TRÂNSITO DE ENERGIA TRIFÁSICO PROBABILÍSTICO Mário Rui Pita Ferreira Martins Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em Engenharia Electrotécnica e de Computadores Júri Presidente: Orientador: Co-orientador: Vogais: Prof. Dr. Paulo José da Costa Branco Prof. Dr. José Manuel Dias Ferreira de Jesus Prof. Dr. Rui Manuel Gameiro de Castro Prof. Dr. Pedro Flores Correia Abril 2012 i Agradecimentos Primeiro que tudo, quero por este meio, agradecer todo o apoio dado pelos meus pais ao longo de toda a minha vida. Agradecer também todos os esforços por eles dedicados na minha formação cívica e académica. Quero também agradecer ao Professor José Ferreira De Jesus e Professor Rui Castro por sempre se mostrarem disponíveis para qualquer esclarecimento de dúvidas e por me fornecerem conselhos e dados essenciais na execução do trabalho. Por fim, um especial agradecimento a uma mulher muito especial na minha vida, por estar sempre ao meu lado. O meu muito obrigado Laura. ii Resumo Este estudo apresenta uma abordagem metodológica que permite uma avaliação adequada do impacto da presença de geração distribuída em redes de distribuição radiais com base em simulações de Monte Carlo para reproduzir a variação da procura e o comportamento estocástico da geração. As unidades de geração distribuída (painéis fotovoltaicos, turbinas eólicas) têm a particularidade de serem ligadas num nível de baixo tensão, portanto, a redes de distribuição que não foram originalmente concebidas com este propósito em mente. Deste modo, poderá verificar-se um aumento de tensão e um maior desequilíbrio da rede, afectando a qualidade de tensão fornecida aos consumidores. Duas soluções de trânsito de energia determinístico são apresentadas e estudadas: o método ForwardBackward Sweep (FBS) e o mais recente Current Injection Method (FCIM). Ambas as soluções incorporam o condutor neutro nos cálculos, o que é de especial interesse na análise de segurança e qualidade de energia. Estas soluções determinísticas são porém incapazes de reproduzir o comportamento estocástico dos recursos renováveis e, portanto, não permitem a obtenção de uma avaliação realista do desempenho da rede na presença de geração distribuída. Modelos estatísticos adequados à representação da incerteza sobre radiação solar, velocidade do vento, e variação da procura da carga são apresentados e introduzidos num programa de trânsito de energia probabilístico, desenvolvido com recurso a técnicas de simulação de Monte Carlo. O trânsito de energia probabilístico calcula o valor das variáveis de saída (tensão nos barramentos, corrente nas linhas, etc.) tal como na solução determinística. No entanto, nesta abordagem, cada variável de entrada (potência injectada associada aos geradores e cargas) é representada por um conjunto de valores, cada um deles com uma probabilidade associada. Através da incorporação de variáveis aleatórias, é possível incutir as incertezas inerentes ao sistema eléctrico (comportamento do consumidor, condições atmosféricas, etc.) em cálculos de trânsito de energia e, deste modo, obter uma gama de resultados com maior sentido prático. No último capítulo, este programa será utilizado na análise de uma rede de distribuição na presença de geração distribuída. Os resultados obtidos a partir de vários cenários de simulação são apresentados e discutidos. Palavras-chave: Microgeração, Trânsito de Energia Probabilístico, Desequilíbrio, Sobretensão, Monte Carlo iii Abstract This study presents a methodological approach that allows an adequate assessment of distributed generation impacts on radial distribution networks based on Monte Carlo simulations to reproduce both demand and generation stochastic behavior. These generation units (photovoltaic panels, wind turbines) have the particularity of being directly connected on a low-voltage level to distribution networks which were not originally designed with this purpose in mind. Therefore a series of related problems might occur, in particular, local voltage rise and voltage unbalance. Two deterministic power flow solutions are introduced and studied for performance: The ForwardBackward Sweep (FBS) and the more recent Current Injection Method (FCIM). Both solutions incorporate the neutral conductor in the calculations, which is of special interest in power quality and safety analysis. These determinist solutions however are incapable of reproducing the stochastic behavior of the renewable resources and therefore fail to give a realistic evaluation over the network’s performance when DG is present. Suitable statistical models for the active power produced by the photovoltaic panels and the wind turbines, as well as the power absorbed by the loads are therefore introduced. They are used for representing the uncertainty over solar irradiance, wind speed, and loads variation. The proposed models have been incorporated in a Probabilistic Load Flow program that has been developed by using Monte Carlo techniques. The probabilistic load flow calculates the value of the output variables (voltages at buses, current lines, etc.) just like its deterministic counterpart. However, in this probabilistic approach, each input variable (injected power associated with generators and loads) is represented by a set of values, each of them with an associated probability. Through the incorporation of random variables, it is thus possible to instill the uncertainties inherent in the electrical system (consumer behavior, weather, etc.) in power flow calculations and obtain a range of greater practical results. This program is then employed in the analysis of a distribution network with installed DG. Results obtained from several case studies are presented and discussed. Keywords: Microgeneration, Probabilistic Load Flow, Unbalance, Overvoltage, Monte Carlo iv v Índice 1. Introdução ......................................................................................................................................................... 1 1.1. Geração Convencional.......................................................................................................................... 1 1.2. Geração Distribuída .............................................................................................................................. 1 1.3. Microgeração ....................................................................................................................................... 2 1.4. Qualidade de Tensão - EN 50160 ......................................................................................................... 4 1.5. Objectivo .............................................................................................................................................. 4 1.6. Organização e Conteúdos .................................................................................................................... 5 2. Rede de Distribuição BT..................................................................................................................................... 6 2.1. Enquadramento ................................................................................................................................... 6 2.1.1 Redes Aéreas de Baixa Tensão (BT) ................................................................................................. 7 2.1.2 Redes Subterrâneas de Baixa Tensão (BT) ....................................................................................... 8 2.1.3 Regulamento de Segurança de Redes de Distribuição de Energia Eléctrica em Baixa Tensão (RSRDEEBT) ........................................................................................................................................................ 8 2.1.4 2.2. Cabos Isolados de Baixa Tensão (BT) ............................................................................................... 9 Modelo da Linha de Distribuição ......................................................................................................... 10 2.2.1 Resistência Óhmica .......................................................................................................................... 11 2.2.2 Reactância ........................................................................................................................................ 12 2.3. Modelo do Transformador MT/BT ....................................................................................................... 14 2.3.1 Componentes Simétricas ................................................................................................................. 15 2.3.2 Coordenadas de Fase ....................................................................................................................... 17 3. Trânsito de Energia Determinístico ................................................................................................................... 18 3.1. Enquadramento ................................................................................................................................... 18 3.2. Four-Conductor Forward Backward Sweep (FBS) ................................................................................ 19 3.2.1. Modelo do Gerador ......................................................................................................................... 19 3.2.2. Modelo da Carga .............................................................................................................................. 19 3.2.3. Algoritmo ......................................................................................................................................... 20 3.2.4. Critério de Convergência ................................................................................................................. 21 3.3. Four-Conductor Current Injection Method (FCIM) .............................................................................. 22 3.3.1. Equações Fundamentais .................................................................................................................. 22 3.3.2. Algoritmo ......................................................................................................................................... 27 3.3.3. Redução do Tempo Computacional ................................................................................................. 27 3.4. Trânsito de Energia na Análise de Redes BT ........................................................................................ 29 3.4.1 Software ........................................................................................................................................... 29 3.4.2 Teste da Rede IEEE34 ....................................................................................................................... 29 vi 3.4.3 Estudo Comparativo FBS vs. FCIM ................................................................................................... 30 4. Modelação Probabilística de Componentes de uma Rede BT ........................................................................... 34 4.1. Enquadramento ................................................................................................................................... 34 4.2. Modelo Probabilístico do Gerador Eólico ............................................................................................ 35 4.2.1. Turbina Eólica .................................................................................................................................. 35 4.2.2. Função de Densidade de Probabilidade (f.d.p.) ............................................................................... 37 4.2.3. Função de Distribuição Acumulada (f.d.a.) ...................................................................................... 38 4.2.4. Curva de Potência Eólica .................................................................................................................. 39 4.3. Modelo Probabilístico do Gerador Fotovoltaico .................................................................................. 42 4.3.1. Célula Fotovoltaica........................................................................................................................... 42 4.3.2. Energia do Sol .................................................................................................................................. 44 4.3.3. Função de Densidade de Probabilidade (f.d.p.) ............................................................................... 53 4.3.4. Painel Fixo Horizontal vs. Painel Com Seguidor Solar ...................................................................... 56 4.3.5. Função de Distribuição Acumulada (f.d.a.) ...................................................................................... 57 4.3.6. Modelo de Um Díodo e Três Parâmetros ........................................................................................ 59 4.4. Modelo Probabilístico da Carga ........................................................................................................... 65 5. Trânsito de Energia Probabilístico ..................................................................................................................... 66 5.1. Enquadramento ................................................................................................................................... 66 5.2. Simulação de Monte Carlo ................................................................................................................... 67 5.3. Unidades de Microgeração .................................................................................................................. 68 5.3.1. Geração Eólica ................................................................................................................................. 68 5.3.2. Geração Fotovoltaica ....................................................................................................................... 70 5.4. Impacto da Microgeração na Rede BT ................................................................................................. 72 5.4.1. Condições de Simulação .................................................................................................................. 73 5.4.2. Cenários de Simulação ..................................................................................................................... 76 5.4.3. Resultados........................................................................................................................................ 76 5.4.4. Comentários..................................................................................................................................... 87 6. Conclusões Finais ............................................................................................................................................... 90 Referências ............................................................................................................................................................ 92 Anexos ................................................................................................................................................................... 95 vii Lista de Figuras Figura 1: Exemplo esquemático de um sistema de microgeração .................................................................... 3 Figura 2: Posto de Transformação em construção de alvenaria ....................................................................... 6 Figura 3: PT suspenso em poste ........................................................................................................................ 6 Figura 4: Rede Aérea de BT em condutores nus ............................................................................................... 7 Figura 5: Rede Aérea de BT em Torçada ........................................................................................................... 7 Figura 6: Esquemático de um cabo BT não armado [9] ..................................................................................... 9 Figura 7: Esquemático de um cabo BT armado [9] ............................................................................................ 9 Figura 8: Modelo de uma linha de distribuição ............................................................................................... 10 Figura 9: Impedâncias próprias e mútuas de uma linha de distribuição ......................................................... 10 Figura 10: a) Esquema do cabo LSVAV/LVAV; b) Esquema do cabo LXS ......................................................... 12 Figura 11: Esquema equivalente do transformador ........................................................................................ 14 Figura 12: Esquema homopolar do transformador trifásico ∆-Y com neutro ligado à terra ........................... 16 Figura 13: Fluxograma ilustrativo do método FCIM com integração da redução do tempo computacional .. 