XXVII Congresso Interamericano de Engenharia Sanitária e Ambiental VI-052 - MONITOR PASSIVO DE DIÓXIDO DE ENXOFRE CONSTRUÇÃO E TESTES DE VALIDAÇÃO Maria Lúcia G. Guardani(1) Bacharel em Química pelo Instituto de Química da Universidade de São Paulo (IQ/USP). Trabalha na Cetesb (Cia de Tecnologia de Saneamento Ambiental) desde 1989. Ocupando o cargo de Químico, no Setor de Amostragem e Análise do Ar. Cursos de especialização no Japão e Estados Unidos, no tema poluição do ar e qualidade atmosférica. Maria Helena R. B. Martins Bacharel em Química pelo Instituto de Química da Universidade de São Paulo (IQ/USP). Trabalha na Cetesb (Cia de Tecnologia de Saneamento Ambiental) desde 1983. Ocupando a partir de 1995, o cargo de Gerente do Setor de Amostragem e Análise do Ar. Cursos de especialização no Japão e Estados Unidos, no tema poluição do ar e qualidade atmosférica. FOTOGRAFIA NÃO DISPONÍVEL Endereço(1): CETESB - Companhia de Tecnologia e Saneamento Ambiental - Av. Prof. Frederico Hermann Jr. 345 - Alto de Pinheiros - São Paulo - SP - CEP: 05489-900 - Brasil - Tel: 55 (11) 3030-6668 - e-mail: [email protected] RESUMO O dióxido de enxofre é lançado na atmosfera principalmente pela queima de combustíveis fósseis tais como carvão, óleo combustível e óleo diesel. Existem evidências de que o dióxido de enxofre agrava as doenças respiratórias preexistentes e também contribui para seu desenvolvimento. O presente trabalho descreve o desenvolvimento de monitor passivo que possibilita a medida da concentração (µg/m³) deste poluente. A taxa experimental de coleta do monitor passivo foi determinada através de medições paralelas com monitores automáticos. Constatou-se uma diferença média relativa de 20% entre as medições efetuadas por este tipo de monitor e os monitores automáticos. O monitor passivo é uma ferramenta importante para o mapeamento de regiões, levantamento de séries históricas e monitoramento de locais sem energia elétrica, além de possuir baixo custo de confecção e ser de fácil instalação e operação. PALAVRAS-CHAVE: Poluição Atmosférica, Amostrador Passivo, Dióxido de Enxofre. INTRODUÇÃO O dióxido de enxofre é lançado na atmosfera principalmente pela queima de combustíveis fósseis tais como carvão, óleo combustível e óleo diesel. Existem evidências de que o dióxido de enxofre, em concentrações acima do padrão de qualidade do ar, agrava as doenças respiratórias preexistentes e também contribui para seu desenvolvimento. Sozinho, produz irritação no sistema respiratório e, absorvido em partículas, pode ter seu grau de agressividade potencializado. Além de danoso à saúde, o dióxido de enxofre, junto com óxidos de nitrogênio, é um dos principais precursores da chuva ácida. É também responsável pela formação de sulfatos secundários que contribuem para a formação do material particulado na atmosfera. Com o objetivo de ampliar a rede de monitorização de dióxido de enxofre no Estado de São Paulo, assim como possibilitar a avaliação de concentração em locais afastados, como por exemplo em pontos na Serra do Mar, foi desenvolvido um amostrador passivo, de baixo custo de confecção. Este monitor, ao contrário dos monitores manuais e automáticos, de alto custo, não depende de energia elétrica para seu funcionamento. Os amostradores para substâncias gasosas presentes na atmosfera podem ser classificados em duas categorias: ativos e passivos. A principal diferença entre o amostrador passivo e o ativo é a forma utilizada para transferir o poluente da atmosfera para o meio de coleta. Os amostradores passivos são definidos como aqueles em que não se utiliza energia elétrica, ou qualquer mecanismo de propulsão para coleta. Já os amostradores ativos utilizam bomba e controladores de fluxos necessitando assim de energia elétrica para o funcionamento. ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 1 XXVII Congresso Interamericano de Engenharia Sanitária e Ambiental A utilização de amostradores passivos pela CETESB vem de longa data sendo que já na década de 70 utilizava-se o método da vela de peróxido de chumbo para avaliar a presença de compostos de enxofre na atmosfera. Tal método tinha a vantagem de não necessitar de energia elétrica, ser barato e de fácil instalação e não precisar de qualquer meio propulsor para a coleta de amostras. Embora os resultados fossem expressos em termos de taxa de sulfatação (mgSO3/100cm2/30dias) e não diretamente em concentrações, consistia em uma ferramenta valiosa para mapear regiões quanto à presença de compostos de enxofre na atmosfera. Entretanto, devido a sua geometria de construção, este tipo de amostrador é sujeito à ação dos ventos, fazendo com que haja variação na taxa de coleta. Outra desvantagem deste tipo de amostrador é a utilização em grandes quantidades de reagentes a base de chumbo, que é uma substância tóxica. Outro tipo de dispositivo também utilizado para coleta de SO2, são placas contendo um filtro impregnado com carbonato (método das placas alcalinas). Este método fornece também taxas de sulfatação mas não assegura que a difusão é o processo dominante de transporte do poluente no amostrador, o que faz com que sua taxa de coleta seja também variável. Este problema foi solucionado no novo tipo de amostrador desenvolvido e apresentado neste trabalho que possui uma taxa de coleta constante, possibilitando a medida efetiva das concentrações (µg/m3) de SO2 na atmosfera. A determinação das concentrações dos poluentes amostrados é um considerável avanço na utilização de amostradores passivos e abre um novo horizonte na utilização deste tipo de amostrador. Acrescente-se a isto o baixo custo do monitor, aliado a facilidade de instalação e operação. PRINCÍPIOS DE FUNCIONAMENTO O princípio de coleta para amostradores passivos é baseado na capacidade de difusão das espécies gasosas presentes na atmosfera e na reação com meios absorventes adequados. O princípio para a transferência do gás através de um tubo é baseado na primeira Lei de Fick, que estabelece que o movimento de difusão das moléculas é determinado pelas diferenças de concentração ao longo do volume do sistema. Figura 1: Amostrador Passivo. 2 L 1 L - comprimento do tubo 1- entrada de ar no amostrador 2- filtro impregnado A Lei de Fick estabelece uma proporcionalidade entre a densidade de fluxo de massa, J, e o gradiente de concentração, C. Para a densidade de fluxo ao longo de um tubo de comprimento L, vale a expressão: J = −D dC dz (1) sendo a taxa média de variação da concentração de gás para todo o tubo estimada a partir da seguinte expressão: ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 2 XXVII Congresso Interamericano de Engenharia Sanitária e Ambiental ( C −C dC ΔC 1 ≅ ≅− 2 dz Δz L ) (2) onde: J = Densidade de fluxo do gás de 1 até 2 na direção z (µg/m2s);(figura 1) C = Concentração do gás nos pontos 1 e 2 (µg/m3); z = Coordenada axial (m); D = Coeficiente de difusibilidade molecular do gás coletado, no caso SO2, no ar, m2/s. L = comprimento do tubo (m) Para o transporte de massa por difusão em um tubo cilíndrico com área da seção transversal de escoamento igual a A (m2) e comprimento L (m), a taxa de transferência de massa, F (µg/s), é expressa por: F = J ⋅ A ≅ −D A (C 2 − C1 ) L (3) Supondo que a taxa de absorção do gás coletado pelo meio absorvente, disposto no ponto 2 do tubo, seja muito mais alta que F, pode-se considerar que a concentração do gás próximo à superfície do filtro absorvente (C2), seja aproximadamente zero. Assim, a partir da massa, ∆m, coletada em um intervalo de tempo ∆t, obtém-se a taxa média de coleta, F, segundo a expressão: F= ∆m A ≅ D C1 ∆t L (4) Uma vez que a concentração do gás é expressa em massa por unidade de volume de ar e sendo que o incremento de massa, ∆m, equivale à massa do gás coletado no intervalo de tempo ∆t, a taxa de coleta de ar é expressa na forma: TAXA DE COLETA = ∆v DA = ∆t L (5) Para o intervalo de tempo (∆t) de 24 horas a TAXA DE COLETA (equação 5), pode ser expressa em m3/dia. Em amostradores passivos, quando o comprimento do tubo é pequeno em relação ao diâmetro, para que a taxa de coleta seja constante é necessário o uso de telas ou filtros de membrana inertes, com porosidade definida, na entrada do dispositivo, evitando assim as turbulências causadas pelos ventos que poderiam causar variações no tamanho do caminho de difusão. INTERFERÊNCIAS Embora temperatura e umidade afetem a difusão das moléculas do gás, observa-se que para amostragens de campo a variação da taxa média de coleta é pequena frente às concentrações ambientais usuais. A literatura indica que em câmaras de difusão, com umidade controlada, não foram constatadas variações significativas na taxa de coleta de SO2 em relação