Ano XII / 2016 / Nº 51 - Periódico de Estudos e Divulgação Doutrinária
A Doutrina Espírita Explica...
Dever e Responsabilidade
O servo que souber da vontade do seu amo e que, entretanto, não tiver pronto e não fizer o que
dele queira o amo, será duramente castigado. – Mas, aquele que não tenha sabido da sua vontade e
fizer coisas dignas de castigo menos punido será. Muito se pedirá àquele a quem muito se houver
dado e maiores contas serão tomadas àquele a quem mais coisas se haja confiado.
(Lucas, 12:47 e 48)
Aquele que souber compreender todo o alcance moral do ensino dos Espíritos tem, do dever,
uma concepção ainda mais elevada. Conhece que a responsabilidade é correlativa ao saber, que
a posse dos segredos de além-túmulo impõe-lhe a obrigação de trabalhar com energia para o
seu próprio melhoramento e para o de seus irmãos.
(Léon Denis – do livro “Depois da Morte”, retirado do livro “Páginas de Léon Denis”-Ed. FEB)
(...)
A
hora presente é ainda
uma hora de lutas; luta
das nações para a conquista
do Globo, luta das classes
para a conquista do bemestar e do poder. Em redor de
nós agitam-se forças cegas e
profundas, forças que, ontem,
não conheciam e que, hoje, se
organizam e entram em ação.
Uma sociedade agoniza; outra
nasce. O ideal do passado
vem à Terra. Qual será o de
amanhã?
Abriu-se um período de
transição; uma fase diferente
de evolução humana, fase
obscura, cheia, ao mesmo
tempo, de promessas e
ameaças, começou. Na alma
das gerações que sobem,
jazem os germens de novas
florescências. Flores do mal ou
flores do bem?
Muitos se alarmam, muitos
se espantam. Não duvidamos
do futuro da Humanidade,
se sua ascensão para a luz e
derramamos em volta de nós,
com a coragem e perseverança
incansáveis, as verdades que
asseguram o dia de amanhã e
fazem as sociedades fortes e
felizes.
Os defeitos de nossa
organização social provêm
principalmente
de
que
nossos
legisladores,
em
suas acanhadas concepções,
abrangem somente o horizonte
de uma vida material. Não
compreendendo
o
fim
evolutivo da existência e o
encadeamento de nossas vidas
terrenas, estabeleceram um
estado de coisas incompatíveis
com os fins reais do homem e
da sociedade.
A conquista do poder pelo
maior número não é própria
(Continua na página 02)
para ampliar este ponto de
vista. O povo segue o instinto
surdo que o impele. Incapaz
de aquilatar o mérito e o
valor de seus representantes,
leva muitas vezes ao poder os
que desposam suas paixões e
participam de sua cegueira. A
educação popular precisa ser
completamente
reformada;
porque só o homem ilustrado
pode
com
inteligência,
coragem e consciência na
renovação social.
Nas reivindicações atuais,
a noção de direito é objeto
de excessivas especulações,
sobreexcitam-se os apetites,
exaltam-se
os
espíritos.
Esquece-se de que o direito é
inseparável do dever e até que
é simplesmente sua resultante.
Daí,
uma
ruptura
de
equilíbrio, uma inversão das
relações de causa para efeito,
isto é, do dever para o direito
Ano XII - Nº 51
Editorial
Caríssimos amigos,
Saudamos a chegada de mais
um novo ano! Mesmo sabedores
das convenções humanas, não
podemos ignorar que todo dia é
dia de renovação. E é assim que
iniciamos mais essa etapa de
vida, confiantes e esperançosos
das muitas oportunidades
que a providência divina,
com certeza, nos propiciará.
Que tenhamos olhos de ver e
ouvidos de ouvir.
A nossa primeira edição
de 2016 está recheada de
novidades e muita informação!
Damos as boas-vindas ao nosso
mais novo colaborador Enock
Mesquita, um querido amigo
e irmão, e também saudamos
o retorno de nossos não menos
queridos Eduardo Bessa e
Alcione Koritzky, comandando
respectivamente as editorias
“Leituras
e
Releituras”,
“Estudando os Clássicos” e
“Falando de Esperanto.”
Saudamos também, a todos
nossos queridos amigos e
colaboradores que comandam
com seus assuntos específicos,
a nossa querida A Charrua
de forma tão especial – não
somente na qualidade, mas
sobretudo, nos sentimentos
amorosos que envolvem cada
palavra, cada ideia grafada,
com extrema responsabilidade
e compromisso doutrinário.
Mas, a você, leitor amigo, é
que desde já agradecemos a
sua companhia, pois sem ela,
nada disso teria sentido. Que
possamos a partir desta edição
estreitarmos ainda mais nossos
laços fraternos. Obrigo por
fazer parte dessa nossa grande
família espírita!
Uma Boa Leitura
A CHARRUA
Página 2
(Continuação da página 1 - A Doutrina Espírita Explica...
na repartição das vantagens
sociais, o que constitui uma
causa permanente de divisão
e ódio entre os homens. O
indivíduo que encara seu
interesse próprio e seu direito
pessoal, ocupa lugar inferior,
ainda, na escala da evolução.
O direito, como disse Godin,
fundador do familistério
de Guise, é feito do dever
cumprido. Sendo os serviços
prestados à Humanidade a
causa, o direito vem a ser
o efeito. Numa sociedade
organizada, cada cidadão
classificar-se-á de acordo com
seu valor pessoal e grau de sua
evolução e em proporção com
sua cota social.
O indivíduo só deve ocupar
a situação merecida; seu
direito está em proporção
equivalente à sua capacidade
para o bem. Tal é a regra, tal
é a base de ordem universal,
e a ordem social, enquanto
não for sua contraprova, sua
imagem fiel, será precária e
instável.
Cada membro de uma
coletividade
deve,
por
força desta regra, em vez
de
reivindicar
direitos
fictícios, tornar-se digno
deles, aumentando o próprio
valor e sua participação na
obra comum. O ideal social
transforma-se, o sentido da
harmonia desenvolve-se, o
campo do altruísmo dilata-se;
mas, no estado atual das coisas,
no seio de uma sociedade
onde
fermentam
tantas
paixões, onde se agitam tantas
forças brutais, no meio de uma
civilização feita de egoísmo
e cobiça, de incoerência e
má-vontade, de sensualidade
e sofrimentos, são de temer
muitas convulsões.
Às vezes ouve-se o
bramido da onda que sobe.
O queixume dos que sofrem
transformam-se em brados de
cólera. As multidões contamse;
interesses
seculares
são ameaçados. Levantase, porém, uma nova fé,
iluminada por um raio do
Alto e assente em fatos, em
provas sensíveis. Diz a todos:
“Sede unidos, porque sois
irmãos, irmãos neste mundo,
irmãos na imortalidade.
Trabalhai em comum para
tornardes mais suaves as
condições da vida social, mais
fácil o desempenho de vossas
tarefas futuras. Trabalhai para
aumentar os tesouros de saber,
de sabedoria, de poder, que
são a herança da Humanidade.
