Embaixador da Esperança
Edição 80. Maio 2014
Foto: Adriana Martins - Igreja Maria Theotókos - Loppiano/Itália
CARISMAS
A Fazenda da Esperança nasceu da prática do evangelho, tanto da proposta do
carisma da unidade do Movimento Focolares, quanto do carisma da pobreza
de São Francisco. Todo o processo de recuperação da comunidade terapêutica
reflete esses carismas.
www.fazenda.org.br
Para a comunidade terapêutica os carismas de São Francisco e de Chiara Lubich, são os pais do carisma da Esperança.
A
s estruturas harmoniosas, com belas casas e
capelas, as ferramentas de trabalho de qualidade e o desapego aos pertences materiais,
refletem o carisma dos Franciscanos, que frei Hans
assumiu em sua vida religiosa. “Na década de 90,
fui liberado integralmente para me dedicar às atividades da comunidade terapêutica a fim de suprir todas as exigências que surgiam a partir de seu
crescimento”, conta frei Hans Stapel, ofm, fundador da Fazenda da Esperança.
Em 1979, quando frei Hans assumiu como pároco em Guaratinguetá-SP, trouxe em sua bagagem
a espiritualidade do Movimento dos Focolares e de
São Francisco de Assis. “Vivi a Palavra de Deus, acolhi mães solteiras, crianças abandonadas, os dependentes químicos, sempre na intenção de praticar o
evangelho, e nasceu a Obra. Eu não fazia ideia que
poderia ser tão grande. Queríamos apenas viver a
Palavra e escolher Deus como tudo em nossa vida”,
conta frei Hans.
“Desde o primeiro contato com os jovens dependentes químicos,
vivíamos a Palavra e
comunicávamos
as
experiências,
como
me ensinou frei Hans,
que aprendera isso
no Movimento dos Focolares. Com isso, os jovens
sentiam-se felizes e encontravam um sentido na
vida, experimentando todos os pontos da espiritualidade do carisma da unidade: Jesus no meio, o
amor ao irmão e o sentido do sofrimento”, afirma
Nelson Giovanelli Rosendo, fundador da Fazenda
da Esperança.
“Esse carisma Deus confiou a um franciscano, frei
Hans, e a outros três
jovens: Nelson, Iraci e
Lucilene, que juntos,
(...) bebiam diretamente da fonte do carisma
de Chiara Lubich, fundadora do Movimento dos Focolares, e do carisma
de São Francisco”, escreve padre César dos Santos,
responsável pela Fazenda da Esperança no México.
Foram mais de 20 anos vivendo concretamente
o que propunham São Francisco e Chiara. Essa vivência fez nascer o carisma da Esperança que em
O carisma da Esperança vai além das estruturas da comunidade, atinge pessoas na sociedade pelo testemunho dos ex recuperandos.
2 - Boletim do Embaixador - Edição 80 - maio 2014
2007, o papa emérito Bento XVI na visita à Fazenda
da Esperança, chamou a todos para fazerem parte:
“Sejam embaixadores da esperança”.
Em 2010, o Conselho Pontifício para os Leigos
escreve no Decreto de Aprovação da Família da Esperança: “...o trabalho na Fazenda não é uma simples ocupação, mas uma vocação, o Senhor está
doando um carisma: aquele da Esperança...”
Os dois últimos papas refletiram sobre a esperança.
O papa Bento XVI explica que a esperança provém
do encontro com Deus e que transforma a existência
toda do homem, salvando-o de um futuro escuro e
vazio (Carta Encíclica Spe Salvi, nn. 2-3).
“Queríamos apenas
viver a Palavra e
escolher Deus como
tudo em nossa vida”
Papa Francisco: “O cristão deve ter paixão pela
esperança. A esperança é um dom, é um presente
do Espírito Santo. Na Carta de Paulo aos Colossenses dirá que é um dom que ‘jamais decepciona’. Por
quê? Porque é um dom que o Espírito Santo nos
deu. E Paulo nos diz que a esperança tem o nome:
Jesus. Liberdade e esperança caminham juntas:
onde não há esperança, não há liberdade”, afirma
o Pontífice.
A recuperação dos jovens na Fazenda da Esperança acontece por causa deste encontro com Deus,
através da vivência da Palavra, que transforma a
existência deles e os salva da droga e liberta de outras dependências, transformando-os em “profetas
da Esperança”, expressão usada por José Rodriguez
Carballo, Ministro Geral dos Franciscanos, na ocasião do reconhecimento pontifício, “(...) Sejam profetas da esperança! A humanidade de hoje necessita
de profetas da esperança e a Igreja necessita de homens e mulheres da esperança! Uma esperança que
se manifestará na paixão por Deus e pelo homem,
pela humanidade, sobretudo pela que sofre!”
A junção dos carismas fez nascer a Esperança, espalhada em 95 comunidades em 15 países, oferece
a milhares de jovens e suas famílias a oportunidade
de reescrever suas histórias. Os Embaixadores da Esperança são os colaboradores dessa realidade.
