UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO O PAPEL DOS SERVIÇOS DE IMAGIOLOGIA PRIVADOS NA SATISFAÇÃO DOS CLIENTES Dissertação de Mestrado em Gestão dos Serviços de Saúde CARLA REGINA RODRIGUES GUERRA SILVA Orientador: Professor Doutor Vitor Manuel Costa Pereira Rodrigues Vila Real, 2009 Este trabalho foi expressamente elaborado como dissertação original para efeito de obtenção do grau de Mestre em Gestão dos Serviços de Saúde, apresentado na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro. Ao Luís e Diogo Aos meus pais e irmã AGRADECIMENTOS Ao Professor Doutor Vítor Manuel Costa Pereira Rodrigues, pela sua dedicação, atenção, paciência, força e empenho ao longo da concretização deste trabalho, sustentado em reflexões exigentes e rigorosas. Aos amigos e colegas (especialmente a Célia) que mantiveram o incentivo e me impediram de desistir quando as dúvidas se impunham, a alguns dos quais solicitei e tiveram a paciência de ler exaustivamente o trabalho e fazer sugestões. Aos meus pais e irmã que, de uma forma ou outra, me ensinaram que a vida é mais importante quando se têm causas. Ao Luís que, persistentemente e com enorme paciência, insiste no equilíbrio entre o trabalho e o lazer, procurando que o sentido da vida não se centre na conquista mas na felicidade. Ao Diogo, meu filho, que sempre me deu a autoconfiança necessária para levar até ao fim este objectivo e constitui a força mais próxima e preciosa para que o compromisso social, enquanto valor, se mantenha. Aos Clientes, que com a sua voluntariedade aceitaram sem reservas, manifestar a sua opinião respondendo ao formulário. Queria, igualmente, agradecer toda a atenção e simpatia com que os profissionais das clínicas me receberam. Continuo convencida de que me oriento pelo lema de António Gedeão de que “o sonho comanda a vida e que a vida merece o sonho”. RESUMO A preocupação acerca da satisfação em serviços de saúde tem sido, nos últimos anos, uma prioridade para os gestores e profissionais de saúde em geral. Deste modo, a satisfação do cliente tem vindo a afirmar-se, gradativamente, como uma das áreas prioritárias na avaliação e garantia da qualidade nos cuidados de saúde. Foi com base nesta problemática que estabelecemos como principal objectivo para esta investigação conhecer o nível de satisfação dos clientes dos serviços privados de Imagiologia. A investigação empírica assentou num estudo exploratório, descritivo e transversal, baseado numa abordagem metodológica predominantemente quantitativa, tendo abrangido uma amostra de 213 utilizadores dos serviços de Imagiologia privados do concelho de Vila Real, nos meses de Março e Abril de 2007. Quanto aos resultados mais significativos podemos salientar que: a maior parte dos clientes recorreu a estes serviços para efectuar exames de mamografia; mais de 50% dos inquiridos diz que esperou mais de uma semana desde o dia da marcação até ao dia em que ia efectuar o exame; em relação à qualidade do consultório, a maior parte dos clientes referiu ser muito boa. Os resultados revelaram ainda que os inquiridos se encontram satisfeitos com a qualidade da maioria dos serviços prestados, expressando vontade em voltar e recomendar os serviços a outras pessoas. Os utilizadores dos serviços de Imagiologia privados do concelho de Vila Real referiram a existência de algumas lacunas, nomeadamente em relação às categorias: relação e comunicação, organização dos serviços, informação e apoio e organização do espaço físico. Este estudo reveste-se como um instrumento importante na monitorização e garantia da qualidade, como fonte de informação para expressar a percepção dos clientes e como meio de detectar possíveis lacunas dos serviços prestados. Abstract The concern towards the satisfaction with health care has been a priority to healthcare managers and healthcare professionals over these last years. Patients’ satisfaction is now one of the most relevant aspects when evaluating the quality of healthcare services. Based on that premise we decided our investigation goal would be to get to know the users’ satisfaction levels in terms of Imagiology private health care services. Our empirical research followed an exploratory, descriptive, transversal approach as well as a quantitative methodology. It reflects a sample of 213 users of Imagiology private health care services in Vila Real between March and April 2007. In terms of significant results we can emphasise the majority of patients who came to our services was to have mammographies done; over 50% of the interviewees claimed having had to wait more than a week to get an appointment. In terms of infrastructures quality the majority of users has nothing to declare against it. In fact, the results revealed that users were quite pleased with the quality of services performed, having expressed their wish to return whenever necessary and also to recommend to other people. The users of Imagiology private health care services in Vila Real also mentioned the existence of a few weak points in terms of communication, organization, information and support provided. This study was important because it allowed us to become aware of the users’ points of view and also of any possible improvement points in terms of the quality of service provided. Índice ÍNDICE LISTA DE FIGURAS ........................................................................................... iv LISTA DE QUADROS .......................................................................................... v LISTA DE GRÁFICOS ......................................................................................... vii LISTA DE SIGLAS ............................................................................................... viii CAPÍTULO I - DA PROBLEMÁTICA AOS OBJECTIVOS E CONTEÚDOS DO ESTUDO ................................................ 1 1.1 – INTRODUÇÃO .................................................................................................... 2 1.2 – SIGNIFICADO DO ESTUDO .............................................................................. 7 CAPÍTULO II - O SISTEMA DE SAÚDE EM PORTUGAL E A IMPORTÂNCIA DA SATISFAÇÂO DO CLIENTE ...... 10 2.1 – DO SISTEMA DE SAÚDE EM PORTUGAL AO SEU SUBSISTEMA ................ 13 2.2 – SERVIÇOS PRIVADOS DE SAÚDE ................................................................... 18 2.2.1 – A prestação de serviços na saúde .................................................................... 20 2.2.2 – Concorrência e competitividade do mercado na saúde ...................................... 21 2.3 – MEIOS COMPLEMENTARES DE DIAGNÒSTICO E TERAPÊUTICA ........... 25 2.3.1 – A Imagiologia ............................................................................................... 26 i Índice 2.3.1.1 – Radiologia convencional ....................................................................... 26 2.3.1.2 – Mamografia .......................................................................................... 27 2.3.1.3 – Exames contrastados ............................................................................. 28 2.3.1.4 – Tomografia computorizada .................................................................... 29 2.3.1.5 – Ecografia .............................................................................................. 29 2.3.1.6 – Densitometria óssea .............................................................................. 30 2.4 - QUALIDADE EM SAÚDE.................................................................................... 32 2.4.1 - Conceito de qualidade e sua importância nos serviços de saúde ......................... 34 2.5 - A SATISFAÇÂO DOS CLIENTES DOS SERVIÇOS DE SAÚDE ....................... 39 2.5.1 - A satisfação do cliente: conceito e importância ................................................. 41 2.5.2 - Dimensões da satisfação ................................................................................. 46 CAPÍTULO III - DADOS E METODOLOGIA DE ANÁLISE .................. 48 3.1 – TIPO DE ESTUDO .............................................................................................. 50 3.2 – QUESTÕES DE INVESTIGAÇÃO ...................................................................... 51 3.3 – POPULAÇÃO E AMOSTRA EM ESTUDO ........................................................ 53 3.4 – VARIÁVEIS E SUA OPERACIONALIZAÇÃO .................................................. 55 3.4.1 – Variável dependente ...................................................................................... 56 3.4.2 – Operacionalização da variável dependente ....................................................... 56 3.4.3 – Variáveis independentes ................................................................................. 58 3.5 – INSTRUMENTO DE RECOLHA DE DADOS..................................................... 59 3.6 – PROCEDIMENTOS ÉTICOS .............................................................................. 66 3.7 – CONSIDERAÇÕES TEÓRICAS SOBRE A ANÁLISE DOS DADOS ................. 67 CAPÍTULO IV - DA CARACTERIZAÇÃO GERAL DA AMOSTRA À SATISFAÇÃO DOS CLIENTES ...................................... 69 4.1. – CARACTERISTICAS DESCRITIVAS DOS INQUIRIDOS ............................... 71 4.2 – INFORMAÇÃO DESCRITIVA SOBRE O ACESSO AO CONSULTÓRIO ........ 76 ii Índice 4.3. – AVALIAÇÃO GERAL DOS INQUIRIDOS FACE AOS SERVIÇOS PRIVADOS DE IMAGIOLOGIA ........................................................................ 85 4.3.1. – Intenção de voltar ao consultório e recomendá-lo a outras pessoas ................... 87 4.3.2 – Razões de regresso, ou não, ao consultório ...................................................... 88 4.3.3 – Melhoramentos indispensáveis ao consultório .................................................. 89 4.3.4 – Surpresas agradáveis no consultório ................................................................ 90 4.3.5 – Surpresas desagradáveis no consultório ........................................................... 90 4.3.6 – Informação sobre como reclamar .................................................................... 91 CAPÍTULO V – DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ................................. 93 5.1 – CARACTERÍSTICAS DESCRITIVAS DOS INQUIRIDOS ................................ 94 5.2 - INFORMAÇÃO DESCRITIVA SOBRE O ACESSO AO CONSULTÓRIO......... 96 5.3 - AVALIAÇÃO GERAL DOS INQUIRIDOS FACE AOS SERVIÇOS PRIVADOS DE IMAGIOLOGIA ........................................................................ 98 CAPÍTULO VI – CONCLUSÕES E REFLEXÕES FINAIS ..................... 99 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................... 105 ANEXOS ..................................................................................................................... 115 ANEXO I: Instrumento de recolha de dados .................................................................... 116 ANEXO II: Pedidos de autorização para a realização do estudo ........................................ 124 ANEXO III: Matriz da base de dados .............................................................................. 128 iii Índice LISTA DE FIGURAS Figura 1: Estrutura sumária do estudo ........................................................................ 5 Figura 2: Os elementos centrais do conceito de serviço ............................................. 21 Figura 3: Fontes de vantagens competitivas ou de valor ............................................ 24 Figura 4: Hierarquia das necessidades segundo Maslow............................................ 43 Figura 5: Escala de Likert adoptada no estudo ........................................................... 62 iv Índice LISTA DE QUADROS Quadro 1: Organização do Sistema de Saúde Português ............................................ 14 Quadro 2: Peso relativo do sector privado (em %)..................................................... 19 Quadro 3: Resumo das dimensões em análise no estudo ........................................... 58 Quadro 4: Correlações item-total e valores de alpha do Atendimento (a11 a18), Dimensão Funcional dos Técnicos (b19 a b26), Dimensão Funcional dos Médicos (c27 a c34) e Amenidades (d35 a d41) .............................. 63 Quadro 5: Estrutura factorial após rotação varimax, sem pré-determinação do nº de factores do Atendimento (a11 a a18), Dimensão Funcional dos Técnicos (b19 a b26), Dimensão Funcional dos Médicos (c27 a c34) e Amenidades (d35 a d41) ...................................................................... 64 Quadro 6: Médias, (e respectivos desvios – padrão) do atendimento, dimensão funcional Técnica, dimensão funcional Médica, e amenidades por sexo, e valores de t-test, graus de liberdade e significância .................... 72 Quadro 7: Médias, (e respectivos desvios – padrão) do atendimento, dimensão funcional Técnica, dimensão funcional Médica, e amenidades por grupo etário, e valores de F e significância ............................................. 73 Quadro 8: Médias, (e respectivos desvios – padrão) do atendimento, dimensão funcional Técnica, dimensão funcional Médica, e amenidades por grau de instrução, e valores de F e significância ..................................... 75 v Índice Quadro 9: Médias, (e respectivos desvios – padrão) do atendimento, dimensão funcional Técnica, dimensão funcional Médica, e amenidades por tipo de exame, e valores de F e significância ....................................... 77 Quadro 10: Médias, (e respectivos desvios – padrão) do atendimento, dimensão funcional Técnica, dimensão funcional Médica, e amenidades por nº de vezes que o inquirido esteve presente nos serviços privados de Imagiologia, e valores de F e significância ............................................. 79 Quadro 11: Médias, (e respectivos desvios – padrão) do atendimento, dimensão funcional Técnica, dimensão funcional Médica, e amenidades pelo tempo de espera da marcação do exame, e valores de F e significância ............................................................................................ 82 Quadro 12: Médias, (e respectivos desvios – padrão) do atendimento, dimensão funcional Técnica, dimensão funcional Médica, e amenidades pelo subsistema utilizado para a realização do exame, e valores de F e significância ......................................................................................... ...83 Quadro 13: Distribuição da avaliação geral dos inquiridos em relação ao Consultório ........................................................................................... 85 Quadro 14: Médias, (e respectivos desvios – padrão) do atendimento, dimensão funcional Técnica, dimensão funcional Médica, e amenidades em relação à opinião geral dos inquiridos e valores de t-test, graus de liberdade e significância.......................................................................... 86 Quadro 15: Distribuição sobre a intenção do cliente voltar ao consultório e recomendá-lo ........................................................................................... 87 Quadro 16: Distribuição das razões do cliente para voltar ao consultório ................. 88 Quadro 17: Distribuição da categoria “melhoramentos indispensáveis” ................... 89 vi Índice LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1: Distribuição da amostra em estudo quanto ao sexo ................................... 71 Gráfico 2: Distribuição dos inquiridos por grupo etário ............................................. 72 Gráfico 3: Distribuição dos inquiridos pelo grau de instrução ................................... 74 Gráfico 4: Distribuição da amostra quanto ao tipo de exame ..................................... 76 Gráfico 5:Distribuição do número de vezes que os inquiridos estiveram presentes no consultório para a realização de exames imagiológicos ....................... 78 Gráfico 6: Distribuição do modo como os inquiridos teve conhecimento sobre o consultório .................................................................................................. 80 Gráfico 7: Distribuição gráfica sobre quem fez a marcação do exame ...................... 80 Gráfico 8: Distribuição do tempo que demorou a saber o dia do exame .................... 81 Gráfico 9: Distribuição do tempo que decorreu da marcação ao dia do exame.......... 81 Gráfico 10: Distribuição do subsistema utilizado pelos inquiridos para o exame ...... 83 Gráfico 11: Distribuição das surpresas agradáveis dos inquiridos ............................. 90 Gráfico 12: Distribuição das surpresas desagradáveis dos inquiridos ........................ 91 Gráfico 13: Distribuição da informação fornecida em como reclamar ....................... 92 vii Índice LISTA DE SIGLAS ADFA – Assistência à Doença dos Militares da Força Aérea ADMA – Assistência à Doença dos Militares da Armada ADME – Assistência à Doença dos Militares do Exército ADSE – Assistência na Doença aos Servidores Civis do Estado CGD – Caixa Geral de Depósitos CTT – Correios de Portugal SA DR – Diário da República EDP – Electricidade de Portugal ENSP – Escola Nacional de Saúde Pública EPE – Entidade Pública Empresarial GNR – Guarda Nacional Republicana MCDT – Meios Complementares de Diagnóstico e Terapêutica OMS - Organização Mundial de Saúde PGR – Procuração Geral da República PIB – Produto Interno Bruto PSP – Polícia Segurança Pública PT-ACS – Portugal Telecom – Associação de Cuidados de Saúde RM – Ressonância Magnética SAD/GNR – Serviços de Assistência na Doença à GNR SAD/PSP – Serviços de Assistência na Doença à PSP SAMS – Serviços de Assistência Médico-Social SNS – Serviço Nacional de Saúde SSMJ – Serviços de Saúde do Ministério da Justiça TAP – Transportes Aéreos de Portugal TC – Tomografia Computorizada viii CAPÍTULO I DA PROLEMÁTICA AOS OBJECTIVOS E CONTEÚDOS DO ESTUDO CAPITULO I - Da problemática aos objectivos e conteúdos do estudo 1.1– INTRODUÇÃO “...um negócio não se define pelo nome, os estatutos ou a escritura de uma companhia. Define-se pela necessidade que o cliente satisfaz quando adquire o produto ou serviço. Satisfazer os clientes é a missão e o propósito de todo o negócio. A pergunta – Qual é o nosso negócio? – Pode, portanto, ser respondida apenas se a actividade se vê do exterior, do ponto de vista do cliente e do mercado.” (Drucker, 1975, citado por Alves 2003, p.234) “A atenção que a saúde tem merecido ao longo dos anos, como parte integrante das políticas sociais, tem de forma crescente conduzido à maior cobertura e protecção dos cidadãos e famílias, ao aumento da locação de recursos e mobilizado o interesse pela maior racionalização dos meios” Frederico (2000, p.3). De acordo com a Organização mundial de Saúde (OMS), a saúde é o estado de completo bem-estar físico, psíquico, mental, emocional, moral e social e não só a ausência de doença e enfermidade. Torna-se inevitável a associação da qualidade de vida à saúde. Recentemente, segundo Nunes e Rego (2002, p.17), a OMS redefiniu este conceito tornando-o ainda mais abrangente incluindo o campo espiritual considerado, igualmente determinante, para um estado de completo bem-estar. Esta definição é bastante abrangente, envolvendo também aspectos socioeconómicos. A ideia subjacente a esta definição é definir saúde como algo que dá oportunidade a um indivíduo de ter uma vida social e economicamente produtiva. Quando passamos a falar em valor da vida (ou da saúde), confrontamo-nos com afirmações como a de que a vida não tem preço, ou que a saúde é um valor sem preço. Barros citando Pinto (2000) exemplificam afirmando que “a saúde e a vida têm valor infinito, é o que se costuma dizer embora seja talvez difícil de o assumir em todas as 2 CAPITULO I - Da problemática aos objectivos e conteúdos do estudo suas consequências (...) Em economia o valor de um bem é o seu custo de substituição. Em saúde, a vida e a saúde têm um valor infinito para o próprio e para os seus próximos, isto é, numa óptica personalizada.” A saúde é considerada um direito fundamental contemplado na maior parte das constituições mundiais, a pedra angular da maioria dos governos. “A saúde é um bem de capital importância para todos nós e um bom estado de saúde é um valor universalmente reconhecido como essencial ao nível de cada indivíduo. Nesse sentido, o valor da saúde é transversal ao conjunto dos valores culturais, económicos, religiosos e dos sistemas políticos, qualquer que seja o género, o nível educacional ou a idade. Em suma, a saúde humana é, talvez, dos últimos valores efectivamente transversais das sociedades, unicamente possível de compreender e melhorar através da aplicação de uma multiplicidade de saberes e da colaboração interdisciplinar, entre os investigadores e as autoridades sanitárias.” Santana (2005, p.3) Uma das características peculiares da regulação em saúde, sobretudo na sua dimensão social, é a necessidade de se preservarem determinados valores independentemente das relações económicas existentes na sociedade. Valores esses intimamente relacionados com o conhecimento dos direitos e deveres dos clientes também extensivos a todos os utilizadores do sistema de saúde público e/ou privado. Segundo Nunes (2005, p.143), no âmbito da regulação em saúde e baseado na Carta dos Direitos e Deveres dos Doentes, existem 4 (quatro) grandes categorias de direitos dos utentes frequentemente reconhecidos nos serviços de saúde: autonomia, informação, vontade previamente manifestada, liberdade de escolha; privacidade, acesso à informação, não discriminação, acompanhamento, primado da pessoa; queixa, reclamação e equidade no acesso, indução na procura, selecção adversa e tempos de espera. A autonomia pressupõe o princípio lapidar da liberdade de escolha. De facto, esta será uma das grandes conquistas do nosso sistema de saúde. Isto é, a possibilidade de o cliente escolher de um modo esclarecido o meio de diagnóstico e tratamento assim como o profissional desejado e a entidade prestadora de cuidados de saúde que melhor se adequa aos seus interesses. E para melhorar a qualidade do sistema de saúde, torna-se imperativo introduzir regras que promovam uma lógica de mercado concorrencial entre o sistema público e privado (ibidem). A necessidade constante de melhorar a qualidade nos serviços, como os de assistência na saúde, que incidem na qualidade de vida e no futuro dos cidadãos, é hoje, 3 CAPITULO I - Da problemática aos objectivos e conteúdos do estudo cada vez mais, um imperativo inadiável para as empresas e outras organizações responsáveis pela prestação desses serviços. Actualmente, as organizações de serviços na área de saúde, públicas e privadas, que não visam à gestão da qualidade, acabam por empregar os seus recursos de forma ineficiente e ineficaz, não só influenciando os seus resultados, como afectando até mesmo a sua sobrevivência no mercado. Para Wolf (2001), estrategicamente algumas alternativas surgem como sugestão para as entidades prestadoras de serviços de saúde. São elas: • Focar o bem-estar e a qualidade de vida das pessoas • Cultivar relacionamentos e reconhecer o valor de cada cliente ao longo do tempo • Utilizar uma abordagem personalizada, incrementando o processo de comunicação com os clientes. É nesta perspectiva que a avaliação da satisfação do cliente é imprescindível para a qualidade dos serviços prestados e para a crescente evolução dos serviços de saúde. Podemos referir, neste momento, os objectivos desta investigação: • Conhecer o nível de satisfação dos clientes dos serviços privados de Imagiologia; • Perceber as razões do cliente para voltar ou não aos serviços privados de Imagiologia; • Avaliar as surpresas que os serviços privados de Imagiologia proporcionaram ao cliente • Identificar os factores que influenciam a satisfação do cliente; • Facultar os resultados da investigação às instituições privadas que se disponibilizaram para colaborar no estudo contribuindo, desta forma para a melhoria da satisfação dos clientes. Foi baseado nestes objectivos que desenvolvemos a presente dissertação e que a estruturamos em seis capítulos, conforme se pode constatar na figura 1: 4 CAPITULO I - Da problemática aos objectivos e conteúdos do estudo CAPÍTULO I: Da problemática aos objectivos e conteúdos do estudo - Introdução - Significado do estudo CAPÍTULO II: O sistema de saúde em Portugal e a importância da satisfação cliente - Do Sistema de Saúde em Portugal ao seu subsistema - Serviços Privados de Saúde - Meios Complementares de Diagnóstico e Terapêutica - Qualidade em saúde - A satisfação dos clientes nos serviços de saúde CAPÍTULO III: Dados e metodologia de análise - Tipo de estudo - Questões de investigação - População e amostra em estudo - Instrumento de recolha de dados - Variáveis e sua operacionalização - Procedimentos éticos - Considerações teóricas sobre a análise dos dados CAPÍTULO IV: Da caracterização geral da amostra à satisfação dos clientes - Características descritivas dos inquiridos - Informação descritiva sobre o acesso ao consultório - Avaliação geral dos inquiridos face aos serviços privados de Imagiologia CAPÍTULO V: Discussão dos resultados - Características descritivas dos inquiridos - Informação descritiva sobre o acesso ao consultório - Avaliação geral dos inquiridos face aos serviços privados de Imagiologia CAPÍTULO VI: Conclusões e Reflexões finais Figura 1: Estrutura sumária do estudo 5 CAPITULO I - Da problemática aos objectivos e conteúdos do estudo Nos capítulos já definidos serão abordados os seguintes temas: O capítulo I inclui uma breve abordagem à problemática e justificação do estudo, o que leva à definição dos objectivos de pesquisa e seus fundamentos de existência. No capítulo II é fornecido o enquadramento geral do tema, apresentando o Sistema de Saúde Português e os serviços privados de saúde, abordando a prestação de serviço bem como a concorrência e competitividade saudável do mercado da saúde. Revisão de conceitos como a qualidade em saúde e a satisfação do cliente, que evoluíram de uma perspectiva predominantemente voltada para a saúde para a conquista de um estatuto de estratégia empresarial. O capítulo III será dedicado à metodologia de investigação, abordando o tipo de estudo, as diversas técnicas para a obtenção dos dados e quais os métodos a aplicar na exploração dos dados obtidos. No capítulo IV apresentam-se os resultados analisados e reflectidos dentro do contexto da importância atribuída à satisfação do cliente. No capítulo V faremos a discussão geral dos resultados obtidos comparando-os com os dados de outros estudos realizados em domínios semelhantes, tendo em vista a convergência ou divergência com os mesmos e assim dar maior suporte às conclusões gerais. No capítulo VI, além de realçarmos o que de mais significativo resultou do nosso estudo, objectivaremos os contributos necessários a uma efectiva satisfação do cliente na área da Imagiologia, sugerindo também algumas linhas orientadoras a serem desenvolvidas em futuros estudos. 