A felicidade não está na luta,
na vingança; está na união dos
corações e das vontades!”
(extrato do texto de Léon Denis, “Justiça e responsabilidade. O problema do
mal”- cap. XVIII, do livro “O Problema do ser, do destino e da dor” – Ed. FEB)
Aos espíritas, pois, muito será pedido, porque muito hão recebido;
mas, também, aos que houverem aproveitado, muito será dado.
(Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XVIII, item 12)
(Nesta seção traremos textos explicativos dos temas abordados, retirados
das obras da codificação assim como dos melhores e respeitáveis autores
do Movimento espírita).
Ano XII - Nº 51
CECJMJ
Centro Espírita de
Caridade
Jesus, Maria e José
Reuniões Públicas:
Segundas-feiras às 20:00 horas e
Sábados as 18:00 horas
Estudos das Obras Básicas:
O Evangelho Seg. o Espiritismo e
O Livro dos Espíritos;
Quartas-feiras das 19:00 às 20:00h
Estudo Sistematizado:
sábados das 16:30 às 17:45horas
Rua Bangu, 141 - Bangu
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TRABALHOS MANUAIS
Terças-Feiras: Bordados
Quartas-Feiras:Crochê e Pintura
BRECHÓ
Quartas-Feiras
Sábados - 11:00 horas
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Periódico de Estudos e Divulgação
Doutrinária do CECJMJ
Fundado em Agosto de 2003
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Edição - DSAD
Ano XII- 51º Edição - Jan/Fev/2016
A CHARRUA
Página 3
Estude e Viva!
com Raul Teçá
Dicas para uma boa leitura
(“Quem aspire a entesourar os valores da própria emancipação intima,
à frente do universo e da vida, deve e precisa estudar” - Emmanuel)
(“(...) recordemos que o Espiritismo nos solicita uma espécie permanente
de caridade – a caridade da sua própria divulgação” - Emmanuel)
Nos dias atuais, mais do que
nunca, sentimos a necessidade
de reforçarmos em nós, o sentido do dever e da responsabilidade, pois como sabemos,
“muito se pedirá aquele que
muito recebeu”. Sendo assim,
reforçando o tema que abre a
presente edição, indicamos,
além da leitura dos textos de
Léon Denis em sua íntegra e
todo o capítulo XVIII do Evangelho Segundo o Espiritismo,
mais quatro textos importantíssimos de dois autores que
merecem todo o nosso respeito
e gratidão, são eles: Martins Peralva, com o texto “Renovação e
entendimento”, do livro “Pensamento de Emmanuel”; e Juvanir
Borges de Souza, com os textos
“conhecimento e Responsabilidade”, “conhecimento e Prática
do Espiritismo” e “Vivência
Espírita”, respectivamente dos
livros “Tempo de Renovação”
e “Tempo de Transição – todos
editados pela FEB.
Destacamos abaixo, alguns
poucos fragmentos dos textos
indicados, informações preciosas que o caro leitor encontrará
ao perlustrar os textos indicados.
“No que diz respeito à transformação moral, de uma noite
para o dia, não pode igualmente
corrigir o homem imperfeições
e hábitos sedimentados durante
milênios de milênios. ” “Impor-
ta reconhecer que renovação e
entendimento são cultiváveis no
solo de nossas almas...” “Aos Espíritas, por conseguinte a todos
nós, cabe, especialmente, difundir os princípios doutrinários, os
preceitos evangélicos, as normas
edificantes, para que, à maneira
de abençoada chuva, fertilizem,
com a luz do amor e o orvalho
do esclarecimento, consciências
que dormitam, ou, simplesmente, começam a despertar, atordoadas, para superiores programas
de elevação. ”
“Toda elevação requer do Espírito, encarnado ou desencarnado,
aplicação e esforço. ”
“Há muitas inteligências aprimoradas nas culturas terrenas
inteiramente descompromissadas com as virtudes que conduzem à elevação moral. ”
“O Livre-arbítrio pessoal faz-se
acompanhar da responsabilidade pelas próprias ações. Mas
essa responsabilidade vai muito
além da ação direta ou indireta.
Ela abrange também as omissões
pelo bem que poderia ter sido feito e não foi, e o mal daí resultante. A Doutrina Espírita mostra
com muita clareza o princípio da
liberdade de ação e de omissão e
a responsabilidade pelas consequências.”
Paro por aqui, mas convido a
todos, a leitura dos textos supracitados, garanto que será extremamente gratificante.
(Raul Teçá é militante do Movimento Espírita)
A CHARRUA
Ano XII - Nº 51
Página 4
Estudando Mediunidade
com Joaquim Couto
A Cura da Obsessão
“As imperfeições morais do obsidiado são, frequentemente, um obstáculo à sua libertação.”
Allan Kardec, L.M. cap. 23, item 252.
S
em dúvida que em
muitos
casos
de
obsessão, um dos grandes
obstáculos a cura da mesma,
são as imperfeições morais do
encarnado. É fácil acusar os
espíritos sofredores como os
causadores, mas se todos os
que passam por essa situação
fizessem um exame de
consciência, poderiam chegar
à conclusão de que os seus
pensamentos, as suas ações
no dia a dia, possibilitam a
influência de tais espíritos em
suas vidas.
As causas podem variar,
como bem colocou Allan
Kardec nesse capítulo, mas,
se de fato o obsidiado deseja
a cura e a sua liberação
dessa ação espiritual, fazse necessário um trabalho
íntimo
de
renovação,
eliminando as causas que
alimentam a obsessão em sua
vida.
Os estudos das lições daquele que foi libertado
contidas
no
Espiritismo “seguir o seu caminho, não
ajudam a compreender bem errando mais”.
a necessidade do esforço
Somos imperfeitos bem
o sabemos, mas isso não
deve alimentar em nos um
estado de acomodação em
comportamentos e atitudes
que tanto nos prejudicam
espiritualmente.
Temos o apoio dos bons
espíritos que reconhecendo
os nossos esforços na busca
da transformação moral, nos
darão o seu amparo amigo e
solidário principalmente nos
momentos das provas que se
fizerem necessárias em nossas
vidas.
As lições deixadas por
Jesus e tão bem explicadas
de renovação para que no Evangelho Segundo o
“portas e janelas” da alma Espiritismo são roteiro seguro
sejam fechadas à influência que muito nos podem ajudar
espiritual dessa natureza.
na busca de nos preservarmos
Jesus recomendou-nos que das obsessões.
as curas obtidas necessitam
Oração e Vigilância sempre!
(Joaquim Couto é integrante do Centro Espírita Leon Denis e Expositor da Doutrina)
Uma das insensatezes da Humanidade consiste em vermos o mal de
outrem, antes de vermos o mal que está em nós. Para julgar-se a si mesmo,
fora preciso que o homem pudesse ver seu interior num espelho, pudesse, de
certo modo, transportar-se para fora de si próprio, considerar-se
como outra pessoa e perguntar: Que pensaria eu, se visse alguém fazer o
que faço?
(Trecho retirado do Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. XV, item 10 - Ed. FEB)
A CHARRUA
Ano XII - Nº 51
Página 5
Estudando O Evangelho
com Sergio Daemon
O Evangelho segundo o Espiritismo
Introdução 4 – Sócrates e Platão – Resumo da doutrina (14)
XVI. Chamo homem vicioso a esse amante vulgar, que mais ama o corpo do que a alma. O amor
está por toda parte em a Natureza, que nos convida ao exercício da nossa inteligência; até no
movimento dos astros o encontramos. É o amor que orna a Natureza de seus ricos tapetes; ele
se enfeita e fixa morada onde se lhes deparem flores e perfumes. É ainda o amor que dá paz aos
homens, calma ao mar, silêncio aos ventos e sono à dor.
O
s gregos tinham seis
formas de classificar o
amor. Com relação a citação
acima, vamos porém nos
deter em um deles que era o
“PHILAUTIA”.
Este forma de amor é aquela
que desenvolvemos por nós
mesmos. Os gregos achavam
que ele poderia se apresentar
de duas formas:
Primeiramente quando o
amor a si mesmo se manifesta
na forma de amor doentio,
como o narcisismo, a obsessão
pela fama, fortuna, etc. (talvez
a isto Sócrates se refira ai acima
na primeira frase).
A segunda forma seria aquela
que reforçava sua capacidade
maior para o amor. Se você
gosta mais de si mesmo, se você
está de bem com a vida, em paz
com a sua consciência, então
você vai ter mais amor para doar
aos seus semelhantes. Nesta
forma realmente os dizeres de
Sócrates fazem todo o sentido,
pois a vida se apresenta para nós
como um hino ao amor.
Quando chegamos a este
ponto estamos então prontos
para exercer outra forma
de amar segundo os gregos:
o “AGAPE”, que é a forma
mais radical de amor: o amor
altruísta que é o que devemos
ter por todas as pessoas sejam
familiares ou estranhos.
Eis aí a nossa tão conhecida
Regra Áurea: “AMAR AO
PRÓX I MO C OMO A SI
MESMO”.
(Sergio Daemon Guimarães é integrante do Grupo Espírita Auta de Souza e Expositor da Doutrina)
Conversando com Chico
Necessidade do Estudo
Os amigos espirituais nos
informam que o estudo deve
ser para nós uma obrigação,
em qualquer idade ou
circunstância da vida.
Muitas vezes, quando na
infância ou na juventude,
somos constrangidos a estudar
e sentimos muita dificuldade
em observar as disciplinas
estabelecidas, seja por nossos
pais ou professores, tutores ou
amigos.
Às vezes, fugimos de
aula, desertamos do dever
estudantil, mas com o tempo,
se observarmos a vida dentro
da realidade que lhe é própria,
(Continua na página 6)
A CHARRUA
Ano XII - Nº 51
Página 6
O Livro dos Espiritos
com Paulo Antonio
Louvado seja Deus, louvado seja Jesus.
Parte segunda - Do mundo espirita ou mundo dos Espíritos - capitulo III - Da volta do Espirito,
extinta a vida corpórea, à vida espiritual
A
3 - Perturbação Espiritual (pergs 163a 165 e uma observação)
perturbação que
se segue à morte
nada tem de penosa para o
homem de bem; é calma e
em tudo semelhante àquela
que acompanha um despertar
tranquilo. Os Espíritos afirmam
que os conhecimentos do
Espiritismo exercem uma
influência muito grande sobre
a duração da perturbação após
à morte, pela compreensão da
nossa situação espiritual, mas a
prática do bem e a consciência
higienizada exercem maior
influência. Essa é a perspectiva
dos bons espiritas.
A duração da perturbação
que se segue à morte, no
conceito geral, é muito variável,
depende da evolução espiritual
de cada um de nós, é menos
longa naqueles que, desde a
vida terrena, se identificaram
com o seu estado futuro
através da sua transformação
moral e pelos esforços que
faz para dominar suas más
inclinações. Porém, pode ser de
algumas horas, como de vários
meses e até de muitos anos
essa perturbação apresenta
circunstancias particulares, de
acordo com os caracteres dos
indivíduos, principalmente,
com o gênero de morte. Nas
mortes violentas, por suicídio,
suplicio, acidente, etc., o
Espirito fica surpreendido,
espantado, não acredita morto
e sustenta essa ideia com
obstinação.
Resumindo, os Espíritos não
experimentam, no mesmo
grau e pelo mesmo tempo,
a perturbação que se segue
à separação da alma e do
corpo, depende da elevação
de cada um. Aquele que já
está purificado se reconhece
quase imediatamente, porque
se libertou da matéria durante
a vida do corpo físico, já
o homem que é apegado à
matéria, guarda por muito
mais tempo a sua impressão,
mesmo desencarnado. Então,
concluímos, que está ao
nosso alcance, o processo
de despertamento no plano
espiritual, precisamos
perseverar no desprendimento
das coisas da matéria ou melhor
, como o homem de bem, ter
fé em Deus, ter fé no futuro,
colocando os bens espirituais
acima dos bens materiais.
Até a próxima oportunidade! Que Deus nos abençoe!
(Paulo Antonio de A. Barbosa é militante do movimento Espírita e Expositor da Doutrina)
(Continuação de “Conversando com Chico”, na página 5)
quando entramos na condição
de adultos, somos induzidos
a estudar voluntariamente
porque sabemos que o estudo
é luz no coração e no espírito.
Na
ignorância
não
Todos nós, sejamos crianças
conseguiríamos, como não ou jovens, adultos ou já
conseguiremos, enxergar o muitíssimo maduros, devemos
caminho real que Deus traçou estudar sempre.
a cada um de nós na Terra.
(Retirado do livro “ENTREVISTAS“ - Ed. IDE - Instituto de Difusão Espírita - Araras - SP)
A CHARRUA
Ano XII - Nº 51
Página 7
Nós e o Mundo
Em Tempo Real
com Nádia Maria Braga
É
um novo ano!
Um renascer!
Santo
Agostinho
nos
aconselhou a refletir, sobre
nossas ações e sentimentos,
todo final de dia. Mas, se não
temos disciplina para isso, que o
possamos fazer a cada início de
ano, planejando novas atitudes.
Estamos
numa
escola
chamada Terra e a cada ano
somos valorados.
O quanto aprendemos? O
quanto já nos modificamos
para melhor?
Dizem que nunca pisamos o
mesmo rio duas vezes, pois ele
e nós já não somos os mesmos,
com o passar do tempo.
A vida é dinamismo! O que
vemos ao nosso redor é ilusão.
Tudo é movimento.
A Lei do Progresso nos
impulsiona para frente. Nem
mesmo nosso livre arbítrio pode
desafiar essa lei. Mesmo que
escolhêssemos nunca evoluir,
isso nos seria impossível.
Vivemos tempos de transição ,
onde o velho insiste em existir,
mas o novo inexoravelmente
chegará.
Seremos arrastados para
frente, mesmo que alavancados
por grandes dores.
Jesus nos alertou sobre guerras
e rumores de guerras, fome e
epidemias, sinais dos tempos
Ano Novo...Vida Nova!
finais.
