Universidade Federal de Pelotas Centro de Pesquisas Epidemiológicas Faculdade de Medicina - Departamento de Medicina Social Faculdade de Enfermagem e Obstetrícia – Departamento de Enfermagem CAA – DAB – SAS – MINISTÉRIO DA SAÚDE Monitoramento e Avaliação do Projeto de Expansão e Consolidação da Saúde da Família (PROESF) Relatório Municipal Estudo de Linha de Base Jaboatão dos Guararapes, PE Luiz Augusto Facchini Roberto Xavier Piccini Elaine Tomasi Elaine Thumé Denise Silva da Silveira Vanessa Andina Teixeira Setembro de 2006 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Reitor: Antônio Cesar Gonçalves Borges Vice-Reitor: Telmo Pagana Xavier Pró-Reitor de Graduação: Luiz Fernando Minello Pró-Reitor de Extensão e Cultura: Vitor Hugo Manzke Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação: Alci Enimar Loeck Pró-Reitor Administrativo: Francisco Carlos Luzzardi Pró-Reitor de Planejamento e Desenvolvimento: Elio Paulo Zonta Diretor da Faculdade de Medicina: Farid Iunan Butros Nader Diretor da Faculdade de Enfermagem e Obstetrícia: Emília Nalva Ferreira da Silva Chefe do Departamento de Medicina Social: Anaclaudia Gastal Fassa Chefe do Departamento de Enfermagem: Afra Suelene de Souza Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia: Aluisio J. D. Barros Coordenador do Centro de Pesquisas Epidemiológicas: Cesar Gomes Victora Presidente da Fundação Delfim Mendes Silveira: Antonio Costa de Oliveira Monitoramento e Avaliação do Projeto de Expansão e Consolidação da Saúde da Família (PROESF): Relatório Municipal do Estudo de Linha de Base de Jaboatão dos Guararapes – Lote 2 Nordeste / Luiz Augusto Facchini ... [et al.]. – Pelotas: Universidade Federal de Pelotas, 2006. 122p. : il. 1. Saúde Pública – Brasil – Administração 2. Programa de Saúde da Família 3. Atenção Básica - Avaliação. I. Facchini, Luiz Augusto. II. Piccini, Roberto Xavier. III. Tomasi, Elaine. IV. Thumé, Elaine. V. Silveira, Denise Silva da. VI Teixeira, Vanessa Andina. CDD 362.109 Maria de Fátima S. Maia CRB 10/134 EQUIPE TÉCNICA DO PROJETO Coordenação Geral Luiz Augusto Facchini Roberto Xavier Piccini Elaine Tomasi Elaine Thumé Organização do Relatório Luiz Augusto Facchini Roberto Xavier Piccini Elaine Tomasi Elaine Thumé Denise Silva da Silveira Maria de Fátima dos Santos Maia Alitéia Santiago Dilélio Vanessa Andina Teixeira Thiago Garcia Martins Turene Bastos Coordenação de Trabalho de Campo Fernando Vinholes Siqueira Coordenação de Processamento de Dados Denise Silva da Silveira Elaine Tomasi Coordenação Executiva Maria de Fátima dos Santos Maia Alessander Osório Mercedes Lucas Coordenação do Estudo Qualitativo Luciane Prado Kantorski Rita Heck Vanda Maria da Rosa Jardim Equipe Técnica do Estudo Qualitativo Luciane Prado Kantorski Vanda Maria da Rosa Jardim Emília Nalva Ferreira da Silva Valéria Christello Coimbra Michele Mandagará Oliveira Equipe de Apoio do Estudo Qualitativo Fernanda Barreto Mielke Sidnei Teixeira Junior Ana Paula Giacomelli Tavares Gimene Cardozo Braga Rebeca Castilhos Gabriel Pereira Apoio de Informática Alessander Osório Filipe da Silva Ribeiro Codificação de Dados Augusto Duarte Faria Desirée Fripp Luciane Scherer Pahim Maria Aparecida Rodrigues Turene Bastos Suelen dos Santos Saraiva Vanessa Andina Teixeira Suele Silva Danton Duro Filho Alitéia Santiago Dilélio Digitação Alisson Morales Ary Morales Neto Carla da Cruz Teles Daniel de Souza Pereira Emanuele Braga Fabiana de Souza Pereira Thiago Garcia Martins Controle de qualidade Vera Vieira Helena Souza van der Laan Susete Aschidamini Ferreira Supervisores do Trabalho de Campo Alitéia Santiago Dilélio Arilson da Rosa Catiúscia Souza Cleonice Valadão Danton Duro Filho Janaína dos Santos João Luis Rosado Michele Padilha Rodrigues Maria Márcia Ambrósio Patrícia Mendonça Raquel Barboza Sandra de Souza Silvia da Costa Suele Silva Vanessa Andina Teixeira Professores Colaboradores José Justino Faleiros Anaclaudia Gastal Fassa Fábio Lima Gabriela Lobata Helen Denise Gonçalves da Silva Alunos voluntários e bolsistas de Iniciação Científica dos Cursos de Medicina e Enfermagem da UFPel e de Psicologia da UCPel Clarissa de Souza Cardoso Emanuela Maria Dalvit Helena Souza van der Laan Inês Soria Alvaro Jeanine Porto Brondani Lourielle Soares Wachs Mariangela Uhlmann Soares Escrever é sempre ocultar algo de modo que possa ser descoberto. Ítalo Calvino 6 AGRADECIMENTOS Este projeto é o resultado de um esforço coletivo de professores, técnicos e alunos vinculados ao Departamento de Medicina Social da Faculdade de Medicina, ao Departamento de Enfermagem da Faculdade de Enfermagem e Obstetrícia, ao Centro de Pesquisas Epidemiológicas e ao Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia. A equipe destaca o reconhecimento a esta parceria, fundamental para o êxito do Projeto. Igualmente se externa a gratidão ao apoio e estímulo recebidos de um grande número de pessoas que, em diferentes âmbitos, institucionais, administrativos e acadêmicos, viabilizaram o desenvolvimento do Projeto. Agradecimentos especiais e em particular são destinados a: Antonio César Borges, reitor da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), André Luiz Haack, ex-reitor da UFPel, Francisco Luzzardi, pró-reitor de administração e sua equipe de trabalho, Antonio Costa de Oliveira, presidente, José Carlos Fernandes Filho e Sérgio Luis Ribeiro dos Santos, colegas do setor de administração da Fundação Delfim Mendes da Silveira, Anaclaudia Fassa, chefe, e colegas do Departamento de Medicina Social, Emília Nalva Ferreira, diretora, e colegas da Faculdade de Enfermagem e Obstetrícia, Afra Suelene de Souza, chefe, e colegas do Departamento de Enfermagem, Renato Moreira, Dalvina Bueno de Almeida, Luis Cleber Wilke, Jorge Augusto Rollo Cardozo, Fabiane dos Santos Luiz, Odete Almeida, Vera Lucia Govea da Silveira e demais funcionários da Faculdade de Enfermagem e Obstetrícia, Cesar Victora, diretor, e colegas do Centro de Pesquisas Epidemiológicas, Aluísio Barros, coordenador, e colegas do Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia, Eronildo Felisberto, coordenador, e equipe da Coordenadoria de Avaliação e Acompanhamento do Departamento de Atenção Básica da Secretaria de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde, Maria do Carmo Leal, coordenadora, e colegas do Grupo de Acompanhamento do Estudo de Linha de Base do PROESF, junto ao Ministério da Saúde. É digna de especial registro a gratidão à professora Emília Nalva Ferreira, diretora da Faculdade de Enfermagem e Obstetrícia e aos colegas do Departamento de Enfermagem pelo acolhimento na área física que a equipe deste Projeto ocupa hoje nesta Unidade de Ensino. A iniciativa da professora Emília e colegas oportunizou a participação de sua unidade no cotidiano das inúmeras atividades técnicas e administrativas de um Projeto de grande porte. Externa-se ainda entusiásticos agradecimentos a gestores e coordenadores de atenção básica e de saúde da família do Município de Jaboatão dos Guararapes, representantes do controle social, trabalhadores das unidades básicas de saúde, agentes comunitários de saúde, população entrevistada e todos aqueles que participaram do Projeto fornecendo informações e contribuindo para a realização do trabalho. 8 SUMÁRIO LISTA DE SIGLAS .................................................................................................. 11 LISTA DE TABELAS .............................................................................................. 13 APRESENTAÇÃO ................................................................................................... 15 RESUMO .................................................................................................................. 17 1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................19 2 METODOLOGIA ....................................................................................................21 2.1 Delineamento do Estudo de Linha de Base (ELB) ............................................... 21 2.2 Amostra e Amostragem do ELB .......................................................................... 23 2.2.1 Amostra de UBS............................................................................................. 23 2.2.2 Amostra de profissionais de saúde .................................................................. 23 2.3 Amostra de usuários: demanda atendida nas UBS................................................ 23 2.2.4 Amostra de população da área de abrangência das UBS.................................. 24 2.3 Trabalho de Campo no Município: Logística e Instrumentos de Fonte Primária... 24 2.4 Levantamento de Dados em Fontes Secundárias.................................................. 28 2.5 Processamento dos Dados.................................................................................... 28 2.5.1 Recepção e classificação dos instrumentos...................................................... 29 2.5.2 Identificação e constituição dos lotes .............................................................. 29 2.5.3 Bancos de Dados Estruturados........................................................................ 30 2.6 Controle de Qualidade......................................................................................... 31 2.7 Análise dos Dados............................................................................................... 31 3 RESULTADOS .......................................................................................................33 3.1 Contexto.............................................................................................................. 33 3.1.1 Situação Demográfica e Socioeconômica de Jaboatão dos Guararapes............ 33 3.1.2 Amostra de Unidades Básicas de Saúde.......................................................... 34 3.1.3 Amostra de Profissionais de Saúde ................................................................. 34 3.1.3.1 Distribuição dos Trabalhadores por Modelo de Atenção e por Unidade Básica de Saúde..................................................................................................... 35 3.1.3.2 Situação Demográfica e Socioeconômica dos Trabalhadores...................... 36 3.1.4 Amostra da Demanda Atendida nas Unidades Básicas de Saúde ..................... 37 3.1.4.1 Distribuição da Demanda por Unidade Básica de Saúde............................. 37 3.1.5 Amostra Populacional da Área de Abrangência das Unidades Básicas de Saúde ................................................................................................................................ 37 3.1.5.1 Distribuição da População.......................................................................... 37 3.1.5.2 Situação Demográfica e Socioeconômica da População da área de Abrangência das UBS............................................................................................ 38 3.2 Dimensão Político-Institucional........................................................................... 41 3.2.1 Projeto de Governo......................................................................................... 43 3.2.1.1 Tipo de Gestão Municipal, Índice de Aprendizado Institucional e Cobertura do Programa de Saúde da Família.......................................................................... 43 3.2.1.2 Adequação Setorial e dos Modelos de Atenção para o Funcionamento do Sistema Municipal de Saúde.................................................................................. 44 3.2.1.3 Critérios na definição de áreas de abrangência das UBS e na implantação do Programa de Saúde da Família............................................................................... 44 3.2.1.4 Características do emprego e da remuneração dos trabalhadores da Atenção Básica.................................................................................................................... 45 3.2.2 Capacidade de governo................................................................................... 46 3.2.2.1 Perfil do Secretário Municipal de Saúde..................................................... 46 3.2.2.2 Perfil do Coordenador de Atenção Básica e / ou do Programa de Saúde da Família .................................................................................................................. 46 3.2.2.3 Perfil do Presidente do Conselho Municipal de Saúde................................ 46 3.2.2.4 Perfil dos Trabalhadores das Unidades Básicas de Saúde ........................... 47 3.2.3 Governabilidade ............................................................................................. 48 3.2.3.1 Despesas per capita com saúde................................................................... 48 3.2.3.2 Financiamento da Atenção Básica nos Municípios ..................................... 49 3.2.3.3 Apoio a Projetos de Atenção Básica à Saúde e de Saúde da Família........... 49 3.2.3.4 Características do Conselho Municipal de Saúde........................................ 50 3.3 Dimensão Organizacional da Atenção ................................................................. 50 3.3.1 Práticas de gestão da ABS .............................................................................. 50 3.3.1.1 Mecanismos de supervisão, monitoramento e avaliação da atenção básica à saúde ..................................................................................................................... 50 3.3.1.2 Estratégias de controle e regulação da demanda ......................................... 51 3.3.1.3 Informação e Informatização na Rede Básica Municipal ............................ 51 3.3.1.4 Sistemas de Informação em Saúde ............................................................. 52 3.3.2 Práticas de Oferta de Serviços no Município................................................... 52 3.3.2.1 Estrutura da rede básica de saúde ............................................................... 52 3.3.2.2 Disponibilidade de Profissionais do PSF .................................................... 60 3.3.2.3 Acesso aos serviços básicos de saúde......................................................... 60 3.3.2.4 Acesso aos serviços especializados ............................................................ 61 3.3.2.5 Adstrição da demanda................................................................................ 61 3.3.2.6 Vínculo com instituições de ensino ............................................................ 62 3.3.2.7 Assistência farmacêutica............................................................................ 62 3.3.3 Experiências inovadoras em atenção básica à saúde........................................ 62 3.4 Dimensão do Cuidado Integral ............................................................................ 62 3.4.1 Estratégias de indução da integralidade........................................................... 62 3.4.1.1 Atividades realizadas na UBS para o cuidado integral ................................ 63 3.4.1.2 Acesso direto a exames complementares.................................................... 66 3.4.1.3 Disponibilidade de medicamentos.............................................................. 66 3.4.1.4 Utilização de protocolos............................................................................. 69 3.4.1.5 Utilização de computador pelos profissionais............................................. 71 3.4.1.6 Qualidade dos serviços prestados ............................................................... 71 3.4.1.7 Acesso a publicações ................................................................................. 71 3.4.2 Processo de trabalho em atenção básica à saúde.............................................. 72 3.4.2.1 Introdução ao processo de trabalho em ABS .............................................. 72 3.4.2.2 A categoria processo de trabalho................................................................ 72 3.4.2.3 Etapas do processo de trabalho em atenção básica à saúde ......................... 74 3.4.2.4 Satisfação dos trabalhadores com as condições de trabalho ........................ 77 3.5 Dimensão Desempenho do Sistema de Saúde ...................................................... 78 3.5.1 Desempenho do Município de Jaboatão dos Guararapes ................................. 78 3.5.1.2 Indicadores Selecionados e Pacto da Atenção Básica à Saúde .................... 78 3.5.2 Desempenho dos Modelos de Atenção Básica à Saúde.................................... 82 3.5.2.1 Perfil da Demanda Atendida nas UBS........................................................ 82 3.5.2.2 Utilização de Serviços na População de Abrangência da UBS.................... 84 3.5.2.2.1 Crianças ................................................................................................84 3.5.2.2.2 Mulheres ...............................................................................................92 3.5.2.2.3 Adultos ...............................................................................................100 3.5.2.2.4 Idosos..................................................................................................108 4 AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DA ATENÇÃO BÁSICA À SAÚDE EM JABOATÃO DOS GUARARAPES..........................................................................117 5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................................121 10 LISTA DE SIGLAS AB – Atenção Básica ABS – Atenção Básica à Saúde ACS – Agente Comunitário de Saúde CID-10 – Classificação Internacional de Doenças - 10ª. Revisão CMS – Conselho Municipal de Saúde CNES – Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde CONASEMS – Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde DEGES / SEGETS – Departamento de Gestão da Educação em Saúde / Secretaria de Gestão da Educação e Trabalho em Saúde ELB – Estudo de Linha de Base ESF – Equipe de Saúde da Família GLAS – Grupo Local de Avaliação em Saúde IDH – Índice de Desenvolvimento Humano MS – Ministério da Saúde PROESF – Projeto de Expansão e Consolidação da Saúde da Família PSF – Programa de Saúde da Família RH – Recursos Humanos RM – Região Metropolitana SF – Saúde da Família SM – Salário Mínimo SIAB – Sistema de Informações da Atenção Básica SIA – Sistema de Informações Ambulatoriais SMS – Secretaria Municipal de Saúde SUS – Sistema Único de Saúde TC – Trabalho de Campo UBS – Unidade Básica de Saúde USF – Unidade de Saúde da Família UFPEL – Universidade Federal de Pelotas 11 12 LISTA DE TABELAS Tabela 3.1 Tabela 3.2 Tabela 3.3 Tabela 3.4 Tabela 3.5 Tabela 3.6 Tabela 3.7 Tabela 3.8 Tabela 3.9 Tabela 3.10 Tabela 3.11 Tabela 3.12 Tabela 3.13 Tabela 3.14 Tabela 3.15 Tabela 3.16 Tabela 3.17 Tabela 3.18 Tabela 3.19 Tabela 3.20 Tabela 3.21 Tabela 3.22 Tabela 3.23 Tabela 3.24 Tabela 3.25 Tabela 3.26 Indicadores demográficos e socioeconômicos para Jaboatão dos Guararapes, Pernambuco e pág. 33 Brasil. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. Distribuição da amostra de trabalhadores de saúde por atividade profissional em Jaboatão dos Guararapes, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, pág. 34 2005. Distribuição da amostra dos trabalhadores de saúde por Unidade Básica de Saúde de Jaboatão pág 35 dos Guararapes. Estudo de Linha de Base, PROESF - UFPel, Lote 2 NE, 2005. Renda média mensal dos profissionais em saúde estudados em Jaboatão dos Guararapes, por modelo de atenção e no Lote 2 NE. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, pág. 36 2005. Distribuição dos atendimentos prestados nas Unidades Básicas de Saúde de Jaboatão dos pág. 37 Guararapes. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. Condições de habitação das crianças, mulheres, adultos e idosos estudados em Jaboatão dos pág. 39 Guararapes, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. Escolaridade dos trabalhadores em saúde estudados em Jaboatão dos Guararapes, por modelo pág. 47 de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.. Cursos de capacitação realizados pelos trabalhadores das Unidades Básicas de Saúde estudadas em Jaboatão dos Guararapes e no Lote 2 NE. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, pág. 48 Lote 2 NE, 2005. Indicadores de financiamento do sistema de saúde para o município de Jaboatão dos pág. 49 Guararapes e para o Lote 2 NE. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. Área física das Unidades Básicas de Saúde em Jaboatão dos Guararapes. Estudo de Linha de pág. 53 Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. Adequação da estrutura nas Unidades Básicas de Saúde em Jaboatão dos Guararapes. Estudo pág. 54 de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. Equipamentos e instrumentos das Unidades Básicas de Saúde em Jaboatão dos Guararapes. pág. 56 Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. Disponibilidade de materiais e insumos nas Unidades Básicas de Saúde em Jaboatão dos pág. 59 Guararapes. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. Atividades para o Cuidado Integral nas Unidades Básicas de Saúde em Jaboatão dos pág. 64 Guararapes. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. Atividades de Grupo nas Unidades Básicas de Saúde em Jaboatão dos Guararapes. Estudo de pág. 65 Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. Disponibilidade de Medicamentos das Unidades Básicas de Saúde em Jaboatão dos pág. 67 Guararapes. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. Utilização de protocolos nas Unidades Básicas de Saúde em Jaboatão dos Guararapes, por modelo de atenção e no Lote 2 NE. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, pág. 69 2005. Utilização de Protocolos nas Unidades Básicas de Saúde em Jaboatão dos Guararapes. Estudo pág. 70 de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. Acesso dos profissionais estudados a publicações do Ministério da Saúde nas Unidades Básicas de Saúde de Jaboatão dos Guararapes, por modelo de atenção e no Lote 2 NE. Estudo de Linha pág. 72 de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. Médias alcançadas em relação à satisfação dos trabalhadores de saúde em uma escala de 0 a 10 em Jaboatão dos Guararapes, por modelo de atenção e no Lote 2 NE. Estudo de Linha de Base, pág. 78 PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. Indicadores de desempenho do sistema de saúde para Jaboatão dos Guararapes, Pernambuco e pág. 79 Brasil. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. Indicadores do Pacto da Atenção Básica de 2002 relativos à saúde da criança para Jaboatão dos Guararapes, Pernambuco e Brasil. Estudo de Linha de Base, PROESF–UFPel, Lote 2 NE, pág. 79 2005. Indicadores do Pacto da Atenção Básica de 2002 relativos à saúde da mulher para Jaboatão dos Guararapes, Pernambuco e Brasil. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, pág. 80 2005. Indicadores do Pacto da Atenção Básica de 2002 relativos a doenças crônicas para Jaboatão dos Guararapes, Pernambuco e Brasil. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, pág. 81 2005. Indicadores do Pacto da Atenção Básica de 2005 relativos à saúde bucal para Jaboatão dos pág. 81 Guararapes, Pernambuco e Brasil. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. Participação dos profissionais no atendimento à demanda em Jaboatão dos Guararapes, por pág. 83 modelo de atenção e no Lote 2 NE. