Universidade Federal de Pelotas
Centro de Pesquisas Epidemiológicas
Faculdade de Medicina - Departamento de Medicina Social
Faculdade de Enfermagem e Obstetrícia – Departamento de Enfermagem
CAA – DAB – SAS – MINISTÉRIO DA SAÚDE
Monitoramento e Avaliação do Projeto de
Expansão e Consolidação da Saúde da Família
(PROESF)
Relatório Municipal
Estudo de Linha de Base
Jaboatão dos Guararapes, PE
Luiz Augusto Facchini
Roberto Xavier Piccini
Elaine Tomasi
Elaine Thumé
Denise Silva da Silveira
Vanessa Andina Teixeira
Setembro de 2006
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS
Reitor: Antônio Cesar Gonçalves Borges
Vice-Reitor: Telmo Pagana Xavier
Pró-Reitor de Graduação: Luiz Fernando Minello
Pró-Reitor de Extensão e Cultura: Vitor Hugo Manzke
Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação: Alci Enimar Loeck
Pró-Reitor Administrativo: Francisco Carlos Luzzardi
Pró-Reitor de Planejamento e Desenvolvimento: Elio Paulo Zonta
Diretor da Faculdade de Medicina: Farid Iunan Butros Nader
Diretor da Faculdade de Enfermagem e Obstetrícia: Emília Nalva Ferreira da
Silva
Chefe do Departamento de Medicina Social: Anaclaudia Gastal Fassa
Chefe do Departamento de Enfermagem: Afra Suelene de Souza
Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia: Aluisio J.
D. Barros
Coordenador do Centro de Pesquisas Epidemiológicas: Cesar Gomes Victora
Presidente da Fundação Delfim Mendes Silveira: Antonio Costa de Oliveira
Monitoramento e Avaliação do Projeto de Expansão e Consolidação
da Saúde da Família (PROESF): Relatório Municipal do Estudo
de Linha de Base de Jaboatão dos Guararapes – Lote 2 Nordeste /
Luiz Augusto Facchini ... [et al.].
– Pelotas: Universidade
Federal de Pelotas, 2006.
122p. : il.
1. Saúde Pública – Brasil – Administração 2. Programa de Saúde
da Família 3. Atenção Básica - Avaliação. I. Facchini, Luiz
Augusto. II. Piccini, Roberto Xavier. III. Tomasi, Elaine. IV.
Thumé, Elaine. V. Silveira, Denise Silva da. VI Teixeira,
Vanessa Andina.
CDD 362.109
Maria de Fátima S. Maia CRB 10/134
EQUIPE TÉCNICA DO PROJETO
Coordenação Geral
Luiz Augusto Facchini
Roberto Xavier Piccini
Elaine Tomasi
Elaine Thumé
Organização do Relatório
Luiz Augusto Facchini
Roberto Xavier Piccini
Elaine Tomasi
Elaine Thumé
Denise Silva da Silveira
Maria de Fátima dos Santos Maia
Alitéia Santiago Dilélio
Vanessa Andina Teixeira
Thiago Garcia Martins
Turene Bastos
Coordenação de Trabalho de Campo
Fernando Vinholes Siqueira
Coordenação de Processamento de Dados
Denise Silva da Silveira
Elaine Tomasi
Coordenação Executiva
Maria de Fátima dos Santos Maia
Alessander Osório
Mercedes Lucas
Coordenação do Estudo Qualitativo
Luciane Prado Kantorski
Rita Heck
Vanda Maria da Rosa Jardim
Equipe Técnica do Estudo Qualitativo
Luciane Prado Kantorski
Vanda Maria da Rosa Jardim
Emília Nalva Ferreira da Silva
Valéria Christello Coimbra
Michele Mandagará Oliveira
Equipe de Apoio do Estudo Qualitativo
Fernanda Barreto Mielke
Sidnei Teixeira Junior
Ana Paula Giacomelli Tavares
Gimene Cardozo Braga
Rebeca Castilhos
Gabriel Pereira
Apoio de Informática
Alessander Osório
Filipe da Silva Ribeiro
Codificação de Dados
Augusto Duarte Faria
Desirée Fripp
Luciane Scherer Pahim
Maria Aparecida Rodrigues
Turene Bastos
Suelen dos Santos Saraiva
Vanessa Andina Teixeira
Suele Silva
Danton Duro Filho
Alitéia Santiago Dilélio
Digitação
Alisson Morales
Ary Morales Neto
Carla da Cruz Teles
Daniel de Souza Pereira
Emanuele Braga
Fabiana de Souza Pereira
Thiago Garcia Martins
Controle de qualidade
Vera Vieira
Helena Souza van der Laan
Susete Aschidamini Ferreira
Supervisores do Trabalho de Campo
Alitéia Santiago Dilélio
Arilson da Rosa
Catiúscia Souza
Cleonice Valadão
Danton Duro Filho
Janaína dos Santos
João Luis Rosado
Michele Padilha Rodrigues
Maria Márcia Ambrósio
Patrícia Mendonça
Raquel Barboza
Sandra de Souza
Silvia da Costa
Suele Silva
Vanessa Andina Teixeira
Professores Colaboradores
José Justino Faleiros
Anaclaudia Gastal Fassa
Fábio Lima
Gabriela Lobata
Helen Denise Gonçalves da Silva
Alunos voluntários e bolsistas de Iniciação Científica dos Cursos de Medicina e
Enfermagem da UFPel e de Psicologia da UCPel
Clarissa de Souza Cardoso
Emanuela Maria Dalvit
Helena Souza van der Laan
Inês Soria Alvaro
Jeanine Porto Brondani
Lourielle Soares Wachs
Mariangela Uhlmann Soares
Escrever é sempre ocultar algo de modo que possa ser descoberto.
Ítalo Calvino
6
AGRADECIMENTOS
Este projeto é o resultado de um esforço coletivo de professores, técnicos e
alunos vinculados ao Departamento de Medicina Social da Faculdade de Medicina, ao
Departamento de Enfermagem da Faculdade de Enfermagem e Obstetrícia, ao Centro de
Pesquisas Epidemiológicas e ao Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia. A
equipe destaca o reconhecimento a esta parceria, fundamental para o êxito do Projeto.
Igualmente se externa a gratidão ao apoio e estímulo recebidos de um grande
número de pessoas que, em diferentes âmbitos, institucionais, administrativos e
acadêmicos, viabilizaram o desenvolvimento do Projeto. Agradecimentos especiais e
em particular são destinados a:
Antonio César Borges, reitor da Universidade Federal de Pelotas (UFPel),
André Luiz Haack, ex-reitor da UFPel,
Francisco Luzzardi, pró-reitor de administração e sua equipe de trabalho,
Antonio Costa de Oliveira, presidente, José Carlos Fernandes Filho e Sérgio Luis
Ribeiro dos Santos, colegas do setor de administração da Fundação Delfim Mendes da
Silveira,
Anaclaudia Fassa, chefe, e colegas do Departamento de Medicina Social,
Emília Nalva Ferreira, diretora, e colegas da Faculdade de Enfermagem e Obstetrícia,
Afra Suelene de Souza, chefe, e colegas do Departamento de Enfermagem,
Renato Moreira, Dalvina Bueno de Almeida, Luis Cleber Wilke, Jorge Augusto Rollo
Cardozo, Fabiane dos Santos Luiz, Odete Almeida, Vera Lucia Govea da Silveira e
demais funcionários da Faculdade de Enfermagem e Obstetrícia,
Cesar Victora, diretor, e colegas do Centro de Pesquisas Epidemiológicas,
Aluísio Barros, coordenador, e colegas do Programa de Pós-Graduação em
Epidemiologia,
Eronildo Felisberto, coordenador, e equipe da Coordenadoria de Avaliação e
Acompanhamento do Departamento de Atenção Básica da Secretaria de Atenção à
Saúde do Ministério da Saúde,
Maria do Carmo Leal, coordenadora, e colegas do Grupo de Acompanhamento do
Estudo de Linha de Base do PROESF, junto ao Ministério da Saúde.
É digna de especial registro a gratidão à professora Emília Nalva Ferreira,
diretora da Faculdade de Enfermagem e Obstetrícia e aos colegas do Departamento de
Enfermagem pelo acolhimento na área física que a equipe deste Projeto ocupa hoje
nesta Unidade de Ensino. A iniciativa da professora Emília e colegas oportunizou a
participação de sua unidade no cotidiano das inúmeras atividades técnicas e
administrativas de um Projeto de grande porte.
Externa-se ainda entusiásticos agradecimentos a gestores e coordenadores de
atenção básica e de saúde da família do Município de Jaboatão dos Guararapes,
representantes do controle social, trabalhadores das unidades básicas de saúde, agentes
comunitários de saúde, população entrevistada e todos aqueles que participaram do
Projeto fornecendo informações e contribuindo para a realização do trabalho.
8
SUMÁRIO
LISTA DE SIGLAS .................................................................................................. 11
LISTA DE TABELAS .............................................................................................. 13
APRESENTAÇÃO ................................................................................................... 15
RESUMO .................................................................................................................. 17
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................19
2 METODOLOGIA ....................................................................................................21
2.1 Delineamento do Estudo de Linha de Base (ELB) ............................................... 21
2.2 Amostra e Amostragem do ELB .......................................................................... 23
2.2.1 Amostra de UBS............................................................................................. 23
2.2.2 Amostra de profissionais de saúde .................................................................. 23
2.3 Amostra de usuários: demanda atendida nas UBS................................................ 23
2.2.4 Amostra de população da área de abrangência das UBS.................................. 24
2.3 Trabalho de Campo no Município: Logística e Instrumentos de Fonte Primária... 24
2.4 Levantamento de Dados em Fontes Secundárias.................................................. 28
2.5 Processamento dos Dados.................................................................................... 28
2.5.1 Recepção e classificação dos instrumentos...................................................... 29
2.5.2 Identificação e constituição dos lotes .............................................................. 29
2.5.3 Bancos de Dados Estruturados........................................................................ 30
2.6 Controle de Qualidade......................................................................................... 31
2.7 Análise dos Dados............................................................................................... 31
3 RESULTADOS .......................................................................................................33
3.1 Contexto.............................................................................................................. 33
3.1.1 Situação Demográfica e Socioeconômica de Jaboatão dos Guararapes............ 33
3.1.2 Amostra de Unidades Básicas de Saúde.......................................................... 34
3.1.3 Amostra de Profissionais de Saúde ................................................................. 34
3.1.3.1 Distribuição dos Trabalhadores por Modelo de Atenção e por Unidade
Básica de Saúde..................................................................................................... 35
3.1.3.2 Situação Demográfica e Socioeconômica dos Trabalhadores...................... 36
3.1.4 Amostra da Demanda Atendida nas Unidades Básicas de Saúde ..................... 37
3.1.4.1 Distribuição da Demanda por Unidade Básica de Saúde............................. 37
3.1.5 Amostra Populacional da Área de Abrangência das Unidades Básicas de Saúde
................................................................................................................................ 37
3.1.5.1 Distribuição da População.......................................................................... 37
3.1.5.2 Situação Demográfica e Socioeconômica da População da área de
Abrangência das UBS............................................................................................ 38
3.2 Dimensão Político-Institucional........................................................................... 41
3.2.1 Projeto de Governo......................................................................................... 43
3.2.1.1 Tipo de Gestão Municipal, Índice de Aprendizado Institucional e Cobertura
do Programa de Saúde da Família.......................................................................... 43
3.2.1.2 Adequação Setorial e dos Modelos de Atenção para o Funcionamento do
Sistema Municipal de Saúde.................................................................................. 44
3.2.1.3 Critérios na definição de áreas de abrangência das UBS e na implantação do
Programa de Saúde da Família............................................................................... 44
3.2.1.4 Características do emprego e da remuneração dos trabalhadores da Atenção
Básica.................................................................................................................... 45
3.2.2 Capacidade de governo................................................................................... 46
3.2.2.1 Perfil do Secretário Municipal de Saúde..................................................... 46
3.2.2.2 Perfil do Coordenador de Atenção Básica e / ou do Programa de Saúde da
Família .................................................................................................................. 46
3.2.2.3 Perfil do Presidente do Conselho Municipal de Saúde................................ 46
3.2.2.4 Perfil dos Trabalhadores das Unidades Básicas de Saúde ........................... 47
3.2.3 Governabilidade ............................................................................................. 48
3.2.3.1 Despesas per capita com saúde................................................................... 48
3.2.3.2 Financiamento da Atenção Básica nos Municípios ..................................... 49
3.2.3.3 Apoio a Projetos de Atenção Básica à Saúde e de Saúde da Família........... 49
3.2.3.4 Características do Conselho Municipal de Saúde........................................ 50
3.3 Dimensão Organizacional da Atenção ................................................................. 50
3.3.1 Práticas de gestão da ABS .............................................................................. 50
3.3.1.1 Mecanismos de supervisão, monitoramento e avaliação da atenção básica à
saúde ..................................................................................................................... 50
3.3.1.2 Estratégias de controle e regulação da demanda ......................................... 51
3.3.1.3 Informação e Informatização na Rede Básica Municipal ............................ 51
3.3.1.4 Sistemas de Informação em Saúde ............................................................. 52
3.3.2 Práticas de Oferta de Serviços no Município................................................... 52
3.3.2.1 Estrutura da rede básica de saúde ............................................................... 52
3.3.2.2 Disponibilidade de Profissionais do PSF .................................................... 60
3.3.2.3 Acesso aos serviços básicos de saúde......................................................... 60
3.3.2.4 Acesso aos serviços especializados ............................................................ 61
3.3.2.5 Adstrição da demanda................................................................................ 61
3.3.2.6 Vínculo com instituições de ensino ............................................................ 62
3.3.2.7 Assistência farmacêutica............................................................................ 62
3.3.3 Experiências inovadoras em atenção básica à saúde........................................ 62
3.4 Dimensão do Cuidado Integral ............................................................................ 62
3.4.1 Estratégias de indução da integralidade........................................................... 62
3.4.1.1 Atividades realizadas na UBS para o cuidado integral ................................ 63
3.4.1.2 Acesso direto a exames complementares.................................................... 66
3.4.1.3 Disponibilidade de medicamentos.............................................................. 66
3.4.1.4 Utilização de protocolos............................................................................. 69
3.4.1.5 Utilização de computador pelos profissionais............................................. 71
3.4.1.6 Qualidade dos serviços prestados ............................................................... 71
3.4.1.7 Acesso a publicações ................................................................................. 71
3.4.2 Processo de trabalho em atenção básica à saúde.............................................. 72
3.4.2.1 Introdução ao processo de trabalho em ABS .............................................. 72
3.4.2.2 A categoria processo de trabalho................................................................ 72
3.4.2.3 Etapas do processo de trabalho em atenção básica à saúde ......................... 74
3.4.2.4 Satisfação dos trabalhadores com as condições de trabalho ........................ 77
3.5 Dimensão Desempenho do Sistema de Saúde ...................................................... 78
3.5.1 Desempenho do Município de Jaboatão dos Guararapes ................................. 78
3.5.1.2 Indicadores Selecionados e Pacto da Atenção Básica à Saúde .................... 78
3.5.2 Desempenho dos Modelos de Atenção Básica à Saúde.................................... 82
3.5.2.1 Perfil da Demanda Atendida nas UBS........................................................ 82
3.5.2.2 Utilização de Serviços na População de Abrangência da UBS.................... 84
3.5.2.2.1 Crianças ................................................................................................84
3.5.2.2.2 Mulheres ...............................................................................................92
3.5.2.2.3 Adultos ...............................................................................................100
3.5.2.2.4 Idosos..................................................................................................108
4 AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DA ATENÇÃO BÁSICA À SAÚDE EM
JABOATÃO DOS GUARARAPES..........................................................................117
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................................121
10
LISTA DE SIGLAS
AB – Atenção Básica
ABS – Atenção Básica à Saúde
ACS – Agente Comunitário de Saúde
CID-10 – Classificação Internacional de Doenças - 10ª. Revisão
CMS – Conselho Municipal de Saúde
CNES – Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde
CONASEMS – Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde
DEGES / SEGETS – Departamento de Gestão da Educação em Saúde / Secretaria de
Gestão da Educação e Trabalho em Saúde
ELB – Estudo de Linha de Base
ESF – Equipe de Saúde da Família
GLAS – Grupo Local de Avaliação em Saúde
IDH – Índice de Desenvolvimento Humano
MS – Ministério da Saúde
PROESF – Projeto de Expansão e Consolidação da Saúde da Família
PSF – Programa de Saúde da Família
RH – Recursos Humanos
RM – Região Metropolitana
SF – Saúde da Família
SM – Salário Mínimo
SIAB – Sistema de Informações da Atenção Básica
SIA – Sistema de Informações Ambulatoriais
SMS – Secretaria Municipal de Saúde
SUS – Sistema Único de Saúde
TC – Trabalho de Campo
UBS – Unidade Básica de Saúde
USF – Unidade de Saúde da Família
UFPEL – Universidade Federal de Pelotas
11
12
LISTA DE TABELAS
Tabela 3.1
Tabela 3.2
Tabela 3.3
Tabela 3.4
Tabela 3.5
Tabela 3.6
Tabela 3.7
Tabela 3.8
Tabela 3.9
Tabela 3.10
Tabela 3.11
Tabela 3.12
Tabela 3.13
Tabela 3.14
Tabela 3.15
Tabela 3.16
Tabela 3.17
Tabela 3.18
Tabela 3.19
Tabela 3.20
Tabela 3.21
Tabela 3.22
Tabela 3.23
Tabela 3.24
Tabela 3.25
Tabela 3.26
Indicadores demográficos e socioeconômicos para Jaboatão dos Guararapes, Pernambuco e
pág. 33
Brasil. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Distribuição da amostra de trabalhadores de saúde por atividade profissional em Jaboatão dos
Guararapes, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE,
pág. 34
2005.
Distribuição da amostra dos trabalhadores de saúde por Unidade Básica de Saúde de Jaboatão
pág 35
dos Guararapes. Estudo de Linha de Base, PROESF - UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Renda média mensal dos profissionais em saúde estudados em Jaboatão dos Guararapes, por
modelo de atenção e no Lote 2 NE. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE,
pág. 36
2005.
Distribuição dos atendimentos prestados nas Unidades Básicas de Saúde de Jaboatão dos
pág. 37
Guararapes. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Condições de habitação das crianças, mulheres, adultos e idosos estudados em Jaboatão dos
pág. 39
Guararapes, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE,
2005.
Escolaridade dos trabalhadores em saúde estudados em Jaboatão dos Guararapes, por modelo
pág. 47
de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005..
Cursos de capacitação realizados pelos trabalhadores das Unidades Básicas de Saúde estudadas
em Jaboatão dos Guararapes e no Lote 2 NE. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel,
pág. 48
Lote 2 NE, 2005.
Indicadores de financiamento do sistema de saúde para o município de Jaboatão dos
pág. 49
Guararapes e para o Lote 2 NE. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Área física das Unidades Básicas de Saúde em Jaboatão dos Guararapes. Estudo de Linha de
pág. 53
Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Adequação da estrutura nas Unidades Básicas de Saúde em Jaboatão dos Guararapes. Estudo
pág. 54
de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Equipamentos e instrumentos das Unidades Básicas de Saúde em Jaboatão dos Guararapes.
pág. 56
Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Disponibilidade de materiais e insumos nas Unidades Básicas de Saúde em Jaboatão dos
pág. 59
Guararapes. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Atividades para o Cuidado Integral nas Unidades Básicas de Saúde em Jaboatão dos
pág. 64
Guararapes. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Atividades de Grupo nas Unidades Básicas de Saúde em Jaboatão dos Guararapes. Estudo de
pág. 65
Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Disponibilidade de Medicamentos das Unidades Básicas de Saúde em Jaboatão dos
pág. 67
Guararapes. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Utilização de protocolos nas Unidades Básicas de Saúde em Jaboatão dos Guararapes, por
modelo de atenção e no Lote 2 NE. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE,
pág. 69
2005.
Utilização de Protocolos nas Unidades Básicas de Saúde em Jaboatão dos Guararapes. Estudo
pág. 70
de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Acesso dos profissionais estudados a publicações do Ministério da Saúde nas Unidades Básicas
de Saúde de Jaboatão dos Guararapes, por modelo de atenção e no Lote 2 NE. Estudo de Linha pág. 72
de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Médias alcançadas em relação à satisfação dos trabalhadores de saúde em uma escala de 0 a 10
em Jaboatão dos Guararapes, por modelo de atenção e no Lote 2 NE. Estudo de Linha de Base, pág. 78
PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Indicadores de desempenho do sistema de saúde para Jaboatão dos Guararapes, Pernambuco e
pág. 79
Brasil. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Indicadores do Pacto da Atenção Básica de 2002 relativos à saúde da criança para Jaboatão dos
Guararapes, Pernambuco e Brasil. Estudo de Linha de Base, PROESF–UFPel, Lote 2 NE,
pág. 79
2005.
Indicadores do Pacto da Atenção Básica de 2002 relativos à saúde da mulher para Jaboatão dos
Guararapes, Pernambuco e Brasil. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE,
pág. 80
2005.
Indicadores do Pacto da Atenção Básica de 2002 relativos a doenças crônicas para Jaboatão
dos Guararapes, Pernambuco e Brasil. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, pág. 81
2005.
Indicadores do Pacto da Atenção Básica de 2005 relativos à saúde bucal para Jaboatão dos
pág. 81
Guararapes, Pernambuco e Brasil. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE,
2005.
Participação dos profissionais no atendimento à demanda em Jaboatão dos Guararapes, por
pág. 83
modelo de atenção e no Lote 2 NE. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE,
13
Tabela 3.27
Tabela 3.28
Tabela 3.29
Tabela 3.30
Tabela 3.31
Tabela 3.32
Tabela 3.33
Tabela 3.34
Tabela 3.35
Tabela 3.36
Tabela 3.37
Tabela 3.38
Tabela 3.39
Tabela 3.40
Tabela 3.41
Tabela 3.42
Tabela 3.43
Tabela 3.44
Tabela 3.45
Tabela 3.46
Tabela 3.47
Tabela 3.48
Tabela 3.49
Tabela 3.50
Tabela 3.51
Tabela 3.52
2005.
Condições de nascimento das crianças de Jaboatão dos Guararapes, por modelo de atenção.
Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Características do acompanhamento de puericultura das crianças estudadas em Jaboatão dos
Guararapes, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE,
2005.
Características do estado vacinal das crianças estudadas em Jaboatão dos Guararapes de acordo
com o registro do cartão de vacinas, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base,
PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Prevalência de diarréia no último mês e características das consultas pelo problema das
crianças estudadas em Jaboatão dos Guararapes, por modelo de atenção. Estudo de Linha de
Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Prevalência de pneumonia nas crianças nos últimos 6 meses e características das consultas pelo
problema em Jaboatão dos Guararapes, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base,
PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Características das consultas por outros motivos além de diarréia e pneumonia das crianças
estudadas em Jaboatão dos Guararapes, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base,
PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Características de saúde bucal das crianças estudadas em Jaboatão dos Guararapes, por modelo
de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Características do pré-natal das mulheres estudadas em Jaboatão dos Guararapes, por modelo
de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Orientações sobre aleitamento fornecidas no pré-natal realizado na Unidade Básica de Saúde
da área de abrangência em Jaboatão dos Guararapes, por modelo de atenção. Estudo de Linha
de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Utilização de métodos anticoncepcionais pelas mulheres estudadas em Jaboatão dos
Guararapes, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE,
2005.
Características da consulta ginecológica no último ano das mulheres estudadas em Jaboatão
dos Guararapes, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2
Nordeste, 2005.
Prevenção do câncer de colo uterino nas mulheres estudadas em Jaboatão dos Guararapes, por
modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Consultas por outros motivos além do ginecológico das mulheres estudadas em Jaboatão dos
Guararapes, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE,
2005.
Características de saúde bucal das mulheres estudadas em Jaboatão dos Guararapes, por
modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Atividade física dos adultos estudados em Jaboatão dos Guararapes, por modelo de atenção.
Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Hipertensão Arterial Sistêmica nos adultos estudados em Jaboatão dos Guararapes, por modelo
de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Diabetes Mellitus nos adultos estudados em Jaboatão dos Guararapes, por modelo de atenção.
Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Problemas de nervos nos adultos estudados em Jaboatão dos Guararapes, por modelo de
atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Prevenção do câncer de colo uterino nas mulheres da amostra de adultos de Jaboatão dos
Guararapes, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE,
2005.
Características de saúde bucal dos adultos estudados em Jaboatão dos Guararapes, por modelo
de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Atividade física dos idosos estudados em Jaboatão dos Guararapes, por modelo de atenção.
Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Hipertensão Arterial Sistêmica nos idosos estudados em Jaboatão dos Guararapes, por modelo
de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Diabetes Mellitus nos idosos estudados em Jaboatão dos Guararapes, por modelo de atenção.
Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Problemas de nervos nos idosos estudados em Jaboatão dos Guararapes, por modelo de
atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Necessidades de cuidado domiciliar dos idosos estudados em Jaboatão dos Guararapes, por
modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Características de saúde bucal dos idosos estudados em Jaboatão dos Guararapes, por modelo
de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
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14
APRESENTAÇÃO
O relatório apresenta os resultados do Estudo de Monitoramento e Avaliação do
Projeto de Expansão e Consolidação do Saúde da Família (PROESF) no município de
Jaboatão dos Guararapes incluído na amostra do Lote 2 Nordeste, coordenado e
financiado nacionalmente pelo Ministério da Saúde.
O ELB, através de uma abordagem epidemiológica, avaliou a atenção básica à
saúde em suas dimensões político-institucional, organizacional da atenção, cuidado
integral e desempenho do sistema.
O relatório enfatiza o recorte utilizado no ELB, descreve os achados sobre a
atenção básica e estabelece uma avaliação do Estudo no Município de Jaboatão dos
Guararapes.
Outras informações sobre o ELB para o conjunto dos municípios do Lote 2 NE,
incluindo o Relatório Final, já aprovado pelo Ministério da Saúde, estão disponíveis na
página do Projeto na Internet: http://www.epidemio-ufpel.org.br/proesf/index.htm.
15
RESUMO
O Estudo de Monitoramento e Avaliação do PROESF no Lote 2 Nordeste, sob responsabilidade da
Universidade Federal de Pelotas, foi iniciado em fevereiro de 2005, incluindo 20 municípios de mais de
100 mil habitantes dos estados de Alagoas1, Paraíba2, Pernambuco3, Piauí4 e Rio Grande do Norte5.