O terceiro milênio chegou e
haverá a separação do joio do
trigo.
Por todos os cantos da Terra
há choro e ranger de dentes.
Continuaremos a sofrer como
resultado de nossas péssimas
escolhas ou vamos fazer o que
Jesus nos aconselhou: " Amaivos" ?
Enquanto não gerarmos amor
dentro de nós viveremos em
desequilíbrio. Esse desequilíbrio
se refletirá no mundo.
O Espiritismo nos trouxe
informações valiosas. Ele é o
Consolador prometido por
Jesus.
Através dele o Mestre Jesus se
redesenhou em cores vivas, em
nossos corações.
Hoje conhecemos a lei de ação
e reação. Morreu o conceito de
injustiça.
O Espiritismo nos ensina que
a tecitura da vida se faz com
nossos pensamentos revestidos
com nossas emoções .
Podemos nos unir a corrente
mental do bem e, então,
seremos luz.
Mas , também, podemos
escolher fluir na corrente do
desequilíbrio e, então seremos
sombras e trevas.
O nosso planeta reflete
o somatório de nossos
pensamentos.
O Espiritismo nos aconselha
o caminho do conhecimento
, da reflexão, para fazermos as
melhores escolhas.
O conhecimento das leis
que nos regem nos leva a
solidariedade. Não poderemos
ser felizes enquanto um só
irmão nosso sofrer, pois já
sabemos que fazemos parte de
uma imensa teia de colaboração.
A nossa visão deve se
aprofundar e ser mais
abrangente. O outro é
nosso
irmão,
copartícipe
na
construção
de
um
mundo melhor, o mundo de
regeneração.
Então
lancemos
nossos
desafios para o ano que
começa: Que possamos lutar
bravamente contra o egoísmo e
o orgulho.
Que possamos preencher
nossas almas com a esperança
é a fé.
Que esse Deus Pai não seja
um conceito distante, mas, sim,
um sentimento, uma emoção,
um sorriso, uma lágrima, um
companheiro, o amigo mais
íntimo.
Que a certeza dessa Presença
nos traga a paz nos corações,
para que possamos, finalmente,
sentir o sabor da felicidade.
Feliz 2016!
(Nádia Maria Braga Moreira é integrante da instituição Espírita Casa de Miguel e Expositora da Doutrina)
Ano XII - Nº 51
A CHARRUA
Página 8
Estudando
à Luz da Doutrina
com Frederico Mantuano
“EU PRECISO DE VOCÊ”
“Eu tenho outros amigos na Terra que estão precisando das suas mãos, estão precisando dos seus
talentos. É só olhar à sua volta para descobrir quem são esses irmãos! Eles me chamam, precisam
de mim, mas eu preciso de você para ajudá-los! Eu só posso socorrê-los através das suas mãos, da
sua boca, dos seus olhos, da sua inteligência. Eu não quero fazer isso sozinho. Aliás, certamente,
nem conseguiria, porque a vontade de Deus é que todos se tornem cristos também!” (Lição ‘EU
PRECISO DE VOCÊ’, do livro ‘O AMIGO JESUS’, pag, 133, 1ª Ed., de José Carlos De Lucca).
I
ncrível
pensarmos
quanta importância nós
temos para o querido Mestre
Jesus. Ele conta conosco,
como seus discípulos, para
auxiliarmos, de forma mais
direta, àqueles irmãos que
estão, ainda, necessitando
de amparo, seja ele material
ou espiritual. Desde quando
nos matriculamos na Escola
do Mestre Jesus, nós nos
colocamos à sua disposição
para as tarefas de socorro
e amparo a esses nossos
irmãos de caminhada; assim
como nós próprios já fomos
socorridos e amparados por
outros tarefeiros que, também,
colocaram os seus talentos à
disposição das tarefas do bem.
O que o Mestre espera
de cada um de nós senão
utilizarmos os nossos talentos
em favor do próximo? Que
nos coloquemos à disposição
em qualquer tarefa que tenha
por objetivo o auxílio aos
necessitados. Que possamos
emprestar nos nossos ouvidos
a fim de que o nosso irmão
possa externar a mágoa que o
sufoca e desespera e que, por
vezes até, tira-lhe o ânimo
de viver. Que possamos lhe
transmitir a palavra amiga, de
entendimento e pacificação
que irá balsamizar as suas
dores. Que os nossos olhos,
também, possam ser o guia
para aqueles privados da
visão e que realizemos tarefas
de leitura junto aos leitos
de hospitais ou asilos. Que
possamos, efetivamente, por a
mão na charrua e realizemos
o que nos for possível, de
coração aberto.
É da Lei que alcancemos,
todos nós, a perfeição
espiritual traçada por Deus,
nosso Pai, para nossas vidas de
Espíritos imortais que somos.
Para tanto, necessitamos
seguir as orientações de amor
trazidas pelo Mestre Jesus.
“Eu sou o caminho, a
verdade e a vida e não chegarás
ao Pai senão através de mim.”
Ele aplainou o caminho para
nós, nos mostrando através
dos seus exemplos, o que
deveríamos fazer, para que não
mais tropeçássemos. Basta que
agora sigamos as suas amorosas
orientações e nos coloquemos
à sua disposição, pois Ele,
efetivamente, precisa de nós
como os seus instrumentos de
trabalho.
Vamos irmãos! Mãos à
obra! A CHARRUA nos espera!
(Frederico Mantuano é integrante do Centro Espírita Abigail e Expositor da Doutrina)
Ânimo, trabalhadores! Tomai dos vossos arados e das vossas charruas; lavrai os vossos corações;
arrancai deles a cizânia; semeai a boa semente que o Senhor vos confia e o orvalho do amor lhe fará
produzir frutos de caridade. – Um Espírito amigo. (Bordéus, 1862.)
(O Evangelho Segundo o Espiritismo - cap. XVIII - Muitos os chamados e pouco os escolhidos - extrato do item 15)
A CHARRUA
Ano XII - Nº 51
Página 9
Saúde Mental
Espiritismo & Psicologia
com Orlando Ramos
A
Humanidade e Conhecimento
llan Kardec em o livro
dos Espíritos propôs
na questão 628 o porquê da
verdade não ser posta para
todo mundo, obteve como
resposta: Cada coisa deve vir
ao seu tempo, pois a verdade
é como a luz, deve acostumarse a ela a pouco e pouco,
caso contrário cega. Façamos
uma reflexão quanto ao
entendimento dessa questão:
em uma linha de tempo
prevista foi concedido uma
perspectiva possível de acesso
à conhecimentos de divina
concepção a toda humanidade.
Desde Abraão, passando
por Moisés, culminando
com a vinda do Senhor Jesus
em toda sua magnitude e
amorosidade com nossas
dificuldades, alcançou-se a
Doutrina dos Espíritos que
por mercê de Deus ampliounos o entendimento e a razão
em sua meta principal de
auxílio para sermos felizes.
