Anais do Encontro Nacional de Recreação e Lazer
* Alunas do 3º período do Curso de Gestão
Desportiva e de Esporte e Lazer do Instituto
Federal do Rio Grande do Norte.
** Doutora em Educação e Docente do
Curso de Gestão Desportiva e de Esporte e
Lazer do Instituto Federal do Rio Grande do
Norte.
Práticas de lazer
Resumo
dos funcionários
terceirizados do
IFRN na perspectiva
de Nobert Elias e
Eric Dunning
Adelaide Vandecia do Rêgo,* Andressa
Soares Duarte da Costa,* Beatriz Braz
Diniz,* Mônica de Medeiros da Silva,*
Kadydja Karla Nascimento Chagas**
,
O objetivo principal deste trabalho foi analisar até que ponto as atividades
lúdicas vivenciadas pelos funcionários terceirizados do IFRN correspondem
às práticas de lazer apresentadas por Nobert Elias e Eric Dunning. Para o
desenvolvimento deste trabalho realizamos uma pesquisa exploratória com
a utilização de entrevistas semiestruturadas, tendo em vista a exposição dos
fatos e fenômenos pesquisados. Ao final das entrevistas relacionamos as
atividades de lazer feitas pelos funcionários com as tipologias de lazer segundo Elias e Dunning (1985), obtendo os seguintes resultados: 1) As atividades descritas pelos funcionários se adequaram com as atividades apresentadas pelos autores Elias e Dunning em atividades de lazer subdivididas
em: encontros sociais, lazer comunitário, festas ou mimica de elevado grau
organizacional, participar de atividades miméticas de alto grau de organização, miscelânea de atividades esporádicas prazerosas multifuncionais.
2) O lazer deve ser entendido como uma atividade escolhida livremente e
não remunerada, no sentido de ser agradável, sendo que é nas atividades de
lazer que as pessoas são capazes de procurar excitação emocional e onde
podem mesmo mostrá-la. Por fim, percebemos que as atividades descritas
pelos funcionários e desempenhadas no seu tempo livre caracterizam-se
em: atividades não dedicadas ao lazer e atividades dedicadas ao lazer.
Palavras-chave: Atividade lúdica. Lazer. Excitação.
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Introdução
Este estudo procura compreender o lazer com base na visão sociológica de
Nobert Elias e Eric Dunning a partir da obra A busca da excitação. Desse modo,
buscamos por meio deste estudo compreender como as pessoas veem o lazer,
seja como divertimento ou como forma de ocupar o tempo livre.
O lazer ligado ao aspecto tempo considera as atividades desenvolvidas no tempo
liberado do trabalho, ou no tempo livre ou disponível, não só das obrigações
profissionais, mas também das familiares, sociais e religiosas (MARCELLINO,
2000). Neste contexto o homem tem a oportunidade de relaxar, descansar, se
distrair ou exercer alguma forma de recreação.
É Importante ressaltar que as consequências do trabalho excessivo podem gerar
problemas tanto físicos quanto emocionais e comportamentais. Os profissionais podem perder a produtividade, ou seja, ter problemas relacionados à eficiência, e também se tornar mais irritados, e apresentar elevado nível ansiedade.
Somado a tudo isso, tais pessoas podem desenvolver problemas físicos, tais
como: dores de cabeça, dores musculares, aumento da pressão arterial, fadiga,
dificuldade de concentração e insônia. Afirma-se ainda que possam perder o
desejo sexual e desenvolver hábitos compulsivos relacionados a comida e a bebidas alcoólicas. Segundo Elias e Dunning (1985, p. 106),
O trabalho de acordo com a tradição classifica-se a nível superior, como um
dever moral e um fim em se mesmo; enquanto o lazer é classificado a um nível
inferior sendo associado à preguiça e indulgência.
Esses autores defendem que o trabalho e o lazer estão no mesmo nível de importância nas sociedades atuais. As atividades de lazer não devem ser pensadas
como complementares e nem como uma forma de relaxação das tensões. Para
eles o que se busca no lazer é uma excitação agradável.