O Estudo de Linha de Base utilizou um delineamento transversal e incluiu a coleta de dados primários nos
municípios. Em Jaboatão dos Guararapes o estudo foi realizado em sete dias. O trabalho de campo
abrangeu entrevista com o Presidente de Conselho Municipal de Saúde o Secretário Municipal de Saúde e
o Coordenador de Atenção Básica / PSF. Em relação aos instrumentos do âmbito da UBS, a
caracterização da estrutura alcançou os nove serviços amostrados. Também foram coletadas informações
de 243 profissionais de saúde, o que corresponde a uma média de 30 profissionais por UBS. O somatório
da avaliação da demanda de um dia típico de trabalho das UBS estudadas, totalizou 1024 atendimentos, o
que corresponde a uma média de 114 atendimentos por dia por UBS. Na amostra populacional, foram
entrevistadas 162 crianças (100% do estimado); 161 mulheres (99% do estimado); 157 adultos (97% do
esperado) e 146 idosos (90% do esperado). Na média foram aplicados 17 questionários em cada estrato da
amostra populacional de cada UBS. O processamento e análise dos dados foram concluídos em dezembro
de 2005. O controle de qualidade foi realizado, por telefone, mediante aplicação de questionários
reduzidos alcançando cerca de 5% dos domicílios selecionados para a amostra populacional.
Os achados do Estudo demonstram que de modo geral, a situação socioeconômica de Jaboatão dos
Guararapes é melhor que a do conjunto dos municípios do Lote. Em relação a atenção básica, com o PSF
implantado desde 2000, o município atingiu em 2005 uma cobertura de cerca de 22% da população,
atingindo com o índice a mais baixa cobertura entre os municípios de Pernambuco incluídos no estudo e
também do Lote 2 NE. No âmbito da gestão da Atenção Básica à Saúde destaca-se que 58% dos
profissionais referiu contar com supervisão semanal de suas atividades na UBS (58%) e, comparando-se
com o total do Lote 2 NE, os trabalhadores de Jaboatão dos Guararapes apresentaram índices de
capacitação inferiores para a maioria dos cursos estudados, porém superiores entre os profissionais das
UBS do PSF. As relações de trabalho indicaram ingresso por concurso público para somente 33% dos
trabalhadores estudados em e vínculo tipicamente precário (sem garantias trabalhistas) foi referido por
53%, com predomínio entre os vinculados às UBS do PSF (92%). O acesso dos profissionais de Jaboatão
dos Guararapes às publicações do Ministério da Saúde foi pequeno, variando de 6% a 38%, sendo maior
entre os trabalhadores das UBS do PSF. Os indicadores do Pacto da Atenção Básica de Jaboatão dos
Guararapes foram, no geral intermediários quando comparados ao estado e país, destacando-se
positivamente aqueles referentes à saúde da mulher e à proporção de óbitos infantis em menores de um
ano por causas mal definidas. Sobre o desempenho da ABS local os destaques foram prevenção do câncer
de colo uterino e orientações em aleitamento materno durante a gestação. De qualquer maneira, a
adequação da estrutura da rede básica, da supervisão e da capacitação dos profissionais de saúde,
juntamente com a superação dos desafios da avaliação e monitoramento da atenção básica, serão
fundamentais para o desenvolvimento do SUS e da saúde da população no município.
A complexidade do estudo e sua abrangência não impediram o cumprimento adequado do cronograma
previsto. A qualidade da equipe técnica envolvida nas diversas atividades do estudo e a participação dos
representantes do município devem ser destacadas como razões fundamentais para o bom andamento do
Projeto. Este resultado também se deveu ao apoio recebido do Ministério da Saúde, com especial
destaque para a Coordenação de Acompanhamento e Avaliação do Departamento de Atenção Básica da
Secretaria de Atenção à Saúde e o Grupo de Acompanhamento dos Estudos de Linha de Base.
1
Municípios de Alagoas: Arapiraca e Maceió.
Municípios da Paraíba: Campina Grande, João Pessoa e Santa Rita.
3
Municípios de Pernambuco: Cabo de Santo Agostinho, Camaragibe, Caruaru, Garanhuns, Jaboatão dos
Guararapes, Olinda, Paulista, Petrolina, Recife e Vitória de Santo Antão.
4
Municípios do Piauí: Parnaíba e Teresina.
5
Municípios do Rio Grande do Norte: Mossoró, Parnamirim e Natal.
2
17
18
1 INTRODUÇÃO
O Projeto Integrado de Capacitação e Pesquisa em Avaliação da Atenção Básica
à Saúde, sob responsabilidade do Departamento de Medicina Social, do Departamento
de Enfermagem e do Centro de Pesquisas Epidemiológicas da Universidade Federal de
Pelotas (UFPel), está vinculado ao Componente 3 (Monitoramento e Avaliação) do
Projeto de Expansão e Consolidação do Saúde da Família (PROESF) do Ministério da
Saúde (MS), incluindo a totalidade dos 20 municípios dos estados de Alagoas, Paraíba,
Pernambuco, Piauí e Rio Grande do Norte do Lote 2 NE, contando com a participação
de gestores e de trabalhadores de saúde.
A pesquisa através do Estudo de Linha de Base (ELB) incluiu quatro dimensões
orientadoras da avaliação da atenção básica: político-institucional, organizacional da
atenção, cuidado integral e desempenho do sistema de saúde (Ministério da Saúde,
2004). Através de abordagem epidemiológica se avaliou o quanto às exposições ao
PROESF e ao PSF afetam a variabilidade dos indicadores de cobertura, desempenho do
sistema de saúde e situação de saúde da população, estabelecendo uma referência para
avaliações e acompanhamentos futuros.
Os municípios estudados estão recebendo apoio à Conversão do Modelo de
Atenção Básica à Saúde, buscando estruturar a Estratégia Saúde da Família como porta
de entrada do SUS e viabilizar o acesso a outros níveis de complexidade, para assegurar
assistência integral aos usuários (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2004). Este processo foi
analisado como uma intervenção, cujos efeitos no presente podem ser observados em
municípios e população estratificados por estado da federação, porte populacional,
região metropolitana e modelo de atenção básica à saúde. Os efeitos históricos da
intervenção poderão ser observados em um segundo tempo, através da repetição do
estudo.
O ELB corresponde ao primeiro tempo de uma avaliação prospectiva sobre a
ABS e o PSF, mas também de uma análise da intervenção do PROESF na reorientação
do modelo de ABS.
19
A epidemiologia foi o eixo que estruturou a abordagem do ELB, orientando a
articulação complexa entre as dimensões sob estudo e os níveis de análise empírica. As
dimensões político-institucional, organizacional da atenção, cuidado integral e
desempenho do sistema foram tomadas como categorias abstratas da avaliação e
hierarquizaram conceitualmente as variáveis estudadas, enquanto os níveis de análise
hierarquizaram as variáveis, conforme sua operacionalização nas diversas fontes de
informação, primárias e secundárias, quantitativas e qualitativas, individuais e coletivas.
Este relatório apresenta a metodologia e os resultados do ELB no Município de
Jaboatão dos Guararapes, PE. A metodologia detalha as diversas etapas do estudo,
desde seu delineamento e o planejamento do trabalho de campo, até o processamento e
a análise dos dados.
Os resultados enfatizam os recortes utilizados no ELB, descrevendo a situação
da atenção básica à saúde no município e contrastando os dados de fontes secundárias
com aqueles do Estado e do país. Ao final, se estabelece uma avaliação do Estudo no
Município de Jaboatão dos Guararapes.
20
2 METODOLOGIA
2.1 Delineamento do Estudo de Linha de Base (ELB)
O delineamento é um meio de garantir relações válidas de causa e efeito entre as
variáveis em estudo (SUSSER, 1996). Os delineamentos ideais na avaliação de
programas ou serviços de saúde dependem da natureza dos programas e da precisão das
estimativas a serem obtidas. Estudos transversais são excelentes para avaliações de
adequação da cobertura ou qualidade de serviços, mas também podem ser utilizados em
avaliações de plausibilidade na comparação de modelos ou programas de saúde
(HABICHT, 1999, SANTOS, 2004; VICTORA, 2004).
Na área da saúde pública, estudos observacionais que testem a efetividade das
intervenções sob condições de rotina são mais adequados do que ensaios randomizados.
Para que seus resultados forneçam subsídios para as políticas de saúde, os estudos não
randomizados precisam ser alvo de tanta atenção quanto a que tem sido dedicada, nos
últimos anos, aos estudos randomizados (SANTOS, 2004; VICTORA, 2004).
A declaração TREND é uma iniciativa recente que busca contribuir para esse
fim, ao definir uma série de normas para o delineamento e divulgação de estudos
observacionais de avaliação de programas e serviços de saúde (DES JARLAIS, 2004).
O ELB segue os fundamentos dos estudos transversais, com grupos de
comparação, utilizando medidas com múltiplos níveis de agregação, em relação às
diferentes dimensões observadas (ROTHMAN, 1998). O estudo também pode ser
caracterizado como multicêntrico de efetividade e linha de base para determinar o
impacto do PROESF / PSF nos indicadores de desempenho do sistema de saúde e de
situação de saúde da população, incluindo todos os 20 municípios.
O delineamento do estudo procurou minimizar o viés de seleção incluindo a
totalidade dos municípios e amostras proporcionais de unidades básicas de saúde do
Lote 2 NE, juntamente com uma complexa estratificação de variáveis independentes
para o estabelecimento de comparações (DES JARLAIS, 2004; ROTHMAN, 1998).
21
O delineamento transversal foi qualificado tanto através da estratificação das
UBS segundo o modelo de atenção (Tradicionais e PSF), quanto pela possibilidade de
controlar o efeito do PSF, estratificando suas UBS conforme o período de implantação,
anterior ou posterior a intervenção do PROESF. No caso de Jaboatão dos Guararapes
foram selecionadas três UBS Tradicionais e seis de PSF (três UBS pré-PROESF e três
pós-PROESF). A obtenção de informações estruturadas para o âmbito da gestão, do
controle social, das unidades básicas de saúde, dos usuários e da população também
enriqueceu o delineamento do estudo, especialmente com a inclusão de questões abertas
que qualificaram as questões fechadas que predominam na abordagem epidemiológica.
A coleta de dados secundários de bases nacionais também foi outro aspecto do
delineamento do estudo que complementou a abordagem transversal do objeto.
As variáveis selecionadas caracterizaram as dimensões político-institucional,
organizacional da atenção, cuidado integral e desempenho do sistema.
A dimensão político-institucional examina principalmente os aspectos relativos à
gestão do SUS e da ABS. Seu âmbito é fundamentalmente o do agregado do município.
Neste âmbito, os modelos de atenção são caracterizados como políticas, ilustradas por
diferenças históricas e conjunturais na cobertura populacional.
A dimensão organizacional da atenção caracteriza aspectos da gestão da ABS e
do PSF, mas aproxima seu olhar da UBS e dos fluxos entre os níveis de atenção do
SUS. Neste âmbito, a dicotomia entre os modelos de ABS, Tradicional e PSF, passa a se
materializar nas práticas de gestão e a oferta de serviços básicos e especializados. Este é
o âmbito do detalhamento e constituição das políticas de saúde e, particularmente, da
reorientação do modelo de atenção básica à saúde.
A dimensão do cuidado integral focaliza a UBS, suas práticas e recursos na
abordagem das necessidades de saúde da população. Examina as estratégias de indução
da integralidade e o processo de trabalho na ABS.
Por fim, a dimensão desempenho do sistema analisa a utilização dos serviços de
ABS e a situação de saúde da população, permitindo observar as diferenças tanto para
os agregados geopolíticos, quanto para os modelos de atenção.
22
2.2 Amostra e Amostragem do ELB
O universo para este recorte do estudo é constituído pelo município de Jaboatão
dos Guararapes. Neste universo foi realizada uma amostra estratificada por múltiplos
estágios para selecionar unidades básicas de saúde, profissionais de saúde, usuários e
indivíduos residentes na área de abrangência dos serviços (LEMESHOW, 1990; LEVY,
1980; LWANGA, 1991).
2.2.1 Amostra de UBS
Tomando-se uma lista de UBS fornecida pelo município de Jaboatão dos
Guararapes foram sorteadas aleatoriamente nove UBS, que orientaram a seleção das
amostras de profissionais de saúde, usuários e população da área de abrangência dos
serviços. Foram incluídas três UBS do PSF pré-PROESF (Curcurana,Grupiara e
Loreto), três do PSF pós-PROESF (Dois Carneiros Alto, Jardim Piedade e Jardim
Prazeres) e três Tradicionais (Barra de Jangada, Curado Quatro e Francisco Loureiro).
2.2.2 Amostra de profissionais de saúde
Em cada UBS se procurou obter informações de todos os trabalhadores de saúde
em atividade, através de um questionário auto-aplicado.
Foram incluídos tanto os profissionais de saúde de nível superior (médicos,
enfermeiros e demais profissões), quanto os profissionais de nível médio (auxiliares de
enfermagem, recepcionistas, etc) e os Agentes Comunitários de Saúde (ACS).
2.3 Amostra de usuários: demanda atendida nas UBS
Em relação à amostra de usuários, a estratégia amostral foi registrar todos os
atendimentos de um dia de trabalho em cada UBS selecionada, incluindo aqueles
realizados por ACS. A base de registro utilizada foi a Ficha de Atendimento
Ambulatorial (FAA) do SUS, documento utilizado cotidianamente nas UBS para efeitos
gerenciais e contábeis. Utilizou-se um formulário-espelho, que continha todas as
informações da FAA e facilitava a digitação eletrônica dos dados. As informações sobre
23
a avaliação da demanda estão mais detalhadas no item de instrumentos do estudo e na
seção de Resultados do ELB.
2.2.4 Amostra de população da área de abrangência das UBS
A amostra populacional foi dividida em 4 grupos, crianças de um a três anos de
idade, mulheres que tiveram filhos nos últimos dois anos, adultos entre 30 e 64 anos de
idade e idosos a partir dos 65 anos de idade. Estes indivíduos foram localizados na área
de abrangência de cada uma das UBS, através de amostragem sistemática. Para compor
a amostra do Lote 2 NE, selecionou-se cerca de 2100 indivíduos em cada um dos
grupos, cujo tamanho era suficiente para examinar diferenças de 25 a 30% entre os
modelos de atenção das UBS (PSF x Tradicional), com um poder estatístico de 80% e
prevalências dos desfechos de no mínimo 25%. Estes parâmetros permitiram avaliar
diferenças na utilização de serviços de saúde, realização de procedimentos preventivos e
acompanhamento de atividades programáticas. Esta amostra foi dividida pelo número
de UBS selecionadas (120) resultando em um número de 18 entrevistas a serem
realizadas para cada grupo populacional da área de abrangência de cada uma delas.
2.3 Trabalho de Campo no Município: Logística e Instrumentos de Fonte Primária
O trabalho de campo em Jaboatão dos Guararapes iniciado em 09 de junho de
2005 e concluído em 15 de junho de 2005 foi realizado por uma equipe de dez
supervisores criteriosamente selecionados e capacitados para o desenvolvimento de
cada uma das etapas do trabalho de campo.
A pactuação de uma agenda de trabalho de campo com o Município foi uma das
estratégias utilizadas para operacionalizar o cronograma estabelecido. O apoio recebido
do gestor, coordenação de atenção básica e de saúde da família, representantes do
controle social, trabalhadores das unidades básicas de saúde, agentes comunitários de
saúde e população entrevistada foram fundamentais para a realização do trabalho. A
capacitação e a motivação do grupo de supervisores também foram extremamente
relevantes para o sucesso deste trabalho.
Apresenta-se a seguir o detalhamento da logística no trabalho de campo para
cada um dos instrumentos utilizados na coleta de dados primários. Os instrumentos
24
estão disponíveis da página do PROESF-UFPEL na Internet e são de livre acesso –
http://www.epidemio-ufpel.org.br/proesf/index.htm
a. Gestor e Coordenador de Atenção Básica e PSF
Os dados referentes ao gestor e coordenador eram coletados através de
questionário auto-aplicado destinado a registrar informações demográficas, de formação
profissional e experiência na gestão, além de caracterizar os aspectos políticoinstitucionais da ABS e do PSF no município. Depois de preenchidos, os instrumentos
foram enviados á coordenação do Projeto para revisão, codificação e digitação na sede
do estudo na cidade de Pelotas.
Infelizmente não foi possível obter o questionário com as informações de Fonte
Documental de Jaboatão dos Guararapes, aspecto que limitou o presente relatório,
especialmente em termos da avaliação institucional do SUS e da atenção básica à saúde
no município.
b. Entrevista com o Presidente do Conselho Municipal de Saúde
Para a aplicação deste instrumento foi solicitado o agendamento prévio da
entrevista realizada por um supervisor do trabalho de campo.
c. Processo de Trabalho
Este instrumento foi preenchido em reuniões nas unidades básicas amostradas,
após a convocação por parte dos coordenadores das UBS. Os trabalhadores presentes no
dia da reunião discutiam os aspectos da organização do trabalho, as atividades
realizadas, os responsáveis por sua realização, os instrumentos e insumos utilizados,
além de identificar os principais problemas do processo de trabalho e sugestões de
melhoria.
d. Estrutura da UBS
O instrumento para captar informações sobre a estrutura da UBS era
fundamentalmente fechado e poderia ser preenchido coletivamente em uma reunião de
equipe, ou por um responsável pela UBS, com o apoio de pessoas-chave nos diversos
setores. A tarefa foi realizada durante o trabalho de campo (TC) na UBS. Enquanto
realizavam o levantamento de informações populacionais na área de abrangência, os
supervisores apoiaram o preenchimento do instrumento pelo responsável na UBS.
25
e. Equipe de saúde
O questionário individual auto-aplicado era dirigido a todos os trabalhadores
lotados na UBS, incluindo profissionais de nível superior, médio e os ACS. As questões
eram todas estruturadas e predominantemente fechadas, mas várias questões abertas
foram utilizadas para qualificar a informação quantitativa. O instrumento da equipe de
saúde foi distribuído pelos supervisores às UBS, juntamente com os demais
questionários. Durante o TC na UBS, os supervisores orientaram o preenchimento e
motivaram os trabalhadores a participar do estudo. Depois de preenchidos, os
instrumentos foram recolhidos pelos supervisores e enviados para revisão, codificação e
digitação na sede do estudo na cidade de Pelotas.
f. Demanda da UBS – PACOTAPS
Utilizando um formulário baseado na Ficha de Atendimento Ambulatorial
(FAA) do SUS, todos os atendimentos de um dia de trabalho na UBS foram registrados,
incluindo os agentes comunitários de saúde.
Estes formulários foram digitados no software PACOTAPS (TOMASI, 2003),
capaz de identificar a dimensão do acesso da população aos serviços, a qualidade do
registro das atividades, produzir análises sobre o perfil demográfico e epidemiológico
da demanda nas unidades básicas de saúde.
O software é de fácil utilização por indivíduos sem conhecimentos prévios de
informática e epidemiologia e possibilita delinear com maior nitidez o perfil da
demanda, avaliar os serviços ao longo do tempo, comparar serviços entre si, em
momentos determinados, de acordo com as demandas do espaço de gestão. Permite
ainda, identificar com precisão e atualidade através de seus relatórios, informações
sobre o gênero, os grupos etários, os principais motivos de consulta, os medicamentos
mais prescritos, os exames mais solicitados e os encaminhamentos realizados.
O software foi distribuído ao município e os representantes das SMS e das UBS
foram capacitados para sua utilização na avaliação dos serviços básicos durante as
Oficinas Regionais. Este aplicativo também pode ser obtido na página do Projeto na
Internet no endereço citado anteriormente.
26
g. Amostra Populacional
Foram realizadas entrevistas individuais, domiciliares, com questionários
estruturados, abordando questões relevantes para o estudo em amostras independentes
de crianças, mulheres, adultos e idosos. As questões eram todas estruturadas e
predominantemente fechadas, mas também havia questões abertas para qualificar as
respostas fechadas. Para a caracterização socioeconômica das amostras, foram utilizadas
a renda per capita em salários mínimos e a classificação da ANEP / ABIPEME
(RUTTER, 1988), esta última composta de informações sobre a escolaridade do chefe
da família, da disponibilidade de empregada mensalista e sobre a posse de bens
eletrodomésticos.
Para a aferição de alcoolismo (adultos), foi utilizado o teste CAGE (MASUR,
1983; SOINBELMAN, 1992), composto de quatro questões, sendo mais de duas
afirmativas um indicador de dependência de bebida alcoólica.
As entrevistas foram realizadas por supervisores selecionados e capacitados
especialmente para estas atividades pela equipe técnica do projeto. A amostra
populacional foi localizada na área de abrangência da UBS, que foi o ponto inicial para
a coleta de dados. Todos os domicílios do percurso seguido a partir da UBS até os
limites da área foram visitados em busca dos indivíduos elegíveis de acordo com o
grupo populacional.
A baixa densidade de indivíduos elegíveis em cada domicílio facilitou a
distribuição da amostra por toda a área de abrangência da UBS, minimizando as
possibilidades de viés de seleção ou efeito de cluster nas amostras (ROTHMAN, 1998).
Assim, se procedeu à inclusão consecutiva dos domicílios para a composição da
amostra.
Caso em um domicílio não residisse o indivíduo com as características
requeridas, passava-se ao seguinte, respeitando a orientação do deslocamento pela área
de abrangência. Nos domicílios selecionados, somente um indivíduo elegível (crianças,
mulheres que tiveram filho nos últimos dois anos, adultos e idosos) foi convidado a
participar do estudo, explicando-se a sua finalidade e apresentando termo de
consentimento informado. Nos domicílios em que se encontraram duas crianças ou duas
mulheres elegíveis, a mais jovem foi entrevistada. Para os adultos e idosos esta regra se
inverteu, sendo elegível o mais velho.
27
2.4 Levantamento de Dados em Fontes Secundárias
Integrando o Estudo de Linha de Base do PROESF, foram sistematizados para o
município, o Estado, o Lote e o país, dois conjuntos de informações oriundas de bases
nacionais disponíveis (Ministério da Saúde, DATASUS e IBGE.).
O primeiro conjunto diz respeito aos 34 indicadores do Pacto da Atenção Básica,
instrumento de monitoramento e avaliação do desempenho da atenção básica por parte
do Ministério da Saúde (2003).
O segundo conjunto de informações está baseado nos Indicadores de
Monitoramento da Expansão do PSF em Grandes Centros Urbanos, de Julho de
2002, trabalho coordenado pela Dra. Ana Luiza D’Ávila Viana (2002). Do total dos
indicadores propostos, foi selecionado para análise um conjunto que fornece
informações de acordo com três eixos:
1. Perfil epidemiológico e sócio-demográfico da população;
2. Financiamento da saúde, da atenção básica e do PSF;
3. Organização da assistência, do cuidado e desempenho do sistema.
2.5 Processamento dos Dados
A complexidade da avaliação da atenção básica no âmbito do PROESF requer
que o conhecimento produzido seja baseado em informações as mais fidedignas
possíveis. Até traduzir-se em informações, todos os dados coletados durante o trabalho
de campo são objeto de um conjunto de atividades, sistemática e rigorosamente
encadeada. Estas atividades vão desde a recepção e classificação dos instrumentos até as
análises mais complexas e informativas.
Uma das peculiaridades do nosso estudo sobre a atenção básica no Brasil é a
extensa e variada gama de abordagens e instrumentos utilizados: dados quantitativos e
qualitativos, dados primários e secundários, dados com foco na gestão municipal da
saúde, dados com foco nas unidades básicas e dados com foco na população residente
na área de abrangência da UBS. Cada uma destas categorias se relaciona com as demais,
o que imprime um alto grau de complexidade a todas as tarefas de preparar estes dados
para análise.
28
As atividades relacionadas ao processamento dos dados oriundos dos diferentes
instrumentos do estudo estão descritas em ordem cronológica e seqüencial. Em seguida,
são apresentados os diferentes bancos de dados, agregados por tipos de instrumentos.
Estão disponibilizados na página do Projeto na Internet os materiais de apoio ao
processamento dos dados, especialmente construídos para o estudo.
2.5.1 Recepção e classificação dos instrumentos
Os instrumentos completados no trabalho de campo entravam no processamento
por município, na mesma ordem da realização da coleta de dados. Uma vez “na bancada
de trabalho”, os diferentes instrumentos eram separados por tipo para identificação.
2.5.2 Identificação e constituição dos lotes
Nesta fase, o questionário recebia um identificador numérico único. Para os
questionários da população da área de abrangência da UBS e dos profissionais, o
identificador possuía sete algarismos: um para o Estado, dois para o município, dois
para a UBS e dois para o entrevistado. Para os questionários da estrutura e do processo
de trabalho na UBS, o identificador possuía cinco algarismos: um para o Estado, dois
para o município e dois para a UBS. Para os questionários do nível municipal, o
identificador era de três algarismos: um para o Estado e dois para o município. Para o
estudo de demanda, cujo instrumento foi a “ficha-espelho” da Ficha de Atendimento
Ambulatorial, a identificação era dada pelo código da UBS junto ao Sistema de
Informações Ambulatoriais do Sistema Único de Saúde (SIA – SUS).
Para cada conjunto de instrumentos do mesmo tipo e da mesma UBS era
constituído um lote de questionários, obedecendo a uma numeração seqüencial utilizada
no formulário “capa de lote”. Neste formulário, eram registrados os números de
identificação de cada questionário do lote, além do município, UBS, total de
questionários, data e responsável pelo fechamento do lote.
Para cada município, foram sistematizados os totais de cada instrumento
efetivamente completado no trabalho de campo, excluídas as perdas e recusas. Estes
números eram registrados em uma planilha do processamento por município e UBS,
denominada “Listagem de Controle de Lote”. Esta rotina dava início ao processamento
29
propriamente dito, com a seguinte seqüência de tarefas para os questionários
populacionais e dos profissionais:
•
codificação de questões fechadas
•
tabulação de questões abertas
•
codificação de questões abertas
•
revisão final
•
digitação
A primeira folha de cada questionário recebia um carimbo com a seqüência das
tarefas acima citadas para registro de datas e responsáveis.
2.5.3 Bancos de Dados Estruturados
a.Questionários populacionais, estrutura de UBS e profissionais de saúde
Para os questionários populacionais (crianças, mulheres, adultos e idosos), da
estrutura da UBS e dos profissionais foram criados bancos de dados no EPI-INFO, que
permite validação da entrada de dados para amplitude e consistência das variáveis.
b. Demanda ambulatorial
As fichas-espelho do estudo de demanda foram inicialmente contadas e
revisadas. Para cada procedimento era identificado um código na Tabela de
Procedimentos do SIA-SUS e para cada diagnóstico era identificado um código na
Classificação Internacional de Doenças – 10ª. Revisão (CID-10). Para facilitar o
trabalho de codificação, foram identificados os códigos de maior utilização, o mesmo
acontecendo com os códigos da CID-10 para os diagnósticos.
