Captura
de insetosAF;
sugadores
fitófagos
com S;
uso
de armadilhas
adesivasdede
diferentes
coresenos
sistemas
SANTOS
JP; WAMSER
BECKER eWF;
MUELLER
SUZUKI
A. 2008. Captura
insetos
sugadores
fitófagos
com de
usoprodução
de armadilhas
integrada de etomate
em Caçador,
adesivas de diferentes cores nos sistemasconvencional
de produçãoeconvencional
integrada
de tomateSC
em Caçador, SC. Horticultura Brasileira 26:
S157-S163.
CAPTURA DE INSETOS SUGADORES E FITÓFAGOS
COM USO DE ARMADILHAS ADESIVAS DE DIFERENTES
CORES NOS SISTEMAS DE PRODUÇÃO
CONVENCIONAL E INTEGRADA DE TOMATE EM
CAÇADOR, SC
1
1
1
Janaína Pereira dos Santos ; Anderson Fernando Wamser ; Walter Ferreira Becker ;
1
1
Siegfried Mueller ; Atsuo Suzuki .
1
EPAGRI-Estação Experimental de Caçador C.P 591, 89500-000 Caçador, SC. E-mail:
[email protected].
RESUMO
Este trabalho teve como objetivos
avaliar a eficiência de armadilhas adesivas de
coloração azul e amarela na captura e no
acompanhamento da flutuação populacional
de adultos de vaquinhas (Diabrotica spp. e D.
speciosa), mosca branca (Bemisia tabaci),
mosca minadora (Liriomyza spp.) e dos
pulgões (Myzus persicae e Macrosiphum
spp.), além de verificar as épocas de
ocorrência destes insetos a fim de elaborar
estratégias de controle. Apenas, no sistema
de produção integrada o controle dos insetos
em estudo foi feito conforme o monitoramento
observado nas armadilhas. O estudo foi
desenvolvido na Epagri/Estação Experimental
de Caçador, SC, durante a safra 2007/08, em
duas áreas de tomateiro da cultivar Paron, uma
conduzida no sistema de produção
convencional e outra no sistema de produção
integrada. As amostragens de insetos e a
substituição das armadilhas foram realizadas
semanalmente. Foram testados dois modelos
de armadilhas adesivas, um de coloração azul
e outro de coloração amarela. Instalaram-se
em cada área, três armadilhas de cada cor,
sendo duas em bordaduras opostas e uma no
centro da área. Os insetos foram coletados
durante dez ocasiões de amostragem e
estiveram presentes em todas as ocasiões.
As armadilhas de coloração azul atraíram
pouco os insetos. Apenas as armadilhas
amarelas permitiram a observação dos picos
populacionais dos insetos em estudo.
PALAVRAS-CHAVES: Lycopersicum
esculentum, insetos-praga, monitoramento
ABSTRACT
Capture of sucking and phytophagous
insects with colored adhesive traps of
different colors in the conventional and
integrated systems of tomato in Caçador,
SC, Brazil.
This study aims at evaluating the
efficiency of adhesive traps of blue and yellow
coloration in the capture and verifying the
population dynamics of the adults of corn
rootworm, (Diabrotica spp. and D. speciosa),
white fly (Bemisia tabaci), leaf miner
(Liriomyza spp.) and of the aphids (Myzus
persicae and Macrosiphum spp.), besides
verifying the times of occurrence of these
insects in order to elaborate control strategies.
The control of the studied insects was made
as the monitoring observed in the traps, just in
the integrated system production. The study
Hortic. bras., v. 26, n. 2 (Suplemento - CD Rom), jul-ago. 2008
S 157
Captura de insetos sugadores e fitófagos com uso de armadilhas adesivas de diferentes cores nos sistemas de produção
convencional e integrada de tomate em Caçador, SC
was developed in the Experimental Station at
Epagri, Caçador, SC, Brazil, during the harvest
2007/08, in two tomato areas of the variety
Paron, and one of them was maintained under
the conventional management and the other
pests integrated management. The samplings
of insects and the substitution of the traps were
weekly accomplished. Two models of adhesive
traps were tested, one of blue coloration and
another of yellow coloration. Settled in each
area, three traps of each color, two in the
opposite borders and one in the center of the
area. The insects were collected for ten
occasions of samplings and they were present
in all of the occasions. The traps of blue
coloration attracted the insects just a little. Just
the yellow traps allowed the observation of the
population picks of the insects in study.
KEYWORDS: Lycopersicum esculentum,
insect pests, monitoring.
