAMENTAIS E O PAPEL DO BRASIL NA ATUALIDADE No Seminário de Educação Ambiental realizado em 1974 em Jammi, na Finlândia, as discussões em relação à Educação Ambiental foram transformadas em acordos e destes acordos surgiram princípios que foram reunidos nesse seminário. Uma das conclusões foi de que a Educação Ambiental permite alcançar os objetivos de proteção ambiental e que não se trata de um ramo da ciência ou uma matéria de estudos separada, mas de uma ação integral permanente. Em resposta à recomendação 96 da Conferência de Estocolmo, deu-se início em 1975, ao Programa Internacional de Educação Ambiental (PIEA), destinado a promover nos países membros, a reflexão, a ação e a cooperação internacional nesse campo. Tal Programa foi desenvolvido pela Organização das Nações Unidas para Educação (UNESCO) em colaboração com o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA). Segundo Coimbra (2006) esse programa só foi efetivado três anos após a Conferência de Estocolmo, quando representantes de 65 países se reuniram em Belgrado (ex-Iuguslávia, atual Sérvia) para um novo seminário internacional sobre o tema. O Congresso de Belgrado (1975) estabeleceu as metas e princípios da Educação Ambiental, presentes na chamada Carta de Belgrado, onde também propuseram que a Educação Ambiental deveria ser contínua, multidisciplinar, integrada às diferenças e voltadas para os interesses nacionais. Em 1977, na Geórgia, ex-União Soviética, realizou-se a Conferência Intergovernamental de Educação Ambiental de Tbilisi. Deste encontro, saíram as definições, os objetivos, os princípios e as estratégias para a Educação Ambiental, que até hoje são adotadas mundialmente (DIAS, 1998). Para que se chegasse a recomendações tão duradouras, foram necessários vários anos de preparo, e os próprios organizadores do evento de Tbilisi, reconheceram que ele foi um prolongamento da Conferência de Estocolmo, de 1972, onde a Educação Ambiental passou a ser considerada como campo de ação pedagógica, adquirindo relevância e vigência internacionais (DIAS, CARVALHO, 1991). www.institutoibe.com.br – [email protected] – (0XX31)2533-0500 1998; 7 Instituto Brasileiro de Ensino Educação Ambiental e Sustentabilidade – Evolução Histórica da Educação Ambiental No Congresso Internacional sobre Educação e Formação Ambiental ocorrido em Moscou – 1987, a educação passou a ser entendida como um processo permanente no qual os indivíduos e as comunidades adquirem consciência do seu meio e aprendem os conhecimentos, os valores, as habilidades, a experiência e também a determinação que lhes capacite agir, individual e coletivamente, na resolução dos problemas ambientais presentes e futuros. No documento final, “Estratégia Internacional de ação em matéria de educação e formação ambiental para o decênio de 1990”, precisamos ressaltar a necessidade de fortalecer as orientações de Tbilisi. A ênfase é colocada na necessidade de atender prioritariamente à formação de recursos humanos nas áreas formais e não formais da Educação Ambiental e na inclusão da dimensão ambiental nos currículos de todos os níveis de ensino. Vinte anos após Estocolmo, quinze depois de Tbilisi e cinco depois de Moscou, chegou-se a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio-92), ECO-92 ou ainda Cúpula da Terra (Sato, 2004) que se transformou num momento especial também para a evolução da Educação Ambiental. Além dos debates oficiais, dois, entre os incontáveis eventos paralelos, foram marcantes: a “1ª Jornada Internacional de Educação Ambiental”, um dos encontros do Fórum Global atraiu cerca de 600 educadores do mundo todo; e o “Workshop sobre Educação Ambiental” organizado pelo Ministério de Educação e Cultura (MEC). Destes eventos, nasceram três documentos que hoje estão entre as principais referências para quem quer praticar Educação Ambiental: Agenda 21: subscrita pelos governantes de mais de 170 países que participaram da Conferência oficial, dedicou todo o Capítulo 36 a “Promoção do Ensino, da Conscientização e do Treinamento”. Este capítulo contém um conjunto de propostas que ratificaram, mais uma vez, as recomendações de Tbilisi, reforçando ainda a urgência em envolver todos os setores da sociedade através da educação formal e não formal. Além disso, a conscientização e o treinamento são mencionados em outros capítulos, já que estas são necessidades que permeiam todas as áreas. A Carta Brasileira para a Educação Ambiental: produzida no Workshop coordenado pelo MEC, destacou, entre outros, que deve haver um www.institutoibe.com.br – [email protected] – (0XX31)2533-0500 8 Instituto Brasileiro de Ensino Educação Ambiental e Sustentabilidade – Evolução Histórica da Educação Ambiental compromisso real do poder público federal, estadual e municipal, para se cumprir a legislação brasileira visando à introdução da Educação Ambiental em todos os níveis de ensino. Também propôs o estímulo à participação das comunidades direta ou indiretamente envolvidas e das instituições de ensino superior. O Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global: resultante da Jornada de Educação Ambiental, elaborado pelo fórum das ONGs, explicita o compromisso da sociedade civil para a construção de um modelo mais humano e harmônico de desenvolvimento, onde se reconhecem os direitos humanos da terceira geração, a perspectiva de gênero, o direito e a importância das diferenças e o direito à vida, baseados em uma ética biocêntrica e do amor (DIAS, 1998). Segundo Sato (2004) dentro desse contexto, a admissão da necessidade de se considerar a dimensão social dessas questões conduziu ao uso da designação socioambiental, que além de destacar a sociedade como elemento constituinte da questão ambiental, manifesta a busca, por parte dos cientistas, de conceitos que os auxiliem no processo de compreensão dessa realidade complexa. Concomitantemente à Conferência "oficial" da ECO-92, ocorria em espaço paralelo, o Fórum Global 92, cujos participantes, em sua maioria, Organizações Não-Governamentais (ONGs) juntamente com outros setores da sociedade civil, aprovaram a “Carta da Terra”. Tal documento apresenta uma série de princípios relacionados ao respeito ao meio ambiente, à integridade ecológica, contemplando também a justiça socioeconômica e a paz, no intuito de se alcançar uma melhor qualidade de vida para todos. Ressalta, também, a importância da inserção na educação de conhecimentos, valores e habilidades necessários para o modo de vida sustentável, realçando a importância dos meios de comunicação de massa nesse processo, no sentido, principalmente, da sensibilização da população para as questões ambientais (SATO, 2004). Os resultados práticos dos tratados assinados, apesar de pequenos, explicitam de modo contextualizado uma forma específica de se compreender a Educação Ambiental, que foi se multiplicando e desencadeando perspectivas mais www.institutoibe.com.br – [email protected] – (0XX31)2533-0500 9 Instituto Brasileiro de Ensino Educação Ambiental e Sustentabilidade – Evolução Histórica da Educação Ambiental amplas, complexas e efetivamente socioambientais, em contrapartida à ótica “biologizante” inicial. Em 1997 acontece em Kyoto, no Japão, nova convenção internacional para reduzir as emissões de gases que provocam