Design e Economia Solidária: Desenvolvimento de Identidade Visual e Material Gráfico
Design e Economia Solidária: Desenvolvimento de
Identidade Visual e Material Gráfico
Design and Economics with Solidarity: Development of Visual Identity and Graphic
Material
Pazmino, Ana Veronica P.; Dra.; UNIVILLE Universidade da Região de Joinville;
[email protected]
Ferreira, Mirrele Mathiê.; Bacharel em design gráfico; UNIVILLE Universidade da Região de
Joinville;
[email protected]
Resumo
O artigo apresenta os resultados de um projeto de extensão do departamento de design da
Univille e o grupo de Economia Solidária do Norte Catarinense de Joinville SC. No trabalho
são relatadas as ações realizadas com o grupo de artesãos desde a fase inicial de parceria até
os procedimentos para o desenvolvimento do projeto gráfico da identidade visual do grupo e
de onze empreendimentos de artesãos. Por meio dos resultados o artigo consolida a
viabilidade de projetos que busquem a parceria do artesanato e do design.
Palavras Chave: Economia Solidária; Artesanato; Design.
Abstract
This article presents the results of a project's extension of the Univille Design department and
the group of Solidarity Economy of North Santa Catarina Joinville SC. The paper reports the
actions carried out with the group of artisans from the initial phase of partnership and
procedures for the development of graphic project of the visual identity of the group and of
the eleven enterprises of artisans. By the results the article reinforces the viability of projects
that seek the partnership of craft and design.
Keywords: Solidarity Economy; Craft; Design.
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1 Introdução
O artigo se sustenta em três pilares teoricos, aborda o tema da economia solidária; o
design social e o design e artesanato. A fundamentação teórica mostra a necessidade do
design se aproximar ao artesanato buscando auxiliar o artesão para melhorar sua geração de
renda.
O projeto de extensão relatado no artigo refere-se ao projeto desenvolvido na Univille
(Universidade da Região de Joinville) durante o ano de 2008 respondendo às demandas
suscitadas pelo Fórum de Economia Solidária de Joinville. O projeto surgiu pelo interesse do
departamento de Design em participar como uma entidade parceira disposta a contribuir com
os saberes do design beneficiando o grupo de artesãos buscando contribuir com sua geração
de renda.
No início do projeto de extesão foi levantado o cenário em que eram comercializados os
produtos artesanais dos empreendimentos vinculados ao grupo de Economia Solidária de
Joinville. Este grupo era formado por 11 empreendimentos que por sua vez contavam com a
participação de 3 ou 4 pessoas cada um. Os artesãos produziam diversos produtos tais como:
bijuterias, fuxicos, bonecas, bolsas, embalagens de fibra de bananeira entre outros. O mercado
consumidor era a população da classe B, C e D da cidade de Joinville em Santa Catarina e o
local para comercialização dos produtos eram praças da cidade e eventos sazonais como o
Festival de Dança. Cabe slientar que o grupo não dispunha de um local próprio para
comercializar seus produtos. Também não possuiam uma identidade visual, marca e material
de divulgação. Os produtos comercializados não possuiam uma identidade cultural regional,
nem reproduziam artigos representando eventos típicos da localidade, em muitos casos os
produtos eram cópia de modelos encontrados em revistas de artesanato ou de outros artesãos.
2 Economia Solidária
Para Singer (2002) a economia solidária nasceu pouco depois do capitalismo industrial,
como reação ao empobrecimento dos artesãos provocado pela difusão das máquinas e da
organização fabril da produção provocada pela revolução industrial. O autor ainda menciona
que sua reinvenção acontece quando o foco dos movimentos emancipatórios se voltou para a
sociedade civil com o surgimento de movimentos cuja atuação visava preservar o meio
ambiente natural, a dignidade humana de grupos carentes, promoção de comunidades que por
sua própria iniciativa e empenho buscavam melhorar suas condições de vida e renovar suas
tradições culturais.
