Serviço Público Federal
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
FACULDADE DE AGRONOMIA
DEPARTAMENTO DE ZOOTECNIA
CURSO PARA CAPATAZES E GERENTES RURAIS DE
EMPRESAS DE GADO DE CORTE
ORGANIZAÇÃO
NESPRO/UFRGS & ASSOCIAÇÃO RURAL DE URUGUAIANA
APOSTILA - MÓDULO II
(Manejo da Parição ao Acasalamento)
AUTORES
Pedro Rocha Marques
Silvio Renato Menegassi
Luiz Antonio Queiroz Filho
Jean Carlos dos Reis Soares
Leonardo Canellas
Fernanda Gomes Moojen
Júlio Barcellos
PORTO ALEGRE – SETEMBRO 2010
ÍNDICE
Tópico
Página
1. A organização de rodeios de parição e os cuidados no parto...........
03
2. Coleta de dados e histogramas dos partos.......................................
12
3. Condição corporal da vaca................................................................
15
4. Preparação dos rodeios para Inseminação Artificial (IA) e Entoure.
19
5. Manejo do pasto com rodeios de cria...............................................
24
6. Preparo, cuidados e uso dos touros durante o entoure...................
34
7. Manejo Sanitário do gado de cria.....................................................
44
8. Apontamentos..................................................................................
58
2
TÓPICO 1
A organização dos rodeios de parição e os cuidados no parto
O
período de parição pode ser considerado uma das etapas
mais importantes dentro do ciclo pecuário. A partir de
uma parição bem sucedida são gerados os produtos que
resultarão no novilho gordo e na novilha de reposição. Além disso, os cuidados
com a parição podem determinar o desempenho da vaca de cria. Ou seja, uma
parição natural e sem contratempos permite que a vaca se recupere do esforço
do parto e repita prenhez no ano seguinte.
A parição bem sucedida depende de inúmeros cuidados, o que envolve
um planejamento amplo e que deve ser realizado bem antes do período de
parição propriamente dito. A seguir, são enumerados alguns “passos” que
precisam ser considerados com relação à parição:
1º Passo: Conhecer a temporada de entoure e calcular a temporada de
parição
3
O capataz deve saber a data de início e final da temporada de monta
anual. Em algumas fazendas podem existir duas ou mais temporadas dentro do
ano. A época de entoure mais utilizada é a de primavera-verão, com duração
aproximada de 60 a 90 dias. É comum que as novilhas entrem para o entoure
ou inseminação alguns dias antes das vacas e que permaneçam um menor
número de dias com os touros.
Como exemplo, podemos utilizar uma fazenda onde as novilhas são
entouradas de 15 de novembro até 15 de janeiro (15/11 a 15/01), totalizando
60 dias. Sabendo que a gestação da vaca dura aproximadamente 280 dias (9
meses mais 10 dias), o cálculo das datas de início e final de parição é o
seguinte:
Início do
Tempo de
Entoure
Gestação
15/11
9 meses + 10 dias
Cálculo
Início da
Parição
15/11 + 9 meses + 10 dias
25/8
Figura 1. Sabendo que o entoure dura 60 dias, o final da parição será em
25/10.
4
2º Passo: Controlar o estado das vacas e prever a quantidade de pasto
Uma boa parição depende do estado das vacas e da alimentação pré e
pós-parto. Normalmente, vacas em boa condição corporal não apresentam
dificuldades na parição e repetem cria. Por isso, a vaca prenhe deve sempre
permanecer em potreiros com boa quantidade de pasto, mesmo que este
pasto seja de média ou baixa qualidade – o que não pode é haver falta de
pasto.
O estado das vacas deve ser controlado no mínimo três vezes no ano: no
outono (normalmente por ocasião do toque), no meio do inverno e próximo à
parição. Esse controle servirá para identificar eventual escassez de pasto e
evitar que o gado perca estado.
3º Passo: Organizar os rodeios de parição
A organização de lotes de parição facilita todo o manejo do rebanho de
cria. A formação de lotes “parelhos” facilita o manejo dos terneiros desde o pé
da vaca até o desmame. Além disso, traz benefícios na organização dos rodeios
para a inseminação ou entoure.
O mais importante na organização de rodeios de parição é estabelecer
quais os critérios para a formação dos lotes. Antes de qualquer decisão, é
5
necessário ter conhecimento de quantos potreiros estarão disponíveis para
abrigar as vacas, o tamanho dos potreiros, o estado dos aramados e a
quantidade e qualidade do pasto.
Existem diversas formas de realizar a organização dos lotes, dependendo
do critério utilizado. A seguir, alguns modelos de organização de rodeios de
parição:
 Organização apenas por idade do ventre
É a forma mais simples de organizar rodeios de parição. Lembrar que as
novilhas de 1ª cria devem ficar em potreiros com qualidade de pasto
superior.
Lote 1: Novilhas (1ª cria)
Lote 2: Vacas de segunda cria
Lote 3: Vacas adultas
 Organização por idade e estado corporal
Permite manejar melhor as vacas magras, dando uma melhor condição
alimentar às mesmas.
6
Lote 1: Novilhas (1ª cria)
Lote 2: Vacas de segunda cria
Lote 3: Vacas adultas magras
Lote 4: Vacas adultas em bom estado
 Organização pela época de parto
Essa organização pode ocorrer ainda no diagnóstico de gestação (toque),
onde o veterinário responsável pelo serviço indica quais vacas
apresentam prenhez mais adiantada. Em fazendas onde é realizada
inseminação, os rodeios que foram inseminados normalmente resultam
em partos no cedo.
Lote 1: Novilhas (1ª cria)
Lote 2: Vacas de segunda cria
Lote 3: Vacas com partos no cedo
Lote 4: Vacas com partos no meio da estação
Lote 5: Vacas com partos no tarde
7
Importante é ressaltar que o número de fêmeas a constituir um rodeio de
parição não deve ser maior do que 150. Rodeios muito grandes dificultam o
manejo e pode haver confusão quando o lote é levado para a mangueira.
Os exemplos acima podem servir de guia para a organização dos lotes de
parição, porém cada fazenda deve possuir uma organização que se adapte
melhor à sua realidade.
4º Passo: Os cuidados no parto
Como relatado anteriormente, a parição bem sucedida depende de uma
série de fatos que ocorrem e devem ser manejados durante o ano todo. Essa
sequência de atitudes culmina com o momento do parto. A maioria dos
nascimentos de terneiros ocorridos nas fazendas se dá de forma natural, sem a
necessidade de intervenção do homem. No entanto, um pequeno percentual
de fêmeas – principalmente novilhas de primeira cria – necessitam de auxílio
humano para que possam parir. Desse modo, o campeiro (neste caso, o
parteiro) deve estar preparado para agir no momento certo e realizar o auxílio
ao parto.
É importante ressaltar que o parto deve ocorrer da maneira mais
natural possível. Qualquer intervenção do homem, seja por necessidade ou
precipitação, certamente irá acarretar em prejuízos para a mãe e para a cria.
8
Por isso, o parteiro deve saber esperar o momento certo de agir, e, quando
decidir pelo auxílio ao parto, deve fazê-lo da forma mais correta possível.
