XIX CONGRESSO BRASILEIRO DE FÍSICA MÉDICA 17 A 20 DE AGOSTO DE 2014 GOIÂNIA – GO AVALIAÇÃO DE RENDIMENTOS DOS EQUIPAMENTOS DE RADIOLOGIA Renata O. Bressane1; Micaela G. Ribeiro1, Camila S. Melo1, Ivan Pagotto1, Thamiris R. Reina1; Denise Y. Nersissian1 1Laboratório de Dosimetria das Radiações e Física Médica, Departamento de Física Nuclear, Instituto de Física, Universidade São Paulo, São Paulo, Brasil. Resumo: Este trabalho teve como objetivo a avaliação das curvas de rendimento, bem como da camada semirredutora de equipamentos de radiologia. Os resultados mostraram que os rendimentos variaram até 7% entre fabricantes diferentes tanto para os equipamentos fixos quanto para os portáteis. Conforme esperado, verificou-se a redução do rendimento e o aumento da camada semirredutora com a adição dos filtros de cobre. A estimativa da DEP, por meio da curva de rendimento, apresentou diferença de 3% comparada com o valor medido. Palavras-chave: controle de qualidade, radiodiagnóstico, rendimento. Abstract: The purpose of this paper was evaluate the output curves and half value layers of radiographic equipments. The results have shown a variability of 7% for the output between different manufactures considering fixed and mobile equipments. As expected, an output reduction and half value layer increasing was observed with cooper filtrations. The Entrance Skin Dose (ESD) value was estimated by output curve within 3% when compared with measured value obtained during the quality control tests. Introdução: Dentro de Programa de Garantia de Qualidade (PGQ) vários testes são exigidos pela Portaria MS 453 [1] e Guia da ANVISA [2], dentre eles destaca-se a avaliação de rendimento dos tubos de raios X, que pode ser expresso pela razão entre o kerma no ar em uma distância específica e o produto corrente-tempo [3]. Seguindo as recomendações do TRS 457 [3], a dose de entrada na pele (DEP) pode ser obtida por interpolação da curva de rendimento por tensão [3]. Assim, o objetivo deste trabalho é determinar curvas de rendimentos dos equipamentos de radiologia em duas instituições onde o Instituto de Física da Universidade de São Paulo (IFUSP) tem implementado os PGQs. Material e Métodos: Para um valor fixo de produto corrente-tempo (mAs), alterou-se a tensão no equipamento de 40 a 130 kV. O valor de kerma no ar para cada tensão selecionada foi medido utilizando-se uma câmara de ionização de 6 cm³ da Radcal Corporation, posicionada a 1 m do ponto focal, utilizando-se colimação de 10 x 10 cm² na altura do detector. Tais medições foram feitas para: três equipamentos portáteis Siemens Polymobil; três equipamentos portáteis Shimadzu MobileArt Evolution, tanto para foco fino, quanto grosso. Além disso, foram avaliados também, um equipamento Siemens MultixTop e dois Siemens Iconos, denominados neste trabalho de A, B e C, respectivamente, que possuem filtrações adicionais de 0,1 mmCu, 0,2 mmCu e 0,3 mmCu, além da filtração total indicada nos equipamentos de 2,5 mmAl. Foram medidos, também, valores de camada semirredutora com técnica de 80 kV e 20 mAs. Resultados: A avaliação dos equipamentos portáteis Siemens Polymobil e Shimadzu MobileArt Evolution apresentou coeficiente de variação máximo de 7% entre todas as tensões para os dois fabricantes. Para os equipamentos da Shimadzu que possuíam duas opções de foco (grosso e fino), a diferença máxima percentual foi de 3,1 % entre ambos os focos. Seguindo a mesma comparação para os equipamentos fixos (A, B e C), os coeficientes de variação ficaram entre 4% e 7% para todas as filtrações. Com a adição dos filtros de cobre, verificou-se a diminuição das curvas de rendimento nos três equipamentos fixos A, B e C, conforme esperado. A Figura 1 apresenta tais curvas para o equipamento Siemens Iconos (C) com ajuste polinomial quadrático (R2 ≈ 1). A Tabela 1 apresenta os XIX CONGRESSO BRASILEIRO DE FÍSICA MÉDICA 17 A 20 DE AGOSTO DE 2014 GOIÂNIA – GO resultados das camadas semirredutoras avaliadas para os três equipamentos nas diferentes filtrações. Figura 1 – Curvas de rendimento para as diferentes filtrações disponíveis no equipamento Siemens Iconos (C) Tabela 1 – Camada semirredutora em mmAl para diferentes filtros 2,5 mmAl + 2,5 mmAl + 2,5 mmAl + 2,5 mmAl 0,1 mmCu 0,2 mmCu 0,3 mmCu A 3,01 4,89 6,14 7,07 B 3,24 5,15 6,52 7,46 C 3,13 4,97 6,26 7,15 Equipamento Como exemplo, foi calculada a DEP para o exame de abdômen com técnicas radiográficas do equipamento C utilizando a curva de rendimento apenas com a filtração total de 2,5 mmAl obtendo-se diferença de 3% em relação ao valor medido no teste de controle de qualidade (CQ). Discussão e Conclusões: Na comparação entre os equipamentos portáteis e fixos, verificou-se que os rendimentos variaram até 7% entre fabricantes diferentes. Não foi possível observar diferença significativa entre rendimentos com focos grosso e fino nos equipamentos portáteis da Shimadzu, porém essas medições continuarão sendo feitas para averiguação de possíveis diferenças com o uso caso esses focos não utilizem a mesma região do anodo [4]. A resposta dos três equipamentos fixos da Siemens à adição de filtros foi semelhante tanto na redução do rendimento quanto no aumento da camada semirredutora, tais parâmetros serão acompanhados durante as próximas medições de CQ. Em análises preliminares, verificou-se que a curva de rendimento é uma boa aproximação para estimar os valores de DEP nos equipamentos de raios X, visto ter-se obtido uma diferença de apenas 3%. Pretende-se ampliar este estudo para outras regiões anatômicas descritas no teste de DEP recomendado por [2], com a finalidade de substituir tal teste. Referências: 1. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Portaria MS 453: Diretrizes de proteção radiológica em radiodiagnóstico médico e odontológico do Ministério da Saúde. Diário Oficial da União. Brasília, de 02 de junho de 1998. 2. MINISTÉRIO DA SAÚDE. AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA. ALDRED, M. A. Radiodiagnóstico Médico: Desempenho de Equipamentos e Segurança. Brasília: Ministério da Saúde, 2005. 3. International Atomic Energy Agency. Technical Reports Series nº 457. Vienna: 2007. 4. Bushong SC. Ciência Radiológica para tecnólogos: física, biologia e proteção. Rio de Janeiro: Elsevier; 2010.