28 Figura 14: Perfil de tensões da Rede IEEE34 ................................................................................................... 29 Figura 15: Erro absoluto da confrontação entre os dois métodos de trânsito de energia.............................. 30 Figura 16: Fluxograma dos métodos FCIM e FBS ............................................................................................ 31 Figura 17: a) Rede Teste de 6 barramentos; b) Rede Teste de 16 barramentos; c) Rede Teste IEEE de 34 barramentos.......................................................................................................................................................... 31 Figura 18: N.º Iterações vs. Critério de Convergência (FBS) ............................................................................ 32 Figura 19: N.º Iterações vs. Critério de Convergência (FCIM) ......................................................................... 33 Figura 20: a) Turbina Eólica de eixo horizontal Upwind; b) Turbina Eólica de eixo horizontal Downwind; c) Turbina Eólica de eixo vertical .............................................................................................................................. 36 Figura 21: Zona não linear da curva de potência da Turbina Travere 1.6kW .................................................. 40 Figura 22: Zona não linear da curva de potência da Turbina Turby B.V. 2.5 kW............................................. 40 Figura 23: Junção p-n do semicondutor .......................................................................................................... 42 Figura 24: Característica típica I-V e P-V da célula de silício cristalino [23]..................................................... 43 Figura 25: Constituição de um Painel Fotovoltaico: Células e Módulos .......................................................... 43 Figura 26: Variação do ângulo horário durante um dia................................................................................... 44 Figura 27: Equação temporal .......................................................................................................................... 45 Figura 28: Ângulo de Declinação ..................................................................................................................... 46 Figura 29: Variação anual do ângulo de declinação ........................................................................................ 46 Figura 30: Sistema de coordenadas da superfície terrestre para um observador em Q. ................................ 47 viii Figura 31: Variação da irradiância solar num dia de Verão (2 Julho), num dia de Inverno sem nebulosidade (28 Dezembro) e num dia de Inverno com forte nebulosidade (22 Dezembro) ................................................... 48 Figura 32: Diferentes tipos de radiação .......................................................................................................... 48 Figura 33: Sensor de radiação ......................................................................................................................... 49 Figura 34: Órbita elíptica terrestre em torno do Sol ....................................................................................... 49 Figura 35: Influência da posição do sol na radiação sob um plano horizontal ................................................ 51 Figura 36: Irradiância Solar Extraterrestre sob um plano perpendicular e horizontal para uma latitude de 38° (Lisboa) às 12 horas............................................................................................................................................... 51 Figura 37: Evolução ao longo do ano da inclinação de um painel fotovoltaico localizado a uma latitude de 38° (Lisboa) ........................................................................................................................................................... 52 Figura 38: Distribuição de Hollands e Huget em função do valor médio do índice de claridade .................... 53 Figura 39: Comparação da irradiância num painel fotovoltaico com e sem inclinação, numa localidade a 38° de latitude, num dia de Inverno com índice de claridade, kt = 0.5 ..................................................................... 56 Figura 40: Comparação da irradiância num painel fotovoltaico com e sem inclinação, numa localidade a 38° de latitude, num dia de Verão com índice de claridade, kt = 0.7 ........................................................................ 56 Figura 41: Função quantil do índice de claridade segundo a distribuição de Hollands e Huget em função do valor médio do índice de claridade ....................................................................................................................... 58 Figura 42: Circuito eléctrico equivalente de uma célula fotovoltaica [23] ...................................................... 60 Figura 43: Característica I-V do módulo fotovoltaico BP 4175T para diferentes irradiâncias e uma o temperatura constante de 25 C [43] ................................................................................................................... 62 Figura 44: Característica I-V do módulo fotovoltaico BP 4175T para diferentes temperaturas e uma 2 irradiância constante de 1000 W/m [43] ............................................................................................................. 62 Figura 45: Potência Média Gerada por 1 Turbina Eólica em 1000 amostras num dia típico de Inverno (Verde: Potência Nominal; Azul: Potência Média Probabilística; Rosa: Potência Média Histórica) .................................. 69 Figura 46: Potência Média Gerada por 1 Turbina Eólica em 10000 amostras num dia típico de Inverno (Verde: Potência Nominal; Azul: Potência Média Probabilística; Rosa: Potência Média Histórica) ..................... 69 Figura 47: Potência Gerada por 1 Módulo Fotovoltaico em 10000 amostras num dia típico de Inverno ao meio-dia (Azul: Potência Média Probabilística) .................................................................................................... 71 Figura 48: Potência Gerada por 1 Módulo Fotovoltaico em 10000 amostras num dia típico de Verão ao meio-dia (Azul: Potência Média Probabilística) .................................................................................................... 71 Figura 49: Rede de distribuição de baixa tensão abastecendo 36 residências ............................................... 72 Figura 50: Diagrama de procura residencial para um consumo mensal de 363 kWh ..................................... 73 Figura 51: Parâmetro de escala λ [m/s] da distribuição de Weibull à altura de 60 m ................................... 75 Figura 52: Parâmetro de forma k da distribuição de Weibull à altura de 60 m .............................................. 75 Figura 53: Probabilidade de ocorrência de sobretensões e subtensões para o cenário de simulação n.º 1 .. 77 Figura 54: Desequilíbrio de tensão à saída do secundário do transformador MT/BT para o cenário de simulação n.º 1 ...................................................................................................................................................... 77 ix Figura 55: Potência activa injectada no nó de balanço (primário do transformador) para o cenário de simulação n.º 1 ...................................................................................................................................................... 77 Figura 56: Perdas de potência activa na linha de distribuição para o cenário de simulação n.º 1 ................. 78 Figura 57: Perfil de tensões na hora de maior probabilidade de ocorrência de sobretensão para o cenário de simulação n.º 1 ...................................................................................................................................................... 78 Figura 58: Perfil de tensões na hora de maior probabilidade de ocorrência de subtensão para o cenário de simulação n.º 1 ...................................................................................................................................................... 78 Figura 59: Potência activa gerada pelas unidades de microgeração para o cenário de simulação n.º 1 ........ 78 Figura 60: Probabilidade de ocorrência de sobretensões e subtensões para o cenário de simulação n.º 2 .. 79 Figura 61: Desequilíbrio de tensão à saída do secundário do transformador MT/BT para o cenário de simulação n.º 2 ...................................................................................................................................................... 79 Figura 62: Potência activa injectada no nó de balanço (primário do transformador) para o cenário de simulação n.º 2 ...................................................................................................................................................... 79 Figura 63: Perdas de potência activa na linha de distribuição para o cenário de simulação n.º 2 ................. 80 Figura 64: Perfil de tensões na hora de maior probabilidade de ocorrência de sobretensão para o cenário de simulação n.º 2 ...................................................................................................................................................... 80 Figura 65: Perfil de tensões na hora de maior probabilidade de ocorrência de subtensão para o cenário de simulação n.º 2 ...................................................................................................................................................... 80 Figura 66: Potência activa gerada pelas unidades de microgeração para o cenário de simulação n.º 2 ........ 80 Figura 67: Probabilidade de ocorrência de sobretensões e subtensões para o cenário de simulação n.º 3 .. 81 Figura 68: Desequilíbrio de tensão à saída do secundário do transformador MT/BT para o cenário de simulação n.º 3 ...................................................................................................................................................... 81 Figura 69: Potência activa injectada no nó de balanço (primário do transformador) para o cenário de simulação n.º 3 ...................................................................................................................................................... 81 Figura 70: Perdas de potência activa na linha de distribuição para o cenário de simulação n.º 3 ................. 82 Figura 71: Perfil de tensões na hora de maior probabilidade de ocorrência de sobretensão para o cenário de simulação n.º 3 ...................................................................................................................................................... 82 Figura 72: Perfil de tensões na hora de maior probabilidade de ocorrência de subtensão para o cenário de simulação n.º 3 ...................................................................................................................................................... 82 Figura 73: Potência activa gerada pelas unidades de microgeração para o cenário de simulação n.º 3 ........ 82 Figura 74: Probabilidade de ocorrência de sobretensões e subtensões para o cenário de simulação n.º 4 .. 83 Figura 75: Desequilíbrio de tensão à saída do secundário do transformador MT/BT para o cenário de simulação n.º 4 ...................................................................................................................................................... 83 Figura 76: Potência activa injectada no nó de balanço (primário do transformador) para o cenário de simulação n.º 4 ...................................................................................................................................................... 83 Figura 77: Perdas de potência activa na linha de distribuição para o cenário de simulação n.º 4 ................. 84 Figura 78: Perfil de tensões na hora de maior probabilidade de ocorrência de sobretensão para o cenário de simulação n.º 4 ...................................................................................................................................................... 84 x Figura 79: Perfil de tensões na hora de maior probabilidade de ocorrência de subtensão para o cenário de simulação n.º 4 ...................................................................................................................................................... 84 Figura 80: Potência activa gerada pelas unidades de microgeração para o cenário de simulação n.º 4 ........ 84 Figura 81: Probabilidade de ocorrência de sobretensões e subtensões para o cenário de simulação n.º 5 .. 85 Figura 82: Desequilíbrio de tensão à saída do secundário do transformador MT/BT para o cenário de simulação n.º 5 ...................................................................................................................................................... 85 Figura 83: Potência activa injectada no nó de balanço (primário do transformador) para o cenário de simulação n.º 5 ...................................................................................................................................................... 85 Figura 84: Perdas de potência activa na linha de distribuição para o cenário de simulação n.º 5 ................. 86 Figura 85: Perfil de tensões na hora de maior probabilidade de ocorrência de sobretensão para o cenário de simulação n.º 5 ...................................................................................................................................................... 86 Figura 86: Perfil de tensões na hora de maior probabilidade de ocorrência de subtensão para o cenário de simulação n.º 5 ...................................................................................................................................................... 86 Figura 87: Potência activa gerada pelas unidades de microgeração para o cenário de simulação n.º 5 ........ 86 xi Lista de Tabelas Tabela 1: Exigência computacional do método FCIM na análise da rede de teste IEEE de 34 barramentos .. 28 Tabela 2: Casos de teste da rede de distribuição ............................................................................................ 30 Tabela 3: Desempenho do método FBS na análise de 3 tipos de rede em diferentes situações .................... 32 Tabela 4: Desempenho do método FCIM na análise de 3 tipos de rede em diferentes situações ................. 32 Tabela 5: Características FCIM vs. FBS............................................................................................................. 33 Tabela 6: Índice de reflectância para diferentes tipos de solo ........................................................................ 55 Tabela 7: Características do módulo fotovoltaico Shell SM100-12 ................................................................. 59 Tabela 8: Velocidades médias do vento de um dia de Inverno ....................................................................... 68 Tabela 9: Potência Média Histórica vs. Potência Média Probabilística ........................................................... 68 Tabela 10: Irradiâncias horárias sob um plano horizontal de um dia de Inverno e Verão .............................. 70 Tabela 11: Características eléctricas e geométricas dos cabos utilizados ....................................................... 73 Tabela 12: Impedância de curto-circuito para diferentes transformadores típicos de 400 V ......................... 74 Tabela 13: Características eléctricas do módulo fotovoltaico CS6P-240 ......................................................... 74 Tabela 14: Dados da curva de potência eólica da turbina Travere Industries 3kW ........................................ 74 Tabela 15: Cenários de simulação ................................................................................................................... 76 Tabela 16: Gráficos representativos dos resultados da simulação ................................................................. 76 Tabela 17: Potências injectadas no trânsito de energia determinístico.......................................................... 95 Tabela 18: Potência injectada no barramento de balanço.............................................................................. 95 Tabela 19: Carga computacional do trânsito de energia ................................................................................. 95 Tabela 20: Resultados do trânsito de energia determinístico utilizando o método FBS................................. 96 Tabela 21: Resultados do trânsito de energia determinístico utilizando o método FCIM .............................. 98 Tabela 22: Irradiâncias Solares e Temperaturas Ambientes de 4 dias típicos das estações do ano ............. 102 Tabela 23: Comprimento de rugosidade do terreno definido no Atlas Europeu do Vento .......................... 103 xii Lista de Símbolos Zl Matriz Impedância de Linha [Ω] ℎ𝑎 Altura dos condutores ao solo [m] f Frequência [Hz] 𝜌 Resistividade da Terra [ ] 𝛺 𝑚 𝜌200𝑐 Resistividade do Cobre a 20° GMR Raio Médio Geométrico do condutor [T] 𝑅20 Indutância Própria do Condutor i por Km Lij Indutância Mútua entre os Condutores i e [𝑚𝐻. 