 Parto normal – é quando o feto e a placenta são expulsos normalmente
pela vaca. Normalmente a vaca mostra sinais de enchimento do úbere
(amojo) alguns dias antes e, próximo ao parto, fica isolada do restante do
lote. O parto pode ser dividido em três estágios, são eles:
- Estágio 1: Começam as contrações uterinas, sendo que as primeiras
ocorrem a cada 15 minutos e as últimas a cada 15-30 segundos. A vaca se
aparta do lote, e as membranas são empurradas para o exterior, ficando
uma “bolsa” com líquido pendurada do lado de fora da vulva. Em
seguida, a bolsa se rompe e há dilatação máxima do cérvix para expulsão
do feto.
- Estágio 2: O feto entra no canal da vagina, provocando mais contrações,
inclusive dos músculos abdominais. Quando as patas dianteiras do
terneiro tocam a vulva da vaca ocorre o rompimento de outra
membrana, que libera um líquido que lubrifica o canal, facilitando a
passagem da cabeça e o corpo.
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- Estágio 3: Há contração uterina para separar o útero das membranas
fetais, que são eliminadas. Em alguns casos as membranas (placenta)
podem ficar retidas, o que é normal até 12 horas pós-parto. A partir daí,
já é considerado retenção de placenta, que deve ser tratada com
antibiótico injetável (terramicina, oxitetraciclina e gentamicina são os
mais utilizados).
 Parto distócico – são problemas que ocorrem no momento do parto e
que atrapalham o nascimento normal do terneiro. É importante saber
diferenciar um comportamento normal de uma vaca entrando em
trabalho de parto e de uma vaca que não consegue parir. O principal
sintoma é: a vaca se contrai, mas não consegue expulsar o terneiro. Se
isso ocorrer por mais de 3 horas a partir da primeira contração, é hora de
auxiliar no parto. As contrações podem parar antes dessas 3 horas, caso
haja pouca dilatação na vaca. O parteiro deve estar atento, pois mesmo
que não tenha marcado o tempo ou não tenha visto o início das
contrações, a vaca demonstra sinais de cansaço e impossibilidade de
novas contrações. Uma vez identificado que a vaca não conseguirá parir
sem ajuda, a sequência de ações deve ser a seguinte:
10
1. Com luvas adequadas, identificar o tamanho e a posição do terneiro
(Figura mostra a posição normal)
2. Caso o terneiro esteja em uma posição diferente da normal, o
parteiro deve tentar corrigir, colocando o terneiro na posição correta.
Inicialmente deve-se empurrar o feto e tentar acomodá-lo
gradualmente na posição certa. Em seguida, o terneiro pode ser
puxado, sem força exagerada, e em movimentos interrompidos,
visando ajudar a vaca e não “arrancar” o terneiro da mesma.
3. Em alguns casos o terneiro é exageradamente grande, o que
normalmente é verificado quando não é possível retirar via tração.
Nesse caso, se possível, o veterinário deve ser chamado para realizar
a cesareana. Caso não seja possível, uma saída para salvar a vaca é
cortar o feto, retirando uma parte de cada vez.
Figura 2. Mostra a posição normal do terneiro (1) e as posições anormais (2;3).
11
TÓPICO 2
Coleta de dados e histogramas dos partos
A
coleta de dados é parte essencial na organização de uma
fazenda. A parição traz consigo um importante volume de
informações que devem ser colhidas e organizadas
adequadamente. Dentre elas podemos citar:
 Data da parição
 Sexo do terneiro
 Número do brinco (ou outra identificação) da mãe e do terneiro
 Abortos (perda da cria)
 Distocia (terneiros trancados)
 Morte no parto
 Peso do terneiro
 Retenção de placenta (vaca que não “se limpou”)
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Essas são algumas informações preciosas para decisões futuras no
manejo do rebanho, e por isso deve ser apontado na Caderneta de Campo,
item indispensável na recorrida. Ao final de cada recorrida os dados coletados
devem ser repassados para planilhas de parição (quando a fazenda utilizar esse
recurso) e/ou para o Livro de Registros Diários.
O controle do número de terneiros nascidos mensalmente permite
montar um tipo de gráfico chamado histograma de partos. Essa ferramenta
permite uma melhor visualização de como se distribuem os partos ao longo dos
meses de parição. Para isso é necessário estabelecer intervalos em que se
deseja fazer o “balanço” do número de partos. O normal é dividir a parição em
intervalos de 15, 20 ou 30 dias.
A seguir está um exemplo de como se monta um histograma de partos,
com intervalos de 15 dias:
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1º Passo: Montar a tabela com os dados coletados a campo
Período dos partos
De
15
a
30
Número de terneiros
Total acumulado de
nascidos no mês
terneiros nascidos
de
80
De 01 a 15 de Outubro
120
200 (80 + 120)
De 16 a 31 de Outubro
100
300 (200 + 100)
De
60
360 (300 + 60)
Setembro
01
a
15
de
Novembro
Total
360
Figura 3. Exemplo de tabela com os dados coletados a campo.
2º Passo: Construir o gráfico de colunas para ilustrar melhor os
resultados
140
120
100
80
Número de Partos
60
40
20
0
De 15 a 30 de
Setembro
De 01 a 15 de
Outubro
De 16 a 31 de
Outubro
De 01 a 15 de
Novembro
Figura 4. Exemplo de gráfico de colunas do numero de partos por épocas.
14
TÓPICO 3
Condição corporal da vaca
A
utilização do Escore de Condição Corporal (ECC) criação de
bovinos de corte é uma ótima ferramenta para avaliarmos a
quantidade de reservas energéticas presentes nos animais
em determinada época do ano. Além disso, o ECC serve como um sinalizador
para o campeiro se a quantidade de pasto está suficiente para aquele número
de animais em um determinado potreiro (invernada) ou não, pois a oferta de
pasto sendo reduzida a vaca apresentará redução na sua condição corporal
(perderá peso). Desse modo, pode-se listar entre os fatores que influenciam o
ECC:
1. Lotação
2. Data de Parto
3. Suplementos minerais, protéicos e energéticos (Sal Proteinado)
4. Genética do Animal
5. Manejo de forragem e espécies forrageiras
15
6. Idade ao desmame
7. Doenças (verminoses, parasitoses)
A condição corporal pode ser avaliada a partir de duas escalas (1 a 5 ou 1
a 9),: 1= Muito Magro a 5=Muito Gordo ou 1= Muito Magro a 9 =Muito Gordo.
Nesse sentido, vale salientar que existem regiões no corpo da vaca onde se
facilita a avaliação do ECC. Nesse contexto, segue abaixo a figura em onde se
localizam os pontos mais indicados para avaliarmos o ECC.
Figura 5. Regiões preferenciais para a avaliação do escore de condição corporal.
A avaliação do ECC deve ser realizada em períodos estratégicos
permitindo que a vaca obtenha um ECC ao parto de 2,5 a 3,0 na escala de 1 a 5.
Os períodos mais indicados para avaliação do ECC são:
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Diagnóstico de gestação-Outono
60 dias antes do parto- Inverno
Ao parto- Primavera
Ao início da estação de monta- Verão
Na tabela x pode-se observar as metas de ECC para os diferentes épocas
do ano.