o efeito estufa, principalmente o dióxido de carbono (CO2). Nesta convenção havia representantes de 178 países. Até 2001 somente 84 países haviam assinado e 34 transformaram o documento em lei. Contudo, nenhum dos grandes emissores de gases-estufa o assinaram. Este acordo prevê que países industrializados cortem suas emissões em 5,2%, em relação aos níveis de 1990, no período entre 2008 e 2012 (JORNAL Folha de São Paulo, 2001). Há que ressaltar que na Conferência de Estocolmo, em 1972, o governo brasileiro foi o principal organizador do bloco de países em desenvolvimento que tinham uma posição de resistência ao reconhecimento da importância da problemática ambiental e que se negavam a reconhecer o problema da explosão demográfica (COIMBRA, 2006; CARVALHO, 1991). Internamente, na segunda metade de 1980, começam a surgir preocupações públicas com a deterioração ambiental no Brasil. Esse ambientalismo é constituído por cinco setores: 1) Os movimentos e organizações não governamentais; 2) As agências estatais; 3) O sócio-ambientalismo, ONGs e Movimentos sociais; 4) Grupos e instituições científicas que realizam pesquisas sobre a problemática ambiental; 5) Setor de gerentes e do empresariado (COIMBRA, 2006). Em agosto de 1981, o presidente sancionou a Lei nº 6.938 que dispunha sobre a política nacional do meio ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação. Esta Lei constituiu-se um importante instrumento de amadurecimento e consolidação da política ambiental no país. Em janeiro de 1986, o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) aprovava a Resolução 001/86 que estabelecia as responsabilidades, os critérios básicos e as diretrizes gerais para uso e implementação do Estudo dos Impactos www.institutoibe.com.br – [email protected] – (0XX31)2533-0500 10 Instituto Brasileiro de Ensino Educação Ambiental e Sustentabilidade – Evolução Histórica da Educação Ambiental Ambientais e Relatório dos Impactos Ambientais (EIA-RIMA) como um dos instrumentos da Política Nacional de Meio Ambiente (os quais serão contemplados em tópico à frente). Posteriormente em outubro de 1988, foi promulgada a Constituição da República Federativa do Brasil, contendo um capítulo sobre Meio Ambiente e vários outros afins, sendo considerado um importantíssimo documento de Poder Público em relação à questão ambiental (DIAS, 1998). Como se percebe, a preocupação com a temática ambiental não é recente, portanto, essa retrospectiva histórica é muito importante, e uma pequena digressão 2 também se faz necessária, pois ainda no século XIX, já ocorria a preocupação de algumas pessoas, de alguns setores da sociedade, com o ambiente e com a ação antrópica3 devastadora sobre ele. Diegues (1987) lembra que no século XIX, com o avanço da História Natural e, portanto, graças aos estudos divulgados pelos naturalistas europeus, os espaços não transformados pela ação antrópica passam a ser valorizados e a vida nas cidades começa a ser criticada devido à poluição e ao crescimento populacional urbano. O autor ainda aponta que ideias preservacionistas e conservacionistas da natureza já se disseminavam nos EUA, o que resultou inclusive na criação do primeiro parque nacional do mundo – o de Yellowstone, em meados do século XIX, dentro de uma ótica de proteção de grandes áreas naturais à disposição das populações urbanas para fins de recreação. Do mesmo modo, o botânico e sociólogo britânico, Patrick Geddes, considerado por alguns estudiosos como o “pai da Educação Ambiental" (DIAS, 1991), em seu livro "Cidades em Evolução”, por meio de reflexões sobre o processo de urbanização, decorrente da Revolução Industrial, relata os seus efeitos para a qualidade ambiental, bem como evidencia a necessidade de que o “[...] cidadão comum tivesse uma visão e compreensão das possibilidades de sua própria cidade” (GEDDES, 1994, p.15) 2 3 Desvio de rumo ou de rota. Ação do homem sobre a natureza. www.institutoibe.com.br – [email protected] – (0XX31)2533-0500 11 Instituto Brasileiro de Ensino Educação Ambiental e Sustentabilidade – Evolução Histórica da Educação Ambiental Voltemos a década de 1950 quando praticamente não havia nenhuma preocupação com os efeitos ambientais da industrialização. Só em 1952, após uma grande manifestação da incongruência entre as atividades antrópicas contemporâneas e o ambiente, com a morte de 1600 pessoas provocada direta ou indiretamente pelos níveis insustentáveis da poluição atmosférica de Londres, é que uma maior sensibilização coletiva sobre os problemas ambientais ocorrerá, desencadeando "[...] uma série de discussões em outros países, catalisando o surgimento do ambientalismo nos Estados Unidos a partir de 1960" (DIAS, 1991, p.77). Atualmente, o termo socioambiental tem seu uso preferido em detrimento ao conceito ambiental, principalmente por pesquisadores e organizações governamentais e não governamentais. Tal preferência talvez seja fruto da expressão ambiente ainda aparecer eivada por uma origem profundamente naturalista, sendo, portanto, insuficiente, para abarcar a problemática ambiental atual, resultante da interação sociedade-natureza. Acima de tudo, por meio da adição do sufixo sócio, tem-se o processo de ênfase, que Mendonça (2002, p. 126) julga necessário para “[...] posicionar a sociedade enquanto sujeito, elemento e parte fundamental dos processos relativos à problemática ambiental contemporânea”. A partir da Rio-92, portanto, a Educação Ambiental passa a ser inserida dentro do contexto escolar de maneira cada vez mais abrangente e diversificada, estritamente dependente da perspectiva educacional e da conotação que se tem de ambiente, mas de modo geral com uma orientação para a sustentabilidade, enfatizada em 2002, na declaração da ONU que decreta “[...] o período de 20052014 como o decênio da educação para o desenvolvimento sustentável” (ZAKRZEVSKI, 2004, p.81). A orientação da Educação Ambiental para a sustentabilidade tem sido, portanto, crescentemente enfatizada e é objeto de análises de diversos pesquisadores, dentre os quais se destaca Leff (2002), para o qual o discurso do desenvolvimento sustentável não é homogêneo, exprimindo as diferentes visões que se têm correspondentes aos diversos interesses da sociedade, indo desde a perspectiva neoliberal até propostas decorrentes das novas racionalidades produtivas. www.institutoibe.com.br – [email protected] – (0XX31)2533-0500 12 Instituto Brasileiro de Ensino Educação Ambiental e Sustentabilidade – Evolução Histórica da Educação Ambiental Deve-se ressaltar que são inúmeras as definições encontradas para sustentabilidade, elaboradas ao longo dos últimos anos, sendo que de acordo com Paehlke (1989 apud Leff, 2002), o termo sustentabilidade foi criado ainda no século XVIII, para designar aquele solo que fosse cultivável e capaz de sustentar uma produção estável, a longo prazo, indicando, portanto, o caráter de suporte da natureza para o processo de produção, posteriormente reconhecido cientificamente. Atualmente, coexistem perspectivas do desenvolvimento sustentável economicistas, que privilegiam o livre mercado como mecanismo de valorização da natureza; propostas tecnológicas que enfatizam a reciclagem de rejeitos e a adoção de tecnologias limpas e as éticas, cuja preocupação