6 CAPITULO I - Da problemática aos objectivos e conteúdos do estudo 1.2– SIGNIFICADO DO ESTUDO O desenvolvimento científico e tecnológico tem posto à disposição da sociedade um conjunto de conhecimentos e instrumentos cada vez mais sofisticados. Assim, desde o aparecimento dos Raios X até às últimas tecnologias com os positrões, vai um longo caminho que muito tem contribuído para o diagnóstico e terapêutica dos doentes. O Plano Nacional de Saúde 2004-2010 transmite a ideia de carência do País, em centros tecnologicamente avançados que garantam a todos os cidadãos o acesso em tempo útil a exames de diagnóstico. De salientar que se trata de uma área em rápida evolução cientifica e tecnológica que requer uma constante actualização de equipamentos. Numa época em que o Serviço Nacional de Saúde (SNS) apresenta problemas (listas de espera) e dificuldades (falta de equipamentos imagiológicos nos centros de saúde) em dar resposta aos clientes que o procuram torna-se importante a permanente avaliação dos cuidados prestados. A saúde é um bem precioso e, quando estamos doentes, aspiramos a ser condignamente tratados, mas nem sempre é assim. O sector privado da saúde é, actualmente, o que melhores garantias nos dá. Cada ser é único, inimitável e fascinante pela sua diferença. É um dos muitos privilégios da espécie humana. Outro é viver. E, no que respeita à vida, todos partilhamos o mesmo sentimento – o receio de que algo nos prive de a experienciar plenamente, em liberdade, com harmonia. A saúde ocupa aqui, de imediato, uma prioridade. Ao constituir uma preocupação geral e crescente, num mundo cada vez mais consciente do valor da vida e altamente evoluído técnica e cientificamente, as sociedades estão mais exigentes em relação à qualidade da prestação de serviços de saúde e dos meios que têm à disposição. Segundo um artigo dos Hospitais Privados de Portugal recentemente publicado numa revista da CGD (2007, p.41), em Portugal, a debilidade do Sistema Nacional de Saúde, apesar dos novos modelos de gestão hospitalar e dos esforços para a melhoria da qualidade da rede de Saúde Pública, tem levado uma grande parte da população a procurar satisfazer as suas necessidades no mercado privado, com o intuito de melhor defender aquilo que não tem preço – o seu bem-estar físico. 7 CAPITULO I - Da problemática aos objectivos e conteúdos do estudo Segundo Barros (2000, p.6), em termos de tecnologia pesada, a maioria do equipamento encontra-se localizado no sector privado. Este tem-se mostrado mais flexível e pré-disposto à adopção das novas tecnologias que o sector público. O princípio da equidade e da acessibilidade exigem que os clientes possam aceder de forma simples e efectiva aos meios necessários para um adequado diagnóstico da sua situação de doença, nomeadamente imagiológicos, que devem por isso estar disponíveis localmente e, se possível a nível dos cuidados de saúde primários. Apesar de hoje ser reconhecido a necessidade da existência de um conjunto de suportes que forneçam bases estruturadas no processo diagnóstico (nomeadamente na área da Imagiologia) e de estar demonstrada a sua efectividade no processo de prestação de cuidados de saúde, saem limitadas estas iniciativas em Portugal. Cada vez mais se recorre à prática da medicina defensiva, sendo este um modo de exercer medicina baseado num diagnóstico técnico, herdeiro da brevidade das consultas actuais, e que pode ser accionado como um mecanismo de defesa perante os procedimentos legais de averiguação das queixas do cliente face à responsabilização dos profissionais de saúde pelos seus actos. Além disso, o excesso de uso de meios complementares de diagnóstico e terapêutica está também associado a este tipo de medicina. O recurso aos serviços de entidades privadas para a obtenção do diagnóstico da doença torna-se inevitável. Apesar da criação do SNS, sempre existiram limitações e estrangulamentos na oferta do sector público, tendo o sector privado funcionado como forma de atenuar essas tensões. As organizações privadas são, como qualquer outra organização, susceptíveis de concorrência de mercado e por isso, necessitam de melhorias contínuas e potenciadoras de desenvolvimento social e económico. Com o crescente nível de competitividade no mercado, pode-se inferir que a retenção de clientes é fundamental e que o grande desafio passa a ser o de reconhecer os clientes, mostrando-lhes o quanto a entidade os estima por lhe terem conferido a sua preferência. É neste momento importante definir a palavra cliente, que durante este trabalho irá ser auferida várias vezes. Neste sentido, e segundo Martin e Henderson (2004, p.131), assume-se que “…o termo cliente descreve todos os que recebem serviços das unidades de saúde e serviços sociais – incluindo os utentes…” Vavra e Pruden (1995) afirmam que a retenção de clientes é a chave para o sucesso no mercado do novo milénio, a qual é proposta como o componente mais importante para a consolidação da participação de mercado da empresa, sendo direccionada, basicamente, pela satisfação do cliente. Actualmente, os serviços de saúde 8 CAPITULO I - Da problemática aos objectivos e conteúdos do estudo desenvolvem estratégias para se diferenciarem porque os clientes têm um maior nível de exigência em relação à personalização de serviços, esperando que se reconheçam as suas necessidades específicas, os seus valores e que a oferta seja adequada aos mesmos. Enfim, requer-se que os serviços de saúde tenham uma maior orientação para o cliente. McIntyre e Silva (1999) referem que a perspectiva do utente é considerada indispensável, tanto para monitorizar a qualidade dos serviços de saúde como para identificar problemas a corrigir, expectativas em relação aos cuidados e, ainda, reorganizar os serviços de saúde. É fundamental que, para obtermos clientes satisfeitos, as organizações de saúde tenham flexibilidade e sejam capazes de responder às expectativas dos clientes “não só do diagnóstico e tratamento mas também da eficiência, da rapidez e da atenção das pessoas que os atendem” (Mezomo, 2001). É necessário, também não esquecermos que, para os clientes é importante atendermos, sempre que for possível, às suas prioridades. Só desta forma conseguiremos atingir os objectivos e, consequentemente, chegar à sua satisfação, porque como nos refere Dinsdale et al.: “é preciso ter em conta algumas diferenças relevantes quando se avaliam serviços públicos e privados. No sector público o cliente pode colocar-se ora como consumidor, avaliando os serviços do ponto de vista de ganhos individuais, ora como cidadão, avaliando os serviços, tendo em conta a sociedade como um todo. Como consumidor pode desejar um tempo de espera menor e um atendimento mais ágil e personalizado, mas como cidadão pode querer que todas as pessoas sejam atendidas, implicando um tempo de espera maior. No que se refere à escolha, no sector privado, o cliente pode procurar outro serviço ou profissional, quando não estiver satisfeito” (In Vaitsman & Andrade, 2005, p.601). Em Portugal, têm sido empreendidos, no âmbito do SNS, vários estudos tanto a nível de centros e saúde como hospitais acerca desta realidade mas nenhum específico na área da Imagiologia. Reforçando esta ideia, Sepúlveda (1998, p.35), referia que entre nós, estes estudos surgem sobretudo como iniciativas específicas e pontuais, não revestindo carácter sistemático nem constituindo instrumento de avaliação e correspondente responsabilização dos gestores, atribuindo este facto à pouca visibilidade dos resultados práticos na mudança de comportamento das instituições de saúde. Ultimamente este facto tem vindo a melhorar dada a preocupação constante com a qualidade e o aumento de serviços que apostam na acreditação, retirando destes estudos os resultados necessários para melhorar os cuidados. 9 CAPÍTULO II O SISTEMA DE SAÚDE EM PORTUGAL E A IMPORTÂNCIA DA SATISFAÇÃO DO CLIENTE CAPÍTULO II - O sistema de saúde em Portugal e a importância da satisfação do cliente “Precisamos conhecer cada vez mais e melhor o que desejam aqueles que nos procuram em busca do serviço que temos a oferecer. Dentro disto é que se devem incluir todos os procedimentos necessários à satisfação do cliente. Para tanto, são úteis pesquisas em forma de questionário de satisfação, (...) de fácil elaboração e de simples aplicação.” Ribeiro (2002) “ A organização de um sistema de saúde, qualquer que seja o seu modelo, visa atingir eficiência, utilizando as técnicas médicas adequadas, de forma a satisfazer as necessidades individuais dos utentes; efectividade, garantindo a melhoria do nível de saúde da população; eficácia, garantindo a prestação de cuidados com a melhor utilização possível de recursos disponíveis; equidade, promovendo distribuição justa dos recursos” (Frederico citando Ramos & Amaral, 2000, p.77). A incapacidade de resposta do SNS às necessidades da população tem conduzido a situações quase insustentáveis no que refere à eficácia na gestão e à eficiência na utilização dos recursos disponíveis. A complexa relação existente entre o sector público e privado é o paradigma das críticas actuais ao Sistema de Saúde Português. A equidade no acesso à saúde, contemplada no direito constitucionalmente consagrado à protecção da saúde, foi uma das mais importantes conquistas do nosso país ao longo dos últimos anos. Este direito implica uma oportunidade igualitária dos cidadãos no acesso ao sistema de saúde. Nos termos da lei e da constituição Portuguesa, todos os cidadãos têm o direito à protecção da saúde e o dever de a defender e promover. As projecções de despesa com a saúde mostram uma tendência de aumento nas próximas décadas, não só devido ao envelhecimento da população mas sobretudo devido ao progresso técnico reflectido, nomeadamente, nas cada vez mais sofisticadas técnicas de diagnóstico extremamente dispendiosas. 11 CAPÍTULO II - O sistema de saúde em Portugal e a importância da satisfação do cliente Perante tal facto, torna-se fundamental o recurso, cada vez mais frequente, aos serviços de saúde e, consequentemente no âmbito da medicina preventiva, o aumento do uso dos meios complementares de diagnóstico e terapêutica, nomeadamente a Imagiologia. A saúde continua a ser o bem mais precioso e desejado da comunidade universal, como tal os clientes são cada vez mais exigentes com as entidades prestadores de cuidados e assíduos na busca de informação e conhecimento sobre temas relacionados com a saúde. A qualidade foi identificada como uma questão importante no desenvolvimento de negócios e serviços de sucesso nos princípios da década de 80 do séc. passado. Se pretendermos um serviço de qualidade é fundamental ir de encontro às expectativas do cliente. “Dar satisfação às exigências do cliente constitui um elemento-chave na prestação de um serviço de qualidade” (Martin & Henderson, 2004). A satisfação do cliente “é uma resposta (afectiva ou emocional) dada em face da avaliação que o utente faz dos cuidados de saúde a que foi sujeito (qualidade percebida) ” (John, 1992). Neste capítulo será realizada uma abordagem conceptual à raiz da nossa investigação que se centra no cliente: qualidade e satisfação. A constatação empírica de um problema leva à pesquisa bibliográfica sobre o tema conduzindo à reflexão e planificação de um trabalho para atingir os objectivos traçados. Perante o referido e no sentido de adquirir e aprofundar conhecimentos, bem como esclarecer dúvidas, foi pertinente desenvolver alguns temas de forma a constituir um suporte teórico para dar voz ao nosso problema entre eles: origem e evolução do sistema de saúde, importância dos serviços privados de saúde (nomeadamente a Imagiologia), papel da qualidade em saúde e o papel da satisfação do cliente. 12 CAPÍTULO II - O sistema de saúde em Portugal e a importância da satisfação do cliente 2.1 – DO SISTEMA DE SAÚDE EM PORTUGAL AO SEU SUBSISTEMA “ É prioritário que o sistema de saúde esteja devidamente organizado, no sentido de se definirem regras capazes de promoverem uma utilização eficaz e eficiente dos recursos existentes. Deste modo, poderão alcançar-se melhores índices de saúde na população portuguesa.” (Nunes & Rego 2002, p.18) Os serviços de prestação de cuidados de saúde em Portugal representam instituições onde a visibilidade das transformações da sociedade é notória. Como utilizadores do sistema de saúde, parte da comunidade coloca importantes desafios à acessibilidade, organização e estruturação dos serviços de saúde. A saúde é hoje encarada como um sistema, com diversos níveis de intervenção, com organização específica a cada nível, possuindo modelos de financiamento adequados e métodos de avaliação específicos e objectivos em termos de efectividade, eficiência e qualidade dos cuidados de saúde prestados. A responsabilidade primeira de qualquer sistema de saúde é a de promover a saúde dos cidadãos. O Sistema de saúde Português foi regulado, a partir de 1990, por dois diplomas fundamentais: a Lei de Bases da Saúde (Lei nº 48/90, de 24 de Agosto) e o Estatuto do Serviço Nacional de Saúde (Lei nº 22/93, de 15 de Janeiro). Para muitos, o ano de 1990 é considerado como um ano de viragem decisiva no Sistema de Saúde Português. “Não é fácil caracterizar um sistema de saúde nem descrever de forma unívoca a sua organização, pois ele não é estático, mas envolve em si mesmo um processo dinâmico. As permanentes mudanças no sector da saúde e as influências que recebe de muitos outros sectores faz com que a política de saúde tenha (ou deva ter) um carácter 13 CAPÍTULO II - O sistema de saúde em Portugal e a importância da satisfação do cliente evolutivo e adaptativo em relação às novas condições que vão surgindo. Estas condições são influenciadas e tendem a reflectir aspectos culturais, circunstanciais e conjunturais que em cada época dominam a sociedade.” (Sepúlveda citando Silva, 1998, p.34) Para a mesma autora sistema de saúde é o conjunto de serviços e entidades prestadoras de cuidados de saúde de um país, organizados e geridos de acordo com a respectiva política de saúde (ibidem). Almeida citando Nogueira da Rocha (1999) definiu, em traços gerais, o actual Sistema de Saúde Português como “um grande espaço de convergência e congregação de esforços”, composto por “três segmentos claramente individualizados” e articulados entre si, que são consequência da evolução do sistema de saúde nos últimos trinta anos: • O Serviço Nacional de Saúde (abrangendo todas as instituições e serviços oficiais prestadores de cuidados de saúde dependentes do Ministério da Saúde); • Todas as entidades públicas que desenvolvem actividades de promoção, prevenção e tratamento na área da saúde; • Todas as entidades privadas e todos os profissionais livres que acordem com o SNS a prestação de cuidados ou de actividades de saúde ( cf Quadro 1). Quadro 1: Organização do Sistema de Saúde (adaptado de Gonçalves & Costa, 2003) ESTADO, SISTEMA DE SAÚDE/ SERVIÇO NACIONAL DE SAÚDE Governo Conselho Nacional de Saúde ESTADO Serviços Centrais do Ministério da Saúde ENTIDADES SECTOR SISTEMA PÚBLICO PÚBLICAS Instituições públicas, prestadoras de cuidados de saúde, dependentes do Ministério da Saúde SERVIÇO Instituições públicas, prestadoras de DE NACIONAL cuidados de saúde, dependentes do SAÚDE DE SAÚDE Ministério da Saúde Entidades privadas e profissionais SISTEMA PRIVADO livres com acordos com o Serviço Nacional de Saúde 14 CAPÍTULO II - O sistema de saúde em Portugal e a importância da satisfação do cliente Foi a partir da Lei de Bases da Saúde e do Estatuto do SNS que se instituiu o princípio da responsabilização conjunta dos cidadãos, da sociedade e do Estado, em liberdade de procura e de prestação de cuidados. Com efeito, a existência conjunta de prestadores públicos e privados é definitivamente reconhecida na Lei de Bases da Saúde no nº 4 da Base XII: “ (...) rede nacional de prestação de cuidados de saúde abrange os estabelecimentos do SNS e os estabelecimentos privados e os profissionais em regime liberal”. A coexistência no sistema de saúde de serviços públicos com serviços e entidades privadas justifica que o SNS não preste a totalidade dos cuidados. De acordo com Escoval (1993), 76% da população tem como único pagador o SNS, os restantes utilizam outros subsistemas (14% da população está abrangida pela ADSE, 5% pelo SAMS). “Pelo acórdão nº 92/85 do Tribunal Constitucional (DR, I nº 168 de 24 de Fevereiro de 1985) mencionado no parecer nº 51/95 da PGR; subsistema de saúde será a estrutura organizativa, criada por lei ou convenção, para protecção na doença de certo grupo de beneficiários, determinado em função da sua actividade profissional. Na perspectiva da sua vinculação financeira do SNS, o subsistema de saúde abrangia quaisquer entidades públicas ou privadas que, em virtude de disposições legais ou contratuais vigentes, fossem responsáveis pelo pagamento directamente aos hospitais dos encargos decorrentes da assistência prestada aos doentes “. (Sepúlveda, 1998 p.39) Para Freixinho (1989), subsistema de saúde será toda a forma mais ou menos organizada de cobertura de cuidados de saúde que, tendo em vista a promoção do acesso e/ou a prestação a grupos de utentes bem definidos e mediante uma participação ou não no financiamento do seu funcionamento, desenvolve a sua actividade com maior ou menor autonomia financeira e/ou administrativa relativamente à entidade de que depende directamente. Os subsistemas funcionam como um sistema de saúde em que uma fracção considerável da população beneficia de mecanismos de protecção em situação de necessidade de cuidados médicos para além do SNS. O maior desses sistemas adicionais de protecção é a ADSE, que cobre os funcionários públicos. A coexistência dos subsistemas de saúde com o SNS remonta à data de criação deste último em 1979. Existem actualmente 16 subsistemas de saúde, sendo responsáveis pelo financiamento/prestação de cuidados de saúde a quase 20% da população. (INE, 2006) 15 CAPÍTULO II - O sistema de saúde em Portugal e a importância da satisfação do cliente Os principais subsistemas públicos de saúde são a ADSE (Assistência na Doença aos Servidores Civis do Estado), os SSMJ (Serviços do Ministério da Justiça), a ADMA (Assistência à Doença Militares da Armada), a ADFA (Assistência à Doença dos Militares da Força Aérea), a ADME (Assistência à Doença dos Militares do Exército) os SAD/PSP (Serviços de Assistência à Doença da PSP) e os SAD/GNR (Serviços de Assistência à Doença à GNR). A designação da ADSE foi entretanto alterada para Direcção-Geral de Protecção Social aos Funcionários e Agentes da Administração Pública e é actualmente um Serviço Integrado do Ministério das Finanças e da Administração Pública. Os maiores subsistemas privados de saúde são os da empresa Portugal Telecom, dos CTT e dos SAMS, mas existe ainda um conjunto vasto de outros pequenos subsistemas. As necessidades de saúde da população vão, exigir do sistema de saúde respostas cada vez mais complexas, por força de uma progressiva alteração do perfil epidemiológico das doenças e dos doentes cada vez mais envelhecidos e com patologias mais incapacitantes e onerosas. Tendo em conta todos estes factores, podemos colocar a seguinte questão: mas afinal o que é que caracteriza um bom sistema de saúde? Segundo Pinto (1994) será a combinação de quatro factores: uma boa qualidade, um grau de satisfação razoável por parte dos utentes, custos controlados e um sistema de financiamento repartido. Em Portugal, a saúde é um direito constitucionalmente garantido, por isso estes quatro factores são aplicáveis tanto ao sector público como privado, consagrado o princípio de que os serviços se disponibilizem e estruturem no interesse do cliente. As crise económicas dos anos 70 foram determinantes para o fim de um período considerável crescimento económico e de rápida expansão dos sistemas de protecção social na Europa. No sector da saúde elevaram-se os pontos de vista a favor dos mecanismos de mercado nos sistemas de saúde: progressiva separação dos papéis de financiador, regulador e prestador, assumindo o Estado, cada vez mais, os dois primeiros, e delegando a prestação noutras entidades de cuidados de saúde. Em Portugal, o sistema de saúde continuou a expandir-se com as vantagens daí decorrentes para aqueles que dele beneficiam, mas sem resposta para os problemas de acesso aos cuidados de saúde (consultas, meios complementares de diagnóstico e terapêutica, cirurgias), agravando-se o conflito de interesses públicos e privados. 16 CAPÍTULO II - O sistema de saúde em Portugal e a importância da satisfação do cliente Como já referido anteriormente, a saúde é um conceito complexo e abrangente, que vai mais além da mera existência ou ausência da doença. Inclui indicadores de qualidade de vida e tem em conta factores como a esperança de vida, morbilidade, mortalidade, entre outros. “ A mortalidade é sem dúvida um factor importante. Porém, igualmente relevantes são os factores que levam a essa mortalidade. As doenças crónicas não transmissíveis (doenças cardiovasculares, cancro e muitas outras) constituem hoje a principal causa de morbilidade e mortalidade nas sociedades desenvolvidas. São também estas doenças as principais responsáveis por situações de incapacidade, muitas vezes permanente, e perda de qualidade de vida, com expressão muito significativa de serviços de saúde, meios complementares de diagnóstico, medicação e dias de internamento”. (Sakellarides et al, 2006) 17 CAPÍTULO II - O sistema de saúde em Portugal e a importância da satisfação do cliente 2.2 – SERVIÇOS PRIVADOS DE SAÚDE “A empresa deve aprender a pensar; não que produz bens ou serviços, mas que compra a sua clientela, tudo fazendo para que as pessoas tenham vontade de se tornarem seus clientes.” (Alves citando Levitt, 2003, p.35) Os novos sistemas de financiamento que vêm sendo introduzidos na saúde levam ao fim da gratuitidade universal. O sistema público passa a fazer parcerias com serviços e entidades privadas incentivando uma competição gerida; justificando que o SNS não preste a totalidade dos cuidados. Assim, os beneficiários utilizam serviços privados convencionados como sejam consultas médicas e meios complementares de diagnóstico e terapêutica. De acordo com Escoval (1999) apenas 76% da população tem como único pagador o SNS utilizando os restantes 24% outros sistemas. “O Sistema Nacional de Saúde não funciona porque a máquina é muito grande e torna-se difícil controlar o desperdício, sendo que o serviço privado pode ser uma boa alternativa ao SNS pois não encarece a saúde.” (Ribeiro, 2007) Frederico citando Campos (2000, p.92) refere que o sector privado tem um papel importante no financiamento dos cuidados de saúde entre 38 a 44%. Este sector abrange 44% de exames de raio x. O sector privado tem tradicionalmente uma forte participação na prestação de cuidados de saúde. Esse papel foi reforçado na década que medeia entre 1986 e 1996. O quadro 2 apresenta valores comparativos de 1986 e 1996. 18 CAPÍTULO II - O sistema de saúde em Portugal e a importância da satisfação do cliente Quadro 2: Peso relativo do sector privado (em%) (adaptado de Barros (2000, p.8) Tipo de Cuidado 1987 1996 Consultas totais 33,0 30,4 Consultas de especialidade 52,2 59,4 Dentistas 84,5 92,0 Raios x 52,4 56,0 Análises clínicas 70,5 70,8 Ecografias ----- 72,6 Relativamente a ecografias, para um conjunto de 2530, 23,7% recorreram ao sector público. Mesmo em sentido estrito, o sector privado abarca 72,6% do total de pessoas que realizaram ecografias (Barros, 2000, p.9). Também a utilização de raios x incide sobretudo no sector privado, com cerca de 44,0% dos utilizadores que responderam a referirem opção pelo sector público, e os restantes recorrendo ao sector privado. O sector privado em sentido estrito abarca 56% em 1996, o que é novamente um valor próximo do que ocorria uma década antes (52,4% das pessoas em 1986 recorriam ao sector privado) (ibidem). Rosa (2006) recorda o caso do hospital de Santa Maria, que é um hospital EPE, que possui 27 laboratórios e 25 unidades técnicas diagnostica e terapêuticas, e que apesar de possuir toda esta capacidade instalada, suportando os seus elevados custos, mesmo assim, em 2004 por exemplo, este hospital gastou cerca de 6,5 milhões de euros com MCDT mandados realizar no exterior. De acordo com dados apresentados pelo Ministro da Saúde aquando do debate do Orçamento de Estado estimava-se que, em 2006, o SNS gastasse com MCDT pagos a privados cerca de 681 milhões de euros. A ideia, por vezes difundida de termos um sistema privado que “parasita” o sistema público pode ser até um pouco estranha na medida em que essa prestação privada já existia antes da criação do SNS (Barros, 2000, p.10). A situação actual é, pois, uma evolução natural do sistema de saúde ao longo dos anos. A administração privada sempre teve em conta os seus clientes, porque se não os tratar bem não se pode desenvolver, o que significa que os seus clientes têm que ser a primeira prioridade de quem faz a gestão. O recurso aos serviços privados de saúde tem vindo a aumentar por todas as razões apontadas e porque, corroborando a ideia de Hespanhol (2004, p.188), as 19 CAPÍTULO II - O sistema de saúde em Portugal e a importância da satisfação do cliente avaliações negativas dos serviços do Estado (hospitais e centros de saúde) são muito superiores às que merecem os serviços privados (farmácias, consultórios/ clínicas médicas e centros de diagnóstico). 