UNIVERSIDADE DO PORTO
Faculdade de Ciências do Desporto e de Educação Física
Relação entre a Tensão Arterial e a Aptidão Física em
Crianças e Adolescentes
Inês Isabel Capilupi Dourado Santos
Porto, Dezembro de 2005
UNIVERSIDADE DO PORTO
Faculdade de Ciências do Desporto e de Educação Física
Relação entre a Tensão Arterial e a Aptidão física em
Crianças e Adolescentes
Estudo aplicado em Crianças e Adolescentes
dos 13 aos 16 anos de idade, de ambos os
sexos, alunos a escolas da área central e
periférica do Porto.
Monografia realizada no âmbito da disciplina
de Seminário – Opção de Recreação e Lazer.
Orientador: Professor Doutor José Carlos Ribeiro
Inês Isabel Capilupi Dourado Santos
Porto, Dezembro de 2005
SANTOS, I. (2005): Relação entre a Tensão Arterial e a
Aptidão Física em Crianças e Adolescentes – Estudo
aplicado em Crianças e Adolescentes dos 13 aos 16 anos
de idade, de ambos os sexos, alunos a escolas da área
central e periférica do Porto.
Monografia realizada no âmbito da disciplina de Seminário
– Opção de Recreação e Lazer. FCDEF-UP.
PALAVRAS-CHAVE: TENSÃO ARTERIAL, TENSÃO ARTERIAL SISTÓLICA,
TENSÃO ARTERIAL DIASTÓLICA, HIPERTENSÃO,
APTIDÃO FÍSICA
Agradecimentos
De uma forma simples mas sincera, quero, nesta pequena folha de
papel, agradecer a todas as pessoas que me ajudaram, não só na elaboração
deste trabalho, mas durante todo o meu percurso académico. Porque esta
caminhada tão importante da minha vida, não faria qualquer sentido, nem tão
pouco teria a mesma cor, sem a presença de muitas pessoas, mas destas em
especial.
Ao professor Doutor José Carlos Ribeiro, pela orientação na elaboração
de todo o trabalho, pela disponibilidade, compreensão, incentivo e rigor de
trabalho que me levou a tentar fazer sempre melhor.
Ao gabinete de Recreação e Lazer pelo trabalho na recolha e
organização dos dados da amostra utilizada.
A toda a minha família, principalmente aos meus pais e irmãos, que em
tudo me apoiaram, e com carinho deram-me força para e coragem para seguir
em frente.
Ao Bruno que sempre me apoiou, e mais que ninguém, ajudou-me a
ultrapassar todos os maus momentos, sempre com carinho e compreensão.
Aos meus amigos, em especial à Vera, à Fernanda, à Cátia, ao Pedro,
ao Nuno e à D. Marina, pelo apoio e preocupação constante, assim como pela
boa disposição, que tornaram estes momentos de trabalho mais divertidos e
acima de tudo por me darem a honra de fazerem parte da minha vida.
À Marisa em especial, por todos os motivos anteriormente mencionados,
e ainda por disponibilizar tempo para me ajudar com conhecimentos sobre o
SPSS.
À minha amiga Joana que me facilitou o acesso a alguma bibliografia.
Aos meus colegas de Faculdade que realizaram comigo esta caminhada
académica,
preenchendo-a
de
alegria
e
enorme
entreajuda.
I
Índice Geral
Agradecimentos ................................................................................................ I
Índice Geral...................................................................................................... III
Índice de Figuras..............................................................................................V
Índice de Quadros ..........................................................................................VII
Resumo ............................................................................................................IX
Abstract............................................................................................................XI
Abreviaturas ..................................................................................................XIII
Introdução......................................................................................................... 3
Revisão da literatura ........................................................................................ 7
Tensão Arterial............................................................................................... 7
Medição da TA .......................................................................................... 11
Hipertensão .................................................................................................. 13
Causas de hipertensão ............................................................................. 16
Factores de risco....................................................................................... 18
Hipertensão em crianças ............................................................................ 21
Aptidão Física (ApF) - Conceito ................................................................. 25
Baterias de Testes de avaliação da APF relacionada com a saúde ......... 27
Aptidão Física e Hipertensão ..................................................................... 31
APF e actividade física e Hipertensão ....................................................... 36
Objectivos e Hipóteses .................................................................................. 43
Objectivos .................................................................................................... 43
Hipóteses ..................................................................................................... 43
Metodologia .................................................................................................... 47
Amostra ........................................................................................................ 47
Material e Métodos ...................................................................................... 48
Avaliação da TA ........................................................................................ 48
Avaliação da Aptidão Física ...................................................................... 49
III
Apresentação e discussão dos resultados.................................................. 59
Apresentação dos dados ............................................................................ 59
Discussão dos resultados .......................................................................... 75
Conclusões ..................................................................................................... 81
Sugestões para futuros estudos................................................................ 81
Bibliografia...................................................................................................... 85
IV
Índice de Figuras
Figura 1. Curvas de distribuição do percentil 25, do percentil 50 e do percentil
75 da TAS (mmHg) por sexo e idade. .............................................................. 61
Figura 2. Curvas de distribuição do percentil 25, do percentil 50 e do percentil
75 da TAD (mmHg) por sexo e idade............................................................... 61
V
Índice de Quadros
Quadro 1. Valores percentílicos da TA para crianças e adolescentes ............ 22
Quadro 2. Itens do Teste Fitnessgram (Adaptado do Fitnessgram,2000). ...... 30
Quadro 3. Número (n) de sujeitos, média e respectivos desvios padrão (DP) da
idade, peso, altura e índice de massa corporal (IMC), para o sexo masculino e
feminino............................................................................................................ 47
Quadro 4. Número (n) de sujeitos, valores mínimos e máximos, média e
respectivos desvios padrão (DP) da TAS por sexo e idade. ............................ 59
Quadro 5. Número (n) de sujeitos, valores mínimos e máximos, média e
respectivos desvios padrão (DP) da TAD por sexo e idade. ............................ 59
Quadro 6. Número (n) de sujeitos, percentil 25 (P25), percentil 50 (P50) e
percentil 75 (P75) da TAS por sexo e idade..................................................... 60
Quadro 7. Número (n) de sujeitos, percentil 25 (P25), percentil 50 (P50) e
percentil 75 (P75) da TAD por sexo e idade..................................................... 60
Quadro 8. Número de sujeitos (n), Frequência cardíaca mínima, máxima,
média e desvios padrão para ambos os sexos, no teste vaivém. .................... 62
Quadro 9. Associação entre as zonas de ApF para o VO₂ máx. em função dos
percentis da TAS.............................................................................................. 62
Quadro 10. Associação entre as zonas de ApF para o VO₂ máx. em função dos
percentis da TAD.............................................................................................. 63
Quadro 11. Associação entre as zonas de ApF para a composição corporal
resultantes do teste de IMC em função dos percentis da TAS......................... 64
Quadro 12. Associação entre as zonas de ApF para a composição corporal
resultantes do teste de IMC em função dos percentis da TAD......................... 65
Quadro 13. Associação entre as zonas de ApF para a força e resistência
abdominal, resultantes do teste de abdominais modificado, em função dos
percentis da TAS.............................................................................................. 66
Quadro 14. Associação entre as zonas de ApF para a força e resistência
abdominal, resultantes do teste de abdominais modificado, em função dos
percentis da TAD.............................................................................................. 67
Quadro 15. Associação entre as zonas de ApF para a força e flexibilidade do
tronco, resultantes do teste de extensão do tronco, em função dos percentis da
TAS. ................................................................................................................. 68
VII
Quadro 16. Associação entre as zonas de ApF para a força e flexibilidade do
tronco, resultantes do teste extensão do tronco, em função dos percentis da
TAD. ................................................................................................................. 69
Quadro 17. Associação entre as zonas de ApF para a força e resistência da
região superior do tronco, resultantes do teste extensões de braços, em função
dos percentis da TAS. ...................................................................................... 70
Quadro 18. Associação entre as zonas de ApF para a força e resistência da
região superior do tronco, resultantes do teste extensões de braços, em função
dos percentis da TAD....................................................................................... 71
Quadro 19. Associação entre as zonas de ApF para a flexiilidade, resultantes
do teste senta e alcança, em função dos percentis da TAS............................. 72
Quadro 20. Associação entre as zonas de ApF para a flexiilidade, resultantes
do teste senta e alcança, em função dos percentis da TAD para ambos os
sexos. ............................................................................................................... 73
Quadro 21. Coeficientes de correlação de Spearman entre os percentis da
TAD e TAS para as zonas de ApF nas suas diferentes componentes, para
ambos os sexos. .............................................................................................. 74
VIII
Resumo
A hipertensão é um problema de saúde muito grave, que pelo seu
avançar silencioso, apresenta um risco agravado no desenvolvimento de
doenças cardiovasculares. O seu diagnóstico precoce surge então como a
melhor forma de a combater, no sentido de a prevenir e controlar, visto hoje
saber-se que se trata também de uma doença pediátrica.
A prática regular de actividade física, como forma de melhorar a Aptidão
Física, surge como uma forma não medicamentosa de promover benefícios na
Tensão Arterial, apesar da sua relação não estar ainda muito bem definida.
A pertinência do nosso estudo, prende-se então com a tentativa de
perceber qual a influência da aptidão física das crianças e dos jovens na
Tensão Arterial.
O presente estudo foi realizado com 76 crianças e adolescentes dos 13
aos 16 anos de idade, de ambos os sexos (35 rapazes e 41 raparigas), alunos
de escolas do Porto. Foram utilizados, no apuramento dos resultados, os testes
estatísticos Chi-Square e Correlação de Spearman.
Os resultados deste estudo não revelaram, no entanto, qualquer relação
de dependência entre os níveis de Aptidão Física, em todas as suas
componentes (capacidade aeróbia, força e resistência da região superior do
tronco, força e flexibilidade do tronco, força e resistência abdominal,
composição corporal e flexibilidade) com valores dos percentis da Tensão
Arterial Sistólica e da Tensão Arterial Diastólica. Com o teste de Correlação de
Spearman, verificamos uma correlação negativa não significativa entre a
Tensão Arterial Diastólica e todas as componentes de Aptidão Física, com
excepção das componentes capacidade aeróbia e força e flexibilidade do
tronco, em que se constatou uma correlação positiva e não significativa.
Relativamente à Tensão Arterial Sistólica verificamos também a existência de
correlação negativa não significativa, entre esta e a força e flexibilidade do
tronco, força e resistência abdominal e composição corporal, enquanto que
para as restantes componentes verificamos uma correlação positiva não
significativa.
IX
Abstract
Hypertension is a serious health problem, with a silent growing, that
represents a major risk in the development of many cardiovascular diseases.
The earlier diagnosis appears to be the better way to fight, prevent and control
it, once it is known nowadays, that hypertension could be a pediatric disease.
The regular physical activity, as the way to improve Physical Fitness,
appears to be a non pharmacological way to promote benefits in Blood
Pressure, though the relationship between both is not yet well clear.
Our intent with this study is to understand the influence of children’s
Physical Fitness in Blood Pressure.
The present study was elaborated with 76 children’s, Oporto schools
students, from 13 to 16 years old, of both sexes (35 boys and 41 girls). In the
results findings were used the Chi-Square and Spearman’s Correlation
statistical tests, with help of the SPSS 13.0 statistical program.
The achieved results, didn’t reveal any dependence relationship between
the Physical Fitness levels, in all its components (aerobic capacity, upper body
strength and resistance, upper body strength and flexibility, abdominal strength
and resistance, body mass index and flexibility), with Systolic Blood Pressure
and Diastolic Blood Pressure. In the Spearman’s Correlation test, we found a
negative and non significant correlation between Diastolic Blood Pressure and
all the Physical Fitness components, with the exception of aerobic capacity and
upper body strength and flexibility, which we observed non significant positive
correlation. For Systolic Blood Pressure, we also observed the existence of a
negative and non significant correlation, between Systolic Blood Pressure and
upper body strength and flexibility, abdominal strength and resistance and body
mass index, while to the other components, we observed a positive non
significant correlation.
XI
Abreviaturas:
Tensão Arterial – TA
Tensão Arterial Sistólica – TAS
Tensão Arterial Diastólica – TAD
Aptidão Física – ApF
XIII
Introdução
INTRODUÇÃO
Introdução
A grande maioria das doenças do nosso século é acentuada pelo
sedentarismo, ou seja, os baixos níveis de actividade física, proporcionada pela
evolução tecnológica da sociedade, aliada aos maus hábitos alimentares, ricos
em gorduras saturadas e sal e pobre em fibras vegetais, promovendo taxas
crescentes de obesidade e ainda à disseminação do tabagismo (Carrageta,
2005). Segundo Mota (1997), a actividade física apresenta grandes efeitos
benéficos, preventivos e terapêuticos, quer para doenças cardiovasculares,
hipertensão, obesidade e outras.
Todo o nosso organismo é constituído por milhões e milhões de células,
que necessitam constantemente de alimento fornecido pelo sangue. Este
percorre através de uma vasta rede de canais, que formam o aparelho
circulatório (Shreeve, 1998; Fox et al., 1991; Palácios, 1978; Stegemann, 1979;
McArdle et al., 1985). Sendo bastante importante, que a pressão com que o
sangue circula por estes canais, seja a adequada.
Calcula-se que cerca de 2.5 milhões de portugueses são hipertensos, e
que setenta por cento destes, ou seja mais de 1.8 milhão de indivíduos não
estejam controlados e que cerca de 850.000 nem sequer estejam conscientes
de que sofrem de hipertensão. Assim percebemos que a hipertensão trata-se
de um inimigo silencioso, invisível e traiçoeiro, pois como refere McArdle et al.
(1985) a hipertensão pode passar despercebida por muito tempo, como vários
anos. Percebemos assim que a Hipertensão é um grave problema, muitas
vezes menosprezado pelo tal mutismo.
Uma grande parte da população mundial vive o dia-a-dia a passo de
corrida, não de fundo, mas de velocidade, esquecendo-se muitas de vezes da
própria saúde, de se cuidarem, quer no que diz respeito a manter hábitos de
vida saudáveis, quer a manter a sua saúde controlada, com exames de rotina,
onde está incluída uma medição da Tensão Arterial (TA). E como refere Adams
(1998), se esta se consegue esconder por tanto tempo, podendo mesmo só ser
descoberta num episódio fatal, parece-nos mais do que evidente o enorme
3
INTRODUÇÃO
interesse numa verificação periódica da TA, tanto por hipertensos, como por
indivíduos considerados saudáveis (Cooper, 2000).
Tendo em consideração que o sedentarismo pode ser um factor de risco
da hipertensão (Bouchard e Rankinen, 2001), uma saudável prática regular de
actividade física parece permitir atenuá-la (Hagberg, 1995).
Além de tudo isto surge uma outra questão extremamente fulcral, que se
remete ao facto da Hipertensão não ser apenas uma doença de idosos, muito
pelo contrário, esta é uma patologia de carácter pediátrico (Portela, 2000), em
que o seu diagnóstico precoce pode ser determinante no seu tratamento ou
prevenção (Shreeve, 1998).
É neste sentido que surge a pertinência deste estudo, ao tentar perceber
a relação entre a aptidão física e a hipertensão em crianças e jovens.
A problemática do nosso estudo consiste em tentar perceber qual a
influência da aptidão física das crianças e dos adolescentes na TA, no sentido
de verificar se a aptidão física desta classe etária proporciona de alguma forma
um aumento, diminuição, ou mesmo, uma estagnação dos valores da TA. E
será também que esta influência é realmente significativa, e será que é
positiva? São estas as perguntas às quais tentaremos responder com a
realização deste estudo.
4
Revisão da Literatura
REVISÃO DA LIITERATURA
Revisão da literatura
Tensão Arterial
O coração, que faz parte do sistema cardiovascular conjuntamente com
o aparelho circulatório, funciona como uma possante bomba muscular
propulsora, com duas saídas, que impulsiona o sangue através do sistema
circulatório, mantendo-o sob pressão para que este consiga conduzir oxigénio,
assim como outros suplementos essenciais a todas as células do nosso
organismo (Shreeve, 1998; Fox et al., 1991; Palácios, 1978; Stegemann, 1979;
McArdle et al., 1985). O sangue flúi então devido à pressão que o coração
exerce, através de uma rede de vias de comunicação denominadas de vasos
sanguíneos, que formam o aparelho circulatório. Essa pressão denomina-se de
pressão sanguínea ou TA. Além disto, Fox et al. (1991) e Tortora (2000)
referem ainda outro aspecto, que se prende com o facto de o sangue fluir
sempre de uma área de pressão alta para uma de pressão mais baixa.
Para Adams em 1998 a TA pode ser definida, para fins laboratoriais,
como sendo a força com que o sangue pressiona as paredes das artérias.