É assim que a economia solidária ressurge na época atual, como uma alternativa para
proporcionar às pessoas que a adotam, enquanto produtoras, apoiadoras, consumidoras etc.,
uma vida melhor. A economia solidária precisa da união de várias entidades de apóio que
difundam os princípios do cooperativismo e o conhecimento básico necessário à criação de
empreendimentos solidários e de entidades de apoio que treinem os cooperadores em
autogestão e acompanhem os novos empreendimentos dando lhes assistência.
Singer (2002) comenta que “já existe um movimento nesse sentido, promotor do
comercio “justo” (fair trade) que procura convencer o público de que não deve comprar em
função do seu proveito individual (a melhor mercadoria em termos de preço e qualidade), mas
em função do modo como bens e serviços são produzidos”.
É difícil em uma economia globalizada ter um grande numero de consumidores
solidários dispostos a adquirir os produtos da economia solidária, o que implica que, os
empreendimentos solidários precisam vender seus produtos ao maior número de
consumidores seja solidário ou não, já que os produtos dos empreendimentos são obrigados a
competir com produtos industrializados em termos de preço e qualidade.
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Singer (2002) sustenta “que se a grande maioria do público se mantiver nos padrões de
consumo desenvolvidos sob a égide do consumismo, como até agora tem feito, os
empreendimentos solidários terão de se tornar realmente competitivos”. Dessa forma, fica
claro que a economia solidária precisa alcançar níveis de eficiência na criação, na produção e
distribuição de mercadorias comparáveis aos das indústrias.
Segundo o site do Ministério de Trabalho (2007) “A Economia Solidária vem se
apresentando, nos últimos anos, como inovadora alternativa de geração de trabalho e renda e
uma resposta a favor da inclusão social”. Segundo Atlas da Economia Solidária (2006, p. 15)
foram identificados 14.954 Empreendimentos Econômicos Solidários em 2.274 municípios do
Brasil [...] Estão associados nos empreendimentos econômicos solidários mais de 1 milhão e
250 mil homens e mulheres, resultando em uma média de 84 participantes por EES. A este
conjunto agrega-se mais 25 mil trabalhadores e trabalhadoras participantes que, embora nãosócios, possuem algum vínculo com os EES. Percebe-se que são milhares de organizações
coletivas, organizadas sob forma de autogestão que realizam atividades de produção de bens e
de serviços, trocas, comércio e consumo solidário.
Pode-se definir então que Economia Solidária é um conjunto de atividades econômicas
organizadas e realizadas solidariamente por trabalhadores e trabalhadoras sob a forma de
autogestão. Encontra-se erguida sob quatro princípios: Cooperação, autogestão, atividade
econômica e solidariedade.
Segundo o site do Ministério de Trabalho e Emprego (2007)
Cooperação: Existência de interesses e objetivos comuns, união dos esforços e
capacidades, propriedade coletiva parcial ou total de bens, partilha dos resultados e
responsabilidade solidária diante das dificuldades.
Autogestão: Exercício de práticas participativas de autogestão nos processos de
trabalho, nas definições estratégicas e cotidianas dos empreendimentos, na direção e
coordenação das ações nos seus diversos graus e interesses.
Atividade Econômica: Agregação de esforços, recursos e conhecimentos para viabilizar
as iniciativas co-letivas de produção, prestação de serviços, beneficiamento, crédito,
comercialização e consumo. Solidariedade: Preocupação permanente com a justa
distribuição dos resultados e a melhoria das condições de vida de participantes.
Comprometimento com o meio ambiente saudável e com a comunidade, com movimentos
emancipatórios e com o bem estar de trabalhadoras e consumidoras.
Ainda de acordo com ibidem (2007) as dificuldades dos empreendimentos são:
comercialização, crédito, apoio e assistência técnica.
Uma tendência do mercado contemporâneo é o mercado justo e solidário, no quqal
busca-se seguir o caminho da responsabilidade, e para isso o Fair trade = comercio justo, é
um movimento internacional que surgiu na metade dos anos 1960 para a promoção de
condições de mercado mais justas entre países consumidores e produtores de países em
desenvolvimento. Este comercio justo está crescendo justamente pela necessidade de maior
responsabilidade social e ambiental nos dias atuais.