INTRODUÇÃO
No Brasil, por ordem de importância econômica, o tomate ocupa o segundo lugar entre
as culturas oleráceas. Em Santa Catarina, ocupa a sétima posição em área plantada, e oitava
em produtividade (53.997 kg/ha), envolvendo cerca de 10 mil estabelecimentos rurais (Epagri/
Cepa, 2005). Do total do tomate produzido em Santa Catarina, 31,4% corresponde ao município
de Caçador, localizado no Alto Vale do Rio do Peixe, com cerca de 650 ha de área plantada na
safra 2005/06 (IBGE, 2006). Em Caçador, os besouros conhecidos popularmente como
“vaquinhas”, Diabrotica spp. e Diabrotica speciosa (Coleoptera: Chrysomelidae) são
consideradas pragas-chave do tomateiro. Já a mosca branca, Bemisia tabaci (Hemiptera:
Aleyrodidae), as moscas minadoras, Liriomyza spp. (Diptera: Agromyzidae), e os pulgões,
Myzus persicae e Macrosiphum spp. (Hemiptera: Aphididae) são consideradas pragassecundárias (Santos, 2008). As vaquinhas são prejudiciais desde a fase inicial de
desenvolvimento do tomateiro, onde desfolham a planta, prejudicando a realização da
fotossíntese. Além disso, podem atacar as flores, danificando as anteras e as pétalas. Atacam
também os frutos verdes, onde formam cavidades superficiais (Santos et al., 2007). As larvas
das moscas minadoras formam galerias estreitas no limbo foliar, irregulares e em forma de
serpentina (Gravena & Benvenga, 2003). Em ataques intensos formam grandes emaranhados.
O maior dano ocorre no início do desenvolvimento da planta (Santos, 2008). A mosca branca
succiona a seiva das plantas acarretando na morte de plântulas, perda de vigor e redução na
produção. O ataque gera desorganizações fisiológicas nos frutos, que amadurecem de forma
irregular. Porém, o principal dano causado pelo inseto é a transmissão do vírus do mosaico
dourado (Santos, 2008). As plantas contaminadas apresentam as nervuras das folhas jovens
amareladas, progredindo por toda a folha, a partir do pecíolo (Gravena & Benvenga, 2003).
Na região de Caçador ainda não foram constatadas moscas contaminadas com o vírus. Os
pulgões causam danos diretos na planta através da retirada da seiva, porém são considerados
danos desprezíveis. Os danos maiores são os indiretos, pois os pulgões transmitem e
disseminam diversas viroses, tais como mosaico do vírus Y, topo amarelo, amarelo baixeiro,
entre outros (Santos, 2008). Os adultos alados são os principais disseminadores (Gravena &
Benvenga, 2003). O monitoramento das pragas é fundamental para embasar o controle, pois
permite acompanhar a incidência e os danos das pragas, facilitando a tomada de decisão de
controle no momento adequado. A primeira etapa do controle é o reconhecimento dos insetospraga e seus inimigos naturais (Santos, 2007a). O controle químico, de modo geral, não deve
ser preventivo, procurando-se sempre que possível levar em conta os níveis populacionais e o
Hortic. bras., v. 26, n. 2 (Suplemento - CD Rom), jul-ago. 2008
S 158
Captura de insetos sugadores e fitófagos com uso de armadilhas adesivas de diferentes cores nos sistemas de produção
convencional e integrada de tomate em Caçador, SC
nível de dano de cada inseto-praga e sua capacidade de causar prejuízos. Devido à exigência
dos consumidores por produtos sem resíduos e mais saudáveis, há uma tendência de
diminuição do número de aplicações e de inseticidas disponíveis no mercado. Por isso, outros
métodos de controle menos agressivos e dispendiosos devem ser adotados (Santos, 2007b).
Um desses métodos consiste em adotar armadilhas adesivas coloridas para realizar o
monitoramento e o controle dos insetos-pragas.
Neste contexto, este trabalho teve como objetivos avaliar a eficiência de armadilhas
adesivas de coloração azul e amarela na captura e no acompanhamento da flutuação
populacional das vaquinhas, mosca branca, moscas minadoras e dos pulgões, além de verificar
as épocas de ocorrência destes insetos a fim de elaborar estratégias de controle em dois
sistemas de produção de tomate.
MATERIAL E MÉTODOS
O estudo foi desenvolvido na Epagri/Estação Experimental de Caçador, SC, durante a
safra 2007/08, em duas áreas de tomateiro, uma conduzida no sistema de produção
convencional e outra no sistema de produção integrada. Ambas as áreas, apresentaram 405m²,
com 10 filas em cada área. A cultivar utilizada foi a Paron, com plantas distribuídas no
espaçamento de 1,5 x 0,5m, irrigadas por gotejamento.