Outra definição surge com Tortora (2000), que fala em pressão sanguínea
como sendo a força com que o sangue percorre os vasos sanguíneos,
especialmente as artérias, e que entre outros factores, a pressão sanguínea
depende da frequência e da força do batimento cardíaco.
Palácios (1978), por sua vez, alerta para o aspecto de que a TA não é
de forma alguma estável, ou seja, esta é sujeita a muitas variações por
diferentes situações, durante todo o dia. Este autor refere mesmo que a TA
eleva-se ligeiramente depois de almoçar e desce aquando do sono, sobe
gradualmente, ainda que pouco, dependendo da posição que se adopta,
sentado, de pé ou em movimento, é ligeiramente mais elevada no homem do
que na mulher (no entanto, nesta aumenta durante a gravidez e a menopausa),
e de uma forma geral:
aumenta com a idade,
aumenta durante o exercício físico, ou sofre concretas variações e
também decresce por influências emocionais.
7
REVISÃO DA LIITERATURA
O mesmo autor refere ainda que conhecer as variações da tensão
arterial em relação ao esforço físico, no sentido de não confundir com
hipertensão ou TA baixa, torna-se extremamente importante.
Cooper (2000) corrobora também com o factor idade, revelando mesmo
que à medida que vamos avançado na escada do tempo, também a nossa TA
tem probabilidade de subir para adequadamente chegar, com o oxigénio e
todos os outros suplementos necessários, aos nossos tecidos. Assim, uma TA
aceitável para uma pessoa envelhecida poderá ser ligeiramente superior a
160/100 mm Hg.
Fox et al. (1991) reportam-se à equação hemodinâmica básica, sendo
ela Débito Cardíaco (Q) = Pressão Arterial (P) / Resistência (R). Uma das suas
formas algébricas, P = Q x R, traduz a TA, tornando-se assim relevante para
este estudo. Esta mesma equação é também exposta por Adams (1998)
quando diz que a tensão arterial é um valor determinado pelo débito cardíaco e
pela resistência periférica, P= Fluxo X Resistência. O mesmo dizem Alpert e
Fox (1993) e McArdle et al. (1994) quando afirmam que a TA é o produto entre
o débito cardíaco e resistência, ou seja, corresponde à pressão criada pelo
músculo cardíaco quando este expulsa o sangue para as artérias, e à pressão
criada nos vasos arteriais, quando eles exercem resistência, durante um ciclo
cardíaco.
Quando falamos em resistência ao fluxo sanguíneo, podemos citar Fox
et. al. (1991), que a apresenta como sendo causada pelo atrito entre o sangue
e as paredes dos vasos sanguíneos. Quanto maior for o atrito, maior será a
resistência ao fluxo. O atrito vascular depende então:
da viscosidade (ou espessura) do sangue,
do comprimento do vaso sanguíneo, e
do calibre do vaso sanguíneo.
Da TA resultam duas forças, a Tensão Arterial Sistólica (TAS) e a
Tensão Arterial Diastólica (TAD) (Portela, 2000).
Durstine et al. (1993), Fox et al. (1991) e Stegemann (1979) explicam
que quando o músculo cardíaco se contrai produz uma pressão denominada
TAS ou máxima que corresponde à TA mais elevada nas artérias durante os
8
REVISÃO DA LIITERATURA
batimentos cardíacos. Ou seja, como refere Palácios em 1978, corresponde à
pressão que o fluxo de sangue exerce contra a parede da artéria, no momento
da contracção do coração. Durstine et al. (1993), Fox et al. (1991) e
Stegemann (1979) referem que é atingida quando o ventrículo esquerdo
esvazia o sangue na aorta imediatamente após a sua contracção (tensão
máxima) e depende do:
volume sistólicoventricular esquerdo,
da velocidade de expulsão e
da extensibilidade dos grandes vasos.
Os mesmos autores referem também que, no momento de extensão,
entre um batimento e outro, o coração produz uma pressão mais baixa,
denominada TAD, ou mínima.
A TAD segundo Durstine et al. (1993), Fox et al. (1991) e Stegemann
(1979) depende então:
da resistência periférica,
da viscosidade do sangue e
da duração da diástole.
Essas flutuações tensionais são minimizadas, chegando mesmo a
desaparecer nos capilares, pelo facto das artérias serem elásticas, e não
rígidas. Assim sendo, as suas paredes distendem-se durante a sístole e
contraem-se durante a diástole. (Fox et al., 1991).
A pressão arterial média é referida por Fox et al. (1991) como sendo a
média das pressões sistémicas sistólica e diastólica durante um ciclo cardíaco
completo, ou seja, sístole mais diástole. Esta pressão circulatória é tida como
uma das mais importantes, pois, mais do que qualquer outra, estabelece a
velocidade do fluxo sanguíneo através do circuito sistémico.
Tendo em consideração todas estas variações da TA, que já acima
evidenciamos, Tortora (2000) aponta que, para que se verifique a homeostase,
a TA deve manter-se dentro dos valores considerados normais, estabilizado
por um centro regulador no encéfalo que recebe sinais dos receptores
distribuídos pelo corpo, dos centros cerebrais superiores e de substâncias
químicas,
sendo
eles
o
centro
vasomotor,
os
barorreceptores,
os
9
REVISÃO DA LIITERATURA
quimiorreceptores, a regulação pelos centros cerebrais superiores, as
hormonas e a auto-regulação.
Este autor descreve detalhadamente que o centro vasomotor é um grupo
de neurónios simpáticos situados no bulbo, que controla o diâmetro dos vasos
sanguíneos, em particular da pele e das vísceras abdominais. Este centro
envia continuadamente impulsos aos músculos lisos nas paredes das
arteríolas, que resulta num
estado de moderado de vasoconstrição
permanente, ajudando na manutenção da resistência periférica e da pressão
sanguínea. A variação da frequência de impulsos provoca assim a
vasodilatação ou vasoconstrição consoante as necessidades.
Relativamente aos barorreceptores, neurónios sensíveis à pressão
sanguínea, estes localizam-se na aorta, nas artérias carótidas internas e outras
grandes artérias do pescoço e do tórax. A sua actuação centra-se em enviar
impulsos ao centro cardiovascular para aumentar ou diminuir o débito cardíaco
e consequentemente, ajudar na regulação da TA (Tortora, 2000).
Os quimiorreceptores são também neurónios, mas neste caso são
sensíveis às substâncias químicas existentes no sangue. São então sensíveis
a anormais níveis baixos de oxigénio, a níveis acima do normal de dióxido de
carbono, e iões de hidrogénio. Nestas circunstâncias, os quimiorreceptores,
enviam impulsos ao centro vasomotor, que por sua vez aumenta a estimulação
simpática, aumentando a TA (Tortora, 2000).
O mesmo autor, refere que no caso da regulação pelos centros cerebrais
superiores, tais como o córtex cerebral, a TA é por eles influenciada
respondendo a emoções fortes. O córtex cerebral transmite impulsos ao
hipotálamo, e então para o centro vasomotor que promovem uma
vasoconstrição das arteríolas e um consequente aumento da TA. Acontece
também que impulsos simpáticos à medula supra-renal causam um aumento
na libertação de epinefrina (adrenalina) e norepinefrina (noradrenalina) que
prolongam muitas respostas simpáticas, incluindo a vasoconstrição que
aumenta a TA. Em casos de tristeza emocional, diminuem os impulsos
promovendo uma vasodilatação e a diminuição da TA.
10
REVISÃO DA LIITERATURA
São também muitas as hormonas que influenciam a TA. A epinefrina e
norepinefrina aumentam a força e frequência dos batimentos cardíacos, e
causam a vasoconstrição das arteríolas da pela e do abdómen. Em situações
de diminuição da TA a secreção de renina provoca vasoconstrição e
reabsorção de sódio e água (Tortora, 2000). Por fim também o péptideo
natriurético atrial causa diminuição da TA por vasodilatação, e reduz também o
volume sanguíneo, por causar perda de sal e água na urina (Tortora, 2000).
Por fim, Tortora em 2000 reporta-se à auto-regulação, que sendo
independente do controle vasomotor, refere-se a um ajuste local e automático
do fluxo sanguíneo numa determinada região do corpo, como resposta às
necessidades específicas desse tecido. Nesta situação os estímulos podem ser
físicos (por exemplo temperatura) ou químicos.
Nas situações em que os sistema de mecanismos de regulação não
conseguem cumprir de forma eficiente as suas funções, ou seja, não
conseguem controlar a TA, esta sobe e permanece acima do intervalo
considerado normal para o seu grupo etário, designando-se então de TA
Elevada ou Hipertensão Arterial (Bouchard et al., 1993; Fox et al., 1991;
Ganong et al., 1987; Guyton, 1986; Guyton, 1989; McArdle et al., 1994; Pollock
et al., 1986; Shreeve, 1998).
Medição da TA
Os métodos de avaliação da tensão arterial, podem-se dividir em duas
categorias: invasiva e não invasiva (Adams, 1998).
O método invasivo é um método mais válido do que o não invasivo, e é
normalmente utilizado em propósitos clínicos ou para investigação específica.
Relativamente ao não invasivo, existem dois métodos que lhes estão
associados: o manómetro de braçadeira, que utiliza um aparelho denominado
esfigmomanómetro e o ultra-som (Adams, 1998).
Para a medição da TA em crianças é recomendado o método da
auscultação, sendo mais conveniente a utilização de um esfigmomanómetro
clínico estandardizado, usando o estetoscópio colocado por cima da artéria
braquial, havendo também preferência pelo braço direito, para uma
consistência de valores e plausível comparação com tabelas estandardizadas.
11
REVISÃO DA LIITERATURA
Uma correcta avaliação da TA em crianças requer ainda, que se utilize uma
braçadeira adaptada ao tamanho do braço. Um ambiente controlado é também
importante para estas avaliações, e estas devem ser realizadas depois de 3 a 5
minutos de repouso na posição de sentado com a fossa cubital ao nível do
coração. Deverão ser realizadas 2 medições, em que a média entre a TAS e a
TAD serão utilizadas para estimar a TA média (National High Blood Pressure
Education Program Working Group on Hypertension Control Children and
Adolescents, 1996).
Ainda mais especificamente, nas crianças, a largura da bolsa de
borracha do manguito deve corresponder a 40% da circunferência do braço, o
comprimento da bolsa do manguito deve envolver 80% a 100% da
circunferência do braço e a TAD deve ser determinada na fase V de Korotkoff
(Mion, 1998).
12
REVISÃO DA LIITERATURA
Hipertensão
Como percebemos com o anteriormente exposto, e segundo Tortora
(2000), a circulação sanguínea demonstra-se determinante na manutenção de
todo o organismo. Mas é também importante que esta mesma circulação se
realize com uma pressão apropriada, ou seja, com uma TA considerada
normal. Em casos anormais a TA pode ser muito baixa ou muito alta. Quando
se trata de uma TA muito baixa, alguns órgãos do corpo, como o encéfalo, não
recebem oxigénio nem os suplementos suficientes para o seu bom
funcionamento. Por outro lado, uma TA alta promove efeitos adversos em
órgãos como o coração, os rins e o encéfalo, contribuindo assim para o
desenvolvimento de ataques cardíacos e derrames cerebrais.
É então que, nesta mesma linha de pensamento, Man et al. em 1989,
citando vários autores, revela que a TA alta é encarada como um dos maiores
factores de risco das doenças cardiovasculares e mais importante ainda,
principalmente para este estudo, parece que esta surge como consequência de
um processo que se inicia desde muito cedo nas nossas vidas, isto é, logo na
infância. (Berenson et al., 1980; Clarke et al. 1978; Giovannelli e New, 1981;
Hofman et al., 1987; Labarthe, 1983; World Health Organization, 1985).
Como refere Shreeve (1998) a TA elevada é tão frequente, e com
consequências tão graves, que seria importante que o conceito hipertensão já
tivesse um sentido bem delineado. É por este mesmo motivo que vários
estudiosos têm-se esforçado por encontrar uma definição aceitável de
hipertensão.
Da mesma forma que o peso normal, também a TA normal é geralmente
entendida como sendo aquela que se encontra dentro de um intervalo de
valores que segundo as recomendações se encontram mais associados com
uma maior esperança de vida. Estes valores indicam assim o nível da TA que
irá permitir o correcto funcionamento do músculo cardíaco e do aparelho
circulatório e que, também assim, proporciona o mais baixo risco de
desenvolvimento
de
perturbações
cardíacas
ou
distúrbios
associados
(Shreeve, 1998).
13
REVISÃO DA LIITERATURA
Porque posteriormente falamos em TA alta e baixa, parece-nos agora
importante reportar aos valores propriamente ditos. Segundo Palácios (1978), a
TAS considerada normal varia entre 120-125 mmHg e a TAD entre 70-85
mmHg. Por sua vez, McArdle et al. (1994) aponta os valores normais como
sendo para a TAS de 120 mmHg e para a TAD entre os 70 a 80 mmHg.
Relativamente à hipertensão, Palácios (1978) refere que quando estes
valores ultrapassam os 150-160 mmHg para a TAS ou quando a TAD supera
os 100 mmHg, podemos então falar em hipertensão. No entanto, mais
recentemente Teixeira em 1995 e Cooper em 2000 são ainda mais cautelosos,
dizendo que a hipertensão é geralmente definida quando os níveis da TAS se
encontram acima de 140 mmHg e os da TAD se encontram acima de 90
mmHg.
Shreeve (1998) fala também em três formas de hipertensão,
dependendo da sua gravidade e consequentemente dos seus valores. Este
autor diz então que uma TAD entre 95 e 105 mmHg corresponde a hipertensão
incipiente, entre 105 e 120 mmHg indica uma hipertensão moderada, e quando
os valores ultrapassam os 120 mmHg atinge-se uma hipertensão grave.
Em casos mais dramáticos, este autor alerta para que quando a TA
ultrapassa os valores para a TAS/TAD de 170/110 mmHg, o indivíduo pode
apresentar alguma sintomatologia, como:
Dores de cabeça matinais;
Fadiga e
Tonturas.
Assim, a partir de 230/130 mmHg, Shreeve (1998) diz que o risco de
sofrer uma crise cardíaca ou outros distúrbios graves torna-se muito elevado. O
maior risco da hipertensão grave é o de suceder uma súbita e imprevisível
catástrofe cardíaca.
Como podemos perceber a hipertensão resulta então do aumento dos
níveis da TAS e/ou da TAD, logo, como refere Fox et al. em 1991, é fácil
depreender que a hipertensão é consequência de um maior débito cardíaco
e/ou de uma maior resistência. Os mesmos autores referiram ainda que esta
situação anómala da TA, em que se verificam valores elevados, está associada
14
REVISÃO DA LIITERATURA
a inúmeras doenças circulatórias e, como tal, Fox et al. em 1991, calcularam
que 12% de todas as pessoas morrem como consequência directa da
hipertensão. No entanto, a hipertensão surge também como um importante
factor de risco para o desenvolvimento de graves doenças cardiovasculares,
como doença coronária, enfarte e ainda dos acidentes vasculares cerebrais. O
mesmo referem Fixler (1979) e Watkins, et al. (2004) quando apontam a
hipertensão como estando associada ao desenvolvimento das complicações da
artéria coronária, das doenças renais, das, muitas vezes expostas, doenças
cardiovasculares e ainda como cita Shreeve (1998), os acidentes vasculares
cerebrais. Ou seja a hipertensão pode também conduzir à morte por uma forma
indirecta, através da grande ajuda que fornece ao desenvolvimento destas
sérias patologias (Teixeira, 1995). Carretero e Oparil (2000) no seu estudo
afirmam a existência de uma forte, positiva e continua correlação entre a TA e
o risco de doenças cardiovasculares e outras já mencionadas. Este autor
afirma também que a correlação é ainda mais evidente com a TAS do que com
a TAD.
Este é um problema muitíssimo grave pois as doenças cardiovasculares
representam segundo Kitowski (1978) a maior causa de morte nos Estados
Unidos da América, à semelhança dos restantes países ocidentais. Já em
Portugal, uma em cada 4 pessoas sofre de hipertensão, ou seja, 25% da nossa
população é hipertensa, e o mais grave é o facto de metade destes indivíduos
não sabe que o é, e apenas uma minoria de cerca de 10% possui a sua
hipertensão controlada (PCD, 2004).
A hipertensão poderá ser então responsável por estas complicações
cardiovasculares, mas é bom referir que a TA alta não actua sozinha. São
vários os factores de risco que a ela se podem aliar, aumentando ainda mais
este perigo. Uma dieta inadequada, os lípidos elevados, a obesidade, o tabaco,
a diabete mellitus e o sedentarismo, são então outros factores de risco também
muito importantes (Durstine et al., 1993). Assim podemos referir que a
hipertensão faz parte de um variado conjunto de factores de risco das doenças
cardiovasculares (Mundal et al., 1996).