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 13 Tabela 3.27 Tabela 3.28 Tabela 3.29 Tabela 3.30 Tabela 3.31 Tabela 3.32 Tabela 3.33 Tabela 3.34 Tabela 3.35 Tabela 3.36 Tabela 3.37 Tabela 3.38 Tabela 3.39 Tabela 3.40 Tabela 3.41 Tabela 3.42 Tabela 3.43 Tabela 3.44 Tabela 3.45 Tabela 3.46 Tabela 3.47 Tabela 3.48 Tabela 3.49 Tabela 3.50 Tabela 3.51 Tabela 3.52 2005. Condições de nascimento das crianças de Jaboatão dos Guararapes, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. Características do acompanhamento de puericultura das crianças estudadas em Jaboatão dos Guararapes, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. Características do estado vacinal das crianças estudadas em Jaboatão dos Guararapes de acordo com o registro do cartão de vacinas, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. Prevalência de diarréia no último mês e características das consultas pelo problema das crianças estudadas em Jaboatão dos Guararapes, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. Prevalência de pneumonia nas crianças nos últimos 6 meses e características das consultas pelo problema em Jaboatão dos Guararapes, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. Características das consultas por outros motivos além de diarréia e pneumonia das crianças estudadas em Jaboatão dos Guararapes, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. Características de saúde bucal das crianças estudadas em Jaboatão dos Guararapes, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. Características do pré-natal das mulheres estudadas em Jaboatão dos Guararapes, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. Orientações sobre aleitamento fornecidas no pré-natal realizado na Unidade Básica de Saúde da área de abrangência em Jaboatão dos Guararapes, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. Utilização de métodos anticoncepcionais pelas mulheres estudadas em Jaboatão dos Guararapes, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. Características da consulta ginecológica no último ano das mulheres estudadas em Jaboatão dos Guararapes, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 Nordeste, 2005. Prevenção do câncer de colo uterino nas mulheres estudadas em Jaboatão dos Guararapes, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. Consultas por outros motivos além do ginecológico das mulheres estudadas em Jaboatão dos Guararapes, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. Características de saúde bucal das mulheres estudadas em Jaboatão dos Guararapes, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. Atividade física dos adultos estudados em Jaboatão dos Guararapes, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. Hipertensão Arterial Sistêmica nos adultos estudados em Jaboatão dos Guararapes, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. Diabetes Mellitus nos adultos estudados em Jaboatão dos Guararapes, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. Problemas de nervos nos adultos estudados em Jaboatão dos Guararapes, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. Prevenção do câncer de colo uterino nas mulheres da amostra de adultos de Jaboatão dos Guararapes, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. Características de saúde bucal dos adultos estudados em Jaboatão dos Guararapes, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. Atividade física dos idosos estudados em Jaboatão dos Guararapes, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. Hipertensão Arterial Sistêmica nos idosos estudados em Jaboatão dos Guararapes, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. Diabetes Mellitus nos idosos estudados em Jaboatão dos Guararapes, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. Problemas de nervos nos idosos estudados em Jaboatão dos Guararapes, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. Necessidades de cuidado domiciliar dos idosos estudados em Jaboatão dos Guararapes, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. Características de saúde bucal dos idosos estudados em Jaboatão dos Guararapes, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. pág. 84 pág. 86 pág. 87 pág. 88 pág. 89 pág. 90 pág. 92 pág. 93 pág. 94 pág. 95 pág. 96 pág. 97 pág. 97 pág. 100 pág. 101 pág. 102 pág. 103 pág. 104 pág. 105 pág. 108 pág. 109 pág. 110 pág. 111 pág. 112 pág. 113 pág. 115 14 APRESENTAÇÃO O relatório apresenta os resultados do Estudo de Monitoramento e Avaliação do Projeto de Expansão e Consolidação do Saúde da Família (PROESF) no município de Jaboatão dos Guararapes incluído na amostra do Lote 2 Nordeste, coordenado e financiado nacionalmente pelo Ministério da Saúde. O ELB, através de uma abordagem epidemiológica, avaliou a atenção básica à saúde em suas dimensões político-institucional, organizacional da atenção, cuidado integral e desempenho do sistema. O relatório enfatiza o recorte utilizado no ELB, descreve os achados sobre a atenção básica e estabelece uma avaliação do Estudo no Município de Jaboatão dos Guararapes. Outras informações sobre o ELB para o conjunto dos municípios do Lote 2 NE, incluindo o Relatório Final, já aprovado pelo Ministério da Saúde, estão disponíveis na página do Projeto na Internet: http://www.epidemio-ufpel.org.br/proesf/index.htm. 15 RESUMO O Estudo de Monitoramento e Avaliação do PROESF no Lote 2 Nordeste, sob responsabilidade da Universidade Federal de Pelotas, foi iniciado em fevereiro de 2005, incluindo 20 municípios de mais de 100 mil habitantes dos estados de Alagoas1, Paraíba2, Pernambuco3, Piauí4 e Rio Grande do Norte5. O Estudo de Linha de Base utilizou um delineamento transversal e incluiu a coleta de dados primários nos municípios. Em Jaboatão dos Guararapes o estudo foi realizado em sete dias. O trabalho de campo abrangeu entrevista com o Presidente de Conselho Municipal de Saúde o Secretário Municipal de Saúde e o Coordenador de Atenção Básica / PSF. Em relação aos instrumentos do âmbito da UBS, a caracterização da estrutura alcançou os nove serviços amostrados. Também foram coletadas informações de 243 profissionais de saúde, o que corresponde a uma média de 30 profissionais por UBS. O somatório da avaliação da demanda de um dia típico de trabalho das UBS estudadas, totalizou 1024 atendimentos, o que corresponde a uma média de 114 atendimentos por dia por UBS. Na amostra populacional, foram entrevistadas 162 crianças (100% do estimado); 161 mulheres (99% do estimado); 157 adultos (97% do esperado) e 146 idosos (90% do esperado). Na média foram aplicados 17 questionários em cada estrato da amostra populacional de cada UBS. O processamento e análise dos dados foram concluídos em dezembro de 2005. O controle de qualidade foi realizado, por telefone, mediante aplicação de questionários reduzidos alcançando cerca de 5% dos domicílios selecionados para a amostra populacional. Os achados do Estudo demonstram que de modo geral, a situação socioeconômica de Jaboatão dos Guararapes é melhor que a do conjunto dos municípios do Lote. Em relação a atenção básica, com o PSF implantado desde 2000, o município atingiu em 2005 uma cobertura de cerca de 22% da população, atingindo com o índice a mais baixa cobertura entre os municípios de Pernambuco incluídos no estudo e também do Lote 2 NE. No âmbito da gestão da Atenção Básica à Saúde destaca-se que 58% dos profissionais referiu contar com supervisão semanal de suas atividades na UBS (58%) e, comparando-se com o total do Lote 2 NE, os trabalhadores de Jaboatão dos Guararapes apresentaram índices de capacitação inferiores para a maioria dos cursos estudados, porém superiores entre os profissionais das UBS do PSF. As relações de trabalho indicaram ingresso por concurso público para somente 33% dos trabalhadores estudados em e vínculo tipicamente precário (sem garantias trabalhistas) foi referido por 53%, com predomínio entre os vinculados às UBS do PSF (92%). O acesso dos profissionais de Jaboatão dos Guararapes às publicações do Ministério da Saúde foi pequeno, variando de 6% a 38%, sendo maior entre os trabalhadores das UBS do PSF. Os indicadores do Pacto da Atenção Básica de Jaboatão dos Guararapes foram, no geral intermediários quando comparados ao estado e país, destacando-se positivamente aqueles referentes à saúde da mulher e à proporção de óbitos infantis em menores de um ano por causas mal definidas. Sobre o desempenho da ABS local os destaques foram prevenção do câncer de colo uterino e orientações em aleitamento materno durante a gestação. De qualquer maneira, a adequação da estrutura da rede básica, da supervisão e da capacitação dos profissionais de saúde, juntamente com a superação dos desafios da avaliação e monitoramento da atenção básica, serão fundamentais para o desenvolvimento do SUS e da saúde da população no município. A complexidade do estudo e sua abrangência não impediram o cumprimento adequado do cronograma previsto. A qualidade da equipe técnica envolvida nas diversas atividades do estudo e a participação dos representantes do município devem ser destacadas como razões fundamentais para o bom andamento do Projeto. Este resultado também se deveu ao apoio recebido do Ministério da Saúde, com especial destaque para a Coordenação de Acompanhamento e Avaliação do Departamento de Atenção Básica da Secretaria de Atenção à Saúde e o Grupo de Acompanhamento dos Estudos de Linha de Base. 1 Municípios de Alagoas: Arapiraca e Maceió. Municípios da Paraíba: Campina Grande, João Pessoa e Santa Rita. 3 Municípios de Pernambuco: Cabo de Santo Agostinho, Camaragibe, Caruaru, Garanhuns, Jaboatão dos Guararapes, Olinda, Paulista, Petrolina, Recife e Vitória de Santo Antão. 4 Municípios do Piauí: Parnaíba e Teresina. 5 Municípios do Rio Grande do Norte: Mossoró, Parnamirim e Natal. 2 17 18 1 INTRODUÇÃO O Projeto Integrado de Capacitação e Pesquisa em Avaliação da Atenção Básica à Saúde, sob responsabilidade do Departamento de Medicina Social, do Departamento de Enfermagem e do Centro de Pesquisas Epidemiológicas da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), está vinculado ao Componente 3 (Monitoramento e Avaliação) do Projeto de Expansão e Consolidação do Saúde da Família (PROESF) do Ministério da Saúde (MS), incluindo a totalidade dos 20 municípios dos estados de Alagoas, Paraíba, Pernambuco, Piauí e Rio Grande do Norte do Lote 2 NE, contando com a participação de gestores e de trabalhadores de saúde. A pesquisa através do Estudo de Linha de Base (ELB) incluiu quatro dimensões orientadoras da avaliação da atenção básica: político-institucional, organizacional da atenção, cuidado integral e desempenho do sistema de saúde (Ministério da Saúde, 2004). Através de abordagem epidemiológica se avaliou o quanto às exposições ao PROESF e ao PSF afetam a variabilidade dos indicadores de cobertura, desempenho do sistema de saúde e situação de saúde da população, estabelecendo uma referência para avaliações e acompanhamentos futuros. Os municípios estudados estão recebendo apoio à Conversão do Modelo de Atenção Básica à Saúde, buscando estruturar a Estratégia Saúde da Família como porta de entrada do SUS e viabilizar o acesso a outros níveis de complexidade, para assegurar assistência integral aos usuários (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2004). Este processo foi analisado como uma intervenção, cujos efeitos no presente podem ser observados em municípios e população estratificados por estado da federação, porte populacional, região metropolitana e modelo de atenção básica à saúde. Os efeitos históricos da intervenção poderão ser observados em um segundo tempo, através da repetição do estudo. O ELB corresponde ao primeiro tempo de uma avaliação prospectiva sobre a ABS e o PSF, mas também de uma análise da intervenção do PROESF na reorientação do modelo de ABS. 19 A epidemiologia foi o eixo que estruturou a abordagem do ELB, orientando a articulação complexa entre as dimensões sob estudo e os níveis de análise empírica. As dimensões político-institucional, organizacional da atenção, cuidado integral e desempenho do sistema foram tomadas como categorias abstratas da avaliação e hierarquizaram conceitualmente as variáveis estudadas, enquanto os níveis de análise hierarquizaram as variáveis, conforme sua operacionalização nas diversas fontes de informação, primárias e secundárias, quantitativas e qualitativas, individuais e coletivas. Este relatório apresenta a metodologia e os resultados do ELB no Município de Jaboatão dos Guararapes, PE. A metodologia detalha as diversas etapas do estudo, desde seu delineamento e o planejamento do trabalho de campo, até o processamento e a análise dos dados. Os resultados enfatizam os recortes utilizados no ELB, descrevendo a situação da atenção básica à saúde no município e contrastando os dados de fontes secundárias com aqueles do Estado e do país. Ao final, se estabelece uma avaliação do Estudo no Município de Jaboatão dos Guararapes. 20 2 METODOLOGIA 2.1 Delineamento do Estudo de Linha de Base (ELB) O delineamento é um meio de garantir relações válidas de causa e efeito entre as variáveis em estudo (SUSSER, 1996). Os delineamentos ideais na avaliação de programas ou serviços de saúde dependem da natureza dos programas e da precisão das estimativas a serem obtidas. Estudos transversais são excelentes para avaliações de adequação da cobertura ou qualidade de serviços, mas também podem ser utilizados em avaliações de plausibilidade na comparação de modelos ou programas de saúde (HABICHT, 1999, SANTOS, 2004; VICTORA, 2004). Na área da saúde pública, estudos observacionais que testem a efetividade das intervenções sob condições de rotina são mais adequados do que ensaios randomizados. Para que seus resultados forneçam subsídios para as políticas de saúde, os estudos não randomizados precisam ser alvo de tanta atenção quanto a que tem sido dedicada, nos últimos anos, aos estudos randomizados (SANTOS, 2004; VICTORA, 2004). A declaração TREND é uma iniciativa recente que busca contribuir para esse fim, ao definir uma série de normas para o delineamento e divulgação de estudos observacionais de avaliação de programas e serviços de saúde (DES JARLAIS, 2004). O ELB segue os fundamentos dos estudos transversais, com grupos de comparação, utilizando medidas com múltiplos níveis de agregação, em relação às diferentes dimensões observadas (ROTHMAN, 1998). O estudo também pode ser caracterizado como multicêntrico de efetividade e linha de base para determinar o impacto do PROESF / PSF nos indicadores de desempenho do sistema de saúde e de situação de saúde da população, incluindo todos os 20 municípios. O delineamento do estudo procurou minimizar o viés de seleção incluindo a totalidade dos municípios e amostras proporcionais de unidades básicas de saúde do Lote 2 NE, juntamente com uma complexa estratificação de variáveis independentes para o estabelecimento de comparações (DES JARLAIS, 2004; ROTHMAN, 1998). 21 O delineamento transversal foi qualificado tanto através da estratificação das UBS segundo o modelo de atenção (Tradicionais e PSF), quanto pela possibilidade de controlar o efeito do PSF, estratificando suas UBS conforme o período de implantação, anterior ou posterior a intervenção do PROESF. No caso de Jaboatão dos Guararapes foram selecionadas três UBS Tradicionais e seis de PSF (três UBS pré-PROESF e três pós-PROESF). A obtenção de informações estruturadas para o âmbito da gestão, do controle social, das unidades básicas de saúde, dos usuários e da população também enriqueceu o delineamento do estudo, especialmente com a inclusão de questões abertas que qualificaram as questões fechadas que predominam na abordagem epidemiológica. A coleta de dados secundários de bases nacionais também foi outro aspecto do delineamento do estudo que complementou a abordagem transversal do objeto. As variáveis selecionadas caracterizaram as dimensões político-institucional, organizacional da atenção, cuidado integral e desempenho do sistema. A dimensão político-institucional examina principalmente os aspectos relativos à gestão do SUS e da ABS. Seu âmbito é fundamentalmente o do agregado do município. Neste âmbito, os modelos de atenção são caracterizados como políticas, ilustradas por diferenças históricas e conjunturais na cobertura populacional. A dimensão organizacional da atenção caracteriza aspectos da gestão da ABS e do PSF, mas aproxima seu olhar da UBS e dos fluxos entre os níveis de atenção do SUS. Neste âmbito, a dicotomia entre os modelos de ABS, Tradicional e PSF, passa a se materializar nas práticas de gestão e a oferta de serviços básicos e especializados. Este é o âmbito do detalhamento e constituição das políticas de saúde e, particularmente, da reorientação do modelo de atenção básica à saúde. A dimensão do cuidado integral focaliza a UBS, suas práticas e recursos na abordagem das necessidades de saúde da população. Examina as estratégias de indução da integralidade e o processo de trabalho na ABS. Por fim, a dimensão desempenho do sistema analisa a utilização dos serviços de ABS e a situação de saúde da população, permitindo observar as diferenças tanto para os agregados geopolíticos, quanto para os modelos de atenção. 22 2.2 Amostra e Amostragem do ELB O universo para este recorte do estudo é constituído pelo município de Jaboatão dos Guararapes. Neste universo foi realizada uma amostra estratificada por múltiplos estágios para selecionar unidades básicas de saúde, profissionais de saúde, usuários e indivíduos residentes na área de abrangência dos serviços (LEMESHOW, 1990; LEVY, 1980; LWANGA, 1991). 2.2.1 Amostra de UBS Tomando-se uma lista de UBS fornecida pelo município de Jaboatão dos Guararapes foram sorteadas aleatoriamente nove UBS, que orientaram a seleção das amostras de profissionais de saúde, usuários e população da área de abrangência dos serviços. Foram incluídas três UBS do PSF pré-PROESF (Curcurana,Grupiara e Loreto), três do PSF pós-PROESF (Dois Carneiros Alto, Jardim Piedade e Jardim Prazeres) e três Tradicionais (Barra de Jangada, Curado Quatro e Francisco Loureiro). 2.2.2 Amostra de profissionais de saúde Em cada UBS se procurou obter informações de todos os trabalhadores de saúde em atividade, através de um questionário auto-aplicado. Foram incluídos tanto os profissionais de saúde de nível superior (médicos, enfermeiros e demais profissões), quanto os profissionais de nível médio (auxiliares de enfermagem, recepcionistas, etc) e os Agentes Comunitários de Saúde (ACS). 2.3 Amostra de usuários: demanda atendida nas UBS Em relação à amostra de usuários, a estratégia amostral foi registrar todos os atendimentos de um dia de trabalho em cada UBS selecionada, incluindo aqueles realizados por ACS. A base de registro utilizada foi a Ficha de Atendimento Ambulatorial (FAA) do SUS, documento utilizado cotidianamente nas UBS para efeitos gerenciais e contábeis. Utilizou-se um formulário-espelho, que continha todas as informações da FAA e facilitava a digitação eletrônica dos dados. As informações sobre 23 a avaliação da demanda estão mais detalhadas no item de instrumentos do estudo e na seção de Resultados do ELB. 2.2.4 Amostra de população da área de abrangência das UBS A amostra populacional foi dividida em 4 grupos, crianças de um a três anos de idade, mulheres que tiveram filhos nos últimos dois anos, adultos entre 30 e 64 anos de idade e idosos a partir dos 65 anos de idade. Estes indivíduos foram localizados na área de abrangência de cada uma das UBS, através de amostragem sistemática. Para compor a amostra do Lote 2 NE, selecionou-se cerca de 2100 indivíduos em cada um dos grupos, cujo tamanho era suficiente para examinar diferenças de 25 a 30% entre os modelos de atenção das UBS (PSF x Tradicional), com um poder estatístico de 80% e prevalências dos desfechos de no mínimo 25%. Estes parâmetros permitiram avaliar diferenças na utilização de serviços de saúde, realização de procedimentos preventivos e acompanhamento de atividades programáticas. Esta amostra foi dividida pelo número de UBS selecionadas (120) resultando em um número de 18 entrevistas a serem realizadas para cada grupo populacional da área de abrangência de cada uma delas. 2.3 Trabalho de Campo no Município: Logística e Instrumentos de Fonte Primária O trabalho de campo em Jaboatão dos Guararapes iniciado em 09 de junho de 2005 e concluído em 15 de junho de 2005 foi realizado por uma equipe de dez supervisores criteriosamente selecionados e capacitados para o desenvolvimento de cada uma das etapas do trabalho de campo. A pactuação de uma agenda de trabalho de campo com o Município foi uma das estratégias utilizadas para operacionalizar o cronograma estabelecido. O apoio recebido do gestor, coordenação de atenção básica e de saúde da família, representantes do controle social, trabalhadores das unidades básicas de saúde, agentes comunitários de saúde e população entrevistada foram fundamentais para a realização do trabalho. A capacitação e a motivação do grupo de supervisores também foram extremamente relevantes para o sucesso deste trabalho. Apresenta-se a seguir o detalhamento da logística no trabalho de campo para cada um dos instrumentos utilizados na coleta de dados primários. Os instrumentos 24 estão disponíveis da página do PROESF-UFPEL na Internet e são de livre acesso – http://www.epidemio-ufpel.org.br/proesf/index.htm a. Gestor e Coordenador de Atenção Básica e PSF Os dados referentes ao gestor e coordenador eram coletados através de questionário auto-aplicado destinado a registrar informações demográficas, de formação profissional e experiência na gestão, além de caracterizar os aspectos políticoinstitucionais da ABS e do PSF no município. Depois de preenchidos, os instrumentos foram enviados á coordenação do Projeto para revisão, codificação e digitação na sede do estudo na cidade de Pelotas. Infelizmente não foi possível obter o questionário com as informações de Fonte Documental de Jaboatão dos Guararapes, aspecto que limitou o presente relatório, especialmente em termos da avaliação institucional do SUS e da atenção básica à saúde no município. b. Entrevista com o Presidente do Conselho Municipal de Saúde Para a aplicação deste instrumento foi solicitado o agendamento prévio da entrevista realizada por um supervisor do trabalho de campo. c. Processo de Trabalho Este instrumento foi preenchido em reuniões nas unidades básicas amostradas, após a convocação por parte dos coordenadores das UBS. Os trabalhadores presentes no dia da reunião discutiam os aspectos da organização do trabalho, as atividades realizadas, os responsáveis por sua realização, os instrumentos e insumos utilizados, além de identificar os principais problemas do processo de trabalho e sugestões de melhoria. d. Estrutura da UBS O instrumento para captar informações sobre a estrutura da UBS era fundamentalmente fechado e poderia ser preenchido coletivamente em uma reunião de equipe, ou por um responsável pela UBS, com o apoio de pessoas-chave nos diversos setores. A tarefa foi realizada durante o trabalho de campo (TC) na UBS. Enquanto realizavam o levantamento de informações populacionais na área de abrangência, os supervisores apoiaram o preenchimento do instrumento pelo responsável na UBS. 25 e. Equipe de saúde O questionário individual auto-aplicado era dirigido a todos os trabalhadores lotados na UBS, incluindo profissionais de nível superior, médio e os ACS. As questões eram todas estruturadas e predominantemente fechadas, mas várias questões abertas foram utilizadas para qualificar a informação quantitativa. O instrumento da equipe de saúde foi distribuído pelos supervisores às UBS, juntamente com os demais questionários. Durante o TC na UBS, os supervisores orientaram o preenchimento e motivaram os trabalhadores a participar do estudo. Depois de preenchidos, os instrumentos foram recolhidos pelos supervisores e enviados para revisão, codificação e digitação na sede do estudo na cidade de Pelotas. f. Demanda da UBS – PACOTAPS Utilizando um formulário baseado na Ficha de Atendimento Ambulatorial (FAA) do SUS, todos os atendimentos de um dia de trabalho na UBS foram registrados, incluindo os agentes comunitários de saúde. Estes formulários foram digitados no software PACOTAPS (TOMASI, 2003), capaz de identificar a dimensão do acesso da população aos serviços, a qualidade do registro das atividades, produzir análises sobre o perfil demográfico e epidemiológico da demanda nas unidades básicas de saúde. O software é de fácil utilização por indivíduos sem conhecimentos prévios de informática e epidemiologia e possibilita delinear com maior nitidez o perfil da demanda, avaliar os serviços ao longo do tempo, comparar serviços entre si, em momentos determinados, de acordo com as demandas do espaço de gestão. Permite ainda, identificar com precisão e atualidade através de seus relatórios, informações sobre o gênero, os grupos etários, os principais motivos de consulta, os medicamentos mais prescritos, os exames mais solicitados e os encaminhamentos realizados. O software foi distribuído ao município e os representantes das SMS e das UBS foram capacitados para sua utilização na avaliação dos serviços básicos durante as Oficinas Regionais. Este aplicativo também pode ser obtido na página do Projeto na Internet no endereço citado anteriormente. 