orienta-se em direção às mudanças de valores e comportamentos como pré-requisito fundamental para se alcançar a sustentabilidade. Para Leff (2002), as duas primeiras perspectivas transferem a responsabilidade da sustentabilidade às nações com maior poder econômico, comercial e tecnológico, colocando os países mais pobres em uma posição de subordinação e dependência, desvalorizando o processo educativo como base fundamental da formação de capacidades endógenas na transição para a sustentabilidade. Sob outro enfoque, a sustentabilidade pode ser entendida como um conceito transversal que abrange todas as dimensões da vida humana, não apenas as relações diretas com a natureza. Essa ideia de multidimensionalidade pode ser considerada como um dos únicos pontos em comum em quase todas as definições de sustentabilidade, que costumam se polarizar em posturas, designadas por Lima (2002) como, conservadoras ou emancipatórias. As posturas conservadoras, relacionadas com as abordagens economicistas e tecnológicas, tenderiam a capitalizar e direcionar a proposta de sustentabilidade para aquilo que se convencionou ser denominado como desenvolvimento sustentável. Concepção que foi sendo institucionalizada e propalada principalmente a partir da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, em 1992, inscrevendo-se aos poucos no discurso oficial, empresarial e na linguagem comum. Tais propostas tentam diluir a www.institutoibe.com.br – [email protected] – (0XX31)2533-0500 13 Instituto Brasileiro de Ensino Educação Ambiental e Sustentabilidade – Evolução Histórica da Educação Ambiental contradição entre conservação do ambiente e crescimento, sendo orientadas no sentido da manutenção da atual estrutura socioeconômica. As emancipatórias, relacionadas com a abordagem ética, tenderiam a proposições direcionadas à reconstrução da ordem socioeconômica, das bases de produção e do consumo vigentes “[...] para construir uma nova racionalidade produtiva, fundada no potencial ecológico e em novos sentidos de civilização a partir da diversidade cultural do gênero humano” (LEFF, 2002, p. 31). Tomando outra perspectiva, Gadotti (2004) sustenta que o conceito de desenvolvimento sustentável deve ser tomado como uma ideia-força, mobilizando os cidadãos para a construção de um ambiente socialmente justo e ecologicamente equilibrado. No Brasil, os documentos nacionais direcionados à Educação Ambiental4, possuem uma orientação oscilante entre a abordagem conservadora e emancipatória, podendo ser observado uma preocupação constante com as mudanças de práticas e atitudes da sociedade, mas que algumas vezes não alcançam uma maior inquietação em termos de mudança dos padrões de consumo e produção. Em decorrência de todo esse processo, a Educação Ambiental vai adquirindo um papel estratégico no processo educacional, propiciando a formação de valores e atitudes que se associam com a sustentabilidade ambiental e a equidade social. Leff (2002) observa que a Educação Ambiental deve ser devotada à construção de um saber transformador da relação sociedade-natureza que coloca o problema da articulação das espacialidades e temporalidades de diferentes processos naturais e sociais: a harmonização e conflito entre os ciclos econômicos e ecológicos, entre a valorização econômica e os valores culturais; entre a 4 PCN (1997/1998) – Meio Ambiente – construção de referência comum no tratamento das questões ambientais, a ser adotada no Ensino Fundamental. Lei 9795/99 PNEA – oficialização das diretrizes, objetivos e estratégias para a EA em âmbito nacional. Decreto 4281/2002 – orientação de EA para a sustentabilidade. Programa Nacional de Educação – regulamentação, detalhamento e operacionalização da PNEA. ProNea/2004 – definição de ações para integração, desenvolvimento, participação da sociedade rumo à sustentabilidade ambiental. www.institutoibe.com.br – [email protected] – (0XX31)2533-0500 14 Instituto Brasileiro de Ensino Educação Ambiental e Sustentabilidade – Evolução Histórica da Educação Ambiental maximização dos ganhos, dos tempos de regeneração dos recursos naturais e dos processos de inovação e assimilação tecnológica; entre os diferentes espaços ecológicos, geográficos, culturais, políticos e econômicos onde se concretizam as ações da gestão ambiental. O autor destaca ainda o importante papel da ciência da educação nessa empreitada. Nesse sentido, a interdisciplinaridade, a valorização da percepção da comunidade na resolução dos problemas ambientais de diferentes escalas, diretrizes propostas na Conferência de Tbilisi, retificadas na Rio-92 e contempladas pela PNEA do Brasil, juntamente com o princípio da complexidade, se consubstanciam como alicerces principais, sobre os quais deve ser construída essa nova dimensão da educação – a ambiental. A partir da década de 1990, uma nova tentativa de integrar as partes ao todo e o todo às partes vem tomando corpo, consubstanciando a busca de manter juntas perspectivas tradicionalmente consideradas como antagônicas, tais como a universalidade e a singularidade. O conjunto torna-se, assim, conforme Morin (2001), uma unidade relativamente autônoma, superior ou não à organização anterior de que provém, mas conservando em sua memória os traços de sua heterogeneidade constitutiva. Nessa perspectiva, não há uma dicotomia entre objetos simples e objetos complexos, ou entre suas propriedades. Quem lhe empresta essas características é o pesquisador. Assim, se na racionalidade clássica o mundo obedecia a um princípio de ordem e de organização, a partir do momento em que uma inteligência da desordem se elabora para refinar, enriquecer e tornar mais sutil o olhar que se dirige aos fenômenos, ele se complexifica. Às características de base, que se tornaram clássicas, acrescentam-se a partir de agora o plural e a heterogeneidade, sobretudo de olhares, o que resulta na valorização da multirreferencialidade. Morin (2001) considera a complexidade como uma forma de enxergar o mundo como um sistema complexo, cujas desordem, incerteza, antinomia fecundam um novo tipo de compreensão e explicação, o do pensamento complexo. As questões ambientais, portanto, implicam em levar em consideração a complexidade dos sistemas envolvidos, a multiplicidade de seus componentes (físicos, químicos, biológicos, ecológicos, humanos e sociais), a não linearidade dos www.institutoibe.com.br – [email protected] – (0XX31)2533-0500 15 Instituto Brasileiro de Ensino Educação Ambiental e Sustentabilidade – Evolução Histórica da Educação Ambiental fenômenos subjacentes, e, sobretudo, a estrutura espacial e as diferentes escalas espaciais e temporais de suas causas e efeitos. Dessa forma a investigação das questões ambientais implica na necessidade do enfoque interdisciplinar, mobilizando em diferentes graus de intensidade todas as disciplinas. Isso pode e deve levar à integração de processos naturais e sociais de diferentes ordens de materialidade e esferas de racionalidade e à formulação de novas estratégias conceituais para a construção, sob o enfoque emancipatório, de uma nova ordem teórica que questione a atual racionalidade econômica e processos de produção. Embora o enfoque interdisciplinar permita uma visão mais integradora de ambiente, Leff (2002) observa que, em