Atendimento oftalmológico durante a 10ª edição do Projeto
Expedições Científicas e Assistenciais da Faculdade de
Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, características
dos pacientes, suas queixas e diagnósticos.
Alberto Hiroshi Sumitomo1, Alessandra Akemi Kusabara1, Bruno Tadao Uehara1, Fabio Kenzi Arakaki2,
Helena Yuri Kurimori1, Renato Menezes Palácios1, Pedro Augusto de Andrade Poletto3
1
Residente do Departamento de Oftalmologia da Santa Casa de São Paulo, 2 Residente do Departamento de Oftalmologia
do HC-FMUSP, 3 Fellow do Departamento de Oftalmologia da Santa Casa de SP
INTRODUÇÃO:
O Projeto Expedições Científicas e Assistenciais da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de
São Paulo (PECA), organizado e realizado por alunos da FCMSCSP, visa promover assistência básica a
saúde de populações carentes através do atendimento integral, oferecendo aos seus participantes a
oportunidade de defrontar-se com uma realidade social e cultural distintas das suas.
Em 2014, o PECA realizou sua décima edição, no município de São Sebastião (SP), e contou com 13
especialidades médicas além de outras também da área da saúde. Foram atendidas 613 pessoas,
totalizando 1832 consultas médicas.
Participaram do Projeto 387 pessoas dentre alunos, professores da Faculdade, médicos e
profissionais de saúde. O Departamento de Oftalmologia da Santa Casa de São Paulo apoia o
Projeto desde seu início.
O atendimento do projeto durou por 1 semana, entretanto o atendimento oftalmológico deu-se por
apenas 2 dias, por dificuldades logísticas em se conseguir biomicroscópios e local de atendimento
adequado. Por esse motivo os pacientes foram orientados ao fato de que não seriam realizados
exames refratométricos durante o projeto, mas quaisquer outras queixas que não fossem apenas
vontade de trocar os óculos seriam atendidas.
CONCLUSÃO:
O PECA viabilizou o diagnóstico e a solução imediata para afecções oftalmológicas da maior
parte dos pacientes que procuraram nosso setor. Aos que necessitavam acompanhamento,
foram dadas as devidas orientações e feito encaminhamento ao sistema de saúde local.
Todos os pacientes foram orientados sobre a importância de acompanhamento oftalmológico
rotineiro, com o médico oftalmologista.
Confirma-se assim a importância de práticas desta natureza a fim de promover o acesso à
saúde àqueles que não o possuem, além de conhecer melhor as afecções que atingem essa
população, e a abrangência do atendimento oftalmológico nessa população.
Conclui-se também a boa abrangência do atendimento oftalmológico no município de São
Sebastião, pelo fato de a maioria dos pacientes atendidos no projeto terem recebido consulta
oftalmológica por profissional médico há menos de 2 anos.
Queixas oftalmológicas - PECA-2014
Diminuição da acuidade visual
OBJETIVOS:
Analisar o perfil de queixas e afecções oftalmológicas dos pacientes atendidos pela equipe de
Oftalmologia durante o PECA e avaliar a cobertura de atendimento oftalmológico prévio ao projeto
no município de São Sebastião (SP)
MATERIAIS E MÉTODOS:
Realizou-se estudo transversal retrospectivo, extraindo dados de queixas e diagnósticos
oftalmológicos dos prontuários de pacientes atendidos pela equipe de Oftalmologia no Projeto
Expedições Científicas e Assistenciais da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo
(PECA-FCMSCSP), além das informações contidas num questionário próprio sobre o atendimento
oftalmológico previamente ao nosso projeto. No questionário havia os campos: queixas principais,
diagnóstico, data da última consulta oftalmológica, caracterização dessa última consulta (apenas
exame refratométrico; consulta com exame físico oftalmológico; não sabe/não lembra), profissional
responsável por essa consulta (médico; ou profissional não médico; não sabe/não lembra).
