TÉCNICAS DE FENAÇÃO PARA A PRODUÇÃO DE LEITE Magno José Duarte Cândido1 José Antonio Alves Cutrim Junior2 Rodrigo Gregório da Silva2 Rebeca Magda da Silva Aquino3 1. INTRODUÇÃO A estacionalidade na produção de forragem é uma realidade recorrente em todos os sistemas de produção animal em pastejo, trazendo sérios prejuízos para o produtor com o fenômeno da safra e entressafra. Na maior parte do Nordeste do Brasil, esse fato é agravado pela curta estação chuvosa, em média de quatro meses, havendo escassez de forragem no restante do ano. Para minimizar tais problemas há a necessidade de se conservar forragem para a época da seca, na forma de feno ou silagem. A produção de feno no Nordeste, por meio da técnica da fenação, apresenta grande potencial, devido à sua alta insolação, altas temperaturas e umidade relativa do ar baixa nessa região. A fenação constitui-se em uma das alternativas recomendáveis, especialmente pela possibilidade de estar associada ao programa de manejo das pastagens, aproveitando para fenar o excedente de pasto produzido no período das águas. A fenação ocupa importante papel no manejo das pastagens, permitindo o aproveitamento dos excedentes de forragem ocorridos em períodos de crescimento acelerado de forrageiras, visto que alterações da carga animal são geralmente difíceis de serem realizadas. O princípio básico da fenação resume-se na conservação do valor nutritivo da forragem através da rápida desidratação, uma vez que a atividade respiratória das plantas, bem como a dos microrganismos é paralisada. Assim, a qualidade do feno está associada a fatores relacionados com as plantas que serão fenadas, às condições climáticas ocorrentes durante a secagem e ao sistema de armazenamento empregado (REIS et al., 2001) A fenação é uma técnica de conservação de forragens extremamente versátil, pois desde que o feno seja armazenado adequadamente, apresenta as seguintes vantagens: pode ser armazenado por longos períodos com pequenas alterações no valor nutritivo, grande número de espécies forrageiras podem ser usadas no processo, pode ser produzido e utilizado em grande e pequena escala, pode ser colhido armazenado e fornecido aos animais manualmente ou num processo inteiramente mecanizado e pode atender o 1 Prof. Adjunto, Departamento de Zootecnia/UFC. Pesquisador do CNPq. E-mail: [email protected] Doutorando do Programa de Doutorado Integrado em Zootecnia-PDIZ/UFC/UFPB/UFRPE 3 Graduanda do curso de Zootecnia da UFC. 2 2 requerimento nutricional de diferentes categorias animais (Reis et al., 2001). Como desvantagens podemos citar: o elevado custo de aquisição de máquinas adequadas e elevado custo com mão-de-obra por quilo de feno produzido em pequenas propriedades. O feno pode ser definido como a forragem que sofreu processo de desidratação até atingir o teor de umidade que permite se manter estável nas condições ambientais. O teor de umidade normalmente está na faixa de 10 a 20%, o que, na prática significa estar em equilíbrio com a umidade relativa do ar. A conservação de forragens na forma de feno depende da prevenção dos processos biológicos, tais como crescimento de fungos e fermentação, em razão da baixa quantidade de água disponível. 2. FORRAGEIRAS INDICADAS PARA FENAÇÃO Para escolha da planta a ser fenada devemos levar em consideração a sua produtividade, tolerância ao corte, capacidade de rebrotação, qualidade, além da facilidade de secagem (GOMIDE, 1980). Ao escolher a forrageira a ser fenada, deve-se observar a sua composição químicobromatológica, destacando-se os teores de fósforo, cálcio e a digestibilidade da matéria seca. O valor nutritivo varia com a espécie botânica, idade da planta, fertilidade do solo. Em geral, as leguminosas são mais ricas em proteína e cálcio que as gramíneas. À medida que a planta se desenvolve, ocorre redução do valor nutritivo em função da diminuição das percentagens de proteína, fósforo, digestibilidade e consequentemente, do consumo. A influência da fertilidade do solo reflete-se nos teores de proteína, fósforo, potássio, digestibilidade e consumo, sendo importante a sua manutenção que, além disso, garante maior produtividade por unidade de área. Algumas plantas dificultam o trabalho da segadeira, devido às suas características estruturais, ou ao seu hábito de crescimento. Neste caso, são mais fáceis de serem cortadas as plantas cespitosas, quando comparadas às estoloníferas e decumbentes. No entanto, a maioria dos capins cespitosos é mais vulnerável ao corte rente ao solo, sendo uma das principais exceções o capim-elefante, que possui rizomas (colmos subterrâneos com gemas viáveis). O potencial de produção talvez seja o fator mais importante a ser considerado na escolha da espécie forrageira. Esse fato pode ter influência na diminuição dos custos de produção, visto que na mesma área pode-se obter uma maior quantidade de feno. A facilidade de secagem é influenciada pela relação folha/haste, cerosidade das folhas, teor de umidade ao tempo de corte, número e abertura dos estômatos. Em geral, forrageiras mais folhosas são mais fáceis de serem fenadas. No entanto, quando não é 3 possível a utilização destas, a solução para uma rápida secagem consiste no uso de segadeira condicionadora. A rebrotação depende das condições de fertilidade e umidade do solo, bem como do grau de tolerância das forrageiras ao corte. Um fator de extrema importância na determinação da capacidade de rebrotação refere-se à precocidade do alongamento do caule da forrageira (gramínea), que é dado pela elevação do meristema apical acima do solo, tornando-se exposto à eliminação. Gramíneas cespitosas, que têm elevação rápida do meristema apical, têm menor velocidade de rebrotação após o corte, isto é, em relação a gramíneas estoloníferas, porém mais fáceis de serem cortadas. Atualmente é possível fenar todo tipo de forrageira, bastando para isso utilizar métodos e equipamentos adequados ao processamento da planta, embora algumas espécies forrageiras apresentem maior facilidade, principalmente quanto à velocidade de desidratação, atingindo o ponto de feno mais rapidamente e expondo a forragem a menos risco de perdas. O feno de gramíneas tropicais é geralmente inadequado como única fonte de alimento para suprir os requerimentos nutricionais de manutenção exigidos pelos animais. Todavia, algumas espécies dos gêneros Pennisetum (capim-elefante), Panicum (tanzânia, mombaça, aruana, colonião etc.), Cynodon (tifton-85, coast-cross etc.), Cenchrus (capimbúffel), quando desenvolvidas em boas condições de fertilidade e manejo, oferecem oportunidades para confecção de feno de qualidade aceitável. Segundo Lima e Maciel (1996) citados por Paz et al.(2000) e Camurça et al. (2002), o capim-elefante pode ser considerado uma importante forrageira na produção de volumoso para pecuária no Semi-Árido Brasileiro. Tal fato deve-se ao seu alto potencial produtivo quando manejado intensivamente e à sua adaptabilidade a amplas condições de fertilidade e de umidade no solo (excetuando-se condições de encharcamento). Várias são as forrageiras passível de serem fenadas, as mais adequadas são: capimrhodes, estrela africana, coast cross, tifton-85, jaraguá, pangola, colonião, tanzânia, buffel, kikuio, capim-elefante, braquiárias entre outras que podem ser cultivadas para este fim. Ainda podemos citar a soja perene, feijão-guandu, centrosema, alfafa, leucena, maniçoba, parte aérea da mandioca, sabiá e mata-pasto e diversas outras plantas da Caatinga (ver Tabela 4). 