alguns casos, a interdisciplinaridade ao integrar processos de diferentes naturezas – social e ambiental – pode cair em um reducionismo teórico. Assim, apesar da interdisciplinaridade ser um ponto de referência constante nos projetos de Educação Ambiental, não significa que pesquisas monodisciplinares não possam ser efetuadas, já que a generalização integrativa dos processos socioambientais é muitas vezes insuficiente para a construção de metodologias interdisciplinares de pesquisa. Rodrigues e Colesanti (2008) enfatizam que no momento, inclusive, é bastante difícil a condução de pesquisas de qualidade sem se dispor do apoio das disciplinas específicas, o que deve ser concretizado em dois níveis: o primeiro relacionado com o desenvolvimento de técnicas e métodos adequados à pesquisa ambiental; e, o segundo, referente a um autêntico trabalho de pesquisa na disciplina de modo a abrir novos horizontes de ação, principalmente de ação interdisciplinar. Do mesmo modo, Leff (2002) salienta que o saber ambiental não se constitui em um saber homogêneo. É um saber que vai sendo estabelecido na relação com o objeto e o campo temático das diversas áreas de conhecimento, definindo-se então o ambiental de cada ciência, o que então abre espaço para a interdisciplinaridade, com a formulação de novas teorias, disciplinas e técnicas. Assim, as práticas de Educação Ambiental devem se vincular a uma pedagogia da complexidade, onde existe espaço para a mono, inter e transdisciplinaridade, a fim de se induzir e fomentar as capacidades e habilidades www.institutoibe.com.br – [email protected] – (0XX31)2533-0500 16 Instituto Brasileiro de Ensino Educação Ambiental e Sustentabilidade – Evolução Histórica da Educação Ambiental mentais para ver o mundo como sistemas complexos, para compreender a causalidade múltipla, a interdeterminação e interdependência dos diferentes processos, estimulando o pensamento crítico, participativo e propositivo dos educandos e da comunidade, sendo que esse impulso ao saber ambiental crítico deve se dar por vários espaços de comunicação e com apoios tecnológicos diferenciados (RODRIGUES E COLESANTI, 2008). www.institutoibe.com.br – [email protected] – (0XX31)2533-0500 17 Instituto Brasileiro de Ensino Educação Ambiental e Sustentabilidade – Evolução Histórica da Educação Ambiental 3 SITUANDO A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO BRASIL Segundo Loureiro (2006), no Brasil, em particular, a Educação Ambiental se fez tardiamente. Apesar da existência de registros de projetos e programas desde a década de 1970, é em meados da década de 1980 que esta começa a ganhar dimensões públicas de grande relevância, até mesmo, com sua inclusão na Constituição Federal de 1988. Dentre as ações anteriores, é interessante lembrar as primeiras medidas governamentais promovidas pela extinta Sema, que realizou cursos de ecologia para profissionais do ensino fundamental, e, entre 1986 e 1990, esta, em conjunto com Capes, CNPq, UnB e Pnuma, o primeiro formato de curso de especialização em Educação Ambiental do país (ARRUDA, 2001). Outro marco nacional anterior à Constituição Federal ocorreu em 1987, quando o Conselho Federal de Educação definiu, por meio do Parecer 226, que a Educação Ambiental tinha caráter interdisciplinar, oficializando a posição de governo acerca do debate comum na época, principalmente entre as secretarias estaduais e municipais de Educação, se esta deveria ser inserida no ensino formal como uma disciplina ou não, apesar de todas as orientações internacionais serem refratárias a qualquer tentativa de torná-Ia uma disciplina específica. Porém, as ausências, dificuldades e contradições observadas têm explicações. Num breve olhar para o passado, Loureiro (2006) constata que o debate ambiental se instaurou no país sob a égide do regime militar nos anos 1970, muito mais por força de pressões internacionais do que por movimentos sociais de cunho ambiental, nacionalmente consolidados. Até a promulgação da Constituição Federal de 1988 a política ambiental brasileira foi gerida de forma centralizada, sem a participação popular efetiva na definição de suas diretrizes e estratégias, à luz da Lei Federal n° 6.938, de 31/08/81, que instituiu a Política Nacional do Meio Ambiente; na aplicação dos existentes códigos das águas, florestal e de minas (que foram formulados na década de 1930); e no processo de criação de unidades de conservação e de cumprimento da obrigatoriedade, desde 1986, de realização dos Estudos de Impacto Ambiental (ElA) e dos Relatórios de Impacto Ambiental (Rima). www.institutoibe.com.br – [email protected] – (0XX31)2533-0500 18 Instituto Brasileiro de Ensino Educação Ambiental e Sustentabilidade – Evolução Histórica da Educação Ambiental O movimento ambientalista ganhou caráter público e social efetivo no Brasil apenas no início da década de 1980, com raras exceções anteriores em estados como o Rio Grande do Sul. Mesmo nessa década, um viés conservacionista altamente influenciado por valores da classe média européia deu o tom político predominante nas organizações recém-formadas, algo que se refletiu imediatamente no processo de formação do Partido Verde brasileiro. Além disso, falar em ambiente naquela época era pensar em preservação do patrimônio natural, em um assunto técnico voltado para a resolução dos problemas ambientais identificados e em algo que impedia o desenvolvimento do país. Nesse contexto, a Educação Ambiental se inseriu nos setores governamentais e científicos vinculados à conservação dos bens naturais, com forte sentido comportamentalista, tecnicista e voltada para o ensino da ecologia e para a resolução de problemas. Evidentemente que já havia perspectivas críticas que vinculavam o social ao ambiental, mesmo entre setores de órgãos de meio ambiente como a Feema (Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente), no Rio de Janeiro, e a Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental), em São Paulo, que realizaram importantes cursos e produziram alguns textos e guias didáticos excelentes nos anos 1970 e 1980, contudo, não eram tendências hegemônicas (como não são) nem possuíam, à época, grande capilaridade no tecido social. Para ilustrar o quanto a relevância da Educação Ambiental não era devidamente reconhecida pelas instituições oficiais, cabe lembrar do Relatório Nacional, produzido pela extinta Comissão Interministerial para o Meio Ambiente (Cima), que fez parte da programação da ONU para a Conferência de 1992 e que expressou a posição do país naquele momento. Lembramos que este foi um documento tipo diagnóstico, portanto, datado, com posições que não correspondem à atual postura governamental, mas que serve para ressaltar o quanto a Educação Ambiental era secundarizada no debate público (LOUREIRO, 2006). O item relativo à Educação Ambiental apresentou uma descrição lógica, porém, a boa articulação do discurso se perdeu pela falta de ênfase em pontos essenciais e pela análise precária destes. O relatório governamental colocou como fato secundário que um dos maiores problemas foi a Educação Ambiental não ter sido tratada como parte de área da educação e sim como de meio ambiente. www.institutoibe.com.br – [email protected] – (0XX31)2533-0500 19 Instituto