A seguir, as fichas-espelho eram digitadas no aplicativo PACOTAPS, uma
ferramenta desenvolvida pela equipe (TOMASI, 2003) para subsidiar o planejamento e
a avaliação de serviços básicos de saúde.
c. Processo de trabalho, Gestor Municipal, Coordenador da Atenção Básica
e Presidente do Conselho Municipal de Saúde
Todas as questões abertas destes instrumentos foram digitadas em programa de
edição de textos para posterior análise.
30
Para as questões fechadas (pré-codificadas) foram criados bancos de dados no
EPI-INFO, a exemplo dos instrumentos populacionais, da estrutura da UBS e dos
profissionais de saúde.
2.6 Controle de Qualidade
O controle de qualidade foi realizado, por telefone, mediante aplicação de
questionários reduzidos para alcançar, no mínimo, 5% dos domicílios selecionados.
Estes questionários eram compostos por perguntas-chave para identificar possíveis erros
ou respostas falsas. Para tanto, foi sorteado um questionário relativo a cada grupo
populacional investigado (criança, mulher, adulto e idoso) por Unidade Básica de
Saúde.
Para padronizar e qualificar a coleta dos dados do controle de qualidade, uma
pessoa especialmente treinada para este fim, realizou o contato telefônico. Não
existindo a possibilidade de contato telefônico com a pessoa sorteada, uma busca pelo
endereço ou pela respectiva UBS, era realizada na tentativa de localizar e coletar os
dados do entrevistado, não havendo, portanto, substituição para evitar possíveis vieses.
Para checagem imediata da consistência das informações, através de uma
planilha, algumas respostas referidas pelo entrevistado no contato feito pelo supervisor
eram comparadas com as repostas referidas no momento da aplicação do questionário
de controle de qualidade. Esta medida facilitava a detecção precoce de possíveis erros
na coleta dos dados e possibilitava a intervenção imediata junto ao supervisor do
trabalho de campo. A atividade de controle de qualidade era supervisionada diariamente
por um dos membros da equipe. Ao final, foi realizada a checagem da consistência das
informações através do índice de concordância de Kappa (LANDIS, 1977).
Os resultados do controle de qualidade para a totalidade dos municípios estão
disponíveis no Relatório Final do Lote 2 NE, na página do Projeto na Internet.
2.7 Análise dos Dados
Digitados no programa EPI-INFO 6.04b, os bancos de dados foram exportados
através do aplicativo STAT TRANSFER 5.0 para o pacote estatístico SPSS 10.0 para
Windows, utilizado para as análises. Inicialmente, procedeu-se às análises descritivas,
31
verificando a distribuição dos casos em cada variável. Nas comparações também foram
considerados os achados do Lote 2 NE, Estado e país. Em continuação, as variáveis de
interesse foram analisadas segundo o modelo de UBS, buscando-se identificar padrões
de desempenho em serviços do PSF e Tradicionais.
32
3 RESULTADOS
3.1 Contexto
3.1.1 Situação Demográfica e Socioeconômica de Jaboatão dos Guararapes
Em 2000, de acordo com informações do Atlas IDH e dos Cadernos de
Informações em Saúde, Jaboatão dos Guararapes possuía 581.556 habitantes. Seu Índice
de Desenvolvimento Humano (IDH) era de 0,777, pouco superior ao de Pernambuco e
ao do Brasil. Ainda em relação estado e ao país apresentava maior taxa bruta de
natalidade, maior expectativa de vida, menor proporção de crianças abaixo de cinco
anos de idade, menor proporção de idosos, maior cobertura de água encanada e menor
de prevalência de esgoto. Considerando a prevalência de pobres na população, o
indicador de Jaboatão de Guararapes foi superior ao do Brasil, mas inferior ao de PE
(Tabela 3.1).
Tabela 3.1 - Indicadores demográficos e socioeconômicos para Jaboatão dos
Guararapes, Pernambuco e Brasil. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote
2 NE, 2005.
Indicador
Jaboatão dos
Guararapes
PE
Brasil
IDH-2000
0,777
0,705
0,766
Taxa bruta de natalidade
19,82
19,3
17,52
Expectativa de vida
72,80
67,32
68,61
% de menores de 5 anos
9,53
10,07
9,68
% de idosos
6,53
8,85
8,45
% de pobres
39,09
51,31
32,75
% de alfabetizados
83,6
72,9
83,3
% de água encanada
78,8
69
75,8
% de esgoto
20,0
32,4
44,4
Fonte: Atlas IDH e Cadernos de Informações em Saúde de 2000.
33
3.1.2 Amostra de Unidades Básicas de Saúde
Para o ELB foram selecionadas em Jaboatão dos Guararapes três UBS do PSF
pré-PROESF (Curcurana,Grupiara e Loreto), três do PSF pós-PROESF (Dois Carneiros
Alto, Jardim Piedade e Jardim Prazeres) e três Tradicionais (Barra de Jangada, Curado
Quatro e Francisco Loureiro).
3.1.3 Amostra de Profissionais de Saúde
Durante a avaliação de oito UBS foram estudados 243 profissionais de saúde,
sendo 28 médicos (12%), 9 enfermeiros (4%), 20 outros profissionais de nível superior
(9%), 22 auxiliares e técnicos de enfermagem (9%), 93 agentes comunitários de saúde
(40%) e 61 outros profissionais de nível médio (26%), faltando informações sobre a
atividade profissional para 10 trabalhadores das oito UBS e para a UBS Jardim dos
Prazeres (Tabela 3.2).
Encontrou-se maior proporção de médicos, auxiliares e técnicos de enfermagem
e outros profissionais de nível médio nas UBS do modelo Tradicional, e de enfermeiros,
outros profissionais de nível superior e agentes comunitários de saúde nas UBS do PSF.
(Tabela 3.2).
Tabela 3.2 - Distribuição da amostra de trabalhadores de saúde por atividade
profissional em Jaboatão dos Guararapes, por modelo de atenção. Estudo de Linha
de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Atividade profissional
Jaboatão dos Guararapes (%)
PSF
Tradicional
Total
Médicos
8
14
12
Enfermeiros
9
2
4
Outros profissionais de nível superior
11
8
7
Auxiliares e técnicos de enfermagem
9
10
9
Agentes comunitários de saúde (ACS)
51
36
40
Outros profissionais de nível médio
12
32
26
34
3.1.3.1 Distribuição dos Trabalhadores por Modelo de Atenção e por Unidade
Básica de Saúde
Em relação ao modelo de atenção, 44 (18%) trabalhadores estavam vinculados
às UBS do PSF pré-PROESF, 22 (9%) às do PSF pós-PROESF e 177 (73%) às
Tradicionais. A Tabela 3.3 apresenta a distribuição dos trabalhadores de saúde em
relação as UBS selecionadas.
Tabela 3.3 - Distribuição da amostra dos trabalhadores de saúde por Unidade Básica
de Saúde de Jaboatão dos Guararapes. Estudo de Linha de Base, PROESF-UFPel,
Lote 2 NE, 2005.
Trabalhadores N (%)
Unidade
Básica de
Saúde
Barra de
Médicos Enfermeiros
Outros
de nível
superior
Auxiliares e
técnicos de
enfermagem
ACS
Outros
de
nível
médio
Total
8(30)
--*
4(15)
2(7)
3(11)
10(37)
27(100)
Curado
Quatro
7(15)
1(2)
4(9)
8(17)
5(11)
21(46)
46(100)
Curcurana
1(8)
1(8)
1(7)
2(15)
7(54)
1(7)
13(100)
Dois
Carneiros
Alto
1(8)
1(8)
1(8)
1(8)
6(50)
2(17)
12(100)
Francisco
Loureiro
8(8)
2(2)
5(5)
6(6)
52(55)
22(23)
95(100)
Grupiara
1(9)
1(9)
1(9)
1(9)
6(55)
1(9)
11(100)
Jardim
Piedade
2(10)
2(10)
3(14)
1(5)
10(48)
3(14)
21(100)
Jardim
Prazeres*
--
--
--
--
--
--
--
Loreto I
--*
1(13)
1(13)
1(13)
4(50)
1(13)
8(100)
Total
28(12)
9(4)
20(9)
22(9)
93(40)
61(26)
233(100)
Jangada
* Sem informações
35
3.1.3.2 Situação Demográfica e Socioeconômica dos Trabalhadores
A amostra foi formada por 203 (86%) trabalhadores do sexo feminino e 33
(14%) do sexo masculino; e a média de idade foi de 40,5 anos, sendo esta média maior
entre os profissionais das UBS Tradicionais (40,8 anos) do que entre os do PSF (39,9
anos).
A renda bruta mensal referida pelos trabalhadores relaciona-se exclusivamente
ao emprego na UBS e foi classificada de acordo com a formação e nível de
escolaridade. Os salários dos trabalhadores das UBS PSF (R$ 1.086,90) foram em
média superiores aos de UBS Tradicionais (R$ 471,89). Quando a renda foi estratificada
por tipo de profissional, a média foi superior para a maioria dos profissionais do PSF
(Tabela 3.4).
A renda bruta mensal dos trabalhadores de saúde entrevistados em Jaboatão dos
Guararapes foi inferior a renda média observada no Lote 2 NE para os médicos,
auxiliares e técnicos de enfermagem e agentes comunitários de saúde (Tabela 3.4).
Tabela 3.4 - Renda média mensal dos trabalhadores em saúde estudados em
Jaboatão dos Guararapes, por modelo de atenção e no Lote 2 NE. Estudo de Linha
de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Trabalhadores
Jaboatão dos Guararapes (R$)
Lote 2 NE
PSF
Tradicional
Total
(R$)
Médicos
3.774,00
746,50
1.404,65
2.127,50
Enfermeiros
2.458,33
1.500,00
2.218,75
2.172,67
2.634,29
745,44
1.571,81
1.529,37
514,00
399,64
429,74
554,33
450,57
482,11
477,94
472,86
323,97
320,71
321,88
383,88
Demais profissionais de nível
superior
Auxiliares e técnicos de
enfermagem
Demais profissionais de nível
médio
ACS
36
3.1.4 Amostra da Demanda Atendida nas Unidades Básicas de Saúde
3.1.4.1 Distribuição da Demanda por Unidade Básica de Saúde
Para o estudo da demanda foram registrados 1024 atendimentos realizados pelos
profissionais das nove UBS amostradas, em um dia de trabalho (Tabela 3.5). Em relação
ao modelo de atenção, 701 (68%) atendimentos foram realizados nas UBS do PSF e 323
(32%) nas UBS Tradicionais. Assim, a média diária de atendimentos por UBS do PSF
foi de 117 e pelas UBS Tradicionais de 108.
Tabela 3.5 - Distribuição dos atendimentos prestados nas Unidades Básicas de Saúde
de Jaboatão dos Guararapes. Estudo de Linha de Base, PROESF - UFPel, Lote 2 NE
2005.
Unidade Básica de Saúde
Barra de Jangada
Curado Quatro
Nº de atendimentos (%)
121 (12)
82 (8)
Curcurana
167 (16)
Dois Carneiros Alto
110 (10)
Francisco Loureiro
120 (11)
Gruapiara
144 (14)
Jardim Piedade
100 (10)
Jardim Prazeres
83 (8)
Loreto I
97 (9)
Total
1024 (100)
3.1.5 Amostra Populacional da Área de Abrangência das Unidades Básicas de
Saúde
3.1.5.1 Distribuição da População
As amostras populacionais selecionadas nas áreas de abrangência das UBS
totalizaram 162 crianças de um a três anos, 161 mulheres que tiveram filhos nos dois
últimos anos, 157 adultos entre 30 e 64 anos e 146 idosos com 65 anos e mais.
37
3.1.5.2 Situação Demográfica e Socioeconômica da População da área de
Abrangência das UBS
a. Condições de habitação
A presença de água encanada dentro de casa beneficiava os domicílios de 89%
dos adultos, de 83% das crianças, de 85% dos idosos e de 82% das mulheres. A
proporção de banheiro no domicílio foi de 87% para os adultos, de 65% para as
crianças, de 75% para os idosos e de 69% para as mulheres. A quase totalidade (87%)
dos domicílios dos adultos, 59% dos de crianças, 81% dos de idosos e 65% dos de
mulheres, dispunha de recolhimento do lixo por caminhão de serviço municipal.
Residências de tijolo com e sem reboco, mistas (madeira e tijolo) e com madeira
regular foram consideradas adequadas, enquanto aquelas construídas de madeira
irregular e papelão, lata ou lona foram classificadas de inadequadas. A proporção de
construção adequada foi maior nas residências de idosos e adultos (99%) do que nas
residências de crianças (94%) e mulheres (96%).
A média de pessoas por domicílio de crianças foi 5,2 (dp = 2,2) e de mulheres
5,0 (dp = 2,3). No caso dos adultos esta média foi 4,1 (dp = 1,8) e dos idosos 3,8 (dp =
2,1). A concentração de sete ou mais pessoas por domicílio foi identificada em 20% da
amostra de crianças, em 19% na de mulheres, em 9% na de adultos e em 8% na de
idosos. Residir desacompanhado foi informado por 6% dos adultos e 9% dos idosos.
A Tabela 3.6 descreve as prevalências dos indicadores estudados em cada grupo
populacional por modelo de atenção. Em geral, as condições de moradia eram melhores
nas áreas das UBS do PSF, exceto para os idosos.
38
Tabela 3.6 - Condições de habitação das crianças, mulheres, adultos e idosos
estudados em Jaboatão dos Guararapes, por modelo de atenção. Estudo de Linha de
Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Indicador
Crianças
Mulheres
Adultos
Idosos
PSF
Tradicional
PSF
Tradicional
PSF
Tradicional
PSF
Tradicional
Água encanada
no domicílio (%)
86
78
85
76
97
98
79
96
Banheiro no
domicílio (%)
69
56
74
59
88
87
68
88
Recolhimento do
lixo por caminhão
(%)
71
36
75
46
87
87
22
14
Construção
adequada (%)
97
89
3
7
100
96
99
100
Pessoas por
domicílio (média)
5,3
5,0
4,9
5,1
4,0
4,3
3,9
3,6
b. Perfil das Crianças e Mães
Na amostra de 162 crianças, 48% (n = 77) eram do sexo masculino e a idade
média foi de 26,6 meses (dp = 10,4), variando de 12 a 47 meses. A proporção de
crianças brancas foi de 44% (n = 70), de pardas 44% (n = 71) e de negras 12% (n = 19),
sendo a primeira e a última categoria mais prevalentes nas áreas de UBS Tradicionais.
As mães das crianças estudadas tinham idade média de 26,6 anos (dp = 6,1),
variando de 16 a 46 anos. Em relação à escolaridade dessas mães, 61% (n = 94)
possuíam primeiro grau incompleto, 18% (n = 28) primeiro grau completo e 21% (n =
32) segundo grau completo ou mais. A proporção de mães com escolaridade acima do
primeiro grau incompleto foi maior entre as residentes em área de PSF (40%) do que
entre as moradoras da abrangência das UBS Tradicionais (37%).
A renda média per capita da amostra de domicílios de crianças foi de 0,2 salário
mínimo (SM), com distribuição semelhante entre os modelos de atenção.
Pouco menos de um quarto (23%; n = 37) destas mães e crianças estavam
incluídas nos estratos sociais B e C agregados, 34% (n = 55) pertencia ao D e 43% (n =
69) ao E. A proporção da amostra incluída no estrato menos favorecido (E) foi maior
39
entre as residentes da área de UBS Tradicionais (50%) do que entre as moradoras da
abrangência do PSF (39%).
c. Perfil das Mulheres
Na amostra de 161 mulheres, 65% (n = 105) eram de cor não-branca, não
havendo diferenças na distribuição entre as áreas por modelo de atenção. A idade média
das entrevistadas foi de 25 anos (dp = 5,8), variando de 15 a 42 anos. A proporção de
menores de 20 anos foi de 17% (n = 27), sendo maior nas áreas de abrangência do PSF
(34%; n = 18).
Entre as mulheres, 56% (n = 88) não havia completado o primeiro grau, 23% (n
= 35) possuía o segundo grau incompleto e 21% (n = 32) tinha o segundo grau completo
ou mais. A proporção de mulheres com o segundo grau completo ou mais foi maior nas
áreas do PSF (22%; n = 22), quando comparadas as de UBS Tradicionais (19%; n = 10).
A renda mensal média per capita da amostra de mulheres foi de 0,2 SM, sendo
de 0,3 SM na abrangência do PSF e de 0,2 SM na de UBS Tradicionais.
Das mulheres, 18% (n = 27) foram classificadas nos grupos sociais B e C, 38%
(n = 58) no D e 44% (n = 67) no E. A proporção de mulheres incluídas no grupo social
menos favorecido (E) foi maior nas áreas de UBS do PSF (81%; n = 41) em relação às
de UBS Tradicionais (52%; n = 26).
d. Perfil dos Adultos
Na amostra de 157 adultos, a idade média era de 44,6 anos (dp = 9,5), variando
de 30 a 64 anos. Deste total, 56% (n = 88) eram mulheres, 45% (n = 70) eram de cor
branca e 68% (n = 107) eram casados (as) ou viviam com companheiro (a). A
prevalência de adultos casados ou que viviam com companheiro (a) foi de 66% para os
residentes nas áreas de cobertura do PSF e de 72% para os moradores da abrangência de
UBS Tradicionais.
A maioria dos adultos sabia ler e escrever (82%; n = 129), sendo a proporção
maior nas áreas do PSF (84%; n = 87) quando comparada a das UBS Tradicionais
(79%, n = 42).
A renda média per capita nos domicílios de adultos foi de 0,6 SM e maior entre
os residentes de áreas do PSF (0,7 SM) do que entre os de UBS Tradicionais (0,4 SM).
40
Na distribuição por grupo social, encontrou-se que 3% (n = 5) dos adultos
estavam incluídos nos estratos A e B agrupados, 18% (n = 27) no C, 42% (n = 64) no D
e 36% (n = 55) no E. De acordo com o modelo de atenção, as áreas de UBS
Tradicionais concentravam uma maior parcela de adultos classificada no estrato E
(53%; n = 27), em comparação as de UBS do PSF (28%; n = 28).
Pouco mais da metade dos adultos (44%; n = 69) informou trabalho remunerado
no último mês, observando-se proporções semelhantes entre os modelos de atenção. Das
pessoas que trabalhavam 51% (n = 35) eram empregadas e 49% (n = 34) autônomas.
e. Perfil dos Idosos
Na amostra de 162 idosos, a idade média foi de 74,1 anos (dp = 8,0), variando de
65 a 100 anos. Deste total, 69% (n = 100) eram mulheres, 56% (n = 81) eram de cor
branca e a 49% (n = 71) eram viúvos (as). Na área das UBS PSF encontravam-se mais
idosos de cor não branca (47%, n = 45) que nas do modelo Tradicional (40%, n = 20).
Menos da metade da amostra dos idosos sabia ler e escrever (45%; n = 65),
sendo a proporção superior nas áreas de UBS Tradicionais (46%; n = 23) em
comparação a das UBS do PSF (44%; n = 42).
A renda média per capita dos idosos foi de 0,5 SM, sendo de 0,6 na amostra de
idosos residentes na abrangência do PSF e de 0,4 entre os idosos moradores da
cobertura de UBS Tradicionais.
De acordo com a estratificação social, 17% (n = 22) dos idosos estavam
inseridos no grupo B e C agregados, 24% (n = 32) no D e 59% (n = 77) no E. Os
estratos D e E juntos reuniram 83% (n = 109) da amostra de idosos, com distribuição
semelhante entre as áreas de moradia por modelo de atenção.
A maioria dos idosos da amostra (64%; n = 94) estava aposentada, e a média de
idade da aposentadoria foi de 61,9 anos (dp = 9,3) variando de 27 a 81 anos, sendo
semelhante entre as áreas por modelo de atenção.
3.2 Dimensão Político-Institucional
A dimensão político-institucional reúne alguns aspectos da conformação do
modelo de atenção básica à saúde, com ênfase particular no desenvolvimento da gestão
41
municipal e nas estratégias de descentralização do SUS. Buscando dar historicidade ao
recorte temporal do estudo, esta abordagem do processo de constituição da ABS no SUS
utilizou as categorias centrais do planejamento estratégico de Matus (MATUS, 1997):
projeto de governo, capacidade de governo e governabilidade.
Planejar a ação política em uma perspectiva estratégica significa pensar um
conjunto de atividades, com metodologia, objetivos e metas definidos.
O Projeto de Governo procura caracterizar as bases materiais e históricas do
SUS nos municípios do Lote, com especial ênfase para a atenção básica à saúde. Os
atributos que qualificam um Projeto de Governo são os recursos disponíveis e passíveis
de alcançar, o conhecimento acumulado sobre o tema, o poder necessário para
desencadear as ações propostas, as chances de implantação e a possibilidade de sucesso.
De modo simplificado, mas ilustrativo, estes atributos estão sintetizados na identificação
da “maturidade” da gestão municipal (tipo de gestão, índice de aprendizado
institucional, adequação institucional do sistema municipal de saúde, critérios na
definição de áreas de abrangência das UBS e na implantação do PSF, características do
emprego e da remuneração dos trabalhadores da atenção básica), da capacidade
instalada da rede básica e do processo de conversão do modelo da atenção básica
através do PSF.
A Capacidade de Governo compreende o conhecimento institucional acumulado,
o conjunto de saberes e técnicas disponíveis para operar o Projeto de Governo e a
política setorial. Nesta categoria se identificam os recursos intelectuais mobilizados para
a condução da ABS nos municípios, como por exemplo, o perfil do Secretário, do
Coordenador da Atenção Básica ou do PSF, do Presidente do Conselho Municipal de
Saúde e dos Profissionais das UBS.
A Governabilidade descreve os fundamentos político-financeiros para efetivação
das políticas de ABS, ou seja, recursos e margem de manobra política que, articulados à
Capacidade de Governo, permitem transformar as intenções de um projeto em gestos ou
ações concretas. A Governabilidade reúne mecanismos e instrumentos de poder
(político, econômico) capazes de desencadear as decisões e os respectivos movimentos
necessários para que os objetivos e as metas sejam alcançados. Neste estudo foram
utilizados como indicadores de governabilidade as despesas per capita com saúde, o
financiamento da atenção básica nos municípios, o apoio a projetos de atenção básica à
saúde e de saúde da família e as características do Conselho Municipal de Saúde.
42
3.2.1 Projeto de Governo
3.2.1.1 Tipo de Gestão Municipal, Índice de Aprendizado Institucional e Cobertura
do Programa de Saúde da Família
Jaboatão dos Guararapes encontrava-se na modalidade de gestão plena da
atenção básica. Com o PSF implantado desde 2000, seu aprendizado institucional foi
considerado médio pela avaliação do Ministério da Saúde realizada em 2000.
A cobertura de PSF passou de 11,9% em 2000 para 21,7% em 2005,
demonstrando um crescimento 84% no período, atingindo a mais baixa cobertura
populacional entre os municípios de Pernambuco incluídos no estudo e também do Lote
2 NE. Sendo assim, Jaboatão dos Guararapes situa-se abaixo da meta de 30% proposta
pelo Ministério da Saúde, na Fase 1 do PROESF, para cidades com porte populacional
de 500.000 até menos de dois milhões de habitantes.
Figura 3.1 - Evolução da cobertura do Programa de Saúde da Família (PSF) nos
municípios de mais de 100.000 habitantes de Pernambuco, de 1999 a 2005. Estudo de
Linha de Base, PROESF-UFPel, Lote 2 NE, 2005.
120
PROESF
100
95,8
80
60
40
20
0
75,1
99
100
80,2
79
33,2
28,5
27,7
34,3
29,2
20,3
11,9
9,3
8,25,5
3,1
12,6
7,1
3,2
2
0,6
0
1999
63,8
56
36,9
2001
54,5
50,7
48,7
43,4
41
38,6
34,5
46,4
39,6
31,2
30,1
21
14,6
13,7
2000
82,3
69,4
65,3
59,5
100
44,6
44,5
40,3
40
21,1
18,5
15,6
2002
58,6
51
45,4
44,3
40,2
36,2
22,3
18,9
2003
2004
Cabo de Santo A go stinho
Camaragibe
Caruaru
Garanhuns
Jabo atão do s Guararapes
Olinda
P aulista
P etro lina
Recife
96,7
79,2
67
57,9
51,8
47,7
43,1
41,5
38,8
21,7
2005
Vitó ria de Santo A ntão
43
Em 2001, o número de ESF instaladas no município era de 27 em 2001,
passando para 45 em 2004, representando cerca de 4% das ESF do Lote 2 Nordeste e
9% do estado de PE, no ano de 20046.
O número total de UBS de Jaboatão dos Guararapes, era de 23 em 2001,
passando para 69 em 2004. Considerando a população do município (581.556
habitantes) e a capacidade instalada da rede de UBS (n = 69), cada unidade abrangeria,
em média, 8.428 habitantes, revelando assim uma situação de cobertura média da
atenção básica onde já não há necessidade de novos serviços, salvo em situações
especiais. É importante ressaltar que aqui não estão sendo considerados aspectos como
as condições de estrutura e disponibilidade de profissionais no atendimento da demanda
nestas UBS; as quais são apresentadas para as unidades selecionadas nos itens 3.1.3.1 e
3.3.2.1.
3.2.1.2 Adequação Setorial e dos Modelos de Atenção para o Funcionamento do
Sistema Municipal de Saúde
Na percepção do gestor municipal em uma escala de avaliação de 0 a 10 para a
adequação dos Setores, o de Assistência Farmacêutica foi aquele que obteve a melhor
avaliação (nota 9,0), seguido dos setores de Epidemiologia, Atenção Básica a Saúde,
Ações Programáticas de Saúde, Vigilância Sanitária/ Ambiental, Apoio Administrativo,
Recursos Humanos e PSF (nota 6,0). Os setores menos adequados na avaliação do
gestor foram os de Controle, Avaliação, Auditoria e Regulação e Informações em Saúde
(nota 5,0).
Na opinião do gestor o modelo Tradicional de atenção básica é tão adequado
quanto o PSF no atendimento das necessidades de saúde do município, tendo avaliado
ambos com nota 7,0.
.
3.2.1.3 Critérios na definição de áreas de abrangência das UBS e na implantação
do Programa de Saúde da Família
Na definição de áreas para implantação do PSF, o gestor considerou relevantes
os critérios de alta densidade populacional, carência de serviços de saúde, dificuldade de
6
Neste caso considerou-se o número total de ESF dos municípios da PE incluídos no Lote 2 NE.
