UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALFENAS CAMPUS VARGINHA LUIZ RENAN TOFFANIN DA SILVA DANO SOCIAL DECORRENTE DAS DOENÇAS TABACO-RELACIONADAS: UMA ANÁLISE EM DIREITO E ECONOMIA VARGINHA/MG 2014 LUIZ RENAN TOFFANIN DA SILVA DANO SOCIAL DECORRENTE DAS DOENÇAS TABACO-RELACIONADAS: UMA ANÁLISE EM DIREITO E ECONOMIA Monografia apresentada como parte dos requisitos para conclusão do curso Ciência Econômica com ênfase em Controladoria da Universidade Federal de Alfenas, campus Varginha. Orientador: Wesllay Carlos Ribeiro Co-orientador: Marçal Serafim Candido VARGINHA/MG 2014 LUIZ RENAN TOFFANIN DA SILVA DANO SOCIAL DECORRENTE DAS DOENÇAS TABACO-RELACIONADAS: UMA ANÁLISE EM DIREITO E ECONOMIA A Banca examinadora abaixo-assinada aprova a Monografia apresentada como parte dos requisitos para conclusão do curso Ciência Econômica com ênfase em Controladoria da Universidade Federal de Alfenas, campus Varginha. Aprovada em: Profº Wesllay Carlos Ribeiro Instituto de Ciências Sociais Aplicadas Assinatura: Profº Marçal Serafim Cândido Instituto de Ciências Sociais Aplicadas Assinatura: Profª Luciene Resende Gonçalves Instituto de Ciências Sociais Aplicadas Assinatura: Profº Michel Deliberali Marson Instituto de Ciências Sociais Aplicadas Assinatura: Dedico a Deus, acima de todos, à minha família, à comunidade acadêmica e, principalmente, à sociedade brasileira, para o qual, este trabalho é dedicado. AGRADECIMENTOS Agradeço, primeiramente a Deus. Aos meus pais, Paulo e Maria do Carmo, pelos quais sou eternamente grato, pois sem os mesmos, não estaria escrevendo e ofertando este estudo a comunidade. Aos meus avós, Tereza e Antônio, que me ensinaram o verdadeiro valor que a vida tem, pois ao passarem dos 80 anos, ambos, mostram que a cada dia podemos aprender mais e viver melhor. Aos meus amigos de universidade, muitos desses que já voltaram para suas casas, mas as amizades conquistadas são para a vida. Ao Professor Wesllay, meu orientador, o qual propiciou a oportunidade de desenvolver esse estudo e o confiou a mim, e que, com a maior boa vontade e dedicação, além do conhecimento transmitido, caminhou junto comigo na construção do mesmo, sendo mais que uma relação aluno – professor, um trabalho entre amigos. Ao Professor Marçal, co-orientador, que mais uma vez está presente em um trabalho acadêmico meu, também, com muita dedicação e envolvimento, trazendo excelência e ótimas contribuições. Agradeço, também, pela amizade construída. A Universidade Federal de Alfenas, na qual esses 5 anos passados foram os de maior aprendizado e construção do profissional que serei e a pessoa que sou. A FAPEMIG, pelo apoio financeiro no desenvolvimento da minha pesquisa, na qual um dos frutos é este estudo, assim desempenhando importante papel para a evolução e aplicação do conhecimento no Brasil. A todos que, direta e indiretamente, estiveram envolvidos comigo nessa caminhada. Muito obrigado!!! RESUMO O estudo em Economia da Saúde tem tido um grande avanço no contexto da pesquisa nacional, o que ilustra a preocupação com um dos temas mais polêmicos e importantes da sociedade. Este trabalho concerne na análise do dano social para o SUS – Sistema Único de Saúde – refletidos seus efeitos econômicos, sociais e jurídicos inerentes aos usuários de tabaco e derivados. O tabagismo é considerado uma pandemia mundial geradora de prejuízos calculados em torno de 200 bilhões de reais aos países, principalmente, nos em desenvolvimento, além dos cinco milhões de mortes anuais registradas. A American Cancer Society, em seus estudos, informa que, a cada cinco mortes, uma é causada pelo uso de tabaco nos EUA. Enquanto que, no Brasil, dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE – revelam que cerca de 17% da população é fumante, dado este relevante para que se estude sobre os efeitos do uso do tabaco na sociedade. Assim, por meio de uma pesquisa bibliográfica e documental, este estudo pretende analisar os impactos jurídicos e econômicos que o uso do tabaco gera a sociedade. Também serão utilizadas metodologias matemáticas para calcular o gasto do SUS com doenças relacionadas ao tabagismo através do Fator Atribuível ao Tabagismo – FAT, pelo Risco Relativo (RR) com base em pesquisas norteamericanas e pela prevalência do tabagismo no Brasil informada nos relatórios da OMS (Organização Mundial da Saúde). Como resultado, espera-se demonstrar que o tabagismo é causador de problemas sociais com significativo impacto econômico ao Sistema Público de Saúde – SUS, principalmente em razão dos gastos com a recuperação e manutenção da saúde das pessoas. Como estudiosos relatam, o tabagismo é responsável por significante perda de potencial de trabalho e é a principal causa de morte evitável. Além disso, gera outros danos de ordem jurídica em decorrência das ofensas aos direitos da personalidade. A relevância do estudo é comprovada pelos números que alcançam esse estudo, aproximadamente, R$826 milhões despendidos com tratamentos em 2013, contudo o estudo pretende abordar esses dados de forma a mostrar o conjunto de externalidades negativas que o tabaco e seus derivados causam, economicamente e socialmente, para o Brasil. Palavras-chave: Direito; Economia; Tabaco; SUS. ABSTRACT The study in Health Economics has had a major breakthrough in the context of national survey, illustrating the concern with one of the most controversial issues and important in society. This work concerns the analysis of the social damage to the SUS National Health System - reflecting the economic, social and legal effects inherent in tobacco users and derivatives. Smoking is considered a generating global pandemic of losses estimated at around 200 billion dollars to countries, especially in developing countries, in addition to the five million annual deaths recorded. The American Cancer Society, in their studies, reports that the five deaths, one is caused by tobacco use in the United States. While in Brazil, the Brazilian Institute of Geography and Statistics - IBGE - reveal that about 17% of the population smokes, given this relevant to that study on tobacco use impacts on society. Thus, through a bibliographic and documentary research, this study aims to examine the legal and economic impacts that tobacco use generates society. Will also be used mathematical methods to calculate the SUS spent on smoking-related diseases through Attributable to Smoking Factor FAT, the relative risk (RR) based on North American research and the prevalence of smoking in Brazil informed the WHO reports (World Health Organization). As a result, it is expected to show that smoking is a cause of social problems with significant economic impact to the public health system - SUS, mainly because of spending on the restoration and maintenance of health, as scholars report, smoking is responsible a significant loss of potential work and is the leading cause of preventable death. In addition, it generates other damages law as a result of the offenses of personality rights. The relevance of the study is clearly proven by the numbers reaching this study, approximately R$ 826 million spent on treatments in 2013, however the study aims to address these data showing the number of negative externalities that tobacco and its derivatives cause, economically and socially, to Brazil. The Keywords: Law; Economy; Tobacco; SUS. LISTA DE QUADROS Gráfico 1 – Potencial viciogênico das drogas de abuso. ------------------------------------------ 14 Gráfico 2 - O consumo de tabaco é um fator de risco para seis das oito principais causas de mortalidade no mundo. ------------------------------------------------------------------------------- 17 Gráfico 3 - Mortalidade cumulativa relacionada ao tabagismo. ---------------------------------- 21 Gráfico 4 - Série temporal das despesas do S.U.S atribuíveis as doenças tabaco-relacionadas. Brasil, 2007:1 a 2014:8. ------------------------------------------------------------------------------ 38 Gráfico 5 - Evolução das despesas do S.U.S atribuíveis as doenças tabaco-relacionadas em valores nominais e reais. Brasil, 2007:1 a 2014:8.------------------------------------------------- 39 LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Percentual das pessoas de 15 anos ou mais de idade usuários de tabaco fumado, por grupos de idade, segundo as Grandes Regiões - 2008 ........................................................... 15 Tabela 2 - Distribuição dos dados para o cálculo do Risco Relativo. .................................... 26 Tabela 3 - Risco relativo e fator atribuível ao tabaco das doenças tabaco-relacionadas, segundo sexo. Brasil, 2013. .................................................................................................. 27 Tabela 4 - Despesas totais para ambos sexos por base de dados com doenças tabacorelacionadas. Brasil, 2013. ................................................................................................... 32 Tabela 5 - Despesas totais atribuíveis ao tabagismo por base de dados para o sexo masculino. Brasil, 2013.......................................................................................................................... 33 Tabela 6 - Despesas totais atribuíveis ao tabagismo por base de dados para o sexo feminino. Brasil, 2013.......................................................................................................................... 33 Tabela 7 - Grupos de Enfermidades...................................................................................... 35 Tabela 8 - Despesas totais do S.U.S para os grupos de enfermidades e despesas atribuíveis as doenças tabaco-relacionadas. Brasil, 2013. (em R$) ............................................................. 36 Tabela 9 - Despesas totais com atribuíveis as doenças taboca-relacionadas para os grupos de enfermidade, por sexo. Brasil, 2013. (em R$) ....................................................................... 37 Tabela 10 - Despesas totais e atribuíveis as doenças tabaco-relacionadas para os grupos de enfermidades. Brasil, 2013. (em R$) .................................................................................... 