a variações de umidade. Foi observado que para intervalos de temperaturas de 5oC a 25oC, trabalhando em condições controladas, ocorreram pequenas variações na taxa de coleta, cerca de 0,8%, sendo que na prática essas diferenças podem ser desprezadas. O vento pode afetar diretamente a taxa de coleta do amostrador. A turbulência causada por altas velocidades de vento implica em uma diminuição do caminho de difusão, causando uma avaliação superestimada das concentrações ambientais. Em amostragens de campo, o efeito de turbulência pode ser minimizado, ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 3 XXVII Congresso Interamericano de Engenharia Sanitária e Ambiental utilizando uma alta relação comprimento/área, no caso de amostradores do tipo tubo. Em amostradores onde a relação comprimento/área é baixa, utilizam-se na extremidade aberta do amostrador, membranas hidrofóbicas inertes com microporos. Em alguns casos, quando o processo de absorção do gás no filtro reativo é relativamente lento, a taxa de coleta do amostrador passivo é determinada não só pela difusão do gás amostrado mas também pela absorção do gás no meio de coleta. Isto resulta numa diminuição da taxa de coleta quando comparada com a calculada pela lei de Fick e pode causar também um aumento da influência da temperatura e umidade, uma vez que o processo de absorção é muito mais sensível a estes fatores que o processo de difusão. DESCRIÇÃO DO AMOSTRADOR O amostrador passivo para coleta de SO2 foi desenvolvido utilizando-se materiais de baixo custo, como tubos e tampas de PVC. O amostrador consiste em um cilindro de 20 mm de comprimento e diâmetro interno de 26 mm e pode ser visualizado nas figuras 2 e 3. Figura 2: Partes do Amostrador Passivo Desenvolvido neste Estudo. Figura 3: Esquema do Amostrador Passivo Desenvolvido neste Estudo. Filtro Impregnado Tampa Superior Anel de Suporte Tampa Inferior Filtro Membrana Na extremidade “aberta” do tubo encontra-se um filtro de membrana FH Millipore (tipo Fluoropore) em PTFE, de 0,5 µm de poro. O filtro de membrana tem a finalidade de minimizar efeitos do vento (turbulência), na difusão do gás. Na extremidade fechada do amostrador encontra-se um filtro circular de fibra de vidro Gelman Sciences (tipo A/E) com 26 mm de diâmetro, impregnado com solução de carbonato de potássio a 3% e glicerina a 7%. ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 4 XXVII Congresso Interamericano de Engenharia Sanitária e Ambiental METODOLOGIA PREPARAÇÃO DOS AMOSTRADORES Antes de impregnados, os filtros foram imersos em um béquer com água deionizada e levados a um banho termostatizado, a 60oC, por 30 minutos. Em seguida, foram lavados em banho de ultra-som por 30 minutos e em banho termostatizado por mais 30 minutos Após este procedimento, os filtros foram secados individualmente a vácuo em um funil com placa de vidro sinterizado. Em seguida foram colocados em um dessecador a 60oC em banho termostatizado e submetidos a vácuo. Cada filtro foi então impregnado utilizando-se 400 µL de uma solução de carbonato de potássio a 3% e glicerina a 7% e secado em um dessecador submetido a vácuo a 60oC em banho termostatizado. AMOSTRAGEM Os amostradores foram instalados em postes a 3,5 metros do solo, ficando a 20 cm de distância do ponto de fixação do suporte. Cada amostrador foi protegido por um abrigo de PVC. O estudo foi desenvolvido entre setembro de 1996 e fevereiro de 1997 e entre janeiro e dezembro de 1999. O período de exposição variou entre 15 e 30 dias. ANÁLISE Os filtros dos amostradores passivos e os filtros “brancos” foram extraídos com 10 mL de solução a 0,3% de peróxido de hidrogênio. Antes do extrato ser injetado no cromatógrafo iônico, adicionou-se a este 1,5 mL de uma solução a 0,002% de catalase. A adição de catalase é necessária para destruição da água oxigenada em excesso que pode danificar a coluna cromatográfica. Os extratos foram analisados por cromatografia iônica, utilizando-se um cromatógrafo Shimadzu, modelo 10A, equipado com detector de condutividade, utilizando-se como eluente solução de Na2CO3 (2,2 mM), e NaHCO3 (2,8 mM), à vazão de 2,0 mL/min. A coluna utilizada para separação foi da marca Dionex (HPICAS3), e supressora modelo AMMS-II. O regenerante utilizado foi H2SO4 (50 mM), e o volume do “loop” de injeção foi de 50 µL. RESULTADOS DETERMINAÇÃO DAS TAXAS