2.2.1 – A prestação de serviços na saúde O aumento da participação dos serviços na economia da saúde e o crescente aumento do nível de exigência dos clientes nos últimos anos, impulsionam cada vez mais as organizações a procurarem mecanismos que possibilitem uma constante melhoria dos seus serviços. Para Pinto (2003, p.29), serviço é uma “combinação de resultados e experiências prestadas a e recebidas por um cliente”. Segundo a mesma autora, citando Grönroos (2000), apresenta o serviço como um processo constituído por um conjunto de actividades mais ou menos intangíveis que, geralmente, mas nem sempre, são concretizadas por interacção entre o cliente e os recursos (humanos e/ou físicos, e/ou informáticos) da entidade prestadora do serviço, actividades essas que são prestadas como soluções para os problemas do cliente. “Duas componentes essenciais, constituem o serviço ao cliente: a componente processual e, a componente pessoal. Ambas são fundamentais para a qualidade do serviço. O aspecto processual do serviço consiste nos sistemas e métodos implementados para fornecer produtos e/ou serviços. O aspecto pessoal do serviço é a forma de atendimento dos clientes (atitudes, comportamentos e expressão verbal).” (Martin, 1989, p.7) O conceito de serviço é a definição da oferta do serviço que a organização produz e que é relevante para o cliente. Na figura 2 que se segue estão incluídos todos os elementos que constituem o serviço (serviços centrais e periféricos), bem como todos os elementos que a organização afecta à produção desse serviço (nomeadamente, pessoas e equipamentos). 20 CAPÍTULO II - O sistema de saúde em Portugal e a importância da satisfação do cliente Organização Operação do serviço Processo Inputs: • Bens • Pessoas • Equipamentos Outputs Valor Experiência do cliente Output do serviço Cliente Figura 2: Os elementos centrais do conceito de serviço (adaptado de Johnston & Clark, 2001) Para Pinto (2003,p. 29), as características básicas dos serviços são: (1) os serviços são processos constituídos por actividades ou séries de actividades e não bens; (2) os serviços são, com maior ou menor extensão, produzidos e consumidos simultaneamente; (3) o cliente participa no processo de produção do serviço. Mezomo (2001, p.15), citando Austin, refere que a administração de saúde é o planear, organizar, dirigir, controlar, coordenar e avaliar os recursos e procedimentos através dos quais a procura dos cuidados médicos e de saúde se efectivam. É a procura de um ambiente saudável onde os clientes são atendidos de acordo com a provisão de serviços, a clientes individuais, organizações e comunidades. 2.2.2 – Concorrência e Competitividade do mercado na saúde As organizações do início do século XX, rígidas e organizadas em torno de um sistema tradicional, foram substituídas por outras onde a informação e o conhecimento tornam-se recursos estratégicos fundamentais para a sua gestão, fazendo frente a um ambiente incerto e que exige flexibilidade e rapidez na tomada de decisão. Hoje em dia, as organizações deixaram de ser amorfas, atónicas e fragmentadas, para serem simplesmente lógicas, racionais e atentas a novos conceitos relativos à satisfação. 21 CAPÍTULO II - O sistema de saúde em Portugal e a importância da satisfação do cliente Caminham para uma realidade muito mais viva, holística e capaz de se adaptar a um mundo em constante mudança, com condições de mercado altamente competitivos e uma concorrência cada vez mais acirrada (Silva & Neves, 2003). As teorias económicas influenciaram o movimento de reforma administrativa contribuindo para a sua orientação neo-liberal. Esta influência traduziu-se numa nova abordagem aos problemas do sector público e na procura de soluções enfatizando a eficiência, a eficácia e a economia. Estas ideias assumem que as práticas de gestão do sector privado são superiores às práticas de gestão do sector público e portanto a reforma deveria ser orientada pelos modelos e técnicas do sector privado. “ Os problemas financeiros dos governos, a necessidade imperiosa de abrandar a taxa de crescimento dos gastos públicos, a incapacidade de controlar uma administração cada vez mais gastadora e ineficiente, o descrédito em relação às organizações públicas e as expectativas dos cidadãos em relação à qualidade dos serviços públicos são factores que pressionam novas procuras em novos mercados.” (Pollit, Bathgate, Smullen & Talbot, 2000) A reforma do sistema de saúde parte da premissa de que o aumento da concorrência entre serviços prestadores de cuidados de saúde irá crias pressões competitivas, tal como num mercado, de forma a promover uma melhor utilização de recursos e a proporcionar melhores serviços para os cidadãos. As forças da concorrência são o agente de mudança que irão conduzir à eficiência do sistema. Espera-se que, com a liberdade de escolha por parte dos cidadãos, existam pressões do lado da procura no sentido da maior qualidade dos serviços prestados. Na verdade, os actuais utentes dos sistemas de saúde apresentam características que diferem substancialmente daquelas que existiam aquando da criação do SNS: a subordinação cultural dos doentes é menor. Actualmente, os cidadãos e utentes dispõem de mais capacidades e recursos. Eles são mais exigentes, o que certamente terá um efeito no relacionamento com as instituições de saúde públicas e privadas. Contudo, e segundo Sepúlveda (1998, p.35), tem crescido a preocupação em relação à importância da satisfação do consumidor como uma determinante de cuidados de alta qualidade, onde ele é o supremo juiz em relação a esta matéria. “ A qualidade dos cuidados prestados e o nível de satisfação dos utentes têm emergido como base de muitas estratégias de marketing nos serviços de saúde e servem para distinguir a competência dentro de um mercado cada vez mais competitivo.” (Taylor, 1994) 22 CAPÍTULO II - O sistema de saúde em Portugal e a importância da satisfação do cliente A consciencialização do cliente quanto aos produtos e/ou serviços oferecidos, principalmente no que se refere à qualidade, tem pressionado as organizações a centralizarem as suas atenções nas necessidades e exigências do mercado consumidor e não somente no volume produzido. Como refere Freire (1997) “Todas as empresas ambicionam alcançar o sucesso...Para esse efeito, procuram adoptar estratégicas que proporcionem aos seus clientes mais valor que a concorrência, aproveitando todas as potencialidades dos recursos à sua disposição. O desempenho competitivo a longo prazo depende por isso da correcta formulação e implementação das suas orientações estratégicas”. A fidelidade do cliente tem sido, cada vez mais, tema de vários estudos. A constante busca de fidelização e retorno do cliente à empresa tem de forma significativa incentivado os estudiosos a desenvolver modelos e pesquisas que revelem as razões de satisfação e insatisfação dos consumidores. A satisfação do cliente há algum tempo atrás não tinha a mesma importância do que nos dias actuais em que o cliente exige cada vez mais dos serviços e/ou produtos pelos quais pagam. Com base no exposto, torna-se necessário conhecer o cliente, investigá-lo de forma sistematizada e científica e, mediante os resultados, oferecer às organizações opções para direccionarem ou redireccionarem as suas acções e, com isso, obter num futuro próximo uma maior competitividade e fidelização do cliente. Reicheld (1996, p.111) descreve os clientes fieis como os que preferem relações estáveis e duradouras, mais rentáveis que os outros; valorizam os produtos e/ou ofertas em relação à concorrência. Uma reflexão estratégica justifica-se enquanto permite reforçar a consciência das pessoas face às metas a atingir e à coerência dos actos para criar valor para os clientes. A finalidade da criação de valor é comum a todas as empresas. “Considerando que a satisfação do consumidor é o fim, a eficácia da actividade comercial deve ser avaliada a partir da extensão desta satisfação” (McCarthy, 1978, p.658). A melhor defesa contra a concorrência consiste em manter os clientes contentes. A organização que consegue isto é praticamente invencível, os seus clientes são mais leais e utilizam-na frequentemente. O cliente satisfeito, para além de fiel à instituição mantém-se por muito mais tempo; não troca imediatamente. Segundo Ribeiro (2002, p.15), “certamente o melhor marketing dos tempos contemporâneos é conservar de maneira fiel os clientes já conquistados, numa prática que conhecemos por fidelizar clientes.” 23 CAPÍTULO II - O sistema de saúde em Portugal e a importância da satisfação do cliente As organizações que se centrem na satisfação do cliente tendem a estar mais dispostas a fazer investimentos a longo prazo e estão mais bem preparadas para suportar algumas contrariedades nos seus níveis de resultados se necessário para alcançar o objectivo básico de satisfazer o cliente. A produção e consumo de um bem ou de um serviço exprimem-se por um certo nível de qualidade (em sentido lato, satisfação do cliente/ consumidor), um certo nível de custos. O preço resulta dos dois primeiros parâmetros e das forças competitivas (Porter, 1985). Forças Competitivas Satisfação do consumidor/utilizador Diferenciação (qualidade de oferta Proveito do produtor - vendedor Preço Custo Figura 3: Fontes de vantagens competitivas ou de valor (adaptado de Porter, 1985) As duas fontes de valor são a qualidade (dos produtos, serviços e imagem) e o custo em comparação com a qualidade e custo dos concorrentes (ibidem). “O fracasso não é uma fatalidade. É a simples consequência de uma corrente de erros e equívocos. O sucesso também não é uma casualidade. É resultado de um método de trabalho e de uma filosofia gerencial. O que distingue as organizações “vencedoras” das “vencidas” não é mais a tecnologia e a produção. É a satisfação dos clientes garantida pela motivação de quem produz e de quem os atende.” (Mezomo, 2001, p. 34) 24 CAPÍTULO II - O sistema de saúde em Portugal e a importância da satisfação do cliente 2.3 – MEIOS COMPLEMENTARES DE DIAGNÓSTICO E TERAPÊUTICA “Nunca esqueças que cada dia te oferece uma oportunidade – a oportunidade de criar memórias de vida num outro ser humano. Tu tens um poder, que significa que qualquer um que receba os teus serviços está nas tuas mãos e sujeito aos teus sentimentos, estado de espírito, empenho, quer estejas a ter um bom dia ou não. No meio de uma situação sem esperança tu podes optar por ser uma boa ou má lembrança que o paciente jamais esquecerá” (Ingegerd Seljeskog (in Tecnosaúde, 2008, pp.19) Os meios complementares de diagnóstico e terapêutica (MCDT) assumem um papel importantíssimo no sistema de saúde e caracterizam-se por um elevado nível de especialização. As tecnologias da saúde são um território de saber e prática imprescindível nas organizações de saúde, com profissionais especializados que se regem por princípios e práticas multidisciplinares, tendo como pilares o exercício da participação responsável e a construção de uma autonomia que visa avaliar, de forma sistemática, a prestação de cuidados de saúde centrados nas necessidades do cidadão. Os MCDT englobam um conjunto de 18 diferentes áreas técnicas nomeadamente a Radiologia, Fisioterapia, Análises Clínicas e de Saúde Pública, Anatomia Patológica, Citológica e Tanatológica, Farmácia, Terapia Ocupacional, Terapia da Fala, Ortóptica, Dietista, Audiologia, Neurofisologia, Radioterapia, Medicina Nuclear, Cardiopneumologia, Higienista Oral, Ortoprotésico, Prótese Dentária e Saúde Ambiental. 25 CAPÍTULO II - O sistema de saúde em Portugal e a importância da satisfação do cliente 2.3.1 – A Imagiologia A descoberta dos raios x por Wilhelm Roentgen em 1985 revolucionou a prática da medicina já que, pela primeira vez, foi possível minimizar a subjectividade diagnóstica dos sinais semiológicos clínicos. Tal levou à progressiva descoberta e a uma nova forma de olhar “ para dentro do corpo” através da representação de estruturas até aí totalmente invisíveis, e apenas desvendadas em procedimentos necrológicos ou nos primórdios tratamentos cirúrgicos. A Imagiologia é sem dúvida a especialidade de medicina mais dependente da tecnologia, tem sido um dos campos que mais evolução tem registado desde a sua descoberta. O benefício da imagem era inegável e as suas aplicações cínicas não pararam de crescer nas décadas seguintes. A utilização de poderosos meios computacionais cada vez mais potentes, as inovações técnicas constantes que têm mudado os equipamentos e ambiente de trabalho influenciam o papel da Imagiologia no diagnóstico e tratamento da doença. Esta ciência cobre as importantes modalidades da imagem médica: radiologia convencional, fluoroscopia, mamografia, angiografia digital, tomografia computorizada (TC), ressonância magnética (RM) e ecografia. Os exames de diagnóstico com raios x, nas suas diversas modalidades, desempenham um papel vital nos cuidados médicos actuais. Esta metodologia vem apoiando todos os ramos da medicina, há mais de um século, potenciando o seu uso com o passar do tempo. Pisco citando Ramos (1998, p.1) refere que a Radiologia Portuguesa se orgulha, com razão, dos notáveis contributos que deu ao progresso da ciência, assegurando lugar de merecido destaque. A Imagiologia caminha a passos rápidos do âmbito da informação morfológica para a informação funcional agregando um sem número de possibilidades que a tornam pluripotencial. 2.3.1.1 – Radiologia Convencional Antigamente os médicos diagnosticavam as doenças interrogando os pacientes sobre os sintomas que sentiam, as doenças que sofreram no passado e como 26 CAPÍTULO II - O sistema de saúde em Portugal e a importância da satisfação do cliente funcionavam todos os seus órgãos. O exame físico era feito cuidadosamente com inspecção, palpação, percussão e auscultação dando uma ideia do estado geral do paciente, apenas com o uso dos sentidos. Sem os meios complementares de diagnóstico actualmente à disposição de qualquer médico, os conhecimentos daquela época eram limitados. As dúvidas eram frequentes e o desejo era poder conhecer o interior do corpo humano. Durante várias décadas a radiologia convencional foi o único método de imagem disponível, passando a ser uma das especialidades dentro da Imagiologia. Este método é de fácil acesso, prático e de baixo custo tornando-se numa ferramenta imprescindível e de capital importância no raciocínio diagnóstico para o clínico contribuindo para uma nova abordagem das patologias. Hoje em dia, o próprio utente não considerada um clínico competente para avaliar a sua doença se este se limitar a observá-lo e não pedir pelo menos um exame complementar de diagnóstico (Pisco, 1998, p.17). A radiologia convencional atravessa uma fase de transição. Programas de informática e aperfeiçoamento dos receptores de imagem deram origem à radiologia digital que simplifica e aperfeiçoa a recepção das imagens. 2.3.1.2 – Mamografia Notáveis avanços ocorreram na imagiologia mamária não só do ponto de vista prático mas também na interpretação das imagens e procedimentos de intervenção. Inicialmente apenas eram submetidas a estudos mamários um número muito reduzido de mulheres, sintomáticas e na sua maioria com mais de 40 anos. Com o desenvolvimento desta área ela tornou-se uma verdadeira sub-especialidade radiológica, responsável por cerca de 10% dos exames efectuados por radiologistas (Gaivão, 2003). De facto, a mamografia é neste momento o exame radiológico que de forma directa resulta numa maior redução da mortalidade por doença. “ A mamografia foi a mais significativa contribuição no combate contra o cancro da mama desde que Halsted descreveu a mastectomia radical.” (Cunha 1990) Segundo Lawson e Lawson (2000), a mamografia revolucionou o diagnóstico precoce do cancro da mama; cerca de 90% destes cancros podem ser diagnosticados através deste exame. Os mesmos autores referem-nos que desde 1989 a mortalidade por 27 CAPÍTULO II - O sistema de saúde em Portugal e a importância da satisfação do cliente cancro da mama tem melhorado 1 a 2 % cada ano devido, ao diagnóstico precoce após implementação da mamografia como exame de eleição (ibidem). A mamografia um tipo especial de radiografia realizada num aparelho de alta resolução, permite visualizar nódulos, densidades anormais nos tecidos e microcalcificações. “Uma célula cancerosa pode duplicar, em média, todos os 100 a 180 dias. Assim, um tumor quando atinge um centímetro de diâmetro, isto é, quando é clinicamente palpável, já esteve em crescimento, provavelmente, durante cinco a sete anos. A mamografia pode antecipar a detecção do tumor por um a dois anos, quando este tem menos probabilidade de ser disseminado.” (Lawson & Lawson, 2000) 2.3.1.3 – Exames Contrastados O facto de a radiografia ter fraca capacidade discriminativa a nível dos tecidos moles estimulou o desenvolvimento de agentes de contraste permitindo a exploração, até aí impossível, do tubo digestivo ou de estruturas vasculares. São de realçar os exames contrastados do tubo digestivo, os quais foram, durante décadas, o esteio da investigação clínica nesta área, numa era pré-endoscópica. Tanto a escola sueca como a japonesa desenvolveram técnicas de imagem avançadas que permitiram o diagnóstico precoce de lesões malignas do cólon e do estômago, contribuindo para a redução da mortalidade causada põe estes tumores com evidente pioneirismo na medicina preventiva (Pisco, 2003, p.175). A melhor compreensão da fisiologia do aparelho urinário, da etiopatogenia e fisiopatologia das suas doenças possibilitou uma abordagem mais correcta dos problemas e um tratamento científico e, portanto, mais eficaz. Um dos pontos de maior progresso deu-se na imagiologia. A precisão das imagens obtidas revolucionou a prática urológica do nosso tempo. Pisco citando Ramos (2003, p.271) refere que a radiografia simples mantém interesse na demonstração de cálculos radiopacos, mas a urografia intravenosa é o método de eleição para o estudo morfológico e excretor do aparelho urológico. Após a injecção de contraste iodado, a opacificação do parênquima renal é motivada pela presença de contraste ao nível vascular tubular e pela densidade da árvore excretora, pela concentração do contraste por reabsorção de água nos túbulos coletores 28 CAPÍTULO II - O sistema de saúde em Portugal e a importância da satisfação do cliente 2.3.1.4 – Tomografia Computorizada A Tomografia Computorizada (TC) também chamada Tomografia Assistida por Computador ou Tomografia Axial Computorizada, é um meio de diagnóstico que origina imagens axiais detalhadas ou “cortes” de qualquer região do corpo humano, livres de sobreposições, através da combinação de computador digital com uma fonte de raios x possuidora de movimento de rotação. Desde o seu aparecimento, no início dos anos 70 e ao longo destes 37 anos, teve desenvolvimentos muito significativos que lhe permitem hoje elevado desempenho tecnológico e clínico. A utilidade da TC na prática clínica foi crescendo progressivamente desde a realização do primeiro exame em 1972. Segundo Gaivão (2003, p.143), verifica-se um crescimento de 10 % ao ano no número de exames por TC quer diagnósticos quer terapêuticos como o planeamento de radioterapia e técnicas de intervenção. Ainda segundo o mesmo autor, actualmente o número total de exames de TC efectuados, dependendo das séries avaliadas, representa cerca de 34% estudos crânio-encefálicos 20% coluna, 26% abdomino-pélvicos, 13% torácicos e 3 % do aparelho osteoarticular(ibidem). 2.3.1.5 – Ecografia O diagnóstico por ultra-sons e o seu estado actual são o resultado do trabalho de várias décadas e com diferentes origens. Embora o diagnóstico médico ultrassonográfico se tenha iniciado nos finais da década de 30, só nos anos 60 com o aparecimento e comercialização de equipamentos adequados, a ecografia começou a ser utilizada por todo o mundo sobretudo por radiologistas. Nos primeiros anos da década de 90 o avanço noutras áreas da ciência tais como microprocessadores, telecomunicações e imagem de alta definição requeridas em parte para a aplicação dos ultra-sons e que se tornaram disponíveis a preços acessíveis, deram o avanço tecnológico que levou à obtenção dos resultados que hoje dispomos. 29 CAPÍTULO II - O sistema de saúde em Portugal e a importância da satisfação do cliente Actualmente, a escolha técnica imagiológica adequada a determinada finalidade baseia-se em factores como a resolução, contraste, segurança e aceitabilidade do método. O estudo por ultra-sons está em sintonia com estes parâmetros, apresentando cada vez melhores níveis de resolução e contraste, inocuidade e grande aceitação pelo doente, além de ser um exame de custos reduzidos. Hoje pode considerar-se quase um exame de rotina dando múltiplas respostas em vastas áreas da medicina e muitas vezes um diagnóstico em apenas alguns minutos. Utilizado no estudo de todo o corpo humano, à excepção e estruturas ósseas, engloba também o estudo endocavitário de alguns órgãos. Actualmente a finalidade da ecografia é a de obter informação acerca de texturas dos órgãos com o fim de demonstrar a existência de doença e a sua caracterização. Há várias décadas que os ultra-sons são utilizados na sua vertente de diagnóstico médico. A ecografia é uma técnica de imagem dinâmica, não invasiva e sem qualquer efeito secundário conhecido. É complementar com outras modalidades de imagem, muitas vezes a melhor ou mesmo o único método aplicável. 2.3.1.6 – Densitometria Óssea A problemática da Osteoporose está na ordem do dia, nas últimas décadas amplamente reconhecida como um grave problema de saúde pública para toda a humanidade. Segundo Roux (1997) a definição actual de Osteoporose, proposta pela Conferência de Consenso de 1993, é “uma doença sistémica do esqueleto caracterizada pela diminuição da massa óssea e alteração da microarquitectura do tecido ósseo, com o consequente aumento da fragilidade do osso e maior risco de fractura”. O seu tratamento é tão fácil e eficaz, quanto mais precoce for o seu diagnóstico. Neste sentido, muitos são os esforços da comunidade científica mundial de forma a diminuir este encargo para o paciente e para a sociedade. O resultado dessa mobilização, levou a uma melhor compreensão da fisiopatologia da Osteoporose, assim como avanços significativos nas formas de diagnóstico precoce e tratamento da doença. 30 CAPÍTULO II - O sistema de saúde em Portugal e a importância da satisfação do cliente Neste momento, à luz do conhecimento actual, a densitometria óssea é o método quantitativo de avaliação de massa óssea mais importante no diagnóstico e tratamento da Osteoporose, por constituir um método exacto, preciso, rápido e de acesso fácil. A razão para esta popularidade consiste na elevada sensibilidade dos sistemas de imagem no estudo da densidade óssea. Estes sistemas apresentam resultados fiáveis, possibilitando a realização de diagnósticos e consequentemente, estabelecer decisões terapêuticas, assim como uma posterior monitorização desses mesmos tratamentos. 31 CAPÍTULO II - O sistema de saúde em Portugal e a importância da satisfação do cliente 2.4 – QUALIDADE EM SAÙDE “ A informação sobre a qualidade do serviço recolhida na perspectiva do cliente deve ser traduzida em especificações concretas do processo, naquilo que a empresa deve fazer para responder às expectativas dos clientes. Desta forma, uma melhoria verificada no processo reflecte-se numa melhoria da satisfação das necessidades dos clientes.” (Pinto 2003, p.66) No tempo dos filósofos gregos, já existiam várias reflexões sobre qualidade, sendo esta definida como excelência. A generalidade dos autores atribui a paternidade da gestão da qualidade total aos japoneses. Embora seja certo que a gestão da qualidade total se desenvolveu no Japão, a mesma teve origem nos Estados Unidos, durante a Segunda Guerra Mundial, no sentido do controlo da qualidade da indústria de armamento. . Há alguns anos atrás, falar de qualidade era referir-se às características físicas de um produto. Mais tarde, o produto transforma-se de acordo com as pretensões do consumidor, associando-se posteriormente à ideia de serviço para satisfazer as necessidades desse mesmo consumidor. É hoje aceite mundialmente que a qualidade e a excelência são desafios inadiáveis que se colocam às organizações como forma de responder às crescentes solicitações de que são alvo, num ambiente de mudança constante e de exigência crescente por parte de todos os parceiros. O conceito de qualidade constitui uma grande confusão na literatura. Ora se relaciona com os procedimentos, ora se entende como a capacidade de servir determinados fins ora faz-se significado de excelência duma organização. Mas existem outros significados para qualidade, fazendo-a coincidir com eficiência, eficácia e produtividade. 