Então o lazer se torna um momento de produzir sensações agradáveis, liberando
as tensões produzidas pela vida cotidiana e rotineira. As explosões apaixonadas,
a total ausência de controle dos excitamentos tornou-se cada vez mais raras, até
mesmo no seio do próprio círculo familiar.
Elias e Dunning (1985) evidenciam que nas sociedades industriais, altamente
complexas, com elevada diferenciação de funções sociais e grande interdependência de todas as atividades, tanto públicas, quanto privadas, em que profis-
sionais e não profissionais exigem e produzem uma cobertura global das restrições, o controle das emoções fortes faz emergir a necessidade biológica de
libertar essas tensões. É nas atividades de lazer que se vivencia sentimentos
intensos e o corpo produz substância tais como endorfina e adrenalina.
Quanto maior o grau de intensidade de atividades que provocam experiências imprevisíveis, maior será a sensação de satisfação e a exageração de sentimentos,
seja alegria, tristeza e euforia.
Elias e Dunning (1985) salientam ainda que bom seria o tempo em que se verificasse a melhoria da qualidade de vida das pessoas, e que tais benefícios fossem
conduzidos pelo bem-estar que o lazer é capaz de proporcionar.
Ressaltamos ainda que o lazer deve ser entendido como uma ocupação escolhida
livremente e não remunerada, na qual o indivíduo busca a excitação emocional
e onde podem mesmo mostrá-la, até um determinado limite, sob uma forma
socialmente regulamentada.
Atividades desenvolvidas no tempo livre
Nobert e Dunning (1985) esboçaram uma tipologia preliminar sobre as atividades
de lazer, e destacaremos neste trabalho apenas três, e relacionaremos com a
fala dos funcionários terceirizados do IFRN.
Destacamos três tópicos:
1. Atividades relacionadas às rotinas do tempo livre subdivididas em: provisão
rotineira das necessidades biológicas e cuidados com o próprio corpo, rotinas
familiares e tarefas com a própria casa.
2. Atividades intermediárias de tempo livre voltadas para formação, autodesenvolvimento e autossatisfação, subdivididas em: trabalho particular, voluntário, ou
para si próprio, atividades religiosas, hobbies, participações em associações,
leituras entre outras.
3. Atividades de lazer, subdivididas em: encontros sociais formais ou informais, lazer comunitário, festas, atividades de jogo ou mímica de elevado grau organizacional (uma partida de futebol), participar de atividades miméticas de alto grau
de organização (caminhada ou dança), miscelânea de atividades esporádicas
prazerosas multifuncionais.
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Vejamos a seguir tais tipologias nas falas dos funcionários entrevistados relacionadas com a dos autores Elias e Dunning.
Sujeito 1, tem 30 anos, trabalha no IFRN como eletricista no período de 7h às
17h, no seu tempo livre costuma praticar esportes (futebol), às vezes vai à praia,
viaja, gosta de pintura e costuma ir ao shopping com a namorada. Segundo
ele, sente satisfação (prazer) em realizar essas atividades. De acordo com Elias
e Dunning (1985) as atividades realizadas pelo sujeito 1 se assemelham com o
tópico três, que apresenta atividades que proporcionam a destruição da rotina
e o “descontrole controlado” das restrições sobre impulsos e as manifestações
emocionais.
Sujeito 2, tem 31 anos, trabalha no IFRN em serviços gerais de 6h às 15h e também faz biscates (serviços em outros lugares), no seu tempo livre gosta de ir
à praia jogar futebol com os amigos. Segundo ele a atividade que lhe dá mais
prazer é o futebol.
Sujeito 3, tem 28 anos, trabalha no IFRN como eletricista e eletrotécnico de 13h às
22h e também trabalha como autônomo, no seu tempo livre costuma ir à praia
com os amigos, gosta de dançar, às vezes faz uma festinha com os vizinhos na
qual cada um leva algo. Segundo ele, o que lhe dá prazer é tudo aquilo que está
relacionado à música, seja para montar, para tocar, para ouvir, resumindo, música para ele a qualquer momento lhe dá prazer, esquece até que mundo existe.
