TÍTULO / TÍTULO: AS EXPOSIÇÕES CIENTÍFICAS HANDS-ON SCIENCE COMO FENÔMENOS DE PÚBLICO NO BRASIL E SUAS ESTRATÉGIAS DE DIVULGAÇÃO AUTOR / AUTOR: Elton Alisson de Moura INSTITUIÇÃO / INSTITUCIÓN: Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) CORREIO ELETRÔNICO / CORREO ELECTRÓNICO: [email protected] EIXO / EJE: Divulgação e informação científica PALAVRAS-CHAVE / PALABRAS CLAVE: exposições científicas – divulgação científica – divulgação cultural RESUMO / RESUMEN A partir de 2007 começou a aportar no Brasil um novo gênero de exposições científicas que se tornaram fenômenos de público em diversas partes do mundo onde já tinham sido realizadas. No País, a repercussão dessas exposições que visam estimular a experimentação, a iniciativa e a curiosidade dos visitantes, estimulando-os a entrar em contato direto com os objetos em exposição, também não foi diferente. Exposições no formato hands-on-science como “Corpo humano: real e fascinante” e “Darwin: descubra o homem e a teoria revolucionária que mudou o mundo”, registraram recordes de público e ganharam um enorme espaço editorial nos principais jornais, revistas, páginas na internet e na programação de rádio e televisão em todo o País. Essas exposições que percorreram diversas capitais do mundo atraíram no País uma legião de pessoas não habituadas a freqüentar museus ou exposições científicas tradicionais. Em pesquisas realizadas pelos organizadores com os visitantes sobre como ficaram sabendo da realização das exposições, a maioria declarou que foi, predominantemente, por meio de reportagens, revistas, sites ou jornais. O que denota o papel crucial que os veículos de comunicação tiveram nas estratégias de comunicação dessas exposições para torná-las grandes eventos científicos e culturais no País. As exposições científicas hands-on science como fenômenos de público no Brasil e suas estratégias de divulgação No livro “O mundo assombrado pelos demônios: a ciência vista como uma vela no escuro”, o professor de astronomia e ciências espaciais da Universidade de Cornell, Carl Sagan, relata o fascínio que a Feira Mundial de Nova York, que visitou com seus pais na infância, em 1939, exerceu sobre aquele que viria a se tornar uma das personalidades que mais se dedicou à atividade de divulgação científica no século 20. Ao observarmos a diversidade de relatos, citações e publicações disponíveis hoje sobre o evento, que Sagan diz que lhe ofereceu “a visão de um futuro perfeito que a ciência e a alta tecnologia tornavam possível1” e onde era possível interagir com os objetos apresentados em seções como “Veja o som” ou “Escute a luz”, pode-se deduzir que sua repercussão na época foi semelhante a que as exposições científicas baseadas no modelo hands-on science estão ganhando nos últimos anos em diferentes partes do mundo, incluindo no Brasil, onde começaram a aportar nos últimos anos. Preconizadas por Frank Oppenheimer, que em 1969 fundou o Exploratorium, em São Francisco, nos EUA, inspirado na Children’s Gallery do Science Museum de Londres, criado nos anos 30, essas exposições que utilizam métodos interativos, de modo a motivar o público com experiências que o envolvam diretamente, tiveram um substancial desenvolvimento nos últimos 30 anos. Nos EUA, ocorreram particularmente após o lançamento do primeiro spuitnik soviético, em 1957, quando se tornou evidente a urgência de se incrementar o nível de informação científica do norte-americano médio. A partir de então, cerca de 60% dos museus de ciência e tecnologia norte-americanos foram criados com essa proposta, e se expandiram com maior velocidade na década de 802. Entendidos como uma nova proposta de museu (Gil, 1988, p.73), eles foram criados para difundir a ciência e os produtos tecnológicos dela derivados utilizando meios de comunicação e exposições interativas, estruturadas o mais próximo possível do método científico3. Neles encontram-se ausentes os objetos pertencentes ao passado científico e o caráter histórico e sociocultural do desenvolvimento da ciência e da tecnologia. Dessa forma, diferenciam-se dos museus científicos, ditos tradicionais, na índole de suas exibições e seu potencial educativo e como instituições nas quais características dos museus científicos tradicionais são