32 CAPÍTULO II - O sistema de saúde em Portugal e a importância da satisfação do cliente Antes de mais é oportuno sublinhar que o conceito de qualidade se identifica actualmente com o conceito de Gestão da Qualidade Total (TQM). Neste sentido TQM supõe uma interface entre os produtores ou fornecedores de serviços e os consumidores. Todas as organizações existem para satisfazerem as necessidades dos Homens sendo óbvio que o objectivo comum seja a qualidade, no entanto nem sempre esse objectivo é alcançado porque as organizações fornecem produtos ou serviços que ficam aquém das necessidades dos consumidores, clientes. A qualidade é uma vantagem competitiva pois incrementa valor do produto/serviço ao cliente. Um dos papéis importantes da qualidade dos cuidados de saúde é a satisfação dos clientes com os serviços recebidos e percepcionados. Para Pascoe (1983) existe uma estreita relação entre qualidade dos cuidados e a satisfação dos clientes. “A qualidade é a totalidade dos aspectos e características de um produto ou serviço que incorpora em si a capacidade de satisfazer necessidades explícitas ou implícitas” (International Standards Organization, 1986).” É ainda o grau de conformidade de todos os aspectos e características relevantes e um produto (ou serviço) com todos os aspectos das necessidades do cliente…” (Groocock, 1986). Todos temos expectativas sobre aquilo que é necessário para uma vida razoável, que inclui um bom estado de saúde e de bem-estar social. As expectativas nascem da comparação com as nossas famílias, amigos e colegas, de experiência prévia e das informações acerca dos serviços. Relativamente aos serviços de saúde, temos expectativas no sentido de: • As nossas doenças serem correctamente diagnosticadas; • Que a maior parte das situações de doença sejam resolvidas com sucesso; • Termos um atendimento amigável e cortês; • Podermos tirar partido das últimas tecnologias terapêuticas e de diagnóstico; • Sermos tratados com respeito e dignidade. Os clientes dos serviços não só beneficiam directamente se os seus requisitos forem satisfeitos, como ainda indirectamente se sentirem confiança de que numa próxima oportunidade em que o visitem, voltam a ser bem tratados. Estes e os seus familiares estão muitas vezes preocupados, ansiosos, stressados, assustados e vulneráveis. Estes sentimentos são exacerbados pelos longos períodos de espera, pela 33 CAPÍTULO II - O sistema de saúde em Portugal e a importância da satisfação do cliente informação insuficiente, pela insensibilidade face às suas necessidades e, muitas vezes, pela precariedade das instalações. Tudo o que possa ser feito para atenuar estes sentimentos e melhorar a qualidade das suas experiências será bem recebido, favorecendo um acolhimento personalizado. “Quando falamos de cuidados de saúde, estamos a mencionar serviços compreensivos prestados para produzir mudanças no estado patofisiológico e/ou psicossocial dos indivíduos.” (Ferreira, 1990) O conceito de qualidade de cuidados de saúde não é um conceito estático, envolve um processo dinâmico através do qual se pretende englobar o que se entende por saúde e por bons cuidados. A qualidade é algo que se deve praticar no quotidiano, em cada acto e em cada atitude dos profissionais de saúde. Esta consiste no equilíbrio entre a satisfação dos clientes e dos profissionais, quer nos centros de saúde, quer nos hospitais, quer nas instituições privadas, o que se traduz para os cidadãos, em menores tempos de espera, maior humanização, maior eficácia e melhor eficiência na prestação dos cuidados de saúde. A qualidade deve compaginar cada vez mais com acessibilidade, resposta em tempo útil, modernização das tecnologias, formação dos recursos humanos e simpatia no atendimento, a par da boa gestão e administração das capacidades instaladas. 2.4.1 – Conceito de Qualidade e sua importância nos serviços de saúde Antes de abordar o conceito de qualidade na saúde é importante sublinhar que se trata de um mercado muito especial em que o prestador tem a capacidade de criar a sua própria procura. Segundo Mollin (2003), a qualidade em saúde consiste “em ir ao encontro das exigências e expectativas dos utentes dos serviços e demais intervenientes, mantendo os custos ao nível mais baixo possível.” A má qualidade dos serviços de saúde numa organização de saúde tem consequências para os utentes/clientes, profissionais de saúde e significa mais custos. A qualidade do serviço não depende somente da reacção do consumidor; depende também das suas expectativas porque as suas percepções relativamente à qualidade de um 34 CAPÍTULO II - O sistema de saúde em Portugal e a importância da satisfação do cliente serviço resultam da comparação das suas expectativas antes e depois da recepção do serviço. Rocha (2006) define standards como metas estabelecidas com base nas exigências e expectativas dos consumidores e estabelece alguns standards no âmbito de várias prestações no domínio da saúde, designadamente: • Atrasos na admissão de doentes; • Discrepâncias de informação; • Perda de tempo no raio x; • Maus tratos no trabalho; • Tratamento das queixas. Identificar e medir as necessidades dos clientes envolve, na generalidade das vezes, duas fases. A primeira, em que se determinam as necessidades e desejos dos clientes, o que geralmente é feito através de um estudo exploratório; só depois é possível executar a segunda fase de medição das percepções da qualidade relativamente a esses itens, com uma ou mais escalas adequadas. Ao longo dos anos foram vários os conceitos de qualidade tendo mais ou menos todos em comum a importância da satisfação do cliente/consumidor e de bens/serviços que lhe são prestados. Corroborando com esta ideia, Couto e Pedrosa (2003) referem que “a melhor forma de se medir a qualidade é medir a satisfação do cliente como produto”. Já Donabedian (1980) definiu qualidade de cuidados como sendo o tipo de cuidados que maximiza uma medida que inclui o bem-estar dos clientes, após e considerar o equilíbrio entre os ganhos e as perdas esperadas, que acompanha o processo de cuidados em todas as suas componentes. Couto e Pedroso (2003, p.145), afirmam que é prática universal o desejo de prestar cuidados com qualidade, embora estes raramente se verifiquem. Assim porque qualidade é difícil de definir, estes mesmos autores classificam-na em: • Qualidade essencial – o produto deve ser o melhor do mundo • Qualidade atractiva – as características do produto determinam a preferência do cliente • Qualidade defensiva – é obrigatório eliminar o que desagrada ao cliente 35 CAPÍTULO II - O sistema de saúde em Portugal e a importância da satisfação do cliente • Qualidade Ofensiva – antecipa características da qualidade que satisfaçam o cliente; introduz sempre características atractivas A satisfação aparece assim, como uma componente da qualidade dos cuidados, sendo um resultado que se deseja obter no processo de prestação. Nunca poderá existir uma elevada qualidade dos cuidados se o cliente estiver insatisfeito. Nenhuma organização incluindo as da saúde pode aspirar a obter plena satisfação dos clientes, a ser competitiva e a ter o reconhecimento dos seus pares e comunidade se não atingir os requisitos mínimos de garantia da qualidade. Donabedian (1991) citando Palmer refere que a qualidade de cuidados de saúde é “a capacidade do prestador de cuidados em usar nas tomadas de decisão o melhor conhecimento disponível, de modo a produzir consumidores sãos e satisfeitos. A competência do prestador de cuidados diz respeito às capacidades técnicas e de relacionamento interpessoal, assim como ao próprio sistema de prestação de cuidados e à maneira como ele funciona na globalidade.” Avedis Donabedian desenvolveu um quadro conceptual fundamental para a avaliação da qualidade em saúde, a partir dos conceitos de estrutura, processo e resultado, classicamente considerados uma tríade: • Estrutura – características relativamente estáveis dos prestadores de cuidados de saúde, dos instrumentos e recursos que têm ao seu dispor e dos ambientes físicos e organizacionais em que trabalham. Podemos incluir neste ponto: recursos materiais (equipamentos…), recursos humanos (número e qualificação do pessoal), estrutura organizacional (organização dos prestadores métodos de pagamento e reembolso), métodos de revisão pelos pares (qualidade), localização geográfica e socioeconómica, entre outros. O autor crê que uma boa estrutura influência de forma positiva a qualidade dos cuidados. • Processo – é o conjunto de actividades desenvolvidas pelos profissionais de saúde tendo como objectivo máximo o atendimento dos clientes. A qualidade do processo dos cuidados é definida como comportamento normativo, normas estas que dependem da ciência médica, especialmente aspectos técnicos e científicos, éticos e sociais, salientando-se os aspectos interpessoais e relacionais. 36 CAPÍTULO II - O sistema de saúde em Portugal e a importância da satisfação do cliente • Efeito ou Resultados – é a alteração do estado de saúde actual ou futuro de um cliente que possa ser atribuída a anterior prestação de cuidados de saúde (ibidem). Este autor ampliou o conceito e qualidade, utilizando o que chamou de “sete pilares da qualidade”: • Eficácia – Capacidade de a arte e a ciência da medicina produzirem melhorias na saúde e bem-estar. • Efectividade – Melhoria na saúde, alcançada ou alcançável nas condições habituais da prática quotidiana • Eficiência – é a medida do custo com o qual uma dada melhoria na saúde é alcançada. • Optimização – torna-se relevante à medida que os efeitos dos cuidados de saúde não são avaliados em forma absoluta, mas relativamente aos custos • Aceitabilidade – sinónimo de adaptação dos cuidados aos desejos, expectativas e valores dos utentes e das suas famílias • Legitimidade – aceitabilidade dos cuidados da forma em que é visto pela comunidade ou sociedade em geral • Equidade – princípio pelo qual determina o que é justo ou razoável na distribuição dos cuidados e dos seus benefícios entre os membros de uma população (ibidem). Para Pinto (2003, p.41) a qualidade percebida do serviço é o “julgamento do consumidor sobre a superioridade ou a excelência global de uma organização”. A mesma autora citando Grönroos, refere que os clientes avaliam a qualidade do serviço relativamente a uma série de atributos que podem ser categorizados numa de duas dimensões: a dimensão técnica, relacionada com o resultado do serviço, e a dimensão funcional, relacionada com o processo (ibidem). A dimensão técnica da qualidade é constituída por aquilo que os clientes recebem nas suas interacções com a instituição, é o resultado da prestação do serviço, ou seja, consiste na solução técnica encontrada pela instituição para resolver o problema. A dimensão funcional ou interpessoal da qualidade encontra-se na forma como o serviço é prestado, isto é na forma como o cliente experimenta e recebe o 37 CAPÍTULO II - O sistema de saúde em Portugal e a importância da satisfação do cliente serviço. Esta dimensão, igualmente denominada de qualidade do processo, está muito relacionada com a forma como a instituição lida com os momentos de verdade e com a forma como a instituição de serviço funciona. Para Sepúlveda (1998, p.38) existe uma terceira componente designada de amenidades, que são as propriedades de um estabelecimento ou dos próprios cuidados. Num mercado cada vez mais competitivo, a qualidade deixou de ser uma opção e passou a ser uma obrigação e uma necessidade para todos os serviços e organizações. Neste contexto, o crescimento e a própria sobrevivência das organizações depende de alguns factores, nomeadamente: elevada qualidade, aumento da produtividade, redução dos custos e a satisfação do cliente. Sem qualidade, os serviços não aumentam os seus clientes, não terão lucro nem legitimidade social. Perante o exposto, devemos questionar sobre as vantagens da qualidade, valerá a pena? Como dizia um grande mestre da palavra, Fernando Pessoa “Vale sempre a pena quando a alma não é pequena”. As expectativas dos clientes continuarão a crescer e é bom que assim seja. É claro que os investimentos na melhoria da qualidade não se traduzem em ganhos consistentes a curto prazo mas apenas a médio e longo prazo. É necessária a definição e implementação de medidas através das quais o progresso possa ser avaliado, até porque alguns programas de melhoria da qualidade falham porque habitualmente as atenções estão centradas nas operações e não tanto nos clientes para descobrir as suas expectativas face ao serviço. Desde os anos 50, vários sistemas de gestão da qualidade foram desenvolvidos como estímulo para muitas organizações que desejam reconhecer e garantir a qualidade dos produtos e serviços oferecidos. De entre os vários sistemas destacam-se as normas ISO 9000 e o modelo EFQM. As normas ISO 9000 têm como objectivo sistematizar normas e procedimentos que auxiliem as organizações na implementação de um sistema de qualidade. Apesar dos benefícios do sistema ISO, quando aplicado à saúde é de sublinhar que este sistema insiste predominantemente nos processos de trabalho, nos procedimentos e nas responsabilidades funcional ou pessoal. O modelo de excelência (EFQM) foi lançado em 1991 pela Fundação Europeia e assume que a excelência dum serviço resulta da excelência de vários factores. 38 CAPÍTULO II - O sistema de saúde em Portugal e a importância da satisfação do cliente 2.5 – A SATISFAÇÃO DOS CLIENTES NOS SERVIÇOS DE SAÚDE “Para satisfazer um cliente é preciso ter uma grande humildade, admitindo que o cliente sabe o que quer e indo mesmo ao ponto de lho perguntar! Acima de tudo, é preciso acreditar na importância do cliente, ter vontade de o satisfazer e enfim, ter a capacidade de responder ao seu pedido, numa oferta com a melhor associação da Qualidade e do Preço”. (Montebello 2003, p.37) Para entender a evolução do papel do cliente e a sua relação com fornecedores sejam produtores, comerciantes e prestadores de serviços, num processo evolutivo e dinâmico, convém estabelecer três fases. Em Inglaterra no final da Idade Média, o cliente era feudal. Esta época caracterizava-se pela estreita relação entre o produtor e o consumidor. Este contacto estreito e permanente permitia a monitorização constante tanto das necessidades como dos interesses do cliente. Na segunda fase da história o cliente era ignorado. Trata-se da Era do Produto cuja característica principal é a perda do interesse no cliente por parte das empresas. O cliente era visto como um mal necessário. Depois da Segunda Guerra Mundial as empresas activaram o máximo da produção porque tudo o que era produzido era consumido. Com a crise do petróleo, o mundo entra num período de crise económica no qual o consumo foi refreado surgindo a Era do Cliente. É a terceira fase, já não se vendia com a mesma facilidade que antes desenvolvendo-se a revolução do cliente com extraordinária força. 39 CAPÍTULO II - O sistema de saúde em Portugal e a importância da satisfação do cliente Alves citando Lewitt (2003, p.165) refere que: “o conjunto da empresa já não deve ser considerada como uma produtora de bens ou serviços (…) uma profissão tem por finalidade satisfazer a clientela, não produzir bens (…) a empresa inteira deve aparecer como organismo gerador de clientes (…) satisfazendo as suas necessidades.” O tema da satisfação do cliente despertou no século XX o interesse de várias disciplinas e correntes científicas dando lugar a múltiplas discussões. As pesquisas sobre satisfação na área da saúde tiveram início nos anos 50 e foram feitas por sociólogos (Parsons, Szasz e Hollender). Estas pesquisas eram sustentadas pela relação médico-doente. Nos anos 60/70, a opinião do consumidor assume uma maior importância (Sepúlveda, 1998). A partir dos anos 90, a ideia de humanização passa a fazer parte do vocabulário da saúde, inicialmente como um conjunto de princípios que criticam o carácter impessoal e desumano da assistência à saúde e que mais tarde são traduzidos em diferentes propostas visando modificar as práticas assistenciais. Actualmente os clientes são estimulados a assumirem uma postura mais activa e consciente dos seus direitos e deveres. É neste contexto que as organizações de saúde devem procurar conhecer as necessidades dos seus clientes a fim de as satisfazerem e consequentemente aumentarem a qualidade da satisfação dos seus serviços. Segundo a opinião de Pinto (2003) medir a satisfação do cliente continua a ser uma tarefa complexa. Contudo a avaliação feita pelo cliente acerca da prestação de serviços é extremamente importante permitindo identificar e aperfeiçoar áreas para melhorar a qualidade dos cuidados de saúde. Alves citando Berry (2003, p.87) explica: “todas as organizações têm de se empenhar mais nos dias de hoje. Continuam-se a antecipar para atender às necessidades dos consumidores. O consumidor ainda é o rei, e não parece que essa situação vá mudar tão cedo. Os consumidores não reduziram as suas exigências à medida que a economia melhorou. Se é que fizeram algo, foi ficarem mais exigentes.” A satisfação é uma medida de resultados, um importante indicador da avaliação da qualidade de cuidados porque reflecte um conjunto de experiências entre os clientes e as organizações de saúde na sua globalidade. É neste sentido que se fará uma pequena revisão sobre os conceitos de satisfação dos clientes na área da saúde. 40 CAPÍTULO II - O sistema de saúde em Portugal e a importância da satisfação do cliente 2.5.1 – A satisfação do cliente: conceitos e importância Conhecer a satisfação dos clientes é extraordinariamente útil por várias razões: permite verificar a eficácia da acção; orienta os esforços no sentido de melhorar e manifesta ao cliente a vontade de o satisfazer (Noyé, 1998, p.30). Pesquisar a respeito da satisfação do cliente é fundamental para a gestão das organizações de saúde uma vez que pode proporcionar uma importante ferramenta para o desenvolvimento de estratégicas que possam influenciar o nível de qualidade dos serviços prestados. Actualmente, no nosso país a opinião do cliente é reconhecida e legislada na base XXX da Lei de Bases da Saúde (Lei n.º 48/90 de 24 de Agosto), onde a satisfação do utente é considerada como um elemento importante da avaliação permanente do funcionamento dos órgãos ou serviços dependentes do Ministério da Saúde. Sepúlveda (1998, p.33) citando Donabedian refere que “a satisfação do utente assume uma importância fundamental como medida da qualidade dos cuidados de saúde porque nos dá informação acerca dos prestadores em relação aos valores e às expectativas dos seus clientes (que são a autoridade última nesta matéria).” Hoje mais que nunca é o “reino do cliente”. Parte do êxito de uma organização depende da reactividade e da sua capacidade em antecipar as preferências dos seus clientes. Se a empresa procura servir os seus consumidores é com uma intenção bem precisa: a de adquirir os recursos de que necessita. Dizendo de outro modo, vai-se esforçar para satisfazer a sua clientela para encontrar ela mesma satisfação. Ciente de que as mudanças devem ser sempre centradas no cliente, Mcintyre (2000, p.13) afirma que “ouvir a voz do utente”, “promover a participação activa do utente”, são expressões que se encontram em vários documentos do Ministério da Saúde, da Direcção Geral de Saúde e da própria Administração Regional de Saúde, e que reflectem uma preocupação crescente com a perspectiva do utente, sobre os cuidados de saúde que recebe. Esta autora refere ainda que a Direcção de Serviços de Promoção e Garantia da Qualidade (1997), num dos seus documentos, garante que a qualidade dos serviços é assegurada, em parte, pela existência de processos de avaliação da satisfação dos utentes em relação aos cuidados prestados e mecanismos correctores das causas de insatisfação (ibidem). Actualmente, é consensual entre os autores que a opinião do cliente constitui um indicador de extremo valor nas diversas etapas do processo de cuidados nomeadamente, 41 CAPÍTULO II - O sistema de saúde em Portugal e a importância da satisfação do cliente no acolhimento, tratamento e na acessibilidade. Assim, Sepúlveda (1998, p.36) reflecte sobre várias definições de satisfação, citando: • Carr-Hill (1992, p.237) para o qual “ a satisfação humana é um conceito complexo que se relaciona com um grande número de factores, incluindo estilo de vida, experiências anteriores, expectativas futuras e valores individuais e da sociedade”; • John (1992), o qual afirma que a “ satisfação do utente é uma resposta (afectiva ou emocional) dada em face da avaliação que o utente faz dos cuidados de saúde a que foi sujeito (qualidade percebida). Esta resposta é determinada pela (des) confirmação das suas expectativas”; • Woodside, Frey e Daly citados por Taylor (1994, p.224) referem-se à satisfação como “uma forma especial de atitude face ao consumo, isto é, como um fenómeno de pós-experiência que reflecte o quanto o utente gostou ou desgostou do serviço que recebeu”; • Rutledge e Nascimento (1996) para os quais a “ satisfação é uma função da diferença entre o desempenho esperado e o percebido”; • Williams (1994, p.512) afirma que ”não se sabe actualmente a natureza da relação entre expectativas e expressão da satisfação. Contudo, há uma pequena evidência que sugere que a satisfação é, em grande parte, o resultado de expectativas e valores”. Numa organização, parte do pessoal está em contacto com os clientes e/ou utentes. A qualidade da relação que se estabelece é imprescindível para que os clientes fiquem satisfeitos em relação aos serviços prestados. Ver o cliente como um convidado é um caminho a percorrer, na melhoria da qualidade. John Rockefeller declarou a Mathew Brush que “o saber tratar com as pessoas é uma habilidade que tem de ser paga, tal como o açúcar ou o café. E eu pagarei por essa habilidade mais do que por qualquer outra coisa neste mundo” (Steed, 1993, p.27). Já Sepúlveda (1998, p.35) advoga que são necessários tanto o interesse como a participação das pessoas na provisão de serviços de saúde, pois os indivíduos já não são os utentes passivos de outrora. Mais do que isso, funcionam como consumidores que pagam antecipadamente os serviços, sob a forma de impostos ou prémios de seguro e logo sabem, realmente, qual é o valor do dinheiro. 42 CAPÍTULO II - O sistema de saúde em Portugal e a importância da satisfação do cliente Para Frederico e Leitão (1999) prestar cuidados ou serviços com vista à satisfação das necessidades dos clientes é a missão principal de qualquer organização quer seja pública ou privada. As necessidades dos clientes encontram-se hierarquizadas em níveis de importância, desta forma influenciam directamente a satisfação do cliente. A satisfação do cliente segue um padrão lógico e para compreendê-lo pode-se contar com o modelo das etapas de satisfação do homem, desenvolvido por Maslow. Maslow (1943) criou a mais famosa das hierarquias das necessidades. Classifica as necessidades básicas numa escala ou pirâmide, partindo das mais elementares para as mais complexas. O autor acreditava que essas necessidades deviam satisfazer-se segundo uma sequência fixa, que começava com as necessidades fisiológicas e terminava com as necessidades de auto-realização. Então, se a motivação actual de uma pessoa é a satisfação de uma necessidade superior, como a de estima, por exemplo, as necessidades inferiores, como as fisiológicas, as de segurança e as sociais já devem ter sido satisfeitas. Este autor apresenta o “modelo de satisfação de necessidades”, segundo o qual as necessidades humanas estão organizadas e dispostas em cinco níveis, numa hierarquia de importância e influência (cf Figura 4). Figura 4: Hierarquia das necessidades segundo Maslow (adaptado de Fachada, 2002 p.5) 43 CAPÍTULO II - O sistema de saúde em Portugal e a importância da satisfação do cliente Para Fachada (2000, p.96) as necessidades fisiológicas constituem o nível mais baixo de todas as necessidades humanas e que são vitais para o indivíduo. Neste nível estão as necessidades de alimentação (fome e sede), sono, abrigo (frio ou calor) e o desejo sexual. A necessidade análoga do cliente é que funcionem os produtos ou serviços essenciais. Estas necessidades são fundamentais para a sobrevivência do indivíduo e para a propagação da espécie. A necessidade seguinte é a segurança: estabilidade, protecção, confiança, ausência de ansiedades, entre outras. Numa actividade dedicada aos serviços, o equivalente à segurança é a facilidade de acesso, horas de consultas, cirurgias e exames complementares de diagnóstico. A terceira necessidade de Maslow, a necessidade social ou participação na sociedade, equivale à necessidade do cliente em se sentir integrado, através de relações interpessoais e humanas com os prestadores de serviços. A quarta necessidade é a estima: a necessidade humana de alcançar o reconhecimento ou de ter prestígio, uma reputação favorável ou experiência. O nível mais alto na escala de Maslow é a realização pessoal. O cliente que se sente realizado tem a convicção interna de excelência e domínio no que faz. Segundo Gerson (2001, p.7) “um utente fica satisfeito sempre que as suas necessidades reais ou fictícias são satisfeitas ou excedidas”. O momento que actualmente vive o mundo empresarial é de extrema competição. As empresas procuram oferecer produtos e serviços de qualidade, que atendam às expectativas dos seus clientes e os deixem satisfeitos. A satisfação do cliente é considerada importante para o bom funcionamento da empresa, uma questão de sobrevivência (Dias & Mello, 2001). Mirshawka (1994), define satisfação do cliente como “um estado no qual as necessidades do mesmo, os desejos e as expectativas são atendidos ou excedidos, resultando na sua volta para comprar ou usar os serviços oferecidos e na manutenção da sua lealdade”. Neste sentido é indispensável para qualquer instituição conhecer quais as necessidades dos seus clientes, valorizando a sua opinião para analisar os pontos onde se pode melhorar e surpreendê-lo positivamente. Também de acordo com Franco (1999), a preocupação com o tema da satisfação do cliente é cada vez mais evidente e os mercados mais exigentes com o nível da qualidade dos produtos e dos serviços prestados. A satisfação está relacionada com o fornecimento do produto ou do serviço prestado, sendo este adaptado às suas necessidades e expectativas em termos de funcionalidade e qualidade (dos mesmos). Este autor considera que um cliente satisfeito 44 CAPÍTULO II - O sistema de saúde em Portugal e a importância da satisfação do cliente é fiel, colaborante e proporciona profissionais motivados que por sua vez acolhem o cliente com simpatia prestando um serviço de qualidade e eficaz (ibidem). Segundo Sepúlveda (1998, p. 37) “a satisfação tanto poderá ser uma atitude do utente, enquanto consumidor em relação aos cuidados de saúde em geral, como poderá ser uma reacção do utente a um prestador específico”. Conhecer quais são os nossos clientes, entender o que pretendem de nós e utilizar os nossos recursos de forma adequada de modo a ir de encontro às suas expectativas, constituem os ingredientes indispensáveis a uma prestação de serviços com qualidade. A satisfação é algo que está ligado à qualidade do produto que se oferece e/ou do serviço que se presta. E só quem percebe qualidade é quem consome o produto ou serviço. Por outras palavras, não adianta uma organização ter serviços com excelente qualidade do ponto de vista técnico se ao serem oferecidos ao mercado, o público-alvo não perceber essa qualidade. Da mesma forma não adianta desenvolver serviços com base apenas na sensibilidade de seus criadores. Para satisfazer necessidades, anseios e expectativas de clientes, a primeira condição é que se conheçam essas necessidades, anseios e expectativas. Só haverá satisfação do cliente se ele perceber que a organização se empenhou de facto em descobrir o que ele necessitava e desenvolveu para ele o serviço adequado. Como afirmam Berry e Parasuraman (1992, p.53) “ os clientes prestam mais atenção ao desempenho da organização quando algo está errado do que quando tudo funciona bem. Serviços com falhas produzem uma opinião mais intensa e, assim, uma avaliação mais carregada da parte do cliente do que o serviço impecável.” O árbitro final do sucesso é o cliente e a recompensa final do mesmo são os ganhos e a fidelização do cliente. É fundamental que a organização obtenha o feed-back de cada cliente individualmente para poder direccionar as suas ideias e atingir o pleno da qualidade dos serviços. Ferreira (2000) refere que um ponto importante a ter em conta na abordagem deste tema são “os vários aspectos da prestação de cuidados (incluindo a aplicação do conhecimento e as tecnologias médicas), os aspectos interpessoais dos cuidados, os sociais e psicológicos, os éticos da interacção do cliente com o prestador de cuidados; a organização dos cuidados em termos de acessibilidade, prontidão, continuidade e coordenação (dos cuidados) ”. 