UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS LUIZ FERNANDO DE OLIVEIRA METODOLOGIA ENXUTA PARA ELABORAÇÃO DE PLANOS DE MANUTENÇÃO BASEADA NA CONFIABILIDADE DOS EQUIPAMENTOS Joinville - SC 2010 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS LUIZ FERNANDO DE OLIVEIRA METODOLOGIA ENXUTA PARA ELABORAÇÃO DE PLANOS DE MANUTENÇÃO BASEADA NA CONFIABILIDADE DOS EQUIPAMENTOS Trabalho de Graduação apresentado à Universidade do Estado de Santa Catarina, como requisito parcial para obtenção do título de Engenheiro de Produção e Sistemas. Orientador: Dr. Evandro Bittencourt Joinville - SC 2010 LUIZ FERNANDO DE OLIVEIRA METODOLOGIA ENXUTA PARA ELABORAÇÃO DE PLANOS DE MANUTENÇÃO BASEADA NA CONFIABILIDADE DOS EQUIPAMENTOS Trabalho de Graduação aprovado como requisito parcial para a obtenção do título de Engenheiro do curso de Engenharia de Produção e Sistemas da Universidade do Estado de Santa Catarina. Banca Examinadora: Orientador: ______________________________________ Prof. Evandro Bittencourt Membro: ______________________________________ Prof. Fernando Natal de Pretto Membro: ______________________________________ Prof. Valdésio Benevenutti Joinville, 16/11/2010 AGRADECIMENTOS Primeiramente a Deus, pela vida e pela força concebida para a concretização de mais um sonho. À minha companheira Andrea Bitencourt de Oliveira e minha filha Sthéfany Caroline de Oliveira, pelo amor, companheirismo, paciência e incentivos prestados em toda a minha vida acadêmica. Aos meus pais Djair de Oliveira e Luci Maria de Oliveira, pelo amor, dedicação, exemplo de garra e caráter, e por estarem sempre ao meu lado em todos os momentos. Àos meus irmãos Guilherme, Patricia e Ana Claudia, pelos momentos de alegria e por sempre acreditar em mim. À empresa Whirlpool S/A – Unidade Embraco, em especial ao Supervisor de Manutenção Edésio Inacio, pelo exemplo de pessoa, líder e profissional dedicado, por me guiar no desenvolvimento de minha carreira profissional. À Universidade do Estado de Santa Catarina, em especial aos professores Evandro Bitencourt e Régis Kovacs Scalice, pelo exemplo de competência e dedicação. LUIZ FERNANDO DE OLIVEIRA METODOLOGIA ENXUTA PARA ELABORAÇÃO DE PLANOS DE MANUTENÇÃO BASEADA NA CONFIABILIDADE DOS EQUIPAMENTOS RESUMO A Manutenção Centrada na Confiabilidade (MCC), é uma ferramenta utilizada pela manutenção, visando dividir o equipamento em sistemas para analisar suas funções, as possíveis falhas para cada função, os modos de falha para cada falha e as causas, efeitos, frequências, gravidades e riscos para cada modo de falha. Com esses dados é possível elabolarar um plano de manutenção para o equipamento muito mais eficiente, visando confiabilidade e disponibilidade de máquina. O presente trabalho irá propor uma versão enxuta desta ferramenta, reduzindo o tempo de implementação no equipamento buscanto tornar ascessível a empresa Whirlpool – Unidade Embraco, a aplicação da mesma. Contento os passos para se aplicar a ferramenta nos equipamentos e para a implantação na empresa. A proposta é reduzir consideravelmente os recursos necessários para a implantação da ferramenta, buscando garantir as funções principais do equipamento e padronizar a elaboração de planos de manutenção utilizando melhor todos os recursos disponíveis da empresa, visando ajudar a empresa atingir a meta que é de 96% de disponibilidade para cada equipamento e redução dos estoques atravéz do aumento da confiabilidade. Palavra chave: Disponibilidade. Manutenção Centrada na Confiabilidade (MCC), Confiabilidade, LISTA DE ILUSTRAÇÀO Figura 1 – Curva do ponto de falha...........................................................................................19 Figura 2 – Coletando dados para análise de vibração ........................................................... 20 Figura 3 – Exemplo de gráfico gerado pelo software de análise de vibração...........................21 Figura 4 – Imagem termográfica e imagem real de um moto redutor ..................................... 22 Figura 5 – Identificando tamanho das particulas ..................................................... ..............23 Figura 6 – Identificando trincas utilizando a técnica de partículas magnéticas........................24 Figura 7 – Diagrama organizacional de uma usina hidrelétrica................................................27 Figura 8 – Foto de uma turbina.................................................................................................29 Figura 9 – Curva da banheira....................................................................................................29 Figura 10 – Configuração clássica de componentes do grupo de revisão da MCC..................35 Figura 11 – Planta Whirlpool – Embraco em Joinville – SC - Brasil ...................... ..............39 Figura 12 – Diagrama de blocos comparando o processo da MCC padrão com a MCC enxuta........................................................................................................................................41 Figura 13 – Divisão de sistemas e subsistemas de um equipamento........................................53 LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Comparação da manutenção tradicional com a MCC ........................................... 26 Tabela 2 – Matriz de risco do modo de falha ......................................................................... 30 Tabela 3 – Identificação dos sistemas ................................................................................... 43 Tabela 4 – Análise de risco......................................................................................................46 Tabela 5 – Passos para implantação da MCC ........................................................................ 49 Tabela 6 – Comparação da metodologia de criação do plano de manutenção ........................ 52 Tabela 7 – Comparativo antes e depois da implantação da MCC........................................... 54 LISTA DE ABREVIATURAS ABENDE – Associação Brasileira de Ensaios Não Destrutivos e de Inspeção CLASSE A – Equipamento de grande impacto econômico na produção (gargalo) COD – Código EECON – Embraco Eletronic Controls EEO - Evidente econômico/operacional EMBRACO – Empresa Brasileira de Compressores ESA - Evidente de segurança/ambiente ISO - International Standardization Organization - Organização Internacional para padronização ISO 9001 – Certificação da gestão da qualidade MCC – Manutenção Centrada na Confiabilidade OEO - Oculto econômico/operacional OSA - Oculto segurança/ambiental SA – Sociedade Anônima SAP – Software de Gestão Empresarial SC – Santa Catarina UFSC – Universidade Federal de Santa Catarina USP – Universidade de São Paulo SUMÁRIO LISTA DE ILUSTRAÇÀO ..................................................................................................6 LISTA DE TABELAS ..........................................................................................................7 LISTA DE ABREVIATURAS .............................................................................................8 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 11 1.1 APRESENTAÇÃO DO TEMA ...................................................................................... 12 1.2 CARACTERIZAÇÃO DO PROBLEMA........................................................................ 12 1.3 OBJETIVOS................................................................................................................... 12 1.3.1 Objetivo Geral............................................................................................................ 13 1.3.2 Objetivos Específicos ................................................................................................. 13 1.4 JUSTIFICATIVA ........................................................................................................... 13 1.5 DELIMITAÇÃO DO TRABALHO ................................................................................ 13 1.6 ESTRUTURA DO TRABALHO .................................................................................... 14 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ................................................................................... 15 2.1 HISTÓRIA DA MANUTENÇÃO .................................................................................. 15 2.2 TIPOS DE MANUTENÇÃO .......................................................................................... 16 2.2.1 Manutenção Corretiva ............................................................................................... 17 2.2.2 Manutenção Preventiva ............................................................................................. 18 2.2.3 Manutenção Preditiva................................................................................................ 19 2.3 MANUTENÇÃO CENTRADA NA CONFIABILIDADE (MCC) .................................. 24 2.3.1 Questões Básicas do MCC ......................................................................................... 26 2.3.2 Sistemas e Funções ..................................................................................................... 27 2.3.3 Falhas ......................................................................................................................... 28 2.3.4 Modos de Falhas ........................................................................................................ 28 2.3.5 Efeitos de Falhas ........................................................................................................ 30 2.3.6 Conseqüências de Falhas ........................................................................................... 31 2.3.7 Escolha da Atividade de Manutenção. ...................................................................... 32 2.3.8 Plano de Manutenção................................................................................................. 33 2.3.9 Processo de Implantação da MCC ............................................................................ 34 3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ................................................................... 37 3.1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 37 3.2 APRESENTAÇÃO DA EMPRESA................................................................................ 38 3.2.1 Estrutura .................................................................................................................... 39 3.2.2 Unidade Brasil............................................................................................................ 39 3.3 ETAPAS DA PESQUISA ............................................................................................... 40 4 METODOLOGIA E IMPLANTAÇÃO DA FERRAMENTA MCC ENXUTA ........... 41 4.1 ESCOLHA DO EQUIPAMENTO PARA IMPLANTAÇÃO. ......................................... 