Tabela 6. Metas de ECC para partos na Primavera.
Época do Ano
Escore de Condição Corporal (ECC)
Estação Monta
3,0
Metade da gestação
3,0-3,5
Parto
2,5-3,0
Na figura 6 pode-se observar as imagens dos diferentes ECCs para que se
possa ter uma noção do estado corporal da vaca em relação ao seu ECC. Além
disso, vale ressaltar que é fundamental que o campeiro calibre o olho para
avaliação do ECC, e para isso ele deve treinar constantemente e desenvolver
metodologia para que durante a avaliação tenha-se um padrão. Embora a
avaliação da condição corporal seja uma análise subjetiva, devemos tentar
torná-la o mais objetiva possível.
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A condição corporal é um espelho da situação atual da fazenda que está
sendo analisada. Desse modo, o maior desafio é garantir que as vacas tenham
quantidade de nutrientes suficientes (reservas corporais e/ou dieta) que
assegurem que essa vaca possa voltar a emprenhar com o menor intervalo de
tempo do parto até a nova concepção.
Figura 7. Diferentes escores de condição corporal.
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TÓPICO 4
Preparação dos Rodeios para Inseminação Artificial (IA) e Entoure
A
organização dos rodeios de cria deve ser realizada para
evitar que surpresas ocorram no resultado da taxa de
prenhez durante o diagnóstico de gestação, pois quando
preparam-se os rodeios muitos problemas comuns ao rebanho de cria são
detectados antecipadamente, podendo estes serem corrigidos a tempo de não
afetar o desempenho reprodutivo do rebanho. Além disso, vale ressaltar que
existem dois principais fatores que servem como balizadores para a
organização dos rodeios de cria, estes são: condição corporal ou peso corporal
e data de parição.
Como o tema condição corporal da vaca já foi abordado no
tópico anterior (tópico 3) no presente tópico será dado destaque para o peso
corporal no manejo de novilhas. O peso corporal é um sinalizador da situação
atual das novilhas em seus diferentes estágios de vida. Desse modo, os
19
momentos estratégicos mais indicados para realizar-se às pesagens das
novilhas (vaquilhonas) são:
1. Desmame: A pesagem ao desmame é utilizada para identificar as fêmeas
que “criam bem” os seus terneiros, sendo essas, consideradas fêmeas
mais adaptadas as condições ambientais da fazenda avaliada. Além disso,
a pesagem durante esse período auxilia a identificar os terneiros (as) que
apresentaram maiores peso ao desmame, pois esse serão os animais
mais indicados para serem mantidos no rebanho. Desse modo, quanto
maior o peso ao desmame menor será o número de quilos necessários a
serem ganhos para atingir o peso alvo de acasalamento (280 kgAberdeen Angus, Hereford e Devon; ou 320 kg- Braford, Brangus e
Charolês). Além disso, em caso de excesso de animais no rebanho podese eliminar as terneiras (os) mais leves (menos adaptados) e manter
somente as mais pesadas (os) no rebanho.
2. Sobreano (13-14 meses de idade): A pesagem ao Sobreano é mais
indicada para acasalamento aos 2 anos de idade, pois em rebanhos que
possuem acasalamento aos 14 ou 18 meses de idade não é muito útil.
Esta pesagem é recomendada para identificarmos se será necessário
aumentarmos a quantidade de alimento dessas novilhas (pastagem de
20
inverno ou suplementação) ou não, para que elas atinjam o peso alvo no
acasalamento.
3. 60 dias antes do IA ou entoure: A pesagem durante esse período auxilia
a identificar se o rodeio de novilhas segue sendo dividido em ponta e
cola. Nesse sentido, sendo identificado um número considerável de
animais na cola, esses animais devem receber um tratamento
diferenciado (suplementação ou pastagem de inverno) para que possam
chegar com o mesmo peso dos animais ponta para poderem ser
acasaladas ou inseminadas.
Em relação a data de parição, este é um dado confiável para
organizarem-se os rodeios de cria, pois podem-se realizar as inseminações (IA
ou IATF) e entoure em momentos diferentes de acordo com a data de parição.
Exemplificando, vacas que pariram no cedo irão retornar ao cio antes de vacas
que pariram no meio ou no final da época de parição, sendo assim as primeiras
devem ser entouradas ou inseminadas antes das demais fêmeas em
reprodução. No entanto, sabe-se que o grande limitante para formação de
rodeios de acordo com a época da parição (início, meio e fim) é o espaço físico
existente que está cada vez mais reduzido para os rodeios de cria. Desse modo,
indica-se a separação inicialmente em lotes de parição cedo e tarde para que
21
possamos identificar o melhor momento para iniciar a estação de monta em
cada um dos lotes do rodeio de cria.
A organização dos rodeios de cria é extremamente eficiente
quando identifica-se o problema e tão logo realiza-se a correção do mesmo.
Desse modo, pode-se concluir que a preparação dos rodeios é indicada para
identificar os animais que apresentam desempenho desfavorável e corrigir essa
situação com alguma alternativa nutricional ou sanitária eficiente para que as
fêmeas em reprodução chamadas de “lote cola” antes da estação monta,
apresentem o mesmo desempenho reprodutivo que os animais chamados
como “lote ponta”.
22
TÓPICO 5
Manejo do pasto com rodeios de cria
A
cria é uma etapa fundamental para a rentabilidade da
produção pecuária, pois é a partir dela que produzimos a
matéria-prima (terneiros e terneiras) do produto final da
pecuária que são os animais para abate e as novilhas para a manutenção do
rebanho e da atividade. Para que possamos produzir matéria-prima de
qualidade com lucro, temos que ter vacas que produzam um terneiro por ano,
terneiros que sejam desmamados com peso entre 180 e 200 kg e novilhas que
ao parirem consigam repetir prenhez.
Esse sistema de produção, a cria, tem como base alimentar o campo
nativo, e em alguma medida, pastagens cultivadas de inverno. E para que
possamos ter um sistema de produção lucrativo esse sistema deve ter alta
produtividade, como vimos anteriormente. Para que possamos atingir os
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objetivos colocados acima, devemos suprir as demandas nutricionais nas
diferentes épocas do ano.
No entanto, antes de qualquer coisa devemos conhecer alguns conceitos
relativos ao manejo do pasto.
A Lotação é muito utilizada para termos uma idéia da quantidade de
animais que temos pastando em uma área. A lotação é o número de Unidades
Animais (UA) que temos por hectare, sabendo que 1 UA equivale a 450 kg de
Peso Vivo(PV).
Outra forma de sabermos qual a quantidade de animais temos em uma
área é através da Carga Animal (CA). A CA é a quantidade em quilos de peso
vivo que temos em um hectare.
A seguir temos um exemplo de cálculo da Lotação e da Carga Animal.
Imaginemos um lote de 50 vacas adultas pesando em média 450 kg cada
vaca em um potreiro de 80 hectares (ha), lembrando que 1 UA equivale a 450
kg.