DE COLETA A taxa de coleta do amostrador passivo, descrita na equação (5) deve ser determinada experimentalmente uma vez que a existência da membrana porosa na entrada do dispositivo dificulta o cálculo teórico da mesma. Esta taxa pode ser calculada conforme descrito na equação (6), onde são utilizados os dados de massa de dióxido de enxofre obtidos no amostrador passivo e as concentrações atmosféricas obtidas por um monitor automático. taxa de coleta experimental (m 3 /dia) = μg(SO2 )passivo ( μg/m3 (SO 2 ) automático )x(nºde dias) (6) Para a determinação da taxa de coleta, foram instalados dois amostradores passivos, em paralelo, nas seguintes estações da rede telemétrica da CETESB na Região Metropolitana de São Paulo: Osasco, Ibirapuera, Congonhas, Parque Dom Pedro II, Cerqueira César e Pinheiros. Estes locais possuíam monitores automáticos de dióxido de enxofre da marca “Thermo Environmental Instruments”, modelo 43 B, com detector de fluorescência de pulso, acoplado a um calibrador multigás com tubo de permeação de dióxido de enxofre certificado. Para a determinação da taxa de coleta experimental, foram utilizados dados relativos às amostragens realizadas de setembro de 1996 a dezembro de 1997. ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 5 XXVII Congresso Interamericano de Engenharia Sanitária e Ambiental Uma análise descritiva inicial das taxas de coleta experimentais (equação 6), determinadas nas seis estações amostradoras, apontou para a presença de dados discrepantes, que foram excluídos das análises posteriores. Foi levantada então a distribuição de freqüência das taxas, que ajudou a definir o uso da média aritmética, devido à simetria da distribuição em torno deste valor (a distribuição normal foi a que melhor se ajustou aos dados) como um parâmetro a ser usado no cálculo das taxas. Analisando separadamente cada local onde foram instalados os amostradores, não foram encontradas diferenças significativas entre as taxas específicas de cada um deles. A figura 4 ilustra este resultado. Cada diagrama resume a distribuição das taxas em local de amostragem, sendo que os limites inferior e superior do retângulo representam respectivamente os percentis 25% e 75%, e o traço do meio a mediana (percentil 50%). Pode-se observar que apesar das médias aritméticas de cada local (representadas pelo sinal de “+” no interior do retângulo) diferirem de uma estação para outra, os valores das taxas variam em intervalos parecidos. Optou-se por determinar uma taxa média geral, mais apropriada à aplicação destes resultados em locais distintos daqueles onde foram coletadas as amostras. Figura 4: Box-Plot das taxas médias diárias por estação. A tabela 1 apresenta a taxa de coleta obtida experimentalmente bem como seu respectivo intervalo de confiança. Tabela 1: Taxa experimental de coleta média. Taxa média (m3/dia) Intervalo de Confiança (95%) 0,042 [0,039 - 0,045] Uma vez determinada a taxa de coleta, esta foi aplicada às massas obtidas na análise dos amostradores passivos, resultando em um valor “estimado” para as concentrações de SO2 medidas por estes amostradores. ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 6 XXVII Congresso Interamericano de Engenharia Sanitária e Ambiental Algumas análises estatísticas foram efetuadas a partir daí, comparando estes valores obtidos com as respectivas concentrações de dióxido de enxofre medidas pela rede automática, visando verificar a validade do uso desta taxa de coleta, determinada da forma descrita. COMPARAÇÃO ENTRE AS MEDIDAS EFETUADAS PELOS MONITORES AUTOMÁTICOS E AMOSTRADORES PASSIVOS Para a análise a seguir foram utilizados dois conjuntos de dados, a saber: − − Conjunto 1 - Dados de setembro de 1996 a dezembro de 1997, que foram utilizados para a determinação da taxa experimental de coleta Conjunto 2 - Dados de janeiro a dezembro de 1999, que foram utilizados para teste do amostrador As figura 5 e 6 ilustram os resultados da comparação entre as concentrações de SO2 medidas pelos amostradores passivos (calculadas utilizando-se a taxa de coleta da tabela 1), e as médias das concentrações obtidas pelos monitores automáticos nos mesmos períodos. Conc. SO 2 (µg/m³)- Passivo Figura 5: Concentrações de SO2 medidas pelos amostradores passivos e pela rede automática (Telemétrica) - Dados do conjunto 1 (setembro de 1996 a dezembro