instrumentalizadas em um só espaço. Entretanto, compartilham os mesmos objetivos deles 1 SAGAN, Carl. O mundo assombrado pelos demônios: a ciência vista como uma vela no escuro. São Paulo: Companhia das Letras, 2006, 13, 42, 451 p. 2 ALBAGLI, Sarita. Divulgação científica: informação científica para cidadania? Brasília: Ci. Inf., set./dez. 1996, v. 25, n. 3, 396-404 p. 3 LOUREIRO, José Mauro Matheus. Museu de ciência, divulgação científica e hegemonia. Brasília: Ci. Inf., jan./abril 2003, v. 32, n. 1, 88-95 p. quanto fomentar a educação científica e técnica, pelo seu valor cultural intrínseco e pelo que ela representa como condicionadora das sociedades modernas (Gil, 1988, p. 87). Ainda pouco conhecida no Brasil, essa nova proposta de exposições científicas adotada pelos museus de ciência e tecnologia modernos, baseada no modelo hands-on science, que visam estimular a experimentação, a iniciativa individual e a curiosidade de seus visitantes, estimulando-os a entrar em contato direto com os objetos em exposição, começou a ser difundida nos últimos três anos no País por intermédio da realização de exposições itinerantes e independentes, realizadas por instituições americanas em parceria com empresas e entidades brasileiras. A primeira delas foi “Corpo humano: real e fascinante”. Polêmica, a exposição que antes de São Paulo já havia sido realizada em 34 cidades no mundo, gerou protestos em diversos países, principalmente, de líderes religiosos. A última reação exacerbada contra a exposição partiu do presidente venezuelano Hugo Chávez, que decidiu expulsar do país a exposição que já foi vista por mais de três milhões de pessoas no mundo por considerá-la “macabra e reflexo de uma decomposição moral do mundo”. No Brasil a exposição foi vista por mais de 450 mil pessoas em São Paulo, onde foi realizada no início de 2007, e 220 mil no Rio de Janeiro entre setembro de 2008 a janeiro de 2009, e 150 mil no Rio Grande do Sul. Criada pela empresa americana Premier Exhibitions, Inc., que se intitula “a maior provedora de exposições museológicas de qualidade no mundo”, que são realizadas em museus, centros de eventos e espaços não tradicionais, a exposição tem uma concepção diferenciada que recorre a 16 corpos e 225 órgãos verdadeiros para revelar o funcionamento do corpo humano e seus sistemas. Para isso, faz uso de uma técnica, chamada polimerização, em corpos adultos de homens e mulheres, para obter resultados que evidenciam as variações e diferenças apresentadas pela espécie humana. Dividida em nove setores, que representam cada sistema do organismo humano, como o muscular e o nervoso, a exposição causou polêmica no mundo por utilizar corpos humanos reais e gerou questionamentos sobre a origem dos cadáveres, fornecidos pela Escola Universitária de Medicina de Dalian, na China, e especulações de que seriam de criminosos executados. Ao que os organizadores defenderam que “são de indivíduos acometidos de morte natural, que optaram por participar de um programa de doação de seus próprios corpos em benefício da ciência e da educação, realizado pela República Popular da China”. Realizada em São Paulo pela Time 4 Fun – ex CIE Brasil –, uma das maiores empresas de entretenimento e marketing cultural da América Latina e, proprietária das casas de espetáculo Credicard Hall, Citibank Hall e Teatro Abril, em São Paulo, além da Ticketmaster, a repercussão da exposição e o sucesso de público que ela obteve no País se deu, em grande parte, pelas reações que ela provocou nos diversos países onde já tinha sido realizada e as expectativas em relação à reação do público brasileiro. A estratégia utilizada pela empresa organizadora da exposição no Brasil, a T4F, coordenada pela própria assessoria de comunicação, compreendeu a realização de press trips – viagens de jornalistas – para Nova York, nos EUA, onde a exposição estava em cartaz, para vê-la com antecedência e redigirem matérias sobre a mostra, publicadas sob embargo, antes dela ser oficialmente aberta no Brasil, a exemplo do que a empresa costuma fazer para promover as turnês de grandes artistas mundiais que também costuma trazer ao País. Em sua maioria, as matérias realizadas sobre a exposição antes e durante o evento no Brasil enfatizaram o caráter polêmico da