Segundo o vídeo FAIR+TRADE + COMERCIO + JUSTO Alcançar o selo Fair trade =
comercio justo tem levado muitos artesãos do Rio de janeiro, Bahia, Paraná a vender seus
produtos no mercado local e global, exportando, melhorando as condições sociais e
caminhando em procura da qualidade de vida. É uma alternativa para que grupos de artesãos
desenvolvam seus produtos sem intermediários, sem trabalho escravo, sem exploração. Os
produtos que fazem parte do comercio justo devem ser de qualidade, ecologicamente
amigáveis e economicamente justos.
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3 Design Social
Outra abordagem teórica tratada no projeto foi a do design para a sociedade que consiste
em desenvolver produtos que atendam às necessidades reais específicas de cidadãos menos
favorecidos social, cultural e economicamente. Para isto, é necessário priorizar requisitos
sociais sem deixar de considerar os requisitos ambientais, técnicos, ergonômicos, econômicos,
estéticos, simbólicos, durante o processo de desenvolvimento do produto. Desta forma, o
design social conduz para uma produção solidária e uma responsabilidade moral do design.
No projeto aqui apresentado o design social foi abordado contemplando os aspectos
particulares do grupo de economia solidária. O aspecto cultural no que diz respeito ao
conjunto de códigos e padrões que regulam a produção do artesão e o repertório cultural do
público que vai comprar o produto, o aspecto econômico em relação ao poder aquisitivo do
cliente e a necessidade de geração de renda do empreendimento e, de competitividade em
relação à concorrência de produtos industrializados.
O projeto de extensão visou o desenvolvimento de material gráfico que deveria
representar a identidade do grupo e de cada um dos empreendimentos de forma que fosse a
sua “cara”, tanto nos aspectos estéticos como simbólicos.
O projeto também buscou despertar nos alunos de design a preocupação com a
responsabilidade social de sua atividade profissional e ser encorajados para que tenham a
percepção de “ver” os problemas de inclusão social e geração de renda como uma forma de
contribuir para minimizar os problemas sociais. Isto foi alcançado com o envolvimento dos
bolsistas nas conversas com os membros dos grupos por meio de frases de agradecimento
atitudes de carinho em relação ao quanto o projeto os ajudou para enxergar possibilidades de
melhoria estética e de qualidade dos produtos. Gerando um sentimento de auto-estima
generalizado.
4 Design e Artesanato
A relação artesanato-design é bastante antiga, nos séculos XVIII e XIX o paradigma
estabelecido era a confecção manual de boa qualidade. É comum encontrar na bibliografia e
que se tornou amplamente aceita na historia do design, que a mecanização foi uma das causas
da deterioração dos produtos artesanais, de arruinar a arte, de que as máquinas levavam a uma
estética inferior. Contradizendo estes comentários Forty (2007, p.82) “destaca que o design
bem-sucedido tornou-se uma propriedade muito mais valiosa, pois era o que habilitava a
capacidade da máquina em dar lucro”. Outro argumento para a baixa qualidade dos produtos
na Grã-Bretanha era a ignorância do trabalhador britânico e a sua falta de habilidade artística.
Na verdade se percebe que não foi apenas a mecanização nem a falta de habilidade
artística do artesão a causadora da deterioração da qualidade dos produtos e sim o novo
sistema de manufatura em que se buscava produzir objetos em grandes quantidades e a um
custo que tendia a diminuir rapidamente, pondo a quantidade e o lucro á frente da qualidade.
O surgimento de uma demanda crescente por novos designs que se tornava um princípio de
negócio e a chave para o lucro, pois era como persuadiam os clientes a comprar acima de suas
necessidades. Mais designs estimulavam a moda obtendo mais vendas e consequentemente
maior acúmulo de capital. As diferenças do design de produtos tornaram-se a encarnação das
ideias de diferença social e toda a gama de bens manufaturados constituía uma representação
da sociedade.
Quando se fala de artesanato cabe lembrar que a mercadoria produzida pelo artesão é
geralmente feita à mão ou com o uso de algumas máquinas, mas principalmente se caracteriza
porque o artesão realiza todas as etapas da produção desde a concepção e manufatura de uma
mercadoria até sua distribuição e venda. Não havendo divisão do trabalho como acontece na
indústria em que alguém concebe alguém produz, alguém distribui e alguém vende.