37 Sumário 1. Introdução ...............................................................................................................................11 2. Revisão bibliográfica ...............................................................................................................13 3. 2.1. Tabaco e derivados ............................................................................................................13 2.2. As doenças tabaco-relacionadas .........................................................................................16 2.3. Sistema Único de Saúde – S.U.S ........................................................................................18 2.4. Dano Social .......................................................................................................................19 2.4.1. Perspectiva Jurídica ...................................................................................................19 2.4.2. Perspectiva Econômica e Social .................................................................................20 Material e Métodos..................................................................................................................23 3.1. 3.1.1. Sistema de Informações Hospitalares – SIH/SUS .......................................................24 3.1.2. Sistema de Informações Ambulatoriais – SIA/SUS .....................................................24 3.2. 5. Fator Atribuível as Tabaco - FAT ......................................................................................25 3.2.1. Risco Relativo – RR...................................................................................................26 3.2.2. Prevalência do tabagismo ...........................................................................................29 3.3. 4. Departamento de Informática do SUS - DATASUS ...........................................................23 Séries Temporais ...............................................................................................................29 Resultados e Discussão ............................................................................................................32 4.1. Custo para o Sistema Único de Saúde ................................................................................32 4.2. Evolução dos gastos ...........................................................................................................38 Considerações Finais ...............................................................................................................40 Referencial Bibliográfico ................................................................................................................42 ANEXOS..........................................................................................................................................45 11 1. Introdução O tema tabagismo e suas consequências para a saúde das pessoas é polêmico e frequentemente gera controvérsias nos meios jurídico, social e econômico. Muito se fala das questões que envolvem os direitos à saúde e ao meio ambiente de um lado e do outro o livre arbítrio do fumante, o interesse econômico e a livre iniciativa das empresas. Segundo dados da Aliança de Controle ao Tabagismo – ACT, o Continente Americano é o berço do tabaco e o seu comércio na Europa constituiu a maior fonte de riqueza no século XVII e XVIII e já foi chamado de “erva santa” ou “divina” pelo Vaticano. O cigarro e o charuto ganharam importância a partir do século XIX e desde a época de Napoleão com a liberação do comércio do Tabaco, antes controlado pelos países que colonizaram a América, prosperou a indústria que se ocupou do ramo, impulsionada pela invenção de máquinas para confeccionar cigarros. Nos primórdios do século XX, nos Estados Unidos, a legislação anti-tabagista ganhou força, mas no fim da década de 1920 quase todas essas leis foram abolidas devido a forte pressão e as estratégias utilizadas pelas indústrias tabagistas. Em 1972 o governo dos Estados Unidos aprofundou as investigações sobre o tabagismo e publicou estudos relacionando o uso do tabaco com várias enfermidades graves. (ACT, 2010) No Brasil a Constituição da República Federativa de 1988, por força da determinação expressa no § 4° do art. 220 reconheceu que a propaganda e os programas ou programações de rádio e televisão relacionados aos produtos derivados de tabaco representam uma prática que tem potencial efeito noviço à saúde e ao meio ambiente, devendo a pessoa e a família serem protegidos de tais práticas. Determinação constitucional que levou a edição da Lei 9.294, 15 de julho de 1996 e que trata das restrições ao uso e à propaganda de produtos fumígenos. (BRASIL, 1996) Atualmente a Organização Mundial da Saúde (WHO, 2010a) considera o tratamento da dependência do tabaco como prioridade de saúde pública, dada a pandemia de tabagismo resultante da dependência da nicotina. A Organização Mundial da Saúde classificou a dependência do tabaco no grupo dos transtornos mentais e de comportamento decorrentes do uso de substâncias psicoativas na 10ª Revisão da Classificação Internacional de Doenças (CID-10). É também considerada a principal causa “mortis” evitável e responsável por um em 12 cada 10 óbitos em adultos, o que representa cerca de cinco milhões de mortes ao ano e projeta um cenário de 10 milhões de mortes ao ano em 2020. (WHO, 2010b) O Tabaco é composto por cerca de 4.720 substâncias tóxicas que podem causar cerca de 50 tipos de doenças diferentes (SALGADO, 2002). No Brasil, dados da Organização Mundial da Saúde (OMS, 2010a), indicam que no ano de 2000 a prevalência de fumantes adultos era de 31%, destes 35,4% eram homens e 26,9% mulheres, indicando ainda que, anualmente, cada pessoa consumia cerca de 858 cigarros. Já dados de 2007 indicam que o uso de tabaco, no Brasil, alcança todas as faixas etárias e revelam que jovens do sexo masculino com idade entre 18 a 24 anos ocupam a segunda faixa etária onde mais se consome cigarro e o mesmo grupo está em terceiro lugar no consumo de cigarro quando a pesquisa aborda ambos os sexos. Dados do Banco Mundial e divulgados pela Aliança Contra Tabagismo informam que o cigarro causa um prejuízo anual, no mundo, de cerca de 200 bilhões de dólares, sendo metade disso nos países em desenvolvimento, como o Brasil. Este prejuízo se relaciona com gastos decorrentes de fatores ligados ao tratamento de doenças correlatas ao uso de tabaco, entre outras decorrências. (ACT, 2010) A Convenção Quadro de Controle do Uso do Tabaco que foi assinada e adotada pelos países membros da Organização Mundial da Saúde – OMS, em 21 de maio de 2003, assinada pelo Brasil em 16 de junho de 2003 e incorporada ao ordenamento jurídico brasileiro pelo Decreto nº 5.658, de 2 de janeiro de 2006, entre outras considerações reconhece que a propagação da epidemia do tabagismo é um problema global com sérias consequências para a saúde pública. Reconhece ainda que o uso do tabaco traz devastadoras “consequências sanitárias, sociais, econômicas e ambientais geradas pelo consumo e pela exposição à fumaça do tabaco”. (BRASIL, 2006) Optou-se por selecionar os dados federais, pois um dos objetivos do estudo foi obter o impacto financeiro nacional para o S.U.S, sendo assim, necessário a coleta de dados da esfera Federal. Destacando que, para um estudo mais completo, outros dados, municipais, estaduais e do setor privado, seriam necessários, mas esta análise fica como sugestão de trabalho futuro. Dessa maneira, pretende-se calcular e identificar as despesas no ano de 2013 e fazer uma comparação com anos anteriores (a partir de 2007), de modo a quantificar a evolução dos gastos. E, assim, qualificar o dano social que está presente no tabagismo, de modo a 13 comprovar a importância no tema no debate nacional para a criação de programas e projetos que minimizem tais externalidades. 2. Revisão bibliográfica 2.1.Tabaco e derivados Segundo Delfino (2002) a disseminação mundial do tabaco começou pela Europa e deve-se a um diplomata francês chamado Jean Nicot, que acabou tendo seu nome utilizado na nomenclatura científica da planta: nicotiana tabacum. Naquele tempo o seu uso foi associado, por médicos, a perda da virilidade e sua utilização proibida, sendo cominadas graves penas para a desobediência. Entretanto, a sanção ao uso do tabaco não foi suficiente para coibir o consumo e o produto se alastrou pela Europa e mais tarde por todo o mundo. Com a impossibilidade de coibir o uso do tabaco optou-se por legalizá-lo e com a pretensão de diminuir o consumo passou a tributá-lo fortemente, entretanto, como os malefícios do uso tardavam a aparecerem, os governos acabaram por admitir o seu comércio, amparados na premissa que a indústria fumígena trazia os benefícios da geração de emprego e renda (DELFINO, 2002). O produto mais popular e principal forma de disseminação do tabaco é o cigarro. O cigarro consta com “mais de 4.720 substâncias presentes na sua fumaça. De todas estas substâncias, a nicotina é reconhecida como sendo a causadora da dependência” (SALGADO, 2002, p. 25). O cigarro divide-se em etapas: a gasosa e a particulada. Segundo Delfino (2002, p. 6) a “fase gasosa é composta de substâncias, tais como monóxido de carbono, cetonas, formaldeídos, acetaldeído e acroleína” e a fase particulada composta pela nicotina e pelo alcatrão que concentram “quarenta e três substâncias cancerígenas, podendo-se citar como 14 exemplos o arsênico, níquel, benzopireno, cádmio, chumbo, além de substâncias radioativas, como o polônio 210, o carbono 14, radio 226, radio 228 e potássio 40.” O potencial viciogênico da nicotina é extremamente alto e superior ao de muitas drogas ilícitas como demonstra o gráfico 1 elaborado pela National Institute of Druge Abuse e citado por Salgado (2002) para tratar da dependência a nicotina. Gráfico 1 – Potencial viciogênico das drogas de abuso. 95% Heroína 90% Drogas Crack 80% Nicotina 50% Cocaína 20% Maconha 10% Álcool 0% 20% 40% 60% Porcentagem 80% 100% Fonte: Adaptado de SALGADO, 2002, p.26. Estudos publicados pelo National Institute on Drug Abuse (2010) demonstram que daqueles que tentam interromper o uso do tabaco, cerca de 85%, em menos de uma semana retornam ao uso do cigarro e não conseguem parar de fumar. Esses mesmos estudos demonstram que a Nicotina atua no cérebro ativando os circuitos que regulam os sentimentos relacionados ao prazer (áreas de recompensa). As pesquisas demonstram, ainda, que a nicotina aumenta os níveis de dopamina na área de recompensa, causando sensação similar ao que ocorre no uso de outras drogas como a cocaína, por exemplo, levando ao vício pela exposição continuada a Nicotina. 