15
REVISÃO DA LIITERATURA
Infelizmente a hipertensão pode muitas vezes passar despercebida
durante demasiado tempo, por anos ou décadas (McArdle et al., 1985). Adams
(1998) refere mesmo que a sua descoberta, pode apenas ocorrer tarde de
mais, num acontecimento fatal ou quase, como é disso exemplo, um ataque
cardíaco.
Este é um problema grave, que deverá ser tratado efectivamente por
medicações que reduzam o volume sanguíneo, e além disso será
extremamente importante uma verificação periódica da TA (McArdle et al.,
1985). Não são apenas as pessoas hipertensas que deverão ter a sua TA sob
uma vigilância atenta, aparentemente as pessoas saudáveis deverão também
verificar regularmente a sua TA (Cooper, 2000).
Adams (1998) aponta que o primeiro propósito clínico da medição da TA,
é determinar um potencial risco de doenças cardiovasculares. No caso de uma
TA alta, isto é hipertensão, uma apropriada medicação ou mudança nos
hábitos de vida são recomendadas. Nestes casos, uma monitorização periódica
da TA é realizada no sentido de verificar a eficiência destas recomendações.
Causas de hipertensão
No que concerne à questão da origem da hipertensão, podemos dividir
em dois tipos, mediante o conhecimento ou desconhecimento da sua etiologia.
Quando não se sabem as causas designa-se de hipertensão essencial ou
primária (Fox et al., 1991; Ganong et al., 1993; Guyton, 1986; Guyton, 1989;
Pollock et al., 1986; Shreeve, 1998), quando estas causas são de origem
conhecida denomina-se de hipertensão secundária (Ganong et al., 1993;
Pollock et al., 1986; Shreeve, 1998).
Relativamente à hipertensão essencial ou primária, que se prende com o
facto de como refere Shreeve (1998), não se conseguir identificar uma causa
específica para a causo da hipertensão. Este autor refere ainda que este tipo
de hipertensão, é geralmente incipiente a moderadamente elevada, que não
apresenta sintomas e é usualmente detectada por acaso durante exames de
rotina. Esta hipertensão incipiente não é prejudicial em si mesma, mas o seu
agravamento pode ter reflexos dramáticos na esperança de vida do doente.
16
REVISÃO DA LIITERATURA
Pollock et al. (1986) no seu estudo concluíram que cerca de 95% dos
indivíduos hipertensos são de origem desconhecida, ou seja, possuem
hipertensão essencial ou primária. Fox et al. em 1991, referem o mesmo e
concluem que se nenhuma causa é conhecida, não existe também, nenhuma
cura conhecida.
No entanto Pollock et al. (1986), apresentam algumas possíveis causas,
que podem estar relacionadas com, factores genéticos, níveis elevados de sal
na dieta, obesidade, stress psicológico, uma combinação destes factores ou
outros factores ainda a serem esclarecidos ou determinados. Rowland (1990)
adiciona também o café e o tabaco.
No que diz respeito à hipertensão secundária, apenas em cerca de 5 a
10% dos hipertensos se sabe especificamente o porquê da sua TA alta. Estes
valores tão baixos significam que as causas específicas da hipertensão são
relativamente raras, no entanto parece-nos importante reportar aqui a algumas
delas (Shreeve, 1998):
Insuficiência renal crónica – Esta insuficiência provoca uma subida da
TA, na medida em que danifica os vasos sanguíneos dos rins e reduz o seu
fluxo, resultando numa produção elevada da renina e na constrição das
arteríolas.
Causas glandulares – São elas o hipertiroidismo e o mau
funcionamento da camada exterior das glândulas supra-renais, em que resulta
uma produção excessiva de determinadas hormonas, que afectam a TA. Além
destes, um tumor muito raro das glândulas supra-renais, o feocromocitoma,
provoca a quantidade de adrenalina e noradrenalina, que dão origem a súbitos
acessos de hipertensão.
Constrição de uma secção da aorta – Pouco depois do ponto onde
esta sai do coração, origina uma tensão muito elevada na cabeça e nos
membros superiores, acompanhada de uma TA baixa no resto do corpo. Esta é
uma patologia congénita, que afecta principalmente o sexo masculino. Tem
uma sintomatologia de dores de cabeça, hemorragias nasais e dores nos
membros inferiores, entre os 15 e os 30 anos. O único tratamento consiste na
remoção cirúrgica da secção arterial afectada.
17
REVISÃO DA LIITERATURA
Toxemia da gravidez – Pode causar hipertensão em grávidas. É
normal que se dê uma ligeira subida da TA durante a gravidez, contudo, não
devem ultrapassar os 140 /90 mmHg, se assim for pode desenvolver toxemia.
A sintomatologia desta perturbação está associada a uma retenção de fluidos e
a presença de proteínas na urina.
As mulheres que sofrem de toxemia durante a gravidez estão mais
sujeitas a sofrer de hipertensão.
Número excessivo de glóbulos vermelhos – Este facto aumenta a
viscosidade (espessura) do sangue, dificultando o seu fluxo e fazendo
aumentar a TA. O número normal de glóbulos vermelhos é de 5 milhões por ml
de sangue; valores superiores a 6 milhões são considerados patológicos. Esse
fenómeno é designado por policitemia.
Nestes casos, a única coisa a fazer é remover parte desses glóbulos,
através de administração de medicamentos ou radiação.
Certas drogas – A administração de determinadas drogas podem
provocar ou agravar a hipertensão. É disso exemplo, a pílula contraceptiva, os
esteróides e os anti-inflamatórios não esteróides, que podem provocar retenção
dos fluidos com a consequente subida da TA.
Pollock et al. (1986) além de se reportarem às causas, apresentam
também em que percentagens ocorrem, sendo que a doença renal crónica
(4%),
a
doença
renovascular
(1%),
coarctação
da
aorta
(0,1%)
e
aldosteronismo primário (0,1%), são as que surgem com maior frequência.
Factores de risco
Enquanto patologia, a hipertensão possui determinados factores de
risco, que multiplicam fortemente a probabilidade de uma pessoa desenvolver
uma hipertensão essencial. Dentro destes factores Shreeve (1998) destacou:
Idade – A TA, como já verificamos tende a tornar-se mais elevada com
o envelhecimento, processando-se essa modificação em fases distintas da
nossa vida. O autor descreve que primeiro verifica-se uma subida muito rápida
e perfeitamente normal dos valores baixos da infância para os valores mais
elevados da adolescência e idade adulta.
18
REVISÃO DA LIITERATURA
Sexo – A TA é mais alta nos homens do que nas mulheres. O mesmo
autor revela que em média, as mulheres de vinte e de trinta anos de idade
parecem ter uma TA ligeiramente mais baixa do que a dos homens, passando
a tê-la ligeiramente mais alta a partir dessa idade e principalmente a partir da
menopausa. Esta situação surge pelo facto deste período nas mulheres
conduzir a alterações do foro hormonal, e por consequência dos tratamentos
de compensação hormonal. Além disso, a gravidez, a utilização regular da
pílula contraceptiva, e talvez, uma maior susceptibilidade a alguns factores de
risco, como é o caso do aumento do peso, o tabagismo, o stress e consumo de
álcool.
Raça e meio – Shreeve (1998) mencionou que a maior parte dos
estudos com amostras de população levados a cabo na África Oriental e
Ocidental, nos Estado Unidos da América e Índias Ocidentais, indicam
percentagem idêntica de indivíduos hipertensos relativamente à raça negra e
branca. Contudo este mesmo autor refere que em algumas das populações
estudadas apontam que a raça negra apresenta uma taxa de hipertensos
substancialmente mais elevada.
Obesidade – Alguns estudos indicam que se verifica uma correlação
forte e positiva entre o aumento do peso e o aumento da TA, principalmente no
seio da fase etária dos adultos jovens e de meia-idade (Shreeve, 1998). Este
mesmo autor aponta para uma curiosidade interessante que explica em parte
este fenómeno, no sentido em que o tecido gordo necessita de um
abastecimento adequado de sangue, exactamente como acontece com todos
os outros tecidos do corpo humano, e de cada quilograma de gordura a mais
contribuir com um aumento de cerca de 1,5 km no comprimento dos pequenos
vasos sanguíneos. No entanto, a diminuição do excesso de peso reduz a
hipertensão, evitando assim que o problema chegue a surgir, caso se a pessoa
em causa ainda possua uma TA normal.
Consumo de sal – Rowland (1990) indica que o consumo de sal
revela-se prejudicial aumentando a TA.
19
REVISÃO DA LIITERATURA
Sedentarismo – Para Bouchard e Rankinen (2001) a falta de exercício
físico contribui para o aumento da TA. Estes autores alertam para que a prática
regular de actividade física aeróbia normaliza a TA em exercício e em repouso.
20
REVISÃO DA LIITERATURA
Hipertensão em crianças
Sendo então a hipertensão um distúrbio tão grave, o seu precoce
diagnóstico e sua prevenção são de extrema importância. Mais importante
ainda porque a hipertensão começa na infância e desenvolve-se durante o
decorrer da nossa vida (Shreeve, 1998; Oseid e Carlsen, 1989).
A aterosclerose é um processo que se inicia cedo nas nossas vidas,
progredindo com o nosso crescimento e envelhecimento. É por isso essencial
descrever a relação entre os hábitos de vida, incluindo a actividade física e os
factores de risco das doenças cardiovasculares na população infantil. Visto a
hipertensão ser um importante factor de risco da aterosclerose, parece-nos de
certa forma evidente que a relação acima citada deve também desde cedo ser
estudada relativamente à patologia da TA elevada (Andersen e Haraldsdóttir,
1995). Também Raitakari et al. (1997) são da mesma opinião quando referem
que a TA, pode ser identificada desde a infância, promovendo assim uma
grande ajuda na prevenção das doenças cardiovasculares.
Portela (2000) afirma mesmo que a hipertensão é um problema
pediátrico, e que a sua avaliação deverá ser iniciada muito cedo, logo desde a
infância. Este autor revela a importante existência de uma correlação entre os
valores de TA em criança e os mesmos valores na vida adulta. Palácios (1978)
é da mesma opinião quando diz que nas crianças e adolescentes, a
hipertensão essencial acaba por produzir problemas cardiovasculares. A
gravidade será maior quanto mais jovem é o sujeito e mais rapidamente se
instala a hipertensão. Logo, segundo Portela (2000), parece ser extremamente
importante e lógico estas avaliações regulares e precoces, no sentido de
identificar crianças e adolescentes com risco de vir a desenvolver hipertensão
quando mais velhos, para que se crie um plano preventivo que vise alterar os
factores de risco, principalmente porque muitos são facilmente e positivamente
influenciados através de uma mudança nos hábitos de vida dos jovens.
Fixler et al. (1979) declaram que a magnitude desta patologia na
população pediátrica não se encontra muito bem definida, uma vez que a
prevalência de uma hipertensão persistente depende do estudo. Porém
verifica-se uma concordância de que o diagnóstico da hipertensão não se
21
REVISÃO DA LIITERATURA
deverá basear apenas numa única avaliação da TA, mas sim de uma detecção
persistente em várias avaliações.
Apesar destes, Thomas et al. (2003), referem que não existem
evidências de que um aumento da TA durante a adolescência esteja
directamente relacionado com o desenvolvimento de doenças cardiovasculares
quando adultos. Estes autores apontam ainda que crianças hipertensas,
tornam-se normotensas em muitos casos e sem qualquer intervenção.
Se a hipertensão é uma patologia que tende a ser transportada da
infância para a vida adulta (Al-Haddad, 2000), a sua medição, numa fase inicial
da vida deve ser encarada como um meio de prevenção importante. No entanto
esta medição deve ser realizada, tendo em consideração padrões de TA
adaptados às crianças e jovens. Foi então criada um quadro de valores de
pressão arterial em crianças e adolescentes (1 aos 17 anos), devido à
existência de diferenças entre TA dos adultos e das crianças e jovens (Mion,
1998).
Quadro 1. Valores percentílicos da TA para crianças e adolescentes
Valores da Tensão arterial em crianças e adolescentes
Idade
(anos)
1
3
6
9
12
15
17
Sexo masculino
Estatura:
Pressão arterial
Percentil e
(m m Hg)
valor em
Percentil
Percentil
cm
90
95
Sexo feminino
Estatura:
Pressão arterial
Percentil e
(m m Hg)
valor em
Percentil Percentil
cm
90
95
50th (76)
75th (78)
50th (97)
75th (99)
50th (116)
75th (119)
50th (132)
75th (136)
50th (150)
75th (155)
50th (168)
75th (174)
50th (176)
75th (180)
50th (74)
75th (77)
50th (96)
75th (98)
50th (115)
75th (118)
50th (132)
75th (137)
50th (152)
75th (155)
50th (161)
75th (166)
50th (163)
75th (167)
98/53
100/54
105/61
107/62
110/70
111/70
113/74
115/75
119/77
121/78
127/79
129/80
133/83
134/84
102/57
104/58
109/65
111/66
114/74
115/75
117/79
119/80
123/81
125/82
131/83
133/84
136/87
138/88
100/54
102/55
103/62
104/63
107/69
109/69
113/73
114/74
119/76
120/77
124/79
125/80
125/80
126/81
104/58
105/59
107/66
108/67
111/73
112/73
117/77
118/78
123/80
124/81
128/83
129/84
129/84
130/85
22
REVISÃO DA LIITERATURA
O quadro anterior (Mion, 1998) traduz os valores da TA, tendo em conta
idade e a estatura. Como podemos verificar da tabela anterior, os seguintes
critérios ditam de que modo deve ser identificada a TA nas crianças e
adolescentes:
TA normal - quando TAS e TAD são menores que o percentil 90 para a
idade e sexo;
TA elevada - quando a TAS ou a TAD maior ou igual ao percentil 90 e
menor que o percentil 95, para a idade e sexo;
TA elevada (hipertensa) - quando a TAS ou a TAD maior ou igual ao
percentil 95, para a idade e sexo.
Neste sentido, percebemos que para verificar se há hipertensão nas
crianças, é usado o percentil 95, mas sempre com atenção ao aumento gradual
e normal da TA desde a infância até à adolescência (Oseid e Carlsen, 1989).
No entanto, é já sabido que o meio é um agente de influência da TA
(Shreve, 1998), logo este tipo de tabelas não poderá ser aplicado de uma
forma tão generalizada. Tal, é também apontado com a comparação de
estudos como o de Sanchez et al. (1992) e de Brotons et al. (1989), com os do
Second Task Force (1987), citados por Guerra (2002). Esta comparação
sugere que a utilização de valores referenciais nos Estados Unidos da América
(EUA) em países como a Espanha ou quaisquer outros, poderá promover
conclusões erradas, como uma elevada proporção de crianças com uma
tensão arterial elevada (Sanchez et al. (1992) citados por Guerra, 2002). Assim
não será correcto utilizar um ponto de corte universal, sendo mais aconselhável
conhecer os valores percentílicos da população, para se poder identificar as
crianças e adolescentes com TA normal e elevada (Guerra, 2002).
Como refere Guerra (2002), o facto de não existir uma definição
universalmente aceite de hipertensão para as crianças e adolescentes, os
indivíduos pertencentes à nossa amostra não serão classificados como
hipertensos. Isto deve-se ao facto de ser bastante complexo o distinguir o que
é patologia e o que é a normalidade. Assim tal como no estudo de Guerra
(2002) não consideraremos um critério de corte absoluto, mas antes uma “área
de risco”, sendo assim utilizados quartis relativos à distribuição da TA, em que
23
REVISÃO DA LIITERATURA
valores maiores ou iguais ao percentil 75 da TAS e/ou TAD serão sinónimos de
TA elevada.
24
REVISÃO DA LIITERATURA
Aptidão Física (ApF) - Conceito
Parece-nos extremamente importante iniciar este capítulo por tentar
definir o conceito de ApF.
Do termo ApF, surgiram várias interpretações por diferentes autores.
Miller (1998) no seu trabalho sugere que a ApF é numerosas vezes definida
como a “capacidade de sustentar actividade física sem excesso de fadiga, ou a
capacidade de realizar no dia-a-dia actividades com reservas de energia para
situações de emergência”.
Uma questão que surgiu com Miller (1998), é o facto de, muitas vezes,
a partir destas definições, as pessoas incorrectamente se auto-classificarem
como fisicamente aptas ou inaptas. Quando as relações entre a inactividade e
a saúde são tidas em consideração, estas definições tornam-se particularmente
incorrectas, uma vez que alguns consideram a ApF como um sinónimo de
aptidão cardiorespiratória, enquanto por outro lado, outros balizam a sua
percepção acerca da ApF apenas à força muscular e resistência.