exposição. E foram publicadas, além da editoria de Ciências, principalmente nas de Cultura, Lazer e Entretenimento. O que denota que receberam um tratamento dos veículos de comunicação muito mais como um evento cultural e um programa de entretenimento, do que uma exposição eminentemente científica. Paralelamente a exposição, em São Paulo, os mesmos organizadores da “Corpo humano: real e fascinante” realizaram no mesmo local, na Oca do Ibirapuera, em São Paulo, a exposição “Leonardo da Vinci: a exibição de um gênio”. A mais abrangente exposição em formato itinerante sobre o artista e cientista italiano, na mostra não havia nenhum original das obras do artista porque há uma legislação que restringe a circulação delas e o próprio Da Vinci deixou poucas obras originais. Para estimular a visitação do público à exposição, que reuniu um público menor que “Corpo humano: real e fascinante” – com 250 mil pessoas –, os organizadores fizeram uma promoção, em que quem comprasse um ingresso para uma das exposições tinha 20% de desconto para o outro evento. De acordo com a diretora de exposições da empresa na época foram realizadas de modo simultâneo no Brasil elas só tinham datas disponíveis para virem para a América do Sul no mesmo período e como a Oca tem um espaço muito grande puderam fazer as duas exposições ao mesmo tempo. Segundo os organizadores, até 2005 nenhum país de língua inglesa ou asiático havia sediado uma exposição desse porte e ainda não tinha um planejamento para compilar o grande acervo num conjunto mais completo. Em maio de 2006, a Anthropos Foundation e a RYP Austrália Major Projects estabeleceram uma parceria para realizar este conceito, que originou a mostra, que iniciou em julho de 2006 em Melbourne, na Austrália. E, antes de chegar ao Brasil, partes deste acervo obteve expressivos números de visitação em Roma, na sede da Anthropos Foundation (mais de 600 mil visitantes no último verão europeu) e Moscou (500 mil visitantes durante os três meses em cartaz). É interessante notar que no material de apresentação da mostra para as empresas organizadoras a empresa diz que pode “oferecer um programa completo de marketing, publicidade e relações públicas para auxiliar as organizadoras em suas campanhas de marketing local e internacional”. Questionada se seguiu o plano de comunicação da empresa, a T4F ainda não forneceu a informação para a pesquisa. O que foi patente é que a maioria das matérias sobre o evento tiveram como “gancho jornalístico” o controverso livro “O Código da Vinci”, que até então tinha vendido mais de 40 milhões de cópias em todo o mundo e foi adaptado para o cinema. E foram publicadas principalmente nas editorias de cultura e entretenimento, artes e ciência e tecnologia, que mais uma vez, revela o tratamento que os veículos de comunicação dão a esse tipo de exposição no Brasil, vistos como uma misto de programa cultural, científico e de entretenimento. Atualmente as exposições não estão em cartaz no Brasil. Mas a “Corpo humano: real e fascinante” retorna ao País no ano que vem sob a nova versão “Corpos”. E será realizada pela empresa brasileira Egg Produções, uma empresa fundada pela executiva Stephanie Mayorkis, que por sete anos trabalhou na T4F, onde foi diretora da área de promoções e eventos e diretora de teatro e exposições, sendo responsável pela organização das exposições “Corpo humano: real e fascinante” em SP, RJ e RS, e “Leonardo da Vinci: a exibição de um gênio em São Paulo”. Em entrevista para esse projeto, Mayorkis declarou que o foco da empresa “não é, exatamente, exposições cientificas, e sim mostras que tenham apelo cultural e educacional. O objetivo é realizar exposições que gerem conhecimento e interesse em um amplo perfil de público e que tenham apelo educativo para os grupos escolares. “Queremos trazer ao Brasil conteúdos democráticos, que sejam de interesse de pessoas de várias idades e perfis. E não somente aos públicos interessados em nichos”. A mais recente exposição científica que a empresa realizou nesse formato educativo e interativo foi “Cérebro humano – o mundo dentro da sua cabeça”, que ocupou 1,5 mil m2 do Porão das Artes do Pavilhão da Bienal, no Parque do Ibirapuera, em São Paulo, e que reuniu um público estimado em 80 mil pessoas em