15 Os efeitos farmacocinéticos da Nicotina contribuem para a dependência, pois quando se fuma a Nicotina chega ao cérebro nos primeiros 10 segundos após a tragada, levando a sensação de prazer, que é interrompida também rapidamente. O curto lapso de prazer proporcionado pela Nicotina faz com que o usuário tenha que fumar várias vezes por dia para manter a sensação e evitar os sintomas da síndrome de abstinência, que incluem: irritabilidade, um forte desejo de fumar (craving ou fissura), déficit cognitivo e de atenção, perturbação do sono e aumento de apetite. Os efeitos da síndrome de abstinência começam poucas horas depois de interrompida a exposição à Nicotina, chegando ao seu ponto máximo em alguns dias, podendo durar semanas e até meses. O fator dependência aliada à ausência de informações sobre os males do tabaco e décadas de propagandas que relacionavam o seu uso a status social, esportes e uma vida saudável criaram gerações de dependentes à nicotina. Com isso o consumo de cigarro alcança, hoje, de forma generalizada todas as faixas etárias, conforme demonstra a Tabela 1 elaborada pelo IBGE (2009) e que ilustra o percentual das pessoas de 15 anos ou mais de idade usuários de tabaco fumado, por grupos de idade, segundo as Grandes Regiões do País no ano de 2008. Tabela 1 - Percentual das pessoas de 15 anos ou mais de idade usuários de tabaco fumado, por grupos de idade, segundo as Grandes Regiões - 2008 Grandes Regiões Percentual das pessoas de 15 anos ou mais de idade usuários de tabaco fumado (%) Grupos de idade 65 anos ou Total 15 a 24 anos 25 a 44 anos 35 a 64 anos mais 17,2 10,7 18,3 22,7 12,9 16,8 10,5 18,0 21,6 18,2 17,2 9,5 17,0 24,7 19,4 16,7 10,8 18,1 22,1 8,6 19,0 12,6 21,6 23,0 13,0 Brasil Norte Nordeste Sudeste Sul Centro16,6 12,0 17,8 20,6 11,6 Oeste Fonte: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2009. Como pode-se notar mais de 17% da população do País fumava, sendo que este percentual varia de grupo de idade, mas mantém uma constância durante toda a expectativa de 16 vida da pessoa. O consumo de um produto com tantas substâncias nocivas pode gerar danos as pessoas e se tornar, por se tratar de um produto usado por parte da população um grave problema social. 2.2. As doenças tabaco-relacionadas O termo conceitual “saúde” já foi entendido como o estado de ausência de doença (SEGRE, FERRAZ, 2009), entretanto atualmente, seguindo as orientações da Organização Mundial de Saúde – OMS, “firmou-se o entendimento de que o conceito de saúde não implica apenas na ausência de doenças, mas o completo bem-estar, físico, mental e social.” (LUCENA, 2004, p. 246). Atualmente a OMS entende que o tabagismo é uma pandemia e classifica a dependência ao tabaco como doença mental e desordem de comportamento com a indicação do Código Internacional de Doenças – CID pelo código: “F17. - Mental and behavioural disorders due to use of tobacco” (WHO, 2001). Dados apresentados no relatório sobre a saúde no mundo de 2001 indicam que “o Banco Mundial estima que em países de alta renda a atenção de saúde relacionada com o tabagismo responde por seis a 15,1% dos custos anuais da saúde.” (OPAS, 2001). Esses dados compõem apenas parte do gasto público com saúde sem prever a totalidade dos custos tangíveis como perda do potencial de trabalho, entre outros e os custos intangíveis relacionados aos danos emocionais e morais das famílias decorrente a perda de uma vida. Números da Organização Mundial da Saúde revelam que o tabaco é a principal causa de morte evitável e que mais de cinco milhões de pessoas morrem anualmente em decorrência de patologias relacionadas à dependência ao tabaco. Além que, vê-se o efeito social causado pelo consumo de tabaco, pois enquanto somados todas as mortes atribuíveis ao tabaco, a coluna gerada conforme ilustra o gráfico 2, perde em números de mortos apenas para Cardiopatia isquêmica e doenças cérebro vasculares. 17 Gráfico 2 – Principais causas de mortalidade no mundo em 2008. 9 Milhões de mortes (2005) 8 7 6 5 4 3 2 1 0 Fonte: OMS. 2008. *Inclui câncer de boca e câncer orofaríngeo, câncer esofágico, câncer de estômago, câncer de fígado, outros tipos de câncer, assim como doenças cardiovasculares que não a cardiopatia isquêmica e as doenças cérebro vasculares. Fonte: Organização Mundial da Saúde, MPOWER: Um plano de medidas para reverter à epidemia de tabagismo. 2008. No Brasil dados apresentados por Delfino (2002, p.13) indicam que o “tabagismo é responsável, hoje, por 30% das mortes por câncer, 90% das mortes por câncer no pulmão, 25% das mortes por doenças coronarianas, 85% das mortes por doença pulmonar obstrutiva crônica e 25% das mortes por doenças cerebrovasculares”. 18 2.3.Sistema Único de Saúde – S.U.S O Sistema Único de Saúde (SUS) criado em 1988 pela Constituição Federal Brasileira da época tem como objetivo principal fornecer o acesso universal, integral e gratuito à saúde para todos os brasileiros. É um dos maiores sistemas públicos de saúde do mundo, já que na sua área de cobertura e atuação há uma população de 190 milhões de pessoas. O funcionamento do S.U.S está além dos procedimentos ofertados na rede, há também, repasses ao setor privado de saúde pelos serviços prestados a população os quais não estão disponíveis do sistema público. Estima-se que, em 2013, o S.U.S tenha desembolsado, aproximadamente, R$25 bilhões com sua rede de atendimento. Hoje em dia, os dados financeiros e de consultas são processados e disponibilizados em um banco online, o qual será abordado mais a frente, gerenciado pelo Datasus. A utilização da esfera federal de gastos se deve a concentração dos dados, dessa forma, facilitando o acesso e obtenção dos mesmos. Contudo, deve-se lembrar que, além dos repasses e gastos do S.U.S, há também, os gastos do setor privado, e as redes de saúde municipais e estaduais, as quais mesmo não mais comuns, atualmente, tem importante relevância em algumas regiões do país. Dessa forma, pretende-se mensurar uma das despesas que o S.U.S, tendo em vista que, trata-se de uma doença com efeitos que vão além de um impacto financeiro para o sistema, mas causam externalidade negativas, como diminuição do bem estar em locais públicas, no qual há tanto a lesão na esfera jurídica quanto na social, e elevadas despesas na esfera econômica. Assim, utilizar-se-á somente os dados referentes ao gasto federal em saúde, ou seja, o quanto custa para o Sistema Único de Saúde brasileiro, o tratamento para os usuários de tabaco e derivados. 19 2.4.Dano Social 2.4.1. Perspectiva Jurídica A teoria do dano social se apresenta nas modernas acepções da responsabilidade civil que evolutivamente tende a redirecionar a atenção originalmente voltada a sancionar o causador do dano para a vítima, de forma que nenhuma vítima fique sem indenização. A vítima do dano social também escapa a concepções clássicas de responsabilidade civil, vez que deixa de ser focada no individual ou no coletivo para focar no social, em uma coletividade indeterminada de pessoas. O próprio dano, elemento principal de qualquer teoria sobre responsabilidade civil, acaba por se apresentar de forma diferenciada, pois, no dano social ele muitas vezes se mostra de difícil verificação, mas quando avaliado sobre a coletividade de pessoa se destaca pela lesividade e abrangência. Dano nas palavras de Cavalieri é “lesão de um bem público jurídico, tanto patrimonial como moral, vindo daí a conhecida divisão do dano em patrimonial e moral” A principal diferença nesse novo termo é sua amplitude, pois aqueles referem-se a reparação individual por uma lesão causada, seja material ou não, enquanto que Dano Social tem-se como vítima, lesado, a sociedade. A importância desse termo ganhou grande significância quando se percebeu que a reparação individual por determinada lesão não eximia os danos causados no conjunto, ou seja, segundo Cavalieri, “Esses danos sociais seriam lesões à sociedade relacionados com o rebaixamento do seu patrimônio moral e com a redução na qualidade de vida”. Logo, o lesado maior não é o indivíduo declarado, e sim, a sociedade toda, a qual sofre também com o ato. Neste sentido, dano social é aplicado para o caso do Tabagismo, pois uma pessoa ao fumar em um ambiente, mesmo que aberto, causa o tabagismo passivo em outras pessoas que estejam nesse mesmo lugar. Uma pode haver de seu direito de não compartilhar da fumaça, contudo, a ação conjunta, o dano social é muito maior, pois há diminuição de bem estar da 20 sociedade, e pela Constituição, Saúde é um bem público, logo, se lesado é apto o direito de reparação para com a sociedade. Em suma, a representatividade do tabaco dentro arcabouço do dano social é, apresentada por Carvalho da seguinte maneira: A fumaça emitida pela ponta do cigarro é cerca de quatro vezes mais tóxica que a fumaça aspirada pelo filtro pelo fumante, e o ar poluído contém, em média, três vezes mais nicotina, três vezes mais monóxido de carbono, e até cinquenta vezes mais substâncias cancerígenas do que a fumaça que entra pela boca do fumante depois de passar pelo filtro do cigarro. (CARVALHO, 2011) O dano social provocado pelo tabaco pode ser verificado pela agressão a saúde pública que o produto provoca, seja pela esfera da violação dos direitos da personalidade da pessoa, será pela vertente econômica gerada pela recuperação desta saúde. 2.4.2. Perspectiva Econômica e Social Na seara social os dados levantados e divulgados pela Organização Mundial da Saúde demonstram que o tabagismo é a principal causa de morte evitável no mundo e estima que 5,4 milhões de pessoas morrem a cada ano em decorrência dos males relacionados ao tabaco. Por meio dos mesmos dados é previsto um aumento de cerca de 48% nesses óbitos elevando as mortes anuais para 8 milhões e um acumulo de 175 milhões de mortes até 2030, sendo que cerca de 80% dessas mortes ocorrerão em países em desenvolvimento, conforme demonstra o Gráfico 3 (OMS, 2010a): 21 Gráfico 3 - Mortalidade cumulativa relacionada ao tabagismo. 