26 g. Amostra Populacional Foram realizadas entrevistas individuais, domiciliares, com questionários estruturados, abordando questões relevantes para o estudo em amostras independentes de crianças, mulheres, adultos e idosos. As questões eram todas estruturadas e predominantemente fechadas, mas também havia questões abertas para qualificar as respostas fechadas. Para a caracterização socioeconômica das amostras, foram utilizadas a renda per capita em salários mínimos e a classificação da ANEP / ABIPEME (RUTTER, 1988), esta última composta de informações sobre a escolaridade do chefe da família, da disponibilidade de empregada mensalista e sobre a posse de bens eletrodomésticos. Para a aferição de alcoolismo (adultos), foi utilizado o teste CAGE (MASUR, 1983; SOINBELMAN, 1992), composto de quatro questões, sendo mais de duas afirmativas um indicador de dependência de bebida alcoólica. As entrevistas foram realizadas por supervisores selecionados e capacitados especialmente para estas atividades pela equipe técnica do projeto. A amostra populacional foi localizada na área de abrangência da UBS, que foi o ponto inicial para a coleta de dados. Todos os domicílios do percurso seguido a partir da UBS até os limites da área foram visitados em busca dos indivíduos elegíveis de acordo com o grupo populacional. A baixa densidade de indivíduos elegíveis em cada domicílio facilitou a distribuição da amostra por toda a área de abrangência da UBS, minimizando as possibilidades de viés de seleção ou efeito de cluster nas amostras (ROTHMAN, 1998). Assim, se procedeu à inclusão consecutiva dos domicílios para a composição da amostra. Caso em um domicílio não residisse o indivíduo com as características requeridas, passava-se ao seguinte, respeitando a orientação do deslocamento pela área de abrangência. Nos domicílios selecionados, somente um indivíduo elegível (crianças, mulheres que tiveram filho nos últimos dois anos, adultos e idosos) foi convidado a participar do estudo, explicando-se a sua finalidade e apresentando termo de consentimento informado. Nos domicílios em que se encontraram duas crianças ou duas mulheres elegíveis, a mais jovem foi entrevistada. Para os adultos e idosos esta regra se inverteu, sendo elegível o mais velho. 27 2.4 Levantamento de Dados em Fontes Secundárias Integrando o Estudo de Linha de Base do PROESF, foram sistematizados para o município, o Estado, o Lote e o país, dois conjuntos de informações oriundas de bases nacionais disponíveis (Ministério da Saúde, DATASUS e IBGE.). O primeiro conjunto diz respeito aos 34 indicadores do Pacto da Atenção Básica, instrumento de monitoramento e avaliação do desempenho da atenção básica por parte do Ministério da Saúde (2003). O segundo conjunto de informações está baseado nos Indicadores de Monitoramento da Expansão do PSF em Grandes Centros Urbanos, de Julho de 2002, trabalho coordenado pela Dra. Ana Luiza D’Ávila Viana (2002). Do total dos indicadores propostos, foi selecionado para análise um conjunto que fornece informações de acordo com três eixos: 1. Perfil epidemiológico e sócio-demográfico da população; 2. Financiamento da saúde, da atenção básica e do PSF; 3. Organização da assistência, do cuidado e desempenho do sistema. 2.5 Processamento dos Dados A complexidade da avaliação da atenção básica no âmbito do PROESF requer que o conhecimento produzido seja baseado em informações as mais fidedignas possíveis. Até traduzir-se em informações, todos os dados coletados durante o trabalho de campo são objeto de um conjunto de atividades, sistemática e rigorosamente encadeada. Estas atividades vão desde a recepção e classificação dos instrumentos até as análises mais complexas e informativas. Uma das peculiaridades do nosso estudo sobre a atenção básica no Brasil é a extensa e variada gama de abordagens e instrumentos utilizados: dados quantitativos e qualitativos, dados primários e secundários, dados com foco na gestão municipal da saúde, dados com foco nas unidades básicas e dados com foco na população residente na área de abrangência da UBS. Cada uma destas categorias se relaciona com as demais, o que imprime um alto grau de complexidade a todas as tarefas de preparar estes dados para análise. 28 As atividades relacionadas ao processamento dos dados oriundos dos diferentes instrumentos do estudo estão descritas em ordem cronológica e seqüencial. Em seguida, são apresentados os diferentes bancos de dados, agregados por tipos de instrumentos. Estão disponibilizados na página do Projeto na Internet os materiais de apoio ao processamento dos dados, especialmente construídos para o estudo. 2.5.1 Recepção e classificação dos instrumentos Os instrumentos completados no trabalho de campo entravam no processamento por município, na mesma ordem da realização da coleta de dados. Uma vez “na bancada de trabalho”, os diferentes instrumentos eram separados por tipo para identificação. 2.5.2 Identificação e constituição dos lotes Nesta fase, o questionário recebia um identificador numérico único. Para os questionários da população da área de abrangência da UBS e dos profissionais, o identificador possuía sete algarismos: um para o Estado, dois para o município, dois para a UBS e dois para o entrevistado. Para os questionários da estrutura e do processo de trabalho na UBS, o identificador possuía cinco algarismos: um para o Estado, dois para o município e dois para a UBS. Para os questionários do nível municipal, o identificador era de três algarismos: um para o Estado e dois para o município. Para o estudo de demanda, cujo instrumento foi a “ficha-espelho” da Ficha de Atendimento Ambulatorial, a identificação era dada pelo código da UBS junto ao Sistema de Informações Ambulatoriais do Sistema Único de Saúde (SIA – SUS). Para cada conjunto de instrumentos do mesmo tipo e da mesma UBS era constituído um lote de questionários, obedecendo a uma numeração seqüencial utilizada no formulário “capa de lote”. Neste formulário, eram registrados os números de identificação de cada questionário do lote, além do município, UBS, total de questionários, data e responsável pelo fechamento do lote. Para cada município, foram sistematizados os totais de cada instrumento efetivamente completado no trabalho de campo, excluídas as perdas e recusas. Estes números eram registrados em uma planilha do processamento por município e UBS, denominada “Listagem de Controle de Lote”. Esta rotina dava início ao processamento 29 propriamente dito, com a seguinte seqüência de tarefas para os questionários populacionais e dos profissionais: • codificação de questões fechadas • tabulação de questões abertas • codificação de questões abertas • revisão final • digitação A primeira folha de cada questionário recebia um carimbo com a seqüência das tarefas acima citadas para registro de datas e responsáveis. 2.5.3 Bancos de Dados Estruturados a.Questionários populacionais, estrutura de UBS e profissionais de saúde Para os questionários populacionais (crianças, mulheres, adultos e idosos), da estrutura da UBS e dos profissionais foram criados bancos de dados no EPI-INFO, que permite validação da entrada de dados para amplitude e consistência das variáveis. b. Demanda ambulatorial As fichas-espelho do estudo de demanda foram inicialmente contadas e revisadas. Para cada procedimento era identificado um código na Tabela de Procedimentos do SIA-SUS e para cada diagnóstico era identificado um código na Classificação Internacional de Doenças – 10ª. Revisão (CID-10). Para facilitar o trabalho de codificação, foram identificados os códigos de maior utilização, o mesmo acontecendo com os códigos da CID-10 para os diagnósticos. A seguir, as fichas-espelho eram digitadas no aplicativo PACOTAPS, uma ferramenta desenvolvida pela equipe (TOMASI, 2003) para subsidiar o planejamento e a avaliação de serviços básicos de saúde. c. Processo de trabalho, Gestor Municipal, Coordenador da Atenção Básica e Presidente do Conselho Municipal de Saúde Todas as questões abertas destes instrumentos foram digitadas em programa de edição de textos para posterior análise. 30 Para as questões fechadas (pré-codificadas) foram criados bancos de dados no EPI-INFO, a exemplo dos instrumentos populacionais, da estrutura da UBS e dos profissionais de saúde. 2.6 Controle de Qualidade O controle de qualidade foi realizado, por telefone, mediante aplicação de questionários reduzidos para alcançar, no mínimo, 5% dos domicílios selecionados. Estes questionários eram compostos por perguntas-chave para identificar possíveis erros ou respostas falsas. Para tanto, foi sorteado um questionário relativo a cada grupo populacional investigado (criança, mulher, adulto e idoso) por Unidade Básica de Saúde. Para padronizar e qualificar a coleta dos dados do controle de qualidade, uma pessoa especialmente treinada para este fim, realizou o contato telefônico. Não existindo a possibilidade de contato telefônico com a pessoa sorteada, uma busca pelo endereço ou pela respectiva UBS, era realizada na tentativa de localizar e coletar os dados do entrevistado, não havendo, portanto, substituição para evitar possíveis vieses. Para checagem imediata da consistência das informações, através de uma planilha, algumas respostas referidas pelo entrevistado no contato feito pelo supervisor eram comparadas com as repostas referidas no momento da aplicação do questionário de controle de qualidade. Esta medida facilitava a detecção precoce de possíveis erros na coleta dos dados e possibilitava a intervenção imediata junto ao supervisor do trabalho de campo. A atividade de controle de qualidade era supervisionada diariamente por um dos membros da equipe. Ao final, foi realizada a checagem da consistência das informações através do índice de concordância de Kappa (LANDIS, 1977). Os resultados do controle de qualidade para a totalidade dos municípios estão disponíveis no Relatório Final do Lote 2 NE, na página do Projeto na Internet. 2.7 Análise dos Dados Digitados no programa EPI-INFO 6.04b, os bancos de dados foram exportados através do aplicativo STAT TRANSFER 5.0 para o pacote estatístico SPSS 10.0 para Windows, utilizado para as análises. Inicialmente, procedeu-se às análises descritivas, 31 verificando a distribuição dos casos em cada variável. Nas comparações também foram considerados os achados do Lote 2 NE, Estado e país. Em continuação, as variáveis de interesse foram analisadas segundo o modelo de UBS, buscando-se identificar padrões de desempenho em serviços do PSF e Tradicionais. 32 3 RESULTADOS 3.1 Contexto 3.1.1 Situação Demográfica e Socioeconômica de Jaboatão dos Guararapes Em 2000, de acordo com informações do Atlas IDH e dos Cadernos de Informações em Saúde, Jaboatão dos Guararapes possuía 581.556 habitantes. Seu Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) era de 0,777, pouco superior ao de Pernambuco e ao do Brasil. Ainda em relação estado e ao país apresentava maior taxa bruta de natalidade, maior expectativa de vida, menor proporção de crianças abaixo de cinco anos de idade, menor proporção de idosos, maior cobertura de água encanada e menor de prevalência de esgoto. Considerando a prevalência de pobres na população, o indicador de Jaboatão de Guararapes foi superior ao do Brasil, mas inferior ao de PE (Tabela 3.1). Tabela 3.1 - Indicadores demográficos e socioeconômicos para Jaboatão dos Guararapes, Pernambuco e Brasil. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. Indicador Jaboatão dos Guararapes PE Brasil IDH-2000 0,777 0,705 0,766 Taxa bruta de natalidade 19,82 19,3 17,52 Expectativa de vida 72,80 67,32 68,61 % de menores de 5 anos 9,53 10,07 9,68 % de idosos 6,53 8,85 8,45 % de pobres 39,09 51,31 32,75 % de alfabetizados 83,6 72,9 83,3 % de água encanada 78,8 69 75,8 % de esgoto 20,0 32,4 44,4 Fonte: Atlas IDH e Cadernos de Informações em Saúde de 2000. 33 3.1.2 Amostra de Unidades Básicas de Saúde Para o ELB foram selecionadas em Jaboatão dos Guararapes três UBS do PSF pré-PROESF (Curcurana,Grupiara e Loreto), três do PSF pós-PROESF (Dois Carneiros Alto, Jardim Piedade e Jardim Prazeres) e três Tradicionais (Barra de Jangada, Curado Quatro e Francisco Loureiro). 3.1.3 Amostra de Profissionais de Saúde Durante a avaliação de oito UBS foram estudados 243 profissionais de saúde, sendo 28 médicos (12%), 9 enfermeiros (4%), 20 outros profissionais de nível superior (9%), 22 auxiliares e técnicos de enfermagem (9%), 93 agentes comunitários de saúde (40%) e 61 outros profissionais de nível médio (26%), faltando informações sobre a atividade profissional para 10 trabalhadores das oito UBS e para a UBS Jardim dos Prazeres (Tabela 3.2). Encontrou-se maior proporção de médicos, auxiliares e técnicos de enfermagem e outros profissionais de nível médio nas UBS do modelo Tradicional, e de enfermeiros, outros profissionais de nível superior e agentes comunitários de saúde nas UBS do PSF. (Tabela 3.2). Tabela 3.2 - Distribuição da amostra de trabalhadores de saúde por atividade profissional em Jaboatão dos Guararapes, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. Atividade profissional Jaboatão dos Guararapes (%) PSF Tradicional Total Médicos 8 14 12 Enfermeiros 9 2 4 Outros profissionais de nível superior 11 8 7 Auxiliares e técnicos de enfermagem 9 10 9 Agentes comunitários de saúde (ACS) 51 36 40 Outros profissionais de nível médio 12 32 26 34 3.1.3.1 Distribuição dos Trabalhadores por Modelo de Atenção e por Unidade Básica de Saúde Em relação ao modelo de atenção, 44 (18%) trabalhadores estavam vinculados às UBS do PSF pré-PROESF, 22 (9%) às do PSF pós-PROESF e 177 (73%) às Tradicionais. A Tabela 3.3 apresenta a distribuição dos trabalhadores de saúde em relação as UBS selecionadas. Tabela 3.3 - Distribuição da amostra dos trabalhadores de saúde por Unidade Básica de Saúde de Jaboatão dos Guararapes. Estudo de Linha de Base, PROESF-UFPel, Lote 2 NE, 2005. Trabalhadores N (%) Unidade Básica de Saúde Barra de Médicos Enfermeiros Outros de nível superior Auxiliares e técnicos de enfermagem ACS Outros de nível médio Total 8(30) --* 4(15) 2(7) 3(11) 10(37) 27(100) Curado Quatro 7(15) 1(2) 4(9) 8(17) 5(11) 21(46) 46(100) Curcurana 1(8) 1(8) 1(7) 2(15) 7(54) 1(7) 13(100) Dois Carneiros Alto 1(8) 1(8) 1(8) 1(8) 6(50) 2(17) 12(100) Francisco Loureiro 8(8) 2(2) 5(5) 6(6) 52(55) 22(23) 95(100) Grupiara 1(9) 1(9) 1(9) 1(9) 6(55) 1(9) 11(100) Jardim Piedade 2(10) 2(10) 3(14) 1(5) 10(48) 3(14) 21(100) Jardim Prazeres* -- -- -- -- -- -- -- Loreto I --* 1(13) 1(13) 1(13) 4(50) 1(13) 8(100) Total 28(12) 9(4) 20(9) 22(9) 93(40) 61(26) 233(100) Jangada * Sem informações 35 3.1.3.2 Situação Demográfica e Socioeconômica dos Trabalhadores A amostra foi formada por 203 (86%) trabalhadores do sexo feminino e 33 (14%) do sexo masculino; e a média de idade foi de 40,5 anos, sendo esta média maior entre os profissionais das UBS Tradicionais (40,8 anos) do que entre os do PSF (39,9 anos). A renda bruta mensal referida pelos trabalhadores relaciona-se exclusivamente ao emprego na UBS e foi classificada de acordo com a formação e nível de escolaridade. Os salários dos trabalhadores das UBS PSF (R$ 1.086,90) foram em média superiores aos de UBS Tradicionais (R$ 471,89). Quando a renda foi estratificada por tipo de profissional, a média foi superior para a maioria dos profissionais do PSF (Tabela 3.4). A renda bruta mensal dos trabalhadores de saúde entrevistados em Jaboatão dos Guararapes foi inferior a renda média observada no Lote 2 NE para os médicos, auxiliares e técnicos de enfermagem e agentes comunitários de saúde (Tabela 3.4). Tabela 3.4 - Renda média mensal dos trabalhadores em saúde estudados em Jaboatão dos Guararapes, por modelo de atenção e no Lote 2 NE. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. Trabalhadores Jaboatão dos Guararapes (R$) Lote 2 NE PSF Tradicional Total (R$) Médicos 3.774,00 746,50 1.404,65 2.127,50 Enfermeiros 2.458,33 1.500,00 2.218,75 2.172,67 2.634,29 745,44 1.571,81 1.529,37 514,00 399,64 429,74 554,33 450,57 482,11 477,94 472,86 323,97 320,71 321,88 383,88 Demais profissionais de nível superior Auxiliares e técnicos de enfermagem Demais profissionais de nível médio ACS 36 3.1.4 Amostra da Demanda Atendida nas Unidades Básicas de Saúde 3.1.4.1 Distribuição da Demanda por Unidade Básica de Saúde Para o estudo da demanda foram registrados 1024 atendimentos realizados pelos profissionais das nove UBS amostradas, em um dia de trabalho (Tabela 3.5). Em relação ao modelo de atenção, 701 (68%) atendimentos foram realizados nas UBS do PSF e 323 (32%) nas UBS Tradicionais. Assim, a média diária de atendimentos por UBS do PSF foi de 117 e pelas UBS Tradicionais de 108. Tabela 3.5 - Distribuição dos atendimentos prestados nas Unidades Básicas de Saúde de Jaboatão dos Guararapes. Estudo de Linha de Base, PROESF - UFPel, Lote 2 NE 2005. Unidade Básica de Saúde Barra de Jangada Curado Quatro Nº de atendimentos (%) 121 (12) 82 (8) Curcurana 167 (16) Dois Carneiros Alto 110 (10) Francisco Loureiro 120 (11) Gruapiara 144 (14) Jardim Piedade 100 (10) Jardim Prazeres 83 (8) Loreto I 97 (9) Total 1024 (100) 3.1.5 Amostra Populacional da Área de Abrangência das Unidades Básicas de Saúde 3.1.5.1 Distribuição da População As amostras populacionais selecionadas nas áreas de abrangência das UBS totalizaram 162 crianças de um a três anos, 161 mulheres que tiveram filhos nos dois últimos anos, 157 adultos entre 30 e 64 anos e 146 idosos com 65 anos e mais. 37 3.1.5.2 Situação Demográfica e Socioeconômica da População da área de Abrangência das UBS a. Condições de habitação A presença de água encanada dentro de casa beneficiava os domicílios de 89% dos adultos, de 83% das crianças, de 85% dos idosos e de 82% das mulheres. A proporção de banheiro no domicílio foi de 87% para os adultos, de 65% para as crianças, de 75% para os idosos e de 69% para as mulheres. A quase totalidade (87%) dos domicílios dos adultos, 59% dos de crianças, 81% dos de idosos e 65% dos de mulheres, dispunha de recolhimento do lixo por caminhão de serviço municipal. Residências de tijolo com e sem reboco, mistas (madeira e tijolo) e com madeira regular foram consideradas adequadas, enquanto aquelas construídas de madeira irregular e papelão, lata ou lona foram classificadas de inadequadas. A proporção de construção adequada foi maior nas residências de idosos e adultos (99%) do que nas residências de crianças (94%) e mulheres (96%). A média de pessoas por domicílio de crianças foi 5,2 (dp = 2,2) e de mulheres 5,0 (dp = 2,3). No caso dos adultos esta média foi 4,1 (dp = 1,8) e dos idosos 3,8 (dp = 2,1). A concentração de sete ou mais pessoas por domicílio foi identificada em 20% da amostra de crianças, em 19% na de mulheres, em 9% na de adultos e em 8% na de idosos. Residir desacompanhado foi informado por 6% dos adultos e 9% dos idosos. A Tabela 3.6 descreve as prevalências dos indicadores estudados em cada grupo populacional por modelo de atenção. Em geral, as condições de moradia eram melhores nas áreas das UBS do PSF, exceto para os idosos. 38 Tabela 3.6 - Condições de habitação das crianças, mulheres, adultos e idosos estudados em Jaboatão dos Guararapes, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. Indicador Crianças Mulheres Adultos Idosos PSF Tradicional PSF Tradicional PSF Tradicional PSF Tradicional Água encanada no domicílio (%) 86 78 85 76 97 98 79 96 Banheiro no domicílio (%) 69 56 74 59 88 87 68 88 Recolhimento do lixo por caminhão (%) 71 36 75 46 87 87 22 14 Construção adequada (%) 97 89 3 7 100 96 99 100 Pessoas por domicílio (média) 5,3 5,0 4,9 5,1 4,0 4,3 3,9 3,6 b. Perfil das Crianças e Mães Na amostra de 162 crianças, 48% (n = 77) eram do sexo masculino e a idade média foi de 26,6 meses (dp = 10,4), variando de 12 a 47 meses. A proporção de crianças brancas foi de 44% (n = 70), de pardas 44% (n = 71) e de negras 12% (n = 19), sendo a primeira e a última categoria mais prevalentes nas áreas de UBS Tradicionais. As mães das crianças estudadas tinham idade média de 26,6 anos (dp = 6,1), variando de 16 a 46 anos. Em relação à escolaridade dessas mães, 61% (n = 94) possuíam primeiro grau incompleto, 18% (n = 28) primeiro grau completo e 21% (n = 32) segundo grau completo ou mais. A proporção de mães com escolaridade acima do primeiro grau incompleto foi maior entre as residentes em área de PSF (40%) do que entre as moradoras da abrangência das UBS Tradicionais (37%). A renda média per capita da amostra de domicílios de crianças foi de 0,2 salário mínimo (SM), com distribuição semelhante entre os modelos de atenção. Pouco menos de um quarto (23%; n = 37) destas mães e crianças estavam incluídas nos estratos sociais B e C agregados, 34% (n = 55) pertencia ao D e 43% (n = 69) ao E. A proporção da amostra incluída no estrato menos favorecido (E) foi maior 39 entre as residentes da área de UBS Tradicionais (50%) do que entre as moradoras da abrangência do PSF (39%). c. Perfil das Mulheres Na amostra de 161 mulheres, 65% (n = 105) eram de cor não-branca, não havendo diferenças na distribuição entre as áreas por modelo de atenção. A idade média das entrevistadas foi de 25 anos (dp = 5,8), variando de 15 a 42 anos. A proporção de menores de 20 anos foi de 17% (n = 27), sendo maior nas áreas de abrangência do PSF (34%; n = 18). Entre as mulheres, 56% (n = 88) não havia completado o primeiro grau, 23% (n = 35) possuía o segundo grau incompleto e 21% (n = 32) tinha o segundo grau completo ou mais. A proporção de mulheres com o segundo grau completo ou mais foi maior nas áreas do PSF (22%; n = 22), quando comparadas as de UBS Tradicionais (19%; n = 10). A renda mensal média per capita da amostra de mulheres foi de 0,2 SM, sendo de 0,3 SM na abrangência do PSF e de 0,2 SM na de UBS Tradicionais. Das mulheres, 18% (n = 27) foram classificadas nos grupos sociais B e C, 38% (n = 58) no D e 44% (n = 67) no E. A proporção de mulheres incluídas no grupo social menos favorecido (E) foi maior nas áreas de UBS do PSF (81%; n = 41) em relação às de UBS Tradicionais (52%; n = 26). d. Perfil dos Adultos Na amostra de 157 adultos, a idade média era de 44,6 anos (dp = 9,5), variando de 30 a 64 anos. Deste total, 56% (n = 88) eram mulheres, 45% (n = 70) eram de cor branca e 68% (n = 107) eram casados (as) ou viviam com companheiro (a). A prevalência de adultos casados ou que viviam com companheiro (a) foi de 66% para os residentes nas áreas de cobertura do PSF e de 72% para os moradores da abrangência de UBS Tradicionais. A maioria dos adultos sabia ler e escrever (82%; n = 129), sendo a proporção maior nas áreas do PSF (84%; n = 87) quando comparada a das UBS Tradicionais (79%, n = 42). A renda média per capita nos domicílios de adultos foi de 0,6 SM e maior entre os residentes de áreas do PSF (0,7 SM) do que entre os de UBS Tradicionais (0,4 SM). 40 Na distribuição por grupo social, encontrou-se que 3% (n = 5) dos adultos estavam incluídos nos estratos A e B agrupados, 18% (n = 27) no C, 42% (n = 64) no D e 36% (n = 55) no E. De acordo com o modelo de atenção, as áreas de UBS Tradicionais concentravam uma maior parcela de adultos classificada no estrato E (53%; n = 27), em comparação as de UBS do PSF (28%; n = 28). Pouco mais da metade dos adultos (44%; n = 69) informou trabalho remunerado no último mês, observando-se proporções semelhantes entre os modelos de atenção. Das pessoas que trabalhavam 51% (n = 35) eram empregadas e 49% (n = 34) autônomas. e. Perfil dos Idosos Na amostra de 162 idosos, a idade média foi de 74,1 anos (dp = 8,0), variando de 65 a 100 anos. Deste total, 69% (n = 100) eram mulheres, 56% (n = 81) eram de cor branca e a 49% (n = 71) eram viúvos (as). Na área das UBS PSF encontravam-se mais idosos de cor não branca (47%, n = 45) que nas do modelo Tradicional (40%, n = 20). Menos da metade da amostra dos idosos sabia ler e escrever (45%; n = 65), sendo a proporção superior nas áreas de UBS Tradicionais (46%; n = 23) em comparação a das UBS do PSF (44%; n = 42). A renda média per capita dos idosos foi de 0,5 SM, sendo de 0,6 na amostra de idosos residentes na abrangência do PSF e de 0,4 entre os idosos moradores da cobertura de UBS Tradicionais. De acordo com a estratificação social, 17% (n = 22) dos idosos estavam inseridos no grupo B e C agregados, 24% (n = 32) no D e 59% (n = 77) no E. Os estratos D e E juntos reuniram 83% (n = 109) da amostra de idosos, com distribuição semelhante entre as áreas de moradia por modelo de atenção. A maioria dos idosos da amostra (64%; n = 94) estava aposentada, e a média de idade da aposentadoria foi de 61,9 anos (dp = 9,3) variando de 27 a 81 anos, sendo semelhante entre as áreas por modelo de atenção. 