O método de tutoramento na área convencional foi o cruzado com bambu (“V invertido”)
e na integrada foi o vertical com fitilho. Na área convencional realizou-se o controle de insetospraga conforme calendário pré-estabelecido, a cada cinco ou sete dias, com a utilização de
inseticidas em cobertura, de todas as classes toxicológicas. Na área destinada ao manejo
integrado, o controle foi realizado com o auxílio de monitoramento, com aplicação de inseticidas
preferencialmente das classes toxicológicas III e IV. Durante a safra, para o controle de todos
os insetos-praga do tomateiro, realizaram-se respectivamente, na área convencional e
integrada, 24 e 19 aplicações de inseticidas. Na área integrada, realizaram-se especificamente
para os insetos em estudo sete aplicações de inseticidas.
As mudas foram transplantadas para o campo nos dias 19 e 20/11/2007, e as
amostragens das armadilhas foram realizadas de 17/01/2008 a 20/03/2008. Foram testados
dois modelos de armadilhas (Isca Tecnologias), um de coloração amarela (Figura 1) e outro
de coloração azul (Figura 2), ambos com 12,5cm de altura x 10cm de largura, contendo cola
adesiva nos dois lados. Cada armadilha apresenta em cada lado 20 quadrados de 2,5cm x
2,5cm. Para a contagem de pulgões foram escolhidos aleatoriamente em cada ocasião de
amostragem, oito quadrados de 2,5cm x 2,5cm, sendo quatro de cada lado da armadilha.
Para a contagem das vaquinhas, mosca branca e moscas minadoras inspecionou-se toda a
armadilha, em ambos os lados.
As armadilhas foram penduradas no arame de condução das plantas, numa altura
aproximada de 1,2m em relação à superfície do solo. Instalaram-se em cada área, três
armadilhas de cada cor, que corresponderam a três repetições.
Duas armadilhas foram posicionadas em bordaduras opostas e uma no centro da área.
Semanalmente, as armadilhas foram substituídas e inspecionadas em laboratório para proceder
a identificação do material e o número de insetos capturados. Os resultados obtidos foram
submetidos à análise pelo teste t, a 5% de probabilidade de erro.
Hortic. bras., v. 26, n. 2 (Suplemento - CD Rom), jul-ago. 2008
S 159
Captura de insetos sugadores e fitófagos com uso de armadilhas adesivas de diferentes cores nos sistemas de produção
convencional e integrada de tomate em Caçador, SC
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Nos dois sistemas de produção, os primeiros adultos de vaquinhas, mosca branca, moscas
minadoras e pulgões capturados na primeira ocasião de amostragem, em 17/01/2008, sendo
que todos os insetos estiveram presentes durante as dez avaliações. As armadilhas de coloração
azul atraíram pouco os insetos (Tabela 2). Apenas as armadilhas amarelas permitiram a
observação dos picos populacionais dos insetos em estudo. Santos et al. (2007) observaram
que em plantios de tomate convencional e integrado, armadilhas de coloração amarela
proporcionaram maior captura de vaquinhas, em relação as de coloração azul.
Nos frutos, os primeiros danos de vaquinhas foram observados em janeiro. De acordo
com a tabela 1, com a armadilha amarela não se observou diferença entre os dois sistemas
de produção. Foram capturados, respectivamente, nas áreas convencional e integrada um
número médio de 50,3 e 42,3 adultos, todos da espécie D. speciosa. Já a armadilha azul
capturou no sistema de produção integrada 290% a mais vaquinhas, em relação ao sistema
convencional (Tabela 2). O pico populacional de vaquinhas foi observado no início de fevereiro.
Tanto para a armadilha amarela, quanto para a azul não se observou diferença na captura de
mosca branca, em ambos os sistemas (Tabelas 1 e 2). O pico populacional do inseto ocorreu
no final de março, que também correspondeu ao término do ciclo da cultura. Os primeiros
danos de moscas minadoras em folhas de tomateiro foram observados em janeiro. Nos
sistemas, convencional e integrado, também não se observou diferença entre os dois modelos
de armadilhas na captura desses insetos (Tabelas 1 e 2). O pico populacional ocorreu no início
de fevereiro. Apesar dos pulgões não causarem danos significativos a cultura do tomateiro,
conforme a tabela 1 observou-se diferença nos dois sistemas de produção apenas na armadilha
amarela, sendo que no sistema integrado foram capturados 445% a mais de pulgões que no
sistema convencional. As armadilhas adesivas de coloração amarela são excelentes
ferramentas para a detecção e acompanhamento da flutuação populacional de alguns insetos
fitófagos e sugadores nas áreas de produção de tomate. Desta maneira, o produtor poderá
estabelecer o período mais adequado para a realização do controle dos insetos-praga.