𝐾𝑚−1 ] Impedância Própria do Condutor i [Ω] Zij Impedância Mútua entre os Condutores i 𝑅90 Resistência do condutor a 90° [Ω] Xii Reactância Própria do Condutor i [Ω] rii e j [Ω] Resistência do condutor i [Ω] Xij Reactância Mútua entre os condutores i e ω Frequência Angular [rad/s] d Sin , 𝑆𝑖𝑛 Potência complexa injectada na fase n do Vin , 𝑉𝑖𝑛 Tensão na fase n do barramento I [V] Yin Impedância própria do condutor terra no barramento i [Ω] que parte do barramento i [Ω] Corrente que flui na fase n do ramo l [A] ∆Sin Desvio de Potência Complexa na fase n do Vref Tensão de referência [V] barramento I [VA] Tensão complexa da fase t no barramento k [V] 𝑠𝑡 𝑏𝑘𝑖 𝑠ℎ Susceptância transversal do elemento k-i 𝛺𝑘 Conjunto dos ramos directamente ligados 𝑠𝑡 𝑦𝑘𝑖 Admitância série do elemento k-i [S] [S] ao barramento k Contribuição de corrente injectada por componentes em série na fase s do barramento k [A] 𝑠 𝐼𝑘,𝑠ℎ Distância do Cabo [m] Corrente injectada na fase n do 𝑍𝑔𝑔𝑖 𝑠 𝐼𝑘,𝑠é𝑟𝑖𝑒 j [Ω] Iin , 𝐼𝑖𝑛 Impedância de ligação do neutro à terra 𝑉𝑘𝑡 j por Km [𝑚𝐻. 𝐾𝑚−1 ] Impedância de terra no nó i [Ω] 𝑍𝑔𝑟𝑖 Jln Resistência do condutor a 20° [Ω] Lii Zii 𝑍𝑔𝑖 Contribuição de corrente injectada por componentes em paralelo na fase s do barramento k [A] barramento I [A] barramento I [VA] Admitância Transversal na fase n do barramento I [S] xiii 𝑦𝑘𝑑 Admitância entre a fase d e o neutro no 𝑦𝑘𝑛𝑔𝑟 Admitância da ligação do neutro à terra 𝑦𝑘𝑠𝑠ℎ Admitância da ligação da fase s à terra no barramento k [S] no barramento k [S] barramento k [S] 𝑌 Matriz de admitâncias [S] 𝐵 Matriz de susceptâncias [S] 𝐺 Matriz de condutâncias [S] 𝑃𝑖𝑛 Potência activa injectada na fase n do 𝑄𝑖𝑛 Potência reactiva injectada na fase n do 𝑑 𝑉𝑅𝑒 𝑘 Componente real da tensão na fase d do 𝑑 𝑉𝑖𝑚 𝑘 Componente imaginária da tensão na fase corrente injectada na fase d [A] barramento k [V] d do barramento k [V] Componente real da corrente na fase d 𝑑 𝐼𝑖𝑚 𝑘 Componente imaginária da corrente na 𝑑 ∆𝐼𝑅𝑒 𝑘 Desvio da componente real da corrente 𝑑 ∆𝐼𝑖𝑚 𝑘 Desvio da componente imaginária da 𝑑 ∆𝑉𝑅𝑒 𝑘 Desvio da componente real da tensão na 𝑑 ∆𝑉𝑖𝑚 𝑘 Desvio da componente imaginária da 𝑓𝑑𝑎 fase d do barramento k [V] na fase d do barramento k [A] corrente na fase d do barramento k [A] fase d do barramento k [V] tensão na fase d do barramento k [V] Função de densidade de probabilidade Função de distribuição acumulada 𝑄 Função quantil de probabilidade 𝑘 Parâmetro de forma de Weibull 𝜎 Desvio padrão 𝑣𝑟 Rated Wind Speed [m/s] 𝜆 Parâmetro de escala de Weibull [m/s] 𝑣𝑚 Velocidade média [m/s] 𝑣𝑐𝑖 Cut-In Wind Speed [m/s] 𝑣𝑐𝑜 Cut-Out Wind Speed [m/s] 𝐼𝑜 Irradiação extraterrestre sob um plano 2 [W/m ] 2 horizontal [W/m ] Constante solar o θ Ângulo de zénite solar [ ] 𝛿 Ângulo de declinação solar [ ] 𝛽 Ângulo de inclinação do módulo o 𝜔 Ângulo horário [ ] 𝜙 Ângulo de latitude [ ] o o o fotovoltaico [ ] 𝑘𝑡𝑢 Índice de claridade máximo 𝐼𝛽 Irradiação solar sob um plano com Índice de claridade médio 2 inclinação β [W/m ] 𝑃𝑚𝑎𝑥 Potência de pico de um módulo 𝐼𝑚𝑎𝑥 Corrente máxima de um módulo 𝑉𝑚𝑎𝑥 Tensão máxima de um módulo fotovoltaico [W] fotovoltaico [A] fotovoltaico [V] 𝐼𝑐𝑐 Corrente de curto-circuito de um módulo 𝑉𝑐𝑎 Tensão de circuito aberto de um módulo µ𝐼𝑐𝑐 Coeficiente de temperatura de 𝐼𝑐𝑐 de um µ𝑉𝑐𝑎 Coeficiente de temperatura de 𝑉𝑐𝑎 de um 𝑇𝑐 𝑁𝑂𝐶𝑇 xiv Índice de claridade Irradiação solar sob um plano horizontal 𝑘𝑡𝑚 do barramento k [A] Factor de forma 𝐼𝑡 GSC barramento I [Var] Contribuição de um gerador/carga para a 𝑓𝑑𝑝 𝑘𝑡 barramento I [W] 𝑑 𝐼𝑘,𝑙𝑔 𝑑 𝐼𝑖𝑚 𝑘 𝐹𝐹 fotovoltaico [A] fotovoltaico [V] o módulo fotovoltaico [A/ C] o módulo fotovoltaico [V/ C] Temperatura da célula de um módulo o fotovoltaico [ C] Temperatura normal de funcionamento o [ C] xv 1. Introdução 1.1. Geração Convencional Convencionalmente, a energia eléctrica é produzida em grandes centros de produção, sendo exemplo destes, as centrais termoeléctricas, tendo os combustíveis fósseis como fontes de energia. Estes centros de produção encontram-se longe dos grandes centros populacionais devido a questões ambientais sendo assim necessário o transporte da energia produzida. Este transporte é realizado a muito alta tensão a fim de reduzir as perdas eléctricas nos condutores. A rede de transporte nacional que abrange o país em causa é assim responsável pelo transporte de energia sendo esta entregue às subestações de transporte encarregues de fazer a respectiva transformação de muto alta tensão para alta e média tensão, a fim de possibilitar a entrega de energia à rede de distribuição. Esta energia será então delegada para os postos de distribuição, cuja tensão através dos postos de transformação, irá ser reduzida para 400 V (tensão entre fases) e deste modo ser distribuída aos vários consumidores da região. Como a energia eléctrica tem a particularidade de não poder ser armazenada, a procura de energia mais as perdas têm que ser igualadas pela produção num mesmo instante, facto que origina o despacho das centrais eléctricas por forma a poderem satisfazer as necessidades dos consumidores, minimizando os custos de produção. Este caso corresponde portanto a uma situação determinística ao nível de geração. 1.2. Geração Distribuída Ao longo dos últimos anos, tem-se observado um aumento gradual do número de unidades geradoras com recurso a energias renováveis. São exemplos de recursos renováveis, o vento, o sol, as marés, os rios, a energia geotérmica, bem como a biomassa. Apesar do investimento inicial elevado, tais centros de produção têm ganho cada vez mais preponderância no panorama energético mundial, por permitem reduzir significativamente as emissões de dióxido de carbono na atmosfera e também reduzir a dependência energética da sociedade face aos combustíveis fósseis. A geração de energia eólica apresenta uma taxa de crescimento média de cerca de 25% ao ano, com uma capacidade instalada a nível mundial de 197 GW em 2010. O sector eólico apresentou lucros superiores a 40 biliões de euros e empregou mais de 670.000 pessoas em todo o mundo [1]. Por sua vez, as instalações fotovoltaicas ultrapassam os 18 GW em 2010, apresentando um crescimento de 139% face ao ano anterior. A indústria fotovoltaica gerou lucros superiores a 55 biliões de euros [2]. 1 Entenda-se por geração distribuída, qualquer tipo de unidade de geração de energia, directamente ligada à rede de distribuição. A existência de geração distribuída numa dada rede de distribuição possibilita diminuir significativamente as perdas na linha. Caso o centro produtor se encontre longe da subestação e forneça energia à mesma, ou mesmo à rede de transporte, as perdas poderão aumentar na rede de distribuição, mas diminuirão na rede de transporte. A integração de geração distribuída na rede de distribuição é um processo complexo, diferente da integração de centrais produtoras ao nível da rede de transporte. Visto a rede de distribuição ter sido inicialmente concebida tendo exclusivamente as subestações de média/baixa tensão como fonte de energia eléctrica, novos sistemas de controlo terão que ser introduzidos para garantir o bom funcionamento da rede eléctrica, bem como a ocorrência de um reforço da rede. A geração de energia eléctrica com base em recursos renováveis veio também introduzir um conceito novo ao funcionamento normal da rede eléctrica, que se prende com a imprevisibilidade ao nível da geração eléctrica, devido ao carácter estocástico destes mesmos recursos. Este conceito, aliado ao facto destas unidades de geração serem ligadas directamente à rede de distribuição local, traduz inevitavelmente mudanças no trânsito de energia bem como no seu despacho. O trânsito de energia que convencionalmente se tem como unidireccional, ganha assim uma componente bidireccional, devido à injecção de potência na rede de distribuição. Será então necessário o desenvolvimento de modelos probabilísticos que modelem as imprevisibilidades aliadas à geração de energia com recurso a fontes estocásticas (vento, sol), bem como a natural imprevisibilidade da procura. 1.3. Microgeração No lote de geração distribuída, é bastante usual verificar-se a geração por base em energias renováveis por parte dos produtores em regime especial (PRE), onde se inclui a Microgeração. Esta tem como objectivo principal a geração de energia eléctrica em pequena escala no local do consumidor, que deste modo pode vender a energia produzida e ainda beneficiar do sistema de bonificações em vigor. A microprodução encontra-se regulamentada no Decreto-Lei 363/2007 do dia 2 de Novembro que estabelece um regime simplificado aplicável à microgeração de electricidade (renováveis na hora). O Decreto-Lei prevê dois tipos de regime: O Regime Geral para unidades de microgeração com potência de ligação não superior a 50% da potência contratada com o limite de 5,75 kW (não aplicável para instalações em condomínios). O Regime Bonificado para unidades de microgeração com potência de ligação não superior a 50% da potência contratada com o limite de 3,68 kW, desde que estas disponham de colectores solares térmicos para aquecimento de água na instalação de consumo, com um mínimo de 2m² de área de colector. 2 Toda a energia produzida pelo sistema de microgeração fotovoltaica ou eólica, será entregue na rede de distribuição e paga ao cliente com base na tarifa consoante o regime em que se encontra inserido, evitando-se assim que a energia produzida se destine predominantemente a consumo próprio, criando perdas monetárias para o cliente. De acordo com as informações obtidas em [3] e [4], no regime geral (até 5,75 kW) a tarifa de venda para todos os diferentes tipos é igual ao custo de energia do tarifário aplicável do fornecedor da instalação do consumo. Já o regime bonificado prevê que os primeiros 10 MW no país tenha a tarifa de 0,5573€/kWh no caso de uma instalação solar e de 0,3901€/kWh numa instalação eólica. O período do contrato é de 5 mais 10 anos. Nos primeiros 5 anos, o preço de venda à rede do regime bonificado é fixo e decresce 5% por cada 10 MW de potência, instalados a nível nacional. Após os primeiros 5 anos e durante os 10 anos seguintes, será aplicado um preço igual ao das instalações que se registem nesse ano e que utilizem a mesma tecnologia. Após o período de 15 anos é aplicado o preço vigente no regime geral. Na Figura 1 apresenta-se o esquema usual de uma instalação de microgeração numa residência. A energia é produzida com recurso a um gerador eléctrico (turbina eólica ou painel fotovoltaico), em que à sua saída existe um inversor de corrente responsável pela adaptação da energia produzida a valores adequados à rede eléctrica, possibilitando deste modo a sua injecção na rede. Porém, antes dessa mesma injecção, é aplicado um contador de venda de modo a efectuar uma contabilização da quantidade de energia injectada na rede, ou por outras palavras, da energia produzida e vendida à entidade detentora da exploração da rede de distribuição. Figura 1: Exemplo esquemático de um sistema de microgeração 3 1.4. Qualidade de Tensão - EN 50160 Ao nível de baixa tensão, as principais preocupações com a introdução de geração distribuída na rede de distribuição prende-se com a qualidade de tensão fornecida aos consumidores. A ligação de geradores causa um aumento de tensão no seu ponto de ligação e, pode mesmo, inverter o sentido do trânsito de energia na rede. Em situações de baixo consumo, poderão mesmo ocorrer casos de sobretensão em certos pontos da rede. Deste modo, ao serem ligadas unidades de microgeração à rede de distribuição, terá que ser salvaguardado que a tensão máxima admissível não seja ultrapassada. A norma europeia EN 50160 [5] define que em condições de funcionamento normal, excluindo situações de falha ou interrupção de fornecimento de energia, em qualquer ponto da rede, a tensão não deverá ser superior ou inferior a 10% da tensão nominal, de modo a evitar quaisquer danos nos aparelhos dos consumidores ligados à rede eléctrica. Esta norma define ainda em relação aos desequilíbrios na rede, que para cada período de uma semana, 95% dos valores eficazes médios de 10 min da componente inversa das tensões, não deve ultrapassar 2% da correspondente componente directa. Segundo [6], este rácio pode ser aproximado da seguinte forma: 𝐷𝑒𝑠𝑒𝑞𝑢𝑖𝑙𝑖𝑏𝑟𝑖𝑜 𝑑𝑒 𝑡𝑒𝑛𝑠ã𝑜 (%) = 𝑀á𝑥𝑖𝑚𝑜 𝑑𝑒𝑠𝑣𝑖𝑜 𝑑𝑎 𝑚é𝑑𝑖𝑎 𝑑𝑎 𝑡𝑒𝑛𝑠ã𝑜 𝑓𝑎𝑠𝑒 − 𝑛𝑒𝑢𝑡𝑟𝑜 × 100 𝑀é𝑑𝑖𝑎 𝑑𝑎 𝑡𝑒𝑛𝑠ã𝑜 𝑓𝑎𝑠𝑒 − 𝑛𝑒𝑢𝑡𝑟𝑜 𝑑𝑎𝑠 3 𝑓𝑎𝑠𝑒𝑠 (1.1) 1.5. Objectivo É objectivo deste trabalho, averiguar o impacto que a existência de geração distribuída tem na rede eléctrica, em particular, determinar a probabilidade de ocorrência de infringimentos das regras expressas na norma europeia EN 50160, referentes à qualidade de tensão. Para cumprir este objectivo foi necessário a construção de um programa que efectue o trânsito de energia implementando necessariamente as imprevisibilidades inatas à geração distribuída, bem como à procura, denominado de trânsito de energia probabilístico. Para tal, a introdução da modelação probabilística dos recursos estocásticos de cada tecnologia de geração é essencial. Procedeu-se ainda ao estudo comparativo de dois métodos distintos de trânsito de energia por forma a aferir da robustez e velocidade de convergência dos mesmos e suas aplicabilidades na análise de uma rede de distribuição com topologia radial. Um destes métodos de trânsito de energia determinístico será escolhido para servir de alicerce ao trânsito de energia probabilístico utilizado na simulação computacional final. 4 1.6. Organização e Conteúdos Este trabalho apresenta os seguintes capítulos: No 1.º capítulo pretende-se sensibilizar o leitor para o recente crescimento da geração distribuída no panorama energético, identificando conceitos bem como os impactos na rede energética convencional. Apresenta-se também os objectivos da dissertação, bem como a estrutura que esta seguirá. O 2º capítulo incide sobre a rede de distribuição em baixa tensão, apresentando equações fundamentais na modelação da linha bem como do transformador MT/BT. O 3.º capítulo apresenta duas soluções determinísticas de trânsito de energia, cujos desempenhos são comparados de modo a determinar a solução mais conveniente para pôr em prática os métodos probabilísticos. No 4.º capítulo são apresentados os modelos probabilísticos das unidades de microgeração, bem como das cargas residenciais. Na construção destes modelos é necessário o uso de certos conceitos relativos à energia do sol e do vento, razão pela qual, foram também apresentados neste capítulo. O 5.º capítulo descreve as bases da simulação de Monte Carlo, elucidando o leitor sobre as razões da sua aplicabilidade. É neste capítulo também onde se procede à análise do impacto da microgeração na rede de baixa tensão através da execução do trânsito de energia probabilístico para diferentes cenários de simulação. Para cada um destes cenários é desenvolvido uma série de gráficos, sendo que no final do capítulo os resultados obtidos são escrutinados e comentados analiticamente. O 6.º capítulo elenca as conclusões finais. 5 2. Rede de Distribuição BT 1B 2.1. Enquadramento 14B A distribuição de electricidade processa-se através da exploração da rede nacional de distribuição (RND) constituída por infra-estruturas ao nível da alta e média tensão, assim como da exploração das redes de distribuição de baixa tensão. Actualmente, a concessão exclusiva para a actividade de distribuição de electricidade em alta e média tensão pertence à EDP Distribuição. As redes de distribuição de baixa tensão continuam a ser operadas no âmbito de contractos de concessão estabelecidos entre os municípios e os distribuidores, actualmente concentrados na EDP Distribuição [7]. A linha de distribuição em baixa tensão é assim responsável por transportar a energia eléctrica desde os postos de transformação, ao longo das ruas e caminhos até aos locais onde é consumida em baixa tensão (230 V entre fase e neutro e 400 V entre fases). Os postos de transformação têm como função a redução de média tensão (MT) para baixa tensão (BT), tensão utilizável pelo consumidor final doméstico, comercial ou pequeno industrial. Existem dois tipos diferentes, de acordo com a natureza do local a abastecer. Na Figura 2 apresenta-se o exemplo de um posto de transformação encerrado numa construção de alvenaria usado tipicamente na distribuição urbana, enquanto que na Figura 3 é apresentado um posto de transformação aéreo suspenso em poste usado na distribuição rural. Figura 2: Posto de Transformação em construção de alvenaria Figura 3: PT suspenso em poste Em relação às linhas de distribuição em baixa tensão,[8] estas podem ser de 2 tipos: aéreas (tipicamente em zonas rurais) ou subterrâneas (tipicamente em zonas urbanas). As linhas aéreas podem ser em condutores nus ou isolados em feixe (cabo torçada). Os cabos de distribuição de baixa tensão são normalmente constituídos por cinco condutores, sendo que um dos quais se destina à iluminação pública. As redes de distribuição em baixa tensão são caracterizadas por uma topologia radial. 