Brasileiro de Ensino Educação Ambiental e Sustentabilidade – Evolução Histórica da Educação Ambiental A peculiaridade notável da década de 1970 está no fato de que a Educação Ambiental se inseriu primeiro na estrutura administrativa dos órgãos públicos de meio ambiente, em vez de ser objeto de trabalho do sistema educativo. Isto talvez se explique em razão dessa educação ser, à época, ainda carente de desenvolvimento conceitual e, logo, vinculada mais a ambiente do que a educação propriamente dita (CIMA, 1991 apud LOUREIRO, 2006). Isto não deveria ser apresentado como um fato do tipo talvez, mas como o principal problema. A falta de percepção da Educação Ambiental como processo educativo, reflexo de um movimento histórico, produziu uma prática descontextualizada, voltada para a solução de problemas de ordem física do ambiente, incapaz de discutir questões sociais e categorias teóricas centrais da educação. E mais, a ausência de reflexão sobre o movimento ambientalista, seus propósitos e significados políticos, levou à incorporação acrítica por parte dos educadores ambientais, das tendências conservadoras e pragmáticas dominantes, estabelecendo ações educativas dualistas entre o social e o natural, fundamentadas em concepções abstratas de ser humano e generalistas e idealistas no modo como definem a responsabilidade humana no processo de degradação ambiental. Portanto, houve a possibilidade institucional e histórica de concretização de uma Educação Ambiental que ignorou princípios do fazer educativo e a diversidade e radicalidade inserida no ambientalismo, perdendo o sentido de educação como vetor da transformação social e civilizacional. Reconhecem, no relatório, que os pressupostos teóricos da Educação Ambiental não foram aprofundados e que isso, associado ao enfoque biologizante, impediu uma perspectiva popular e crítica. Contudo, ao confirmarem tal dado de realidade, o fazem como se fosse apenas um equívoco de conhecimento e de má administração do tema pela burocracia estatal. Concordemos com Loureiro (2006) quando ressalta que estes não foram apenas fatores conjunturais, resultantes da imaturidade do Estado brasileiro no tratamento da questão, até porque isso não era algo inerente ao Estado como ente genérico, mas a como este se formou ao longo de nossa história e em um contexto de profunda desigualdade e exclusão. O problema é estrutural, vinculado ao modelo de desenvolvimento, ao modo de produção, à baixa participação política e cidadã nas questões vistas como ambientais, à conjunção e subordinação do Estado aos www.institutoibe.com.br – [email protected] – (0XX31)2533-0500 20 Instituto Brasileiro de Ensino Educação Ambiental e Sustentabilidade – Evolução Histórica da Educação Ambiental interesses privados e mercantis, e ao reducionismo no tratamento da categoria ambiente. Assim, a Educação Ambiental se constituiu de modo precário como política pública em educação. Algo que se manifesta até hoje na ausência de programas e recursos financeiros que possam implementá-la como parte constitutiva das políticas sociais, particularmente a educacional, como uma política de Estado universal e inserida de forma orgânica e transversal no conjunto de ações de caráter público que podem garantir a justiça social e a sustentabilidade. Apesar desse macrocenário um tanto pessimista, indiferente e que não levanta ânimos, no início da década de noventa, evidentemente que em decorrência da questão ambiental ter adquirido certo status global, o governo federal, principalmente por meio do Ministério da Educação e do Ministério do Meio Ambiente, produziu alguns documentos e ações importantes, como por exemplo: 1- O Programa Nacional de Educação Ambiental de 1994, que foi definido por meio de sete linhas de ação: 1. Educação Ambiental no ensino formal (capacitar os sistemas de ensino formal, supletivo e profissionalizante); 2. Educação no processo de gestão ambiental (levar gestores públicos e privados a agirem em concordância com os princípios da gestão ambiental); 3. Realização de campanhas específicas de Educação Ambiental para usuários de recursos naturais (conscientizar e instrumentalizar usuários de recursos naturais, promovendo a sustentabilidade no processo produtivo e a qualidade de vida das populações); 4. Cooperação com os que atuam nos meios de comunicação e com os comunicadores sociais (viabilizar aos que atuam nos meios de comunicação as condições para que contribuam com a formação da consciência ambiental); 5. Articulação e integração das comunidades em favor da Educação Ambiental (mobilizar iniciativas comunitárias adequadas à sustentabilidade); 6. Articulação intra e interinstitucional (promover a cooperação no campo da Educação Ambiental); www.institutoibe.com.br – [email protected] – (0XX31)2533-0500 21 Instituto Brasileiro de Ensino Educação Ambiental e Sustentabilidade – Evolução Histórica da Educação Ambiental 7. Criação de uma rede de centros especializados em Educação Ambiental, integrando universidades, escolas profissionais, centros de documentação, em todos os Estados da federação. 2- Os Parâmetros Curriculares Nacionais, produzidos com base na LDB n. 9394/96 e lançados oficialmente em 15 de outubro de 1997, documento que definiu como temas transversais, em função da relevância social, urgência e universalidade: saúde, ética, pluralidade cultural, orientação sexual e meio ambiente. Apesar das críticas que recebeu pelo modo como pensou a transversalidade em educação (mantendo como eixos principais as disciplinas de conteúdos formais - português, matemática, ciências e história e geografia) e pela baixa operacionalização da proposta, teve o mérito de inserir a temática ambiental não como disciplina e de abordá-Ia articulada às diversas áreas de conhecimento. Isso está projetado e planejado para ocorrer desde o entendimento do significado das ações cotidianas no local de vida, passando pela reconstrução e gestão coletiva de alternativas de produção que minimizem e superem o quadro de degradação, até a inserção política na sociedade como um todo, redefinindo o que se pretende por qualidade de vida e propiciando a construção de uma ética que se possa nomear como ecológica. 3- No mesmo ano e em comemoração aos cinco anos da Rio-92 e vinte de Tlbilisi, tivemos a 1ª Conferência Nacional de Educação Ambiental, que visava consolidar diretrizes políticas para sua concretização. Teve a participação de 2.868 pessoas de entidades governamentais e da sociedade civil que, a partir de documentos regionais, elaboraram um documento nacional, conhecido como a Declaração de Brasília, em que constam grandes temas com seus problemas e recomendações. Estes foram categorizados em: 1. Educação Ambiental e as vertentes do desenvolvimento sustentável; 2. Educação Ambiental formal; 3. Educação Ambiental no processo de gestão ambiental (metodologia e capacitação); 4. Educação Ambiental e as políticas públicas; www.institutoibe.com.br – [email protected] – (0XX31)2533-0500 22 Instituto Brasileiro de Ensino Educação Ambiental e Sustentabilidade – Evolução Histórica da Educação Ambiental 5. Educação Ambiental, ética e formação da cidadania: comunicação e informação da sociedade. Segundo Arruda (2001), o evento transcorreu de forma bastante polêmica quanto à organização, evidenciando a desarticulação entre o governo federal e os estaduais e problemas de disponibilização de recursos para envio de representações governamentais, criando desequilíbrios regionais. Houve também equívocos na estruturação da programação com atividades sobrepostas, gerando reclamações dos participantes. 