Trabalho aceito também
deveríamos
empreender
esforços
contínuos
para
superação de nós mesmos
em sentimentos, ímpetos
inferiores de nossa história
espiritual. O inconsciente
coletivo assinalado por Carl
Gustav Jung, discípulo de
Freud nunca foi tão ventilado
como nos dias atuais, embora
evitemos entrar em contato
com os valores para os quais
fomos criados nessa grande
obra do Pai criador. Grandes
saltos foram dados com os
avanços da ciência em resposta
aos males do homem moderno
que em sua ânsia em angariar
poder, afastou-se do Amor ao
próximo. Tornou-se egoísta
fazendo de si e dos outros,
verdadeiras marionetes da
realidade material que o
cerca. Lancemos um olhar
ao passado e veremos o
quanto contribuímos para
o que se vive nos dias atuais.
Reclamamos da fome, dos
desastres, da violência, da
escassez de alguns recursos
naturais, mas ainda assim
não assumimos a verdadeira
responsabilidade que trará a
reconstrução e o reequilíbrio
para um mundo melhor e mais
amoroso. Tanto conhecimento
e tão pouca sabedoria para
utilizá-los. E o Cristo a quem
traímos
e
continuamos
a vender durante tantos
séculos não nos abandonou,
continua investindo em nosso
progresso através dos diversos
emissários que a seu chamado
executam nas diversas áreas
do conhecimento o intento do
Pai que deseja a salvação de
seus filhos. O despertamento
depende de muita boa vontade
e desejo sincero de nossos
corações, assiduidade no
bem, preocupação com o mais
próximo, solidariedade com o
que sofre, pois se assim não for
continuaremos simplesmente
acumulando conhecimentos
sem a devida movimentação
no bem e no belo. Como nos
diz Lázaro no Evangelho
Segundo o Espiritismo no
item 8 do cap.IX: ”A virtude
da vossa geração é a atividade
intelectual; seu vício é a
indiferença moral”. Reflitamos
queridos irmãos sobre o que
temos feito do conhecimento
amealhado e o que poderemos
produzir diante de tudo
que Deus nos oferece para a
ascensão Espiritual.
(José Orlando Ramos é integrante do Centro Espírita Abigail e Expositor da Doutrina)
Ano XII - Nº 51
A CHARRUA
Página 10
Esflorando o Reformador
Responsabilidade pessoal
A
vida é luta e a luta foi
feita para o homem.
O conceito é antigo, mas conserva a mesma vigorosa atualidade, especialmente quando
o enfocamos sob o prisma
doutrinário, eis que, segundo
a Codificação espírita, a nossa
presença na Terra tem por finalidade construir, reconstruindo.
As lutas terrenas, dos mais
variados matizes, são consequência do nosso passivo espiritual trazido do pretérito e
têm por essenciais objetivos: a)
o reajustamento da nossa alma
eterna; b) a aquisição do amor
e do conhecimento.
São elas que possibilitam a
conquista, paulatina, de valores que enriquecerão o nosso
Espírito.
A influência da Doutrina dos
Espíritos no sentido de que,
pelo discernimento, assimilemos o significado dos problemas humanos, é de real valia
para todos nós, seres endividados, em processo regenerativo.
Os postulados espíritas conscientizam-nos, efetiva e claramente, quanto à necessidade
de aceitarmos as dificuldades
com resignação e coragem,
eis que representam a nossa
grande oportunidade de libertação, de resgate de velhos
débitos.
Nossos espíritos, bem sabemos, porque assim no-lo revela a Codificação Kardequiana,
vêm de muito longe, no tempo
J. Martins Peralva
e no espaço.
Lógico e compreensível, portanto, que, por efeito de nossas
imperfeições, tenhamos acumulados, ao longo dos séculos,
um somatório de gravames no
relacionamento, na coexistência com não sabemos quantas
individualidades que cruzaram
os mesmos caminhos por nós
palmilhados.
É nosso dever buscarmos
o progresso espiritual, sob a
égide de Jesus, através do apoio de almas queridas ligadas ao
nosso destino, que, em generosos impulsos, nos acompanham as lutas milenárias, tolerando as nossas experiências
menos felizes, perdoando as
nossas constantes reincidências no erro, soerguendo-nos
sempre, carinhosamente, para
a continuidade do nosso esforço.
(Continua na página 11)
As vidas sucessivas são como
enorme corrente, formada de
muitos elos, cada um deles
representando uma etapa da
nossa evolução, mesclada de
muitos débitos e poucos créditos, no curso da qual agredimos, ferimos, causamos males
sem conta a irmãos que conviveram conosco.
Os Espíritos responsáveis
pela Codificação – sublime
presente de Deus para a Humanidade – afirmam que Haurimos em nós mesmos a força
para progredir, cabendo-nos
movimentar os recursos da
boa-vontade e da perseverança, a fim de que criemos
adequadas condições, em nosso mundo íntimo, para que
os Cireneus da Vida Maior
encontrem, em nós, a indispensável receptividade que
lhes facilite os caridosos objetivos.
Allan Kardec, abordando a
problemática do progresso (“O
Livros dos Espíritos”, questão
779). Obteve o seguinte esclarecimento:
“O homem se desenvolve por
si mesmo, naturalmente. Mas,
nem todos progridem simultaneamente e do mesmo modo.
Dá-se então que os mais adiantados auxiliam o progresso dos
outros, por meio de contato
social. ”
Facultando-nos, pela reencarnação, o intercâmbio das ideias
e dos sentimentos, no âmbito
da sociedade, a Providência
Ano XII - Nº 51
A CHARRUA
Página 11
(Continuação - Esflorando o Reformador)
Divina favorece-nos a construção da felicidade futura,
enquanto o Espiritismo, revivescência do Cristianismo,
ampliando-nos o raciocínio,
aumenta-nos os recursos tendentes a elevar-nos para Deus.
Temos tudo: a Paternidade
Divina; Jesus e seu Amor; as
luzes do Evangelho; os tesouros contidos na Codificação;
o auxílio das preces dos companheiros de jornada; o corpo
físico, por templo da alma.
A posição do espírita, consequentemente, é muito delicada, sob o ponto de vista
da responsabilidade pessoal,
porque sabemos o que é lícito
e o que não o é, o que convém
e o que não convém.
Nas lutas terrenas necessitamos cultivar a fé, desenvolvê-la, a fim de nos mantermos na arena evolutiva, sem
esmorecimentos.
O Cristo, bondosamente, nos
adverte:
“Aquele que muito for dado,
muito se lhe pedirá. ” (Lucas,
12:48)
Em “O Evangelho segundo
o Espiritismo” encontramos a
seguinte definição:
“A fé é o sentimento inato, no
homem, da sua destinação. É
a consciência das prodigiosas
faculdades que traz em germe,
no íntimo, a princípio em estado latente, mas que deve fazer
germinar e crescer, através de
sua vontade ativa. ” (Um Espírito Protetor, Paris, 1863)
Emmanuel, em admirável
complementação, pela psi-
cografia de Francisco Cândido
Xavier, desperta-nos para a necessidade da confiança:
“As crises na senda de aperfeiçoamento, muitas vezes, se
multiplicarão, em torno de
teus passos. Confia, porém,
no amparo de Deus, trabalha,
serve e caminha. Deus não
te faltará. ” (Livro “Fé”, mensagem ‘Deus não te faltará”.)
