PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM TECNOLOGIA AMBIENTAL – MESTRADO ÁREA DE CONCENTRAÇÃO EM GESTÃO E TECNOLOGIA AMBIENTAL Rômulo de Oliveira Schwaickhardt REATORES FOTOQUÍMICOS UVV E UVC COMBINADOS PARA TRATAMENTO DE EFLUENTE DE LAVANDERIA HOSPITALAR Santa Cruz do Sul, Fevereiro de 2015 Rômulo de Oliveira Schwaickhardt REATORES FOTOQUÍMICOS UVV E UVC COMBINADOS PARA TRATAMENTO DE EFLUENTE DE LAVANDERIA HOSPITALAR Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Tecnologia Ambiental – Mestrado, Área de Concentração em Gestão e Tecnologia Ambiental, Universidade de Santa Cruz do Sul – UNISC, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Tecnologia Ambiental. Orientador: Ênio Leandro Machado Santa Cruz do Sul, Fevereiro de 2015 Dedico esta dissertação à minha família, meus pais Antenor Schwaickhardt e Mazilda de Oliveira Schwaickhardt e meus irmãos Diogo de Oliveira Schwaickhardt e Tiago de Oliveira Schwaickhardt, pelo apoio e incentivo durante toda esta trajetória. AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus por esta oportunidade, por manter minhas forças nos momentos de dificuldade e por me dar uma família incrível que me propicia uma ótima vida. À minha família pelo apoio e incentivo durante todos os momentos, além da calma e da compreensão. Ao meu orientador Dr. Ênio Leandro Machado, uma pessoa incrível que sempre me incentivou e que tive o prazer de conviver durante vários anos adquirindo conhecimentos e experiências que vou levar para minha vida. À profª. Drª. Lourdes Teresinha Kist pela dedicação e pela atenção, além dos conselhos e das sugestões sempre muito construtivos. À profª. Drª. Rosana de Cássia de Souza Schneider pelos ensinamentos, principalmente nas análises de cromatografia além das sugestões para o trabalho. À prof. Drª. Marla Azário Lansarin e ao Prof. Dr. Renato Zanella por aceitar o convite para participar da banca e pelas valiosas sugestões para a melhoria do trabalho. À secretária Raquel e a todos os colegas e professores do Programa de Pós-Graduação em Tecnologia Ambiental, pelos ensinamentos e ajudas prestadas. Aos colegas do LATTAE: Matheus Wink (brow), Jonas John (djow djow), Carlos Alexandre Lutterbeck, Filipe Vargas Zerves e Alexandre Straatmann (Xandok), pela amizade e pela ajuda. A Priscila M. do lab. de Engenharia Ambiental, ao Carlos E. F. do lab. de Ensino de Química e a Michele J. R. do lab. de Cromatografia, sempre muito prestativos e atenciosos. Aos meus amigos em especial ao Vinícius (Flint) e a Fernanda S. C. por todos esses anos de convivência. A Geani Mohr pelos ensaios de Ecotoxicidade aguda. A Rosi e a toda equipe do setor de lavanderia do Hospital Santa Cruz pela disposição e ajuda durante as coletas. A Sandra Stets pelos conselhos e dicas para melhorar o trabalho além dos incentivos durante a execução da pesquisa. A todos que de alguma forma contribuíram com este trabalho. RESUMO REATORES FOTOQUÍMICOS UVV E UVC COMBINADOS PARA TRATAMENTO DE EFLUENTE DE LAVANDERIA HOSPITALAR Autor: Rômulo de Oliveira Schwaickhardt Orientador: Ênio Leandro Machado Mesmo com a evolução das tecnologias limpas a partir da década de 90, sempre será necessário o desenvolvimento de remediação na etapa chamada de fim de tubo. Isto se aplica a carga poluente dos efluentes de uma lavanderia hospitalar, a qual se configura como um dos problemas ambientais mais críticos em um hospital. Este trabalho investigou processos fotoquímicos advindos da combinação de reatores fotoquímicos, emerso (UVV) e imerso (UVC), incluindo avaliação da redução dos parâmetros poluentes da etapa de enxágue da lavanderia hospitalar associado à aplicação de Análise de Ciclo de Vida (ACV). A caracterização dos efluentes da lavanderia hospitalar foi feita através dos parâmetros: DQO, DBO5, NTK, Ptotal, pH, turbidez e condutividade, além da análise biológica de ecotoxicidade aguda com Daphnia magna. Também foi realizada espectroscopia na região do ultravioleta-visível (UV-Vis) para determinação da fração orgânica, além de cromatografia gasosa acoplada ao espectrômetro de massas (CG-EM) para caracterização qualitativa de poluentes prioritários. Os testes de caracterização demonstraram uma matriz muito complexa, com a presença de fármacos como Lidocaína e Dipirona, além de carga orgânica elevada, pouco biodegradável e de ecotoxicidade aguda com EC50 de 6,7%. O processo de ozonização (geração principal do reator emerso UVV) foi o que apresentou melhores resultados na relação kWh/DQO removido, assim como o processo UVC, o de menor impactos ambientais para os parâmetros de Caracterização e Normalização da ACV. A Normalização revelou maiores intensidades de impactos ambientais para: a toxicidade humana, a ecotoxicidade das águas de superfície epara a eutrofização. Também foi determinado que o uso de energia elétrica de baixa tensão foi à causa da maioria dos 14 impactos ambientais avaliados, bem como para o efluente foi detoxificação UVV/UVC/O3. associada aguda principalmente mostrou a melhores eutrofização. resultados No para entanto, o a processo Palavras-chave: ACV; efluentes de lavanderia hospitalar e processos de tratamento de efluentes, POAs. ABSTRACT COMBINED PHOTOCHEMICAL REACTORS UVV AND UVC FOR TREATMENT OF HOSPITAL LAUNDRY WASTEWATER Author: Rômulo de Oliveira Schwaickhardt Orientador: Ênio Leandro Machado Even with the development of clean technologies from the 90s, always need remediation in the development stage called end-of-pipe. This applies to pollution load of effluents from a hospital laundry, which is configured as one of the most critical environmental problems in a hospital. This study investigated photochemical processes a rising from the combination of photochemical reactors, emerged (UVV) and immersed (UVC), including evaluation of the reduction of pollutant parameters of the rinsing step of hospital laundry associated with the application of Life Cycle Analysis (LCA). The characterization of the hospital laundry effluent was made by parameters: COD, BOD5, TKN, Ptotal, pH, turbidity and conductivity, in addition to biological testing of acute ecotoxicity with Daphnia magna. It was also performed spectroscopy in the region of the ultraviolet-visible (UV-Vis) for determination of the organic fraction, and gas chromatography coupled with mass spectrometry (GC-MS) for the qualitative characterization of priority pollutants. The characterization tests have shown a very complex matrix, the presence of drugs such as lidocaine and dipyrone, and high organic load, poorly biodegradable and eco-toxicity in acute EC50 of 6.7%. The ozonation process (main generation from VUV reactor) showed the best results in relation kWh/COD removed, and the UV process to lower environmental impacts for the parameters of characterization and standardization of LCA. Standardization revealed higher intensities of environmental impacts on: human toxicity, ecotoxicity of surface water and to eutrophication. It was also determined that the use of electricity low voltage was the cause of most of the 14 environmental impacts evaluated, as well as for the effluent was mainly associated with eutrophication. However, detoxification showed better results for the VUV/UVC/O3 process. acute Keywords: LCA; hospital laundry wastewaters; wastewater process treatment, AOPs. LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1: Reator emerso (horizontal) e imerso (vertical) e bombas peristálticas utilizados nos tratamentos do efluente da lavanderia hospitalar. ...... 34 Figura 2: Reator emerso (horizontal) e imerso (vertical) e bombas peristálticas utilizados nos tratamentos do efluente da lavanderia hospitalar. ...... 36 Figura 3: Representação simplificada dos sistemas resultantes das combinações UVV e UVC. A = Afluente; B = Recursos (energia e produtos químicos) e C = Efluente tratado. ....................................... 37 Figura 4: Média e valores máximos e mínimos das DQOs encontradas nos efluente brutos e nas amostras pós tratamentos. .............................. 40 Figura 5: Média e valores máximos e mínimos das DBO5 encontradas nos efluente brutos e nas amostras pós tratamentos. .............................. 41 Figura 6: Valores de biodegradabilidade (relação DQO/DBO5) para amostra pré-tratamento (efluente bruto) e cada processo de tratamento........ 42 Figura 7: Resultados das análises de ecotoxicidade aguda para cada uma das configurações dos processos de tratamento. .................................... 43 Figura 8: Espectro de varredura da amostra bruta comparativamente com todos os tratamentos. A = Varredura de 190-700nm; B = Intervalo onde estão as frações orgânicas das amotras λ=190-240nm. ................... 44 Figura 9: Cromatogramas obtidos por CG-EM da amostra bruta extraído em 4 solventes diferentes. .......................................................................... 48 Figura 10: Comparativo entre cromatogramas usando acetona para preparação das amostras bruta e tratada com o processo UVV/UVC/O3............. 50 Figura 11: Comparativo entre cromatogramas usando hexano para preparação das amostras bruta e tratada com o processo UVV/UVC/O3 ............ 51 Figura 12: Comparativo entre os cromatogramas usando metanol para preparação das amostras bruta e tratada com o processo UVV/UVC/O3. .................................................................................... 52 Figura 13: Consumo de energia por kg de DQO removida nos processos de tratamento de efluentes estudados em escala de bancada de acordo com as Configurações 1 e 2. ............................................................. 55 Figura 14: Dados de ACV – Caracterização dos Processos de Tratamento de Efluentes estudados. ......................................................................... 59 Figura 15 : Dados de ACV da normalização dos processos de tratamento de efluentes estudados. ......................................................................... 61 Figura 16: Dados de ACV – Caracterização para Avaliação da Contribuição do Balanço Material e de Energia nos ImpactosAmbientais no Processo UVC. .................................................................................................. 63 Figura 17: Dados de ACV – Caracterização para Avaliação da Contribuição do Balanço Material e de Energia nos Impactos Ambientais no Processo UVV/UVC/O3. .................................................................................... 66 LISTA DE TABELAS Tabela 1 Parâmetros gerais encontrados em efluentes hospitalares já estudados. ................................................................................................. 18 Tabela 2 Fármacos encontrados nos efluentes hospitalares e suas concentrações ........................................................................................... 19 Tabela 3: adaptação da ISO 21348:2007 para definição das categorias de irradiação solar. ......................................................................................... 26 Tabela 4: Definições dos itens utilizados na aplicação da ACV (VAN OERS et al., 2001). ................................................................................................... 30 Tabela 5: Caracterização do efluente do enxágue das compressas. ............... 39 Tabela 6: Compostos encontrados a partir da identificação da biblioteca do espectrômetro de massas com seus respectivos tempos de retenção (tR). ................................................................................................................... 45 Tabela 7: Inventários diretos das etapas de operação dos processos de tratamento de efluentes da lavanderia hospitalar estudados. Quantidades equivalentes para 1m3 em 3 h de tratamento com duas configurações de escalas: Bancada somente extrapolada e Piloto. ...................................... 