PSICOLOGÍA Y RELACIONES INTERPERSONALES
O TOQUE NA RELAÇÃO INTERPESSOAL –
UMA REFLEXÃO TEÓRICA SOBRE RELAÇÕES INTERPESSOAIS
Cristina Raquel Batista Costeira
Instituto Português de Oncologia de Coimbra
RESUMO
O toque é considerado como uma das maneiras mais importantes e fundamentais de
comunicação não verbal, podendo-se enviar mensagens positivas e negativas, dependendo do momento,
forma e local onde ocorre (Blondis, 1982;Azambuja, 2005).
O acto de tocar é sempre apontado como um tipo especial de proximidade, pois quando uma
pessoa toca a outra, a experiência é inevitavelmente recíproca (Davis, 1979).
O toque apresenta várias formas, simples, de praticar como seja o caso da massagem, do
abraço, aperto de mão, “toque nas costas”. As vantagens do toque são reconhecidas através de vários
estudos científicos. No entanto, o toque tem sido descurado na nossa sociedade, devido à evolução
tecnológica. Como seja a utilização desenfreada de computadores, telemóveis e outros meios
tecnológicos. Sendo estas, as principais causas do enfraquecimento das relações interpessoais.
Pelas razões apresentadas é fundamental que se racionalize o uso dos meios tecnológicos e que
se estimule o toque nas relações sociais, profissionais e pessoais, no sentido de recuperar os benefícios
produzidos pelo toque.
Neste sentido, o toque, deverá ser uma constante nas relações com os outros, pois só assim,
conseguiremos enriquecer as nossas relações interpessoais.
Palavras-Chave: Toque; Meios tecnológicos; Relações Interpessoais; Equilíbrio;
ABSTRACT
The touch is regarded as one of the most important and fundamental of non-verbal
communication, it can send positive and negative messages, depending on the time, way to do, and
place where it occurs (Blondis, 1982; Azambuja, 2005).
The act of touching is often referred to as a special kind of closeness, as when a person touches
another one, the experience is inevitably reciprocal (Davis, 1979).
INFAD Revista de Psicología, Nº 1, Vol.4 , 2008. ISSN: 0214-9877. pp: 325-330
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The touch have several, simple, practice ways, such as the case of massage, hug, tightness of
hand, "touch on the back” and so on. It is recognized the benefits of touching by several scientific
studies. Although, our society, are neglecting the act of touching due largely to the technological
developments as the unbridled use of computers, mobile phones and other technological means has
been the main causes of the weakening of interpersonal relations.
For those reasons are essential to do a rational control of using technological means, at same
time is important encourage the touch on social, professional and in personal relationships, in order to
recover the benefits produced by touch.
In this sense, the touch should be a constant or in relations with others, because only it can
fulfill our interpersonal relations.
Key Words: Touch; Technology means; Interpersonal Relationships; Balance;
O toque é um dos instrumentos de relação interpessoal mais antigos. O seu uso está retratado
em vários versículos, de um dos livros mais antigos de sabedoria, que é a Bíblia Sagrada (1993).
«Então Jesus tocou-lhe nos olhos e disse: Pois seja conforme acreditam!/ E os dois cegos
ficaram a ver.» (Mateus 9 [29-30].
«Quando Jesus chegou a casa de Pedro,/ Viu que a sogra dele estava de cama, com febre./
Tocou-lhe na mão e a febre passou-lhe.” (Mateus 8 [14-16]).
O Dicionário de Língua Portuguesa (2008) define o toque como acto ou efeito de tocar ou de
tocar-se, poderá ser através de contacto ou pancada. Neste trabalho irá ser considerado apenas o toque
como contacto.
O toque é uma das formas de se vivenciar Saúde e bem-estar. O acto de tocar é sempre
apontado como um tipo especial de proximidade, pois quando uma pessoa toca a outra, a experiência é
inevitavelmente recíproca (Davis, 1979). Pelo que se tem verificado nas últimas décadas, um
incremento na sua discussão e pesquisa (Montagu, 1988).
Vários autores reconhecem o toque como sendo uma das maneiras mais importantes e
fundamentais de comunicação não verbal, através dele é possível enviar mensagens positivas e
negativas, dependendo do momento, forma e local onde ocorre, ou seja o toque é capaz de transmitir
afecto, segurança, protecção. Podendo mesmo, em situação de doença transmitir apoio, amparo e autovalorização (Blondis, 1982; Montagu, 1988; Davis, 1991; Azambuja, 2005).
A comunicação não verbal é responsável por qualificar as relações e pode complementar a
linguagem verbal (quando a auxilia na emissão da mensagem), contradizê-la (quando envia mensagem
contraditória à expressa pela verbal), substituí-la (quando envia uma mensagem sem a utilização da
verbal) e ainda demonstrar sentimentos do emissor, apesar de por vezes ser mal interpretada, mesmo
que este não tenha consciência disso (Silva 1998).
