ID: 37984732 14-10-2011 Tiragem: 19900 Pág: 8 País: Portugal Cores: Preto e Branco Period.: Semanal Área: 27,67 x 31,85 cm² Âmbito: Economia, Negócios e. Corte: 1 de 2 Mão de obra representa fatia elevada dos custos de produção no setor vitivinícola JOÃO LUÍS DE SOUSA E MARC BARROS O custo médio de contratação de mão de obra para a época das vindimas em Portugal ronda os 40 a 45 euros diários, com algumas oscilações regionais, tendo em conta diversas condicionantes, desde logo de cariz orográfico. Assim, segundo apurou a VE junto de vários produtores e entidades oficiais, os custos de produção na região duriense são cerca de três vezes superiores aos do Alentejo. Paulo Osório, vicepresidente do IVDP, disse à VE que “a mão de obra representa cerca de 70 a 80% deste custo, uma vez que se trata de viticultura de montanha”. Isto porque no Douro “a mecanização é insípida. Não decorre tão rápido como o desejado e, desta forma, recorrer a mão de obra é efetivamente necessário”, disse um produtor da região. Já no Alentejo, dependendo das zonas, “os níveis de mecanização Custos de produção na região dos vinhos verdes Custo por kg de uva Ramada Ramada Cordão simples Cordão simples Custo total euros Euro/k Custo total euros Euro/kg Máquinas e equipamentos 1541,4 0,088 1031,4 0,086 Mão de obra 4031,3 0,230 1702,5 0,142 Consumos Intermédios 1775,8 0,101 1770 0,148 Total 7348,5 0,420 4503,9 0,375 Produção kg/ha 17000 12000 Fonte: Estudo Tecnologia vitícola, custo de produção de uvas e competitividade nos mercados de vinho - UCP, GPP - MADRP(2011) atingem em alguns casos 50%, tendo vindo a aumentar”. Com jornadas diárias de 8 horas, estes trabalhadores podem ou não gozar de transporte e alimentação. Em ambos os casos (Douro e Alentejo), quem apenas apanha uva ganha menos do que quem transporta. Também na Bairrada “as parcelas só são vindimadas à mão se não for possível [fazê-lo] à máquina. Logo, a tendência é aumentar a vindima à máquina”. Nesta região, um produtor de grande dimensão referiu pagar 25 euros por dia (valor líquido por jornadas de 8 horas de trabalho), sendo que todos os colaboradores têm seguro e são inscritos na segurança social. “As refeições são da responsabilidade de cada um e colocamos transporte à disposição para a parcela”. Mão de obra nacional predomina No Douro, verifica-se ainda “alguma dificuldade na contratação de mão de obra, visto tratarse de um trabalho duro”. Já no Alentejo “a dificuldade é média, mas em geral existe facilidade em encontrar gente disponível para trabalho sazonal”. Por sua vez, o mesmo produtor bairradino relatou que “este ano não tivemos grande dificuldade na contratação de colaboradores para as vindimas e inclusive tivemos oferta superior à necessidade”. Estes trabalhadores são todos “de nacionalidade portuguesa”, sendo que “este ano também tivemos alguns jovens universitários na vindima”. Ou seja, na sua maioria estes trabalhadores “são pessoas com a escolaridade mínima, sem formação e de dentro da região ou de concelhos próximos” das respetivas regiões. Porém, “quando há dificuldade de mão de obra recorre-se a estrangeiros, principalmente de países de Leste”. Já no caso dos vinhos verdes, segundo dados retirados do portal da respetiva Comissão Vitivinícola, a mão de obra representa um custo médio de 0,230 euros/ kg e 0,142 euros/kg, caso se trate de vinha em ramada ou cordão simples, respetivamente (ver quadro 1). A estrutura de custos, na região, reparte-se da seguinte forma: 23% em máquinas e equipamentos, 38% em mão de obra (a um valor unitário médio de 5 euros/hora) e 39% nos chamados consumos intermédios. Vindima regista quebra de produção de 17% a 22% MARC BARROS [email protected] A produção de vinho na campanha 2011/2012 deve atingir um volume de 5,6 a 5,9 milhões de hectolitros, refletindo uma diminuição de 17 a 22% face ao ano anterior. Segundo as previsões do Instituto da Vinha e do Vinho (IVV), estes resultados traduzem-se numa redução na ordem dos 1,2 a 1,5 