53 Tabela 8: Dados de caracterização dos afluentes e efluentes estudados para consideração de cargas poluentes. ........................................................... 54 Tabela 9:Inventário 2 – Dados de adequação ao software SimaPro 7.3.3 (1 m3 em 3 h de tratamento)................................................................................ 57 Tabela 10: Dados da ACV – etapa de caracterização dos processos de tratamento de efluentes estudados. ........................................................... 60 Tabela 11: Dados de ACV – Caracterização para Avaliação da Contribuição do Balanço Material e de Energia nos Impactos Ambientais no Processo UVC. ................................................................................................................... 64 Tabela 12: Dados de ACV – Caracterização para Avaliação da Contribuição do Balanço Material e de Energia nos Impactos Ambientais no Processo UVV/UVC/O3. ............................................................................................. 67 Tabela 13: Plano de Ação de P+L. ................................................................... 68 LISTA DE ABREVIATURAS ACV Análise de Ciclo de Vida BHT Butil-hidróxi-tolueno CG-EM Cromatógrafo a gás acoplado ao espectrômetro de massa CLAE-DAD Cromatografia líquida de alta eficiência com detector de arranjo de diodos CLAE-EM/EM Cromatografia líquida de alta eficiência acoplado espectrômetro de massas em série CONAMA Conselho Nacional de Meio Ambiente COT Carbono Orgânico Total DAFA Digestor Anaeróbio de Fluxo Ascendente DQO Demanda Química de oxigênio DBO5 Demanda Bioquímica de oxigênio EFS Extração em Fase Sólida ETE Estação de Tratamento de Efluentes MBR Biorreator de membrana N-NH3 Nitrogênio amoniacal NTK Nitrogênio Total Kjeldahl ONU Organização das Nações Unidas OMS Organização Mundial da Saúde P+L Produção Mais Limpa POA Processos Oxidativos Avançados PPCP Contaminantes Farmacêuticos e de Cuidado Pessoal Ptotal Fósforo total SGA Sistema de Gestão Ambiental SNIS Sistema Nacional de Informação sobre Saneamento STD Sólidos Totais Dissolvidos tR Tempo de Retenção UFC Unidade Formadora de Colônia UV Ultravioleta UV-Vis Ultravioleta-Visível UVV Ultravioleta no Vácuo a SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................... 13 2 OBJETIVOS ........................................................................................................................... 16 2.1 Objetivo Geral................................................................................................................. 16 2.2 Objetivos Específicos .................................................................................................... 16 3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .......................................................................................... 17 3.1 Efluentes Hospitalares .................................................................................................. 17 3.1.1 Toxicidade do Efluente Hospitalar ....................................................................... 20 3.1.2 Caracterização do Efluente Hospitalar................................................................ 21 3.1.3 Tratamentos Convencionais nos Efluentes Hospitalares................................. 22 3.2 Processos Oxidativos Avançados ............................................................................... 23 3.2.1 Processos Fotoquímicos ....................................................................................... 25 3.3 Processos Oxidativos em Efluentes Hospitalares .................................................... 27 3.4 Estudos dos Processos Oxidativos Avançados no Tratamento de Efluentes por Análise do Ciclo de Vida (ACV).......................................................................................... 29 4. METODOLOGIA................................................................................................................... 32 4.1 Caracterizações Analíticas ........................................................................................... 32 4.1.1 Análise Cromatográfica ......................................................................................... 32 4.1.1.1 Preparação da amostra ...................................................................................... 32 4.1.1.2 Condições cromatográficas ............................................................................... 33 4.2 Ensaios de Tratamento dos Efluentes........................................................................ 33 4.3 Análise do Ciclo de Vida e Prognóstico Ambiental dos Processos de Tratamento ................................................................................................................................................. 36 5 RESULTADOS E DISCUSSÔES ....................................................................................... 39 5.1 Caracterização do efluente da lavanderia hospitalar ............................................... 39 5.2 Comparativo de redução entre os processos de tratamento .................................. 39 5.3 Caracterização do Efluente da lavanderia hospitalar por CG-EM ......................... 44 5.4 Caracterização da amostra pós-tratamento UVV/UVC/O3 ...................................... 50 5.5 Análise de Ciclo de Vida (ACV) dos Processos Estudados.................................... 52 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................... 70 REFERÊNCIAS ........................................................................................................................ 72 1 INTRODUÇÃO A Organização das Nações Unidas (ONU) estima que no ano de 2014, cerca de 700 milhões de pessoas não tenham acesso à água potável e aconteça cerca de 2 milhões de mortes de crianças abaixo dos 5 anos por doenças causadas pelo consumo de água contaminada ou por doenças como diarreia e malária. A má gestão dos recursos hídricos é responsável, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), por 2,5 bilhões de pessoas sem acesso a sistema de saneamento básico. Segundo a OMS, para cada 1 dólar investido em água e saneamento básico, são economizados 4,3 dólares em saúde global, ou 12 dólares no total de benefícios econômicos. No Brasil, segundo dados do Sistema Nacional de Informação sobre Saneamento (SNIS), em 2013 somente 48,6% do esgoto gerado foi coletado e, desta porção, apenas 69,4% tratados. Várias são as razões para pesquisar o tratamento de efluentes hospitalares, especialmente aqueles provenientes da lavanderia. A referência de ecotoxicidade, fitotoxicidade, genotoxicidade e a presença de compostos refratários justificam estudos para processos de tratamento de efluentes considerados avançados, com ênfase em métodos de oxidação ou destes combinados com processos separadores de fases e de biodegradação. Sabe-se que os efluentes hospitalares são fontes capazes de aumentar a toxicidade dos efluentes urbanos de 5 a 15 vezes, quando são descartados sem o devido tratamento (BOILLOT et al., 2008). A estimativa de consumo de água em um hospital é de 400 a 1200 litros/leito/dia e na contribuição da lavanderia há o peso de quase 40% do total da vazão diária de efluentes gerados (LUTTERBECK, 2010). Segundo Gautam et al., (2007), efluentes hospitalares são perigosos tanto para o equilíbrio ecológico quanto para a saúde pública. Podem ser encontrados poluentes patogênicos, radioativos, resíduos químicos, infecciosos e medicamentos, que se não tratados, podem levar a surtos de doenças 13 transmissíveis como às epidemias de diarreia, à contaminação da água, e a poluição radioativa. Estudos mostram também que a presença de antibióticos como fluoroquinolonas no efluente hospitalar podem ser responsáveis pelo seu potencial genotóxico, que pode ser tanto mutagênico como carcinogênico para bactérias, podendo torná-las mais resistentes a antibióticos (BROWN et al., 2006). Os componentes orgânicos presentes nos efluentes hospitalares podem apresentar impactos ao serem descartados diretamente no meio ambiente, pois os fármacos residuais presentes são utilizados para exercerem atividade biológica. A concentração dos fármacos residuais no ambiente aquático varia na faixa de µg L-1 a ng L-1, sendo que estas concentrações necessitam de métodos de análises extremamente sensíveis (PAIVA et al., 2011; KÖHLER et al., 2012). Entre os setores do hospital estudado, esta pesquisa foi desenvolvida com os efluentes gerados no setor de lavanderia, onde uma das etapas mais críticas de limpeza das roupas pode ser considerada a etapa de enxágue das compressas. Segundo Albrecht (2007), “A nocividade ambiental dos efluentes da lavanderia hospitalar é uma das mais acentuadas entre os diversos setores devido à presença dos poluentes em maior concentração e dos produtos químicos inseridos […]”. Devido à falta de tratamento mais específico para a degradação destes compostos antes do descarte do efluente e uma legislação mais rigorosa, é observado em diversos trabalhos a presença de fármacos, antibióticos e outros compostos tóxicos nas estações de tratamento de efluentes, que não estão preparadas para este tipo de matriz, em rios e em águas subterrâneas, afetando de forma aguda e cronicamente a fauna e flora aquática (BROWN et al., 2006; LÓPEZ-SERNA et al., 2013; VERLICCHI et al., 2012). A grande quantidade de fármacos descartados no meio ambiente, pode chegar até a estar presente em águas para consumo. Além de que, processos de biomagnificação e bioacumulação poderão tornar o consumo de peixes e 14 outros animais aquáticos inadequados para os seres humanos (ZENKER et al., 2014). Como forma de tratamento se verificou a capacidade de algumas configurações de processos oxidativos avançados, buscando minimizar os impactos que os efluentes geram, pois este tipo de tratamento tem poder de degradação, assim como potencial para aumentar a biodegradabilidade dos efluentes (CHONG e JIN, 2012). No entanto, as pesquisas com o tratamento dos efluentes hospitalares mostram a necessidade de continuar investigações de processos que resultem em um coeficiente de maior sustentabilidade ambiental/eficiência de remoção da carga poluente. Os trabalhos já realizados, especialmente por Lutterbeck, (2010), Kern et al., (2013) e Kern et al., (2015), apresentam definições de condições para detoxificação, porém usando o sistema de ozonização com efeito Corona e sem a aplicação da Análise do Ciclo de Vida (ACV). Buscando desenvolver um processo de tratamento para os efluentes hospitalares oriundos da lavanderia, com maior eficiência e com menor impacto ambiental este trabalho utilizou uma nova configuração de reatores avaliando impactos ambientais referentes as diferentes configurações do sistema. Desta forma, a partir desta nova configuração dos reatores foram avaliados 7 diferentes processos a partir de análises químicas e biológicas além de uma análise dos impactos ambientais de cada processo com a ferramenta de ACV. 15 2 OBJETIVOS 2.1 Objetivo Geral O principal objetivo do trabalho foi o desenvolvimento de unidade de fotorreatores para a aplicação dos processos oxidativos avançados no tratamento de efluente da lavanderia hospitalar, etapa de enxágue das compressas, buscando iniciar controle com ACV para o mínimo de impacto ambiental nestes processos de tratamento. 2.2 Objetivos Específicos - O desenvolvimento de fotorreatores sequenciais com recirculação com lâmpada UVV emersa e lâmpada UVC imersa com tubo de quartzo; - Análise qualitativa dos efluentes bruto e tratados por cromatografia gasosa acoplada a espectrometria de massas (CG-EM); - Caracterização de parâmetros gerais de avaliação dos efluentes brutos e tratados, especialmente com a associação da ecotoxicidade e da biodegradabilidade; - Avaliação dos impactos ambientais em termos de ACV das diferentes configurações possíveis com o sistema de irradiação mista. 