Azambuja (2005) explica o acima citado através da fisiologia em que refere que os
neurotransmissores e nervos levam até o sistema nervoso central a “mensagem enviada” (através do
toque) e este (o sistema nervoso central) modela, por meio dos próprios neurotransmissores (nervos e
das células imunitárias cutâneas) o estado da pele. A pele que é o mais sensível dos nossos órgãos, é ela
que configura o primeiro meio de comunicação com o mundo, sendo através dela que o ser humano
apreende o seu ambiente e percebe o mundo externo (Montagu, 1988). Azambuja (2005) acrescenta,
ainda, que a pele é o órgão de transformação de estímulos físicos em comunicadores químicos e em
estados psicológicos. (...) Um contacto terno e amoroso na pele produz a sensação de apoio, consolo,
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companhia e presença amiga; um contacto rude e agressivo faz a pessoa sentir-se rejeitada, desprezada,
invadida e provoca-lhe reacção de defesa ou raiva.
O toque é, por excelência, uma das formas mais agradáveis de relaxar os nossos músculos
endurecidos e permitir que o fluxo da vida volte a percorrer o nosso corpo (Rowen, 2003), esta
sensação é facilmente percebida após se receber uma massagem.
No sentido de melhor se compreender as vantagens reais do toque, vários estudos têm sido
desenvolvidos. Existem estudos em animais que salientam a supressão imunológica produzida por
ausência de contacto físico. Destes estudos, depreendeu-se que, as primeiras, experiencias tácteis são
fundamentais ao ajuste mental e emocional, além de possuírem uma influência benéfica no sistema
imunológico (Montagu, 1988).
Noutro estudo, Knapp e Hall (apud Pereira, 2002) referem que as crianças choram menos após
receberem estimulação táctil. Assim como possuírem maiores dificuldades na aprendizagem motora
como aprender a andar e na aprendizagem linguística. Estes autores apresentam também referência a
uma relação táctil, deficiente, na infância, o que poderá conduzir a atitudes de violência na fase adulta.
No entanto, há quem defenda, mesmo, que o toque é importante desde a gestação. Existem já
estudos que comprovam que já no início do segundo mês de vida o bebé recebe todas as informações
emocionais (tristeza, medo, ansiedade) transmitidas pela mãe. É importante conversar calmamente
com a criança e acariciar a barriga. Com isso, são transmitidas sensações agradáveis, que serão
registadas no seu inconsciente e oferecerão uma impressão positiva do mundo ao redor, tornando-o
mais tranquilo e feliz na vida. Uma vez que, crianças privadas do toque podem desencadear carência
afectiva, tornando-se indivíduos dependentes de relacionamentos fugazes para obter o carinho efémero
de uma relação sem compromisso. Em decorrência de não receberem o devido afecto e não saberem
buscar uma fonte segura de carinho, permanecem insatisfeitas e infelizes. Além disso, pode ocorrer um
prejuízo na formação da auto-imagem e insegurança (Levy, 2002).
Outras experiências, salientam vantagens do toque em doentes, na fase adulta, como é o caso
apresentado por Bettinelli e Erdmann (1998) sobre um doente tetraplégico que, ao ser tocado na testa,
por um longo período de tempo, apresentou alterações significativas como sejam: uma midríase,
melhoria nos valores de saturação de oxigénio e estabilização dos níveis de pressão arterial.
Outros estudos com doentes graves, como os de Pearce (1988) e Hudack (1998) revelam que o
toque provoca conforto, segurança e satisfação do doente. Pearce (1988) estudou ainda doentes com
alterações de consciência tendo verificado que os sentidos de audição e tacto poderiam não estar
afectados, e dessa forma o toque seria uma forma de comunicação com o meio externo.
Estudos de Lynch (1978) e de Palma (1994) atribuem ao toque a capacidade de alterar os
valores de Frequência Cardíaca e os valores de Pressão arterial.
O toque poderá ser estabelecido através da massagem, muito em voga actualmente, do abraço,
do aperto de mão ou mesmo do simples contacto cutâneo entre duas pessoas.
O toque é fundamental em qualquer etapa de vida e a sua ausência provoca alterações
significativas ao nível da saúde física, mental, social e psicológica pelo que o seu uso deverá ser uma
prática regular.
No entanto, nas últimas décadas tem-se assistido a uma grande evolução tecnológica que veio
conduzir a alterações significativas na vida quotidiana das populações, cujo desenvolvimento económico
é mais evidente. Simultaneamente a esta, surge um crescimento exponencial do número de horas que
se tem facultado aos programas de televisão, aos jogos de consolas e ao uso de computadores. Em
determinados momentos as crianças e os jovens já abdicam, de coisa inconcebível há alguns anos atrás,
como seja, a interacção com o seu grupos de pares, para interagir com os meios tecnológicos (Oliveira,
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2005).