É com base neste mesmo autor que percebemos que na tentativa de
interpretar o conceito de ApF, é de extrema importância ter em consideração a
existência de dois tipos de ApF: a ApF relacionada com a saúde; e ApF
relacionada com a performance. Ambos requerem actividade física regular, boa
nutrição e descanso, no entanto a ApF relacionada com a saúde abrange a
aptidão cardiorespiratória, a força muscular, resistência, flexibilidade e
composição corporal.
Assim podemos definir estes dois tipos de ApF como sendo:
ApF relacionada com a saúde - Quer dizer que o sistema orgânico está
saudável e a funcionar eficientemente, de forma que este seja capaz de
realizar de forma vigorosa as tarefas do dia-a-dia e actividades de lazer. Este
tipo de ApF promove uma melhoria na qualidade de vida da pessoa, fazendo
com que esta se sinta melhor, tenha um melhor aspecto, e consiga desfrutar de
uma vida saudável, feliz e cheia. A ApF relacionada com a saúde comporta
cinco componentes, que são a aptidão cardiorespiratória, a força muscular, a
resistência muscular, a flexibilidade e a composição corporal. Segundo o
Fitnessgram (2000) estas componentes dividem-se de uma outra forma sendo
25
REVISÃO DA LIITERATURA
elas a aptidão aeróbia, composição corporal e aptidão muscular (força
muscular, resistência e flexibilidade). Shephard (1995) vai ainda mais longe
quando relaciona a ApF com a saúde. Inclui índices de morfologia (peso,
composição corporal e distribuição da gordura, flexibilidade e a densidade
óssea), função muscular (força e resistência), função cardiorespiratória
(transporte de oxigénio, função cardíaca e pulmonar e TA) e regulação
metabólica.
ApF relacionada com a performance – Este tipo de ApF pode promover
os mesmos benefícios que a ApF relacionada com a saúde, no entanto,
propicia também habilidades motoras necessárias ao desempenho dos
desportos e dos trabalhos específicos. Além de possuir também as cinco
componentes da ApF relacionada com a saúde, este tipo de ApF também
fazem parte também a agilidade, o equilíbrio, a coordenação, potência, reacção
e a velocidade.
Tendo em consideração que o nosso trabalho está extremamente
relacionado com a saúde, parece-nos importante tentar definir cada uma das
componentes que compõem a ApF relacionada com a saúde. Começando pela
aptidão aeróbia, que segundo Fitnessgram (2000) é provavelmente a área mais
importante de qualquer programa de ApF. Estes autores realçam várias
terminologias para esta componente, que apesar das suas diferenças podem
ser consideradas sinónimos, como por exemplo aptidão cardiovascular, aptidão
cardiorespiratória, resistência cardiorespiratória, aptidão aeróbia, capacidade
de trabalho aeróbio e capacidade de trabalho físico. A melhor forma de
quantificar a aptidão aeróbia, segundo o Fitnessgram (2000) é a avaliação
laboratorial do consumo máximo de oxigénio.
Uma outra componente, refere-se à composição corporal, em que a sua
avaliação permite estimar a percentagem de massa corporal que é gordura e
que é massa isenta de gordura, como os músculos, os ossos e os órgãos
(Fitnessgram, 2000). Segundo estes autores vários métodos foram já
desenvolvidos para estimar esta componente, nomeadamente a pesagem
hidrostática, a estimação da água corporal, a antropometria, que se refere à
medição das pregas adiposas, a impedância bioeléctrica e por fim o índice de
26
REVISÃO DA LIITERATURA
massa corporal, que foi o método utilizado por nós, que utiliza o peso e a
estatura.
Uma vez que o que Fitnessgram (2000) pretende é a avaliar o estado
funcional do sistema músculo-esquelético, esta bateria une a força média e
superior, a resistência muscular média e superior e a flexibilidade inferior,
média e superior numa mesma componente, a aptidão muscular.
Baterias de Testes de avaliação da APF relacionada com a saúde:
Maia (1997) refere que sendo a ApF um constructo multidimensional,
que não é directamente observável, revela-se necessário recorrer à utilização
de indicadores para avaliação das dimensões ou facetas. Estes referidos
indicadores são então os testes que pretendem avaliar cada dimensão.
Miller (1998) diz que enquanto professores de Educação Física, e
principalmente no caso deste estudo, em que nos reportamos a um problema
específico de saúde, a hipertensão, parece-nos importante estarmos
preparados para avaliar a ApF relacionada com a saúde, interpretar os seus
resultados no sentido do desenvolvimento deste tipo de ApF. Para tal podemos
recorrer de um variado leque de baterias de testes de avaliação da ApF
associadas à saúde existentes, onde deveremos optar por um deles, de acordo
com o grupo que pretendemos avaliar.
Segundo Miller (1998) a grande maioria das baterias de testes de
avaliação da ApF são similares, pois os especialistas encontram-se de acordo,
no que diz respeito às componentes integrantes da ApF relacionada com a
saúde e aos itens dos testes que podem ser usados para avaliar essas
mesmas componentes. Em 1993 nos Estados Unidos da América A “American
Alliance for Health, Physical Education, Recreation and Dance (AAHPERD)” e o
“Cooper Institute for Aerobics Research (CIAR)” chegaram a um entendimento
relativamente aos conteúdos das baterias de testes, e assim fundiram os seus
programas de ApF, começando a utilizar os mesmos itens dos testes e os
mesmos materiais educacionais. Com este acordo, a AAPHERD promove uma
componente educacional da ApF relacionada com a saúde, e o Prudential
Fitnessgram do CIAR classifica a ApF.
27
REVISÃO DA LIITERATURA
Além desta são várias as baterias existentes de acordo com Miller
(1998) e Safrit (1990):
- AAPHERD Youth Fitness Test (1976);
- AAPHERD Physical Best Test (1988);
- Prudential Fitnessgram (Cooper Institute for Aerobic Research 1992);
- South Carolina Physical Fitness Test (Pate 1983);
- Fit Youth Today (American Health and Fitness Foundation 1986);
- YMCA Physical Fitness Test (Golding, Myers e Sinning 1989);
- ACSM Fitness Test (American College of Sport Medicine 1992);
- AAU Physical Fitness Program (Amateur Athletic Union 1994).
Uma vez que o Prudential Fitnessgram será a bateria de testes a ser
utilizada neste nosso estudo, importa aqui descrevê-la de uma forma mais
detalhada.
Como está bem explicado no “Fitnessgram – Manual de Aplicação de
Testes”, desenvolvido pelo Fitnessgram (2000) o Prudential Fitnessgram
revela-se um programa de educação e avaliação da ApF relacionada com a
saúde. Esta avaliação tem o intuito de operar como elemento motivador para a
actividade física de forma regular, ou ainda, através de relatórios, funcionar
como instrumento cognitivo para informar, as crianças e adolescentes acerca
das implicações que a ApF e a actividade física têm para a saúde.
Enquanto, que posteriormente a este programa de educação, era
ressaltado que para a obtenção de benefícios na saúde, era necessário atingir
elevados níveis de ApF, aqui percebemos que o mais importante será que
todas as crianças e adolescentes atinjam níveis mínimos e adequados de
actividade física e ApF. Assim pretende-se que o Fitnessgram ajude todas as
crianças e adolescentes a alcançar um nível de actividade e de ApF associado
a um bom e saudável crescimento e desenvolvimento.
A um curto prazo o Prudential Fitnessgram tem por objectivos facultar às
crianças e adolescentes, a participação em actividades físicas agradáveis que
promovam o desenvolvimento da ApF e a aprendizagem de conceitos
relacionados com a ApF. Relativamente a um longo prazo, o fornecimento aos
alunos de uma aprendizagem acerca das competências de que necessitam
28
REVISÃO DA LIITERATURA
para se tornarem indivíduos activos para ao longo da vida, são os objectivos
desta bateria de testes. Mais do que isto, estas crianças deverão ficar aptas a
avaliar os seus níveis de ApF, interpretar esses mesmos resultados, planificar
programas de actividade física e motivarem-se para continuarem a ser activos.
Com uma prática habitual de actividade física, e com estes
conhecimentos adquiridos estas crianças deverão ser aptas de atingir
resultados que os enquadrem dentro de uma chamada “Zona Saudável” de
ApF na totalidade dos testes da bateria do Fitnessgram. Assim o processo de
ApF possui várias etapas:
1ª etapa: Instruções sobre conceitos fundamentais da ApF;
2ª etapa: Preparação dos alunos;
3ª etapa: Instruções sobre a bateria de testes;
4ª etapa: Avaliação dos níveis de ApF;
5ª etapa: Planear o programa de ApF e estabelecer metas;
6ª etapa: Promoção e acompanhamento da actividade física;
7ª etapa: Reavaliação;
8ª etapa: Reavaliação (Avaliação do programa de ApF).
O Prudential Fitnessgram é uma bateria de testes que compreende um
programa de ApF para crianças e jovens em idade escolar. Este consiste numa
bateria dedicada à avaliação da ApF relacionada com a saúde, em que a
performance dos avaliados é classificada em duas áreas gerais “precisa de
melhorar” e “zona saudável de ApF”, esta última engloba em si os indivíduos
com nível bom e óptimo, sendo este último denominado de “acima da zona
saudável de ApF”. O principal objectivo desta bateria de testes é identificar
todas as crianças e jovens que são fisicamente activas e que atingem a “zona
saudável de ApF” (Miller, 1998).
Assim o Prudential Fitnessgram é constituído por vários testes
recomendados, para a aptidão aeróbia, composição corporal, e aptidão
muscular (força, resistência muscular e flexibilidade), devendo o professor
escolher um teste para cada componente:
29
REVISÃO DA LIITERATURA
Quadro 2. Itens do Teste Fitnessgram (Adaptado do Fitnessgram,2000).
Aptidão Física
Testes
Vaivém*
Aptidão Aeróbia
Corrida 1 milha
Marcha (alunos do secundário
Medição das pregas adiposas*
Força abdominal e
resistência
Muscular e Flexibilidade
Aptidão muscular (Força, Resistência
Composição corporal
Índice de massa corporal
Abdominais*
Extensões de braços*
Flexões de braços em suspensão
Força Superior
modificados
Flexões de braços em suspensões
Flexão de braços em suspensão
Força e Flexibilidade
do tronco
Flexibilidade
Extensão do tronco*
Senta e alcança*
Flexibilidade de ombros
*Teste recomendado
30
REVISÃO DA LIITERATURA
Aptidão Física e Hipertensão
Como percebemos com o referido anteriormente, para que se verifiquem
melhorias na saúde e o crescimento e desenvolvimento das crianças e dos
jovens progrida harmoniosamente, é importante que todos estes indivíduos
possuam índices mínimos e adequados de actividade física e ApF
(Fitnessgram, 2000). Conforme refere Shephard (1995) a ApF influencia muitos
aspectos da saúde das pessoas. Será então que a ApF, tem alguma relação
com a hipertensão, trazendo-lhe algum tipo de benefícios? É tentando
responder a esta pergunta que foi realizada uma pesquisa sobre esta temática
com base em vários autores.
Em 1990, Rowland corrobora com a ideia de que a ApF assim como a
actividade física contribuem para a melhoria da saúde das crianças e
acrescenta mesmo que indivíduos hipertensos podem beneficiar de uma
melhor ApF, pois esta promove uma diminuição dos impulsos simpáticos.
São poucos os estudos que se remetem à problemática da ApF
relacionada com a hipertensão, sendo que a grande maioria reporta-se
principalmente aos factores de risco das doenças cardiovasculares, onde se
insere a hipertensão. Thomas et al. (2003) refere mesmo que um dos grandes
factores de risco das doenças cardiovasculares é a hipertensão. Esta é muitas
vezes mencionada, mas a maior parte dos estudos apresenta na sua discussão
apenas os factores de risco das doenças cardiovasculares em geral. Além do
mais, uma complicação na análise da associação entre a ApF e a TA está
ligada ao facto de que a ApF diminui e a TA aumenta com a idade (Andersen e
Haraldsdóttir, 1995).
É dentro deste campo que Dwyer e Gibbons (1994) encontraram uma
clara associação entre aptidão física e índice de massa corporal e entre a
aptidão física e a TAS na maioria das idades e em ambos sexos, indicando
assim que a ApF parece revelar-se como um forte predictor da TAS. Estes
autores que estudaram a relação entre a ApF e TA, verificaram também a ApF
e as pregas de adiposidade estão relacionadas entre si, embora ambas de
forma independente possuem um efeito na TAS. No entanto, contrariamente ao
31
REVISÃO DA LIITERATURA
que se passa com a TAS, a ApF não se apresenta como um predictor
significativo da TAD.
Al-Hazzaa et al. (1994) defendem também que a actividade física e a
aptidão cardiorespiratória, estão significativamente associadas com uma mais
baixa TA.
Os benefícios da TA numa população jovem são ainda incertos, e isto
pode ser apenas avaliado através dos efeitos nos factores de risco das
doenças cardiovasculares, serão então necessários estudos longitudinais para
demonstrarem a relação entre a mortalidade e a TA e a aptidão física
(Andersen e Haraldsdóttir, 1995). Para estes autores a inactividade física, ou o
efeito desta na ApF, pode ser considerado um factor de risco independente das
doenças cardiovasculares, como a hipertensão (Sopko, 1992).
Para Pollock et al. (1995), um programa de ApF que inclui resistência
aeróbia, força muscular e resistência, e exercícios de flexibilidade tem-se
mostrado ser importante para o desenvolvimento tanto da saúde como da ApF.
No mesmo ano, Hagberg (1995) refere que o exercício físico, realizado a
uma intensidade baixa a moderada conduz a benefícios nos indivíduos
hipertensos. Um aumento da ApF e do nível de actividade física reverte num
mais baixo índice de mortalidade, mesmo nos indivíduos que continuam
hipertensos. Este autor refere ainda que a actividade física e ApF apontam
também para uma diminuição da possibilidade de vir a desenvolver
hipertensão. É neste sentido, que uma melhoria da ApF deveria ter uma maior
ênfase na prevenção primária da hipertensão e do tratamento de uma larga
maioria de hipertensos.
Esta importância de um melhoramento da ApF e da actividade física
como uma estratégia preventiva das doenças cardiovasculares, tem também
vindo a ser apontada por Twisk et al. (2000).
Deste estudo resultaram importantes conclusões. Primeiro que tudo, é
assumido que o melhoramento da aptidão física desde tenra idade pode ter a
sua influência na ApF mais tarde na vida, e nesta linha de pensamento estes
mesmos autores, ao citarem Blair (1995) e Burstein e Samaille (1960)
revelaram que altos níveis de aptidão física na idade adulta têm sido revelados
32
REVISÃO DA LIITERATURA
como prevenção contra as doenças cardiovasculares e a mortalidade. Depois
verificaram também que a ApF pode ter uma influência positiva na saúde
cardiovascular nas pessoas mais jovens, reduzindo como por exemplo a TA.
Fitnessgram (2000), citando Blair et al. (1989) e Blair et al. (1992),
referem mesmo que vários estudos apontam para que a ApF em níveis
aceitáveis estão associados a um menor risco de hipertensão arterial, doenças
coronárias, obesidade, diabetes, algumas formas de cancro e outros problemas
de saúde em adultos.
Numa pesquisa similar Twisk et al. (2000), que tinham como objectivo a
realização de um estudo longitudinal acerca da relação entre a actividade
física, a ApF e os factores de risco das doenças cardiovasculares, onde
estavam incluídas a TA e gordura corporal, com adolescentes dos seus 13 até
aos 21 anos de idade. Chegaram à conclusão que apesar de não se saber
claramente as razões, pelas quais a ApF está positivamente relacionada com a
TA, a verdade é que a relação entre a actividade física, a ApF, as lipoproteínas
e TA é altamente influenciada pela gordura corporal.
Num estudo realizado por Portela (2000), em que era sua pretensão a
verificação
de
uma
possível
relação
entre
os
valores
da
aptidão
cardiorespiratória e os valores da tensão arterial em crianças do sexo
masculino dos 8 aos 9 anos de idade, concluiu que os indivíduos com maior
peso evidenciam maior TA e que existe uma correlação negativa entre a
aptidão e a TA, verificou uma relação, neste caso forte e inversa.
Ao tentar identificar a influência da actividade física e da ApF nos
factores de risco das doenças cardiovasculares, Thomas et al. (2003) conclui a
existência de uma relação inversa entre a ApF e estes factores em adultos,
sendo que um aumento dos níveis de ApF parece trazer efeitos benéficos nos
factores de risco das doenças cardiovasculares.
Mais recentemente, num estudo realizado com crianças dinamarquesas,
com idades compreendidas entre os 6 os 7 anos, que pretendia verificar a ApF
como predictora dos factores de risco das doenças cardiovasculares, aponta
para a existência de uma associação entre ApF e os factores de risco das
doenças cardiovasculares, onde se inserem a hipertensão Eiberg et al. (2005).