16 3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 3.1Efluentes Hospitalares Os efluentes hospitalares apresentam grande variabilidade podendo ser muito tóxicos em determinadas épocas e ter sua toxicidade reduzida a 10% da mesma em outros períodos. Estas variações podem estar associadas às estações do ano e alguns trabalhos afirmam que no inverno são maiores que no verão (MUBEDI et al., 2013; VERLICCHI et al., 2012). A tabela 1 demonstra bem a variação dos parâmetros gerais dos efluentes hospitalares estudados sendo que a Demanda Química de Oxigênio (DQO) mínima encontrada chega a ser 10% e a Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO5) a 5% do valor da pesquisa que apresentou as maiores concentrações. 17 Tabela 1 Parâmetros gerais encontrados em efluentes hospitalares já estudados. Autores Parâmetros utilizados Valores Encontrados Wen et al., (2004) DQO 186 mg L-1 DBO5 37 mg L-1 N-NH3 17 mg L-1 Turbidez 16 NTU Escherichia coli 160 UFC mL-1 DQO 1.067 mg L-1 STD 1.540 mg L-1 Escherichia coli 2,5 x 107 UFC mL-1 Gautam et al., (2007) Kajitvichyanukul e DQO Suntronvipart (2006) Minetto (2009) Perrodin et al., (2013) Machado et al., (2012) 1.350 mg L-1 DBO5 410 mg L-1 Turbidez 15 NTU DQO 420 mg L-1 DBO5 303 mg L-1 N-NH3 52 mg L-1 Ptotal 7,5 mg L-1 DQO 521 – 1.077 mg L-1 DBO5 200 mg L-1 COT 139 – 246 mg L-1 DQO 153 – 858 mg L-1 DBO5 23 – 440 mg L-1 A complexidade do efluente hospitalar pode ser observada pelas diferentes concentrações e variedades no descarte de analgésicos, fármacos e antibióticos sendo encontrados até 62 fármacos diferentes na mesma matriz (VERLICCHI et al., 2012). Além de encontrar diversos tipos de fármacos nos efluentes estes ainda são quantificados, onde pode ser observado uma grande variação na concentração entre as mais diversas especialidades dos hospitais. 18 Tabela 2 Fármacos encontrados nos efluentes hospitalares e suas concentrações Fármaco Autores que estudaram Concentração Paracetamol SIM et al., 2011; 1,4 – 329 µg L-1 THOMAS et al., 2007; Ibuprofeno SANTOS et al., 2013 0,38 – 38 µg L-1 SIM et al., 2011; VERLICCHI et al., 2012 Furosemida LINDBERG et al., 2004; Até 32 µg L-1 SANTOS et al., 2013; SIM et al., 2011; VERLICCHI et al., 2012 Ciprofloxacino LINDBERG et al., 2004 101 µg L-1 Ofloxacino VERLICCHI et al., 2012 37 µg L-1 Trimetoprima VERLICCHI et al., 2012 95 µg L-1 Sulfametoxazol LINDBERG et al., 2004 12,8 µg L-1 Eritromicina VERLICCHI et al., 2012 7,5 µg L-1 Codeína Santos et al., (2013) 2,68 – 2.837 ng L-1 Assim como os efluentes hospitalares descartados mudam conforme sua localização a legislação pertinente também é modificada. Segundo a resolução CONAMA nº 430/2011, os efluentes de oriundos de serviços de saúde se classificam como efluentes sanitários podendo ser lançados em rede coletora de esgotos que possuam estação de tratamento, ou diretamente após tratamento especial. Segundo Kist et al., (2008), os setores de análises clínicas, rádio e quimioterapia, lavanderias e leitos estão entre os principais setores envolvidos na geração de efluentes. A lavanderia é um setor que merece atenção, pois, o efluente gerado possui diversos compostos químicos como detergentes, tensoativos, desinfetantes e resíduos de fármacos que o caracterizam com alta carga nitrogenada, alta carga orgânica e toxicidade elevada (MACHADO et al., 2008). 19 As lavanderias hospitalares se incluem no grupo de lavanderias industriais e juntas geram 30 mil m3 de efluentes por dia no Brasil, sendo que cerca de 50% deste volume não possui nenhum tipo de tratamento (TANIMOTO e SOARES, 2006). Na avaliação de Kern et al., (2013), o efluente oriundo da lavanderia hospitalar possui um grande potencial fitotóxico e genotóxico quando descartado sem nenhum tipo de tratamento no meio ambiente, porém a ozonização fotocatalítica é um dos processos de tratamentos capazes de reduzir a toxicidade do efluente. 3.1.1Toxicidade do Efluente Hospitalar A toxicidade dos efluentes hospitalares pode ser associada aos mais diversos tipos de contaminantes como: metais pesados, drogas, disruptores endócrinos, surfactantes, desinfetantes e agentes patogênicos (ASKARIAN et al., 2004; CRUZ-MORATÓ et al., 2014; KÜMMERER, 2001; MUBEDI et al., 2013; VERLICCHI et al., 2012). A variabilidade da carga de produtos químicos do efluente hospitalar também é observada nos testes de toxicidade crônica, no caso estudado por Perrodin et al., (2013), as análises realizadas com a microalga Pseudokirchneriella subcapitata e com o crustáceo Heterocypris incongruens não apresentaram toxicidade para um efluente altamente carregado com fármacos. Já Magdaleno et al., (2014), utilizando a mesma microalga Pseudokirchneriella subcapitata e sementes de Allium cepa obtiveram resultados que demonstraram o efeito tóxico em 55% das amostras analisadas e genotoxicidade em 40% das amostras do efluente hospitalar e associaram estes resultados a presença de desinfetantes e fármacos. De acordo com Minetto (2009), o fármaco diclofenaco em matriz aquosa não apresentou toxicidade aguda com o microorganismo Artemia salina, já o efluente hospitalar apresentou toxicidade superior a 95% para o mesmo microcrustáceo. 20 3.1.2Caracterização do Efluente Hospitalar A caracterização dos efluentes hospitalares é feita com base em parâmetros gerais e específicos. No caso dos parâmetros gerais são comumente aplicados a DQO, DBO5, COT, nitrogênio total, a relação DQO/DBO5, bem como a relação COT/DQO, sendo a primeira uma referência inicial para a biodegradabilidade e a segunda a chamada extensão de oxidação (LUTTERBECK et al., 2010, KERN et al.,2013). Já para determinar os fármacos residuais em efluentes líquidos, métodos de cromatografia gasosa acoplada ao espectrômetro de massas (CGEM) ou cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE) acoplada ao espectrômetro de massas são utilizados (PAIVA et al.,2011). De acordo com Brandt et al., (2011) os fármacos e disruptores endócrinos presentes nos efluentes urbanos podem ser encontrados utilizando o método de CLAE acoplada ao espectrômetro de massas de alta resolução híbrido íon-trap – time of flight e analisados compostos na ordem de ng L-1. Utilizando a técnica de CG-EM/EM, Gómez et al., (2007), analisou fármacos ácidos e neutros em efluente hospitalar como: nicotina, ibuprofeno, cafeína e outros, com o uso da extração em fase sólida (EFS) e a cromatografia, detectando estes compostos na faixa de µg L-1 a ng L-1. Para analisar compostos ácidos farmacologicamente ativos, Zhang e Lee (2009), utilizaram a extração dinâmica em fase líquida e realizaram uma derivatização antes de aplicar a técnica de CG-EM. Foram detectados os seguintes compostos: Ácido clofíbrico, ibuprofeno, naproxeno e cetoprofeno na faixa de µg L-1. Avaliando a degradação do fármaco diclofenaco em efluente hospitalar, Minetto (2009), realizou uma pré-concentração do efluente, anterior ao método de CLAE-DAD. A pré-concentração foi capaz de recuperar 96% do fármaco e o limite de detecção para este fármaco no efluente foi de 8,3 µg L-1. 21 Para avaliar múltiplos micropoluentes pré e pós-tratamento Kovalova et al., (2013), aplicou a técnica de EFS e em seguida utilizando um CLAE-EM/EM quantificou 56 compostos orgânicos, além de utilizar outras análises como DQO, COD e COT, para o controle das amostras. A eficiência de remoção de princípios ativos de fármacos nas águas residuárias analgésicos, foi avaliada analisando anticonvulsivos, 14 micropoluentes β-bloqueadores, citostáticos (antibióticos, e meios contrastantes de raios-X) por cromatografia líquida acoplada a espectrometria de massas (CL-EM/EM) (KÖHLER et al., 2012). Zupanc et al., (2013), avaliaram a degradação de 6 fármacos em efluente hospitalar a partir do tratamento das amostras com EFS e posterior injeção no CG-EM com uso de acetato de etila como solvente, alcançando uma eficiência >81% na validação do método para a EFS. 3.1.3 Tratamentos Convencionais nos Efluentes Hospitalares Segundo Falcão (2009), a maioria dos hospitais de Portugal não possuem nenhum tipo de tratamento e nos poucos casos em que há o tratamento são processos comuns como um pré-tratamento para remover sólidos, seguido de uma desinfecção. Os processos mais convencionais para o tratamento de efluentes hospitalares como os de coagulação e/ou sedimentação, filtração e cloração em série são capazes de reduzir a DQO e sólidos totais e, com a adição de hipoclorito de sódio ou luz UV,ocorre a desinfecção do efluente antes do descarte (GAUTAM et al., 2007). Outro processo muito utilizado no tratamento de efluentes hospitalares é o tratamento misto:Um reator anaeróbio (UASB) seguido de um reator aeróbio (lodos ativados) como no caso descrito por Paiva et al., (2011), com redução na DBO5, DQO, sólidos suspensos e nitrogênio amoniacal, além de degradar alguns fármacos. 22 Na pesquisa realizada por Verlicchi et al., (2012), os dois hospitais estudados não possuíam nenhum tipo de tratamento para o efluente, e acabavam passando por tratamento somente na planta de tratamento de esgoto da cidade, onde havia processos de tratamentos simples como filtro de areia, lodos ativados e desinfecção com NaClO. Em outro caso, Mubedi et al., (2013), estudaram os efeitos tóxicos dos efluentes hospitalares descartados sem tratamento. Segundo Kovalova et al., (2012), o tratamento biológico convencional de efluentes hospitalares tem uma boa remoção de DQO e nitrogênio total, no entanto, é insuficiente para eliminar micropoluentes. Utilizando o processo de coagulação-floculação seguido de uma flotação, Suarez et al., (2009), avaliou a degradação de 13 PPCPs, chegando a 90% de remoção para 3 deles, até 50% para outros 3 e uma baixa remoção ou insignificante para os outros. Ou seja, o uso somente de tratamentos mais convencionais não é suficiente para a remoção de componentes mais complexos. 3.2 Processos Oxidativos Avançados (POAs) De acordo com Teixeira e Jardim (2004), mesmo os oxidantes fortes, como o ozônio, são utilizados como forma de desinfecção desde 1886, porém a nomenclatura POAs começou a ser utilizada durante o Simpósio Internacional em Ozônio para Tratamento de Água e Efluentes em 1973 em que utilizaram a terminologia “Tecnologias de oxidação avançada” pela primeira vez. Os POAs são tratamentos adequados para efluentes de alta toxicidade ou baixa biodegradabilidade, que não são possíveis de tratamentos convencionais ou biológicos (OLLER et al.,2011). Eles se baseiam na geração de radicais hidroxilas (HO●) molécula que possui um alto potencial de oxidação (2,05 eV) e pode oxidar totalmente a matéria orgânica transformando-a em dióxido de carbono, água e ânions inorgânicos (TEIXEIRA e JARDIM, 2004), a partir de processos como: UVV (ZOSCHKE et al.,2014); Ultrassom (TEIXEIRA e JARDIM, 2004); UV/O3 (MEUNIER et al.,2006); UV/TiO2 (JEONG et al., 2004; 23 MONTAGNER et al., 2004); O3/Fe2+ (WILDI et al., 2014); O3/UV/Fe2+ (KERN et al.,2013); UV/H2O2 (DE LA CRUZ et al., 2013); O3/H2O2 (ROSAL et al., 2009); Fenton (DE LA CRUZ et al.,2013); Foto-Fenton (GRČIĆ et al., 2014). Segundo Klavarioti et al., (2009), os POAs podem ser definidos como: “métodos de oxidação em fase aquosa com base em espécies intermediárias altamente reativas, tais como os radicais de hidroxila, através de mecanismos que conduzem à destruição do poluente alvo”. A eficiência deste processo de tratamento não depende somente da taxa de geração das espécies reativas, sendo observado também o tempo de contato e o tipo de poluente orgânico presente (GOGATE e PANDIT, 2004). Em sua pesquisa Albrecht (2007), colocou como vantagens que podem ser observadas no POA’s a total degradação dos poluentes levando a sua mineralização e não a simples troca de fase como os processos tradicionais, assim como o aumento da biodegradabilidade do efluente, tornando mais suscetível a processos biológicos. Apesar de todas as vantagens observadas, os POAs, quando aplicados sozinhos, podem se tornar inviáveis devido aos altos custos e grandes quantidades gastas, com reagentes para degradar os poluentes até sua mineralização. Isto acontece devido aos subprodutos resultantes da oxidação tenderem a ser mais resistentes ao tratamento. Problema que pode ser contornado com a utilização de outros processos posterior ao uso dos POAs, como processos biológicos, pois apresentam baixo custo e alta oxidação quando em contato com subprodutos mais biodegradáveis (OLLER et al., 2011). De acordo com Almeida et al., (2004), a ozonização pode se tornar mais abrangente, atingir maiores taxas de mineralização e remover maiores quantidades de compostos orgânicos, para isto a tendência é a utilização da ozonização catalítica, a nanocatálise heterogênea ou a combinação com métodos biológicos. A geração de ozônio pode ser por três processos diferentes: geração por descarga elétrica com alta voltagem, tanto com correntes de oxigênio ou ar 24 através dos eletrodos; geração em solução aquosa no sítio anódico e via radiação UV (CHRISTENSEN et al., 2013). Em seu estudo, Zoschke et al., (2014), afirmam que o processo de tratamento utilizando (UVV) traz novas possibilidades para a geração de radical hidroxila in situ, assim como várias vantagens deste tipo de tratamento, como a degradação da matéria orgânica natural. Porém, afirmam que este tipo de tratamento ainda não é aplicável em escala real no processo de tratamento de água, pois há poucos estudos com aplicações práticas. 