44
acesso, risco epidemiológico, reivindicação local, indicadores socioeconômicos
desfavoráveis, aproveitamento de profissionais de saúde e existência anterior de PACS
na área.
O Secretário Municipal de Saúde acredita que as razões para a expansão do PSF
nos municípios deveriam considerar o interesse político, as evidências de que o PSF
melhora a saúde da população, o apoio da população, a compatibilidade do PSF com
modelo de atenção predominante no município, as expectativas de receber novos
recursos pela instância federal e estadual, juntamente com a disponibilidade de
profissionais.
3.2.1.4 Características do emprego e da remuneração dos trabalhadores da
Atenção Básica
O ingresso por concurso público alcançou 33% (n = 76) dos trabalhadores da
rede básica, sendo maior nas UBS Tradicionais (41%; n = 69) do que no PSF (11%; n =
7). A forma de contratação mais prevalente foi Estatutária (45%; n = 109), com
predomínio entre os trabalhadores das UBS Tradicionais (60%; n = 106); seguida de
contrato temporário (39%; n = 95) que foi proporcionalmente maior entre os
profissionais das UBS do PSF (77%, n = 51).
O vínculo de trabalho tipicamente precário (sem garantias trabalhistas) alcançou
53% (n = 129) dos trabalhadores da atenção básica em Jaboatão dos Guararapes, sendo
esta situação mais freqüente entre os trabalhadores das UBS PSF (92%, n = 61).
Plano de Carreira, Cargos e Salários (PCCS) foi referido por 12% (n = 27) dos
trabalhadores entrevistados, sendo esta ocorrência maior entre aqueles das UBS
Tradicionais (16%, n = 26) em comparação aos do PSF (2%, n = 1).
O pagamento em dia do salário foi informado por 87% (n = 208) dos
profissionais de saúde, tendo sido mais freqüente entre os trabalhadores do PSF (91%, n
= 60). O pagamento de incentivos foi informado por 13% (n = 31), com maior
prevalência entre os trabalhadores das UBS Tradicionais (16%, n = 27).
Dos entrevistados, 32% (n = 76) fizeram referência ao trabalho atual como
primeiro emprego, e (22%, n = 51) mencionaram ter outro emprego. Em ambos os casos
45
as proporções foram maiores entre os trabalhadores de UBS Tradicionais (35%, n = 60 e
25%, n = 43, respectivamente).
O tempo médio de trabalho na prefeitura local foi de 110,2 meses (dp = 86,3) e
na UBS atual de 67,5 (dp = 72,0), com médias superiores para os profissionais das UBS
Tradicionais (124,7 meses - dp = 89,5 na prefeitura local; e 82,0 meses - dp = 75,0 na
UBS atual).
3.2.2 Capacidade de governo
3.2.2.1 Perfil do Secretário Municipal de Saúde
O gestor municipal de saúde à época da coleta de dados era do sexo masculino,
com idade de 58 anos, médico e possuía pós-graduação e especialização em outras áreas
que não a Saúde Pública. O tempo de permanência no cargo atual era de três meses. O
Secretário Municipal de Saúde tinha experiência prévia como profissional desta
Secretaria, como profissional liberal na área da saúde e em cargo legislativo. Participava
da comissão intergestora Bipartite e do Conselho Municipal de Saúde.
3.2.2.2 Perfil do Coordenador de Atenção Básica e / ou do Programa de Saúde da
Família
O coordenador da Atenção Básica à Saúde era do sexo masculino, sanitarista,
com idade de 58 anos e tinha curso superior completo com especialização em saúde
pública. Ocupava o cargo atual há cerca de dois meses e já havia atuado como
profissional liberal na área da saúde e em cargo legislativo como vereador.
3.2.2.3 Perfil do Presidente do Conselho Municipal de Saúde
O presidente do CMS era do sexo masculino, tinha 59 anos de idade e possuía
19 anos de estudo, com pós-graduação. Era médico e representava o gestor no conselho
municipal de saúde. Na época do estudo, atuava no cargo há 5 meses, mas participava
do CMS desde o ano de 1990. Não possuía experiência anterior em coordenação de
atividades coletivas.
46
3.2.2.4 Perfil dos Trabalhadores das Unidades Básicas de Saúde
As características de sexo, idade e renda dos 243 trabalhadores que participaram
do estudo, nas UBS de Jaboatão dos Guararapes, estão apresentadas no item 3.1.3.2, que
aborda o perfil sócio-demográfico da amostra estudada. Na perspectiva da capacidade
de governo, estão enfatizados os aspectos relacionados à escolaridade, formação
profissional, especialização e capacitação realizadas, fundamentais para o
enfrentamento dos desafios cotidianos e estratégicos da ABS.
Em relação à escolaridade, 13% (n = 31) dos trabalhadores concluíram pósgraduação, 13% (n = 30) tinha curso superior completo, 44% (n = 106) havia concluído
o ensino médio, 7% (n = 16) possuía ensino médio incompleto, 9% (n = 21) completou
o ensino fundamental e 10% (n = 24) não havia concluído o ensino fundamental.
A Tabela 3.7 descreve a distribuição da escolaridade dos trabalhadores com
relação aos modelos de atenção. Destacaram-se as diferenças proporcionais de
trabalhadores com escolaridade superior, média e fundamental completas entre os
modelos de atenção, com maior prevalência das duas primeiras nas UBS do PSF e da
última nas UBS Tradicionais.
Tabela 3.7 - Escolaridade dos trabalhadores estudados em Jaboatão dos Guararapes,
por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Escolaridade
Jaboatão dos Guararapes (%)
PSF
Tradicional
Total
Superior completo
14
12
13
Superior incompleto
0
7
5
Ensino médio completo
56
40
44
Ensino médio incompleto
9
6
7
Fundamental completo
3
11
9
Fundamental incompleto
3
13
10
A realização de cursos de capacitação foi pesquisada para a totalidade dos
trabalhadores da atenção básica da amostra. As proporções de capacitação em Jaboatão
dos Guararapes variaram de 18% (Saúde do Adulto) a 54% (Tuberculose). Observaramse percentuais superiores de capacitação entre os trabalhadores das UBS do PSF para
sete do total de cursos avaliados (n = 12). Em comparação às médias do Lote 2 NE, os
47
profissionais de Jaboatão dos Guararapes, no geral, alcançaram proporções inferiores de
capacitação (Tabela 3.8).
Tabela 3.8 - Cursos de capacitação realizados pelos trabalhadores das Unidades
Básicas de Saúde estudadas em Jaboatão dos Guararapes, por modelo de atenção e
no Lote 2 NE. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Jaboatão dos Guararapes (%)
Curso
Lote 2 NE (%)
PSF
Tradicional Total
Introdutório ao PSF
54
27
36
53
SIAB
14
34
28
39
Saúde da Criança
16
31
27
38
Saúde da Mulher
30
32
32
42
Saúde do Adulto
12
20
18
28
AIDPI
70
45
52
30
Diabetes
38
37
37
43
Hipertensão
39
36
37
45
DST / AIDS
61
49
53
55
Hanseníase
54
42
45
51
Imunizações
46
49
48
45
Tuberculose
73
46
54
53
3.2.3 Governabilidade
3.2.3.1 Despesas per capita com saúde
Para realizar as atividades do SUS a cada ano, Jaboatão dos Guararapes teve
uma despesa média em saúde de R$ 49,75 por habitante, média bastante inferior a
observada entre os municípios do Lote 2 NE (R$ 120,47).
48
3.2.3.2 Financiamento da Atenção Básica nos Municípios
Conforme informações do DATASUS (Cadernos de Informações em Saúde), em
Jaboatão dos Guararapes, no ano de 2002, 21,7% do PAB total estava vinculado às
transferências federais do incentivo PACS / PSF. O PAB Fixo de Jaboatão dos
Guararapes era de R$ 8,71 por habitante e 66,5% era a proporção de despesas com
recursos humanos em relação às despesas totais em saúde. Dos recursos próprios, 12,1%
eram aplicados em saúde, índice que não atende as exigências da EC 29.
A Tabela 3.9 oferece uma comparação dos indicadores de financiamento da
atenção básica à saúde no município em comparação à média dos municípios do Lote.
Tabela 3.9 - Indicadores de financiamento do sistema de saúde para o município de
Jaboatão dos Guararapes e para o Lote 2 NE. Estudo de Linha de Base, PROESF –
UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Jaboatão dos
Guararapes
Lote 2 NE
PAB Fixo (R$ / habitante)
8,71
9,71
% Despesas Recursos Humanos
66,5
53,1
% Transferências PSF/ PACS no PAB total
21,7
40,5
% Recursos próprios aplicados em saúde (EC 29)
12,1
14,4
Indicador
Fonte: Cadernos de Informações em Saúde, 2002.
3.2.3.3 Apoio a Projetos de Atenção Básica à Saúde e de Saúde da Família
Em uma escala de valores de zero a dez, a gestora avaliou o apoio do CMS a
projetos da atenção básica com nota 8,0, o de parlamentares como nota 5,0 e aqueles
relacionados ao PSF com nota 7,0.
Na percepção do secretário, a adesão de profissionais de saúde aos projetos de
PSF foi maior (nota 9,0) em comparação à adesão dos trabalhadores aos projetos do
modelo de atenção básica tradicional (nota 8,0).
A satisfação dos trabalhadores das UBS com o vínculo de trabalho foi de 47% (n
= 112), sendo superior entre os das UBS Tradicionais (60%; n = 102) do que entre os
das UBS do PSF (15%; n = 11).
49
3.2.3.4 Características do Conselho Municipal de Saúde
O presidente relatou que o CMS foi criado em 1990, possuía regimento interno e
sua última atualização ocorreu no ano de 2001.
O CMS era composto de 16 entidades, sendo 2 representantes da área
governamental, 2 dos prestadores de serviços ao SUS privados ou conveniados sem fins
lucrativos, 4 dos profissionais de saúde e 8 da sociedade civil organizada.
Entre os temas abordados nas reuniões ordinárias do CMS entre 2001 a 2004,
foram destacados a implantação do PSF, o Convênio “DST / AIDS” e o da
“Tuberculose”.
Segundo o presidente do CMS, no período de 2001 a 2004, a gestão municipal
sempre buscou aprovação do CMS para a implantação de políticas de saúde.
Entre 2001 e 2004, foi realizada uma Conferência Municipal de Saúde e,
nenhuma capacitação aos conselheiros. À época do estudo não havia Conselhos Locais
de Saúde implantados no município.
Na percepção do presidente não existiam conflitos entre Conselheiros das
diferentes entidades, mas apenas debates para troca de idéias.
3.3 Dimensão Organizacional da Atenção
3.3.1 Práticas de gestão da ABS
Ao caracterizar as práticas de gestão nos municípios do Lote foram identificados
princípios, normas e funções, procedimentos e recursos cuja finalidade é ordenar a
estrutura e o funcionamento da atenção básica à saúde. Muitos destes aspectos se
confundem com as práticas de oferta de serviços, pois uma estratégia de gestão
estabelecida pode implicar em uma oferta de serviços ao público.
3.3.1.1 Mecanismos de supervisão, monitoramento e avaliação da atenção básica à
saúde
Dentre os projetos e as ações de política de saúde relativas à capacitação de
recursos humanos, o gestor destacou que o município tem como política o
aperfeiçoamento de médicos e enfermeiros do PSF em nível de especialização numa
50
perspectiva de trabalhar a atenção de forma integrada, tecnicamente fundamentada e
territorializada. `Quanto aos mecanismos de avaliação da atenção básica, não havia um
grupo ou núcleo dedicado a esta atividade.
As atividades de supervisão do trabalho nas UBS foram relatadas por 69% (n =
150) dos trabalhadores de saúde. Entre aqueles que referiram supervisão, 58% (n = 81)
mencionaram uma periodicidade semanal, 7% (n = 23) relataram encontros que
variaram de quinzenais a anuais, enquanto 25% (n = 35) informaram periodicidade
indefinida. A prevalência de profissionais com supervisão semanal das suas atividades
foi maior nas UBS Tradicionais (81%; n =67).
3.3.1.2 Estratégias de controle e regulação da demanda
O setor de Controle, Avaliação, Auditoria e Regulação estava constituído no
município, cuja modalidade até 2004 era plena do sistema municipal. De acordo com o
relato do gestor municipal, os serviços de média e alta complexidade existentes em seu
território não são municipalizados, o que restringe a capacidade resolutiva, diagnóstica e
terapêutica da rede de serviços. Por outro lado, a gestão municipal ainda não possui
também o controle e o pagamento dos prestadores de serviços ambulatoriais e
hospitalares ao SUS, dificultando, desta forma, a avaliação e organização dos serviços
de saúde no âmbito municipal.
Devido ao não preenchimento do instrumento “Formulário de Fonte
Documental” não foi possível conhecer a realidade do município com relação as
estratégias de controle e regulação da demanda para o atendimento em serviços de
maior complexidade. Pela mesma razão, as informações quanto às formas de
acolhimento das reclamações dos usuários e aos tipos de centrais implantadas para
acolher e ordenar as necessidades de saúde dos usuários não foram disponibilizadas.
3.3.1.3 Informação e Informatização na Rede Básica Municipal
Do ponto de vista da tecnologia da informação, entre as nove UBS estudadas no
município nenhuma dispunha de microcomputador.
51
Não havia em Jaboatão dos Guararapes UBS informatizadas alimentando o SIASUS no período de 2001 a 2004 e nenhuma estava incluída no Sistema de Vigilância
Epidemiológica.
3.3.1.4 Sistemas de Informação em Saúde
Devido ao não preenchimento do instrumento “Formulário de Fonte
Documental” não foi possível verificar se os sistemas de informação de base nacional
estavam inseridos na rotina do município e se Jaboatão dos Guararapes era responsável
pelo gerenciamento e preenchimento regular do SINASC, do SIM, do SINAN, do
SISVAN e do SIAB. Também por esta razão não foram fornecidas informações com
relação a investigação dos óbitos infantis no período de 2001 a 2004.
3.3.2 Práticas de Oferta de Serviços no Município
Este tópico descreve recursos e estratégias utilizados nos municípios para
oferecer os serviços básicos de saúde à população. Há uma ênfase importante na
estrutura das UBS. Também é abordada a disponibilidade de profissionais do PSF, na
perspectiva de avaliar o acesso da população ao novo modelo de atenção.
3.3.2.1 Estrutura da rede básica de saúde
A maioria das dependências avaliadas estava presente nas UBS da amostra de
Jaboatão dos Guararapes. As dependências citadas em maior freqüência como existentes
por todas as UBS foram: recepção, consultórios, consultório odontológico, sala de
vacinas, sala de cuidados de enfermagem e farmácia. Consultório com banheiro havia
apenas nas UBS Grupiara e Loreto I e expurgo nas UBS Grupiara e Jardim Piedade
(Tabela 3.10).
Sobre a adequação das dependências estudadas, obtiveram-se informações para
oito UBS, onde a maioria das estruturas foi avaliada como inadequada. Na Tabela 3.11
é possível observar a adequação dos componentes da estrutura por unidade de saúde.
52
Tabela 3.10 – Área física das Unidades Básicas de Saúde em Jaboatão dos Guararapes. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2
NE, 2005.
Barra de
Jangada
Curado
Quatro
Curcurana
Dois Carneiros
Alto
Francisco
Loureiro
Grupiara
Jardim
Piedade
Jardim
Prazeres
Loreto I
Recepção
E
E
E
E
E
E
E
E
E
Sala de Espera
E
E
E
NR
E
E
E
E
E
Consultórios
E
E
E
E
E
E
E
E
E
Consultórios com banheiro
I
I
I
I
I
E
I
I
E
Consultório Odontológico
E
E
E
E
E
E
E
E
E
Sala de Vacinas
E
E
E
E
E
E
E
E
E
Cozinha
I
E
E
E
E
E
I
E
E
Sala de cuidados de enfermagem
E
E
E
E
E
E
E
E
E
Sala de Reuniões
I
I
E
I
I
E
E
E
E
Sala de Esterilização
I
I
E
I
E
E
E
E
E
Farmácia
E
E
E
E
E
E
E
E
E
Expurgo
I
I
I
I
I
E
E
I
I
Dependência
E – Existente; I – Inexistente; NR – Não Respondeu.
53
Tabela 3.11 - Adequação da estrutura nas Unidades Básicas de Saúde em Jaboatão dos Guararapes. Estudo de Linha de Base, PROESF –
UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Barra de
Jangada
Curado
Quatro
Curcurana
Dois Carneiros
Alto
Francisco
Loureiro
Grupiara
Jardim
Piedade
Jardim
Prazeres
Loreto I
Recepção
I
I
NR
I
I
I
I
I
I
Sala de Espera
I
I
NR
I
I
A
I
I
I
Consultórios
I
I
NR
I
I
I
NR
I
I
Consultórios com banheiro
NSA
NSA
NSA
NSA
NSA
I
NSA
NSA
I
Consultório Odontológico
NSA
I
NR
A
I
I
I
NR
A
I
I
NR
I
A
I
I
I
I
NSA
I
NR
I
I
I
NSA
I
I
I
I
NR
NR
I
I
A
I
A
Sala de Reuniões
NSA
NSA
NR
NSA
NSA
I
I
I
I
Sala de Esterilização
NSA
NSA
NR
NSA
I
I
I
I
I
Farmácia
I
I
NR
I
I
I
I
I
I
Expurgo
NSA
NSA
NSA
NSA
NSA
I
I
NSA
NSA
Dependência
Sala de Vacinas
Cozinha
Sala de cuidados de enfermagem
A – Adequado; I – Inadequado; NR – Não respondeu; NSA – Não se Aplica por inexistência da dependência.
54
Do ponto de vista de acesso de pessoas portadoras de deficiência, o prédio foi
considerado adequado apenas na opinião dos profissionais das UBS Curado Quatro,
Dois Carneiros Alto e Grupiara.
Nenhuma das UBS estudadas referiu a existência de tapetes na sala de espera e
consultórios Apenas a UBS Barra de Jangada referiu possuir tabetes na sala de vacinas.
A presença de degraus dificultando o acesso de deficientes foi mencionada em
seis UBS (Curcurana, Dois Carneiros Alto, Francisco Loureiro, Jardim Piedade, Jardim
Prazeres e Loreto I). Quatro UBS (Barra de Jangada, Curado Quatro, Dois Carneiros
Alto e Francisco Loureiro) dispunham de rampas alternativas para facilitar o acesso
destas pessoas. A existência de calçadas permitindo o deslocamento seguro de
deficientes visuais foi referida por apenas uma UBS (Dois Carneiros Alto).
Corrimãos nas rampas foram encontrados em três UBS (Curado Quatro, Dois
Carneiros Alto e Francisco Loureiro), destacando-se que quatro UBS não forneceram
esta informação (Curcurana, Grupiara, Jardim Prazeres e Jardim Piedade). Apenas uma
UBS referiu existência de corrimãos nos corredores (Dois Carneiros Alto).
Nenhuma UBS possuía portas de banheiros possibilitando o acesso a
cadeirantes, assim como não havia espaço suficiente nesta dependência para realizar
manobras com cadeiras de rodas.
A disponibilidade de cadeira de rodas para pacientes foi verificada em uma UBS
(Francisco Loureiro) e as cadeiras da sala de espera foram consideradas adequadas para
o local do atendimento em três unidades (Dois Carneiros Alto, Grupiara e Jardim
Prazeres).
Em relação aos equipamentos de trabalho em condições de uso estavam
disponíveis em todas as UBS balança adulto e infantil, termômetro, nebulizador, foco de
luz, geladeira exclusiva para vacina, mesa ginecológica, aparelho fotopolimerizador,
tensiômetro, sonar, amalgamador, compressor e refletor.
A Tabela 3.12 apresenta a relação de todos os equipamentos investigados e sua
respectiva condição de acordo com cada uma das UBS estudadas.
55
Tabela 3.12 – Equipamentos e instrumentos das Unidades Básicas de Saúde em Jaboatão dos Guararapes. Estudo de Linha de Base,
PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Barra de
Jangada
Curado
Quatro
Curcurana
Dois Carneiros
Alto
Francisco
Loureiro
Grupiara
Jardim
Piedade
Jardim
Prazeres
Loreto I
Balança Adulto
P
P
P
P
P
P
P
P
P
Balança Infantil
P
P
P
P
P
P
P
P
P
Termômetro
P
P
P
P
NR
P
P
P
P
Cadeira odontológica
P
P
P
P
P
P
P
I
P
Nebulizador
P
P
P
P
NR
P
P
P
P
Estetoscópio
P
I
P
P
NR
P
P
P
P
Foco de luz
P
P
P
P
P
P
P
P
P
Geladeira exclusiva vacina
P
P
P
P
P
P
P
P
P
Mesa ginecológica
P
P
P
P
P
P
P
P
P
Centrífuga
I
I
P
I
I
I
I
I
I
Aparelho Fotopolimerizador
P
P
P
P
P
P
P
P
P
Tensiômetro
P
P
P
P
NR
P
P
P
P
Sonar
P
P
P
P
P
P
P
P
P
Mocho
P
P
P
P
P
P
P
P
I
Estufa
P
P
P
I
P
P
P
P
P
Amalgamador
P
P
P
P
P
P
P
P
P
Equipamento / Instrumento
P – Próprio para uso; I – Impróprio para uso ou ausente; NR – Não respondeu.
56
Barra de
Jangada
Curado
Quatro
Curcurana
Dois Carneiros
Alto
Francisco
Loureiro
Grupiara
Jardim
Piedade
Jardim
Prazeres
Loreto I
Compressor
P
P
P
P
P
P
P
P
P
Refletor
P
P
P
P
P
P
P
P
P
Instrumental exame clínico
I
P
P
P
P
P
P
P
P
Instrumental para procedimentos
básicos
I
I
I
P
P
P
P
P
P
Instrumental Dentística
I
P
P
P
P
P
P
P
P
Equipo odontológico
P
P
P
P
P
P
P
I
I
Negatoscópio
I
I
P
I
I
P
P
P
P
Otoscópio
I
I
P
P
I
P
P
P
P
Oftalmoscópio
I
I
I
I
I
I
I
I
I
Unidade auxiliar
P
P
P
P
I
I
P
I
NR
Instrumental de urgências
I
I
P
P
P
I
P
I
P
NR
P
P
NR
NR
P
I
NR
P
Glicosímetro
P
P
P
P
I
P
P
P
P
Estetoscópio de Pinar
P
I
I
P
NR
I
P
P
I
Microscópio
I
P
I
I
I
I
I
I
I
Lanterna
I
I
I
I
I
I
I
P
I
Microcomputador
I
I
I
I
I
I
I
I
I
I
I
I
I
I
I
I
I
Equipamento / Instrumento
Espéculos vaginais
Impressora
P – Próprio para uso; I – Impróprio para uso ou ausente; NR – Não respondeu.
57
Na investigação sobre o abastecimento de materiais e insumos, todas as UBS
prestaram informações, com a maioria tendo sido considerada suficiente. Foram
encontrados nas nove UBS estudadas: seringa para vacinas e cartão da criança. Ao
contrário, estavam insuficientes em todas as unidades materiais para pequenas cirurgias.
A Tabela 3.13 apresenta todas as informações referentes a disponibilidade de
materiais e insumos por Unidade Básica de Saúde.
58
Tabela 3.13 – Disponibilidade de materiais e insumos nas Unidades Básicas de Saúde em Jaboatão dos Guararapes. Estudo de Linha de
Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Barra de
Jangada
Curado
Quatro
Curcurana
Dois Carneiros
Alto
Francisco
Loureiro
Grupiara
Jardim
Piedade
Jardim
Prazeres
Loreto I
Agulhas descartáveis
S
I
S
S
S
S
S
S
S
Esparadrapo
I
S
S
S
I
I
S
S
S
Luvas esterilizadas
I
I
I
I
S
I
I
I
I
Algodão
I
S
S
S
S
S
S
S
S
Gaze
I
I
I
I
S
I
I
I
I
Luvas para procedimentos
S
S
S
S
S
S
I
S
S
Álcool
I
S
S
I
S
I
S
S
S
Seringa para vacinas
S
S
S
S
S
S
S
S
S
Seringa para outras injeções
S
S
S
S
S
S
S
S
I
Material para retirada de pontos
I
I
I
S
I
I
S
S
I
Material para pequenas cirurgias
I
I
I
I
I
I
I
I
I
Fio de sutura
I
S
I
I
S
S
I
I
S
Descartex
S
I
S
S
I
S
S
S
S
Bloco de receituário
I
I
I
S
S
I
I
I
I
Cartão da criança
S
S
S
S
I
S
S
S
S
Cartão da gestante
S
I
S
S
I
I
S
S
S
Ficha de cadastramento SIAB
S
I
I
I
I
I
I
I
I
S
I
I
I
I
S
I
Materiais e Insumos
Ficha de cadastramento
I
I
domiciliar
S – Suficientes; I – Insuficientes; NR – Não respondeu.
59
3.3.2.2 Disponibilidade de Profissionais do PSF
Na análise da composição das Equipes de Saúde da Família (ESF) existentes na
amostra de UBS de Jaboatão dos Guararapes, tomou-se como referência a
disponibilidade de médicos, enfermeiros, auxiliares ou técnicos de enfermagem, agentes
comunitários de saúde e odontólogos.
As Equipes de Saúde da Família (ESF) e o Programa de Agentes Comunitários
de Saúde (PACS) estavam presentes na seis UBS de PSF estudadas (Curcurana, Dois
Carneiros Alto, Grupiara, Jardim Piedade, Jardim Prazeres e Loreto I). No total, foram
encontrados 8 médicos, 8 enfermeiros, 10 auxiliares e / ou técnicos de enfermagem, 46
agentes comunitários de saúde e 8 odontólogos.
3.3.2.3 Acesso aos serviços básicos de saúde
Em relação ao tempo de funcionamento obteve-se informação para as seis UBS
do PSF e as três Tradicionais. As UBS do PSF existiam, em média, há cerca de 46,3
meses e as Tradicionais há 216 meses.
Em média, a população adstrita foi de 22.012 pessoas, sendo de 4,375 nas UBS
do PSF e de 47.168 nas Tradicionais. A UBS Tradicional Barra de Jangada era a que
possuía a maior população coberta pelo serviço (58.000 pessoas), seguida pela UBS
Tradicional Francisco Loureiro (45.500 pessoas).
Da amostra, as seis UBS de PSF e duas Tradicionais (Curado Quatro e Francisco
Loureiro) funcionavam em dois turnos de atendimento. A UBS Barra de Jangada
prestava atendimento em três turnos.