 Lotação= Número de UA / Área
 Lotação= 50 UA / 80 hectares
Lotação = 0,4 UA / ha
 Carga Animal= quilos de peso vivo/ Área
 Carga Animal= Peso médio dos animais x Número de animais / Área
 Carga Animal= 450 kg x 50 vacas / 80 hectares
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Carga Animal= 281,25 kg / há
Um conceito muito importante para podermos dar condições para que
os animais se alimentem bem é a Oferta de Pasto. A oferta de pasto é a
quantidade de pasto que os animais têm a disposição para pastar. É importante
que os animais tenham a sua disposição cerca de 4 a 5 vezes a sua capacidade
de consumo para que eles ganhem em torno de 400 gramas por dia. Um animal
consome cerca de 2,5% do seu peso vivo, é necessário que se disponibilize a ele
cerca de 10 a 12,5% do seu peso vivo. Portanto dizemos que a oferta de pasto
ideal para que os animais ganhem 400 gramas é de 10 a 12,5%.
Sabendo que a produção de pasto varia durante o ano, ou seja, produz
mais na primavera-verão e menos no outono-inverno, e além de sabermos que
ocorrem variações de ano para ano, é necessário que saibamos o que produz
certa pastagem em determinada época do ano, para que possamos aproveitar
o pasto de forma eficiente, fazendo com que os animais tenham suas
exigências de nutrientes atendidas, e de forma que a pastagem produza ao
longo dos anos sem que seja necessário reformar pastagens. Dessa forma
teremos uma produção sustentável.
A partir da medida da produção de forragem em cada potreiro podemos
ajustar a quantidade de animais que serão colocados nestes potreiros, ou seja,
25
a Lotação e a Carga Animal, permitindo que eles possam consumir o pasto
segundo suas exigências e o objetivo que queremos (ganho de peso para
acabamento, ganho de peso moderado para crescimento, manter o peso,
etc...).
Medir a altura do pasto talvez seja a forma mais prática e fácil de
manejarmos o pasto. Muitos trabalhos mostram que a altura do pasto esta
associada à produção de forragem.
A medida da altura do pasto pode ser feita com uma régua, fazendo-se
várias medidas em um potreiro e depois, fazendo-se uma média, ou seja, se
fizermos 5 medições da altura do pasto em um potreiro, por exemplo,
somaremos a altura do pasto de cada medição e depois dividiremos pelo
número de medições que neste caso são 5 medições.
Altura do Pasto = altura do pasto 1 + altura do pasto 2 + altura do pasto
3 + altura do pasto 4 + altura do pasto 5 / número de medições
A maneira mais utilizada para medir o pasto com régua é medirmos
desde o solo até a dobra da folha mais alta, assim temos a altura do pasto,
onde 10 cm de altura do pasto equivalem a 1700 kg de MS por hectare e cada
cm adicional representa em torno de 100 kg de MS por hectare.
26
Outra forma de termos uma idéia da altura do pasto seria compararmos
com a altura do tornozelo ou do pé do campeiro. Se o pasto está cobrindo o
tornozelo da pessoa, o pasto terá em torno de 10 cm, se estiver cobrindo o pé,
o pasto terá em torno de 5 cm de altura, assim devemos tomar atitudes
diferentes quando ocorre cada situação, que veremos mais adiante.
A altura do pasto se torna mais importante quando passamos a
considerar como o animal se alimenta ou apreende o pasto, através do que
chamamos bocado.
Cada vez que o animal abaixa a cabeça para pastar, ele utiliza a língua
para segurar o pasto e arranca uma porção de pasto. Toda vez que isso ocorre,
o animal come cerca de 50% da altura do pasto. Portanto, se o pasto tem 10
cm de altura o animal vai comer 5 cm e vai deixar 5 cm; se o pasto tem 5 cm de
altura o animal vai comer 2,5 cm e vai deixar 2,5 cm. Por isso que, se o pasto
está baixo o animal vai comer menos em cada bocado. Portanto ele terá que
dar mais bocados para conseguir suprir as demandas do corpo; ele vai passar
mais tempo pastando, gastando energia, e menos tempo ruminando e
digerindo o alimento, resultando em menor ganho de peso ou até mesmo em
perda de peso, quando o pasto esta tão baixo que o animal come uma
quantidade de pasto que não permite que nem as funções básicas do corpo
sejam supridas e o animal passa a utilizar as reservas do próprio corpo para
viver.
27
Rapidamente podemos perceber que a altura de pasto é determinante
para a produção de um estabelecimento que produz bovinos de corte, pois o
ganho de peso pode determinar maior prenhez, animais desmamados mais
pesados, maior repetição de prenhez e assim por diante.
A forma que podemos manipular a altura do pasto é através da Lotação
e da Carga Animal. Outra forma de aumentarmos a altura do pasto é através
da adubação do pasto, fazendo com que a planta cresça, produza mais que os
animais consomem, aumentando, assim, sua altura.
Quando temos uma Lotação muito alta em um determinado potreiro, a
altura do pasto cai e podemos chegar ao ponto dos animais perderem peso.
Outro efeito que ocorrerá será que o pasto não terá folhas para fazer
fotossíntese podendo levar à morte da planta ou atraso no rebrote levando a
animais improdutivos, seja na engorda como na reprodução.
Quando temos uma Lotação muito baixa o pasto vai crescer demais, vai
perfilhar menos e entrará em estágio reprodutivo, ou seja, o pasto vai florescer
e o campo vai acabar engrossando, diminuindo a qualidade da forragem,
diminuindo a produtividade do pasto.
O que queremos é o que está entre o campo muito baixo e o campo
muito alto. Como já referimos anteriormente a quantidade e qualidade do
pasto varia durante o ano e entre os anos, por isso a Lotação não pode ser a
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mesma todo o tempo. A seguir trataremos das alturas de pasto ideal para as
diferentes categorias animais.
Terneiras
As terneiras são desmamadas geralmente em Março. Normalmente,
devem-se reservar potreiros de alta qualidade para esta categoria. Em Maio,
nas propriedades que cultivam azevém, ou mesmo em campos nativos
melhorados, esta categoria deve ser prioritária na utilização destes potreiros. O
pasto para estes animais não necessita estar muito alto, em torno de 5 cm de
altura é suficiente para que este animais ganhem peso moderado, em torno de
100-200 grama, desde que seja pasto de qualidade durante o Outono-Inverno.
Vaquilhonas
Na primavera é o momento que esta categoria deve obter os maiores
ganhos de peso em virtude da disponibilidade de forragem que ocorre durante
esta estação do ano e além da qualidade do pasto devido ao rebrote. Se
pudermos trabalhar com o pasto um pouco mais alto seria o ideal. O campo
nativo e Azevém em torno de 8 cm de altura, deve proporcionar ganhos de
400-600 gramas por dia, visando a primavera seguinte, onde estas terneiras
serão entouradas ou inseminadas como novilhas.
29
No verão o campo irá engrossar naturalmente, portanto, devemos dar a
oportunidade para os animais selecionaram o pasto para sua alimentação. Se
deixarmos o pasto com 10 cm de altura, os animais terão a possibilidade de
escolher sua dieta.