3.2.1 Processos Fotoquímicos A radiação ultravioleta pode ser dividida em 5 faixas: UV-A (380 – 315 nm), UV-B (315 – 280 nm), UV-C (280 – 200 nm), UV-Vácuo (200 – 100 nm) e extremo UV (100 – 1 nm) (OPPENLÄNDER, 2003). Já segundo Gouvêa et al.,(2014), o espectro eletromagnético da radiação ultravioleta é subdividido em: Ultravioleta de vácuo (1 – 200 nm), ultravioleta distante (200 – 300 nm) e ultravioleta próximo (300 – 400 nm). A tabela 3 foi adaptada para apresentar a definição das categorias das irradiações solares no espectro do ultravioleta de acordo com a ISO 21348:2007. 25 Tabela 3: adaptação da ISO 21348:2007 para definição das categorias de irradiação solar. Categoria Categoria Espectral sub- Comprimento de onda Nomes espectral Ultravioleta Em UV 100 ≤ < 400nm Ultravioleta UVV 10 ≤ < 200nm Ultravioleta de vácuo UVE 10 ≤ < 121nm Ultravioleta extremo H Lyman-α 121 ≤ < 122nm Hidrogênio de Lyman-alfa UVD 122 ≤ < 200nm Ultravioleta Distante UVC 100 ≤ < 280nm Ultravioleta C UVM 200 ≤ < 300nm Ultravioleta médio UVB 280 ≤ < 315nm Ultravioleta B UVP 300 ≤ < 400nm Ultravioleta próximo UVA 315 ≤ < 400nm Ultravioleta A geral as lâmpadas ultravioletas de baixa pressão são monocromáticas, emitindo radiação em 253,7 nm e 184,9 nm, sendo que a lâmpada de 254 nm é comercialmente mais comum e possui potencial germicida, enquanto a lâmpada de 185 nm tem o potencial para gerar O3 e realizar a fotólise da água (ZOSCHKE et al., 2014). Conforme Jeong et al., (2004), as reações para formação O3 a partir da incidência de radiação UVV sobre moléculas de O2 são as seguintes: O2 + hv (< 243 nm) → O(1D) + O(3P) O(1D) + M → O(3P) + M (M = O2 ou N2) O(3P) + O2 + M → O3 + M O3 + hv(< 310 nm) → O(1D) + O2 O(1D) + H2O → 2HO● 26 As moléculas reativas de oxigênio O(1D) e O(3P), são mais facilmente formadas em ar seco, quando há a irradiação UVV sobre um ar úmido há a formação de ●OH conforme a reação (JEONG et al., 2004): H2O + hv → H+ + ●OH O poder oxidante da luz UV é observado no tratamento de efluentes contaminados com resíduos tóxicos como, por exemplo: PPCPs, micropoluentes e fármacos que não são degradados por sistemas de tratamento convencionais (DANTAS, 2010; DE LA CRUZ et al., 2013; KIM e TANAKA, 2009). Segundo Chen et al., (2009) a radiação UV (λ = 254 nm) é capaz de degradar uma solução de atrazina em até 90% com 50 min. de tratamento utilizando uma lâmpada de baixa potência (8 W). Já Wols e Hofman-Caris (2012), demonstraram que a variação de degradação entre mais de 100 micropoluentes orgânicos pode variar entre 5% até 99% dependendo da estrutura molecular de cada composto. O uso da lâmpada UV em conjunto com outros POAs também foi estudado por Grčić et al., (2014), onde o processo aplicando Fenton em conjunto com a radiação UV obteve os melhores resultados no descolorimento e redução de COT para 5 diferentes corantes. 3.3 Processos Oxidativos em Efluentes Hospitalares Alternativas para os tratamentos convencionais dos efluentes hospitalares são os POAs, processos de tratamento que podem ser mais específicos visando à degradação de fármacos ou micropoluentes, como o uso de doses de ozônio somente ou previamente ao uso de baixas doses de peróxido de hidrogênio (LEE et al., 2014; DE WITTE et al., 2010). O uso de ozônio tem sido utilizado tanto para a degradação de fármacos em matrizes hospitalares, quanto para a degradação de fármacos em plantas de tratamentos de esgotos (ANTONIOU et al., 2013). 27 De Witte et al., (2010), utilizou a ozonização para degradar a molécula do fármaco ciprofloxacino, como forma de tratamento do efluente hospitalar, e após 60 minutos de tratamento, tanto em pH ácido (3) e pH alcalino (10), o ciprofloxacino não foi mais detectado. O uso de catalisadores como o íon Fe2+ junto ao ozônio foi estudado por Wilde et al., (2014), na degradação dos β-bloqueadores atenolol, propranolol e metoprolol em efluente hospitalar, onde se obteve a degradação dos princípios ativos, porém não se obteve a total mineralização dos mesmos. Segundo Dantas et al., (2010), o uso da fotólise por radiação UV direta é capaz de promover a remoção dos fármacos propranolol e metronidazol em água além de aumentar a biodegradabilidade e, no caso do propranolol, a diminuição da toxicidade após o tratamento. Na pesquisa realizada por Zupanc et al., (2013), o uso de processos combinados de tratamento biológico, do processo de cavitação hidrodinâmica com adição de peróxido de hidrogênio e o tratamento com lâmpada UV, consecutivamente, foram capazes de degradar as moléculas de ibuprofeno, naproxeno e ketoprofeno, a quantidades abaixo dos níveis de detecção enquanto que o diclofenaco e a carbamazepina reduziram em mais de 98%. O uso de membranas de polietileno de baixa porosidade aplicado aos efluentes hospitalares obtiveram resultados bastante promissores com reduções maiores que 80% para DQO e reduções de 98% para Escherichia coli (WEN et al., 2004). No estudo de Kovalova et al., (2013), a utilização de membranas de baixa porosidade em conjunto com tratamentos por carvão ativado e métodos oxidativos avançados como radiação UV e O3 além de métodos combinados de O3/H2O2 e UV/TiO2, foram testados no tratamento do efluente hospitalar. Köhler et al., (2012), utilizaram o tratamento com MBR que mostrou alto potencial para degradação da matéria orgânica, porém baixa capacidade de degradação de produtos farmacêuticos persistentes. Já a aplicação da radiação UV e H2O2 demonstraram degradação mais efetiva. 28 Combinações de POAs também foram avaliadas como o uso de ozônio, luz ultravioleta e íons ferrosos no tratamento de efluentes hospitalares, mais especificamente no efluente da lavanderia hospitalar com redução de até 59% da DQO e 86,7% de Nitrogênio Total Kjeldahl (NTK) a partir dos estudos de KERN et al., (2013). 3.4 Estudos dos Processos Oxidativos Avançados no Tratamento de Efluentes por Análise do Ciclo de Vida (ACV) Segundo Van Oers (2001), a ACV estuda aspectos e impactos ambientais para métodos, processos e produtos a partir da aquisição de dados de matéria-prima, produção, utilização e disposição final. Os estudos de ACV integram Recursos, Saúde e Ecossistemas, podendo ser completa ou parcial, com apenas algumas partes mais críticas de um processo. As fases dos estudos de ACV envolvem: 1) Objetivos e escopo; 2) Análise de Inventário; 3) Avaliação de Impacto e 4) Interpretação. Para indicação quantitativa de impactos ambientais em processos, a Análise do Ciclo de Vida é uma das ferramentas mais usadas. Vários softwares foram desenvolvidos para organização do inventário, para avaliação dos impactos diretos e indiretos, também referenciados como Midpoint e Endpoint, e para inclusão do destino dos resíduos e potenciais ciclos de reuso de materiais processados. Os softwares SimaPro e Umberto são os mais utilizados no Brasil, mas com variações de métodos envolvendo o EDIP, o CML 2001, o Ecoindicator 99 e o ReCiPe. No caso do software ReCiPe, a combinação do Midpoint, apresenta quatorze itens de impacto, e o Endpoint, apresenta quinze itens de impacto, ambos selecionam focos de danos ambientais com estágios chamados de Imediato (I) – são impactos de até 20 anos; Hierárquico (H) – são impactos de até 100 anos e finalmente o igualitário (E) – são impactos de até 500 anos. O SimaPro segue as definições das ISO 14040 e 14044 do ano de 2009. Alguns itens de definição são importantes para compreensão dos estudos de ACV, os quais podem ser verificados na Tabela 4. 29 Tabela 4: Definições dos itens utilizados na aplicação da ACV (VAN OERS et al., 2001). Item Definição Etapa de Caracterização na ACV Avaliação em cada um dos parâmetros de impacto em unidades equivalentes de qual é a contribuição de cada substância de cada parte do inventário de um procedimento, método ou processo. Ex.: kg CO2 eq. Comparativo entre os parâmetros de impacto de valores adimensionais que estabeleçam um quociente para estimar o limite tolerável, de acordo com legislações ou históricos de processos e consumos nas regiões dos bancos de dados. Ex.: Caracterização de efeito mudanças Climáticas com o Fator kg CO2 eq./ano para Europa Ocidental 4,81 x 1012 ( VAN OERS, 2001). RER U = Banco de dados Europeu do berço ao túmulo; RER S = Banco de dados Europeu do portão ao túmulo; BR U = Banco de dados Brasileiro do berço ao túmulo. Função: descrição do processo; Unidade Funcional: quantidade de referência a ser inventariada; Fluxo de Referência: Composição do inventariado; Fronteiras do Sistemas: Berço ao túmulo (extração disposições finais); Berço ao portão (extração e produto e/ou processo final) Categoria de Impacto: seleção do método de análise e de parâmetros de impacto nas etapas I, H ou E. Etapa de Normalização na ACV Legendas Estruturação da ACV É neste contexto que vários trabalhos com ACV já foram feitos para abordagens de tratamento de efluentes. Especificamente para sistemas combinados envolvendo tecnologia de irradiação UV com biorreator de membrana (do inglês Membrane Bioreactor - MBR), Köhler et al., (2012), aplicaram a avaliação de ACV. Os sistemas UV foram de baixa pressão e de média pressão. A análise das diferentes opções de tecnologia foi avaliada na relação de custo-benefício tendo em conta o consumo de energia elétrica e a eficiência de remoção de produtos farmacêuticos, que revelou claramente o melhor desempenho dos sistemas POAs com lâmpadas de baixa pressão. No entanto, ainda nas pesquisas desenvolvidas por Köhler et al., (2012), uma comparação global entre os diferentes cenários foi realizada para avaliar os seus impactos ambientais utilizando a metodologia de avaliação de ACV com o método EDIP. O uso do sistema com radiação UVC (baixa pressão com adição de 1,11 g L-1 de H2O2 no efluente) apareceu como o cenário estudado de menor impacto em termos de Análise de Ciclo de Vida. 30 Outra abordagem de ACV no tratamento de efluentes foi feita com o trabalho de Meneses et al., (2010). Neste trabalho os autores utilizaram a ACV para avaliar diferentes tratamentos de desinfecção com cloração e radiação ultravioleta, ozonização e ozonização com peróxido de hidrogênio, considerando vantagens e desvantagens de reutilização de águas residuais urbanas em aplicações não-potáveis. O processo de menor impacto foi Cl2/UV. Foco diferente de aplicação para processos avançados de tratamento de efluentes com ACV foi investigado por Igos et al., (2012), onde consideraram o destino de fármacos excretados sem modificações ou metabolizados para uma estação piloto com MBR seguido dos processos de ozonização, carvão ativado e radiação UV. A execução da ACV para estes estudos considerou a definição dos objetivos e escopo com o inventário direto do banco de dados do software EDIP2003, onde foram aplicadas quatorze categorias de impactos ambientais, considerando a etapa Endpoint. Com a sequência de estudos comparativos de ACV feitos por Igos et al., (2012) para processos de fotocatálise homogênea (foto-Fenton) e heterogênea (UV-TiO2) integrados com tratamento biológico, observou-se esta última como a alternativa mais sustentável para tratamento de substâncias tóxicas e não biodegradáveis. Os estudos desenvolvidos por Muñoz et al., (2006), basearam-se em testes de planta piloto com energia solar, utilizando metil-fenilglicina como uma substância alvo. O estudo de ACV incluiu a infra-estrutura das plantas, produtos químicos, energia elétrica, transporte de todos esses materiais para o local da instalação, gestão do catalisador, descarte de resíduos e os impactos do uso de uma ETE de lodos ativados. Os resultados da ACV mostraram que os impactos apresentaram-se de 80-90% mais baixos para o sistema UV/H2O2/Fe2+. 