3.2 Dimensão Político-Institucional A dimensão político-institucional reúne alguns aspectos da conformação do modelo de atenção básica à saúde, com ênfase particular no desenvolvimento da gestão 41 municipal e nas estratégias de descentralização do SUS. Buscando dar historicidade ao recorte temporal do estudo, esta abordagem do processo de constituição da ABS no SUS utilizou as categorias centrais do planejamento estratégico de Matus (MATUS, 1997): projeto de governo, capacidade de governo e governabilidade. Planejar a ação política em uma perspectiva estratégica significa pensar um conjunto de atividades, com metodologia, objetivos e metas definidos. O Projeto de Governo procura caracterizar as bases materiais e históricas do SUS nos municípios do Lote, com especial ênfase para a atenção básica à saúde. Os atributos que qualificam um Projeto de Governo são os recursos disponíveis e passíveis de alcançar, o conhecimento acumulado sobre o tema, o poder necessário para desencadear as ações propostas, as chances de implantação e a possibilidade de sucesso. De modo simplificado, mas ilustrativo, estes atributos estão sintetizados na identificação da “maturidade” da gestão municipal (tipo de gestão, índice de aprendizado institucional, adequação institucional do sistema municipal de saúde, critérios na definição de áreas de abrangência das UBS e na implantação do PSF, características do emprego e da remuneração dos trabalhadores da atenção básica), da capacidade instalada da rede básica e do processo de conversão do modelo da atenção básica através do PSF. A Capacidade de Governo compreende o conhecimento institucional acumulado, o conjunto de saberes e técnicas disponíveis para operar o Projeto de Governo e a política setorial. Nesta categoria se identificam os recursos intelectuais mobilizados para a condução da ABS nos municípios, como por exemplo, o perfil do Secretário, do Coordenador da Atenção Básica ou do PSF, do Presidente do Conselho Municipal de Saúde e dos Profissionais das UBS. A Governabilidade descreve os fundamentos político-financeiros para efetivação das políticas de ABS, ou seja, recursos e margem de manobra política que, articulados à Capacidade de Governo, permitem transformar as intenções de um projeto em gestos ou ações concretas. A Governabilidade reúne mecanismos e instrumentos de poder (político, econômico) capazes de desencadear as decisões e os respectivos movimentos necessários para que os objetivos e as metas sejam alcançados. Neste estudo foram utilizados como indicadores de governabilidade as despesas per capita com saúde, o financiamento da atenção básica nos municípios, o apoio a projetos de atenção básica à saúde e de saúde da família e as características do Conselho Municipal de Saúde. 42 3.2.1 Projeto de Governo 3.2.1.1 Tipo de Gestão Municipal, Índice de Aprendizado Institucional e Cobertura do Programa de Saúde da Família Jaboatão dos Guararapes encontrava-se na modalidade de gestão plena da atenção básica. Com o PSF implantado desde 2000, seu aprendizado institucional foi considerado médio pela avaliação do Ministério da Saúde realizada em 2000. A cobertura de PSF passou de 11,9% em 2000 para 21,7% em 2005, demonstrando um crescimento 84% no período, atingindo a mais baixa cobertura populacional entre os municípios de Pernambuco incluídos no estudo e também do Lote 2 NE. Sendo assim, Jaboatão dos Guararapes situa-se abaixo da meta de 30% proposta pelo Ministério da Saúde, na Fase 1 do PROESF, para cidades com porte populacional de 500.000 até menos de dois milhões de habitantes. Figura 3.1 - Evolução da cobertura do Programa de Saúde da Família (PSF) nos municípios de mais de 100.000 habitantes de Pernambuco, de 1999 a 2005. Estudo de Linha de Base, PROESF-UFPel, Lote 2 NE, 2005. 120 PROESF 100 95,8 80 60 40 20 0 75,1 99 100 80,2 79 33,2 28,5 27,7 34,3 29,2 20,3 11,9 9,3 8,25,5 3,1 12,6 7,1 3,2 2 0,6 0 1999 63,8 56 36,9 2001 54,5 50,7 48,7 43,4 41 38,6 34,5 46,4 39,6 31,2 30,1 21 14,6 13,7 2000 82,3 69,4 65,3 59,5 100 44,6 44,5 40,3 40 21,1 18,5 15,6 2002 58,6 51 45,4 44,3 40,2 36,2 22,3 18,9 2003 2004 Cabo de Santo A go stinho Camaragibe Caruaru Garanhuns Jabo atão do s Guararapes Olinda P aulista P etro lina Recife 96,7 79,2 67 57,9 51,8 47,7 43,1 41,5 38,8 21,7 2005 Vitó ria de Santo A ntão 43 Em 2001, o número de ESF instaladas no município era de 27 em 2001, passando para 45 em 2004, representando cerca de 4% das ESF do Lote 2 Nordeste e 9% do estado de PE, no ano de 20046. O número total de UBS de Jaboatão dos Guararapes, era de 23 em 2001, passando para 69 em 2004. Considerando a população do município (581.556 habitantes) e a capacidade instalada da rede de UBS (n = 69), cada unidade abrangeria, em média, 8.428 habitantes, revelando assim uma situação de cobertura média da atenção básica onde já não há necessidade de novos serviços, salvo em situações especiais. É importante ressaltar que aqui não estão sendo considerados aspectos como as condições de estrutura e disponibilidade de profissionais no atendimento da demanda nestas UBS; as quais são apresentadas para as unidades selecionadas nos itens 3.1.3.1 e 3.3.2.1. 3.2.1.2 Adequação Setorial e dos Modelos de Atenção para o Funcionamento do Sistema Municipal de Saúde Na percepção do gestor municipal em uma escala de avaliação de 0 a 10 para a adequação dos Setores, o de Assistência Farmacêutica foi aquele que obteve a melhor avaliação (nota 9,0), seguido dos setores de Epidemiologia, Atenção Básica a Saúde, Ações Programáticas de Saúde, Vigilância Sanitária/ Ambiental, Apoio Administrativo, Recursos Humanos e PSF (nota 6,0). Os setores menos adequados na avaliação do gestor foram os de Controle, Avaliação, Auditoria e Regulação e Informações em Saúde (nota 5,0). Na opinião do gestor o modelo Tradicional de atenção básica é tão adequado quanto o PSF no atendimento das necessidades de saúde do município, tendo avaliado ambos com nota 7,0. . 3.2.1.3 Critérios na definição de áreas de abrangência das UBS e na implantação do Programa de Saúde da Família Na definição de áreas para implantação do PSF, o gestor considerou relevantes os critérios de alta densidade populacional, carência de serviços de saúde, dificuldade de 6 Neste caso considerou-se o número total de ESF dos municípios da PE incluídos no Lote 2 NE. 44 acesso, risco epidemiológico, reivindicação local, indicadores socioeconômicos desfavoráveis, aproveitamento de profissionais de saúde e existência anterior de PACS na área. O Secretário Municipal de Saúde acredita que as razões para a expansão do PSF nos municípios deveriam considerar o interesse político, as evidências de que o PSF melhora a saúde da população, o apoio da população, a compatibilidade do PSF com modelo de atenção predominante no município, as expectativas de receber novos recursos pela instância federal e estadual, juntamente com a disponibilidade de profissionais. 3.2.1.4 Características do emprego e da remuneração dos trabalhadores da Atenção Básica O ingresso por concurso público alcançou 33% (n = 76) dos trabalhadores da rede básica, sendo maior nas UBS Tradicionais (41%; n = 69) do que no PSF (11%; n = 7). A forma de contratação mais prevalente foi Estatutária (45%; n = 109), com predomínio entre os trabalhadores das UBS Tradicionais (60%; n = 106); seguida de contrato temporário (39%; n = 95) que foi proporcionalmente maior entre os profissionais das UBS do PSF (77%, n = 51). O vínculo de trabalho tipicamente precário (sem garantias trabalhistas) alcançou 53% (n = 129) dos trabalhadores da atenção básica em Jaboatão dos Guararapes, sendo esta situação mais freqüente entre os trabalhadores das UBS PSF (92%, n = 61). Plano de Carreira, Cargos e Salários (PCCS) foi referido por 12% (n = 27) dos trabalhadores entrevistados, sendo esta ocorrência maior entre aqueles das UBS Tradicionais (16%, n = 26) em comparação aos do PSF (2%, n = 1). O pagamento em dia do salário foi informado por 87% (n = 208) dos profissionais de saúde, tendo sido mais freqüente entre os trabalhadores do PSF (91%, n = 60). O pagamento de incentivos foi informado por 13% (n = 31), com maior prevalência entre os trabalhadores das UBS Tradicionais (16%, n = 27). Dos entrevistados, 32% (n = 76) fizeram referência ao trabalho atual como primeiro emprego, e (22%, n = 51) mencionaram ter outro emprego. Em ambos os casos 45 as proporções foram maiores entre os trabalhadores de UBS Tradicionais (35%, n = 60 e 25%, n = 43, respectivamente). O tempo médio de trabalho na prefeitura local foi de 110,2 meses (dp = 86,3) e na UBS atual de 67,5 (dp = 72,0), com médias superiores para os profissionais das UBS Tradicionais (124,7 meses - dp = 89,5 na prefeitura local; e 82,0 meses - dp = 75,0 na UBS atual). 3.2.2 Capacidade de governo 3.2.2.1 Perfil do Secretário Municipal de Saúde O gestor municipal de saúde à época da coleta de dados era do sexo masculino, com idade de 58 anos, médico e possuía pós-graduação e especialização em outras áreas que não a Saúde Pública. O tempo de permanência no cargo atual era de três meses. O Secretário Municipal de Saúde tinha experiência prévia como profissional desta Secretaria, como profissional liberal na área da saúde e em cargo legislativo. Participava da comissão intergestora Bipartite e do Conselho Municipal de Saúde. 3.2.2.2 Perfil do Coordenador de Atenção Básica e / ou do Programa de Saúde da Família O coordenador da Atenção Básica à Saúde era do sexo masculino, sanitarista, com idade de 58 anos e tinha curso superior completo com especialização em saúde pública. Ocupava o cargo atual há cerca de dois meses e já havia atuado como profissional liberal na área da saúde e em cargo legislativo como vereador. 3.2.2.3 Perfil do Presidente do Conselho Municipal de Saúde O presidente do CMS era do sexo masculino, tinha 59 anos de idade e possuía 19 anos de estudo, com pós-graduação. Era médico e representava o gestor no conselho municipal de saúde. Na época do estudo, atuava no cargo há 5 meses, mas participava do CMS desde o ano de 1990. Não possuía experiência anterior em coordenação de atividades coletivas. 46 3.2.2.4 Perfil dos Trabalhadores das Unidades Básicas de Saúde As características de sexo, idade e renda dos 243 trabalhadores que participaram do estudo, nas UBS de Jaboatão dos Guararapes, estão apresentadas no item 3.1.3.2, que aborda o perfil sócio-demográfico da amostra estudada. Na perspectiva da capacidade de governo, estão enfatizados os aspectos relacionados à escolaridade, formação profissional, especialização e capacitação realizadas, fundamentais para o enfrentamento dos desafios cotidianos e estratégicos da ABS. Em relação à escolaridade, 13% (n = 31) dos trabalhadores concluíram pósgraduação, 13% (n = 30) tinha curso superior completo, 44% (n = 106) havia concluído o ensino médio, 7% (n = 16) possuía ensino médio incompleto, 9% (n = 21) completou o ensino fundamental e 10% (n = 24) não havia concluído o ensino fundamental. A Tabela 3.7 descreve a distribuição da escolaridade dos trabalhadores com relação aos modelos de atenção. Destacaram-se as diferenças proporcionais de trabalhadores com escolaridade superior, média e fundamental completas entre os modelos de atenção, com maior prevalência das duas primeiras nas UBS do PSF e da última nas UBS Tradicionais. Tabela 3.7 - Escolaridade dos trabalhadores estudados em Jaboatão dos Guararapes, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. Escolaridade Jaboatão dos Guararapes (%) PSF Tradicional Total Superior completo 14 12 13 Superior incompleto 0 7 5 Ensino médio completo 56 40 44 Ensino médio incompleto 9 6 7 Fundamental completo 3 11 9 Fundamental incompleto 3 13 10 A realização de cursos de capacitação foi pesquisada para a totalidade dos trabalhadores da atenção básica da amostra. As proporções de capacitação em Jaboatão dos Guararapes variaram de 18% (Saúde do Adulto) a 54% (Tuberculose). Observaramse percentuais superiores de capacitação entre os trabalhadores das UBS do PSF para sete do total de cursos avaliados (n = 12). Em comparação às médias do Lote 2 NE, os 47 profissionais de Jaboatão dos Guararapes, no geral, alcançaram proporções inferiores de capacitação (Tabela 3.8). Tabela 3.8 - Cursos de capacitação realizados pelos trabalhadores das Unidades Básicas de Saúde estudadas em Jaboatão dos Guararapes, por modelo de atenção e no Lote 2 NE. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. Jaboatão dos Guararapes (%) Curso Lote 2 NE (%) PSF Tradicional Total Introdutório ao PSF 54 27 36 53 SIAB 14 34 28 39 Saúde da Criança 16 31 27 38 Saúde da Mulher 30 32 32 42 Saúde do Adulto 12 20 18 28 AIDPI 70 45 52 30 Diabetes 38 37 37 43 Hipertensão 39 36 37 45 DST / AIDS 61 49 53 55 Hanseníase 54 42 45 51 Imunizações 46 49 48 45 Tuberculose 73 46 54 53 3.2.3 Governabilidade 3.2.3.1 Despesas per capita com saúde Para realizar as atividades do SUS a cada ano, Jaboatão dos Guararapes teve uma despesa média em saúde de R$ 49,75 por habitante, média bastante inferior a observada entre os municípios do Lote 2 NE (R$ 120,47). 48 3.2.3.2 Financiamento da Atenção Básica nos Municípios Conforme informações do DATASUS (Cadernos de Informações em Saúde), em Jaboatão dos Guararapes, no ano de 2002, 21,7% do PAB total estava vinculado às transferências federais do incentivo PACS / PSF. O PAB Fixo de Jaboatão dos Guararapes era de R$ 8,71 por habitante e 66,5% era a proporção de despesas com recursos humanos em relação às despesas totais em saúde. Dos recursos próprios, 12,1% eram aplicados em saúde, índice que não atende as exigências da EC 29. A Tabela 3.9 oferece uma comparação dos indicadores de financiamento da atenção básica à saúde no município em comparação à média dos municípios do Lote. Tabela 3.9 - Indicadores de financiamento do sistema de saúde para o município de Jaboatão dos Guararapes e para o Lote 2 NE. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. Jaboatão dos Guararapes Lote 2 NE PAB Fixo (R$ / habitante) 8,71 9,71 % Despesas Recursos Humanos 66,5 53,1 % Transferências PSF/ PACS no PAB total 21,7 40,5 % Recursos próprios aplicados em saúde (EC 29) 12,1 14,4 Indicador Fonte: Cadernos de Informações em Saúde, 2002. 3.2.3.3 Apoio a Projetos de Atenção Básica à Saúde e de Saúde da Família Em uma escala de valores de zero a dez, a gestora avaliou o apoio do CMS a projetos da atenção básica com nota 8,0, o de parlamentares como nota 5,0 e aqueles relacionados ao PSF com nota 7,0. Na percepção do secretário, a adesão de profissionais de saúde aos projetos de PSF foi maior (nota 9,0) em comparação à adesão dos trabalhadores aos projetos do modelo de atenção básica tradicional (nota 8,0). A satisfação dos trabalhadores das UBS com o vínculo de trabalho foi de 47% (n = 112), sendo superior entre os das UBS Tradicionais (60%; n = 102) do que entre os das UBS do PSF (15%; n = 11). 49 3.2.3.4 Características do Conselho Municipal de Saúde O presidente relatou que o CMS foi criado em 1990, possuía regimento interno e sua última atualização ocorreu no ano de 2001. O CMS era composto de 16 entidades, sendo 2 representantes da área governamental, 2 dos prestadores de serviços ao SUS privados ou conveniados sem fins lucrativos, 4 dos profissionais de saúde e 8 da sociedade civil organizada. Entre os temas abordados nas reuniões ordinárias do CMS entre 2001 a 2004, foram destacados a implantação do PSF, o Convênio “DST / AIDS” e o da “Tuberculose”. Segundo o presidente do CMS, no período de 2001 a 2004, a gestão municipal sempre buscou aprovação do CMS para a implantação de políticas de saúde. Entre 2001 e 2004, foi realizada uma Conferência Municipal de Saúde e, nenhuma capacitação aos conselheiros. À época do estudo não havia Conselhos Locais de Saúde implantados no município. Na percepção do presidente não existiam conflitos entre Conselheiros das diferentes entidades, mas apenas debates para troca de idéias. 3.3 Dimensão Organizacional da Atenção 3.3.1 Práticas de gestão da ABS Ao caracterizar as práticas de gestão nos municípios do Lote foram identificados princípios, normas e funções, procedimentos e recursos cuja finalidade é ordenar a estrutura e o funcionamento da atenção básica à saúde. Muitos destes aspectos se confundem com as práticas de oferta de serviços, pois uma estratégia de gestão estabelecida pode implicar em uma oferta de serviços ao público. 3.3.1.1 Mecanismos de supervisão, monitoramento e avaliação da atenção básica à saúde Dentre os projetos e as ações de política de saúde relativas à capacitação de recursos humanos, o gestor destacou que o município tem como política o aperfeiçoamento de médicos e enfermeiros do PSF em nível de especialização numa 50 perspectiva de trabalhar a atenção de forma integrada, tecnicamente fundamentada e territorializada. `Quanto aos mecanismos de avaliação da atenção básica, não havia um grupo ou núcleo dedicado a esta atividade. As atividades de supervisão do trabalho nas UBS foram relatadas por 69% (n = 150) dos trabalhadores de saúde. Entre aqueles que referiram supervisão, 58% (n = 81) mencionaram uma periodicidade semanal, 7% (n = 23) relataram encontros que variaram de quinzenais a anuais, enquanto 25% (n = 35) informaram periodicidade indefinida. A prevalência de profissionais com supervisão semanal das suas atividades foi maior nas UBS Tradicionais (81%; n =67). 3.3.1.2 Estratégias de controle e regulação da demanda O setor de Controle, Avaliação, Auditoria e Regulação estava constituído no município, cuja modalidade até 2004 era plena do sistema municipal. De acordo com o relato do gestor municipal, os serviços de média e alta complexidade existentes em seu território não são municipalizados, o que restringe a capacidade resolutiva, diagnóstica e terapêutica da rede de serviços. Por outro lado, a gestão municipal ainda não possui também o controle e o pagamento dos prestadores de serviços ambulatoriais e hospitalares ao SUS, dificultando, desta forma, a avaliação e organização dos serviços de saúde no âmbito municipal. Devido ao não preenchimento do instrumento “Formulário de Fonte Documental” não foi possível conhecer a realidade do município com relação as estratégias de controle e regulação da demanda para o atendimento em serviços de maior complexidade. Pela mesma razão, as informações quanto às formas de acolhimento das reclamações dos usuários e aos tipos de centrais implantadas para acolher e ordenar as necessidades de saúde dos usuários não foram disponibilizadas. 3.3.1.3 Informação e Informatização na Rede Básica Municipal Do ponto de vista da tecnologia da informação, entre as nove UBS estudadas no município nenhuma dispunha de microcomputador. 51 Não havia em Jaboatão dos Guararapes UBS informatizadas alimentando o SIASUS no período de 2001 a 2004 e nenhuma estava incluída no Sistema de Vigilância Epidemiológica. 3.3.1.4 Sistemas de Informação em Saúde Devido ao não preenchimento do instrumento “Formulário de Fonte Documental” não foi possível verificar se os sistemas de informação de base nacional estavam inseridos na rotina do município e se Jaboatão dos Guararapes era responsável pelo gerenciamento e preenchimento regular do SINASC, do SIM, do SINAN, do SISVAN e do SIAB. Também por esta razão não foram fornecidas informações com relação a investigação dos óbitos infantis no período de 2001 a 2004. 3.3.2 Práticas de Oferta de Serviços no Município Este tópico descreve recursos e estratégias utilizados nos municípios para oferecer os serviços básicos de saúde à população. Há uma ênfase importante na estrutura das UBS. Também é abordada a disponibilidade de profissionais do PSF, na perspectiva de avaliar o acesso da população ao novo modelo de atenção. 3.3.2.1 Estrutura da rede básica de saúde A maioria das dependências avaliadas estava presente nas UBS da amostra de Jaboatão dos Guararapes. As dependências citadas em maior freqüência como existentes por todas as UBS foram: recepção, consultórios, consultório odontológico, sala de vacinas, sala de cuidados de enfermagem e farmácia. Consultório com banheiro havia apenas nas UBS Grupiara e Loreto I e expurgo nas UBS Grupiara e Jardim Piedade (Tabela 3.10). Sobre a adequação das dependências estudadas, obtiveram-se informações para oito UBS, onde a maioria das estruturas foi avaliada como inadequada. Na Tabela 3.11 é possível observar a adequação dos componentes da estrutura por unidade de saúde. 52 Tabela 3.10 – Área física das Unidades Básicas de Saúde em Jaboatão dos Guararapes. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. Barra de Jangada Curado Quatro Curcurana Dois Carneiros Alto Francisco Loureiro Grupiara Jardim Piedade Jardim Prazeres Loreto I Recepção E E E E E E E E E Sala de Espera E E E NR E E E E E Consultórios E E E E E E E E E Consultórios com banheiro I I I I I E I I E Consultório Odontológico E E E E E E E E E Sala de Vacinas E E E E E E E E E Cozinha I E E E E E I E E Sala de cuidados de enfermagem E E E E E E E E E Sala de Reuniões I I E I I E E E E Sala de Esterilização I I E I E E E E E Farmácia E E E E E E E E E Expurgo I I I I I E E I I Dependência E – Existente; I – Inexistente; NR – Não Respondeu. 53 Tabela 3.11 - Adequação da estrutura nas Unidades Básicas de Saúde em Jaboatão dos Guararapes. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. Barra de Jangada Curado Quatro Curcurana Dois Carneiros Alto Francisco Loureiro Grupiara Jardim Piedade Jardim Prazeres Loreto I Recepção I I NR I I I I I I Sala de Espera I I NR I I A I I I Consultórios I I NR I I I NR I I Consultórios com banheiro NSA NSA NSA NSA NSA I NSA NSA I Consultório Odontológico NSA I NR A I I I NR A I I NR I A I I I I NSA I NR I I I NSA I I I I NR NR I I A I A Sala de Reuniões NSA NSA NR NSA NSA I I I I Sala de Esterilização NSA NSA NR NSA I I I I I Farmácia I I NR I I I I I I Expurgo NSA NSA NSA NSA NSA I I NSA NSA Dependência Sala de Vacinas Cozinha Sala de cuidados de enfermagem A – Adequado; I – Inadequado; NR – Não respondeu; NSA – Não se Aplica por inexistência da dependência. 54 Do ponto de vista de acesso de pessoas portadoras de deficiência, o prédio foi considerado adequado apenas na opinião dos profissionais das UBS Curado Quatro, Dois Carneiros Alto e Grupiara. Nenhuma das UBS estudadas referiu a existência de tapetes na sala de espera e consultórios Apenas a UBS Barra de Jangada referiu possuir tabetes na sala de vacinas. A presença de degraus dificultando o acesso de deficientes foi mencionada em seis UBS (Curcurana, Dois Carneiros Alto, Francisco Loureiro, Jardim Piedade, Jardim Prazeres e Loreto I). Quatro UBS (Barra de Jangada, Curado Quatro, Dois Carneiros Alto e Francisco Loureiro) dispunham de rampas alternativas para facilitar o acesso destas pessoas. A existência de calçadas permitindo o deslocamento seguro de deficientes visuais foi referida por apenas uma UBS (Dois Carneiros Alto). Corrimãos nas rampas foram encontrados em três UBS (Curado Quatro, Dois Carneiros Alto e Francisco Loureiro), destacando-se que quatro UBS não forneceram esta informação (Curcurana, Grupiara, Jardim Prazeres e Jardim Piedade). Apenas uma UBS referiu existência de corrimãos nos corredores (Dois Carneiros Alto). Nenhuma UBS possuía portas de banheiros possibilitando o acesso a cadeirantes, assim como não havia espaço suficiente nesta dependência para realizar manobras com cadeiras de rodas. A disponibilidade de cadeira de rodas para pacientes foi verificada em uma UBS (Francisco Loureiro) e as cadeiras da sala de espera foram consideradas adequadas para o local do atendimento em três unidades (Dois Carneiros Alto, Grupiara e Jardim Prazeres). Em relação aos equipamentos de trabalho em condições de uso estavam disponíveis em todas as UBS balança adulto e infantil, termômetro, nebulizador, foco de luz, geladeira exclusiva para vacina, mesa ginecológica, aparelho fotopolimerizador, tensiômetro, sonar, amalgamador, compressor e refletor. A Tabela 3.12 apresenta a relação de todos os equipamentos investigados e sua respectiva condição de acordo com cada uma das UBS estudadas. 55 Tabela 3.12 – Equipamentos e instrumentos das Unidades Básicas de Saúde em Jaboatão dos Guararapes. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. Barra de Jangada Curado Quatro Curcurana Dois Carneiros Alto Francisco Loureiro Grupiara Jardim Piedade Jardim Prazeres Loreto I Balança Adulto P P P P P P P P P Balança Infantil P P P P P P P P P Termômetro P P P P NR P P P P Cadeira odontológica P P P P P P P I P Nebulizador P P P P NR P P P P Estetoscópio P I P P NR P P P P Foco de luz P P P P P P P P P Geladeira exclusiva vacina P P P P P P P P P Mesa ginecológica P P P P P P P P P Centrífuga I I P I I I I I I Aparelho Fotopolimerizador P P P P P P P P P Tensiômetro P P P P NR P P P P Sonar P P P P P P P P P Mocho P P P P P P P P I Estufa P P P I P P P P P Amalgamador P P P P P P P P P Equipamento / Instrumento P – Próprio para uso; I – Impróprio para uso ou ausente; NR – Não respondeu. 56 Barra de Jangada Curado Quatro Curcurana Dois Carneiros Alto Francisco Loureiro Grupiara Jardim Piedade Jardim Prazeres Loreto I Compressor P P P P P P P P P Refletor P P P P P P P P P Instrumental exame clínico I P P P P P P P P Instrumental para procedimentos básicos I I I P P P P P P Instrumental Dentística I P P P P P P P P Equipo odontológico P P P P P P P I I Negatoscópio I I P I I P P P P Otoscópio I I P P I P P P P Oftalmoscópio I I I I I I I I I Unidade auxiliar P P P P I I P I NR Instrumental de urgências I I P P P I P I P NR P P NR NR P I NR P Glicosímetro P P P P I P P P P Estetoscópio de Pinar P I I P NR I P P I Microscópio I P I I I I I I I Lanterna I I I I I I I P I Microcomputador I I I I I I I I I I I I I I I I I Equipamento / Instrumento Espéculos vaginais Impressora P – Próprio para uso; I – Impróprio para uso ou ausente; NR – Não respondeu. 