Novilhas
O objetivo das novilhas é ficarem prenhes aos dois anos, para isso, é
necessário que elas cheguem à Primavera com 320-340 kg com condição
corporal boa. Para que isso ocorra, elas terão que ganhar peso moderado
durante o Outono-Inverno, em campo nativo com boa oferta, ou seja, com no
mínimo 8 cm de altura. Com essa altura esses animais serão capazes de ganhar
de 200-300 gramas por dia. Ao chegarem a Primavera esses animais
conseguirão aumentar esse ganho e terão uma melhor condição corporal. Após
a estação de monta e/ou inseminação, esse animais podem continuar em
campo nativo com 5 cm de altura durante o Verão e parte do Outono. No terço
final da gestação as novilhas devem pastar em campos com 8 cm de altura, já
que neste período as exigências do feto aumentam, por isso a novilha deve ter
mais pasto, para suprir as exigências do feto e não perder a condição corporal
que ela ganhou durante a Primavera e pois ela necessitará desta condição
corporal para amamentar o terneiro e repetir cria na próxima estação de
reprodução, já que ela será uma primípara.
30
Primíparas (Novilhas de primeira cria)
Se for possível reservar uma área de Azevém com altura de 8 cm para
destinar as novilhas que pariram seria interessante, ou então em campo nativo
de boa qualidade e altura de 10 cm, já que a amamentação é uma fase crítica
para as primíparas, pois exige muito do animal e se quisermos, e devemos
querer, que elas retornem ao cio e concebam novamente na próxima estação
de reprodução, as primíparas não devem perder condição corporal e por isso
deve ter pasto em quantidade e qualidade. Nesta fase não podemos
desconsiderar o desmame precoce para que as novilhas não percam muita
condição corporal.
Vacas adultas
Depois de cumprida a fase de crescimento dos animais eles chegam a
maturidade. Nesta fase as exigências caem muito. As vacas adultas têm
basicamente três exigências:
Mantença, energia para manter seu organismo funcionando bem;
Gestação, energia para suprir as suas necessidades e do feto durante a
gestação; e
Amamentação, energia para produzir leite para o terneiro.
31
As vacas adultas não necessitam de alimento de alta qualidade, mas sim
de alimento em quantidade. Desde que haja quantidade de pasto, não é
necessário reservar as melhores pastagens para vacas adultas, basta que sejam
destinados as vacas os campos médios com boa disponibilidade de forragem.
Depois da parição as vacas podem ficar em campo nativo com 5 cm de altura
até o desmame. Após o desmame as exigências nutricionais caem e as vacas
podem permanecer em campos médios desde que com boa oferta em torno de
8 cm de altura, os campos de outono tem menor qualidade que na primavera,
por isso deve-se proporcionar que os animais selecionem sua dieta. No terço
final da gestação é importante que as vacas ganhem condição corporal,
preparando-se para a parição e amamentação. Para tanto, basta que deixemos
as vacas em campo com 8 cm de altura durante o fim do Inverno o início da
Primavera. Ultimamente, tem-se utilizado palha de arroz suplementado com
sal proteinado como forma de manter as vacas de cria adultas concentradas
em potreiros menores, a baixo custo, no intuito de termos espaços para outras
categorias que possuem maiores exigências.
32
Mês
Março
Abril
Maio
Junho
Julho
Agosto
Setembro
Outubro
Novembro
Dezembro
Janeiro
Fevereiro
Março
Abril
Maio
Junho
Julho
Agosto
Setembro
Outubro
Novembro
Dezembro
Janeiro
Fevereiro
Março
Abril
Maio
Junho
Julho
Agosto
Setembro
Outubro
Novembro
Dezembro
Janeiro
Fevereiro
Março
Abril
Maio
Junho
Julho
Agosto
Altura do
pasto (cm)
5
5
5
5
5
5
8
8
8
8
10
10
10
8
8
8
8
8
8
8
8
5
5
5
5
5
8
8
8
10-8
10-8
10-8
10-8
5
5
5
5
5
5
8
8
8
Campo
Nativo
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
Pastagem
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
Idade
(meses)
7
8
9
10
11
1 ano
13
14
15
16
17
Sobre ano
19
20
21
22
23
2 anos
25
26
27
28
29
30
31
32
33
34
35
3 anos
37
38
39
40
41
42
43
44
45
46
47
4 anos
Figura 8. Disponibilidade forrageira no decorrer dos anos.
33
TÓPICO 6
Preparo, cuidados e uso dos touros durante o entoure
O
s touros são responsáveis por 95% dos nascimentos no Rio
Grande do Sul, ou seja, a grande maioria dos sistemas de
acasalamento ocorre pela monta natural onde a
participação do touro é decisiva para a eficiência reprodutiva do rebanho. Sua
importância deve-se principalmente ao fato de ser responsável por 90% da
genética de um rebanho, podendo deixar em sua vida útil uma média de 100
terneiros.
Para garantirmos o desempenho esperado são necessários preparos e
cuidados para uma ótima utilização dos touros durante o entoure, sendo
primeiramente importante um planejamento das atividades que deverão
ser realizadas antes e durante o entoure:
34
 ANTES DO ENTOURE
Exame andrológico (ver o próximo item)
 Definição das relações touro/vaca (1:25, 1:30 ou 1:40) que serão
utilizadas separando os touros de acordo com a idade e com grupos de
serviço adequados; para tanto pode-se definir os potreiros conforme a
tabela abaixo:

Touros
recentemente 
Potreiros que possibilitem controles
adquiridos e de primeiro serviço
mais freqüentes (no máximo 2 a 3 dias);


Touros jovens
potreiros menores e em percentual de
4% em relação ao número de fêmeas

Touros maduros (+ 3 anos)

um percentual de 2,5 % ao número de
fêmeas;
Figura 9. Relação entre touros e adequações necessárias
 DURANTE O ENTOURE
Colocar os touros em serviços somente quando houver no mínimo 2,5%
de fêmeas ciclando;
35
 Observar continuamente a condição corporal do touro em serviço, o
ideal é a utilização de touros com estado corporal 4 (escala 1 a 5), sendo
necessário a substituição dos touros que apresentarem condição
corporal menor do que 3 (realizar exame clínico para descartar
enfermidades) e de touros que apresentem condição corporal 5,pois
estes serão touros muito pesados para trabalharem a campo,ou seja,
apresentarão dificuldades para cobrirem as vacas.
EXAME ANDROLÓGICO
Os índices produtivos da bovinocultura de corte ainda necessitam de
melhorias no Rio Grande do Sul. Destacam-se limitações relativas à taxa de
desmama, limitações relativas ao uso da inseminação artificial e baixo uso
de reprodutores avaliados por meio do exame andrológico (apenas 10% dos
pecuaristas selecionam seus touros, antes da temporada reprodutiva, por
este método).
Com o objetivo de quantificar as causas de inaptidões de touros de corte
no Estado do Rio Grande do Sul com base no exame andrológico foi
desenvolvido um trabalho chamado: Inaptidões no exame andrológico de
touros de corte; Sobre o qual temos alguns apontamentos importantes:
36
 Foram avaliados 30.700 touros no Rio Grande do Sul das raças
Abeerden Angus, Red Angus, Hereford, Polled Hereford, Devon,
Shorthorn, Brangus, Braford, Montana, Santa Gertrudis, Charolês,
Limousin, Nelore e Tabapuã.