3. O PROCESSO DE FENAÇÃO O processo de fenação, tradicionalmente, abrange três etapas principais: corte, desidratação ou secagem e armazenamento. Em cada etapa deve-se adotar procedimento 4 correto, em função do tipo de maquinário utilizado, da espécie forrageira e das condições climáticas, para que o feno produzido apresente qualidade satisfatória. O processo consiste basicamente na desidratação da forragem verde com 65- 85% de umidade para 10 a 20%. A desidratação é mais acentuada logo após o corte, diminuindo à medida que atinge valores abaixo de 65% de umidade, até atingir o ponto ideal. A rapidez com que o ponto de feno é obtido concorre para menores perdas de princípios nutritivos nesta fase. 3.1. Corte da Forragem O período mais indicado para prática da fenação é a estação das águas, isto é, de Fevereiro a Maio, no caso do Ceará, ou o ano todo, quando houver possibilidade de irrigação. Com o solo úmido (devido à chuva ou ao uso da irrigação), as forrageiras apresentam uma elevada concentração de nutrientes, além de um bom rendimento de forragem. Isso ocorre geralmente ainda no estádio vegetativo, quando é maior a proporção de folhas, a porção mais nutritiva da planta (PAZ et al., 2000). A produção acumulada de matéria seca cresce com a idade da planta enquanto, o valor nutritivo decresce quando a planta passa da fase de crescimento vegetativo para reprodutivo. Cortes no início da fase de crescimento vegetativo trariam como desvantagens, menor rendimento forrageiro e ainda alto teor de umidade da forrageira, Cortes durante a fase de crescimento reprodutivo teriam como desvantagens, maior lignificação das células e menor digestibilidade da proteína e energia. A época ideal de corte seria aquela em que a forrageira estaria com o maior equilíbrio entre quantidade e qualidade. Portanto esta época não pode ser definida em termos somente de crescimento ou de datas de cortes pré-fixadas, mas sim em períodos de descanso da cultura, condições locais do meio, aspectos econômicos, etc. Convém, portanto, enfatizar que a qualidade da forragem à época do corte é de importância primária na qualidade do feno. A ocorrência de chuva é o fator mais prejudicial à produção de feno. Resulta em maior tempo de permanência da forragem no campo, em prejuízo à qualidade do feno e em maiores riscos de perdas totais. Este fato determina a necessidade de o produtor manter-se atento à previsão do tempo e às primeiras indicações de mudanças tomar as providências adequadas para proteger o feno. Ao estabelecer o manejo de corte, deve-se também levar em conta as condições que asseguram a persistência da forrageira, tais como a freqüência e a altura de corte. As plantas forrageiras têm características morfofisiológicas que demandam diferentes alturas de corte. De maneira geral, os capins de crescimento prostrado como aqueles dos gêneros Brachiaria e Digitaria podem ser cortados de 10 a 15 cm, do gênero 5 Cynodon de 5 a 10 cm (Figura 1), enquanto que plantas de crescimento ereto como Avena, Hyparrhenia, Panicum e Pennisetum as alturas de corte são de 10 a 20 cm. Em termos de leguminosas, a altura de corte normalmente utiliza-se 8 a 10 cm do nível do solo. Outro parâmetro fisiológico que pode ser utilizado facilmente para determinar o momento de corte é a contagem do número de folhas vivas/perfilho ou mesmo o número de entrenós da planta. Para o capim-tifton 85, em condições de Nordeste e adubado com nitrogênio na dose equivalente a 600 kg/ha x ano, irrigado em sistema de baixa pressão, preconiza-se o corte quando a planta atingir entre 8,5 e 10,5 folhas vivas/perfilho. Para o capim-elefante, recebendo a mesma dose de nitrogênio e na mesma região, é possível utilizá-lo para feno quando apresentar entre 8 e 10 entrenós. 1,80 cm Figura 1 - Altura do capim-tifton 85 no momento do corte (esquerda), após o corte (direita ) e altura de corte do capimelefante (abaixo). Fotos: Cutrim Junior. É possível ainda fazer o uso da altura, em conjunto com outras variáveis, para determinar o momento do corte. O capim-tifton 85, deve apresentar entre 45 a 50cm de altura (Figura 1) no momento do corte para alcançar rendimentos satisfatórios, o que corresponde ao intervalo do número de folhas vivas/perfilho preconizado. Acima desse 6 valor é possível se observar diminuição no valor nutritivo, devido à diminuição na relação folha/haste que se acentua com o alongamento das hastes. Para o capim-elefante, verificou-se altura uma altura média de corte de 1,80cm, o que corresponde ao intervalo do número de entrenós preconizado (Figura 1). As condições ambientais estão ligadas ao momento do corte. É importante realizar os cortes em dias ensolarados, pouca nebulosidade, baixa umidade relativa do ar, ocorrência de ventos e temperaturas elevadas. O corte pode ser manual ou mecânico e, deve ser feito nas primeiras horas da manhã, após o orvalho, pois facilita o corte e possibilita maior desidratação ao final do dia. Caso a planta ainda contenha o orvalho no momento do corte, haverá um acúmulo de água na massa depositada sobre o solo, requerendo um maior número de revolvimento mecânico necessário a secagem, que por sua vez aumentará os custos com mão-de-obra e hora/máquina. (Souza, 2000). A quantidade de material a ser cortado depende da capacidade de processamento, observada a disponibilidade de máquina e/ou mão-de-obra. O corte manual pode ser feito empregando-se alfange, foice ou roçadeira costal (Figuras 1 e 2, respectivamente). Figura 2 - Corte do capim-tifton 85 usando roçadeira costal. Foto: Cutrim Junior. O corte mecânico propriamente dito é feito com segadeira de barra, segadeira de tambor, segadeira condicionadora ou colhedeira de forragem. Cada maquinário tem altura de corte regulável, largura de corte variável de acordo com o modelo e rendimento. Pereira (1998) relatou que quando se trabalha com uma forrageira com alta relação folha/haste (ex.: Brachiaria, Tanzânia), ou colmos mais grossos (ex.: capim-elefante), é adequado o uso de segadeira de barra ou condicionadora para promover secagem mais rápida e uniforme, reduzindo os riscos de perda. 7 Por muitos anos, as segadeiras de barra têm sido utilizadas, principalmente pôr serem máquinas simples e baratas. A desvantagem desse equipamento é que apresenta baixa velocidade de operação além de promover dilaceração do caule, o que prejudica a rebrotação das plantas, reduzindo a persistência do dossel (ROTZ, 2001). As segadeiras de disco giratório (Figura 3) desenvolvem maior velocidade, sendo que o seu desempenho é limitado pela habilidade do operador. A desvantagem desta máquina é o seu alto custo de operação, pois requer quatro vezes mais potência para operação. Portanto, um trator mais potente deve ser utilizado e mais combustível pode ser consumido. Por outro lado, com o trabalho desenvolvido em maior velocidade tem-se menor tempo de operação e de utilização do trator. Figura 3 - Segadeira de disco em operação. Fotos: Ferreira (2006). Segadeiras com tambores giratórios apresentam algumas desvantagens comparadas às demais, pois requer duas vezes mais potência comparada com as de disco. Além disto, em decorrência do corte desuniforme, tem-se secagem heterogênea nas leiras. Mini-tratores com lâminas frontais (Figura 4) também podem ser utilizados para o corte da forrageira. Eles apresentam um elevado rendimento, fácil manuseio e baixo custo operacional, promovendo um corte uniforme e um espalhamento da forragem em toda área, facilitando a secagem. 8 Figura 4 - Mini-trator com lâmina frontal em operação na unidade demonstrativa de produção de feno do Núcleo de Ensino e Estudos em Forragicultura–NEEF (projeto financiado pelo FUNDECI/BNB). Foto: Cutrim Junior. Outro tipo de implemento que pode ser empregado é a colhedeira de forragem tipo "faca-boba", principalmente quando vai fenar leguminosas ou gramíneas de talos grossos, porque dilacera os talos, colmos e folhas, permitindo uma desidratação mais rápida e uniforme. O inconveniente na utilização desta máquina é que os colmos das gramíneas que permanecem nas touceiras ficam rachados, comprometendo a rebrotação futura sendo, portanto recomendado o uso desta máquina apenas uma vez ao ano. Uma avaliação geral evidencia que nenhum dos tipos de segadeira apresenta uma vantagem acentuada sobre outra, portanto qualquer delas pode ser usada na fenação, sendo o fator de decisão o custo de aquisição e manutenção das mesmas (ROTZ, 2001). 3.2. Secagem Esta fase implica na evaporação de grande quantidade de água - duas a três toneladas de água para cada tonelada de feno produzido, no menor tempo possível. As condições ambientais que favorecem a secagem são: dias ensolarados, pouca nebulosidade, baixa umidade relativa do ar, ocorrência de ventos e temperaturas elevadas. O processo de secagem a campo pode ser dividido em três fases (Figura 5): • 1ª Fase – Inicia-se após o corte e espalhamento da planta forrageira no campo. Normalmente esta fase é rápida e envolve intensa perda de água. Nesta fase, os estômatos permanecem abertos, (cerca de duas a três horas), após o corte. E o teor de umidade que se encontra em torno de 70 a 90%, cai ficando em uma faixa de 60 a 65%. 