três meses e um retorno de mídia espontânea de R$ 4,5 milhões somente até o lançamento. Mas na avaliação de Mayorkis, a exposição foi afetada por fatores, como a gripe suína, que atrapalhou muito o primeiro mês da exposição, em agosto, devido às escolas decidirem pela prorrogação das férias. O que fez com que milhares de estudantes – que representam o principal público desse tipo de exposição – deixassem de vê-la. “São riscos que, infelizmente, não temos como controlar”, diz Mayorkis. De acordo com o material de divulgação da exposição, a mostra foi desenvolvida em colaboração com os institutos National Institutes of Health, The Society for Neuroscience e The Dana Alliance for Brain Initiatives, todos norte-americanos – com desenvolvimento de conteúdo do Ph.D e conferencista especial da Universidade da Califórnia em Santa Cruz, Peter Radetsky – a mostra já passou por importantes museus em diversas partes do mundo, sendo vista por mais de três milhões de pessoas. O objetivo é ajudar as pessoas de todas as idades a entenderem o complexo funcionamento do cérebro humano, além de procurar tornar mais fácil a compreensão de temas ligados a doenças e disfunções cerebrais. Contando com vídeos, textos explicativos, conteúdo expositivo e vários elementos interativos com objetivo de facilitar a compreensão das crianças e famílias, a exposição aborda todas as questões que envolvem o funcionamento cerebral: dos neurônios à química, dos sonhos ao desenvolvimento da linguagem, da depressão à doença de Alzheimer e ajuda a desmistificar o órgão mais essencial do corpo humano. Com uma estratégia essencialmente baseada em um trabalho de assessoria de comunicação externa, a realização da exposição pautou matérias jornalísticas sobre o assunto em publicações de grande circulação nacional, como a revista “Veja”, que publicou uma matéria de capa sobre o tema. Outra instituição brasileira que se especializou na organização e realização desse tipo de exposição no Brasil é o Instituto Sangari. Em 2006, a entidade criada em 2006 se associou ao maior e mais importante museu de história natural do mundo, o Museu de História Natural de Nova York para realizar, ao todo, dez grandes exposições itinerantes em um período de cinco anos no Brasil. Com isso, se tornou a única instituição não-museu no mundo a ser parceira e colaboradora do museu americano, que tem um programa de exposições itinerantes e internacionais que a América do Sul até então não integrava o roteiro. A primeira delas foi “Darwin – descubra o homem e a teoria revolucionária que mudou o mundo”, realizada inicialmente no período de maio a julho de 2007 em São Paulo, que estava programada para ser apresentada na mesma data no México, mas que os organizadores locais não conseguiram um espaço para realizá-la. Em cartaz por dez semanas no Museu de Arte de São Paulo (Masp), a exposição registrou um público de mais de 175 mil visitantes – sendo cerca de 70 mil deles estudantes das redes pública e privada - e foi uma das dez maiores exposições em número de público realizadas pelo Masp, reunindo mais de dez mil pessoas por dia. Em uma pesquisa realizada pelos organizadores com 463 visitantes, sendo 322 mulheres e 141 homens, sobre como ficaram sabendo da exposição, 38% responderam que por meio de reportagens em revistas, sites ou jornais; 20% por indicação de amigos; 18% por reportagem ou anúncio em TV; 14% por anúncio na internet ou e-mail marketing; 6% em anúncio em jornal ou revistas e 4% por meio de rádio ou filme publicitário em ônibus. E instados a citar de modo espontâneo uma ou mais empresa que patrocinou a exposição, 75% citaram ao menos uma dentre elas que, em grande parte, é do setor de comunicação, como os grupos Abril e Globo, o portal Uol, do grupo Folha da Manhã, e a rádio Eldorado, do grupo Estado, com quem os organizadores da exposição celebraram parcerias para divulgar o evento. E que, além de influenciarem a decisão de seus leitores e espectadores de irem às exposições ao dedicarem um generoso espaço editorial em suas páginas impressas ou na internet e na programação jornalística de seus canais de rádio e televisão, também a avalizaram, ao as apoiarem institucionalmente por meio de parcerias, em que veicularam anúncios em troca de figurarem