de 1997). y = 0,8531x 2 R = 0,7022 50 40 30 20 10 0 0 10 20 30 40 50 Conc. SO2 (µg/m³) - Rede Automática Conc. SO2 (µg/m³)- Passivo Figura 6: Concentrações de SO2 medidas pelos amostradores passivos e pela rede automática (Telemétrica) - Dados do conjunto 2 (janeiro de 1999 a dezembro de 1999). y = 1,0694x 2 R = 0,7425 50 40 30 20 10 0 0 10 20 30 40 50 Conc. SO2 (µg/m³) - Rede Automática ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 7 XXVII Congresso Interamericano de Engenharia Sanitária e Ambiental Os coeficientes de correlação linear encontrados (r) de 0,838 (conjunto 1) e (r) 0,862 (conjunto 2) demonstram que os valores obtidos pelos amostradores passivos estão fortemente correlacionados com os respectivos valores obtidos pelos monitores automáticos na faixa de aproximadamente 5 a 40 µg/m3. Foram calculadas as diferenças entre as concentrações medidas pelos amostradores passivos e rede automática. Um resumo destas diferenças pode ser observado na tabela 2. Tabela 2: Resumo das comparações. Diferença Média Relativa (em módulo) (%) Conjunto de dados 1 20± 3 Conjunto de dados 2 18±4 Diferença Máxima Relativa (em módulo) (%) 52 53 Diferença Média Absoluta (em módulo) (µg/m3) 3,7± 0,7 2,7±0,6 A figura 7 resume a distribuição dos desvios relativos em módulo para os dois conjuntos de dados, sendo que os limites inferior e superior do retângulo representam respectivamente os percentis 25% e 75%, o traço longo ao meio a mediana e o traço curto ao meio a média. Figura 7: Box-Plot dos desvios relativos (módulo). 60 50 dev.rel. (%) 40 30 20 10 0 conjunto1 conjunto2 CONCLUSÕES • Os coeficientes de correlação linear (r) em torno de 0,85 obtidos nos dois conjuntos de dados analisados, demonstram que os valores obtidos pelos amostradores passivos estão fortemente correlacionados aos respectivos valores obtidos pelos monitores automáticos na faixa de aproximadamente 5 a 40 µg/m3 • A diferença média relativa (em módulo) entre as medições efetuadas pelos amostradores automáticos e passivos, no conjunto de dados utilizado para determinar a taxa experimental (conjunto 1) foi de 20 ± 3% e a máxima de 52%, sendo a diferença média absoluta de 3,7 ± 0,7 µg/m3. • A diferença média relativa (em módulo) entre as medições efetuadas pelos amostradores automáticos e passivos, no conjunto de dados de teste (conjunto 2) foi de 18 ± 4% e a máxima de 53%, sendo a diferença média absoluta de 2,7 ± 0,6 µg/m3. • A aplicação deste tipo de amostrador em locais com concentrações médias mensais de SO2 superiores a 40 µg/m3 necessita da realização de testes para validação e obtenção de curva de correlação do amostrador para estas faixas de concentração. • O novo amostrador passivo de SO2, aqui apresentado, é uma alternativa de baixo custo e pode ser de extrema utilidade na monitorização da concentração deste poluente em locais sem suprimento de energia elétrica, no levantamento de tendências históricas e mapeamento de regiões. ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 8 XXVII Congresso Interamericano de Engenharia Sanitária e Ambiental REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. CETESB - Comportamento Sazonal da Poluição do Ar em São Paulo - Análise de 14 Anos de Dados da RMSP e Cubatão, out. 1996. CETESB - Relatório de Qualidade do Ar no Estado de São Paulo, abr. 2000. MILIK J. D., VARNS J. L., KOUTRAKIS P., WOLFSON M. The Passive Sampling Device as a Simple Tool for Assessing Ecological Change - An Extended Monitoring Study in Ambient Air. International Symposium and Course - Measurement of Toxic and Related Air Pollutants, mai. 1992. PALMES E.D., LINDENBOOM R.H., Ohm’s Law, Fick’s Law and Diffusion Samplers for Gases. Analytical Chemistry, v. 51, n.14, p.2400-2401, dez. 1979. LEADEVER B.P., KOUTRAKIS P., WOLFSON J.M., SULLIVAN J.R. Development and Evaluation of a Passive Sampler to Collect Nitrous Acid and Sufur Dioxide. Journal of Exposive Analysis and Environmental Epidemiology, v.4, n.4, p. 503-511, 1994. WHO GEMS/AIR. Passive and Active Sampling Methodologys for Mesasurement of Air Quality, Methodology Review - Handbook Series, v.4, 1994. LIN J.M., LIN T.S. A Diffusive Sampler for the Ion - Chromatrographic Measurement of Sulfur Dioxide in Ambient Air, Toxicology and Environmental Chemistry, v.35, p. 229-236, 1993. ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 9