57 Na investigação sobre o abastecimento de materiais e insumos, todas as UBS prestaram informações, com a maioria tendo sido considerada suficiente. Foram encontrados nas nove UBS estudadas: seringa para vacinas e cartão da criança. Ao contrário, estavam insuficientes em todas as unidades materiais para pequenas cirurgias. A Tabela 3.13 apresenta todas as informações referentes a disponibilidade de materiais e insumos por Unidade Básica de Saúde. 58 Tabela 3.13 – Disponibilidade de materiais e insumos nas Unidades Básicas de Saúde em Jaboatão dos Guararapes. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. Barra de Jangada Curado Quatro Curcurana Dois Carneiros Alto Francisco Loureiro Grupiara Jardim Piedade Jardim Prazeres Loreto I Agulhas descartáveis S I S S S S S S S Esparadrapo I S S S I I S S S Luvas esterilizadas I I I I S I I I I Algodão I S S S S S S S S Gaze I I I I S I I I I Luvas para procedimentos S S S S S S I S S Álcool I S S I S I S S S Seringa para vacinas S S S S S S S S S Seringa para outras injeções S S S S S S S S I Material para retirada de pontos I I I S I I S S I Material para pequenas cirurgias I I I I I I I I I Fio de sutura I S I I S S I I S Descartex S I S S I S S S S Bloco de receituário I I I S S I I I I Cartão da criança S S S S I S S S S Cartão da gestante S I S S I I S S S Ficha de cadastramento SIAB S I I I I I I I I S I I I I S I Materiais e Insumos Ficha de cadastramento I I domiciliar S – Suficientes; I – Insuficientes; NR – Não respondeu. 59 3.3.2.2 Disponibilidade de Profissionais do PSF Na análise da composição das Equipes de Saúde da Família (ESF) existentes na amostra de UBS de Jaboatão dos Guararapes, tomou-se como referência a disponibilidade de médicos, enfermeiros, auxiliares ou técnicos de enfermagem, agentes comunitários de saúde e odontólogos. As Equipes de Saúde da Família (ESF) e o Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS) estavam presentes na seis UBS de PSF estudadas (Curcurana, Dois Carneiros Alto, Grupiara, Jardim Piedade, Jardim Prazeres e Loreto I). No total, foram encontrados 8 médicos, 8 enfermeiros, 10 auxiliares e / ou técnicos de enfermagem, 46 agentes comunitários de saúde e 8 odontólogos. 3.3.2.3 Acesso aos serviços básicos de saúde Em relação ao tempo de funcionamento obteve-se informação para as seis UBS do PSF e as três Tradicionais. As UBS do PSF existiam, em média, há cerca de 46,3 meses e as Tradicionais há 216 meses. Em média, a população adstrita foi de 22.012 pessoas, sendo de 4,375 nas UBS do PSF e de 47.168 nas Tradicionais. A UBS Tradicional Barra de Jangada era a que possuía a maior população coberta pelo serviço (58.000 pessoas), seguida pela UBS Tradicional Francisco Loureiro (45.500 pessoas). Da amostra, as seis UBS de PSF e duas Tradicionais (Curado Quatro e Francisco Loureiro) funcionavam em dois turnos de atendimento. A UBS Barra de Jangada prestava atendimento em três turnos. A carga horária contratada e cumprida pelos trabalhadores de saúde foi, em média, de 35 horas e 33 horas semanais, respectivamente. Entre os trabalhadores do PSF a carga horária contratada foi maior (41 horas / semana) em comparação com aqueles das UBS Tradicionais (32 horas / semana), o que gerou, conseqüentemente, uma também maior carga horária cumprida. A média diária de atendimentos médicos nas UBS estudadas foi de 23 pessoas. Para os enfermeiros a média foi de 18 atendimentos, para os outros profissionais de nível superior de 19, para os auxiliares e técnicos de enfermagem de 47, para os profissionais de nível médio de 70 e para os ACS de 13. Os atendimentos prestados por 60 médicos, enfermeiros,outros profissionais de nível superior e auxiliares e técnicos de enfermagem foram, em média, maiores nas UBS do PSF. 3.3.2.4 Acesso aos serviços especializados A gestão referiu o acesso aos serviços do SUS através de diversas portas de entrada preferencialmente as UBS, tanto do modelo Tradicional quanto do PSF, os serviços de pronto atendimento e os ambulatórios distritais, ambulatórios de hospitais e o atendimento de urgência de hospitais privados e públicos. Não foram disponibilizadas informações sobre o tempo de espera de para consultas especializadas nem sobre o tempo de espera para a realização de exames de apoio diagnóstico e de terapia especializada. A satisfação quanto à disponibilidade de consulta médica para a atenção especializada foi investigada através da opinião da equipe de saúde, em instrumento coletivo sobre a UBS. As consultas foram percebidas como suficientes por 11% dos profissionais para ortopedia e otorrinolaringologia, por 22% para cardiologia, dermatologia, oftalmologia e psiquiatria, por 33% para fisioterapia, por 44% para pneumologia e por 56% para ginecologia e pediatria. O acesso foi considerado insatisfatório paras as consultas em nefrologia e neurologia, Entre as nove UBS, nenhuma julgou o acesso direto à retaguarda para atendimento em Pronto Socorro e à para internação hospitalar como satisfatórios. 3.3.2.5 Adstrição da demanda A adstrição da demanda ou vinculação da UBS com a população da área de abrangência foi verificada através da existência de área geográfica definida e mapa e estava presente somente nas UBS do PSF, que já haviam concluído o cadastramento de todas as famílias. A participação da equipe em atividades na área de abrangência da UBS nos últimos 12 meses foi de 38% (n = 82), sendo maior entre os trabalhadores das UBS do PSF (59%, n = 36) do que entre os das UBS Tradicionais (30%, n = 46). 61 3.3.2.6 Vínculo com instituições de ensino As UBS da amostra de Jaboatão de Guararapes não possuíam vinculação com atividades de ensino. 3.3.2.7 Assistência farmacêutica Não foram disponibilizadas informações sobre assistência farmacêutica no município.Apenas obteve-se o relato de que a dispensação de medicamentos era feita nas UBS. 3.3.3 Experiências inovadoras em atenção básica à saúde Devido à falta de informações não foi possível conhecer a realidade das experiências inovadoras em atenção básica através da gestão municipal. O presidente do CMS destacou o “Programa de atendimento odontológico móvel para pacientes acamados” como a mais importante experiência inovadora em saúde no período de 2001 a 2004. 3.4 Dimensão do Cuidado Integral 3.4.1 Estratégias de indução da integralidade O direito universal à saúde da população brasileira define a integralidade como um dos princípios constitucionais do SUS. Entretanto, a integralidade ainda não assumiu a esperada relevância estratégica na organização e desenvolvimento das ações de saúde. Alcançar a integralidade em saúde requer ações planejadas com esta finalidade tanto no âmbito da UBS e em seu vínculo com a comunidade, quanto na referência e contra-referência entre os níveis de atenção à saúde. Além disso, compreende a articulação das práticas não apenas no âmbito setorial, mas também no âmbito intersetorial (PINHEIRO, 2005). Neste estudo, a integralidade foi captada através de alguns “proxis”, como, por exemplo, as práticas realizadas nas UBS, com ênfase em ações programáticas a grupos prioritários, o acesso direto a exames complementares, a disponibilidade de medicamentos, a utilização de protocolos, a utilização de computadores pelos profissionais de saúde, a percepção dos profissionais 62 sobre a qualidade dos serviços prestados e o acesso a publicações do Ministério da Saúde. 3.4.1.1 Atividades realizadas na UBS para o cuidado integral A investigação das ações para o cuidado integral envolveu o questionamento sobre as seguintes atividades: atendimento a demanda sentida; atendimento odontológico a grupos prioritários; pré-natal; cuidado e visita domiciliar; procedimentos de enfermagem; diagnóstico e tratamento da hanseníase e da tuberculose; diagnóstico e tratamento da hipertensão e do diabetes; glicemia capilar; atendimento a desnutrição e suplementação alimentar; notificação compulsória de doenças; manejo de agravos mais prevalentes na infância, planejamento familiar; pequenas cirurgias; prevenção do câncer de colo uterino; promoção do aleitamento materno e do crescimento e desenvolvimento infantil. Todas as UBS realizavam atendimento pré-natal, diagnóstico e tratamento de hipertensão, diagnóstico e tratamento do diabetes, prevenção do câncer do colo uterino, e procedimentos de enfermagem. Por outro lado nenhuma UBS realizava pequenas cirurgias (Tabela 3.14). A realização de grupos com usuários acontecia em oito UBS. As UBS Curcurana e Loreto I realizavam todos os tipos de grupo avaliados, enquanto as UBS Curado Quatro e Francisco Loureiro foram as que menos desempenhavam este tipo de atividade. Grupo de portadores de sofrimento psíquico foi o menos citado (Tabela 3.14). 63 Tabela 3.14 – Atividades para o Cuidado Integral nas Unidades Básicas de Saúde em Jaboatão dos Guararapes. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. Barra de Jangada Curado Quatro Curcurana Dois Carneiros Alto Francisco Loureiro Grupiara Jardim Piedade Jardim Prazeres Loreto I Atendimento a demanda sentida R R R NI R R R NR R Atendimento odontológico a grupos prioritários R NR R R NR R R R R Atendimento de pré-natal R R R R R R R R R Cuidado domiciliar NR NR R R NR R R R R Diagnóstico / Tratamento de hanseníase NR NR R R NR R R R R Diagnóstico / Tratamento de hipertensão R R R R R R R R R Diagnóstico / Tratamento de tuberculose NR NR R R NR R R R R Atividades para o Cuidado Integral Diagnóstico / Tratamento de diabetes R R R R R R R R R Glicemia Capilar R NR R R NR R R R R Atendimento a desnutrição / suplementação alimentar NR R R R NR NR NR R R Atendimento aos agravos mais prevalentes na infância NR NR R R R R R R R Notificação compulsória de doenças NR NR R R R R R R R Pequenas cirurgias NR NR NR NR NR NR NR NR NR Planejamento familiar NR NR R R NR R R R R Prevenção do câncer de colo uterino R R R R R R R R R Procedimentos de enfermagem R R R R R R R R R Promoção ao aleitamento materno NR NR R R R NI R R R Promoção do crescimento / desenvolvimento infantil NR NR R NI NR NI R R R Visita Domiciliar NR NR R = Realiza; NR = Não Realiza, NI = Não Informou. R R NR R R R R 64 Tabela 3.15 – Atividades de Grupo nas Unidades Básicas de Saúde em Jaboatão dos Guararapes. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. Barra de Jangada Curado Quatro Curcurana Dois Carneiros Alto Francisco Loureiro Grupiara Jardim Piedade Jardim Prazeres Loreto I Atividades com grupos de usuários R R R R NR R R R R Grupo de hipertensos R R R R NSA R R R R Grupo de diabéticos NI NI R R NSA R R R R Grupo de pré-natal NR R R R NSA NI R R R Grupo de idosos NR R R R NSA R NR R R Grupo de adolescentes NR R NR NR NSA NR NR NR R Grupo de portadores de sofrimento psíquico NR NR NR NI NSA NI NR NR NR Grupo de puericultura NR R R R NSA NI R R R Atividades de grupo R = Realiza; NR = Não Realiza; NI = Não Informou; NSA = Não Se Aplica. 65 3.4.1.2 Acesso direto a exames complementares O acesso direto a exames complementares utilizados rotineiramente na atividade clínica peculiar à Atenção Básica foi investigado quanto à suficiência do exame de ácido úrico, creatinina, de HIV, de glicemia, hemograma, tipagem sanguínea, VDRL, Baar no escarro, exame comum de urina, urocultura, citopatológico, colposcopia, eletrocardiograma, ultra-sonografia obstétrica e radiografia simples. O acesso foi referido como suficiente por 11% dos profissionais para os exames de RX simples, USG obstétrica, ECG e urocultura, por 22% para ácido úrico, ECU, colposcopia, creatinina / uréia, hemograma, tipagem sanguínea e pesquisa de BAAR, por 33% para glicemia, por 44% para ECU e citopatologia de colo uterino, e por 56% para VDRL. 3.4.1.3 Disponibilidade de medicamentos A maioria dos medicamentos investigados foi considerada suficientes pelas equipes das nove UBS estudadas. Os medicamentos mais citados como suficientes em todas as unidades estudadas foram: digoxina, dexametasona pomada, ácido acetil salisílico, amoxicilina, captopril, anticoncepcional oral, furosemida, hidroclorotiazida, metronidazol, sulfametoxasol + trimetoprima, neomicina + bacitracina. Havia carência de fenobarbital e nistatina creme vaginal em todas as UBS da amostra (Tabela 3.16). A dispensação das medicações desta lista básica era feita nas próprias UBS. 66 Tabela 3.16– Disponibilidade de Medicamentos das Unidades Básicas de Saúde em Jaboatão dos Guararapes. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. Barra de Jangada Curado Quatro Curcurana Dois Carneiros Alto Francisco Loureiro Grupiara Jardim Piedade Jardim Prazeres Loreto I Fenobarbital I I I I I I I I I Digoxina S S S S S I S S S Diclofenaco de Potássio S S S S S I S S S Carbamazepina I I I I S I I I I Aminofilina S S S I S S S S S Cimetidina I S S S S S S S S Metronidazol geléia S S S S S I S S S Penicilina Benzatina 600.000 UI I I S I S I S I S Penicilina Benzatina 1.200.000 UI I I S I S S S S S Dexametasona pomada S S S S S S S S S Metformim I S S S I S S I S Ácido Acetil Salicílico S S S S S S S S S Amoxicilina S S S S S S S S S Ampicilina I I S I S S S S S Medicamentos S = Suficiente; I = Insuficiente. 67 Barra de Jangada Curado Quatro Curcurana Dois Carneiros Alto Francisco Loureiro Grupiara Jardim Piedade Jardim Prazeres Loreto I Captopril S S S S S S S S S Anticoncepcional Oral (ACO) S S S S S S S S S Furosemida S S S S S S S S S Glibenclamida S S S I S S S S S Hidroclorotiazida S S S S S S S S S Metronidazol S S S S S S S S S Sulfametoxazol + Trimetropina S S S S S I S S S Sulfametoxazol + Trimetropina suspensão S S S S S S S S S Nistatina creme vaginal I I I I I I I I I Neomicina + Bacitracina S S S S S S S S S Medicamentos S = Suficiente; I = Insuficiente. 68 3.4.1.4 Utilização de protocolos A Tabela 3.17 descreve as prevalências de utilização de protocolos pela UBS investigadas através do instrumento coletivo da estrutura de acordo com a ação programática, que variaram de 11% para o menos utilizado (manejo da desnutrição e suplementação alimentar) a 100% para o mais utilizado (imunizações). Comparadas às médias do Lote, apenas as proporções de utilização dos protocolos de cuidado domiciliar, diagnóstico e tratamento do diabetes, diagnóstico e tratamento da pressão arterial, imunizações e promoção do aleitamento materno foram superiores em Jaboatão. De acordo com o modelo de atenção, os trabalhadores das UBS do PSF relataram maior utilização da maioria dos protocolos investigados. A Tabela 3.18 apresenta a utilização de protocolos de acordo com as UBS. As UBS Curcurana, Dois Carneiros Alto e Loreto I foram os serviço com maior utilização de protocolos, observando-se na UBS Francisco Loureiro a menor utilização. Tabela 3.17 - Utilização de protocolos nas Unidades Básicas de Saúde em Jaboatão dos Guararapes, por modelo de atenção e no Lote 2 NE. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. Ação programática Cuidados de enfermagem Cuidado domiciliar Diagnóstico e tratamento do diabetes Diagnóstico e tratamento da hanseníase Diagnóstico e tratamento da hipertensão arterial Diagnóstico e tratamento da tuberculose Imunizações Manejo da desnutrição e suplementação alimentar Manejo dos agravos mais prevalentes na infância Planejamento familiar Pré-natal Prevenção do câncer de colo uterino Promoção crescimento e desenvolvimento infantil Promoção do aleitamento materno Jaboatão dos Guararapes (%) Lote 2 NE (%) PSF 67 67 100 100 100 Tradicional 33 0 67 0 67 Total 56 44 89 67 89 100 100 0 0 100 33 67 100 11 76 93 36 50 0 33 53 67 83 67 67 0 67 0 33 44 78 44 56 73 86 80 69 67 100 78 58 57 39 78 68 79 69 Tabela 3.18 – Utilização de Protocolos nas Unidades Básicas de Saúde em Jaboatão dos Guararapes. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. Barra de Jangada Curado Quatro Curcurana Dois Carneiros Alto Francisco Loureiro Grupiara Jardim Piedade Jardim Prazeres Loreto I Cuidados de enfermagem NU U U U NU NU NU NU U Cuidado domiciliar NU NU U U NU U NU NU U U U U U NU U U U U Diagnóstico e tratamento da hanseníase NU NU U U NU U U U U Diagnóstico e tratamento da hipertensão arterial U U U U NU U U U U Diagnóstico e tratamento da tuberculose NU NU U U NU U U U U U U U U U U U U U Manejo da desnutrição e suplementação alimentar NU U NU NU NU NU NU NU NU Manejo dos agravos mais prevalentes na infância NU NU U U NU NU NU U NU Planejamento familiar NU NU U U NU U NU NU U Pré-natal NU U U U U U U NU U U U U U U U NU NU U Promoção crescimento e desenvolvimento infantil NU NU U U NU U NU NU U Promoção do aleitamento materno NU NU U U U NU NU U NU Protocolos Diagnóstico e tratamento do diabetes Imunizações Prevenção do câncer de colo uterino U = Utiliza; NU = Não Utiliza; NR = Não Respondeu. 70 Os resultados obtidos através do questionário dos profissionais indicaram que somente 50% (n = 113) dos trabalhadores referiram utilizar algum tipo de protocolo para a realização de suas atividades, com distribuição semelhante entre os modelos de atenção. 3.4.1.5 Utilização de computador pelos profissionais A utilização de computador em atividades profissionais na UBS e / ou em casa foi referida por 13% (n = 30) dos profissionais entrevistados, sendo de 21% (n = 14) nas UBS PSF e de 10% (n = 16) nas Tradicionais. 3.4.1.6 Qualidade dos serviços prestados A opinião dos profissionais sobre a qualidade dos serviços prestados na UBS foi considerada boa ou muito boa para aproximadamente 41% (n = 90) dos entrevistados em Jaboatão dos Guararapes, sendo de 81% (n = 51) no modelo PSF e de 25% (n = 39) no modelo Tradicional. 3.4.1.7 Acesso a publicações O acesso dos profissionais de Jaboatão de Guararapes às publicações do Ministério da Saúde foi pequeno e variou de 3% para a Revista Brasileira Saúde da Família a 36% para o Manual do Agente Comunitário de Saúde. Em geral, de acordo com o modelo de atenção, o acesso foi maior entre os profissionais das UBS do PSF. Comparado às médias do Lote 2 Nordeste, este acesso foi menor no município para todas as publicações (Tabela 3.19). 71 Tabela 3.19 - Acesso dos profissionais estudados a publicações do Ministério da Saúde nas Unidades Básicas de Saúde de Jaboatão dos Guararapes, por modelo de atenção e no Lote 2 NE. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. Acesso às publicações do Ministério da Saúde Jaboatão dos Guararapes (%) Lote 2 NE (%) PSF Tradicional Total Revista Brasileira Saúde da Família 7 2 3 6 Informes de Atenção Básica 9 11 10 31 Manual do SIAB 12 11 11 23 Manual do Agente Comunitário de Saúde 45 32 36 38 Avaliação Normativa do PSF no Brasil 8 4 6 8 3.4.2 Processo de trabalho em atenção básica à saúde 3.4.2.1 Introdução ao processo de trabalho em ABS O objeto destes comentários foi o Processo de Trabalho em Atenção Básica à Saúde, descrito através de um formulário semi-estruturado, preenchido pelas equipes das nove Unidades Básicas de Saúde (UBS) de Jaboatão dos Guararapes. As doze variáveis abordadas como etapas componentes do Processo de Trabalho em Atenção Básica à Saúde foram: planejamento, gestão e coordenação, recepção, acolhimento, cuidado clínico, cuidado de enfermagem, cuidado odontológico, ações programáticas, ações educativas, cuidados domiciliares, gestão da informação, supervisão e suporte técnico e participação no Conselho Local de Saúde. Os atributos propostos para caracterizar cada uma das variáveis foram: descrição da atividade – o que é feito e como é feito?; quem faz?; que recursos são utilizados?; dificuldades; sugestões e experiências inovadoras. 3.4.2.2 A categoria processo de trabalho A universalização do direito à saúde, a descentralização da gestão e a atenção básica à saúde distinguem positivamente o SUS, em comparação a outros sistemas de saúde, incluindo aqueles já experimentados no Brasil (BRASIL, 1990). 72 Apesar disso, possivelmente em função de seu curto tempo de implantação e da escassez de recursos materiais e humanos, o SUS ainda não dispõe de um processo de trabalho em atenção básica à saúde plenamente formulado e operacionalmente efetivo. Neste sentido, a descrição do processo de trabalho nas UBS estudadas pode representar importante contribuição para a melhoria da ABS em Jaboatão dos Guararapes. O processo de trabalho, enquanto categoria abstrata, permite compreender a organização e a divisão das tarefas necessárias à transformação de um dado objeto de trabalho em um produto desenvolvido, valorizado socialmente, tanto em seu valor de uso, quanto em seu valor de troca (FACCHINI, 1986). Cada espaço concreto de trabalho, cada unidade produtiva, conforma um processo de trabalho particular, incomparável em suas nuances e características mais singulares. Mas cada processo de trabalho também guarda as características essenciais do modo de produção em que está inserido e, de modo mais objetivo, de seu ramo de produção e da natureza da atividade produtiva predominante (FACCHINI, 1986). O uso da categoria processo de trabalho neste estudo, permitiu a análise individualizada de cada UBS e a busca de regularidades, de semelhanças e de contrastes entre as UBS de Jaboatão dos Guararapes. Nestas análises, além de perceber a dinâmica da organização e divisão do trabalho em cada atividade, buscou-se identificar o objeto de trabalho, os recursos disponíveis e os responsáveis por sua realização. Problemas e sugestões para a melhoria das atividades também foram captados. Fruto do processo de construção do SUS, o trabalho nas UBS Tradicionais é um simulacro daquele realizado em hospitais e unidades ambulatoriais especializadas, sendo fortemente centrado no médico e nas clínicas básicas, atendendo a demanda espontânea de usuários. No PSF, o processo de trabalho pretende se distanciar do viés hospitalar e da especialização, fortalecendo a participação da equipe de saúde e do médico “geral” no atendimento integral das necessidades de saúde da população. O processo de trabalho em ABS está essencialmente vinculado ao trabalho vivo, à atividade, à qualidade técnico-científica do trabalhador, à sua motivação e compromisso com o resultado de seu trabalho. Nas UBS, a tecnologia disponível tem muita dificuldade em dinamizar o processo de trabalho, orientando a ação do trabalhador. A escassez crônica de equipamentos, instrumentos e os mais variados insumos, mesmo os mais básicos para o funcionamento de uma UBS, dificultam a efetivação do processo de trabalho em ABS com um significado mais amplo que 73 extrapole a prática individual do trabalhador em relação a um usuário do serviço e alcance o resultado do trabalho da equipe em relação à comunidade em que está inserido. 