como patrocinadores. A editora Abril, por exemplo, veiculou 16 páginas de anúncios da mostra “Darwin – descubra o homem e a teoria revolucionário que mudou o mundo”, fez dois disparos de e-mail marketing para 220 mil leitores e 3,6 milhões de impressões de banners de anúncio nos sites das revistas National Geographic, Superinteressante, Aventuras na história, Bravo, Nova Escola, Sala de aula e Contigo. E a Rede Globo fez oito inserções de 15 segundos em sua programação, sendo uma delas no horário nobre, durante a novela das 20h. Em se tratando de “mídia espontânea” – em que não houve pagamento para a divulgação da exposição – foram realizadas 248 matérias jornalísticas sobre o evento, incluindo capas das revistas “Veja”, “Super Interessante” e “Folha de S. Paulo”, com um resultado contabilizado de exposição de R$ 6,9 milhões em mídia impressa, R$ 6 milhões em mídia TV e R$ 1 milhão em mídia rádio. As estratégias de comunicação da exposição Darwin na maioria das cidades por onde passou contemplou campanhas publicitárias em jornal/guia, revista, rádio e tv, assessoria de imprensa e divulgação na web. Em algumas cidades foram utilizadas estratégias específicas como, por exemplo, no Rio de Janeiro a publicidade aérea e a divulgação da mostra em guarda-sóis oferecidos aos donos das barracas de praia. E de acordo com a gerente de relacionamento da empresa, Juliana Stefano, “foram utilizadas estratégias específicas para o Brasil porque a nossa cultura é diferente de outros países e o que funcionaria lá não necessariamente daria certo aqui”. Todo o material de divulgação, incluindo banners, cartazes e etc., também foram modificados, porque tinha uma linguagem e aparência muito sisudas. E ganharam um conteúdo mais publicitário. De acordo com Stefano, o investimento em mídia para divulgação das exposições corresponde, normalmente, a aproximadamente 10% a 20% do valor total do projeto. E o maior retorno vem da mídia espontânea. Aproximadamente 500 mil pessoas já visitaram a exposição, que já passou pelas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Goiânia, Curitiba e Vitória, onde ficou em cartaz até meados de outubro deste ano. A expectativa é que siga para Belo Horizonte e Ribeirão Preto no ano que vem. E se obtiver patrocínio, os organizadores têm interesse em apresentá-la em outros países da América do Sul, como Chile, Argentina e Colômbia. As últimas exposições realizadas pela empresa no Brasil nesse formato foram “Revolução Genômica” e “Einstein” que, juntas, atraíram um público de 300 mil pessoas e, no caso de “Einstein”, gerou 193 matérias jornalísticas. As próximas programadas são “Água”, em 2010, e depois dela, provavelmente, “Egito” e “Mudanças Climáticas”, que terão o Instituto como codesenvolvedor e integrante do conselho curatorial, responsável pela criação das novas mostras do AMNH. O que propiciará agregar o expertise da empresa brasileira na realização de eventos desse porte nas exposições científicas e itinerantes do museu americano. Entre os critérios utilizados para organizar as mostras, de acordo com a gerente de relacionamento do Instituto Sangari, Juliana Stefano, estão os fatos de serem temas de grande relevância para o País e que são trabalhados no currículo das escolas públicas e privadas de ensino, que representam o maior público visitante das exposições. Sob o aval do AMNH, o Instituto amplia e adapta o conceito das mostras, com o objetivo de torná-las mais atraentes para o público brasileiro, contanto com consultores científicos, responsáveis pela concepção dos novos conteúdos; com uma comissão formada por renomados pesquisadores e cientistas, especializados no assunto da exposição, que participam do processo de desenvolvimento e aprovação; e, também, com uma curadoria que enriquece a mostra ao fazer uma releitura artística do tema com obras que integram arte e ciência. Para isso, paralelamente a todas as exposições, são realizadas palestras, mesas-redondas e atividades artísticas com o objetivo de disseminar a ciência por meio da cultura. Contando com recursos de patrocinadores e se valendo de leis de incentivo à cultura, como a Lei Rouanet, o objetivo de inserir atividades artísticas nas exposições também se deve a uma estratégia de convencimento do Ministério