A carga horária contratada e cumprida pelos trabalhadores de saúde foi, em
média, de 35 horas e 33 horas semanais, respectivamente. Entre os trabalhadores do PSF
a carga horária contratada foi maior (41 horas / semana) em comparação com aqueles
das UBS Tradicionais (32 horas / semana), o que gerou, conseqüentemente, uma
também maior carga horária cumprida.
A média diária de atendimentos médicos nas UBS estudadas foi de 23 pessoas.
Para os enfermeiros a média foi de 18 atendimentos, para os outros profissionais de
nível superior de 19, para os auxiliares e técnicos de enfermagem de 47, para os
profissionais de nível médio de 70 e para os ACS de 13. Os atendimentos prestados por
60
médicos, enfermeiros,outros profissionais de nível superior e auxiliares e técnicos de
enfermagem foram, em média, maiores nas UBS do PSF.
3.3.2.4 Acesso aos serviços especializados
A gestão referiu o acesso aos serviços do SUS através de diversas portas de
entrada preferencialmente as UBS, tanto do modelo Tradicional quanto do PSF, os
serviços de pronto atendimento e os ambulatórios distritais, ambulatórios de hospitais e
o atendimento de urgência de hospitais privados e públicos.
Não foram disponibilizadas informações sobre o tempo de espera de para
consultas especializadas nem sobre o tempo de espera para a realização de exames de
apoio diagnóstico e de terapia especializada.
A satisfação quanto à disponibilidade de consulta médica para a atenção
especializada foi investigada através da opinião da equipe de saúde, em instrumento
coletivo sobre a UBS. As consultas foram percebidas como suficientes por 11% dos
profissionais para ortopedia e otorrinolaringologia, por 22% para cardiologia,
dermatologia, oftalmologia e psiquiatria, por 33% para fisioterapia, por 44% para
pneumologia e por 56% para ginecologia e pediatria. O acesso foi considerado
insatisfatório paras as consultas em nefrologia e neurologia,
Entre as nove UBS, nenhuma julgou o acesso direto à retaguarda para
atendimento em Pronto Socorro e à para internação hospitalar como satisfatórios.
3.3.2.5 Adstrição da demanda
A adstrição da demanda ou vinculação da UBS com a população da área de
abrangência foi verificada através da existência de área geográfica definida e mapa e
estava presente somente nas UBS do PSF, que já haviam concluído o cadastramento de
todas as famílias.
A participação da equipe em atividades na área de abrangência da UBS nos
últimos 12 meses foi de 38% (n = 82), sendo maior entre os trabalhadores das UBS do
PSF (59%, n = 36) do que entre os das UBS Tradicionais (30%, n = 46).
61
3.3.2.6 Vínculo com instituições de ensino
As UBS da amostra de Jaboatão de Guararapes não possuíam vinculação com
atividades de ensino.
3.3.2.7 Assistência farmacêutica
Não foram disponibilizadas informações sobre assistência farmacêutica no
município.Apenas obteve-se o relato de que a dispensação de medicamentos era feita
nas UBS.
3.3.3 Experiências inovadoras em atenção básica à saúde
Devido à falta de informações não foi possível conhecer a realidade das
experiências inovadoras em atenção básica através da gestão municipal.
O presidente do CMS destacou o “Programa de atendimento odontológico móvel
para pacientes acamados” como a mais importante experiência inovadora em saúde no
período de 2001 a 2004.
3.4 Dimensão do Cuidado Integral
3.4.1 Estratégias de indução da integralidade
O direito universal à saúde da população brasileira define a integralidade como
um dos princípios constitucionais do SUS. Entretanto, a integralidade ainda não
assumiu a esperada relevância estratégica na organização e desenvolvimento das ações
de saúde. Alcançar a integralidade em saúde requer ações planejadas com esta
finalidade tanto no âmbito da UBS e em seu vínculo com a comunidade, quanto na
referência e contra-referência entre os níveis de atenção à saúde. Além disso,
compreende a articulação das práticas não apenas no âmbito setorial, mas também no
âmbito intersetorial (PINHEIRO, 2005). Neste estudo, a integralidade foi captada
através de alguns “proxis”, como, por exemplo, as práticas realizadas nas UBS, com
ênfase em ações programáticas a grupos prioritários, o acesso direto a exames
complementares, a disponibilidade de medicamentos, a utilização de protocolos, a
utilização de computadores pelos profissionais de saúde, a percepção dos profissionais
62
sobre a qualidade dos serviços prestados e o acesso a publicações do Ministério da
Saúde.
3.4.1.1 Atividades realizadas na UBS para o cuidado integral
A investigação das ações para o cuidado integral envolveu o questionamento
sobre as seguintes atividades: atendimento a demanda sentida; atendimento
odontológico a grupos prioritários; pré-natal; cuidado e visita domiciliar; procedimentos
de enfermagem; diagnóstico e tratamento da hanseníase e da tuberculose; diagnóstico e
tratamento da hipertensão e do diabetes; glicemia capilar; atendimento a desnutrição e
suplementação alimentar; notificação compulsória de doenças; manejo de agravos mais
prevalentes na infância, planejamento familiar; pequenas cirurgias; prevenção do câncer
de colo uterino; promoção do aleitamento materno e do crescimento e desenvolvimento
infantil.
Todas as UBS realizavam atendimento pré-natal, diagnóstico e tratamento de
hipertensão, diagnóstico e tratamento do diabetes, prevenção do câncer do colo uterino,
e procedimentos de enfermagem. Por outro lado nenhuma UBS realizava pequenas
cirurgias (Tabela 3.14).
A realização de grupos com usuários acontecia em oito UBS. As UBS Curcurana
e Loreto I realizavam todos os tipos de grupo avaliados, enquanto as UBS Curado
Quatro e Francisco Loureiro foram as que menos desempenhavam este tipo de
atividade. Grupo de portadores de sofrimento psíquico foi o menos citado (Tabela 3.14).
63
Tabela 3.14 – Atividades para o Cuidado Integral nas Unidades Básicas de Saúde em Jaboatão dos Guararapes. Estudo de Linha de Base,
PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Barra de
Jangada
Curado
Quatro
Curcurana
Dois Carneiros
Alto
Francisco
Loureiro
Grupiara
Jardim
Piedade
Jardim
Prazeres
Loreto I
Atendimento a demanda sentida
R
R
R
NI
R
R
R
NR
R
Atendimento odontológico a grupos
prioritários
R
NR
R
R
NR
R
R
R
R
Atendimento de pré-natal
R
R
R
R
R
R
R
R
R
Cuidado domiciliar
NR
NR
R
R
NR
R
R
R
R
Diagnóstico / Tratamento de
hanseníase
NR
NR
R
R
NR
R
R
R
R
Diagnóstico / Tratamento de
hipertensão
R
R
R
R
R
R
R
R
R
Diagnóstico / Tratamento de
tuberculose
NR
NR
R
R
NR
R
R
R
R
Atividades para o Cuidado Integral
Diagnóstico / Tratamento de diabetes
R
R
R
R
R
R
R
R
R
Glicemia Capilar
R
NR
R
R
NR
R
R
R
R
Atendimento a desnutrição /
suplementação alimentar
NR
R
R
R
NR
NR
NR
R
R
Atendimento aos agravos mais
prevalentes na infância
NR
NR
R
R
R
R
R
R
R
Notificação compulsória de doenças
NR
NR
R
R
R
R
R
R
R
Pequenas cirurgias
NR
NR
NR
NR
NR
NR
NR
NR
NR
Planejamento familiar
NR
NR
R
R
NR
R
R
R
R
Prevenção do câncer de colo uterino
R
R
R
R
R
R
R
R
R
Procedimentos de enfermagem
R
R
R
R
R
R
R
R
R
Promoção ao aleitamento materno
NR
NR
R
R
R
NI
R
R
R
Promoção do crescimento /
desenvolvimento infantil
NR
NR
R
NI
NR
NI
R
R
R
Visita Domiciliar
NR
NR
R = Realiza; NR = Não Realiza, NI = Não Informou.
R
R
NR
R
R
R
R
64
Tabela 3.15 – Atividades de Grupo nas Unidades Básicas de Saúde em Jaboatão dos Guararapes. Estudo de Linha de Base, PROESF –
UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Barra de
Jangada
Curado
Quatro
Curcurana
Dois
Carneiros
Alto
Francisco
Loureiro
Grupiara
Jardim
Piedade
Jardim
Prazeres
Loreto I
Atividades com grupos de
usuários
R
R
R
R
NR
R
R
R
R
Grupo de hipertensos
R
R
R
R
NSA
R
R
R
R
Grupo de diabéticos
NI
NI
R
R
NSA
R
R
R
R
Grupo de pré-natal
NR
R
R
R
NSA
NI
R
R
R
Grupo de idosos
NR
R
R
R
NSA
R
NR
R
R
Grupo de adolescentes
NR
R
NR
NR
NSA
NR
NR
NR
R
Grupo de portadores de
sofrimento psíquico
NR
NR
NR
NI
NSA
NI
NR
NR
NR
Grupo de puericultura
NR
R
R
R
NSA
NI
R
R
R
Atividades de grupo
R = Realiza; NR = Não Realiza; NI = Não Informou; NSA = Não Se Aplica.
65
3.4.1.2 Acesso direto a exames complementares
O acesso direto a exames complementares utilizados rotineiramente na atividade
clínica peculiar à Atenção Básica foi investigado quanto à suficiência do exame de
ácido úrico, creatinina, de HIV, de glicemia, hemograma, tipagem sanguínea, VDRL,
Baar no escarro, exame comum de urina, urocultura, citopatológico, colposcopia,
eletrocardiograma, ultra-sonografia obstétrica e radiografia simples.
O acesso foi referido como suficiente por 11% dos profissionais para os exames
de RX simples, USG obstétrica, ECG e urocultura, por 22% para ácido úrico, ECU,
colposcopia, creatinina / uréia, hemograma, tipagem sanguínea e pesquisa de BAAR,
por 33% para glicemia, por 44% para ECU e citopatologia de colo uterino, e por 56%
para VDRL.
3.4.1.3 Disponibilidade de medicamentos
A maioria dos medicamentos investigados foi considerada suficientes pelas
equipes das nove UBS estudadas.
Os medicamentos mais citados como suficientes em todas as unidades estudadas
foram: digoxina, dexametasona pomada, ácido acetil salisílico, amoxicilina, captopril,
anticoncepcional oral, furosemida, hidroclorotiazida, metronidazol, sulfametoxasol +
trimetoprima, neomicina + bacitracina. Havia carência de fenobarbital e nistatina creme
vaginal em todas as UBS da amostra (Tabela 3.16).
A dispensação das medicações desta lista básica era feita nas próprias UBS.
66
Tabela 3.16– Disponibilidade de Medicamentos das Unidades Básicas de Saúde em Jaboatão dos Guararapes. Estudo de Linha de Base,
PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Barra de
Jangada
Curado
Quatro
Curcurana
Dois
Carneiros
Alto
Francisco
Loureiro
Grupiara
Jardim
Piedade
Jardim
Prazeres
Loreto I
Fenobarbital
I
I
I
I
I
I
I
I
I
Digoxina
S
S
S
S
S
I
S
S
S
Diclofenaco de Potássio
S
S
S
S
S
I
S
S
S
Carbamazepina
I
I
I
I
S
I
I
I
I
Aminofilina
S
S
S
I
S
S
S
S
S
Cimetidina
I
S
S
S
S
S
S
S
S
Metronidazol geléia
S
S
S
S
S
I
S
S
S
Penicilina Benzatina 600.000 UI
I
I
S
I
S
I
S
I
S
Penicilina Benzatina 1.200.000 UI
I
I
S
I
S
S
S
S
S
Dexametasona pomada
S
S
S
S
S
S
S
S
S
Metformim
I
S
S
S
I
S
S
I
S
Ácido Acetil Salicílico
S
S
S
S
S
S
S
S
S
Amoxicilina
S
S
S
S
S
S
S
S
S
Ampicilina
I
I
S
I
S
S
S
S
S
Medicamentos
S = Suficiente; I = Insuficiente.
67
Barra de
Jangada
Curado
Quatro
Curcurana
Dois
Carneiros
Alto
Francisco
Loureiro
Grupiara
Jardim
Piedade
Jardim
Prazeres
Loreto I
Captopril
S
S
S
S
S
S
S
S
S
Anticoncepcional Oral (ACO)
S
S
S
S
S
S
S
S
S
Furosemida
S
S
S
S
S
S
S
S
S
Glibenclamida
S
S
S
I
S
S
S
S
S
Hidroclorotiazida
S
S
S
S
S
S
S
S
S
Metronidazol
S
S
S
S
S
S
S
S
S
Sulfametoxazol + Trimetropina
S
S
S
S
S
I
S
S
S
Sulfametoxazol + Trimetropina
suspensão
S
S
S
S
S
S
S
S
S
Nistatina creme vaginal
I
I
I
I
I
I
I
I
I
Neomicina + Bacitracina
S
S
S
S
S
S
S
S
S
Medicamentos
S = Suficiente; I = Insuficiente.
68
3.4.1.4 Utilização de protocolos
A Tabela 3.17 descreve as prevalências de utilização de protocolos pela UBS
investigadas através do instrumento coletivo da estrutura de acordo com a ação
programática, que variaram de 11% para o menos utilizado (manejo da desnutrição e
suplementação alimentar) a 100% para o mais utilizado (imunizações). Comparadas às
médias do Lote, apenas as proporções de utilização dos protocolos de cuidado
domiciliar, diagnóstico e tratamento do diabetes, diagnóstico e tratamento da pressão
arterial, imunizações e promoção do aleitamento materno foram superiores em Jaboatão.
De acordo com o modelo de atenção, os trabalhadores das UBS do PSF relataram maior
utilização da maioria dos protocolos investigados.
A Tabela 3.18 apresenta a utilização de protocolos de acordo com as UBS. As
UBS Curcurana, Dois Carneiros Alto e Loreto I foram os serviço com maior utilização
de protocolos, observando-se na UBS Francisco Loureiro a menor utilização.
Tabela 3.17 - Utilização de protocolos nas Unidades Básicas de Saúde em Jaboatão
dos Guararapes, por modelo de atenção e no Lote 2 NE. Estudo de Linha de Base,
PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Ação programática
Cuidados de enfermagem
Cuidado domiciliar
Diagnóstico e tratamento do diabetes
Diagnóstico e tratamento da hanseníase
Diagnóstico e tratamento da hipertensão
arterial
Diagnóstico e tratamento da tuberculose
Imunizações
Manejo da desnutrição e suplementação
alimentar
Manejo dos agravos mais prevalentes na
infância
Planejamento familiar
Pré-natal
Prevenção do câncer de colo uterino
Promoção crescimento e
desenvolvimento infantil
Promoção do aleitamento materno
Jaboatão dos Guararapes (%)
Lote 2 NE
(%)
PSF
67
67
100
100
100
Tradicional
33
0
67
0
67
Total
56
44
89
67
89
100
100
0
0
100
33
67
100
11
76
93
36
50
0
33
53
67
83
67
67
0
67
0
33
44
78
44
56
73
86
80
69
67
100
78
58
57
39
78
68
79
69
Tabela 3.18 – Utilização de Protocolos nas Unidades Básicas de Saúde em Jaboatão dos Guararapes. Estudo de Linha de Base, PROESF –
UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Barra de
Jangada
Curado
Quatro
Curcurana
Dois
Carneiros
Alto
Francisco
Loureiro
Grupiara
Jardim
Piedade
Jardim
Prazeres
Loreto I
Cuidados de enfermagem
NU
U
U
U
NU
NU
NU
NU
U
Cuidado domiciliar
NU
NU
U
U
NU
U
NU
NU
U
U
U
U
U
NU
U
U
U
U
Diagnóstico e tratamento da hanseníase
NU
NU
U
U
NU
U
U
U
U
Diagnóstico e tratamento da hipertensão
arterial
U
U
U
U
NU
U
U
U
U
Diagnóstico e tratamento da tuberculose
NU
NU
U
U
NU
U
U
U
U
U
U
U
U
U
U
U
U
U
Manejo da desnutrição e suplementação
alimentar
NU
U
NU
NU
NU
NU
NU
NU
NU
Manejo dos agravos mais prevalentes na
infância
NU
NU
U
U
NU
NU
NU
U
NU
Planejamento familiar
NU
NU
U
U
NU
U
NU
NU
U
Pré-natal
NU
U
U
U
U
U
U
NU
U
U
U
U
U
U
U
NU
NU
U
Promoção crescimento e desenvolvimento
infantil
NU
NU
U
U
NU
U
NU
NU
U
Promoção do aleitamento materno
NU
NU
U
U
U
NU
NU
U
NU
Protocolos
Diagnóstico e tratamento do diabetes
Imunizações
Prevenção do câncer de colo uterino
U = Utiliza; NU = Não Utiliza; NR = Não Respondeu.
70
Os resultados obtidos através do questionário dos profissionais indicaram que
somente 50% (n = 113) dos trabalhadores referiram utilizar algum tipo de protocolo
para a realização de suas atividades, com distribuição semelhante entre os modelos de
atenção.
3.4.1.5 Utilização de computador pelos profissionais
A utilização de computador em atividades profissionais na UBS e / ou em casa
foi referida por 13% (n = 30) dos profissionais entrevistados, sendo de 21% (n = 14) nas
UBS PSF e de 10% (n = 16) nas Tradicionais.
3.4.1.6 Qualidade dos serviços prestados
A opinião dos profissionais sobre a qualidade dos serviços prestados na UBS foi
considerada boa ou muito boa para aproximadamente 41% (n = 90) dos entrevistados
em Jaboatão dos Guararapes, sendo de 81% (n = 51) no modelo PSF e de 25% (n = 39)
no modelo Tradicional.
3.4.1.7 Acesso a publicações
O acesso dos profissionais de Jaboatão de Guararapes às publicações do
Ministério da Saúde foi pequeno e variou de 3% para a Revista Brasileira Saúde da
Família a 36% para o Manual do Agente Comunitário de Saúde. Em geral, de acordo
com o modelo de atenção, o acesso foi maior entre os profissionais das UBS do PSF.
Comparado às médias do Lote 2 Nordeste, este acesso foi menor no município para
todas as publicações (Tabela 3.19).
71
Tabela 3.19 - Acesso dos profissionais estudados a publicações do Ministério da
Saúde nas Unidades Básicas de Saúde de Jaboatão dos Guararapes, por modelo de
atenção e no Lote 2 NE. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE,
2005.
Acesso às publicações do Ministério da
Saúde
Jaboatão dos Guararapes (%)
Lote 2 NE
(%)
PSF
Tradicional
Total
Revista Brasileira Saúde da Família
7
2
3
6
Informes de Atenção Básica
9
11
10
31
Manual do SIAB
12
11
11
23
Manual do Agente Comunitário de Saúde
45
32
36
38
Avaliação Normativa do PSF no Brasil
8
4
6
8
3.4.2 Processo de trabalho em atenção básica à saúde
3.4.2.1 Introdução ao processo de trabalho em ABS
O objeto destes comentários foi o Processo de Trabalho em Atenção Básica à
Saúde, descrito através de um formulário semi-estruturado, preenchido pelas equipes
das nove Unidades Básicas de Saúde (UBS) de Jaboatão dos Guararapes.
As doze variáveis abordadas como etapas componentes do Processo de Trabalho
em Atenção Básica à Saúde foram: planejamento, gestão e coordenação, recepção,
acolhimento, cuidado clínico, cuidado de enfermagem, cuidado odontológico, ações
programáticas, ações educativas, cuidados domiciliares, gestão da informação,
supervisão e suporte técnico e participação no Conselho Local de Saúde.
Os atributos propostos para caracterizar cada uma das variáveis foram: descrição
da atividade – o que é feito e como é feito?; quem faz?; que recursos são utilizados?;
dificuldades; sugestões e experiências inovadoras.
3.4.2.2 A categoria processo de trabalho
A universalização do direito à saúde, a descentralização da gestão e a atenção
básica à saúde distinguem positivamente o SUS, em comparação a outros sistemas de
saúde, incluindo aqueles já experimentados no Brasil (BRASIL, 1990).
72
Apesar disso, possivelmente em função de seu curto tempo de implantação e da
escassez de recursos materiais e humanos, o SUS ainda não dispõe de um processo de
trabalho em atenção básica à saúde plenamente formulado e operacionalmente efetivo.
Neste sentido, a descrição do processo de trabalho nas UBS estudadas pode representar
importante contribuição para a melhoria da ABS em Jaboatão dos Guararapes.
O processo de trabalho, enquanto categoria abstrata, permite compreender a
organização e a divisão das tarefas necessárias à transformação de um dado objeto de
trabalho em um produto desenvolvido, valorizado socialmente, tanto em seu valor de
uso, quanto em seu valor de troca (FACCHINI, 1986). Cada espaço concreto de
trabalho, cada unidade produtiva, conforma um processo de trabalho particular,
incomparável em suas nuances e características mais singulares. Mas cada processo de
trabalho também guarda as características essenciais do modo de produção em que está
inserido e, de modo mais objetivo, de seu ramo de produção e da natureza da atividade
produtiva predominante (FACCHINI, 1986).
O uso da categoria processo de trabalho neste estudo, permitiu a análise
individualizada de cada UBS e a busca de regularidades, de semelhanças e de contrastes
entre as UBS de Jaboatão dos Guararapes. Nestas análises, além de perceber a dinâmica
da organização e divisão do trabalho em cada atividade, buscou-se identificar o objeto
de trabalho, os recursos disponíveis e os responsáveis por sua realização. Problemas e
sugestões para a melhoria das atividades também foram captados. Fruto do processo de
construção do SUS, o trabalho nas UBS Tradicionais é um simulacro daquele realizado
em hospitais e unidades ambulatoriais especializadas, sendo fortemente centrado no
médico e nas clínicas básicas, atendendo a demanda espontânea de usuários. No PSF, o
processo de trabalho pretende se distanciar do viés hospitalar e da especialização,
fortalecendo a participação da equipe de saúde e do médico “geral” no atendimento
integral das necessidades de saúde da população.
O processo de trabalho em ABS está essencialmente vinculado ao trabalho vivo,
à atividade, à qualidade técnico-científica do trabalhador, à sua motivação e
compromisso com o resultado de seu trabalho. Nas UBS, a tecnologia disponível tem
muita dificuldade em dinamizar o processo de trabalho, orientando a ação do
trabalhador. A escassez crônica de equipamentos, instrumentos e os mais variados
insumos, mesmo os mais básicos para o funcionamento de uma UBS, dificultam a
efetivação do processo de trabalho em ABS com um significado mais amplo que
73
extrapole a prática individual do trabalhador em relação a um usuário do serviço e
alcance o resultado do trabalho da equipe em relação à comunidade em que está
inserido.
3.4.2.3 Etapas do processo de trabalho em atenção básica à saúde
As atividades de Planejamento, de Gestão e de Coordenação eram realizadas
através de reuniões semanais ou mensais, com a participação de toda equipe. Na reunião
mensal das UBS Curado IV e Francisco Loureiro havia a participação da coordenação
do distrito. Independente do modelo de atenção, Não houve referência a um
planejamento para longo prazo, com o estabelecimento de metas a serem alcançadas
pelas UBS. As equipes das UBS Jardim Piedade I e Barra da Jangada informaram não
realizar estas atividades. As dificuldades relatadas foram a do excesso de atividades
burocráticas e na conciliação do horário entre profissionais de nível superior e os de
nível técnico (UBS Curado IV e Francisco Loureiro).
A descrição das atividades de Suporte Técnico e Supervisão contemplou
principalmente as ações relacionadas ao PNI, apenas as UBS Dois Cordeiros Alto,
Jardim Prazeres e Curcurana relataram a fiscalização por parte da coordenação, era
realizado pela chefia e coordenação das unidades, não havendo uma periodicidade
definida. As dificuldades apontadas foram a falta de transporte para levar a supervisão
até as UBS, provocando a falta de supervisão do nível central, a falta de tempo
disponível para a atividade e ausência dos profissionais nos dias de reunião. Nas UBS
Jardim Piedade I e Grupiara as equipes responderam que não realizavam estas
atividades.
A Gestão da Informação tinha suas atividades focadas na produção de
relatórios das atividades diárias (incluindo atendimentos, visita domiciliar, pré-natal,
vacinação, entre outros) e incluiu a participação de toda equipe. O relatório do SIAB, os
formulários do HIPERDIA, do SIS-prénatal, SISNAN, SISVAN foram citados pelas
UBS Dois Cordeiros Alto, Jardim Piedade I e Jardim Prazeres. As UBS Tradicionais
realizam apenas o registro das atividades ambulatoriais. O número excessivo de
formulários e a falta destes foram apontados como dificuldade, além disso, duas UBS
Tradicionais referiram a baixa escolaridade dos funcionários administrativos. Foram
74
sugeridos a informatização do sistema, a capacitação dos profissionais e diminuição da
burocracia.
Em Jaboatão dos Guararapes, a Recepção nas UBS PSF, era realizada pelos
auxiliares de enfermagem, e nas Tradicionais por um auxiliar administrativo (a UBS
Barra de Jangada contava com a colaboração de todos os setores). Esta atividade era
realizada durante todo período de funcionamento da UBS. Entre as dificuldades
referidas destacaram-se a falta de um recepcionista, sobrecarregando o auxiliar de
enfermagem e nas UBS Tradicionais a inadequação do espaço físico também é um
problema. Nas UBS PSF foi sugerida a contratação de recepcionistas e nas Tradicionais
foi a ampliação do espaço físico.
O Acolhimento foi caracterizado pelo atendimento de todos os profissionais,
sem estar restrito à um setor, independente do modelo de atenção e realizado em turno
integral. Entre as dificuldades enfrentadas observou-se o número reduzido de
profissionais (UBS Dois Carneiros Alto, Curcurama, Grupiara e Lotero I), tempo
reduzido para realizar o acolhimento (Jardim Piedade I e Jardim Prazeres) e estrutura
física inadequada (UBS Grupiara, Barra de Jangada e Curado IV). A sugestão foi a de
contratar e qualificar os trabalhadores para o acolhimento. As UBS Tradicionais Curado
IV e Francisco Loureiro citaram como experiência inovadora, a formação de grupo de
humanização no distrito.
O Cuidado Clínico era realizado através da oferta de 12 a 20 consultas médicas
/ turno. As dificuldades enfrentadas pelos médicos foram: problemas na referência e
contra-referência, desorganização na recepção, falta de insumos, excesso da demanda e
número reduzido de profissionais. Sugeriram regularidade no envio de medicamentos,
melhoraria no fluxo de referência, aumento no número de unidades PSF e investimento
em melhorias na infra-estrutura das UBS.