 Dentre as etapas do exame andrológico, o exame clínico especial foi o
que apresentou os maiores percentuais de inaptidões, sendo que
13,71% os touros de dois e três anos de idade apresentaram-se
inaptos, enquanto que, em touros de mais de três anos de idade, o
percentual de inaptidão foi superior a 22%.
 Esses resultados sugerem que, com o aumento da idade, há uma
maior predisposição de inaptidões de touros, reforçando a
necessidade de realização de todas as etapas do exame andrológico,
anterior à temporada de monta.
37
Resultados totais obtidos no período 2001 - 2004
Ano
Número de touros avaliados
% de eliminados
2001
30700
4,59% (1409 touros)
2002
29291
6,80% (1992 touros)
2003
27299
4,58% (1250 touros)
2004
14134
4,29% (606 touros)
Figura 10. Relação entre o número de touros avaliados em quatro anos e a
porcentagem eliminada por ano.
Ano
2001
% de Touros 2 e 3 anos
descartados
2,22
% de Touros de 4 anos ou mais
descartados
8,47
2002
6,08
8,06
2003
3,93
5,74
2004
3,43
5,47
Figura 11. Comparação da porcentagem (%) de touros de diferentes idades
descartados.
38
Ambiente e zona de conforto térmico
Ambiente
SUBTROPICAL
IBGE (2004).
TROPICAL X TEMPERADO
Figura 12. Ambiente
O RS está em um zona de clima subtropical, ou seja, apresenta tanto o
clima temperado como o clima tropical. Desse modo, torna-se importante que
durante a escolha de touros para serem colocados em um rebanho de cria,
considera-se o nível de adaptação dos reprodutores tanto a temperaturas
baixas (inverno) como para temperaturas elevadas (verão).
39
Zona de Conforto Térmico
Temperatura ambiente (Graus Celsius)
45
40
35
30
25
20
15
10
5
0
-5
taurino
Taurino
zebuino
Zebuíno
BIANCA (1970); HAHN (1976); SALEM et al. (1882).
Figura 14. Zona de conforto térmico de animais
A zona de conforto térmico é aquela em que o desempenho animal em
função do ambiente é ótima, sendo que fora desta zona os animais necessitam
de compensações para o ajuste da temperatura. Como mostra o gráfico acima
a zona de conforto térmico é mais elevada para animais de origem zebuína em
relação aos animais de origem taurina o que significa que sofrem menos com o
calor e mais com o frio.
40
Escore da Condição Corporal do Touro
1- Muito magro – Há total visibilidade das costelas. Há atrofia muscular
evidente
2- Magro – Os ossos estão bastante salientes. As costelas têm pouca
cobertura. A pele está firmemente aderida ao corpo
3- Médio – Há suave cobertura muscular. As costelas estão quase cobertas
e a pele está flexível podendo ser levantada com facilidade.
4- Gordo – Há boa cobertura muscular e algum depósito de gordura. As
costelas estão completamente cobertas. Camperamente diz-se que o
animal está com carne branca.
5- Obeso – Todos os ângulos do corpo estão cobertos, aparecendo gordura
depositada na base da cauda e na maçã do peito. Está pronto para o
abate não para montar e emprenhar vacas a campo.
Hierarquia
Existem fatores hierárquicos que podem influenciar no desempenho
reprodutivo e, portanto, econômico. Esses fatores fazem parte do instinto
animal e devem ser levados em conta no planejamento do entoure, temos
como exemplos:
41
O tempo de permanência do touro na propriedade determina
dominância para os mais antigos.
Touros muito jovens ou muito velhos são dominados.
Touros mais pesados são dominantes.
Touros aspados são dominantes frente aos mochos.
Entre touros de dois anos a hierarquia é instável, mas em touros adultos
ela se estabiliza.
Se os touros dominantes apresentarem patologias impeditivas para a
reprodução, corre-se o risco de se ter uma diminuição nos índices de
natalidade na propriedade.
Portanto:
Não utilize potreiros grandes para touros jovens e utilize-os em grupos,
se necessário, da mesma idade.
Após a temporada de monta junte todos os touros e se possível avalie-os
novamente, no mínimo, em um exame físico.
42
Herdabilidade
Fatores
Reprodução
Características
Fertilidade = maturidade sexual –
Herdabilidade
Baixa
facilidade de parto – natalidade –
intervalo entre partos – sobrevivência
(índice de desmama)
Produção
Peso ao nascer; peso ao desmama; taxa
Média a alta
de crescimento (ganho de peso);
conversão alimentar
Produto
Quantidade e qualidade de carne
Média a alta
produzida (área de olho de lombo e
marmoreio)
Figura 15. Relações de fatores e sua herdabilidade
43
TÓPICO 7
Manejo Sanitário do gado de cria
O
manejo sanitário de uma propriedade rural, assim como a
nutrição, reprodução, genética e a gestão é uma prática
muito importante para o sucesso da empresa.Desse modo,
se não for realizado de forma correta, certamente irá prejudicar a produção
animal proporcionando um menor retorno econômico.
O manejo sanitário está diretamente relacionado com a saúde do
rebanho. É um conjunto de atividades veterinárias que visam PREVENIR ou
TRATAR doenças dos animais. Como exemplo de medidas que visam à
prevenção de doenças, podemos destacar a utilização de vacinas, vermífugos,
desinfecção de umbigo, limpeza e desinfecção de instalações e ingestão de
colostro.
Vacinas
A vacinação é uma prática rotineira sendo uma das principais práticas de
manejo sanitário de uma Estância. Ela representa boa relação custo-benefício
44
para o produtor, evitando uma série de enfermidades. O principal OBJETIVO da
vacinação é a proteção dos animais contra as enfermidades existentes no
rebanho. As vacinas são substâncias que introduzidas no animal levam a uma
reação de defesa do organismo semelhante ao agente que causaria a doença.
Assim, este animal se torna “protegido”.
O correto manuseio das vacinas é importante para manter a integridade
do produto. As vacinas devem ser conservadas e aplicadas de acordo com as
recomendações do fabricante. NUNCA utilizar vacinas com prazos de validades
vencidos.
Algumas vacinas são OBRIGATÓRIAS e controladas pelo governo (Febre
Aftosa e Brucelose) e outras são NÃO OBRIGATÓRIAS (Carbúnculo, Clostridioses
e vacinas reprodutivas). As principais doenças que acometem um rebanho de
cria e podem ser controladas com um bom manejo sanitário estão descritas
abaixo:
Febre Aftosa
A Febre Aftosa é uma virose que ataca animais de casco dividido em duas
partes (bovinos, ovinos, caprinos e suínos). Os sintomas são febre, vesículas e
aftas nas narinas e boca, salivação e inflamação dos cascos. Esta enfermidade
possui grande importância econômica, devido a sua rápida difusão. Também
ocorrem
perdas
na
produção
e
comercialização
de
animais
e
conseqüentemente nos produtos de origem animal.
45
A vacinação contra a Febre Aftosa é obrigatória, devendo-se seguir
rigorosamente as orientações do órgão de defesa sanitária estadual. A
vacinação no Rio Grande do Sul é realizada nos meses de maio e novembro,
sendo que em maio se procede com a vacinação de todos os animais e em
novembro apenas naqueles animais com até 24 meses de idade.