Os sujeitos 2 e 3, as atividades desenvolvidas por eles no tempo livre se caracterizam com as atividades destacadas no tópico 3, apresenta atividades que
proporcionam a destruição da rotina e o “descontrole controlado” das restrições
sobre impulsos e as manifestações emocionais.
Sujeito 4, tem 41 anos, trabalha no IFRN como porteiro no período de 14h30 às
22h30, no seu tempo livre costuma ler, navegar na internet, quando está em boas
condições costuma sair com a esposa para pizzaria, ir à praia. Segundo ele,
aquilo que lhe dá mais prazer é ler um bom livro. As atividades realizadas pelo
sujeito 4 se relacionam com o tópico 2, visto que observou-se que as atividades
pode ser menos rotineiras e pouco prazerosas, e proporciona a descontração,
como podemos observar quando diz que gosta de ler, mas também relaciona
com o tópico 3 quando o sujeito diz que gosta de ir a praia, ou ir a uma pizzaria.
Segundo Elias e Dunning (1985) as atividades especificadas no tópico 1 classificam-se como lazer, entretanto, são pouco prazerosas, pois exigem disciplina e
autocontrole. Já no tópico 2 observou-se que as atividades podem ser menos
rotineiras e pouco prazerosas, e proporcionam a descontração. Por fim, o tópico
3 apresenta atividades que proporcionam a destruição da rotina e o “descontrole controlado” das restrições sobre impulsos e as manifestações emocionais.
Relacionando esses tópicos com as entrevistas dadas pelos funcionários, percebemos que dentre as atividades de lazer relatados por eles, estas se relacionam
mais com as atividades destacadas nos tópicos 2 e 3.
No momento das entrevistas percebemos também que alguns dos funcionários,
embora tenham algum lazer fora do IFRN, sentem a necessidade de ter um lazer
dentro da Instituição.
Foram-nos apontados pelos funcionários que não há ambientes que possibilitem
o seu descanso, acesso à biblioteca, espaço físico que possibilite a prática de
esporte. Outro problema que gostaríamos de citar é que não existe uma orientação ou informação aos funcionários terceirizados, embora a Instituição disponha para a comunidade cursos gratuitos, eles não têm acesso a essas informações e acabam não fazendo cursos que são do seu interesse.
Metodologia
• Caracterização do estudo.
• Interdisciplinar, uma vez que abrange aspectos humanos e sociais.
• Quanto à natureza da pesquisa.
• Levantamento bibliográfico, acesso a sítios na internet como suporte de
leitura, pesquisa em campo e entrevistas.
• Tipologia do estudo.
• Explicativo e exploratório, tendo em vista a exposição dos fatos e fenômenos pesquisados procurando uma compreensão embasada em pesquisa.
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Considerações finais
A discussão do lazer a partir da concepção de Elias e Dunning (1985) amplia o
debate a cerca do tema: tempo livre, uma vez que, só uma parte dele pode ser
voltado às atividades de lazer. Afirmamos ainda que é de suma importância a
parceria entre o IFRN (contratante) com a empresa prestadora de serviço, pois é
notória na fala dos funcionários a necessidade da participação em projetos que
a Instituição desenvolve, tais como: Programa Nacional de Acesso ao Ensino
Técnico e Emprego (Pronatec), Oficinas, e etc. Visto que o lazer proporciona
momentos agradáveis, liberando as tensões produzidas pela vida cotidiana e
rotineira, de modo que haverá um melhor desempenho nos serviços prestados.
Referências
ELIAS, Norbert; DUNNING, Eric. A busca da excitação. Lisboa: Difel, 1985.
MARCELLINO, N. C. Estudos do lazer: uma introdução. 2. ed., ampl. Campinas: Autores
Associados, 2000.
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