42 4.2 DIVISÃO DOS SISTEMAS ........................................................................................... 42 4.3 REGISTRO DAS INFORMAÇÕES ............................................................................... 43 4.4 IDENTIFICAÇÃO DAS FUNÇÕES .............................................................................. 44 4.5 IDENTIFICAÇÃO DAS FALHAS, MODOS DE FALHA, CAUSA E EFEITO ............. 44 4.6 IDENTIFICAÇÃO DA FREQÜÊNCIA E GRAVIDADE ............................................. 45 4.7 ANÁLISES DE RISCO .................................................................................................. 45 4.8 PLANO DE MANUTENÇÃO ........................................................................................ 46 4.9 ESCOLHA DO TIPO DE MANUTENÇÃO ................................................................... 47 4.10 PERIODICIDADE PARA AS ATIVIDADES DE MANUTENÇÃO ............................ 48 4.11 IMPLANTAÇÃO DA FERRAMENTA MCC .............................................................. 48 5 RESULTADOS ................................................................................................................ 51 5.1 RESULTADOS OBTIDOS ............................................................................................ 51 CONCLUSÕES FINAIS .................................................................................................... 56 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................................... 58 ANEXO 1 – Diagrama De Blocos De Uma Máquina De Separação De Polpa ................. 60 ANEXO 2 – Formulário De Documentação De Uma Máquina De Separação De Polpa . 61 APÊNDICE 1 – Exemplo De Preenchimento Do Cadastro De Sistemas .......................... 62 APÊNDICE 2 - Exemplo De Preenchimento Do Cadastro Do Plano De Manutenção .... 63 APÊNDICE 3 – Cadastro De Identificação Dos Sistemas ................................................. 64 APÊNDICE 4 – Cadastro De Sistemas .............................................................................. 65 APÊNDICE 5 – Cadastro Dos Planos De Manutenção ..................................................... 66 11 1 INTRODUÇÃO Diante do atual cenário mundial de extrema competitividade e concorrência em que as organizações estão inseridas, é de suma importância a adoção de práticas e estratégias que resultem no aumento da eficácia e eficiência das operações em sua totalidade, seja ela de cunho estratégico, tático ou operacional. Para uma indústria, o maior percentual de ganhos e também de perdas estão concentradas na produção, e por esta razão é vital o monitoramento e avaliação de seus equipamentos, tanto no aspecto confiabilidade como no desempenho operacional, assim como da organização em sua totalidade. Atualmente com estes vários programas de melhorias contínuas e manufatura enxuta adotados pelas empresas brasileiras desde o final dos anos 90, dos mais diversos setores, visando à eliminação de desperdícios, ou seja, tudo aquilo que adiciona custos, mas não adiciona valor agregado ao produto final. E a manutenção não ficou de fora, pois casa vez tem um papel mais importante na indústria, ela precisa garantir disponibilidade dos equipamentos, pensando em aumento da demanda e redução dos custos dos processos produtivos. Desde a implantação do Lean Manufacturing (manufatura enxuta), houve maior cobrança por parte da empresa junto a manutenção no quesito confiabilidade e disponibilidade dos equipamentos. Tendo a manutenção como desafio, melhorar esses índices sem contratar profissionais e investir em reformas dos equipamentos. Uma das soluções para a manutenção é a aplicação da ferramenta Manutenção Centrada na Confiabilidade (MCC), que tem como foco preservar as funções e não os componentes do equipamento, como é realizado na manutenção atual. O desafio dessa ferramenta é sua complexibilidade de aplicação, analisando a fundo cada parte da máquina, levando-se muito tempo e utilizando muitos recursos, tornando muita vezes a técnica inviável para a empresa. Com este trabalho, espera-se viabilizar a MCC para a empresa do estudo de caso, resumindo algumas partes do processo: subdivisão dos sistemas, o grande volume de documentação, o grande número de pessoas na equipe de implementação e o grande número de horas destinadas a este fim. Diminuindo assim a eficiência da ferramenta, mas ainda apresentando resultados que atendam as novas exigências de disponibilidade e confiabilidade da empresa, tornando o processo de implantação mais rápido e utilizando menos recursos. 12 Aplicando uma MCC enxuta, espera-se padronizar o método de criação dos planos de manutenção na empresa, atender as necessidades da produção em relação ao aumento da confiabilidade, possibilitando assim a redução dos estoques, aumento da disponibilidade, melhorando os índices de produtividade dos equipamentos e utilizar melhor os recursos da manutenção disponíveis na empresa. 1.1 APRESENTAÇÃO DO TEMA O tema deste estudo é elaboração de uma metodologia enxuta para elaboração de planos de manutenção baseada na confiabilidade dos equipamentos, assim espera-se padronizar o método de criação dos planos de manutenção, atender as necessidades da produção em relação ao aumento da confiabilidade dentro da empresa Whirlpool S/A Unidade Embraco, sediada na cidade de Joinville, região norte do estado de Santa Catarina. Este modelo é de suma importância, visto que a adoção de diferentes técnicas de elaboração de planos de manutenção resultam em impactos diversos no sistema produtivo, que variam desde custos excessivos de manutenção, baixa produtividade dos equipamentos devido a baixa disponibilidade dos mesmos e até mesmo a má aplicação dos recursos disponíveis na manutenção. 1.2 CARACTERIZAÇÃO DO PROBLEMA Na empresa estudada, depois da implantação do Lean Manufacturing (manufatura enxuta), e juntamente, com o aumento da demanda, houve maior cobrança junto a manutenção no quesito confiabilidade e disponibilidade dos equipamentos. Tendo a manutenção como desafio, melhorar esses índices sem contratar profissionais e investir em reformas dos equipamentos. Assim, o problema é como implantar de forma enxuta os planos de manutenção basendo-se na disponibilidade dos equipamentos conforme a ferramenta do MCC. 1.3 OBJETIVOS O trabalho possui objetivos gerais e específicos, os quais estão descritos a seguir. 13 1.3.1 Objetivo Geral Implementar um modelo de elaboração de planos de manutenção para atender as necessidades da produção em relação ao aumento da confiabilidade, possibilitando assim a redução dos estoques, aumento da disponibilidade, melhorando os índices de produtividade dos equipamentos e utilizar melhor os recursos da manutenção disponíveis na empresa. 1.3.2 Objetivos Específicos Os objetivos específicos deste trabalho são: Identificar os componentes do equipamento com maior grau de risco em falhas provenientes da falta de manutenção; Identificar os equipamentos com maior risco de quebra, com maior custo de manutenção devido à má elaboração dos planos de manutenção existentes. 1.4 JUSTIFICATIVA Este trabalho será realizado nas unidades de compressores Embraco, será um processo enxuto da MCC que reduz consideravelmente o tempo de implantação e os recursos necessários, mas que atenda as expectativas de resultados da empresa. Dessa forma, a implantação de um modelo como ferramenta de criação de planos de manutenção auxiliará diretamente nas atividades estratégicas dos setores, traduzindo-se também como uma ferramenta vital para o resultado da organização como um todo, visto a importância da confiabilidade dos equipamentos, traduzindo diretamente nos seus indicadores de desempenho. 1.5 DELIMITAÇÃO DO TRABALHO Se limita a implementação de uma metodologia enxuta baseado na confiabilidade dos equipamentos, na empresa Whirlpool – unidade Embraco, visando auxiliar a elaboração dos planos de manutenção para padronização do processo de planejamento de manutenção. Este contexto está atrelado à inúmeros fatores que serão estratificados durante o estudo de caso. O 14 principal objetivo desta ferramenta é aumentar a eficiência, a confiabilidade e a performance dos planos de manutenção afim de reuni-las em um modelo que se possa minimizar o processo de implantação e elaboração dos planos, reduzindo os impacto e os riscos atrelados à cada decisão. 1.6 ESTRUTURA DO TRABALHO No primeiro capítulo é apresentada a introdução, a apresentação do tema, a caracterização do problema, os objetivos gerais e específicos, a justificativa, além da delimitação do estudo e da estrutura do trabalho. O segundo capítulo abrange a fundamentação teórica, para o entendimento posterior das melhorias propostas na prática. O terceiro capítulo contempla a metodologia da pesquisa, possuindo a metodologia, a apresentação da empresa e as etapas da pesquisa. No quarto capítulo é apresentada a descrição do estudo de caso, explanando detalhadamente cada proposta sugerida e implantada. Nos demais capítulos encontram-se as considerações finais, as referências bibliográficas e os apêndices utilizados neste trabalho. 15 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Este capítulo apresenta a fundamentação teórica a respeito do tema desta pesquisa. 2.1 HISTÓRIA DA MANUTENÇÃO A conservação de instrumentos e ferramentas é uma prática observada, historicamente, desde os primórdios da civilização, mas, efetivamente, foi somente quando da invenção das primeiras máquinas têxteis, a vapor, no século XVI, que a função manutenção emerge. Naquela época, aquele que projetava as máquinas, treinava as pessoas para operarem e consertarem, intervindo apenas em casos mais complexos. Até então, o operador era o mantenedor - mecânico. Somente no ultimo século, quando as máquinas passam a serem movidas, também, por motores elétricos, é que surge a figura do mantenedor eletricista. Assim, com a necessidade de se manter em bom funcionamento todo e qualquer equipamento, ferramenta ou dispositivo para uso no trabalho, em épocas de paz, ou em combates militares nos tempos de guerra, houve a conseqüente evolução das formas de manutenção. Na era moderna, após a Revolução Industrial, Fayol propõe seis funções básicas na empresa, destacando a função técnica, relacionada com a produção de bens ou serviços, da qual a manutenção é parte integrante. Segundo Monchy (1989, p.03), "o termo "manutenção" tem sua origem no vocábulo militar, cujo sentido era "manter, nas unidades de combate, o efetivo e o material num nível constante". É evidente que as unidades que nos interessam aqui são as unidades de produção, e o combate é antes de tudo econômico. O aparecimento do termo "manutenção" na indústria ocorreu por volta do ano 1950 nos Estados Unidos da América. Na França, esse termo se sobrepõe progressivamente à palavra "conservação"." Segundo Müller (1993, prefácio), "vivemos hoje na América Latina, e muito particularmente no Brasil, uma era de grandes mudanças em praticamente todos