31 4. METODOLOGIA 4.1 Caracterizações Analíticas A coleta dos efluentes foi executada semanalmente em dia previamente determinado na lavanderia de um hospital localizado na região do vale do Rio Pardo. Este produz em média 150m3 de efluentes diariamente, sendo que 35% do total são de responsabilidade do setor de lavanderia. Para realizar os processos de tratamento foi coletada a água de descarte do primeiro enxágue das compressas, etapa em que não há a adição de produtos químicos para limpeza, somente a adição de água e agitação mecânica. O efluente coletado foi levado imediatamente ao laboratório onde foram realizadas as análises físico-químicas e biológicas e iniciado o processo de tratamento. As análises físico-químicas, químicas e biológicas realizadas foram: DQO, DBO, NTK, N-NH3, Ptotal, segundo o Standard Methods for Water and Wastewater (2008). A espectrometria de absorção molecular foi realizada utilizando um espectrofotômetro da marca Genesys com uma varredura no UVVis entre os comprimentos de onda de 190 e 700nm. As análises de toxicidade aguda foram realizadas segundo ABNT NBR 12713-04 (2004), com o crustáceo Daphnia magna. 4.1.1 Análise Cromatográfica 4.1.1.1 Preparação da amostra Previamente a cromatografia, as amostras foram tratadas por extração em fase sólida (EFS) em uma coluna de clean-up Strata C18-E em cartuchos de 500mg/3mL. Para condicionamento da coluna foram utilizados 4 mL de metanol, 2 mL de água deionizada. Foram percolados 100 mL de amostra por cartucho com vazão de 3 mL min-1 e os compostos adsorvidos posteriormente 32 eluídos em 3mL em 4 diferentes solventes: uma mistura metanol/acetonitrila 1:1; metanol; acetona e hexano (DONATO et al., 2012). 4.1.1.2 Condições cromatográficas As análises cromatográficas foram realizadas em um cromatógrafo a gás Shimadzu GC-2010 acoplado em espectrômetro de massas Shimadzu GCMSQP 2010 com analisador de massas quadrupolar. O método de injeção utilizado foi o Splitless (150 µL) a temperatura de 250 ºC e a coluna utilizada foi a coluna capilar DB-5 (5% diphenyl-95% dimethylpolysiloxane, Ohio Valley, CA, USA) com 30 m de comprimento 0,25 mm de diâmetro interno e 0,25 µm de fase estacionária. O forno iniciou com a temperatura de 80°C, aumentando até 200°C nos primeiro 25 min. e chegando aos 270 °C até os 60 min. mantendo esta temperatura até o fim da análise. O tempo de duração da análise foi de 70 min. sendo utilizado como gás de arraste o hélio (White Martins Gases Industriais, Canoas, Brasil, 99,999%) a um fluxo de 0,5 mL/min. A identificação dos compostos presentes no efluente pré e pós-tratamento foi efetuada pela comparação dos espectros de massas dos compostos desconhecidos com os espectros da biblioteca do equipamento (Wiley mass spectra library Wiley MS 6th edition) 4.2 Ensaios de Tratamento dos Efluentes Os ensaios de tratamento foram realizados a partir da recirculação da amostra durante 180 min. entre dois reatores sendo um horizontal e outro vertical com capacidade para 1.250 mL de amostra. O reator horizontal foi confeccionado em acrílico com acoplamento de lâmpada UV-Vácuo (λmax = 185 nm) de 14 W de potência para a geração de ozônio e degradação da amostra. Chicanas foram colocadas no interior para aumentar o tempo de retenção hidráulica da amostra, uma entrada e saída para o gás e uma entrada e saída de líquidos. 33 O reator vertical foi construído em formato cilíndrico com parede de vidro e tampa em polietileno, tendo tubo de quartzo no centro para proteção da lâmpada UVC (λmax = 254 nm) de 11 W. A inserção de ar foi feita para o reator horizontal a partir de uma pedra porosa, o reator ainda contou com uma saída de gás, uma entrada e uma saída de líquidos. Figura 1: Reator emerso (horizontal) e imerso (vertical) e bombas peristálticas utilizados nos tratamentos do efluente da lavanderia hospitalar. Como forma de avaliação foram executados 7 diferentes testes a partir da configuração inicial dos reatores, buscando identificar o melhor processo (Figura 2). Os testes foram divididos em: UVC: A lâmpada com radiação UVC que foi fixada no interior do reator imerso foi ligada, bem como, a bomba peristáltica para injeção de ar (Figura 2A); UVV: A lâmpada com radiação UVV que no interior do reator emerso foi ligada, assim como, a bomba peristáltica para recirculação do líquido, mas sem a injeção de ar (Figura 2-B); 34 O3: A lâmpada com radiação UVV do reator emerso e a bomba peristáltica para a injeção de ar foram ligadas, porém sem a recirculação do líquido no reator emerso (Figura 2-C); UVC/O3: A lâmpada UVC e a lâmpada UVV foram ligadas, assim como, a bomba peristáltica de injeção de ar, sem a recirculação de líquido no reator emerso (Figura 2-D); UVV/O3: A lâmpada UVV e as duas bombas peristálticas foram ligadas, recirculando o líquido entre os reatores e injetando o ar ozonizado (gerado no reator emerso) no reator imerso (Figura 2-E); UVV/UVC: A lâmpada UVV, a lâmpada UVC e a bomba peristáltica de recirculação do líquido foram ligadas, sem injeção de ar no reator imerso (Figura 2-F); UVV/UVC/O3: Todo o sistema foi ligado: as duas lâmpadas ultravioletas e as duas bombas peristálticas, recirculando o líquido e injetando ar ozonizado (Figura 2-G). 35 Figura 2: Reator emerso (horizontal) e imerso (vertical) e bombas peristálticas utilizados nos tratamentos do efluente da lavanderia hospital hospitalar. Bomba peristáltica Legenda da Figura 2:: Testes executados, A – UVC; B – UVV; C – O3; D – UVC/O3; E – UVV/O3; F – UVV/UVC; G – UVV/UVC/O3. 4.3 Análise do Ciclo de Vida e Prognóstico Ambiental dos Processos de Tratamento A definição do escopo para o ACV foi a partir dos dados inventariados para os processos de tratamento dos efluentes da lavanderia hospitalar referentes à Figura 3. 36 Figura 3: Representação simplificada dos sistemas resultantes das combinações UVV e UVC. A = Afluente; B = Recursos (energia e produtos químicos) e C = Efluente tratado. B Ar + Reator UVC - Emerso Ar A Bomba Peristáltica Aeração Bomba PeristálticaRecirculação Reator UVC - Imerso C Limites do escopo para ACV A proposta metodológica desenvolvida para definição do escopo nos POAs estudados considerou a avaliação dos seguintes itens: equipamentos, o consumo de energia elétrica e produtos químicos. O inventário dos parâmetros de carga poluente dos efluentes gerados foi associado com as análises de caracterização da DQO, DBO5, Fósforo Total e NTK. A energia elétrica consumida foi inventariada a partir das especificações dos equipamentos. Os valores diretos foram ajustados para a quantidade equivalente de 1 m3 de efluente tratado como tempo de tratamento de 3 horas (Unidade Funcional). A aplicação do software SimaPro 7.3.3 foi feita para os estudos de ACV levando em conta a aplicação do método ReCiPe (H). A quantidade de equivalência para o balanço material e energético considerou 1 m3 de efluentes líquidos gerados como o Fluxo de Referência para parâmetros de carga de kg m-3 em DQO; kg m-3 em DBO5; kg m-3 em NTK e kg m-3 em Ptotal. Procedimentos de Caracterização e Normalização foram aplicados na escala Midpoint. 37 Foram considerados os mesmos procedimentos de Muñoz (2003), para seleção dos parâmetros de análise: extração dos recursos bióticos e abióticos; uso do solo; aquecimento global; depleção do ozônio estratosférico; emissão de material particulado; toxicidade humana; ecotoxicidade de água de superfície; criação de oxidantes fotoquímicos; acidificação; eutrofização e recursos abióticos. Visando melhorar a compreensão e aplicações da ACV foram consideradas as normas ISO 14040 (Gestão Ambiental – Avaliação do Ciclo de Vida – Princípios e Estrutura) e ISO 14044 (Gestão Ambiental – Avaliação do Ciclo de Vida – Requisitos e Orientação), ambas de 2009. O prognóstico ambiental foi considerado com a aplicação da ferramenta 5W2H, tendo como referência os estudos de Ribeiro (2012). 38 5 RESULTADOS E DISCUSSÔES 5.1 Caracterização do efluente da lavanderia hospitalar Em comparação com outros trabalhos apresentados na literatura (ALBRECHT, 2007; KERN et al., 2013; LUTTERBECK, 2010) o efluente oriundo da lavanderia demonstrou algumas diferenças nos fatores de carga. Valores de DQO e DBO5 ficaram acima dos valores apresentados em outras pesquisas, enquanto que NTK ficou abaixo e a turbidez praticamente manteve os mesmos valores. Tabela 5: Caracterização do efluente do enxágue das compressas. Parâmetros Efluente Limites Limite bruto Resoluções Vazão Consema/RS m³ d- 1 128 e 129/06 -1 DQO (mg L ) 6364 360 20≤Q<100 -1 DBO5 (mg L ) 2040 150 20≤Q<100 N-NH3 (mg L-1) 4,2 20 Q<100 NTK (mg L-1) 12,88 20 Q<100 pH 7,11 7,0 - 165 - - 703 - - Fósforo total (mg L ) 4,8 4 Q<100 Ecotoxicidade Aguda 6,7 100 Q>10.000 Turbidez (NTU) -1 Condutividade (µS cm ) -1 (EC50 %) Coliformes Totais 5.2 Comparativo de redução entre os processos de tratamento Nos tratamentos utilizados o teste somente de ozonização obteve o melhor resultado em termos de redução de DQO, apresentando 50,8% de 39 redução, o maior percentual entre os testes executados conforme apresentado na Figura 4. Figura 4: Média e valores máximos e mínimos das DQOs encontradas nos efluente brutos e nas amostras pós tratamentos. DQO 8000 7000 Média 6000 mg L -1 5000 4000 3000 2000 1000 0 Esta redução maior no teste de ozonização em comparação aos testes combinados pode ser explicada devido aos tratamentos com a denominação UVV terem a recirculação entre os reatores, diminuindo a altura de coluna d’água no reator imerso e, assim, diminuindo o tempo de contato entre o O3 e o efluente (tempo de residência). Já o teste combinado da lâmpada UVC com o O3 já foi descrito na literatura como menos eficiente que o teste somente utilizando O3 (KERN et al., 2013). Ainda, considerando os estudos efetuado por Kern et al., (2013), é possível observar o ganho na redução da DQO com este novo reator, pois o mesmo tratamento (O3) em um reator diferente alcançou 43% de redução. No entanto, com o uso da combinação UV/O3/Fe2+, foi alcançado o total de redução de 59%, demonstrando que com adição de catalisador ao tratamento poderá alcançar valores ainda maiores de oxidação. Já Albrecht (2007), utilizando O3, radiação UV e TiO2 alcançou 30,19% na redução da DQO, ainda ficando abaixo dos resultados demonstrados na Figura 4. 