A compaixão de Deus é infinita, todavia, as leis de Justiça,
que regem a Vida Universal,
não devem ser desrespeitadas,
infringidas, visto que, segundo
o princípio de que quem planta colhe, somos responsáveis
pelas infrações cometidas.
O Retorno ao mundo Espiritual representa, por via destas
reflexões, um momento grave
de nossa vida, eis que a consciência nos pedirá contas da
utilização das oportunidades e
dos conhecimentos adquiridos
na escola terrestre.
Valorizar, pois a vida, em
função do porvir, eis a realidade que nos aflora à mente.
Valorizar a reencarnação significa transformar, “enquanto
estamos a caminho”, os sentimentos negativos, que nos
acompanham há milênios, em
sentimentos edificantes e edificadores.
Exemplifiquemos.
Abdicar do orgulho, em favor
da humildade.
Superar o egoísmo, em
benefício da fraternidade.
Eliminar a cólera, trocando-a
pela serenidade.
Cultivar harmonia, ao invés
de discórdia.
Praticar a caridade, vencendo
o desamor.
Na verdade, um programa
de renovação interior, difícil
de ser executado a curto ou
médio prazos, considerando
que a nossa herança é muito sombria, muito delituosa.
Guardemos, porém, a certeza
de que, somando o conhecimento evangélico-doutrinário
à nossa boa-vontade, sincera e
perseverante, tudo se tornará
mais fácil.
A nossa vitória sobre nós
mesmos é realização nitidamente pessoal, para cuja obtenção, no entanto, jamais
prescindiremos do amparo, da
assistência, do devotamento
dos Amigos Espirituais.
Iludir-nos-emos, redondamente, se nos julgarmos autossuficientes no processo de nosso aperfeiçoamento, de nossa
libertação.
A conquista dessa vitória,
além de edificar a nossa felicidade e nos proporcionar
as bênçãos da iluminação,
alegrará almas abnegadas que,
ao longo dos séculos, revelam-se incansáveis na missão
de nos conduzir à posse dos
bens imperecíveis.
A vida é luta e a luta foi feita
para o homem.
Mas o triunfo espiritual
somente será conseguido
se confiarmos em Jesus e
nos seus mensageiros, e, se,
fazendo a nossa parte, não
desanimarmos no meio do
caminho...
(Texto de J. Martins Peralva– Retirado do Reformador de Agosto de 1985 - páginas 231/11 e 232/12)
(Nesta seção relembraremos as matérias, notícias e informações, dessa fonte maravilhosa de conhecimento que é a
Revista Reformador, editada pela FEB - Federação Espírita Brasileira, Casa Máter do Espiritismo no Brasil, desde 1883.)
A CHARRUA
Ano XII - Nº 51
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Estudando os Clássicos
com Eduardo Bessa
Ernesto Bozzano
*Savona, 09/01/1861 †Gênova, 24/06/1943
Professor, pesquisador e autor espírita profícuo, escreveu aproximadamente uma centena de
monografias sobre vários temas doutrinários. Verdadeiro discípulo de Kardec, não eliminava a
priori qualquer hipótese, porque só tinha um objetivo: conhecer a verdade.
E
m O Livro dos
Espíritos, Allan Kardec
a b o r d o u , n a s p e r g u nt a s
551–556, o assunto “Poder
Oculto. Talismãs. Feiticeiros”,
desmistificando a superstição
referente aos poderes mágicos
atribuídos a certos objetos.
Entretanto, como essa crença
é milenária e muito difundida
em todas as civilizações,
B ozzano decidiu-se por
escrever a monografia intitulada
“Gemas, Amuletos e Talismãs”¹,
valendo-se, inicialmente, dos
fenômenos obtidos com o
concurso das excepcionais
faculdades mediúnicas do
pastor Stainton Moses.²
Ele discute que, no fundo de
qualquer forma de superstição,
há de haver alguma parcela
de verdade. De fato, é de
conhecimento geral, no meio
espírita, que objetos variados
podem ficar impregnados com
os fluidos dos seus possuidores,
dos ambientes nos quais
estiveram etc. (Laboratório
do Mundo Invisível em O
Livro dos Médiuns). Dessa
forma, alguns médiuns têm,
na definição de André Luiz,
“a faculdade de ler impressões
e recordações ao contato de
objetos comuns.” (no livro Nos
Domínios da Mediunidade)³,
mediunidade essa conhecida
como psicometria.
Com uma argumentação
segura e lógica, o autor resume:
“se, por um lado, não se pode
negar que haja amuletos e
talismãs efetivamente saturados
de certa influência benfazeja
ou malfazeja, para quem os
traga consigo, por outro lado, a
extrema raridade dos indivíduos
capazes de influenciar assim
os objetos, junto à extrema
raridade dos “sensitivos”
suscetíveis de lhes sofrerem
as influências, de molde a
restringir significativamente
o fenômeno, nos levam a
considerar destituídos de toda
importância os amuletos e
talismãs.”.
Convido então os irmãos e
irmãs a lerem essa pequena,
porém significativa obra de
Ernesto Bozzano. É uma joia
de raciocínio e de bom-senso,
daquele que é considerado
um dos mais importantes
continuadores da obra magistral
deixada para nós por Allan
Kardec. Boa leitura e fiquem
com Deus!
1-www.autoresespiritasclassicos.com/Autores%20Espiritas%20Classicos%20%20Diversos/Ernesto%20
Bozzano/9/Ernesto%20Bozzano%20-%20Gemas,%20Amuletos%20e%20Talism%C3%A3s.doc
2- Pesquisador e médium britânico, com dons mediúnicos raros no gênero, fundador e membro de várias
instituições naquele país. Nasceu em 5/11/1839 e desencarnou em 5/9/1892;
3- 8º Livro da Série “Vida no mundo espiritual” do autor espiritual André Luiz, psicografia de Francisco C.
Xavier - Ed. FEB.
(Nesta Editoria, estudaremos as obras dos autores consideradas como os clássicos do Espiritismo Eduardo Bessa Azevedo é militante do movimento espírita de São Carlos - SP)
A CHARRUA
Ano XII - Nº 51
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Leituras & Releituras
com Enock Mesquita
Maria de Nazaré, a queda de um anjo (I)
“Maria desceu revestida de uma humildade sideral, portadora de um amor que universaliza todo
bem que se possa entender como sendo a verdadeira caridade. ”
(Maria de Nazaré, Miramez – médium: José Nunes Maia)
M
aria é venerada entre
os homens por ter
acolhido, no ventre do seu
imenso amor, o Mestre da
cristandade, Jesus. Aceitou
e desempenhou a nobre
missão com esmero e amor
indefectíveis, como é próprio
dos espíritos que já atingiram
degrau evolutivo bem mais
espiritualizado que o da Terra.