O Cuidado de Enfermagem era realizado em tempo integral pelos auxiliares de
enfermagem. Nenhuma UBS relatou as atividades do enfermeiro. O número de
atendimentos variou entre 10 e 20 por turno e incluiu a realização dos procedimentos de
enfermagem (vacinação, verificação de pressão arterial, curativos e nebulizações) e
atividades da recepção (marcação de exames, agendamento, atendimento de telefone,...).
Entre as dificuldades enfrentadas destacou-se o excesso acúmulo de funções (recepção,
farmácia, burocrata...), a escassez de recursos materiais e o espaço físico inadequado.
As UBS PSF sugeriram a contratação de mais profissionais (auxiliares e recepcionistas)
75
e as UBS Tradicionais, melhorias da estrutura física e no abastecimento de
medicamentos e materiais.
O Cuidado Odontológico estava disponível em todas as UBS estudadas. Os
odontólogos atendiam de 10 a 15 pessoas por turno de trabalho, com o auxílio dos
Auxiliares de Consultório Dentário (ACD) para a lavagem e esterilização do
instrumental; o agendamento de consultas e auxilio durante procedimentos. Apenas a
UBS Francisco Loureiro tinha dois ACD. A UBS Jardim Piedade I foi a única que
referiu realizar atividades vinculadas a palestras, visitas domiciliares e nas escolas. Os
problemas estavam relacionados com a insuficiência de odontólogo e de ACD; na falta
ou má condição de instrumental e material para uso diário e, no fluxo excessivo de
pacientes. As sugestões incluíram a contratação e capacitação de odontólogos e ACD; a
melhoria na manutenção dos equipamentos e a compra de material adequado.
As atividades de Ações Programáticas nas UBS Dois Carneiros Alto, Grupiara
e Barra de Jangada estavam direcionadas principalmente às mulheres, crianças,
hipertensos e diabéticos. A UBS Loreto I realiza estas ações durante visitas domiciliares
e palestras na unidade e na comunidade. As UBS Jardim Piedade I e Francisco Loureiro
relataram não realizar atividades vinculadas a ações programáticas. De modo geral, não
foi especificada se estas ações eram individuais (consultas) ou coletivas (grupos). Todos
os membros da equipe participavam e o tempo utilizado foi bem diversificado,
independente do modelo. O excesso de burocracia e a falta de pessoal e material
dificultavam o trabalho e sugeriram a contratação de novos profissionais,
disponibilidade de material didático. A equipe da UBS Curado IV sugeriu a contratação
de um psicólogo para participar do grupo. Como experiência foi citada a realização de
confraternização no grupo de hipertensos e diabéticos (UBS Barra de Jangada e Curado
IV).
As Ações Educativas articulavam as práticas de saúde dirigidas a grupos de
usuários estratificados por idade, gênero ou tipo de problema crônico, sendo sempre
realizada através de palestras por todas as unidades. Estas palestras eram realizadas nos
grupos de intervenção, durante as consultas e em escolas. Foi observada a participação
de toda equipe, apenas a equipe da UBS Francisco Loureiro contava com a participação
do odontólogo e do ACD. A periodicidade dos grupos variou de um a dois turnos por
semana nas UBS PSF; nas Tradicionais era destinado 2 horas semanais. As dificuldades
incluíram a falta de local e de material educativo. Entre as experiências inovadoras as
76
equipes relataram a realização de atividades de prevenção e promoção da saúde (UBS
Curado IV e Francisco Loureiro), a confecção de seu próprio material (UBS Jardim
Prazeres) e a promoção de palestras na comunidade (UBS Dois Cordeiros Alto).
O Cuidado Domiciliar era realizado apenas pelas UBS PSF e apareceu com
forte caráter curativo. O principal motivo para o cuidado domiciliar era a dificuldade de
locomoção do usuário e / ou o fato de estar acamado. Eram disponibilizadas consultas
médicas, controle de pressão arterial e glicemia, realização de curativos, vacinas e
aplicação de medicamentos. Eram realizadas por todos membros da equipe e o tempo
dedicado à atividade foi de dois turnos semanais. A principal dificuldade era o acesso
aos domicílios (locais sem saneamento, de difícil locomoção, alagamentos...)
juntamente com a falta de material de uso pessoal (botas e capas de chuva) para realizar
as visitas.
Não havia Conselho Local de Saúde implantado em nenhuma das UBS
estudadas.
3.4.2.4 Satisfação dos trabalhadores com as condições de trabalho
O estudo adotou uma escala de adequação organizada de 0 a 10, a partir da qual
os trabalhadores das UBS da amostra (n = 243) emitiram sua opinião em relação a
algumas variáveis componentes das condições de trabalho e do trabalho em equipe.
A observação das médias alcançadas em relação à satisfação dos trabalhadores
de Jaboatão dos Guararapes sobre cada uma das variáveis estudadas revelou que o
maior índice de satisfação foi para o trabalho em equipe e o menor para o atendimento
individual a domicílio, sendo este resultado inferior ao do Lote. Quanto ao modelo de
atenção, a satisfação dos trabalhadores das UBS do PSF foi sistematicamente maior
(Tabela 3.20).
77
Tabela 3.20 - Médias alcançadas em relação à satisfação dos trabalhadores de saúde
em uma escala de 0 a 10 em Jaboatão dos Guararapes, por modelo de atenção e no
Lote 2 NE. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Satisfação dos profissionais
Jaboatão dos Guararapes
Lote 2 NE
PSF
Tradicional
Total
Trabalho em equipe
7,6
6,6
6,9
7,0
Reuniões de equipe
7,2
5,6
6,2
7,0
Preenchimento de formulários e
relatórios
6,6
6,4
6,4
7,0
Demanda para atendimento
individual a domicílio
7,4
4,8
3,5
7,0
Demanda para atendimento
individual na unidade
6,9
4,8
5,4
6,0
Reuniões com a coordenação local
da unidade
6,6
5,4
5,8
6,0
Reuniões com a comunidade
5,5
4,1
4,6
5,0
Estrutura física da unidade
6,6
4,7
5,3
5,0
3.5 Dimensão Desempenho do Sistema de Saúde
3.5.1 Desempenho do Município de Jaboatão dos Guararapes
3.5.1.2 Indicadores Selecionados e Pacto da Atenção Básica à Saúde
As informações apresentadas abaixo se referem ao município de Jaboatão dos
Guararapes, a totalidade dos municípios de Pernambuco e ao Brasil.
A Tabela 3.21 aponta que uma situação de modo geral desfavorável à Jaboatão
dos Guararapes quando comparado ao estado e país. O município obteve o menor índice
de consultas médicas básicas por habitante ao ano e a maior proporção de baixo peso ao
nascer. A proporção de recém-nascidos com quatro ou mais consultas pré-natal e de
partos por cesarianas foi maior às observadas no estado e semelhantes às do país. Já o
índice de mortalidade infantil foi menor à de PE, mas maior ao da União. Não estavam
disponíveis informações sobre mortalidade infantil por causas evitáveis.
78
Tabela 3.21 - Indicadores de desempenho do sistema de saúde para Jaboatão dos
Guararapes, Pernambuco e Brasil. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote
2 NE, 2005.
Jaboatão dos
Guararapes
PE
Brasil
Consultas médicas básicas / hab / ano
1,2
1,4
1,4
% RN com 4 ou mais consultas Pré-Natal
83,1
81,3
83,1
% de Baixo peso ao nascer
9,0
7,6
8,1
Mortalidade Infantil / 1.000 NV
21,4
25,9
19,3
MI Causas evitáveis
--*
--*
--*
% Partos por cesariana
39,1
31,2
38,8
Indicador
Fonte: Pacto da Atenção Básica 2002 (* Informação não disponível)
a. Crianças
Comparado com o país, Jaboatão dos Guararapes apresentou menor proporção
de óbitos em menores de um ano por causas mal definidas, mas maior taxa de
internação por IRA em menores de cinco anos. Já a taxa de mortalidade infantil
neonatal foi menor à observada em PE, mas superior à do Brasil (Tabela 3.22).
Tabela 3.22 - Indicadores do Pacto da Atenção Básica de 2002 relativos à saúde da
criança para Jaboatão dos Guararapes, Pernambuco e Brasil. Estudo de Linha de
Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Jaboatão dos
Guararapes
PE
Brasil
Número absoluto de óbitos de < de 1 ano
214
4.035
58.916
% de óbitos em < de 1 ano por causas mal definidas
1,9
16,5
8,8
Taxa de internação por IRA em < de 5 anos
32,8
24,2
26,4
Cobertura vacinal por tetravalente em < de 1 ano
100
22,7
21,5
Número absoluto de óbitos neonatais
135
2.332
38.679
Taxa de mortalidade infantil neonatal
13,5
14,9
12,6
Indicador
Fonte: Pacto da Atenção Básica 2002 (* Informação não disponível)
79
b. Mulheres
De modo geral todos os indicadores do Pacto da Atenção Básica da saúde da
mulher foram favoráveis ao município quando comparado ao estado e país. Jaboatão
dos Guararapes apresentou a menor taxa de mortalidade materna, as menores taxas de
mortalidade por câncer uterino e de mama, além da maior proporção de nascidos vivos
com sete ou mais consultas de pré-natal. Já a razão de exames citopatológicos foi a
mesma em todos os grupos (Tabela 3.23).
Tabela 3.23 - Indicadores do Pacto da Atenção Básica de 2002 relativos à saúde da
mulher para Jaboatão dos Guararapes, Pernambuco e Brasil. Estudo de Linha de
Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Jaboatão dos
Guararapes
PE
Brasil
Taxa de mortalidade materna
20,0
44,2
52,7
Razão entre exames CP em mulheres de 25 a
59 anos e a população na faixa etária
0,2
0,2
0,2
Taxa de mortalidade em mulheres por câncer
de colo de útero
3,5
4,7
4,6
Taxa de mortalidade em mulheres por câncer
de mama
3,4
8,7
10,2
% de nascidos vivos com 7 ou mais consultas
de pré-natal
50,5
40,0
47,8
Indicador
Fonte: Pacto da Atenção Básica 2002.
c. Adultos e idosos: doenças crônicas
Os indicadores relativos às doenças crônicas foram de modo geral desfavoráveis
à Jaboatão dos Guararapes, quando comparados aos da PE e do Brasil. Entre estes, a
maior taxa de internação por acidente vascular cerebral (AVC) e por diabetes mellitus,
além da maior taxa de mortalidade por tuberculose. Taxa de mortalidade por doenças
cerebrovasculares foi inferior à de PE, mas superior à do Brasil; enquanto a taxa de
internação por insuficiência cardíaca congestiva (ICC) foi maior à observada no estado,
mas semelhante à do país (Tabela 3.24).
80
Tabela 3.24 - Indicadores do Pacto da Atenção Básica de 2002 relativos a doenças
crônicas para Jaboatão dos Guararapes, Pernambuco e Brasil. Estudo de Linha de
Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Jaboatão dos
Guararapes
PE
Brasil
Taxa de internação por acidente vascular
cerebral (AVC)
35,7
27,6
32,7
Taxa de mortalidade por doenças
cerebrovasculares
139,6
151,0
137,9
Taxa de internação por insuficiência cardíaca
congestiva (ICC)
51,9
42,1
66,3
% de internação por cetoacidose e coma
diabético
15,0
4,7
15,1
% de internação por diabetes mellitus
1,7
1,5
1,3
Taxa de mortalidade por tuberculose
8,0
5,0
3,0
Indicador
Fonte: Pacto da Atenção Básica 2002.
d. Saúde bucal
Entre os indicadores relativos à saúde bucal, encontrou-se em Jaboatão dos
Guararapes a maior cobertura de primeira consulta odontológica em relação à PE e ao
Brasil. Entretanto, a razão entre procedimentos odontológicos coletivos e a população
de 0 a 14 anos foi inferior às demais; e a proporção de exodontias em relação às ações
básicas individuais foi menor à observada no estado e maior à do país (Tabela 3.25).
Tabela 3.25 - Indicadores do Pacto da Atenção Básica de 2002 relativos à saúde bucal
para Jaboatão dos Guararapes, Pernambuco e Brasil. Estudo de Linha de Base,
PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Indicador
Jaboatão dos
Guararapes
PE
Brasil
Cobertura de primeira consulta odontológica
15,4
12,4
13,1
Razão entre procedimentos odontológicos
coletivos e a população de 0 a 14 anos
0,02
0,07
0,20
% de exodontias em relação às ações básicas
individuais
9,8
15,2
8,8
Fonte: Pacto da Atenção Básica 2002.
81
3.5.2 Desempenho dos Modelos de Atenção Básica à Saúde
3.5.2.1 Perfil da Demanda Atendida nas UBS
a. Idade, sexo e escolaridade da demanda
A demanda estudada era composta predominantemente por mulheres (70%; n =
708), sem diferenças entre os modelos. A predominância do gênero feminino na
utilização dos serviços se manifestou especialmente entre os 15 e os 49 anos de idade,
predomínio muito vinculado à vida reprodutiva.
Da amostra, 71% (n = 724) das pessoas eram de cor não-branca, observando-se
proporção semelhante entre os usuários das UBS PSF (71%; n = 496) e os de UBS
Tradicionais (71%; n = 228).
Do total, 22% (n = 227) da amostra ficou representada pelo grupo de menores de
cinco anos de idade. Desse grupo etário, cerca da metade (45%; n = 103) da carga de
trabalho diário esteve dirigida aos cuidados específicos do primeiro ano de vida – o qual
representou 10% da amostra total.
As crianças de cinco a 14 anos constituíram 12% (n = 119) da amostra. As
mulheres de 15 a 49 anos de idade eram 38% (n = 390) e os homens nesta faixa etária
representaram apenas 7% (n = 69). A demanda de 50 anos e mais correspondeu a 21%
(n = 212), sendo 11% (n = 114) de 50 a 64 anos e 10% (n = 102) de 65 anos e mais.
Assim, a carga de trabalho com enfoque nos cuidados das necessidades crônicas e
degenerativas mais prevalentes na população adulta e idosa foi semelhante àquela
relacionada às crianças menores de cinco anos de idade.
A demanda por grupo etário foi variou entre os modelos de atenção, sendo
significativamente maior na faixa de 15 à 49 anos nas UBS PSF (48%, n = 339) que nas
Tradicionais (38%, n = 123); enquanto que de 0 à 14 anos a proporção foi maior entre
as UBS Tradicionais (45%, n = 128) que nas do PSF (31%, n = 218).
Em relação à escolaridade, 14% (n = 130) dos usuários eram analfabetos, 12% (n
= 104) eram apenas alfabetizados, 34% (n = 305) possuía o ensino fundamental
incompleto, 8% (n = 70) o fundamental completo, 4% (n = 37) o médio incompleto, 7%
(n = 59) o médio completo e 2% (n = 16) o superior. Cerca de um quinto da amostra
(19%, n =173) encontrava-se fora da idade escolar. Quando comparados os níveis de
escolaridade entre os modelos de atenção, observou-se proporção significativamente
82
maior de usuários com baixa escolaridade nas UBS de PSF (analfabetos = 16%,
alfabetizados = 14%; ensino fundamental incompleto = 36%); enquanto os níveis de
maior escolaridade foram mais freqüentes entre os usuários das UBS Tradicionais
(fundamental completo = 9%; médio incompleto = 6%; superior = 3%).
b. Participação dos profissionais no atendimento à demanda
Em relação aos profissionais de nível superior, os enfermeiros realizaram 8% (n
= 77) dos atendimentos, os médicos 23% (n = 234), os odontólogos 9% (n = 92) e os
demais profissionais de nível superior 1% (n = 9). Já os profissionais de nível médio
realizaram 25% (n = 258) dos atendimentos e os ACS 35% (n = 354) – (Tabela 3.26).
Observou-se proporções significativamente maiores de atendimentos realizados
por enfermeiros (9%, n =61), odontólogos (10%, n = 67) e ACS (51%, n = 354) entre as
UBS do PSF; enquanto os atendimentos prestados por médicos (50%, n = 161), outros
profissionais de nível superior (3%, n = 9) e de nível médio (35%, n = 112) foram mais
freqüentes nas UBS Tradicionais (Tabela 3.26).
Em relação ao Lote, as proporções de Jaboatão dos Guararapes foram de modo
geral muito semelhantes (Tabela 3.26).
Tabela 3.26 - Participação dos profissionais no atendimento à demanda em Jaboatão
dos Guararapes, por modelo de atenção e no Lote 2 NE. Estudo de Linha de Base,
PROESF – UFPel, 2005.
Profissional
Jaboatão dos Guararapes (%)
Lote 2 NE
(%)
PSF
Tradicional
Total
Enfermeiros
9
5
8
11
Médicos
10
50
23
20
Odontólogos
10
8
9
8
Outros profissionais de nível superior
0
3
1
2
Outros profissionais de nível médio
21
35
25
29
ACS
51
0
35
30
83
c. Procedimentos realizados no atendimento à demanda
As ações dos profissionais de enfermagem representaram 18% (n = 183) da
demanda de procedimentos, as ações médicas básicas 22% (n = 225), atendimentos por
outros profissionais de nível superior 4% (n = 42), as ações básicas em odontologia 9%
(n = 90), imunizações 10% (n = 104), visitas domiciliares 35% (n = 354) e coleta de
material 2% (n = 16).
Entre as UBS Tradicionais, observou-se proporção superior da realização de
imunizações (22%; n = 67), atendimento básico de enfermagem (19%, n =60) e
consultas médicas (48%, n = 149). Entre as UBS do PSF, as proporções foram maiores
para visitas domiciliares (51%, n = 354), atendimento de outros profisisonais de nível
superior (5%, n = 33) e coleta de material (2%, n = 16). As proporções de
procedimentos odontológicos foram semelhantes.
3.5.2.2 Utilização de Serviços na População de Abrangência da UBS
3.5.2.2.1 Crianças
Condições do parto e peso ao nascer
O nascimento da maioria das crianças (99%; n = 160) ocorreu em ambiente
hospitalar, sendo que 35% (n = 57) nasceu através de cesariana (Tabela 3.27).
O peso médio dos recém-nascidos de Jaboatão dos Guararapes foi de 3.179
gramas, e a proporção de baixo peso ao nascer foi de 11% (n = 18) - (Tabela 3.27).
Na análise comparativa entre os modelos de atenção, não foram observadas
diferenças significativas.
Tabela 3.27 - Condições de nascimento das crianças de Jaboatão dos Guararapes, por
modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Indicadores
Jaboatão dos Guararapes
PSF
Tradicional
Total
% Parto hospitalar
99
98
98
% Parto por cesariana
39
28
35
3.191
3.154
3.179kg
12
10
11
Peso médio ao nascer em gramas
% Baixo peso ao nascer
84
Puericultura
Em Jaboatão dos Guararapes 94% (n = 152) das crianças possuíam cartão para
acompanhamento do peso, sendo semelhante entre os modelos (Tabela 3.28).
Mais da metade das crianças (59%; n = 92) foi pesada e medida na UBS de sua
área de abrangência. Na maioria (55%, n = 53) dos casos as mães informaram a
necessidade de marcar consulta para realizar a puericultura na UBS, fato
significativamente mais relatado para as UBS Tradicionais (72%, n = 21) que para as de
PSF (48%, n = 32).
Puericultura em um dia específico da semana foi uma realidade informada por
60% (n = 57) das mães, enquanto a espera na fila para realizar puericultura foi
confirmada por 70% (n = 67). Apenas 19% (n = 30) das crianças haviam sido pesadas e
medidas 12 vezes ou mais, ocorrendo em proporções semelhantes entre os modelos de
atenção (Tabela 3.28).
Este acompanhamento foi realizado em outro local que não a UBS da área de
abrangência por 38% (n = 58) das crianças. Na maioria destes casos o motivo informado
para não realizar a puericultura na UBS da abrangência foi juízo insatisfatório da UBS
(38%; n = 24); seguido de não morar no bairro ou cidade (24%; n = 15); possuir
cobertura por plano de saúde ou convênio (13%; n = 8); não achar necessário (11%; n =
7); e problema de acesso geográfico (14%; n = 9). Considerando as justificativas mais
relatadas, não houve diferenças significativas entre os modelos (Tabela 3.28).
A opinião sobre a puericultura foi boa, muito boa ou ótima para 70% (n = 66)
das mães que vivenciaram esta situação e, quando estas mães foram estimuladas a
atribuir uma nota de zero a dez para avaliar a UBS de sua área de abrangência, a média
alcançada foi de 8,0 (dp = 2,6), não tendo havido variação significativa entre os
modelos em ambas avaliações (Tabela 3.28).
No momento das entrevistas 25% (n = 41) das crianças estavam sendo
amamentadas, sendo em proporções semelhantes entre os modelos (Tabela 3.28).
85
Tabela 3.28 - Características do acompanhamento de puericultura das crianças
estudadas em Jaboatão dos Guararapes, por modelo de atenção. Estudo de Linha de
Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Indicador
Jaboatão dos Guararapes
PSF
Tradicional
Total
Tem cartão de peso (%)
95
91
94
Pesada e medida na UBS da área de abrangência
(%)
61
54
59
Era preciso marcar consulta para puericultura na
UBS (%)
48
72
55
Tinha dia específico da semana para puericultura
(%)
54
72
59
Tinha que esperar na fila para puericultura (%)
66
79
70
Puericultura 12 vezes ou mais (%)
19
19
19
Puericultura em outro local que não a UBS da área
(%)
43
28
38
Não realizou puericultura na UBS de sua área por
ter cobertura de plano de saúde (%)
13
13
13
Não realizou puericultura na UBS de sua área por
juízo insatisfatório (%)
36
42
38
Não realizou puericultura na UBS de sua área por
não morar no bairro ou cidade (%)
28
17
24
Opinião sobre puericultura foi boa, muito boa ou
ótima (%)
75
59
70
Nota de zero a dez para avaliar a UBS
8,2
7,6
8,0
Crianças amamentadas (%)
24
28
25
Imunizações
Na avaliação da cobertura vacinal utilizaram-se informações disponíveis no
cartão da criança e, na sua ausência, informações fornecidas pela mãe ou responsáveis.
Conforme descrito no item anterior sobre puericultura, 6% das crianças não possuíam
cartão, ocasionando perda de informações a esse respeito. As perdas também ocorreram
quando a mãe não lembrava as vacinas recebidas pela criança.
86
Logo, a análise das imunizações isoladamente mostrou cobertura de 88% (n =
143) para a vacina contra a Poliomielite; de 75% (n = 122) para a vacina contra o
Sarampo; de 92% (n = 149) para a vacina contra a Tuberculose; de 87% (n = 141) para
a vacina contra a Hepatite B; e de 88% (n = 143) para a vacina contra a Difteria, o
Tétano e a Coqueluche (DPT) + Haemophilus influenza tipo b + Tetravalente (Tabela
3.29).
Cobertura inferior à dosagem mínima necessária foi de 1% (n = 2) para a vacina
contra a Poliomielite, de 13% (n = 21) contra o Sarampo, de 2% (n = 3) contra a
Hepatite B e de 6% (n = 9) para DPT + Hib + Tetravalente. Faltaram informações de
vacina contra Poliomielite (11%, n = 17), Sarampo (12%, n = 19), Hepatite B (11%, n =
18), BCG (8%, n = 13) e difteria, tétano e coqueluche (DPT) + Hib + Tetravalente e
(6%, n = 10) houve ocorrência de cobertura inferior a dosagem mínima necessária.
Não foram observadas diferenças significativas entre os modelos de atenção.
Tabela 3.29 - Características do estado vacinal das crianças estudadas em Jaboatão
dos Guararapes de acordo com o registro do cartão de vacinas, por modelo de
atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Cobertura vacinal
Jaboatão dos Guararapes (%)
PSF
Tradicional
Total
Sabin
89
87
88
Sarampo
72
82
75
Tuberculose
91
94
92
Hepatite B
87
87
87
DPT + Hib + Tetravalente
89
87
88
Consulta por Diarréia
A ocorrência de diarréia no último mês nas crianças entrevistadas foi de 38% (n
= 62), sendo mais freqüente entre aquelas residentes em áreas de UBS Tradicionais
(50%, n = 27) que de PSF (32%, n = 35) - (Tabela 3.30).
87
Quase metade da amostra de crianças com diarréia (47%; n = 29) necessitou
consultar por este motivo, sendo em proporções semelhantes entre as áreas por modelo
de atenção. Entre estas, 21% (n = 6) consultou a maior parte das vezes na UBS da área
de abrangência, das quais 83% (n = 5) recebeu alguma orientação a respeito da
prevenção e abordagem inicial da diarréia, incluindo aconselhamento com relação ao
soro caseiro (100%; n = 5), a reidratação oral (80%; n = 4) e a utilização de água de
arroz (40%; n = 2). Não foram observadas diferenças entre os modelos de atenção na
prestação de orientações sobre diarréia (Tabela 3.30).
A ocorrência de hospitalização por diarréia no último ano foi informada para
14% (n = 8) das crianças, em proporções que não diferiram significativamente (Tabela
3.30).
Tabela 3.30 - Prevalência de diarréia no último mês e características das consultas
pelo problema das crianças estudadas em Jaboatão dos Guararapes, por modelo de
atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Indicador
Jaboatão dos Guararapes (%)
PSF
Tradicional
Total
Diarréia no último mês
32
50
38
Consultou por diarréia
46
48
47
Maioria das consultas na UBS da área
25
15
21
Prevenir desidratação
100
50
83
Soro caseiro
100
100
100
Reidratação oral
100
0
80
Água de arroz
50
0
40
13
16
14
Recebeu orientação sobre:
Hospitalização por diarréia no último ano
A maioria das mães que não levou seus filhos para consultar na UBS da área,
informou que não poderia esperar pelo atendimento (31%, n = 7). Entre as demais, as
justificativas foram possuir plano de saúde ou realizar consulta particular (17%, n = 4);
encontrar o posto fechado (13%, n = 3); dificuldade para tirar ficha (13%, n = 3);
88
preferência por outro posto de saúde (9%, n = 2); mãe levou diretamente ao hospital
(9%, n = 2); afirmação de que o posto não resolveria (4%, n = 1); e informação de que o
posto não atendia casos graves (4%, n = 1). Dez mães não souberam/ não prestaram esta
informação. Neste sentido também não foram observadas diferenças entre os modelos
de atenção.
Consulta por Pneumonia
Nos seis meses anteriores à entrevista, a ocorrência de pneumonia foi referida
para 9% (n = 14) das crianças. A grande maioria destas (93%, n = 13) necessitaram
consultar pela doença nos últimos seis meses, sendo que somente uma buscou
atendimento na UBS de sua área na maioria das vezes (Tabela 3.31).