40 O teste de DBO5 apresentou a maior redução no tratamento com todos os processos combinados, UVV/UVC/O3, chegando a 26,5% de redução, enquanto que o teste com melhor redução de DQO (somente O3) não apresentou uma redução significativa (Figura 5). Figura 5: Média e valores máximos e mínimos das DBO5 encontradas nos efluente brutos e nas amostras pós tratamentos. DBO5 3000 2500 mg L-1 Média 2000 1500 1000 500 0 Observa-se que na Figura 5, alguns resultados aparecem com o percentual negativo, isso é devido ao aumento da DBO5 da amostra póstratamento em relação ao bruto (pré-tratamento). Isto pode acontecer pois as espécies formadas como subprodutos dos tratamentos apresentam menor biodegradabilidade em relação as moléculas presentes no efluente bruto. O percentual de redução alcançado pelo tratamento combinado foi de 26,5%,valor elevado, assim como os 32% encontrados no tratamento de eletrooxidação realizado por Machado et al., (2012), para o mesmo efluente. Já, o processo de tratamento mais semelhante ao realizado neste trabalho, alcançou 50% de redução utilizando a combinação entre O3, UV e Fe2+ (KERN et al., 2013). O processo aplicado por Albrecht (2007), com o uso de catalisador também apresentou grande redução na DBO5 alcançando valores de até 75%. 41 Estes diferentes resultados na redução entre DQO e DBO5, tornam o efluente tratado no teste de O3 como o de maior biodegradabilidade, enquanto que o efluente tratado com todos os processos que obteve a maior redução de DBO5 ficou com a menor biodegradabilidade (Figura 6). Esta diminuição na biodegradabilidade do efluente pode ser resultado da formação de subprodutos mais tóxicos ou recalcitrantes nos testes combinados. Figura 6: Valores de biodegradabilidade (relação DQO/DBO5) para amostra prétratamento (efluente bruto) e cada processo de tratamento. Biodegradabilidade 3,50 3,00 2,50 2,00 1,50 1,00 0,50 0,00 3,12 1,58 1,80 1,86 2,24 2,53 2,80 3,00 Comparando com os trabalhos que utilizaram o efluente coletado no mesmo local para os processos de tratamentos (Kern et al., 2012; Lutterbeck, 2010), o efluente atualmente possui a maior carga orgânica com a menor biodegradabilidade, se tornando assim, o mais complexo para o processo de tratamento. Os testes de ecotoxicidade aguda demonstraram que o efluente bruto foi extremamente tóxico com uma EC50 de 6,7%, enquanto o processo de tratamento UVV/UVC/O3 apresentou o melhor resultado com uma EC50 de 100%, o que é considerado pouco tóxico. Observaram-se os testes de UVC/UVV e UVC/O3 com bons resultados ficando classificados como medianamente tóxicos (Figura 7). 42 Figura 7: Resultados das análises de ecotoxicidade aguda para cada uma das configurações dos processos de tratamento. 100 % EC50 75 50 25 0 O processo O3 que apresentou maior degradação da matéria orgânica no teste de DQO (Figura 4), apresentou toxicidade elevada, ficando muito próximo do efluente bruto, ou seja, o aumento da biodegradabilidade do efluente não tem relação com a diminuição da toxicidade do mesmo. No teste ste de espectro espectrofotometria UV-Vis, foi possível observar a presença de compostos orgânicos no efluente eflue bruto (EL HAJJOUJI et al., 2007; ZHU et al., 2011), assim como, a presença decompostos d orgânicos após os processos de tratamento, pois as bandas na região do UV sofrem uma diminuição em relação ao bruto, mas ainda apresentam elevada absorção (Figura 8). Porém, mesmo sendo possível ver a diminuição das áreas dos picos do efluente bruto em relação às amostras tratadas, métodos mais refinados são necessários como testes de ecotoxicidade e a cromatografia gasosa para identificar e quantificar compostos mais mai complexos e de difícil degradação. 43 Figura 8: Espectro de varredura da amostra bruta comparativamente com todos os tratamentos. A = Varredura de 190-700nm; B = Intervalo onde estão as frações orgânicas das amotras λ=190-240nm. A B 5.3Caracterização do Efluente da lavanderia hospitalar por CG-EM Para cada solvente utilizado para fazer as extrações dos componentes das colunas de extração em fase sólida foram encontrados compostos diferentes (Figura 9). Apesar de haver alguns compostos semelhantes em geral, a polaridade de cada solvente foi determinante na separação dos compostos (Tabela 6). 44 Tabela 6: Compostos encontrados a partir da identificação da biblioteca do espectrômetro de massas com seus respectivos tempos de retenção (tR). Solv. tR. Hexano S. Nome Acetona S. Nome 1 4,38 90 1,3,5-trimetil-benzeno 2 5,61 93 Dodecano 3 6,79 93 1,2,3,4-tetrametil-benzeno 4 7,00 87 Ácido octanóico 5 10,70 93 Hidrocarboneto 6 10,94 91 Hidrocarboneto 7 11,11 90 Hidrocarboneto 8 11,19 91 Hidrocarboneto 9 11,39 90 Hidrocarboneto 10 11,63 97 Ácido decanóico 11 12,50 91 Hidrocarboneto 12 14,82 92 Hidrocarboneto 13 15,04 90 Hidrocarboneto 14 15,26 90 BHT (ButilHidroxiTolueno) 15 15,45 16 15,63 90 Hidrocarboneto 17 15,87 93 Hidrocarboneto 18 16,10 92 Hidrocarboneto 19 16,33 92 Hidrocarboneto 96 89 Metanol S. Nome 94 Ácido octanóico Metanol/Acetonitrila 1:1 S. 81 N-(4-aminofenil)-Nmetilacetamida 89 Dodecanoato de metila BHT (ButilHidroxiTolueno) Hidrocarboneto 83 Dodecano 45 Solv. Hexano 20 16,57 92 21 16,63 22 16,87 92 Hidrocarboneto 23 17,22 94 Hidrocarboneto 24 18,46 25 19,71 91 Hidrocarboneto 26 19,89 88 Hidrocarboneto 27 20,63 92 Hidrocarboneto 28 20,82 90 Hidrocarboneto 29 21,02 90 Hidrocarboneto 30 21,57 97 Hidrocarboneto 31 22,04 90 Hidrocarboneto 32 22,30 33 22,98 34 23,70 35 24,13 89 Hidrocarboneto 36 25,00 90 Hidrocarboneto 37 25,55 89 Álcool 38 26,23 39 Acetona Metanol Metanol/Acetonitrila 1:1 Hidrocarboneto 96 Ácido láurico 96 Ácido láurico 95 1-iodo-dodecano 84 Fosfato 82 Fosfato 89 Diisobutil Ftalato 93 Diisobutil Ftalato 97 Lidocaína 97 Lidocaína 93 14-metil-pentadecanoato de metila 93 Dipirona 27,97 94 Oleato de Metila 40 28,63 94 Octanoato de Metila 41 28,94 86 84 Álcool 97 Heneicosano Ftalato 97 89 92 Lidocaína Dipirona 86 Dipirona Ácido Oleico 46 Solv. 42 30,06 43 31,17 44 31,21 45 35,21 46 35,46 47 40,93 Hexano 85 Acetona Metanol Tetracosano 89 88 97 Metanol/Acetonitrila 1:1 Ácido 3-nitroftálico Amida 90 Amida 85 Dipirona 97 Mono(2-etil-hexil) ftalato Piridina 47 Figura 9: Cromatogramas obtidos por CG-EM da amostra bruta extraído em 4 solventes diferentes. Hexano Acetona Metanol Metanol/Acetonitrila min. 48 Somente foram considerados picos que apresentavam compostos com mais de 80% de similaridade com a biblioteca e espectros, sendo que entre 80% e 90% foram considerados somente os grupos funcionais para fins de avaliação e acima de 90%, o composto apresentado. Entre os solventes utilizados observa-se na Tabela 6, que os solventes de maior polaridade, acetona, metanol e metanol/acetontrila, extraíram compostos similares com algumas exceções nos mesmos tempos de retenção. Em hexano, a maioria dos compostos encontrados se deteve a cadeias orgânicas com grandes números de carbonos, foram extraídos hidrocarbonetos de 14 a 34 carbonos. Dos compostos identificados no efluente bruto podemos destacar a presença de Lidocaína e Dipirona, dois medicamentos muito utilizados no hospital. Outro composto que apresentou uma alta similaridade com a biblioteca foi o BHT. Apesar de ser mais utilizado como um antioxidante para alimentos o BHT pode ser utilizado como antioxidante em fármacos e ser encontrado em ETE de hospitais (FERREIRA, 2001; WYASU e KURE, 2012). Há pesquisas que demonstram que ele é capaz de causar problemas hepáticos diminuindo a reserva de vitamina A, além de testes em camundongos apresentarem o aparecimento de tumores nos pulmões e problemas gastrointestinais (LEDERER, 1991). A Lidocaíca também é conhecida com Xilocaína® e é um anestésico muito utilizado em tópicos dermais ou por aplicação percutânea e intravenosa. É facilmente absorvida pelo fígado e cerca de 10% é excretado pela urina. Pesquisas demonstram sua presença em ETE tanto no Brasil quanto na Alemanha (FERREIRA, 2011). A dipirona é um fármaco anti-inflamatório não-esteróide que é facilmente absorvido pelo corpo, e pode ser excretado pela urina, motivo pelo qual pode estar presente a própria dipirona ou algum produto de degradação no efluente hospitalar (FELDMANN et al., 2008). 49 5.4 Caracterização da amostra pós-tratamento UVV/UVC/O3 Após a realização do tratamento com todos os métodos combinados foi realizada a caracterização da amostra pós-tratamento para o método que era considerado o de maior potencial de oxidação. Apesar dos testes físicoquímicos demonstrarem o processo O3, como o de maior poder oxidativo, o método combinado com a adição de catalisador a base de íons ferrosos poderá ser o de melhores resultados, conforme estudos realizados por Kern et al., (2013). Para a avaliação cromatográfica do teste de melhor resultado na ecotoxicidade aguda (UVV/UVC/O3) foi preparada a amostra em 3 solventes: metanol, acetona e hexano. A Figura 10 apresenta a comparação entre a amostra bruta e tratada utilizando acetona como solvente. Figura 10: Comparativo entre cromatogramas usando acetona para preparação das amostras bruta e tratada com o processo UVV/UVC/O3. (x1,000,000) 1.75 1.50 1.25 TRATADO 1.00 0.75 0.50 BRUTO 0.25 0.00 10 Observa-se 20 a 30 diminuição min. de 40 alguns 50 picos 60 após o tratamento demonstrando uma possível degradação de alguns dos componentes presentes na amostra bruta como o ácido dodecanóico (tR. 15.26), dipirona (tR. 26.24) Ácido oleico (tR. 28.94), por exemplo, além da formação de outros 50 picos, podendo ser resutado da degradação dos compostos presentes na matriz real. A Figura 11 demonstra o comparativo entre amostra bruta e tratada utilizando um solvente mais apolar. Figura 11: Comparativo entre cromatogramas usando hexano para preparação das amostras bruta e tratada com o processo UVV/UVC/O3 . (x100,000) 4.5 TRATADO 4.0 3.5 3.0 2.5 2.0 BRUTO 1.5 1.0 0.5 10 20 min. 30 40 50 Há algumas diminuições nos picos de tR. 19.89, 20.63, 21.57,30.06 e 40.93 min. mas estas se restringem à cadeias orgânicas compridas. Houve formação de prováveis produtos de degradação do efluente bruto, sendo observados alguns picos presentes somente na amostra tratada, principalmente nos tR. menores. A Figura 12 apresenta o comparativo entre bruto e tratado utilizando o solvente mais polar. 51 Figura 12: Comparativo entre os cromatogramas usando metanol para preparação das amostras bruta e tratada com o processo UVV/UVC/O3. (x1,000,000) 1.0 TRATADO 0.9 0.8 0.7 0.6 0.5 0.4 BRUTO 0.3 0.2 0.1 0.0 10 20 30 min. 40 50 60 Neste cromatograma também foi possível observar a diminuição de alguns picos como os tR. de 26.24 e 31.17 na comparação amostra bruta/tratada, e a formação de possíveis produtos de degradação provenientes do tratamento. 5.5Análise de Ciclo de Vida (ACV) dos Processos Estudados Mesmo que em muitos trabalhos os inventários sejam incluídos na Metodologia, aqui estes dados serão apresentados como resultado das atividades experimentais de caracterização. Estes dados são referentes aos valores de inventários diretos e indiretos, apresentados em duas etapas. Nas Tabelas 7 e 8 estão os dados do inventário 1. Na Tabela 7 foram considerados os processos de operação das unidades em escala de bancada. 