33
REVISÃO DA LIITERATURA
Relativamente às crianças, também a ApF poderá ser um factor
importante. Dwyer e Gibbons (1994) indicam no seu estudo que um aumento
da ApF das crianças do 25º percentil para o 75º, poderá resultar numa descida
de 1,4 mmHg na TAS.
As razões pelas quais a ApF e a TA se encontram positivamente
associadas, não são ainda muito claras (Twisk et al., 2000). Contudo, estes
mesmos autores apresentam possíveis causas da relação entre a actividade
física, a ApF e os factores de risco das doenças cardiovasculares, dizendo que
estes são altamente influenciados pela gordura corporal. Neste estudo, é
assumido que a gordura corporal é um mediador na relação entre a actividade
física e ApF por um lado, e os factores de risco das doenças cardiovasculares
por outro lado. É também possível que a actividade física é um mediador na
relação entre a ApF, a gordura corporal e os factores de risco das doenças
cardiovasculares.
No entanto, resultados contrários foram encontrados por Man et al. em
1989. No seu estudo, a principal conclusão a que chegaram foi que a TAS e a
ApF em crianças, com 8 a10 anos de idade, não se encontram relacionados, e
que a queda na TA não está relacionada com a diminuição da pulsação
cardíaca. Se por um lado a TAD das raparigas, parece estar inversamente
relacionada com a ApF, tal não acontece com a TAS. Em geral, estes autores
aconselham cautela na associação entre a TA e a ApF, pois tanto a uma como
a outra em crianças são altamente influenciadas pelo crescimento.
Conclusões similares obtiveram Boreham et al. (2001), quando
realizaram um estudo que pretendia examinar a relação entre os factores de
risco das doenças cardiovasculares e a gordura corporal e a ApF em
adolescentes com 12 e 15 anos de idade, e estabelecer a relativa
independência e força da associação de maneira a que possam ser formuladas
estratégias preventivas para as doenças cardiovasculares para este grupo
etário. Ficou claro neste estudo que, primeiro, relações entre gordura e factores
de risco das doenças cardiovasculares são invariavelmente mais fortes do que
entre a ApF e os mesmos factores de risco. Parece então que a relação entre a
ApF e estes factores de risco se deve ao facto de estar associada à gordura
34
REVISÃO DA LIITERATURA
corporal, sendo esta relação mais fortes para os homens do que para as
mulheres, e mais fortes para os jovens do que os adolescentes mais velhos.
Em conclusão, os resultados do presente estudo confirmam as
anteriores citações em que a ApF não surge relacionada com a diminuição dos
factores de risco das doenças cardiovasculares, ao contrário do que se passa
gordura corporal. Para estes autores, numa fase inicial a prevenção das
doenças cardiovasculares durante a infância deverá portanto concentrar com
preventivo ou reverso ganho de peso desfeito.
35
REVISÃO DA LIITERATURA
APF e actividade física e Hipertensão
A actividade física é importante para a ApF (Pollock et al., 1995). Em
grupos sedentários, mesmo baixos níveis de intensidade de actividade física,
promovem um melhoramento da ApF (Andersen e Haraldsdóttir, 1995). O que
ainda está por resolver é a questão relativa à quantidade e intensidade de
actividade física, que deverá ser recomendada para benefícios máximos na
saúde. No entanto Andersen e Haraldsdóttir (1995) menciona que para
pessoas idosas sedentárias o caminhar pode melhorar a ApF, enquanto que
nos jovens é necessário actividades desportivas de alta intensidade para
provocar uma melhoria da ApF.
Assim sendo, podemos dizer que é importante a prática de actividade
física para melhorar a ApF, e é nesse sentido que pretendemos salientar a
importância da actividade física na saúde das pessoas. Hoje em dia são várias
as campanhas de saúde que apelam ao movimento, à actividade física, ao “vá
dar uma volta”. Ou seja, como referem Bouchard e Rankinen (2001), todos
reconhecemos que um estilo de vida sedentário é um grave factor de risco para
um vasto leque de doenças, que se tornam mais prevalentes com a idade em
ambos géneros, sendo ainda um factor de risco para uma morte prematura. Em
contraste, uma prática regular de actividade física é considerada um
comportamento com positivas consequências, para a saúde, de uma larga
variedade. Uma dessas consequências prende-se com a hipertensão, no
sentido em que como refere Hagberg em 1995, o exercício físico realizado a
uma intensidade baixa a moderada conduz a benefícios nos indivíduos com
esta patologia.
Como percebemos então, o exercício físico traz várias alterações à TA,
e pode mesmo ser encarado como um meio preventivo ou de tratamento, uma
vez que indivíduos hipertensos que mantêm nos seus hábitos de vida uma
prática de actividade física vivem mais tempo (Cooper, 2000).
Alpert e Fox (1993) descrevem que o exercício dinâmico promove um
aumento no débito cardíaco e frequência cardíaca. Assim e tal como
descrevemos anteriormente, durante a actividade física, a TA tende a subir. A
TAS pode subir por vezes até 50% em pessoas saudáveis, quando o fluxo
36
REVISÃO DA LIITERATURA
sanguíneo aumenta em resposta a um exercício intenso, ou a um estado de
grande excitação emocional. Mas rapidamente retoma os seus valores
normais, e a TAD mantém-se relativamente inalterada Shreeve (1998).
Se durante a actividade física, a TA sobe bastante, quando em repouso
Steffen et al. (2000) no seu estudo concluíram, que o exercício físico,
especialmente quando acompanhado pela perda de peso, reduz os valores da
TA. O exercício por si só está apenas relacionado com a redução da TA e
frequência cardíaca, mas apenas durante baixos níveis de actividade física.
Este autor refere ainda que uma combinação da actividade física e
redução do peso resulta numa benéfica e significativa diminuição dos valores
da TA durante altos e baixos níveis, tanto de actividade física como stress
emocional, durante o decorrer de um dia normal.
Andersen e Haraldsdóttir (1995) no seu estudo concluíram que existe
uma associação positiva mas fraca entre a actividade desportiva e a TA. Sendo
portanto importante que indivíduos hipertensos devam ser encorajados a
praticar actividade física, assim como os indivíduos aparentemente saudáveis
(Cooper, 2000). Uma vez que o treino aeróbio dinâmico conduz a uma redução
da TA, e esta queda, é mais acentuada em pessoas diagnosticadas com
hipertensão do que em normotensos (Fagard, 2001), Cooper (2000) aponta
para uma diminuição tanto na TAS como na TAD de cerca de 10 mmHg). O
mesmo é também referido por Wilmore (2001) no seu estudo concluindo ainda
que comparativamente com o sexo masculino, as mulheres parecem ter uma
resposta mais ténue ao exercício físico, relativamente aos valores da TAS e da
TAD.
Num estudo realizado por Viriz et al. (2002), em sujeitos dos 18 aos 45
anos, com a intenção de perceber o efeito da regular prática de actividade
física na TA, por um determinado período de tempo. Os autores entenderam
que a actividade física apresenta um efeito positivo na diminuição da TA,
atenuando desta forma o risco de desenvolvimento de hipertensão. Os dados
deste estudo mostram que num indivíduo com hipertensão moderada, a TA
deverá sofrer um maior declínio depois de 3 meses em sujeitos activos do que
em sujeitos inactivos. Quanto maior a intensidade do treino, maior será a queda
37
REVISÃO DA LIITERATURA
da TA, o que sugere que um primeiro passo no tratamento anti-hipertensivo,
poderá corresponder a uma fase de actividade física durante um significativo
período de tempo com observação e só depois se decidir por um tratamento à
base de medicamentos.
Para que a actividade física tenha efectivamente resultados positivos na
TA Cooper (2000) prescreve que o exercício deverá envolver grandes grupos
musculares, por 3 a 7 dias por semana, durante 20 a 60 minutos de 40% a 70%
do VO₂ máx. Fagard (2001) por seu lado encontrou respostas positivas da TA
ao treino aeróbio dinâmico em frequências entre 3 e 5 sessões por semana e
para 30 e 60 minutos de duração.
No entanto é importante perceber se a pessoa está ou não apta para a
prática de actividade física. Sujeitos com um risco de hipertensão, deveriam
medi-la antes de participar num programa de actividade física Cooper (2000).
Uma pessoa cuja TA em repouso ultrapasse 200 mmHg para a TAS e 105
mmHg para a TAD, corre riscos ao participar em programas de actividade
física, devendo mesmo evitá-los. E quando a TA se torna demasiadamente
elevada o melhor procedimento será interromper a actividade física. Este autor
recomenda que esta situação aconteça quando a TA ultrapassa 240/115
mmHg.
Como já percebemos, parece que a actividade física pode ser um bom
hábito de vida a adoptar, no sentido de uma melhor qualidade de vida e
consequentemente uma mais baixa TA. Além disto, a TA durante a actividade
física poderá ser um bom indicativo da saúde do indivíduo, como referem
Mundal et al. (1996) Cooper (2000), funcionando como indicativo da TA em
repouso, e adicionando uma informação prognóstica importante relativamente à
mortalidade por enfarte do miocárdio entre supostos homens saudáveis de
meia-idade e homens de meia-idade hipertensos (Mundal et al.,1996).
Cooper (2000) refere que várias investigações indicam que uma
excessiva elevação da TA durante o exercício físico é um indicador do
desenvolvimento mais tarde de hipertensão, referindo mesmo que pessoas que
alcançam uma TA superior a 200 mmHg possuem um risco de uma evolução
de hipertensão 2 a 3 vezes superior às pessoas normotensos. Outro aspecto
38
REVISÃO DA LIITERATURA
importante citado por este autor prende-se com o facto de que a TA deverá
descer rapidamente durante a fase de recuperação após a actividade física,
caso contrário, esta será uma premissa importante para se suspeitar de
hipertensão.
39
Objectivos e Hipóteses
OBJECTIVOS E HIPÓTESES
Objectivos e Hipóteses
Objectivos
Depois de toda esta pesquisa realizada em torno da problemática deste
estudo, parece-nos importante apontarmos os objectivos que o impulsionam.
Assim os objectivos do nosso estudo são: a) apresentar os valores
médios da TAS e da TAD para o sexo e a idade de crianças e adolescentes
portugueses da região do Grande Porto; b) apresentar os pontos de corte para
a TAS e para a TAD referenciadas ao sexo e à idade; c) determinar a
associação entre a TA, o nível de ApF, de acordo com o Fitnessgram, em cada
uma das suas componentes.
Hipóteses
Tendo em conta o que foi referido na revisão da literatura: colocamos as
seguintes hipóteses:
─
Nas crianças e adolescentes é maior a frequência de sujeitos com ApF
nas “zona saudável de ApF” e “acima da zona saudável de ApF”;
─
Existe uma associação negativa entre a TAS/TAD e a capacidade aeróbia;
─
Existe uma associação negativa entre a TAS/TAD e a aptidão muscular –
força e resistência abdominal;
─
Existe uma associação negativa entre a TAS/TAD e a aptidão muscular –
força e flexibilidade do tronco;
─
Existe uma associação negativa entre a TAS/TAD e a aptidão muscular –
força e resistência da região superior do tronco;
─
Existe uma associação negativa entre a TAS/TAD e a aptidão muscular –
flexibilidade.
43
Metodologia
METODOLOGIA
Metodologia
Amostra
A amostra utilizada neste estudo foi constituída por 76 crianças e
adolescentes, com idades compreendidas entre os 13 e os 16 anos. Destes, 35
eram do sexo masculino, e 41 eram do sexo feminino. Porque em muitas
situações, os alunos possuíam idades com casas decimais, foi efectuado o
arredondamento para o número inteiro mais próximo, no sentido de facilitar a
definição do escalão etário em que cada aluno deveria ser inserido.
As crianças e adolescentes pertencentes a esta amostra eram alunos de
escolas da área central e periférica do Porto.
Como medida preventiva foi verificado que todas as crianças e
adolescentes pertencentes à amostra do estudo eram aparentemente
saudáveis, não estando sujeitas a qualquer medicação, sendo também dado o
conhecimento e respectivo consentimento dos encarregados de educação.
Quadro 3. Número (n) de sujeitos, média e respectivos desvios padrão (DP) da idade, peso,
altura e índice de massa corporal (IMC), para o sexo masculino e feminino.
Idade (anos)
Sexo
n
Masculino
Feminino
Peso (kg)
Altura (cm)
IMC (kg/m²)
Média
DP
Média
DP
Média
DP
Média
DP
35
14,51
1,01
56,27
15,51
163,16
8,11
20,93
4,51
41
14,24
0,94
54,71
12,63
158,85
6,41
21,58
4,24
47
METODOLOGIA
Material e Métodos
Avaliação da TA
A TA foi avaliada a toda a amostra tendo em consideração os
procedimentos e recomendações descritos na literatura (de Swiet,1989).
Neste estudo, tal como no estudo de Guerra (2002) foi utilizado um
esfigmomanómetro electrónico, de marca Dinamap, modelo BP 8800, para
avaliar a TAS e a TAD. Esta avaliação foi realizada no braço direito, mantendoo completamente exposto ao nível do coração e apoiado numa superfície
cómoda, e no sentido de evitar a existência de artefactos, os sujeitos
adoptaram todos a posição sentada (sem sobreposição dos membros
inferiores). Além disto, esta avaliação foi realizada com os alunos em jejum.
Com base no estudo do anterior autor, que se reportou à metodologia de
Gillman e Cook (1995), foram utilizados 3 tipos de braçadeiras, a de 9x18, a de
12x23 e ainda a de 14x28 cm, de acordo com o perímetro da circunferência do
braço, de acordo com a metodologia de (de Swiet, 1989).
Também de acordo com a literatura, foram efectuadas pelo menos duas
medições sucessivas, sendo que a primeira foi efectuada após cinco minutos
de repouso e a segunda após dez minutos (National High Blood Pressure
Education Program Working Group on Hypertension Control Children and
Adolescents, 1996 e Guerra, 2002). Quando os resultados destas medições
diferiam, entre si, 2 mmHg, o processo era completamente repetido (duas
novas determinações, não podendo exceder entre si 2 mmHg) (de Swiet,
1989).
No seguimento do estudo realizado por Guerra (2002), os sujeitos da
amostra do nosso estudo foram classificados com:
- factor de risco hipertensão, quando se encontrava acima do P75 (≥
P75) da TAS, considerando-se a TAS elevada (TASE); e/ou acima do P75 (≥
P75) da TAD, considerando-se a TAD elevada (TADE), para o seu sexo e
idade;
- sem o factor de risco de hipertensão encontravam-se abaixo do P75 (≤
P75) da TAS e/ou da TAD, para o seu sexo e idade.
48
METODOLOGIA
Avaliação da Aptidão Física
Para averiguar a Aptidão Física da nossa amostra, foi aplicada a bateria
de testes Fitnessgram® (2000). Esta bateria de testes é constituída por vários
testes recomendados, para a aptidão aeróbia, composição corporal, e aptidão
muscular (força, resistência muscular e flexibilidade).
No nosso estudo foram então utilizados para a aptidão aeróbia o teste
Vaivém, para a Composição corporal o índice de massa corporal, para a força
abdominal e resistência os abdominais, para a força e flexibilidade do tronco a
extensão do tronco, para a força superior as extensões de braços e finalmente
para a flexibilidade o senta e alcança.
Segundo o Fitnessgram (2000) o teste vaivém utilizado para avaliar a
aptidão aeróbia, é um teste de parâmetros de esforço progressivo, adaptado do
teste de corrida de 20 metros, publicado por Leger e Lambert (1982) e revisto
em 1988 (Leger e col.). O teste começa num nível fácil evoluindo
progressivamente para níveis cada vez mais difíceis, sendo um teste
recomendado para qualquer escalão etário.
Este teste tem como objectivo fazer o aluno percorrer a máxima
distância possível numa direcção e na inversa, por uma distância de 20 metros,
com uma velocidade crescente em períodos consecutivos de um minuto
(Fitnessgram, 2000).
Para a concretização deste teste foi necessária uma superfície plana e
com boa aderência, de pelo menos 20-22 metros de comprimento formando um
corredor de aproximadamente 1 a 1,5 metros de largura para que cada aluno
pudesse correr à vontade, leitor de CD com volume adequado e o CD com a
marcação das cadências, fita métrica, cones de marcação, lápis e fichas de
registo de resultados. Foi também pedido aos alunos que utilizassem sapatos
desportivos antiderrapantes (Fitnessgram, 2000).
De acordo com o Fitnessgram (2000), para a realização do teste foram
seguidas as seguintes instruções:
- Foi demarcado um percurso de 20 metros com cones e uma fita ou um
risco a giz em cada extremidade.