6 2.1.1 Redes Aéreas de Baixa Tensão (BT) Condutores Nus Os condutores são assentes em isoladores fixados em postes e são tipicamente constituídos por cobre, alumínio ou liga de alumínio. Podem ser dispostos em duas posições diferentes. Em quincôncio ou em esteira vertical ou horizontal, sendo que a disposição em esteira vertical é a mais recomendada pois facilita os trabalhos em tensão. No entanto a utilização de condutores nus foi sendo progressivamente abandonada sendo que hoje em dia, praticamente só se instalam redes aéreas de BT constituída por condutores isolados, nomeadamente as redes em torçada. Figura 4: Rede Aérea de BT em condutores nus Em Torçada Estas instalações são especialmente indicadas para redes rurais, aglomerados populacionais de importância média (≤ 15000 habitantes), bairros suburbanos de cidades, etc. Tem a vantagem de evitar o recurso a redes subterrâneas de custo significativamente mais elevado. Pode ainda ser instalado em postes e fachadas de edifícios. Apresentam ainda maior fiabilidade. Há duas variantes de grande aplicação: sem neutro tensor e com neutro tensor. O sistema sem neutro tensor é o mais usado em Portugal e consiste num feixe de condutores de igual secção, tanto para o neutro como para as fases. A alma condutora é multifilar. O esforço de tracção aplicado sobre o cabo é Figura 5: Rede Aérea de BT em Torçada suportado pelos condutores principais. Os condutores são constituídos por almas condutoras em alumínio ou cobre, isolados a polietileno reticulado (PEX), obtendo as designações LXS (torçada com alma em alumínio) ou XS (torçada com alma em cobre). 7 2.1.2 Redes Subterrâneas de Baixa Tensão (BT) As redes subterrâneas de baixa tensão são caracterizadas pela instalação dos cabos numa vala a uma profundidade mínima de 0.7 metros. Os cabos são dotados de bainha resistente à corrosão provocada pelo terreno e de especial resistência mecânica para fazer face às avarias ocasionadas por contacto com corpos duros ou choque de ferramentas metálicas. Existem três diferentes tipos de redes subterrâneas: Cabos enterrados directamente no solo A protecção é garantida pela utilização de cabos armados, sendo que em terrenos difíceis é permitido reduzir a profundidade de enterramento. Cabos colocados em caleiras Caleiras pré-fabricadas em betão, que permite a dispensa do uso de cabos armados. Cabos enfiados em tubos Na generalidade dos casos, os tubos são de material termoplástico (PE ou PVC). Quando há risco de esmagamento, é frequente o uso de tubos de aço ou ferro fundido. Dispensa também o uso de cabos armados. De referir que num mesmo tubo apenas devem ser enfiados cabos pertencentes à mesma canalização. 2.1.3 Regulamento de Segurança de Redes de Distribuição de Energia Eléctrica em Baixa Tensão (RSRDEEBT) De acordo com o estipulado nos artigos 12 e 13 do Regulamento de Segurança de Redes de Distribuição de Energia Eléctrica em Baixa Tensão (RSRDEEBT), as canalizações principais das redes de distribuição devem de ser trifásicas (os ramais podem ser monofásicos ou trifásicos), e o neutro deve de estar ligado directamente à terra. A ligação à terra é feita: Nos postos de transformação (secundário do transformador ligado em estrela) Em cada canalização principal, por forma a garantir que qualquer troço superior a 300 m tenha o neutro ligado à terra Em pontos singulares da rede, tais como, pontos de derivação de canalizações principais ou pontos de concentração de ramais. 8 2.1.4 Cabos Isolados de Baixa Tensão (BT) 32B Numa rede de distribuição de baixa tensão, os cabos podem ser diferenciados segundo o tipo de material constituinte da alma condutora. Os condutores utilizados em construções deste tipo são normalmente de cobre ou de alumínio. Os condutores podem ser maciços (Classe 1) ou cableados (Classe 2). Finalmente, os cabos podem ainda ser diferenciados consoante possuam ou não uma armadura de fitas de aço, e o tipo de isolamento. Estas diferenciações constituem a sigla do cabo. a) Cabos não Armados do tipo LVV, LSVV, LXV, LSXV, VV, XV Figura 6: Esquemático de um cabo BT não armado [9] 1- Alma condutora da classe 2 (LVV,LXV,VV,XV) ou da classe 1 (LSVV, LSXV) 2 - Isolamento a PVC (LVV, LSVV,VV) ou a PEX (LXV,LSXV,XV) 3 - Fita de cintagem (Poliéster) 4 - Bainha exterior em PVC b) Cabos Armados do tipo LVAV, LSVAV, LXAV, LSXAV, VAV, XAV 64B Figura 7: Esquemático de um cabo BT armado [9] 1 - Alma condutora da classe 2 (LVAV, LXAV,VAV,XAV) ou da classe 1 (LSVAV, LSXAV) 2 - Isolamento a PVC (LVAV, LSVAV,VAV) ou a PEX (LXAV, LSXAV,XAV) 3 - Fita de cintagem (Poliéster) 4 - Bainha interior de PVC 5 - Armadura de fitas de aço 6 - Bainha exterior de PVC 9 2.2. Modelo da Linha de Distribuição 15B Neste tópico é pretendido a criação de um modelo da linha de distribuição que possa ser incluído no trânsito de energia por forma a representar as características eléctricas dos condutores da linha, bem como as relações magnéticas entre eles. A representação gráfica deste modelo é observável na Figura 8. Figura 8: Modelo de uma linha de distribuição No trânsito de energia, qualquer nó ou linha é identificado por um índice. Deste modo, a matriz de impedância da linha apresentará a seguinte forma: 𝑍𝑎𝑎 ⎡ ⎢𝑍𝑎𝑏 [𝑍𝑙 ] = ⎢ 𝑍𝑎𝑐 ⎢𝑍 ⎢ 𝑎𝑛 ⎣𝑍𝑎𝑔 𝑍𝑎𝑏 𝑍𝑏𝑏 𝑍𝑏𝑐 𝑍𝑏𝑛 𝑍𝑏𝑔 𝑍𝑎𝑐 𝑍𝑏𝑐 𝑍𝑐𝑐 𝑍𝑐𝑛 𝑍𝑐𝑔 𝑍𝑎𝑛 𝑍𝑏𝑛 𝑍𝑐𝑛 𝑍𝑛𝑛 𝑍𝑛𝑔 𝑍𝑎𝑔 ⎤ 𝑍𝑏𝑔 ⎥ 𝑍𝑐𝑔 ⎥ 𝑍𝑛𝑔 ⎥⎥ 𝑍𝑔𝑔 ⎦ onde, a,b,c – fases n – condutor neutro g – terra Caso alguma fase, ou o condutor neutro, ou o condutor terra não exista nessa secção da linha, então a respectiva linha e coluna da matriz de impedâncias será nula. Na Figura 9, representa-se em mais detalhe o modelo da Figura 8, tendo em conta a natureza trifásica da linha a 4 condutores, cujo neutro se encontra ligado à terra através de uma impedância. Figura 9: Impedâncias próprias e mútuas de uma linha de distribuição A impedância própria do condutor terra(𝑍𝑔𝑔 ), bem como as impedâncias mútuas da terra em relação aos outros condutores(𝑍𝑎𝑔 , 𝑍𝑏𝑔 , 𝑍𝑐𝑔 , 𝑍𝑛𝑔 ) podem ser calculadas respectivamente de acordo com as expressões (2.1) e (2.2) [11]. 10 𝑍𝑔𝑔 = 𝜋 2 . 10−4 𝑓 − 𝑗0.0386 . 8𝜋 . 10−4 𝑓 + 𝑗4𝜋 . 10−4 𝑓 . ln 𝑍𝑎𝑔 = 𝑗2𝜋 . 10−4 𝑓 . ln onde, f ℎ𝑎 𝜌 �𝑓 2 [𝛺. 𝑘𝑚−1 ] 5.6198 . 10−3 [𝛺. 𝑘𝑚−1 ] (2.1) (2.2) é a frequência da rede [Hz]; ℎ𝑎 é a altura a que o cabo se encontra do solo [m]; 𝜌 é a resistividade da terra [Ω.m]. A submatriz de impedâncias dos 3 condutores de fase, mais o condutor de neutro, tem a sua constituição dada pela equação (2.3). 𝑟𝑟𝑟 + 𝑗𝑋𝑟𝑟 𝑗𝑋𝑠𝑟 𝑍=� 𝑗𝑋𝑡𝑟 𝑗𝑋𝑛𝑟 𝑗𝑋𝑟𝑠 𝑟𝑠𝑠 + 𝑗𝑋𝑠𝑠 𝑗𝑋𝑡𝑠 𝑗𝑋𝑛𝑠 𝑗𝑋𝑟𝑡 𝑗𝑋𝑠𝑡 𝑟𝑡𝑡 + 𝑗𝑋𝑡𝑡 𝑗𝑋𝑛𝑡 𝑗𝑋𝑟𝑛 𝑗𝑋𝑠𝑛 � [𝛺. 𝑘𝑚−1 ] 𝑗𝑋𝑡𝑛 𝑟𝑛𝑛 + 𝑗𝑋𝑛𝑛 (2.3) Importa deste modo, determinar os seus parâmetros. Para tal, apresentar-se-á de seguida as expressões necessárias que fazendo uso dos dados fornecidos pelo fabricante dos cabos eléctricos, permitem a determinação dos parâmetros constituintes da matriz de impedâncias. 2.2.1 Resistência Óhmica Segundo [12], a determinação da resistência óhmica de um condutor a uma temperatura θ é dada de acordo com a expressão (2.4). onde 𝑅𝜃 = 𝑅20 [1 + 𝛼(𝜃 − 20)] [𝛺/𝑘𝑚] (2.4) 𝑅20 é resistência óhmica do condutor, à temperatura de 20° [Ω/km] α é o coeficiente de variação da resistência óhmica com a temperatura a 20° [°] θ é a temperatura do condutor [°] Os valores da resistência óhmica do condutor à temperatura de 20° (𝑅20 ) para um dado cabo, podem ser encontrados na norma EN 60228, que especifica os valores da resistência óhmica para um 2 2 conjunto de secções padronizadas (de 0,5 mm até 2500 mm ). São estes os valores seguidos pela indústria dos cabos. 11 O coeficiente de variação da resistência óhmica com a temperatura a 20° (α) toma os seguintes valores, dependendo do material constituinte do cabo: 𝛼(𝑐𝑜𝑏𝑟𝑒) = 0.00393 𝛼(𝑎𝑙𝑢𝑚í𝑛𝑖𝑜) = 0.00403 Obs.: O valor calculado da resistência óhmica é referente à corrente contínua. No entanto para a 2 frequência de 50Hz e para secções inferiores a 300 mm , na generalidade das aplicações, pode-se considerar o valor da resistência óhmica em corrente alternada igual ao valor da resistência óhmica em corrente contínua. [12] 2.2.2 Reactância 34B Na Figura 10 apresenta-se o esquema transversal de um cabo LSVAV/LVAV e de um cabo LXS, por forma a evidenciar a geometria dos seus condutores constituintes, bem como a relação entre eles. Figura 10: a) Esquema do cabo LSVAV/LVAV; b) Esquema do cabo LXS Considerando uma disposição simétrica dos condutores activos e na base no pressuposto que a terra é um condutor perfeito, de acordo com [13], o coeficiente de auto-indução é igual para todos os condutores e é dado pela expressão (2.5). 1 𝐿𝑖𝑖 = 0.2 ln � � [𝑚𝐻. 𝑘𝑚−1 ] 𝐺𝑀𝑅 (2.5) Onde GMR é o raio médio geométrico do condutor i, cujo valor é determinado pela expressão (2.6). 1 𝐺𝑀𝑅 = 𝑟. 𝑒 −4 [𝑚𝑚] (2.6) Em que r corresponde ao raio do condutor. Nos casos em que os condutores não têm secção circular, quando se faz referência ao raio do condutor, pretende-se referir o raio de um condutor circular (fictício) que possui a mesma resistência do condutor sectorial (real). O raio do condutor é dado pela eq.(2.7), onde é utilizada a resistividade do material do condutor. 12 𝑟=� 𝜌20 [𝑚𝑚] 𝑅20 . 𝜋 (2.7) Os valores da resistividade do cobre e do alumínio a 20 ° são: 𝜌𝐶𝑢 = 17.241 [𝛺. 𝑚𝑚2 . 𝑘𝑚−1 ] 𝜌𝐴𝑙 = 28.264 [𝛺. 𝑚𝑚2 . 𝑘𝑚−1 ] Por sua vez, o coeficiente de indução mútua é dado pela expressão (2.8). 1 𝐿𝑖𝑗 = 0.2 ln � � [𝑚𝐻. 𝑘𝑚−1 ] 𝐷 (2.8) Onde 𝐷 corresponde à distância entre os eixos dos condutores i e j. Esta distância como se pode observar pela Figura 10, está fortemente relacionada com a distância 𝑎. Para cabos cujo esquema seja idêntico ao dos cabos LXS, 𝑎 corresponde ao dobro do raio do condutor. 𝑎 = 2. 𝑟 [𝑚𝑚] (2.9) 𝑎 = 2. 𝑥 ′ + 2. 𝑙𝑖𝑠𝑜𝑙 [𝑚𝑚] (2.10) Para cabos cujo esquema seja idêntico ao dos cabos LSVAV/LVAV, a distância 𝑎 é dada pela expressão: Onde 𝑙𝑖𝑠𝑜𝑙 corresponde ao valor divulgado pelo fabricante da espessura do isolamento e 𝑥 ′ à distância ao centro geométrico de 1/4 de círculo e é dada por: 𝑥′ = 4𝑟 [𝑚𝑚] 3𝜋 (2.11) A distância 𝑟 corresponde ao raio da circunferência equivalente cuja área é 4 vezes a secção da alma condutora de cada condutor. 𝑟=� 4𝐴 [𝑚𝑚] 𝜋 (2.12) A título de exemplo, considerando a disposição dos condutores apresentada na Figura 10, os coeficientes de indução mútua, terão a distância 𝐷 relacionada com a distância 𝑎 da seguinte forma: 1 𝐿𝑟𝑠 = 𝐿𝑟𝑡 = 𝐿𝑡𝑛 = 𝐿𝑠𝑛 = 0.2 ln � � [𝑚𝐻. 𝑘𝑚−1 ] 𝑎 1 𝐿𝑠𝑡 = 𝐿𝑟𝑛 = 0.2 ln � � [𝑚𝐻. 𝑘𝑚−1 ] √𝑎 (2.13) (2.14) Finalmente a reactância é dada pela equação, 𝑋 = 𝐿. 𝜔 [𝛺/𝑘𝑚] 13 (2.15) 2.3. Modelo do Transformador MT/BT Neste tópico é objectivo a determinação de uma série de equações que modelem o funcionamento de um transformador trifásico MT/BT, permitindo deste modo, a sua integração no trânsito de energia. Neste trabalho utilizar-se-á o modelo que considera o transformador ideal com uma relação de transformação 𝑎, em série com uma impedância vista do lado do secundário, denominada impedância de curto-circuito. O esquema do modelo pode ser observado na Figura 11. Figura 11: Esquema equivalente do transformador As equações irão depender do esquema de ligações dos enrolamentos do primário e secundário do transformador. O esquema usual de ligações de um transformador MT/BT tem os seus enrolamentos do primário ligados em triângulo e os do secundário ligados em estrela com o neutro ligado à terra. A relação de transformação é dada pela razão da tensão composta do primário pelo secundário. Num transformador com ligação ∆-Y temos ainda que os enrolamentos do primário induzem uma o tensão no secundário desfasada de 30 . Desta forma a relação de transformação para um transformador MT/BT tem a seguinte expressão: 𝑎= 𝑉𝐿𝐿 𝑗30 𝑒 𝑉𝑙𝑙 (2.16) De modo a modelar o transformador trifásico, proceder-se-á à sua decomposição em componentes simétricas (directa, inversa e homopolar) de acordo com o teorema de Fortescue. Onde 𝑇 é a matriz de Fortescue [𝑉𝑎𝑏𝑐 ] = [𝑇] . [𝑉𝑑𝑖ℎ ] 1 𝑇 = �𝛼 2 𝛼 1 𝛼 𝛼2 1 1� , 1 (2.17) 2𝜋 𝛼 = 𝑒𝑗 3 14 (2.18) 2.3.1 Componentes Simétricas a) Componente Directa Nesta secção pretende-se determinar as relações entre a tensão e corrente em ambos os lados do transformador, quando o modelo do transformador trifásico está sujeito a um sistema directo de tensões. Pela observação da Figura 11 é possível escreverem-se as seguintes relações: 𝑉1 = 𝑎. 𝑉1′ (2.19) 𝑉1′ = 𝑧𝑐𝑐 . 𝐼2 + 𝑉2 (2.21) 𝐼2 = 𝐼1′ = 𝑎 ∗ . 𝐼1 (2.20) Substituindo (2.19) e (2.20) em (2.21), permite-nos obter: 𝑉1 = 𝑧𝑐𝑐 . 𝑎 ∗ . 𝐼1 + 𝑉2 𝑎 𝐼1 = 𝑦𝑐𝑐 𝑉1 𝑉1 𝑉2 . � − 𝑉2 � = 𝑦𝑐𝑐 . � 2 − ∗ � ∗ 𝑎 𝑎 𝑎 𝑎 𝑉1 𝐼2 = 𝑦𝑐𝑐 (𝑉1′ − 𝑉2 ) = 𝑦𝑐𝑐 � − 𝑉2 � 𝑎 (2.22) (2.23) (2.24) As equações (2.23) e (2.24), podem ser representadas na forma matricial, obtendo-se finalmente: 𝐼𝑑 � 1𝑑 � 𝐼2 𝑦𝑑 ⎡ 𝑐𝑐 2 = ⎢ 𝑎𝑑 ⎢𝑦𝑐𝑐 ⎣𝑎 𝑑 𝑦𝑐𝑐 ⎤ 𝑑 𝑎∗ ⎥ �𝑉1 � 𝑉𝑑 𝑑 ⎥ 2 𝑦𝑐𝑐 ⎦ − (2.25) b) Componente Inversa O sistema directo e inverso partilham o mesmo esquema de ligações, deste modo, a matriz de admitâncias da componente inversa será muito semelhante à determinada em (2.25). A única diferença prende-se com o facto do valor da relação de transformação ser o conjugado da utilizada no cálculo da componente directa. Assim tem-se que a matriz de admitâncias é dada pela expressão (2.26). 𝐼𝑖 � 1𝑖 � 𝐼2 𝑦𝑖 ⎡ 𝑐𝑐 2 = ⎢ 𝑎𝑖 ⎢𝑦𝑐𝑐 ⎣ 𝑎∗ 𝑖 𝑦𝑐𝑐 ⎤ 𝑖 𝑎 ⎥ �𝑉1 � 𝑉𝑖 𝑖 ⎥ 2 𝑦𝑐𝑐 ⎦ − (2.26) Onde o valor da admitância de curto-circuito inversa é igual ao valor da admitância de curto-circuito 𝑑 𝑖 ) directa. (𝑦𝑐𝑐 = 𝑦𝑐𝑐 15 c) Componente Homopolar 67B O modelo homopolar do transformador depende do esquema de ligações deste último. Num típico transformador MT/BT, o facto do neutro estar ligado à terra do lado do secundário, permite que a corrente homopolar flua dos enrolamentos do secundário para a terra. Já no primário, devido à sua ligação em triângulo, a corrente homopolar encontra-se circunscrita aos enrolamentos do primário. Desta forma, no esquema homopolar (Figura 12), o circuito encontra-se em aberto do lado do triângulo. Figura 12: Esquema homopolar do transformador trifásico ∆-Y com neutro ligado à terra 𝑉1 = 0 (2.27) 𝐼2 = −𝑦𝑐𝑐 . 𝑉2 (2.29) 𝐼1 = 0 E na forma matricial vem, 𝐼ℎ 0 � 1ℎ � = � 0 𝐼2 (2.28) 𝑉1ℎ 0 ℎ � � ℎ� −𝑦𝑐𝑐 𝑉2 (2.30) 𝑑 𝑖 Em que a admitância de curto-circuito homopolar se assume ser igual à directa e inversa. (𝑦𝑐𝑐 = 𝑦𝑐𝑐 = ℎ ). 𝑦𝑐𝑐 É possível obter uma representação 6x6 do modelo do transformador em componentes simétricas, se agregarmos as três matrizes obtidas previamente. 𝑦𝑐𝑐 ⎡ 𝑎2 𝐼𝑑 ⎡ 1𝑖 ⎤ ⎢ ⎢ 𝐼1 ⎥ ⎢ 0 ⎢𝐼1ℎ ⎥ ⎢ 0 ⎢ ⎢𝐼 𝑑 ⎥ = ⎢ 𝑦𝑐𝑐 2 ⎢ 𝑖 ⎥ ⎢− 𝑎 ⎢ 𝐼2 ⎥ ⎢ ⎣𝐼2ℎ ⎦ ⎢ 0 ⎣ 0 0 𝑦𝑐𝑐 𝑎2 0 0 𝑦𝑐𝑐 − ∗ 𝑎 0 0 0 0 − 𝑦𝑐𝑐 𝑎∗ 0 0 0 𝑦𝑐𝑐 − 𝑎 0 0 𝑦𝑐𝑐 0 𝑦𝑐𝑐 0 0 0 0 0 0 ⎤ ⎥ 0 ⎥ ⎥ 0 ⎥ 0 ⎥ ⎥ 0 ⎥ ⎥ −𝑦𝑐𝑐 ⎦ 𝑉𝑑 ⎡ 1𝑖 ⎤ ⎢ 𝑉1 ⎥ ⎢𝑉 ℎ ⎥ . ⎢ 1𝑑 ⎥ 𝑉 ⎢ 2𝑖 ⎥ ⎢ 𝑉2 ⎥ ⎣𝑉2ℎ ⎦ (2.31) Esta matriz pode ainda ser subdividida em 4 matrizes 3x3, obtendo-se a representação em (2.32). � 𝑑𝑖ℎ 𝑑𝑖ℎ 𝑝𝑟𝑖𝑚 𝑝𝑟𝑖𝑚 �𝑦11 � �𝑦12 � �𝐼𝑑𝑖ℎ � �𝑉 � � = � � . � 𝑑𝑖ℎ𝑠𝑒𝑐 � 𝑠𝑒𝑐 𝑑𝑖ℎ 𝑑𝑖ℎ [𝐼𝑑𝑖ℎ ] [𝑉𝑑𝑖ℎ ] �𝑦21 � �𝑦22 � 16 (2.32) 2.3.2 Coordenadas de Fase Em termos computacionais do trânsito de energia, a matriz de admitâncias do transformador terá que vir obrigatoriamente em coordenadas de fase e não nas suas componentes simétricas. Para tal, aplicar-se-á a relação de transformação de Fortescue (2.17) em (2.32), obtendo-se a seguinte expressão matricial: � 𝑑𝑖ℎ 𝑑𝑖ℎ 𝑝𝑟𝑖𝑚 𝑝𝑟𝑖𝑚 �𝑦11 � �𝑦12 � �𝐼𝑎𝑏𝑐 � �𝑉𝑎𝑏𝑐 � −1 [𝑇] [𝑇] � = . � � . . � � 𝑠𝑒𝑐 𝑑𝑖ℎ 𝑑𝑖ℎ 𝑠𝑒𝑐 [𝐼𝑎𝑏𝑐 ] [𝑉𝑎𝑏𝑐 ] �𝑦21 � �𝑦22 � (2.33) Procedendo ao cálculo tem-se: 𝐼2𝑎 1 �𝐼2𝑏 � = �𝛼 2 𝛼 𝐼2𝑐 𝐼2𝑎 �𝐼2𝑏 � 𝐼2𝑐 1 𝛼 𝛼2 𝑦𝑐𝑐 ⎡− 𝑎 ⎢ .⎢ 0 ⎢ ⎣ 0 1 1� 1 1 + �𝛼 2 𝛼 𝑦𝑐𝑐 ⎡− |𝑎| 1 ⎢ 𝑦𝑐𝑐 ⎢ = √3 ⎢ |𝑎| ⎢ 0 ⎣ 0 1 𝛼 𝛼2 𝑦𝑐𝑐 − |𝑎| 𝑦𝑐𝑐 |𝑎| 0 𝑦𝑐𝑐 − ∗ 𝑎 0 0⎤ 1 ⎥ 1 . . � 0⎥ 3 1 ⎥ 1 0⎦ 𝑦𝑐𝑐 1 1� . � 0 0 1 0 𝑦𝑐𝑐 0 𝑉1𝑎 𝛼2 𝛼 � . �𝑉1𝑏 � 𝑉1𝑐 1 𝛼 𝛼2 1 0 1 1 0 � . . �1 3 −𝑦𝑐𝑐 1 𝑦𝑐𝑐 |𝑎| ⎤ 𝑉 𝑎 ⎥ 1 1 𝑦𝑐𝑐 0 ⎥ . �𝑉1𝑏 � + �−2𝑦𝑐𝑐 3 −2𝑦 ⎥ 𝑐 𝑐𝑐 𝑦𝑐𝑐 ⎥ 𝑉1 − |𝑎|⎦ −2𝑦𝑐𝑐 𝑦𝑐𝑐 −2𝑦𝑐𝑐 𝛼 𝛼2 1 𝑉2𝑎 𝛼 𝛼 � . �𝑉2𝑏 � 1 𝑉2𝑐 (2.34) 2 −2𝑦𝑐𝑐 𝑉2𝑎 −2𝑦𝑐𝑐 � . �𝑉2𝑏 � 𝑦𝑐𝑐 𝑉2𝑐 (2.35) Onde a eq.(2.35) descreve a relação entre a corrente no secundário com a tensão neste mesmo enrolamento e com a tensão desta vista do primário. O modelo do transformador em coordenadas de fase pode ser expresso pela eq.(2.36). � 𝑝𝑟𝑖𝑚 �𝑌𝑝𝑝 � �𝐼𝑎𝑏𝑐 � �=� 𝑠𝑒𝑐 [𝐼𝑎𝑏𝑐 ] �𝑌𝑠𝑝 � �𝑌𝑝𝑠 � [𝑌𝑠𝑠 ] �. � 𝑝𝑟𝑖𝑚 �𝑉𝑎𝑏𝑐 � � 𝑠𝑒𝑐 ] [𝑉𝑎𝑏𝑐 (2.36) Assim por inspecção da eq.