52 Tabela 7: Inventários diretos das etapas de operação dos processos de tratamento de efluentes da lavanderia hospitalar estudados. Quantidades equivalentes para 1m3 em 3 h de tratamento com duas configurações de escalas: Bancada somente extrapolada e Piloto. Processos Especificações Unitárias de Consumo de Energia para a Unidade de Bancada Energia (W) Processo UVV – Reator Emerso* 14W – Lâmpada UVV 50 W – Bomba de Recirculação Processo UVC – Reator Imerso** 11W – UVC Valores de Consumo de Energia das Quantidades Equivalentes por Processo Configuração 1 Configuração 2 Unidade de Bancada Perspectiva da Unidade somente extrapolada. Piloto. Energia Total por Energia (kW) Processo (kW) 33,6kW – Lâmpada UVV 153,6 0,624 kW – Bomba Centrífuga de Recirculação Total = 34,224 146,4 50 W – Bomba de recirculação Processo UVV/UVC*** 25 W das Lâmpadas UVV e UVC 180 50 W – Bomba de recirculação Processo O3**** 14 W – Lâmpada UVV 153,6 50 W – Bomba de aeração Processo UVV/O3***** 14 W - Lâmpada UVV 50 W – Bomba de recirculação 50 W - Bomba de aeração Processo UVC/O3****** 273,6 25 W das Lâmpadas UVV e UVC 180,0 50 W – Bomba de aeração Processo UVV/UVC/O3 25 W das Lâmpadas UVV e UVC 26,4 kW – Lâmpada UVC 0,624 kW – Bomba Centrífuga de Recirculação Total = 27,024 60 kW – Lâmpadas UVV/UVC 0,624 kW – Bomba Centrífuga de Recirculação Total = 60,624 33,6 kW – Lâmpada UVV 1,2 kW – Compressor radial Total = 34,8 33,6kW – Lâmpada UVV 1,824 kW – Bomba Centrífuga de Recirculação e Compressor radial Total = 35,424 60 kW – Lâmpadas UVV/UVC 1,2 kW – Compressor radial Total = 61,2 60 kW – Lâmpadas UVV/UVC 1,824 kW – Bomba Centrífuga de Recirculação e Compressor radial Total = 61,8 50 W da Bomba de recirculação 300 50 W da Bomba de aeração Produtos Químicos Todos os Processos aplicaram H2SO4 45% v/v 0,8 L NaOH 50% m/v 0,2 L -1 Densidades de consumo de energia (W L – Reatores com Volume total de 1,25 L): *51,2 W -1 -1 -1 -1 -1 -1 -1 L ;**48,8 WL ; ***60 WL ; ****51,2WL ; *****91,2 WL ; ****** 60 WL ; *******100 WL . Dados adicionais da unidade de bancada: Vazão da bomba peristáltica para recirculação de efluente= -1 -1 3,31 L h ; Vazão de ar com uso da bomba peristáltica para aeração= 1,05 L min . 53 Para os valores da Configuração 1, as densidades de consumo de energia foram simplesmente extrapoladas para 1 m3, considerando aumento da potência das lâmpadas e das bombas peristálticas. No entanto, para configuração da unidade de referência nos cálculos de ACV foram considerados os dados da Configuração 2, propondo a substituição da bomba peristáltica de aeração de bancada para um compressor com difusor circular de cerâmica de 180 mm (consumo de 0,5 kWh) com vazão de ar de 1 m3 min-1. Para o sistema de recirculação pode ser aplicada bomba centrífuga de 1/4 de CV, com consumo de 0,26 kWh em elevação de até 12 m. O reator imerso ilustrado na Figura 3 considerou um volume útil de 1.250 L, mesmo formato, com altura da coluna d’água de 2 m. e diâmetro de 1,4 m. No reator emerso o volume foi de 250 L. As configurações para a disposição das lâmpadas também devem manter as mesmas distribuições com unidades de maior potência. Já os dados da Tabela 8 constituem os valores do inventário 1 para as cargas poluentes do afluente e efluentes estudados. Tabela 8: Dados de caracterização dos afluentes e efluentes estudados para consideração de cargas poluentes. Amostras Bruto O3 UVV UVC UVC + UVV UVV/O3 UVC/O3 UVV/UVC/O3 6463 2040 4,2 12,8 3130 1980 1,96 11,76 4097 2160 2,52 11,76 4363 2340 2,52 11,76 4830 2160 2,52 10,08 4697 1860 4,2 11,76 4530 1620 4,2 12,88 4497 1500 4,2 11,76 4,8 4,6 4,2 4,6 4,7 5,6 6,5 5,0 Parâmetros (mg L-1) DQO DBO5 N-NH3 NTK Fósforo Total As considerações para o inventário 1 demonstraram que a relação consumo de energia e eficiência de redução da DQO foram melhores para o processo O3, isto nas duas configurações extrapoladas a partir dos dados de bancada, conforme as informações da Figura 13. 54 Figura 13: Consumo de energia por kg de DQO removida nos processos de tratamento de efluentes estudados em escala de bancada de acordo com as Configurações 1 e 2. O3 UVV UVC UVV/UVC UVV/O3 UVC/O3 UVV/UVC/O3 Dados muito próximos também foram obtidos para os processos UVV/O3 e UVC na Configuração 2, visto que o consumo de energia é significativamente diminuído para o sistema em recirculação. Dados de energia aplicados foram ainda mantidos em baixa tensão para extrapolação para a escala piloto (110-430 W), porém muitos estudos de escala piloto consideram a média tensão como a seleção da pesquisa para os bancos de dados do ACV (CHONG et al., 2010; MUÑOZ et al., 2006). Os mecanismos de geração e das reações do ozônio sob as radiações de max = 185 nm e 254 nm associam que o efeito adicional da radiação UVV ocorre para geração de O3 no reator emerso, sendo que para o reator imerso a degradação de O3 dissolvido pode ser o mecanismo prioritário. Voronov (2008), considerou que somente vazões de ar maiores do que 0,1 m3 seg-1 são capazes de permitir que a destruição fotoquímica do ozônio não ocorra com o max = 254 nm. Desta forma para o mecanismo UVC/O3 o efeito de decomposição do ozônio gera O (1D), sendo que o oxigênio singlete reage com o N2 do ar para formação dos óxidos de nitrogênio e adicionalmente 55 com a água para formação do radical hidroxila. Neste caso, o mecanismo coadjuvante (gerador exclusivo de HO.) não ocorreria, o que explicaria as piores condições na Configuração 2 (Figura 13) para os processos UVV/UVC, UVC/O3 e UVV/UVC/O3, em termos de kWh/kgDQO removida. Em vários trabalhos pesquisados para ACV de processos de tratamento de efluentes há referência de dados de transporte para cada um dos insumos, sendo que em estudos futuros isto deverá ser mais reforçado no inventário 1, pois são de características locais ou regionais (MUÑOZ et al., 2006; MUÑOZ et al., 2007). O inventário 2 apresentado na Tabela 9 resgatou os dados localizáveis no banco de dados dos Simapro 7.3.3. O estudo constante para a ACV deve considerar continuidade como em sistemas de gestão ambiental, SGA, ou seja, agregar mais valores por ampliação das análises e de criação de novos bancos de dados que os softwares de ACV já permitem. Porém, criar novos bancos de dados muitas vezes esbarram em obter informações com fornecedores, especialmente de produtos importados. Os dados para o inventário 2 podem ser vistos na Tabela 9. 56 Tabela 9: Inventário 2 – Dados de adequação ao software SimaPro 7.3.3 (1m3 em 3 h de tratamento). Processos Especificações Unitárias de Consumo Valores das Quantidades Equivalentes por Processo na Configuração 2 Energia (kW) Eletricidade de Baixa Voltagem, BR, grau BR U Processo UVV – Reator Emerso Processo UVC – Reator Imerso Processo UVV/UVC Processo O3 Processo UVV/O3 Processo UVC/O3 Processo UVV/UVC/O3 Produtos Químicos Todos os Processos aplicaram Ácido sulfúrico, RER U Hidróxido de sódio, 50% em água, célula da membrana, planta industrial, RER U Efluente Bruto O3 UVV UVC UVC/UVV UVV/O3 UVC/O3 UVV/UVC/O3 34,2 27,0 60,6 34,8 35,4 61,2 61,8 Valores 1,47 kg 0,1kg Parâmetros de Carga Poluente (kg m-3) DQO DBO5 NTK PTotal 6,46 2,04 0,013 0,0048 3,13 1,98 0,011 0,0046 4,10 2,16 0,011 0,0042 4,36 2,34 0,011 0,0046 4,83 2,16 0,011 0,0047 4,70 1,86 0,011 0,0056 4,53 1,62 0,012 0,0065 4,50 1,5 0,011 0,005 Os dados observados na tabela anterior mostraram valores de consumo de energia bem superiores se comparados aos ensaios de fotodegradação combinados com H2O2 realizado por Köhler et al.,(2012). Os pesquisadores trabalharam com faixas de consumo de energia de 4 a 10 kWh m-3, considerando o fluxo contínuo no sistema de tratamento, sem adicionar portanto,o consumo de energia para o bombeamento de efluentes. Os valores de NTK foram usados no banco de dados do SimaPro. Os valores de nitrito e nitrato devem merecer atenção para estudos futuros, para não serem desconsiderados para o inventário 2 e para possibilitar o uso de nitrogênio total disponível no banco de dados do software. 57 Os dados de ACV Midpoint podem ser observados nas sequências das Figuras de 14-15 e da Tabela 10, ressaltando-se os dados de Caracterização e Normalização. A Caracterização da Figura 16 demonstra os efeitos de impactos dos 14 itens de danos ambientais diretos relacionados pelo método ReCiPe (H) revelando que os processos O3, UVC apresentaram as menores relações de danos ambientais para cada um dos itens. Isto já está também associado com o menor consumo de energia revelado no inventário 2. 58 Figura 14: Dados de ACV – Caracterização dos Processos de Tratamento de Efluentes estudados. % Legenda adicional da Figura 14: CC – Mudanças Climáticas; OD – Depleção da Camada de Ozônio, HT - Ttoxicidade Humana, PO - Formação de Oxidantes Fotoquímicos, PM - Material Particulado; TA - Acidificação Terrestre, FE – Eutrofização de Água Doce; EF - Ecotoxicidade de Água Doce; AL Ocupação de Terras Agrícolas; UL - Ocupação do Solo Urbano; NL - Transformação da Terra Natural, WD – Depleção de Água; MD - Depleção de Metal; FD - Depleção Fóssil. 59 Tabela 10: Dados da ACV – etapa de caracterização dos processos de tratamento de efluentes estudados. Categoria Unidade O3 UVV UVC UVC/UVV UVV/O3 UVC/O3 UVV/UVC/O3 CC kg eq CO2 10,4 10,3 8,16 18 10,6 18,1 18,3 OD kg eq CFC-11 4,37E-7 4,3 3,45E-7 7,43E-7 4,45E-7 7,50E-7 7,57E-7 HT kg eq 1,4-DB 3,29 3,24 2,60 5,57 3,35 5,62 5,67 PO kg NMVOC 0,0158 0,0156 0,0129 0,0253 0,016 0,0255 0,0257 PM kg eq PM10 0,00908 0,009 0,00801 0,0126 0,00917 0,0127 0,0128 TA kg eq SO2 0,032 0,0318 0,0293 0,0408 0,0322 0,0411 0,0413 FE kg eq P 0,00658 0,00615 0,00618 0,008 0,00761 0,00983 0,00836 EF kg eq 1,4-DB 0,041 0,0404 0,0327 0,0685 0,0417 0,0691 0,0698 AL 2 ma 0,28 0,275 0,220 0,477 0,285 0,482 0,486 UL 2 ma 0,0207 0,0204 0,0167 0,0337 0,021 0,034 0,0343 NL 2 0,00956 0,0094 0,00744 0,0166 0,00973 0,0168 0,0169 0,0987 0,0983 0,0932 0,117 0,0991 0,117 0,118 de Impacto ma 3 WD m MD kg eq Fe 0,944 0,929 0,747 1,6 0,96 1,61 1,63 FD kg eq oil 1,34 1,32 1,06 2,27 1,36 2,29 2,31 Legenda adicional da Tabela 10: CC – Mudanças Climáticas; OD – Depleção da Camada de Ozônio, HT - Toxicidade Humana, PO - Formação de Oxidantes Fotoquímicos, PM - Material Particulado; TA - Acidificação Terrestre, FE – Eutrofização de Água Doce; EF - Ecotoxicidade de Água Doce; AL Ocupação de Terras Agrícolas; UL - Ocupação do Solo Urbano; NL - Transformação da Terra Natural, WD - Depleção de Água; MD - Depleção de Metal; FD - Depleção Fóssil 60 Figura 15 : Dados de ACV da normalização dos processos de tratamento de efluentes estudados. Legenda adicional da Figura 15: CC – Mudanças Climáticas; OD – Depleção da Camada de Ozônio, HT - Toxicidade Humana, PO - Formação de Oxidantes Fotoquímicos, PM - Material Particulado; TA - Acidificação Terrestre, FE – Eutrofização de Água Doce; EF - Ecotoxicidade de Água Doce; AL Ocupação de Terras Agrícolas; UL - Ocupação do Solo Urbano; NL - Transformação da Terra Natural, MD - Depleção de Metal; FD - Depleção Fóssil. 61 Todos os três processos de menor consumo de energia são os de menor impacto, especialmente na Configuração 2. No entanto, a ozonização apresenta o melhor desempenho na relação energia consumida/DQO removida. Estes dados são semelhantes às tendências obtidas por Köhler et al., (2012), onde sistemas de UVC baixa pressão, UVC, UVB e UVA média pressão foram aplicados associando o MBR como um pré-tratamento separador de fases. A etapa de Caracterização do ACV (Tabela 10) demonstra aspectos importantes dos parâmetros mais significativos de impactos ambientais dos sistemas fotoquímicos aplicados em cada parâmetro. As mudanças climáticas, a toxicidade humana, as depleções de metal e de fósseis são as mais representativas dos impactos ambientais no comparativo de cada parâmetro, sendo que especialmente a toxicidade humana é que diretamente pode estar associada ao uso de energia elétrica (embora,que no Brasil aproximadamente 51% é da matriz hidroelétrica). Mas a matriz energética brasileira usa as termoelétricas também, com potenciais riscos de emissões atmosféricas que associam substâncias com potencial de toxicidade. Quanto às características da Normalização, são ainda mais ressaltados os impactos mais intensos na comparação entre todos os 14 impactos, com destaque novamente para a toxicidade humana e para a eutrofização (ação de carga do NTK e Ptotal) conjuntamente com as ecotoxicidade de água doce. Ainda que os parâmetros eutrofizantes estejam em acordo com a resolução Consema/RS 128/06, estes parâmetros contribuem intensivamente no método ReCiPe (H). 