os campos e atividades. Vivemos profundas transformações políticas com o fim dos regimes ditatoriais e a substituição destes governos por governos democráticos, em que as pessoas escolhem livremente os seus representantes. Experimentamos uma radical mudança do modelo econômico, com o fim dos mercados fechados e cartelizados. O consumidor - industrial ou privado - tinha de se contentar em escolher apenas os produtos ou serviços oferecidos localmente. Os produtos que incorporavam a tecnologia mais moderna e melhor qualidade, 16 que eram vendidos no exterior a preços mais baixos que os entrados no mercado local, estavam fora do seu alcance, pois as barreiras à importação eram quase intransponíveis. E a competição, mola do desenvolvimento, estimuladora da eficiência e controladora dos preços no mercado, se limitava aos fabricantes locais, todos sujeitos a essas mesmas limitações." Assim, as nossas indústrias, para recuperar os atrasos tecnológico e de produtividade, precisam de mudanças técnicas e administrativas urgentes em todos os seus setores. A manutenção, por sua vez, tem que ser moderna e eficiente, acompanhando o ritmo de todo este processo de desenvolvimento tecnológico , e antes de se tornar mais um obstáculo aos meios produtivos, ela deve buscar sempre as melhores soluções, procurando tornar o conjunto mais ágil e dinâmico, porque o seu papel é o de suporte da produção. Com a globalização, aumento da concorrência, exigência da qualidade dos produtos, a manutenção é considerada uma importante ferramenta para auxiliar nesses pontos onde foram criadas várias técnicas de manutenção, visando aumentar a confiabilidade e disponibilidade dos equipamentos. A técnica mais recente, complexa e que traz maior resultado, é a manutenção centrada na confiabilidade. 2.2 TIPOS DE MANUTENÇÃO Cada equipamento tem suas particularidades, desde suas características construtivas, propósito, custo de manutenção, impacto na produção e tempo de manutenção. Esses fatores são decisivos na hora de escolher qual tipo de manutenção é mais adequado a ser aplicado no equipamento, mas para isso deve se entender como funciona e as características de cada tipo de manutenção, que é dividida em cinco tipos: Segundo Kardec e Nascif (2006, p.35): Manutenção corretiva não planejada; Manutenção corretiva planejada; Manutenção preventiva; Manutenção preditiva; Manutenção detectiva. 17 2.2.1 Manutenção Corretiva A manutenção corretiva é a forma mais óbvia e mais primária de manutenção; pode sintetizar-se pelo ciclo "quebra-repara", ou seja, o reparo dos equipamentos após a avaria. Constitui a forma mais cara de manutenção quando encarada do ponto de vista total do sistema. Pura e simples conduz a: Baixa utilização anual dos equipamentos e máquinas e, portanto, das cadeias produtivas; Diminuição da vida útil dos equipamentos, máquinas e instalações; Paradas para manutenção em momentos aleatórios e muitas vezes, inoportunos por corresponderem a épocas de ponta de produção, a períodos de cronograma apertado, ou até as épocas de crise geral. Quando um equipamento apresenta uma falha e atua-se nele para corrigir esta falha, pratica-se manutenção corretiva, não importando se ele quebrou ou apresenta deficiência. Segundo Kardec e Nascif (2006, p.36), “Manutenção corretiva é a atuação para a correção da falha ou do desempenho menor que o esperado”. Para Otani e Machado (2008), a manutenção corretiva é dividida em duas classes: Manutenção corretiva não planejada: quando a manutenção não é esperada, oferecendo vários pontos negativos como: danos do equipamento, prejuízos na produção, falta de mão-de-obra, danos em outros equipamentos e risco para segurança do operador; Manutenção corretiva planejada: quando um equipamento é acompanhado e detecta-se ou prevê-se a falha antes da quebra, planejando uma manutenção, e assim antecipando todos os possíveis prejuízos que a parada deste equipamento possa oferecer como contingência de mão-de-obra, antecipar a produção e a compra das peças antecipadas. De acordo com Kardec e Nascif (2006, p.38), manutenção corretiva planejada é a correção do desempenho menor que o esperado ou a falha, por decisão gerencial, isto é pela atuação em função de acompanhamento preditivo ou pela decisão de operar até a quebra. É claro que se torna impossível eliminar completamente este tipo de manutenção, pois não se pode prever em muitos casos o momento exato em que se verificará um defeito que obrigará a uma manutenção corretiva de emergência. 18 2.2.2 Manutenção Preventiva A Manutenção Preventiva, como o próprio nome sugere, consiste em um trabalho de prevenção de defeitos que possam originar a parada ou um baixo rendimento dos equipamentos em operação. Esta prevenção é feita baseada em estudos estatísticos, estado do equipamento, local de instalação, condições elétricas que o suprem, dados fornecidos pelo fabricante (condições ótimas de funcionamento, pontos e periodicidade de lubrificação, etc.), entre outros. Suas vantagens são a diminuição do número total de intervenções corretivas, aligeirando o custo da corretiva; grande diminuição do número de intervenções corretivas ocorrendo em momentos inoportunos como por ex: em períodos noturnos, em fins de semana, durante períodos críticos de produção e distribuição, etc., e o aumento considerável da taxa de utilização anual dos sistemas de produção e de distribuição. Segundo Lafraia (2006), todo elemento de máquinas, tanto mecânico, elétrico ou eletrônico, possui uma vida útil, a manutenção preventiva busca identificar esta vida útil e prevenir a falha. Segundo Kardec e Nascif (2006, p.39), “Manutenção preventiva é a atuação realizada de forma a reduzir ou evitar a falha ou queda no desempenho, obedecendo a um plano previamente elaborado, baseado em intervalos definidos de tempo. Algumas máquinas já fornecem a vida útil de cada elemento para facilitar na hora da elaboração do plano de manutenção, mas na maioria das vezes é necessário buscar em catálogos nos casos de elementos comuns como rolamentos, retentores, gaxetas, válvulas, guias lineares, fusos de esferas, cilindros pneumáticos entre outros. Em casos de peças particulares de cada máquina a principal referência é o histórico da máquina ou de equipamentos semelhantes que já existem na fábrica. Para Lafraia (2006), a manutenção preventiva faz com que aumente a confiabilidade e disponibilidade das máquinas, mas possui alguns pontos negativos: A possibilidade de ser trocado um elemento que ainda esteja distante da falha ocasionando desperdício; Falha humana durante a troca; Falha dos elementos novos colocados na máquina; Danos durante a parada e partida dos equipamentos; Falha no procedimento de manutenção. 19 2.2.3 Manutenção Preditiva Manutenção preditiva é a atuação realizada com base em modificação de parâmetro de CONDIÇÃO ou DESEMPENHO, cujo acompanhamento obedece a uma sistemática. O objetivo deste tipo de manutenção é prevenir falhas nos equipamentos ou sistemas através de acompanhamento de parâmetros diversos, permitindo a operação contínua do equipamento pelo maior tempo possível. É a primeira grande quebra de paradigma na manutenção, e tanto mais se intensifica quanto mais o conhecimento tecnológico desenvolve equipamentos que permitam avaliação confiável das instalações e sistemas operacionais em funcionamento. Segundo Otani e Machado (2008), a manutenção preditiva é o monitoramento através de técnicas do estado do equipamento, buscando usar toda a vida útil do elemento que está sendo monitorado, sendo planejada a troca somente depois que ocorreu o início da falha, possibilitando o planejamento da manutenção. Para Kardec e Nascif (2006), toda falha tem um comportamento diferente em relação ao tempo que ocorre cada fase da falha, mas toda falha realiza a mesma curva. A Figura 1 mostra como se comporta uma falha. Condição da falha Ponto onde a falha Normal começou a ocorrer P Ponto onde a falha começa a ser Percebida percebida Falha potencial F Falha Funcional Figura 1: Curva do ponto de falha Idade da falha Fonte: Kardec e Nascif (2006, p.134) Condições básicas para aplicação da preditiva: O equipamento, o sistema ou a instalação devem permitir algum tipo de monitoramento/medição; 20 O equipamento, o sistema ou a instalação devem merecer esse tipo de ação, em função dos custos envolvidos; As falhas devem ser oriundas de causas que possam ser monitoradas e ter sua progressão acompanhada; Deve ser estabelecido um programa de acompanhamento, análise e diagnóstico, sistematizado; É fundamental que a mão-de-obra da manutenção responsável pela análise e diagnóstico seja bem treinada. Não basta medir; é preciso analisar os resultados e formular diagnósticos. Para ABENDE a (2008), “O ensaio para vibrações mecânicas, em muitas fábricas, é um método indispensável na detecção prematura de anomalias de operação”, identificando problemas como falhas de rolamentos, desalinhamento, desbalanceamento, excentricidade, abrasão, ressonância, folgas, entre muitos outros. Através da vibração da máquina é possível caracterizar o defeito e sua gravidade. A Figura 2 mostra um profissional coletando dados para análise de vibração. Figura 2: Coletando dados para análise de vibração Fonte: www.mcabombas.com.br/preditiva.jpg 21 A informação é coletada através do acelerômetro, que transmite essas informações para um software, transformando-a em gráficos de ondas, o que possibilita a intensificação da freqüência onde estão as falhas e sua amplitude, como mostra o exemplo da Figura 3, permitindo assim o diagnóstico da falha. Figura 3: Exemplo de gráfico gerado pelo software de análise de vibração Fonte: www.mecatronicaatual.com.br/files/image/figura_1_analise_vibracao.jpg Conforme Kardec e Nascif (2006), o ponto negativo desta técnica é o custo elevado. Por manter um profissional com especialidade específica, adquirir equipamentos com alto custo ou terceirizar o serviço. Sendo então necessário realizar um estudo de viabilidade para aplicar a técnica. Outra técnica muito utilizada é a termográfia. Segundo Otani e Machado (2008), a inspeção termográfica (Termográfica) é uma das técnicas de preditiva que propicia maior retorno de investimento, evitando paradas e acidentes em instalações elétricas. Sendo uma técnica não destrutiva que utiliza os raios infravermelhos, para medir temperaturas ou 22 observar padrões diferentes de distribuição de temperatura, com o objetivo de propiciar informações da condição operacional de um componente, equipamento ou processo. A Figura 4 contém uma imagem termográfica e a imagem real de um moto redutor, caracterizando com precisão qual parte do equipamento existe maior temperatura. Figura 4: Imagem termográfica e imagem real de um moto redutor Fonte:www.visir.net Outra técnica é a ferrografia constitui uma técnica laboratorial de manutenção preventiva que tem por objetivo a análise dimensional das partículas existentes numa amostra de óleo e permite medir diferentes