45 CAPÍTULO II - O sistema de saúde em Portugal e a importância da satisfação do cliente 2.5.2 – Dimensões da satisfação A avaliação que o cliente faz os cuidados de saúde que lhe foram prestados é baseada nas componentes desejadas dos próprios cuidados e nos resultados da prestação dos mesmos. Sendo assim, os aspectos da satisfação podem ser divididos em dois grandes grupos: os que se prendem com a prestação de cuidados e os que se prendem com os resultados obtidos, sendo este último particularmente importante neste estudo. Cardoso (2002, p41) citando Carr-Hill refere-se à satisfação humana como sendo um conceito complexo que se relaciona com um grande número de factores incluindo estilo de vida, experiências anteriores, expectativas futuras e valores individuais e da sociedade. Para além das três componentes essenciais da qualidade - técnica, funcional e amenidades – podem-se considerar duas dimensões dos cuidados não menos fundamentais que são o acesso a esses cuidados e o atendimento (Sepúlveda, 1998, p.38). Noronha Filho (1990, p.61) corroborando com Ware põe a tónica da satisfação em variáveis tradicionais como o financiamento, continuidade, a disponibilidade e o acesso aos cuidados, mas também refere novas variáveis como seja a qualidade percebida do atendimento e a humanidade do encontro. Hopkins e Fitz (1993) citando Hall e Dornan, explica que para definir o conceito de satisfação do cliente é necessária a contribuição das diferentes dimensões: humanidade, informação, qualidade geral, competência, burocracia, acessibilidade, custos, facilidade, resultado de saúde, continuidade e atenção aos problemas psicológicos. Para estes autores, a satisfação está intimamente relacionada com a disponibilidade dos cuidados uma vez que os recursos existentes são diferentes e muitas das vezes limitados. Quanto à acessibilidade aos cuidados de saúde consideram neste ponto a distância, os custos e as listas de espera. Quanto ao processo de cuidados propriamente dito referem a organização dos cuidados, relações interpessoais e competências técnicas das instituições (ibidem). Por outro lado Graça (1989, p.5) enumera diversas dimensões da satisfação do utente de saúde: acessibilidade/conveniência; disponibilidade de recursos; continuidade, integração e personalização dos cuidados; eficácia (resultados) dos cuidados; custo (em termos financeiros); amenidades e humanização; recolha de informação (por parte do utente); prestação de informação (por parte dos profissionais) e percepção da qualidade/competência (em termos técnicos). Mais uma vez se confirma que o 46 CAPÍTULO II - O sistema de saúde em Portugal e a importância da satisfação do cliente fenómeno estudado é multidimensional (citado por Sepúlveda, 1998, p.38). Ainda Sepúlveda citando Sisk et al. (1998) refere como dimensões da satisfação a qualidade interpessoal e técnica, o custo e o acesso. Nesta última incluem o tempo de espera até obter a consulta e antes de entrar no consultório, a localização e a disponibilidade para obter esses cuidados. Tendo em conta, no que ao processo de prestação de cuidados diz respeito e porque nem sempre os estudos quantitativos acerca da opinião/satisfação dos utentes utilizam instrumentos sensíveis aos mesmos, Ribeiro (2005, p.52) citando a Ordem dos Enfermeiros recomenda que tais estudos tenham em linha de conta alguns elementos significativos: comunicação/ relação (eficácia na comunicação, empatia, disponibilidade, cordialidade); informação (oportunidade, consentimento); amenidades (acolhimento, atmosfera agradável, espaços, conforto, higiene e iluminação); privacidade (proporcionada pelos profissionais de saúde); trabalho de equipa multidisciplinar (coerência de informação); resposta às solicitações dos utentes (prontidão); resolução de problemas (percepção e ajuda recebida) e atenção às necessidades (físicas/emocionais e espirituais). Ouvir a voz do cliente não passa só por ser uma necessidade da qualidade que perseguimos mas também um aperfeiçoamento da sua dignidade como cidadão e consumidor dos cuidados de saúde. 47 CAPÍTULO III DADOS E METODOLOGIA DE ANÁLISE CAPÍTULO III – Dados e metodologia de análise “ Nem tudo que conta pode ser contado e nem tudo que pode ser contado conta” (Albrecht e Zemke 2002, p.17 citando Albert Einstein) Depois de elaborado o marco teórico relativo à problemática, é mandatório confrontar a teoria com os dados da realidade, ou seja, definir o trajecto da pesquisa, a análise e interpretação dos dados. Segundo Pinto (1990, p.35) “a metodologia refere-se à descrição e análise dos métodos científicos, as suas potencialidades e limites, assim como pressupostos subjacentes à sua aplicação.” É na metodologia que se centram as questões relacionadas com a estratégia da investigação a adoptar sendo que para Barñano (2004) “…é a análise sistemática e crítica dos pressupostos, princípios e procedimentos lógicos que modelam a investigação de determinado problema.” Gil (1995) considera o método como o conjunto de operações mentais e técnicas através das quais se atingiu o conhecimento; tem-se assim a criação do conhecimento científico. Desta forma o tema e o problema de investigação permitem antever o método a utilizar e o tipo de estudo a efectuar. “A metodologia consiste no caminho para atingir um objectivo e compreende um conjunto de actividades sistemáticas e racionais, que permitem economizar recursos humanos e materiais, dando ao mesmo tempo a orientação necessária para percorrer esse caminho e alcançar o objectivo pretendido.” (Neto, 2003) Após a delimitação do tema e a formulação dos objectivos mergulhamos na metodologia descrevendo o tipo de estudo, as questões de investigação, a população do estudo, as variáveis do mesmo, assim como a sua operacionalização, o instrumento de recolha de dados, não esquecendo os procedimentos éticos e administrativos. Para completar e finalizar a metodologia apresenta-se o tratamento estatístico dos dados recolhidos para o estudo. 49 CAPÍTULO III – Dados e metodologia de análise 3.1 – TIPO DE ESTUDO Habitualmente, os gestores das organizações em geral gostam de estar informados sobre os factores que mais afectam, seja positivamente ou negativamente, os seus clientes com a finalidade de os manter e melhorar o serviço prestado aos mesmos. Os estudos científicos podem contribuir como fonte de informação seja do cliente e/ou dos profissionais de saúde, dos gestores e das entidades governamentais. A investigação realizada enquadra-se no domínio da investigação descritiva porque “…consiste em descrever simplesmente um fenómeno ou conceito relativo a uma população, de maneira a estabelecer as características desta população ou de uma amostra desta.” (Duhamel & Fortin, 1999, p.63) “No tratamento da informação recorreremos aos métodos quantitativos modernos, nomeadamente à semântica quantitativa, que sucintamente consiste na análise quantitativa à análise de material qualitativo. No fundo não é mais do que um método de análise do vocabulário dos textos por processos estatísticos” (Santos, 2005, p.94). Perante o referido, o método quantitativo é o que coaduna com a compreensão do fenómeno estudado porque e, segundo Reidy e Mercier (1999, p.322) “…constitui um processo dedutivo pelo qual os dados numéricos fornecem conhecimentos objectivos no que concerne às variáveis em estudo, visando assegurar uma representação da realidade, de modo a que estes dados sejam generalizados a outras populações”. Por outro lado, é um estudo transversal porque o investigador faz a recolha de dados de cada caso ou sujeito num único instante no tempo obtendo um recorte momentâneo do fenómeno investigado (Iatros, 2002). Este estudo é também exploratório uma vez que se pretende trazer novos conhecimentos sobre conceitos e práticas da satisfação dos clientes aplicado às instituições privadas de Imagiologia e porque, de acordo com Cervo e Bervian (1973, p. 56) nestes estudos “…não elaboram hipóteses a serem testadas no trabalho, restringindo-se a definir objectivos e buscar maiores informações sobre determinado assunto”. 50 CAPÍTULO III – Dados e metodologia de análise 3.2 – QUESTÕES DE INVESTIGAÇÃO A formulação das questões de investigação é um passo fundamental para qualquer estudo de investigação, pois sugerem explicações que podem ser a resposta ou solução para o problema. Segundo Polit e Hungler (1995, p.75)) as questões de investigação dão direcção à obtenção da interpretação dos dados. “ Uma hipótese é uma previsão experimental, ou uma explicação da relação entre duas ou mais variáveis” (ibidem). Perante o referido, de imediato se levantaram algumas questões que pretendíamos ver respondidas ao longo do estudo, das quais se destacam: • Será que a satisfação dos clientes difere em função do género? • Será que a satisfação dos clientes difere em função da idade? • Será que a satisfação dos clientes difere em função do grau de instrução? • Será que a satisfação dos clientes difere em função do tipo de exame que realizam? • Será que o número de vezes que o cliente recorre aos serviços privados de Imagiologia está relacionado com o nível de satisfação? • Será que o tempo de espera para a marcação de exame interfere na satisfação dos clientes? • Será que a satisfação dos clientes difere em função do subsistema que é utilizado para a realização do exame? 51 CAPÍTULO III – Dados e metodologia de análise • Será que a opinião geral do cliente sobre os serviços privados de Imagiologia interfere no nível de satisfação destes? É com base nestas questões que pretendemos desenvolver o nosso estudo. Seguindo esta linha de raciocínio, tentaremos averiguar o nível de satisfação dos clientes em relação aos serviços privados de Imagiologia. 52 CAPÍTULO III – Dados e metodologia de análise 3.3 – POPULAÇÃO E AMOSTRA EM ESTUDO A realização de um estudo de investigação pressupõe uma recolha de dados num determinado conjunto de indivíduos definido com determinadas características comuns. Segundo Polit e Hungler (1995, p.143) “a população alvo é toda a população em que está interessado o pesquisador”, definindo população ou universo como “toda a agregação de casos que atendem a um conjunto eleito de critérios”. Segundo Toledo e Ovalle (1985) o conjunto da totalidade dos indivíduos sobre o qual se faz uma inferência recebe o nome de população ou universo. Em linguagem mais formal, o autor corrobora que “a população é o conjunto constituído por todos os indivíduos que apresentem pelo menos uma característica comum, cujo comportamento interessa analisar” (ibidem). A população-alvo deste estudo são: todos os utilizadores que frequentam os serviços de Imagiologia privados do concelho de Vila Real. O concelho de Vila Real é servido por três instituições privadas que prestam serviços na área de Imagiologia. Às instituições foram explicados os objectivos e finalidade do estudo, prontificando-se as mesmas em colaborar com a investigação. Ribeiro (1999, p.52) define amostra como sendo um subgrupo da população (ou universo) seleccionado para obter informações relativas às características dessa população. O mesmo autor citando Wolf (1983) defende que a menos que uma população tenha menos que 2000 pessoas deverá ser decidido fazer um estudo por amostragem (ibidem). As amostras dividem-se em dois tipos: não probabilística e probabilística. Para Smith (1975) numa amostra não probabilística, a probabilidade relativa de um qualquer elemento ser incluído na amostra é desconhecida ao contrário da amostra probabilística em que essa probabilidade é conhecida. A nossa amostra inclui todos os utilizadores que se deslocaram às terças – feiras, no período da manhã e tarde e sábados, no período da manhã, aos serviços de 53 CAPÍTULO III – Dados e metodologia de análise Imagiologia privados do concelho de Vila Real. A recolha de dados foi efectuada nos meses de Março e Abril de 2007 e a nossa amostra ficou delimitada a 213 elementos. 54 CAPÍTULO III – Dados e metodologia de análise 3.4 – VARIÁVEIS E SUA OPERACIONALIZAÇÃO A identificação e operacionalização de variáveis é um suporte importante de qualquer estudo de investigação, por permitir a determinação do rigor e a explicitação das mesmas. Para Gil (1989, p.36) variável é “...tudo aquilo que pode assumir diferentes valores ou diferentes aspectos, segundo os casos particulares ou as circunstâncias.” Maroco (2003, p.17) refere que “No processo de análise estatística, o investigador depara-se sempre com algo que precisa de medir, controlar ou manipular durante o processo de investigação. Este algo designa-se por variável. Assim os objectos de estudo estatístico são as variáveis e a informação que estas podem fornecer. Esta informação é dependente do modo como as variáveis em estudo foram medidas e da qualidade dessa medição. Isto é, da proporção do erro experimental de medida e da qualidade de informação que a escala de medida utilizada pode fornecer.” As variáveis devem ser definidas com clareza, objectividade e de forma operacional para impedir comprometimento ou risco de invalidar a pesquisa. A operacionalização das variáveis é “… o processo que sofre uma variável (ou conceito) a fim de se encontrar os correlatos empíricos que possibilitam a sua mensuração ou classificação” (Gil, 1995, p. 81). Este autor refere ainda que “… as variáveis contidas nas hipóteses de uma pesquisa experimental devem possibilitar o esclarecimento do que se pretende investigar bem como a sua comunicação de forma não ambígua (…) a operacionalização das variáveis exige que se considerem as condições de mensuração, sobretudo para que possam ser seleccionados os instrumentos apropriados” (ibidem, p.107). Para o estudo delineamos as seguintes variáveis: 55 CAPÍTULO III – Dados e metodologia de análise 3.4.1 – Variável dependente A variável dependente é a “… que sofre o efeito da variável independente: é o comportamento, a resposta ou resultado observado que é devido à presença da variável independente”. É o fenómeno em estudo (Fortin et al., 1999, p.37). A variável dependente deste estudo é o nível de satisfação do cliente. Para a podermos operacionalizar definimos as seguintes dimensões, segundo os autores citados: • Atendimento (Sepúlveda, 1998, p.38) • Dimensão funcional (Pinto citando Gröonroos, 2003, p.41) dos Técnicos de Imagiologia – Dimensão Funcional Técnica • Dimensão funcional (Pinto citando Gröonroos, 2003, p.41) dos Médicos de Imagiologia – Dimensão Funcional Médica • Amenidades (Sepúlveda, 1998, p.38) 3.4.2 – Operacionalização da variável dependente Da revisão bibliográfica realizada e da nossa vivência profissional de contacto directo com os clientes questionamo-nos sobre que dimensões de satisfação avaliar. As dimensões a avaliar constituem as componentes de um instrumento de recolha de dados cuja validade depende da sua pertinência com factores condicionantes da satisfação do cliente. Sepúlveda (1998, p.38), descreve satisfação como um conceito que detém em si mesmo uma natureza multidimensional e abarca inúmeras variáveis de estrutura, processo e resultados. Maroco (2003, p.21), é da opinião que o objecto do estudo estatístico são as variáveis e toda a informação que estas podem fornecer, uma vez que a qualidade de investigação está directamente dependente da forma como as variáveis irão ser medidas e da qualidade de informação que a escala de medida usada irá fornecer. Assim, 56 CAPÍTULO III – Dados e metodologia de análise identificar e operacionalizar variáveis, constitui parte importante de qualquer investigação dado que permite determinar com rigor a explicação das variáveis. Relativamente à operacionalização da variável dependente, definimos quatro dimensões conforme referido em 3.5.1. Verificamos que existe uma explicação elaborada para cada uma delas, que consideramos pertinente explicar de forma sucinta de modo a que possamos entendê-las da melhor forma. Atendimento: todo o processo/procedimentos necessários à recepção do cliente no consultório. Dimensão Funcional: é o conjunto de actividades desenvolvidas pelos profissionais de saúde (pessoal Técnico e Médico de Radiologia) tendo como objectivo máximo o atendimento dos clientes. Assim, a dimensão funcional foi dividida em duas vertentes: dimensão funcional dos técnicos e dimensão funcional dos médicos. Para Pinto (2003, p.41) esta dimensão também é igualmente denominada de qualidade de processo. Donabedian citado por Ferreira (1991, p.98) refere que esta dimensão “engloba os elementos humanos dos cuidados e as relações sociais e psicológicas entre o doente e os prestadores de cuidados, as explicações acerca da doença e do tratamento assim como informação recebida. Corresponde à forma como os prestadores de cuidados interagem pessoalmente com os doentes em termos de consideração, amizade, cortesia, respeito e sinceridade.” Amenidades: para Franco e Florentim (2006, p27) as amenidades, enquanto componente da prestação de cuidados de saúde, constituem todo o tipo de atributos que podem contribuir para diminuir o desconforto ou a adversidade de um meio estranho (condições da sala de espera, limpeza, estrutura física do serviço e condições das instalações sanitárias). Para sintetizar melhor as dimensões, bem como identificá-las com o (s) número (s) da (s) pergunta (as) correspondente (s) no formulário elaboramos o quadro 3. 57 CAPÍTULO III – Dados e metodologia de análise Quadro 3: Resumo das dimensões em análise no estudo Dimensões Indicadores Perguntas Atendimento 8 11 – 18 8 19 – 26 8 27 - 34 7 35 – 41 Dimensão Funcional Técnica Dimensão Funcional Médica Amenidades 3.4.3 – Variáveis independentes A variável independente aparece como contributo, causa ou elemento determinante da variável dependente, permitindo descrever ou explicar as suas características. Oliveira (1998, p.86) diz que de variável independente é aquela que “… influencia ou afecta outra variável. Trata-se de uma relação causal, não no aspecto de força ou produzir resultados, mas sim de ser necessária para que os resultados se produzam.” No presente estudo optamos pelas seguintes variáveis independentes: • Sexo • Idade • Grau de instrução • Tipo de exame • Número de vezes que o cliente recorreu aos serviços privados de Imagiologia • Tempo de espera para a marcação do exame • Subsistema utilizado para a realização do exame • Opinião geral 58 CAPÍTULO III – Dados e metodologia de análise 3.5 – INSTRUMENTO DE RECOLHA DE DADOS Em investigação existem vários instrumentos que permitem a recolha de dados, todos eles possuem uma finalidade única que é traduzir o proposto para o estudo em questões particulares. Compete ao investigador seleccionar o mais adequado tendo em conta determinados factores, tais como: os objectivos do estudo, os conhecimentos sobre as variáveis e as questões de investigação, a fidelidade e validade do instrumento, a natureza do problema e as características da população (Fortin, 1999). A informação recolhida, a metodologia utilizada ou como refere Almeida e Pinto (1982) “a organização crítica das práticas de investigação”, apoiou-se nas técnicas de inquérito por formulário contendo questões fechadas de escolha múltipla e questões abertas. As principais vantagens do formulário consistem no facto de poder ser aplicado aos mais diversos segmentos da população, indivíduos alfabetizados e analfabetos uma vez que o seu preenchimento é efectuado pelo pesquisador, permite maior clareza do significado de algumas questões e possibilita a obtenção de dados facilmente tabuláveis e quantificáveis. Gil (1989, p.90) define formulário como “a técnica de coleta de dados em que o pesquisador formula questões previamente elaboradas e anota as respostas.” O formulário, que consiste em colocar, a um conjunto de indivíduos (inquiridos), geralmente representativo de uma população, uma série de questões relativas a determinados pontos fulcrais que ocupam lugar de destaque para o estudo, deve ser criterioso, ou seja obedecer a normas precisas, ter em atenção o tipo, a ordem, os grupos de perguntas e os destinatários (Almeida & Pinto, 1982). A versão final do formulário foi o resultado da consulta e análise de bibliografia relacionada com a temática da investigação e da adaptação do questionário “Como vê o seu hospital” inserido no sistema IAQH (Instrumentos de Avaliação da Qualidade 59 CAPÍTULO III – Dados e metodologia de análise Hospitalar e de autoria do Centro de Estudos e Investigação em Saúde da Universidade de Coimbra. O formulário foi construído com a finalidade de podermos medir as nossas variáveis, é composto por quatro grupos e 50 questões (Anexo I): • O primeiro grupo é constituído por três questões, destinadas à caracterização da amostra: sexo; idade e grau de instrução • O segundo grupo é constituído por sete questões com a finalidade de obter dados sobre o serviço de Imagiologia no que respeita: ao tipo de exame; às vezes que o cliente lá esteve; como teve conhecimento sobre o serviço; quem fez a marcação do exame; tempo que demorou a saber o dia do exame; tempo que decorreu desde a marcação até ao dia do exame e o tipo de organismo utilizado para a realização desse exame. • O terceiro grupo refere-se aos aspectos relativos à realização do exame e subdivide-se em cinco subgrupos: admissão; pessoal técnico de radiologia; pessoal médico de Radiologia; condições físicas do serviço e opinião geral. • O quarto grupo do formulário é constituído por :3 questões fechadas, sendo que duas se referem à intenção de voltar ao serviço e recomendá-lo a amigos/familiares e uma outra questiona se foi dada alguma informação em como reclamar e quatro questões abertas, onde os clientes podem dar a sua opinião sobre: as razões porque voltariam ou não ao serviço; os melhoramentos que consideram indispensáveis no serviço; as surpresas que considerou agradáveis e as surpresas desagradáveis que obteve durante a sua estadia no serviço. Para Barañano (2004) depois de formuladas as questões e de se proceder ao seu ordenamento, é necessário garantir a sua aplicabilidade e, como pano de fundo, que ele ajude a resolver os problemas colocados ao investigador. Torna-se como tal necessário a realização de um pré-teste, ou inquérito piloto, onde serão testados: o tipo, a forma e a ordem das perguntas, que a título provisório, se tenham incluído num projecto de investigação por formulário (Almeida & Pinto, 1982). Na opinião de Marconi e Lakatos (1996, p. 29), o pré-teste consiste em “testar o instrumento de pesquisa sobre uma pequena parte da população do universo ou da amostra antes de ser aplicado definitivamente”. Gil (1989, p.95) defende que 60 CAPÍTULO III – Dados e metodologia de análise “Qualquer que seja o instrumento o primeiro passo nesta etapa consiste em seleccionar indivíduos pertencentes ao grupo que se pretende estudar. Seu número pode ser bastante restrito: entre 10 e 20, independentemente da quantidade de elementos que compõem a amostra a ser pesquisada.” O pré-teste foi efectuado em Fevereiro de 2007 a 8 indivíduos e depois da sua verificamos não haver necessidade de reformular a estrutura do formulário. Dada a especificidade das instituições ligadas à saúde e o posterior tratamento dos dados leva-nos a uma abordagem por formulário para que a informação obtida seja, tanto em qualidade como quantidade, a melhor possível. As opiniões, comentários e avaliações elaboradas pelos consumidores de cuidados de saúde contribuem decisivamente para a melhoria da qualidade dos cuidados e para atingir melhores resultados em saúde, para a imagem dos profissionais e da instituição e para que, junto do público, esta imagem seja cada vez mais positiva (Monteiro, 2000). O mesmo autor refere que a avaliação da qualidade/satisfação dos clientes e respectiva elaboração de um relatório pode funcionar como um painel de bordo para qualquer indivíduo de uma organização que esteja preocupada com as questões relacionadas com a qualidade (ibidem). Convencionou-se que neste trabalho, a componente avaliação/qualidade dos cuidados de saúde é a opinião dos clientes, ou seja a sua satisfação com todo o serviço prestado. As quatro dimensões que traduzem o nível de satisfação do cliente: Atendimento, Dimensão Funcional (Técnica e Médica) e Amenidades foram operacionalizadas através de uma escala com 6 opções de resposta. A natureza multidimensional da satisfação dos clientes implica que a avaliação do cliente não se deve realizar apenas utilizando um único item, mas pela construção de escalas que contemplem as várias dimensões a avaliar. Como a satisfação é tida como uma atitude (Sepúlveda, 1998, p.43), então a forma metodológica mais correcta de a abordar é através de uma escala de atitudes. Com uma escala deste tipo pretende-se evitar o problema relacionado com as respostas “socialmente aceitáveis” e elabora-se uma escala quantitativa que reflectirá o nível de satisfação de cada cliente (ibidem). Para Polit e Hungler (1995), escalas são instrumentos construídos de forma a possibilitar o posicionamento dos elementos num contínuo definido. Permitem a elaboração de um score numérico que torna mensurável o fenómeno que se pretende estudar. 