4- A Lei n. 9.795, de 27 de abril de 1999, que institui a Política Nacional de Educação Ambiental, da qual, no que se refere ao objeto do presente texto, destacase o seguinte trecho: Art. 3° - Como parte do processo educativo mais amplo, todos têm direito à Educação Ambiental [...] Art. 4° - São princípios básicos da Educação Ambiental: [...] I - o enfoque humanista, holístico, democrático e participativo; II- a concepção do meio ambiente em sua totalidade, considerando a interdependência entre o meio natural, o socioeconômico e o cultural, sob o enfoque da sustentabilidade; III - o pluralismo de ideias e concepções pedagógicas, na perspectiva da inter, multi e transdisciplinaridade; IV - a vinculação entre a ética, a educação, o trabalho e as práticas sociais; V - a garantia de continuidade e permanência do processo educativo; VI - a permanente avaliação crítica do processo educativo; [...] VIII - o reconhecimento e o respeito à pluralidade e à diversidade individual e cultural. Art. 5° - São objetivos fundamentais da Educação Ambiental: I - o desenvolvimento de uma compreensão integrada do meio ambiente em suas múltiplas e complexas relações, envolvendo aspectos ecológicos, psicológicos, legais, políticos, sociais, econômicos, científicos, culturais e éticos; II - a garantia de democratização das informações ambientais; www.institutoibe.com.br – [email protected] – (0XX31)2533-0500 23 Instituto Brasileiro de Ensino Educação Ambiental e Sustentabilidade – Evolução Histórica da Educação Ambiental III - o estímulo e o fortalecimento de uma consciência crítica sobre a problemática ambiental e social; IV - o incentivo à participação individual e coletiva, permanente e responsável, na preservação do equilíbrio do meio ambiente, entendendo-se a defesa da qualidade ambiental como um valor inseparável do exercício da cidadania; [...] VII - o fortalecimento da cidadania, autodeterminação dos povos e solidariedade como fundamentos para o futuro da humanidade. [...] Art. 10 - A Educação Ambiental será desenvolvida como uma prática educativa integrada, contínua e permanente em todos os níveis e modalidades do ensino formal. [...] § 3° - Nos cursos de formação e especialização técnico-profissional, em todos os níveis, deve ser incorporado conteúdo que trate da ética ambiental das atividades profissionais a serem desenvolvidas. Observamos na Lei uma preocupação com a construção de condutas compatíveis com a questão ambiental e a vinculação de processos formais de transmissão e criação de conhecimentos a práticas sociais, numa defesa das abordagens que procuram realizar a práxis educativa por meio de um conjunto integrado de atividades curriculares e extracurriculares, permitindo ao educando aplicar em seu cotidiano o que é aprendido no ensino formal. Há também efetiva preocupação em fazer com que os cursos de formação profissional insiram de modo transversal conceitos que os levem a padrões de atuação profissional minimamente impactantes sobre os bens naturais e aceitos como ecológicos. A pergunta que está em aberto para todos os educadores ambientais, sendo relevante colocá-Ia para nossa reflexão é: Como, no movimento contraditório de constituição da Educação Ambiental, esse posicionamento oficial e legal vem sendo interpretado e realizado na sociedade brasileira? 5-O Sistema Brasileiro de Informação em Educação Ambiental e Práticas Sustentáveis (Sibea), criado em 2001 e coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente em parceria com instituições de ensino superior, ONGs e redes, tem por finalidade organizar, sistematizar e difundir as informações produzidas em Educação www.institutoibe.com.br – [email protected] – (0XX31)2533-0500 24 Instituto Brasileiro de Ensino Educação Ambiental e Sustentabilidade – Evolução Histórica da Educação Ambiental Ambiental e articular ações governamentais que se encontram fragmentadas. Em seu documento de apresentação lista os seguintes objetivos: 1. Implantar um sistema de informações referenciais sobre Educação Ambiental e reformular o site de Educação Ambiental para difundir notícias e informações, assegurando a integração entre ambos; 2. Captar, processar, armazenar e disseminar informações sobre Educação Ambiental e práticas sustentáveis; 3. Coletar, processar, armazenar e difundir informações atualizadas sobre profissionais e instituições atuantes em Educação Ambiental e práticas sustentáveis; 4. Coletar, processar, armazenar e difundir informações atualizadas sobre programas, metodologias, práticas e tecnologias sustentáveis relacionadas com a Educação Ambiental; e 5. Fornecer informação para os programas ou atividades de capacitação. Crespo e leitão (1993) e Crespo (1998) identificam um certo encanto da população pela Educação Ambiental a partir de pesquisas nacionais feitas na década de 1990, quando 95% dos brasileiros disseram gostar de vê-la como disciplina obrigatória nas escolas, entendendo-a como instrumento de mudança das pessoas em seus hábitos e comportamentos no ambiente. Mas Loureiro (2006) pondera que a leitura dessa informação não deve ser reducionista. Pelo tipo de resposta encontrada, é provável que o sentido de Educação Ambiental representada por parcela significativa da população pesquisada seja a comportamentalista, focada no indivíduo e na prática descontextualizada. Ademais, nesse tipo de resposta fica implícita uma crença ainda comum de que à educação cabe a responsabilidade exclusiva pelas mudanças desejadas, exatamente por se colocar o problema de forma de terminante no plano dos valores e das ideias. Contudo, é um dado relevante, uma informação que expressa o interesse das pessoas e possibilidades de se obter apoio da opinião pública em processos de Educação Ambiental no país. www.institutoibe.com.br – [email protected] – (0XX31)2533-0500 25 Instituto Brasileiro de Ensino Educação Ambiental e Sustentabilidade – Evolução Histórica da Educação Ambiental No âmbito da denominada sociedade civil, além de projetos feitos em parceria entre setores sociais (efetiva ou como prestação de serviços), ao longo da década de 1990 e com relevante significado político e estratégico, várias redes foram criadas, destaque para a Rede Brasileira de Educação Ambiental (Rebea), em 1992. Contamos atualmente com as redes mato-grossense, mineira, paulista, sulbrasileira, acreana, pantanal, do Rio de Janeiro, da Paraíba, de Centros de Educação Ambiental, de Programas Universitários de Educação Ambiental (Rupea), entre outras formadas ou em fase de construção, e que, independentemente de considerações críticas que podem ser feitas ao modo como se articularam e atuam, são expressões vivas de mobilização de educadores e ambientalistas em torno da Educação Ambiental (LOUREIRO, 2006). Além disso, incontáveis eventos ocorreram desde o 1º Congresso Brasileiro de Educação Ambiental, realizado em Ibirubá-RS, e o 10º Encontro Nacional de Educação para o Meio Ambiente, no Rio