Brucelose
A brucelose é uma doença contagiosa que acomete não só os animais,
mas também o homem (zoonose). É uma das doenças mais importantes nos
bovinos, assim como em saúde pública. Animais acometidos pela enfermidade
produzem menos leite, ocorrem abortos nos últimos três meses da gestação,
diminui a produção de terneiros, interferindo dessa maneira no programa de
reprodução do rebanho bovino.
O controle da Brucelose também é obrigatório e deve ser feita através da
vacinação de fêmeas com 3 a 8 meses de idade. A vacinação deve ser realizada
por um técnico cadastrado na inspetoria veterinária da região. Quando se
realiza a vacina procede-se com a marcação de um “V” e o último dígito do
ano, no lado esquerdo da cara da fêmea. Exemplos: no ano de 2010 a marca
que deve ser utilizada é o V0, no ano de 2011, a marca é V1.
Clostridioses
As clostridioses são bactérias que penetram no organismo do animal
através de alimentos contaminados, feridas ou por inalação, quando
46
encontram condições adequadas, passam a se multiplicar, produzindo toxinas e
os quadros patológicos.
As principais clostridioses que acometem o rebanho bovino são:
Gangrena Gasosa, Enterotoxemia, Carbúnculo Sintomático, Hemoglobinúria,
tétano e Botulismo.
A prevenção das clostridioses é muito importante, pois, trazem prejuízos
com mortes muito rápidas e o seu tratamento, quando possível, tem baixa
eficiência. A utilização das vacinas polivalentes (que previnem todas as
doenças) é recomendada para machos e fêmeas a partir dos 3 meses de idade.
Deve ser feito um reforço em aproximadamente 30 dias para os animais
vacinados pela primeira vez. Posteriormente o reforço é de 6 em 6 meses ou
anualmente, de acordo com critérios do Médico Veterinário.
Doenças da Reprodução
Uma das patologias ligadas à reprodução é a Rinotraqueíte Infecciosa
Bovina (IBR). É uma doença causada por um vírus e provoca grandes perdas
econômicas. Os sinais observados são: abortos e morte de terneiros recémnascidos. Animais acometidos servem de fonte para aumentar a disseminação.
A contaminação também pode ocorrer através da monta natural ou pelo
sêmen. O controle é realizado através de vacinação antes do início da estação
de monta.
47
Outra patologia importante ligada à reprodução é a Diarréia viral bovina
(BVD). Esta doença também é causada por um vírus e transmitida pela placenta
ou contato direto entre os animais, fezes, fetos abortados. Assim como na IBR,
a monta natural também pode contribuir para a contaminação das vacas. Esta
doença provoca abortos, principalmente durante os primeiros 3 e 4 meses de
gestação, infertilidade e atraso no desenvolvimento dos animais infectados. A
diarréia aparece como sintoma, geralmente em rebanhos contaminados, na
faixa etária de seis meses a um ano de idade. O controle é feito através de
vacinação.
A vacinação contra IBR e BVD tem por objetivo, proteger o animal contra
a infecção. Machos e fêmeas a partir dos 3 meses de vida devem ser vacinados
. De forma geral, deve ser feito o reforço após 30 dias para os animais
vacinados pela primeira vez, sendo recomendada a revacinação semestral ou
anual, dependendo da indicação do médico veterinário. Recomenda-se
também, vacinar os bovinos em fase de reprodução pelo menos um mês antes
do começo da estação de monta. No entanto, são vacinas caras e geram nível
de proteção baixo, em torno de 60%. Desse modo, recomenda-se que se faça
um exame sorológico para doenças reprodutivas nas novilhas 6 meses antes da
estação de monta, para identificar se existe a presença dos Vírus para IBR/BVD
no seu rebanho (geralmente identifica-se a presença em rebanhos onde não
controlam-se aborto e não vacinam para essas doenças reprodutivas). Além
48
disso, o controle do número de abortos na fase inicial de prenhez é um outro
bom indicador de que IBR/BVD estão sendo prejudiciais para o rebanho de
cria.
A terceira doença e a mais importante ligada à reprodução é a
Leptospirose. Esta doença é de distribuição mundial e mais comum em áreas
ou estações de clima quente e úmido, e principalmente com abundância de
água. A urina é a principal fonte de infecção. O aborto ocorre de 6 a 12
semanas após a instalação da infecção, sendo a maioria dos casos na segunda
metade da gestação. Fetos infectados nos últimos dias de gestação podem
nascer fracos ou mortos.
A vacinação tem por objetivo proteger o bovino contra infecção pelos
microorganismos do gênero Leptospira, que podem causar nos animais
infertilidade, aborto, mastite e até a morte. Esta vacinação pode ser realizada
em ambos os sexos a partir dos 3 meses de idade, com aplicação de dose de
reforço após 30 dias para os animais vacinados pela primeira vez. No entanto, é
recomendada a vacinação semestral ou anual, dependendo do nível de
infestação da região, somente nas categorias em reprodução (Novilhas, Vacas
de Cria e Touros), pois o principal prejuízo da leptospirose é o aborto.
49
Parasitos externos (Ectoparasitos)
Carrapatos
O carrapato dos bovinos é o Boophilus microplus. Algumas perdas podem
ser citadas como: queda na produção, anemia, baixo desmame e produção de
terneiros, baixo ganho de peso, bicheiras (miíases), defeitos no couro e
transmissão dos agentes da Tristeza Parasitária Bovina (TPB).
Para que haja o controle efetivo da infestação por carrapatos, é
necessário conciliar o uso correto de carrapaticidas com o manejo dos animais
e da pastagem, pois 95% do carrapato estão no ambiente e somente 5% no
animal. A escolha do carrapaticida deve ser de acordo com o resultado obtido
no Biocarrapaticidograma, sendo esse um exame realizado gratuitamente pelo
IPV (órgão do estado) para determinar qual carrapaticida é mais eficiente para
o tipo de carrapato que se tem em cada fazenda. Para melhor compreensão de
como realizar esse exame, segue a sequência recomendada para definir-se qual
o produto mais indicado para o controle do carrapato em cada fazenda:
1. Coletar cerca de 50 carrapatos dos bovinos na mangueira.
2. Colocar os carrapatos em um pote com pequenos furos na tampa
3. Enviar para o IPVDF (Eldorado do Sul,RS) para realização do
exame.
4. O exame indica qual o medicamento que é 100% eficiente para
controle do carrapato.
50
Atualmente para o controle de carrapato têm-se medicamentos com
diferentes formas de apresentação (Injetável, Imersão, Aspersão e Pour-on).
No entanto, a forma de agir dos medicamentos e os princípios ativos são muito
semelhantes, contribuindo assim para apresentação da resistência do
carrapato aos produtos que se encontram no mercado. Desse modo, é
fundamental que o capataz e a sua equipe tenham o olho treinado para
identificar o que é um animal pouco, médio e muito carrapateado,pois a
identificação da hora correta de banhar os seus animais será um dos principais
fatores para uma fazenda apresentar resistência ao carrapato ou não. Além
disso, podem-se mencionar outros fatores importantes no controle do
carrapato:
O intervalo entre banhos não deve ser inferior a 21 dias, caso seja,
esse rebanho está com problema de resistência ao medicamento
utilizado.