Questionadas sobre o motivo ou justificativa para não consultar por pneumonia
na UBS da área, cinco (42%) mães informaram ter levado o filho diretamente ao
hospital; três (25%) preferiam outro local de atendimento; duas (17%) informaram que
na UBS da área não era prestado atendimento de emergência; uma (8%) disse que o
posto não resolveria o problema; e uma última (8%) afirmou que o problema havia
ocorrido à noite.
A ocorrência de hospitalização por pneumonia no último ano foi informada para
5 (36%) crianças (Tabela 3.31).
Para nenhuma das variáveis relacionadas à problemas de pneumonia foi
observada diferença significativa entre os modelos de atenção.
Tabela 3.31 - Prevalência de pneumonia nas crianças nos últimos 6 meses e
características das consultas pelo problema em Jaboatão dos Guararapes, por
modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Indicador
Jaboatão dos Guararapes (%)
PSF
Tradicional
Total
Pneumonia nos últimos seis meses
8
9
9
Consultou por pneumonia
89
100
93
Maioria das consultas na UBS da área
13
0
8
Hospitalização por pneumonia no último ano
33
40
36
89
Consulta por outro motivo
Consulta na UBS da área de abrangência por outro motivo, exceto puericultura,
diarréia e pneumonia, foi referida para 33% (n = 50) das crianças estudadas. Mais da
metade das mães (56%, n = 51) alegaram que as crianças não consultaram por outros
motivos na UBS da área porque não precisaram; 23% (n = 21) faziam juízo
insatisfatório do serviço; 9% (n = 8) tinha dificuldade de acesso geográfico; 2% (n = 2)
não morava no bairro ou cidade; 10% (n = 9) dispunha de convênio/ plano de saúde.
Não foram observadas diferenças significativas quanto aos modelos de atenção (Tabela
3.32).
Tabela 3.32 - Características das consultas por outros motivos além de diarréia e
pneumonia das crianças estudadas em Jaboatão dos Guararapes, por modelo de
atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Indicador
Jaboatão dos Guararapes (%)
PSF
Tradicional
Total
Consultou na UBS da área por outros motivos
35
30
33
Não consultou na UBS da área por não achar
necessário
58
53
56
Não consultou na UBS da área por juízo
insatisfatório
19
29
23
Não consultou na UBS da área por ter
convênio
9
12
10
Saúde bucal
Na amostra de Jaboatão dos Guararapes, a avaliação em saúde bucal apontou
que no grupo de crianças 86% (n = 138) das mães realizavam limpeza dos dentes de
seus filhos, sendo esta ocorrência significativamente mais freqüente entre aquelas
residente em áreas do PSF (91%, n = 98) que em áreas de UBS Tradicionais (76%, n =
40) - (Tabela 3.33).
Em média, as mães afirmaram ter iniciado a higiene bucal de seus filhos aos 11
meses de idade (dp = 5,5), sendo que a limpeza era realizada cerca de 2 vezes ao dia.
Quase a metade (36%, n = 49) das crianças tinha os dentes escovados três vezes ou mais
90
ao dia, não havendo diferenças significativas entre os modelos de atenção para as
variáveis citadas.
Nenhuma mãe informou realizar limpeza dos dentes da criança com gaze, sendo
o cotonete citado por uma mãe (1%). A quase totalidade (94%, n = 129) das mães
referiu utilizar escovinha para limpeza dos dentes, enquanto a utilização de outros
recursos (tais como fralda, paninho e / ou dedo) foi referida por 9% (n = 12). A maioria
afirmava ainda fazer a higiene bucal de seus filhos utilizando pasta de dentes (92% ; n =
127), não havendo diferença significativa entre os modelos de UBS (Tabela 3.33).
Mais da metade da amostra (64%, n = 103) afirmou já ter recebido informação
sobre a importância de limpar ou escovar os dentes de seus filhos, ocorrência
significativamente mais freqüente entre as residentes de áreas do PSF (71%, n = 77) que
entre as de UBS Tradicionais (49%, n = 26). Do grupo que recebeu informação, a
maioria afirmou tê-la recebido do dentista da UBS (51%, n = 50); seguido de outro
profissional da UBS (26%, n = 23). Ainda foram citadas como fonte de informação a
família (7%, n = 6); amigos (1%, n = 1); dentista privado (7%, n = 6); escola (5%, n =
4); ACS (11%, n = 10); programa de rádio ou televisão (10%, n = 9); e ainda outras
formas (23%, n = 21). Para estas variáveis, observou-se diferença entre os modelos
apenas quanto à orientação obtida através de rádio ou televisão, citada mais
freqüentemente entre as residentes de áreas do PSF (14%, n = 9).
Quase a metade (40%, n = 64) das crianças estudadas ainda fazia uso da chupeta
e, outras 62% (n = 100) tomavam mamadeira à noite. Destas mamadeiras, 86% (n = 86)
eram adoçadas. Cerca de um quinto (22%, n = 35) das crianças já havia batido e / ou
quebrado algum dente (Tabela 3.33). Não se observou diferença entre os modelos para
estes casos.
91
Tabela 3.33 - Características de saúde bucal das crianças estudadas em Jaboatão dos
Guararapes, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel,
Lote 2 NE, 2005.
Indicador
Jaboatão dos
Guararapes (%)
Realiza limpeza dos dentes
86
Idade média de início da limpeza de dentes (meses)
11
Escova os dentes 3 vezes ou mais ao dia
36
Utilização de escova na higiene bucal
94
Utilização de pasta de dentes na higiene bucal
92
Recebeu alguma informação sobre importância de escovar /
limpar os dentes do filho
64
Recebeu orientação do dentista da UBS de abrangência
51
Criança usa chupeta
40
Criança toma mamadeira à noite
62
Criança já bateu / quebrou algum dente
22
3.5.2.2.2 Mulheres
Pré-natal
A maioria (96%, n = 154)das mulheres estudadas realizaram alguma consulta de
pré-natal na última gravidez, sendo o início do pré-natal do último filho em torno da 12ª
semana de gestação. Em 48% (n = 74) dos casos, o pré-natal havia sido feito na UBS da
abrangência (Tabela 3.34).
Entre as mulheres que fizeram o pré-natal fora da área da UBS, a maioria referiu
como motivo juízo insatisfatório da UBS (34%, n = 27). Seguindo, os demais motivos
citados foram possuir convênio (30%, n = 24); não morar no bairro ou cidade à época
(29%, n = 23); ter problema de acesso geográfico (4%, n = 3); e gestação de risco (4%,
n = 3) - (Tabela 3.34).
Durante o pré-natal, a vacina contra o tétano deixou de ser aplicada em apenas
10% (n = 3) das mulheres que efetivamente necessitavam, tendo sido administrada
desnecessariamente em 66% (n = 55) - (Tabela 3.34).
92
A maioria das entrevistadas que realizou o pré-natal na UBS da área de
abrangência expressou opinião positiva sobre o programa (78% ; n = 58) - (Tabela
3.34).
Nenhuma das variáveis aqui apresentadas demonstrou diferença significativa
entre os modelos de atenção.
Tabela 3.34 - Características do pré-natal das mulheres estudadas em Jaboatão dos
Guararapes, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel,
Lote 2 NE, 2005.
Indicador
Jaboatão dos Guararapes
PSF
Tradicional
Total
Fez pré-natal na última gravidez (%)
96
94
96
Início do pré-natal (semana)
12
13
12
Fez pré-natal na UBS da área (%)
50
45
48
Não fez pré-natal na área por não morar no bairro
ou cidade (%)
31
25
29
Não fez pré-natal na área por ter convênio (%)
29
32
30
Não fez pré-natal na área por juízo insatisfatório
(%)
33
36
34
Deixou de fazer vacina antitetânica (%)
6
14
10
Fez antitetânica desnecessariamente (%)
73
55
66
Teve opinião positiva sobre o pré-natal (%)
82
70
78
Aleitamento materno
A informação sobre a importância de iniciar a amamentação na 1ª hora de vida
da criança alcançou 74% (n = 54) das mulheres entrevistadas. A escuta das
preocupações ou problemas com a amamentação e a orientação sobre dificuldades e
problemas com a amamentação foi referida por 68% (n = 50) das mulheres e 34% (n =
25) mencionou ter recebido apoio ou suporte para amamentar imediatamente após o
parto, através de reuniões ou atividades em grupo (Tabela 3.35).
93
De modo geral as orientações prestadas sobre aleitamento materno foram
significativamente mais freqüentes entre aquelas mulheres atendidas em UBS do PSF.
Apenas no caso de orientação sobre extração do leite e de hábitos de amamentação as
diferenças observadas não se mostraram significativas.
Tabela 3.35 - Orientações sobre aleitamento fornecidas no pré-natal realizado na
Unidade Básica de Saúde da área de abrangência em Jaboatão dos Guararapes, por
modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Orientação sobre o aleitamento materno
Jaboatão dos Guararapes (%)
PSF
Tradicional
Total
Importância de amamentar na 1ª hora de vida
82
55
74
Vantagens da amamentação até 6 meses
88
61
80
Hábitos de amamentação
77
57
70
Importância de estimular a criança a sugar
90
61
81
Importância da continuidade da amamentação
72
44
63
Preocupações sobre amamentação ouvidas
78
44
68
Prejuízo da mamadeira
82
48
72
Prejuízo do bico / chupeta
78
48
69
Orientação sobre dificuldades para
amamentar
82
48
72
Orientações sobre posições para o aleitamento
74
48
66
Orientações sobre extração do leite
63
44
57
Apoio para amamentar por grupo pré-natal
35
13
28
Apoio para amamentar por grupo após o parto
41
17
34
Planejamento familiar
A utilização de algum método anticoncepcional foi uma realidade para 73% (n =
118) das mulheres da amostra. Destas, 40% (n = 47) fazia uso de anticoncepcional oral,
44% (n = 52) de preservativo, 15% (n = 18) havia se submetido à laqueadura tubária e
94
1% (n = 1) fazia uso de DIU. Para nenhum destes casos foi observada diferença
significativa (Tabela 3.36).
O anticoncepcional oral/ injetável foi obtido na UBS da área por 36% (n = 19)
das mulheres, comprado por 58% (n = 31) e conseguido em outra UBS que não a da
abrangência por 6% (n = 3). A proporção de entrevistadas que obtiveram o
anticoncepcional na UBS da área foi significativamente maior entre as residentes de
áreas do PSF (43%, n = 16) que entre aquelas de áreas de UBS Tradicionais (19%, n =
3) - (Tabela 3.36).
Tabela 3.36 - Utilização de métodos anticoncepcionais pelas mulheres estudadas em
Jaboatão dos Guararapes, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base,
PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Métodos anticoncepcionais
Jaboatão dos Guararapes (%)
PSF
Tradicional
Total
Utiliza algum método anticonceptivo
74
72
73
Utiliza ACO
42
36
40
Utiliza preservativo
43
46
44
Fez laqueadura tubária
15
15
15
Utiliza DIU
1
0
1
Obtém ACO na UBS da área
43
19
36
Precisa comprar ACO
57
63
58
Atendimento ginecológico
Menos de um quinto (18% ; n = 29) das mulheres estudadas no município
consultou na UBS da área de abrangência no último ano por motivos ginecológicos. Na
opinião de 57% (n = 16) daquelas que utilizaram o serviço, o atendimento ginecológico
na UBS foi bom (46%, n = 13), muito bom (4%, n = 1) ou ótimo (7%, n = 2). Ao se
questionar sobre uma quantificação para esta avaliação em uma escala de 0 a 10, a
resposta atingiu o valor de 6,7 (Tabela 3.37).
95
Quanto ao tempo de espera para conseguir a consulta ginecológica na UBS da
área, 28% (n = 8) relatou ter sido atendida no mesmo dia, 59% (n = 17) em outro dia da
mesma semana e 14% (n = 4) em oito dias ou mais (Tabela 3.37).
Para nenhuma das informações contidas neste item as diferenças entre os
modelos de atenção foram significativas.
Tabela 3.37 - Características da consulta ginecológica no último ano das mulheres
estudadas em Jaboatão dos Guararapes, por modelo de atenção. Estudo de Linha de
Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Consulta ginecológica
Jaboatão dos Guararapes
PSF
Tradicional
Total
Consulta ginecológica na UBS da área no
último ano (%)
19
17
18
Opinião positiva sobre atendimento (%)
63
44
57
Nota para atendimento
6,4
8,3
6,7
Consegue consulta para mesmo dia (%)
35
11
28
Consegue consulta em outro dia na mesma
semana (%)
45
89
59
Prevenção do câncer ginecológico
O conhecimento sobre o exame para prevenção do câncer de colo uterino
alcançou 97% das mulheres (n = 156) estudadas e 85% (n = 132) da amostra já o havia
realizado alguma vez na vida. O exame de mamografia pelo menos uma vez foi referido
por 9% (n = 15) das mulheres entrevistadas, não havendo diferenças significativas entre
os modelos de atenção (Tabela 3.38).
96
Tabela 3.38 - Prevenção do câncer de colo uterino nas mulheres estudadas em
Jaboatão dos Guararapes, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base,
PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Indicador
Jaboatão dos Guararapes (%)
PSF
Tradicional
Total
Conhece exame pré-câncer
97
96
97
Já fez pelo menos um exame pré-câncer
88
79
85
Já fez pelo menos uma mamografia
8
11
9
Utilização da UBS da área por outros motivos
Das mulheres da amostra 11% (n = 18) haviam consultado na UBS por outros
motivos, diferentes daqueles incluídos nas ações programáticas de saúde da mulher
(ginecologia). Entre as mulheres que não consultaram na UBS da área 77% (n = 108)
referiu não necessitar da consulta, não tendo sido observadas diferenças significativas
entre os modelos de atenção (Tabela 3.39).
Tabela 3.39 - Consultas por outros motivos além do ginecológico das mulheres
estudadas em Jaboatão dos Guararapes, por modelo de atenção. Estudo de Linha de
Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Indicador
Jaboatão dos Guararapes (%)
PSF
Tradicional
Total
Consultou por outros motivos
14
6
11
Não consultou na UBS da área por não necessitar
78
76
77
Saúde bucal
Na amostra de Jaboatão dos Guararapes, a avaliação em saúde bucal apontou
que, no grupo de mulheres, a totalidade (100%, n = 161) afirmou realizar limpeza dos
dentes.
Das mulheres que afirmavam realizar higiene bucal, 59% (n = 95) afirmou
escovar três vezes ou mais ao dia, 34% (n = 55) duas vezes ao dia e 7% (n = 11) uma
97
vez ao dia. Todas as mulheres que realizavam limpeza dos dentes, afirmaram utilizar
escova e pasta de dentes, sendo que mais de metade (63% ; n = 101) usava palito e / ou
fio dental para auxiliar a higiene, sem haver diferenças significativas entre os modelos
de atenção (Tabela 3.40).
Das mulheres estudadas, 44% (n = 70) referiu ter recebido orientação em saúde
bucal no último ano, ocorrência significativamente mais citada entre as residentes de
áreas do PSF (56%, n = 59) que de UBS Tradicionais (20%, n = 11). Dois terços destas
(63%, n = 44) informaram ter recebido orientação através do dentista da UBS; 11% (n =
8) de dentista privado; 13% (n = 9) via programa de rádio ou tv; 7% (n = 5) de ACS;
6% (n = 4) de familiar; 3% (n = 2) de amigo; 4% (n = 3) de outro profissional da UBS;
6% (n = 4) da escola; e 9% (n = 6) através de outras formas. Entre as formas de
orientação, observou-se proporção significativamente maior de orientação do dentista da
UBS entre as residentes de áreas do PSF (70%, n = 41) que de UBS Tradicionais (27%,
n = 3). Já a orientação recebida através de rádio ou tv, foi mais freqüente entre as
residentes de áreas de UBS Tradicionais (36%, n = 4) que de UBS do PSF (9%, n = 5).
No último ano, 32% (n = 51) das mulheres fizeram revisão dos dentes; 35% (n =
57) tiveram dor de dentes; 22% (n = 36) fez tratamento para cárie; 12% (n = 19) bateu
ou quebrou algum dente; e 14% (n = 22) teve problemas na gengiva . Problemas
dentários impediram 4% (n = 6) das mulheres de cumprir com atividades sociais e / ou
de lazer. Na comparação entre os modelos de atenção, observou-se diferença
significativa quanto à realização de revisão dos dentes, que apresentou maior proporção
entre as residentes de áreas do PSF (38%, n = 41) que de UBS Tradicionais (19%, n =
10); e quanto à realização de tratamento para cárie, também mais freqüente entre as
moradoras de áreas de PSF (29%, n =31) que de UBS Tradicionais (9%, n = 5).
Nos últimos doze meses, 47% (n = 76) das mulheres foram atendidas por
dentistas, situação citada em maior freqüência por residentes de áreas do PSF (53%, n =
57) que de UBS Tradicionais (35%, n = 19). A UBS foi o local mais procurado (61% ; n
= 46), seguido de serviços privados (32% ; n = 24) e do Pronto-Socorro (7% ; n = 5).
Quanto ao grau de satisfação com o atendimento prestado, os dentistas obtiveram uma
nota média de 8,8 (dp = 2,0), sendo que 85% (n = 64) informou ter tido seu problema
resolvido e apenas 5% (n = 4) precisou ser encaminhado a atendimento especializado,
tendo conseguido este atendimento apenas uma (25%) entrevistada. A maioria (82% ; n
98
= 132) já havia realizado extração de dente, dentre as quais 22% (n = 36) extraiu apenas
um dente e 60% (n = 96) extraiu mais de um dente (Tabela 3.40).
O uso de prótese foi referido por 14% (n = 23) da amostra, sendo que apenas
uma (4%) das próteses havia sido feita há menos de um ano; 52% (n = 12) entre um e
cinco anos e 44% (n = 10) há mais de cinco anos. Neste sentido, observou-se proporção
significativamente maior de próteses com mais de cinco anos entre as residentes de
UBS Tradicionais (80%, n = 8) que de PSF (15%, n = 2); enquanto que a proporção de
próteses mais recentes foi maior nas áreas de PSF (85%, n = 11) que Tradicionais (20%,
n = 2).
Com dificuldade para mastigar foram encontradas 17% (n = 28) das mulheres e a
ocorrência atual ou passada de ferida na boca foi mencionada por 11% (n = 18), sendo
que sete (39%) referiram a continuação da enfermidade (Tabela 3.40).
Durante a última gestação nos dois anos anteriores à entrevista, 39% (n = 63) das
mulheres estudadas recebeu orientação sobre saúde bucal, sendo em maior proporção
entre as residentes de áreas do PSF (48%, n = 51) que entre as de UBS Tradicionais
(22%, n = 12). Dentre estas mães, a maioria havia recebido a orientação do dentista da
UBS (64%, n = 40); 16% (n = 10) de outro profissional da UBS; 6% (n = 4) de dentista
privado; 5% (n = 3) de ACS; 3% (n = 2) de familiar; e outras 19% (n=12) ainda
afirmaram ter recebido através de outras formas. Não foram observadas diferenças entre
os modelos quanto às formas de orientação durante a gestação (Tabela 3.40).
99
Tabela 3.40 - Características de saúde bucal das mulheres estudadas em Jaboatão
dos Guararapes, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel,
Lote 2 NE, 2005.
Indicador
Jaboatão dos
Guararapes (%)
Realiza limpeza dos dentes
100
Escova 3 vezes ou mais ao dia
59
Utilização de escova e pasta de dentes na higiene bucal
100
Utilização de palito e/ou fio dental na higiene bucal
63
Recebeu alguma orientação em saúde bucal no último ano
44
Recebeu orientação do dentista da UBS de abrangência
63
Fez revisão dos dentes no último ano
32
Teve dor de dente no último ano
35
Bateu / quebrou algum dente no último ano
12
Teve problemas de gengiva no último ano
14
Foi atendido por dentista no último ano
47
No posto de saúde
61
Em serviço privado
32
Já extraiu pelo menos um dente
82
Usa prótese
14
Recebeu orientação sobre saúde bucal durante gestação
39
3.5.2.2.3 Adultos
Atividade física
A recomendação médica para a prática de exercícios físicos em alguma consulta
alcançou 30% (n = 31) da amostra do município, sendo que esta mesma recomendação
na última consulta foi referida por 24% (n = 26) dos adultos. Não houve diferenças
significativas entre os modelos de atenção neste sentido (Tabela 3.41).
100
Tabela 3.41 - Atividade física dos adultos estudados em Jaboatão dos Guararapes,
por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Indicador
Jaboatão dos Guararapes (%)
PSF
Tradicional
Total
Recomendação médica da UBS para a prática de
exercícios físicos
30
32
30
Recomendação médica da UBS para a prática de
exercícios físicos na última consulta
27
20
24
Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS)
O diagnóstico de HAS foi informado por 26% (n = 39) dos adultos estudados,
com duração média conhecida do problema de 7,8 anos (dp = 7,8), sendo semelhante
entre os modelos de atenção (Tabela 3.42).
A consulta por hipertensão na UBS da área foi informada por 55% (n = 21) dos
adultos da amostra, tendo sido agendada para 75% (n = 15) dos usuários. A maioria
(44%, n = 8) recebeu atendimento na mesma semana da solicitação, enquanto 28% (n =
5) foi atendido no mesmo dia e outros 28% (n = 5) após uma semana. O tempo
decorrido desde a última consulta por HAS foi em média de 46 dias (dp = 41,4), sendo
esta significativamente maior entre os hipertensos de áreas das UBS Tradicionais (76,0;
dp = 47,4) que aqueles de áreas de PSF (33,1; dp = 32,4) - (Tabela 3.42).
Em termos terapêuticos, 77% (n = 30) dos hipertensos utilizavam medicamentos,
enquanto cerca de um terço (31%; n = 12) informou adotar outras formas de tratamento
além daquelas preconizadas pelo médico, sem diferenças significativas entre os modelos
(Tabela 3.42).
A participação de atividades em grupos para hipertensos na UBS da área foi
informada por 18% (n = 7) da amostra e a hospitalização por HAS aconteceu nos
últimos dois anos para 16% (n = 6). As diferenças observadas neste caso não se
mostraram significativas (Tabela 3.42).
101
Tabela 3.42- Hipertensão Arterial Sistêmica nos adultos estudados em Jaboatão dos
Guararapes, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel,
Lote 2 NE, 2005.
Indicador
Jaboatão dos Guararapes
PSF
Tradicional
Total
Prevalência de HAS (%)
26
26
26
Tempo médio de diagnóstico (anos)
7,8
7,6
7,8
Consulta por HAS na UBS da área (%)
54
58
55
Consulta agendada (%)
64
100
75
Agendamento para o mesmo dia (%)
39
0
28
Agendamento para outro dia na mesma semana
(%)
39
60
44
33,1
76,0
46,0
Precisa usar medicamentos para HAS (%)
81
69
77
Outras formas de tratamento (%)
27
39
31
Participação em grupos de HAS (%)
27
0
18
Hospitalização por HAS nos últimos dois anos
(%)
20
8
16
Tempo desde a última consulta (dias)
Diabetes Mellitus (DM)
O diagnóstico de diabetes foi informado por 8% (n = 12) dos adultos estudados,
e o tempo de conhecimento do diagnóstico foi de 3,4 anos (dp = 5,9), sem diferenças
significativas entre os modelos de atenção (Tabela 3.43).
O local de consulta nos últimos seis meses para a doença foi a UBS da área de
para 33% (n = 4) dos entrevistados, tendo sido agendadas para 75% (n=3). A metade
(50%, n = 2) conseguiu ser atendida no mesmo dia e a outra metade (50%, n = 2) na
mesma semana. O tempo decorrido desde a última consulta foi em média de 28,0 dias
(dp = 31,6), sendo significativamente maior entre os diabéticos de áreas das UBS
Tradicionais (75,0; dp = 0) que aqueles de áreas de PSF (12,3; dp = 4,6) - (Tabela 3.43).
102
O uso de medicação para o tratamento da doença foi referido por 75% (n = 9)
adultos com DM, enquanto a adoção de outras formas de tratamento, além daquelas
preconizadas pelo médico foi relatada por 50% (n = 6) destes, sem ter sido observada
diferença significativa entre os modelos (Tabela 3.43).
Apenas dois (17%) adultos com DM informaram participação em atividades de
grupo na UBS da área, e nenhum referiu hospitalização pelo problema nos últimos 2
anos (Tabela 3.43).
Tabela 3.43 - Diabetes Mellitus nos adultos estudados em Jaboatão dos Guararapes,
por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Indicador
Jaboatão dos Guararapes
PSF
Tradicional
Total
9
6
8
Tempo médio de diagnóstico (anos)
4,1
1,3
3,4
Consulta por diabetes na UBS da área (%)
33
33
33
Consulta agendada (%)
67
100
75
Agendamento para o mesmo dia (%)
67
0
50
Agendamento para outro dia na mesma semana
(%)
33
100
50
12,3
75,0
28,0
Precisa usar medicamentos para diabetes (%)
67
100
75
Outras formas de tratamento (%)
44
67
50
Participação em grupos de diabetes (%)
22
0
17
Hospitalização por diabetes nos últimos dois
anos (%)
0
0
0
Prevalência de diabetes (%)
Tempo desde a última consulta (dias)
Consulta por problemas psíquicos
“Problema de nervos” foi referido por 21% (n = 33) dos adultos estudados em
Jaboatão dos Guararapes, e a média de duração deste sofrimento foi de 15,8 (dp = 14,0)
anos – (Tabela 3.44).
103
Entre os adultos com problema de nervos, quatro (12%) consultaram na UBS da
área nos últimos seis meses, dos quais dois (50%) agendaram consulta. O tempo
transcorrido desde o último atendimento foi de 75,0 dias (Tabela 3.44).
Mais da metade (53%, n = 17) das pessoas que se consideraram portadoras deste
tipo de problema mencionaram a necessidade de usar medicamento, sendo que outras
formas de tratamento, além da orientada pelo médico, foram adotadas por 34% (n = 11)
(Tabela 3.44).
Dois (17%) entrevistados haviam participado de atividades de grupo para
portadores deste tipo de sofrimento e, nenhum adulto foi hospitalizado por este
problema nos últimos dois anos (Tabela 3.44).
Nenhuma das diferenças observadas se mostrou significativa entre os modelos
de atenção.
Tabela 3.44 - Problemas de nervos nos adultos estudados em Jaboatão dos
Guararapes, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel,
Lote 2 NE, 2005.