de Janeiro, ambos realizados em outubro de 1988. Os públicos participantes são crescentes e com sujeitos oriundos de formações profissionais cada vez mais diferenciadas, que apontam para a possibilidade concreta de incorporação do debate ambiental em todas as áreas do conhecimento e atividades sociais. Nesse processo contraditório, plural e dinâmico que caracteriza a história da Educação Ambiental no Brasil, o poder público, ao estabelecer suas políticas para a área, explicita o caráter da sustentabilidade que assume em relação não somente a esta, mas em relação à gestão do ambiente em sentido amplo. E, por meio de seus canais institucionais e normativos, marca os processos de mediação de interesses e de conflitos entre diferentes grupos e classes, pelo uso e acesso ao patrimônio ambiental, bem como de orientação política e ideológica hegemonizada (LOUREIRO, 2006). Para Quintas e Gualda (1995) essa prática produz simetrias e assimetrias na distribuição dos bens e ao atender interesses e necessidades de grupos definidos. Isso significa afirmar que toda e qualquer política pública, mesmo realizada em nome do bem comum e do interesse coletivo, não é neutra, pois ao decidir a destinação de determinados bens estabelece quem ganha ou quem perde nesse processo. www.institutoibe.com.br – [email protected] – (0XX31)2533-0500 26 Instituto Brasileiro de Ensino Educação Ambiental e Sustentabilidade – Evolução Histórica da Educação Ambiental As políticas públicas podem ser sinteticamente definidas como ações planejadas de governo, enquanto instância do Estado capaz de operacionalizar políticas universalistas, includentes e igualitárias. Estas se baseiam, em uma sociedade democrática, na construção coletiva e participativa, envolvendo os agentes sociais representativos de determinada problemática ou tema. Normalmente, a viabilidade destas se sustenta em dois pilares: 1-A busca constante de diálogo, apoio dos envolvidos e obtenção de consenso quanto às diretrizes, aumentando o grau de aprovação e capacidade de implementação; 2-A definição de normas, instâncias públicas deliberativas e procedimentos para a solução dos conflitos e situações imprevistas que surgem no processo. Considerando os aspectos mencionados, podemos inferir que, apesar da mobilização dos educadores ambientais e da aprovação da lei que define sua política nacional, a Educação Ambiental ainda não se consolidou em termos de política pública de caráter democrático, universal e includente, o que, inclusive, justifica os recentes encaminhamentos em âmbito federal. No atual governo está sendo possível construir espaços de diálogo que envolvem redes, universidades, Ministério do Meio Ambiente e Ministério da Educação; além de se ter conseguido a implantação do órgão gestor da Política Nacional de Educação Ambiental, prevista em lei desde 1999. Tal feito, no entanto, apenas sinaliza em determinada direção, mas não pode ser entendido como a certeza de que a teremos como uma política pública nacionalmente consolidada, principalmente se considerarmos que as orientações econômicas voltadas para os interesses do mercado continuam dominantes, mesmo em um governo aberto ao diálogo com os movimentos sociais (LOUREIRO, 2006). O percurso apresentado permite compreender a história contraditória em que se move a Educação Ambiental à luz da teoria e da pedagogia crítica. Buscaremos, a seguir, detalhar as bases conceituais desta, objetivando sua compreensão e realização numa perspectiva transformadora e emancipatória em contraponto às tendências hegemônicas conservadoras, pragmáticas e comportamentalistas. www.institutoibe.com.br – [email protected] – (0XX31)2533-0500 27 Instituto Brasileiro de Ensino Educação Ambiental e Sustentabilidade – Evolução Histórica da Educação Ambiental Mas para finalizarmos este capítulo vale (re) conferir os princípios relevantes da Educação Ambiental apresentados pela Unesco em 1980: a) considerar o ambiente em sua totalidade, ou seja, em seus aspectos naturais e criados pelo ser humano em uma dinâmica relacional de mútua constituição; b) definir-se como um processo contínuo e permanente, a ser iniciado pela educação infantil e se estendendo através de todas as fases do ensino formal e não formal; c) aplicar uma abordagem interdisciplinar, aproveitando o conteúdo específico de cada disciplina, de modo que se adquira uma perspectiva global e equilibrada; d) examinar as questões ambientais do ponto de vista local, regional, nacional e internacional, de modo que os educandos, ao exercitarem sua cidadania, se identifiquem também com as condições ambientais de outras regiões geográficas; e) concentrar-se nas situações ambientais atuais tendo em conta a perspectiva histórica, fazendo com que as ações educativas sejam contextualizadas e considerem os problemas concretos e o cotidiano; f) insistir no valor e na necessidade da cooperação local, nacional e internacional para prevenir e resolver os problemas ambientais; g) ajudar a descobrir os sintomas e as causas reais dos problemas ambientais; h) destacar a complexidade dos problemas ambientais e, em consequência, a necessidade de desenvolver o senso crítico e as habilidades necessárias para resolver tais problemas; i) utilizar diversos ambientes educativos (espaços pedagógicos) uma ampla gama de métodos para comunicar e adquirir conhecimentos no ambiente, acentuando devidamente as atividade práticas e as experiências pessoais que levem transformações nas esferas individuais e coletivas. Enfim, verificamos que em todas as grandes conferências, sem exceção, a dimensão cidadã (de inserção individual em sociedade) e ética (definição de valores www.institutoibe.com.br – [email protected] – (0XX31)2533-0500 28 Instituto Brasileiro de Ensino Educação Ambiental e Sustentabilidade – Evolução Histórica da Educação Ambiental que sejam democráticos e vistos como universais para um dado momento histórico) permeou as deliberações e discussões e foi reforçada nos constantes apelos à formação de novos códigos morais e de comportamentos condizentes com as perspectivas ecológicas de mundo. Todavia, apesar do inegável valor político e macroorientador, o caráter genérico presente nos documentos conclusivos fez com que conceitos chave fossem apropriados segundo interesses específicos, sendo esse o caso típico de categorias como participação e interdisciplinaridade. Loureiro diz que ficou-se num patamar das ideias, sem que a base epistemológica e filosófica do corpo teórico utilizado e a dinâmica societária, política e econômica do que é questionado tivessem condições de ser efetivamente confrontadas, negadas e dialeticamente superadas. Sobre a participação, em termos conceituais, existem pelo menos três grandes eixos (liberal, revolucionário e democrático radical), em que a prática expressa tais significados, o processo de disputa entre tendências e a influência que exercem umas sobre as outras (Gohn, 2001), com ênfases diferenciadas: no indivíduo, em sua capacidade espiritual de fazer escolhas racionais e na independência da sociedade civil em relação ao Estado, privilegiando a esfera privada (liberal); na produção coletiva, na organização popular e nos partidos de massa como base para a ruptura com o capitalismo (revolucionária); no