9 • 2ª Fase – Nesta fase a perda de água é mais lenta e o teor de umidade, no qual se encontra em torno de 60 a 65%, cai para uma faixa de 45% de umidade. Os estômatos já se encontram fechados e a perda de água ocorre via cutícula foliar. Figura 5 - Curva de secagem de plantas forrageiras em condições ambientais uniformes (Jones e Harris, 1979, citados por REIS et al., 2001). • 3ª Fase - Inicia-se quando a planta apresenta cerca de 45% de umidade. É o momento em que a planta é mais susceptível às condições climáticas (Moser, 1995), observandose maiores perdas na qualidade do material fenado quando há grandes oscilações climáticas (chuvas, aumento da umidade do ar). É nesta fase que a forragem torna-se mais susceptível aos danos causados pelo processamento, onde as folhas apresentamse mais quebradiças, com o caule apresentando alto teor de umidade. Nesta fase, a perda de umidade ocorre através da plasmólise celular, até atingir o ponto definido do feno que é em torno de 15 a 20% de umidade. A taxa de secagem é favorecida pela presença de maior proporção de folhas e de caules finos. O adequado processamento da forragem, espalhamento, viragem e enleiramento, contribuem para acelerar e uniformizar a desidratação da planta. Nessas condições e com tempo bom, dois ou três dias serão suficientes para se produzir um feno de boa qualidade, desde que a forrageira seja colhida no momento ideal. 10 As folhas perdem água mais rapidamente que o caule ou partes grossas da planta, atingindo o ponto de feno primeiro. A partir deste ponto é recomendável que a forragem seja mantida enleirada, para se obter uma secagem uniforme. O ritmo de desidratação a campo pode ser acelerado de três a quatro vezes, nas etapas iniciais, se a forragem for submetida a tratamento para afofar e virar, permitindo a entrada de ar, vento e raios solares, reduzindo à quantidades mínimas as perdas nesta fase. Na secagem da forragem colhida, o conteúdo de umidade da planta, em geral variando de 75% a 80% no momento do corte, deve ser reduzido para níveis inferiores a 20%, no ponto de feno. Isso implica a evaporação de grande quantidade de água, duas a três toneladas de água para cada tonelada de feno produzido, no menor tempo possível. Em forragens com maior quantidade de colmo a picagem é fundamental para facilitar a desidratação da planta (Figura 6). Deve ser feita em máquina picadeira adequada, com lâminas devidamente afiadas para proporcionar um tamanho de partícula ideal (entre 2,5 e 3,0 cm) tanto para a secagem quanto para otimizar os processos de ruminação do animal. O material picado deve ser colocado sobre uma lona plástica (Figura 7) ou solários de cimento liso em camadas não superiores a 10 cm, virando sempre que possível. Figura 6 - Picagem do capim-elefante para facilitar a desidratação. Foto: Cutrim Junior. A viragem do material dever iniciar logo após o corte e, ser repetida tantas vezes quanto possível. Pode ser feita manualmente ou com o uso de ancinhos de tração mecânica de vários tipos que, dependendo da regulagem, podem realizar também as práticas de enleiramento e espalhamento. 11 Figura 7 - Reviragens do capim-tifton 85 (esquerda) e capim-elefante (direita) para alcançar o ponto de feno. Fotos: Cutrim Junior. Se o material permanecer no campo por mais de um dia, este deverá ser enleirado à tarde e esparramado no dia seguinte, evitando assim o efeito do orvalho e melhorando homogeneidade da desidratação. Ocorrendo chuva durante o dia, o material também deverá estar enleirado, voltando ao processo de viragens após enxugar os espaços entre as leiras, onde o material é espalhado novamente. O maior número de reviragens no dia acelera o processo de desidratação, fazendo com que a forragem passe um menor tempo no campo secando. No instante do corte, a forragem contém aproximadamente 85% de umidade. Com as sucessivas viragens e afofamentos, ela vai sendo secada, até atingir 12-15% de umidade, que é o chamado "ponto de feno". A determinação do ponto de feno pode ser feita por equipamentos adequados ou por maneiras práticas, sendo que a umidade final deverá estar entre 10 e 20%. Dentre as maneiras práticas de verificação podemos citar o processo de torcer um feixe de forragem e observar: se surgir umidade e, ao soltar, o material voltar à posição inicial rapidamente, ainda não está no ponto; se houver rompimento das hastes, passou do ponto e, se não eliminar umidade e, ao soltar o material voltar lentamente à posição inicial, sem rompimento de hastes, está no ponto. Com a prática, pelo tato e cor, a pessoa identifica o ponto do feno. Deve-se também cravar a unha nos nós dos talos, de onde saem as folhas: o nó deve apresentar consistência de farinha, sem umidade. Nesse ponto, o feno já está pronto, restando enfardá-lo e armazená-lo em local ventilado, a salvo da chuva. Em caso de plantas que precisam ser picadas antes de serem desidratadas, o ponto de feno é dado esfregando-se um pouco do material entre as mãos e caso este se desprenda facilmente da palma da mão, temos ai o momento em que o feno deve ser ensacado. 12 A umidade ao final da desidratação é responsável pelo êxito ou fracasso da fenação e, em alguns casos quando em excesso, ocorre também grande elevação de temperatura que pode chegar até a combustão. A desidratação da forragem se processa até que a umidade do feno entre em equilíbrio com a umidade do ar, conforme a Tabela 1. Tabela 1 - Relações entre umidade relativa do ar e a umidade de equilíbrio do feno Umidade relativa do ar (%) Umidade do feno (%) 95 90 80 77 70 60 35,0 30,0 21,5 20,0 16,0 12,5 Fonte: Raymond et al., 1991. A umidade relativa do ar varia durante o dia, sendo menor à tarde e elevada à noite, pelo que se justifica manter a forragem com baixa umidade, enleirado-a a noite e removendo as leiras durante o dia. O enleiramento durante a noite evita o reumedecimento. A desidratação final é feita em pequenas leiras, proporcionando a obtenção da umidade desejada mais uniformemente e facilitando o recolhimento do material pelas enfardadeiras. 3.3. Armazenamento O feno pode ser armazenado, solto ou enfardado em locais ventilados e livres de umidade. Podem ser aproveitadas as construções já existentes ou construir galpões rústicos no campo, levando-se em consideração as facilidades encontradas na propriedade e o tempo que o feno deverá permanecer armazenado. As formas de armazenamento mais comuns são o armazenamento solto (medas) e em forma de fardos. No armazenamento solto, o feno é levado a galpões reservados para este fim ou para as chamadas "medas", que são montes de feno organizados no próprio campo de produção, forma de armazenamento mais indicada para criações extensivas ou semi-extensivas. Escolhido um local nivelado, coloca-se o mastro ou tutor; marca-se uma circunferência de acordo com a área da base ao redor deste tutor e, inicia-se a colocação do feno em camadas bem compactadas, abrindo o diâmetro até 2/3 da altura, voltando a 13 fechar a partir daí até ao topo da meda, onde deverá ser feita uma espécie de chapéu de sapé, lona plástica ou similares, que evite a penetração de água das chuvas. Uma vez pronta a meda, o acesso dos animais à esta deve ser impedido por cercas, para permitir o consumo somente no momento oportuno. É necessário construir uma pequena canaleta ao redor da meda, para proteção contra as enxurradas. Para melhor estabilidade da meda, recomenda-se construí-la com altura equivalente, no máximo, a uma vez e meia do diâmetro da base. De maneira geral, as medas têm por diâmetro da base entre 4 a 6 metros, altura de 6 a 9 metros e capacidade de 6 a 12 toneladas. Como principais vantagens deste sistema, podemos citar o menor custo no armazenamento; não necessita de abrigos, reduz o transporte e tem fácil cesso para o gado. As desvantagens são as perdas por lavagem, contribuindo para um menor valor nutritivo e também, ocorrem desperdícios pelos animais no momento da utilização. Na forma de fardos, o armazenamento pode ser feito em galpões especiais ou a campo, cobertos com lona ou sapé. O material enfardado ocupa menor espaço, tem melhor