160 140 Milhões 120 100 80 60 40 20 0 2005 2010 2015 Países em desenvolvimento 2020 2025 2030 Países desenvolvidos Fonte: Adaptado de WHO, 2008, p.8. Percebe-se um fator de agrave maior na diferença entre mortes nos países desenvolvidos e em desenvolvimento, pois como o gráfico acima indica, nos países em desenvolvimento, em 2030, o acumulado de mortes chegará a, aproximadamente, 100 milhões a mais que os países desenvolvidos. Esse fato repercute nos efeitos, o principal é a dminuição da PEA (População Economicamente Ativa), os quais serão gerados para a sociedade com tamanha quantidade de mortes. Não se tem notícias de estudos e pesquisas interdisciplinares que tratem da temática dos efeitos causados pelo tabaco a sociedade. Outros países como os Estados Unidos da América, por sua vez, contam com relevantes estudos sobre o tema, inclusive com casos concretos onde a indústria de tabaco assumiu a responsabilidade pelo ressarcimento do Estado pelos danos causados à saúde pública, com a assinatura de acordos como o “master settlement agreement” onde as principais indústrias do setor se comprometeram a realizar pagamentos anuais aos Estados Americanos. Pelo acordo, a indústria fumígena americana se obrigou a 22 pagar do ano de 2000 ao ano de 2018, em prestações anuais, o valor de US$144.890.000.000,00. Mais um fator importante que intensifica a necessidade de pesquisas na seara econômica, vez que se lá houve o reconhecimento deste dano econômico também aqui ele pode ocorrer e, portanto, estudos nessa área poderiam contribuir para o melhor conhecimentos do fatores que tem efeito na sociedade. O INCA – Instituto Nacional do Câncer – publicou um artigo chamado “Tabagismo – um grave problema de saúde pública”, no qual há a seguinte afirmação que expressa a relevância que estudos nessa área têm para minimizar os impactos econômicos e sociais: No mundo e no Brasil, o tabagismo vem se concentrando cada vez mais em populações de menor escolaridade e renda. Por serem dependentes da nicotina, muitos chefes de família gastam boa parte da renda familiar na compra de cigarros. A incapacitação causada pelas doenças tabaco relacionadas gera perda de produtividade e exclui muitos chefes de família do mercado de trabalho. Tabaco e pobreza formam um círculo vicioso difícil de escapar, a não ser que os tabagistas sejam encorajados e apoiados para abandonar o consumo. (INCA, 2007) Dessa maneira, contatou-se que os efeitos para a sociedade e economia são significantes, pois o tabaco causa desde maiores despesas para os sistemas de saúde, com o tratamento das pessoas que o utilizaram, até mortes, que tem forte pressão social. 23 3. Material e Métodos Este capítulo aborda o principal momento da pesquisa, a coleta de dados, pois a mesma é o ponto chave devido à importância e a grande responsabilidade no manuseio dos mesmos. Nesta pesquisa, foram utilizados os bancos de dados do Sistema de Informações Hospitalares (SIH/SUS), Sistema de Informações Ambulatoriais (SIA/SUS) e da Autorização de Procedimentos de Alta Complexidade – Oncologia (APAC/ONCO), conjunto este pertencente ao SIA/SUS, mas com os dados não agrupados. Metodologicamente, utilizou-se o cálculo do Fator Atribuível ao Tabaco, no qual estão presentes: Risco Relativo e Prevalência ao tabagismo. Dessa forma, estrutura-se o conjunto de dados e os meios pelos quais foram utilizados. Ressaltando que este estudo é inspirado na pesquisa das professoras Márcia Pinto e Maria Alícia Domínguez Ugá, da Fiocruz, contudo, os dados e métodos utilizados diferem em alguns pontos. 3.1. Departamento de Informática do SUS - DATASUS A principal fonte de dados sobre Saúde no Brasil é o Datasus1, no qual estão presentes todos os gastos do Sistema Único de Saúde – SUS – agrupados segundo o tipo de procedimento e área de saúde. Com o crescente aumento nas pesquisas e globalização das informações, uma base de dados completa e de fácil acesso contribui para o desenvolvimento de qualquer estudo, ainda mais que, trata-se de um dos setores de fundamental importância – Saúde. Assim: 1 Site utilizado: http://www2.datasus.gov.br/DATASUS/index.php 24 A informação é fundamental para a democratização da Saúde e o aprimoramento de sua gestão. A informatização das atividades do Sistema Único de Saúde (SUS), dentro de diretrizes tecnológicas adequadas, é essencial para a descentralização das atividades de saúde e viabilização do Controle Social sobre a utilização dos recursos disponíveis. (Ministério da Saúde / DATASUS - Departamento de Informática do SUS, 2014) Optou-se por selecionar os dados federais, pois um dos objetivos do estudo foi obter o impacto financeiro nacional para o S.U.S, sendo assim, necessário a coleta de dados da esfera Federal. Destacando que, para um estudo mais completo, outros dados, municipais, estaduais e do setor privado, seriam necessários, mas esta análise fica como sugestão de trabalho futuro. 3.1.1. Sistema de Informações Hospitalares – SIH/SUS Nesta base de dados encontra-se as informações referentes a procedimentos de internação, ou seja, os dados de pacientes que foram internados são informados pelas unidade hospitalares participantes do SUS e computados no SIH/SUS. As informações são transmitidas através da AIH – Autorização de Internação Hospitalar, na qual estão incluídos sexo, idade, tipo de tratamento, competência, CID-10 (Classificação Internacional de Doença) e outros dados referentes ao paciente. Para a pesquisa foram utilizadas as AIH’s pagas, ou seja, somente os valores no período pagos pelo SUS e, como variáveis, utilizou-se para sexo (masculino e feminino), competência (janeiro de 2007 a agosto de 2014) e para as CID’s, utilizou-se as mencionadas no capítulo referente as doenças selecionadas. Dessa forma, estes dados compõem as internações causadas pelo tabaco e derivados. 3.1.2. Sistema de Informações Ambulatoriais – SIA/SUS Nas informações ambulatoriais constam os prontuários que não necessitaram de internações, ou seja, todos procedimentos realizados em pacientes não internados compõem a SIA/SUS. Para a pesquisa foram utilizadas as bases de dados de Procedimentos Ambulatoriais (PA), na qual tem-se os gastos na perspectiva ambulatorial e a da APAC/ONCO - 25 Quimioterapia (AQ), os gastos com os tratamentos de câncer por meio de quimioterapia. Os dados são agrupados da mesma forma que os do SIH, de forma padrão para facilitar sua utilização e comparação, sendo assim, as variáveis foram: sexo (masculino e feminino), competência (janeiro de 2008 a agosto de 2014) e as CID’s selecionadas para o estudo. Na variável competência, devido a não disponibilização de dados, não foi colhido o ano de 2007 para a SIA, tanto nos procedimentos ambulatoriais quanto nos quimioterápicos. Em suma, essa base de dados completa a anterior com as informações necessárias para os cálculos do valor gasto pelo SUS com doenças tabaco-relacionadas, pela metodologia FAT. 3.2. Fator Atribuível ao Tabaco - FAT Para se calcular o valor mais apropriado e correlato as doenças tabaco-relacionadas utilizou-se o FAT – Fator Atribuível ao Tabaco, ou seja, “proporção de casos e dos respectivos custos de tratamento que são atribuíveis ao tabagismo” (Pinto, Ugá, 2010). Também conhecido como RAP – Risco Atribuível Populacional, essa é a metodologia mais utilizada, desenvolvida por Morton Levin (1953). Segundo Corrêa, Barretos e Passos (2008): “Originalmente, o autor aplicou seu próprio método, algumas vezes chamado de ‘risco atribuível de Levin’, para escrever a carga de câncer de pulmão devida ao tabagismo – portanto, passível de prevenção”. O cálculo do FAT depende de duas variáveis: Risco Relativo (RR) e Prevalência do tabagismo (p), ambas serão detalhadas nos sub itens a seguir. Assim, a fórmula proposta é: 𝑝∗(𝑅𝑅−1) 𝐹𝐴𝑇 = 𝑝∗(𝑅𝑅−1)+1 (1) 26 3.2.1. Risco Relativo – RR A proporção das doenças que são causa, diretamente, do uso de tabaco é identificada pelo risco relativo. Esse é um estudo norte-americano organizado e utilizado pelo CPS-II (Cancer Prevention Study), desenvolvido pela American Cancer Society. Os dados obtidos são frutos de um estudo de coorte “(...) considerado o maior estudo prospectivo que estabelece a associação entre o tabagismo e determinadas enfermidades” (PINTO, UGÀ; 2007). Sua relevância é significativa, pois é um estudo amplamente usado, tanto internamente, quanto por países europeus e, atualmente, no Brasil, pois não há disponibilidade de dados para a composição de um estudo similar em relação ao Risco Relativo. O cálculo do RR é baseado em população atingida e não atingida pelo fator estudado, de maneira que, tem-se as proporções de atingidos de ambos grupos, chamado de incidência. A Tabela 2 indica como seria a distribuição dos dados. Tabela 2 - Distribuição dos dados para o cálculo do Risco Relativo. População Atingidos Não-atingidos Total Incidência Expostos a b a+b a/a+b Não-expostos c d c+d c/c+d Total a+c b+d t a+c/t Fonte: Elaboração própria. Dessa maneira, temos, como a proporção de atingidos entre os expostos na população: 𝐼𝑛𝑐𝑖𝑑ê𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑛𝑜𝑠 𝐸𝑥𝑝𝑜𝑠𝑡𝑜𝑠2 = 2 Incidência nos Expostos = Inc. expost. 𝑎 𝑎+𝑏 (2) 27 E, a proporção de atingidos entre os não-expostos na população: 𝑐 𝐼𝑛𝑐𝑖𝑑𝑒𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑛𝑜𝑠 𝑛ã𝑜 − 𝑒𝑥𝑝𝑜𝑠𝑡𝑜𝑠3 = 𝑐+𝑑 (3) Logo, o cálculo do RR é a divisão entre as fórmulas (1) e (2), resultando: 𝑎 (𝐼𝑛𝑐.𝑒𝑥𝑝𝑜𝑠𝑡) 𝑅𝑅 = (𝐼𝑛𝑐. 