milhões de hectolitros face à campanha 2010/2011 (quadro 1). A redução da produção atinge a maioria das regiões vitivinícolas do continente, com exceção do Minho (vinhos verdes), onde as previsões apontam para um aumento de 5%. Nas áreas mais litorais e também na sub-região de Monção e Melgaço (zona por excelência de produção de Alvarinho, a uva mais bem paga em Portugal, rondando os 1,05 euros/kg.), verificase um aumento de produção. Nas regiões autónomas, a Madeira deverá manter o nível de produção atingido no ano anterior, enquanto nos Açores é previsível um aumento de 65% (esta ordem de grandeza é devida à diminuição substancial verificada na campanha anterior). Em Trás-os-Montes, as condições climatéricas instáveis no período de vindima poderão influenciar a estimativa de produção, que se situa numa redução de 7% face à anterior campanha. Quanto ao Douro e Porto, na sub-região do Baixo Corgo, a previsão é de diminuição da produção em 25%, em relação ao ano anterior. De acordo com o comunicado de vin- Estimativa de produção e evolução dos últimos cinco anos Produção (1.000 hl) Região vitivinícola 2006/2007 Minho Trás os Montes Douro Beiras Dão Bairrada Beira Interior Restante região Tejo Lisboa Península Setúbal Alentejo Algarve Madeira Açores Total Var. ano anterior (%) 938 232 1718 1338 507 351 356 124 640 1196 428 962 32 49 10 7543 3,8% 2007/2008 711 98 1443 660 238 249 124 49 669 1056 419 630 28 46 12 6073 -19,5% 2008/2009 784 105 1379 729 245 201 191 92 519 933 337 812 24 50 10 5681 -6,5% 2009/2010 867 112 1347 788 294 238 189 68 545 962 379 810 24 45 14 5893 3,7 2010/2011 911 118 1657 932 3525 288 221 71 629 1204 431 1190 19 37 5 7133 21,0% Média 5 última campanhas 842 133 1509 890 327 265 216 81 601 1070 399 941 25 45 10 6464 Previsão campanha 2011/2012 Volume variação em % (1.000 hl) vs 2010/2011 960 5% 110 -7& 1243 -25% 740 -21% 266 -25% 261 -10% 156 -30% 57 -20% 491 -22% 1000 -17% 345 -20% 9756 -18% 16 -15% 27 0% 8 65% 5925 -17% Estas previsões contaram com o importantes apoio e colaboração de diversos intervenientes, destacando-se as Comissões Vitivinícolas Regionais, IVDP, IP, Direcções Regionais de Agricultura e Pescas, IVBAM (Madeira) e DRACA (Açores). dima de 2011 do IVDP, os custos médios estimados (baseados na produtividade média dos últimos seis anos) de granjeio dos vinhedos na região demarcada do Douro variam entre 625 e 890 euros por barrica, dependendo de ser, respetivamente, granjeio “amador” ou “profissional”. Este dado tem consequências quando se verifica que os preços médios por litro dos vinhos do Porto e DOC Douro aproximam-se cada vez mais, sendo que em certos mercados são já equivalentes (ver quadros 2 e 4). Nas Beiras, as previsões apontam para evolução negativa da produção, que poderá atingir -21% e que traduz uma diminuição na ordem dos 190.000 hl face à campanha anterior. Assim, o Dão poderá registar uma diminuição de 25%, a Bairrada uma quebra de 10% da produção e a diminuição de 30% da produção na Beira Interior. No Tejo, estima-se que a produção venha a sofrer uma quebra na ordem dos 22%, o que significa o nível de produção mais baixo verificado nos últimos seis anos. Em Lisboa, a previsão de produção está em linha com a média verificada nesta região nos últimos cinco anos de produção, mas com uma diminuição de 17% face à campanha anterior. Na Península de Setúbal, prevê-se uma redução de 20% na produção, para um volume similar ao verificado na campanha 2008/2009. Já no Alentejo, estima-se uma redução acentuada na produção de vinho na região. Apesar da redução prevista, verifica-se que o volume deverá manter-se ao nível da média das últimas cinco campanhas. Prevê-se uma diminuição de 18% da produção face ao ano anterior. ID: 37984732 14-10-2011 08 ATUALIDADE A mão-de-obra representa uma fatia elevada nos custos de produção no setor vitivinícola Tiragem: 19900 Pág: 2 País: Portugal Cores: Cor Period.: Semanal Área: 4,66 x 5,82 cm² Âmbito: Economia, Negócios e. Corte: 2 de 2