Este pequeno artigo busca
estabelecer uma ponte entre
a figura excelsa de Maria de
Nazaré e a transição planetária
que estamos vivenciando.
É indiscutível que estamos
às portas da Regeneração.
Entretanto, o que se constata
na atualidade é o espocar
de conflitos armados em
vários pontos do mundo,
o aumento desenfreado da
violência e da corrupção,
além do recrudescimento
de todas as formas de
intolerância. Todavia, esse
c ont e x t o tu r bu l e nt o d a
contemp oraneid ade não
deve desanimar aos cristãos
redivivos pelo Consolador
prometido por Jesus.
Si g am o s c on f i ante s n a s
promessas e no vaticínio do
amoros o Nazareno: “Das
ovelhas que o Pai me confiou,
nenhuma se perderá”. Não
nos desesperemos, portanto,
pelo momento conturbado que
atravessamos, em virtude de
ser perfeitamente natural que
toda essa turbulência se dê em
tempos de transição planetária.
A transição planetária não
é um fato novo no universo.
Q uando Sír ius at ing iu o
patamar de orbe regenerado, os
espíritos rebeldes e pertinazes
no mal foram expulsos para
Capella, isso serviu não só como
recurso de punição educativa,
mas também como uma nova
oportunidade para que esses
espíritos decaídos colaborassem
na regeneração de Capella,
naquele momento, planeta de
provas e expiações. Tarefa que
os renovaria, predispondo-os
ao retorno à antiga morada
planetária quando recuperados
e decididos ao cumprimento
das leis de amor. Completa
a regeneração de Capella de
Auriga, novo expurgo fezse necessário na ordem do
universo. E para o planeta
Terra vieram sete milhões de
espíritos, em levas contínuas,
para auxiliarem o nosso
planeta a galgar a condição de
planeta de provas e expiações.
Mas não vieram sozinhos.
Contaram com a infinita
bondade do Cristo Jesus que
os recebeu e os amparou. Esses
espíritos somos nós. Expulsos
de Sírius, depois de Capella e
agora, mais uma vez, aqueles
renitentes na perversidade
e na vileza estão s endo
recambiados lentamente,
através de varreduras
magnéticas, para mundos
inferiores, submetidos a lei
de causa e efeito, para que os
mansos e pacíficos possam
enfim herdar a Terra, como
fora prometido, nas Bemaventuranças, pelo meigo Rabi
da Galileia.
Mas, afinal, qual o papel de
Maria de Nazaré em todo esse
processo de queda, de dor, de
esperança e de luz que envolve
as humanidades do espaço
sideral em transmigrações
coletivas?
A resposta?! só na próxima
edição. Até lá!
(Nesta Editoria, será abordado temas variados na visão de autores diversos, em uma verdaeira
“Leitura e reeleitura”, buscando absorver, em vários ângulos, o máximo das lições Enock Mesquita é militante do movimento espírita de Angra dos Reis - RJ)
Ano XII - Nº 51
A CHARRUA
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Falando de Esperanto
com Alcione Koritzky
A
o início de cada ano,
movida pelas energias
positivas de esperança e
renovação, a população de
várias partes do planeta sonha
com melhorias pessoais e
sociais, acreditando que a
paz se implementará com
brindes, abraços e orações.
Embora os desejos da
virada do ano sejam salutares
para a alma, energizando-a
para seguir adiante, há
um universo de distância
entre os sonhos e a sua real
efetivação.
Basta um rápido olhar
no cenário mundial que é
possível perceber os inúmeros
conflitos internos que as
nações estão passando, além
daqueles que envolvem mais
do que um país, em conflitos
que matam pelas armas, pela
fome, doenças e indiferenças
mundiais. Curtidas virtuais
estão longe de serem solução
para coisa alguma.
Então, como fazer 2016 um
ano diferentes dos demais,
para que nossos desejos se
tornem metas e assim tenham
chances de virar realidade?
Lázaro Luiz Zamenhof,
vislumbrou uma sociedade
serena, amiga e fraterna
ao organizar o idioma da
fraternidade, nosso querido
Esperanto.
Ainda incompreendido, até
mesmo pela grande maioria
dos espíritas, o Esperanto é
uma das mais fenomenais
ferramentas à disposição de
todos. De forma prática e
objetiva, pode colaborar na
disseminação dos valores
humanitários e igualitários
entre nações.
Enxergar o Esperanto além
da regularidade gramatical e
de sua bela e lógica fonética
permitirá entender a obra
magistral de Zamenhof,
que mesmo antes de sua
encarnação, já trabalhava
exaustivamente no mundo
espiritual,
nas
questões
linguísticas para a elaboração
de um idioma planejado.
O Esperanto não é a
solução para os problemas
de conflitos que aterrorizam
os tempos modernos, mas
sua essência de fraternidade
e justiça se coaduna com a
base firme e cândida do amor
que tanto aspiramos. E onde
o amor se instala, pouco a
pouco, a paz se faz.
Somos partes integrantes
do mundo atual e os problemas
de um são problemas de
todos. Através do Esperanto,
podemos nos aproximar
linguística e fraternalmente
de uma Humanidade tão
sofrida e descrente da paz. E
é nesta hora que vamos poder
contribuir com construção
de um 2016 diferente,
agindo de forma prática. E,
transcendendo os desejos e,
em nome do Mestre, sermos
semeadores de luz.
Em Bangu, você pode
aprender o Esperanto no
Esperanto-Grupo
Ismael
Gomes Braga, que se localiza
na Rua Silva Cardoso, 673, e
também na Biblioteca Pública
Municipal, ao lado da Região
Administrativa do Bairro.
(Alcione Koritzky é palestrante espírita e evangelizadora infanto-juvenil, colaboradora do Grupo Espírita
Redenção – 12º CEU e instrutora do Esperanto-Grupo Ismael Gomes Braga. Formada em publicidade, é também
escritora e produtora no segmento de obras audiovisuais para cinema e TV - [email protected])
Aviso: Celso Martins está lançando o seu centéssimo livro de título VETERANO?, no
qual detalhou sua vida no meio Esperantista desde 1956, quando era ainda um moço
de apenas 14 anos de idade! Os interessados devem entrar em contato com o Sr. Pedro
A CHARRUA
Ano XII - Nº 51
Gente Querida!
com Celso Martins
Aconteceu no meio espírita
Depoimento (continuação)
- 11 André Trigueiro
Foi numa manhã de uma linda
terça-feira.
Não me lembro em que dia, o
mês, o ano. Seria pedir demais
de um memorista público e
notoriamente desmemoriado
que escreveu pela editora
Mnêmio Túlio, fundada pelo
baiano Anísio de Brito Neves –
elaborou o livro “antes que me
esqueça” .
- 12 Estava com minha esposa
Neli (1941-2010) no Centro
Espírita João Batista, prédio
recém inaugurado na rua
Dona Claudina, 105 – no
bairro carioca do Meier,
transversal a rua Dias da Cruz
(dois médicos homeopatas, pai
e filho espíritas).