𝑛ã𝑜−𝑒𝑥𝑝𝑜𝑠𝑡.) = (𝑎+𝑏) ⁄ (4) 𝑐 (𝑐+𝑑) Assim, a equação (4) representa o risco relativo populacional para determinado fator de risco, ou seja, pela incidência dos expostos e não-expostos, o RR mensura o risco geral. A tabela original de 2004, desenvolvida pelo CPS-II, contendo os valores para o risco relativo das doenças tabaco-relacionadas é encontrada segundo classificação da CID-9. Contudo, para este estudo, adaptamos a mesma segundo a CID-10 e utilizou-se cada código CID (uma letra e dois números) como identificador das doenças utilizadas, de modo a facilitar e propiciar comparações entre as bases de dados e futuros estudos. Abaixo, a Tabela 3 discrimina as doenças tabaco-relacionadas utilizadas no estudo, classificadas pela CID-10, risco relativo e o fator atribuível ao tabaco, respectivos a cada doenças estudadas. Tabela 3 - Risco relativo e fator atribuível ao tabaco das doenças tabaco-relacionadas, segundo sexo. Brasil, 2013. (continua) CID C00 Neopl malig do labio C01 Neopl malig da base da lingua C02 Neopl malig outr partes e NE da lingua 3 Incidência no não-expostos = Inc. não-expostos RR Masculino Feminino 10,89 5,08 10,89 5,08 10,89 5,08 FAT Masculino 0,689946516 0,689946516 0,689946516 Feminino 0,37008668 0,37008668 0,37008668 28 C03 C04 C05 C10 C11 C13 C15 C16 C25 C32 C34 C53 C64 C67 C92 I20 I21 I22 I23 I24 I25 I60 I61 I62 I63 I64 I65 I66 I67 I70 J10 J11 J12 J13 J14 J15 J16 J17 J18 J40 J41 J42 J43 J44 CID Neopl malig da gengiva Neopl malig do assoalho da boca Neopl malig do palato Neopl malig da orofaringe Neopl malig da nasofaringe Neopl malig da hipofaringe Neopl malig do esofago Neopl malig do estomago Neopl malig do pancreas Neopl malig da laringe Neopl malig dos bronquios e dos pulmoes Neopl malig do colo do utero Neopl malig do rim exceto pelve renal Neopl malig da bexiga Leucemia mieloide Angina pectoris Infarto agudo do miocardio Infarto do miocardio recorrente Alg complic atuais subs infarto agud miocard Outr doenc isquemicas agudas do coracao Doenc isquemica cronica do coracao Hemorragia subaracnoide Hemorragia intracerebral Outr hemorragias intracranianas nao-traum Infarto cerebral Acid vasc cerebr NE como hemorrag isquemico Oclus/esten art pre-cereb q n res inf cereb Oclusao/estenose art cereb q n res inf cereb Outr doenc cerebrovasculares Aterosclerose Influenza dev virus influenza identificado Influenza dev virus nao identificado Pneumonia viral NCOP Pneumonia dev Streptococcus pneumoniae Pneumonia dev Haemophilus infuenzae Pneumonia bacter NCOP Pneumonia dev out microorg infecc espec NCOP Pneumonia em doenc COP Pneumonia p/microorg NE Bronquite NE como aguda ou cronica Bronquite cronica simples e a mucopurulenta Bronquite cronica NE Enfisema Outr doenc pulmonares obstrutivas cronicas RR Masculino Feminino 10,89 5,08 10,89 5,08 10,89 5,08 10,89 5,08 10,89 5,08 10,89 5,08 6,76 7,75 1,96 1,36 2,31 2,25 14,6 13,02 23,26 12,69 0 1,59 3,27 2,22 3,27 2,22 1,89 1,13 2,45 2,745 2,45 2,745 2,45 2,745 2,45 2,745 2,45 2,745 2,45 2,745 2,45 2,745 2,45 2,745 2,45 2,745 2,45 2,745 2,45 2,745 6,21 7,07 6,21 7,07 2,07 2,17 2,44 1,83 1,75 2,17 1,75 2,17 1,75 2,17 1,75 2,17 1,75 2,17 1,75 2,17 1,75 2,17 1,75 2,17 1,75 2,17 17,1 12,04 17,1 12,04 17,1 12,04 17,1 12,04 10,58 13,08 (continuação) FAT Masculino Feminino 0,689946516 0,689946516 0,689946516 0,689946516 0,689946516 0,689946516 0,56445993 0,177631579 0,227650126 0,753694581 0,83356911 0 0,338077114 0,338077114 0,166840242 0,245994345 0,245994345 0,245994345 0,245994345 0,245994345 0,245994345 0,245994345 0,245994345 0,245994345 0,245994345 0,245994345 0,539647831 0,539647831 0,194035865 0,244712991 0,144385027 0,144385027 0,144385027 0,144385027 0,144385027 0,144385027 0,144385027 0,144385027 0,144385027 0,783666847 0,783666847 0,783666847 0,783666847 0,683093012 0,37008668 0,37008668 0,37008668 0,37008668 0,37008668 0,37008668 0,49290061 0,04928506 0,15254237 0,63381767 0,6273329 0,07830703 0,14942842 0,14942842 0,018376 0,20081836 0,20081836 0,20081836 0,20081836 0,20081836 0,20081836 0,20081836 0,20081836 0,20081836 0,20081836 0,20081836 0,46640485 0,46640485 0,14418732 0,10676004 0,14418732 0,14418732 0,14418732 0,14418732 0,14418732 0,14418732 0,14418732 0,14418732 0,14418732 0,61386383 0,61386383 0,61386383 0,61386383 0,63497255 29 CID J45 Asma J46 Estado de mal asmatico J47 Bronquectasia RR Masculino Feminino 1,75 2,17 1,75 2,17 17,1 12,04 (conclusão) FAT Masculino Feminino 0,144385027 0,144385027 0,783666847 0,14418732 0,14418732 0,61386383 Fonte: Elaboração própria. (CPS-II, OMS, 2014) 3.2.2. Prevalência do tabagismo Segundo o Observatório da Política Nacional de Controle do Tabaco (2014): A prevalência de tabagismo é o resultado da iniciação (novos usuários de tabaco) e da interrupção do consumo (por cessação do tabagismo ou morte). A identificação dos fatores determinantes da iniciação e da cessação do tabagismo é, portanto, fundamental para o planejamento de ações específicas para o controle do tabaco. (OPNCT, 2014) Dessa maneira, a prevalência é um fator importante para mensurar a população que está sujeita ao risco de desenvolver uma doença tabaco-relacionada. A Pesquisa Mundial da Saúde (PMS) desenvolvida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) mostra uma prevalência de 22,5% para o sexo masculino e 14,4% para o feminino. A utilização desses dados deve-se ao mesmo uso na pesquisa de Pinto e Ugá (2005), além da relevância e representatividade que os mesmos têm no país. 3.3.Séries Temporais Série temporal ou série história é uma sequência de dados com determinados intervalos de tempo em um período específico (BARBIERO, 2003). Uma série temporal é um conjunto de observações ordenadas no tempo (não necessariamente igualmente espaçadas) e 30 que apresentam dependência serial, isto é, dependência de instantes de tempo e compreendidas sequencialmente no tempo, (MORETIN; TOLOI, 2006). A série temporal é um conjunto de dados distribuídos no tempo de forma que suas observações sejam ligadas diretamente umas às outras. Logo não se pode trabalhar com séries temporais sem levar em conta a ordem cronológica dos acontecimentos (BARBIERO, 2003). Séries temporais ocorrem com muita frequência na prática e no dia-a-dia, surgindo nas mais variadas áreas de aplicação como: finanças, marketing, seguros, meteorologia, ciências econômicas, ciências sociais, energia, etc. As técnicas a elas associadas auxilia a prever um resultado futuro baseados em dados passados e presentes. (RODRIGUES, SILVA, LINDEN, 2012) Segundo Morettin e Toloi (2006), uma série pode ter como objetivos: a) investigar o mecanismo gerador da série temporal; b) fazer previsões de valores futuros da série, sendo que as previsões podem ser a curto e longo prazo; c) descrever apenas o comportamento da série, neste caso a construção de histogramas e diagramas de dispersão podem ser de grande utilidade; d) verificar a existência de tendências, ciclos e variações sazonais; e e) procurar periodicidades relevantes nos dados. (...) o número de observações em uma série temporal não é por si uma medida completa de informação. O que pode ser observado é que o acréscimo ou decréscimo de n auxilia no reconhecimento de algum comportamento nos dados. (KENDALL, 1976) No estudo das despesas com o tratamento de doenças tabaco-relacionadas foram pesquisadas e preparadas quatro séries temporais (uma para cada base de dados e uma representando o somatório), no período de 2007:1 a 2014:8, totalizando 92 meses ou observações. Contudo, para efeitos de informação, no ano de 2007 não havia a diferenciação entre S.I.H e S.I.A, e a base APAC – Quimioterapia não existia ainda. 31 Para este estudo, o foco é reunir os dados históricos, traçar os gráficos de evolução das despesas do S.U.S, analisar os mesmos e demonstrar possíveis variações nos valores, fazendo comparação entre os sexos, base de danos e anos. As análises mais aprofundadas, como predição de gastos futuros será feita em um estudo posterior. 32 4. Resultados e Discussão 4.1.Custo para o Sistema Único de Saúde Em 2013, o SUS gastou com o tratamento de doenças tabaco-relacionadas R$828.993.590,12, quantia referente a internações, procedimentos ambulatoriais e quimioterapia. Desse montante, 67% ou R$554.081.827,53 foram gastos com o sexo masculino, e o restante, R$274.911.762,59 (33%) com o sexo feminino, como é apontado na Tabela 4. Essa é uma evidência do impacto econômico para os homens fumantes, pois há mais homens fumantes do que mulheres e os mesmos fumam em maior intensidade. No anexo A pode-se verificar os valores despendidos com cada doença tabaco-relacionada. Tabela 4 - Despesas totais para ambos sexos por base de dados com doenças tabacorelacionadas. Brasil, 2013. S.I.H S.I.A R$ 567.816.033,53 R$ 169.461.706,19 APAC Quimioterapia R$ 91.715.850,40 TOTAL R$ 828.993.590,12 Fonte: Elaboração própria. Na Tabela 5 pode-se ver os gastos com homens. As internações totais para os grupos de enfermidades selecionados somaram R$1.392.662.262,66, dos quais R$362.369.068,06 (26%) são relacionados com doenças tabaco-relacionadas. Na perspectiva ambulatorial, a porcentagem gasta com homens fumantes é de 36%, representando R$121.991.359,87, dos R$339.102.657,16. Mas a maior proporção de gastos com doenças tabaco-relacionadas está nos tratamentos de quimioterapia, de R$173.256.694,26 gastos com todos pacientes, R$69.721.399,60 ou 40% foram destinados a pacientes fumantes. 33 Tabela 5 - Despesas totais atribuíveis ao tabagismo por base de dados para o sexo masculino. Brasil, 2013. S.I.H S.I.A APAC - Quimioterapia TOTAL Total Tabaco Total Tabaco Total Tabaco R$ 1.392.662.262,66 R$ 362.369.068,06 R$ 339.102.657,16 R$ 121.991.359,87 R$ 173.256.694,26 R$ 69.721.399,60 Total Tabaco R$ 1.905.021.614,08 R$ 554.081.827,53 Fonte: Elaboração própria. Em relação ao sexo feminino, as quantias e porcentagens são menores, mas não deixam de ser relevantes. Dos R$1.032.544.453,45 gastos em internações, R$205.446.965,46 ou 20%, relação gasto total e com doenças tabaco-relacionadas mais elevado, são referentes a mulheres fumantes. Enquanto que, 15% dos gastos com procedimentos ambulatoriais (R$47.470.346,33) que somam R$319.076.229,38 são gastos com essas mesmas mulheres, em quimioterapia essa proporção aumenta para 16%, representando R$21.994.450,80, dos R$134.784801,29. Esses dados são apresentados na Tabela 6 e, percebe-se que, os gastos com homens fumantes nos procedimentos de ambulatório e tratamento de quimioterapia são mais do que o dobro comparando com as mulheres. Tabela 6 - Despesas totais atribuíveis ao tabagismo por base de dados para o sexo feminino. Brasil, 2013. S.I.H S.I.A APAC Quimioterapia TOTAL Fonte: Elaboração própria. Total Tabaco Total Tabaco Total Tabaco Total Tabaco R$ 1.032.544.453,45 R$ 205.446.965,46 R$ 319.076.229,38 R$ 47.470.436,33 R$ 134.784.801,29 R$ 21.994.450,80 R$ 1.486.405.484,12 R$ 274.911.762,59 34 Em relação as doenças analisadas, a que mais gera gastos, para ambos os sexos, é Angina pectoris, classificado como I20 pelo CID-10. Foram gastos, em 2013, R$81.191.977,01 e R$41.119.834,34 com homens e mulheres fumantes, respectivamente. A soma desta doença representa R$122.311.811,36. Em contrapartida, o menor gasto se teve com a doença classificada em J14 – Pneumonia dev Haemophilus influenzae, na qual a quantia de R$53.500,47 é dividida entre homens e mulheres, respectivamente, R$25.210,85 e R$28.289,63. Para facilitar o entendimento e visualização das tabelas, as doenças foram separadas em três grupos de enfermidades. No grupo de Câncer estão as doenças iniciadas com a letra C (classificação CID-10), ou seja, C00 a C92. No grupo denominado Aparelho Circulatório, as doenças I20 a I70 e no grupo Aparelho Respiratório, as doenças de J10 a J45. Os grupos em questão podem serem visualizados na Tabela 7. Assim, dentre os três grupos de enfermidades analisados, a maior proporção de gastos com doenças tabaco-relacionadas foi no grupo de doenças correspondentes ao aparelho circulatório, seguido do grupo Câncer e, por último, aparelho respiratório. Os valores encontrados são, respectivamente, R$328.752.950,88, R$326.638.196,43 e R$173.602.442,81. Os gastos totais, nos três grupos, somam R$3.391.427.098,20, logo, o valor relativo a tabaco (R$828.993.590,12) representa 24% do total analisado. Essas informações estão apresentadas na tabela 8. 