- O leitor de CD foi ajustado, utilizando o teste de 1 minuto no início do
CD.
49
METODOLOGIA
- Anteriormente ao momento da avaliação foram feitas cópias das fichas
de registo de resultados e distribuídas pelos alunos no dia da avaliação.
- Antes do dia do teste, os alunos escutaram alguns minutos do CD para
que pudessem antecipar os procedimentos de execução do teste, tendo
também direito a pelo menos duas sessões de treino.
- O CD com cadências continha uma versão musical e outra apenas com
os sinais sonoros. Cada uma destas versões possuía uma contagem
decrescente de 5 segundos que indicava o início da execução do teste.
- Os alunos correram pela área marcada, tocando na linha quando
ouvirem o sinal sonoro. Neste momento invertiam o sentido da corrida e
corriam até à outra extremidade. Quando os alunos atingiam a linha antes do
sinal sonoro, deviam esperar pelo mesmo para retomar a corrida, continuando
até não serem capazes de alcançar a linha antes do sinal sonoro.
- Quando o aluno não conseguia atingir a linha ao mesmo tempo que o
sinal sonoro, invertia o sentido da sua corrida, ainda que não tivesse atingido a
linha, sendo que lhes era permitido tentar acompanhar o ritmo da corrida até
que falhasse dois sinais sonoros (não necessitavam de ser consecutivos). Os
alunos que terminavam o teste continuavam e passavam à área de retorno à
calma.
Os
resultados
atribuídos
correspondiam
ao
total
de
percursos
efectuados pelo aluno, sendo que para facilitar, deveria ser assinalada a
primeira volta em que o aluno não alcançasse a linha ao sinal sonoro
(Fitnessgram, 2000).
Para a determinação da composição corporal foi calculado o índice de
massa corporal de cada um dos sujeitos. Este estabelece uma relação entre a
estatura e o peso, relação essa que indica se o peso da pessoa está ou não
adequado à estatura, sendo determinado pela fórmula PESO (kg)/ESTATURA²
(m) (Fitnessgram, 2000).
Relativamente à força e resistência abdominal, foi utilizado o teste de
abdominais modificado, que possui o objectivo de completar o maior número
possível de abdominais até ao máximo de 75, a uma cadência específica. Para
o cumprimento deste teste foram necessários colchões de ginásio e faixas de
medida (75 x 11,5 cm) para cada dois alunos (Fitnessgram, 2000).
50
METODOLOGIA
Tal como é descrito no Fitnessgram (2000), o teste foi realizado aos
pares, em que o parceiro A realizava os abdominais, enquanto o parceiro B
contava e observava os possíveis erros de execução.
Para iniciar o teste o parceiro A adoptava a posição de decúbito dorsal
com os joelhos flectidos a um ângulo aproximado de 140º, pés totalmente
apoiados no chão, pernas ligeiramente afastadas, braços estendidos e
paralelos ao tronco com as palmas viradas para baixo e apoiadas no colchão,
os dedos deveriam estar estendidos e a cabeça em contacto com o colchão.
Depois da posição correcta assumida, o parceiro B colocava a faixa de medida
em cima do colchão e por baixo dos joelhos do aluno executante, por forma a
que apenas as pontas dos seus dedos tocassem na extremidade da faixa de
medida. Além disso ajoelhava-se também ao nível da posição da cabeça do
outro parceiro e colocava as mãos debaixo do parceiro A (Fitnessgram, 2000).
O aluno realizava então os abdominais, deslizando lentamente os dedos
pela faixa de medida até que a ponta dos dedos alcançasse a extremidade
mais afastada, regressando depois à posição inicial e apoiando a cabeça nas
mãos do colega. Este movimento era efectuado lenta e controladamente, de
forma a cumprir a cadência de execução estabelecida de 20 repetições por
minuto (uma repetição por cada 3 segundos). O professor marcava a cadência
de execução ou usava uma gravação e antes de iniciar o teste os avaliados
tiveram direito a um treino (Fitnessgram, 2000).
O término do teste dava-se quando o aluno não conseguisse continuar
com os abdominais ou quando atingisse o número máximo de 75 repetições. À
segunda correcção (segunda repetição incorrecta), o teste era interrompido
(Fitnessgram, 2000).
O número total de repetições correctamente executadas como refere o
Fitnessgram (2000), constituía assim o resultado final do teste, sendo que cada
repetição era contada quando a cabeça do aluno regressava ao colchão, e
para facilitar, foi permitida a contagem da primeira repetição mal executada.
Algumas correcções técnicas que foram importantes de transmitir de
acordo com as indicações do Fitnessgram (2000):
- Os calcanhares deviam manter sempre o contacto com o colchão.
- A cabeça devia regressar ao colchão em cada repetição.
51
METODOLOGIA
- O movimento devia ser contínuo e cadenciado, uma vez que não eram
permitidas pausas ou períodos de descanso.
- As pontas dos dedos deviam tocar a extremidade mais distante da
faixa da medida.
Além destas correcções o Fitnessgram (2000) dava algumas sugestões
para a realização do teste:
- O aluno devia ajustar a sua posição sempre que esta não fosse a
apropriada.
- O exercício devia começar por uma flexão da zona lombar (inferior) da
coluna vertebral, seguido de uma flexão lenta da zona dorsal (superior) da
coluna vertebral.
- As mãos deviam deslizar ao longo da faixa de medida até as pontas
dos dedos alcançassem a extremidade mais distante, regressando depois à
posição inicial, com o movimento completo assim que a cabeça tocasse nas
mãos do colega.
- Devia ser sempre cumprida a cadência para manter um movimento
contínuo e ritmado.
- Os executantes não deviam tentar levantar as mãos nem os braços,
sendo que estes deviam apenas deslizar em contacto com o colchão.
Movimentos repentinos de flexão do tronco tendiam a alterar as normas de
execução do teste.
Outro teste da bateria Fitnessgram (2000) realizado foi o teste Extensão
do tronco, utilizado para avaliar a força e flexibilidade do tronco, que possui o
objectivo de elevar a parte superior do corpo 30 cm a partir do chão e manter
essa posição até se efectuar a medição.
Para este teste foram necessários colchões de ginásio e uma régua ou
uma fita métrica com 50 cm, com fita adesiva colorida assinalando as marcas
dos 15 e dos 30 cm.
Mais detalhadamente de acordo com o Fitnessgram (2000) o aluno
deitava-se no colchão em decúbito ventral, com os pés em extensão e as mãos
debaixo das coxas, devendo apoiar a cabeça no colchão, de forma a olhar para
um ponto do colchão próximo do seu nariz. Durante o movimento devia manter
sempre o olhar nesse ponto fixo e elevar o seu tronco do solo, de forma lenta e
controlada, até ao máximo de 30 cm, devendo manter essa posição o tempo
52
METODOLOGIA
suficiente para a medição da distância compreendida entre o queixo do
executante e o solo. A régua foi colocada a uma distância mínima de 2,5 cm do
queixo do aluno e não directamente por baixo deste, e após esta medição, o
aluno retomava a posição inicial forma controlada. Foram permitidas duas
tentativas e registado o melhor resultado.
Os resultados foram arredondados ao centímetro e as medições acima
dos 30 cm foram consideradas e registadas como 30 cm.
Relativamente ao teste Extensões de braços com o objectivo de
completar o maior número possível de extensões de braços, com uma
determinada cadência, utilizado para avaliar a força superior, foi realizado
tendo em consideração as indicações do Fitnessgram (2000).
Para este teste foram necessários apenas um leitor de CD e o CD, com
uma cadência de 20 extensões por minuto (uma flexão/extensão por cada três
segundos).
Em grupos de dois, um executava e o outro contava e verificava se o
executante flectia os membros superiores pelo cotovelo até aos 90º, com os
braços paralelos ao solo, sendo que antes tiveram a possibilidade a sessões de
treino, com correcções para que todos reconhecessem (observando e
praticando) como era a correcta flexão a 90º (Fitnessgram, 2000).
Para iniciar o teste, o aluno assumia uma posição de decúbito ventral no
colchão, colocando as mãos por debaixo dos ombros, dedos estendidos,
membros inferiores em extensão, ligeiramente afastados e apoiando-se nas
pontas dos pés. De seguida o executante elevava-se do colchão com a força
dos braços até os estender completamente, mantendo sempre as costas em
prancha (Fitnessgram, 2000).
Depois, o executante flectia os membros superiores até que os cotovelos
formassem um ângulo de 90º e os braços ficassem paralelos ao solo, repetindo
este movimento a um ritmo de execução de 20 extensões por minuto ou uma
flexão/extensão em cada 3 segundos. O teste terminava à segunda execução
incorrecta Fitnessgram, 2000).
As incorrecções técnicas citadas pelo Fitnessgram (2000) tidas em
consideração foram:
- Parar para descansar ou não manter a cadência especificada.
- Não alcançar o ângulo de 90º com o cotovelo, em cada repetição
53
METODOLOGIA
- Não manter a posição corporal correcta.
- Os braços não estarem completamente estendidos.
Por fim, o último teste realizado foi o Senta e alcança para avaliar a
flexibilidade, principalmente a dos músculos posteriores da coxa. Este teste
possui o objectivo de alcançar a distância especificada na Zona Saudável de
flexibilidade para os lados direito e esquerdo do corpo. A distância exigida para
alcançar a Zona Saudável de Aptidão Física é estabelecida tendo em conta a
idade e sexo e está indicada nas tabelas de referência (Fitnessgram, 2000).
O equipamento necessário para o senta e alcança consiste numa caixa
com 30 cm de altura, sobre a qual se coloca uma fita métrica, ficando a marca
dos 22,5 cm ao nível da ponta da caixa. A extremidade do “0” na régua fica na
extremidade mais próxima do aluno (Fitnessgram, 2000).
O teste iniciou-se com o aluno a descalçar-se e sentar-se junto à caixa.
De seguida o aluno estendeu completamente uma das pernas, ficando a planta
do pé em contacto com a extremidade da caixa, mantendo o outro joelho
flectido com a planta do pé assente no chão e a uma distância de
aproximadamente 5 a 8 cm do joelho da perna que está em extensão. Depois
estendeu os braços a frente em cima da fita métrica, com uma mão sobre a
outra e palmas viradas para baixo. O aluno flectiu então o tronco para a frente
4 vezes, mantendo as mãos sobre a escala e a posição alcançada na quarta
tentativa pelo menos durante 1 segundo. Depois de medir um dos lados, o
aluno trocava a posição das pernas e repetia o mesmo procedimento para o
lado oposto (Fitnessgram, 2000).
O resultado foi obtido pelo registo dos centímetros em cada um dos
lados, arredondado ao cm, com um máximo de 30 cm.
Foi também permitido mover o joelho flectido para o lado, de modo a que
o troco se deslocasse mais facilmente para a frente.Por seu lado, as ancas
deviam estar paralelas à caixa e o joelho da perna em extensão permanecer
estendido. E caso isto não acontecesse e as mãos não se encontrassem juntas
a tentativa era repetida (Fitnessgram, 2000).
Tratamento estatístico
Para a apresentação e discussão dos resultados optamos por separar os
sexos, e descrevemos a TAS e a TAD, utilizando a média e o desvio padrão, os
54
METODOLOGIA
valores mínimos e máximos. Foi também calculada a média dos valores da
TAS e da TAD e respectivos desvios padrão nos intervalos percentílicos para o
sexo masculino e feminino, em função da idade e do sexo. Relativamente aos
valores dos resultados dos diferentes testes, dividimo-los pelas zonas de ApF
(“precisa de melhorar”, “zona saudável de ApF” e “acima da zona saudável de
ApF”), ajustadas ao sexo e à idade, de acordo com o Fitnessgram (2000).
Para estudar a associação entre a TAS e TAD e as variáveis da ApF,
aplicamos o teste Chi-square, uma vez que foram utilizados dados nominais.
Foram calculados os coeficientes de correlação de Spearman para as
variáveis TAS, TAD, VO₂ máx., senta e alcança (flexibilidade), força e
resistência da região superior do tronco (extensões de braços), força e
flexibilidade do tronco (extensão do tronco), força e resistência abdominal
(abdominais) e composição corporal (IMC).
Todos os dados foram analisados usando o software estatístico SPSS ®
13,0, sendo o nível de significância de 5%.
55
Apresentação e Discussão
dos Resultados
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Apresentação e discussão dos resultados
Apresentação dos dados
Nos quadros 4 e 5 estão representados o número de sujeitos em cada
idade e sexo, os valores mínimos e máximos, as médias assim como os
respectivos desvios padrão tanto da TAS como da TAD, correspondentes às
diferentes idades e sexos.
Quadro 4. Número (n) de sujeitos, valores mínimos e máximos, média e respectivos
desvios padrão (DP) da TAS por sexo e idade.
Sexo
Masc.
Fem.
Idade
13
14
15
16
13
14
15
16
n
6
12
10
7
11
12
15
3
TAS
Min.
99,0
100,0
92,0
107,0
98,0
97,0
110,0
113,0
Max.
132,0
135,0
144,0
132,0
136,0
136,0
141,0
126,0
Média
117,0
117,8
121,6
120,1
116,8
118,5
124,5
117,3
(DP)
11,3
11,1
13,6
8,3
9,5
13,0
9,7
7,5
Quadro 5. Número (n) de sujeitos, valores mínimos e máximos, média e respectivos
desvios padrão (DP) da TAD por sexo e idade.
Sexo
Masc.
Fem.
Idade
13
14
15
16
13
14
15
16
n
6
12
10
7
11
12
15
3
TAD
Min.
52,0
48,0
54,0
46,5
52,0
50,0
54,0
60,0
Max.
65,0
71,0
76,5
68,0
76,0
73,0
79,0
71,0
Média
59,1
58,9
62,6
58,6
61,1
61,0
66,3
66,0
(DP)
5,8
7,7
7,1
8,2
6,2
6,7
8,1
5,6
Destes quadros anteriores podemos verificar que a TAS aumenta com a
idade em ambos sexos, excepto dos 15 para os 16 anos, quando se verifica
uma pequena descida dos valores médios. O aumento dos valores médios da
TAS no sexo masculino é de 5,2%, sendo inferior ao apresentado pelo sexo
feminino, que é de 7,8%. Também a descida nos sujeitos de 16 anos é superior
para as raparigas, sendo para estas de 7,2%, quase o mesmo incremento
59
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
verificado no intervalo de 3 anos anterior (13, 14 e 15 anos), e para o sexo
masculino de apenas de 1,5%.
Relativamente à TAD, verifica-se uma situação curiosa, pois em ambos
os sexos a média desta, diminui dos 13 para os 14 anos de idades, assistindose a uma subida dos 14 para os 15, voltando a descer na faixa etária dos 16
anos de idade. Os valores médios da TAD diminuem 0,2% e 0,1% no sexo
masculino e feminino respectivamente, apresentam de seguida, na idade de 15
anos, um incremento de 2,5% no sexo masculino e 5,3% no sexo feminino. E
por fim diminui nos 16 anos 4% para os rapazes e apenas 0,3% nas raparigas.
De seguida surgem nos quadros 6 e 7, os pontos de corte da TAS e da
TAD, referenciados à idade e ao sexo, nos percentis 25, 50 e 75.
Quadro 6. Número (n) de sujeitos, percentil 25 (P25), percentil 50 (P50) e
percentil 75 (P75) da TAS por sexo e idade.
Masc.
Idade
13
14
15
16
n
6
12
10
7
TAS
P25
111,0
108,5
117,3
113,5
Fem.
13
14
15
16
11
12
15
3
110,0
106,5
118,0
113,0
Sexo
P50
115,0
116,8
121,5
121,4
P75
127,5
124,1
129,8
127,0
117,0
118,8
123,0
113,0
120,0
130,5
133,3
-
Quadro 7. Número (n) de sujeitos, percentil 25 (P25), percentil 50 (P50) e
percentil 75 (P75) da TAD por sexo e idade.
Sexo
Masc.
Fem.
Idade
13
14
15
16
13
14
15
16
n
6
12
10
7
11
12
15
3
TAD
P25
52,8
52,0
55,5
50,0
58,5
56,0
60,0
60,0
P50
60,3
58,5
62,8
59,0
60,0
60,3
65,0
67,0
P75
64,3
64,5
67,5
67,0
62,5
66,8
74,0
-
Estes mesmos quadros são apresentados de seguida em forma de
gráficos de linhas (figura 1 e 2), onde são apresentadas as curvas de
60
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
distribuição dos percentis, tanto da TAS como da TAD, em função da idade e
do sexo.
Ao analisarmos estas mesmas figuras, pode verificar-se um aumento
das TAS e da TAD de uma forma generalizada, em ambos os sexos e para
todas as idades, excepto para os 16 anos de idade. Nesta faixa etária
deparamo-nos sempre com uma diminuição dos valores das tensões arteriais,
exceptuando o caso da TAD no sexo feminino.