conservação, facilita o transporte e possibilita o controle da disponibilidade de feno.Este método requer enfardadeira que pode ser manual ou mecânica, arame ou cordão apropriado para amarrio, sendo, portanto, mais caro e trabalhoso do que o armazenamento do feno solto. O enfardamento pode ser feito de forma manual ou mecânica automática. O enfardamento manual é feito utilizando-se enfardadeiras que usam o sistema de prensa manual diferenciado, que reduz consideravelmente o esforço do operador durante a produção dos fardos. Tal equipamento produz fardos de 13 a 15 kg medindo 40cm de altura, 45cm de largura e 65cm de comprimento (Figura 8), tendo uma produção média de 100 fardos por dia com o uso de 3 operadores. As enfardadeiras mecânicas automáticas captam a forragem enleirada, fazem a prensagem dos fardos em dimensões variáveis. As enfardadoras podem ser classificadas em convencionais ou prensas-enfardadoras, que produzem fardos prismáticos com dimensões de 40 a 60 cm de largura x 30 a 40 cm de altura x 50 a 130 cm de comprimento, ou ainda rotoenfardadoras, que produzem fardos cilíndricos com largura de 1,50 m a 1,70 m e diâmetro de 1,60 m a 1,80 m (Boller, 2002). Em 1 m³ de feno corretamente enfardado, armazenam-se aproximadamente 90-100 kg de material. 14 Figura 8 - Produção de fardos de feno de capim-tifton 85 feito com enfardadeira manual. Fotos: Cutrim Junior. Uma forma alternativa para enfardamento do feno é o uso da prensa manual de madeira para fenação, idealizada e desenvolvida na Embrapa Tabuleiros Costeiros (Figura 9). Essa prensa pode ser construída com a própria madeira já existente em todas as propriedades rurais, o que sem dúvida, onera menos ainda a sua fabricação, aliado ao fato de ser tarefa de fácil execução. Figura 9 - Produção de fardos de feno feito com prensa manual. (Fotos: Embrapa Tabuleiros Costeiros). Os fardos prensados pesam de 13 a 15 kg e pode ser prensado por qualquer trabalhador dentro da propriedade e apenas um homem pode confeccionar aproximadamente 150 fardos por dia. Seu custo é barato se comparado com a prensa confeccionada em ferro. Em caso de ser construída dentro da propriedade a mesma se tornará barata, acessível e sem 15 dificuldade alguma na sua construção. A prensa é de grande utilidade ao pequeno produtor rural, pois minimiza os problemas gerados pela seca, que tanto prejudica ao mesmo em seu labor, pois o armazenamento de alimentos volumosos é indispensável para atravessar o período seco. Uma outra forma de armazenamento é feita em sacos de sarrapilho, prática muito usada para armazenar fenos que são previamente picados para facilitar o processo de secagem, haja vista a dificuldade de enfardar tal material. Esses sacos são colocados sobre estrados que podem ficar em diversos locais (fenil), sendo preferível próximo ao local de fornecimento aos animais (Foto 10). O ensacamento torna-se um método mais prático e menos oneroso, mas apresenta uma maior dificuldade de acomodação e maiores perdas armazenados por longo período. Figura 10 - Sacos de feno armazenados no paiol do Núcleo de Ensino e Estudos em Forragicultura – NEEF Fotos: Cutrim Junior. Quando comparado com a silagem o feno apresenta como vantagens uma maior versatilidade de armazenamento, transporte e comercialização e como desvantagens baixa densidade (106 kg MS/m³ do feno e 148 kg MS/m³ da silagem) e uso de muito maquinário quando em grande escala. Segue abaixo um exemplo de cálculo de uma área necessária para armazenar fardos de feno de capim-tifton 85 produzidos em uma área de 1250 m² com uma produção de 529 kg MS e perda de 10% no processo de fenação, assim como o número de ovinos a serem alimentados com tal produção: Produção = 529 kg MS – 10% = 476 kg feno ÷ 13,5 kg/fardo = 35 fardos Área do galpão: 476 kg MS de feno ÷ 106 kg MS/m³ = 4,5 m³ Rebanho: Consumo = 4% Peso Vivo (PV) = 0,04 1 ovino 25 kg PV x 0,04: Consumo = 1,0 kg/dia 1,0 kg/dia de feno consumido + 5% sobra = 1,05 kg/(ovino x dia) x 30 dias =31,5 kg feno/mês ÷ 13,5 kg/fardo = 2,3 fardos 16 476 kg MS de feno ÷ 31,5 kg de feno/ovino x mês = 15 ovinos Ração com 50% volumoso = 15 ovinos x 2 = 30 ovinos O mesmo cálculo para 1 ha temos: Piquete: 1 ha Produção = 4232 kg MS – 10% = 3809 kg feno ÷ 13,5 kg/fardo = 282 fardos Área do galpão: 4232 kg MS de feno ÷ 106 kg MS/m³ = 40 m³ Rebanho: Consumo = 4% Peso Vivo (PV) = 0,04 1 ovino 25 kg PV x 0,04: Consumo = 1,0 kg/dia 1,0 kg/dia de feno consumido + 5% sobra = 1,05 kg/(ovino x dia) x 30 dias = 31,5 kg feno/mês ÷ 13,5 kg/fardo = 2,3 fardos 4232 kg MS de feno ÷ 31,5 kg de feno/ovino x mês = 134 ovinos Ração com 50% volumoso = 134 ovinos x 2 = 268 ovinos 4. QUALIDADE E VALOR NUTRITIVO DE FENOS A colheita no momento certo, a secagem rápida e uniforme da forrageira, e o seu recolhimento com a umidade adequada, são condições fundamentais para a produção de feno de boa qualidade, independentemente do processo adotado. O feno de boa qualidade é proveniente de uma forragem cortada no momento adequado. Promovendo uma rápida desidratação na forragem, é possível a conservação do seu valor nutritivo, uma vez que a atividade respiratória das plantas, bem como a dos microorganismos, é paralisada. A qualidade do feno está associada a fatores relacionados com as plantas a serem fenadas, às condições climáticas durante a secagem a campo e ao sistema de armazenamento empregado. Feno de boa qualidade apresenta cor verde característica, maciez ao tato e excelente aroma. Uma característica importante para a obtenção de feno de alto valor nutritivo, consiste na observação da proporção folha/haste, devido a uma interação positiva entre consumo, digestibilidade e a porcentagem de folha no feno (Tabela 2). O aumento da idade da plante, promove uma elevação da relação folha/haste, em decorrência da intensificação do processo de alongamento dos caules, que diferenciam quimicamente das folhas devido ao alto teor de fibra e baixo de proteína e fósforo. Assim, apesar de maior rendimento forrageiro com o avanço da idade da planta, é conveniente o corte mais freqüente, ainda que isto resulte em menor produção por área (GOMIDE, 1980). Dentre os fatores que influem na qualidade e valor nutritivo dos fenos, citam-se: • Espécie forrageira, • Fertilidade do solo para produção da forrageira • Disponibilidade de água para produção da forrageira (chuva ou irrigação) • Idade da planta no momento do corte, 17 • Condições climáticas na ocasião da fenação • Rapidez na desidratação, • Umidade na ocasião do armazenamento, • Forma de armazenamento. Tabela 2 - Características físicas de fenos de leguminosas e gramíneas de diferentes padrões de qualidade Tipos de fenos Qualidade Mínimo de folhas (%) Mínimo de cor verde (%) Máximo de impureza (%) Alta 40 60 5 Regular 25 35 10 Baixa 10 10 15 Alta 45 40 10 Regular 30 30 15 Baixa 15 10 20 Fenos de leguminosas Fenos de gramíneas Fonte: Vilela (s/d). Como características de um bom feno podemos citar: • Coloração verde; • Cheiro agradável; • Ter boa quantidade de folhas, alta relação folha/haste; • Apresentar caules finos e macios; • Ausência de mofo • Livre de impurezas Como a espécie forrageira afeta qualidade do feno, as famílias de plantas também. Assim, as leguminosas de modo geral, permitem a obtenção de feno de melhor qualidade que as gramíneas (Tabela 3). Na Tabela 4 são apresentadas características químico-bromatológicas do feno de diversas espécies de importância forrageira. 18 Tabela 3 - Interpretação da análise da amostra de fenos Componentes Umidade (%) Proteína bruta* Fibra em detergente neutro* Fibra em detergente ácido* Cinzas* Cálcio* Fósforo* Magnésio* Potássio* Lignina* NDT estimado % Intervalos esperados na composição químicobromatológica final dos fenos Gramínea Leguminosa 20 - 15 18 - 15 8-16 15 - 24 78 - 66 54 - 38 43 - 30 44 - 28 9 - 6.1 10.2 - 8.9 0.26 - 0.4 1.25 - 2.3 0.18 - 0.27 0.20 - 0.35 0.13 - 0.21 0.30 - 0.50 1.3 - 1.2 1.7 - 2.25 7-4 43 - 61 54 - 76 *Percentagem (%) na Matéria Seca (MS) Fonte: Costa e Resende (s/d) Trabalhos financiados pelo FUNDECI/Banco do Nordeste e realizados no Núcleo de Ensino e Estudos em Forragicultura-NEEF/DZ/CCA/UFC, demonstraram o valor nutritivo superior do feno de capim-tifton 85, em comparação ao do capim-elefante (Tabela 5). Observa-se redução no teor de proteína bruta do feno de capim-tifton 85 com o avançar da idade de 24 a 40 dias. Neste caso específico, a redução no teor de proteína bruta aos 40 dias deveu-se à ocorrência de chuvas durante a desidratação, o que se comprova pelo teor de matéria seca estar bem abaixo do ponto de feno. Portanto, sob condições adequadas, recomenda-se o corte do capim tifton-85 para produção de feno em idades entre 30 e 40 dias. O corte aos 24 dias, embora produza forragem de excelente qualidade, acarreta menor produtividade (3,8 t/ha, contra 4,9 t/ha do corte aos 30 dias). Por sua vez, o feno de capim-elefante apresenta valor nutritivo inferior, mas nem por isso deve ser negligenciado seu potencial de uso. Para animais que estão em mantença, ou para animais que recebem uma dieta contendo também concentrado eles podem ser utilizados. Ovinos alimentados com dietas contendo feno de capim-elefante e concentrado, numa relação volumoso:concentrado de 40:60, apresentaram ganho médio diário superior a 200 g, num período de confinamento de 70 dias (Vieira, dados não publicados). 19 Tabela 4 - Composição químico-bromatológica de diversos fenos Feno Soja Capim-jaraguá Mandioca (folhas) Mandioca (parte aérea) Maniçoba Alfafa Capim-gordura Bananeira (folhas) Capim-colonião Capim-tobiatã Capim-buffel Capim-elefante Capim-elefante (FEVC2) Elefante Paraíso Ponta da cana Sorgo Green-Panic Grama-africana Capim-Guiné Coast-cross Capim-Rhodes Capim-Setária Catingueira Mata-pasto Capim-andropogon Capim-tanzânia Capim-tifton 85 Capim-tifton 85 (NEEF1) Aveia preta Leucena Sabiá Gramão Centrosema Azevém Jurema preta Milheto Cunha Grama estrela Brachiaria decumbens Brachiaria brizantha Feijão-guandu Capim-urocloa Capim-milhã roxa 1 MS (%) 89,0 90,1 69,8 90,3 88,56 89,12 87,5 96,7 93,5 90,0 92,7 89,1 81,96 90,6 88,4 90,6 86,0 86,6 84,7 88,9 90,62 86,83 92,65 88,56 90,75 86,81 84,25 83,72 85,50 91,20 91,55 91,82 91,08 90,76 90,47 86,59 90,24 89,5 86,8 84,9 85,2 85,10 84,95 PB 15,9 4,35 26,9 12,1 12,71 19,08 3,49 16,6 6,70 7,80 7,90 6,36 6,27 14,6 4,10 4,20 4,30 8,30 4,82 8,39 6,05 5,78 12,38 9,15 4,43 7,65 15,40 14,28 8,79 20,97 13,95 12,86 20,23 10,60 14,30 9,88 18,31 11,53 4,90 4,95 15,3 6,86 8,91 NDT FDN FDA Ca % da Matéria Seca (MS) 56,6 64,85 47,00 1,33 53,1 77,34 46,54 0,52 63,1 4,23 59,9 53,80 38,47 0,60 62,10 45,88 31,43 57,5 47,59 37,09 1,29 22,30 81,79 53,63 0,36 48,9 75,27 43,27 0,47 55,3 1,00 48,6 82,05 52,49 79,99 50,31 0,29 86,97 65,6 1,10 57,5 49,7 68,90 42,31 0,30 88,94 45,49 79,12 54,69 52,69 79,18 39,84 0,47 48,33 0,40 42,42 22,55 43,02 34,00 1,75 0,44 70,65 40,01 0,60 59,12 80,91 39,83 0,51 70,01 37,46 80,94 50,98 52,12 65,05 29,11 1,56 47,95 27,50 51,77 23,58 41,40 64,40 39,50 35,70 15,77 50,30 66,52 46,05 57,14 44,69 0,43 71,54 38,66 80,22 48,68 0,27 40,3 77,91 43,86 67,17 43,91 0,76 83,27 10,38 - P 0,32 0,14 1,06 0,26 0,30 0,10 0,26 0,25 0,18 0,35 0,15 0,21 017 0,12 0,12 0,04 0,20 0,21 0,18 0,14 0,18 - Feno obtido no Núcleo de Ensino e Estudos em Forragicultura–NEEF/ /DZ/CCA/UFC, em Fortaleza – CE; Feno obtido no campo avançado do NEEF na Fazenda Experim. Vale do Curú-FEVC/CCA/UFC, em Pentecostes/CE; Fonte: (Valadares Filho, 2001), (Camurça et al., 2002), (Aguiar et al., 2006), (Vilela, s/d), (Ataíde Junior, 1997) 2 20 Tabela 5 - Composição químico-bromatológica de feno de capim-tifton 85 e capimelefante, em diferentes idades de corte Composição químico-bromatológica Feno Idade de corte (dias) MS (%) 24 91,01 15,05 65,95 3,8 30 85,34 15,69 70,10 4,9 40 78,75 12,12 70,19 3,6 60 89,10 6,00 79,70 9,9 Tifton 85 Capim-elefante PB FDN Produção (ton/ha) % da Matéria Seca (MS) PB – Proteína Bruta; FDN – Fibra em Detergente Neutro Apesar das perdas causadas por problemas durante a secagem, cuidados como o enleiramento do material no fim da tarde com a colocação de lonas de proteção permitem minimizar os prejuízos e ainda obter um feno de boa qualidade, conforme se observa na Tabela 5 com o feno de capim-tifton 85 cortado aos 40 dias e desidratado sob tempo chuvoso. 5. PERDAS DURANTE O PROCESSO DE FENAÇÃO 5.1 Perdas durante a secagem É possível que ocorra grandes perdas durante o processo de fenação, caso não seje adotado um manejo adequado, mesmo com o uso de equipamentos específicos para o processo. Durante a secagem as perdas podem ser atribuídas pelo dilaceramento de folhas e caules, no momento do corte, considerando que essas frações não seram recolhidas para serem enfardadas. Em leguminosas, há perdas das folhas durante a secagem em detrimento da manipulação da forragem, principalmente no final do processo de secagem devido a maior fragilidade das mesmas (Reis, 1996). Para reduzir tais perdas, é recomendável que a viragem/enleiramento não seje efetuada com níveis de umidade da forragem abaixo de 40% (COLLINS, 1995) Em caso de secagem muito prolongada, as perdas são em função da fermentação que pode ocorrer, devido às condições climáticas, uma vez que este feno deve ficar coberto por uma lona, promovendo assim alterações indesejáveis no valor nutritivo da planta. As maiores perdas do feno secado a campo podem ser atribuídas pela ocorrência de chuvas, podendo chegar a 30% (Rotz e Muck, 1994). As perdas por lixiviação estão 21 relacionadas com a intensidade e duração das chuvas. As chuvas na parte final da secagem causam as maiores perdas do que aquelas que ocorrem no início da fenação, devido à perda de permeabilidade que a membrana celular sofre com o decorrer do processo de secagem. Da mesma forma o condicionamento da forragem resulta em maiores perdas devido a ocorrência de chuvas. 5.2 Perdas durante o armazenamento As perdas durante o armazenamento são atribuídas ao crescimento de microorganismos e ao aquecimento subseqüente, provocado pelo armazenamento de feno com alto teor de umidade (acima de 15%). O feno que não desidratou o suficiente tem o risco de intoxicar os animais que o consomem devido à ingestão de fungos patogênicos, tais como Aspergillus glaucus, Aspergillus fIa v us, Aspergillus fumigatus, actinomicetos e termoactinomicetos que causam transtornos digestivos e aborto nos animais. Desta maneira, há quem diga que "é preferível perder por secagem excessiva do que por umidade excessiva". A secagem artificial leva à obtenção de feno de qualidade superior e com perdas bastante baixas, podendo ser feita através de ventilação forçada ou utilizando ar quente em secadores especiais, porém estes processos somente são viáveis nos casos de produtores de feno em grande escala ou com o uso de secadores que proporcionem a secagem de outros produtos. O aquecimento do feno é sempre associado com a atividade microbiológica, principalmente se a forragem for enfardada com umidade um pouco elevada (acima de 20%). Segundo Van Soest (1994) quando os fardos são pequenos e o local é bem ventilado, o calor produzido ajuda a eliminar o excesso de umidade, auxiliando na preservação da forragem. No entanto, quando o calor é excessivo induz à reações não enzimáticas (Reações de Maillard) com conseqüente perdas de carboidratos e proteínas digestíveis. Essas reações normalmente provocam escurecimento da forragem e odor desagradável, reduzindo a sua palatabilidade. Fardos grandes (redondos ou retangulares) e com alta densidade são mais susceptíveis aos danos pelo aquecimento. O armazenamento do feno em galpões é um método altamente eficiente, no entanto, podem ocorrer perdas de 5-10% da matéria seca, para fenos armazenados com umidade abaixo de 20%. Entretanto, o armazenamento no campo resulta em perdas de até 40% da matéria seca. A maior parte das perdas ocorre na camada externa do fardo e na superfície de contato deste com o solo. 22 5.3 Perdas durante o fornecimento O processamento do feno pode ser feito para maximizar o uso do mesmo pelos animais. A picagem e a moagem facilitam o manuseio, promove um maior consumo destes pelos animais e reduz as perdas. O consumo voluntário de feno pode aumentar de 10 a 30% com a moagem, quando comparado com fenos de fibra longa ou picado. As perdas durante a alimentação podem ocorrer em qualquer que seja o sistema usado e a magnitude destas varia com o sistema (Tabela 6). O principal objetivo é estabelecer práticas de manejo que possibilitem aos animais consumirem a maior parte do feno a eles ofertada. Tabela 6 - Previsão de perdas (%), durante o processo de fenação em diferentes condições de secagem no campo Fonte de perdas Forragem cortada Corte/condicionamento Respiração Ancinho Lixiviação Enfardamento Armazenamento Manuseio Forragem consumida Ótimas P 5 5 5 0 5 5 5 C 100 95 90 86 86 81 77 74 74 Normais P C 100 10 90 10 81 10 73 10 66 10 59 10-20 53-47 10 48-43 48-44 Adversas P C 100 20 80 15 68 20 54 15 46 20 37 30 26 30 18 18 P – Perdido (%); C – Conservado (%). Fonte: Macdonald e Clark (1987) citados por Reis (1996). As perdas na alimentação incluem pisoteio, queda de folhas, deterioração química e física, contaminação fecal e rejeição. Bal et al (s/d) determinaram que as perdas de feno na alimentação são inferiores a 2%, em condições de bom manejo, e superiores a 60%, em situações de manejo deficitário. É aceitável perdas de 3 a 6% na maioria do sistema de alimentação. 