José Paulo Viana O problema deste número Berlindes em quatro taças O Valter colocou quatro taças, uma em cada vértice de um quadrado, e em cada taça pôs um berlinde. Depois, carregado com um grande saco de berlindes, partiu de um dos vértices e seguiu sempre ao longo dos lados do quadrado. Só parava quando chegava a uma taça e então: — se viesse segundo o sentido dos ponteiros do relógio, deitava na taça tantos berlindes quantos os que se encontravam na taça de onde vinha, — se viesse em sentido contrário ao dos ponteiros do relógio, retirava ou punha na taça os berlindes necessários de modo ficasse lá uma quantidade igual à da taça de onde vinha. Como fez o Valter para que cada taça ficasse com 98 berlindes? (Respostas até 28 de Fevereiro) Caminho pelo bosque O problema proposto no número 78 de Educação e Matemática foi o seguinte: Perto de Viana do Castelo há um belo e simpático bosque limitado por uma estrada em linha recta. De dois pontos (A e B) da estrada saem uns caminhos bem a direito que vão dar a uma cabana. Certo dia, a Teresa partiu a pé do ponto A em direcção à cabana mas, a certa altura, desistiu de ir até ao fim. Por isso, meteu a corta-mato, paralelamente à estrada, até encontrar o outro caminho (em E) e regressou à estrada por este caminho. descobertas as relações entre o segmento DE e o triângulo inicial, trataram de fazer a demonstração do resultado. Não deixa de ser curiosa a variedade de resoluções que apareceram. A Ana Luisa e a Teresa seguiram processos muito parecidos. Eis como a Teresa descreve o que fez (depois de seguir outros caminhos mais longos): � Cabana Bosque D A � � E Estrada � � B Curiosamente, a distância que percorreu a corta-mato foi exactamente igual ao total do que andou nos dois caminhos. Como descobrir geometricamente o ponto D em que a Teresa abandonou o primeiro caminho? Tivemos 9 respostas: Américo Bento (Vila Real), Ana Luísa Correia (Lisboa), António Lucas (Castelo Mendo), António Rebolho (Avelãs de Caminho), Graça Braga da Cruz, Joana Latas (Évora), João Maria de Oliveira (Cartaxo), Pedrosa Santos (Queluz) e, claro, da Teresa Pimentel (Viana do Castelo). Quase todos estes leitores utilizaram um programa de geometria dinâmica para a investigação do problema. Depois, � Construo as bissectrizes de dois ângulos. Depois, pelo ponto de intersecção F, faço passar uma paralela a AB obtendo D e E. Meço AD e DF, FE e EB e, maravilha!!! São iguais!!! Logo, o processo é: Traçar o incentro do triângulo e por ele conduzir uma paralela ao lado AB obtendo D e E por intersecção com AC e BC. Claro, é preciso a demonstração. Eis a da Ana Luísa: � � � �� � (AF é a bissectriz) ��� � (ângulos alternos internos) ��� � � � �� � � ��� � . logo ��� Educação e Matemática nº 80 • Novembro/Dezembro de 2004 65 O problema deste número Então, o triângulo DAF é isósceles e �� � �� . O processo do Américo foi: De modo semelhante se mostra que �� � �� . Traçar uma paralela XY a AB e nela marcar os pontos X’ e Y’ de modo que �� � � �� e � � � � �� . Traçar as semirectas AX’ e BY’. O segmento DE passa no ponto de intersecção F destas semirectas. O António Lucas chegou às mesmas conclusões mas por uma via mais longa. A Joana constata experimentalmente, com um programa de geometria dinâmica, que a distância AD é um terço da distância AC e que BE é um terço de BC. Assim sendo, o segmento DE passa pelo incentro do triângulo. A Graça começa por desenhar o trapézio AD’E’B’ nas condições do problema, excepto que o lado E’B’ não está sobre o caminho BC. A intersecção da recta AE’ com o lado BC é o ponto E procurado. A demonstração resulta do facto dos trapézios AD’E’B’ e ADEB serem semelhantes. � �� � � �� �� �� � � � �� � � � � � �� �� � � � � � �� � �� � � O Pedrosa e o António Rebolho descobriram processos correctos e diferentes dos anteriores mas, como diz o primeiro, “não necessariamente os mais expeditos.” � � O problema do ProfMat 2004 José Paulo Viana O concurso apresentado aos participantes no ProfMat 2004 da Covilhã consistiu na resolução do problema Cordas Queimadas: Temos duas cordas. Se lhes deitarmos fogo numa das pontas, a primeira demora exactamente 10 minutos a arder enquanto que a segunda demora 8 minutos. As cordas são de fabrico muito artesanal pelo que se, por exemplo, dividíssemos a primeira ao meio, nada garantiria que cada metade ardesse em cinco minutos. Usando apenas estas duas cordas, quais são os tempos que seria possível medir com exactidão? Quando se começa a pensar