61 CAPÍTULO III – Dados e metodologia de análise A escala do tipo Likert ( cf figura 5) utilizada neste estudo é constituída por seis opções de escolha (os sujeitos de investigação devem optar por um único item). Se o cliente escolher a opção “Não se aplica”, é-lhe atribuído o valor zero; se optar por “Mau”, é-lhe atribuído valor de um; se escolher “Regular”; é-lhe atribuído o valor dois; se optar pelo “Bom”, é-lhe atribuído o valor três; se optar pelo “Muito bom”, é-lhe atribuído o valor quatro e se a escolha for “Excelente”, o valor atribuído é cinco. Excelente Muito bom Bom Regular Mau Não se aplica (5) (4) (3) (2) (1) (0) Figura 5: Escala de Likert adoptada no estudo Apresenta-se, a seguir, a análise às qualidades psicométricas das quatro dimensões que traduzem o nível de satisfação do cliente: Atendimento, Dimensão Funcional (Técnico e Médico) e Amenidades, em termos de fidelidade, isto é, do grau de confiança ou exactidão dos resultados observados, da validade, isto é, da sua congruência medindo o que se propõe medir, e em termos de sensibilidade que se refere à distinção ou diferenciação dos sujeitos entre si, em torno de uma distribuição de resultados igual ou próxima de uma curva normal (Almeida & Freire, 2003). Em termos de Fidelidade, a análise da consistência interna do foi feita através do alpha de Cronbach, obtendo-se valores de α bastante elevados: Atendimento (0,919), Dimensão Funcional dos Técnicos (0,979), Dimensão Funcional dos Médicos (0,989) e Amenidades (0,825). Estes resultados, sugerem que a totalidade dos itens, formam um todo homogéneo. A reforçar esta homogeneidade, e conforme o Quadro 4, revela, foram observadas correlações elevadas dos itens com o total, excepto na dimensão Amenidades que apresenta uma correlação mais baixa com o total, sendo esta, no entanto, satisfatória. 62 CAPÍTULO III – Dados e metodologia de análise Quadro 4: Correlações item-total e valores de alpha do Atendimento (a11 a a18), Dimensão Funcional dos Técnicos (b19 a b26), Dimensão Funcional dos Médicos (c27 a c34) e Amenidades (d35 a d41). Item Correlação item-total α se item eliminado a 11 a 12 a 13 a 14 a 15 a 16 a 17 a 18 b 19 b 20 b 21 b 22 b 23 b 24 b 25 b 26 c 27 c 28 c 29 c 30 c31 c 32 c 33 c 34 d 35 d 36 d 37 d 38 d 39 d 40 d 41 ,757 ,531 ,890 ,893 ,871 ,764 ,640 ,816 ,938 ,943 ,940 ,939 ,852 ,934 ,866 ,898 ,971 ,969 ,956 ,965 ,952 ,965 ,910 ,944 ,515 ,654 ,504 ,745 ,633 ,606 ,587 ,907 ,944 ,898 ,898 ,899 ,907 ,916 ,905 ,975 ,975 ,975 ,975 ,979 ,975 ,978 ,977 ,987 ,987 ,987 ,987 ,987 ,987 ,989 ,988 ,811 ,792 ,848 ,776 ,792 ,801 ,800 Em relação à Validade e no sentido de se conhecer em que medida as avaliações proporcionadas pelas quatro dimensões que traduzem o nível de satisfação do utente/cliente (Atendimento, Dimensão Funcional dos Técnicos e Médicos, Amenidades) são válidas, procedeu-se ao estudo da análise factorial, estudo este que foi precedido pela análise da adequabilidade da amostra e da capacidade de rotação dos factores (cálculo do coeficiente de Kaiser – Meyer – Olkin, KMO e teste de esfericidade de Bartlett, respectivamente). O valor de KMO encontrado para a dimensão Atendimento foi de 0,909, para a dimensão Funcional dos Técnicos foi de 0,925, para a dimensão Funcional dos Médicos foi de 0,929 e para a dimensão Amenidades foi de 0,823 o que, segundo Pestana e Gageiro (2005), permite a realização da análise 63 CAPÍTULO III – Dados e metodologia de análise factorial. No teste de esfericidade de Bartlett obteve-se um nível de significância inferior a 0.001 em todas as dimensões do nível de satisfação do cliente, o que revela a existência de correlação entre as variáveis, pelo que os itens podem sofrer uma rotação ortogonal através do método varimax (ibidem). Após estes resultados, procedeu-se a uma análise factorial em componentes principais com rotação varimax, sem prédefinição do número de factores, tendo-se observado uma estrutura de um único factor em todas as dimensões do nível de satisfação do utente/cliente, e que na dimensão Atendimento explica 70,5% da variância total dos resultados, na dimensão Funcional dos Técnicos explica 87,4%, na dimensão Funcional dos Médicos explica 93,2% e na dimensão Amenidades explica 53,7% da variância total dos resultados (cf. Quadro 5). Quadro 5: Estrutura factorial após rotação varimax, sem pré-determinação do nº de factores do Atendimento (a11 a a18), Dimensão Funcional dos Técnicos (b19 a b26), Dimensão Funcional dos Médicos (c27 a c34) e Amenidades (d35 a d41). Item Factor 1 Comunalidades a 11 a 12 a 13 a 14 a 15 a 16 a 17 a 18 b 19 b 20 b 21 b 22 b 23 b 24 b 25 b 26 c 27 c 28 c 29 c 30 c31 c 32 c 33 c 34 d 35 d 36 d 37 d 38 d 39 d 40 d 41 ,816 ,609 ,936 ,935 ,921 ,836 ,731 ,877 ,953 ,957 ,956 ,954 ,885 ,951 ,896 ,923 ,977 ,976 ,967 ,974 ,963 ,973 ,931 ,957 ,656 ,803 ,616 ,857 ,741 ,724 ,707 ,665 ,371 ,876 ,874 ,848 ,699 ,534 ,769 ,909 ,916 ,913 ,910 ,784 ,904 ,803 ,851 ,955 ,953 ,936 ,949 ,927 ,946 ,868 ,916 ,430 ,645 ,379 ,734 ,549 ,524 ,500 64 CAPÍTULO III – Dados e metodologia de análise No que diz respeito à Sensibilidade das quatro dimensões do nível de satisfação do cliente, foram analisados os valores da média e da mediana e os coeficientes de assimetria e de curtose. Em todas as 4 dimensões, os valores da média e da mediana aproximam-se bastante, o mesmo acontecendo nos coeficientes de assimetria e curtose, em que os valores encontrados aproximam-se de zero. Por conseguinte, os resultados confirmam a sua distribuição normal, revelando boa sensibilidade dos instrumentos na discriminação dos sujeitos. 65 CAPÍTULO III – Dados e metodologia de análise 3.6 – PROCEDIMENTOS ÉTICOS Os aspectos éticos são fundamentais em qualquer investigação. Sem um código de ética todo o estudo fica em causa. Perante o referido é necessário proceder a um conjunto de procedimentos por forma à oficialização e cumprimento dos requisitos éticos do trabalho de investigação. Para proceder à aplicação do formulário foi feito um pedido de autorização prévio a cada uma das três instituições privadas de Imagiologia. Os pedidos para a realização do estudo foram aceites e autorizados por escrito (Anexo II). Em termos de procedimentos éticos foi garantido a confidencialidade dos resultados e o anonimato dos clientes porque segundo Polit e Hungler (1995, p.293), quando são utilizados indivíduos como sujeitos de investigações científicas é preciso ter muito cuidado para assegurar que os seus direitos sejam protegidos. Antes da aplicação do formulário, identificámos e demos a conhecer a finalidade e os objectivos do estudo. Todos os clientes colaboraram de livre e espontânea vontade, disponibilizando-se totalmente para responder ao formulário. 66 CAPÍTULO III – Dados e metodologia de análise 3.7 – CONSIDERAÇÕES TEÓRICAS SOBRE A ANÁLISE DOS DADOS Após a recolha dos dados, foi necessário proceder ao seu tratamento e apresentação. Sendo assim, neste ponto serão abordados todas as técnicas estatísticas utilizadas para o tratamento e análise da informação obtida tendo por base o tema do nosso estudo: “O papel dos serviços de Imagiologia privados na satisfação dos clientes”. Após a recolha dos dados, cada formulário foi verificado individualmente a fim de se identificar alguma lacuna que pudesse colocar em questão a utilização dos mesmos. Assim, e após numerados, procedeu-se à inserção dos dados no computador, numa matriz onde os indivíduos considerados no estudo se encontram definidos em linhas e as variáveis em colunas. A utilização de métodos e técnicas específicas é fundamental para que a fiabilidade dos dados não seja influenciada directamente pela complexidade destes. O tratamento dos dados obtidos foi efectuado através de métodos informáticos, utilizando o programa SPSS 13.0 (Statistical Package for the Social Sciences), que nos permitiu elaborar uma matriz dos dados recolhidos, previamente codificados, de forma a desenvolver uma análise estatística. Polit e Hungler (1995, p.227) afirmam que “sem a ajuda da estatística, os dados quantitativos coletados em um projecto de pesquisa constituíram pouco mais do que uma massa caótica de números. Os procedimentos estatísticos capacitam o pesquisador a reduzir, resumir, organizar, avaliar, interpretar e comunicar a informação numérica”. Para o estudo recorremos à estatística descritiva e estatística inferencial. A estatística descritiva permite caracterizar os dados de determinada amostra (através de frequências absolutas e relativas, média de tendência central, desvio padrão), fotografando o grupo estudado relativamente a determinado número de variável (Ribeiro, 1999). A estatística inferencial é particularmente útil para testar significância 67 CAPÍTULO III – Dados e metodologia de análise de tratamentos e factores que são capazes de influenciar a resposta da variável de medida e, em que se pretende testar se o tratamento teve ou não um efeito significativo. Existem basicamente duas metodologias para fazer este tipo de testes: os testes paramétricos que exigem conhecer a forma de distribuição amostral e os testes nãoparamétricos que não exigem à partida o conhecimento da distribuição amostral devendo ser aplicados como alternativa aos testes paramétricos (Maroco, 2003). Relativamente à estatística inferencial, e tendo como objectivo o estabelecimento de relações entre variáveis, foram aplicados os testes estatísticos: t-test e Análise de Variância a um Factor (Anova). No Teste t para duas amostras independentes, compara-se a média de uma variável num grupo com a média da mesma variável noutro grupo. Este teste aplica-se sempre que se pretende comparar as médias de uma variável quantitativa em dois grupos diferentes de sujeitos. Anova (Analysis of Variance) difere do teste t porque estes só podem ser utilizados entre duas situações para uma variável, enquanto a anova pode ser utilizado para testar diferenças entre diversas situações e para duas ou mais variáveis (Polit & Hungler, 1995). Nos resultados dos testes paramétricos, o limite inferior de significância assumido foi de p ‹0,05 (grau de confiança de 95%). Foi, ainda, utilizada a Análise de Conteúdo para as quatro questões abertas, dividindo-se as respostas em várias categorias e subcategorias, depois de uma análise de frequências com o recurso ao SPSS. Para um melhor realce dos resultados mais significativos e facilidade de interpretação, os dados são antecedidos de um breve comentário e para a sua apresentação recorreu-se ao apoio de quadros e gráficos elaborados informaticamente, onde será omissa a fonte dos mesmos por se referirem sempre e apenas a este estudo. Lakatos e Marconi (1996) defendem este tipo de apresentação porque: • Os quadros permitem a síntese dos dados observados tornando-os, logicamente, mais compreensíveis; • Os gráficos permitem uma descrição imediata do fenómeno, facilitando a visão do conjunto apenas com uma observação Apresentados os pressupostos, os procedimentos, os métodos e as técnicas de análise e os respectivos conceitos teóricos inerentes aos mesmos, procederemos, no capítulo seguinte à análise intensiva da informação recolhida. 68 CAPÍTULO III – Dados e metodologia de análise 69 CAPÍTULO IV Da CARACTERIZAÇÃO GERAL DA AMOSTRA À SATISFAÇÃO DO CLIENTE CAPÍTULO IV - Da caracterização geral da amostra à satisfação do cliente “ Os números são bastante menos vagos do que as palavras, consequentemente, são capazes de comunicar informações a uma audiência mais ampla.” (Polit & Hungler, 1995, p.202) Todos os tipos de empresa existem para de alguma maneira satisfazerem a necessidade dos homens (Pires, 2004). Este trabalho teve por base esta convicção de Pires, e; como tal, é essencial que se faça a avaliação da satisfação dos nossos clientes para cada vez mais prestar cuidados com qualidade contribuindo para a melhoria dos serviços no sector da saúde. O contacto directo com a realidade do sector da saúde, em relação às características da população em estudo, permitiu-nos de certa forma uma postura táctil acrescida para a problemática da satisfação do cliente, que consideramos ser importante identificar para beneficiar todos os intervenientes. Neste capítulo procederemos à análise exploratória sobre a satisfação dos clientes dos serviços de Imagiologia privados. Para a consecução da análise dos dados foi utilizado um conjunto de procedimento estatístico realizado com a ajuda do software SPSS, como já tivemos oportunidade de referir. É através da análise dos dados recolhidos que construímos o que nos propomos expor ao longo deste capítulo para percebermos onde investir de modo a melhorar a satisfação do cliente. 70 CAPÍTULO IV - Da caracterização geral da amostra à satisfação do cliente 4.1 – CARACTERÍSTICAS DESCRITIVAS DOS INQUIRIDOS Dos 213 inquiridos que compõem a amostra em estudo, 130 (61%) pertencem ao sexo feminino e 83 (39%) ao sexo masculino, como se pode constatar pela análise do gráfico 1. Gráfico 1: Distribuição da amostra em estudo quanto ao sexo Pela análise do quadro 6, verificamos que, e recorrendo ao t-test, existem diferenças significativas entre o sexo e as dimensões funcionais dos técnicos e médicos, com valores de p = 0,000 e p = 0,004, respectivamente, e entre o sexo e as amenidades, sendo o valor de p = 0,037, sendo que são os utentes do sexo feminino os que apresentam médias mais elevadas em todas as dimensões. 71 CAPÍTULO IV - Da caracterização geral da amostra à satisfação do cliente Quadro 6: Médias, (e respectivos desvios padrão) do atendimento, dimensão funcional, dos técnicos e médicos, e amenidades por sexo, e valores de t-test, graus de liberdade e significância Atendimento Dimensão Funcional Técnica Dimensão Funcional Médica Amenidades Sexo N Média DP Feminino 130 23,7 6,9 Masculino 83 22,0 6,1 Feminino 130 22,4 10,8 Masculino 83 13,7 12,7 Feminino 130 17,9 14,1 Masculino 83 12,1 13,5 Feminino 130 21,0 5,3 Masculino 83 19,5 4,7 t gl p 1,836 211 0,068 5,345 211 0,000 2,953 211 0,004 2,096 211 0,037 Relativamente à idade constatamos que a média de idades dos 213 inquiridos é de 47 anos, sendo a idade mínima de 16 anos e a idade máxima de 85 anos. Para mais facilmente se estudar a idade dos inquiridos e a sua relação com as várias dimensões da satisfação, esta foi agrupada em oito grupos etários, verificando-se que a maioria se situa entre os 41 e os 50 anos, com uma percentagem de 33,8%. Porém, não é de desprezar, a faixa etária dos 51 aos 60 anos, onde se situam 24,4% dos inquiridos (cf gráfico 2). Gráfico 2: Distribuição dos inquiridos por grupos etários 72 CAPÍTULO IV - Da caracterização geral da amostra à satisfação do cliente Quando analisamos as diferenças entre o grupo etário e o atendimento, dimensões funcionais e amenidades, verificámos que, e recorrendo ao teste Anova, apenas existem diferenças estatisticamente significativas, na dimensão amenidades (p = 0,001). No entanto, é de assinalar que o grupo etário ≥ 81 é o que apresenta uma média mais elevada em relação às amenidades, sendo o grupo etário “31 – 40” o que apresenta maior média em relação ao atendimento e dimensão funcional dos técnicos (cf quadro 7). Quadro 7: Médias, (e respectivos desvios – padrão) do atendimento, dimensão funcional dos técnicos, dimensão funcional dos médicos e amenidades por grupo etário, e valores de F e significância Grupo Etário ≤ 20 Atendimento Dimensão Funcional Técnica Dimensão Funcional Médica N Média DP 6 22,8 7,8 21 – 30 24 23,0 7,2 31 – 40 28 26,8 7,1 41 – 50 72 22,5 5,5 51 – 60 52 21,5 7,5 61 – 70 16 22,1 3,5 71 – 80 11 24,9 6,4 ≥ 81 4 25,5 10,7 ≤ 20 6 14,3 12,4 21 – 30 24 13,2 14,2 31 – 40 28 23,8 12,8 41 – 50 72 19,1 10,9 51 – 60 52 19,5 11,5 61 – 70 16 18,1 13,2 71 – 80 11 20,2 14,3 ≥ 81 4 19,5 15,7 ≤ 20 6 8,2 12,7 21 – 30 24 14,0 14,0 31 – 40 28 13,0 14,8 41 – 50 72 17,3 13,2 51 – 60 52 16,7 14,4 61 – 70 16 17,1 15,9 71 – 80 11 11,7 13,7 ≥ 81 4 16,8 19,7 F p 2,046 0,051 1,567 0,147 0,759 0,622 73 CAPÍTULO IV - Da caracterização geral da amostra à satisfação do cliente Amenidades ≤ 20 6 19,2 6,7 21 – 30 24 21,5 5,2 31 – 40 28 23,7 5,2 41 – 50 72 19,1 4,3 51 – 60 52 19,3 5,7 61 – 70 16 21,8 3,9 71 – 80 11 19,9 2,7 ≥ 81 4 24,7 5,1 3,905 0,001 Conforme podemos verificar no gráfico 3, no que diz respeito ao grau de instrução dos 213 inquiridos, 63 (29,6%) possuem o ensino secundário, homogeneizando os outros graus em dois: os que pertencem ao ensino superior (18,8%), ensino básico do 1º ciclo (18,8%) e ensino básico do 3º ciclo (13,6%) e por outro lado os que não sabem ler nem escrever ou sabem ler sem ter frequentado o sistema de ensino (7,5%, respectivamente). Gráfico 3: Distribuição dos inquiridos pelo grau de instrução 74 CAPÍTULO IV - Da caracterização geral da amostra à satisfação do cliente É de salientar que só existem diferenças estatisticamente significativas em relação à dimensão funcional dos médicos (p = 0,009). É de referir, também, que os inquiridos que possuem o ensino básico - 1º ciclo são os que apresentam uma média superior nesta dimensão (cf quadro 8). Quadro 8: Médias, (e respectivos desvios – padrão) do atendimento, dimensão funcional dos técnicos, dimensão funcional dos médicos e amenidades por grau de instrução, e valores de F e significância Grau de Instrução Não sabe ler nem escrever N 16 Média 20,4 DP 3,6 Sabe ler sem ter frequentado o sistema de ensino Ensino Básico 1º ciclo 16 25,8 6,7 40 21,5 7,5 Ensino Básico 2º ciclo 9 27,1 4,8 Ensino Básico 3º ciclo 29 22,5 3,9 Ensino Secundário 63 22,9 6,6 Ensino Superior 40 24,2 8,00 Não sabe ler nem escrever 16 17,6 11,3 16 22,4 14,4 Dimensão Sabe ler sem ter frequentado o sistema de ensino Ensino Básico 1º ciclo 40 18,1 12,4 Funcional Ensino Básico 2º ciclo 9 24,7 10,2 Técnica Ensino Básico 3º ciclo 29 16,8 12,2 Ensino Secundário 63 18,2 12,4 Ensino Superior 40 20,7 12,1 Não sabe ler nem escrever 16 8,5 13,2 16 17,8 14,9 Ensino Básico 1º ciclo 40 20,1 12,9 Ensino Básico 2º ciclo 9 19,8 12,0 Ensino Básico 3º ciclo 29 18,0 12,8 Ensino Secundário 63 15,8 14,8 Ensino Superior 40 9,9 13,5 Não sabe ler nem escrever 16 20,1 2,5 16 21,6 5,2 Ensino Básico 1º ciclo 40 19,8 5,9 Ensino Básico 2º ciclo 9 20,5 5,3 Ensino Básico 3º ciclo 29 19,5 4,4 Ensino Secundário 63 20,2 5,6 Ensino Superior 40 21,3 4,7 Atendimento Sabe ler sem ter frequentado Dimensão Funcional Médica o sistema de ensino Sabe ler sem ter frequentado o sistema de ensino Amenidades F p 2,078 0,057 0,910 0,489 2,963 0,009 0,626 0,709 75 CAPÍTULO IV - Da caracterização geral da amostra à satisfação do cliente 4.2 – INFORMAÇÂO DESCRITIVA SOBRE O ACESSO AO CONSULTÓRIO Quanto ao tipo de exame, a maior parte dos clientes 66 (31%) recorreu a estes serviços para efectuar exames de mamografia, não podendo deixar de se salientar que 54 (25,4%) dos inquiridos efectuou exames de ecografia e os restantes distribuem-se pelos outros tipos de exame: radiologia convencional, exames contrastados, tac e densitometria óssea (cf gráfico 4). Gráfico 4: Distribuição da amostra quanto ao tipo de exame Com base nos valores de p apresentados no quadro 9, podemos concluir que existem diferenças significativas entre o tipo de exame e as dimensões funcionais (Técnicos e Médicos) com p = 0,000, respectivamente. Contudo salientamos que a média para a ecografia na dimensão funcional dos técnicos é de 0,00 porque este tipo de exame só é executado por médicos. A média nos exames de radiologia convencional, tac e densitometria óssea na dimensão funcional dos médicos é de 0,00 porque estes exames só são executados por Técnicos de Radiologia. Como tal, estes valores de p não são considerados estatisticamente significativos. 76 CAPÍTULO IV - Da caracterização geral da amostra à satisfação do cliente Quadro 9: Médias, (e respectivos desvios – padrão) do atendimento, dimensão funcional dos técnicos, dimensão funcional dos médicos e amenidades por tipo de exame, e valores de F e significância Tipo de Exame N Média DP 33 21,2 7,2 66 23,2 6,9 3 21,7 1,5 Tac 34 23,7 5,9 Ecografia 54 23,4 6,7 Densitometria óssea 23 23,4 6,8 33 24,9 6,3 Radiologia convencional Mamografia Atendimento Exames contrastados Radiologia convencional Dimensão Mamografia 66 25,6 6,00 Funcional Exames contrastados 3 21,7 2,5 Tac 34 25,9 6,3 Ecografia 54 0,0 0,0 Densitometria óssea 23 25,9 6,6 33 0,0 0,0 Técnica Radiologia convencional Dimensão Mamografia 66 27,0 5,7 Funcional Exames contrastados 3 24,0 0,0 Tac 34 0,0 0,0 Ecografia 54 27,2 5,9 Densitometria óssea 23 0,0 0,0 33 19,2 4,6 Mamografia 66 20,3 5,3 Exames contrastados 3 15,3 1,2 Tac 34 20,9 5,2 Ecografia 54 21,0 5,1 Densitometria óssea 23 20,9 5,4 Médica Radiologia convencional Amenidades F p 0,631 0,676 183,972 0,000 394,524 0,000 1,223 0,299 77 CAPÍTULO IV - Da caracterização geral da amostra à satisfação do cliente Quando os clientes foram questionados sobre o número de vezes que estiveram presentes no consultório para a realização de exames imagiológicos (cf gráfico 5), 76 (35,7%) dos inquiridos respondeu “três ou mais vezes”, sendo o item “nunca, esta foi a primeira vez” o menos frequente (18,8%). Gráfico 5: Distribuição do número de vezes que os inquiridos estiveram presentes no consultório para a realização de exames imagiológicos De modo a determinar se existem diferenças entre o número de vezes que o inquirido esteve presente nos serviços privados de Imagiologia e o seu nível de satisfação quanto ao atendimento, dimensões funcionais e amenidades, verificámos e recorrendo ao teste Anova, que existem somente diferenças significativas (p = 0,002) com a dimensão funcional dos médicos, sendo que os valores da média mais elevados se situam nos inquiridos que recorreram mais que uma vez a estes serviços (cf quadro 10). 78 CAPÍTULO IV - Da caracterização geral da amostra à satisfação do cliente Quadro 10: Médias, (e respectivos desvios – padrão) do atendimento, dimensão funcional dos técnicos, dimensão funcional dos médicos e amenidades por nº de vezes que o inquirido esteve presente nos serviços privados de Imagiologia, e valores de F e significância Nº de vezes presente no N Média DP Nunca, esta foi a primeira vez 40 22,5 6,1 Mais uma vez 43 24,1 7,0 Mais duas vezes 54 21,6 5,9 Três ou mais vezes 76 23,7 7,2 Nunca, esta foi a primeira vez 40 19,2 11,5 Mais uma vez 43 19,3 13,8 Mais duas vezes 54 18,5 11,8 Três ou mais vezes 76 19,1 12,4 Nunca, esta foi a primeira vez 40 10,6 13,8 Mais uma vez 43 11,6 14,2 Mais duas vezes 54 18,9 12,8 Três ou mais vezes 76 18,2 14,0 Nunca, esta foi a primeira vez 40 19,6 4,4 Mais uma vez 43 21,5 5,5 Mais duas vezes 54 19,3 5,1 Três ou mais vezes 76 20,9 5,1 consultório Atendimento Dimensão Funcional Técnica Dimensão Funcional Médica Amenidades F p 1,535 0,207 0,036 0,991 4,979 0,002 2,206 0,088 Analisando o gráfico 6, dos 213 inquiridos, 57,7% (123) teve conhecimento sobre o consultório de Imagiologia através de profissionais de saúde, 40,8% (87) através de familiares e amigos e apenas 1,4% (3 inquiridos) através das novas tecnologias de informação. 