6. USO DO FENO PELOS ANIMAIS A maior razão para a utilização do feno na alimentação animal é prover energia para mantença, produção de leite e carne, trabalho e outras funções. Feno também provê proteínas, vitaminas e minerais para manutenção da condição corporal adequada para alcançar níveis de produção adequados (ZANINE e DINIZ, 2006). O feno é um alimento complementar, podendo ser ministrado junto com o pasto, ou com o capim verde-picado, ou com a silagem, e suplementado com concentrados. Quando 23 fornecido na proporção de 0,5 ou 1,0 kg por 100 kg de peso vivo, além da silagem à vontade, tem-se observado que as vacas em lactação ingerem maior quantidade de alimentos (matéria seca) e produzem mais leite, em comparação como o uso de silagem como único volumoso (EVANGELISTA et al. s/d). Com relação ao tipo de alimento volumoso a ser usado na alimentação de bezerros, a recomendação de ordem geral é que bons fenos são melhores que bons alimentos verdepicados, que, por sua vez são melhores que boas silagens. A quantidade de feno em dieta exclusiva (sem suplementação) deverá ser fornecida na base de 2,5% do peso vivo do animal, em se tratando de bovinos de corte (MICKENHAGEN, 1996). Para ovinos, Camurça et al. (2002) verificaram que os fenos de capim-elefante, capim-buffel, capim-urochloa e capim-milhã roxa promoveram um aumento no ganho de peso médio diário (GMD), podendo assim, serem utilizados na alimentação de ovinos confinados, porém deve-se elevar a porcentagem de concentrado na dieta, bem como utilizar animais mais jovens para se obterem melhores desempenhos. Os maiores ganhos de peso foram verificados para ovinos machos alimentados com feno de capim-milhã roxa, apresentando 129 g/dia de ganho. Este resultado mostra também o excelente valor nutritivo do feno de plantas nativas da Caatinga, como capim-milhã roxa, cuja forragem pode ser conservada na forma de feno, se for não utilizada na época chuvosa pelos animais e se não for necessário deixar chegar à fase reprodutiva para recuperar o banco de sementes da área. Em trabalho realizado no Núcleo de Ensino e Estudos em Forragicultura-NEEF, observou-se elevado ganho médio diário no peso de ovinos alimentados com dietas à base de feno de capim-tifton 85 mostrou-se eficiente em dietas consumidas por ovinos confinados, promovendo ganhos satisfatórios (Tabela 7). As fêmeas alimentadas com feno de capim-elefante mostraram um menor ganho de peso médio diário (g/dia) quando comparado com os demais tratamentos. Tal fato é devido a qualidade do feno de capim-elefante ser inferior ao feno de capim-tifton 85 e a menor capacidade das fêmeas para ganho de peso em confinamentos em longo prazo. Os animais machos dessa pesquisa eram animais mestiços Morada Nova (oriundos do rebanho do NEEF) x SPRD (Sem padrão de raça definida) e animais SPRD. Já as fêmeas eram apenas animais mestiços. A média de ganho de peso diário dos machos mestiços alimentados com feno de capim-tifton 85 foi de 193 g/dia, bem superior da média obtida na média geral do tratamento (mestiços e SPRD), o que demonstra um maior potencial de animais mestiços, devido a sua maior heterose, para confinamentos. 24 Tabela 7 - Médias de ganho de peso e D12 para ovinos machos e fêmeas alimentados com dietas contendo feno de capim-tifton 85 e de capim-elefante Ganho de peso (g/dia) Fenos D12* (dias) Média Macho Fêmea Tifton 85 0,167 aA 0,153 aA Capim-elefante 0,145 aA 0,112 bB Média 0,156 A 0,132 B Média Macho Fêmea 0,160 a 77,4 bA 78,77 bB 78,1 b 0,128 b 84,6 bA 109,66 aA 97,1 a 81,0 A 94,3 B *Número de dias necessário para o abate ou venda. Médias seguidas de letras distintas maiúsculas nas colunas e minúsculas nas linhas, diferem (P<0,05) pelo teste “t”, de Student. 7. AVALIAÇÃO ECONÔMICA DA UTILIZAÇÃO DO FENO O acompanhamento do desempenho técnico tem sido foco das preocupações da grande maioria dos produtores. Esse comportamento também é verificado entre os técnicos envolvidos na atividade. Desse fato resultam muitas vezes os insucessos da aplicação das referidas tecnologias nas condições de unidade de produção, haja vista que o seu desempenho econômico muitas vezes apresenta-se pouco atrativo. Assim sendo, demonstra a necessidade de complementação dos estudos, devendo o desempenho econômico ser envolvido nas avaliações. Ter um controle de custos eficiente, que possibilite a geração de informações precisas, possibilita a tomada de decisão sobre os aspectos gerenciais, tornando o sistema de gerenciamento mais eficiente, oportunizando melhorias no desempenho econômico do negócio (Lopes et al., 2004). De maneira geral, as recomendações de controle dos custos envolvidos nos processos de produção, deveriam ser observadas pelos gestores dos negócios agropecuários. Assis (2002) relatou que os custos de produção variam entre unidades de produção e nível de produção, além de que existiria a demanda por uma forma de avaliação desses custos que servisse como ferramenta para o gerenciamento das unidades produtivas em geral. A avaliação dos custos de produção é um dos assuntos mais importantes que compõe os estudos da microeconomia, haja vista tornar possível ao gestor, a formação de indicadores que dão condições de escolha de determinadas linhas de produção a serem 25 adotadas. Nesse sentido, disponibiliza recursos a serem utilizados na gestão da produção, visando a apuração de resultados econômicos melhores (Reis, 1999). Então, as avaliações econômicas podem ser realizadas de várias maneiras. Desde as que avaliam a unidade de produção como um todo até mesmo as formas compartimentalizadas. De maneira geral, a avaliação segmentada torna possível a identificação de pontos falhos ou que necessitam de maior atenção dentro do sistema produtivo, sendo esse modelo o mais recomendado. Vale salientar que a determinação somente dos custos de produção não é suficiente para avaliar um negócio. Nesse sentido, a determinação de indicadores que levam em consideração outras variáveis, como o preço de comercialização, a lucratividade ou outros índices que possibilitem a comparação entre aplicações (TIR), deverão ser buscados, pois somente por meio de avaliações com essa característica, é que se realizará uma verdadeira avaliação do negócio. Assim é que Gomes (1998) enfatizou a necessidade de ser observado e entendido o processo de determinação desses indicadores, tendo em vista a possível imprecisão dos mesmos, caso não se conheça a metodologia utilizada nos cálculos, podendo se chegar a resultados equivocados. Se referindo à produção de feno de plantas forrageiras, a avaliação econômica pode ser realizada de várias formas, desde a produção da forrageira, do processo de produção do feno, dos custos de armazenamento e do desempenho na utilização por animais ou em sua comercialização direta. Nesse estudo, foram analisados os custos do processo de fenação, de seu armazenamento e da produção animal, tendo a alimentação volumosa baseada nos fenos de capim-elefante e de capim-tifton 85, suplementado com concentrado, de acordo com as necessidades dos animais. As avaliações do desempenho econômico da produção e utilização de feno foram realizadas no Núcleo de Ensino e Estudos em Forragicultura – NEEF/DZ/CCA/UFC, no período de janeiro a março de 2008. Foram avaliados os efeitos de sexo e de tipo de feno (maiores detalhes no tópico anterior