62 Figura 16: Dados de ACV – Caracterização para Avaliação da Contribuição do Balanço Material e de Energia nos Impactos Ambientais no 17. Processo UVC. % 100 95 90 85 80 75 70 65 60 55 50 45 40 35 30 25 20 15 10 5 0 CC OD HT PO PM TA FE EF AL UL NL WD MD FD Eletricidade, baixa voltagem, BR, grau BR/U Hidróxido de Sódio, 50%, meio aquoso, Célula da Membrana, planta industrial/RER U Efluente Tratado com o Processo UVC, equivalente de 1000 kg Ácido sulfúrico, líquido, planta industrial/RER U Legenda da Figura 16:CC – Mudanças Climáticas; OD – Depleção da Camada de Ozônio, HT - Toxicidade Humana, PO - Formação de Oxidantes Fotoquímicos, PM - Material Particulado; TA - Acidificação Terrestre, FE – Eutrofização de Água Doce; EF - Ecotoxicidade de Água Doce; AL - Ocupação de Terras Agrícolas; UL - Ocupação do Solo Urbano; NL - Transformação da Terra Natural, MD - Depleção de Metal; FD - Depleção Fóssil 63 Tabela 11: Dados de ACV – Caracterização para Avaliação da Contribuição do Balanço Material e de Energia nos Impactos Ambientais no Processo UVC. Categoria Unidade Total de Impacto Efluente Ácido Sulfúrico, Hidróxido de Sódio, 50%, Eletricidade, baixa Tratado com líquido, na planta meio aquoso, Célula da voltagem, BR, o Processo industrial, RER U Membrana, planta grau BR/U UVC industrial, RER/U CC kg eq CO2 8,16 0 0,182 0,099 7,88 OD kg eq CFC-11 3,45 E-7 0 1,87E-8 6,27E-9 3,2E-7 HT kg eq 1,4-DB 2,60 0 0,148 0,0756 2,38 PO kg NMVOC 0,0129 0 0,00278 0,00023 0,0992 PM kg eq PM10 0,00801 0 0,00415 0,000142 0,00371 TA kg eq SO2 0,0293 0 0,0437 0,000432 0,00927 FE kg eq P 0,00618 0,0046 0,000106 9,82E-5 0,00138 EF kg eq 1,4-DB 0,0327 0 0,00245 0,00151 0,0287 AL 2 ma 0,220 0 0,0116 0,00277 0,206 UL 2 ma 0,0167 0 0,00247 0,000571 0,0137 NL 2 0,0074 0 7,34E-5 1,28E-5 0,00735 ma 3 WD m 0,0932 0 0,073 0,00134 0,0189 MD kg eq Fe 0,747 0 0,0545 0,00847 0,684 FD kg eq oil 1,06 0 0,0601 0,0288 0,971 Legenda adicional da Tabela 11:CC – Mudanças Climáticas; OD – Depleção da Camada de Ozônio, HT - Toxicidade Humana, PO - Formação de Oxidantes Fotoquímicos, PM - Material Particulado; TA - Acidificação Terrestre, FE – Eutrofização de Água Doce; EF - Ecotoxicidade de Água Doce; AL Ocupação de Terras Agrícolas; UL - Ocupação do Solo Urbano; NL - Transformação da Terra Natural, WD - Depleção de Água; MD - Depleção de Metal; FD - Depleção Fóssil. 64 Se fossem consideradas as questões adicionais de materiais de consumo dos ensaios de fotodegradação, deveriam ser inventariados os dados pertinentes as lâmpadas de radiação UV, o que modificaria os perfis das Figuras 15 e 16, bem como as Tabelas 10 e 11. Com as pesquisas de Köhler et al., (2012) os dados de materiais de entrada contabilizaram 61,5 kg de aço, 2,71 kg de vidro borossilicato, 0,095 kg de cobre, 0,0017 kg de molibdênio, 0,12 kg de cerâmica, 0,0015 kg de argônio (isento para lâmpadas a vácuo) e 0,0001 kg de mercúrio, com 8800 horas de vida útil para a lâmpada UVC, na referência de 1m3 para o efluente tratado. A dificuldade de contato com fornecedores das lâmpadas impediram a contabilidade deste material de consumo para os estudos aqui realizados. No parâmetro de impacto associado ao efluente, a eutrofização foi o único parâmetro direto, tanto nos métodos UVC e UVV/UVC/O3. Este resultado seria esperado devido a carga eutrofizante da Tabela 8. As referências de Normalização consideram ainda os dados da Figura 16 com valores quocientes adimensionais, associando a posição dos limites das legislações e/ou banco de dados de comparação para cada parâmetro. Neste caso, por exemplo, valores de emissão de kg CO2 eq para alguns países são referendados como dados de controle ou metas, o qual seria o limite dos dados que o ReCiPe (H) estabelece para as condições européias. Apesar da influência da energia, não há referência maior dos efeitos de mudanças climáticas e sim, da infraestrutura para as linhas de transmissão de energia (metais para as linhas de condução, por exemplo) que associam toxicidade humana e ecotoxicidade para água doce, e dos efluentes com a eutrofização. Este é o efeito dos inventários do berço ao túmulo. 65 Figura 17: Dados de ACV – Caracterização para Avaliação da Contribuição do Balanço Material e de Energia nos Impactos Ambientais no Processo UVV/UVC/O3. 100 95 90 85 80 75 70 65 60 % 55 50 45 40 35 30 25 20 15 10 5 TA PM EF UL NL FE MD FD WD AL OD PO CC HT Eletricidade, baixa voltagem, BR, grau BR/U Hidróxido de Sódio, 50%, meio aquoso, Célula da Membrana, planta industrial/RER U Efluente Tratado com o Processo UVV/UVC/ O3, equivalente de 1000 kg Ácido sulfúrico, líquido, planta industrial/RER U Legenda da Figura 17:CC – Mudanças Climáticas; OD – Depleção da Camada de Ozônio, HT - Toxicidade Humana, PO - Formação de Oxidantes Fotoquímicos, PM - Material Particulado; TA - Acidificação Terrestre, FE – Eutrofização de Água Doce; EF - Ecotoxicidade de Água Doce; AL - Ocupação de Terras Agrícolas; UL - Ocupação do Solo Urbano; NL - Transformação da Terra Natural, MD - Depleção de Metal; FD - Depleção Fóssil. 66 Tabela 12: Dados de ACV – Caracterização para Avaliação da Contribuição do Balanço Material e de Energia nos Impactos Ambientais no Processo UVV/UVC/O3. Categoria Unidade Total de Impacto Efluente Ácido Sulfúrico, Hidróxido de Sódio, 50%, Eletricidade, baixa Tratado com líquido, na planta meio aquoso, Célula da voltagem, BR, o Processo industrial, RER U Membrana, planta grau BR/U UVV/UVC/O3 industrial, RER/U CC kg eq CO2 18,3 0 0,182 0,099 18,0 OD kg eq CFC-11 7,57 E-7 0 1,87E-8 6,27E-9 7,32E-7 HT kg eq 1,4-DB 5,67 0 0,148 0,0756 5,45 PO kg NMVOC 0,0257 0 0,00278 0,00023 0,0227 PM kg eq PM10 0,00128 0 0,00415 0,000142 0,0085 TA kg eq SO2 0,0413 0 0,0196 0,000432 0,0212 FE kg eq P 0,0083 0,005 0,000106 9,82E-5 0,00315 EF kg eq 1,4-DB 0,0698 0 0,00245 0,00151 0,0658 AL 2 ma 0,486 0 0,0116 0,00277 0,472 UL 2 ma 0,0343 0 0,00247 0,000571 0,0313 NL 2 0,0169 0 7,34E-5 1,28E-5 0,0168 ma 3 WD m 0,118 0 0,073 0,00134 0,0432 MD kg eq Fe 1,63 0 0,0545 0,00847 1,57 FD kg eq oil 2,31 0 0,0601 0,0288 2,22 Legenda adicional da Tabela 12:CC – Mudanças Climáticas; OD – Depleção da Camada de Ozônio, HT - Toxicidade Humana, PO - Formação de Oxidantes Fotoquímicos, PM - Material Particulado; TA - Acidificação Terrestre, FE – Eutrofização de Água Doce; EF - Ecotoxicidade de Água Doce; AL Ocupação de Terras Agrícolas; UL - Ocupação do Solo Urbano; NL - Transformação da Terra Natural, WD - Depleção de Água; MD - Depleção de Metal; FD - Depleção Fóssil. 67 A organização do plano de ações ambientais, ou de P+L, a partir das aplicações do ACV segue no Tabela 13, selecionando o porque fazer como meta geral. Tabela 13: Plano de Ação de P+L. PORQUE FAZER (WHY) - META: Programar Plano de pesquisa para atenuar os impactos do uso do sistema UVV/UVC/O3 WHAT HOW WHO WHERE WHEN HOW MUCH O QUE FAZER COMO FAZER QUEM FARÁ ONDE PRAZO CUSTO/INVEST. Entre um e dois anos (Prazo curto) Custo inicial tubo de quartzo concêntrico com tubo de borossilicato; Custo do tubo de Pitot-Venturi (adaptar tubo já existente) Curto prazo Custo de implantação da área de cobertura na ETE-UNISC Em médio prazo Custo de mudanças arquitetônicas no prédio Em médio prazo Possibilidades de cooperação para estudos analíticos com o grupo de cromatografia com projeto específico Reorganizar a Construir protótipo Bolsistas de Lab. configuração dos em reator tubular próximas LATTAE fotorreatores com único, pesquisas os sistemas centralizando os combinados UVV reatores e UVC aplicando Pitot-Venturi para a transferência gás- líquido, controlando melhor as taxas de geração e transferência de ozônio Utilização de Planejamento de Serviço de Área de células ensaios em módulo Engenharia da Cobertura fotovoltaicas para bancada na ETEInstituição de na ETEsuprimento de UNISC Ensino UNSC parte da energia em sistemas com outros oxidantes e coadjuvantes Estudar a Planejamento em Serviço de Área de integração dos módulo de Engenharia da Cobertura processos bancada na ETE Instituição de na ETEUVV/UVC/O3 UNISC. Ensino UNISC com lodos ativados considerando-os como polimento Planejamento Aprimorar a ACV Grupo de Lab. controle de com dados de Pesquisa LATTAE poluentes Inventário 2 que prioritários e tenham a maior dados de proximidade com toxicidade os dados do humana e Inventário 1 ecotoxicidade da ACV Curto prazo ≤ 2 anos; Médio prazo ≤ 4 anos Longo prazo ≥ 4 anos. Todas as medidas elencadas na planilha acima se configuram como prognóstico de curto e médio prazos, podendo ser adotadas em até 4 anos. No 68 entanto, a priorização das ações será o que possibilitará tais efetivações. Isto é importante especialmente para a continuidade das pesquisas. 69 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS Os testes de caracterização demonstraram uma matriz muito complexa, com a presença de poluentes orgânicos como os fármacos Lidocaína e Dipirona, além de antioxidantes como BHT e compostos a base de fosfatos e ftalatos, associando-se a uma carga orgânica elevada e pouco biodegradável. A ecotoxicidade aguda caracterizada diretamente com o uso da Daphnia magna demonstrou que o efluente estudado foi extremamente tóxico, sendo que estes dados são ausentes para a ACV em função da carência de análise quantitativa de poluentes prioritários identificados com CG-EM. Já a ordem decrescente dos três melhores métodos de detoxificação foram para os métodos UVV/UVC/O3, UVC e UVC/O3. De acordo com os resultados obtidos nas análises físico-químicas, o teste de O3 apresentou as melhores taxas de redução de DQO, porém os produtos gerados são extremamente tóxicos fazendo com que a toxicidade do efluente tratado fique próxima do efluente bruto. A adição de catalisador pode fazer com que os produtos gerados de um processo com maior potencial de oxidação tenham uma toxicidade menor. O inventário 1 dos processos estudados revelou as maiores demandas associadas ao uso de energia para suprir às bombas de recirculação/aeração. O processo O3 apresentou a menor relação kWh/kg DQO, demonstrando a melhor eficiência nas Configurações 1 e 2. Neste item, os três melhores processos foram O3, UVV e UVC na Configuração 1, sendo o pior o processo UVV/UVC/O3 e, na Configuração 2, O3, UVC e UVV/O3 são os mais eficientes no tratamento, onde novamente UVV/UVC/O3 foi o pior processo. Quanto a ordem dos resultados de ACV os três melhores resultados foram para os processos UVC, O3 e UVV/O3, incluindo os dados de Caracterização e Normalização. Nos métodos de ACV citados anteriormente, os impactos principais foram a toxicidade humana, eutrofização e ecotoxicidade de água doce, mudanças climáticas e uso de recursos não renováveis. Quanto à eutrofização 70 de água doce, a carga de NTK e fósforo total dos efluentes foi a que pode estar associada com estes parâmetros, mesmo que dentro do tolerável pela resolução 128/06. Medidas de P+L para aplicações dos POAs estudados devem priorizar a Reorganização da configuração dos fotorreatores com os sistemas combinados UVV e UVC aplicando Pitot-Venturi para a transferência gás-líquido. Isto envolverá construir protótipo em reator tubular único, centralizando os reatores. 71 REFERÊNCIAS ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 12713: Ecotoxicologia aquática – Toxicidade aguda – Método de ensaio com Daphnia spp (Cladocera, Crustácea). São Paulo, Brasil: ABNT, 2004. ______. NBR ISO 14040: Gestão Ambiental - Avaliação do ciclo de vida: definição de objetivo e escopo e análise do inventário. São Paulo, Brasil: ABNT, 2009. ______. NBR ISO 14044: Gestão Ambiental - Avaliação do ciclo de vida: requisitos e orientações. São Paulo, Brasil: ABNT 2009b. ALBRECHT, Carolina. Impactos ambientais de efluentes da lavanderia hospitalar e tratamento com fotooxidação catalítica. 62 f. 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