35 Tabela 7 - Grupos de Enfermidades. Câncer Aparelho Circulatório Aparelho Respiratório C00 Neopl malig do lábio C01 Neopl malig da base da língua C02 Neopl malig outr partes e NE da língua C03 Neopl malig da gengiva C04 Neopl malig do assoalho da boca C05 Neopl malig do palato C10 Neopl malig da orofaringe C11 Neopl malig da nasofaringe C13 Neopl malig da hipofaringe C15 Neopl malig do esôfago C16 Neopl malig do estomago C25 Neopl malig do pâncreas C32 Neopl malig da laringe C34 Neopl malig dos brônquios e dos pulmões C53 Neopl malig do colo do utero C64 Neopl malig do rim exceto pelve renal C67 Neopl malig da bexiga C92 Leucemia mielóide I20 Angina pectoris I21 Infarto agudo do miocardio I22 Infarto do miocardio recorrente I23 Alg complic atuais subs infarto agudo miocard I24 Outr doenc isquêmicas agudas do coração I25 Doença isquêmica crônica do coração I60 Hemorragia subaracnoide I61 Hemorragia intracerebral I62 Outras hemorragias intracranianas não-traum. I63 Infarto cerebral I64 Acid. vasc. cerebr. NE como hemorragia isquêmico I65 Oclusão/esten art pre-cereb q n res inf cereb I66 Oclusão/estenose art cereb q n res inf cereb I67 Outras doenças cerebrovasculares I70 Aterosclerose J10 Influenza dev virus influenza identificado J11 Influenza dev virus nao identificado J12 Pneumonia viral NCOP J13 Pneumonia dev Streptococcus pneumoniae J14 Pneumonia dev Haemophilus infuenzae J15 Pneumonia bacter NCOP J16 Pneumonia dev out microorg infecc espec NCOP J17 Pneumonia em doenc COP J18 Pneumonia p/microorg NE J40 Bronquite NE como aguda ou crônica J41 Bronquite crônica simples e a mucopurulenta J42 Bronquite crônica NE J43 Enfisema J44 Outras doenças pulmonares obstrutivas crônicas J45 Asma J46 Estado de mal asmático J47 Bronquectasia Fonte: Elaboração própria. A análise dos gastos por grupos por sexo, ilustra, novamente, um maior volume de gastos para com homens fumantes. Quanto ao Câncer, o gasto do SUS com o sexo masculino foi de R$248.311.664,11 e, para o sexo feminino R$78.326.532,32, sendo este, o maior gasto para os homens entre os grupos estudados. Já em relação ao aparelho circulatório, a quantia de R$116.118.164,64 é relativa aos gastos com mulheres fumantes (maior gasto entre os grupos), contudo, com os homens, o valor é maior, R$212.634.786,24. Com o aparelho respiratório gasta-se menos e a proporção entre homens e mulheres é menor também, sendo gastos 36 R$93.135.377,18 e R$80.467.065,63, respectivamente. Abaixo, Tabela 9, demonstrando os dados a cima citados. Uma outra análise pertinente e importante é a comparação com as despesas totais do S.U.S com todas as doenças categorizadas pelas CID-10, nas três bases de dados estudadas. Este valor foi de, aproximadamente, R$22 bilhões em 2013, sendo que, o valor atribuível ao tabaco, como já dito, de R$828.993.590,12, represente do total, 4%. Pode parecer um valor irrisório, contudo, pode-se lembrar que são listadas milhares de doenças nessas despesas, uma dessas ser responsável por 4% do gasto total, é algo que não se pode passar despercebido. Os dados são apresentados abaixo na Tabela 10. Tabela 8 - Despesas totais do S.U.S para os grupos de enfermidades e despesas atribuíveis as doenças tabaco-relacionadas. Brasil, 2013. (em R$) S.I.H S.I.A APAC - Quimioterapia TOTAL Sexo Masculino Feminino TOTAL Geral 6.158.586.039,39 6.316.228.158,39 12.474.814.197,78 Tabaco 362.369.068,06 205.446.965,46 567.816.033,53 Geral 4.052.399.328,97 4.636.199.088,84 8.688.598.417,81 Tabaco 121.991.359,87 47.470.346,33 169.461.706,19 Geral 662.251.019,39 861.330.427,11 1.523.581.446,30 Tabaco 69.721.399,6 21.994.450,8 91.175.850,40 Geral 10.873.236.387,75 11.813.757.674,34 22.686.994.062,09 Tabaco 554.081.827,53 274.911.762,59 828.993.590,12 Fonte: Elaboração própria. (DATASUS, 2014) 37 Tabela 9 - Despesas totais com atribuíveis as doenças taboca-relacionadas para os grupos de enfermidade, por sexo. Brasil, 2013. (em R$) Grupos de Enfermidades Homens Mulheres Homens Mulheres Homens Mulheres Homens Mulheres Câncer 73.918.638,67 22.700.230,11 104.671.625,84 33.631.851,41 69.721.399,60 21.994.450,80 248.311.664,11 78.326.532,32 Aparelho Circulatório 196.106.586,92 103.047.222,86 16.528.199,32 13.070.941,78 - - 212.634.786,24 116.118.164,64 Aparelho Respiratório 92.343.842,47 79.699.512,50 791.534,71 767.553,13 - - 93.135.377,18 80.467.065,63 Total 362.369.068,06 205.446.965,46 121.991.359,87 47.470.346,33 69.721.399,60 21.994.450,80 554.081.827,53 274.911.762,59 Fonte: Elaboração própria. (DATASUS, 2014) Tabela 10 - Despesas totais e atribuíveis as doenças tabaco-relacionadas para os grupos de enfermidades. Brasil, 2013. (em R$) S.I.H S.I.A APAC - Quimioterapia TOTAL Grupos de Enfermidades Geral Tabaco Geral Tabaco Geral Tabaco Geral Tabaco Câncer 291.464.798,89 96.618.868,78 511.574.687,24 138.303.477,25 308.041.495,55 91.715.850,40 1.111.080.981,68 326.638.196,43 1.307.473.017,48 299.153.809,78 142.186.654,55 29.599.141,10 - - 1.449.659.672,03 328.752.950,88 826.268.899,74 172.043.354,97 4.417.544,75 1.559.087,85 - - 830.686.444,49 173.602.442,81 2.425.206.716,11 567.816.033,53 658.178.886,54 169.461.706,19 308.041.495,55 91.715.850,40 3.391.427.098,20 828.993.590,12 Aparelho Circulatório Aparelho Respiratório Total Fonte: Elaboração própria. (DATASUS, 2014) 38 4.2.Evolução dos gastos Os gastos do S.U.S têm uma perspectiva de crescimento devido a políticas públicas de inclusão de novos procedimentos, pelo simples fato de aumento nos custos e, principalmente, pelo uso maior por parte da população. Este último é o defendido nesse estudo devido a evolução significativa que as despesas com tratamento de doenças tabaco-relacionadas tiveram. No gráfico 4 pode-se constatar a evolução dessas despesas em valores não corrigidos. A Tabela com os dados descriminados por ano, mês e base de dados encontra-se no anexo B. Em 2007, as despesas do S.U.S em procedimentos de ambulatório, internações e quimioterapia para pacientes fumantes somaram, aproximadamente, R$347 milhões. Enquanto que, em 2014, esse valor mais que dobra, representando um pouco mais de R$826,5 milhões. Uma observação deve ser feita quanto ao ano de 2007, pois as bases de dados S.I.A e APAC – Quimioterapia, utilizadas nesse estudo, têm seus dados tabulados a partir de 2008, contudo em 2007, os dados eram agrupados no S.I.H. Dessa maneira, não há diferenças significativas para a consideração dos mesmos devido a agregação dos dados em uma única base de dadps. Assim, pelo gráfico apresentado vemos o salto que as despesas tiveram entre 2007 e 2011, posteriormente, mantendo um crescimento menos acelerado. Gráfico 4 - Série temporal das despesas do S.U.S atribuíveis as doenças tabaco-relacionadas. R$ 90.000.000,00 R$ 80.000.000,00 R$ 70.000.000,00 R$ 60.000.000,00 R$ 50.000.000,00 R$ 40.000.000,00 R$ 30.000.000,00 R$ 20.000.000,00 R$ 10.000.000,00 R$ - 2007-1 2007-4 2007-7 2007-10 2008-1 2008-4 2008-7 2008-10 2009-1 2009-4 2009-7 2009-10 2010-1 2010-4 2010-7 2010-10 2011-1 2011-4 2011-7 2011-10 2012-1 2012-4 2012-7 2012-10 2013-1 2013-4 2013-7 2013-10 2014-1 2014-4 2014-7 VALORES GASTOS Brasil, 2007:1 a 2014:8. PERÍODOS Fonte: Elaboração própria. (DATASUS, 2014) 39 Contudo, quando se analisa o dinheiro no tempo, não se pode deixar de atualizar o mesmo para a época atual, para assim, a análise ser plena de comparação, pois, sabe-se que uma mesma quantidade de dinheiro, em épocas diferentes, tem um valor, poder de compra distinto. Neste caso, no gráfico 5, vê-se a comparação entre os valores nominais e reais das despesas do S.U.S com o tratamento de doenças tabaco-relacionadas, sendo a atualização via IPCA. A Tabela com os valores encontrados é detalhada no anexo C. Percebe-se que o gráfico vermelho (valores nominais) tem uma perspectiva de crescimento maior ao gráfico azul (valores reais), pois a linha de tendência está, visivelmente, mais inclinada. Contudo, ao atualizar os valores, esse aumento tem uma suavização no seu crescimento, pois, como abordado inicialmente, o aumento nas despesas se deve a vários fatores, inclusive, o aumento nos custos dos procedimentos. Porém, numérica e graficamente, constate-se uma tendência na elevação das despesas para estes pacientes em questão. R$ 90.000.000,00 R$ 80.000.000,00 R$ 70.000.000,00 R$ 60.000.000,00 R$ 50.000.000,00 R$ 40.000.000,00 R$ 30.000.000,00 R$ 20.000.000,00 R$ 10.000.000,00 R$ - 2007-2 2007-5 2007-8 2007-11 2008-2 2008-5 2008-8 2008-11 2009-2 2009-5 2009-8 2009-11 2010-2 2010-5 2010-8 2010-11 2011-2 2011-5 2011-8 2011-11 2012-2 2012-5 2012-8 2012-11 2013-2 2013-5 2013-8 2013-11 2014-2 2014-5 2014-8 VALORES GASTOSO ($) Gráfico 5 - Evolução das despesas do S.U.S atribuíveis as doenças tabaco-relacionadas em valores nominais e reais. Brasil, 2007:1 a 2014:8. PERÍODOS Valor Nominal Valor Corrigido Linear (Valor Nominal) Linear (Valor Corrigido) Fonte: Elaboração própria. (DATASUS, 2014) Se analisado os valores brutos, houve um aumento nas despesas em torno de R$509 milhões, em um período de 6 anos e meio, ou seja, R$78 milhões, aproximadamente, por ano são acrescidos as contas do S.U.S por causa de doenças tabaco-relacionadas. Para um estudo 40 posterior, pretende-se analisar a evolução das despesas do S.U.S em relação a quantidade de cigarros comercializados no Brasil, ou seja, produção interna e importação. 