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Atualmente os produtos artesanais se encontram em uma luta acirrada com os produtos
industrializados, principalmente com os que vêm da China que tem um baixo custo. A
característica geral dos produtores de produtos artesanais é que são mal remunerados, os
produtos por eles comercializados são vistos pela população como de “baixa qualidade”, os
empreendimentos empregam um grande numero de trabalhadores, a dedicação ao trabalho é
de muitas horas que não são percebidas e muito menos valorizadas pelos compradores do
produto.
No presente projeto por meio do design buscou-se capacitar os membros do grupo de
economia solidária para o reprojeto de suas mercadorias e torná-las competitivas, por meio de
uma melhoria da relação custo – beneficio. A ação do designer nesse empreendimento
justificou-se pela singularidade da ação projetual e a não interferência na expressão cultural
do artesão.
Para Cipiniuk (2007)
Na ação projetual o designer além de consultar os dados precisa considerá-los ao
conhecimento teórico acumulado sobre o assunto. A pesquisa envolve um estímulo à
descoberta, a procura de novas relações e se caracteriza pela busca. A pesquisa em
design só existe enquanto processo formal e sistemático de desenvolvimento e no
modo clássico a investigação, além de ser bastante formalizada, visa à generalização
e se esforça por formular teorias e leis.
Franca (2005) sustenta que
O artesanato, em todo mundo, voltou a ser valorizado. No Brasil depois de décadas
de abandono, entidades como Sebrae, SESC – Oficina de Arte Popular Brasileira –
ou o Programa de Artesanato e Geração de Renda do Conselho da Comunidade
Solidária, diversas ONGs e designers promovem hoje o revigoramento, o resgate do
artesanato baseado em nossas tradições culturais abrindo caminhos para uma
possível nova realidade do design brasileiro.
O projeto buscou levantar os elementos característicos dos artesãos, não apenas para
conservar a herança cultural, mas também para considerá-la e adaptá-la às necessidades da
sociedade contemporânea. O artesanato reflete a criatividade, a cultura e o patrimônio
regional, mas, compete no mercado com produtos padronizados pela indústria, globalizados e
com custos baixos. O grupo Economia Solidária sente que as vendas dos seus produtos não
acontecem muitas vezes devido a que o público os considera de baixa qualidade,
desatualizados ou com uma estética não atraente.
5 Ações do projeto de extensão
Para a realização do projeto de extensão no ano de 2008 foram estabelecidos os
seguintes objetivos:
 Levantar as necessidades do grupo Economia Solidária de Joinville e dos 11
empreendimentos vinculados;
 Conhecer os produtos de cada empreendimento;
 Oferecer conhecimento teórico e prático para a confecção de produtos artesanais
competitivos;
 Promover a geração de renda por meio do desenvolvimento da identidade visual;
 Aplicar a identidade visual do grupo e de cada um dos empreendimentos em mídias,
papelaria, material promocional etc.;
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 Aplicar os saberes do design sem que seja uma intervenção e sim uma relação de
parceria e aprendizado mutuo;
 Respeitar o repertório e saberes dos artesãos;
 Despertar nos alunos de design a preocupação com a responsabilidade social;
Para alcaçar os objetivos o projeto contou com a orientação e coordenação de uma Profa.
do curso de design; duas alunas bolsistas do curso de design de moda e dois alunos bolsistas
do curso de design gráfico.
A partir dos objetivos mencionados acima foram realizadas as seguintes atividades:
 Aplicação de questionários e entrevistas aos 11 empreendimentos para levantar as
informações sobre o tipo de artesanato confeccionado, integrantes do grupo, problemas e
necessidades na confecção e venda dos produtos;
 Visitas a todos os grupos no seu local de trabalho onde foram fotografados os
principais produtos e o talher de trabalho;
 Pesquisa de produtos concorrentes das principais mercadorias de cada
empreendimento;
 Aulas expositivas em forma de seminários sobre diversos assuntos tais como: design,
artesanato; harmonia das cores; pesquisa de mercado; relação custo x preço; temas e
elementos simbólicos da cidade de Joinville como o festival de dança e pontos turísticos.