3.4.2.3 Etapas do processo de trabalho em atenção básica à saúde As atividades de Planejamento, de Gestão e de Coordenação eram realizadas através de reuniões semanais ou mensais, com a participação de toda equipe. Na reunião mensal das UBS Curado IV e Francisco Loureiro havia a participação da coordenação do distrito. Independente do modelo de atenção, Não houve referência a um planejamento para longo prazo, com o estabelecimento de metas a serem alcançadas pelas UBS. As equipes das UBS Jardim Piedade I e Barra da Jangada informaram não realizar estas atividades. As dificuldades relatadas foram a do excesso de atividades burocráticas e na conciliação do horário entre profissionais de nível superior e os de nível técnico (UBS Curado IV e Francisco Loureiro). A descrição das atividades de Suporte Técnico e Supervisão contemplou principalmente as ações relacionadas ao PNI, apenas as UBS Dois Cordeiros Alto, Jardim Prazeres e Curcurana relataram a fiscalização por parte da coordenação, era realizado pela chefia e coordenação das unidades, não havendo uma periodicidade definida. As dificuldades apontadas foram a falta de transporte para levar a supervisão até as UBS, provocando a falta de supervisão do nível central, a falta de tempo disponível para a atividade e ausência dos profissionais nos dias de reunião. Nas UBS Jardim Piedade I e Grupiara as equipes responderam que não realizavam estas atividades. A Gestão da Informação tinha suas atividades focadas na produção de relatórios das atividades diárias (incluindo atendimentos, visita domiciliar, pré-natal, vacinação, entre outros) e incluiu a participação de toda equipe. O relatório do SIAB, os formulários do HIPERDIA, do SIS-prénatal, SISNAN, SISVAN foram citados pelas UBS Dois Cordeiros Alto, Jardim Piedade I e Jardim Prazeres. As UBS Tradicionais realizam apenas o registro das atividades ambulatoriais. O número excessivo de formulários e a falta destes foram apontados como dificuldade, além disso, duas UBS Tradicionais referiram a baixa escolaridade dos funcionários administrativos. Foram 74 sugeridos a informatização do sistema, a capacitação dos profissionais e diminuição da burocracia. Em Jaboatão dos Guararapes, a Recepção nas UBS PSF, era realizada pelos auxiliares de enfermagem, e nas Tradicionais por um auxiliar administrativo (a UBS Barra de Jangada contava com a colaboração de todos os setores). Esta atividade era realizada durante todo período de funcionamento da UBS. Entre as dificuldades referidas destacaram-se a falta de um recepcionista, sobrecarregando o auxiliar de enfermagem e nas UBS Tradicionais a inadequação do espaço físico também é um problema. Nas UBS PSF foi sugerida a contratação de recepcionistas e nas Tradicionais foi a ampliação do espaço físico. O Acolhimento foi caracterizado pelo atendimento de todos os profissionais, sem estar restrito à um setor, independente do modelo de atenção e realizado em turno integral. Entre as dificuldades enfrentadas observou-se o número reduzido de profissionais (UBS Dois Carneiros Alto, Curcurama, Grupiara e Lotero I), tempo reduzido para realizar o acolhimento (Jardim Piedade I e Jardim Prazeres) e estrutura física inadequada (UBS Grupiara, Barra de Jangada e Curado IV). A sugestão foi a de contratar e qualificar os trabalhadores para o acolhimento. As UBS Tradicionais Curado IV e Francisco Loureiro citaram como experiência inovadora, a formação de grupo de humanização no distrito. O Cuidado Clínico era realizado através da oferta de 12 a 20 consultas médicas / turno. As dificuldades enfrentadas pelos médicos foram: problemas na referência e contra-referência, desorganização na recepção, falta de insumos, excesso da demanda e número reduzido de profissionais. Sugeriram regularidade no envio de medicamentos, melhoraria no fluxo de referência, aumento no número de unidades PSF e investimento em melhorias na infra-estrutura das UBS. O Cuidado de Enfermagem era realizado em tempo integral pelos auxiliares de enfermagem. Nenhuma UBS relatou as atividades do enfermeiro. O número de atendimentos variou entre 10 e 20 por turno e incluiu a realização dos procedimentos de enfermagem (vacinação, verificação de pressão arterial, curativos e nebulizações) e atividades da recepção (marcação de exames, agendamento, atendimento de telefone,...). Entre as dificuldades enfrentadas destacou-se o excesso acúmulo de funções (recepção, farmácia, burocrata...), a escassez de recursos materiais e o espaço físico inadequado. As UBS PSF sugeriram a contratação de mais profissionais (auxiliares e recepcionistas) 75 e as UBS Tradicionais, melhorias da estrutura física e no abastecimento de medicamentos e materiais. O Cuidado Odontológico estava disponível em todas as UBS estudadas. Os odontólogos atendiam de 10 a 15 pessoas por turno de trabalho, com o auxílio dos Auxiliares de Consultório Dentário (ACD) para a lavagem e esterilização do instrumental; o agendamento de consultas e auxilio durante procedimentos. Apenas a UBS Francisco Loureiro tinha dois ACD. A UBS Jardim Piedade I foi a única que referiu realizar atividades vinculadas a palestras, visitas domiciliares e nas escolas. Os problemas estavam relacionados com a insuficiência de odontólogo e de ACD; na falta ou má condição de instrumental e material para uso diário e, no fluxo excessivo de pacientes. As sugestões incluíram a contratação e capacitação de odontólogos e ACD; a melhoria na manutenção dos equipamentos e a compra de material adequado. As atividades de Ações Programáticas nas UBS Dois Carneiros Alto, Grupiara e Barra de Jangada estavam direcionadas principalmente às mulheres, crianças, hipertensos e diabéticos. A UBS Loreto I realiza estas ações durante visitas domiciliares e palestras na unidade e na comunidade. As UBS Jardim Piedade I e Francisco Loureiro relataram não realizar atividades vinculadas a ações programáticas. De modo geral, não foi especificada se estas ações eram individuais (consultas) ou coletivas (grupos). Todos os membros da equipe participavam e o tempo utilizado foi bem diversificado, independente do modelo. O excesso de burocracia e a falta de pessoal e material dificultavam o trabalho e sugeriram a contratação de novos profissionais, disponibilidade de material didático. A equipe da UBS Curado IV sugeriu a contratação de um psicólogo para participar do grupo. Como experiência foi citada a realização de confraternização no grupo de hipertensos e diabéticos (UBS Barra de Jangada e Curado IV). As Ações Educativas articulavam as práticas de saúde dirigidas a grupos de usuários estratificados por idade, gênero ou tipo de problema crônico, sendo sempre realizada através de palestras por todas as unidades. Estas palestras eram realizadas nos grupos de intervenção, durante as consultas e em escolas. Foi observada a participação de toda equipe, apenas a equipe da UBS Francisco Loureiro contava com a participação do odontólogo e do ACD. A periodicidade dos grupos variou de um a dois turnos por semana nas UBS PSF; nas Tradicionais era destinado 2 horas semanais. As dificuldades incluíram a falta de local e de material educativo. Entre as experiências inovadoras as 76 equipes relataram a realização de atividades de prevenção e promoção da saúde (UBS Curado IV e Francisco Loureiro), a confecção de seu próprio material (UBS Jardim Prazeres) e a promoção de palestras na comunidade (UBS Dois Cordeiros Alto). O Cuidado Domiciliar era realizado apenas pelas UBS PSF e apareceu com forte caráter curativo. O principal motivo para o cuidado domiciliar era a dificuldade de locomoção do usuário e / ou o fato de estar acamado. Eram disponibilizadas consultas médicas, controle de pressão arterial e glicemia, realização de curativos, vacinas e aplicação de medicamentos. Eram realizadas por todos membros da equipe e o tempo dedicado à atividade foi de dois turnos semanais. A principal dificuldade era o acesso aos domicílios (locais sem saneamento, de difícil locomoção, alagamentos...) juntamente com a falta de material de uso pessoal (botas e capas de chuva) para realizar as visitas. Não havia Conselho Local de Saúde implantado em nenhuma das UBS estudadas. 3.4.2.4 Satisfação dos trabalhadores com as condições de trabalho O estudo adotou uma escala de adequação organizada de 0 a 10, a partir da qual os trabalhadores das UBS da amostra (n = 243) emitiram sua opinião em relação a algumas variáveis componentes das condições de trabalho e do trabalho em equipe. A observação das médias alcançadas em relação à satisfação dos trabalhadores de Jaboatão dos Guararapes sobre cada uma das variáveis estudadas revelou que o maior índice de satisfação foi para o trabalho em equipe e o menor para o atendimento individual a domicílio, sendo este resultado inferior ao do Lote. Quanto ao modelo de atenção, a satisfação dos trabalhadores das UBS do PSF foi sistematicamente maior (Tabela 3.20). 77 Tabela 3.20 - Médias alcançadas em relação à satisfação dos trabalhadores de saúde em uma escala de 0 a 10 em Jaboatão dos Guararapes, por modelo de atenção e no Lote 2 NE. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. Satisfação dos profissionais Jaboatão dos Guararapes Lote 2 NE PSF Tradicional Total Trabalho em equipe 7,6 6,6 6,9 7,0 Reuniões de equipe 7,2 5,6 6,2 7,0 Preenchimento de formulários e relatórios 6,6 6,4 6,4 7,0 Demanda para atendimento individual a domicílio 7,4 4,8 3,5 7,0 Demanda para atendimento individual na unidade 6,9 4,8 5,4 6,0 Reuniões com a coordenação local da unidade 6,6 5,4 5,8 6,0 Reuniões com a comunidade 5,5 4,1 4,6 5,0 Estrutura física da unidade 6,6 4,7 5,3 5,0 3.5 Dimensão Desempenho do Sistema de Saúde 3.5.1 Desempenho do Município de Jaboatão dos Guararapes 3.5.1.2 Indicadores Selecionados e Pacto da Atenção Básica à Saúde As informações apresentadas abaixo se referem ao município de Jaboatão dos Guararapes, a totalidade dos municípios de Pernambuco e ao Brasil. A Tabela 3.21 aponta que uma situação de modo geral desfavorável à Jaboatão dos Guararapes quando comparado ao estado e país. O município obteve o menor índice de consultas médicas básicas por habitante ao ano e a maior proporção de baixo peso ao nascer. A proporção de recém-nascidos com quatro ou mais consultas pré-natal e de partos por cesarianas foi maior às observadas no estado e semelhantes às do país. Já o índice de mortalidade infantil foi menor à de PE, mas maior ao da União. Não estavam disponíveis informações sobre mortalidade infantil por causas evitáveis. 78 Tabela 3.21 - Indicadores de desempenho do sistema de saúde para Jaboatão dos Guararapes, Pernambuco e Brasil. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. Jaboatão dos Guararapes PE Brasil Consultas médicas básicas / hab / ano 1,2 1,4 1,4 % RN com 4 ou mais consultas Pré-Natal 83,1 81,3 83,1 % de Baixo peso ao nascer 9,0 7,6 8,1 Mortalidade Infantil / 1.000 NV 21,4 25,9 19,3 MI Causas evitáveis --* --* --* % Partos por cesariana 39,1 31,2 38,8 Indicador Fonte: Pacto da Atenção Básica 2002 (* Informação não disponível) a. Crianças Comparado com o país, Jaboatão dos Guararapes apresentou menor proporção de óbitos em menores de um ano por causas mal definidas, mas maior taxa de internação por IRA em menores de cinco anos. Já a taxa de mortalidade infantil neonatal foi menor à observada em PE, mas superior à do Brasil (Tabela 3.22). Tabela 3.22 - Indicadores do Pacto da Atenção Básica de 2002 relativos à saúde da criança para Jaboatão dos Guararapes, Pernambuco e Brasil. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. Jaboatão dos Guararapes PE Brasil Número absoluto de óbitos de < de 1 ano 214 4.035 58.916 % de óbitos em < de 1 ano por causas mal definidas 1,9 16,5 8,8 Taxa de internação por IRA em < de 5 anos 32,8 24,2 26,4 Cobertura vacinal por tetravalente em < de 1 ano 100 22,7 21,5 Número absoluto de óbitos neonatais 135 2.332 38.679 Taxa de mortalidade infantil neonatal 13,5 14,9 12,6 Indicador Fonte: Pacto da Atenção Básica 2002 (* Informação não disponível) 79 b. Mulheres De modo geral todos os indicadores do Pacto da Atenção Básica da saúde da mulher foram favoráveis ao município quando comparado ao estado e país. Jaboatão dos Guararapes apresentou a menor taxa de mortalidade materna, as menores taxas de mortalidade por câncer uterino e de mama, além da maior proporção de nascidos vivos com sete ou mais consultas de pré-natal. Já a razão de exames citopatológicos foi a mesma em todos os grupos (Tabela 3.23). Tabela 3.23 - Indicadores do Pacto da Atenção Básica de 2002 relativos à saúde da mulher para Jaboatão dos Guararapes, Pernambuco e Brasil. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. Jaboatão dos Guararapes PE Brasil Taxa de mortalidade materna 20,0 44,2 52,7 Razão entre exames CP em mulheres de 25 a 59 anos e a população na faixa etária 0,2 0,2 0,2 Taxa de mortalidade em mulheres por câncer de colo de útero 3,5 4,7 4,6 Taxa de mortalidade em mulheres por câncer de mama 3,4 8,7 10,2 % de nascidos vivos com 7 ou mais consultas de pré-natal 50,5 40,0 47,8 Indicador Fonte: Pacto da Atenção Básica 2002. c. Adultos e idosos: doenças crônicas Os indicadores relativos às doenças crônicas foram de modo geral desfavoráveis à Jaboatão dos Guararapes, quando comparados aos da PE e do Brasil. Entre estes, a maior taxa de internação por acidente vascular cerebral (AVC) e por diabetes mellitus, além da maior taxa de mortalidade por tuberculose. Taxa de mortalidade por doenças cerebrovasculares foi inferior à de PE, mas superior à do Brasil; enquanto a taxa de internação por insuficiência cardíaca congestiva (ICC) foi maior à observada no estado, mas semelhante à do país (Tabela 3.24). 80 Tabela 3.24 - Indicadores do Pacto da Atenção Básica de 2002 relativos a doenças crônicas para Jaboatão dos Guararapes, Pernambuco e Brasil. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. Jaboatão dos Guararapes PE Brasil Taxa de internação por acidente vascular cerebral (AVC) 35,7 27,6 32,7 Taxa de mortalidade por doenças cerebrovasculares 139,6 151,0 137,9 Taxa de internação por insuficiência cardíaca congestiva (ICC) 51,9 42,1 66,3 % de internação por cetoacidose e coma diabético 15,0 4,7 15,1 % de internação por diabetes mellitus 1,7 1,5 1,3 Taxa de mortalidade por tuberculose 8,0 5,0 3,0 Indicador Fonte: Pacto da Atenção Básica 2002. d. Saúde bucal Entre os indicadores relativos à saúde bucal, encontrou-se em Jaboatão dos Guararapes a maior cobertura de primeira consulta odontológica em relação à PE e ao Brasil. Entretanto, a razão entre procedimentos odontológicos coletivos e a população de 0 a 14 anos foi inferior às demais; e a proporção de exodontias em relação às ações básicas individuais foi menor à observada no estado e maior à do país (Tabela 3.25). Tabela 3.25 - Indicadores do Pacto da Atenção Básica de 2002 relativos à saúde bucal para Jaboatão dos Guararapes, Pernambuco e Brasil. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. Indicador Jaboatão dos Guararapes PE Brasil Cobertura de primeira consulta odontológica 15,4 12,4 13,1 Razão entre procedimentos odontológicos coletivos e a população de 0 a 14 anos 0,02 0,07 0,20 % de exodontias em relação às ações básicas individuais 9,8 15,2 8,8 Fonte: Pacto da Atenção Básica 2002. 81 3.5.2 Desempenho dos Modelos de Atenção Básica à Saúde 3.5.2.1 Perfil da Demanda Atendida nas UBS a. Idade, sexo e escolaridade da demanda A demanda estudada era composta predominantemente por mulheres (70%; n = 708), sem diferenças entre os modelos. A predominância do gênero feminino na utilização dos serviços se manifestou especialmente entre os 15 e os 49 anos de idade, predomínio muito vinculado à vida reprodutiva. Da amostra, 71% (n = 724) das pessoas eram de cor não-branca, observando-se proporção semelhante entre os usuários das UBS PSF (71%; n = 496) e os de UBS Tradicionais (71%; n = 228). Do total, 22% (n = 227) da amostra ficou representada pelo grupo de menores de cinco anos de idade. Desse grupo etário, cerca da metade (45%; n = 103) da carga de trabalho diário esteve dirigida aos cuidados específicos do primeiro ano de vida – o qual representou 10% da amostra total. As crianças de cinco a 14 anos constituíram 12% (n = 119) da amostra. As mulheres de 15 a 49 anos de idade eram 38% (n = 390) e os homens nesta faixa etária representaram apenas 7% (n = 69). A demanda de 50 anos e mais correspondeu a 21% (n = 212), sendo 11% (n = 114) de 50 a 64 anos e 10% (n = 102) de 65 anos e mais. Assim, a carga de trabalho com enfoque nos cuidados das necessidades crônicas e degenerativas mais prevalentes na população adulta e idosa foi semelhante àquela relacionada às crianças menores de cinco anos de idade. A demanda por grupo etário foi variou entre os modelos de atenção, sendo significativamente maior na faixa de 15 à 49 anos nas UBS PSF (48%, n = 339) que nas Tradicionais (38%, n = 123); enquanto que de 0 à 14 anos a proporção foi maior entre as UBS Tradicionais (45%, n = 128) que nas do PSF (31%, n = 218). Em relação à escolaridade, 14% (n = 130) dos usuários eram analfabetos, 12% (n = 104) eram apenas alfabetizados, 34% (n = 305) possuía o ensino fundamental incompleto, 8% (n = 70) o fundamental completo, 4% (n = 37) o médio incompleto, 7% (n = 59) o médio completo e 2% (n = 16) o superior. Cerca de um quinto da amostra (19%, n =173) encontrava-se fora da idade escolar. Quando comparados os níveis de escolaridade entre os modelos de atenção, observou-se proporção significativamente 82 maior de usuários com baixa escolaridade nas UBS de PSF (analfabetos = 16%, alfabetizados = 14%; ensino fundamental incompleto = 36%); enquanto os níveis de maior escolaridade foram mais freqüentes entre os usuários das UBS Tradicionais (fundamental completo = 9%; médio incompleto = 6%; superior = 3%). b. Participação dos profissionais no atendimento à demanda Em relação aos profissionais de nível superior, os enfermeiros realizaram 8% (n = 77) dos atendimentos, os médicos 23% (n = 234), os odontólogos 9% (n = 92) e os demais profissionais de nível superior 1% (n = 9). Já os profissionais de nível médio realizaram 25% (n = 258) dos atendimentos e os ACS 35% (n = 354) – (Tabela 3.26). Observou-se proporções significativamente maiores de atendimentos realizados por enfermeiros (9%, n =61), odontólogos (10%, n = 67) e ACS (51%, n = 354) entre as UBS do PSF; enquanto os atendimentos prestados por médicos (50%, n = 161), outros profissionais de nível superior (3%, n = 9) e de nível médio (35%, n = 112) foram mais freqüentes nas UBS Tradicionais (Tabela 3.26). Em relação ao Lote, as proporções de Jaboatão dos Guararapes foram de modo geral muito semelhantes (Tabela 3.26). Tabela 3.26 - Participação dos profissionais no atendimento à demanda em Jaboatão dos Guararapes, por modelo de atenção e no Lote 2 NE. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, 2005. Profissional Jaboatão dos Guararapes (%) Lote 2 NE (%) PSF Tradicional Total Enfermeiros 9 5 8 11 Médicos 10 50 23 20 Odontólogos 10 8 9 8 Outros profissionais de nível superior 0 3 1 2 Outros profissionais de nível médio 21 35 25 29 ACS 51 0 35 30 83 c. Procedimentos realizados no atendimento à demanda As ações dos profissionais de enfermagem representaram 18% (n = 183) da demanda de procedimentos, as ações médicas básicas 22% (n = 225), atendimentos por outros profissionais de nível superior 4% (n = 42), as ações básicas em odontologia 9% (n = 90), imunizações 10% (n = 104), visitas domiciliares 35% (n = 354) e coleta de material 2% (n = 16). Entre as UBS Tradicionais, observou-se proporção superior da realização de imunizações (22%; n = 67), atendimento básico de enfermagem (19%, n =60) e consultas médicas (48%, n = 149). Entre as UBS do PSF, as proporções foram maiores para visitas domiciliares (51%, n = 354), atendimento de outros profisisonais de nível superior (5%, n = 33) e coleta de material (2%, n = 16). As proporções de procedimentos odontológicos foram semelhantes. 3.5.2.2 Utilização de Serviços na População de Abrangência da UBS 3.5.2.2.1 Crianças Condições do parto e peso ao nascer O nascimento da maioria das crianças (99%; n = 160) ocorreu em ambiente hospitalar, sendo que 35% (n = 57) nasceu através de cesariana (Tabela 3.27). O peso médio dos recém-nascidos de Jaboatão dos Guararapes foi de 3.179 gramas, e a proporção de baixo peso ao nascer foi de 11% (n = 18) - (Tabela 3.27). Na análise comparativa entre os modelos de atenção, não foram observadas diferenças significativas. Tabela 3.27 - Condições de nascimento das crianças de Jaboatão dos Guararapes, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. Indicadores Jaboatão dos Guararapes PSF Tradicional Total % Parto hospitalar 99 98 98 % Parto por cesariana 39 28 35 3.191 3.154 3.179kg 12 10 11 Peso médio ao nascer em gramas % Baixo peso ao nascer 84 Puericultura Em Jaboatão dos Guararapes 94% (n = 152) das crianças possuíam cartão para acompanhamento do peso, sendo semelhante entre os modelos (Tabela 3.28). Mais da metade das crianças (59%; n = 92) foi pesada e medida na UBS de sua área de abrangência. Na maioria (55%, n = 53) dos casos as mães informaram a necessidade de marcar consulta para realizar a puericultura na UBS, fato significativamente mais relatado para as UBS Tradicionais (72%, n = 21) que para as de PSF (48%, n = 32). Puericultura em um dia específico da semana foi uma realidade informada por 60% (n = 57) das mães, enquanto a espera na fila para realizar puericultura foi confirmada por 70% (n = 67). Apenas 19% (n = 30) das crianças haviam sido pesadas e medidas 12 vezes ou mais, ocorrendo em proporções semelhantes entre os modelos de atenção (Tabela 3.28). Este acompanhamento foi realizado em outro local que não a UBS da área de abrangência por 38% (n = 58) das crianças. Na maioria destes casos o motivo informado para não realizar a puericultura na UBS da abrangência foi juízo insatisfatório da UBS (38%; n = 24); seguido de não morar no bairro ou cidade (24%; n = 15); possuir cobertura por plano de saúde ou convênio (13%; n = 8); não achar necessário (11%; n = 7); e problema de acesso geográfico (14%; n = 9). Considerando as justificativas mais relatadas, não houve diferenças significativas entre os modelos (Tabela 3.28). A opinião sobre a puericultura foi boa, muito boa ou ótima para 70% (n = 66) das mães que vivenciaram esta situação e, quando estas mães foram estimuladas a atribuir uma nota de zero a dez para avaliar a UBS de sua área de abrangência, a média alcançada foi de 8,0 (dp = 2,6), não tendo havido variação significativa entre os modelos em ambas avaliações (Tabela 3.28). No momento das entrevistas 25% (n = 41) das crianças estavam sendo amamentadas, sendo em proporções semelhantes entre os modelos (Tabela 3.28). 85 Tabela 3.28 - Características do acompanhamento de puericultura das crianças estudadas em Jaboatão dos Guararapes, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. Indicador Jaboatão dos Guararapes PSF Tradicional Total Tem cartão de peso (%) 95 91 94 Pesada e medida na UBS da área de abrangência (%) 61 54 59 Era preciso marcar consulta para puericultura na UBS (%) 48 72 55 Tinha dia específico da semana para puericultura (%) 54 72 59 Tinha que esperar na fila para puericultura (%) 66 79 70 Puericultura 12 vezes ou mais (%) 19 19 19 Puericultura em outro local que não a UBS da área (%) 43 28 38 Não realizou puericultura na UBS de sua área por ter cobertura de plano de saúde (%) 13 13 13 Não realizou puericultura na UBS de sua área por juízo insatisfatório (%) 36 42 38 Não realizou puericultura na UBS de sua área por não morar no bairro ou cidade (%) 28 17 24 Opinião sobre puericultura foi boa, muito boa ou ótima (%) 75 59 70 Nota de zero a dez para avaliar a UBS 8,2 7,6 8,0 Crianças amamentadas (%) 24 28 25 Imunizações Na avaliação da cobertura vacinal utilizaram-se informações disponíveis no cartão da criança e, na sua ausência, informações fornecidas pela mãe ou responsáveis. Conforme descrito no item anterior sobre puericultura, 6% das crianças não possuíam cartão, ocasionando perda de informações a esse respeito. As perdas também ocorreram quando a mãe não lembrava as vacinas recebidas pela criança. 86 Logo, a análise das imunizações isoladamente mostrou cobertura de 88% (n = 143) para a vacina contra a Poliomielite; de 75% (n = 122) para a vacina contra o Sarampo; de 92% (n = 149) para a vacina contra a Tuberculose; de 87% (n = 141) para a vacina contra a Hepatite B; e de 88% (n = 143) para a vacina contra a Difteria, o Tétano e a Coqueluche (DPT) + Haemophilus influenza tipo b + Tetravalente (Tabela 3.29). Cobertura inferior à dosagem mínima necessária foi de 1% (n = 2) para a vacina contra a Poliomielite, de 13% (n = 21) contra o Sarampo, de 2% (n = 3) contra a Hepatite B e de 6% (n = 9) para DPT + Hib + Tetravalente. Faltaram informações de vacina contra Poliomielite (11%, n = 17), Sarampo (12%, n = 19), Hepatite B (11%, n = 18), BCG (8%, n = 13) e difteria, tétano e coqueluche (DPT) + Hib + Tetravalente e (6%, n = 10) houve ocorrência de cobertura inferior a dosagem mínima necessária. Não foram observadas diferenças significativas entre os modelos de atenção. Tabela 3.29 - Características do estado vacinal das crianças estudadas em Jaboatão dos Guararapes de acordo com o registro do cartão de vacinas, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. Cobertura vacinal Jaboatão dos Guararapes (%) PSF Tradicional Total Sabin 89 87 88 Sarampo 72 82 75 Tuberculose 91 94 92 Hepatite B 87 87 87 DPT + Hib + Tetravalente 89 87 88 Consulta por Diarréia A ocorrência de diarréia no último mês nas crianças entrevistadas foi de 38% (n = 62), sendo mais freqüente entre aquelas residentes em áreas de UBS Tradicionais (50%, n = 27) que de PSF (32%, n = 35) - (Tabela 3.30). 