79 CAPÍTULO IV - Da caracterização geral da amostra à satisfação do cliente Gráfico 6: Distribuição do modo como os inquiridos teve conhecimento sobre o consultório Relativamente a quem fez a marcação do exame, 116 (54%) dos inquiridos responderam que foram os próprios, 96 (15%) responderam que foi o pessoal administrativo do centro de saúde, apenas 1 (1%) respondeu que foi o pessoal administrativo de outras instituições de saúde privadas e nenhum inquirido fez a marcação através de pessoal administrativo de outras instituições de saúde públicas (cf gráfico 7). Gráfico 7: Distribuição gráfica sobre quem fez a marcação do exame Em relação à lista de espera para a realização dos exames, 59,6% (127) dos inquiridos soube no próprio dia da marcação, o dia em que ia efectuar o exame (cf gráfico 8). Mas no que se refere ao tempo que decorreu desde a marcação até ao dia do 80 CAPÍTULO IV - Da caracterização geral da amostra à satisfação do cliente exame 110 (51,6%) inquiridos respondeu que demorou “mais que uma semana”, 53 (24,9%) “uma semana”, 37 (17,4%) “mais que um dia” e apenas 13 (6,1%) dos inquiridos diz ter demorado “um dia”. Quanto ao tempo que demorou a saber o dia do exame, 38 (17,8%) dos inquiridos diz ter demorado mais que um dia, 33 (15,5%) uma semana e 15 (7%) mais que uma semana (cf Gráfico 9). Gráfico 8: Distribuição do tempo que demorou a saber o dia do exame Gráfico 9: Distribuição do tempo que decorreu da marcação ao dia do exame Quanto ao tempo de espera que decorreu da marcação até ao dia do exame concluímos haver diferenças estatisticamente significativas com o atendimento (p = 0,002), com a dimensão funcional dos médicos (p = 0,000) e com as amenidades (p = 0,030). No entanto referimos que, o valor médio mais elevado no atendimento e amenidades enquadra-se nos inquiridos que referiram que esperaram só “um dia” pela marcação, mas nas dimensões funcionais, dos técnicos e dos médicos, os valores médios mais altos posicionam-se nos que referiram esperar “mais que um dia” e “mais que uma semana”, respectivamente (cf quadro 11). 81 CAPÍTULO IV - Da caracterização geral da amostra à satisfação do cliente Quadro 11: Médias, (e respectivos desvios – padrão) do atendimento, dimensão funcional dos técnicos, dimensão funcional dos médicos e amenidades pelo tempo de espera da marcação do exame, e valores de F e significância Tempo de espera para a marcação do N Média DP Um dia 13 29,2 7,9 Mais que um dia 37 24,1 6,7 Uma semana 53 23,1 6,5 Mais que uma semana 110 21,9 6,2 Um dia 13 18,5 14,3 Mais que um dia 37 22,2 12,1 Uma semana 53 18,7 12,4 Mais que uma semana 110 18,2 12,1 Um dia 13 13,8 15,9 Mais que um dia 37 5,4 11,4 Uma semana 53 15,7 14,7 Mais que uma semana 110 19,3 12,7 Um dia 13 23,1 6,5 Mais que um dia 37 21,4 5,4 Uma semana 53 20,9 4,9 Mais que uma semana 110 19,5 4,8 F p 5,314 0,002 1,035 0,378 10,244 0,000 3,040 0,030 exame Atendimento Dimensão Funcional Técnica Dimensão Funcional Médica Amenidades De acordo com o gráfico 10, e para a realização do exame imagiológico, 135 (63,4%) dos inquiridos utilizou como organismo (subsistema de saúde) o Serviço Nacional de Saúde (SNS), 59 (27,7%) dos inquiridos utilizou a ADSE, 7 (3,3%) efectuou os exames particularmente (Privado) e os restantes inquiridos dividem-se por outros subsistemas: PSP, ADMG e SAMS. 82 CAPÍTULO IV - Da caracterização geral da amostra à satisfação do cliente Gráfico 10: Distribuição do subsistema utilizado pelos inquiridos para o exame Após a análise do quadro 12, verificámos que apenas existem diferenças significativas entre a dimensão funcional dos médicos e o subsistema utilizado para a realização do exame (p = 0,020). É importante sublinhar que nenhum inquirido que tenha utilizado o subsistema privado realizou exames que tenham sido executados por Médicos de Radiologia. Quadro 12: Médias, (e respectivos desvios – padrão) do atendimento, dimensão funcional dos técnicos, dimensão funcional dos médicos e amenidades pelo subsistema utilizado para a realização do exame e valores de F e significância Atendimento Dimensão Funcional Técnica Dimensão Funcional Médica Subsistema N Média DP ADMG 4 23,6 11,6 ADSE 59 23,5 6,9 Privado 7 26,3 6,1 PSP 6 24,6 5,8 SAMS 2 21,0 1,4 SNS 135 22,6 6,5 ADMG 4 27,0 9,8 ADSE 59 20,2 11,9 Privado 7 25,6 4,4 PSP 6 9,0 14,5 SAMS 2 12,0 17,0 SNS 135 18,6 12,5 ADMG 4 7,0 14,0 ADSE 59 14,2 14,1 Privado 7 0,0 0,0 PSP 6 15,3 12,1 SAMS 2 25,0 4,2 SNS 135 17,2 14,1 F p 0,580 0,715 1,842 0,106 2,748 0,020 83 CAPÍTULO IV - Da caracterização geral da amostra à satisfação do cliente Amenidades ADMG 4 20,6 10,1 ADSE 59 21,2 5,1 Privado 7 19,0 3,3 PSP 6 19,2 5,8 SAMS 2 20,6 5,0 SNS 135 20,1 5,0 0,548 0,740 84 CAPÍTULO IV - Da caracterização geral da amostra à satisfação do cliente 4.3 – AVALIAÇÃO GERAL DOS INQUIRIDOS FACE AOS SERVIÇOS PRIVADOS DE IMAGIOLOGIA A avaliação geral dos inquiridos face aos serviços privados de Imagiologia é analisada por duas questões (questão 42 e 43 do formulário). Nestas questões foi pedido ao inquirido a sua opinião quanto à qualidade do consultório (impressão geral sobre os serviços prestados) e imagem do mesmo na comunidade. Conforme se pode verificar no Quadro 13, nas duas questões nenhum inquirido situou a sua opinião no item “Mau” e “Não se aplica”. Em relação à qualidade do consultório, 39,4% e 48,4% dos inquiridos respondeu “Muito Bom” e “Bom”, respectivamente, somente 7,5% apontou o consultório como “Excelente” e 4,7% como“Regular”. Temos, assim, uma percentagem de 95,3% de inquiridos/respondentes satisfeitos com a qualidade do consultório. Quanto à imagem do consultório na comunidade, onde pretendemos saber a reputação do consultório na comunidade, 14,6% respondeu “Excelente”, 46,9% “Muito Bom”, 37,1% “Bom” e apenas 1,4% “Regular”. Assim, 98,6% dos inquiridos considera que a imagem do consultório é satisfatória. Quadro 13: Distribuição da avaliação geral dos inquiridos em relação ao consultório Escala Questões Excelente Muito Bom Bom Regular Mau Não se aplica Total Qualidade do 7,5% 39,4% 48,4% 4,7% 0% 0% 100% 14,6% 46,9% 37,1% 1,4% 0% 0% 100% consultório Imagem do consultório 85 CAPÍTULO IV - Da caracterização geral da amostra à satisfação do cliente Relativamente à avaliação geral dos inquiridos face aos serviços privados de Imagiologia e para mais fácil compreensão, transformamos as duas questões anteriores (qualidade e imagem do consultório, questões 42 e 43 do formulário, respectivamente) em apenas uma, intitulada de “opinião geral dos inquiridos face aos serviços privados de Imagiologia” (cf quadro 14) com duas opções de resposta: favorável e desfavorável. Verificámos que, e recorrendo ao t-test, existirem diferenças estatisticamente significativas entre a opinião geral dos inquiridos e o atendimento (p = 0,009), a dimensão funcional dos médicos (p = 0,034) e as amenidades (p = 0,032). Contudo, é de assinalar que o item “favorável” apresenta em média os valores mais elevados em relação a todas as dimensões. Quadro 14: Médias, (e respectivos desvios – padrão) do atendimento, dimensão funcional dos técnicos, dimensão funcional dos médicos e amenidades em relação à opinião geral dos inquiridos, e valores de t--test, graus de liberdade e significância Opinião N Média DP Favorável 203 23,3 6,6 Desfavorável 10 17,7 5,9 Favorável 203 19,2 12,3 Desfavorável 10 14,8 11,9 Favorável 203 16,1 14,1 Desfavorável 10 6,4 10,3 Favorável 203 20,6 5,1 Desfavorável 10 17,0 5,1 geral Atendimento Dimensão Funcional Técnica Dimensão Funcional Médica Amenidades t gl p 2,624 211 0,009 1,111 211 0,268 2,139 211 0,034 2,164 211 0,032 86 CAPÍTULO IV - Da caracterização geral da amostra à satisfação do cliente 4.3.1 – Intenção de voltar ao consultório e recomendá-lo a outras pessoas O grupo VI do formulário é dedicado a recomendações e sugestões do cliente e é composto por três questões fechadas e quatro questões abertas. Em relação ao facto de “recomendar o consultório a outra pessoa caso necessitasse de exames imagiológicos”, as respostas foram claras: os inquiridos responderam “claro que sim” em 65,5% e “provavelmente sim” em 34,3%, sendo que apenas um (0,5%) dos inquiridos respondeu “provavelmente não”. Relativamente ao facto de “voltar ao consultório caso necessitasse de exames imagiológicos”, as respostas são de 60,6% para “claro que sim”, 38,5% para “provavelmente sim” e 0,9% para “provavelmente não”. Em ambas as perguntas verifica-se que nenhum inquirido respondeu “claro que não” e “não se aplica porque vivo longe do consultório” (cf Quadro 15). Quadro 15: Distribuição sobre a intenção do cliente voltar ao consultório e recomendá-lo Item Questões Recomendaria este consultório a outra pessoa Claro que Provavelmente Provavelmente Claro Não se sim sim não que não aplica 139 73 1 0 0 (65,5%) (34,3%) (0,5%) (0%) (0%) 129 82 2 0 0 (60,6%) (38,5%) (0,9%) (0%) (0%) Voltaria a este consultório caso necessitasse novamente de exames imagiológicos Dado que em relação a estas duas questões uma percentagem representativa dos inquiridos, 99,8% e 99,1%, respectivamente, situa as suas respostas na forma positiva (claro que sim e provavelmente sim) podemos considerar claramente a sua satisfação expressa em voltar e em recomendar o consultório. Após a inserção dos dados na base de dados das quatro questões abertas (razões porque voltaria ao consultório, melhoramentos indispensáveis, surpresas agradáveis e surpresas desagradáveis), verificámos a existência de grande variedade de respostas em 87 CAPÍTULO IV - Da caracterização geral da amostra à satisfação do cliente todas elas. Desta forma serão descritas apenas as que obtiveram maior frequência de resposta por parte dos inquiridos. 4.3.2 – Razões de regresso, ou não, ao consultório Quanto às razões do regresso ou não, ao consultório, as respostas foram maioritariamente positivas, destacando-se apenas 2 (0,9%) inquiridos que responderam que provavelmente não voltariam a frequentar o consultório. Para simplificar a avaliação dos resultados dividimos a categoria principal (Razões porque voltaria ao consultório) em quatro subcategorias ou dimensões (Ferreira e al., 2001, p. 55): relação e comunicação, organização dos serviços, informação e apoio, organização do espaço físico e continuidade e cooperação (cf quadro 16). A subcategoria “relação e comunicação” é a mais enumerada. No entanto, a unidade de registo “realização dos exames sempre no mesmo local”, enquadrada na subcategoria “continuidade e cooperação”, foi a que obteve mais unidades de enumeração (36). Quadro 16: Distribuição das razões do cliente para voltar ao consultório Categoria Subcategoria Relação e Comunicação Organização dos serviços Razões porque voltariam ao consultório Informação e apoio Organização do espaço físico Continuidade e cooperação Unidades de registo Confiança nos profissionais de saúde Simpatia dos profissionais de saúde Competência dos profissionais de saúde Flexibilidade de horário Próximo do local de residência Bom atendimento Fiabilidade dos resultados Informação de outros profissionais de saúde (médico assistente) Ambiente agradável Bom aspecto Limpeza geral Acordo com todos os subsistemas Realização dos exames sempre no mesmo local Unidades de Enumeração (F) 23 19 28 23 13 21 24 15 19 18 10 10 36 88 CAPÍTULO IV - Da caracterização geral da amostra à satisfação do cliente 4.3.3 – Melhoramentos indispensáveis ao consultório As respostas em relação aos aspectos que necessitam de ser melhorados no consultório são muito variadas. Os resultados foram divididos em quatro subcategorias ou dimensões (Ferreira e al., 2001, p. 55): relação e comunicação, organização dos serviços, informação e apoio e organização do espaço físico. Salientou-se em cada uma das subcategorias as unidades de registo mais enumeradas pelos inquiridos (cf Quadro 17). “Diminuição da lista de espera”, “tempo de espera para a realização do exame” e “tamanho da sala de espera” foram as unidades de registo com mais unidades de enumeração, 44, 50 e 94, respectivamente. Quadro 17: Distribuição da categoria “melhoramentos indispensáveis” Categoria Subcategorias Relação e Comunicação Melhoramentos Indispensáveis (aspectos que necessitam de ser melhorados) Organização dos Serviços Informação e Apoio Organização do espaço físico Unidades de Registo Mais simpatia por parte dos profissionais de saúde Maior comunicação por parte dos profissionais de saúde durante o exame Diminuição da lista de espera Tempo de espera para a realização do exame Organização do pessoal Informação sobre os procedimentos do consultório Informação sobre a preparação para o exame Tamanho da sala de espera Sinalética Número de instalações sanitárias Melhor arejamento Unidades de Enumeração (F) 6 16 44 50 12 10 7 94 10 28 22 89 CAPÍTULO IV - Da caracterização geral da amostra à satisfação do cliente 4.3.4 – Surpresas agradáveis no consultório De entre a variedade de respostas em relação às surpresas agradáveis salientamos as seguintes: “privacidade” com 23%, “ simpatia e competência dos profissionais de saúde” com 21,1% e “resultado do exame” com 17,9% como as mais referidas. Destacamos ainda “limpeza geral” com 10,8%, “rapidez no atendimento” com 13,6% e 14,1% referiram que “não se verificaram surpresas agradáveis” (cf Gráfico 11). Gráfico 11: Distribuição das surpresas agradáveis dos inquiridos 4.3.5 – Surpresas desagradáveis no consultório Quanto às surpresas desagradáveis (cf Gráfico 12), a maioria dos inquiridos assume o “tempo de espera para o exame” com 25,9% e “falta de informação” com 16%. De referir que 16,5% respondeu que “não houve surpresas desagradáveis”. Outras respostas foram: “tempo para a obtenção do relatório do exame”, “condições físicas (sala de espera, limpeza) ”, “organização dos serviços” e “lista de espera”. 90 CAPÍTULO IV - Da caracterização geral da amostra à satisfação do cliente Gráfico 12: Distribuição das surpresas desagradáveis dos inquiridos Perante a análise das quatro respostas, verificamos que a maioria dos clientes voltaria ao consultório caso precisassem, pois ficaram satisfeitos com a qualidade dos serviços prestados (ponto 4.2.3.2 e 4.2.3.4). A maioria dos inquiridos/respondentes gostaria de ver reduzida a lista de espera e o tempo de espera para maior rapidez no atendimento, logo maior vontade em voltar (ponto 4.2.3.3 e 4.2.3.5). Em relação ao espaço físico, os inquiridos vê necessidade no alargamento da sala de espera e no número de instalações sanitárias (ponto 4.2.3.3). 4.3.6 – Informação sobre como reclamar Quanto à informação que lhes foi fornecida em como reclamar, caso necessitassem, verificámos que do total da amostra inquirida (213 inquiridos), apenas 6% referiram que receberam informação em como deveriam reclamar e 94% responderam negativamente a esta questão. 91 CAPÍTULO IV - Da caracterização geral da amostra à satisfação do cliente Gráfico 13: Distribuição da informação fornecida em como reclamar 92 CAPÍTULO V DISCUSSÃO DOS RESULTADOS CAPÍTULO V – Discussão dos resultados “Esta constitui a parte criativa do relatório. É aqui que se faz a síntese entre a teoria, a investigação e os resultados.” (Ribeiro, 1999, p.37) Hoje, mais do que nunca, as populações estão conscientes dos seus direitos e reivindicam a efectivação de uma assistência. Assim sendo, é cada vez mais importante conhecer a opinião dos clientes e avaliar a sua satisfação, tema desenvolvido neste estudo. Para um trabalho de investigação ter algum significado é necessário discutir e inferir de algum modo os resultados obtidos. Neste capítulo pretende-se fazer uma síntese e apreciação crítica dos resultados obtidos mais relevantes, confrontando-os com resultados de outros estudos já efectuados. 5.1 – CARACTERÍSTICAS DESCRITIVAS DOS INQUIRIDOS Quando analisamos o grupo de inquiridos em relação ao sexo, concluímos que são os elementos do sexo feminino que apresentam uma média de satisfação mais elevada em todas as dimensões, embora só existam diferenças estatisticamente significativas em relação às dimensões funcionais e amenidades. Estes resultados não se coadunam com os do estudo de Ferreira e Raposo (2006), ao afirmarem que as mulheres apresentam sempre uma satisfação inferior à dos homens. No entanto, Hall (1996) contraria esta linha de pensamento ao referir que os homens manifestam um nível de satisfação menor que os utentes do sexo feminino. Também Santos e Condeço (2002) vão de encontro aos dados encontrados no nosso estudo na medida em que revelam existirem diferenças estatisticamente significativas em relação ao género no que respeita às instalações e higiene dos serviços. Os 213 inquiridos que participaram no estudo apresentam uma idade média de 47 anos, verificando-se uma maior percentagem (33,8%) no grupo etário que se situa 94 CAPÍTULO V – Discussão dos resultados entre os 41 e os 50 anos. Em relação à dimensão amenidades conclui-se que são os mais idosos (grupo etário ≥ 81) que apresentam uma média de satisfação (24,7) mais elevada. Estes resultados estão em consonância com o estudo efectuado por Carvalho (2004), ao referir que os utentes mais idosos apresentam um maior nível de satisfação quando comparados com os utentes mais jovens, em relação às condições físicas de acolhimento. O estudo efectuado por Carvalho e Pacheco (2002) conclui que existe relação entre o aumento da idade e o grau de satisfação. Estes consideram que à medida que a idade aumenta, aumentam também os níveis de satisfação, uma vez que a população mais jovem mantém uma capacidade mais crítica e mais exigente com a vida, em geral, e com as instituições, em particular. Na mesma linha de pensamento, Ferreira e Raposo (2006) referem que os mais jovens estão sempre menos satisfeitos do que os mais idosos. Alves (2003) considera que, por norma, os reclamadores tendem a ser pessoas mais jovens. Para as dimensões funcionais e de atendimento, são os grupos etários “31-40” e “41-50”, os que apresentam uma média de satisfação mais elevada, contrariando os resultados dos estudos apresentados. Constatámos que, em relação ao grau de instrução, 85% dos inquiridos frequentou o sistema de ensino e apenas 15% diz nunca ter frequentado. No entanto é de referir que, os inquiridos que frequentaram o sistema de ensino e dentro destes os que detêm um menor grau de literacia (ensino básico do 1º e 2º ciclo) são os que apresentam uma média de satisfação mais elevada em quase todas as dimensões Estes resultados não vão de encontro ao que refere o estudo efectuado por Silva et al. em que os inquiridos com um baixo nível de literacia são os que apresentam o nível de satisfação negativo, o que contraria os resultados encontrados no nosso estudo. No entanto, os dados encontrados no nosso estudo diferem dos resultados do estudo efectuado por Sepúlveda (1998), uma vez que a autora constatou que quando o grau de instrução aumenta, a satisfação dos utentes diminui. Ferreira et al (2001) também referem que os utentes com menor literacia, provavelmente provenientes de classes mais baixas são também os mais insatisfeitos especialmente na dimensão de “informação e apoio” e “continuidade e cooperação”. No que respeita à “organização dos serviços”, assiste-se a uma inversão da situação, pois aqui são os utentes com literacia mais elevada os que mais facilmente discordam do estado das coisas. Esteban de La Rosa (1994) refere que as características pessoais que mais influenciam a satisfação dos utentes são a idade e o grau de instrução. 95 CAPÍTULO V – Discussão dos resultados 5.2 – INFORMAÇÃO DESCRITIVA SOBRE O ACESSO AO CONSULTÓRIO No que respeita ao tipo de exame, a maior parte dos clientes 66 (31%) recorreu a estes serviços para efectuar exames de mamografia, não podendo deixar de se referir que 54 (25,4%) dos inquiridos efectuou exames de ecografia, existindo apenas diferenças significativas entre o tipo de exame e as dimensões funcionais (Técnicos e Médicos) com um valor de p = 0,000. É de salientar que, apesar de a mamografia ser o exame mais realizado nos serviços de Imagiologia, em nenhumas das dimensões apresenta a média de satisfação mais elevada. Tal como foi referido no enquadramento teórico, a mamografia é, neste momento, o exame radiológico que de forma directa resulta numa maior redução da mortalidade por doença. Segundo Lawson e Lawson (2000), cerca de 90% dos cancros da mama podem ser diagnosticados através deste exame, tornando a mamografia um exame de rastreio. Perante estes factos os inquiridos quando o vão realizar apresentam uma ansiedade elevada em relação aos resultados do próprio exame, o que pode implicar uma alteração de comportamento e uma visão diferente sobre os aspectos que poderão influenciar a sua satisfação. Rigol (1991) refere que “quando dizemos que alguém está ansioso, entendemos que se encontra tenso e que experimenta sensações desagradáveis de insegurança ou de medo, que dificultam a sua interacção com os outros.” Esta ansiedade é negativa, pois é uma resposta inadequada a determinado estímulo em virtude da sua intensidade e duração. Em relação ao número de vezes que os inquiridos estiveram presentes no consultório para a realização de exames imagiológicos, 76 (35,7%) dos inquiridos respondeu “três ou mais vezes”, sendo o item “nunca, esta foi a primeira vez” o menos frequente (18,8%), situando-se a média de satisfação mais elevada nos inquiridos que recorreram mais que uma vez a estes serviços. Este resultado vem de encontro ao que diz Cleary (1991) ao afirmar ser natural que um indivíduo satisfeito tenha mais probabilidades de recorrer novamente aos serviços do que um indivíduo insatisfeito. Estes dados corroboram com um estudo efectuado por Pereira, Soares e McIntyre (2001), intitulado “ Satisfação do utente e atitudes face aos médicos e medicina” onde 96 CAPÍTULO V – Discussão dos resultados fica patente que os sujeitos que mais utilizam (uma a duas vezes) os serviços de saúde apresentam avaliações significativamente mais satisfatórias sobre a qualidade dos serviços. Também Carvalho e Pacheco (2002) concluem que aumentando o número de consultas aumenta o grau de satisfação. Quando nos debruçámos sobre o tempo que decorreu desde a marcação até ao dia do exame (lista de espera) concluímos que mais de metade da nossa amostra (51,6%) respondeu que demorou “mais que uma semana”, enquadrando-se o valor médio de satisfação mais elevado no item “um dia” nas dimensões de atendimento e amenidades. Estes dados contrariam a conclusão de um estudo de Franco e Florentim (2006) em que os utentes estão satisfeitos, em termos gerais, com os tempos de espera. Os resultados do nosso estudo confirmam o que refere Neto et al (2003) no seu estudo, onde conclui que quanto menor o tempo de espera, maior a satisfação dos utentes. Estes dados replicam o observado no estudo de Ferreira et al (2001) em que os utentes se queixam do tempo de espera e sentem uma grande discrepância entre a altura da marcação e a efectivação da consulta. Verificamos igualmente um posicionamento semelhante entre os dados do nosso estudo e os dados do estudo efectuado por Sepúlveda (1998) intitulado “A satisfação dos utentes em relação à qualidade dos cuidados”, onde os inquiridos estão insatisfeitos com a facilidade de marcação da consulta, na qual a intensidade de associação em relação ao tempo de espera para a marcação é forte, sendo a satisfação dos utentes variável com a facilidade de acesso aos cuidados. Num estudo efectuado pelo NQH, (Núcleo da Qualidade e da Humanização, 2002) com o título “Estudo sobre a avaliação da satisfação dos utentes do Centro de Saúde de Carnaxide” também cerca de 50% dos utentes estão satisfeitos ou muito satisfeitos com o sistema de marcação, o que de alguma forma contraria os resultados do nosso estudo. Relativamente ao tipo de subsistema utilizado para a realização de exames imagiológicos verificamos que o mais utilizado foi o SNS (63,4%) seguindo-se a ADSE (27,7%), mas as médias de satisfação mais elevadas aparecem nos subsistemas Privado, SAMS e ADSE. Estes dados são sobreponíveis aos de um estudo intitulado “Problemas identificados na organização dos serviços de saúde no distrito de Aveiro” que conclui que os subsistemas de saúde funcionam como elementos de desigualdade no acesso aos cuidados de saúde (Universidade de Aveiro, 2004) 97 CAPÍTULO V – Discussão dos resultados 5.3 – AVALIAÇÃO GERAL DAS INQUIRIDOS FACE AOS SERVIÇOS PRIVADOS DE IMAGIOLOGIA Quanto à avaliação geral dos serviços de Imagiologia obtivemos uma percentagem de 95,3% de inquiridos satisfeitos com a qualidade do consultório, assim como 98,6% dos inquiridos considerou satisfatória a imagem do serviço na comunidade. De acordo com o estudo efectuado por Pereira et al (2001) os sujeitos que apresentam uma avaliação global mais favorável dos serviços prestados apresentam também maiores níveis de satisfação o que vai ao encontro dos resultados por nós obtidos. Aliás, os resultados encontrados no nosso estudo também são idênticos aos do estudo elaborado por Silva, Lopes Massapina e Santos (2007) intitulado “Satisfação dos utentes do Hospital do Espírito Santo de Évora, EPE”, e no qual conclui que em termos gerais existe no seio dos inquiridos uma relativa expressão de satisfação global. Também o estudo “Consulta de enfermagem de hipertensão: o grau de satisfação dos utentes” efectuado por Carvalho e Pacheco (2002) vem reforçar os nossos resultados na medida em que conclui que 76% dos indivíduos inquiridos apresentam um grau de satisfação positivo e apenas 24% demonstram um grau de satisfação negativo. Relativamente ao facto de “recomendar o consultório a outra pessoa caso necessitasse de exames imagiológicos”, e ao facto de “voltar ao consultório caso necessitasse de exames imagiológicos”, as respostas são claras, 99,8% e 99,1%, respectivamente, situando, os inquiridos, as suas respostas na forma positiva (claro que sim e provavelmente sim) podendo considerar-se claramente a sua satisfação expressa em voltar e em recomendar o consultório. Estes resultados confirmam o estudo efectuado por Simões (2006), com o título “O papel dos serviços de reabilitação na satisfação dos seus utentes: o caso do Centro de Medicina de Reabilitação da Região Centro – Rovisco Pais”, no qual os inquiridos manifestaram a sua plena satisfação com uma percentagem de 100% nas perguntas de recomendação e intenção de voltar ao centro. No estudo realizado por Sepúlveda (1998) também os dados corroboram com os do nosso estudo na medida em que 92,4% e 98,3%, respectivamente, recomendariam e voltariam a frequentar os mesmos prestadores de cuidados. 