5. Considerações Finais O principal objetivo do estudo foi mesurar os gastos do Sistema Único de Saúde, no ano de 2013, com as doenças tabaco-relacionadas e suas implicações para as esferas econômica e jurídica. Quanto ao valor, esperou-se ter demonstrado o quão importante o tema tem para a sociedade, pois R$826 milhões, aproximadamente, são dispendidos com a causa número um de morte evitável do mundo, ou seja, o montante gasto pode ser revertido para outros fins, não somente como forma de tratamento para uma das doenças que mais mata e gera externalidades para a população. Como mencionado, o tabaco é considerado uma pandemia e isso requer medidas a serem tomadas para seu controle, pois, além dos efeitos econômicos mensuráveis, diga-se que o cálculo completo está longe de ser atingido, pois os valores aqui estudados abordam a esfera federal da transferência de recursos, há ainda, municípios, estados e setor privado a serem considerados e chegar mais precisamente ao montante, efetivamente, gasto com as doenças tabaco-relacionadas. Há também os custos intangíveis, que por exemplo, são os efeitos que os homens, no caso fumantes em maior escala, causam para a economia, já que, decorrente das doenças não desempenham sua vida econômica até o fim, influenciando, negativamente, na população economicamente ativa e na produção de bens e serviços. A questão jurídica auxilia na identificação do agressor e minimização de tais danos calculados e que se sabem existir. O dano social, a priori, surge para reparar algo que é maior do que um indivíduo, ou seja, os danos não podem ser mensurados individualmente, mas sim na sociedade. Logo, o tabagismo passivo deve ser combatido, pois mais pessoas são expostas aos riscos de saúde sabidos pelo contato com a nicotina, o que provoca o aumento de doenças tabaco-relacionadas e, consequentemente, aumentos das despesas do S.U.S para com o tratamento das mesmas. Além de mensurar o desconforto social que o uso de tabaco tem para 41 os não fumantes, na qual é imposta uma restrição de deslocamento e propicia o surgimento de doenças, consequências essas que lesam a saúde individual, bem este público. O tabaco vai além de ser um problema familiar ou individual, ele está presente e gera consequências para uma sociedade como um todo. Seu uso desimpedido e desregulado, na forma de não haver políticas para controle e diminuição dos mesmos, pode ser tratado como um impasse que freia o desenvolvimento de uma nação, pois, os efeitos das doenças tabacorelacionadas são econômicos, jurídicos e sociais, e como o presente estudo objetivou mostrar. Os danos econômicos são significantes, mesmo que não se tenha a totalidade de informações relacionadas aos gastos, mas sabe-se da quantidade de mortes que os países tem enfrentado, por consequência do uso de produtos com tabaco e derivados. Enquanto que nas esferas jurídica e social é notado o desconforto que o tema causa, pois alguém necessita pagar a conta, assim, ou eleva-se o preço dos produtos e destina o dinheiro as áreas agredidas ou criase políticas restritivas de uso e comercialização. Dessa maneira, consolidado a apresentação dos dados e fatos, o estudo pretendeu, também, incentivar as pesquisas na área, já que os mesmos são escassos e não abrangentes. Muito ainda pode-se pesquisar, como outros fatores econômicos, o desenvolvimento de cálculos sobre Risco Relativo que levem em conta fatores internos ao Brasil, discussão de fatores intangíveis como causa de controvérsias na sociedade, elaboração de outra metodologia de cálculo das despesas relacionadas ao tabaco e outras mais. A principal questão é que todos os malefícios citados e muitos outros a serem abordados são causados por algo que pode ser revertido, que há “cura” ou pode ser evitado. 42 Referencial Bibliográfico ALIANÇA DE CONTROLE DO TABAGISMO. O veredito final: trechos do processo Estados Unidos x Philip Morris. São Paulo: ACTbr, 2008. Disponível em: <http://actbr.org.br/pdfs/capitulos-sentenca.pdf>. Acesso em: 09 fev. 2012. CARVALHO, Adriana Pereira de. O direito fundamental a ambientes de trabalho livres de fumo. In.: HOMSI, Clarissa Menezes. (Coord.) Controle do Tabaco e o Ordenamento Jurídico Brasileiro. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2011. CAVALIEIRI FILHO, Sérgio. 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(em R$) (continua) S.I.H CID C00 C00 Neopl malig do labio C01 C01 Neopl malig da base da lingua C02 C02 Neopl malig outr partes e NE da lingua C03 C03 Neopl malig da gengiva C04 C04 Neopl malig do assoalho da boca C05 C05 Neopl malig do palato C10 C10 Neopl malig da orofaringe C11 C11 Neopl malig da nasofaringe C13 C13 Neopl malig da hipofaringe C15 C15 Neopl malig do esofago C16 C16 Neopl malig do estomago C25 C25 Neopl malig do pancreas C32 C32 Neopl malig da laringe C34 C34 Neopl malig dos bronquios e dos pulmoes C53 C53 Neopl malig do colo do utero C64 C64 Neopl malig do rim exceto pelve renal S.I.A APAC - Quimioterapia TOTAL Masculino Feminino Masculino Feminino Masculino Feminino 822982,05 255389,40 387387,78 103916,78 15394,95 4254,63 1225764,78 363560,81 TOTAL por CID 1589325,59 2736797,55 954100,27 3928056,72 424056,70 2433293,95 237199,65 9098148,22 1615356,62 10713504,85 2558012,58 214608,11 571356,80 128681,70 4408426,23 304444,83 633883,75 102320,59 2058084,24 163034,36 250201,78 52062,22 9024523,06 682087,30 1455442,33 283064,51 10479965,39 965151,81 8241518,06 413962,46 1097892,49 99659,81 2486533,43 2017971,86 279801,85 354201,57 1284904,30 1074101,35 135671,98 147830,27 12012955,79 3506035,67 1513366,33 601691,65 13526322,11 4107727,32 2774052,85 326521,55 7856507,50 752571,47 4070195,96 373038,67 14700756,31 1452131,69 16152888,00 1156565,35 252312,29 2743992,42 648442,42 1622693,33 396132,23 5523251,10 1296886,94 6820138,04 984657,85 11358770,56 90631,91 3272600,80 3634791,75 12248980,32 222634,83 3047530,27 2033668,83 6889915,51 118667,37 1586948,12 6653118,42 30497666,39 431934,11 7907079,19 7085052,53 38404745,59 6397958,11 972956,78 3048003,36 427815,08 2276144,10 302795,06 11722105,57 1703566,92 13425672,50 1565273,27 11800936,42 1065195,48 1908396,26 2479163,00 13855856,25 1666233,66 1945428,82 2328359,05 6137361,05 1563612,23 831437,84 6372795,33 31794153,73 4295041,37 4685262,91 10667836,69 36479416,64 11596942,98 6986691,62 26650588,81 14918144,18 20483266,78 11695497,56 58730798,58 33600333,36 92331131,94 0,00 2761149,84 0,00 6908719,16 0,00 2097268,75 0,00 11767137,76 11767137,76 1856736,11 653917,80 1435710,93 53525,85 1060569,87 413792,32 4353016,91 1121235,96 5474252,87 Masculino Feminino 46 (continuação) S.I.H. CID C92 C92 Leucemia mieloide I20 I20 Angina pectoris I21 I21 Infarto agudo do miocardio I22 I22 Infarto do miocardio recorrente I23 I23 Alg complic atuais subs infarto agud miocard I24 I24 Outr doenc isquemicas agudas do coracao I25 I25 Doenc isquemica cronica do coracao I60 I60 Hemorragia subaracnoide I61 I61 Hemorragia intracerebral I62 I62 Outr hemorragias intracranianas nao-traum I63 I63 Infarto cerebral I64 I64 Acid vasc cerebr NE como hemorrag isquemico I65 I65 Oclus/esten art pre-cereb q n res inf cereb I66 I66 Oclusao/estenose art cereb q n res inf cereb I67 I67 Outr doenc cerebrovasculares I70 I70 Aterosclerose J10 J10 Influenza dev virus influenza identificado J11 J11 Influenza dev virus nao identificado S.I.A. APAC - Quimioterapia TOTAL Masculino Feminino TOTAL por CID 1028025,90 0,00 26550966,09 81191977,01 2458060,98 41119834,34 29009027,08 122311811,36 0,00 0,00 45502562,39 19569778,36 65072340,75 39619,31 0,00 0,00 816225,22 411034,80 1227260,02 10541,94 8443,84 0,00 0,00 543733,55 244108,94 787842,49 6948852,75 1339826,35 911756,46 0,00 0,00 16805047,26 7860609,21 24665656,47 16983520,33 7551670,32 3444747,57 2792859,03 0,00 0,00 20428267,90 10344529,35 30772797,25 4182582,73 7354886,83 71869,64 116053,49 0,00 0,00 4254452,38 7470940,32 11725392,69 5332854,24 3375002,60 32368,79 18747,87 0,00 0,00 5365223,03 3393750,47 8758973,51 2467777,41 2989154,24 912566,39 2091219,78 12066,13 98167,97 7890,14 84423,63 0,00 0,00 0,00 0,00 2479843,53 3087322,21 920456,52 2175643,40 3400300,06 5262965,61 19569472,79 14875695,92 1348596,84 991684,31 0,00 0,00 20918069,63 15867380,23 36785449,85 4160178,58 1821020,26 188210,45 135517,22 0,00 0,00 4348389,03 1956537,48 6304926,50 359822,62 408481,27 12576,96 9285,07 0,00 0,00 372399,58 417766,33 790165,91 1532881,06 2594279,64 111759,00 132327,10 0,00 0,00 1644640,06 2726606,74 4371246,80 4537127,79 1508572,35 339505,67 130615,80 0,00 0,00 4876633,46 1639188,14 6515821,60 505654,65 495762,63 706,83 1038,03 0,00 0,00 506361,48 496800,67 1003162,14 1039546,92 1072282,27 3162,97 2871,58 0,00 0,00 1042709,89 1075153,85 2117863,74 Masculino Feminino Masculino Feminino Masculino Feminino 3978510,98 72521583,86 386983,19 33937058,40 11352220,08 8670393,15 1043051,89 7182775,94 11220235,04 0,00 44713266,60 19060835,78 789295,79 508942,58 757952,16 371415,49 58273,06 533191,61 235665,10 15465220,91 47 (conclusão) S.I.H. CID J14 J14 Pneumonia dev Haemophilus infuenzae J15 J15 Pneumonia bacter NCOP J16 J16 Pneumonia dev out microorg infecc espec NCOP J17 J17 Pneumonia em doenc COP J18 J18 Pneumonia p/microorg NE J40 J40 Bronquite NE como aguda ou cronica J41 J41 Bronquite cronica simples e a mucopurulenta J42 J42 Bronquite cronica NE J43 J43 Enfisema J44 J44 Outr doenc pulmonares obstrutivas cronicas J45 J45 Asma J46 J46 Estado de mal asmatico J47 J47 Bronquectasia TOTAL S.I.A. APAC - Quimioterapia TOTAL Feminino Masculino Feminino Masculino Feminino 24973,67 10803830,04 27985,12 9194922,59 237,18 19983,08 304,51 18187,18 0,00 0,00 0,00 0,00 25210,85 10823813,12 28289,63 9213109,77 53500,47 20036922,89 1309591,03 1218744,79 586,44 997,26 0,00 0,00 1310177,46 1219742,05 2529919,51 194512,19 164151,24 931,26 1878,80 0,00 0,00 195443,45 166030,04 361473,49 33216865,86 28988966,94 47152,67 47806,96 0,00 0,00 33264018,53 29036773,90 62300792,43 3299785,41 2386416,50 10413,91 10168,46 0,00 0,00 3310199,33 2396584,96 5706784,29 652207,34 1079327,95 507617,96 738319,08 25549,17 17806,44 25030,94 11423,94 0,00 0,00 0,00 0,00 677756,51 1097134,39 532648,90 749743,03 1210405,41 1846877,41 2307092,92 1392673,18 71992,69 46420,78 0,00 0,00 