concentrações de acordo com diferentes grupos de dimensões. Nesta técnica uma amostra de óleo é vertida numa placa de vidro montada num plano inclinado e submetida a um campo magnético intenso. As partículas existentes de maior dimensão serão retidas em primeiro lugar relativamente a outras de menor dimensão que, entretanto, continuarão a fluir segundo o plano inclinado, sendo retidas em outro local. Através deste método é possível identificar diferentes grupos com diferentes dimensões e concentrações, assim são determinados os tipos de problemas existentes e quais providências a equipe de manutenção deve tomar. Problemas típicos: Sobrecargas Lubrificação incorreta ou contaminada Pitting em engrenagens ou rolamentos Desalinhamento Corrosão por ataque químico Oxidação (ferrugem) Arrastamento de material 23 Erros de projeto, montagem ou operação Aplicações: Redutores Turbo-geradores Sistemas hidráulicos Mancais em geral Motores diesel Compressores de parafuso, centrífugos ou alternativos. Figura 5: Identificando tamanhos das partículas utilizando a técnica de ferrografia Fonte: www.frato.com/interna_nova.php Também é utilizado o ultra-som, que Segundo ABENDE b (2008), É utilizado para identificar descontinuidades internas do material, como trincas e falhas no material. O ultrasom gera um pulso ultra sônico que quando interrompido retorna um sinal que é convertido em sinal eletrônico mostrado no visor, este sinal mostra a profundidade da trinca, o tamanho e a espessura. Segundo ABENDE b (2008, p. 1), “O ensaio ultra sônico é, sem sombra de dúvidas, o método não destrutivo mais utilizado e o que apresenta o maior crescimento, para a detecção de descontinuidades internas nos materiais.” 24 A ultima técnica citada é a de partículas magnéticas, que para Andreucci (2007), É uma técnica utilizada para identificar trincas, junta fria, inclusão, dupla laminação, falta de penetração, segregações e dobramentos. O principio de funcionamento é simples. É criado um campo magnético na peça a ser analisada e se houver alguma descontinuidade é gerada nesta região uma polaridade magnética que é capaz de atrair as partículas magnéticas que são colocadas sobre a peça, assim tornando visível a trinca. A Figura 6 mostra a técnica sendo aplicada. Figura 6: Identificando trincas utilizando a técnica de partículas magnéticas Fonte: www.wbsservicos.com.br/aparelho-yoke.jpg 2.3 MANUTENÇÃO CENTRADA NA CONFIABILIDADE (MCC) Segundo Lafraia (2006), saber diferenciar o que são tipos de manutenção e ferramentas de manutenção é essencial, a MCC é uma ferramenta utilizada para facilitar a identificação de qual o melhor tipo de manutenção a ser utilizada. Trata-se de um método estruturado buscando responder questionamentos em uma seqüência lógica. A MCC é uma abordagem prática para a obtenção de um nível de manutenção custoefetivo”. Essa foi a primeira descrição geral da metodologia MCC, elaborada por Nowlan e Heap (VATN, 1997). Os criadores da MCC, por meio de estudo feito no início da década de 25 1970, proporcionaram a base teórica necessária para a fundamentação e o estabelecimento da metodologia nos diversos ramos da indústria, mantendo atualmente, com poucas variações em sua essência, um alto grau de inovação e de efetividade. Martorell e outros autores definem a MCC como uma metodologia sistemática para a determinação das atividades de MP e MP deficientes e aplicáveis, visando prevenir as causas de falhas dominantes de equipamentos críticos e, desse modo, obter os níveis adequados de disponibilidade do equipamento e de custos, pela redução da MC (MARTORELL, 2000). Do ponto de vista teórico, espera-se que um estudo de manutenção centrada em confiabilidade produza as informações necessárias para o dimensionamento dos recursos de manutenção de forma a atender os objetivos de negócio da planta. De maneira simplista podemos dizer que um estudo deve determinar o que fazer, por que fazer a tarefa de manutenção, onde fazer, como fazer de forma adequada, quem deve fazer e quando fazer, no que se refere á interação do profissional de manutenção, operação ou engenharia com o equipamento. Hauge e Johnston (2001), estribados na experiência da aplicação da MCC em agências espaciais, ressaltam que uma das forças da MCC é sua simplicidade. Embora não tão rigorosa, analiticamente, como alguns tipos de análise de confiabilidade, a MCC é entendível e acessível a engenheiros e técnicos de manutenção. Essa idéia é reforçada por Vizzoni quando diz que “a simplicidade da metodologia, sua racionalidade, estruturação e ênfase na documentação torna a MCC facilmente assimilável através do auto-treinamento de engenheiros e técnicos” (VIZZONI, 1998). Esse processo possui uma visão diferenciada da manutenção tradicional, visando preservar as funções, documentar o processo, minimizar custos, garantir confiabilidade e a disponibilidade. A proposta da MCC segundo Siqueira (2005, p.16): Preservar as funções dos equipamentos, com segurança requerida; Restaurar sua confiabilidade e segurança projetada, após a deterioração; Otimizar a disponibilidade; Minimizar o custo do ciclo de vida; Atuar conforme os modos de falha; Realizar apenas as atividades que precisam ser feitas; Agir em função dos efeitos e conseqüências da falha; Documentar as razões para escolha das atividades. 26 Para entender melhor, a tabela 1, mostra um comparativo considerando o foco da manutenção tradicional e a MCC. Característica Manutenção tradicional MCC Foco Equipamento Função Objetivo Manter o equipamento Preservar a função Atuação Componente Sistema Atividades O que pode ser feito O que deve ser feito Dados Pouca ênfase Muita ênfase Documentação Reduzida Obrigatória e sistemática Metodologia Empírica Estruturada Combate Deterioração de equipamento Conseqüência das falhas Normalização Não Sim Priorização Inexistente Por função Tabela 1: Comparação da manutenção tradicional com a MCC. Fonte: Siqueira (2005, p.17) 2.3.1 Questões Básicas do MCC Conforme Siqueira (2005, p.18), que a manutenção centrada na confiabilidade obedece a uma seqüência lógica de trabalho, correspondente a 8 perguntas como mostrado a seguir: 1. Quais as funções a preservar? 2. Quais as falhas funcionais? 3. Quais os modos de falhas? 4. Quais os efeitos das falhas? 5. Quais as conseqüências das falhas? 6. Quais as tarefas aplicáveis e efetivas? 7. Quais as alternativas restantes? 8. Quais as freqüências ideais para as tarefas? 27 2.3.2 Sistemas e Funções Para Siqueira (2005), para facilitar a análise dos equipamentos, se divide cada equipamento em sistemas, visando diminuir as variáveis durante uma análise, facilitando assim a definição das funções. A principal característica da metodologia MCC, que fornece um novo modo de definir os objetivos da manutenção, é a preocupação em manter aquilo que o item faz ao invés do que ele é. Desse modo, para a definição das suas funções, necessita-se, inicialmente, determinar quais são as exigências dos usuários quanto a sua funcionalidade e, posteriormente, assegurarse de que os equipamentos sejam capazes de alcançar as expectativas dos usuários, levando se em conta suas características construtivas e seu contexto operacional. Segundo Siqueira (2005), primeiro se deve dividir as máquinas em sistemas, depois em subsistemas, para então descrever suas funções e seus componentes. Também é necessário documentar a distribuição dos sistemas e suas respectivas funções, para isso podem ser utilizados vários tipos de ferramentas como formulário de documentação, descrição textual, diagrama esquemático, diagrama de blocos, diagrama organizacional, diagrama funcional, diagrama lógico funcional e descrição de fronteiras. No Anexo 1, Anexo 2 e Figura 7, encontram-se exemplos práticos das ferramentas mais usadas. Usina Hidrelétrica Serviço auxiliar corrente alternada Serviço auxiliar corrente contínua Sistema de sincronismo Tomada D’Água Barragem Equipamentos auxiliares Unidades geradoras (1, 2, 3 e 4) Figura 7: Diagrama organizacional de uma usina Hidrelétrica Fonte USP (Projeto AES, p.51) Com os sistemas já identificados e documentados, é necessário especificar a função de cada um. Segundo Lafraia (2008, p.245), “Função é toda e qualquer atividade que o item desempenha, sob o ponto de vista operacional”. 28 Conforme Siqueira (2005, p.43), todo equipamento além de sua função principal, possui funções secundárias, sendo uma descrição da função breve e não ultrapassando um parágrafo, conforme exemplo: Segundo Siqueira (2005, p.43), Funções de uma cafeteira: 1. Fazer café; 2. Manter o café quente; 3. Armazenar o café na jarra; 4. Desligar a máquina automaticamente após 4 horas ligadas; 5. Armazenar água no reservatório. 2.3.3 Falhas Conforme Lima e Souza (2003), quando um sistema não é mais capaz de exercer a função que deve ser realizada por ele, é considerado uma falha e a manutenção centrada na confiabilidade tem como um dos seus principais objetivos o estudo de cada possível falha que possa ocorrer no sistema, identificando, classificando e documentando. Segundo Siqueira (2005, p.50), “As falhas podem ser classificadas sob vários aspectos, tais como origem, extensão, velocidade, manifestação, criticidade ou idade”, podendo ser uma falha funcional, quando já apresentou a falha, ou potencial, quando identifica uma possibilidade de falha funcional. Para a documentação das falhas, podem ser utilizadas as mesmas ferramentas utilizadas na documentação dos sistemas, Anexo 1, Anexo2 e Figura 7. 2.3.4 Modos de Falhas O modo de falha é a maneira que ocorre a falha. A definição de modo de falha para Siqueira (2005, p.69) “um evento ou condição física, que causa uma falha funcional ou um dos possíveis estados de falha de um item, para uma dada função requerida”. conforme Lafraia (2006, p.259), “O modo de falha é a descrição da maneira pela qual um item falha em cumprir com a sua função”. O modo de falha é a expressão utilizada para caracterizar o processo e o mecanismo de falha que ocorre nos itens. O efeito é a maneira como o modo de falha se manifesta. Um 29 determinado modo de falha se tornará mais ou menos evidente dependendo da função que o item está desempenhando num caso específico. O efeito, por sua vez, segue a mesma sistemática (SAKURADA, 2001). Na Figura 8, encontramos um exemplo de caracterização dos modos de falhas em uma turbina. Entupimento (turbina) Mudar projeto? Desgaste (palhetas) Substituir? Desgaste (mancal) Lubrificar? Vibração (base) Realinhar? Figura 8: Foto de uma turbina Fonte USP (Projeto AES, p.51) Para Kardec e Nascif (2006), os modos de falhas podem ter diversas causas, podendo ser, mecânicos, elétricos, estruturais e humanos e cada componente que pode falhar têm sua curva de probabilidade de falha, variando conforme sua utilização, mas em modo geral, em equipamentos que possuem vários componentes, é utilizada a curva da banheira conforme Probabilidade de falha Figura 9, representando a curva de defeito do equipamento. Mortalidade infantil Vida útil Desgaste Ciclo operacional Figura 9: Curva da banheira Fonte:Kardec e Nascif (2006,p.99) 30 2.3.5 Efeitos de Falhas De acordo com Siqueira (2005, p.102), Efeitos Potenciais da Falha são definidos como os efeitos do modo de falha na função, como percebido pelo cliente. Para Palady (2004), uma falha sempre tem um efeito e a forma que é manifestado este efeito, é caracterizado efeitos de falhas, sendo necessário identificar como as falhas se manifestam para descobrir a gravidade do mesmo. O efeito deve ser descrito em relação aos seguintes aspectos para Siqueira. Evidência da falha - como o defeito é encontrado; Impacto na segurança – o risco que apresenta a segurança das pessoas; Impacto ambiental – risco ao meio ambiente; Reflexo operacional – impacto na produção; Resultado econômico – o custo que gera a falha; Forma de reparo – como realizar a manutenção; Características compensatórias – como reduzir o efeito. Os efeitos também devem ser analisados considerando os níveis de detectabilidade, freqüência e severidade, divididos desta forma: Detectabilidade: fácil, razoável, difícil, muito difícil e impossível; Freqüência: freqüente, provável, ocasional, remota, improvável e inacreditável; Severidade: catastrófica, crítica, marginal, mínima, insignificante. Para Siqueira (2005), depois de descrito e analisados, os efeitos devem ser aceitos considerando quatro níveis, intolerável, indesejável, tolerável e desprezível, cruzando todos esses níveis é possível criar a matriz de risco facilitando a análise, conforme a tabela 2. Severidade Insignificante Mínima Marginal Crítica Catastrófica Freqüente Indesejável Indesejável Intolerável Intolerável Intolerável Provável Tolerável Indesejável Indesejável Intolerável Intolerável Ocasional Tolerável Tolerável Indesejável Indesejável Intolerável Remota Desprezível Desprezível Tolerável Indesejável Indesejável Improvável Desprezível Desprezível Desprezível Tolerável Tolerável Inacreditável Desprezível Desprezível Desprezível Desprezível Desprezível Freqüência Tabela 2: Matriz de risco do modo de falha Fonte Siqueira (2005, p.103) 31 2.3.6 Conseqüências de Falhas Na prática, o resultado de eventos não-detectados e não-evitados de itens são falhas funcionais, as quais originarão resultados de menor ou maior relevância – as conseqüências. As conseqüências de falhas nada mais são que a maneira utilizada pela MCC para priorizar e tratar as falhas funcionais. O processo de avaliação das conseqüências procura centrar a atenção apenas nas atividades de manutenção com maior efeito no desempenho da organização, refutando a premissa tradicional de que todas as falhas devem ser prevenidas e evitadas. A ênfase da metodologia MCC em relação às conseqüências de falha funcionais foi dada, primeiramente, por Nowlan e Heap, em 1978 (VIZZONI, 1998), os quais as classificaram em quatro categorias (MOUBRAY, 1997): Conseqüências de falhas ocultas – são aquelas que, por si próprias, não são evidentes em condições normais de operação; não possuem um impacto direto, entretanto expõem a organização a falhas múltiplas ou catastróficas; estão normalmente associadas a dispositivos e sistemas de proteção; Conseqüências de segurança e meio ambiente – são as falhas que podem, de algum modo, ferir, machucar ou matar alguém (operadores, mantenedores ou pacientes), ou causar a violação de algum padrão ambiental, seja ele corporativo, regional, nacional ou internacional. Nesse caso, uma ação proativa só é justificada se pode reduzi-las a níveis aceitáveis; não sendo possível a redução ou eliminação da falha funcional, o item deverá ser reprojetado; Conseqüências operacionais – são falhas que afetam a capacidade operacional, a produção, a qualidade do produto, os custos operacionais, além dos custos diretos de conserto. Assim, uma ação pró-ativa é realizada para evitá-las ou preveni-las se os custos totais para isso forem menores que os custos de suas conseqüências e do seu conserto; aqui, a ação é avaliada puramente de um ponto de vista econômico; Conseqüências não-operacionais – são falhas evidentes que envolvem apenas os custos diretos de conserto ou conseqüências secundárias, que não originem riscos ambientais e de segurança. 32 2.3.7 Escolha da Atividade de Manutenção Uma vez identificados os modos de falha e classificados com base nas suas conseqüências, a metodologia MCC estabelece que sejam identificadas as tarefas de manutenção mais adequadas à prevenção de tais conseqüências de falhas. No contexto da MCC, tomando-se por base seus preceitos, entende-se por tarefas de manutenção mais adequadas as tarefas que sejam: aplicáveis – significa que, se a tarefa for executada, ela resulte na prevenção ou mitigação da falha, ou na descoberta do início do processo da falha; e eficazes – significa compensar o investimento dos recursos necessários para executá-la (VIZZONI,1998). Segundo Lafraia (2006), após a identificação dos modos de falhas, é necessário identificar o modo que será tratado pela manutenção, se será prevenindo ou corrigindo a falha, sendo preciso considerar: Ser aplicável tecnicamente; Ser viável com os recursos disponíveis; Produzir os resultados esperados; Ser executável a um intervalo razoável. Segundo Siqueira (2005, p.170), a MCC sugere cinco atividades: Serviço operacional: operações definidas pelo projeto, como lubrificação, exame visual, limpeza, entre outras; Inspeção preditiva: Utilização da técnica de preditiva mais adequada; Restauração preventiva: Realizar a manutenção no equipamento em períodos periódicos; Substituição preventiva: Substituir uma peça ou conjunto periodicamente; Inspeção funcional: Ensaio completo da função. Outra opção é a combinação das atividades, caso a mesma ainda não atender, é necessário alterar o projeto do equipamento. O processo de decisão MCC de qual atividade de manutenção deve-se usar, é formado por uma lógica de decisão simples, define-se se é evidente ou oculta e se é operacional/econômica ou segurança/ambiente, gerando assim 4 opções: Segundo Siqueira (2005, p.171): ESA - evidente de segurança/ambiente EEO - evidente econômico/operacional 33 OSA - oculto segurança/ambiental OEO - oculto econômico/operacional Para Lafraia (2006, p.270), após a identificação das conseqüências é necessário responder sim ou não para quatro perguntas: Existe(m) tarefa(s) de manutenção preditiva que seja aplicável e custo eficiente para detectar/monitorar que a falha funcional está preste a ocorrer? Existe(m) tarefa(s) de restauração que seja aplicável e custo eficiente que elimine todas as falhas? Existe(m) tarefa(s) de substituição que seja aplicável e custo eficiente que elimine todas as falhas? Existe algum projeto que seja aplicável e custo eficiente que elimine todas as falhas? É necessários responder sim ou não para sete perguntas, que depois de respondidas, já é possível identificar quais tipos de manutenções serão aplicadas. Conforme Siqueira (2005, p.172): Um serviço operacional é aplicável e efetivo? Uma inspeção preditiva é aplicável e efetiva? Uma restauração preventiva é aplicável e efetiva? Uma substituição preventiva é aplicável e efetiva? Uma inspeção funcional é aplicável e efetiva? Uma manutenção combinada é aplicável e efetiva? Uma mudança de projeto é justificável?” 2.3.8 Plano de Manutenção Após identificar todos os dados necessários, gera-se um formulário padronizado para facilitar a análise e também gerar uma documentação. Para Siqueira (2005), este formulário deve conter: A função desempenhada pelo sistema; As falhas possíveis; Nome do componente; A codificação da unidade, sistema, componente, função, falha e modo de falha; Nomear cada modo de falha possível; Descrever os efeitos de falhas; 34 Classificar a criticidade utilizando a matriz de risco; Responder sim ou não se a falha é evidente ou visível; Responder sim ou não se é segurança/ambiente; Responder sim ou não se é operacional/econômica; Informar a conseqüência como ESA, EEO, OSA ou OEO; Responder sim ou não para a pergunta de análise de decisão sobre o serviço operacional, se é aplicável e efetivo; Responder sim ou não para a pergunta de análise de decisão sobre o serviço operacional, se é aplicável e efetivo; Responder sim ou não para a pergunta de análise de decisão sobre inspeção preditiva, se é aplicável e efetivo; Responder sim ou não para a pergunta de análise de decisão sobre restauração preventiva, se é aplicável e efetivo; Responder sim ou não para a pergunta de análise de decisão sobre substituição preventiva, se é aplicável e efetivo; Responder sim ou não para a pergunta de análise de decisão sobre inspeção funcional, se é aplicável e efetivo; Responder sim ou não para a pergunta de análise de decisão sobre manutenção combinada, se é aplicável e efetivo; Responder sim ou não para a pergunta de análise de decisão sobre mudança de projeto, se é aplicável e efetivo; Qual a atividade aplicável aos modos de falha; Qual a periodicidade aplicável aos modos de falha. 2.3.9 Processo de Implantação da MCC Este processo varia de empresa para empresa, conforme a complexidade e os resultados almejados. Para Siqueira (2005, p.263), os cargos que coordenam a MCC na empresa devem ser divididos em um gestor do plano MCC, um coordenador do programa e os facilitadores. A equipe é formada tipicamente por: 1 facilitador; 1 especialista de MCC; 1 operador de instalação; 35 1 técnico de manutenção; 1 engenheiro de operação; 1 engenheiro de manutenção; 1 especialista de equipamentos. A formação do grupo de estudo para o desenvolvimento e aplicação da MCC é caracterizada pela multidisciplinaridade de profissionais atuantes do segmento avaliado. Segundo Siqueira (2005, p.263) e Nagao (2001), tipicamente, uma equipe de revisão é composta por um facilitador, supervisores de manutenção e operação e especialistas da área. Figura 10: Configuração clássica de componentes do grupo de revisão da MCC. O objetivo do grupo de revisão é, por meio da aplicação do processo da MCC, determinar as exigências de manutenção de um ativo físico, tendo em vista suas funções, padrões de desempenho e seu contexto operacional. Para isso, o grupo deve ser heterogêneo e formado por membros com experiência e de diferentes setores, para que diversos pontos de vista sejam considerados. A orientação quanto ao número de integrantes do grupo de revisão, dada por alguns autores (NAGAO, 2001; SAKURADA, 2001; KARDEC & NASCIF, 1999), 36 é que varie entre quatro e seis participantes, sempre sob a coordenação do facilitador, para que os trabalhos tenham maior efetividade. O facilitador, além de um bom conhecimento a respeito da metodologia e da familiarização com as características da área estudada, deve estar apto a: aplicar a lógica da MCC, coordenar a análise, conduzir as reuniões, gerenciar o tempo, coordenar a logística e avaliar os resultados. Está equipe realiza reuniões periódicas, concentrada em um equipamento, visando aplicar a metodologia MCC para gerar o plano de manutenção do equipamento em questão. 