87 Quase metade da amostra de crianças com diarréia (47%; n = 29) necessitou consultar por este motivo, sendo em proporções semelhantes entre as áreas por modelo de atenção. Entre estas, 21% (n = 6) consultou a maior parte das vezes na UBS da área de abrangência, das quais 83% (n = 5) recebeu alguma orientação a respeito da prevenção e abordagem inicial da diarréia, incluindo aconselhamento com relação ao soro caseiro (100%; n = 5), a reidratação oral (80%; n = 4) e a utilização de água de arroz (40%; n = 2). Não foram observadas diferenças entre os modelos de atenção na prestação de orientações sobre diarréia (Tabela 3.30). A ocorrência de hospitalização por diarréia no último ano foi informada para 14% (n = 8) das crianças, em proporções que não diferiram significativamente (Tabela 3.30). Tabela 3.30 - Prevalência de diarréia no último mês e características das consultas pelo problema das crianças estudadas em Jaboatão dos Guararapes, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. Indicador Jaboatão dos Guararapes (%) PSF Tradicional Total Diarréia no último mês 32 50 38 Consultou por diarréia 46 48 47 Maioria das consultas na UBS da área 25 15 21 Prevenir desidratação 100 50 83 Soro caseiro 100 100 100 Reidratação oral 100 0 80 Água de arroz 50 0 40 13 16 14 Recebeu orientação sobre: Hospitalização por diarréia no último ano A maioria das mães que não levou seus filhos para consultar na UBS da área, informou que não poderia esperar pelo atendimento (31%, n = 7). Entre as demais, as justificativas foram possuir plano de saúde ou realizar consulta particular (17%, n = 4); encontrar o posto fechado (13%, n = 3); dificuldade para tirar ficha (13%, n = 3); 88 preferência por outro posto de saúde (9%, n = 2); mãe levou diretamente ao hospital (9%, n = 2); afirmação de que o posto não resolveria (4%, n = 1); e informação de que o posto não atendia casos graves (4%, n = 1). Dez mães não souberam/ não prestaram esta informação. Neste sentido também não foram observadas diferenças entre os modelos de atenção. Consulta por Pneumonia Nos seis meses anteriores à entrevista, a ocorrência de pneumonia foi referida para 9% (n = 14) das crianças. A grande maioria destas (93%, n = 13) necessitaram consultar pela doença nos últimos seis meses, sendo que somente uma buscou atendimento na UBS de sua área na maioria das vezes (Tabela 3.31). Questionadas sobre o motivo ou justificativa para não consultar por pneumonia na UBS da área, cinco (42%) mães informaram ter levado o filho diretamente ao hospital; três (25%) preferiam outro local de atendimento; duas (17%) informaram que na UBS da área não era prestado atendimento de emergência; uma (8%) disse que o posto não resolveria o problema; e uma última (8%) afirmou que o problema havia ocorrido à noite. A ocorrência de hospitalização por pneumonia no último ano foi informada para 5 (36%) crianças (Tabela 3.31). Para nenhuma das variáveis relacionadas à problemas de pneumonia foi observada diferença significativa entre os modelos de atenção. Tabela 3.31 - Prevalência de pneumonia nas crianças nos últimos 6 meses e características das consultas pelo problema em Jaboatão dos Guararapes, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. Indicador Jaboatão dos Guararapes (%) PSF Tradicional Total Pneumonia nos últimos seis meses 8 9 9 Consultou por pneumonia 89 100 93 Maioria das consultas na UBS da área 13 0 8 Hospitalização por pneumonia no último ano 33 40 36 89 Consulta por outro motivo Consulta na UBS da área de abrangência por outro motivo, exceto puericultura, diarréia e pneumonia, foi referida para 33% (n = 50) das crianças estudadas. Mais da metade das mães (56%, n = 51) alegaram que as crianças não consultaram por outros motivos na UBS da área porque não precisaram; 23% (n = 21) faziam juízo insatisfatório do serviço; 9% (n = 8) tinha dificuldade de acesso geográfico; 2% (n = 2) não morava no bairro ou cidade; 10% (n = 9) dispunha de convênio/ plano de saúde. Não foram observadas diferenças significativas quanto aos modelos de atenção (Tabela 3.32). Tabela 3.32 - Características das consultas por outros motivos além de diarréia e pneumonia das crianças estudadas em Jaboatão dos Guararapes, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. Indicador Jaboatão dos Guararapes (%) PSF Tradicional Total Consultou na UBS da área por outros motivos 35 30 33 Não consultou na UBS da área por não achar necessário 58 53 56 Não consultou na UBS da área por juízo insatisfatório 19 29 23 Não consultou na UBS da área por ter convênio 9 12 10 Saúde bucal Na amostra de Jaboatão dos Guararapes, a avaliação em saúde bucal apontou que no grupo de crianças 86% (n = 138) das mães realizavam limpeza dos dentes de seus filhos, sendo esta ocorrência significativamente mais freqüente entre aquelas residente em áreas do PSF (91%, n = 98) que em áreas de UBS Tradicionais (76%, n = 40) - (Tabela 3.33). Em média, as mães afirmaram ter iniciado a higiene bucal de seus filhos aos 11 meses de idade (dp = 5,5), sendo que a limpeza era realizada cerca de 2 vezes ao dia. Quase a metade (36%, n = 49) das crianças tinha os dentes escovados três vezes ou mais 90 ao dia, não havendo diferenças significativas entre os modelos de atenção para as variáveis citadas. Nenhuma mãe informou realizar limpeza dos dentes da criança com gaze, sendo o cotonete citado por uma mãe (1%). A quase totalidade (94%, n = 129) das mães referiu utilizar escovinha para limpeza dos dentes, enquanto a utilização de outros recursos (tais como fralda, paninho e / ou dedo) foi referida por 9% (n = 12). A maioria afirmava ainda fazer a higiene bucal de seus filhos utilizando pasta de dentes (92% ; n = 127), não havendo diferença significativa entre os modelos de UBS (Tabela 3.33). Mais da metade da amostra (64%, n = 103) afirmou já ter recebido informação sobre a importância de limpar ou escovar os dentes de seus filhos, ocorrência significativamente mais freqüente entre as residentes de áreas do PSF (71%, n = 77) que entre as de UBS Tradicionais (49%, n = 26). Do grupo que recebeu informação, a maioria afirmou tê-la recebido do dentista da UBS (51%, n = 50); seguido de outro profissional da UBS (26%, n = 23). Ainda foram citadas como fonte de informação a família (7%, n = 6); amigos (1%, n = 1); dentista privado (7%, n = 6); escola (5%, n = 4); ACS (11%, n = 10); programa de rádio ou televisão (10%, n = 9); e ainda outras formas (23%, n = 21). Para estas variáveis, observou-se diferença entre os modelos apenas quanto à orientação obtida através de rádio ou televisão, citada mais freqüentemente entre as residentes de áreas do PSF (14%, n = 9). Quase a metade (40%, n = 64) das crianças estudadas ainda fazia uso da chupeta e, outras 62% (n = 100) tomavam mamadeira à noite. Destas mamadeiras, 86% (n = 86) eram adoçadas. Cerca de um quinto (22%, n = 35) das crianças já havia batido e / ou quebrado algum dente (Tabela 3.33). Não se observou diferença entre os modelos para estes casos. 91 Tabela 3.33 - Características de saúde bucal das crianças estudadas em Jaboatão dos Guararapes, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. Indicador Jaboatão dos Guararapes (%) Realiza limpeza dos dentes 86 Idade média de início da limpeza de dentes (meses) 11 Escova os dentes 3 vezes ou mais ao dia 36 Utilização de escova na higiene bucal 94 Utilização de pasta de dentes na higiene bucal 92 Recebeu alguma informação sobre importância de escovar / limpar os dentes do filho 64 Recebeu orientação do dentista da UBS de abrangência 51 Criança usa chupeta 40 Criança toma mamadeira à noite 62 Criança já bateu / quebrou algum dente 22 3.5.2.2.2 Mulheres Pré-natal A maioria (96%, n = 154)das mulheres estudadas realizaram alguma consulta de pré-natal na última gravidez, sendo o início do pré-natal do último filho em torno da 12ª semana de gestação. Em 48% (n = 74) dos casos, o pré-natal havia sido feito na UBS da abrangência (Tabela 3.34). Entre as mulheres que fizeram o pré-natal fora da área da UBS, a maioria referiu como motivo juízo insatisfatório da UBS (34%, n = 27). Seguindo, os demais motivos citados foram possuir convênio (30%, n = 24); não morar no bairro ou cidade à época (29%, n = 23); ter problema de acesso geográfico (4%, n = 3); e gestação de risco (4%, n = 3) - (Tabela 3.34). Durante o pré-natal, a vacina contra o tétano deixou de ser aplicada em apenas 10% (n = 3) das mulheres que efetivamente necessitavam, tendo sido administrada desnecessariamente em 66% (n = 55) - (Tabela 3.34). 92 A maioria das entrevistadas que realizou o pré-natal na UBS da área de abrangência expressou opinião positiva sobre o programa (78% ; n = 58) - (Tabela 3.34). Nenhuma das variáveis aqui apresentadas demonstrou diferença significativa entre os modelos de atenção. Tabela 3.34 - Características do pré-natal das mulheres estudadas em Jaboatão dos Guararapes, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. Indicador Jaboatão dos Guararapes PSF Tradicional Total Fez pré-natal na última gravidez (%) 96 94 96 Início do pré-natal (semana) 12 13 12 Fez pré-natal na UBS da área (%) 50 45 48 Não fez pré-natal na área por não morar no bairro ou cidade (%) 31 25 29 Não fez pré-natal na área por ter convênio (%) 29 32 30 Não fez pré-natal na área por juízo insatisfatório (%) 33 36 34 Deixou de fazer vacina antitetânica (%) 6 14 10 Fez antitetânica desnecessariamente (%) 73 55 66 Teve opinião positiva sobre o pré-natal (%) 82 70 78 Aleitamento materno A informação sobre a importância de iniciar a amamentação na 1ª hora de vida da criança alcançou 74% (n = 54) das mulheres entrevistadas. A escuta das preocupações ou problemas com a amamentação e a orientação sobre dificuldades e problemas com a amamentação foi referida por 68% (n = 50) das mulheres e 34% (n = 25) mencionou ter recebido apoio ou suporte para amamentar imediatamente após o parto, através de reuniões ou atividades em grupo (Tabela 3.35). 93 De modo geral as orientações prestadas sobre aleitamento materno foram significativamente mais freqüentes entre aquelas mulheres atendidas em UBS do PSF. Apenas no caso de orientação sobre extração do leite e de hábitos de amamentação as diferenças observadas não se mostraram significativas. Tabela 3.35 - Orientações sobre aleitamento fornecidas no pré-natal realizado na Unidade Básica de Saúde da área de abrangência em Jaboatão dos Guararapes, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. Orientação sobre o aleitamento materno Jaboatão dos Guararapes (%) PSF Tradicional Total Importância de amamentar na 1ª hora de vida 82 55 74 Vantagens da amamentação até 6 meses 88 61 80 Hábitos de amamentação 77 57 70 Importância de estimular a criança a sugar 90 61 81 Importância da continuidade da amamentação 72 44 63 Preocupações sobre amamentação ouvidas 78 44 68 Prejuízo da mamadeira 82 48 72 Prejuízo do bico / chupeta 78 48 69 Orientação sobre dificuldades para amamentar 82 48 72 Orientações sobre posições para o aleitamento 74 48 66 Orientações sobre extração do leite 63 44 57 Apoio para amamentar por grupo pré-natal 35 13 28 Apoio para amamentar por grupo após o parto 41 17 34 Planejamento familiar A utilização de algum método anticoncepcional foi uma realidade para 73% (n = 118) das mulheres da amostra. Destas, 40% (n = 47) fazia uso de anticoncepcional oral, 44% (n = 52) de preservativo, 15% (n = 18) havia se submetido à laqueadura tubária e 94 1% (n = 1) fazia uso de DIU. Para nenhum destes casos foi observada diferença significativa (Tabela 3.36). O anticoncepcional oral/ injetável foi obtido na UBS da área por 36% (n = 19) das mulheres, comprado por 58% (n = 31) e conseguido em outra UBS que não a da abrangência por 6% (n = 3). A proporção de entrevistadas que obtiveram o anticoncepcional na UBS da área foi significativamente maior entre as residentes de áreas do PSF (43%, n = 16) que entre aquelas de áreas de UBS Tradicionais (19%, n = 3) - (Tabela 3.36). Tabela 3.36 - Utilização de métodos anticoncepcionais pelas mulheres estudadas em Jaboatão dos Guararapes, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. Métodos anticoncepcionais Jaboatão dos Guararapes (%) PSF Tradicional Total Utiliza algum método anticonceptivo 74 72 73 Utiliza ACO 42 36 40 Utiliza preservativo 43 46 44 Fez laqueadura tubária 15 15 15 Utiliza DIU 1 0 1 Obtém ACO na UBS da área 43 19 36 Precisa comprar ACO 57 63 58 Atendimento ginecológico Menos de um quinto (18% ; n = 29) das mulheres estudadas no município consultou na UBS da área de abrangência no último ano por motivos ginecológicos. Na opinião de 57% (n = 16) daquelas que utilizaram o serviço, o atendimento ginecológico na UBS foi bom (46%, n = 13), muito bom (4%, n = 1) ou ótimo (7%, n = 2). Ao se questionar sobre uma quantificação para esta avaliação em uma escala de 0 a 10, a resposta atingiu o valor de 6,7 (Tabela 3.37). 95 Quanto ao tempo de espera para conseguir a consulta ginecológica na UBS da área, 28% (n = 8) relatou ter sido atendida no mesmo dia, 59% (n = 17) em outro dia da mesma semana e 14% (n = 4) em oito dias ou mais (Tabela 3.37). Para nenhuma das informações contidas neste item as diferenças entre os modelos de atenção foram significativas. Tabela 3.37 - Características da consulta ginecológica no último ano das mulheres estudadas em Jaboatão dos Guararapes, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. Consulta ginecológica Jaboatão dos Guararapes PSF Tradicional Total Consulta ginecológica na UBS da área no último ano (%) 19 17 18 Opinião positiva sobre atendimento (%) 63 44 57 Nota para atendimento 6,4 8,3 6,7 Consegue consulta para mesmo dia (%) 35 11 28 Consegue consulta em outro dia na mesma semana (%) 45 89 59 Prevenção do câncer ginecológico O conhecimento sobre o exame para prevenção do câncer de colo uterino alcançou 97% das mulheres (n = 156) estudadas e 85% (n = 132) da amostra já o havia realizado alguma vez na vida. O exame de mamografia pelo menos uma vez foi referido por 9% (n = 15) das mulheres entrevistadas, não havendo diferenças significativas entre os modelos de atenção (Tabela 3.38). 96 Tabela 3.38 - Prevenção do câncer de colo uterino nas mulheres estudadas em Jaboatão dos Guararapes, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. Indicador Jaboatão dos Guararapes (%) PSF Tradicional Total Conhece exame pré-câncer 97 96 97 Já fez pelo menos um exame pré-câncer 88 79 85 Já fez pelo menos uma mamografia 8 11 9 Utilização da UBS da área por outros motivos Das mulheres da amostra 11% (n = 18) haviam consultado na UBS por outros motivos, diferentes daqueles incluídos nas ações programáticas de saúde da mulher (ginecologia). Entre as mulheres que não consultaram na UBS da área 77% (n = 108) referiu não necessitar da consulta, não tendo sido observadas diferenças significativas entre os modelos de atenção (Tabela 3.39). Tabela 3.39 - Consultas por outros motivos além do ginecológico das mulheres estudadas em Jaboatão dos Guararapes, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. Indicador Jaboatão dos Guararapes (%) PSF Tradicional Total Consultou por outros motivos 14 6 11 Não consultou na UBS da área por não necessitar 78 76 77 Saúde bucal Na amostra de Jaboatão dos Guararapes, a avaliação em saúde bucal apontou que, no grupo de mulheres, a totalidade (100%, n = 161) afirmou realizar limpeza dos dentes. Das mulheres que afirmavam realizar higiene bucal, 59% (n = 95) afirmou escovar três vezes ou mais ao dia, 34% (n = 55) duas vezes ao dia e 7% (n = 11) uma 97 vez ao dia. Todas as mulheres que realizavam limpeza dos dentes, afirmaram utilizar escova e pasta de dentes, sendo que mais de metade (63% ; n = 101) usava palito e / ou fio dental para auxiliar a higiene, sem haver diferenças significativas entre os modelos de atenção (Tabela 3.40). Das mulheres estudadas, 44% (n = 70) referiu ter recebido orientação em saúde bucal no último ano, ocorrência significativamente mais citada entre as residentes de áreas do PSF (56%, n = 59) que de UBS Tradicionais (20%, n = 11). Dois terços destas (63%, n = 44) informaram ter recebido orientação através do dentista da UBS; 11% (n = 8) de dentista privado; 13% (n = 9) via programa de rádio ou tv; 7% (n = 5) de ACS; 6% (n = 4) de familiar; 3% (n = 2) de amigo; 4% (n = 3) de outro profissional da UBS; 6% (n = 4) da escola; e 9% (n = 6) através de outras formas. Entre as formas de orientação, observou-se proporção significativamente maior de orientação do dentista da UBS entre as residentes de áreas do PSF (70%, n = 41) que de UBS Tradicionais (27%, n = 3). Já a orientação recebida através de rádio ou tv, foi mais freqüente entre as residentes de áreas de UBS Tradicionais (36%, n = 4) que de UBS do PSF (9%, n = 5). No último ano, 32% (n = 51) das mulheres fizeram revisão dos dentes; 35% (n = 57) tiveram dor de dentes; 22% (n = 36) fez tratamento para cárie; 12% (n = 19) bateu ou quebrou algum dente; e 14% (n = 22) teve problemas na gengiva . Problemas dentários impediram 4% (n = 6) das mulheres de cumprir com atividades sociais e / ou de lazer. Na comparação entre os modelos de atenção, observou-se diferença significativa quanto à realização de revisão dos dentes, que apresentou maior proporção entre as residentes de áreas do PSF (38%, n = 41) que de UBS Tradicionais (19%, n = 10); e quanto à realização de tratamento para cárie, também mais freqüente entre as moradoras de áreas de PSF (29%, n =31) que de UBS Tradicionais (9%, n = 5). Nos últimos doze meses, 47% (n = 76) das mulheres foram atendidas por dentistas, situação citada em maior freqüência por residentes de áreas do PSF (53%, n = 57) que de UBS Tradicionais (35%, n = 19). A UBS foi o local mais procurado (61% ; n = 46), seguido de serviços privados (32% ; n = 24) e do Pronto-Socorro (7% ; n = 5). Quanto ao grau de satisfação com o atendimento prestado, os dentistas obtiveram uma nota média de 8,8 (dp = 2,0), sendo que 85% (n = 64) informou ter tido seu problema resolvido e apenas 5% (n = 4) precisou ser encaminhado a atendimento especializado, tendo conseguido este atendimento apenas uma (25%) entrevistada. A maioria (82% ; n 98 = 132) já havia realizado extração de dente, dentre as quais 22% (n = 36) extraiu apenas um dente e 60% (n = 96) extraiu mais de um dente (Tabela 3.40). O uso de prótese foi referido por 14% (n = 23) da amostra, sendo que apenas uma (4%) das próteses havia sido feita há menos de um ano; 52% (n = 12) entre um e cinco anos e 44% (n = 10) há mais de cinco anos. Neste sentido, observou-se proporção significativamente maior de próteses com mais de cinco anos entre as residentes de UBS Tradicionais (80%, n = 8) que de PSF (15%, n = 2); enquanto que a proporção de próteses mais recentes foi maior nas áreas de PSF (85%, n = 11) que Tradicionais (20%, n = 2). Com dificuldade para mastigar foram encontradas 17% (n = 28) das mulheres e a ocorrência atual ou passada de ferida na boca foi mencionada por 11% (n = 18), sendo que sete (39%) referiram a continuação da enfermidade (Tabela 3.40). Durante a última gestação nos dois anos anteriores à entrevista, 39% (n = 63) das mulheres estudadas recebeu orientação sobre saúde bucal, sendo em maior proporção entre as residentes de áreas do PSF (48%, n = 51) que entre as de UBS Tradicionais (22%, n = 12). Dentre estas mães, a maioria havia recebido a orientação do dentista da UBS (64%, n = 40); 16% (n = 10) de outro profissional da UBS; 6% (n = 4) de dentista privado; 5% (n = 3) de ACS; 3% (n = 2) de familiar; e outras 19% (n=12) ainda afirmaram ter recebido através de outras formas. Não foram observadas diferenças entre os modelos quanto às formas de orientação durante a gestação (Tabela 3.40). 99 Tabela 3.40 - Características de saúde bucal das mulheres estudadas em Jaboatão dos Guararapes, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. Indicador Jaboatão dos Guararapes (%) Realiza limpeza dos dentes 100 Escova 3 vezes ou mais ao dia 59 Utilização de escova e pasta de dentes na higiene bucal 100 Utilização de palito e/ou fio dental na higiene bucal 63 Recebeu alguma orientação em saúde bucal no último ano 44 Recebeu orientação do dentista da UBS de abrangência 63 Fez revisão dos dentes no último ano 32 Teve dor de dente no último ano 35 Bateu / quebrou algum dente no último ano 12 Teve problemas de gengiva no último ano 14 Foi atendido por dentista no último ano 47 No posto de saúde 61 Em serviço privado 32 Já extraiu pelo menos um dente 82 Usa prótese 14 Recebeu orientação sobre saúde bucal durante gestação 39 3.5.2.2.3 Adultos Atividade física A recomendação médica para a prática de exercícios físicos em alguma consulta alcançou 30% (n = 31) da amostra do município, sendo que esta mesma recomendação na última consulta foi referida por 24% (n = 26) dos adultos. Não houve diferenças significativas entre os modelos de atenção neste sentido (Tabela 3.41). 100 Tabela 3.41 - Atividade física dos adultos estudados em Jaboatão dos Guararapes, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. Indicador Jaboatão dos Guararapes (%) PSF Tradicional Total Recomendação médica da UBS para a prática de exercícios físicos 30 32 30 Recomendação médica da UBS para a prática de exercícios físicos na última consulta 27 20 24 Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) O diagnóstico de HAS foi informado por 26% (n = 39) dos adultos estudados, com duração média conhecida do problema de 7,8 anos (dp = 7,8), sendo semelhante entre os modelos de atenção (Tabela 3.42). A consulta por hipertensão na UBS da área foi informada por 55% (n = 21) dos adultos da amostra, tendo sido agendada para 75% (n = 15) dos usuários. A maioria (44%, n = 8) recebeu atendimento na mesma semana da solicitação, enquanto 28% (n = 5) foi atendido no mesmo dia e outros 28% (n = 5) após uma semana. O tempo decorrido desde a última consulta por HAS foi em média de 46 dias (dp = 41,4), sendo esta significativamente maior entre os hipertensos de áreas das UBS Tradicionais (76,0; dp = 47,4) que aqueles de áreas de PSF (33,1; dp = 32,4) - (Tabela 3.42). Em termos terapêuticos, 77% (n = 30) dos hipertensos utilizavam medicamentos, enquanto cerca de um terço (31%; n = 12) informou adotar outras formas de tratamento além daquelas preconizadas pelo médico, sem diferenças significativas entre os modelos (Tabela 3.42). A participação de atividades em grupos para hipertensos na UBS da área foi informada por 18% (n = 7) da amostra e a hospitalização por HAS aconteceu nos últimos dois anos para 16% (n = 6). As diferenças observadas neste caso não se mostraram significativas (Tabela 3.42). 101 Tabela 3.42- Hipertensão Arterial Sistêmica nos adultos estudados em Jaboatão dos Guararapes, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. Indicador Jaboatão dos Guararapes PSF Tradicional Total Prevalência de HAS (%) 26 26 26 Tempo médio de diagnóstico (anos) 7,8 7,6 7,8 Consulta por HAS na UBS da área (%) 54 58 55 Consulta agendada (%) 64 100 75 Agendamento para o mesmo dia (%) 39 0 28 Agendamento para outro dia na mesma semana (%) 39 60 44 33,1 76,0 46,0 Precisa usar medicamentos para HAS (%) 81 69 77 Outras formas de tratamento (%) 27 39 31 Participação em grupos de HAS (%) 27 0 18 Hospitalização por HAS nos últimos dois anos (%) 20 8 16 Tempo desde a última consulta (dias) Diabetes Mellitus (DM) O diagnóstico de diabetes foi informado por 8% (n = 12) dos adultos estudados, e o tempo de conhecimento do diagnóstico foi de 3,4 anos (dp = 5,9), sem diferenças significativas entre os modelos de atenção (Tabela 3.43). O local de consulta nos últimos seis meses para a doença foi a UBS da área de para 33% (n = 4) dos entrevistados, tendo sido agendadas para 75% (n=3). A metade (50%, n = 2) conseguiu ser atendida no mesmo dia e a outra metade (50%, n = 2) na mesma semana. O tempo decorrido desde a última consulta foi em média de 28,0 dias (dp = 31,6), sendo significativamente maior entre os diabéticos de áreas das UBS Tradicionais (75,0; dp = 0) que aqueles de áreas de PSF (12,3; dp = 4,6) - (Tabela 3.43). 102 O uso de medicação para o tratamento da doença foi referido por 75% (n = 9) adultos com DM, enquanto a adoção de outras formas de tratamento, além daquelas preconizadas pelo médico foi relatada por 50% (n = 6) destes, sem ter sido observada diferença significativa entre os modelos (Tabela 3.43). Apenas dois (17%) adultos com DM informaram participação em atividades de grupo na UBS da área, e nenhum referiu hospitalização pelo problema nos últimos 2 anos (Tabela 3.43). Tabela 3.43 - Diabetes Mellitus nos adultos estudados em Jaboatão dos Guararapes, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. Indicador Jaboatão dos Guararapes PSF Tradicional Total 9 6 8 Tempo médio de diagnóstico (anos) 4,1 1,3 3,4 Consulta por diabetes na UBS da área (%) 33 33 33 Consulta agendada (%) 67 100 75 Agendamento para o mesmo dia (%) 67 0 50 Agendamento para outro dia na mesma semana (%) 33 100 50 12,3 75,0 28,0 Precisa usar medicamentos para diabetes (%) 67 100 75 Outras formas de tratamento (%) 44 67 50 Participação em grupos de diabetes (%) 22 0 17 Hospitalização por diabetes nos últimos dois anos (%) 0 0 0 Prevalência de diabetes (%) Tempo desde a última consulta (dias) Consulta por problemas psíquicos “Problema de nervos” foi referido por 21% (n = 33) dos adultos estudados em Jaboatão dos Guararapes, e a média de duração deste sofrimento foi de 15,8 (dp = 14,0) anos – (Tabela 3.44). 