fortalecimento da cidadania, dos movimentos sociais e da democracia substantiva (democrático radical). Não podemos nos esquecer de que a Educação Ambiental, muitas vezes, é utilizada em projetos governamentais de grande porte que querem a obediência de grupos populares e que se utilizam do discurso da participação para promover a cooptação, o assistencialismo e o paternalismo reprodutores da dominação política. Também não podemos esquecer de que não raramente se utilizam metodologias participativas equivocadamente como estratégia de atuação “para”, “em nome de”, “em favor de” grupos sociais e não com sujeitos que podem construir coletivamente e em diálogo com outros agentes sociais as alternativas democráticas. Tudo isso deve ser problematizado, analisado com muito cuidado por quem trabalha com educação. www.institutoibe.com.br – [email protected] – (0XX31)2533-0500 29 Instituto Brasileiro de Ensino Educação Ambiental e Sustentabilidade – Evolução Histórica da Educação Ambiental Questionar e refletir sobre aquilo que na aparência é muito evidente é um exercício indispensável ao educador. O mesmo pode ser dito em relação à interdisciplinaridade. Existem duas linhas distintas que vão representar projetos distintos de construção de práticas interdisciplinares. Uma adepta da teoria crítica, do conceito de totalidade e de complexidade, e outra que decorre de um monismo epistemológico e do positivismo (LOUREIRO, 2006). No dizer de Leff (2002), o saber ambiental, complexo e interdisciplinar, está em processo de gestação, na busca de suas condições de legitimidade ideológica, de concretude teórica e de objetivação prática. Esse saber emerge de um processo de problematização e transformação dos paradigmas dominantes do conhecimento e do modo como nos relacionamos em sociedade, conosco, com o outro e com o planeta. Transcende as teorias ecológicas no estudo dos processos sociais, abordando dialeticamente o humano em sua especificidade e o natural, numa compreensão que se estabelece pela práxis na totalidade da vida. A interdisciplinaridade, nesse sentido e enquanto pressuposto da Educação Ambiental, não é um princípio epistemológico para legitimar determinados saberes e relações de poder hierarquizadas entre ciências, nem um método único para a articulação de objetos de conhecimentos, capaz de produzir uma metaciência. É uma prática intersubjetiva que associa conhecimentos científicos e não científicos e relaciona o racional com o intuitivo, o cognitivo com o sensorial, buscando a construção de objetos de conhecimentos que se abram para novas concepções e compreensões do mundo (natural, estrito senso e histórico) e para a constituição do sujeito integral. Portanto, esta se traduz como um trabalho coletivo que envolve conteúdos, disciplinas e a própria organização da escola e das ações não formais (relações de poder, modo de gestão, definição do projeto político-pedagógico etc.). Sem dúvida, esse generalismo conceitual, exemplificado com a interdisciplinaridade e a participação, decorre do processo de banalização da teoria e da dinâmica conflitiva não explicitada entre as tendências, em que grupos e indivíduos com posições antagônicas apresentam diretrizes amplas e consensuais que servem como parâmetros para a ação específica e que podem, com isso, ser aprovadas em determinado momento aglutinador (evento) por aqueles que se www.institutoibe.com.br – [email protected] – (0XX31)2533-0500 30 Instituto Brasileiro de Ensino Educação Ambiental e Sustentabilidade – Evolução Histórica da Educação Ambiental consideram educadores ambientalistas, estabelecendo um certo sentido de identidade e pertencimento. Decorre ainda de um pensar os fundamentos da Educação Ambiental dentro de paradigmas científicos atomístico-individualistas e do (neo)positivismo. Como diz Loureiro (2006) a produção do conhecimento científico possui raízes históricas e não se podem buscar rupturas sem romper com os paradigmas, as correntes filosóficas e as relações sociais que negamos por princípio. O paradigma ocidental dominante se define no marco da expansão do capitalismo, da modernidade consolidada pelo ideário liberal, pelas verdades cartesianas (no qual a natureza é objeto) ou naturalista-idealistas (no qual a humanidade é diluída numa natureza harmônica). Num ou noutro, a dicotomia natureza-cultura permanece. Não se consegue conviver com a unidade na diversidade, mas com pólos desconexos ou com homogeneizações simplificadoras da complexidade da vida real. Não se podem querer a interdisciplinaridade, o diálogo e a participação procurando transformar a realidade em algo exclusivamente objetivo e percebendo o avanço científico como um acúmulo linear de conhecimentos. A Educação Ambiental não é a busca da linguagem universal e única, mas o desafio constante de entender a relação entre particular e universal, de transposição de limites e fronteiras definidos por uma linguagem hermética feita para reforçar a distinção e o poder de certas ciências sobre outras e sobre os saberes populares e não científicos. A Educação é a base para o desenvolvimento de um país, pois através dela as pessoas têm subsídios para exigir seus direitos e cumprir os seus deveres, ou seja, as pessoas têm condições de desempenhar o seu papel de cidadão (VIEIRA, 2007). A Educação Ambiental não entra nesse processo, ao contrário da educação tradicional, somente como um meio de passar informações. Ela leva a tomada de consciência e daí, a mudanças de comportamento e atitudes em relação aos problemas ambientais. Em se tratando de educação ambiental, esta pode vir a ser o principal instrumento para que transformações profundas ocorram assegurando a convivência www.institutoibe.com.br – [email protected] – (0XX31)2533-0500 31 Instituto Brasileiro de Ensino Educação Ambiental e Sustentabilidade – Evolução Histórica da Educação Ambiental democrática, sustentável e harmônica entre os seres vivos e o meio ambiente, funcionando como uma rede de transmissores de conhecimentos envolvendo família, vizinhos, amigos, como se fosse realmente uma corrente. Segundo Vieira (2007), se baseia na premissa de que é na reflexão sobre a ação individual e coletiva em relação ao meio ambiente que se dá o processo de aprendizagem. Em tópico mais adiante abordaremos a importância da educação ambiental ser tratada interdisciplinarmente. www.institutoibe.com.br – [email protected] – (0XX31)2533-0500 32 Instituto Brasileiro de Ensino Educação Ambiental e Sustentabilidade – Evolução Histórica da Educação Ambiental REFERÊNCIAS CONSULTADAS E UTILIZADAS ADAMS, Berenice Gehlen. O que é educação ambiental? (2007) Disponível em: <http://www.apoema.com.br/geral.htm> Acesso em 15 abr. 2010 ALMEIDA-JUNIOR, J. M. G. Educação como instrumento de transformação. In: BARROS, E. R. Desenvolvimento e educação ambiental. Brasília: INEP, 1992. p. 71-87. ALVARENGA, Lia da costa Alvim. Mudando valores na escola; praticando educação ambiental. Candombá Revista Virtual. V.1, n.2, jul-dez/2005. AMBIENTE BRASIL Sistema de Gestão Ambiental (2007). Disponível em: <http://www.ambientebrasil.com.br/composer.php3?base=./gestao/index.html&conte udo=./gestao/sistema.html> Acesso em: 10 abr. 2010. ARRUDA, M. P. S. 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