2379085,61 1439093,97 3818179,58 29765232,00 4509344,82 566962,35 24779050,20 4658230,61 604003,36 413206,95 49186,54 570,43 399515,87 67611,91 729,71 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 30178438,95 4558531,36 567532,78 25178566,07 4725842,52 604733,07 55357005,02 9284373,88 1172265,85 0,00 362369068,06 708373,87 205446965,46 108934,42 121991359,87 95943,77 47470346,33 0,00 69721399,60 0,00 21994450,80 Fonte: Elaboração própria. (DATASUS, 2014) Masculino 108934,42 554081827,53 Feminino TOTAL por CID Masculino 804317,64 913252,06 274911762,59 828993590,12 48 ANEXO B – Séries temporais das despesas do S.U.S com doenças tabaco-derivadas, por base de dados. Brasil, 2007:1 a 2014:8. (em R$) (continua) ANO-MÊS 2007-1 2007-2 2007-3 2007-4 2007-5 2007-6 2007-7 2007-8 2007-9 2007-10 2007-11 2007-12 2008-1 2008-2 2008-3 2008-4 2008-5 2008-6 2008-7 2008-8 2008-9 2008-10 2008-11 2008-12 2009-1 2009-2 2009-3 2009-4 2009-5 2009-6 2009-7 2009-8 2009-9 2009-10 2009-11 2009-12 2010-1 S.I.H 25031775,43 23955063,32 25947782,5 26784058,35 27929269,94 28174593,92 29399936,1 28880235,74 33196238,3 32274081,34 31510093,5 33519784,12 16785360,38 28037690,25 29561083,58 31939164,63 31131979,58 35153803,07 34689882,05 35217624,69 35181710,9 33736049,12 30493312,11 34510024,11 33450610,6 33407373,36 37282221,94 37610482,91 40710868,25 40074852,09 42066076,29 43655469,39 42259021,92 41447264,97 40236392,42 37887505,33 37063063,24 S.I.A 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 8164331,834 10154058,28 10703590,74 12094907,3 11921834,4 11925264,7 11970354,64 12168543,85 12391339,47 12459831,66 12112228,41 7987945,796 8347599,815 8371879,667 9221139,616 8749426,413 8739703,372 9129177,584 9464321,731 9435493,097 9769264,722 9496047,297 9515501,807 9498366,206 12749276,73 APAC-ONCO 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 5991875,057 6154775,962 6467469,463 6766369,673 6753248,907 6654017,256 6409589,127 6920098,017 7136664,075 7161900,093 6894624,254 6583298,766 7002632,035 6852947,376 7428672,29 7352181,272 7423602,515 7604152,975 7891661,466 7875821,784 8009513,659 7940951,886 7823816,251 7130031,135 7909642,31 TOTAL 25031775,43 23955063,32 25947782,50 26784058,35 27929269,94 28174593,92 29399936,10 28880235,74 33196238,30 32274081,34 31510093,50 33519784,12 30941567,28 44346524,49 46732143,79 50800441,60 49807062,88 53733085,03 53069825,82 54306266,56 54709714,45 53357780,87 49500164,78 49081268,67 48800842,45 48632200,40 53932033,85 53712090,59 56874174,14 56808182,65 59422059,49 60966784,27 60037800,30 58884264,15 57575710,47 54515902,67 57721982,27 49 ANO-MÊS 2010-2 2010-3 2010-4 2010-5 2010-6 2010-7 2010-8 2010-9 2010-10 2010-11 2010-12 2011-1 2011-2 2011-3 2011-4 2011-5 2011-6 2011-7 2011-8 2011-9 2011-10 2011-11 2011-12 2012-1 2012-2 2012-3 2012-4 2012-5 2012-6 2012-7 2012-8 2012-9 2012-10 2012-11 2012-12 2013-1 2013-2 2013-3 2013-4 S.I.H 35043109,25 38040745,98 40093442,05 41512939,61 40657558,35 42406181,09 42572625,54 41880305,76 41467178,64 42705064,24 41797612,14 41370267,55 40145555,26 42558116,1 43560368,43 44567896,84 43307026,13 46209095,34 44343763,03 44392784,78 41736102,07 43338025,67 42270368,12 40812902,86 39499812,2 43752730,43 43329598,92 46046071,92 46674786,8 48128820,63 48182959,29 45317698,69 45368129,08 42483726,12 41603360,14 43068547,7 37505937,05 45570393,16 48210143,63 S.I.A 12500167,6 14011066,21 13307027,04 13714490,15 13430532,19 13233364,26 13490441,07 14863667,44 14112535,14 14489543,45 14500719,25 13178428,58 14186132,09 14781809,35 13168848,53 13818583,56 13882667,71 13553984,2 13786775,17 13837433,94 13374299,47 13321825,09 13640087,18 15931226,37 14768020,04 16703539,62 14193207,34 15936659,6 15787543,28 16384926,24 14964469,14 14383707,82 14791558,32 13884614,12 13486500,05 13854982,41 13355580,68 11058415,48 15129259,98 APAC-ONCO 7714242,959 8426400,744 8268916,414 8599082,218 8504513,468 8057561,534 8133467,726 8499794,333 8146596,215 8142968,892 7628485,424 7881495,265 7779542,33 8002400,753 6715635,417 7033921,847 6853298,463 6584755,377 6847981,437 6748243,85 6661002,148 6588143,433 6224420,714 7359140,058 7139842,831 7589481,944 7408791,73 7815404,002 7467310,581 7696454,539 7857244,199 7346346,667 7704948,654 7301015,939 6605603,973 7658202,369 7254450,711 7401050,78 5888703,971 (continuação) TOTAL 55257519,82 60478212,94 61669385,51 63826511,98 62592604,00 63697106,88 64196534,34 65243767,53 63726310,00 65337576,59 63926816,82 62430191,40 62111229,69 65342326,20 63444852,38 65420402,25 64042992,31 66347834,91 64978519,64 64978462,56 61771403,69 63247994,19 62134876,02 64103269,28 61407675,06 68045751,99 64931597,99 69798135,53 69929640,66 72210201,41 71004672,63 67047753,18 67864636,05 63669356,18 61695464,16 64581732,48 58115968,45 64029859,42 69228107,58 50 (conclusão) ANO-MÊS 2013-5 2013-6 2013-7 2013-8 2013-9 2013-10 2013-11 2013-12 2014-1 2014-2 2014-3 2014-4 2014-5 2014-6 2014-7 2014-8 S.I.H 51076284,64 49134737,46 52009743,99 49184819,64 51037492,7 51110575,87 43273038,7 46196661,84 46905227,02 45217502,86 44782331,73 46249445,29 49827964,78 49224040,32 52667982,58 51952016,09 R$ 3.681.573.415,80 TOTAL Fonte: Elaboração própria. S.I.A APAC-ONCO TOTAL 14217891,76 7824243,467 73118419,87 13909293,01 6763599,709 69807630,18 14758891,03 7908265,222 74676900,24 14953684,22 8034149,522 72172653,39 14826822,88 8074776,678 73939092,26 15360097,38 8217344,668 74688017,91 14274345,47 7853974,348 65401358,51 13762449,4 6915706,648 66874817,89 14747398,8 8226893,326 69879519,15 16752423,18 8162839,294 70132765,33 16424308,85 8229137,586 69435778,17 15118499,57 8325252,353 69693197,21 15423571,86 8391935,513 73643472,15 14855703,49 8059918,026 72139661,83 15869130,52 8161979,488 76699092,58 15574347,7 5649421,985 73175785,77 R$ 1.048.168.927,43 R$ 594.475.859,35 R$ 5.324.218.202,57 51 ANEXO C – Série temporal das despesas totais do S.U.S com doenças tabaco-relacionadas, em valores nominais e corrigidos pelo IPCA. Brasil, 2007:1 a 2014:8. (em R$) (continua) Período 2007-1 2007-2 2007-3 2007-4 2007-5 2007-6 2007-7 2007-8 2007-9 2007-10 2007-11 2007-12 2008-1 2008-2 2008-3 2008-4 2008-5 2008-6 2008-7 2008-8 2008-9 2008-10 2008-11 2008-12 2009-1 2009-2 2009-3 2009-4 2009-5 2009-6 2009-7 2009-8 2009-9 2009-10 2009-11 2009-12 2010-1 2010-2 2010-3 2010-4 2010-5 IPCA Índice Valor Nominal Valor Corrigido 0,44% 0,44% 0,37% 1,0044 1,0044 1,0037 25031775,43 23955063,32 25947782,50 37988360,53 36195077,95 39034240,89 0,25% 0,28% 0,28% 0,24% 0,47% 0,18% 1,0025 1,0028 1,0028 1,0024 1,0047 1,0018 26784058,35 27929269,94 28174593,92 29399936,10 28880235,74 33196238,30 40143750,73 41755796,00 42004954,98 43709407,51 42833958,24 49004949,53 0,30% 0,38% 0,74% 0,54% 0,49% 0,48% 1,003 1,0038 1,0074 1,0054 1,0049 1,0048 32274081,34 31510093,50 33519784,12 30941567,28 44346524,49 46732143,79 47558038,56 46293370,77 49059501,84 44953372,88 64082682,46 67200723,95 0,55% 0,79% 0,74% 0,53% 0,28% 0,26% 1,0055 1,0079 1,0074 1,0053 1,0028 1,0026 50800441,60 49807062,88 53733085,03 53069825,82 54306266,56 54709714,45 72701958,20 70890408,39 75878873,85 74391757,09 75723628,96 76073184,14 0,45% 0,36% 0,28% 0,48% 0,55% 0,20% 1,0045 1,0036 1,0028 1,0048 1,0055 1,002 53357780,87 49500164,78 49081268,67 48800842,45 48632200,40 53932033,85 74000934,71 68343332,20 67521896,60 66948653,47 66398584,46 73231785,72 0,48% 0,47% 0,36% 0,24% 0,15% 0,24% 1,0048 1,0047 1,0036 1,0024 1,0015 1,0024 53712090,59 56874174,14 56808182,65 59422059,49 60966784,27 60037800,30 72787559,94 76704453,73 76257044,92 79479682,38 81350579,99 79991010,55 0,28% 0,41% 0,37% 0,75% 0,78% 0,52% 1,0028 1,0041 1,0037 1,0075 1,0078 1,0052 58884264,15 57575710,47 54515902,67 57721982,27 55257519,82 60478212,94 78266264,40 76313317,56 71962670,03 75913912,34 72131750,24 78335690,86 0,57% 0,43% 1,0057 1,0043 61669385,51 63826511,98 79465362,56 81778833,16 52 (continuação) Período 2010-6 2010-7 2010-8 2010-9 2010-10 2010-11 2010-12 2011-1 2011-2 2011-3 2011-4 2011-5 2011-6 2011-7 2011-8 2011-9 2011-10 2011-11 2011-12 2012-1 2012-2 2012-3 2012-4 2012-5 2012-6 2012-7 2012-8 2012-9 2012-10 2012-11 2012-12 2013-1 2013-2 2013-3 2013-4 2013-5 2013-6 2013-7 2013-8 2013-9 2013-10 2013-11 2013-12 2014-1 IPCA 0,00% Índice 1 Valor Nominal 62592604,00 Valor Corrigido 79854492,69 0,01% 0,04% 1,0001 1,0004 63697106,88 64196534,34 81263597,14 81892568,25 0,45% 0,75% 1,0045 1,0075 65243767,53 63726310,00 83195197,42 80896187,74 0,83% 0,63% 0,83% 0,80% 0,79% 0,77% 0,47% 0,15% 0,16% 0,37% 0,53% 0,43% 0,52% 0,50% 0,56% 0,45% 0,21% 0,64% 0,36% 0,08% 0,43% 0,41% 0,57% 0,59% 0,60% 0,79% 0,86% 0,60% 0,47% 0,55% 0,37% 0,26% 1,0083 1,0063 1,0083 1,008 1,0079 1,0077 1,0047 1,0015 1,0016 1,0037 1,0053 1,0043 1,0052 1,005 1,0056 1,0045 1,0021 1,0064 1,0036 1,0008 1,0043 1,0041 1,0057 1,0059 1,006 1,0079 1,0086 1,006 1,0047 1,0055 1,0037 1,0026 65337576,59 63926816,82 62430191,40 62111229,69 65342326,20 63444852,38 65420402,25 64042992,31 66347834,91 64978519,64 64978462,56 61771403,69 63247994,19 62134876,02 64103269,28 61407675,06 68045751,99 64931597,99 69798135,53 69929640,66 72210201,41 71004672,63 67047753,18 67864636,05 63669356,18 61695464,16 64581732,48 58115968,45 64029859,42 69228107,58 73118419,87 69807630,18 82324149,24 79883584,04 77524978,71 76493996,15 79834623,47 76908729,31 78697547,13 76680193,37 79320854,80 77559701,21 77273720,32 73072535,69 74498924,33 72809190,28 74742028,87 71200344,30 78543548,01 74791893,20 79886175,32 79749588,59 82284571,98 80564427,40 75764132,89 76252572,97 71119161,62 68503289,28 71145991,38 63477126,62 69519453,25 74811757,46 78583636,08 74748811,72 0,03% 0,24% 1,0003 1,0024 74676900,24 72172653,39 79755378,51 77057710,50 0,35% 0,57% 1,0035 1,0057 73939092,26 74688017,91 78754700,75 79274941,19 0,54% 0,92% 0,55% 1,0054 1,0092 1,0055 65401358,51 66874817,89 69879519,15 69024507,05 70200511,36 72685926,28 53 (conclusão) Período 2014-2 2014-3 2014-4 2014-5 2014-6 2014-7 2014-8 IPCA 0,69% Índice 1,0069 Valor Nominal 70132765,33 Valor Corrigido 72550316,26 0,92% 0,67% 1,0092 1,0067 69435778,17 69693197,21 71337077,38 70948815,99 0,46% 0,40% 1,0046 1,004 73643472,15 72139661,83 74471302,84 72616551,96 0,01% 0,25% 1,0001 1,0025 76699092,58 73175785,77 76898529,40 73358725,24 Fonte: Elaboração própria. (DATASUS, IPCA, 2014)