37 3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS Este capítulo contém os procedimentos metodológicos usados, uma breve apresentação da empresa e as etapas da pesquisa e dos processos que foram aplicados durante a realização deste trabalho. 3.1 INTRODUÇÃO O presente trabalho possui como procedimentos metodológicos: Quanto ao objetivo da pesquisa: utilizou-se uma pesquisa exploratória descritiva, pois a partir do histórico do processo e da identificação dos elementos de maior criticidade realizada por meio da pesquisa de registros de processo e entrevistas com os responsáveis, para a formulação do modelo. Realizado também uma abordagem teórica em livros, dissertações, trabalho de conclusão de curso e artigos científicos, visando encontrar a melhor técnica para resolvê-los. Na visão de Köche (2000), este tipo de pesquisa objetiva o conhecimento do processo e do nível da sua importância para que, posteriormente, a partir da análise qualitativa e quantitativa dos dados seja realizado o seu detalhamento. Para isso, pode ser feito o levantamento bibliográfico, entrevistas com os colaboradores envolvidos e observações do setor. Quanto ao local onde estão localizados os dados: foi realizada a partir de uma pesquisa bibliográfica para verificar os diferentes conceitos e metodologias, a fim de auxiliar na análise e entendimento que cercam o problema abordado. Köche (2000) define esta pesquisa como sendo o conhecimento teórico disponível em livros ou em obras do gênero. Quanto a forma de coletar os dados: neste caso realizou-se a pesquisa de registros de processo dos planos de manutenção já existentes, e entrevista com os envolvidos da Engenharia de Manutenção da Embraco. A primeira ocorre pelo fato de usar documentos internos da empresa, como procedimento operacional padrão e documentos relativos a produção, ou seja, se utiliza materiais que ainda não receberam um tratamento analítico. 38 Já a segunda se da porque a uma investigação detalhada da situação tomada com investigação que consiste num estudo minucioso de um problema visando o seu conhecimento amplo e detalhado. 3.2 APRESENTAÇÃO DA EMPRESA Especializada em soluções para refrigeração e líder mundial do mercado de compressores herméticos, a Whirlpool – Unidade Embraco tem como missão: “oferecer soluções inovadoras para uma melhor qualidade de vida”. Com fábricas no Brasil, Itália, China e Eslováquia e capacidade para 27 milhões de compressores ao ano, produz também componentes de ferro fundido, componentes elétricos, condensadores e evaporados, que são utilizados na montagem de unidades condensadoras e seladas, bem como sistemas eletrônicos destinados a tornar “inteligentes” os eletrodomésticos. Fundada em Joinville (SC), em 1971, ainda como Embraco, começou a produzir em 1974, com o objetivo inicial de suprir a indústria brasileira de refrigeradores, então dependente da importação de compressores. Nesta mesma década tornou-se exportadora e, na década seguinte, seus produtos já eram comercializados em todos os continentes. No início da década de 90, antecipando-se à globalização da economia, deu início ao processo de abertura de bases produtivas fora do Brasil e a conseqüente ampliação de sua estrutura global de vendas. A Embraco, hoje com o nome Whirlpool – Unidade Embraco, emprega cerca de 10 mil pessoas, em âmbito mundial. Ao aliar o talento de seus profissionais a investimentos permanentes em tecnologia, consolidou-se como fornecedora de excelência, fazendo com que seus produtos se tornassem os preferidos de grandes montadoras de eletrodomésticos e de destacados fabricantes de equipamentos para refrigeração comercial. Desde maio de 2006 a antiga Embraco atua no Brasil, sob a razão social Whirlpool S.A., em função da união da Empresa Brasileira de Compressores S.A. – Embraco com a Multibrás S.A. Eletrodomésticos. Entretanto a empresa continua a operar de forma estruturalmente independente, dada a peculiaridade de seus negócios. 39 3.2.1 Estrutura A Whirlpool – Unidade Embraco possui fábricas no Brasil, Itália, China e Eslováquia, todas certificadas pela ISO 9001. Além de bases produtivas, a empresa conta com escritórios de venda nos Estados Unidos, México e Itália e centros de distribuição estrategicamente localizados. 3.2.2 Unidade Brasil A maior fábrica de compressores da Whirlpool – Unidade Embraco, localiza-se em Joinville (SC, região Sul do país), Figura11, onde também está a Administração e o Centro de Pesquisa e Desenvolvimento. Igualmente em Joinville fica a Fundição Embraco, que produz componentes de ferro fundido utilizados tanto pela planta do Brasil quanto de outros países, e a EECON - Embraco Electronic Controls, que desenvolve, fabrica e comercializa sistemas eletrônicos para eletrodomésticos. Em Itaiópolis (SC), tem outra fábrica dedicada à produção de componentes elétricos e trocadores de calor, para a utilização em unidades condensadoras e seladas, que lá são montadas. Figura11: Planta Whirlpool – unidade Embraco em Joinville – SC - Brasil Fonte: http://www.embraco.com.br/portugue/historia.htm (2009) 40 3.3 ETAPAS DA PESQUISA As etapas desta pesquisa foram: Pesquisa bibliográfica: primeiramente recorreu-se a uma pesquisa bibliográfica utilizando-se livros, teses, trabalhos de conclusão de curso e artigos científicos para auxiliar na melhor forma de aplicar as ferramentas do MCC. Coleta de dados: as informações foram obtidas através de avaliação de dados históricos de dos planos de manutenção. Dando início a aplicação dos princípios da MCC, na etapa de seleção do equipamento e coleta de informações houve a identificação dos principais fatores para aplicação da ferramenta MCC. Em seguida foi realizada uma descrição das suas funções e interfaces, subsidiando informações para etapa posterior, a mesma proporcionou explicitar de forma padronizada os principais modos de falhas, suas causas e efeitos no subsistema, criando oportunidade de documentar o conhecimento tácito dos envolvidos. Exposição dos resultados: Para finalizar, a proposta foi exposta para o gestor da área de Manutenção, visando destacar o modelo como ferramenta de apoio a elaboração dos planos auxiliando e melhorando no desempenho e confiabilidade dos equipamentos em sua totalidade. 41 4 METODOLOGIA E IMPLANTAÇÃO DA FERRAMENTA MCC ENXUTA Neste capítulo será apresentada uma metodologia da MCC enxuta, isto é, será eliminado todas as tarefas da metodologia padrão que não agregam valor para a empresa, visando tornar o processo economicamente viável à mesma. A Figura 12 é um comparativo entre o processo da ferramenta MCC padrão e a MCC enxuta. MCC PADRÃO Dividir em sistemas MCC ENXUTA Dividir em sistemas Dividir em subsistemas Documentar os sistemas Cadastrar equipamento Documentar os subsistemas Identificar as falhas Identificar as falhas Identificar os modos de falhas Documentar as falhas Identificar as causas Identificar os modos de falhas Documentar os modos de falhas Identificar os efeitos Identificar as causas Identificar a freqüência Documentar as causas Identificar a gravidade Identificar os efeitos Analisar o risco Documentar os efeitos Identificar a freqüência Cadastrar sistemas Identificar a gravidade Identificar o tipo de manutenção Analisar o risco Identificar a periodicidade Identificar o tipo de manutenção Montar o plano de manutenção Identificar a periodicidade Montar o plano de manutenção Figura 12: Diagrama de blocos comparando ao processo da MCC padrão com a MCC enxuta 42 4.1 ESCOLHA DO EQUIPAMENTO PARA IMPLANTAÇÃO. Esta é a primeira etapa do processo e uma das mais importantes para tornar a ferramenta viável. O equipamento escolhido a ser submetido à ferramenta MCC deve seguir três requisitos; Ser um equipamento classe A (nomenclatura da empresa para equipamentos que afetam diretamente a produção de forma grave caso ocorra uma falha); Tenha um alto custo de manutenção; Tempo de reposição de peças elevado. Essa escolha deve ser feita pelo setor de Engenharia de Manutenção, que tem o conhecimento sobre quais são os equipamentos se enquadram nos três itens citados acima. Esses requisitos a serem observados fazem com que não se perca tempo em equipamentos que não tenham impacto na produção de forma imediata, que se detecte a falha no início alertando a manutenção, que por sua vez irá acompanhar a evolução da falha, permitindo a aquisição das peças com antecedência, não gerando grandes paradas devido à demora da chegada destas peças. 4.2 DIVISÃO DOS SISTEMAS Esse processo teve a mudança mais significativa visando minimizar o tempo de implantação. A ferramenta MCC prega que seja dividido em sistemas e subsistemas um determinado equipamento, por exemplo, se um determinado equipamento possua quatro sistemas: Sistema 1: Lubrificação; Sistema 2: Hidráulico; Sistema 3: Alimentação; Sistema 4: Corte. Se cada sistema fosse ainda dividido em 3 subsistemas, teríamos 12 conjuntos a serem analisados, triplicando o tempo de análise. Para reduzirmos o tempo desta etapa, iremos dividir cada equipamento somente em sistemas, isto é, dividindo o equipamento em uma só parte. Dessa maneira não serão analisados todos os itens do equipamento unitariamente, mas sim em um único conjunto, que é o suficiente para avaliar as principais funções do equipamento e gerar um plano eficiente e 43 viável para a empresa. A equipe deve usar o brainstorming para definir estes sistemas. A técnica propõe que um grupo de pessoas se reunam e se utilizem das diferenças em seus pensamentos e idéias para que possam chegar a um denominador comum eficaz e com qualidade, gerando assim idéias inovadoras que levem o projeto adiante. 4.3 REGISTRO DAS INFORMAÇÕES Nesta etapa houve uma significativa redução na documentação gerada para cadastrar as informações obtidas no processo, na ferramenta padrão, há um cadastro para cada item analisado, sistema, subsistema, função, falha, modo de falha, efeito e análise de risco. Esta documentação foi reduzida para dois cadastros. O primeiro é a documentação contendo quais os sistemas de um determinado equipamento. Preenchendo o Apêndice 3, além da caracterização do equipamento, faz-se uma descrição textual destes itens: Cod. sistema: para diferenciar cada sistema, utilizando codificação alfabética. Nome: nome dado ao sistema Descrição do sistema: descreve-se em forma de texto a função do sistema no equipamento, de uma maneira clara e objetiva. Na Tabela 3, encontra-se um exemplo de como deve ser preenchido os campos citados anteriormente. IDENTIFICAÇÃO DOS SISTEMAS Equipamento: Retífica Máquina: Minini Setor produtivo: Ferramentaria Cod. SAP: 5893 Facilitador MCC: Luiz Fernando de Oliveira Data: Cod. sistema Nome Descrição do sistema Responsável A Unidade hidráulica 30 / 08 / 2010 pelo bombeamento, pressão e direcionamento do fluxo de óleo na tubulação hidráulica. B Barramento superior Responsável em transportar o rebolo com precisão C Mesa Horizontal Responsável em fixar e transportar a peça com precisão Tabela 3: Identificação dos sistemas Continuando o registro de informações, o segundo cadastro é o de sistemas. Deve ser preenchido um formulário contendo as informações que caracterizam o equipamento, seus 44 componentes, as funções, falhas, modos de falhas, efeitos, freqüência, gravidade e análise de risco. O quanto mais precisa forem essas informações, mais confiável será o plano de manutenção. Esta tabela deve ser gerada utilizando um software que possibilite trabalhar com planilha, como o Excel da Microsoft, permitindo assim o preenchimento em forma hierárquica, conforme exemplo no Apêndice 1. 