deste boletim). Os animais foram divididos em dois grupos por tipo de feno. Ou seja, dois grupos de oito fêmeas com feno de capim-elefante e dois grupos de oito machos com feno de capimtifton. A avaliação econômica levou em consideração as variáveis sexo e tipo de feno, e dentro do sexo masculino, a variação origem conhecida e origem desconhecida dos 26 animais. Foram levantados os custos referentes aos investimentos e custeio necessários para a produção e o armazenamento do feno. Com relação à avaliação do desempenho bioeconômico da terminação de borregos, utilizando os dois tipos de feno, foram inventariados os investimentos e as despesas de custeio desse sistema. Também foram levantadas informações referentes ao rendimento agronômico da produção de feno (produção de forragem por área) e da produção de peso vivo de borregos (produção de peso vivo por animal e por área). A área utilizada para o estudo era de 1.250 m2, e os valores utilizados nas análises foram dimensionados em relação a essa área. A partir desses dados, foram então determinados os custos operacionais efetivos (COE), os custos operacionais totais (COT), os custos totais (CT), margem bruta por quilo de feno e de peso vivo (MBfeno e MBPV, respectivamente) e margem líquida da produção do quilo de feno e de peso vivo (MLfeno e MLPV, respectivamente). Os valores referentes aos investimentos necessários para a produção e armazenamento de feno de capim-tifton são apresentados na Tabela 8. O valor total dos investimentos necessários para a produção de feno de capim-tifton 85 foi de R$ 4.039,95, já os investimentos necessários para a produção de feno e capimelefante foram de R$ 4.304,58. Dos investimentos para a produção do feno de capim-tifton 85, os referentes à roçadora e à enfardadora foram responsáveis por mais de 92,58% dos investimentos totais. Referindo-se ao feno de capim-elefante, os maiores investimentos foram relacionados à ensiladora, representando 76,66% dos investimentos. No tocante ao feno de capim-tifton 85, os investimentos com a roçadora e a enfardadora são suficientes para a produção de uma área entre 2 a 3 ha, estando eles subutilizados na produção da área avaliada (0,125 ha). Já para o feno de capim Elefante, o investimento com a ensiladora, é suficiente para a produção de área superior a 1 ha, também sendo subutilizada para a produção avaliada. No tocante ao feno de capim-tifton 85, os investimentos com a roçadora e a enfardadora são suficientes para a produção de uma área entre 2 a 3 ha, estando eles subutilizados na produção da área avaliada (0,125 ha). Já para o feno de capim Elefante, o investimento com a ensiladora, é suficiente para a produção de área superior a 1 ha, também sendo subutilizada para a produção avaliada. Os demais investimentos, seja para a produção de feno de capim-tifton 85 como também para o capim-elefante, foram dimensionados para a área de 0,125 ha, não havendo subutilização. 27 Tabela 8 - Investimentos necessários para produção de feno de capim-tifton 85, em área de 0,125 ha Despesas com investimentos Roçadeira Enfardadeira Lona, com 8 m largura Tesoura Ciscador Estrado de madeira Total Valor total (R$/0,125 ha) 1.850,00 1.890,00 229,95 10,00 30,00 30,00 4.039,95 Diante do exposto, vê-se que existe possibilidade de diminuição dos custos fixos ou COT, em função da elevação do nível de produção, maximizando a utilização dos investimentos ensiladora, roçadora e enfardadora. Os valores referentes às despesas de custeio, por corte, para a produção do feno de capim-tifton 85, são apresentados na Tabela 9. O custeio total por corte observado para a cultura do capim-tifton, foi de aproximadamente R$ 200,92. Desse total, 56,74% deve-se a despesas com mão-de-obra, barbantes e lona para armazenamento do feno. Vale salientar que os componentes das despesas apresentadas na Tabela 9 não apresentam ociosidade. Quando se avalia a produção de feno de capim-elefante, têm-se despesas de custeio de aproximadamente R$ 191,24, sendo que destas os desembolsos com mão-de-obra, barbante e lona para cobertura do feno, corresponderam à 55,43% do total. A avaliação do desempenho bio-econômico da produção de feno de capim-tifton é apresentada na Tabela 10. Os dados referem-se à produção de feno em área de 0,125 ha. A produção do capim-tifton 85 verificada no estudo foi de aproximadamente 510 kg de feno por corte (30 dias), em área de 1.250 m2. Essa produção representou uma produtividade de 0,406 kg/m2. No caso do capim-elefante o valor verificado foi de 0,740 kg/m2, com cortes realizados a cada 60 dias. O COE do quilo de feno de capim-tifton foi de R$ 0,35, valor esse bem superior ao observado (R$ 0,16) para o capim Elefante. Esse comportamento se deveu ao menor volume de desembolsos diretos observados para a produção do feno de capim-elefante. O COT do quilo de feno de capim-tifton foi de R$ 0,36. Quando se realizou a comparação dessa variável com o observado com o feno de capim-elefante, verificou-se novamente valor bem inferior (R$ 0,17). Da mesma forma que na variável COE, o menor valor da variável em estudo, deveu-se ao menor valor de desembolsos diretos, como 28 também da maior produtividade verificada nas áreas de produção de feno de capim elefante. Tabela 9 – Despesas de custeio necessárias para produção de feno de capim-tifton, em área de 0,125 ha Despesas de custeio MÃO-DE-OBRA Mão-de-obra Mão-de-obra familiar COMBUSTÍVEL Gasolina Óleo 2 T DIVERSOS Barbante Lona para cobertura MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS Manutenção de máquinas Óleos e graxas TRATOS CULTURAIS Herbicida Inseticida e formicida Fertilizantes (uréia) CUSTO ECONÔMICO Remuneração do capital investido Total Valor total (R$/0,125 ha) 60,00 60,00 0,00 30,50 27,00 3,50 54,00 14,00 40,00 5,76 4,80 0,96 26,42 3,75 6,00 16,67 24,24 24,24 200,92 Tabela 10 - Avaliação bio-econômica da produção de feno e de capim-tifton, em área de 0,125 ha Análise Econômica Produção (kg) Área utilizada (ha) Capital total investido (R$) Produtividade da terra (kg FENO/m2*corte) Custo total da atividade - CT (R$) Participação do custo de Mão-de-obra no COE (%) Custo operacional efetivo por quilo de feno (R$/kg) Custo total por quilo de feno (R$/kg) Investimento em relação à produção de feno (R$/kg*mês) (Área de 0,125 ha) 507,50 0,125 4.039,95 0,406 242,05 33,96 0,348 0,477 7,96 Já quando se avalia o CT, o valor referente à produção do feno de capim-elefante permanece inferior (R$ 0,26), mas mais próximo do CT verificado na produção do feno de capim-tifton 85 (R$ 0,48). Da junção de menores desembolsos e maior produtividade, na produção do feno de capim-elefante, se verificou os menores valores de COE, COT e CT desse feno em relação ao feno de capim-tifton 85. 29 Na Tabela 11, são apresentados os valores referentes aos investimentos necessários para a terminação de borregos, em lotes compostos por 32 animais, por ciclo. Tabela 11 – Investimentos necessários para terminação de borregos, por sexo e por origem dos animais (machos), consumindo feno e de capim-tifton, com produção de feno de uma área de 0,125 ha Despesas com investimentos Área coberta Cocho Cerca Bebedouro Saleiro Total Machos setor Valor total (R$/ha) 768,00 225,15 240,00 50,00 25,00 1.308,15 Fêmeas setor Valor total (R$/ha) 768,00 225,15 240,00 50,00 25,00 1.308,15 Machos Externo Valor total (R$/ha) 768,00 225,15 240,00 50,00 25,00 1.308,15 Em média, os investimentos necessários para montagem da estrutura utilizada na terminação dos animais foi de R$ 1.308,15. O item mais representativo foi o da área coberta (58,71%). Vale salientar que esses custos poderão variar em função do aproveitamento de materiais, valor dos insumos no local de sua implantação, capacidade de gestão de compras, entre outros. Os valores referentes ao custeio da terminação de borregos, em função do sexo e da origem dos machos, são apresentados na Tabela 12. Os valores de desembolsos foram superiores para o caso das fêmeas (R$ 517,40) em relação aos dois grupos de macho (R$ 484,69). Os valores referentes aos custos com concentrado, feno e sal mineral representaram 82,62% do total. No caso das fêmeas esse valor foi superior em aproximadamente 8,0%. Já nos animais alimentados com feno de capim-elefante, a alimentação