64º Congresso Nacional de Botânica Belo Horizonte, 10-15 de Novembro de 2013 LEVANTAMENTO ETNOBOTÂNICO DE PLANTAS MEDICINAIS COM CATADORES DE MATERIAIS RECICLÁVEIS EM PORTO VELHO-RO 2 Josiane S. Anselmo ¹*, Renato A. Lima²; Andrina G. S. Braga ¹Acadêmica do curso de Ciências Biológicas - Faculdade São Lucas - Porto Velho/RO; ²Doutorando em Biodiversidade e Biotecnologia - Universidade Federal do Amazonas - Manaus/AM; *[email protected] Introdução O conhecimento sobre plantas medicinais simboliza muitas vezes o único recurso terapêutico de muitas comunidades e grupos étnicos. O uso de plantas no tratamento e na cura de enfermidades é tão antigo quanto à espécie humana. Levantamentos etnobotânicos são fundamentais para o conhecimento e o estudo de plantas com finalidades medicinais [1]. Devido ao baixo poder aquisitivo que os moradores da associação dos catadores de materiais recicláveis de Porto Velho possuem, é que este trabalho teve como objetivo resgatar o conhecimento tradicional de plantas medicinais, bem como levantar dados sobre o uso por catadores de materiais recicláveis de Rua de Porto Velho - RO. Metodologia O presente trabalho constitui um estudo de cunho etnobotânico, onde foram levantados dados do uso tradicional das plantas medicinais utilizados pelos catadores de materiais recicláveis de Porto Velho-RO no período de agosto a outubro de 2011. Utilizou-se um questionário com perguntas abertas e fechadas sempre respeitando a opinião dos entrevistados em que se buscou o máximo de informações sobre plantas medicinais e sua utilização [2]. Buscou-se informações sobre as plantas mais utilizadas, indicação terapêutica, parte da planta utilizada e modo de preparo. Além disso, identificou-se também a forma de aquisição dos conhecimentos acerca das plantas medicinais e o grau de escolaridade dos entrevistados. Resultados e Discussão A pesquisa foi realizada com 89 pessoas, onde se verificou que a maioria dos moradores possui idade de 18 a 31 anos com 50% das entrevistas, enquanto que 40% dos entrevistados tem idade acima de 32 a 50 anos e 10% possuem a idade acima de 50 anos. O tempo gasto foi de 15 a 20 minutos dependendo do grau de conhecimento que cada morador que possuía sobre plantas medicinais e sua disponibilidade. De acordo os resultados obtidos neste trabalho, observou-se, que 100% dos entrevistados obtiveram as informações das plantas medicinais de geração a geração. A forma de aquisição dos conhecimentos etnobotânicos, nesse estudo, está de acordo com o levantamento etnobotânico realizado por [3] na reserva extrativista “Chico Mendes”, no Acre, em que a maioria dos entrevistados afirmou que o aprendizado foi repassado pelos pais. A maioria dos entrevistados informou que utilizam plantas medicinais para o tratamento de doenças. Identificou-se 55 espécies de plantas medicinais representadas por 32 famílias botânicas. As espécies vegetais mais citadas neste levantamento foram Vernonia condensata B., Melissa officinalis L., Chenopodium ambrosioides L., Cymbopogon citratus D.C., Eucalyptus melanophloia L., Pimpinella anisum L. e Arrabidaea chica. A maioria dos entrevistados citaram as folhas, como sendo a parte mais utilizada da planta, enquanto que o chá a forma de preparo mais utilizada. As doenças mais citadas foram à gripe e complicações do fígado. E o grau de escolaridade da maioria dos entrevistados foi o ensino fundamental incompleto. Conclusões Com base nos resultados obtidos, conclui-se que estes fatores de utilização de plantas medicinais demonstram que estudos etnobotânico devem ser valorizados, abrindo possibilidades de exploração e melhor aproveitamento quanto à pesquisa interdisciplinar, fornecendo subsídios para implantação de programas de saúde mais adaptados à realidade cultural das pessoas de baixo poder aquisitivo, além do incentivo no uso das plantas com caráter terapêutico. Agradecimentos Aos catadores de materiais recicláveis pelos momentos de grande aprendizado e a Prefeitura Municipal de Porto Velho. Referências Bibliográficas [1] Ming, L.C. 1999. Coleta de Plantas medicinais. In: Plantas medicinais: Arte e Ciência - um guia de estudo interdisciplinar. São Paulo: Nobel. p.69-86. [2] Albuquerque, U.P.; Andrade, L.H.C. 2002. Conhecimento botânico tradicional e conservação em uma área de Caatinga no Estado de Pernambuco, Nordeste do Brasil. Acta Botanica Brasílica 16: 273-285. [3] Ming, L.C.; Amaral-Júnior, A. 2005. Aspectos etnobotânicos de plantas medicinais na reserva extrativista “Chico Mendes”. Disponível em: <http://www.nybg.org/bsci/acre/www1/medicinal.html>. Acesso em 25 de ago 2005.