SATISFAÇÃO NO ATENDIMENTO CONSIDERANDO QUALIDADE: PERCEPÇÃO DOS USUÁRIOS DA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA Autoria: Izabel Cristina Lucas Garcia - Faculdade de Ciências Médicas de Campina Grande (FCM) RESUMO ESTENDIDO Introdução: A atenção em saúde envolve aspectos de assistência desde a promoção, proteção e recuperação, no entanto para que haja resultados satisfatórios é preciso que os serviços de saúde ofereçam atendimento de qualidade e isto envolve diversos fatores, tanto estruturais, profissionais, legais, éticos, entre outros. É relevante incluir neste contexto aqueles que irão receber atenção em saúde, no que diz respeito a sua experiência e participação no atendimento, incluindo sua percepção quanto aos serviços oferecidos na instituição de saúde. Para que um serviço de saúde possa trabalhar de forma coerente é preciso que haja qualidade no serviço que está sendo oferecido, este conceito varia de acordo com vários fatores, entre estes, quem está oferecendo o serviço, para quem está recebendo o mesmo. Sendo assim, são distintas e inúmeras as definições de qualidade. De acordo com Campos (2008) o significado de qualidade depende do grau da necessidade de cada individuo, ou seja, tornando-se indispensável mediante a necessidade de quem está precisando do cuidado, e quem vai definir o que é qualidade é quem está recebendo o serviço tendo variação de pessoa para pessoa diante deste conceito.Daí surgiu à necessidade na realização da pesquisa na Estratégia de Saúde da Família (ESF), relacionando qualidade e percepção dos usuários do serviço de saúde . Apesar da compreensão de que tratar de satisfação no atendimento seja um desafio, tendo em vista que os conceitos de cuidado e qualidade são amplos e sofrem interferências, como a história e a cultura. Contudo o tema é relevante, pois envolve critérios essenciais a assistência em saúde, além de tornar valorosa a visão dos usuários do serviço de saúde, quanto à vivência da qualidade no atendimento. Daí o objetivo da pesquisa é identificar o critério de satisfação ou não dos usuários da Estratégia Saúde da Família Centro da cidade de Icó – CE considerando qualidade de atendimento em saúde. Metodologia: pesquisa exploratória, descritiva e qualitativa. A coleta de dados se deu na Estratégia Saúde da Família (ESF) Equipe Centro no município de Icó- CE. A população foram os usuários cadastrados na referida Unidade da ESF. A amostra nãoprobabilística foi formada por usuários cadastrados na ESF Centro em Icó – CE que se encontravam na sala de espera da referida unidade aguardando atendimento no momento escolhido para coleta de dados. Os critérios de inclusão da amostra não probabilística foram: pessoas cadastradas na ESF Centro da cidade de Icó – CE com idade maior de 18 anos e disposição voluntária para a participação na pesquisa.Foram excluídas da amostra as pessoas que não se enquadrarem nos critérios descritos anteriormente. O número de participantes da pesquisa se deu também pelo critério de saturação obtido na análise das respostas . O instrumento para a coleta de dados foi um roteiro de entrevista semi–estruturada tendo sido gravadas as falas e posteriormente transcritas na íntegra para análise.Para análise dos dados foi adotada a técnica de análise de conteúdo tipo categorial-temática proposta por Bardin (2009). A pesquisa seguiu as diretrizes emanadas da Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde, que regulamenta as normas aplicadas a pesquisas que envolvem direta ou indiretamente seres humanos. Resultados e Discussão: Quanto a satisfação ou não dos usuários relacionada ao atendimento nesta pesquisa obteve-se as seguintes categorias, as quais incluem subcategorias que estão assim expressas. Categoria I - Satisfação ao ser atendido , descrevendo as seguintes subcategorias : Subcategoria A - Compromisso e responsabilidade profissional : “Eu tô satisfeita. Por que os médicos são pontuais e eu , marco as minhas consultas e da certo, eu sou bem atendida ,por isso.” ( Entrevistado 05). A responsabilidade é um dos fundamentos da conduta profissional, uma vez que esta se encontra definida como sendo uma qualidade ou condição de responder pelos próprios atos ou de outrem ( FORTES, 2005) e isto reflete no ambiente de trabalho e na assistência ao paciente onde vai ser estabelecida relações. A responsabilidade deve ser implementada e compreendida além do aspecto meramente teórico e prático, mas sob a responsabilidade no aspecto legal, uma vez que tanto o profissional quanto o paciente são cidadãos e estão sob o controle jurídico (ZOBOLI;OGUISSO 2006).Neste sentido qualquer que seja o profissional de saúde possui deveres e logo responsabilidades e o cumprimento destes gera qualidade no serviço conforme exposta nas falas do entrevistado. Subcategoria B- Atendimento justo . “Estou satisfeito, atendem super bem, e trata a eles não tem escolha a quem tanto faz um pobre, um rico, ou um classe média ou um classe pobre, tudo é igual. Eu observo mesmo, a gente chega aqui ,a gente mais pobre, assim do sitio... essas coisas... mais a gente é bem atendido, eu acho.”(Entrevistado 07). Justiça caminha no sentido de definição junto com a equidade e ambas são princípios éticos, logo devem fazer parte do atendimento, além disso relacionam-se com a fidelidade e veracidade. (OGUISSO, SCHIMDTH, 2010). Agir com justiça em suas ações profissionais relaciona-se precisamente com a equidade e esta é tão relevante que é um dos princípios doutrinários do Sistema Único de Saúde, remetendo a igualdade de trato entre iguais, e tratamento diferenciado entre desiguais, de acordo com a necessidade individual.A população entrevistada possivelmente não compreende teoricamente tais termos conforme descritos anteriormente, contudo sentem seus reflexos no atendimento de qualidade. Daí torna-se importante também que o profissional de saúde, a equipe do ESF saibam que equidade e justiça são necessários ao atendimento, tanto quanto o conhecimento teórico-prático de procedimentos e condutas clínicas de assistência. Subcategoria C – Acolhimento. “Sim. É porque aqui somos bem recebidos eles nos tratam bem e também no falta nada.” (Entrevistado 04). O acolhimento foi entendido como responsabilização profissional para com o estado de saúde do usuário,sendo um dos elementos essenciais da assistência e despertando no usuário um sentimento de confiança em relação ao profissional. O acolhimento mantém relação com o SUS e com a enfermagem ; uma vez que afirmam assim como o SUS está em construção, o processo de acolhimento também está se desenvolvendo, por isso a dedicação de cada profissional, a valorização do trabalho em equipe e a capacitação de todos é imprescindível para a implementação dessa proposta,fazendo com que esta alcance seus objetivos e resultados satisfatórios. O acolhimento deve mesclar uma recepção administrativa e um ambiente confortável para a realização da avaliação do estado de saúde e classificação de risco, não atuando como uma etapa do processo, mas como uma ação que deve ocorrer em todos os locais e momentos do serviço saúde. Se estas ações forem tomadas isoladamente, pode resultar numa ação pontual, descomprometida com processo de produção de saúde humanizado, compactuando coma visão tradicional de acolhimento, cujo objetivo principal é o repasse do problema tendo como foco a doença e o procedimento, e não o sujeito e suas necessidades. Categoria II : Insatisfação ao ser atendido.Subcategoria A- Tempo demorado para atendimento.“Não ,muito não !Por que pra receber a gente demora muito.(Entrevistado 09). A qualidade de atendimento nos serviços de saúde pode esta relacionada não somente ao tipo de conduta profissional, bem como dos fatores diversos relacionados a toda a forma de atenção em saúde , e nesta está incluída o tempo do serviço, a espera para o atendimento, os recursos, entre outros critérios.Subcategoria B -Ausência de profissionais e recursos.“Tô não . Por que agente vem não tem médico, às vezes a gente vem não tem nem um medicamento (Entrevistado,10). A este respeito Junqueira e Auge (1995) descrevem que aceitação e aprovação de um serviço de saúde pro parte da população está na dependência de fatores como a disponibilidade de atendimento e serviços, a isto inclui o grau de acesso a eles, dentre estes podem está inclusos os profissionais ; mencionam também aspectos cognitivos os quais se relacionam ao conhecimento da existência da oferta de serviços médicos e motivacionais descritos como a própria satisfação com os serviços de saúde. Considerações Finais: As opiniões são divergentes acerca do que é satisfação e qualidade em saúde, contudo a maioria considera o atendimento satisfatório e de qualidade na ESF de Icó- CE e apontam como fatores para esta satisfação: Compromisso com responsabilidade profissional, atendimento justo, acolhimento. Existiram também em nível tão valioso aqueles que descrevem que o atendimento não é de qualidade e/ insatisfatório, justificam suas falas pela demora para ser atendido; carência de profissionais e recursos. A percepção dos usuários acerca de qualidade no atendimento é divergente, e favorece as discussões no âmbito da assistência, o que pode produzir resultados satisfatórios, uma vez que se realmente o atendimento é de qualidade, após uma análise em grupo, um debate comunitário se reafirmará como merecedor de destaque. Por outro lado as ações que realmente merecem ser modificadas podem sofrer alterações ou sugestões de planejamento e implementação de mudanças tanto por parte da gestão, como pelos profissionais e até mesmo dos usuários, buscando sempre construir atendimento com qualidade. Palavras chave: Qualidade; Satisfação, Serviços de Saúde. Referências: BARDIN, L. Análise do conteúdo. Lisboa:2009. Edição 70, 225 p. CAMPOS, A. O que é qualidade. Efetividade.Net. São Paulo, mai.2008. Disponível em: <http://www.efetividade.net/2008/05/27/o-que-é-qualidade/>. Acesso em:10 set 2009. FORTES, Paulo Antonio de Carvalho. Ética e saúde: questões éticas, deontológicas e legais, tomada de decisões, autonomia e direitos do paciente, estudos de caso. São Paulo:EPU 2005. OGUISSO, T; SCHIMIDT, M. J. O exercício da enfermagem: uma abordagem éticolegal.3ª Edição Atualizada e Ampliada Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2010 JUNQUEIRA, L. A. P.; AUGE, A. P. F. Qualidade dos serviços de saúde e satisfação do usuário. Cad.saúde pública. São Paulo. 1995. Disponível em: http://www.Fundap.Sp.Gov.Br.Acesso em: 16/09/2009. ZOBOLI,E.C.P.; OGUISSO,T. Ética e Bioética: desafios para a enfermagem e a saúde.São Paulo: Editora Manole, 2006.