representou 81,31% Como visto, a alimentação foi o maior custo de produção, independente do tipo de volumoso avaliado, devendo ser observado e constituir-se em fonte de estudos na busca por alternativas de diminuição de seus valores, possibilitando melhorias no desempenho econômico dos sistemas. Os indicadores de desempenho técnico e econômico da teminação de ovinos alimentados com feno de capim-tifton 85, são apresentados na Tabela 13. O ganho em peso dos animais machos oriundos do NEEF foram superiores ao das fêmeas e o dessas superiores ao dos machos adquiridos, independente do tipo de volumosos estudado. Esse comportamento denota maior potencial de ganho em peso dos animais com composição genética selecionada, com menor variação de sua composição e 30 que tiveram manejo pré-desmama adequado em relação a animais sem padrão genético, de idade desconhecida e de manejo pré-desmama desconhecido (machos adquiridos). Tabela 12 – Valores referentes ao custeio necessário para a terminação de borregos, por sexo e por origem dos animais (machos), consumindo feno de capim-tifton, com produção de feno de uma área de 0,125 ha Despesas de custeio MÃO DE OBRA Mão-de-obra terceiros Mão de obra familiar ALIMENTOS Feno Concentrado Sal mineral MEDICAMENTOS Diversos (vermífugo, vacinas, etc.) DIVERSOS Geral CUSTO ECONÔMICO Remuneração do capital investido Total Machos setor Fêmeas setor Valor total (R$/ha) Valor total (R$/ha) 40,00 40,00 40,00 40,00 0,00 0,00 400,44 433,15 129,69 140,29 248,70 269,02 22,05 23,85 6,40 6,40 6,40 6,40 30,00 30,00 30,00 30,00 7,85 7,85 7,85 7,85 484,69 517,40 Machos Externo Valor total (R$/ha) 40,00 40,00 0,00 400,44 129,69 248,70 22,05 6,40 6,40 30,00 30,00 7,85 7,85 484,69 Nesse sentido, salienta-se a necessidade de utilização de animais com elevado potencial de ganho quando da decisão de se implementar um sistemas de terminação de borregos. Da combinação dos desempenhos com os animais e das despesas, têm-se os valores referentes aos COE, COT e CT, MB e ML por quilo de peso vivo (PV). Os COE, dos animais alimentados com feno de capim-tifton 85, variaram de R$ 2,56 a R$ 3,50 para os animais machos oriundos do NEEF e os adquiridos, respectivamente. Já as fêmeas tiveram custo intermediário (R$ 3,28). Quando se avalia os animais alimentados com feno de capim-elefante o comportamento permanece com tendência similar, mas com magnitude e valores diferentes além de haver similaridade dos valores de COE entre as fêmeas (R$ 3,56) e os machos adquiridos (R$ 3,56), continuando os machos do NEEF com o menor COE (R$ 2,77). Como forma de realizar a análise das margens bruta e líquida, tomou-se o valor do quilo de peso vivo de R$ 3,00. A margem bruta é obtida pelo cálculo da diferença entre o preço de venda e o custo operacional efetivo. Já a margem bruta (dados não apresentados) é obtida pela diferença entre o preço de venda e o custo operacional total. Foram calculados os dois indicadores. 31 Somente os animais machos de origem conhecida (NEEF) apresentaram ML positiva (R$ 0,27/kg PV), enquanto as fêmeas tiveram valor de R$ -0,50kg PV e os machos sem origem com R$ -0,74/kg PV, para o feno de capim-tifton 85. Observando os mesmo índices dos lotes alimentados com capim elefante, verificou-se valores de R$ 0,02, -0,82 e -0,83/kg PV para machos de origem conhecida (NEEF), fêmeas e machos sem origem conhecida, respectivamente. Quando se avalia o lucro (dados não apresentados), o único grupo que apresentou viabilidade (R$ 0,16/kg PV) foi o composto por animais machos, de origem conhecida e alimentados com feno de capim-tifton. Esse valor é obtido pela subtração do custo total (CT) do valor de venda do produto. Outro ponto importante que indica a eficiência de utilização dos investimentos em relação a produção é o índice de investimento em relação à produção, em reais por quilo de produto. Esse índice é determinado pela relação entre os investimentos e a produção, englobando assim aspectos zootécnicos (quantidade e qualidade da forragem, potencial de resposta dos animais e produtividade de PV) e econômicos. Mais uma vez, os machos apresentaram melhor índice (R$ 7,02/kg) que às fêmeas (R$ 8,98/kg) e os machos adquiridos (R$ 9,60/kg). E quando se compara o desempenho dos animais alimentados com capim-elefante (R$ 8,19 a 10,52/kg), verificam-se também menores eficiências (maiores valores) em relação aos verificados nos animais alimentados com capim-tifton. Tabela 13 – Avaliação bio-econômica da terminação de borregos, por sexo e por origem dos animais (machos), consumindo feno de capim-tifton, com produção de feno de uma área de 0,125 ha Análise Econômica Ganho em peso diário (g/animal*dia) Produção (kg PV) Área utilizada (ha) Capital total investido (R$) - Instalações. Produtividade da terra (kg PV/ha*mês) Custo total da atividade - CT (R$) Participação do custo com Alimentação no COE (%) Custo operacional efetivo por quilo de PV (R$/kg) Custo total por quilo de PV (R$/kg) Receita Bruta da Atividade (R$) Margem líquida por quilo de PV (R$/kg) Investimento em relação à produção (R$/kg*mês) Machos setor 0,196 186 0,125 1.308,15 186 529,16 84,0 2,558 2,839 559,19 0,27 7,02 Fêmeas setor 0,153 146 0,125 1.308,15 146 529,16 84,0 3,275 3,634 436,81 -0,50 8,98 Machos Externo 0,143 136 0,125 1.308,15 136 529,16 84,0 3,499 3,883 408,84 -0,74 9,60 Em resumo, apesar de ser ter verificado menores custos para a produção de feno de capim-elefante (R$ 0,26/kg) em relação ao do capim-tifton 85 (R$ 0,48/kg), em função de seu valor nutritivo menor, atrelado ao menor consumo verificado, os índices de 32 desempenho zootécnico foram superiores para os animais alimentados com o feno de capim-tifton 85. Com o menor valor nutritivo e menor consumo de feno de capim-elefante, necessitou-se elevar os níveis de proteína e energia do concentrado para que fossem fornecidos níveis de nutrientes que possibilitassem desempenho satisfatório. Com essa prática, os custos com o concentrado foram elevados (R$ 0,59/kg) quando se relaciona ao valor do concentrado utilizado na dieta com feno de capim-tifton 85 (R$ 0,54/kg). Mesmo se elevando os níveis nutricionais da dieta, o desempenho dos animais alimentados com feno de capim-elefante foi menor (0,140 kg/dia) que o dos animais alimentados com feno de capim-tifton 85 (0,160 kg/dia). Em função do maior custo com a dieta e do menor desempenho desses animais, ocorreu diminuição das receitas e elevação dos custos, comprometendo o desempenho econômico do sistema. Recomenda-se a utilização de animais machos, com elevado potencial de ganho de peso, oriundos de um sistema com manejo pré-desmama adequado e gramínea de elevado valor nutritivo para sistemas de teminação, não sendo recomendado o uso de fêmeas e de animais sem padrão racial, de idade e de manejo pré-desmama desconhecido, bem como gramíneas de baixo valor nutritivo. O feno de capim-elefante poderá ser utilizado em sistemas onde os animais tenham menor demanda de nutrientes, tornando-se uma alternativa atraente. 8. CONSIDERAÇÕES FINAIS O uso do feno constitui alternativa de alimentação dos rebanhos fácil e de custo reduzido, podendo ser utilizada em qualquer lugar, sempre que houver excedente de forragem ou como uma estratégia para suporta alimentar do rebanho na época da seca. Para obter o máximo benefício com o uso de tal técnica, é fundamental conhecer o clima da região, as épocas mais propícias para o corte, os fatores que afetam a taxa de secagem da planta, além de dimensionar corretamente área de produção, secador (se for o caso) e galpão de armazenagem em relação ao rebanho. É importante ainda considerar o tipo de planta a ser explorada para a produção de feno e o nível de participação do feno na dieta do rebanho conforme os requerimentos nutricionais desse rebanho, a fim de se obter a máxima economicidade do sistema de produção animal utilizando feno. 33 9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AGUIAR, E.M.de; LIMA, G.F.da C.; SANTOS, M.V.F. dos S.; CARVALHO, F.F.R.de; GUIM, A.; MEDEIROS, H.R. de; BORGES, A.Q. Rendimento e composição químicobromatológica de fenos de gramíneas tropicais. Revista Brasileira de Zootecnia, v.35, n.6, p.2226-2233, 2006. ASSIS, A. G. et al. 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