Figura 1. Curvas de distribuição do percentil 25, do percentil 50 e do percentil 75 da TAS (mmHg) por sexo e idade.
Masculino TAS
Feminino TAS
145
TAS (mmHg)
135
p 25
125
p 50
115
p 75
105
TAS (mmHg)
145
135
p 25
125
p 50
115
p 75
105
95
95
13
14
15
13
16
14
15
16
Idade (anos)
Idade (anos)
Figura 2. Curvas de distribuição do percentil 25, do percentil 50 e do percentil 75 da TAD (mmHg) por sexo e idade.
Masculino TAD
Feminino TAD
80
70
P 25
60
P 50
P 75
50
TAD (mmHg)
TAD (mmHg)
80
70
P 25
p50
p 75
60
50
40
40
13
14
15
Idade (anos)
16
13
14
15
16
Idade (anos)
61
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
No sentido de apoiar o facto, de que no teste vaivém, os alunos
atingiram o VO₂ máx., foi realizada e medição da frequência cardíaca (FC),
logo após a execução do teste. Expomos de seguida os valores médios da FC,
apresentados pelo sexo e masculino pelo sexo feminino.
Quadro 8. Número de sujeitos (n), Frequência cardíaca mínima, máxima,
média e desvios padrão para ambos os sexos, no teste vaivém.
Sexo
n
Média
DP
Masculino
35
201,5
8,3
Feminino
41
199,1
17,6
Os quadros seguintes apresentam todas as associações realizadas
entre os valores dos percentis da TAS e da TAD com os valores das zonas de
ApF da amostra para cada um dos testes do Fitnessgram.
Esta associação foi realizada apenas com duas categorias, tanto para os
percentis da TAS e TAD, como para as zonas de ApF, uma vez que para estas
quer a “zona saudável de ApF”, quer a zona “acima da zona saudável de ApF”
indicam que as crianças e adolescentes são aptos fisicamente nos diferentes
testes, sendo por isso possível juntar estas duas categorias. Relativamente aos
percentis da TAS e da TAD, também os dividimos em duas categorias, pois são
apenas considerados indivíduos com TA elevada quando possuem TAS ou
TAD acima do percentil 75.
Quadro 9. Associação entre as zonas de ApF para o VO₂ máx. em função dos percentis da TAS.
Zona de ApF VO₂ máx.
“Precisa de
melhorar”
“Zona saudável de
ApF” e “Acima da
zona saudável de
ApF”
Frequência
25
29
54
Frequência esperada
23,4
30,6
54,0
% Total
32,9%
38,2%
71,1%
Frequência
8
14
22
Frequência esperada
9,6
12,4
22,0
% Total
10,5%
18,4%
28,9%
Frequência
Frequência esperada
% Total
33
33,0
43,4%
43
43,0
56,6%
76
76,0
100,0%
Percentis
da TAS
<75
≥75
Total
Total
62
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
O quadro 9 apresenta os resultados obtidos através da realização do
teste estatístico Chi-square, relativamente à associação entre a zona de ApF
para o VO₂ máx. e o percentil da TAS.
Verificámos que na nossa amostra, 32,9% e 10,5% “precisa de
melhorar” a sua ApF, no que diz respeito à capacidade aeróbia, possuindo TAS
baixa e TAS alta, respectivamente. Relativamente à percentagem da nossa
amostra que se encontra nas zonas “saudável de aptidão física” e “acima da
zona saudável de aptidão física”, e com TAS baixa é de 38,2%, enquanto
18,4% possuem a sua TAS alta e os mesmos níveis saudáveis de ApF.
A análise estatística mostra também que a TAS não é dependente das
diferentes zonas de ApF, para a capacidade aeróbia, (p=0,428) sendo que não
se verifica uma associação estatisticamente significativa entre estas variáveis.
Quadro 10. Associação entre as zonas de ApF para o VO₂ máx. em função dos percentis da TAD.
Zona de ApF do VO₂ máx.
“Precisa de
melhorar”
“Zona saudável de
ApF” e “Acima da
zona saudável de
ApF”
Frequência
25
30
55
Frequência esperada
23,9
31,1
55,0
% Total
32,9%
39,5%
72,4%
Frequência
8
13
21
Frequência esperada
9,1
11,9
21,0
% Total
10,5%
17,1%
27,6%
Frequência
Frequência esperada
% Total
33
33,0
43,4%
43
43,0
56,6%
76
76,0
100,0%
Percentis
da TAD
<75
≥75
Total
Total
Com o quadro 10 podemos observar os resultados obtidos, pela
realização do teste estatístico Chi-square, relativamente à associação entre as
zonas de ApF para o VO₂ máx. e o percentil da TAD.
Ao analisarmos este quadro percebemos que em toda a amostra, 32,9%
“precisa de melhorar” a sua capacidade aeróbia e possui uma TAD baixa;
39,5% são fisicamente aptos relativamente ao VO₂ máx., tendo também TAD
63
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
baixa, enquanto que 10,5% possuem TAD elevada e necessitam de melhorar
quanto à ApF. Por fim, 17,1% possuem também TAD alta mas encontram-se
nas zonas “saudável de aptidão física” e “acima da zona saudável de aptidão
física”.
Estatisticamente esta análise revela a TAD não é dependente das
diferentes zonas de ApF, para a capacidade aeróbia, (p=0,563) não se
verificando portanto uma associação estatisticamente significativa entre estas
variáveis.
Quadro 11. Associação entre as zonas de ApF para a composição corporal resultantes do teste de IMC
em função dos percentis da TAS.
zona de ApF do IMC
“Precisa de
melhorar”
“Zona saudável de
ApF” e “Acima da
zona saudável de
ApF”
Frequência
6
48
54
Frequência esperada
7,8
46,2
54,0
% Total
7,9%
63,2%
71,1%
Frequência
5
17
22
Frequência esperada
3,2
18,8
22,0
% Total
6,6%
22,4%
28,9%
Frequência
Frequência esperada
% Total
11
11,0
14,5%
65
65,0
85,5%
76
76,0
100,0%
Percentis
da TAS
<75
≥75
Total
Total
O quadro anterior apresenta os resultados obtidos, do teste estatístico
Chi-square, quanto à associação entre as zonas de ApF relativamente à
composição corporal, resultante da aplicação do IMC e o percentil da TAS.
Neste caso verificámos que na nossa amostra, 7,9% e 6,6% “precisa de
melhorar” a sua composição corporal, sendo que possuem TAS baixa e TAS
elevada, respectivamente. Relativamente à percentagem da nossa amostra
fisicamente apta e com TAS abaixo do percentil 75, é de 63,2%, e por outro
lado igualmente aptos, mas com TAS alta, a percentagem é de 22,4%.
A análise estatística mostra também que a TAS não é dependente das
diferentes zonas de ApF, para a composição corporal, (p=0,192) sendo que
não se verifica uma associação estatisticamente significativa entre estas
variáveis.
64
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Quadro 12. Associação entre as zonas de ApF para a composição corporal resultantes do teste de IMC
em função dos percentis da TAD.
Zona de ApF do IMC
“Precisa de
melhorar”
“Zona saudável de
ApF” e “Acima da
zona saudável de
ApF”
Frequência
7
48
55
Frequência esperada
8,0
47,0
55,0
% Total
9,2%
63,2%
72,4%
Frequência
4
17
21
Frequência esperada
3,0
18,0
21,0
% Total
5,3%
22,4%
27,6%
Frequência
Frequência esperada
% Total
11
11,0
14,5%
65
65,0
85,5%
76
76,0
100,0%
Percentis
da TAD
<75
≥75
Total
Total
O quadro 12 apresenta os resultados obtidos através da realização do
teste estatístico Chi-square, relativamente à associação entre a zona de ApF
relativamente à composição corporal, resultante da aplicação do IMC, e o
percentil da TAD.
Ao analisarmos este quadro percebemos que na nossa amostra, 9,2%
“precisa de melhorar” a sua ApF quanto à sua composição corporal, e possui
uma TAD baixa; a grande maioria da amostra (63,2%) são fisicamente aptos
relativamente à composição corporal e têm também TAD baixa, enquanto que
um número muito reduzido de indivíduos (5,3%) possuem TAD alta e
necessitam de melhorar quanto à ApF, e por fim 22,4% possuem a TAD
igualmente alta mas, neste caso, encontram-se nas zonas “saudável de aptidão
física” e “acima da zona saudável de aptidão física”.
É importante referir ainda que a análise estatística mostra também que a
TAS não é dependente das diferentes zonas de ApF, para a composição
corporal, (p=0,192) sendo que não se verifica uma associação estatisticamente
significativa entre estas variáveis.
65
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Quadro 13. Associação entre as zonas de ApF para a força e resistência abdominal, resultantes do teste
de abdominais modificado, em função dos percentis da TAS.
Zona de ApF no teste de Abdominais
Modificado
Percentis
da TAS
<75
≥75
Total
“Precisa de
melhorar”
“Zona saudável de
ApF” e “Acima da
zona saudável de
ApF”
Frequência
21
33
54
Frequência esperada
22,0
32,0
54,0
% Total
27,6%
43,4%
71,1%
Frequência
10
12
22
Frequência esperada
9,0
13,0
22,0
% Total
13,2%
15,8%
28,9%
Frequência
Frequência esperada
% Total
31
31,0
40,8%
45
45,0
59,2%
76
76,0
100,0%
Total
O quadro 13 apresenta os resultados obtidos através da realização do
teste estatístico Chi-square, relativamente à associação entre a zona de ApF
para a aptidão muscular relativamente à força e resistência abdominal, através
do teste de abdominais modificado, e o percentil da TAS.
Com uma análise a este quadro verificámos que dentro da nossa
amostra, 27,6% e 13,2% “precisa de melhorar” a sua força e resistência
abdominal,
sendo
que
possuem
também
TAS
baixa
e
TAS
alta,
respectivamente. Por outro lado, a percentagem da nossa amostra que é
fisicamente apta e possui TAS baixa é de 43,4%. Enquanto que a amostra
enquadrada nas “zona saudável de ApF” e “acima da zona saudável de ApF é
de e 15,8%.
A análise estatística mostra também que a TAS não é dependente das
diferentes zonas de ApF, para a força e resistência abdominal, (p=0,597) sendo
que não se verifica uma associação estatisticamente significativa entre estas
variáveis.
66
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Quadro 14. Associação entre as zonas de ApF para a força e resistência abdominal, resultantes do teste
de abdominais modificado, em função dos percentis da TAD.
Zona de ApF no teste de Abdominais
Modificado
Percentis
da TAD
<75
≥75
Total
“Precisa de
melhorar”
“Zona saudável de
ApF” e “Acima da
zona saudável de
ApF”
Frequência
20
35
55
Frequência esperada
22,4
32,6
55,0
% Total
26,3%
46,1%
72,4%
Frequência
11
10
21
Frequência esperada
8,6
12,4
21,0
% Total
14,5%
13,2%
27,6%
Frequência
Frequência esperada
% Total
31
31,0
40,8%
45
45,0
59,2%
76
76,0
100,0%
Total
Com o quadro 14 podemos observar os resultados obtidos pela
realização do teste estatístico Chi-square, relativamente à associação entre a
Zona de ApF para a aptidão muscular no item da força e resistência abdominal,
através do teste de abdominais modificado, e o percentil da TAD.
Ao descrevermos os resultados deste quadro, podemos referir que em
toda a amostra, 26,4% não são fisicamente aptos e possuem uma TAD baixa;
46,1% são, pelo contrário, fisicamente aptos relativamente à força e resistência
abdominal, e têm também TAD baixa. Enquanto que 14,5% possuem TAD alta
e necessitam de melhorar quanto à ApF, e 13,2% e possuem também TAD alta
mas encontram-se nas zonas “saudável de aptidão física” e “acima da zona
saudável de aptidão física”.
Ao analisarmos estatisticamente este quadro aponta para a não
existência de uma dependência entre a TAD não e as zonas de ApF, para a
força e resistência abdominal, (p=0,204) sendo que não se verifica uma
associação estatisticamente significativa entre estas variáveis.
67
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Quadro 15. Associação entre as zonas de ApF para a força e flexibilidade do tronco, resultantes do teste
de extensão do tronco, em função dos percentis da TAS.
Zona de ApF Extensão do Tronco
“Precisa de
melhorar”
“Zona saudável de
ApF” e “Acima da
zona saudável de
ApF”
Frequência
3
51
54
Frequência esperada
3,6
50,4
54,0
% Total
3,9%
67,1%
71,1%
Frequência
2
20
22
Frequência esperada
1,4
20,6
22,0
% Total
2,6%
26,3%
28,9%
Frequência
Frequência esperada
% Total
5
5,0
6,6%
71
71,0
93,4%
76
76,0
100,0%
Percentis
da TAS
<75
≥75
Total
Total
O quadro 15 apresenta, neste caso, os resultados obtidos, através da
realização do teste estatístico Chi-square, quanto à associação entre a zona de
ApF, também para a aptidão muscular, mas relativamente à força e flexibilidade
do tronco, e o percentil da TAS.
Com a análise a este quadro, verificámos que na nossa amostra, apenas
3,9% e 2,6% “precisa de melhorar” a sua força e flexibilidade do tronco, sendo
que possuem TAS baixa e TAS alta, respectivamente. Quanto à percentagem
da nossa amostra que se encontra nas zonas “saudável de aptidão física” e
“acima da zona saudável de aptidão física” e possuem TAS baixa é de 67,1% e
com TAS alta e nos mesmos níveis de ApF, a percentagem é de 26,3%.
A análise estatística mostra também que a TAS não é dependente das
diferentes zonas de ApF, para a força e flexibilidade do tronco, (p=0,573) sendo
que não se verifica uma associação estatisticamente significativa entre estas
variáveis.
68
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Quadro 16. Associação entre as zonas de ApF para a força e flexibilidade do tronco, resultantes do teste
extensão do tronco, em função dos percentis da TAD.
Zona de ApF Extensão do Tronco
“Precisa de
melhorar”
“Zona saudável de
ApF” e “Acima da
zona saudável de
ApF”
Frequência
4
51
55
Frequência esperada
3,6
51,4
55,0
% Total
5,3%
67,1%
72,4%
Frequência
1
20
21
Frequência esperada
1,4
19,6
21,0
% Total
1,3%
26,3%
27,6%
Frequência
Frequência esperada
% Total
5
5,0
6,6%
71
71,0
93,4%
76
76,0
100,0%
Percentis
da TAD
<75
≥75
Total
Total
O anterior quadro (16) apresenta os resultados obtidos através da
realização do teste estatístico Chi-square, relativamente à associação entre a
zona de ApF para a aptidão muscular, relativamente à força e flexibilidade do
tronco e o percentil da TAD.
Este quadro indica que na nossa amostra, 5,3% “precisa de melhorar” a
sua força e flexibilidade do tronco, e possui uma TAD baixa, e aponta também
que a grande maioria da amostra (67,1%) são fisicamente aptos relativamente
à força e flexibilidade do tronco e têm também TAD baixa. Quanto aos sujeitos
possuem TAD alta e necessitam de melhorar quanto à ApF para a força e
flexibilidade do tronco, a percentagem é somente de 1,3%, enquanto que
26,3% possuem a TAD igualmente alta mas, neste caso, enquadram-se nos
níveis mais elevados da ApF para este teste.
Ao analisarmos estatisticamente este quadro, percebemos que este
aponta para a não existência de uma dependência entre a TAD e as zonas de
ApF, para a força e flexibilidade do tronco, (p=0,693) sendo que não se verifica
uma associação estatisticamente significativa entre estas variáveis.
69
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Quadro 17. Associação entre as zonas de ApF para a força e resistência da região superior do tronco,
resultantes do teste extensões de braços, em função dos percentis da TAS.
Zona de ApF da Extensões de Braços
“Precisa de
melhorar”
“Zona saudável de
ApF” e “Acima da
zona saudável de
ApF”
Frequência
42
12
54
Frequência esperada
41,9
12,1
54,0
% Total
55,3%
15,8%
71,1%
Frequência
17
5
22
Frequência esperada
17,1
4,9
22,0
% Total
22,4%
6,6%
28,9%
Frequência
Frequência esperada
% Total
59
59,0
77,6%
17
17,0
22,4%
76
76,0
100,0%
Percentis
da TAS
<75
≥75
Total
Total
O quadro 17 apresenta os resultados obtidos através da realização do
teste estatístico Chi-square, relativamente à associação entre a zona de ApF
para a aptidão muscular no que concerne à força e resistência da região
superior do tronco, através do teste de extensões de braços, e o percentil da
TAS.