da Cultura a aprovar a captação de recursos de empresas por meio de editais na área de audiovisual, que não reconhece essas exposições como atividades culturais. O que merecerá um estudo mais detalhado neste projeto de pesquisa. Pela Lei Rouanet, as empresas que patrocinam as exposições científicas podem deduzir até 4% do valor no imposto de renda de acordo com o período de fechamento de seus balanços, que podem ser anual ou trimestral. Outras barreiras enfrentadas pelas empresas organizadoras de mostras como essas no País são convencer as empresas do potencial dessas exposições, devido ao fato de serem relativamente novos no País, além da falta de espaços culturais e museológicos adequados e disponíveis para abrigá-las, principalmente fora do eixo Rio-SP, onde as cidades contam com poucos espaços que possuem a metragem necessário, de, no mínimo, 800 m2; e a falta de mão-de-obra especializada na concepção desse tipo de exposição. Atualmente estão em cartaz em algumas capitais do Brasil algumas exposições nesse formato, como a “Tão longe, tão perto”, sobre a evolução da telefonia, no Museu Nacional da República, em Brasília (DF) e a francesa “Epidemik”, sobre a história das epidemias no mundo ao longo dos tempos, no Rio de Janeiro. E, de acordo com as empresas organizadoras, ainda há espaço para a realização de diversas outras exposições desse gênero no País, se valendo de estratégias de marketing cultural para torná-las eventos que são fenômenos de público. BIBLIOGRAFIA -http://oglobo.globo.com/mundo/mat/2009/03/14/chavez-expulsa-exposicao-sobre-corpohumano-da-venezuela-754842956.asp. “Chávez expulsa exposição sobre corpo humano da Venezuela”. O Globo. Acessado em 16/11/09. - SANGARI, Instituto. (2009). Relatório de atividades 2007-2008. Instituto Sangari. São Paulo, 2009, 14-15 p. - EINSTEIN (2009). Relatório de atividades. Instituto Sangari. São Paulo, 2009, 7-p. - http://www.corpohumanopoa.com.br/en/release_corpohumano_90mil.pdf. “Mostra já recebeu cerca de 90 mil pessoas em menos de dois meses”. Site da exposição. Acessado em 16/11/2009. - http://www.rypaustralia.com/index-4.html. “Leonardo da Vinci: na exhibition of a genius”. RYP Austrália. Acessado em 20/11/2009. - http://www.exposicaocerebro.com.br/. “Cérebro: o mundo dentro da sua cabeça”. Egg Produções. Acessado em 20/11/2009. - http://www.prxi.com/prxi.html. “The Company”. Premier Exhibitions. Acessado em 16/11/2009. - http://www.institutosangari.org.br/instituto/downloads/relatorio_darwin.pdf. “Relatório Darwin”. Instituto Sangari. Acessado em 17/07/2008. - BUENO, Wilson da Costa. O jornalismo científico: conceitos e funções. Ciência e cultura, set. 1985, n. 37, v. 9. - BACCEGA, Maria Aparecida (org.). Gestão de processos comunicacionais. Atlas. São Paulo, 2002. - BUENO, Wilson. A auditoria de imagem na mídia como estratégia de inteligência empresarial. In Comunicação e Sociedade. Umesp. São Paulo, 1999, n. 32, 11-28 p. - BUENO, Wilson. O jornalismo como disciplina científica: a contribuição de Otto Groth. EcaUsp, 1972. - CALDAS, Graça. Relacionamento assessor de imprensa/jornalista: somos todos jornalistas. In Duarte, Jorge (org.). Assessoria de imprensa e relacionamento com a mídia: teoria e técnica. Atlas, 2002, 306-313 p. - CORRADO, Franck. A força da comunicação. Tradução de Bárbara Theoto Lambert. Markon Books. São Paulo, 1994. - DOTY, Doroty. Divulgação científica, relações públicas: comunicação empresarial na prática. Cultura Editores Associados. São Paulo, 1999. - GARCIA, Maria Tereza. A arte de se relacionar com a imprensa. Novatec. São Paulo, 1994. - GIL, Fernando Bragança. Museus de ciência: preparação do futuro, memória do passado. Colóquio ciências. Revista da Cultura Científica, out. 1988, n. 3, 72-89 p. - KUNSCH, Margarida Maria Krohling. Planejamento de relações públicas na comunicação integrada. Summus. São Paulo, 1986. - KUNSCH, Margarida Maria Krohling (org). Obtendo resultados com relações públicas: como utilizar adequadamente as relações públicas em benefício das organizações e da sociedade em geral. Pioneira. São Paulo, 1997. - SCHWARCZ, Liliam K. M. O nascimento dos museus no Brasil: 1870-1910. In: MICELI, Sérgio. (Org.). História das ciências sociais no Brasil. Vértice. São Paulo, 1989, v. 1, p. 27.