103 Entre os adultos com problema de nervos, quatro (12%) consultaram na UBS da área nos últimos seis meses, dos quais dois (50%) agendaram consulta. O tempo transcorrido desde o último atendimento foi de 75,0 dias (Tabela 3.44). Mais da metade (53%, n = 17) das pessoas que se consideraram portadoras deste tipo de problema mencionaram a necessidade de usar medicamento, sendo que outras formas de tratamento, além da orientada pelo médico, foram adotadas por 34% (n = 11) (Tabela 3.44). Dois (17%) entrevistados haviam participado de atividades de grupo para portadores deste tipo de sofrimento e, nenhum adulto foi hospitalizado por este problema nos últimos dois anos (Tabela 3.44). Nenhuma das diferenças observadas se mostrou significativa entre os modelos de atenção. Tabela 3.44 - Problemas de nervos nos adultos estudados em Jaboatão dos Guararapes, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. Indicador Jaboatão dos Guararapes PSF Tradicional Total 18 28 21 19,8 10,1 15,8 Consulta por problemas de nervos na UBS da área (%) 22 0 12 Consulta agendada (%) 50 0 50 Atendimento no mesmo dia (%) 50 0 50 75,0 0 75,0 Precisa usar medicamentos para problemas de nervos (%) 50 57 53 Outras formas de tratamento (%) 28 43 34 Participação em grupos (%) 22 0 17 Hospitalização por problemas de nervos nos últimos dois anos (%) 6 7 6 Prevalência de problemas de nervos (%) Tempo médio de diagnóstico (anos) Tempo desde a última consulta (dias) 104 Saúde da Mulher Na amostra de adultos estudados, 56% (n = 88) eram mulheres com idade média foi de 44,6 anos (dp = 9,5). Um quarto (25%, n = 22) das mulheres estudadas no município havia consultado no último ano para problemas ginecológicos. O tempo de espera entre a marcação da consulta e sua realização foi de 11,8 (dp = 21,0) dias. Apenas uma (1%) entrevistada informou história familiar de câncer de mama em mãe. Das mulheres que consultaram na UBS da área por problemas ginecológicos no último ano, apenas 18% (n = 4) tiveram as mamas examinadas na última consulta ginecológica. A grande maioria (97%; n = 84) das mulheres conhecia o exame para prevenção do câncer de colo uterino, das quais 96% (n = 81) delas já o havia realizado alguma vez na vida (Tabela 3.45). Do total das mulheres estudadas no município, 40% (n = 35) realizou mamografia (Tabela 3.45). Nenhuma das variáveis referentes à saúde da mulher apresentou diferença significativa entre os modelos de atenção. Tabela 3.45 - Prevenção do câncer de colo uterino nas mulheres da amostra de adultos de Jaboatão dos Guararapes, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. Indicador Jaboatão dos Guararapes (%) PSF Tradicional Total Conhece exame pré-câncer 95 100 97 Já fez pelo menos um exame pré-câncer 96 96 96 Já fez pelo menos uma mamografia 39 41 40 Nos últimos três meses, 18% (n = 15) das mulheres havia consultado na UBS da área por outro motivo diferente do ginecológico, realizando em média 0,3 (dp = 0,6) consultas cada uma. 105 Opinião sobre o atendimento na UBS Na opinião dos adultos, em uma escala de zero a dez, a qualidade do atendimento foi avaliada em 7,9, não havendo diferença significativa entre os modelos de atenção. Saúde bucal Na amostra de Jaboatão dos Guararapes a avaliação em saúde bucal apontou, no grupo de adultos, que 97% (n = 150) realizava limpeza dos dentes (Tabela 3.46). Dos adultos que realizavam higiene bucal, 48% (n = 72) afirmou escovar os dentes três vezes ao dia, 35% (n = 52) duas vezes ao dia e 17% (n = 26) uma vez ao dia. Praticamente a totalidade destes (99% ; n = 148) realizava a limpeza com escova e pasta de dentes, sendo que 58% (n = 90) ainda utilizava palito e / ou fio dental para auxiliar a higiene (Tabela 3.46). Entre os adultos, cerca de um terço (29%; n = 44) disse ter recebido orientação em saúde bucal no último ano. Destes, a maioria afirmou tê-la recebido através de programa de rádio ou tv (35%, n = 14), 34% (n = 13) do dentista da UBS; 21% (n = 8) do dentista privado; 11% (n = 4) de ACS; 5% (n = 2) de outro profissional da UBS ou da escola; 3% (n = 1) de familiar; e outros 8% (n = 3) via outras formas (Tabela 3.46). No último ano, cerca de um quarto (23%, n = 35) dos adultos fez revisão dos dentes, 27% (n = 40) teve dor de dente; 18% (n = 27) fez tratamento para cárie; 19% (n = 29) bateu ou quebrou algum dente; e 20% (n = 30) teve problemas na gengiva (Tabela 3.46). Problemas dentários impediram que 5% (n = 7) dos adultos estudados em Jaboatão dos Guararapes fosse trabalhar; que um (1%) fosse à escola; e que outros três (2%) cumprissem com suas atividades sociais e / ou de lazer. Nos últimos doze meses, 38% (n = 58) dos entrevistados foram atendidos por dentistas, e, o local procurado foram os serviços privados (62%; n = 36), seguidos pelas UBS (36%; n = 21), e Pronto-Socorro (2%; n = 1) - (Tabela 3.46). Quanto ao grau de satisfação com o atendimento prestado, os dentistas obtiveram uma nota média de 8,5. Além disso, a grande maioria (95% ; n = 55) informou ter tido seu problema resolvido, 106 e apenas dois (3%) adultos precisaram ser encaminhados a serviços especializados, mas nenhum conseguiu este atendimento. Dos adultos entrevistados, 97% (n = 150) já havia realizado extração de dente (Tabela 3.46). Destes, 5% (n = 8) extraiu apenas um dente, 81% (n = 121) extraiu mais de um dente e 14% (n = 21) havia extraído todos os dentes. O uso de prótese foi referido por 55% (n = 84) dos adultos. Destas próteses, 7% (n = 6) haviam sido feitas há menos de um ano; 37% (n = 30) entre um e cinco anos, e 56% (n = 45) há mais de cinco anos (Tabela 3.46). Cerca de um quarto (26%, n = 40) dos adultos informou ter dificuldade para mastigar e, a ocorrência atual ou passada de ferida na boca foi mencionada por 9% (n = 14). O tempo de duração da ferida foi em média de 21,9 (dp = 65,9) meses e 20% (n = 3) da amostra afirmou que a ferida ainda persistia (Tabela 3.46). Quando feitas as comparações entre os modelos de atenção, apenas a orientação em saúde bucal feita pelo dentista apresentou diferença significativa; em que este tipo de orientação foi mais freqüente nas UBS do PSF (46%, n = 12) que nas UBS Tradicionais (8%, n = 1) - (Tabela 3.46). 107 Tabela 3.46 - Características de saúde bucal dos adultos estudados em Jaboatão dos Guararapes, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. Indicador Jaboatão dos Guararapes (%) Realiza limpeza dos dentes 97 Escova 3 vezes ou mais ao dia 48 Utilização de escova e pasta de dentes na higiene bucal 99 Utilização de palito e/ou fio dental na higiene bucal 58 Recebeu alguma orientação em saúde bucal no último ano 29 Recebeu orientação do dentista da UBS de abrangência 34 Fez revisão dos dentes no último ano 23 Teve dor de dente no último ano 27 Bateu / quebrou algum dente no último ano 19 Teve problemas de gengiva no último ano 20 Foi atendido por dentista no último ano 38 No Posto de Saúde 36 Em serviço Privado 62 Já extraiu pelo menos um dente 97 Usa prótese 55 3.5.2.2.4 Idosos Atividade física A recomendação médica para a prática de exercícios físicos em alguma consulta alcançou 45% (n = 54) da amostra de idosos, em proporção significativamente maior nas UBS do PSF (55%; n = 39) em relação às UBS Tradicionais (31%; n = 15). Esta mesma recomendação na última consulta foi referida por 31% (n = 38) dos idosos, ocorrendo novamente em maior proporção nas UBS do PSF (40%, n = 31) que nas UBS Tradicionais (15%, n = 7) - (Tabela 3.47). 108 Tabela 3.47 - Atividade física dos idosos estudados em Jaboatão dos Guararapes, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. Indicador Jaboatão dos Guararapes (%) PSF Tradicional Total Recomendação médica da UBS para a prática de exercícios físicos 55 31 45 Recomendação médica da UBS para a prática de exercícios físicos na última consulta 40 15 31 Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) A prevalência de Hipertensão Arterial Sistêmica entre os idosos foi de 66% (n = 95), sendo o tempo médio que os idosos sabiam de sua hipertensão de 10,6 anos (dp = 10,2), sem diferenças entre os modelos de atenção (Tabela 3.48). Já em relação à consulta por hipertensão, 49% (n = 45) dos idosos buscaram a UBS da área, sendo esta ocorrência significativamente mais freqüente entre os residentes de áreas cobertas pelas UBS do PSF (58%; n = 37) do que entre as de UBS Tradicionais (29%; n = 8). Para aqueles que consultaram na UBS da área, a consulta foi agendada em 85% (n = 40) das situações. Entretanto, a maioria (47%, n = 20) dos idosos hipertensos conseguiu ser atendido na mesma semana da solicitação; 40% (n = 17) aguardaram oito dias ou mais para ser atendidos e 14% (n = 6) conseguiu atendimento no mesmo dia. O tempo decorrido desde a última consulta por HAS foi de 41,5 dias (dp = 35,3), não sendo significativa a diferença quando comparadas as médias entre os modelos (Tabela 3.48). O uso de medicamentos para o controle da pressão arterial era uma realidade para 94% (n = 89) dos idosos hipertensos e, outras formas de tratamento, além daquelas indicadas pelo médico, eram adotadas por 37% (n = 35). Para nenhum destes casos a diferença foi significativa (Tabela 3.48). Participar de atividades de grupo dedicadas aos hipertensos na UBS foi uma afirmação de 30% (n = 28) desta amostra. Já a hospitalização por HAS aconteceu para 22% (n = 20), sendo em freqüência significativamente maior entre os residentes de áreas de UBS Tradicionais (36%, n=10) que de PSF (15%, n=10) - (Tabela 3.48). 109 Tabela 3.48 - Hipertensão Arterial Sistêmica nos idosos estudados em Jaboatão dos Guararapes, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. Indicador Jaboatão dos Guararapes PSF Tradicional Total 70 59 66 10,3 11,3 10,6 Consulta por HAS na UBS da área (%) 58 29 49 Agendamento para o mesmo dia (%) 18 0 14 Agendamento para outro dia na mesma semana (%) 44 56 47 Agendamento para mais de uma semana (%) 38 44 40 42,7 34,7 41,5 Precisa usar medicamentos para HAS (%) 92 97 94 Outras formas de tratamento (%) 33 45 37 Participação em grupos de HAS (%) 35 17 30 Hospitalização por HAS nos últimos dois anos (%) 15 36 22 Prevalência de HAS (%) Tempo médio de diagnóstico (anos) Tempo desde a última consulta (dias) Diabetes Mellitus (DM) O diagnóstico de diabete foi informado por 18% (n = 25) dos idosos entrevistados e o tempo médio que tinham conhecimento do diagnóstico foi de 9,4 (dp = 10,6) anos (Tabela 3.49). Mais da metade dos idosos (56%; n = 14) consultaram por diabetes na UBS da área e, sendo necessário agendamento em 85% (n = 11) dos casos. A minoria (17%, n = 2) conseguiu atendimento no mesmo dia da solicitação; 42% (n = 5) na mesma semana e, outros 42% (n = 5) para mais de oito dias. O tempo médio decorrente desde a última consulta foi de 32,9 dias (dp = 18,7) - (Tabela 3.49). O uso de medicamentos para o controle de diabetes era uma realidade para 88% (n = 22) dos idosos e outras formas de tratamento, além das indicadas pelo médico, foram adotadas por 8% (n = 2). Já a participação em atividades de grupo dirigidas aos 110 diabéticos na UBS foi uma afirmação de 38% (n = 9) dos idosos e a hospitalização por DM aconteceu para cinco (20%) idosos. (Tabela 3.49). Para nenhuma das variáveis referentes ao problema de diabetes nos idosos as diferenças entre os modelos se mostraram significativas. Tabela 3.49 - Diabetes Mellitus nos idosos estudados em Jaboatão dos Guararapes, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. Indicador Jaboatão dos Guararapes PSF Tradicional Total Prevalência de diabetes (%) 17 18 18 Tempo médio de diagnóstico (anos) 7,1 14,0 9,4 Consulta por diabetes na UBS da área (%) 63 44 56 Agendamento para o mesmo dia (%) 20 0 17 Agendamento para mais de uma semana (%) 40 50 42 29,3 45,0 32,9 Precisa usar medicamentos para diabetes (%) 94 78 88 Outras formas de tratamento (%) 6 13 8 Participação em grupos de diabetes (%) 38 38 38 Hospitalização por diabetes nos últimos dois anos (%) 25 11 20 Tempo desde a última consulta (dias) Problemas Psíquicos A proporção de idosos que referiram problemas de nervos foi de 23% (n = 32), e o tempo médio que sabiam ter este tipo de problema foi de 15,4 (dp = 17,7) anos. Apenas oito (26%) idosos com problema psíquico referiram consulta por este motivo na UBS de seu bairro, tendo sido as consultas agendadas em 86% (n = 6) dos casos. Dos oito idosos que haviam buscado a UBS da área, apenas um (14%) conseguiu atendimento no mesmo dia; enquanto quatro (57%) conseguiram para a mesma semana e dois (29%) para oito dias ou mais, sendo que um não prestou esta informação. O tempo decorrente desde a última consulta em relação à data da entrevista foi de 46,6 (dp 111 = 51,0) dias, média que foi significativamente maior entre os residentes das áreas de UBS Tradicionais (150,0; dp = 0) que de UBS do PSF (29,3; dp = 25,0) - (Tabela 3.50). O uso de medicamentos para problema de nervos foi referido por 75% (n = 24) dos idosos, e outras formas de tratamento além da indicada pelo médico foram adotadas por 28% (n = 9). Dentre os idosos com problema de nervos, apenas um (4%) participou de atividades de grupo para portadores de sofrimento psíquico (PSP) na UBS e dois (6%) informaram ter hospitalizado nos últimos dois anos por este tipo de problema. Nenhuma das diferenças observadas entre os modelos para estas variáveis se mostrou significativa (Tabela 3.50). Tabela 3.50 - Problemas de nervos nos idosos estudados em Jaboatão dos Guararapes, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. Indicador Prevalência de problema de nervos (%) Jaboatão dos Guararapes PSF Tradicional Total 26 16 23 17,0 9,3 15,4 Consulta por problema de nervos na UBS da área (%) 26 25 26 Agendamento para o mesmo dia (%) 17 0 14 Agendamento para outro dia na mesma semana (%) 50 100 57 29,3 150,0 46,6 Precisa usar medicamentos para problema de nervos (%) 71 88 75 Outras formas de tratamento (%) 21 50 28 Participação em grupos (%) 6 0 4 Hospitalização por problema de nervos nos últimos dois anos (%) 4 13 6 Tempo médio de diagnóstico (anos) Tempo desde a última consulta (dias) 112 Cuidado domiciliar A necessidade de cuidado domiciliar nos últimos três meses foi informada por 10% (n = 15) dos idosos amostrados no município, sendo em proporção significativamente maior entre aqueles residentes em áreas do PSF (15%, n = 14) que de UBS Tradicionais (2%, n = 1). Utilizando uma escala de zero a dez, a satisfação média informada com o atendimento domiciliar foi de 8,9 (dp = 2,8) - (Tabela 3.51). Entretanto, mais de um quarto dos idosos 29% (n = 42) afirmou necessitar de cuidados domiciliares com regularidade, sendo a mesma proporção entre as diferentes áreas de abrangência (Tabela 3.51). Tabela 3.51 - Necessidades de cuidado domiciliar dos idosos estudados em Jaboatão dos Guararapes, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. Indicador Jaboatão dos Guararapes PSF Tradicional Total Cuidado domiciliar nos últimos três meses (%) 15 2 10 Necessidade de cuidado domiciliar com regularidade (%) 29 29 29 Satisfação com cuidado recebido (0 a 10) 8,9 --* 8,9 * O idoso que recebeu este atendimento da UBS Tradicional não prestou tal avaliação. Saúde bucal Na amostra de Jaboatão dos Guararapes, a avaliação em saúde bucal apontou que no grupo de idosos 83% (n = 120) realizava limpeza dos dentes, sendo que 23% (n = 27) referiu escovar uma vez ao dia, 44% (n = 52) afirmou escovar os dentes duas vezes ao dia, 33% (n = 40) três vezes ou mais ao dia. Para estes casos, as proporções foram semelhantes entre os modelos de atenção (Tabela 3.52). Em sua maioria (92%; n = 109), os idosos faziam a limpeza com escova e pasta de dentes; e cerca de um terço (31%; n = 44) ainda costumava usar palito e / ou fio dental para auxiliar na higiene, sem diferenças significativas entre os modelos de atenção (Tabela 3.52). 113 Apenas 17% (n = 24) afirmou ter recebido orientação em saúde bucal no último ano. Dentre estes, a maioria afirmou ter recebido a orientação através de programa de rádio ou tv (38%, n = 9); 25% (n = 6) do dentista da UBS; 13% (n = 3) do dentista privado; 21% (n = 5) de outro profissional da UBS; 8% (n = 2) de familiar, 4% (n = 1) de amigo ou ACS; e outros 8% (n = 2) via outras formas. Não foram observdas diferenças significativas entre os modelos de atenção a este respeito. No último ano, 9% (n = 13) dos idosos fizeram revisão dos dentes; 12% (n = 17) informou ter sofrido de dor de dentes; 8% (n = 11) havia feito tratamento para cárie; 10% (n = 15) havia sofrido de problemas na gengiva; e 4% (n = 6) havia batido ou quebrado algum dente (Tabela 3.52). Dentre estas variáveis, apenas a ocorrência de dor de dentes no último ano mostrou-se diferente entre os modelos, tendo sido mais freqüente entre os idosos de áreas do PSF (16%, n = 15) que entre os de UBS Tradicionais (4%, n = 2). No ano anterior à entrevista, 15% (n = 21) foram atendidos por dentistas, em proporção significativamente maior entre os residentes de áreas do PSF (19%, n = 18) que de UBS Tradicionais (6%, n = 3). Entre os que receberam este atendimento, os locais procurados foram os serviços privados (57%; n = 12) e as UBS (43%; n = 9). Quanto ao grau de satisfação com o atendimento prestado, os dentistas obtiveram uma nota média de 9,7 (dp = 0,8), sendo que a 95% (n = 20) afirmou ter tido seu problema resolvido. Dos entrevistados, apenas um (5%) precisou ser encaminhado a serviços especializados, tendo conseguido este atendimento (Tabela 3.52). Quase a totalidade da amostra (99%; n = 142) já havia realizado extração de dente. Destes, 2% (n = 3) haviam extraído somente um dente; 46% (n = 65) mais de um dente e 52% (n = 74) todos os dentes, sem diferenças significativas entre os modelos. O uso de prótese foi referido por 49% (n = 71) dos idosos de Jaboatão dos Guararapes. A maioria das próteses havia sido feita há mais de cinco anos (61%; n = 43), 27% (n = 19) entre um e cinco anos, 4% (n = 3) há menos de um ano e ainda 9% (n = 6) não se recordava, não havendo diferenças entre os modelos (Tabela 3.52). Quase a metade (44%, n = 61) dos idosos referiram dificuldade para mastigar e a ocorrência passada ou atual de ferida na boca foi mencionada por 6% (n = 8). O tempo médio de duração da ferida foi de 5,4 (dp = 10,5) meses, não tendo sido observadas diferenças significativas entre os modelos de atenção. 114 Tabela 3.52 - Características de saúde bucal dos idosos estudados em Jaboatão dos Guararapes, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. Indicador Jaboatão dos Guararapes (%) Realiza limpeza dos dentes 83 Escova 3 vezes ou mais ao dia 33 Utilização de escova e pasta de dentes na higiene bucal 92 Utilização de palito e/ou fio dental na higiene bucal 31 Recebeu alguma orientação em saúde bucal no último ano 17 Recebeu orientação do dentista da UBS de abrangência 25 Fez revisão dos dentes no último ano 9 Teve dor de dente no último ano 12 Bateu / quebrou algum dente no último ano 4 Teve problemas de gengiva no último ano 10 Foi atendido por dentista no último ano 15 No Posto de Saúde 43 Em serviço Privado 57 Já extraiu pelo menos um dente 99 Usa prótese 49 115 116 4 AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DA ATENÇÃO BÁSICA À SAÚDE EM JABOATÃO DOS GUARARAPES O Estudo de Linha de Base representa um primeiro tempo na avaliação do PROESF e foi delineado para avaliar o desempenho da atenção básica à saúde e do PSF no conjunto do Lote 2 NE e não em cada município. Assim, conforme os pressupostos metodológicos da epidemiologia, a amostra de nove unidades básicas de saúde estudadas, seis do PSF e três Tradicionais, não é suficiente para a plena comparação do PSF com o modelo Tradicional em Jaboatão dos Guararapes, mas de qualquer maneira, as comparações são oferecidas como uma referência, que poderá ser utilizada por gestores e técnicos para avaliar seus esforços na implantação da política de ABS nos municípios estudados. As limitações ficam por conta da amostra de profissionais de saúde e principalmente de população da área de abrangência das UBS. Entretanto, nos demais aspectos há uma completa e detalhada avaliação, como, por exemplo, na caracterização institucional do SUS, da atenção básica à saúde e das unidades de saúde estudadas. Assim, como estudo de caso, o relatório oferece uma boa aproximação do perfil da atenção básica à saúde no município. A estratégia de organizar os achados de Jaboatão dos Guararapes nas mesmas categorias do Relatório Final do PROESF (Facchini et al, 2006) permitiu a descrição dos resultados locais, do estado, dos municípios nordestinos estudados e do país. As comparações significam apenas uma referência à disposição de gestores e profissionais de saúde de Jaboatão dos Guararapes na identificação de avanços obtidos e os pontos problemáticos da ABS local. Em termos socioeconômicos e demográficos os indicadores descrevem uma melhor qualidade de vida em Jaboatão dos Guararapes, em comparação às médias encontradas na Pernambuco e no Brasil. A renda per capita das comunidades do PSF foi maior do que a observada nas de UBS Tradicionais para a amostra de adultos e idosos e, em geral, as condições de 117 moradia eram melhores nas áreas de abrangência do PSF, exceto para os idosos. Quanto à inserção dos grupos populacionais por estrato social, destacou-se o predomínio do menos favorecido, estrato E, onde cerca de metade das amostra das crianças, mulheres e idosos. Em comparação à média do Lote 2 Nordeste, os indicadores de financiamento do sistema de saúde municipal foram desfavoráveis a Jaboatão dos Guararapes. Com o PSF implantado desde 2000, o município atingiu em 2005 uma cobertura de cerca de 22% da população, atingindo com o índice a mais baixa cobertura entre os municípios de Pernambuco incluídos no estudo e também do Lote 2 Nordeste. Logo, o PSF encontra-se em uma fase inicial enquanto estratégia de reorientação e reorganização da ABS no município. Considerando-se a população do município (581.556 habitantes) e as 69 UBS implantadas, cada uma abrangeria em média 8.428 habitantes, indicando que já não há a necessidade de implantar novos serviços, salvo em situações muito especiais. Assim, o aspecto que se destaca é o da melhoria da estrutura física dos serviços, do ponto de vista da adequação das dependências e da disponibilidade de materiais e insumos. No âmbito da gestão da ABS, destacou-se que 58% dos profissionais entrevistados contava com uma supervisão semanal de suas atividades na UBS e, comparando-se com o total do Lote 2 Nordeste, os trabalhadores de Jaboatão dos Guararapes apresentaram índices de capacitação inferiores para todos os cursos estudados, porém maiores entre os profissionais das UBS do PSF para sete de um total de doze cursos. Logo, a melhoria da supervisão e educação permanente dos profissionais de saúde, juntamente com a superação dos desafios da avaliação e monitoramento da atenção básica, serão fundamentais para o desenvolvimento do SUS da saúde da população no município. As relações de trabalho indicaram que o ingresso por concurso público abrangeu menos de um terço dos profissionais da atenção básica estudados em Natal, enquanto o vínculo tipicamente precário (sem garantias trabalhistas) foi referido por 53% da amostra, com predomínio daquela vinculada as UBS do PSF (92%). O acesso dos profissionais de Natal ás publicações do Ministério da Saúde foi pequeno, variando de 3% a 36%, sendo maior, em geral, entre os trabalhadores das UBS do PSF e, em relação às médias do Lote 2 Nordeste, este acesso foi menor no município para todas as 118 publicações. Este é um aspecto que o município pode investir mais efetivamente para qualificação da Atenção Básica à Saúde. Os indicadores de desempenho do sistema de saúde incluídos no Pacto da Atenção Básica apontam para uma situação intermediária em Jaboatão dos Guararapes, quando comparado à Pernambuco e Brasil. Favoráveis ao município destacaram-se os indicadores da saúde da mulher e a menor proporção de óbitos infantis em menores de um ano por causas mal definidas. Apesar disto, a maioria dos demais indicadores apontam para uma situação desfavorável ao município, especialmente nos aspectos referentes às doenças crônicas, em que se destacou negativamente a maior taxa de mortalidade por tuberculose. O desempenho da ABS local para todos os grupos populacionais destacou-se em relação à prevenção do câncer de colo uterino e às orientações prestadas durante a gestação em aleitamento materno. Em razão da amostra populacional não ser representativa para o município, não é possível fazer afirmações conclusivas à respeito do desempenho dos modelos de atenção em Jaboatão dos Guararapes. Logo, não foram observadas grandes diferenças entre os modelos, mas apesar disto, os resultados permitem observar uma tendência favorável ao PSF, que apresentou um melhor desempenho em saúde bucal; em saúde da mulher (especificamente aleitamento materno e planejamento familiar); e em recomendações de exercícios e cuidado domiciliar entre os idosos. Entretanto, a efetividade das UBS estudadas precisa ser ampliada de modo geral, incluindo a recomendação de exercícios físicos, o atendimento de hipertensão, diabetes, problemas psíquicos e mesmo saúde bucal. Em conclusão, a atenção básica em saúde em Jaboatão dos Guararapes apresenta um bom desempenho geral em relação à média do Lote, mas com um importante potencial de superação dos problemas. Seus problemas são similares aos do conjunto dos municípios avaliados e seus pontos fortes necessitam de consolidação, no sentido de melhorar os benefícios à população local. 119 120 5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Des Jarlais DC, Lyles C, Crepaz N. 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