4.4 IDENTIFICAÇÃO DAS FUNÇÕES Este item é responsável em caracterizar as funções do sistema em que se está analisando. Todo sistema tem sua função principal e as secundárias, e nesta fase, deve-se identificar todas as funções possíveis, utilizando-se do brainstorming, mesmo as aparentemente não relevantes, por que mais adiante no processo, será analisado os efeitos e riscos onde define se é ou não relevante. Está caracterização deve ser breve e seguir alguns critérios: Defina o que deve ser feito, não o que pode fazer; Use a combinação verbo + objeto + limites, ex.: (Manter o óleo a 50⁰C). Após a identificação de cada função, deve-se preencher no formulário do Apêndice 1. 4.5 IDENTIFICAÇÃO DAS FALHAS, MODOS DE FALHA, CAUSA E EFEITO Depois de descritas as funções, é necessárias encontrar todas as possíveis falhas que possam ocorrer em cada função, posteriormente os modos de falha para cada falha (como é evidenciado cada falha) e identificar as causas e os efeitos para cada modo de falha. Para buscar estas informações, a equipe também deve se utilizar do brainstorming. Estes dados devem ser preenchidos no formulário do Apêndice 1 em forma hierárquica, sendo muito importante o preenchimento correto para o sucesso da implantação. Este formulário é à base de toda a análise para classificar as principais funções e seus modos de falhas, também colaborando com informações para o desenvolvimento do plano de manutenção. 45 4.6 IDENTIFICAÇÃO DA FREQÜÊNCIA E GRAVIDADE Cada modo de falha terá um efeito, conseqüentemente este efeito tem uma freqüência e uma gravidade, estes dois dados são muito importantes para analisar o risco que cada modo de falha pode apresentar. A freqüência é baseada no histórico do equipamento e informações do fabricante do equipamento, sendo classificadas como: Freqüente; Provável; Ocasional; Remota; Improvável; Inacreditável. A gravidade é definida pelos integrantes do grupo que estão implantando a MCC, baseando-se nos dados encontrados até o momento, ou por consulta a terceiros que o grupo defina, por ter mais informações, onde ajudará na definição. Sendo classificada como: Catastrófica; Crítica; Média; Mínima; Insignificante. Depois de identificada, a freqüência e gravidade, devem ser cadastradas no formulário do Apêndice 1. 4.7 ANÁLISES DE RISCO O risco será dividido em quatro classificações: Desprezível; Tolerável; Indesejável; Intolerável. 46 Para realizar a análise de risco, será utilizada a matriz de risco conforme tabela 4, que sofreu apenas duas alterações em relação a que está descrita na tabela 2, foi alterado de severidade para gravidade e de marginal para média. Depois de identificado os riscos devem ser cadastrados no Apêndice 1. Gravidade Insignificante Mínima Média Crítica Catastrófica Freqüente Indesejável Indesejável Intolerável Intolerável Intolerável Provável Tolerável Indesejável Indesejável Intolerável Intolerável Ocasional Tolerável Tolerável Indesejável Indesejável Intolerável Remota Desprezível Desprezível Tolerável Indesejável Indesejável Improvável Desprezível Desprezível Desprezível Tolerável Tolerável Inacreditável Desprezível Desprezível Desprezível Desprezível Desprezível Freqüência Tabela 4: Análise de risco 4.8 PLANO DE MANUTENÇÃO Nesta etapa reduziu-se consideravelmente o número de dados que continha o plano de manutenção, em relação a MCC padrão, informando somente os dados nos quais agregam valor, não repetindo todas as informações que já foram cadastradas no sistema, como efeito, freqüência, gravidade, análise de risco e componentes. O plano será formulado por um planilha, igual ao do Apêndice 5, contendo todas as informações necessárias para formalizar o plano de manutenção, sendo feito uma para cada sistema e a somatória desses planilhas, formará o plano de manutenção do equipamento estudado. Além das informações de caracterização do plano de manutenção, a planilha irá conter as seguintes informações: As funções desempenhadas pelo sistema; As possíveis falhas; Os possíveis modos de falha; Qual o tipo de manutenção aplicado aos modos de falha; Qual a atividade aplicada aos modos de falha; Qual a periodicidade aplicável aos modos de falha. 47 No Apêndice 2 encontra-se um exemplo de como vai ser estruturado o plano de manutenção e como deve ser preenchido. 4.9 ESCOLHA DO TIPO DE MANUTENÇÃO Todo o trabalho desenvolvido até o momento tem o objetivo de buscar informações que venham a auxiliar a equipe de implantação da ferramenta MCC, na construção do plano de manutenção do equipamento. A equipe deve considerar todas as informações até o momento adquiridas, principalmente a análise de risco: Risco desprezível: na maioria dos casos será mais viável economicamente deixar falhar; Tolerável: a tendência também é deixar falhar, mas varia de caso para caso; Indesejável, deverá ser analisado e aplicado o melhor tipo de manutenção que se enquadra a este modo de falha; Intolerável, provavelmente será preciso aplicar mais tipos de manutenções ao mesmo tempo, visando a não ocorrência desta falha. É essencial o conhecimento teórico e prático na área de manutenção da equipe que está aplicando o MCC, por isso a equipe deve possuir um técnico de manutenção e o planejador de manutenção da área em questão. Depois de analisados os riscos, todo modo de falha deve ser analisado e definido como será tratado pela manutenção. Tendo cinco opções de manutenção: Corretiva emergencial: quando se chega a conclusão que é mais viável deixar acontecer a falha, para depois atuar; Corretiva programada: adquirir com antecipação a peça de reposição ou preparar os recursos necessários para a manutenção depois da descoberta da falha pela preditiva; Preventiva de substituição: substituição de certo componente periodicamente; Preventiva de restauração: restaurar certo componente periodicamente; Preditiva: utilizar a técnica mais adequada de ensaio não destrutivo, buscando identificar a falha em seu início. Além destas cinco opções de manutenção, ainda pode ocorrer mais duas situações: 48 Em caso de necessidade, podem-se utilizar dois ou mais tipos de manutenções ao mesmo tempo, esta situação ocorre geralmente em casos que se quer alta confiabilidade da função analisada. Caso nenhum dos tipos de manutenção seja eficiente, deve-se alterar o projeto. 4.10 PERIODICIDADE PARA AS ATIVIDADES DE MANUTENÇÃO Após a escolha do melhor tipo de manutenção, é necessário definir uma periodicidade para cada um, exceto para corretiva emergencial. Esta periodicidade deve levar em conta vários fatores: Freqüência de indisponibilidade do equipamento; Duração da indisponibilidade do equipamento; Freqüência média de perda de produção; Custo da perda de produção; Impacto no cliente da parada do equipamento Custo da manutenção. Existem também muitas informações que devem ser analisadas, ajudando na identificação da periodicidade, as principais informações são: Histórico de desempenho; Física do mecanismo de falha; Dados do setor industrial; Especificações do fabricante; Comparação por similaridade; Estimativa por experiência. Essa periodicidade será de grande importância para a eficácia do tipo de manutenção escolhido. 4.11 IMPLANTAÇÃO DA FERRAMENTA MCC Visando reduzir ao máximo o tempo e os gastos da empresa na implantação da MCC e criar um plano de manutenção coerente, fundamentado em dados reais, foi desenvolvido uma metodologia mais enxuta da MCC. Para se obter todos os resultados esperados, a implantação 49 da mesma, deve seguir alguns passos para o bom andamento do processo e aceitação da empresa, como mostra a tabela 5 e explicado cada passo posteriormente. AÇÃO RESPONSÁVEL Definir gestor Empresa Definir comissão Gestor Treinar comissão Gestor Selecionar equipamentos Comissão Implantar projeto piloto Comissão Dividir setores Comissão Selecionar equipe MCC Facilitador MCC Primeira reunião Facilitador MCC Segunda reunião Facilitador MCC Reuniões Facilitador MCC Implantação Engenharia da Manutenção Tabela 5: Passos para a implantação da MCC a) Definição de um gestor MCC: a empresa deve definir um gestor que coordenará todo programa na empresa, estipulando metas para os facilitadores, gerenciando e controlando as atividades. b) Criação de uma comissão MCC: o gestor deve formar uma comissão formada por quatro integrantes da manutenção da empresa. Esta comissão será responsável em coordenar o trabalho de implantação da MCC, onde cada um será um facilitador MCC; c) Treinamento da comissão MCC: a comissão deve ser treinada, mostrando como funciona a ferramenta MCC padrão, a enxuta, o processo de implantação na empresa e o papel da comissão na implantação. Este treinamento deve ter duração de 12 horas; d) Seleção dos equipamentos: a comissão MCC deve selecionar quais as máquinas onde será aplicada a ferramenta MCC enxuta, gerando uma lista de equipamentos por prioridade. e) Projeto Piloto: A comissão MCC deve escolher uma máquina que servirá de projeto piloto, buscando ajustar a ferramenta caso necessário e treinar a comissão. f) Divisão de setores: a comissão deve dividir em quatro setores a empresa, sendo que cada componente da comissão se responsabilizará por um setor. 50 g) Escolha da equipe de implantação: cada facilitador deverá montar uma equipe para cada equipamento a ser aplicada a ferramenta, esta equipe será formada por: Planejador de manutenção da máquina; 1 técnico de manutenção; Preparador da máquina. h) Primeira reunião: o facilitador deve abordar os seguintes assuntos: Apresentar o que será feito; Os objetivos a serem alcançados; Como será alcançado; Criar uma agenda de reuniões com duração de 2 horas cada, 3 dias na semana; Criar um cronograma de atividades. Para este primeiro contato deve ser reservado um período de 2 horas; i) Segunda reunião: o facilitador deve ministrar um treinamento da ferramenta MCC à equipe; j) Próximas reuniões: nestas reuniões, inicia-se a aplicação da metodologia enxuta da ferramenta MCC propriamente dita, existindo novas reuniões até o encerramento de todo o processo; k) Implantação do plano de manutenção: o facilitador apresenta o plano de manutenção a Engenharia de Manutenção para aprovação. Após aprovação, fica a encargo da Engenharia de Manutenção, fazer com que o plano seja repassado para o sistema de gerenciamento de manutenção da empresa (sistema SAP). 