Avaliação dos dados Epidemiologicos Histopatológicos e da E-Caderina como Fatores Prognósticos nos Carcinomas Iniciais da Língua e do Soalho Bucal Apesar do progresso diagnóstico e terapêutico, o prognóstico global dos carcinomas epidermóides mantém-se pobre e informações prognósticas são essenciais para a avaliação e melhor tratamento dos pacientes. Especificamente nos carcinomas iniciais esta preocupação torna-se maior, pois a possibilidade de falha traz frustração a toda a equipe envolvida. A evolução do carcinoma bucal depende inicialmente de fatores epidemiológicos e histopatológicos, cujos valores ainda não conhecemos profundamente. A agregação da biologia molecular faz-se necessária cada vez mais para a melhor compreensão dos fenômenos envolvidos na evolução do câncer. Analisamos 50 doentes portadores de carcinomas epidermóides iniciais (estádios clínicos I e II) da língua e do soalho bucal tratados cirurgicamente nos serviços de Cirurgia de Cabeça e Pescoço do Hospital Heliópolis e da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. Buscamos encontrar fatores, epidemiológicos e histológicos que pudessem estar relacionados ao surgimento de recidivas em parte destes pacientes e ainda, pesquisar a importância da adesividade celular neste processo. Dividimos os pacientes em 2 grupos. O primeiro com os doentes que evoluíram com algum tipo de recidiva nos três primeiros anos de seguimento após a cirurgia e o segundo composto apenas por doentes que se mantiveram sem qualquer manifestação da doença por período de ao menos três anos, com seguimento médio de 81,6 meses. Para inclusão no trabalho as informações contidas no prontuário do doente deveriam responder às questões propostas e blocos de parafina representativos do tumor poderiam ser obtidos para obtenção de novas lâminas para análise histológica e imunohistoquímica. Realizamos comparações estatísticas entre os grupos utilizamos o programa SPSS 11.0 testes de Mann-Whitney e de regressão logística. Foram significativas para o prognóstico a idade, a quantidade de álcool ingerida diariamente pelo doente, a presença de invasão perineural e a espessura do tumor na avaliação histopatológica. Concordando com a literatura, pacientes mais jovens apresentaram um menor índice de recidivas que aqueles já na sétima década de vida. Quanto maior o consumo diário de álcool, pior a evolução observada. A invasão perineural foi significante, porém com um risco relativo associado muito baixo. A espessura mostrou-se importante como prognóstico e foi possível estabelecer os valores de 3 e 5mm como determinantes na evolução destes doentes. A mutação da E-caderina não foi importante na evolução, mas esteve relacionada com padrões de invasão mais agressivos localmente. Prof. Dr. Marcelo B. Menezes Doutorado (2004)