Assistir televisão é um dos passatempos mais importantes na vida de crianças e adolescentes.
Praticamente em todos os lares, seja qual for o nível social, o televisor está presente substituindo muitas
vezes a presença materna, diminuído a execução de actividades importantes tais como a leitura, os
trabalhos da escola, os jogos tradicionais, a interacção com a família e o desenvolvimento social. Não há
discordâncias quanto ao facto de que a televisão pode entreter, informar e acompanhar as crianças,
mas pode também, exercer influências indesejáveis (Zacharias, 2007), daí que o controlo desta
utilização seja fundamental. No entanto, dados facultados pela Deutsch Well (2006) salientam que
apenas 38% dos pais fiscalizam e controlam os programas dos filhos.
Outro meio de comunicação, a que nos últimos anos na União europeia, se tem evidenciado
uma grande utilização, é o telemóvel. Em 1990, apenas uma pessoa em cada cem usava um; em 2002,
o uso de telemóveis subira para mais de 78%, tendo atingido os 80% em 2003.Os dados revelam que
Portugal é dos 6 países europeus que mais utilizam o telemóvel (Comissão Europeia, 2004). Este facto
deverá ser algo controlado, segundo o pediatra Manuel Pedro (2005) deverá existir um controlo do uso
de telemóveis pelas crianças. No entanto não deverá ser só o telemóvel mas também os restantes meios
tecnológicos.
O uso de consolas e computador é à semelhança dos outros meios tecnológicos muito
apreciados quer por crianças quer por adultos. O aumento de computadores e de Internet de banda
larga tem aumentado bruscamente em Portugal, devido também às políticas governamentais, que
tornaram acessível a 240 mil alunos computadores a preço reduzido (Ministério das Obras Públicas,
Transportes e Comunicações, 2007). No que concerne ao uso de consolas, dados apresentados pela
MTV (2007), apresentam a consola Wii como sendo, a consola actualmente a consola de nova geração,
por ser a mais vendida no mundo. De acordo com o site VG Chartz, especialista em dados relativos ao
mercado dos videojogos, a máquina da Nintendo atingiu já 10,57 milhões de unidades desde o seu
lançamento em Novembro de 2006. Nas consolas portáteis, a Nintendo DS tem uma vantagem
esmagadora relativamente à sua rival directa, a Play Station Portable, ao acumular 48,83 milhões de
unidades. A preocupação pelo uso excessivo, destes meios tecnológicos, têm sido alertada por várias
entidades que incentivam os pais a controlar os endereços electrónicos dos filhos, através de bloqueios
de sites, assim como ao controlo de jogos violentos, uma vez que poderão instigar à violência. No
entanto, um estudo apresentado pelo Dário de Noticias alerta que as crianças, são quem decidem, cerca
de 45% dos consumos familiares, são eles que tem um papel importante na compra de modelo de
telemóveis, computadores, pelo que cerca de 20% das vendas de luxo estão direccionadas paras elas
(Almeida, 2006), e assim sendo constitui-se uma dificuldade de controlar e equilibrar o uso destas
tecnologias pelas crianças.
Assim sendo, a evidência científica demonstra a importância do toque na vida, de todos os seres
vivos, pelo que não se deverá ignorar e abdicar de tal ferramenta disponível a todos. As restantes
ferramentas, como sejam os meios tecnológicos, são úteis e importantes, mas deverão ser utilizadas de
uma forma mais racional possível.
CONCLUSÕES
O toque é, desde sempre, uma das principais formas de comunicação não verbal, mais
importante. No entanto actualmente, nos países mais evoluídos economicamente, tem-se verificado
uma tendência significativa para que o toque seja ultrapassado por outra forma de linguagem não
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verbal, que apesar de importantes, deverão ser exíguas, uma vez que têm diminuído as relações em
presença física. O uso de telemóveis (SMS; MMS; Videoconferência, chamadas de voz), de
computadores (Emails; Chats; entre outras ferramentas), consolas, televisões, são algumas das
alternativas que tem levado à diminuição do toque nas relações interpessoais.
Vários estudos têm demonstrado a importância do toque no desenvolvimento do ser humano
quer pessoal, ao nível da saúde por exemplo, quer na relação com o outro, pelo que o uso desta forma
de comunicação não verbal, deva ser uma aposta quotidiana, independentemente da forma de contacto,
podendo ser do uso de um abraço, de uma massagem, de um aperto de mão, ou se um simples
contacto cutâneo.
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Fecha de recepción 1 Marzo 2008
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