USOS E COSTUMES Venha daí descobrir o T4 dos seus antepassados A grande maioria dos habitantes da África Austral faz questão de recordar e honrar os seus antepassados. Pelo menos os “mais próximos”. Mas há também outros mais distantes. A cerca de 50 quilómetros a Noroeste de Joanesburgo, podemos visitar, numa área de 47 mil hectares, mais ou menos montanhosa, uma série de cavernas e grutas de grande interesse histórico. Este espaço é conhecido como “berço da humanidade” texto Carlos Domingos foto Lusa terkfontein é o centro do local e foi “descoberto” por um prospector de ouro e calcário pelo ano de 1896. Estas grutas foram escavadas na rocha calcária ao longo de milhares de anos pela erosão da água, criando imensas galerias forradas de estalactites e estalagmites de incomparável beleza. Mas não é a beleza natural a sua principal atracção. Na realidade, o local é o mais rico em fósseis pré-humanos de toda a África Austral. A primeira grande descoberta foi feita em 1936: um fóssil “Australopithecus africanus”, cuja família calcorreou aquelas paragens entre 3,2 e 2,6 milhões de anos atrás. Trata-se de uma das espécies de hominídeos mais antigas. em 1999. Aí se tem dirigido o público mais variado em visitas de estudo. Esta área inclui cerca de 40 lugares com fósseis de hominídeos, 13 dos quais já foram escavados. Num dos locais, foi encontrada uma enorme caverna para capturar animais ferozes. Noutro local, Swartkrans, ter-se-á usado o fogo, deliberadamente, há cerca de 1,3 milhões de anos e pela primeira vez na história. Noutro local foram encontradas cerca de 90 mil espécies de fósseis. Os mais famosos são da “Senhora Ples”, uma caveira de Australopithecus de 2,3 milhões de anos, e “Pequeno Pé”, um esqueleto Australopithecus quase completo, com pelo menos três milhões de anos. Estes eram os precursores do futuro “homo sapiens”. Neste local hoje exibem-se modelos de hominídeos, de formação de cavernas, de formação geológica, antigas formas de vida, botânica antiga, que complementam as exposições dos achados e explicam aos menos entendidos como viviam e sobreviviam os nossos antepassados, muitas vezes em ambientes hostis. São lugares a visitar. Na verdade parece ter havido naquela área uma presença constante de hominídeos desde há 3,5 milhões de anos até há 1,5 milhões de anos. Aí marcaram presença durante cerca de dois milhões de anos. Esta presença contínua deixou restos fósseis que hoje ajudam a ter uma ideia mais clara acerca da vida e da evolução humana naquela parte do mundo. Estes fósseis de hominídeos de Sterkfontein constituem-se como prova de que a África é o “berço da humanidade”. Nos últimos 60 anos têm-se multiplicado as escavações no local, procurando mais restos ósseos e outros artefactos, vestígios de presença humana e pré-humana. Devido ao seu interesse cultural e científico, toda a área foi declarada património mundial pela Unesco Jovens estudantes observam um fóssil encontrado nas escavações de Sterkfontein FÁTIMA MISSIONÁRIA 22 FEVEREIRO 2010