LITERATURA CITADA
EPAGRI/CEPA. 2005. Síntese anual da agricultura de Santa Catarina 2004-2005.
Florianópolis: Epagri/Cepa, v.26, p. 155-167, 2005.
GRAVENA, S; BENVENGA, SR. 2003. Manual prático para manejo de pragas do tomate.
Jaboticabal. 143p.
IBGE. 2006. Informações Estatísticas: Lavoura Temporária 2006. Disponível em: http://
www.ibge.gov.br/cidadesat/topwindow.htm?1. Acessado em 16 de abril de 2008.
SANTOS, JP. 2008. Principais insetos-praga e seu controle. In: MUELLER, S; WAMSER, AF;
BECKER, WF.; SANTOS, JP. Indicações técnicas para o tomateiro tutorado na região do Alto
Vale do Rio do Peixe. Florianópolis: Epagri (Boletim Técnico). p. 40-60.
SANTOS, JP. 2007a. Utilização de feromônio na agricultura. Agropecuária Catarinense 20:10-10.
SANTOS, JP. 2007b. Monitoramento de pragas do tomateiro. Correio Lageano Rural, p.2.
Hortic. bras., v. 26, n. 2 (Suplemento - CD Rom), jul-ago. 2008
S 160
Captura de insetos sugadores e fitófagos com uso de armadilhas adesivas de diferentes cores nos sistemas de produção
convencional e integrada de tomate em Caçador, SC
SANTOS, J.P; WAMSER, A. F.; BECKER, W. F; MUELLER, S.; ROMANO, F. 2007. Captura
de “vaquinhas” com armadilhas adesivas coloridas em sistemas de produção convencional e
integrada de tomate em Caçador, SC. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE OLERICULTURA,
47. 2007, Porto Seguro, BA. Horticultura Brasileira Suplemento CD ROM. Brasília: Associação
Brasileira de Horticultura, v. 25.
Tabela 1. Número médio de insetos-praga capturados por ocasião de amostragem em armadilhas adesivas de
coloração amarela (Isca Tecnologias), nos sistemas de produção convencional e integrada de tomate. Caçador,
SC (safra 2007/08).
Sistemas
Convencional
Integrado
Média
CV (%)
Vaquinha
Insetos-praga
Mosca Branca
Mosca Minadora
Pulgão
50,3 A
42,3 A
46,3
183,3 A
109,3 A
146,3
65,7 A
71,3 A
68,5
23,7 B
105,7 A
64,7
32,0
23,3
48,8
43,4
Médias seguidas pela mesma letra na coluna, não diferem pelo teste t a 5% de probabilidade de erro.
Tabela 2. Número médio de insetos-praga capturados por ocasião de amostragem em armadilhas adesivas de
coloração azul (Isca Tecnologias), nos sistemas de produção convencional e integrada de tomate. Caçador,
SC (safra 2007/08).
Sistemas
Insetos-praga
Mosca Minadora
Vaquinha
Mosca Branca
Pulgão
Convencional
Integrado
Média
3,0 B
8,7 A
5,8
3,3 A
0,7 A
2,0
1,0 A
1,0 A
1,0
0,7 A
2,7 A
1,7
CV (%)
42,6
115,5
100,0
109,5
Médias seguidas pela mesma letra na coluna, não diferem pelo teste t a 5% de probabilidade de erro.
Figura 1. Armadilha adesiva de coloração amarela.
Hortic. bras., v. 26, n. 2 (Suplemento - CD Rom), jul-ago. 2008
S 161
Captura de insetos sugadores e fitófagos com uso de armadilhas adesivas de diferentes cores nos sistemas de produção
convencional e integrada de tomate em Caçador, SC
Figura 2. Armadilha adesiva de coloração azul.
Hortic. bras., v. 26, n. 2 (Suplemento - CD Rom), jul-ago. 2008
S 162
Captura de insetos sugadores e fitófagos com uso de armadilhas adesivas de diferentes cores nos sistemas de produção
convencional e integrada de tomate em Caçador, SC
Hortic. bras., v. 26, n. 2 (Suplemento - CD Rom), jul-ago. 2008
S 163
Download

captura de insetos sugadores e fitófagos com uso de armadilhas