(2.35) tem-se que para o transformador com ligação ∆-Y com neutro ligado à terra: 1 𝑦𝑐𝑐 [𝑌𝑠𝑠 ] = �−2𝑦𝑐𝑐 3 −2𝑦 𝑐𝑐 𝑦𝑐𝑐 ⎡− |𝑎| 1 ⎢ 𝑦𝑐𝑐 ⎢ [𝑌𝑠𝑝 ] = √3 ⎢ |𝑎| ⎢ 0 ⎣ −2𝑦𝑐𝑐 𝑦𝑐𝑐 −2𝑦𝑐𝑐 0 𝑦𝑐𝑐 |𝑎| 𝑦𝑐𝑐 |𝑎| − 17 −2𝑦𝑐𝑐 −2𝑦𝑐𝑐 � 𝑦𝑐𝑐 𝑦𝑐𝑐 |𝑎| ⎤ ⎥ 0 ⎥ ⎥ 𝑦𝑐𝑐 ⎥ − |𝑎|⎦ (2.37) (2.38) 3. Trânsito de Energia Determinístico 3.1. Enquadramento Uma solução de trânsito de energia deverá modelar em detalhe os vários componentes (linhas, cargas, geradores, etc.) bem como atender às diferentes particularidades inerentes a um sistema de distribuição de energia eléctrica, tais como: Estrutura radial ou malhada Geração distribuída Sistema equilibrado/não equilibrado, com/sem protecção de terra. Componentes de controlo da rede de distribuição. Cargas distribuídas não equilibradas. Número extremamente elevado de ramos/nós. É sabido que a grande maioria das redes de distribuição são desequilibradas, devido por exemplo, à existência de cargas trifásicas não equilibradas, à assimetria das linhas de distribuição, mas essencialmente à existência de circuitos monofásicos ou bifásicos que provocam o desequilíbrio da rede. Em instalações eléctricas, a potência dimensionada é igualmente repartida pelas três fases de modo a diminuir estes desequilíbrios, que são no entanto impossíveis de mitigar visto num dado instante, o consumidor poder ter ligado equipamentos eléctricos com potências não igualmente distribuídas pelas três fases, o que diga-se, é a situação mais corrente. Deste modo, é imperativo o desenvolvimento de soluções de trânsito de potência robustas, que tenham em conta explicitamente o condutor neutro nas equações do trânsito de energia, permitindo a obtenção directa das tensões e correntes de neutro em qualquer ponto do sistema em análise. A corrente de neutro poderá mesmo ser mais elevada que as correntes de fase, caso as cargas trifásicas sejam altamente desequilibradas. De referir também, que é usual ter-se instalações trifásicas, com quatro condutores, onde o neutro é ligado à terra, devido ao seu baixo custo de instalação, bem como à sua maior sensibilidade a protecção de falhas na rede, em relação à instalação apenas com três condutores. A presença do condutor neutro e terra afecta não só o funcionamento do sistema mas também a integridade do equipamento e a segurança humana. Ao longo dos anos, várias soluções têm sido propostas, atendendo ao desenvolvimento científico bem como ao crescimento das redes de distribuição e a novas formas de optimização, de modo a aumentar a qualidade da energia fornecida aos consumidores. Outro factor preponderante nos últimos tempos tem sido o aumento da penetração de geração distribuída, especialmente associada a produtores em regime especial (energias renováveis), cujas unidades geradoras são ligados directamente á rede de distribuição, obrigando assim a um aperfeiçoamento das soluções de trânsito de energia. Neste trabalho, inicialmente averiguar-se-ão os fundamentos e propriedades de duas soluções existentes, que incorporam ambas elas o condutor neutro no cálculo do trânsito de energia. 18 3.2. Four-Conductor Forward Backward Sweep (FBS) Neste método, [10]-[11], quer o condutor neutro, quer o condutor terra poderão estão explicitamente representados, ao contrário do que acontece com os normais softwares de trânsito de energia. É assim possível a obtenção directa das correntes de neutro e terra, que em análises de protecção e qualidade de energia, se tornam bastante úteis. Está-se então na presença de uma representação 5x5 da rede, considerando os três condutores de fase, o condutor neutro e o condutor de terra. Este método poderá ser aplicado a diferentes situações: 3 condutores. [linhas 4,5 e colunas 4,5 nulas] 3 condutores com retorno pela terra. [linha 4 e coluna 4 nulas] 4 condutores com neutro ligado à terra. 4 condutores com neutro isolado (sem condutor terra) [linha 5 e coluna 5 nulas] 3.2.1. Modelo do Gerador Visto a geração distribuída assumir cada vez mais relevância nas redes de distribuição, é importante a sua modelação na solução do trânsito de energia. O gerador poderá estar a funcionar num dos 3 modos seguintes: Em “funcionamento paralelo” com a rede. Isto é, o gerador é incumbido de fornecer energia a uma carga elevada com um valor fixo de potência activa e reactiva. Fornecer potência a um designado factor de potência. Fornecer potência a uma designada tensão. No contexto de trânsito de energia, nos primeiros 2 casos, os nós de geração podem ser modelados como nós PQ, o que não trás alterações significativas às equações do trânsito de energia. No terceiro caso, os nós de geração serão modelados como nós PV, o que leva a que sejam desenvolvidos procedimentos especiais para manter a tensão ao valor requerido, bem como monitorizar a sua produção de potência reactiva, ou seja, verificar se esta se encontra entre os limites permitidos. 3.2.2. Modelo da Carga Num sistema real, os barramentos de carga são dominantes, representando 80 a 90% do total, sendo necessariamente modelados como nós tipo PQ. De referir ainda que em geral, no trânsito de energia, considera-se que as cargas têm elasticidade nula em relação à tensão, ou seja, consideram-se constantes a potência activa e reactiva absorvidas. 19 3.2.3. Algoritmo O algoritmo FBS pode ser implementado em três passos. 1) O primeiro passo consiste no cálculo das correntes nodais injectadas, assumindo o nó de raiz como o nó de balanço: ∗ 𝐼𝑖𝑎 (𝑘) ⎡𝐼 ⎤ ⎢ 𝑖𝑏 ⎥ ⎢ 𝐼𝑖𝑐 ⎥ ⎢𝐼𝑖𝑛 ⎥ ⎣𝐼𝑖𝑔 ⎦ 𝑆𝑖𝑎 (𝑘−1) ⎡ ⎤ � � 𝑉𝑖𝑎 ⎢ ⎥ ∗ ⎢ ⎥ 𝑆𝑖𝑏 (𝑘−1) ⎢ ⎥ � � 𝑌𝑖𝑎 𝑉𝑖𝑏 ⎢ ⎥ ⎡ ∗ ⎢ ⎥ ⎢ 𝑆𝑖𝑐 (𝑘−1) =⎢ � � ⎥−⎢ 𝑉 𝑖𝑐 ⎢ ⎥ ⎢ 𝑍𝑛𝑛𝑖 ⎢ (𝑘) (𝑘) (𝑘) ⎥ ⎣ ⎢− 𝑍𝑛𝑛𝑖 + 𝑍𝑔𝑖 (𝐼𝑖𝑎 + 𝐼𝑖𝑏 + 𝐼𝑖𝑐 )⎥ ⎢ ⎥ 𝑍𝑔𝑖 (𝑘) (𝑘) (𝑘) ⎥ ⎢− (𝐼𝑖𝑎 + 𝐼𝑖𝑏 + 𝐼𝑖𝑐 ) ⎣ 𝑍𝑛𝑛𝑖 + 𝑍𝑔𝑖 ⎦ 𝑌𝑖𝑏 𝑌𝑖𝑐 𝑌𝑖𝑛 𝑉 (𝑘−1) ⎤ ⎡ 𝑖𝑎 ⎤ 𝑉 ⎥ ⎢ 𝑖𝑏 ⎥ ⎥ ⎢ 𝑉𝑖𝑐 ⎥ ⎥ ⎢𝑉𝑖𝑛 ⎥ 0 ⎦ ⎣𝑉𝑖𝑔 ⎦ (3.1) Onde 𝐼𝑖𝑎 , 𝐼𝑖𝑏 , 𝐼𝑖𝑐 , 𝐼𝑖𝑛 , 𝐼𝑖𝑔 são as correntes injectadas no nó i; 𝑆𝑖𝑎 , 𝑆𝑖𝑏 , 𝑆𝑖𝑐 são as potências injectadas no nó i; 𝑉𝑖𝑎 , 𝑉𝑖𝑏 , 𝑉𝑖𝑐 , 𝑉𝑖𝑛 , 𝑉𝑖𝑔 são as tensões no nó i; 𝑌𝑖𝑎 , 𝑌𝑖𝑏 , 𝑌𝑖𝑐 , 𝑌𝑖𝑛 são as admitâncias transversais no nó i; 𝑍𝑔𝑖 impedância de terra no nó i, que consiste na soma da impedância de ligação do neutro à terra com a impedância própria do condutor terra(𝑍𝑔𝑖 = 𝑍𝑔𝑟𝑖 + 𝑍𝑔𝑔𝑖 ). Para uma rede de distribuição em baixa tensão, visto as distâncias serem reduzidas, as capacidades transversais da linha podem ser desprezadas, a eq.(3.1) toma a forma simplificada (3.2). ∗ 𝐼𝑖𝑎 (𝑘) ⎡𝐼 ⎤ ⎢ 𝑖𝑏 ⎥ ⎢ 𝐼𝑖𝑐 ⎥ ⎢𝐼𝑖𝑛 ⎥ ⎣𝐼𝑖𝑔 ⎦ 2) 𝑆𝑖𝑎 (𝑘−1) ⎡ ⎤ � � 𝑉𝑖𝑎 ⎢ ⎥ (𝑘−1)∗ ⎢ ⎥ 𝑆𝑖𝑏 ⎢ ⎥ � � 𝑉𝑖𝑏 ⎢ ⎥ (𝑘−1)∗ ⎢ ⎥ 𝑆 𝑖𝑐 =⎢ � � ⎥ 𝑉𝑖𝑐 ⎢ ⎥ 𝑍𝑛𝑛𝑖 ⎢ (𝑘) (𝑘) (𝑘) ⎥ ⎢− 𝑍𝑛𝑛𝑖 + 𝑍𝑔𝑖 (𝐼𝑖𝑎 + 𝐼𝑖𝑏 + 𝐼𝑖𝑐 )⎥ ⎢ ⎥ 𝑍𝑔𝑖 (𝑘) (𝑘) (𝑘) ⎢− (𝐼𝑖𝑎 + 𝐼𝑖𝑏 + 𝐼𝑖𝑐 )⎥ ⎣ 𝑍𝑛𝑛𝑖 + 𝑍𝑔𝑖 ⎦ (3.2) No segundo passo, o Backward Sweep é realizado e consiste na soma das correntes que fluem em cada ramo, começando pela última camada até chegar-se à primeira camada. O cálculo neste passo pode ser expresso segundo a eq.(3.3). onde, 𝐽𝑙𝑎 (𝑘) 𝐼𝑖𝑎 (𝑘) 𝐽𝑚𝑎 (𝑘) ⎡𝐽 ⎤ ⎡𝐼 ⎤ ⎡𝐽 ⎤ ⎢ 𝑙𝑏 ⎥ ⎢ 𝑖𝑏 ⎥ ⎢ 𝑚𝑏 ⎥ ⎢ 𝐽𝑙𝑐 ⎥ = − ⎢ 𝐼𝑖𝑐 ⎥ + � ⎢ 𝐽𝑚𝑐 ⎥ 𝑚∈𝑀 ⎢𝐽𝑚𝑛 ⎥ ⎢𝐽𝑙𝑛 ⎥ ⎢𝐼𝑖𝑛 ⎥ ⎣𝐽𝑙𝑔 ⎦ ⎣𝐼𝑖𝑔 ⎦ ⎣𝐽𝑚𝑔 ⎦ 20 (3.3) 𝐽𝑙𝑎 , 𝐽𝑙𝑏 , 𝐽𝑙𝑐 , 𝐽𝑙𝑛 , 𝐽𝑙𝑔 são as correntes que fluem em cada fase no ramo l. M representa o conjunto de ramos que estão directamente ligados ao ramo l na camada abaixo deste. 3) Por fim, realiza-se o Forward Sweep que consiste na actualização das tensões nodais, começando na primeira camada e terminando na última. A tensão no nó j é: 𝑉𝑗𝑎 (𝑘) 𝑉𝑖𝑎 (𝑘) ⎡𝑍𝑎𝑎 ⎡ ⎤ ⎡ 𝑉 ⎤ ⎢𝑉𝑗𝑏 ⎥ ⎢𝑍𝑎𝑏 ⎢ 𝑖𝑏 ⎥ ⎢ 𝑉𝑗𝑐 ⎥ = ⎢ 𝑉𝑖𝑐 ⎥ − ⎢ 𝑍𝑎𝑐 ⎢𝑉 ⎥ ⎢𝑍 ⎢𝑉𝑖𝑛 ⎥ ⎢ 𝑗𝑛 ⎥ ⎢ 𝑎𝑛 𝑉 ⎣ 𝑖𝑔 ⎦ ⎣𝑉𝑗𝑔 ⎦ ⎣𝑍𝑎𝑔 𝑍𝑎𝑏 𝑍𝑏𝑏 𝑍𝑏𝑐 𝑍𝑏𝑛 𝑍𝑏𝑔 𝑍𝑎𝑐 𝑍𝑏𝑐 𝑍𝑐𝑐 𝑍𝑐𝑛 𝑍𝑐𝑔 𝑍𝑎𝑛 𝑍𝑏𝑛 𝑍𝑐𝑛 𝑍𝑛𝑛 𝑍𝑛𝑔 𝑍𝑎𝑔 𝐽𝑙𝑎 (𝑘) ⎤ 𝑍𝑏𝑔 ⎥ ⎡𝐽𝑙𝑏 ⎤ ⎢ ⎥ 𝑍𝑐𝑔 ⎥ ⎢ 𝐽𝑙𝑐 ⎥ 𝑍𝑛𝑔 ⎥⎥ ⎢𝐽𝑙𝑛 ⎥ 𝑍𝑔𝑔 ⎦ ⎣𝐽𝑙𝑔 ⎦ (3.4) Obs.: Para fins computacionais, quer o Backward Sweep, quer o Forward Sweep são realizados com recurso a uma matriz de incidências nodais representativa da topologia da rede. Desta forma são identificáveis todas as ligações de barramentos existentes na rede, facilitando os varrimentos. De referir também, que o Backward Sweep implementa o algoritmo da soma de correntes partindo do pressuposto que o barramento a montante apresenta um índice superior relativamente ao barramento a jusante. 3.2.4. Critério de Convergência Após a execução destes passos numa iteração, terá que se testar a convergência do programa. O programa convergirá, se a parte real e imaginária de todos os desvios de potência calculados em (3.5) forem inferiores a um critério de convergência. Caso contrário, os passos 2,3 e 4 terão que ser repetidos até a convergência ser alcançada. (𝑘) (𝑘) (𝑘) ∗ ∆𝑆𝑖𝑎 = 𝑉𝑖𝑎 �𝐼𝑖𝑎 � − 𝑆𝑖𝑎 (𝑘) (𝑘) (𝑘) ∗ ∆𝑆𝑖𝑏 = 𝑉𝑖𝑏 �𝐼𝑖𝑏 � − 𝑆𝑖𝑏 (𝑘) (𝑘) (𝑘) ∗ ∆𝑆𝑖𝑐 = 𝑉𝑖𝑐 �𝐼𝑖𝑐 � − 𝑆𝑖𝑐 (𝑘) ∆𝑆𝑖𝑛 = (𝑘) (3.5) (𝑘) (𝑘) ∗ 𝑉𝑖𝑛 �𝐼𝑖𝑛 � (𝑘) (𝑘) ∗ ∆𝑆𝑖𝑔 = 𝑉𝑖𝑔 �𝐼𝑖𝑔 � Nó de balanço: No início, para diminuir o tempo de processamento e aumentar as probabilidades de convergência do método, todas as tensões são inicializadas com valores iguais à tensão nodal do nó de balanço: 𝑉𝑟𝑒𝑓 𝑉𝑖𝑎 (0) ⎡ 2 ⎤ ⎡𝑉 ⎤ 𝑎 𝑖𝑏 ⎢ . 𝑉𝑟𝑒𝑓 ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ 𝑉𝑖𝑐 ⎥ = ⎢ 𝑎. 𝑉𝑟𝑒𝑓 ⎥ , ⎢𝑉𝑖𝑛 ⎥ ⎢ 0 ⎥ ⎣𝑉𝑖𝑔 ⎦ ⎣ 0 ⎦ 2𝜋 𝑎 = 𝑒𝑗 3 21 (3.6) 3.3. Four-Conductor Current Injection Method (FCIM) Neste método, [15]-[18], o condutor neutro é representado explicitamente na formulação do trânsito de energia trifásico. O método Newton-Raphson será utilizado para resolver o conjunto de equações não lineares de injecção de corrente, onde as variáveis complexas são escritas na forma rectangular, ou seja, a componente real é separada da componente imaginária. O algoritmo proposto pode ser utilizado para análise de sistemas equilibrados ou não equilibrados, cuja rede poderá apresentar uma estrutura radial ou malhada e incorporar sistemas de controlo, bem como geração distribuída. Este método é baseado na corrente injectada em cada nó da rede de distribuição, expressa em termos de ligações série e paralelo. 3.3.1. Equações Fundamentais Neste método as equações de injecção de corrente são formadas a partir das contribuições de cada elemento que está ligado em um ou mais nós. Os modelos da maior parte dos componentes ligados à rede, são na verdade, formados por um ou mais elementos conectados nas mais diversas configurações. Existem diversos equipamentos nos sistemas eléctricos que podem ser modelados por elementos contendo apenas resistências, indutâncias e/ou capacidades ligadas das mais diversas maneiras. Ex.: banco de condensadores ligados em shunt para correcção do factor de potência, banco de condensadores ligados em série para efectuar compensação da reactância da linha, parâmetros concentrados representativos da linha de distribuição (impedância longitudinal). Estes elementos podem estar em série ou em paralelo com outros elementos do sistema. A contribuição de corrente injectada por elementos ligados em série é dada por: onde, 𝑠 𝐼𝑘,𝑠é𝑟𝑖𝑒 = � 𝑠𝑡 𝑠𝑡 � (𝑗𝑏𝑘𝑖 𝑉 𝑡 + (𝑉𝑘𝑡 − 𝑉𝑖𝑡 )𝑦𝑘𝑖 ) 𝑠ℎ 𝑘 𝑖 ∈ 𝛺𝑘 𝑡 ∈ 𝛼 𝑝 𝑉𝑘𝑡 Tensão complexa da fase t no barramento k; 𝑠𝑡 𝑏𝑘𝑖 𝑠ℎ Susceptância transversal do elemento k-i; 𝛺𝑘 Conjunto dos ramos directamente ligados ao barramento k; 𝑉𝑖𝑡 Tensão complexa da fase t no barramento i; 𝑠, 𝑡 ∈ 𝛼𝑝 𝛼𝑝 = {𝑎, 𝑏, 𝑐, 𝑛}; 𝑠𝑡 𝑦𝑘𝑖 Admitância série do elemento k-i. 22 (3.7) Por sua vez, a contribuição de corrente injectada por elementos em paralelo depende do tipo de ligação e do modelo adoptado. Para elementos modelados como admitâncias em fase com ligação em estrela e com o neutro ligado à terra através de uma admitância, a contribuição de corrente é dada por: 𝑛 𝐼𝑘,𝑠ℎ = 𝑦𝑘𝑛𝑔𝑟 𝑉𝑘𝑛 + � 𝑦𝑘𝑑 �𝑉𝑘𝑛 − 𝑉𝑘𝑑 � 𝑑 𝐼𝑘,𝑠ℎ onde, 𝑉𝑘𝑑 = 𝑑 ∈ 𝛼𝑑 𝑦𝑘𝑑 �𝑉𝑘𝑑 − (3.8) 𝑉𝑘𝑛 � Tensão complexa da fase d no barramento k; 𝑉𝑘𝑛 Tensão complexa do neutro no barramento k; 𝑦𝑘𝑑 Admitância entre a fase d e o neutro no barramento k; 𝑑 ∈ 𝛼𝑑 𝛼𝑑 = {𝑎, 𝑏, 𝑐}; 𝑦𝑘𝑛𝑔𝑟 Admitância da ligação do neutro à terra no barramento k; Para elementos modelados com ligação directa de cada fase à terra, a contribuição de corrente é dada por: 𝑠 𝐼𝑘,𝑠ℎ = 𝑦𝑘𝑠𝑠ℎ 𝑉𝑘𝑠 (3.9) onde 𝑦𝑘𝑠𝑠ℎ é a admitância da ligação da fase s à terra no barramento k. Deste modo, o total da corrente injectada na fase s do barramento k é dado pela soma da contribuição série com a contribuição paralela através da expressão: 𝑠 𝑠 𝐼𝑘𝑠 = 𝐼𝑘,𝑠ℎ + 𝐼𝑘,𝑠é𝑟𝑖𝑒 (3.10) A eq.(3.10) pode ser expressa em termos da matriz de admitâncias nodais, de acordo com a expressão: 𝑠𝑡 𝑡 𝐼𝑘𝑠 = � 𝑌𝑘𝑘 𝑉𝑘 + � 𝑡 ∈ 𝛼𝑝 � 𝑌𝑘𝑖𝑠𝑡 𝑉𝑖𝑡 𝑖 ∈ 𝛺𝑘 𝑡 ∈ 𝛼 𝑝 𝑖≠𝑘 (3.11) Onde 𝑌𝑘𝑘 = 𝐺𝑘𝑘 + 𝑗𝐵𝑘𝑘 e 𝑌𝑘𝑖 = 𝐺𝑘𝑖 + 𝑗𝐵𝑘𝑖 são elementos da matriz de admitâncias nodais. Além dos componentes introduzidos anteriormente, é necessário aferir das contribuições introduzidas pelas unidades geradoras e cargas ligadas à rede. Estas unidades para fins de trânsito de energia, são especificadas como potências complexas injectadas de acordo com a expressão: 𝑑 𝑆𝑘𝑑 = 𝑃𝑘𝑑 + 𝑗𝑄𝑘𝑑 = (𝑉𝑘𝑑 − 𝑉𝑘𝑛 )𝐼𝑘,𝑙𝑔 23 ∗ (3.12) Deste modo, pela análise da eq.(3.12), a contribuição dos geradores e cargas para a corrente injectada nas fases a,b,c é conhecida e dada por (3.13). 𝑑 𝐼𝑘,𝑙𝑔 = (𝑃𝑘𝑑 − 𝑗𝑄𝑘𝑑 ) 𝑑 𝑛 𝑑 𝑛 ��𝑉𝑅𝑒 − 𝑉𝑅𝑒 � − 𝑗�𝑉𝐼𝑚 − 𝑉𝐼𝑚 �� 𝑘 𝑘 𝑘 𝑘 (3.13) Por seu lado, a contribuição para a corrente injectada no neutro é dada por: 𝑛 𝑎 𝑏 𝑐 𝐼𝑘,𝑙𝑔 = −�𝐼𝑘.𝑙𝑔 + 𝐼𝑘.𝑙𝑔 + 𝐼𝑘.𝑙𝑔 � (3.14) A potência complexa injectada num barramento é deste modo função da geração e da procura: 𝑃𝑘𝑑 = 𝑃𝐺𝑑𝑘 − 𝑃𝐷𝑑𝑘 onde, no barramento k: 𝑄𝑘𝑑 = 𝑄𝐺𝑑𝑘 − 𝑄𝐷𝑑𝑘 𝑃𝑘𝑑 , 𝑄𝑘𝑑 Potência activa e reactiva na fase d; 𝑃𝐺𝑑𝑘 , 𝑄𝐺𝑑𝑘 Potência activa e reactiva fornecidas pela geração na fase d; 𝑑 𝐼𝑘,𝑙𝑔 Contribuição de um gerador/carga para a corrente injectada na fase d; 𝑃𝐷𝑑𝑘 , 𝑄𝐷𝑑𝑘 Potência activa e reactiva da carga na fase d; 𝑑 𝑑 𝐼𝑘𝑑 = 𝐼𝑅𝑒 + 𝑗𝐼𝐼𝑚 𝑘 𝑘 Corrente injectada na fase d; (3.15) 𝑑 𝑑 𝑉𝑘𝑑 = 𝑉𝑅𝑒 + 𝑗𝑉𝐼𝑚 Tensão da fase d (à terra); 𝑘 𝑘 As equações (3.11),(3.13) e (3.14) são combinadas de modo a definirem as correntes injectadas em cada um dos nós da rede de distribuição em análise, de acordo com as componentes ligadas respectivamente a cada um destes. 𝑓(𝑥) = 0 (3.16) Onde 𝑥 são as variáveis de estado (tensões nos nós) e f são as equações de injecções de corrente. Estas equações de injecção de corrente têm a particularidade de serem não-lineares. Por forma a obter-se a solução das variáveis de estado da eq.(3.16), aplicar-se-á o método iterativo de NewtonRaphson que diz que na fronteira de 𝑥, cada função de 𝑓 pode ser expandida numa série de Taylor: 𝑁 𝑓(𝑥 + ∆𝑥) = 𝑓(𝑥) + � 𝑗=1 𝜕𝑓 ∆𝑥 + 𝑂(∆𝑥 2 ) 𝜕𝑥𝑗 𝑗 24 (3.17) A matriz de derivadas parciais da eq.(3.17) denomina-se de matriz Jacobiana (J): 𝐽= 𝜕𝑓 𝜕𝑥 (3.18) Se os termos de ordem ∆𝑥 2 e superiores forem desprezados e fazendo 𝑓(𝑥 + ∆𝑥) = 0, obtém-se um conjunto de equações lineares, onde ∆𝑥 é o vector de incremento das variáveis de estado. 𝐽(𝑥). ∆𝑥 = −𝑓(𝑥) (3.19) A equação matricial (3.19) pode ser representada da seguinte forma: ∆𝐼 𝑎𝑏𝑐𝑛 ⎡ 𝐼𝑚1 ⎤ 𝑎𝑏𝑐𝑛 ⎢∆𝐼𝑅𝑒1 ⎥ (𝐽 )𝑎𝑏𝑐𝑛 ⎢− − −⎥ ⎡ 11 𝑎𝑏𝑐𝑛 ⎥ ⎢∆𝐼𝐼𝑚 ⎢−−−− 2 ⎢ 𝑎𝑏𝑐𝑛 ⎥ ⎢ (𝐽21 )𝑎𝑏𝑐𝑛 ⎢∆𝐼𝑅𝑒2 ⎥ = ⎢ − − − − ⎢− − −⎥ ⎢ ⋮ ⎢ ⋮ ⎥ ⎢ − − −− ⎢− − −⎥ ⎢ (𝐽 ) 𝑎𝑏𝑐𝑛 ⎢∆𝐼 ⎥ ⎣ 𝑛𝑏1 𝑎𝑏𝑐𝑛 ⎢ 𝐼𝑚𝑛𝑏 ⎥ 𝑎𝑏𝑐𝑛 ⎣∆𝐼𝑅𝑒𝑛𝑏 ⎦ | (𝐽12 )𝑎𝑏𝑐𝑛 | −−−− | (𝐽22 )𝑎𝑏𝑐𝑛 | −−−− | ⋮ | −−−− | (𝐽𝑛𝑏2 )𝑎𝑏𝑐𝑛 | | | | | | | ⋯ −−−− ⋯ −−−− ⋮ −−−− ⋯ | | | | | | | ∆𝑉 𝑎𝑏𝑐𝑛 ⎡ 𝑅𝑒1 ⎤ 𝑎𝑏𝑐𝑛 ⎢∆𝑉𝐼𝑚1 ⎥ (𝐽1𝑛𝑏 )𝑎𝑏𝑐𝑛 ⎤ ⎢− − −⎥ − − − − ⎥ ⎢ 𝑎𝑏𝑐𝑛 ⎥ ∆𝑉𝑅𝑒2 (𝐽2𝑛𝑏 )𝑎𝑏𝑐𝑛 ⎥ ⎢ 𝑎𝑏𝑐𝑛 ⎥ ∆𝑉 − − − − ⎥ × ⎢ 𝐼𝑚2 ⎥ ⎥ ⎢− − −⎥ ⋮ ⎥ ⎢ ⋮ ⎥ −−−− ⎥ ⎢ − − −⎥ (𝐽𝑛𝑏𝑛𝑏 )𝑎𝑏𝑐𝑛 ⎦ ⎢∆𝑉 𝑎𝑏𝑐𝑛 ⎥ ⎢ 𝑅𝑒𝑛𝑏 ⎥ 𝑎𝑏𝑐𝑛 ⎣∆𝑉𝐼𝑚𝑛𝑏 ⎦ (3.20) Onde os desvios de injecção de corrente a serem resolvidos resultam da combinação das contribuições dos componentes da rede, geração e carga e são dados por: 𝑑 ∆𝐼𝑅𝑒 = 𝑘 𝑑 𝑛 𝑑 𝑛 𝑃𝑘𝑑 �𝑉𝑅𝑒 − 𝑉𝑅𝑒 � + 𝑄𝑘𝑑 �𝑉𝐼𝑚 − 𝑉𝐼𝑚 � 𝑘 𝑘 𝑘 𝑘 𝑑 �𝑉𝑅𝑒 𝑘 − � 𝑑 ∆𝐼𝐼𝑚 = 𝑘 − 2 𝑛 𝑉𝑅𝑒 � 𝑘 + 𝑑 �𝑉𝐼𝑚 𝑘 − 2 𝑛 𝑉𝐼𝑚 � 𝑘 𝑑𝑡 𝑡 𝑑𝑡 𝑡 � �𝐺𝑘𝑖 𝑉𝑅𝑒𝑖 − 𝐵𝑘𝑖 𝑉𝐼𝑚𝑖 � 𝑖 ∈ 𝛺𝑘 𝑡 ∈ 𝛼 𝑝 𝑖≠𝑘 𝑑 𝑛 𝑑 𝑛 𝑃𝑘𝑑 �𝑉𝐼𝑚 − 𝑉𝐼𝑚 � − 𝑄𝑘𝑑 �𝑉𝑅𝑒 − 𝑉𝑅𝑒 � 𝑘 𝑘 𝑘 𝑘 2 𝑑 𝑛 𝑑 𝑛 �𝑉𝑅𝑒 − 𝑉𝑅𝑒 � + �𝑉𝐼𝑚 − 𝑉𝐼𝑚 � 𝑘 𝑘 𝑘 𝑘 − � 2 𝑑𝑡 𝑡 𝑑𝑡 𝑡 − � �𝐺𝑘𝑘 𝑉𝑅𝑒𝑘 − 𝐵𝑘𝑘 𝑉𝐼𝑚𝑘 � 𝑡 ∈ 𝛼𝑝 𝑑𝑡 𝑡 𝑑𝑡 𝑡 − � �𝐵𝑘𝑘 𝑉𝑅𝑒𝑘 + 𝐺𝑘𝑘 𝑉𝐼𝑚𝑘 � 𝑡 ∈ 𝛼𝑝 𝑑𝑡 𝑡 𝑑𝑡 𝑡 � �𝐵𝑘𝑖 𝑉𝑅𝑒𝑖 + 𝐺𝑘𝑖 𝑉𝐼𝑚𝑖 � (3.21) (3.22) 𝑖 ∈ 𝛺𝑘 𝑡 ∈ 𝛼 𝑝 𝑖≠𝑘 𝑛𝑡 𝑡 𝑛𝑡 𝑡 𝑛 𝑎 𝑏 𝑐 ∆𝐼𝑅𝑒 = − �𝐼𝑅𝑒 + 𝐼𝑅𝑒 + 𝐼𝑅𝑒 � − � �𝐺𝑘𝑘 𝑉𝑅𝑒𝑘 − 𝐵𝑘𝑘 𝑉𝐼𝑚𝑘 � 𝑘 𝑘.𝑙𝑔 𝑘.𝑙𝑔 𝑘.𝑙𝑔 − � 𝑡 ∈ 𝛼𝑝 𝑛𝑡 𝑡 𝑛𝑡 𝑡 � �𝐺𝑘𝑖 𝑉𝑅𝑒𝑖 − 𝐵𝑘𝑖 𝑉𝐼𝑚𝑖 � (3.23) 𝑖 ∈ 𝛺𝑘 𝑡 ∈ 𝛼 𝑝 𝑖≠𝑘 𝑛𝑡 𝑡 𝑛𝑡 𝑡 𝑛 𝑎 𝑏 𝑐 ∆𝐼𝐼𝑚 = − �𝐼𝐼𝑚 + 𝐼𝐼𝑚 + 𝐼𝐼𝑚 � − � �𝐵𝑘𝑘 𝑉𝑅𝑒𝑘 + 𝐺𝑘𝑘 𝑉𝐼𝑚𝑘 � 𝑘 𝑘.𝑙𝑔 𝑘.𝑙𝑔 𝑘.𝑙𝑔 − � 𝑡 ∈ 𝛼𝑝 𝑛𝑡 𝑡 𝑛𝑡 𝑡 � �𝐵𝑘𝑖 𝑉𝑅𝑒𝑖 + 𝐺𝑘𝑖 𝑉𝐼𝑚𝑖 � 𝑖 ∈ 𝛺𝑘 𝑡 ∈ 𝛼 𝑝 𝑖≠𝑘 25 (3.24) Os elementos não-diagonais da matriz jacobiana são blocos 8x8 e têm a seguinte composição: (𝐽𝑘𝑖 )𝑎𝑏𝑐𝑛 𝐵𝑎𝑎 ⎡ 𝑘𝑖 𝑏𝑎 ⎢𝐵𝑘𝑖 𝑐𝑎 ⎢ 𝐵𝑘𝑖 ⎢ 𝑛𝑎 𝐵 = ⎢ 𝑘𝑖 𝑎𝑎 ⎢𝐺𝑘𝑖 ⎢𝐺 𝑏𝑎 ⎢ 𝑘𝑖 𝑐𝑎 ⎢ 𝐺𝑘𝑖 𝑛𝑎 ⎣𝐺𝑘𝑖 𝑎𝑏 𝐵𝑘𝑖 𝑏𝑏 𝐵𝑘𝑖 𝑐𝑏 𝐵𝑘𝑖 𝑛𝑏 𝐵𝑘𝑖 𝑎𝑏 𝐺𝑘𝑖 𝑏𝑏 𝐺𝑘𝑖 𝑐𝑏 𝐺𝑘𝑖 𝑛𝑏 𝐺𝑘𝑖 𝑎𝑐 𝐵𝑘𝑖 𝑏𝑐 𝐵𝑘𝑖 𝑐𝑐 𝐵𝑘𝑖 𝑛𝑐 𝐵𝑘𝑖 𝑎𝑐 𝐺𝑘𝑖 𝑏𝑐 𝐺𝑘𝑖 𝑐𝑐 𝐺𝑘𝑖 𝑛𝑐 𝐺𝑘𝑖 𝑎𝑛 𝐵𝑘𝑖 𝑏𝑛 𝐵𝑘𝑖 𝑐𝑛 𝐵𝑘𝑖 𝑛𝑛 𝐵𝑘𝑖 𝑎𝑛 𝐺𝑘𝑖 𝑏𝑛 𝐺𝑘𝑖 𝑐𝑛 𝐺𝑘𝑖 𝑛𝑛 𝐺𝑘𝑖 𝑎𝑎 𝐺𝑘𝑖 𝑏𝑎 𝐺𝑘𝑖 𝑐𝑎 𝐺𝑘𝑖 𝑛𝑎 𝐺𝑘𝑖 𝑎𝑎 −𝐵𝑘𝑖 𝑏𝑎 −𝐵𝑘𝑖 𝑐𝑎 −𝐵𝑘𝑖 𝑛𝑎 −𝐵𝑘𝑖 𝑎𝑏 𝐺𝑘𝑖 𝑏𝑏 𝐺𝑘𝑖 𝑐𝑏 𝐺𝑘𝑖 𝑛𝑏 𝐺𝑘𝑖 𝑎𝑏 −𝐵𝑘𝑖 𝑏𝑏 −𝐵𝑘𝑖 𝑐𝑏 −𝐵𝑘𝑖 𝑛𝑏 −𝐵𝑘𝑖 𝑎𝑐 𝐺𝑘𝑖 𝑏𝑐 𝐺𝑘𝑖 𝑐𝑐 𝐺𝑘𝑖 𝑛𝑐 𝐺𝑘𝑖 𝑎𝑐 −𝐵𝑘𝑖 𝑏𝑐 −𝐵𝑘𝑖 𝑐𝑐 −𝐵𝑘𝑖 𝑛𝑐 −𝐵𝑘𝑖 𝑎𝑛 𝐺𝑘𝑖 ⎤ 𝑏𝑛 𝐺𝑘𝑖 ⎥ 𝑐𝑛 ⎥ 𝐺𝑘𝑖 𝑛𝑛 ⎥ 𝐺𝑘𝑖 ⎥ 𝑎𝑛 −𝐵𝑘𝑖 ⎥ 𝑏𝑛 ⎥ −𝐵𝑘𝑖 𝑐𝑛 ⎥ −𝐵𝑘𝑖 ⎥ 𝑛𝑛 −𝐵𝑘𝑖 ⎦ (3.25) Estes elementos não-diagonais são iguais aos correspondentes elementos da matriz de admitâncias nodais e deste modo não sofrem qualquer alteração durante o processo iterativo. Os elementos diagonais reflectem contribuições dos geradores e/ou das cargas e dependem do modelo e do tipo de ligação. Deste modo, estes elementos terão que ser actualizados durante cada iteração do processo iterativo. Apresenta-se a respectiva estrutura do bloco 8x8: (𝐽𝑘𝑘 )𝑎𝑏𝑐𝑛 Onde, 𝑒= 𝑓= 𝐵𝑎𝑎 ⎡ 𝑘𝑘 𝑏𝑎 ⎢𝐵𝑘𝑘 𝑐𝑎 ⎢ 𝐵𝑘𝑘 ⎢ 𝑛𝑎 𝐵 = ⎢ 𝑘𝑘 𝑎𝑎 ⎢𝐺𝑘𝑘 ⎢𝐺 𝑏𝑎 ⎢ 𝑘𝑘 𝑐𝑎 ⎢ 𝐺𝑘𝑘 𝑛𝑎 ⎣𝐺𝑘𝑘 −𝑒 𝑎 ⎡ 𝑘 ⎢ ⎢ ⎢ 𝑒𝑎 + ⎢ 𝑘𝑎 ⎢−𝑔𝑘 ⎢ ⎢ ⎢ ⎣ 𝑔𝑘𝑎 −𝑒𝑘𝑏 𝑎𝑏 𝐵𝑘𝑘 𝑏𝑏 𝐵𝑘𝑘 𝑐𝑏 𝐵𝑘𝑘 𝑛𝑏 𝐵𝑘𝑘 𝑎𝑏 𝐺𝑘𝑘 𝑏𝑏 𝐺𝑘𝑘 𝑐𝑏 𝐺𝑘𝑘 𝑛𝑏 𝐺𝑘𝑘 𝑎𝑐 𝐵𝑘𝑘 𝑏𝑐 𝐵𝑘𝑘 𝑐𝑐 𝐵𝑘𝑘 𝑛𝑐 𝐵𝑘𝑘 𝑎𝑐 𝐺𝑘𝑘 𝑏𝑐 𝐺𝑘𝑘 𝑐𝑐 𝐺𝑘𝑘 𝑛𝑐 𝐺𝑘𝑘 𝑒𝑘𝑏 −𝑒𝑘𝑐 𝑒𝑘𝑐 𝑔𝑘𝑏 −𝑔𝑘𝑐 𝑔𝑘𝑐 −𝑔𝑘𝑏 2 𝑎𝑛 𝐵𝑘𝑘 𝑏𝑛 𝐵𝑘𝑘 𝑐𝑛 𝐵𝑘𝑘 𝑛𝑛 𝐵𝑘𝑘 𝑎𝑛 𝐺𝑘𝑘 𝑏𝑛 𝐺𝑘𝑘 𝑐𝑛 𝐺𝑘𝑘 𝑛𝑛 𝐺𝑘𝑘 𝑎𝑎 𝐺𝑘𝑘 𝑏𝑎 𝐺𝑘𝑘 𝑐𝑎 𝐺𝑘𝑘 𝑛𝑎 𝐺𝑘𝑘 𝑎𝑎 −𝐵𝑘𝑘 𝑏𝑎 −𝐵𝑘𝑘 𝑐𝑎 −𝐵𝑘𝑘 𝑛𝑎 −𝐵𝑘𝑘 𝑒𝑘𝑎 𝑒𝑘𝑏 𝑒𝑘𝑐 𝑎 −𝑒𝑘 −𝑒𝑘𝑏 −𝑒𝑘𝑐 𝑔𝑘𝑎 𝑔𝑘𝑏 𝑔𝑘𝑐 𝑎 −𝑔𝑘 −𝑔𝑘𝑏 −𝑔𝑘𝑐 𝑎𝑏 𝐺𝑘𝑘 𝑏𝑏 𝐺𝑘𝑘 𝑐𝑏 𝐺𝑘𝑘 𝑛𝑏 𝐺𝑘𝑘 𝑎𝑏 −𝐵𝑘𝑘 𝑏𝑏 −𝐵𝑘𝑘 𝑐𝑏 −𝐵𝑘𝑘 𝑛𝑏 −𝐵𝑘𝑘 −𝑓𝑘𝑎 𝑓𝑘𝑎 −ℎ𝑘𝑎 ℎ𝑘𝑎 2 𝑎𝑐 𝐺𝑘𝑘 𝑏𝑐 𝐺𝑘𝑘 𝑐𝑐 𝐺𝑘𝑘 𝑛𝑐 𝐺𝑘𝑘 𝑎𝑐 −𝐵𝑘𝑘 𝑏𝑐 −𝐵𝑘𝑘 𝑐𝑐 −𝐵𝑘𝑘 𝑛𝑐 −𝐵𝑘𝑘 −𝑓𝑘𝑏 𝑓𝑘𝑏 −𝑓𝑘𝑐 𝑓𝑘𝑐 ℎ𝑘𝑏 −ℎ𝑘𝑐 ℎ𝑘𝑐 −ℎ𝑘𝑏 𝑎𝑛 𝐺𝑘𝑘 ⎤ 𝑏𝑛 𝐺𝑘𝑘 ⎥ 𝑐𝑛 ⎥ 𝐺𝑘𝑘 𝑛𝑛 ⎥ 𝐺𝑘𝑘 ⎥ 𝑎𝑛 −𝐵𝑘𝑘 ⎥ 𝑏𝑛 ⎥ −𝐵𝑘𝑘 𝑐𝑛 ⎥ −𝐵𝑘𝑘 ⎥ 𝑛𝑛 −𝐵𝑘𝑘 ⎦ 𝑓𝑘𝑎 ⎤ 𝑓𝑘𝑏 ⎥ ⎥ 𝑓𝑘𝑐 −𝑓𝑘𝑎 −𝑓𝑘𝑏 −𝑓𝑘𝑐 ⎥ ⎥ ℎ𝑘𝑎 ⎥ ⎥ ℎ𝑘𝑏 ⎥ 𝑐 ℎ𝑘 ⎥ −ℎ𝑘𝑎 −ℎ𝑘𝑏 −ℎ𝑘𝑐 ⎦ 𝑑 𝑛 𝑑 𝑛 𝑑 𝑛 𝑑 𝑛 �𝑄𝑘𝑑 ��𝑉𝑅𝑒 − 𝑉𝑅𝑒 � − �𝑄𝑘𝑑 ��𝑉𝐼𝑚 − 𝑉𝐼𝑚 � − 2�𝑃𝑘𝑑 ��𝑉𝑅𝑒 − 𝑉𝑅𝑒 ��𝑉𝐼𝑚 − 𝑉𝐼𝑚 � 𝑘 𝑘 𝑘 𝑘 𝑘 𝑘 𝑘 𝑘 2 2 2 2 (3.26) (3.27) 𝑑 𝑛 𝑑 𝑛 ��𝑉𝑅𝑒 − 𝑉𝑅𝑒 � + �𝑉𝐼𝑚 − 𝑉𝐼𝑚 � � 𝑘 𝑘 𝑘 𝑘 2 𝑑 𝑛 𝑑 𝑛 𝑑 𝑛 𝑑 𝑛 �𝑃𝑘𝑑 ��𝑉𝑅𝑒 − 𝑉𝑅𝑒 � − �𝑃𝑘𝑑 ��𝑉𝐼𝑚 − 𝑉𝐼𝑚 � + 2�𝑄𝑘𝑑 ��𝑉𝑅𝑒 − 𝑉𝑅𝑒 ��𝑉𝐼𝑚 − 𝑉𝐼𝑚 � 𝑘 𝑘 𝑘 𝑘 𝑘 𝑘 𝑘 𝑘 𝑑 ��𝑉𝑅𝑒 𝑘 − 2 𝑛 𝑉𝑅𝑒 � 𝑘 + 𝑑 �𝑉𝐼𝑚 𝑘 𝑔 = −𝑓 ℎ=𝑒 − 2 2 𝑛 𝑉𝐼𝑚 � � 𝑘 (3.28) (3.29) (3.30) 26 3.3.2. Algoritmo O método FCIM poderá ser implementado segundo os seguintes passos: 1. Inicialização de todas as variáveis de estado, bem como da contagem do número de iterações (h=0). 