Indicador
Jaboatão dos Guararapes
PSF
Tradicional
Total
18
28
21
19,8
10,1
15,8
Consulta por problemas de nervos na UBS da área
(%)
22
0
12
Consulta agendada (%)
50
0
50
Atendimento no mesmo dia (%)
50
0
50
75,0
0
75,0
Precisa usar medicamentos para problemas de nervos
(%)
50
57
53
Outras formas de tratamento (%)
28
43
34
Participação em grupos (%)
22
0
17
Hospitalização por problemas de nervos nos últimos
dois anos (%)
6
7
6
Prevalência de problemas de nervos (%)
Tempo médio de diagnóstico (anos)
Tempo desde a última consulta (dias)
104
Saúde da Mulher
Na amostra de adultos estudados, 56% (n = 88) eram mulheres com idade média
foi de 44,6 anos (dp = 9,5). Um quarto (25%, n = 22) das mulheres estudadas no
município havia consultado no último ano para problemas ginecológicos. O tempo de
espera entre a marcação da consulta e sua realização foi de 11,8 (dp = 21,0) dias.
Apenas uma (1%) entrevistada informou história familiar de câncer de mama em
mãe. Das mulheres que consultaram na UBS da área por problemas ginecológicos no
último ano, apenas 18% (n = 4) tiveram as mamas examinadas na última consulta
ginecológica.
A grande maioria (97%; n = 84) das mulheres conhecia o exame para prevenção
do câncer de colo uterino, das quais 96% (n = 81) delas já o havia realizado alguma vez
na vida (Tabela 3.45).
Do total das mulheres estudadas no município, 40% (n = 35) realizou
mamografia (Tabela 3.45).
Nenhuma das variáveis referentes à saúde da mulher apresentou diferença
significativa entre os modelos de atenção.
Tabela 3.45 - Prevenção do câncer de colo uterino nas mulheres da amostra de
adultos de Jaboatão dos Guararapes, por modelo de atenção. Estudo de Linha de
Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Indicador
Jaboatão dos Guararapes (%)
PSF
Tradicional
Total
Conhece exame pré-câncer
95
100
97
Já fez pelo menos um exame pré-câncer
96
96
96
Já fez pelo menos uma mamografia
39
41
40
Nos últimos três meses, 18% (n = 15) das mulheres havia consultado na UBS da
área por outro motivo diferente do ginecológico, realizando em média 0,3 (dp = 0,6)
consultas cada uma.
105
Opinião sobre o atendimento na UBS
Na opinião dos adultos, em uma escala de zero a dez, a qualidade do
atendimento foi avaliada em 7,9, não havendo diferença significativa entre os modelos
de atenção.
Saúde bucal
Na amostra de Jaboatão dos Guararapes a avaliação em saúde bucal apontou, no
grupo de adultos, que 97% (n = 150) realizava limpeza dos dentes (Tabela 3.46).
Dos adultos que realizavam higiene bucal, 48% (n = 72) afirmou escovar os
dentes três vezes ao dia, 35% (n = 52) duas vezes ao dia e 17% (n = 26) uma vez ao dia.
Praticamente a totalidade destes (99% ; n = 148) realizava a limpeza com escova e pasta
de dentes, sendo que 58% (n = 90) ainda utilizava palito e / ou fio dental para auxiliar a
higiene (Tabela 3.46).
Entre os adultos, cerca de um terço (29%; n = 44) disse ter recebido orientação
em saúde bucal no último ano. Destes, a maioria afirmou tê-la recebido através de
programa de rádio ou tv (35%, n = 14), 34% (n = 13) do dentista da UBS; 21% (n = 8)
do dentista privado; 11% (n = 4) de ACS; 5% (n = 2) de outro profissional da UBS ou
da escola; 3% (n = 1) de familiar; e outros 8% (n = 3) via outras formas (Tabela 3.46).
No último ano, cerca de um quarto (23%, n = 35) dos adultos fez revisão dos
dentes, 27% (n = 40) teve dor de dente; 18% (n = 27) fez tratamento para cárie; 19% (n
= 29) bateu ou quebrou algum dente; e 20% (n = 30) teve problemas na gengiva (Tabela
3.46).
Problemas dentários impediram que 5% (n = 7) dos adultos estudados em
Jaboatão dos Guararapes fosse trabalhar; que um (1%) fosse à escola; e que outros três
(2%) cumprissem com suas atividades sociais e / ou de lazer.
Nos últimos doze meses, 38% (n = 58) dos entrevistados foram atendidos por
dentistas, e, o local procurado foram os serviços privados (62%; n = 36), seguidos pelas
UBS (36%; n = 21), e Pronto-Socorro (2%; n = 1) - (Tabela 3.46). Quanto ao grau de
satisfação com o atendimento prestado, os dentistas obtiveram uma nota média de 8,5.
Além disso, a grande maioria (95% ; n = 55) informou ter tido seu problema resolvido,
106
e apenas dois (3%) adultos precisaram ser encaminhados a serviços especializados, mas
nenhum conseguiu este atendimento.
Dos adultos entrevistados, 97% (n = 150) já havia realizado extração de dente
(Tabela 3.46). Destes, 5% (n = 8) extraiu apenas um dente, 81% (n = 121) extraiu mais
de um dente e 14% (n = 21) havia extraído todos os dentes.
O uso de prótese foi referido por 55% (n = 84) dos adultos. Destas próteses, 7%
(n = 6) haviam sido feitas há menos de um ano; 37% (n = 30) entre um e cinco anos, e
56% (n = 45) há mais de cinco anos (Tabela 3.46).
Cerca de um quarto (26%, n = 40) dos adultos informou ter dificuldade para
mastigar e, a ocorrência atual ou passada de ferida na boca foi mencionada por 9% (n =
14). O tempo de duração da ferida foi em média de 21,9 (dp = 65,9) meses e 20% (n =
3) da amostra afirmou que a ferida ainda persistia (Tabela 3.46).
Quando feitas as comparações entre os modelos de atenção, apenas a orientação
em saúde bucal feita pelo dentista apresentou diferença significativa; em que este tipo
de orientação foi mais freqüente nas UBS do PSF (46%, n = 12) que nas UBS
Tradicionais (8%, n = 1) - (Tabela 3.46).
107
Tabela 3.46 - Características de saúde bucal dos adultos estudados em Jaboatão dos
Guararapes, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel,
Lote 2 NE, 2005.
Indicador
Jaboatão dos
Guararapes (%)
Realiza limpeza dos dentes
97
Escova 3 vezes ou mais ao dia
48
Utilização de escova e pasta de dentes na higiene bucal
99
Utilização de palito e/ou fio dental na higiene bucal
58
Recebeu alguma orientação em saúde bucal no último ano
29
Recebeu orientação do dentista da UBS de abrangência
34
Fez revisão dos dentes no último ano
23
Teve dor de dente no último ano
27
Bateu / quebrou algum dente no último ano
19
Teve problemas de gengiva no último ano
20
Foi atendido por dentista no último ano
38
No Posto de Saúde
36
Em serviço Privado
62
Já extraiu pelo menos um dente
97
Usa prótese
55
3.5.2.2.4 Idosos
Atividade física
A recomendação médica para a prática de exercícios físicos em alguma consulta
alcançou 45% (n = 54) da amostra de idosos, em proporção significativamente maior
nas UBS do PSF (55%; n = 39) em relação às UBS Tradicionais (31%; n = 15). Esta
mesma recomendação na última consulta foi referida por 31% (n = 38) dos idosos,
ocorrendo novamente em maior proporção nas UBS do PSF (40%, n = 31) que nas UBS
Tradicionais (15%, n = 7) - (Tabela 3.47).
108
Tabela 3.47 - Atividade física dos idosos estudados em Jaboatão dos Guararapes, por
modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Indicador
Jaboatão dos Guararapes (%)
PSF
Tradicional
Total
Recomendação médica da UBS para a prática de
exercícios físicos
55
31
45
Recomendação médica da UBS para a prática de
exercícios físicos na última consulta
40
15
31
Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS)
A prevalência de Hipertensão Arterial Sistêmica entre os idosos foi de 66% (n =
95), sendo o tempo médio que os idosos sabiam de sua hipertensão de 10,6 anos (dp =
10,2), sem diferenças entre os modelos de atenção (Tabela 3.48).
Já em relação à consulta por hipertensão, 49% (n = 45) dos idosos buscaram a
UBS da área, sendo esta ocorrência significativamente mais freqüente entre os
residentes de áreas cobertas pelas UBS do PSF (58%; n = 37) do que entre as de UBS
Tradicionais (29%; n = 8).
Para aqueles que consultaram na UBS da área, a consulta foi agendada em 85%
(n = 40) das situações. Entretanto, a maioria (47%, n = 20) dos idosos hipertensos
conseguiu ser atendido na mesma semana da solicitação; 40% (n = 17) aguardaram oito
dias ou mais para ser atendidos e 14% (n = 6) conseguiu atendimento no mesmo dia. O
tempo decorrido desde a última consulta por HAS foi de 41,5 dias (dp = 35,3), não
sendo significativa a diferença quando comparadas as médias entre os modelos (Tabela
3.48).
O uso de medicamentos para o controle da pressão arterial era uma realidade
para 94% (n = 89) dos idosos hipertensos e, outras formas de tratamento, além daquelas
indicadas pelo médico, eram adotadas por 37% (n = 35). Para nenhum destes casos a
diferença foi significativa (Tabela 3.48).
Participar de atividades de grupo dedicadas aos hipertensos na UBS foi uma
afirmação de 30% (n = 28) desta amostra. Já a hospitalização por HAS aconteceu para
22% (n = 20), sendo em freqüência significativamente maior entre os residentes de
áreas de UBS Tradicionais (36%, n=10) que de PSF (15%, n=10) - (Tabela 3.48).
109
Tabela 3.48 - Hipertensão Arterial Sistêmica nos idosos estudados em Jaboatão dos
Guararapes, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel,
Lote 2 NE, 2005.
Indicador
Jaboatão dos Guararapes
PSF
Tradicional
Total
70
59
66
10,3
11,3
10,6
Consulta por HAS na UBS da área (%)
58
29
49
Agendamento para o mesmo dia (%)
18
0
14
Agendamento para outro dia na mesma semana (%)
44
56
47
Agendamento para mais de uma semana (%)
38
44
40
42,7
34,7
41,5
Precisa usar medicamentos para HAS (%)
92
97
94
Outras formas de tratamento (%)
33
45
37
Participação em grupos de HAS (%)
35
17
30
Hospitalização por HAS nos últimos dois anos (%)
15
36
22
Prevalência de HAS (%)
Tempo médio de diagnóstico (anos)
Tempo desde a última consulta (dias)
Diabetes Mellitus (DM)
O diagnóstico de diabete foi informado por 18% (n = 25) dos idosos
entrevistados e o tempo médio que tinham conhecimento do diagnóstico foi de 9,4 (dp =
10,6) anos (Tabela 3.49).
Mais da metade dos idosos (56%; n = 14) consultaram por diabetes na UBS da
área e, sendo necessário agendamento em 85% (n = 11) dos casos. A minoria (17%, n =
2) conseguiu atendimento no mesmo dia da solicitação; 42% (n = 5) na mesma semana
e, outros 42% (n = 5) para mais de oito dias. O tempo médio decorrente desde a última
consulta foi de 32,9 dias (dp = 18,7) - (Tabela 3.49).
O uso de medicamentos para o controle de diabetes era uma realidade para 88%
(n = 22) dos idosos e outras formas de tratamento, além das indicadas pelo médico,
foram adotadas por 8% (n = 2). Já a participação em atividades de grupo dirigidas aos
110
diabéticos na UBS foi uma afirmação de 38% (n = 9) dos idosos e a hospitalização por
DM aconteceu para cinco (20%) idosos. (Tabela 3.49).
Para nenhuma das variáveis referentes ao problema de diabetes nos idosos as
diferenças entre os modelos se mostraram significativas.
Tabela 3.49 - Diabetes Mellitus nos idosos estudados em Jaboatão dos Guararapes,
por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Indicador
Jaboatão dos Guararapes
PSF
Tradicional
Total
Prevalência de diabetes (%)
17
18
18
Tempo médio de diagnóstico (anos)
7,1
14,0
9,4
Consulta por diabetes na UBS da área (%)
63
44
56
Agendamento para o mesmo dia (%)
20
0
17
Agendamento para mais de uma semana (%)
40
50
42
29,3
45,0
32,9
Precisa usar medicamentos para diabetes (%)
94
78
88
Outras formas de tratamento (%)
6
13
8
Participação em grupos de diabetes (%)
38
38
38
Hospitalização por diabetes nos últimos dois anos (%)
25
11
20
Tempo desde a última consulta (dias)
Problemas Psíquicos
A proporção de idosos que referiram problemas de nervos foi de 23% (n = 32), e
o tempo médio que sabiam ter este tipo de problema foi de 15,4 (dp = 17,7) anos.
Apenas oito (26%) idosos com problema psíquico referiram consulta por este motivo na
UBS de seu bairro, tendo sido as consultas agendadas em 86% (n = 6) dos casos. Dos
oito idosos que haviam buscado a UBS da área, apenas um (14%) conseguiu
atendimento no mesmo dia; enquanto quatro (57%) conseguiram para a mesma semana
e dois (29%) para oito dias ou mais, sendo que um não prestou esta informação. O
tempo decorrente desde a última consulta em relação à data da entrevista foi de 46,6 (dp
111
= 51,0) dias, média que foi significativamente maior entre os residentes das áreas de
UBS Tradicionais (150,0; dp = 0) que de UBS do PSF (29,3; dp = 25,0) - (Tabela 3.50).
O uso de medicamentos para problema de nervos foi referido por 75% (n = 24)
dos idosos, e outras formas de tratamento além da indicada pelo médico foram adotadas
por 28% (n = 9). Dentre os idosos com problema de nervos, apenas um (4%) participou
de atividades de grupo para portadores de sofrimento psíquico (PSP) na UBS e dois
(6%) informaram ter hospitalizado nos últimos dois anos por este tipo de problema.
Nenhuma das diferenças observadas entre os modelos para estas variáveis se mostrou
significativa (Tabela 3.50).
Tabela 3.50 - Problemas de nervos nos idosos estudados em Jaboatão dos
Guararapes, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel,
Lote 2 NE, 2005.
Indicador
Prevalência de problema de nervos (%)
Jaboatão dos Guararapes
PSF
Tradicional Total
26
16
23
17,0
9,3
15,4
Consulta por problema de nervos na UBS da área
(%)
26
25
26
Agendamento para o mesmo dia (%)
17
0
14
Agendamento para outro dia na mesma semana (%)
50
100
57
29,3
150,0
46,6
Precisa usar medicamentos para problema de nervos
(%)
71
88
75
Outras formas de tratamento (%)
21
50
28
Participação em grupos (%)
6
0
4
Hospitalização por problema de nervos nos últimos
dois anos (%)
4
13
6
Tempo médio de diagnóstico (anos)
Tempo desde a última consulta (dias)
112
Cuidado domiciliar
A necessidade de cuidado domiciliar nos últimos três meses foi informada por
10% (n = 15) dos idosos amostrados no município, sendo em proporção
significativamente maior entre aqueles residentes em áreas do PSF (15%, n = 14) que de
UBS Tradicionais (2%, n = 1). Utilizando uma escala de zero a dez, a satisfação média
informada com o atendimento domiciliar foi de 8,9 (dp = 2,8) - (Tabela 3.51).
Entretanto, mais de um quarto dos idosos 29% (n = 42) afirmou necessitar de
cuidados domiciliares com regularidade, sendo a mesma proporção entre as diferentes
áreas de abrangência (Tabela 3.51).
Tabela 3.51 - Necessidades de cuidado domiciliar dos idosos estudados em Jaboatão
dos Guararapes, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel,
Lote 2 NE, 2005.
Indicador
Jaboatão dos Guararapes
PSF
Tradicional Total
Cuidado domiciliar nos últimos três meses (%)
15
2
10
Necessidade de cuidado domiciliar com regularidade
(%)
29
29
29
Satisfação com cuidado recebido (0 a 10)
8,9
--*
8,9
* O idoso que recebeu este atendimento da UBS Tradicional não prestou tal avaliação.
Saúde bucal
Na amostra de Jaboatão dos Guararapes, a avaliação em saúde bucal apontou
que no grupo de idosos 83% (n = 120) realizava limpeza dos dentes, sendo que 23% (n
= 27) referiu escovar uma vez ao dia, 44% (n = 52) afirmou escovar os dentes duas
vezes ao dia, 33% (n = 40) três vezes ou mais ao dia. Para estes casos, as proporções
foram semelhantes entre os modelos de atenção (Tabela 3.52).
Em sua maioria (92%; n = 109), os idosos faziam a limpeza com escova e pasta
de dentes; e cerca de um terço (31%; n = 44) ainda costumava usar palito e / ou fio
dental para auxiliar na higiene, sem diferenças significativas entre os modelos de
atenção (Tabela 3.52).
113
Apenas 17% (n = 24) afirmou ter recebido orientação em saúde bucal no último
ano. Dentre estes, a maioria afirmou ter recebido a orientação através de programa de
rádio ou tv (38%, n = 9); 25% (n = 6) do dentista da UBS; 13% (n = 3) do dentista
privado; 21% (n = 5) de outro profissional da UBS; 8% (n = 2) de familiar, 4% (n = 1)
de amigo ou ACS; e outros 8% (n = 2) via outras formas. Não foram observdas
diferenças significativas entre os modelos de atenção a este respeito.
No último ano, 9% (n = 13) dos idosos fizeram revisão dos dentes; 12% (n = 17)
informou ter sofrido de dor de dentes; 8% (n = 11) havia feito tratamento para cárie;
10% (n = 15) havia sofrido de problemas na gengiva; e 4% (n = 6) havia batido ou
quebrado algum dente (Tabela 3.52). Dentre estas variáveis, apenas a ocorrência de dor
de dentes no último ano mostrou-se diferente entre os modelos, tendo sido mais
freqüente entre os idosos de áreas do PSF (16%, n = 15) que entre os de UBS
Tradicionais (4%, n = 2).
No ano anterior à entrevista, 15% (n = 21) foram atendidos por dentistas, em
proporção significativamente maior entre os residentes de áreas do PSF (19%, n = 18)
que de UBS Tradicionais (6%, n = 3). Entre os que receberam este atendimento, os
locais procurados foram os serviços privados (57%; n = 12) e as UBS (43%; n = 9).
Quanto ao grau de satisfação com o atendimento prestado, os dentistas obtiveram uma
nota média de 9,7 (dp = 0,8), sendo que a 95% (n = 20) afirmou ter tido seu problema
resolvido. Dos entrevistados, apenas um (5%) precisou ser encaminhado a serviços
especializados, tendo conseguido este atendimento (Tabela 3.52).
Quase a totalidade da amostra (99%; n = 142) já havia realizado extração de
dente. Destes, 2% (n = 3) haviam extraído somente um dente; 46% (n = 65) mais de um
dente e 52% (n = 74) todos os dentes, sem diferenças significativas entre os modelos.
O uso de prótese foi referido por 49% (n = 71) dos idosos de Jaboatão dos
Guararapes. A maioria das próteses havia sido feita há mais de cinco anos (61%; n =
43), 27% (n = 19) entre um e cinco anos, 4% (n = 3) há menos de um ano e ainda 9% (n
= 6) não se recordava, não havendo diferenças entre os modelos (Tabela 3.52).
Quase a metade (44%, n = 61) dos idosos referiram dificuldade para mastigar e a
ocorrência passada ou atual de ferida na boca foi mencionada por 6% (n = 8). O tempo
médio de duração da ferida foi de 5,4 (dp = 10,5) meses, não tendo sido observadas
diferenças significativas entre os modelos de atenção.
114
Tabela 3.52 - Características de saúde bucal dos idosos estudados em Jaboatão dos
Guararapes, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel,
Lote 2 NE, 2005.
Indicador
Jaboatão dos
Guararapes (%)
Realiza limpeza dos dentes
83
Escova 3 vezes ou mais ao dia
33
Utilização de escova e pasta de dentes na higiene bucal
92
Utilização de palito e/ou fio dental na higiene bucal
31
Recebeu alguma orientação em saúde bucal no último ano
17
Recebeu orientação do dentista da UBS de abrangência
25
Fez revisão dos dentes no último ano
9
Teve dor de dente no último ano
12
Bateu / quebrou algum dente no último ano
4
Teve problemas de gengiva no último ano
10
Foi atendido por dentista no último ano
15
No Posto de Saúde
43
Em serviço Privado
57
Já extraiu pelo menos um dente
99
Usa prótese
49
115
116
4 AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DA ATENÇÃO BÁSICA À SAÚDE EM
JABOATÃO DOS GUARARAPES
O Estudo de Linha de Base representa um primeiro tempo na avaliação do
PROESF e foi delineado para avaliar o desempenho da atenção básica à saúde e do PSF
no conjunto do Lote 2 NE e não em cada município. Assim, conforme os pressupostos
metodológicos da epidemiologia, a amostra de nove unidades básicas de saúde
estudadas, seis do PSF e três Tradicionais, não é suficiente para a plena comparação do
PSF com o modelo Tradicional em Jaboatão dos Guararapes, mas de qualquer maneira,
as comparações são oferecidas como uma referência, que poderá ser utilizada por
gestores e técnicos para avaliar seus esforços na implantação da política de ABS nos
municípios estudados. As limitações ficam por conta da amostra de profissionais de
saúde e principalmente de população da área de abrangência das UBS. Entretanto, nos
demais aspectos há uma completa e detalhada avaliação, como, por exemplo, na
caracterização institucional do SUS, da atenção básica à saúde e das unidades de saúde
estudadas. Assim, como estudo de caso, o relatório oferece uma boa aproximação do
perfil da atenção básica à saúde no município.
A estratégia de organizar os achados de Jaboatão dos Guararapes nas mesmas
categorias do Relatório Final do PROESF (Facchini et al, 2006) permitiu a descrição
dos resultados locais, do estado, dos municípios nordestinos estudados e do país. As
comparações significam apenas uma referência à disposição de gestores e profissionais
de saúde de Jaboatão dos Guararapes na identificação de avanços obtidos e os pontos
problemáticos da ABS local.
Em termos socioeconômicos e demográficos os indicadores descrevem uma
melhor qualidade de vida em Jaboatão dos Guararapes, em comparação às médias
encontradas na Pernambuco e no Brasil.
A renda per capita das comunidades do PSF foi maior do que a observada nas de
UBS Tradicionais para a amostra de adultos e idosos e, em geral, as condições de
117
moradia eram melhores nas áreas de abrangência do PSF, exceto para os idosos. Quanto
à inserção dos grupos populacionais por estrato social, destacou-se o predomínio do
menos favorecido, estrato E, onde cerca de metade das amostra das crianças, mulheres e
idosos.
Em comparação à média do Lote 2 Nordeste, os indicadores de financiamento do
sistema de saúde municipal foram desfavoráveis a Jaboatão dos Guararapes.
Com o PSF implantado desde 2000, o município atingiu em 2005 uma cobertura
de cerca de 22% da população, atingindo com o índice a mais baixa cobertura entre os
municípios de Pernambuco incluídos no estudo e também do Lote 2 Nordeste. Logo, o
PSF encontra-se em uma fase inicial enquanto estratégia de reorientação e
reorganização da ABS no município.
Considerando-se a população do município (581.556 habitantes) e as 69 UBS
implantadas, cada uma abrangeria em média 8.428 habitantes, indicando que já não há a
necessidade de implantar novos serviços, salvo em situações muito especiais. Assim, o
aspecto que se destaca é o da melhoria da estrutura física dos serviços, do ponto de vista
da adequação das dependências e da disponibilidade de materiais e insumos.
No âmbito da gestão da ABS, destacou-se que 58% dos profissionais
entrevistados contava com uma supervisão semanal de suas atividades na UBS e,
comparando-se com o total do Lote 2 Nordeste, os trabalhadores de Jaboatão dos
Guararapes apresentaram índices de capacitação inferiores para todos os cursos
estudados, porém maiores entre os profissionais das UBS do PSF para sete de um total
de doze cursos. Logo, a melhoria da supervisão e educação permanente dos
profissionais de saúde, juntamente com a superação dos desafios da avaliação e
monitoramento da atenção básica, serão fundamentais para o desenvolvimento do SUS
da saúde da população no município.
As relações de trabalho indicaram que o ingresso por concurso público abrangeu
menos de um terço dos profissionais da atenção básica estudados em Natal, enquanto o
vínculo tipicamente precário (sem garantias trabalhistas) foi referido por 53% da
amostra, com predomínio daquela vinculada as UBS do PSF (92%). O acesso dos
profissionais de Natal ás publicações do Ministério da Saúde foi pequeno, variando de
3% a 36%, sendo maior, em geral, entre os trabalhadores das UBS do PSF e, em relação
às médias do Lote 2 Nordeste, este acesso foi menor no município para todas as
118
publicações. Este é um aspecto que o município pode investir mais efetivamente para
qualificação da Atenção Básica à Saúde.
Os indicadores de desempenho do sistema de saúde incluídos no Pacto da
Atenção Básica apontam para uma situação intermediária em Jaboatão dos Guararapes,
quando comparado à Pernambuco e Brasil. Favoráveis ao município destacaram-se os
indicadores da saúde da mulher e a menor proporção de óbitos infantis em menores de
um ano por causas mal definidas. Apesar disto, a maioria dos demais indicadores
apontam para uma situação desfavorável ao município, especialmente nos aspectos
referentes às doenças crônicas, em que se destacou negativamente a maior taxa de
mortalidade por tuberculose.
O desempenho da ABS local para todos os grupos populacionais destacou-se em
relação à prevenção do câncer de colo uterino e às orientações prestadas durante a
gestação em aleitamento materno. Em razão da amostra populacional não ser
representativa para o município, não é possível fazer afirmações conclusivas à respeito
do desempenho dos modelos de atenção em Jaboatão dos Guararapes. Logo, não foram
observadas grandes diferenças entre os modelos, mas apesar disto, os resultados
permitem observar uma tendência favorável ao PSF, que apresentou um melhor
desempenho em saúde bucal; em saúde da mulher (especificamente aleitamento materno
e planejamento familiar); e em recomendações de exercícios e cuidado domiciliar entre
os idosos. Entretanto, a efetividade das UBS estudadas precisa ser ampliada de modo
geral, incluindo a recomendação de exercícios físicos, o atendimento de hipertensão,
diabetes, problemas psíquicos e mesmo saúde bucal.
Em conclusão, a atenção básica em saúde em Jaboatão dos Guararapes apresenta
um bom desempenho geral em relação à média do Lote, mas com um importante
potencial de superação dos problemas. Seus problemas são similares aos do conjunto
dos municípios avaliados e seus pontos fortes necessitam de consolidação, no sentido de
melhorar os benefícios à população local.
119
120
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