Aconteceu comigo
Sou a caçula de quatro irmãos e a única filha da
segunda união de meus pais. Aos 15 anos, começava
a ganhar minha liberdade. Esperava ansiosa para o
final de semana chegar a fim de curtir uma balada
e ser feliz.
Nessa época, fui convidada a participar de um
encontro de carnaval do Movimento dos Focolares
na minha cidade. Experimentei uma alegria e um
amor que me contagiaram. Ao final do encontro, na
despedida, não segurava o choro.
As jovens não me conheciam, mas o tempo todo,
trataram-me com atenção e carinho. Eu não tinha
dinheiro e vendia doces para pagar minha participação e todas compravam para me ajudar. Sentia o
cuidado delas umas com as outras.
Não entendia muito bem, mas sentia que gostaria
de aprofundar mais neste estilo de vida. Procurei em
minha cidade e comecei a participar. Foram várias
mudanças no meu jeito de ser. Dei-me conta disto
quando numa balada decidi não ficar com um menino, mesmo ele sendo bonito, porque ser feliz já tinha
outro sentido para mim.
Sempre ouvi falar da Fazenda e quando abriu uma
unidade masculina na cidade vizinha Guarará-MG,
junto com o grupo Geração Nova (GEN), fui realizar
trabalho voluntário lá. No ano passado, decidi doar
minha vida a Fazenda da Esperança, Deus tem provido minhas necessidades e preocupações, principalmente a dos meus pais que dependiam de mim.
No início, na comunidade em Guapimirim-RJ, senti
vontade de ir embora, mesmo sendo voluntária.
Pedia a Deus para me mostrar porque estava ali. Eu
vim motivada pela palavra: escolher aqueles que
mais sofrem. Estava na capela e ao sair encontrei
uma jovem que não tinha participado da meditação.
Chamei-a para vermos a Palavra e ela disse-me que
queria ir embora. Contei-lhe o que tinha pedido
a Deus e que ela tinha sido a resposta imediata.
Então, ela me disse que desejava ir embora porque
estava com raiva de mim, por ter contado à responsável uma coisa errada que ela fez, mas por ter dado
minha atenção ela sentiu meu amor e ficou
motivada a continuar.
Atualmente, participo da Escola de Comunhão e
aqui tenho a oportunidade de aprofundar minha
vocação e continuar
seguindo o exemplo
de Maria.
Raquel de Lima
Gomes, 28 anos,
Juiz de Fora/MG.
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A-notável
A Fazenda da Esperança recebeu a presidente
do Movimento dos Focolares
Maria Voce visitou à Fazenda da Esperança no
dia 15 de abril deste ano. O encontro se realizou na comunidade masculina situada na Serra da
Mantiqueira, em Guaratinguetá-SP, unidade que
também foi visitada pelo papa emérito Bento XVI,
em 2007.
Em viagem ao Brasil entre 22 de março e 22 de
abril, Maria Voce visitou várias autoridades e regiões do país. E uma de suas atividades foi se reunir com os membros da comunidade terapêutica a
fim de conhecer em profundidade essa realidade.
Segundo Gehilda Cavalcante, co-responsável pela Mariápolis Ginetta, em Vargem Grande
Paulista-SP, o objetivo de Maria Voce é fazer com
que as comunidades contem, através de experiências e obras, as transformações pessoais, no âmbito
social, político, econômico e cultural, geradas pelo
Evangelho vivido à luz do carisma da Unidade.
Maria Voce foi eleita presidente do Movimento
dos Focolares no dia 7 de julho de 2008, pela
assembleia geral dos focolarinos; primeira na sucessão da fundadora Chiara Lubich, falecida em
14 de março do mesmo ano.
A atual presidente do Movimento nasceu em
Ajello Calabro (Cosenza – Sul da Itália), no dia
16 de julho de 1937, primogênita de sete filhos.
Seu pai era médico e sua mãe dona de casa. No
último ano do curso de Direito, em Roma (1959),
conheceu, na Universidade, um grupo de focolarinos. Terminados os estudos exerceu a profissão em Cosenza, tornando-se a primeira mulher
a advogar no fórum da cidade. Em 1963 sentiu o
chamado de Deus para seguir a estrada de Chiara
Lubich. É consultora do Conselho Pontifício para
os Leigos e do Conselho Pontifício para a promoção da Nova Evangelização.
Desde os primeiros dias da sua eleição, Maria Voce indicou como estilo de sua presidência
“priorizar os relacionamentos”, buscando, com
todas as forças, atuar o objetivo pelo qual surgiu
o Movimento: realizar a unidade em todos os níveis. Em sintonia com o frequente convite do Papa
Francisco de “sair ao encontro das periferias existenciais”, impulsionou o Movimento recordando
que é chamado “a mergulhar nesta humanidade
desorientada, partilhando seus medos e angustias,
para reconduzi-la ao seu ponto central: Deus”.
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OBRA SOCIAL NOSSA SENHORA DA GLÓRIA - FAZENDA DA ESPERANÇA
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