A reunião ia das 9:00 às 9:45
h. a aplicação do passe era das
9:45 até 10:30h. daí descíamos
para o primeiro andar e, entre
café e bolinhos – havia a venda
de livros e se estabelecia uma
animada palestra.
Gritei: “André – eu o vejo no
canal 20 – TV News, todas as
noites às 10 horas da noite!”
Ele pergunta: “- quem é você?”
Respondo:”- Celso Martins!”
Ele segue: “- Ih, caro! Eu já li os
seus livros.
E então se ouviu uma
estrondosa
gargalhada;
porque, gaiato – saí com esta: “Você lê livros pornôs?!”
- 13 –
Desdobramento
Corria o ano de 1960, sábados
das 18:00 às 19:30 da noite.
Estava reunida a Mocidade
Espírita de Iguaçu.
Eu era um dos seus
componentes convidados pela
professora Nancy de Barros.
Entre os jovens estava a
mocinha Vera Lúcia, filha do
casal Arthur e Maria, irmã
do Arthurzinho, apelidado de
Pelezinho.
Vera Lúcia, às vezes, dormia
durante a sessão toda, sem
roncar.
(continua na próxima edição)
(Esta seção trará sempre um texto de Celso Martins)
Antônio Tenório, da associação Paulista de S. Paulo - Rua
Faustolo, 124 - Água Branca - S. Paulo - CEP 05041-000.
Vale a pena ler e divulgar mais um livro do escritor espírita,
nosso velho e querido amigo conhecido até no exterior.
A comercialização será para lançar novos livros em ou
sobre o esperanto!
Contato com Celso Martins pelos telefones: (21) 3619-1083
e (21) 2627-8383.
Página 15
Relembrando
Bilhete Amigo
Se te sentes esmorecer na luta,
eleva o teu olhar ao Criador
e observa a Sua obra e a Sua
sabedoria.
Se
a
ingratidão
de
visita
deixando-te
desiludida,
lembra-te
que Deus
nos dá tudo
de bom que
possuímos, esperando apenas
que devamos aproveitar a
sua magnificência para o
nosso próprio progresso. E, no
entanto, como o desiludimos,
deixando a estrada reta
para trilharmos por vielas
tortuosas, retardando a nossa
ascensão.
Se a dor bater à tua porta,
deves ser forte e lembrarte que ela te conduzirá à
perfeição.
Se a solidão é tua
companheira, procura o teu
próximo, sorri e chora com
ele, preenchendo o vazio de
tua alma com amor.
Irradia simpatia e amizade,
que receberás em troca amigos
sinceros. Mas se tudo fizeres e
não receberes a visita da paz
e da felicidade, ergue o teu
olhar para Jesus e ora, pois
a oração é uma necessidade
da nossa alma. É através da
prece que nos encontramos
com Jesus e nos identificamos
com Ele para a nossa melhora
interior.
Judith Garuzi
Texto retirado de “O Espelho”- Órgão
Noticioso da Juventude Geny Maia
Ano IV- Setembro- 1957 - nº 13
Ano XII - Nº 51
A CHARRUA
Vocabulário Histórico
Página 16
com Manoel Dominique
Agabo
Profeta de Jerusalém. Dirigiu-se a Antioquia, onde recebeu mensagem mediúnica, anunciadora
de crise iminente na Judeia (Palestina). Sem demora, Barnabé e Saulo (Paulo) remeteram
socorros, coletados entre discípulos cristãos.
Referências:
[Barnabé] partiu para Tarso, inteiro. Entretanto, pondero a e v o lut i v a s . D e t o d a s a s
a fim de buscar Saulo e, necessidade de imprimirmos a cidades afluíamcolaboradores
ao encontra-lo, o conduziu melhor expressão de unidade sinceros. As assembleias
para Antioquia. E sucedeu às suas manifestações. Quero estavam sempre cheias de
que, por um ano inteiro, referir-me aos títulos que nos revelações. Numerosos irmãos
eles se reuniram na igreja e identificam a comunidade. profetizavam, animados do
ensinaram considerável turba. Não vejo na palavra “caminho” Espírito Santo. Foi aí que
Em Antioquia, os discípulos, uma designação perfeita, Ágabo, grande inspirado
pela pr imeira vez, foram que traduza o nosso esforço. pelas forças do plano superior,
aconselhados [a se chamarem] Os d is c ípu l o s d o C r isto recebeu a mensagem referente
c r i s t ã o s . Na q u e l e s d i a s , são chamados “viajores”, às tristes provações de que
desceram profetas de Jerusalém “peregrinos”, “caminheiros”, Jerusalém seria vítima. (...)
para Antioquia. Levantando- mas há viandantes e estradas B a r n a b é a p r e s e n t o u a s
se um deles, de nome Agabo, de todos os matizes. O mal notícias, de alma confrangida.
indicou pelo espírito que estava tem, igualmente, os seus A lab oriosa comunidade
prestes a haver grande fome em caminhos. Não seria mais justo solidarizou-se, de bom grado,
toda terra habitada...
chamarmo-nos – cristãos – uns para atender a Jerusalém.
(Atos 11:25 a 11:30 – retirado aos outros? Este título nos R e c o l h i d a s a s c o t a s d e
do “O novo Testamento”- ed. recordará a presença do Mestre, auxílio, o ex-levita de Chipre
FEB – tradução de Haroldo e nos dará energia em seu prontificou-se a ser o portador
Dutra Dias)
nome e caracterizará, de modo da resposta da Igreja; Barnabé,
Barnabé havia terminado os perfeito, as nossas atividades porém, não poderia partir
comentários da noite, quando em concordância com seus só. Surgiram dificuldades
o médico tomou a palavra ensinos. (...)
na escolha do companheiro
para despedir-se. Falando O alvitre de Lucas estendeu- necessário. Sem hesitar, Saulo
e m o c i on a d o e, p or f i m , se rapidamente a todos os de Tarso ofereceu-se para lhe
considerou acertadamente:
núcleos evangélicos, inclusive fazer companhia.
- Irmãos, afastando-me de vós, Jerusalém, que o recebeu com (Fragmento do Texto base, do
levo o propósito de trabalhar especial simpatia. Dentro de livro Paulo e Estevão, de onde foi
pelo Mestre, empregando nisso breve tempo, em toda parte, retirado o verbete em destaque – 2ª
todo o cabedal de minhas a p a l av r a “c r ist i an is mo” parte, cap.IV – primeiros labores
fracas forças. Não tenho dúvida substituía a palavra “caminho”. apostólicos - versão eletrônica,
alguma quanto à extensão deste A I g r e j a d e A n t i o q u i a posições 10979, 13266 e 13273 –
movimentoespiritual. Para c o n t i n u a v a o f e r e c e n d o e Na física, página 318 a 320, da
mim, ele transformará o mundo as mais belas expressões 24ª edição)
(Nesta seção relembraremos o “vocabulário histórico-geográfico dos romances de Emmanuel”, retirados
do lívro de Roberto Macedo, com o mesmo título, editado pela FEB - 1ª edição em 1960 e transcrito pelo
confrade, militante do Movimento Espírita, Manoel Dominique)
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A Doutrina Espírita Explica