Ao examinarmos este quadro verificamos que dentro da nossa amostra,
55,3% possuem TAS baixa e “precisa de melhorar” a sua força e resistência da
região superior do tronco, e também dentro desta zona de ApF, mas com TAS
alta, fazem parte 22,4%. Por outro lado, a percentagem da nossa amostra que
é fisicamente apta e possui TAS baixa e alta, é de 15,8% e 6,6%
respectivamente.
A análise estatística mostra também que a TAS não é dependente das
diferentes zonas de ApF, para a força e resistência da região superior do
tronco, (p=0,962) sendo que não se verifica uma associação estatisticamente
significativa entre estas variáveis.
70
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Quadro 18. Associação entre as zonas de ApF para a força e resistência da região superior do tronco,
resultantes do teste extensões de braços, em função dos percentis da TAD.
Zona de ApF da Extensões de Braços
“Precisa de
melhorar”
“Zona saudável de
ApF” e “Acima da
zona saudável de
ApF”
Frequência
42
13
55
Frequência esperada
42,7
12,3
55,0
% Total
55,3%
17,1%
72,4%
Frequência
17
4
21
Frequência esperada
16,3
4,7
21,0
% Total
22,4%
5,3%
27,6%
Frequência
Frequência esperada
% Total
59
59,0
77,6%
17
17,0
22,4%
76
76,0
100,0%
Percentis
da TAD
<75
≥75
Total
Total
Na observação do quadro 18 obtemos os resultados obtidos através da
realização do teste estatístico Chi-square, relativamente à associação entre a
Zona de ApF quanto à força e resistência da região superior do tronco, através
do teste de extensões de braços, e o percentil da TAD.
Na realização de uma análise sobre os resultados deste quadro,
percebemos que na nossa amostra total, 55,3% “precisa de melhorar” a sua
força e resistência da região superior do tronco, e possui uma TAD baixa;
22,4% não são fisicamente aptos quanto à força e resistência da parte superior
do tronco, mas possuem TAD elevada. A percentagem de adolescentes com
TAD baixa e com bons níveis de ApF é de 17,1%, e a percentagem dos alunos
com estes mesmos níveis de ApF, mas neste caso com TAD alta é de 5,3%.
Ao analisarmos estatisticamente este quadro aponta para a não
existência de uma dependência entre a TAD não e as zonas de ApF, para a
força e resistência da região superior do tronco, (p=0,668) sendo que não se
verifica uma associação estatisticamente significativa entre estas variáveis.
71
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Quadro 19. Associação entre as zonas de ApF para a flexiilidade, resultantes do teste senta e alcança,
em função dos percentis da TAS.
Zona de ApF da Flexibilidade
“Precisa de
melhorar”
“Zona saudável de
ApF” e “Acima da
zona saudável de
ApF”
Frequência
29
25
54
Frequência esperada
27,7
26,3
54,0
% Total
38,2%
32,9%
71,1%
Frequência
10
12
22
Frequência esperada
11,3
10,7
22,0
% Total
13,2%
15,8%
28,9%
Frequência
Frequência esperada
% Total
39
39,0
51,3%
37
37,0
48,7%
76
76,0
100,0%
Percentis
da TAS
<75
≥75
Total
Total
O quadro 19 apresenta, neste caso, os resultados obtidos através da
realização do teste estatístico Chi-square, relativamente à associação entre a
zona de ApF relativamente à flexibilidade, através do teste senta e alcança e o
percentil da TAS.
Com a análise a este quadro, verificámos que na nossa amostra 38,2%
e 13,2% “precisa de melhorar” a sua flexibilidade, sendo que possuem TAS
baixa e TAS alta, respectivamente. Quanto à percentagem da nossa amostra
que se encontra nas zonas “saudável de aptidão física” e “acima da zona
saudável de aptidão física” e possuem TAS baixa é de 32,9% e com TAS alta e
nos mesmos níveis de ApF, a percentagem é de 15,8%.
A análise estatística mostra também que a TAS não é dependente das
diferentes zonas de ApF, para a flexibilidade, (p=0,514) sendo que não se
verifica uma associação estatisticamente significativa entre estas variáveis.
72
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Quadro 20. Associação entre as zonas de ApF para a flexiilidade, resultantes do teste senta e alcança,
em função dos percentis da TAD para ambos os sexos.
Zona de ApF da Flexibilidade
“Precisa de
melhorar”
“Zona saudável de
ApF” e “Acima da
zona saudável de
ApF”
Frequência
28
27
55
Frequência esperada
28,2
26,8
55,0
% Total
36,8%
35,5%
72,4%
Frequência
11
10
21
Frequência esperada
10,8
10,2
21,0
% Total
14,5%
13,2%
27,6%
Frequência
Frequência esperada
% Total
39
39,0
51,3%
37
37,0
48,7%
76
76,0
100,0%
Percentis
da TAD
0-75
75-100
Total
Total
Com o quadro 20 podemos observar os resultados obtidos através da
realização do teste estatístico Chi-square, relativamente à associação entre a
zona de ApF relativamente à flexibilidade, através do teste senta e alcança e o
percentil da TAD.
Ao analisarmos este quadro percebemos que em toda a amostra, 36,8%
“precisa de melhorar” a sua flexibilidade, e possui uma TAD baixa; 35,5% são
fisicamente aptos relativamente à flexibilidade, tendo também TAD baixa,
enquanto que 14,5% possuem TAD alta e necessitam de melhorar quanto à
ApF. Por fim 13,2% possuem também TAD alta mas encontram-se nas zonas
“saudável de aptidão física” e “acima da zona saudável de aptidão física”.
Ao analisarmos estatisticamente este quadro aponta para a não
existência de uma dependência entre a TAD não e as zonas de ApF, para a
flexibilidade,
(p=0,909)
sendo
que
não
se
verifica
uma
associação
estatisticamente significativa entre estas variáveis.
No quadro 21 surge uma análise correlacional bivariada da TAS e da
TAD, para todas as idades consideradas (13 aos 16 anos) e para ambos os
sexos, com as zonas de ApF da capacidade aeróbia (VO₂ máx.), da
flexibilidade (senta e alcança), da força e resistência da região superior do
tronco (extensão de braços), da força e flexibilidade do tronco (extensão do
73
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
tronco), da força e resistência abdominal (abdominais) e da composição
corporal (IMC), através da correlação de Spearman.
Quadro 21. Coeficientes de correlação de Spearman entre os percentis da TAD e TAS para as zonas de ApF
nas suas diferentes componentes, para ambos os sexos.
Percentis
da TAS
Percentis
da TAD
Coeficiente
de correlação
p
Coeficiente
de correlação
p
Zona de
ApF
senta e
alcança
Zona
de ApF
da Ex.
braços
Zona
de ApF
Ex.
Tronco
Zona
de ApF
abd.
Zona
de ApF
do IMC
Zona
de ApF
VO₂
máx
0,075
0,005
-0,065
-0,061
-0,150
0,091
0,520
0,962
0,579
0,603
0,197
0,435
-0,013
-0,049
0,045
-0,146
-0,080
0,066
0,910
0,673
0,698
0,209
0,490
0,569
Com a análise deste quadro, percebemos que não se verifica nenhuma
correlação significativa quer da TAS, quer da TAD com qualquer uma das
restantes variáveis. No entanto, a correlação entre a TAS e as componentes
força e flexibilidade do tronco, força e resistência abdominal e composição
corporal, negativa. Enquanto que uma correlação positiva verificou-se entre a
TAS e as componentes da ApF flexibilidade, força e resistência da região
superior do tronco e capacidade aeróbia.
Podemos ainda perceber a existência de correlações negativas entre os
percentis da TAD e as componentes flexibilidade, força e resistência da região
superior do tronco, força e resistência abdominal e composição corporal. A
correlação entre a TAD e as restantes componentes da ApF é positiva.
Estas
correlações
negativas
sugerem
que
à
medida
em
que
componentes da ApF, em que tal correlação se verificou, melhoram, os valores
da TAS e da TAD diminuem, e vice-versa.
74
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Discussão dos resultados
Segundo Guerra (2002), não é possível encontrar qualquer critério para
a definição de um valor de corte da TA. Como tal, optamos por dividir a nossa
amostra em quartis, no sentido de identificar os adolescentes com TA elevada,
exactamente o mesmo procedimento que esta autora teve. Esta divisão foi
realizada em função do sexo e da idade, pois como refere Shreeve (1998),
estes são factores determinantes que influenciam a TA. A divisão por quartis
teve a finalidade de identificar os alunos que com valores de TAS e TAD acima
do percentil 75 apresentam um maior risco de vir a sofrer de hipertensão.
Ao contrário do que se tem vindo a verificar na literatura, a nossa
amostra apresenta uma evolução da TA com idade não linear. Ou seja, a
amostra apresenta um aumento progressivo da TAS, em ambos os sexos, até
aos 15, quando depois sofre uma regressão até aos 16 anos. No que diz
respeito à TAD esta apresenta ainda mais variações, descendo dos 13 para os
14 anos, aumentando destes para os 15, e voltando a descer nos 16 anos de
idade, contrariando os resultados de Man et al. (1989) que referem que a TA
aumenta com a idade. Dados diferentes foram também encontrados por Guerra
(2002), quando em crianças e adolescentes dos 8 aos 15 anos, esta autora
descreveu um aumento progressivo da TAS e da TAD, não só com a idade,
mas também com o peso e a altura.
Outro dado contrariado, de que TA arterial é superior no sexo masculino,
surge com os nossos resultados. No nosso estudo a TAS sofre várias
variações, sendo superior no sexo feminino para algumas idades e para outras,
superior para o sexo masculino. Enquanto que os valores da TAD apresentamse em todas as faixas etárias superiores na sexo feminino. Estes dados são
apoiados por Guerra (2002), quando afirma que no seu estudo os resultados,
apontam para a não existência de diferenças significativas entre sexos quer
para a TAS, como para a TAD. Já Shreeve (1998) descreve o oposto, referindo
que TA é superior nos homens relativamente às mulheres. Al-Hazzaa et al.
(1994) são da mesma opinião ao referirem que as raparigas apresentam um
melhor perfil da TA.
75
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Algumas limitações apresentadas no nosso estudo, poderiam ser
corrigidas em futuros trabalhos sobre esta temática, no sentido de verificar se
continuariam a ocorrer os mesmos resultados. Uma dessas limitações prendese com o reduzido números de sujeitos pertencentes à nossa amostra. Este
factor pode não traduzir os valores reais da população em geral, para estas
idades. Além disso quando separamos a amostra por idades e por sexos, esta
tornou-se ainda mais reduzida, sendo por este mesmo motivo, que apenas
utilizamos estas separações para verificar os valores médios, para atribuir os
quartis à TAS e TAD, e para atribuir, também, os níveis de ApF, aos resultados
obtidos nos diferentes testes do Fitnessgram. Na verificação da dependência e
da correlação de Spearman, não utilizamos esta divisão, pois, caso contrário
teríamos uma amostra demasiado reduzida para estes estudos.
Assim,
aquando da realização de próximos estudos similares, parece-nos importante a
utilização de uma amostra mais substantiva.
Uma outra limitação está relacionada com a proximidade entre os
escalões etários. Dos mais novos aos mais velhos existem apenas três anos de
diferença, o que pode não permitir uma distinção significativa entre as idades.
No nosso estudo foram realizados testes estatísticos no sentido de
verificar a existência de dependência entre a TAS e TAD e todas as
componentes da ApF, avaliadas pelos diferentes testes sugeridos pela bateria
de testes Fitnessgram (2000). Com os resultados obtidos não se verificou
qualquer valor significativo (p ≥ 0,005, para todos as variáveis), o que indica
que TAS e/ou a TAD não possuem qualquer forma de dependência com
nenhuma das componente da ApF. Assim, parece que o principal aspecto
verificado no nosso estudo é que a ApF não influencia nem a TAS nem a TAD.
Este facto é corroborado com os resultados obtidos por Boreham et al. (2001),
que com o seu estudo pretendiam o conhecimento sobre a independência e a
força relativa da associação entre os factores de risco das doenças
cardiovasculares e a ApF, (utilizando a componente da ApF capacidade
aeróbia), entre outros. Também Andersen e Haraldsdóttir (1995) consideram o
efeito da ApF, analisando a capacidade aeróbia, através do VO₂ máx., pode ser
76
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
considerado um factor de risco independente das doenças cardiovasculares,
como a hipertensão (Sopko, 1992).
No entanto, os nossos resultados são contrariados por muitos autores.
Dwyer e Gibbons (1994) referem uma associação entre a ApF, quando
analisaram a sua componente capacidade aeróbia, e a TAS em crianças, no
entanto apontam ainda para uma influência maior por parte da ApF
relativamente à TAS, em relação à TAD. Também Hagberg (1995), estudando
a capacidade aeróbia, aponta para que o aumento da ApF resulte numa
diminuição do risco de desenvolvimento da hipertensão.
Além de não apurarmos qualquer dependência entre os valores da TAS
e da TAD e os níveis de ApF, também não verificamos uma correlação
estatisticamente significativa entre estas variáveis. Man et al. (1989) sugerem
as mesmas conclusões quando estudavam a possível relação entre a ApF,
através do estudo da componente capacidade aeróbia, pelo VO₂ máx., e a TA,
chegando à principal conclusão de que a TA e a ApF não se encontram
relacionadas, encontrando apenas uma relação inversa entre a TAD e a ApF
(capacidade aeróbia), mas apenas para o sexo feminino.
Boreham et al. (2001) concluíram que a ApF não se encontra
correlacionada com os factores de risco das doenças cardiovasculares, onde
estão inseridas a TAS e a TAD. Também Guerra et al. (2002), chegaram a
conclusões similares, quando descobriram no seu estudo que, além dos
rapazes serem mais aptos e possuírem menos gordura corporal que as
raparigas, os níveis de aptidão cardiorespiratória parecem não ter uma
importante correlação da variação da TA relativamente aos grupos de idade e
sexos. Al-Hazzaa et al. (1994) sugerem, de igual forma, com os seus
resultados, que a aptidão cardiorespiratória não está significativamente
relacionada com a TA.
Por outro lado Andersen e Haraldsdóttir (1995) e Thomas et al. (2003)
concluíram que os níveis de ApF e a TA, estão realmente associados
negativamente entre estas variáveis.
Uma outra restrição importante do nosso estudo, que poderá ter
influência nos nossos resultados, foi citada por Man et al. em 1989, quando
77
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
aconselham prudência na associação entre a TA e a ApF, uma vez que ambas
são influenciadas pelo crescimento.
78
Conclusões
CONCLUSÕES
Conclusões
Com os resultados que obtivemos no presente estudo, permitiram-nos
atingir as seguintes conclusões:
- Não se verifica qualquer relação de dependência entre a TAS e a TAD,
e uma qualquer outra componente, pertencente à ApF. Isto é, a capacidade
aeróbia (VO₂ máx.), a flexibilidade (senta e alcança), a força e resistência da
região superior do tronco (extensão de braços), a força e flexibilidade do tronco
(extensão do tronco), a força e resistência abdominal (abdominais) e a
composição corporal (IMC), como componentes da ApF não determinam
alterações na TAS nem na TAD;
- Os coeficientes de correlação não se apresentam significativos para
nenhuma das variáveis estudadas, não se verificando portanto nenhuma
associação benéfica entre o nível de ApF, de cada uma das suas
componentes, das crianças e adolescentes e os valores da TAS e da TAD;
- Estes dados vêm fortalecer a controvérsia já existente na relação entre
a ApF e a TA em crianças e adolescentes, uma vez que não conseguimos
clarificar qualquer relação entre estas duas variáveis;
- Tal como refere Guerra (2002), podemos concluir também, que
independentemente do critério utilizado, devem ser sempre descritos valores
de corte ajustados à idade e ao sexo.
Sugestões para futuros estudos
Depois de retiradas as conclusões, a que este estudo nos conduziu,
parece-nos importante apresentar algumas sugestões, no sentido de colmatar
algum objectivo menos conseguido, e que poderão contribuir para um
conhecimento ainda mais profundo da problemática analisada neste estudo.
Num estudo semelhante, seria positivo a utilização de uma amostra mais
significativa, e com um leque de idades mais amplo, no sentido de reforçar ou,
por outro lado, contrariar os resultados obtidos e de representarem de forma
mais consistente a população a estudar.
81
CONCLUSÕES
A realização de um estudo longitudinal, poderá permitir verificar a
evolução tanto da TA, como da ApF, e de que forma a evolução da ApF poderá
influenciar ou não os valores da TA.
82
Bibliografia
BIBLIOGRAFIA
Bibliografia
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AL-HADDAD, F.; AL-NUAIMI, Y.; LITTLE, B. & THABIT, M. (2000):
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UNIVERSIDADE DO PORTO Faculdade de Ciências do Desporto e