neste problema, parece que não são possíveis mais do que quatro tempos. No 66 Educação e Matemática nº 80 • Novembro/Dezembro de 2004 entanto, a certa altura faz-se um click cá dentro e descobrem-se mais possibilidades. Todos os concorrentes conseguiram pelo menos doze tempos. Os doze tempos são obtidos usando, na definição da Iva e do Nuno, duas técnicas: Técnica simples — deitar fogo a uma ponta da corda. Técnica dupla — pegar simultaneamente fogo às duas pontas da corda. Assim, a corda vai ardendo irregularmente a partir dos dois lados mas, garantidamente, irá demorar metade do tempo a arder completamente. A equipa dos dois Josés e a do António e do Valter incluíram mesmo a demonstração matemática deste resultado. Com a técnica simples, a primeira corda demora 10 minutos a arder e a segunda demora 8: A = 10 minutos B = 8 min Nota: como diz, e muito bem, a equipa da Maria de Deus, “o símbolo min significa minutos, de acordo com o Sistema Internacional de Unidades e a legislação em vigor (Decreto-Lei nº 238/94 de 19 de Setembro …”. Com a técnica dupla, a primeira corda arde em 5 minutos e a segunda em 4: A/2 = 5 min, B/2 = 4 min. Se deixarmos arder uma corda e depois outra e contarmos os tempos desde início, as possibilidades são: A + B = 18 min A+(B/2) = 14 min (A+2) + (B/2) = 9 min uma corda arde a partir de uma ponta mas quando a segunda corda acaba, chegamos fogo à outra extremidade da primeira corda. Se fizermos arder as duas cordas simultaneamente e contarmos o tempo que decorre entre o fim de uma e o fim da outra, as possibilidades são: Nove dos concorrentes usaram este processo, embora só três tivessem conseguido todos os tempos possíveis: A – B = 2 min E estamos chegados aos doze tempos. No entanto, com grande surpresa da organização do concurso, houve quem fosse mais fundo na forma raciocinar, chegando àquilo a que podemos chamar a Técnica mista: • Acender as duas pontas de A e uma de B. Aos 5 minutos A acaba e restam 3 minutos a B. Acender a outra ponta de B, que arde em 1,5 minutos. Tempo total: 6,5 min. • Igual ao anterior, mas contamos o tempo desde que A acaba: 1,5 min. • Acender as duas pontas de B e uma de A. Aos 4 minutos, B acaba e restam 6 minutos a A. Acender a outra ponta de A, que arde em 3 Lista de participantes Premiados e Prémios Individuais: 1º. (A/2) + B = 13 min A – (B/2) = 6 min B – (A/2) = 3 min (A/2) – (B/2) = 1 min Alzira Santos António Borralho Carlos Farias Carlos Próspero Jorge Nuno Silva José Manuel Duarte Maria do Céu Belarmino 2º. 3º. 4º. 5º. Miguel Mata Sílvia Grosso 6º. Em equipa: Ana Paula Júlio e Paulo Correia Anabela Torres, Mª de Deus Torres, José Vieira e Célia Vieira António Dias e Valter Carlos Beatriz Barbosa e Isabel Leite 7º. 8º. Iva & Nuno Angelino José Carlos Campos e José Fernandes Judite Barbedo, Manuela Silva e Isabel Silva 9º. minutos. Tempo total: 7 min. Com estas cordas, subaproveita-se esta última possibilidade: desde que B acaba até ao fim, decorrem 3 min, um tempo já obtido anteriormente. Se as cordas demorassem outros tempos a arder seria possível obter um máximo de 16 tempos. Conclusão: com as cordas dadas são possíveis 15 tempos, que foram indicados pelas equipas António-Valter e Torres-Vieira e ainda pela Céu: 1 – 1,5 – 2 – 3 – 4 – 5 – 6 – 6,5 – 7 – 8 – 9 – 10 – 13 – 14 – 18. José Paulo Viana Esc. Sec. Vergílio Ferreira António Dias e Valter Carlos Calculadora Gráfica Voyage 200, oferta Texas Instruments Maria do Céu Belarmino Calculadora Gráfica FX 9750 G Plus Anabela Torres, Mª de Deus Torres, José Vieira e Célia Vieira Jogo Triggery Carlos Farias Livros Antologia de Puzzles de David Wells e E=mc2 de David Bonadis Miguel Mata Livros 2+2=11 de Natália Bebiano e Conceitos Fundamentais da Matemática de Bento de Jesus Caraça Ana Paula Júlio e Paulo Correia Livros Matemática ou Mesas, cadeiras e canecas de cerveja de Natália Bebiano e O mistério do Bilhete de Identidade e Outras Histórias de Jorge Buescu António Borralho Poliedros Areal + o livro Uma Aventura Matemática na Internet de Paulo Afonso Jorge Nuno Silva Um cachecol de lã da Serra da Estrela, oferta ProfMat 2004 + o livro Uma Aventura Matemática na Internet de Paulo Afonso Judite Barbedo, Manuela Silva e Isabel Silva CD educativo Países do Mundo + o livro Uma Aventura Matemática na Internet de Paulo Afonso Atenção: Os prémios devem ser levantados até 30 de Junho de 2005. Por favor, contactar a sede da APM em Lisboa. Educação e Matemática nº 80 • Novembro/Dezembro de 2004 67