51 5 RESULTADOS O propósito deste capítulo é apresentar os resultados alcançados e as considerações em relação aos objetivos esperados, bem como apresentar sugestões e oportunidades de melhoria para trabalhos futuros. As considerações relacionadas à cada etapa para obtenção do modelo final que constituíram os objetivos específicos deste trabalho estarão descritas à seguir. 5.1 RESULTADOS OBTIDOS Hoje a Whirlpool – Unidade Embraco possui uma manutenção utilizando o modelo de gestão descentralizada, realiza manutenções preventivas já há 22 anos e há 11 anos manutenção preditiva, que utiliza as técnicas de análise de vibração, termografia, análise físico químico, ferrografia, ultra-som, partículas magnéticas e inspeção. Possui planos de manutenção para quase 100% das máquinas, mas na maioria feito pelo planejador do setor e de forma que mais o convinha, sem seguir uma metodologia padrão, acarretando em vários pontos negativos: Planos incompletos: causando a ocorrência de falhas sem antes serem detectadas, levando a parada de produção e grande prejuízo; Manutenções desnecessárias: como a realizações de preventivas ou preditivas sem um estudo da real necessidade, um exemplo é o uso da análise de vibração em equipamentos de manutenções de baixo custo e que possuam unidades exatamente iguais ao seu lado como reserva, para quando apresentar falha, não havendo assim a necessidade de arcar com os custos de uma preditiva, sendo que a manutenção que já está sendo utilizada é a corretiva programada, causando desperdício de dinheiro e mão de obra; Periodicidade errada: definindo a periodicidade de cada tipo de manutenção com pouco ou muito tempo de intervalo, causando desperdício de dinheiro e mão de obra ou na ocorrência de falhas sem antes serem detectadas; A não utilização de técnicas de preditiva por desconhecimento do planejador: levando ao uso do tipo de manutenção errada ou não sendo monitorado, diminuindo a eficiência do plano. 52 Copias de planos para equipamentos diferentes: é quando há um equipamento novo na empresa e o planejador classifica como igual a outro já existente, sem realizar uma análise completa, tendo assim um plano de manutenção falho. Falha do equipamento: acarretando na parada da produção causado por falha no plano. Na tabela 6, faz-se um comparativo entre como eram criados os planos de manutenção e como agora são criados depois de implantado a MCC. CARACTERISTICAS Responsável PLANO DE PLANO DE MANUTENÇÃO MANUTENÇÃO ATUAL UTILIZANDO O MCC Engenharia de Manutenção e Equipe MCC e Engenharia de planejador de manutenção Manutenção Metodologia Nenhuma Ferramenta MCC Foco Equipamento Função Histórico, fornecedor, técnico de Fonte de dados Histórico e fornecedor manutenção, planejador de manutenção, preparador da máquina. Escolha dos pontos críticos Escolha dos tipos de manutenção Escolha da periodicidade Experiência Experiência Experiência, histórico, custo de manutenção, custo de parada de máquina Experiência e análise de risco Experiência e analisando os dados obtidos Experiência, histórico, custo de manutenção, custo de parada de máquina, impacto no cliente e analisando os dados obtidos Tabela 6: Comparação da metodologia de criação do plano de manutenção Com este formato que ficou a metodologia enxuta para elaborar os planos de manutenção, reduziu-se consideravelmente o tempo de aplicação da MCC nos equipamentos, devido principalmente a não subdivisão dos sistemas, que acarretava em um grande volume de funções e modos de falha a serem analisados. 53 Tomando como base o exemplo da Figura 13, a metodologia enxuta utiliza apenas os três sistemas para desenvolver todo o processo enquanto a metodologia padrão, utilizara os 8 subsistemas. EQUIPAMENTO SISTEMA 1 SISTEMA 2 SISTEMA 3 Subsistema 1 Subsistema 4 Subsistema 6 Subsistema 2 Subsistema 5 Subsistema 7 Subsistema 3 Subsistema 8 Figura 13: Divisão de sistemas e subsistemas de um equipamento Também temos que considerar o fato que quanto mais subdivisões existir em cada equipamento durante a aplicação da ferramenta MCC, mais confiável será o plano de manutenção, tendendo a 100% de confiabilidade, que é o caso dos aviões, que não podem falhar quando estão em operação, trazendo efeitos catastróficos para a empresa, e comunidade em geral, mas se tornando inviável economicamente para uma empresa igual à Whirlpool – Unidade Embraco. Todo o trabalho para enxugar a metodologia da ferramenta MCC, foi visando uma melhora em determinados pontos da empresa, tanto na produção como na manutenção. A tabela 7 é um comparativo da situação antiga (manutenção normal) e a situação depois de implantado o MCC. 54 PONTOS Plano de manutenção Planos de manutenção EMPRESA ANTES DA EMPRESA DEPOIS DA APLICAÇÃO DA MCC APLICAÇÃO DA MCC Sem padronização Padronizado Ineficientes Eficientes já existentes Atividades de manutenção Algumas sendo Inúteis, causando desperdício ou falha, gerando 100% agregam valor parada do equipamento Ajuda Técnico de manutenção Executa o plano de manutenção na execução elaboração do plano e de manutenção Preparador do equipamento Documentação Eficiência do plano Confiabilidade dos equipamentos Estoque da empresa Disponibilidade dos equipamentos Produtividade Nenhuma função Somente a descrição do plano de manutenção Ajuda na elaboração do plano de manutenção Todo o histórico de desenvolvimento e o plano de manutenção Média Alta Média Alta Mantém-se o atual Redução dos estoques 92% 96% Mantém-se o atual Aumento da produtividade Tabela 7: Comparativo antes e depois da implantação do MCC. Melhores resultados com a implantação do MCC de forma direta ou indireta à empresa, como: A padronização do processo para desenvolvimento de planos de manutenção na empresa, agilizando o processo. Revisão dos planos já existentes dos equipamentos críticos para o processo, corrigindo assim os planos existentes, permitindo que a manutenção atue de forma mais eficiente nos equipamentos já instalados. 55 Os novos planos possuem atividades de manutenções 100% fundamentadas, agregando valor a cada atividade da manutenção, não desperdiçando recursos da empresa; Eliminação das atividades que não agregam nada a empresa, na maioria causando prejuízo; Motivação dos técnicos de manutenção, que sentirão valorizados por ajudarem na elaboração do plano de manutenção do equipamento e por saberem o porquê está realizando tal manutenção; O preparador conhecerá muito mais a fundo o equipamento, podendo até detectar problemas e caso o mesmo seja de baixa intervenção, ele mesmo pode concertá-lo, sem chamar a manutenção, disponibilizando mão-de-obra da manutenção e motivando o preparador; Os planos serão 100% documentados de uma forma padrão e entendível a todos, não ficando amarrado ao entendimento de certos profissionais; Os planos de manutenção agindo nos principais modos de falha, tornando manutenção muito mais eficiente, por estar atuando na função do equipamento e não na manutenção do equipamento; Aumentando a confiabilidade permitindo que a empresa reduza seus estoques, trabalhando muito mais próximo do que prega o Just-in-time, reduzindo assim o valor de dinheiro parado em forma de estoques; Aumento da disponibilidade do equipamento, aumentando assim a produção e ajudando a manutenção em alcançar a meta de disponibilidade definida pela empresa, que é de 96% para os equipamentos classe A. 56 CONCLUSÕES FINAIS Maximizar os resultados com o mínimo de recursos é o propósito das organizações, uma vez que para se manter competitivo na era globalizada é imprescindível desenvolver produtos inovadores, de qualidade e ofertado com o preço que os clientes estão dispostos a pagar. Preocupados com a sustentabilidade, os olhares das organizações se voltam para a gestão dos ativos de fabrica e desta forma a manutenção industrial precisa caminhar para um forte alinhamento com os objetivos e metas da empresa, pois os ganhos empresariais somente são possíveis a partir do momento que o parque instalado se mostra confiável e capaz de contribuir para as reduções dos custos de fabricação necessários. Este trabalho de conclusão de curso apresentou uma pesquisa feita sobre a metodologia Manutenção Centrada na Confiabilidade (MCC), elaborando uma metodologia mais enxuta para aplicar na empresa Whirlpool – Unidade Embraco. Foi desenvolvido um processo enxuto da MCC que reduz consideravelmente o tempo de implantação e os recursos necessários, mas que atenda as expectativas de resultados da empresa. Depois do desenvolvimento da metodologia, constatou-se que os principais motivos que originaram a redução de tempo esperada deve-se a não subdivisão dos sistemas, tratando de uma forma mais ampla, mas eficiente cada sistema, além da redução da documentação e o número de elementos da equipe de implantação. Outro ponto importante concluído é na escolha dos equipamentos a serem aplicada a MCC, não sendo implantada em todos os equipamentos da empresa, somente nos que geram impacto direto na produção em caso de falhas. Como resultados, depois da implantação da MCC, pode-se destacar o aumento da confiabilidade e disponibilidade dos equipamentos da empresa, diminuindo assim os estoques de produtos e o aumentando a produtividade dos equipamentos e a padronização dos planos de manutenção. Como sugestão, será interessante desenvolver um software, criar um campo no próprio sistema de gerenciamento da empresa ou até uma planilha no Excel, para gerenciar todas as informações, facilitando na aplicação da metodologia, buscas e alteração de informações. 57 Sendo assim, o trabalho de conclusão de curso com o tema: Desenvolvimento de um Processo Enxuto da Manutenção Centrada na Confiabilidade para Aplicação na Whirlpool – Unidade Embraco, mostrou resultados extremamente positivos para a empresa. Para finalizar, ressalta-se que para obter-se êxito na aplicação desta ferramenta é necessário o registro completo das atividades correntes desenvolvidas pelo plano atual de manutenção para que seja possível a comparação entre as atividades atuais com as propostas pela MCC, e principalmente a compreensão de que para uma melhor avaliação da eficiência e eficácia do método só será possível através da obtenção dos resultados de médio e longo prazo. 58 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABENDE a, Ensaios Não Destrutivos. Análise de Vibração. Disponível em: <http://www.abende.org.br/info_end_oquesao_analise.php?w=1280&h=800>. Acesso em: 17 set. 2010. ABENDE b, Ensaios Não Destrutivos. Ultra-Som. Disponível em: <http://www.abende.org.br/info_end_oquesao_ultrason.php?w=1280&h=800>. Acesso em: 17 set. 2010. ANDREUCCI, Ricardo. Partículas magnéticas. 2007. Programa de Treinamento (ABENDE), São Paulo. KARDEC, Alan; NASCIF, Júlio. Manutenção: Função Estratégica. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2006. 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SAP: Data: Descrição do sistema Fonte: Primária Nome 65 APÊNDICE 4 – Cadastro De Sistemas Fonte: Primária 66 APÊNDICE 5 – Cadastro Dos Planos De Manutenção Fonte: Primária