TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 24ª REGIÃO SERVIÇO DE APOIO JUDICIÁRIO BIBLIOTECA JUIZ VALENTIN CARRION PONTO DE VISTA Nº 32/2006 MULHERES SÃO 42% DOS JUÍZES DO TRABALHO, DIZ PESQUISA Levantamento aponta categoria jovem e de alto grau de mobilidade social, mas apenas 1,1% se declara da cor preta Janaina Lage Folha de S. Paulo, 15/05/2006 Da Sucursal Do Rio Os juízes do Trabalho representam uma categoria mais jovem, com maior presença feminina e alto grau de mobilidade social, revela a pesquisa "Perfil da Magistratura do Trabalho no Brasil". A pesquisa faz um retrato dos juízes do Trabalho no país e mostra a avaliação deles sobre o desempenho da Justiça. As mulheres representam 42% do total de juízes do Trabalho, proporção superior à observada entre os juízes da Justiça comum. A idade média dos entrevistados é 46 anos. Quase 50% dos juízes têm pais que só concluíram o ensino fundamental. Segundo a professora Elina Pessanha, da UFRJ, uma das responsáveis pela pesquisa, o resultado evidencia a tendência de mobilidade social observada no país nas últimas décadas. "Barreiras que bloqueiam a entrada no espaço das elites foram derrubadas com mais ímpeto pelos magistrados do Trabalho. Além disso, essa Justiça é mais voltada para a correção das desigualdades sociais", disse. De acordo com a pesquisa, 41,6% dos juízes têm pais que não completaram o ensino fundamental. O percentual dos que têm mães que não concluíram o ensino fundamental chega a 46,3%. O aumento dos concursos públicos e a expansão das varas de trabalho mudaram a dinâmica de recrutamento da categoria. "Os juízes constituem uma categoria de elite, e muitos vieram de estratos menos privilegiados da população", afirmou Pessanha. Esse cenário de maior diversidade social não é válido na análise da cor. Segundo a pesquisa, só 1,1% dos entrevistados declararam ser da cor preta. A grande maioria (87,6%) afirma ser branca. "Os pobres entram, mas os negros, não", afirmou Pessanha. Em relação à carreira, a maioria dos entrevistados defende a democratização dos critérios de promoção e da escolha dos dirigentes de tribunais superiores. "Eles defendem critérios objetivos de promoção e que o conjunto de juízes participe de forma mais ativa no processo", afirmou. Os juízes reconhecem que, embora a Justiça do Trabalho seja menos burocratizada do que a comum, muito ainda precisa ser feito para que ela ganhe agilidade. Entre os entrevistados, 74% apontam a maior velocidade na execução das sentenças como um dos fatores que poderiam aprimorar o desempenho da Justiça. Até que a decisão da Justiça se torne realidade, muitas vezes os patrões começam a recorrer e a criar condições para alegar que não têm recursos disponíveis para o pagamento de indenização. Eles destacam medidas como a "penhora on-line", um ofício eletrônico do juiz, que, por força de convênio entre o TST (Tribunal Superior do Trabalho) e o BC, permite bloquear os recursos financeiros do empregador vencido na causa. Outro ponto destacado é a limitação do grau de recursos, citado por 80% dos juízes. Para 80,6% dos juízes, a população tem, em geral, uma avaliação positiva da Justiça do Trabalho, apesar das reclamações, consideradas justificadas, de morosidade. Para 72% dos entrevistados, a Justiça do Trabalho é mais acessível e rápida do que os outros ramos da Justiça. Na avaliação de 82% dos juízes consultados, a mídia tem um papel relevante no esclarecimento público sobre a atuação desse ramo do Judiciário. Além de Pessanha, a pesquisa também foi elaborada por Regina Morel (UFRJ) e por Ângela Maria de Castro Gomes (FGV) e foi financiada pelo CNPq e pela Faperj (Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro).