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No alinhavo da memória: o ensino das “artes do vestuário” na
Escola Técnica Feminina Senador Ernesto Dornelles (1946-1961)
V Mostra de
Pesquisa da PósGraduação
Raphael Castanheira Scholl1 , Profª. Drª. Maria Helena Câmara Bastos1 (orientador)
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Programa de Pós-Graduação em Educação, Faculdade de Educação, PUCRS
Resumo
Este trabalho faz parte de uma pesquisa iniciada em março de 2010, dentro do Mestrado em
Educação do Programa de Pós-Graduação em Educação da Pontifícia Universidade Católica
do Rio Grande do Sul, na linha de Teorias e Culturas em Educação. Objetivamos, através
deste estudo, a investigação sobre os cursos profissionalizantes de “Corte e Costura e
“Chapéus, Flores e Ornatos”, os quais constituíram o nível ginasial (Ginásio Industrial) da
Escola Técnica Feminina Senador Ernesto Dornelles em Porto Alegre. Através do relato de
alunas egressas dos mesmos, visa-se investigar a influência dos processos de formação
profissionalizante nos papéis sociais posteriormente desempenhados pelos sujeitos.
Introdução
A presente pesquisa objetiva a investigação de aspectos da educação profissionalizante
feminina ligada às chamadas “artes do vestuário” na Escola Técnica Senador Ernesto
Dornelles, de Porto Alegre, no período de 1946 a 1961. A instituição em análise nesse estudo
foi idealizada em 1945, com o nome de Escola Técnica Feminina de Porto Alegre, tendo
alterado seu nome para Escola Técnica Feminina Senador Ernesto Dornelles (ETSED), ao
início de suas atividades.
O programa inicial da escola constava de dois ciclos técnicos: o primeiro enquadravase na categoria, então vigente, do Ginásio Industrial, em quatro anos, com os cursos de “Corte
e Costura” e “Chapéus, Flores e Ornatos”; o segundo, em três anos, ofertava (a partir de 1960)
as modalidades “Artes Aplicadas” e “Decoração”. A escola funcionava em dois regimes:
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semi-pensionato (dois turnos) e internato, ambos gratuitos, e destinados exclusivamente à
clientela feminina.
A partir de investigações iniciais sobre a instituição, surgiram alguns questionamentos
acerca da natureza dessa formação profissionalizante feminina, posto que, ao mesmo tempo
em que propunha um ensino técnico voltado para a inserção da mulher no mercado de
trabalho, objetivava também formação doméstica, visando formar uma “profissional hábil e
competente e excelente dona de casa” (LOURO, MEYER, 1993).
Desta forma, em uma primeira instância, através da análise do material documental
dos dois cursos de primeiro ciclo, e, a seguir, a partir das memórias de egressas sobre suas
vivências escolares e de suas trajetórias profissionais após deixarem a instituição, investigar a
influência desse processo de formação profissionalizante nos papéis sociais que vieram a ser
desempenhados por esses sujeitos.
Metodologia
A metodologia se embasará em dois recursos. O primeiro será a análise documental,
enfocando o material didático, registro fotográfico e outros materiais pertencentes ao acervo
da Escola, bem como de fontes impressas relativas à mesma, tais como periódicos da época,
jornais (Correio do Povo, Diário de Notícias) e revistas (Revista do Globo, ou publicações de
caráter oficial, pela Divisão Técnica da Superintendência do Ensino Profissional), utilizando
tais fontes como subsídios iniciais para a apreensão do contexto histórico, social e político em
que a Escola Técnica Feminina Senador Ernesto Dornelles estava inserida.
O segundo recurso será a realização de entrevistas (abordando o método de história de
oral) com ex-alunas ou professoras da escola, empregando o material citado acima como fio
condutor das mesmas, utilizando tais depoimentos como peças documentais para um possível
entendimento acerca do ambiente da educação técnica e profissionalizante feminina no Rio
Grande do Sul, no período histórico compreendido entre a fundação da Escola Técnica
Feminina Senador Ernesto Dornelles (1946) e a promulgação das Leis de Diretrizes e Bases
da Educação Nacional (1961), que viria modificar de maneira definitiva os modelos
educacionais do ensino técnico-profissionalizante ministrado na instituição.
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Resultados
Os resultados do presente estudo são de ordem parcial, tendo em vista que a pesquisa
teve início em março do corrente ano. Apuramos, primeiramente, em um exame de caráter
exploratório efetuado no acervo documental da escola, alguns recortes de jornais da época da
inauguração da Escola Técnica Feminina Sen. Ernesto Dornelles, onde é possível perceber
manifestações muito positivas sobre surgimento de uma instituição voltada para a formação
técnica feminina em Porto Alegre. Na continuidade desta pesquisa, estamos buscando contato
com ex-alunas e ex-professoras da instituição para a elaboração das entrevistas.
Referências
BASTOS, Maria Helena Câmara. Leituras das famílias brasileiras no século XIX: O Jornal das Famílias (18631878). Revista Portuguesa de Educação, v. 15, n. 2, p. 169-214, 2002
CUNHA, Luiz Antonio. O ensino de ofícios nos primórdios da industrialização. São Paulo: Editora Unesp,
2000.
FONSECA, Celso Suckow da. História do ensino industrial no Brasil. RJ: Nacional, 1961.
LOURO, Guacira Lopes e MEYER, Dagmar. A escolarização do doméstico: A construção de uma escola técnica
feminina (1946-1970). Cadernos de Pesquisa da Fundação Carlos Chagas, Vol.87, 1993.
MANOEL, Ivan. Igreja e Educação Feminina (1859-1919): uma face do conservadorismo. São Paulo: UNESP,
1996
REIS, Maria Cândida Delgado. Tessitura de Destinos: mulher e educação, São Paulo 1910/20/30. São Paulo:
EDUC, 1993.
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