2. 𝑠 𝑠 ]𝑡 ∆𝐼𝑅𝑒 , para todos os nós da rede de Cálculo dos desvios de injecção de corrente, ∆𝐼 (ℎ) = [∆𝐼𝐼𝑚 distribuição, utilizando as equações (3.21)-(3.24). 3. Teste de convergência. Se 𝑚𝑎𝑥��∆𝐼 (ℎ) �� ≤ 𝜀 então passa-se para o passo 7. Caso contrário, seguese para o passo 4. 4. Construção da matriz jacobiana �𝐽(ℎ) �. 5. Resolução do sistema matricial, utilizando o método de Newton-Raphson. 6. Actualização de todas as variáveis de estado. Exemplo da actualização da componente real e imaginária da tensão: (ℎ+1) 𝑠 �𝑉𝑅𝑒 � 𝑘 𝑠 �𝑉𝐼𝑚 � 𝑘 (ℎ+1) 𝑠 = �𝑉𝑅𝑒 � 𝑘 (ℎ) (ℎ) 𝑠 = �𝑉𝐼𝑚 � 𝑘 (ℎ) 𝑠 + �∆𝑉𝑅𝑒 � 𝑘 (ℎ) 𝑠 + �∆𝑉𝐼𝑚 � 𝑘 Incremento da contagem do número de iterações ℎ = ℎ + 1. Retorno ao passo 2. 7. Sair do processo iterativo e apresentar os resultados. 3.3.3. Redução do Tempo Computacional No estudo realizado em [15] é revelada uma modificação ao algoritmo FCIM que permite melhorar drasticamente a velocidade de convergência através da redução do número de actualizações da matriz Jacobiana, reduzindo assim o custo computacional do programa. A Figura 13 ilustra o algoritmo FCIM, contendo a modificação descrita. A modificação consiste na não actualização da matriz jacobiana quando, após as iterações iniciais, os desvios de corrente para todos os nós se situarem num intervalo específico �𝑚𝑎𝑥��∆𝐼𝑎𝑐𝑡𝑢𝑎𝑙 � − �∆𝐼𝑎𝑛𝑡𝑒𝑟𝑖𝑜𝑟 �� < 𝜀 ′ �. A última matriz jacobiana a ser actualizada, será então usada até se obter a convergência do programa computacional, isto é, 𝑚𝑎𝑥{|∆𝐼|} < 𝜀. Esta solução é aplicável devido ao facto de quando os desvios de corrente são pequenos, o efeito das variações no Jacobiano na solução de ∆𝑉 = 𝐽−1 ∆𝐼, torna-se muito pequeno, podendo desta forma ser desprezado sem erro consequente. A zona onde os desvios de corrente são pequenos, corresponde a uma zona de aproximação dos resultados finais, onde as variações de tensão são também elas bastante pequenas, fazendo com que as variações dos elementos da matriz Jacobiana que dependem da tensão sejam também negligenciadas. Desta forma, a não actualização da matriz Jacobiana, numa zona próxima dos resultados finais, não somente não afecta os resultados finais do trânsito de energia, mas também reduz bastante o tempo computacional necessário até à obtenção dos resultados finais. Esta 27 simplificação é bastante útil para casos onde o sistema em análise seja bastante grande e complexo, o que conduz necessariamente a um elevado tempo despendido na actualização da matriz Jacobiana. Figura 13: Fluxograma ilustrativo do método FCIM com integração da redução do tempo computacional De modo a verificar a veracidade desta modificação procedeu-se à sua aplicação no método FCIM para análise da rede de teste IEEE de 34 barramentos, altamente desequilibrada, com grande densidade de carga e presença de geração distribuída. Foi comparado o algoritmo convencional com o algoritmo modificado, onde se usaram dois valores na definição do intervalo de erro das correntes, que determina a não actualização da matriz Jacobiana. 𝜀 ′ = √𝜀 𝑒 𝜀 ′ = 4√𝜀. Os resultados são apresentados na Tabela 1, onde se pode verificar que quanto maior for 𝜀 ′ , menor é o tempo computacional exigido na obtenção dos resultados finais. Tabela 1: Exigência computacional do método FCIM na análise da rede de teste IEEE de 34 barramentos 𝟒 𝜺′ = √ 𝜺 FCIM Convencional Actualizações da Matriz Jacobiana 𝜺′ = √ 𝜺 10 11 Tempo de Processamento (ms) 807 990 1127 9 28 3.4. Trânsito de Energia na Análise de Redes BT 3.4.1 Software O software desenvolvido permite a análise de qualquer rede de distribuição de baixa tensão, através de dois métodos distintos apresentados em detalhe anteriormente. Após a análise, o programa devolve as tensões em cada barramento, as correntes que circulam nas linhas, a potência injectada no barramento de balanço, bem como a carga computacional do programa (número de iterações e tempo de execução). No software pode-se definir a topologia da rede em análise através de uma matriz de incidências nodais. É possível definir-se também individualmente o comprimento de cada linha assim como as potências nodais injectadas (carga e geração), inserindo o seu módulo, bem como o factor de potência. Os parâmetros dos cabos da linha de distribuição também poderão ser definidos, tais como as suas resistências e indutâncias dependendo da secção destas mesmas. O código fonte do programa permite ainda definir o critério de convergência do método iterativo. 3.4.2 Teste da Rede IEEE34 Procedeu-se à análise da rede de teste IEEE de 34 barramentos através dos dois métodos, cujas condições de simulação e resultados podem ser consultados no Anexo 1. O perfil de tensões obtido nessas condições de simulação pode ser observado na Figura 14. 1.16 Fase A Fase B Fase C 1.14 1.12 Tensão (pu) 1.1 1.08 1.06 1.04 1.02 1 0 5 10 15 Barra 20 25 Figura 14: Perfil de tensões da Rede IEEE34 29 30 A validade de ambos os métodos pode ser obtida quando confrontando-se os resultados da simulação entre si. Visto tratarem-se de dois métodos de trânsito distintos, e o maior erro absoluto da -5 comparação dos resultados obtidos ter ordem de grandeza de 10 , como se pode observar na Figura 15, é então possível afirmar com confiança que os métodos de trânsito de energia foram correctamente implementados na plataforma MATLAB®. -5 4 x 10 Fase A Fase B Fase C Neutro 3.5 3 Erro Absoluto 2.5 2 1.5 1 0.5 0 0 10 5 20 15 30 25 Barra Figura 15: Erro absoluto da confrontação entre os dois métodos de trânsito de energia 3.4.3 Estudo Comparativo FBS vs. FCIM 46B Após a aplicação dos dois programas de trânsito de energia, é importante aferir também das características de cada um quando confrontadas entre si. Neste subtópico é assim objectivo a elaboração de um estudo comparativo do desempenho dos dois métodos, através da sua aplicação na análise de redes. Mais em detalhe, é pretendido aferir da robustez e exigência computacional de cada método. A Figura 16 apresenta os fluxogramas ilustrativos de cada algoritmo. Várias situações podem ocorrer em redes reais, podendo causar dificuldades na obtenção de solução em muitos algoritmos dedicados a redes de distribuição. De modo a simular algumas destas eventualidades, tiveram-se em conta diferentes situações de densidade de carga, existência ou ausência de geração distribuída, assim como ocorrência ou não de desequilíbrios na rede, gerando-se os seguintes casos: Tabela 2: Casos de teste da rede de distribuição Cenários Caso 1 Caso 2 Caso 3 Caso 4 Caso 5 Caso 6 Carga Leve Leve Média Média Elevada Elevada G.D. Não Sim Não Sim Não Sim 30 Equilibrado Sim Não Sim Não Sim Não Figura 16: Fluxograma dos métodos FCIM e FBS Figura 17: a) Rede Teste de 6 barramentos; b) Rede Teste de 16 barramentos; c) Rede Teste IEEE de 34 barramentos 31 Neste estudo comparativo, realizou-se então a análise de uma rede radial de 6 barramentos, de 16 barramentos e da rede de teste IEEE de 34 barramentos, cujas topologias podem ser aferidas na Figura 17. Refere-se que todas as linhas têm a mesma impedância longitudinal. Refere-se também que para um critério de convergência 𝜀 = 10−8 , os resultados obtidos pelos dois métodos são idênticos, sendo então este o critério de convergência escolhido para a simulação dos diferentes casos. Os resultados obtidos estão expressos na Tabela 3 e Tabela 4. Tabela 3: Desempenho do método FBS na análise de 3 tipos de rede em diferentes situações Cenários 6 Barramentos 16 Barramentos 34 Barramentos N. Iterações Tempo (s) N. Iterações Tempo (s) N. Iterações Tempo (s) Caso 1 5 0.0412 6 0.0621 8 0.1404 Caso 2 6 0.0419 7 0.0649 14 0.2065 Caso 3 6 0.0416 6 0.0618 8 0.1395 Caso 4 12 0.0462 12 0.0739 25 0.1208 Caso 5 12 0.0441 20 0.0994 28 0.3146 Caso 6 15 0.0469 208 0.5639 240 2.2239 N-º de Iterações 500 400 300 200 100 FBS 0 Critério de Convergência Figura 18: N.º Iterações vs. Critério de Convergência (FBS) Tabela 4: Desempenho do método FCIM na análise de 3 tipos de rede em diferentes situações Cenários 6 Barramentos 16 Barramentos 34 Barramentos N. Iterações Tempo (s) N. Iterações Tempo (s) N. Iterações Tempo (s) Caso 1 2 0.1233 2 0.1838 3 0.3736 Caso 2 2 0.1236 3 0.2043 3 0.3952 Caso 3 2 0.1257 2 0.2021 3 0.3806 Caso 4 3 0.1317 3 0.2334 6 0.5444 Caso 5 3 0.1322 4 0.2362 4 0.4541 Caso 6 3 0.1411 6 0.3289 10 0.8124 32 N.º de Iterações 12 10 8 6 4 2 0 FCIM Critério de Convergência Figura 19: N.º Iterações vs. Critério de Convergência (FCIM) Pela observação dos resultados obtidos, facilmente se retira a conclusão que à medida que a densidade de carga na rede aumenta, aumenta também o tempo necessário à convergência de cada método. Outro ponto importante a referir, consiste no facto dos desequilíbrios na rede provocarem um grande aumento da exigência computacional. É observável também que apesar do método FBS exigir um maior número de iterações relativamente ao FCIM, o tempo necessário para a execução de cada iteração é bastante menor quando comparado com o FCIM. Pode-se então concluir que o método FBS é de mais fácil implementação e é bastante rápido para análise de redes com distribuição puramente radial ou estrutura fracamente malhada. Esta rapidez deriva do facto de cada iteração exigir pouco esforço computacional, como se pôde comprovar no exemplo anterior. No entanto estas vantagens rapidamente são anuladas, quando confrontadas com o FCIM, na análise de redes de distribuição com dimensões elevadas e com média/grande densidade de procura. Nestes casos, o número requerido de iterações do FCIM não aumenta consideravelmente, ao contrário do que acontece com o FBS, tornandose o método FCIM mais robusto computacionalmente quando na presença dos casos enunciados. De referir que o método FCIM também mostra-se ser mais indicado quando se está na presença de redes de distribuição com estrutura fortemente malhada [19]. No entanto, o método FBS continua a ser bastante utilizado devido à sua facilidade de implementação e robustez na análise de redes de distribuição com estrutura radial. A Tabela 5 resume as principais características de cada uma das metodologias de cálculo de trânsito de energia [19]. Tabela 5: Características FCIM vs. FBS Características FBS FCIM Metodologia Implementação Robustez Convergência (número de iterações) Implementação de sistemas de controlo Sistemas Radiais Sistemas Malhados Tempo total de processamento Tempo por iteração Simples Simples Média Muitas Complexa Complexa Complexa Alta Poucas (Quadrática) Simples Sim Não Baixo Muito Baixo Sim Sim Baixo Baixo 33 4. Modelação Probabilística de Componentes de uma Rede BT 4.1. Enquadramento Tal como foi referido anteriormente, o cálculo do trânsito de energia numa rede de distribuição é uma ferramenta importante na análise do comportamento da rede quando na presença de geração e consumo. Por outras palavras, possibilita a identificação de situações nefastas ao bom funcionamento da rede. No entanto a análise puramente determinística, que foi estudada no capítulo 3, é algo limitada na empregabilidade dos valores obtidos, visto esta abordagem ser baseada nos valores expectáveis de consumo e geração num dado local para uma dada hora. Como foi também referido, a geração ao nível de baixa tensão é maioritariamente caracterizada pela sua obtenção com recurso a energias renováveis, cujo comportamento é fortemente variável ao longo do ano. Um valor expectável determinado com recurso a avaliações estatísticas da procura e geração é por si só incapaz de traduzir a variação nessa hora da geração e consumo. Por consequente, nessa mesma hora, a produção e procura podem atingir valores com um desvio elevado em relação ao seu valor expectável, podendo mesmo verificar-se situações danosas ao bom funcionamento da rede cuja ocorrência será impossível de prever-se, utilizando uma análise somente com base em valores expectáveis, como é o caso da análise determinística. É objectivo neste capítulo a introdução de uma abordagem que permita ter então em consideração a variação estatística quer da irradiância solar, quer da velocidade do vento ou da procura do consumidor. Para tal, é introduzida a modelação probabilística das unidades geradoras e das cargas, com base em distribuições probabilísticas apropriadas que traduzam o mais fielmente possível a variação da variável aleatória em torno de um valor expectável. De referir também que no Anexo 2 se encontram algumas noções de probabilidade que poderão ser úteis na compreensão de alguns termos probabilísticos empregues neste capítulo. 34 4.2. Modelo Probabilístico do Gerador Eólico 4.2.1. Turbina Eólica Um gerador eólico [24]-[25], tem como função primária a transformação da energia cinética presente no vento em energia eléctrica. Os diferentes tipos de geradores eólicos podem ser categorizados segundo o eixo em que giram as pás do rotor. A grande maioria dos geradores eólicos 1 possui um rotor em forma de hélice com eixo horizontal (HAWT ), no entanto, existem alguns geradores 2 cujas pás do rotor giram em torno de um eixo vertical (VAWT ). A principal vantagem dos geradores de eixo vertical prende-se com o facto de não serem necessários quaisquer mecanismos de orientação direccional por forma a alinharem o rotor com a direcção do vento. A segunda vantagem consiste na localização da cabina (gerador, caixa de velocidades e outros componentes mecânicos) à base do solo, sendo assim de fácil acesso, ao contrário do que acontece nos geradores de eixo horizontal, onde a cabina se encontra à mesma altitude do eixo das pás do rotor. No entanto, os geradores de eixo vertical têm várias desvantagens, sendo a principal o facto das pás do rotor encontrarem-se relativamente próximas do solo, onde as velocidades do vento são menores do que aquelas existentes a mais alta altitude. O vento à base do solo não é apenas mais lento, mas também mais turbulento, o que aumenta os esforços mecânicos nos geradores de eixo vertical, no entanto, têm geralmente uma velocidade de arranque mais baixa o que lhes dá vantagem em condições de vento reduzido. Como se disse anteriormente, a grande maioria dos geradores eólicos actuais são de construção com 3 4 eixo horizontal, podendo o rotor ser colocado a montante ou a jusante da torre, consoante a superfície de ataque do vento incidente nas pás. A opção downwind tem a vantagem de permitir ser o vento a controlar o alinhamento do rotor na direcção do vento, no entanto, o escoamento é perturbado pela torre antes de incidir no rotor. Deste modo, sempre que as pás giram, existirá um momento de vento incidente reduzido, devido à obstrução da torre, o que diminui a potência resultante, e além de provocar um aumento do ruído das pás, provoca também flexão nas pás o que a longo prazo, poderá significar o aparecimento de deficiências mecânicas. A opção upwind requere um controlo mais complexo do mecanismo de direcção direccional, no entanto, o vento incidente não é perturbado pela torre, permitindo um funcionamento mais suave do aparelho eólico bem como de uma maior potência de saída comparativamente com os geradores downwind. Deste modo, a maioria dos geradores eólicos mais modernos são do tipo upwind. __________________ 1 Horizontal Axis Wind Turbine Vertical Axis Wind Turbine 3 Upwind 4 Downwind 2 35 Figura 20: a) Turbina Eólica de eixo horizontal Upwind; b) Turbina Eólica de eixo horizontal Downwind; c) Turbina Eólica de eixo vertical As turbinas eólicas utilizadas em microgeração distinguem-se dos aerogeradores de alta tensão principalmente por terem um tamanho e peso reduzidos em relação a estes, que usualmente são instalados nos topos das montanhas ou em grandes planícies. O peso médio de um aerogerador de baixa tensão situa-se à volta dos 100 Kg. As micro-eólicas apesar de apresentarem semelhanças com os aerogeradores de maior dimensão, constituem um sector tecnológico relativamente diferente, dirigido a mercados sectoriais específicos, com aplicações que requerem soluções técnicas simplificadas e especificamente desenhadas. Estas podem ser instaladas na cobertura dos edifícios e podem ter uma grande variedade de potências, entre 600 W a 6 kW, com um rotor entre os 2 e os 4 metros de diâmetro, sendo a mais comum a de 1kW. Para se obter um bom rendimento as turbinas devem ser instaladas em locais normalmente ventosos, que permitam a rotação do aerogerador, e estejam livres de obstáculos que interfiram com a orientação e velocidade do vento. Devem também possuir um sistema de orientação e controle, capaz de orientar o rotor da turbina perpendicularmente ao vento e de o parar em caso de condições climatéricas extremamente adversas. Nos geradores eólicos até aos 5 kW, ou seja, os utilizados em microgeração, o único sistema de controlo implementado é o sistema de controlo de passo fixo. O controlo de passo fixo apresenta uma maior simplicidade do que o controlo de passo variável, já que carece de um sistema de mudança de passo. A manutenção necessária é também menor, devido ao menor número de partes móveis. O controlo de passo fixo (stall) é um sistema passivo que reage à velocidade do vento baseado apenas no projecto aerodinâmico das pás, visto as pás não poderem rodar em torno do seu eixo longitudinal já que se encontram fixas. O ângulo de passo é assim determinado de modo a que, na presença de velocidades do vento superiores à velocidade nominal, seja possível deslocar, pelo menos parcialmente o escoamento em torno do perfil da pá da turbina, aumentando as forças de arrasto e diminuindo as forças de sustentação. Este aumento e diminuição das forças de arrasto e sustentação respectivamente, garante uma diminuição de potência da turbina. As pás da turbina apresentam uma pequena torção longitudinal, com o intuito de suavizar o efeito de perda de velocidade. 