Curso: Didática e Metodologia no
Ensino Superior
Prof. Ms. Regilson Maciel Borges
A
partir da trajetória histórica da
Avaliação Educacional pode-se afirma
que a avaliação é por natureza uma
disciplina complexa, influenciada por
contribuições teóricas da pedagogia, da
didática, da psicologia, também da
sociologia, da antropologia e da ética
(FERNANDES, 2009).
A
fim de desenvolver construir uma
teoria referencial de avaliação aplicada
à realidade educacional brasileira,
estudiosos brasileiros da avaliação
empreenderam esforços para uma
abordagem crítica, emancipadora e
abrangente da avaliação e, portanto,
alternativa a abordagem tecnicista.
Para
Vianna (1989, p.41), avaliar é
determinar o valor de alguma coisa
para um determinado fim, de modo
que a avaliação educacional visa à
coleta de informações para julgar o
valor de um programa, produto,
procedimento ou objetivo, ou, ainda, a
apreciar a utilidade potencial de
abordagens alternativas para atingir
determinados propósitos.
 Sousa
(1998, p.165) entende a avaliação
como
uma
atividade
socialmente
determinada.
 A definição de por que, o que e como
avaliar pressupõe uma concepção de
Homem que se deseja formar e das
funções
atribuídas
à
escola
em
determinada sociedade, isto é, são os
determinantes sociais quem definem a
função que a escola vai ter, e a avaliação
enquanto prática educativa explicita e
acaba legitimando esta função.
 Abramowicz
(1998, p.125), pensando a
avaliação a partir de um paradigma críticohumanista, prevê, assim como Sousa
(1998), uma avaliação com o crivo de
valores humanos articulada com uma
constelação de princípios éticos, que
permitirão à avaliação se distanciar do
marco de controle, possibilitando pensar-se
em um novo sentido a lhe ser atribuído,
crítico,
criativo,
competente
e
comprometido
com
um
horizonte
transformador.
 Também
Cappelletti (2001, p.26) reconhece
a riqueza teórica presente nas abordagens
crítico-humanísticas que concebem a
avaliação
como
um
processo
participativo, auto-reflexivo, crítico e
emancipador, assumindo a avaliação como
ação consciente, reflexiva e crítica, que se
destina à promoção do homem, histórica e
circunstancialmente situado.
 Nessa
mesma perspectiva Saul (2001, p.64) define
sua proposta de avaliação emancipatória como
um processo de análise e crítica de uma dada
realidade, visando a sua transformação. Seu
interesse é emancipador, ou seja, libertador,
objetivando provocar a crítica, de modo a libertar
o sujeito de condicionamentos determinados;
fazer com que as pessoas, direta ou indiretamente
envolvidas por uma ação educacional, escrevam a
sua "própria história" e gerem as suas próprias
alternativas de ação.
 Hoffmann
(1994, p.51), por sua vez, denominará de
avaliação mediadora o paradigma que se opõe
ao paradigma sentencioso, classificatório; é a
perspectiva da ação avaliativa pela qual se
encorajaria a reorganização do saber. Ação,
movimento, provocação, na tentativa de
reciprocidade intelectual entre os elementos
da ação educativa. Professor e aluno buscando
coordenar seus pontos de vista, trocando ideias,
reorganizando-as.
A
avaliação, para Demo (1996, p.41), tem
sua razão de ser como processo de
sustentação do bom desempenho do aluno.
Se este não aprender bem, ou seja, com
qualidade formal e política, nada feito. Daí
depreende-se que a avaliação é um
processo permanente e diário, não uma
intervenção ocasional, extemporânea,
intempestiva, ameaçadora.
 Para
Luckesi (1998, p.76), o ato de avaliar
importa coleta, análise e síntese dos dados
que configuram o objeto da avaliação,
acrescido de uma atribuição de valor ou
qualidade, que se processa a partir da
comparação da configuração do objeto
avaliado com um determinado padrão de
qualidade previamente estabelecido
para aquele tipo de objeto.
 Freitas
(1998) entende que a avaliação não é
apenas mais um ato pedagógico destinado a
diagnosticar o desempenho dos alunos e
corrigir os rumos da aprendizagem em
direção aos objetivos instrucionais propostos
pelas disciplinas escolares. Ela reúne um
conjunto de práticas que legitima a
exclusão a classe trabalhadora da escola e
está
estreitamente
articulada
com
a
organização global do trabalho escolar.
 Diante
desses múltiplos significados, Dias
Sobrinho (2002, p.15) dirá que a avaliação
é
pluri-referencial,
complexa,
polissêmica,
com
múltiplas
e
heterogêneas referências. É um campo
disputado por diversas disciplinas e
práticas sociais de distintos lugares
acadêmicos, políticos e sociais.
 As
definições apresentadas nos permitem
observar como o mesmo termo recebeu
variados significados de acordo com a
visão de cada autor, e revelam um conjunto
de conceitos, a saber:
Determinação de valor; Atividade socialmente determinada;
Crítico; Criativo; Comprometimento;
Participativo; Auto-reflexivo;
Emancipador; Libertador;
Mediadora; Troca de ideias;
Processo; Padrão de qualidade.
 Portanto,
o ato de avaliar está longe de ser
entendido como um ato consensual, não se
tem um único modo de se definir avaliação,
depende do objeto que está sendo
avaliado e, conseqüentemente dos
parâmetros teóricos que o avaliador
sustenta.
 Ristoff
(2003, p.26) citando Guba e Lincoln,
vai dizer que “não existe uma maneira
‘correta’ de definir avaliação, uma
maneira que, se encontrada, poria fim à
argumentação sobre como ela deve
proceder e sobre quais são os seus
propósitos”.
A
avaliação educacional é um processo de
reflexão coletivo e não apenas a
verificação de um resultado pontual. Esta é
a maneira mais adequada de se pensar a
avaliação em quaisquer níveis: como
processo destinado a promover o
permanente crescimento. Há que se medir,
mas está não é a parte mais importante; há
que se avaliar – está sim é fundamental.
Avaliar é promover no coletivo a
permanente reflexão sobre os processos e
seus resultados, em função de objetivos a
serem superados... (FREITAS ET. AL., 2009,
p.78)
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AVALIAÇÃO EDUCACIONAL: EXPLORANDO O CONCEITO