Antes de utilizar o banheiro de imersão coletar a calda do mesmo e
avaliar em laboratório se a dosagem está correta ou não.
Alguns cuidados devem ser tomados quando se utiliza os banheiros de
imersão, como por exemplo:
Não banhar os animais em dias chuvosos,
51
Homogeneizar bem o produto no banheiro antes de iniciar o
banho.
Cuidar para que o produto cubra todo o corpo do animal.
Também é necessário ter um rígido controle com a quantidade de
produto dentro do banheiro.
É recomendado que se tenha um controle do volume de água que
é perdido ou que entre no banheiro para fazer a recarga na
quantidade adequada evitando assim problemas de subdosagem
do produto (medicamento diluído demais).
Mosca dos chifres (Haematobia irritans)
Recebe este nome devido ao hábito de se agruparem ao redor dos
chifres, região do cupim e dorso do animal. O tratamento é relativamente fácil,
pois, a maioria dos carrapaticidas age contra a mosca. Também, podem ser
utilizados inseticidas misturados aos aditivos alimentares. Embora seja um
animal pequeno, causa um grande problema para os animais. Causa muita
irritação pelas picadas deixando o animal agitado prejudicando o desempenho
do mesmo.
52
Bernes (Dematobia honinis)
É conhecida popularmente como “mosca do berne”. Nos bovinos, os
bernes localizam-se preferencialmente na região das costelas, lombo, paletas e
nas patas dianteiras. Isso ocorre por serem as partes mais desprotegidas dos
animais, facilitando a deposição dos ovos da mosca do berne pelas moscas e
mutucas. Pode ocorrer formação de abscessos e até instalação de bicheira.
O tratamento deve ser realizado quando da presença do parasito,
podendo-se utilizar produtos em pulverização ou “pour-on”.
Bicheiras (Cochliomyia hominivorax)
São conhecidas popularmente como “mosca da bicheira” ou “moscas
varejeiras”, depositam seus ovos na borda de ferimentos recentes dos animais.
Alimentam-se de tecido em decomposição e dependendo da gravidade, podem
levar o animal à morte. As bicheiras são mais abundantes durante os meses
mais quentes do ano como no verão.
Como medida de controle das bicheiras é recomendada as recorridas de
campo para inspecionar os animais. Caso encontre um animal com feridas
abertas ou com a bicheira já instalada é necessário tratar imediatamente para
evitar futuras complicações. Cuidados no manejo dos animais é um fator
importante para evitar ferimentos e uma possível fonte de instalação da
mosca.
53
Para a cura das bicheiras são indicadas a limpeza e desinfecção da ferida
e após, aplicação de matabicheiras com ação inseticida e repelente.
Parasitos internos (Endoparasitos)
São chamados de “verminoses”, causados por parasitos que se instalam
nos órgãos internos dos bovinos, como: intestinos, rúmen, pulmões, fígado,
etc. Nos bovinos de corte em criação extensiva idade em que ocorrem os
maiores prejuízos é entre o desmame e os 24 meses, ocorrendo com maior
freqüência após o desmame.
A utilização de vermífugos é muito importante para o controle das
verminoses. A infestação por vermes intestinais piora a conversão alimentar,
exigindo uma maior quantidade de pasto para o desenvolvimento do animal.
Os programas de controles parasitários visam maximizar a saúde dos animais
melhorando a produtividade dos mesmos. As infestações parasitárias variam
amplamente para cada região, por isso, é recomendado que sejam planejados
os programas de controle de acordo com a realidade específica da propriedade.
Cura do Umbigo
O umbigo do bezerro recém nascido é uma porta de entrada de
infecções que podem prejudicar o desenvolvimento do animal. Para evitar
prejuízos deve se proceder à cura do umbigo com produtos a base de iodo. O
54
iodo deve ser utilizado somente no umbigo, evitando o contato direto com a
pele do animal. Não é recomendado o corte do umbigo a menos que esteja
muito grande.
Planejamento Sanitário
Para se obter um bom resultado sanitário é necessário que seja realizado
um PLANEJAMENTO sanitário da Estância. Neste planejamento é necessário se
determinar um CALENDÁRIO SANITÁRIO e definir o MANEJO OPERACIONAL que
será realizado.
O calendário sanitário deve ser definido com um Médico Veterinário de
acordo com as principais doenças que acometem a região da propriedade,
calendário oficial de vacinações, clima, sexo e idade dos animais. Este
calendário deve ser constantemente avaliado para ver se realmente esta
protegendo o rebanho contras as enfermidades.
Com a definição dos períodos de realização da vacina é possível se
organizar para definir com antecedência a época de compra e a quantidade de
produtos que devem ser adquiridos.
O manejo operacional também deve ser planejado com antecedência
para evitar transtornos e evitar trabalho dobrado no momento de vacinar os
animais. Primeiramente deve ser definido o responsável pela organização do
trabalho. Posteriormente, definir quais os animais que serão vacinados,
55
conferir o estoque de medicamentos e as condições dos equipamentos e das
mangueiras onde serão manejados os animais. A manutenção das instalações e
equipamentos deve ser realizada anteriormente para o bom desempenho da
atividade. Outro ponto muito importante é o estoque de peças de reposição de
aparelhos de vacina para trocar no momento que algum estragar.
O responsável pela aplicação da vacina deve ser uma pessoa treinada
para realizar a tarefa. Deve estar focada na sua atividade evitando acúmulo de
funções levando a erros na aplicação do produto.
Geralmente as vacinas são aplicadas por via subcutânea (em baixo da
pele) ou intramuscular. Para vacinação subcutânea utilize agulhas com
tamanho de 10x15, 10x18 ou 15x15. A correta aplicação da vacina é feita na
tábua do pescoço puxando a pele do animal e deixando o aparelho em posição
paralela ao corpo do animal. O ideal para este manejo é que o animal esteja
contido no tronco de contenção.
Dicas para manejo sanitário:
 Estabelecer um calendário sanitário com orientação técnica
 Adquirir produtos de fornecedores e revendedores idôneos
 Conservar os produtos de acordo com as recomendações do
fabricante
 Conservar as vacinas em geladeiras com temperatura de 2º a 8ºC
 Vacinar todos os animais previstos
56
 Não vacinar animais doentes ou estressados
 Agitar bem o frasco para homogeneizar o produto
 Descartar frascos utilizados (incinerar)
 Utilizar seringas e agulhas limpas e esterilizadas (com fervura)
 Trocar a agulha a cada grupo de 10 animais
 Vacinar de preferência na tábua do pescoço
 Animais novos na propriedade devem ser vacinados e observados
 Anotar os registros das vacinações
 Realizar a manutenção dos aparelhos de vacinas
 Ter um estoque (farmácia) de medicamentos mais utilizados na
propriedade
57
APONTAMENTOS
58
59
60
61
62
63
64
65
66
67
68
Download

CURSO PARA CAPATAZES E GERENTES RURAIS DE