A SAÚDE E OS CARTÕES INTELIGENTES
Quantas vezes você já respondeu a perguntas como: tipo sangüíneo, alergias,
casos de problemas cardíacos na família, etc.?
Quantos minutos você já gastou fornecendo esses e outros dados para a
internação de alguém?
Quanto tempo você já gastou, esperando em uma fila, onde outras pessoas
também fornecem esses mesmos dados?
Quantas decisões médicas foram tomadas baseadas em informações incorretas
ou incompletas sobre a identificação clínica de um paciente?
Quantas vidas já se perderam, ou, quantas complicações surgiram como
decorrência da imprecisão de informações?
Quanto tempo você já gastou para obter autorização para exames junto a
seguradoras e planos de saúde?
Quantos recursos são despendidos com pessoal, papéis e etc. para fornecer
autorizações de exames e tratamentos?
Quanta insatisfação é gerada entre médicos, segurados e laboratórios?
Quantas fraudes acontecem devido à ineficiência dos processos tanto na saúde
privada como na saúde pública?
Quanto tempo, durante uma consulta, um médico dedica para levantar os
antecedentes pessoais e familiares de um paciente?
Quantas vezes esse procedimento é repetido por diferentes médicos, para uma
mesma pessoa, principalmente em atendimentos ambulatoriais?
Quanto tempo resta ao médico, numa consulta, para investigar as queixas e o
histórico da moléstia atual? Como fica a qualidade do serviço, quando este é público e
há dezenas ou centenas de pessoas na sala de espera?
Quantas vidas se perdem? Quanta dor? Como decorrência de tudo isso?
Uma reflexão sobre essas e outras perguntas que surgem relacionadas ao tema
nos sugere a necessidade de um sistema de informações para saúde com atributos
particulares: cada cidadão é fonte de um conjunto de informações que compõe seu
perfil e sua história; esse cidadão pode necessitar de atenção médica em diferentes
momentos e locais; o sistema de informações deve entre outras coisas disponibilizar ao
médico, o perfil e o histórico clínico do paciente no momento e no local do atendimento.
Como alcançar isso?
Uma alternativa seria estabelecer que todo cidadão mantenha um arquivo em
papel de todas as ocorrências clínicas acontecidas em sua vida. Percebemos que não se
trata de uma alternativa viável principalmente por conta de sua operacionalização.
Outra possibilidade seria manter um sistema central de informações, disponível
24 horas por dia, 365 dias por ano, acessível a todos os profissionais de saúde nos
locais onde o atendimento se faz necessário. Tecnicamente essa alternativa é possível,
porém,
muito
cara,
principalmente
no
que
se
refere
à
infra-estrutura
de
telecomunicações, e à abrangência geográfica de um país como o nosso.
Somos forçados a trabalhar numa solução intermediária, que dê ao médico os
dados necessários para um atendimento adequado, e, ao sistema as condições de
gerenciamento do serviço prestado em termos de qualidade, custos, segurança,
medicina preventiva, etc..
A tecnologia dos cartões inteligentes atende aos requisitos levantados.
Aqui no Brasil, em especial, muitos sustentam que podem obter os mesmos
resultados com a tecnologia dos cartões magnéticos. Discordo. Além do custo da
comunicação ser muito maior, a disponibilidade do sistema é questionável: quantas
vezes você já deixou de usar um determinado cartão de crédito porque o lojista não
conseguiu conectar-se ao acquirer?
Outros levantam a premissa que os profissionais da saúde tem pouca afinidade
com computadores e com isso refutam a possibilidade de informatização do
atendimento ambulatorial. Será que esta afirmação é totalmente válida nos dias de
hoje? Quantos médicos navegam pela internet, consultam bibliotecas on-line, trocam
e-mails, participam de fóruns? Creio que este já não seja mais um forte obstáculo.
Bom, acredito que neste ponto vale a pena fazermos um apanhado de uma
solução para atendimento ambulatorial baseada nos cartões inteligentes.
Os componentes básicos são:
!
Cartão do paciente
•
Cartão do profissional de saúde
!
Dispositivos de aceitação de cartões
•
Interface para pesquisa e atualização dos dados nos cartões
!
Sistema de emissão e controle de cartões
•
Bases de dados centrais
!
Sistemas gerenciais
Funcionalidade:
!
O cartão do paciente será o veículo portador das informações do paciente,
incluindo dados cadastrais como nome, RG, número de associado, etc.;
dados geográficos, que podem ser importantes no caso de epidemias e
surtos; identificação clínica indicando tipo de sangue, alergias, etc.;
antecedentes pessoais e familiares ; e, o histórico clínico resumido
contendo a relação dos últimos tratamentos, doenças diagnosticadas,
terapias e medicamentos prescritos.
Este cartão deve ser apresentado ao profissional de saúde, em todas as
interações com o sistema.
O profissional envolvido terá acesso aos dados de acordo com sua alçada
podendo pesquisar e inserir novos dados.
!
Para poder acessar o cartão do paciente, o profissional de saúde deve ter
seu cartão ativo, inserido nos dispositivo de aceitação. Ambos os cartões,
do paciente e do profissional de saúde, validam-se e então pode se dar
início ao registro do atendimento.
!
Uma boa interface gráfica, para auxiliar o profissional de saúde na
pesquisa dos dados contidos no cartão, e, no preenchimento de
informações com digitação reduzida é fundamental para a boa aceitação
do sistema e conseqüente eficácia.
!
O sistema deve operar off-line, e, somente no final do período de trabalho
é que o profissional de saúde deve conectar-se ao sistema central para
enviar o resumo dos atendimentos realizados no período e obter as
informações de controle dos sistemas gerenciais.
!
Toda a prescrição de medicamentos, terapias, solicitações de exames, etc.
devem ser registrados durante o atendimento, e, em se tratando de itens
passíveis de autorização, esta deve ser processada no cartão com base na
identificação do plano/seguro do paciente e nas características dos
exames complementares e tratamentos necessários.
!
Pesquisas realizadas junto às bases de dados centrais poderão indicar
surtos, epidemias, necessidades de programas de saúde, tipos de exames
mais solicitados, pacientes mais caros, quantidade média de exames por
médico/consulta, comportamentos fraudulentos, etc..
É claro que o resumo acima não cobre todos os detalhes do sistema, nem foi
essa a intenção. Seu principal propósito foi mostrar como pode ser simples e prático, e
motivar organizações de saúde e profissionais da área a rever suas posições sobre o
uso dos cartões inteligentes, e acelerar suas decisões, pois amanhã pode ser tarde, não
em termos óbvios de mercado (falando a respeito da vantagem de sair na frente), mas
em termos de vidas perdidas por falta da informação certa no momento necessário.
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