36 4.2.2. Função de Densidade de Probabilidade (f.d.p.) De modo a obter-se a representação probabilística da potência gerada por um gerador eólico, proceder-se-á à modelação estatística da velocidade do vento [26]-[29], a partir de uma f.d.p. A função de Weibull será utilizada para descrever o comportamento estocástico da velocidade do vento num determinado local, numa dada hora de um ano. Assim, a f.d.p. da velocidade do vento pode escrever-se da seguinte forma: 𝑓𝑑𝑝(𝑣) = 𝑘 𝑣 𝑘−1 −�𝑣�𝑘 � � 𝑒 𝜆 𝜆 𝜆 (4.1) onde λ é um parâmetro de escala com dimensões de velocidade e k é um parâmetro de forma da distribuição de Weibull. 𝜎 −1.086 𝑘=� � 𝑣𝑚 𝜆= (4.2) 𝑣𝑚 1 𝛤 �1 + � 𝑘 (4.3) Estes parâmetros podem ser calculados aproximadamente, utilizando para tal a velocidade média do vento e o seu desvio padrão. 𝑛 1 𝑣𝑚 = �� 𝑣𝑖 � 𝑛 (4.4) 𝑖=1 𝑛 0.5 1 𝜎=� �(𝑣𝑖 − 𝑣𝑚 )2 � 𝑛−1 (4.5) 𝑖=1 Os dados necessários para determinar a velocidade média anual e consequente desvio padrão, poderão ser obtidas pela análise histórica de dados recolhidos no local em estudo, normalmente disponibilizado pelos institutos meteorológicos ou empresas exploradoras da actividade. _____________ A função 𝛤 (gama) é definida pela equação ∞ 𝛤(𝑥) = � 𝑒 −𝑡 𝑡 𝑥−1 𝑑𝑡 0 37 4.2.3. Função de Distribuição Acumulada (f.d.a.) Para se aplicar a simulação de Monte Carlo será necessário obter a função de distribuição acumulada (f.d.a) da velocidade do vento e invertê-la de modo a poderem ser gerados aleatoriamente valores de velocidade de vento segundo a distribuição de Weibull. A f.d.a. obtém-se integrando a f.d.p.: 𝑓𝑑𝑎(𝑣) = � 𝑓𝑑𝑝(𝑣). 𝑑𝑣 (4.6) Obtendo-se: 𝑣 𝑘 𝑓𝑑𝑎(𝑣) = 1 − 𝑒 −�𝜆� (4.7) O próximo passo, consiste em determinar a função inversa da f.d.a., ou seja, consiste em calcular a função quantil da distribuição de Weibull, 𝑄(𝑝). 𝑄(𝑝) = 𝑓𝑑𝑎 −1 (𝑝) (4.8) (4.9) 𝑓𝑑𝑎[𝑄(𝑝)] = 𝑝 Resolvendo em ordem a Q(p) vem 1−𝑒 −� 𝑄(𝑝) � 𝜆 ln(1 − 𝑝) = − � 𝑘 (4.10) 𝑄(𝑝) � 𝜆 𝑘 1 1 𝑘 𝑄(𝑝) = 𝜆. 𝑙𝑛 � � 1−𝑝 1 𝑄(𝑝) = −𝜆. 𝑙𝑛(𝑝)𝑘 (4.11) (4.12) (4.13) Onde, para fins de simulação de Monte Carlo, p toma valores uniformemente distribuídos em [0,1]. 38 4.2.4. Curva de Potência Eólica No panorama actual, existe um leque de empresas dedicadas em estabelecer o elo de ligação entre o futuro microprodutor e a empresa detentora da exploração da rede de distribuição. Estas empresas disponibilizam uma gama integrada de equipamentos e serviços capaz de proporcionar aos clientes soluções flexíveis e de valor acrescentado. O microprodutor escolhe o pacote de microgeração que mais o satisfaz, respeitando o limite de potência atribuída pelo SRM (Sistema de Registo de Microgeração) e celebra um contrato com a empresa, ficando esta responsável pela instalação da unidade geradora, bem como da futura manutenção e da gestão de todo o processo de licenciamento. As turbinas eólicas disponibilizadas variam em tamanho, sistema de eixos, potência nominal, etc. O cliente tem assim total liberdade em escolher a solução eólica que mais satisfaça as suas necessidades económicas, desde que os limites de potência impostos pelo SRM sejam respeitados. As turbinas eólicas modernas são projectadas de modo a atingirem a potência máxima para velocidades do vento da ordem de 10 a 15 m/s. Esta potência máxima é então denominada de potência nominal, e a velocidade do vento em que ela é atingida, é denominada de velocidade nominal. Para 1 velocidades do vento inferiores a um dado valor (𝑣𝑐𝑖 ), não é produzida energia eléctrica, pois não é rentável extrair energia devido à lei da variação cúbica da potência com a velocidade do vento. Pela 2 mesma razão, para valores superiores à velocidade nominal (𝑣𝑟 ), não é económico aumentar a potência, pois isso levaria a um investimento na robustez da construção do gerador, que apenas se tiraria partido durante as poucas horas do ano em que a velocidade do vento ultrapassa a velocidade nominal. Deste modo a potência é mantida constante através da diminuição artificial do rendimento da 3 conversão. Quando a velocidade do vento se torna perigosamente elevada (𝑣𝑐𝑜 ), cerca de 25 a 30 m/s, a turbina é desligada por razões de segurança. Interessa agora saber, qual a relação entre a velocidade do vento e a potência eléctrica produzida por uma turbina eólica. As curvas de potência que ilustram esta relação podem ser consultadas em qualquer catálogo do fabricante do aerogerador. Cada aerogerador tem a sua curva de potência. Esta curva além de apresentar as características introduzidas no parágrafo anterior, apresenta uma zona não linear entre o cut-in wind speed e o rated wind speed. Interessa portanto, produzir um modelo que possibilite a sua adaptação a qualquer gerador micro-eólico. Em [24] e [42] são apresentados alguns modelos que se escrevem aqui de seguida: 𝑣−𝑣𝑐𝑖 � 𝑣𝑟 −𝑣𝑐𝑖 𝑀𝑜𝑑𝑒𝑙𝑜1 = 𝑃𝑛𝑜𝑚𝑖𝑛𝑎𝑙 ∗ � 𝑣 2 −𝑣𝑐𝑖 2 2 2� 𝑟 −𝑣𝑐𝑖 𝑀𝑜𝑑𝑒𝑙𝑜2 = 𝑃𝑛𝑜𝑚𝑖𝑛𝑎𝑙 ∗ �𝑣 𝑀𝑜𝑑𝑒𝑙𝑜5 = 𝑎 + 𝑏. 𝑣 𝑘 onde k é o factor de forma da distribuição de Weibull e 𝑣3 𝑀𝑜𝑑𝑒𝑙𝑜3 = 𝑃𝑛𝑜𝑚𝑖𝑛𝑎𝑙 ∗ �𝑣 3 � __________________ 𝑣−𝑣𝑐𝑖 3 � 𝑟 −𝑣𝑐𝑖 𝑀𝑜𝑑𝑒𝑙𝑜4 = 𝑃𝑛𝑜𝑚𝑖𝑛𝑎𝑙 ∗ �𝑣 𝑎 = 𝑃𝑛𝑜𝑚𝑖𝑛𝑎𝑙 ∗ � 𝑟 1 Cut-in Wind Speed Rated Wind Speed 3 Cut-out Wind Speed 2 39 𝑣𝑐𝑖 𝑘 � 𝑣𝑐𝑖 𝑘 − 𝑣𝑟 𝑘 1 𝑏 = 𝑃𝑛𝑜𝑚𝑖𝑛𝑎𝑙 ∗ � 𝑘 � 𝑣𝑟 − 𝑣𝑐𝑖 𝑘 Proceder-se-á agora à comparação de cada um desses modelos com a curva de 2 turbinas eólicas presentes no mercado, por forma a aferir da aplicabilidade de cada um deles. Utilizaram-se os dados relativos à curva de potência do aerogerador Travere Industries 1.6 kW e do aerogerador Turby B.V. 2.5 kW, que podem ser consultados em [43]. Os resultados podem ser observados na Figura 21 e Figura 22. Travere Modelo 1 Modelo 2 Modelo 3 Modelo 4 Modelo 5 1600 1400 Potência [W] 1200 1000 800 600 400 200 0 2 4 3 7 6 5 Velocidade do vento [m/s] 9 8 10 Figura 21: Zona não linear da curva de potência da Turbina Travere 1.6kW 2500 Turby B.V. Modelo 1 Modelo 2 Modelo 3 Modelo 4 Modelo 5 Potência [W] 2000 1500 1000 500 0 4 5 6 7 8 9 10 Velocidade do vento [m/s] 11 12 13 Figura 22: Zona não linear da curva de potência da Turbina Turby B.V. 2.5 kW 40 Pela observação dos resultados, pode-se concluir que os modelos 2, 3 e 5 são os que mais se aproximam das curvas de potência das turbinas. Neste trabalho, escolheu-se utilizar o modelo 3 para modelar a zona não linear da curva de potência genérica de um gerador eólico. Deste modo, as equações que traduzem a relação entre a potência eléctrica produzida e a velocidade do vento incidente podem ser escritas da seguinte forma: 𝑃(𝑣) = 0 ⎧ 𝑣3 ⎪ ⎪𝑃𝑛𝑜𝑚𝑖𝑛𝑎𝑙 ∗ � � ⎨ ⎪ ⎪ ⎩ 𝑃𝑛𝑜𝑚𝑖𝑛𝑎𝑙 0 ≤ 𝑣 ≤ 𝑣𝑐𝑖 𝑣𝑐𝑖 ≤ 𝑣 ≤ 𝑣𝑟 𝑣𝑟 3 (4.14) 𝑣𝑟 ≤ 𝑣 ≤ 𝑣𝑐𝑜 0 𝑣𝑐𝑜 ≤ 𝑣 Concluindo, através dos dados fornecidos pelo fabricante (rated power, cut-in speed, cut-out speed e rated speed), e do cálculo da velocidade do vento com auxílio da distribuição de Weibull (com recurso a relatórios de velocidades do vento do local em estudo), é possível determinar a potência eléctrica produzida por um gerador eólico para cada amostra de velocidade do vento gerada. 41 4.3. Modelo Probabilístico do Gerador Fotovoltaico 4.3.1. Célula Fotovoltaica Uma célula fotovoltaica [24]-[25], produz energia de corrente contínua proporcional à intensidade da radiação solar, devido a um fenómeno denominado de efeito fotovoltaico. As células fotovoltaicas são constituídas por um material semicondutor, como o silício, o arsenieto de gálio, telurieto de cádmio ou disselenieto de cobre e índio. Actualmente, cerca de 95 % de todas as células solares existentes são de silício. Ao material semicondutor, são adicionadas substâncias, ditas dopantes, de modo a criarem duas camadas na célula: a camada tipo p e a camada tipo n, que possuem respectivamente, um excesso de cargas positivas e um excesso de cargas negativas, relativamente ao silício puro. Na região onde os dois materiais se encontram, designada junção p-n, cria-se portanto, um campo eléctrico, que não é mais que uma diferença de potencial entre as duas zonas da célula, cujo esquema de funcionamento pode ser visto na Figura 23. Figura 23: Junção p-n do semicondutor Se a célula fotovoltaica for exposta aos raios solares, os fotões irão ser absorvidos pelos electrões originando a que as ligações entre os electrões sejam quebradas por este fornecimento de energia. Os electrões libertados serão assim conduzidos através do campo eléctrico para a área n. As lacunas criadas seguirão na direcção contrária para a área p. Todo este processo é denominado por efeito fotovoltaico. A difusão dos portadores de carga até aos contactos eléctricos, produz uma tensão na fronteira da célula solar. Se o circuito eléctrico estiver fechado, obtém-se então corrente eléctrica (energia eléctrica). Obviamente que a intensidade da corrente é proporcional à radiação solar incidente. Assim, quanto maior for a radiação solar, maior é o número de electrões na banda de condução, aumentando consequentemente a energia produzida pela célula. 42 Uma célula solar composta por camadas de silício contaminado por impurezas do tipo p e do tipo n, tem o mesmo princípio de funcionamento de um díodo comum de silício pois ambas têm propriedades eléctricas semelhantes. A característica eléctrica de uma célula fotovoltaica pode ser vista na Figura 24. Os painéis fotovoltaicos têm a característica de serem projectados para funcionar no seu ponto de potência máxima disponível, de modo a maximizar o seu rendimento energético. Para tal, um sistema fotovoltaico é munido de um sistema digital de cálculo da tensão à potência máxima (para cada par de valores radiação – temperatura), designado por seguidor de potência máxima (MPPT) [24]. Este ponto pode ser identificado na característica eléctrica. Os valores de referência de um painel fotovoltaico fornecidos pelo fabricante são respeitantes a este ponto de funcionamento para uma irradiância de 2 o 1000 W/m e uma temperatura da célula de 25 C. Figura 24: Característica típica I-V e P-V da célula de silício cristalino [23] Resta finalmente dizer que, uma única célula fotovoltaica produz apenas cerca de 0.5V, deste modo, o principal bloco de uma instalação fotovoltaica é o módulo fotovoltaico que consiste num encapsulamento rígido de células fotovoltaicas ligadas em série. Um típico módulo fotovoltaico tem 36 células ligadas em série. É prática comum, a ligação eléctrica de diferentes módulos de modo a aumentar a potência produzida. Os módulos podem ser ligados em série, aumentando consequentemente a tensão, ou em paralelo, aumentando, deste modo, a corrente produzida. Figura 25: Constituição de um Painel Fotovoltaico: Células e Módulos 43 4.3.2. Energia do Sol 52B Antes de se entrar em detalhe na modelação do gerador fotovoltaico, será bastante útil a revisão de certos conceitos básicos da energia proveniente do sol [30]. a) Posição do Sol 68B A posição do sol será essencial para muito dos cálculos que se realizarão na modelação do gerador fotovoltaico. i. Ângulos entre o sol e a terra 86B Para descrever a rotação da terra sobre o seu eixo polar, usa-se o conceito de ângulo horário (𝜔). O ângulo horário é a distância angular entre o meridiano do observador e o meridiano cujo plano contém o sol. O ângulo horário é nulo ao meio-dia (quando o sol alcança o seu ponto mais alto no céu), aumentando 15° de hora em hora. Figura 26: Variação do ângulo horário durante um dia. O ângulo horário pode ser definido analiticamente pela expressão seguinte: onde, 𝜔=𝜔 �(𝑡𝑠 − 12) [°] (4.15) 𝜔 � é a velocidade de rotação da terra sobre o seu eixo (15°/h); 𝑡𝑠 é o tempo solar. O tempo solar tem como base o sistema horário de 24-horas. Este conceito é utilizado na previsão da direcção dos raios solares relativo a um ponto da superfície terrestre. O tempo solar depende da longitude e é geralmente diferente do tempo horário, que é definido pelas zonas horárias. O tempo solar pode ser determinado pela seguinte expressão: 44 𝑡𝑠 = 𝑡 + onde, 𝐸 ∆𝐿 + [ℎ𝑜𝑟𝑎𝑠] 60 15 (4.16) t é a hora local (no sistema de 24-horas); E é a equação temporal; ∆𝐿 é a correcção de longitude. A equação temporal descreve a diferença entre o valor médio do tempo solar e o tempo solar numa determinada data, e é dada pela expressão: 𝐸 = 9.87 sin(2𝐵) − 7.53 cos(𝐵) − 1.5 sin(𝐵) [𝑚𝑖𝑛𝑢𝑡𝑜𝑠] (4.17) onde o ângulo B é definido em função do número do dia n: 𝐵= 360(𝑛 − 81) [°] 364 (4.18) Figura 27: Equação temporal A correcção longitudinal é dada pela expressão (4.19): ∆𝐿 = 𝑙𝑜𝑛𝑔𝑖𝑡𝑢𝑑𝑒 𝑑𝑜 𝑚𝑒𝑟𝑖𝑑𝑖𝑎𝑛𝑜 𝑑𝑎 𝑧𝑜𝑛𝑎 ℎ𝑜𝑟á𝑟𝑖𝑎 − 𝑙𝑜𝑛𝑔𝑖𝑡𝑢𝑑𝑒 𝑑𝑜 𝑙𝑜𝑐𝑎𝑙 (4.19) (Para um observador localizado em Lisboa, a zona horária é GMT-Greenwich Mean Time +0, cuja longitude do meridiano é 0°, e a longitude de Lisboa é aproximadamente de -7.5°) O plano que inclui o equador da Terra é denominado por plano equatorial. Se for desenhada uma linha entre o centro da Terra e o Sol, o ângulo entre esta linha e o plano equatorial da Terra é denominado por ângulo de declinação (𝛿), como se pode observar na Figura 28. 45 Figura 28: Ângulo de Declinação A variação do ângulo de declinação ao longo do ano pode ser modelada pela seguinte expressão matemática: 284 + 𝑛 𝛿 = 23.45𝑠𝑖𝑛 �360 � �� [°] 365 (4.20) onde n é o número do dia (n= 1 - 1 de Janeiro; n=365 – 31 de Dezembro). Figura 29: Variação anual do ângulo de declinação Por fim, tem-se o ângulo de latitude (∅), que se define como o ângulo entre um ponto na superfície terrestre e o plano equatorial. ii. Ângulos entre o sol e o observador 87B Quando se observa o sol de uma posição arbitrária da Terra, está-se interessado em definir a posição do sol relativa a esse ponto e não ao centro da terra. O planeta Terra tem as suas coordenadas definidas pela latitude e longitude. A posição do sol relativamente a estas coordenadas pode ser descrita por dois ângulos: o ângulo de altitude solar (α) e o ângulo de zénite solar (θ). 46 O ângulo de altitude solar (α) é definido como o ângulo entre o raio solar central e um plano horizontal contendo o observador, como se pode observar na Figura 30. Como alternativa, a altitude do sol pode ser descrita em termos do ângulo de zénite solar (θ), que é simplesmente o complemento do ângulo de altitude solar: 𝜃 = 90° − 𝛼 [°] (4.21) O outro ângulo que define a posição do sol denomina-se por ângulo de azimute solar (A). É o ângulo, medido no sentido dos ponteiros do relógio, desde o eixo de coordenadas apontando para norte até à projecção do raio solar central. Figura 30: Sistema de coordenadas da superfície terrestre para um observador em Q. b) Irradiância Solar 69B Entenda-se por irradiância, a potência das radiações electromagnéticas por área de superfície [W/𝑚2 ]. A quantidade de irradiância solar depende não só do momento do ano em que nos encontramos, mas também da localização geográfica assim como das condições meteorológicas existentes (ex.: existência de nuvens). Muitos estudos provaram inclusive, que a nebulosidade é o principal factor que determina a diferença entre a radiação solar medida no exterior da atmosfera e na superfície terrestre. Para aferir da influência destes factores nos níveis de irradiância solar, poder-se-á observar no seguinte gráfico apresentado em [19], a variação da irradiância global (total da irradiância sob uma superfície horizontal na terra) num dia de Verão sem nebulosidade e num dia de Inverno com, e sem nebulosidade, numa cidade da Europa Central. 47 Figura 31: Variação da irradiância solar num dia de Verão (2 Julho), num dia de Inverno sem nebulosidade (28 Dezembro) e num dia de Inverno com forte nebulosidade (22 Dezembro) A radiação solar é constituída por dois componentes: a radiação directa e a radiação difusa. A radiação directa consiste nos raios solares que vêm directamente do sol, sem reflexões ou refracções intermédias. A radiação difusa é aquela que resulta dos muitos fenómenos de reflexão e refracção da atmosfera solar. Assim a radiação total numa superfície horizontal terá a seguinte expressão: 𝐸𝑡𝑜𝑡,ℎ𝑜𝑟 = 𝐸𝑑𝑖𝑟,ℎ𝑜𝑟 + 𝐸𝑑𝑖𝑓,ℎ𝑜𝑟 (4.22) Numa superfície com inclinação sobre o eixo horizontal, existirá outra componente que resulta da radiação reflectida pelo solo, denominada por radiação reflectida. A radiação total em superfícies com inclinação será então dada por: 𝐸𝑡𝑜𝑡,𝑖𝑛𝑐 = 𝐸𝑑𝑖𝑟,𝑖𝑛𝑐 + 𝐸𝑑𝑖𝑓,𝑖𝑛𝑐 + 𝐸𝑟𝑒𝑓,𝑖𝑛𝑐 Figura 32: Diferentes tipos de radiação 48 (4.23) O índice de claridade (𝑘𝑡 ) pode ser definido como a razão entre a irradiância num plano horizontal 𝐼𝑡 (W/𝑚2 ) e a irradiância total extraterrestre 𝐼0 (W/𝑚2 ). 