 Oficina para confecção de bolsas e bonecas oferecida por uma profª voluntaria;
 Desenvolvimento da marca do grupo;
 Desenvolvimento de marcas dos 11 empreendimentos e de cartões de visita;
 Aplicação da marca do grupo em diversas mídias para divulgar o grupo em feiras e
eventos;
 Participação mensal dos membros do projeto no fórum de economia solidária.
As bolsistas do curso de moda ficaram encarregadas de aplicar os questionários, realizar
as visitas aos empreendimentos, fotografar os produtos, pesquisar produtos concorrentes que
na maioria resultaram serem produtos das lojas de 1,99 como panos de prato, bonecas de pano
etc.
5.1 Conceituação da Marca do Grupo de Economia Solidária
Para a criação do name do grupo, cada um dos empreendimentos propôs alguns nomes
que identificariam o grupo, alguns deles foram os seguintes: ECOSOL Joinville; Mãos que
fazem a diferença; GESOL – Gente solidária; Economia Solidária: Norte Catarinense; Força
solidária; Empreendimentos Solidários. O nome escolhido pelo grupo foi: Economia
Solidária: Norte Catarinense, o nome que poderia distinguir o grupo de outros (EES)
Empreendimentos Econômicos Solidários de Santa Catarina onde existiam em 2008
aproximadamente 431 EES em 133 municípios.
Para o grupo um símbolo deveria estar junto ao nome, assim foram propostos os
elementos que deveriam fazer parte do símbolo: Mãos entrelaçadas; Algo que contenha uma
mão estendida; Duas pessoas de mãos dadas mostrando a solidariedade; Braços entrelaçados;
Mãos trabalhando. O símbolo mãos entrelaçadas, foi escolhido pelo grupo como a melhor
forma de simbolizar a união.
A mensagem que a marca deveria passar também teve consenso do grupo: União e
solidariedade. A geração de alternativas chegou a uma solução que representava as mãos e
uma flor que poderia ser uma flor típica da região, mas como visto na fundamentação teórica
a Economia Solidária se apóia em quatro princípios: cooperação, autogestão, atividade
economia e solidariedade. Pensou-se então que a melhor forma de representar os princípios
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sem sobrecarregar o símbolo seria que a flor tivesse quatro pétalas representando os quatro
princípios. A figura 1 mostra de esquerda para a direita a alternativa das mãos e a marca
definitiva.
Figura 1: Alternativa e marca definitiva
A aplicação da marca em camiseta, toalha de mesa e tag para os produtos estão
mostrados na figura 2.
Figura 2: Aplicação da marca em camiseta, toalha mesa e tag
A cor para a camiseta foi o areia e a impressão em serigrafia, a cor da toalha foi o
marrom e também impressão da marca em serigrafia, os tags foram feitos em papel reciclado.
5.2 Desenvolvimento das marcas dos empreendimentos
Concluída a aplicação da marca do grupo e produzidas toalhas, camisetas e tags, o
próximo passo foi o desenvolvimento das marcas dos empreendimentos. Deve-se lembrar que
os 11 empreendimentos tinham diversos produtos. Dessa forma, foi necessário conseguir as
informações de cada artesão sobre o produto que produz; os materiais básicos com que
trabalha; o tipo de acabamento dos produtos, permitindo conceituar a identidade de cada
empreendimento. A figura 3 mostra o processo criativo da marca Cantinho do Artesanato, que
trabalha com tecido, lã e fios.
Figura 3: Desenvolvimento da marca Cantinho do Artesanato
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Todas as marcas foram desenvolvidas procurando que a marca seja a identificação com
o empreendimento artesanal. Os artesãos foram parceiros no desenvolvimento e na escolha da
melhor alternativa para cada um. As 11 marcas desenvolvidas podem ser vistas na figura 4.