26 (46,42%)
Prurido, irritação, ardor, hiperemia, lacrimejamento
Cefaleia 3 (5,35%)
Outros
12 (21,42%)
Afecções oftalmológicas diagnosticadas no PECA-2014
22 (39,28%)
Blefarite, olho seco, DGM
Ametropia
19 (33,92%)
Catarata
Glaucoma
6 (10,71%)
4 (7,14%)
Outros
9 (16,07%)
Profissional responsável pela
última consulta oftalmológica
6%
RESULTADOS:
Observou-se dentre os 56 pacientes atendidos predomínio do sexo feminino (53,6%). A faixa etária
média dos atendidos foi de 44,59 anos, variando de 8 meses a 89 anos.
Com relação ao atendimento oftalmológico no município, a última consulta oftalmológica foi
realizada há uma média de 22 meses antes do nosso atendimento, variando de 1 mês a 15 anos. 16
pacientes passaram em consulta há menos de 1 ano, 18 entre 1 a 2 anos, e 10 há mais de 2 anos. 9
(6%) pacientes nunca haviam passado em consulta oftalmológica e 3 não se lembravam.
Com relação ao profissional responsável pelo atendimento oftalmológico, 45 pacientes referiram
terem sido atendidos por médicos (92%), 3 por profissionais não médicos (6%), e 1 não se lembrava
ou não sabia. Com relação ao tipo de consulta, 5 referiram serem submetidos a apenas exame de
refração, 40 a consulta oftalmológica com biomicroscopia e/ou fundoscopia e 1 não se lembrava ou
não sabia.
Com relação às queixas principais: 26 pacientes queixaram-se de diminuição da acuidade visual,
seja para perto ou longe, 23 queixaram-se de sintomas relacionados a blefarite, olho seco e/ou
DGM, como prurido, hiperemia, ardor, lacrimejamento crônicos. 3 pacientes queixavam-se de
cefaleia, 12 com outras queixas ou sem queixa alguma, encaminhado para exame de fundoscopia.
Alguns pacientes possuíam mais de uma queixa.
Com relação aos diagnósticos feitos exclusivamente no projeto, que excluem as afecções já
previamente diagnosticadas nos pacientes pelo sistema de saúde local, encontramos 22 pacientes
com blefarite, olho seco e/ou disfunção das glândulas de Meibomius, 19 pacientes com ametropia
não previamente diagnosticada, 6 com catarata, 4 com glaucoma, 2 com DMRI, 9 com outros
diagnósticos. Alguns pacientes apresentavam mais de um diagnóstico.
23 (41,07%)
2%
Data da última consulta oftalmológica
5%
16%
29%
1-2 anos
Médico
Não-médico
92%
não sabe/não
lembra
<1 ano
>2 anos
18%
nunca
32%
não se lembra
Média 22 meses (1 mês -15 anos)
REFERÊNCIAS:
•Keane EM, O'Connor M, Coakley D, Walsh JB. Eye screening in the elderly. Ir Med J. 1997;90(4):141-2
•Temporini ER, Kara-José N. Níveis de prevenção de problemas oftalmológicos: propostas de investigação. Arq Bras
Oftalmol 1995;58:189-92.
•World Health Organization. Strategies for the prevention of blindness in national programmes. 2nd ed. Geneva;1997.
•Sperandio AMG. Promoção da saúde ocular e prevenção precoce de problemas visuais nos serviços de saúde pública.
Rev Saúde Publica 1999;33:513-20
•Medina NH. Epidemiologia do envelhecimento: estudo oftalmológico populacional de idosos. São Paulo: Escola Paulista
de Medicina. Universidade Federal de São Paulo; 1997.
•Suzuki NM, Kubo AS, Tamura KY, Kemp MM, Ferruzzi CM, Marino RK, Holzchuh FG. Características dos Pacientes
atendidos pelo Departamento de Oftalmologia durante o Projeto Expedições Científicas e Assistenciais da Faculdade de
Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, Simpósio Internacional de Atualização em Oftalmologia da Santa Casa
de SP, junho,2009
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Características dos pacientes atendidos pelo Departamento de