98 CAPÍTULO VI CONCLUSÕES E REFLEXÕES FINAIS CAPÍTULO VI - Conclusões e reflexões finais “Os leitores extraem dos livros, de acordo com o seu carácter, como no exemplo da abelha ou da aranha que, das flores retiram, uma o mel, a outra o veneno.” (Alves citando Nietzsche 2003, p.234) Este capítulo aborda as considerações finais desta dissertação, sintetizando informações abordadas nos capítulos anteriores, enumerando algumas limitações ao estudo, as possíveis direcções para futuras pesquisas, recomendações e conclusões finais. A satisfação dos clientes é hoje um imperativo que se impõe numa era onde a informação está cada vez mais acessível a todos os níveis e em todas as áreas. Por outro lado, o nível educacional da população aumentou e o relacionamento passivo do utente relativamente à sua saúde está a mudar necessariamente de uma forma cada vez mais participativa, a todos os níveis e aos mais variados níveis de exigência, com vista a atingir a excelência dos serviços de saúde (Franco & Florentim, 2006, p.33). As organizações que prestam serviços de saúde têm como principal razão da sua existência as pessoas para as quais esses serviços são fornecidos. O facto de uma organização ter um utente como seu cliente exige que ela direccione as suas acções para responder ao anseio do mesmo, de uma forma peculiar, pois o utente é um indivíduo física e/ou mentalmente comprometido no seu desenvolvimento pessoal ou nas suas relações com a sociedade. Na busca por melhorias na gestão e pela vantagem competitiva, os gestores de organizações de saúde têm como ponto de partida questões sobre onde melhorar e que acções devem ser desencadeadas, ou seja, o que se deve fazer. Nesta busca pelas respostas é importante que os clientes sejam a maior fonte de informações, pois são eles os utilizadores dos serviços e devem ser posicionados como o foco central no processo de decisão. Para Ferreira et al (2004) o principal critério para se garantir a contínua melhoria da qualidade dos cuidados de saúde é satisfazer as necessidades dos cidadãos doentes. 100 CAPÍTULO VI - Conclusões e reflexões finais O que à primeira vista pode parecer muito complexo, não o é, se pensarmos com Martin e Henderson (2004) que nos sugerem uma forma útil de simplificar esta aparente complexidade, bastando para isso, fixarmo-nos no ponto fundamental que são os utentes dos serviços como sendo clientes finais. Estes são o centro da definição e da prestação de serviços de saúde e dos cuidados sociais. São a razão de ser dos serviços e de toda a complexa rede interligada das unidades de saúde e de serviços sociais que foi construída para satisfazer as suas necessidades. Assim, o cliente mais importante dos serviços de saúde será sempre, o utente. Como tal, é necessário avaliar a sua satisfação ou insatisfação, em relação ao funcionamento organizacional, no sentido de melhorarmos os serviços prestados. Quando partimos para a concretização deste trabalho, estávamos plenamente conscientes das dificuldades e limitações que iriam surgir, pois o número de estudos realizados nesta área (Imagiologia) e por nós conhecido era escasso, limitando um saber acumulado, que seria útil para uma comparação e interiorização mais profunda dos conceitos e práticas sobre a qualidade e satisfação nos serviços de saúde ao nível teórico. Procurámos seguir uma metodologia que nos pareceu adequada e consideramos o presente estudo pertinente, pois apesar das dificuldades, há consenso sobre a necessidade de ouvir a voz do utilizador dos serviços de saúde. Como já foi referido no enquadramento teórico, o conceito de satisfação detém em si mesmo uma natureza multidimensional e abarca inúmeras variáveis de estrutura, processo e de resultados (Sepúlveda, 1998, p.38), o que constitui por si só uma limitação neste estudo pois não foi possível abordar todas as dimensões descritas na literatura sobre o tema. Iniciámos esta investigação com o intuito de conhecer o nível de satisfação dos clientes dos serviços privados de Imagiologia, saber quais os factores que influenciam essa mesma satisfação, perceber as razões do cliente para voltar ou não aos serviços privados de Imagiologia, bem como avaliar as surpresas que os serviços privados de Imagiologia proporcionaram ao cliente. Retomando alguns dos resultados obtidos ao longo deste estudo podemos, agora, responder às principais questões de investigação por nós elaboradas: Será que a satisfação dos clientes difere em função do género, podemos concluir que sim, uma vez que existem diferenças estatisticamente significativas entre o sexo e três das quatro dimensões estudadas: dimensão funcional dos técnicos, dimensão 101 CAPÍTULO VI - Conclusões e reflexões finais funcional dos médicos e amenidades, com valores de p = 0,000; p = 0,004 e p = 0,037, respectivamente. Será que a satisfação dos clientes difere em função da idade, verificámos que não em relação às dimensões funcionais e de atendimento (p = 0,147; p = 0,622 e p = 0,051). Apenas existem diferenças estatisticamente significativas, na dimensão amenidades (p = 0,001). Será que a satisfação dos clientes difere em função do grau de instrução, constatamos que não. Neste caso só existem diferenças estatisticamente significativas em relação à dimensão funcional dos médicos (p = 0,009). Será que a satisfação dos clientes difere em função do tipo de exame que realizam, chegamos à conclusão que não, porque apesar de existirem diferenças significativas entre o tipo de exame e as dimensões funcionais (Técnicos e Médicos) com p = 0,000, estes valores não devem ser considerados porque a ecografia só é executada por médicos; assim como os exames de radiologia convencional, tac e densitometria óssea só são executados por Técnicos de Radiologia. Será que o número de vezes que o cliente recorre aos serviços privados de Imagiologia está relacionado com o nível de satisfação, podemos concluir que sim, uma vez que os valores de satisfação mais elevados se situam nos inquiridos que recorreram mais que uma vez a estes serviços. Será que o tempo de espera para a marcação de exame interfere na satisfação dos clientes, verificámos que sim, porque os valores em três dimensões estudadas (atendimento, dimensão funcional dos médicos e amenidades) são estatisticamente significativos. Quanto à dimensão funcional dos técnicos o tempo de espera para a marcação de exames não interfere na satisfação dos clientes (p = 0,378). Será que a satisfação dos clientes difere em função do subsistema que é utilizado para a realização do exame, concluímos que não, uma vez que só existem diferenças significativas entre a dimensão funcional dos médicos e o subsistema utilizado para a realização do exame (p = 0,020). 102 CAPÍTULO VI - Conclusões e reflexões finais Será que a opinião geral do cliente sobre os serviços privados de Imagiologia interfere no nível de satisfação destes, constatamos que sim, uma vez que existem diferenças estatisticamente significativas na dimensão funcional dos médicos (p = 0,034), atendimento (p = 0,009) e amenidades (p = 0,032). Por tudo o foi descrito anteriormente, podemos concluir que, muito embora os clientes apontem algumas lacunas em relação aos serviços privados de Imagiologia, a sua opinião geral é favorável em relação a todas as dimensões estudadas. Pensamos que este estudo constitui por isso, um duplo instrumento de relevante importância no quadro de garantia da qualidade, como fonte de informação para exprimir a percepção dos utentes e como precioso meio de gestão para a detecção de possíveis deficiências dos serviços prestados. Parece-nos importante dar a conhecer as conclusões apresentadas aos gestores e/ou dirigentes das clínicas com o intuito de promover uma atitude de auto – questionamento por parte destes, no sentido de proporcionar cuidados que mantenham o cliente satisfeito, melhorando a qualidade dos cuidados prestados. É importante: • Observar os resultados apresentados neste estudo e considerar as conclusões na tomada de decisões • Desenhar, implementar e controlar estratégias efectivas com o objectivo de atingir o nível mais elevado de serviços com qualidade • Auscultar regularmente as necessidades e expectativas dos clientes porque, no fundo, são eles os consumidores dos serviços prestados • Promover reuniões periódicas entre os profissionais de saúde no sentido de comunicar os resultados de estudos como este, e definir objectivos estratégicos para atingir um índice de satisfação do cliente cada vez mais elevado O sector dos serviços de saúde está a tornar-se cada vez mais importante. Ao mesmo tempo, a oferta de serviços de saúde está a alargar-se, com organizações públicas e privadas em concorrência crescente por um orçamento de saúde cada vez maior, ou seja, estão a entrar numa nova fase de desenvolvimento, muito mais orientada para o marketing. Interessante seria que o presente estudo pudesse ser repetido noutros locais, de modo a comparar os resultados obtidos e a validade dos métodos utilizados: por 103 CAPÍTULO VI - Conclusões e reflexões finais exemplo comparar os resultados obtidos em serviços de Imagiologia das instituições privadas com os resultados obtidos em serviços de Imagiologia de instituições públicas. Por fim, consciente da dimensão de conhecimentos relacionados com a gestão e com a saúde, esperamos que as informações apresentadas possam efectivamente contribuir para o desenvolvimento profissional e social das organizações sujeitas ao estudo e de toda a comunidade, especialmente para que os gestores possam utilizá-las na melhoria dos serviços prestados na área da saúde. 104 Referências bibliográficas REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁICAS Albrecht, K. & Zemke, R. (2002). Serviço ao Cliente – A reinvenção da gestão do atendimento ao cliente. As 10 verdades definitivas em serviços”. Rio de Janeiro: Editora Campus Almeida, H. 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Discount Merchandiser, volume35 (5) 114 ANEXOS Anexos ANEXO I Instrumento de Recolha de Dados 116 Anexos Formulário No âmbito da realização de uma dissertação de mestrado, em Gestão dos Serviços de Saúde, solicitamos a sua colaboração no preenchimento deste questionário, cujo objectivo é conhecer o nível de satisfação dos clientes das entidades privadas da saúde, vocacionadas para a área da Imagiologia. Responda com sinceridade a todas as perguntas, uma vez que a sua opinião é extremamente valiosa para nós. Este é anónimo e confidencial. Muito Obrigado Por favor, fazer corresponder um “x” à alínea que melhor se adequa à sua situação do cliente: Grupo I - Caracterização da população 1. Sexo: Feminino (1) Masculino (2) 2. Idade: _______ anos 3. Grau de Instrução: Não sabe ler nem escrever (1) Sabe ler sem ter frequentado o sistema de ensino (2) Ensino básico: 1º ciclo (3) 2º Ciclo (4) 3º Ciclo (5) Ensino secundário (6) Ensino superior (7) 4. Que tipo de exame efectuou neste consultório? Radiologia Convencional (1) Mamografia (2) Exames contrastados (3) Tac (4) 117 Anexos Ecografia Densitometria óssea (5) (6) Grupo II - Dados sobre o consultório 5. Quantas vezes esteve presente neste consultório para a realização de exames imagiológicos? Nunca, esta foi a primeira vez (1) Mais uma vez (2) Mais duas vezes (3) Três ou mais vezes (4) 6. Como teve conhecimento sobre este consultório? Através de familiares e amigos (1) Através das novas tecnologias de informação (2) Através de profissionais de saúde (3) 7. Quem fez a marcação do exame? O (a) próprio (a) (1) Pessoal administrativo do centro de saúde (2) Pessoal administrativo de outras instituições de saúde públicas (3) Pessoal administrativo de outras instituições de saúde privadas (4) 8. Tempo que demorou a saber o dia do exame? Um dia (1) Mais que um dia (2) Uma semana (3) Mais que uma semana (4) 9. Que tempo decorreu desde a marcação até ao dia do exame? 118 Anexos Um dia (1) Mais que um dia (2) Uma semana (3) Mais que uma semana (4) 10. Que tipo de organismo público/privado utilizou para a realização do exame? ______________________________________________________________ Grupo III - Aspectos relativos à realização do exame Em cada alínea, por favor, assinalar com um único “x” a resposta mais adequada Excelente (5) Muito bom (4) Bom Regular Mau (3) (2) (1) Não se aplica (0) A) Admissão: 11. Eficiência do processo de admissão: facilidade em fazer a inscrição para a realização do exame. 12. Preparação para o exame: instruções para preparação necessária à realização do exame 13. Atenção que foi dada às suas necessidades: forma como o pessoal administrativo atendeu às suas necessidades 14. Informações do pessoal administrativo: forma como lhe foi indicada a sala de espera e sala de exame. 15. Satisfação das suas necessidades: resposta às suas necessidades 16. Ajuda e simpatia: capacidade do pessoal administrativo de o/a fazer sentir-se confiante e integrado 17. Tempo de espera: tempo de espera para a execução do exame 18. Facilidade em obter informações: Vontade do pessoal em responder às suas perguntas 119 Anexos Responda, por favor à alínea B e/ou C conforme o profissional de saúde que o/a atendeu Excelente (5) Muito bom (4) Bom Regular Mau (3) (2) (1) Bom Regular Mau (3) (2) (1) Não se aplica (0) B) Pessoal Técnico de Radiologia 19. Aspectos técnicos: forma como o técnico de Radiologia desempenhou a actividade de execução do exame 20. Atenção prestada pelo técnico: frequência com que o técnico de Radiologia comunicou sobre os procedimentos que efectuava 21. Informação: forma como foi esclarecido/a sobre o exame que iria efectuar e o que esperar dele 22. Disponibilidades do pessoal técnico: facilidade em colocar dúvidas durante o exame 23. Informação fornecida: forma como o técnico o/a informou sobre o resultado do exame 24. Cuidados e carinho: cortesia, respeito, amizade e gentileza com que foi tratado/a pelo técnico 25. Esclarecimentos: esclarecimento por parte do técnico de Radiologia sobre os riscos e complicações do exame 26. Qualidade da informação: linguagem utilizada na prestação do consentimento informado Excelente (5) Muito bom (4) Não se aplica (0) C) Pessoal médico 27. Aspectos técnicos: forma como o/a médico/a fez o diagnóstico, o/a examinou e o/a tratou 28. Atenção prestada pelo médico/a: frequência com que o/a médico/a comunicou consigo sobre os procedimentos que efectuava 120 Anexos 29. Informação: forma como foi esclarecido/a sobre o exame que iria efectuar e o que esperar dele 30. Disponibilidades do pessoal médico: facilidade em colocar dúvidas durante o exame 31. Informação fornecida: forma como o/a médico/a o/a informou sobre o resultado do exame 32. Cuidados e carinho: cortesia, respeito, amizade e gentileza com que foi tratado/a pelo técnico 33. Esclarecimentos: esclarecimento por parte do Médico de Radiologia sobre os riscos e complicações do exame 34. Qualidade da informação: linguagem utilizada na prestação do consentimento informado Excelente (5) Muito bom (4) Bom Regular Mau (3) (2) (1) Bom Regular Mau (3) (2) (1) Não se aplica (0) D) Condições físicas do consultório: 35. Privacidade: forma como privacidade foi assegurada a sua 36. Sala de exame: limpeza, conforto, iluminação e temperatura 37. Utilização de equipamento de apoio: possibilidade de utilizar equipamento de apoio (ex. cadeira de rodas, bengalas, canadianas...) 38. Ambiente calmo: paz e sossego 39. Instalações sanitárias: número, higiene e material de higiene das instalações sanitárias 40. Sinalização: facilidade de orientação dentro do consultório 41. Sala de espera: número, tamanho, arejamento Excelente (5) Muito bom (4) Não se aplica (o) 121 Anexos E) Opinião geral: 42. Qualidade do consultório: impressão geral sobre os serviços prestados 43. Imagem do consultório: reputação do consultório na comunidade Grupo IV - Recomendações e sugestões Por favor dê-nos a sua opinião em relação a cada uma destas perguntas. Assinalar com um “x” apenas uma resposta 44. Recomendaria este consultório a outra pessoa que necessitasse de exames imagiológicos? Claro que sim (1) Provavelmente sim (2) Provavelmente não (3) Claro que não (4) Não se aplica porque vivo longe do consultório (5) 45. Voltaria a este consultório caso necessitasse novamente de exames imagiológicos? Claro que sim (1) Provavelmente sim (2) Provavelmente não (3) Claro que não (4) Não se aplica porque vivo longe do consultório (5) De forma sucinta, enumere 3 opiniões sobre os seguintes temas 46. Indique as razões porque voltaria ou não ao consultório. a. ________________________________________________________________ b. ________________________________________________________________ c. ________________________________________________________________ 122 Anexos 47. Melhoramentos indispensáveis: Por favor diga-nos quais os aspectos do consultório que necessitam de ser melhorados a. ________________________________________________________________ b. ________________________________________________________________ c. ________________________________________________________________ 48. Surpresas agradáveis: refira quais os aspectos positivos a realçarem neste consultório. a. ________________________________________________________________ b. ________________________________________________________________ c. ________________________________________________________________ 49. Surpresas desagradáveis: refira quais os aspectos negativos que mais o surpreenderam neste consultório. a. ________________________________________________________________ b. ________________________________________________________________ c. ________________________________________________________________ 50. Foi-lhe dada alguma informação em como reclamar, caso necessitasse? Sim (1) Não (2) Muito obrigado pela atenção e tempo dispensado ao preencher este questionário. 123 Anexos ANEXO II Pedidos de autorização para a realização do estudo 124 Anexos 125 Anexos 126 Anexos 127 Anexos ANEXO III Matriz da base de dados 128 Anexos Base de Dados Variable Information Measure Variable Positi ment on Label Level Print Column Width Alignment Format Write Format a1 1 Sexo Nominal 8 Right F8 F8 a2 2 Idade Scale 8 Right F8 F8 a3 3 Grau de instrução Nominal 8 Right F8 F8 a4 4 Tipo de exame Scale 8 Right F8 F8 a5 5 Scale 8 Right F8 F8 Scale 8 Right F8 F8 Scale 8 Right F8 F8 Scale 8 Right F8 F8 Scale 8 Right F8 F8 Nominal 7 Right F6 F6 Ordinal 8 Right F8 F8 Ordinal 8 Right F8 F8 Ordinal 8 Right F8 F8 Ordinal 8 Right F8 F8 Ordinal 8 Right F8 F8 Ordinal 8 Right F8 F8 Ordinal 8 Right F8 F8 Ordinal 8 Right F8 F8 Ordinal 8 Right F8 F8 Quantas vezes esteve presente neste consultório para a realização de exames a6 6 a7 7 a8 8 a9 9 a10 10 a11 11 a12 12 a13 13 Como teve conhecimento sobre este consultório Quem fez a marcação do exame Tempo que demorou a saber o dia do exame Que tempo decorreu desde a marcação até ao dia do exame Subsistema Eficiência do processo de admissão Preparação para o exame Atenção que foi dada às suas necessidades por parte do pessoal administrativo a14 14 Informações do pessoal administrativo Satisfação das suas a15 15 necessidades pelo pessoal administrativo a16 16 a17 17 a18 18 a19 19 Ajuda e simpatia do pessoal administrativo Tempo de espera para a execução do exame Facilidade em obter informações do pessoal administrativo Aspectos técnicos na execução do exame 129 Anexos a20 20 a21 21 a22 22 a23 23 Atenção prestada pelo pessoal técnico Informação sobre o exame Disponibilidade do pessoal técnico Ordinal 8 Righ F8 F8 Ordinal 8 Right F8 F8 Ordinal 8 Right F8 F8 Ordinal 8 Right F8 F8 Ordinal 8 Right F8 F8 Ordinal 8 Right F8 F8 Ordinal 8 Right F8 F8 Ordinal 8 Right F8 F8 Ordinal 8 Right F8 F8 Ordinal 8 Right F8 F8 Ordinal 8 Right F8 F8 Ordinal 8 Right F8 F8 Ordinal 8 Right F8 F8 Ordinal 8 Right F8 F8 Ordinal 8 Right F8 F8 Informação fornecida sobre o resultado do exame pelo pessoal técnico a24 24 a25 25 Cuidados e carinhos do pessoal técnico Esclarecimentos sobre riscos e complicações do exame por parte do técnico a26 26 a27 27 Qualidade da informação do pessoal técnico Aspectos técnicos na forma como o pessoal médico fizeram o diagnóstico a28 28 a29 29 Atenção prestada pelo pessoal médico Informação sobre o exame: esclarecimentos do pessoal médico a30 30 a31 31 Disponibilidade do pessoal médico Informação fornecida sobre o resultado do exame pelo pessoal médico a32 32 a33 33 Cuidados e carinhos do pessoal médico Esclarecimentos sobre riscos e complicações do exame por parte do médico Qualidade da informação do a34 34 a35 35 Privacidade no consultório Ordinal 8 Right F8 F8 a36 36 Aspecto físico da sala de espera Ordinal 8 Right F8 F8 Ordinal 8 Right F8 F8 Ordinal 8 Right F8 F8 Ordinal 8 Right F8 F8 pessoal médico Utilização de equipamento de a37 37 a38 38 a39 39 a40 40 Sinalização Ordinal 8 Right F8 F8 a41 41 Aspecto físico da sala de espera Ordinal 8 Right F8 F8 a42 42 Ordinal 8 Right F8 F8 a43 43 Ordinal 8 Right F8 F8 apoio Ambiente calmo: paz e sossego Condições físicas das instalações sanitárias Qualidade do consultório em relação aos serviços prestados Imagem do consultório na comunidade 130 Anexos Recomendaria este consultório a a44 44 outra pessoa que necessitasse Scale 9 Right F8 F8 Scale 11 Right F8 F8 Nominal 20 Left A100 A100 Nominal 19 Left A100 A100 Nominal 8 Left A100 A100 de exames imagiológicos Voltaria a este consultório caso a45 45 necessitasse novamente de exames imagiológicos Razões porque voltaria ao a46.a 46 a46.b 47 A46.c 48 a47.a 49 Melhoramentos indispensáveis Nominal 8 Left A100 A100 a47.b 50 Melhoramentos indispensáveis Nominal 8 Left A100 A100 a47.c 51 Melhoramentos indispensáveis Nominal 8 Left A100 A100 a48.a 52 Surpresas agradáveis Nominal 8 Left A100 A100 a48.b 53 Surpresas agradáveis Nominal 8 Left A100 A100 a48.c 54 Surpresas agradáveis Nominal 8 Left A100 A100 a49.a 55 Surpresas desagradáveis Nominal 8 Left A100 A100 a49.b 56 Surpresas desagradáveis Nominal 8 Left A100 A100 a49.c 57 Surpresas desagradáveis Nominal 8 Left A100 A100 Scale 8 Right F8 F8 consultório Razões porque voltaria ao consultório Razões porque voltaria ao consultório Foi dada alguma informação em a50 58 como reclamar, caso necessitasse Grueta Atendiadm i Funcitecni cos Funcimedi cos Amenidad es Opinigera 59 Grupo etário Nominal 10 Right F8 F8 60 Atendimento/admissão Scale 10 Right F8 F8 61 Dimensão funcional – Técnicos Scale 13 Right F8 F8 62 Dimensão funcional – médicos Scale 12 Right F8 F8 63 Amenidades Scale 10 Right F8 F8 64 Opinião geral Scale 10 Right F8 F8 Variables in the working file 131 Anexos Variable values Value a1 a3 a4 a5 a6 a7 a8 a9 a10 a11 Label 1 Feminino 2 Masculino 1 Não sabe ler nem escrever 2 Sabe ler e não frequentou 3 Ensino básico 1º ciclo 4 Ensino básico 2º ciclo 5 Ensino básico 3º ciclo 6 Ensino secundária 7 Ensino superior 1 Radiologia convencional 2 Mamografia 3 Exames contrastados 4 Tac 5 Ecografia 6 Densitometria óssea 1 Nunca, esta foi a primeira vez 2 Mais uma vez 3 Mais duas vezes 4 Três ou mais vezes 1 Através de familiares e amigos 2 Através das novas tecnologias de informação 3 Através de profissionais de saúde 1 O (a) próprio (a) 2 Pessoal administrativo do centro de saúde 3 Pessoal administrativo de outras instituições públicas 4 Pessoal administrativo de outras instituições privadas 1 Um dia 2 Mais que um dia 3 Uma semana 4 Mais que uma semana 1 Um dia 2 Mais que um dia 3 Uma semana 4 Mais que uma semana 1 Admg 2 Adse 3 Privado 4 Psp 5 Sams 6 Sns 0 Não se aplica 1 Mau 2 Regular 3 Bom 4 Muito bom 132 Anexos 5 a12 a13 a14 a15 a16 a17 a18 a19 a20 Excelente 0 Não se aplica 1 Mau 2 Regular 3 Bom 4 Muito bom 5 Excelente 0 Não se aplica 1 Mau 2 Regular 3 Bom 4 Muito bom 5 Excelente 0 Não se aplica 1 Mau 2 Regular 3 Bom 4 Muito bom 5 Excelente 0 Não se aplica 1 Mau 2 Regular 3 Bom 4 Muito bom 5 Excelente 0 Não se aplica 1 Mau 2 Regular 3 Bom 4 Muito bom 5 Excelente 0 Não se aplica 1 Mau 2 Regular 3 Bom 4 Muito bom 5 Excelente 0 Não se aplica 1 Mau 2 Regular 3 Bom 4 Muito bom 5 Excelente 0 Não se aplica 1 Mau 2 Regular 3 Bom 4 Muito bom 5 Excelente 0 Não se aplica 1 Mau 133 Anexos 2 a21 a22 a23 a24 a25 a26 a27 a28 Regular 3 Bom 4 Muito bom 5 Excelente 0 Não se aplica 1 Mau 2 Regular 3 Bom 4 Muito bom 5 Excelente 0 Não se aplica 1 Mau 2 Regular 3 Bom 4 Muito bom 5 Excelente 0 Não se aplica 1 Mau 2 Regular 3 Bom 4 Muito bom 5 Excelente 0 Não se aplica 1 Mau 2 Regular 3 Bom 4 Muito bom 5 Excelente 0 Não se aplica 1 Mau 2 Regular 3 Bom 4 Muito bom 5 Excelente 0 Não se aplica 1 Mau 2 Regular 3 Bom 4 Muito bom 5 Excelente 0 Não se aplica 1 Mau 2 Regular 3 Bom 4 Muito bom 5 Excelente 0 Não se aplica 1 Mau 2 Regular 3 Bom 4 Muito bom 134 Anexos 5 a29 a30 a31 a32 a33 a34 a35 a36 a37 Excelente 0 Não se aplica 1 Mau 2 Regular 3 Bom 4 Muito bom 5 Excelente 0 Não se aplica 1 Mau 2 Regular 3 Bom 4 Muito bom 5 Excelente 0 Não se aplica 1 Mau 2 Regular 3 Bom 4 Muito bom 5 Excelente 0 Não se aplica 1 Mau 2 Regular 3 Bom 4 Muito bom 5 Excelente 0 Não se aplica 1 Mau 2 Regular 3 Bom 4 Muito bom 5 Excelente 0 Não se aplica 1 Mau 2 Regular 3 Bom 4 Muito bom 5 Excelente 0 Não se aplica 1 Mau 2 Regular 3 Bom 4 Muito bom 5 Excelente 0 Não se aplica 1 Mau 2 Regular 3 Bom 4 Muito bom 5 Excelente 0 Não se aplica 1 Mau 135 Anexos 2 a38 a39 a40 a41 a42 a43 a44 a45 a50 Grueta Regular 3 Bom 4 Muito bom 5 Excelente 0 Não se aplica 1 Mau 2 Regular 3 Bom 4 Muito bom 5 Excelente 0 Não se aplica 1 Mau 2 Regular 3 Bom 4 Muito bom 5 Excelente 0 Não se aplica 1 Mau 2 Regular 3 Bom 4 Muito bom 5 Excelente 0 Não se aplica 1 Mau 2 Regular 3 Bom 4 Muito bom 5 Excelente 1 Favorável 2 Desfavorável 0 Não se aplica 1 Mau 2 Regular 3 Bom 4 Muito bom 5 Excelente 0 Não se aplica porque vivo longe do consultório 1 Claro que não 2 Provavelmente não 3 Provavelmente sim 4 Claro que sim 0 Não se aplica porque vivo longe do consultório 1 Claro que não 2 Provavelmente não 3 Provavelmente sim 4 Claro que sim 1 Sim 2 Não 1 ≤20 2 21 – 30 3 31 – 40 136 Anexos opinigera 4 41 – 50 5 51 – 60 6 61 – 70 7 71 – 80 8 ≥81 2 Favorável 3 desfavorável 137