Figura 4: 11 marcas desenvolvidas para os empreendimentos do grupo “Economia Solidária: Norte Catarinense”
A aplicação das marcas foi feita em cartão de visita. Na figura 5 podem ser vistos os
cartões dos empreendimentos: Lú Arteira e Mãos Unidas. O cartão foi desenvolvido para ter
frente e verso, a frente mostra a marca, dados do empreendimento e do artesão, já na parte
posterior conta com a marca do grupo Economia Solidária Norte Catarinense + o
empreendimento e a frase “produtos com qualidade artesanal”. O verso do cartão mostra que
o empreendimento pertence ao EES. Todo o material de papelaria foi confeccionado em papel
reciclato de forma a dar um visual ecológico que como visto no item sobre economia solidária
é um dos seus objetivos.
Figura5: Cartões de visita de dois empreendimentos
Cabe salientar que cada empreendimento contava com um numero variado de pessoas,
geralmente entre 3 a 5 individuos, na maioria são grupos familiares ou de amigos. Com o
projeto de extensão foram beneficiados 50 artesãos. Os resultados obtidos em 2008 foram
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muito positivos, pois além de aproximar o design e o artesanato, houve melhoria na qualidade
dos produtos. Os empreendimentos passaram a ter uma identidade visual, o valor da marca
para cada empreendimento foi de grande auto-estima.
6 Conclusões
A missão da Univille é a formação de cidadãos comprometidos com a sociedade. Os
projetos de extensão objetivam beneficiar a comunidade por meio do comprometimento de
professores e alunos. O projeto de extensão apresentado no artigo relatou um trabalho
realizado junto a um grupo de Economia Solidaria da cidade de Joinville durante o ano de
2008. O artigo mostrou que Design e Artesanato têm um vínculo muito forte desde o século
XVIII e XIX, a fronteira entre ambos e muito tênue, embora muitos teóricos tentem mostrar
as diferenças e aproximar o design da ciência e tecnologia, sabe-se que as duas atividades têm
ações similares: a criação e o fazer manual. Os elementos em comum permitem que haja um
trabalho em conjunto, sem intervencionismo do design e sim um trabalho de parceria e de
aprendizado mutuo. O projeto de extensão mostrou aos artesãos a possibilidade de ter uma
marca, que possuem uma identidade, que podem melhorar a qualidade dos seus produtos e
competir no mercado não solidário. E para os designers (alunos) o projeto mostrou que o
design não se aplica apenas ao mercado, a grande empresa e que se pode ser criativo e criar
marcas para grupos pequenos. O valor social do projeto mostrou para os alunos o que o autor
Victor Papanek já dizia aos designers na década de 70 “Ao enfrentar as conseqüências do
nosso trabalho e aceitar a responsabilidade social, ecológica e moral pelo que fazemos,
podemos dar a nossa melhor contribuição: transformar e dar forma. Um talento precioso.”
Cabe aos cursos de design e a seus professores desenvolver a cultura do design social na sala
de aula e nas comunidades.
Referências
Atlas da Economia Solidária no Brasil 2005. Brasília: MTE, SENAES, 2006. 60 p.: il.
CIPINIUK, Alberto. Design e artesanato: aproximações, métodos e justificativas. 7°
Congresso Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento em Design, Curitiba, 2006.
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http://video.globo.com/Videos/Player/Noticias/0,,GIM876013-7823FAIR+TRADE+COMERCIO+JUSTO,00.html acesso em 12 de outubro de 2008.
FORTY, Adrian. Objeto de desejo – design sociedade desde 1750. São Paulo: Cosac Naify
2007
Fórum
Brasileiro
de
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disponível
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http://www.fbes.org.br/component/option,com_docman/task,cat_view/gid,109/Itemid,18/
Acesso em 06 de junho de 2007
FRANÇA, Rosa Alice. Design e Artesanato: Uma Proposta Social. Revisa Design em
Foco, julho-dezembro, ano/vol. II, número 002 Universidade do Estado da Bahia. Salvador,
2005.
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PAPANEK, Victor. Design para el mundo real Ecología humana e cambio social.
Ediciones Blume. Madrid, 1977.
SINGER, Paul. Introdução à Economia Solidária. São Paulo: Editora Fundação Perseu
Abramo, 2002.
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