𝑘𝑡 = 𝐼𝑡 𝐼0 (4.24) Assim que o índice de claridade for determinado, a irradiância solar numa superfície com inclinação β poderá ser calculada, e consequentemente a energia produzida pela célula fotovoltaica. A irradiância sob um plano horizontal (𝐼𝑡 ) é medida por intermédio de sensores de radiação semelhantes ao da Figura 33, colocados no local da instalação fotovoltaica, cujos valores podem deste modo serem obtidos para diferentes dias do ano em relatórios de empresas meteorológicas ou exploradoras da actividade. Figura 33: Sensor de radiação A irradiância total extraterrestre (𝐼0 ) é a radiação medida acima da atmosfera terrestre sob um plano perpendicular aos raios incidentes, com ângulo de zénite solar nulo. Esta radiação não é influenciada pelas nuvens existentes na atmosfera pelo que facilmente se pode calcular a radiação extraterrestre ao longo do ano, se se tiver em conta que a intensidade da radiação solar recebida fora da atmosfera terrestre varia com o quadrado da distância entre a Terra e o Sol, devido à órbita ligeiramente elíptica da Terra em torno deste último (Figura 34). Figura 34: Órbita elíptica terrestre em torno do Sol 49 A Terra está mais perto do sol em Dezembro (Inverno, hemisfério norte) e mais afastada em Junho (Verão, hemisfério norte), deste modo no hemisfério Norte existe maior radiação solar disponível durante o Inverno do que no Verão. Esta irradiância varia entre os 1325 𝑊/𝑚2 e 1412 𝑊/𝑚2 , cuja variação ao longo do ano pode ser aproximada pela seguinte expressão: onde, 360𝑛 𝐼0 = 𝐺𝑆𝐶 �1 + 0.033𝑐𝑜𝑠 � �� 365 [𝑊/𝑚2 ] (4.25) n é o número do dia do ano em que se quer determinar a irradiação total extraterrestre; 𝐺𝑆𝐶 é a constante solar (𝐺𝑆𝐶 = 1367 𝑊/𝑚2 ). Para o cálculo do índice de claridade, interessa no entanto, a radiação solar extraterrestre disponível num plano horizontal no topo da atmosfera terrestre, e essa depende do ângulo formado entre o sol e o plano. O ângulo é afectado não só pelo movimento translacional elíptico da Terra, mas também pelo seu movimento de rotação e da latitude do plano do observador. Desta forma a quantidade máxima de irradiância solar extraterrestre é reduzida e pode ser calculada pela seguinte expressão: 360𝑛 𝐼0 = 𝐺𝑆𝐶 �1 + 0.033𝑐𝑜𝑠 � �� . cos(𝜃) [𝑊/𝑚2 ] 365 (4.26) onde θ é o ângulo de zénite solar, que está relacionado com a latitude, dia e hora pela expressão: cos(𝜃) = 𝑐𝑜𝑠∅ 𝑐𝑜𝑠𝛿 𝑐𝑜𝑠𝜔 + 𝑠𝑖𝑛𝛿 𝑠𝑖𝑛∅ (4.27) ∅, 𝛿, 𝜔 são ângulos entre o Sol e a Terra, introduzidos na secção anterior. A Figura 35 é bastante esclarecedora da influência da posição do sol na radiação sob um plano horizontal. Como se pode observar, no local fora da atmosfera terrestre correspondente à zona de observação, a irradiação solar extraterrestre sob um plano normal aos raios incidentes é aproximadamente igual à constante solar. (Para o cálculo do índice de claridade, assume-se que o plano é horizontal, com o ângulo de zénite solar igual ao ângulo formado entre o sol e o plano horizontal da instalação fotovoltaica). Os raios solares ao entrarem na atmosfera além de sofrerem atenuação irão também sofrer reflexões e refracções, originando a diferenciação entre radiação directa e difusa tal como foi explicado anteriormente. A radiação solar recebida pelo plano irá ainda ser mais atenuada, devido ao facto de o plano não estar perpendicular ao raios incidentes, obtendo-se finalmente a radiação solar sob o plano horizontal. 50 Figura 35: Influência da posição do sol na radiação sob um plano horizontal Na Figura 36, é observável a influência do ângulo de zénite solar na radiação extraterrestre disponível numa zona de latitude de 38°. Assim, num painel fotovoltaico horizontal situado em Lisboa, em condições favoráveis sem nebulosidade, ou seja, com um índice de claridade aproximadamente igual a 0.8, é admissível esperar obter uma irradiância na ordem dos 900-1000 𝑊/𝑚2 num dia de Verão, e 500-600 𝑊/𝑚2 num típico dia de Inverno. Estes dados foram obtidos para a altura do dia em que o Sol atinge o seu ponto mais alto no céu, ou seja, ao meio dia, fazendo uso das eqs. (4.25) e (4.26). 1500 Irradiância Solar Extraterrestre [kW/m2] 1400 1300 1200 1100 1000 900 800 700 Plano Perpendicular Plano Horizontal 600 500 0 50 100 200 150 Dias do ano 250 300 350 Figura 36: Irradiância Solar Extraterrestre sob um plano perpendicular e horizontal para uma latitude de 38° (Lisboa) às 12 horas 51 c) Maximização da Irradiância Solar num Painel Fotovoltaico 70B De modo a maximizar a irradiância na superfície do painel fotovoltaico, é requerido a sua rotação em volta de dois eixos, nomeadamente o ângulo de inclinação e o ângulo azimutal, o que requere dois motores. Tipicamente, o ganho marginal da rotação do painel de acordo com o ângulo azimutal é baixo, deste modo, a melhor opção é mantendo o painel virado para sul (caso a instalação fotovoltaica esteja situada no hemisfério norte), com recurso a um motor, variar a inclinação do painel em relação à superfície horizontal ao longo do ano. Este motor denomina-se de seguidor solar. O Grupo EcoPower que está presente no sector nacional através da revenda de equipamentos e instalação de sistemas a clientes finais, possui no seu leque de soluções, sistemas fotovoltaicos de microgeração munidos de seguidor solar a 1 eixo [41]. 𝛽 é a inclinação do painel sob o eixo horizontal, e dependerá do ângulo entre o Sol e o painel. Isto é, de modo a ser maximizada a recepção da energia contida nos raios solares, o ângulo de inclinação 𝛽 será igualado ao ângulo de zénite solar, que é nada mais, que o ângulo entre os raios solares e uma linha perpendicular ao plano horizontal. Desta forma, o ângulo de inclinação 𝛽 vai depender não apenas da latitude geográfica do local, mas também do ângulo de declinação, que como se sabe, varia ao longo do ano. 𝛽 pode ser expresso pela equação (4.28), com a evolução diária da Figura 37. 𝛽 = ∅ − 𝛿 [°] (4.28) No entanto estes painéis solares com seguimento da posição solar requerem mais espaço físico e são mais caros, por isso o mais usual é a comercialização de painéis fotovoltaicos fixos onde, durante a instalação, fixa-se o painel com uma inclinação correspondente à latitude do local (𝛽 = ∅). 70 Inclinação do painel fotovoltaico [º] 60 50 40 30 20 10 0 0 50 100 150 200 Dias do ano 250 300 350 Figura 37: Evolução ao longo do ano da inclinação de um painel fotovoltaico localizado a uma latitude de 38° (Lisboa) 52 4.3.3. Função de Densidade de Probabilidade (f.d.p.) Ao contrário do que acontece com a modelação do vento, neste caso não poderá ser usada uma abordagem semelhante para modelar a irradiância solar ao longo do ano, visto esta variável não ser completamente aleatória, pois ela apresenta valores nulos durante a noite. Deste modo, a modelação da irradiância solar terá que ser efectuada em segmentos horários de um determinado dia. Neste trabalho resolveu utilizar-se a distribuição de Hollands e Huget (ver Figura 38) [26], [31][34],[39] para modelar o índice de claridade de uma hora de um determinado dia. Assim, diferentes probabilidades da irradiância solar num painel com inclinação β serão conhecidas, podendo a potência da unidade fotovoltaica ser calculada para cada hora. 5 ktm=0.3 ktm=0.4 ktm=0.5 ktm=0.6 ktm=0.7 4.5 Densidade de Probabilidade 4 3.5 3 2.5 2 1.5 1 0.5 0 0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 kt 0.6 0.7 0.8 0.9 1 Figura 38: Distribuição de Hollands e Huget em função do valor médio do índice de claridade Segundo [26], o índice de claridade poderá ser modelado pela seguinte função de densidade de probabilidade: 𝑓𝑑𝑝(𝑘𝑡 ) = 𝐶 (𝑘𝑡𝑢 − 𝑘𝑡 ) 𝜆.𝑘 𝑒 𝑡 𝑘𝑡𝑢 (4.29) onde C e λ são funções do limite superior do índice de claridade (𝑘𝑡𝑢 ) e do valor médio do índice de claridade (𝑘𝑡𝑚 ). 𝑘𝑡𝑚 pode ser obtido utilizando a eq.(4.24) em conjunto com relatórios históricos da irradiância solar para a hora do dia em análise. Em relação a 𝑘𝑡𝑢 , o valor deste utilizado foi de 0.865. C e λ poderão então ser determinados segundo as expressões (4.30)-(4.32). 53 𝐶= 𝜆= 𝜆2 𝑘𝑡𝑢 (𝑒 𝜆𝑘𝑡𝑢 − 1 − 𝜆𝑘𝑡𝑢 ) (2𝛾 − 17.519𝑒 −1.3118𝛾 − 1062𝑒 −5.0426𝛾 ) 𝑘𝑡𝑢 𝛾= 𝑘𝑡𝑢 𝑘𝑡𝑢 − 𝑘𝑡𝑚 (4.30) (4.31) (4.32) Através do índice de claridade, a irradiância solar (𝐼𝛽 ) numa dada hora num plano com inclinação β em relação ao plano horizontal, pode ser calculada pela expressão (4.33): onde, 1 + 𝑐𝑜𝑠𝛽 1 − 𝑐𝑜𝑠𝛽 𝐼𝛽 = �𝑅𝑏 + � − 𝑅𝑏 � 𝑘𝑑 + 𝜌 � . 𝐼𝑡 [𝑊/𝑚2 ] 2 2 (4.33) 𝑅𝑏 é a razão da radiação num plano com inclinação β com a radiação num plano horizontal; 𝑘𝑑 é a fracção da radiação horária num plano horizontal que é difusa; 𝜌 é a reflectância do solo. 𝑅𝑏 é dado pela seguinte expressão: 𝑅𝑏 = cos(∅ − 𝛽) . 𝑐𝑜𝑠𝛿. 𝑐𝑜𝑠𝜔 + sin(∅ − 𝛽) . 𝑠𝑖𝑛𝛿 cos ∅ . 𝑐𝑜𝑠𝛿. 𝑐𝑜𝑠𝜔 + sin ∅ . 𝑠𝑖𝑛𝛿 (4.34) 𝛿, 𝜔 e ∅ são ângulos entre o Sol e a Terra, cujas expressões já foram determinadas anteriormente, mas se repetem neste espaço por comodidade. 284 + 𝑛 �� 365 𝛿 = 23.45𝑠𝑖𝑛 �360 � 𝜔=𝜔 �(𝑡𝑠 − 12) 𝑡𝑠 = 𝑡 + 𝐸 ∆𝐿 + 60 15 𝐸 = 9.87 sin(2𝐵) − 7.53 cos(𝐵) − 1.5sin(𝐵) 𝐵= 360(𝑛 − 81) 364 ∆𝐿 = 𝑙𝑜𝑛𝑔𝑖𝑡𝑢𝑑𝑒 𝑑𝑜 𝑚𝑒𝑟𝑖𝑑𝑖𝑎𝑛𝑜 𝑑𝑎 𝑧𝑜𝑛𝑎 ℎ𝑜𝑟á𝑟𝑖𝑎 − 𝑙𝑜𝑛𝑔𝑖𝑡𝑢𝑑𝑒 𝑑𝑜 𝑙𝑜𝑐𝑎𝑙 Quanto à fracção da radiação horária num plano horizontal que é difusa (𝑘𝑑 ), a correlação entre esta e o índice de claridade (𝑘𝑡 ) pode ser aproximada por uma função linear (4.35) [26]: 𝑘𝑑 = 𝑝 − 𝑞𝑘𝑡 54 (4.35) Onde as constantes p e q são calculadas segundo o intervalo de 𝑘𝑡 : 1 − 0.249𝑘𝑡 𝑘𝑑 = �1.557 − 1.84𝑘𝑡 0.177 𝑘𝑡 ≤ 0.35 0.35 ≤ 𝑘𝑡 ≤ 0.75 𝑘𝑡 ≥ 0.75 (4.36) A reflectância do solo (𝜌) depende da natureza do solo em questão. O processo de determinação empírica da reflectância de um solo específico é bastante complexo, dependendo esta de vários parâmetros constituintes do solo (matéria orgânica, óxidos de ferro, etc.). Desta forma o processo mais usual na sua determinação consiste em recorrer a índices de reflectância previamente estandardizados consoante o tipo de solo em análise. Estes valores estão especificados na Tabela 6. Tabela 6: Índice de reflectância para diferentes tipos de solo Solo Reflectância (𝝆) Água 0.07 Solo seco 0.2 Cimento 0.22 Relva 0.26 Relva seca 0.2-0.3 Areia 0.4 Superfícies claras de edifícios 0.6 𝐼𝑡 pode ainda ser expresso em função de 𝑘𝑡 e 𝐼0 , segundo a expressão (4.37): 𝐼𝑡 = 𝐼0 . 𝑘𝑡 (4.37) Relembra-se que 𝐼0 tem como expressão geral, a expressão (4.26): 360𝑛 �� (𝑐𝑜𝑠∅ 𝑐𝑜𝑠𝛿 𝑐𝑜𝑠𝜔 + 𝑠𝑖𝑛𝛿 𝑠𝑖𝑛∅) 365 𝐼0 = 𝐺𝑆𝐶 �1 + 0.33𝑐𝑜𝑠 � Deste modo, a expressão geral da irradiância num plano com inclinação β, toma a seguinte forma final: 𝐼𝛽 = ��𝑅𝑏 + 𝜌. 1 − 𝑐𝑜𝑠𝛽 1 + 𝑐𝑜𝑠𝛽 1 + 𝑐𝑜𝑠𝛽 �+� − 𝑅𝑏 � . 𝑝� 𝐼0 . 𝑘𝑡 − � − 𝑅𝑏 � . 𝑞. 𝐼0 . 𝑘𝑡2 [𝑊/𝑚2 ] 2 2 2 55 (4.38) 4.3.4. Painel Fixo Horizontal vs. Painel Com Seguidor Solar 54B Fazendo uso das equações (4.24), (4.26), (4.28) e (4.38), reproduziu-se a Figura 39 e Figura 40, fazendo-se variar a hora de um dia de Inverno com índice de claridade igual a 0,5 e de um dia de Verão com índice de claridade igual a 0,7. Estes gráficos têm como propósito evidenciar o maior índice de irradiância solar disponível num painel fotovoltaico com seguimento de posição solar em relação ao painel fixo horizontal, e consequentemente, maior potência eléctrica produzida. 700 Painel horizontal sem inclinação Painel com inclinação β 600 Irradiância [W/m2] 500 400 300 200 100 0 2 4 6 8 10 12 14 Horas do dia 16 18 20 22 24 Figura 39: Comparação da irradiância num painel fotovoltaico com e sem inclinação, numa localidade a 38° de latitude, num dia de Inverno com índice de claridade, 𝑘𝑡 = 0.5 1200 Painel horizontal sem inclinação Painel com inclinação β Irradiância [W/m2] 1000 800 600 400 200 0 2 4 6 8 10 14 12 Horas do dia 16 18 20 22 24 Figura 40: Comparação da irradiância num painel fotovoltaico com e sem inclinação, numa localidade a 38° de latitude, num dia de Verão com índice de claridade, 𝑘𝑡 = 0.7 56 4.3.5. Função de Distribuição Acumulada (f.d.a.) Para se aplicar a simulação de Monte Carlo, tal como foi explicado anteriormente, será necessário obter a função de distribuição acumulada (f.d.a) do índice de claridade (𝑘𝑡 ), e invertê-la de modo a poderem ser gerados aleatoriamente valores de índice de claridade segundo a sua f.d.p. numa dada hora. A f.d.p. usada para modelar o índice de claridade (4.29), pode ser reescrita sob a seguinte forma: 𝑓𝑑𝑝(𝑘𝑡 ) = �𝑒 𝜆.𝑘𝑡 − A f.d.a. obtém-se integrando a f.d.p.: 1 . 𝑘 . 𝑒 𝜆.𝑘𝑡 � 𝑘𝑡𝑢 𝑡 𝑓𝑑𝑎(𝑘𝑡 ) = � 𝑓𝑑𝑝(𝑘𝑡 ). 𝑑𝑘𝑡 + 𝑐 𝑓𝑑𝑎(𝑘𝑡 ) = 𝐶 𝜆. 𝑘𝑡𝑢 + 1 −1 �� + . 𝑘 � . 𝑒 𝜆.𝑘𝑡 � + 𝑐 𝜆 𝜆. 𝑘𝑡𝑢 𝑘𝑡𝑢 𝑡 (4.39) (4.40) (4.41) A constante de integração é determinada, utilizando a condição de valor final 𝑓𝑑𝑎(𝑘𝑡𝑢 ) = 1. Deste modo vem que a constante de integração é dada por: 𝐶 1 𝑐 = − �1 + � 𝜆 𝜆. 𝑘𝑡𝑢 (4.42) De modo a obter-se a inversa da f.d.a., a f.d.a. poderá ser reescrita segundo a forma: 𝑓𝑑𝑎(𝑘𝑡 ) = onde 𝐶 �(𝑎 + 𝑏. 𝑘𝑡 ). 𝑒 𝜆.𝑘𝑡 � + 𝑐 𝜆 𝑎= 𝜆. 𝑘𝑡𝑢 + 1 𝜆. 𝑘𝑡𝑢 𝑏=− Se se considerar, 1 𝑘𝑡𝑢 𝑦 = 𝑎 + 𝑏. 𝑘𝑡 A f.d.a. toma a seguinte forma: 𝑓𝑑𝑎 = 𝑧= 𝜆. 𝑦 𝑏 𝜆.𝑦 −𝜆.𝑎 𝜆.𝑦 𝑦−𝑎 𝐶 𝐶 𝐶 �−𝜆.𝑎� � � � � � � �𝑦. 𝑒 𝜆� 𝑏 � � + 𝑐 = �𝑦. 𝑒 𝑏 . 𝑒 𝑏 � + 𝑐 = . 𝑒 𝑏 �𝑦. 𝑒 𝑏 � + 𝑐 𝜆 𝜆 𝜆 57 (4.43) (4.44) (4.45) (4.46) (4.47) (4.48) Que pode ser representada por: 𝑓𝑑𝑎 = 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡. 𝑧. 𝑒 𝑧 + 𝑐 com 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡 = (4.49) 𝐶. 𝑏 �−𝜆.𝑎� 𝑒 𝑏 𝜆2 (4.50) Por fim, para se obter a inversa da f.d.a. será necessário inverter a função 𝑧. 𝑒 𝑧 , recorrendo-se à função W de Lambert para alcançar tal efeito. 𝑧. 𝑒 𝑧 = 𝑓𝑑𝑎 − 𝑐 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡 (4.51) Tem-se então que a inversa da f.d.a, é dada pela fórmula (4.52): 𝑧 = 𝑊� (𝑓𝑑𝑎 − 𝑐) � 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡 (4.52) Fazendo uso das relações (4.46) e (4.47), é possível escrever a equação que exprime a função quantil do índice de claridade de forma explícita: (𝑓𝑑𝑎 − 𝑐) 𝑊� � 𝑎 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡 𝑘𝑡 = − 𝜆 𝑏 (4.53) Onde, para fins de simulação de Monte Carlo, fda toma valores uniformemente distribuídos em [0,1]. 1 ktm=0.3 ktm=0.4 ktm=0.5 ktm=0.6 ktm=0.7 0.9 0.8 0.7 kt 0.6 0.5 0.4 0.3 0.2 0.1 0 0 0.1 0.2 0.3 0.6 0.5 0.4 Probabilidade 0.7 0.8 0.9 1 Figura 41: Função quantil do índice de claridade segundo a distribuição de Hollands e Huget em função do valor médio do índice de claridade 58 4.3.6. Modelo de Um Díodo e Três Parâmetros Após a obtenção da função quantil do índice de claridade, eq.(4.53) e da equação que relaciona esse mesmo índice com a irradiância num plano fotovoltaico com inclinação β, eq. (4.38), interessará saber de que forma se pode obter a potência de saída desse mesmo painel fazendo uso da irradiância calculada. Por forma a determinar a relação entre a potência de saída e a irradiância será necessário proceder-se à modelação do módulo fotovoltaico atendendo às suas características eléctricas. Para tal fim, utilizar-se-á o modelo simplificado matemático de um díodo e três parâmetros (𝑚, 𝐼0 e 𝐼𝑆 ). [24]. Este modelo caracteriza o comportamento de uma única célula fotovoltaica, considerando o módulo como uma célula fotovoltaica equivalente. a) Parâmetros do Módulo Fotovoltaico O fabricante normalmente disponibiliza as características eléctricas do módulo fotovoltaico nas condições de referência STC 1 (standard test conditions), especificando a corrente de curto-circuito (𝐼𝑐𝑐 ), tensão de circuito aberto (𝑉𝑐𝑎 ), corrente no ponto de potência máxima (𝐼𝑚𝑎𝑥 ), tensão no ponto de potência máxima (𝑉𝑚𝑎𝑥 ). Para ter em conta a influência da temperatura no funcionamento da célula, os fabricantes também disponibilizam normalmente as características térmicas da célula, que inclui o índice NOCT 2 , que é nada mais que a temperatura da célula em funcionamento nominal. Um exemplo de um catálogo de fabricante de um módulo fotovoltaico pode ser visto na Tabela 7. Tabela 7: Características do módulo fotovoltaico Shell SM100-12 Silício monocristalino Potência de pico Pmax 100.3 W Corrente máxima Imax 5.9 A Tensão máxima Vmax 17.0 V Corrente de curto-circuito Icc 6.5 A Tensão de circuito aberto Vca 21.0 V NOCT 45°C Coeficiente de temperatura de Icc µIcc 2.8E-0.3 A/°K Coeficiente de temperatura de Vca µVca 7.6E-0.2 V/°K Número de células em série NSM 36 Comprimento C 1.316 m Largura L 0.660 m Temperatura normal de funcionamento _____________ 1 STC corresponde a um nível de irradiância de 1 kW/𝑚2 e uma temperatura de célula de 25°C. NOCT corresponde a uma temperatura da célula quando a temperatura ambiente é de 20°C e a irradiação solar de 0.8kW/𝑚2 . 2 59 b) Circuito Equivalente de Uma Célula Fotovoltaica Em termos de modelo matemático simplificado, uma célula pode ser descrita através do circuito eléctrico equivalente que se mostra na Figura 42. Figura 42: Circuito eléctrico equivalente de uma célula fotovoltaica [23] A fonte de corrente 𝐼𝑆 representa a corrente gerada pelo efeito fotovoltaico. Esta corrente é constante para uma dada radiação incidente. A junção p-n é representada pelo díodo colocado em paralelo com a fonte, no qual flui uma corrente interna unidireccional 𝐼𝐷 . 𝐼 é a corrente que atravessa a carga e 𝑉 a tensão aplicada à carga. Pela análise do circuito, a equação (4.54) pode ser elaborada. 𝐼 = 𝐼𝑆 − 𝐼𝐷 (4.54) A corrente 𝐼𝐷 que atravessa o díodo é expressa por (4.55). 𝑉 (4.55) 𝐼𝐷 = 𝐼0 �𝑒 𝑚𝑉𝑇 − 1� em que 𝐼0 é a corrente inversa máxima de saturação do díodo [A]; 𝑉 é a tensão aos terminais da célula [V]; 𝑚 é o factor de qualidade do díodo (díodo ideal: 𝑚=1; díodo real: 𝑚>1); 𝑉𝑇 é o potencial térmico [V]: 𝑉𝑇 = 𝑘𝑇 𝑞 o -23 onde 𝑘 é a constante de Boltzmann (𝑘= 1.38x10 J/K), 𝑇 a -19 temperatura absoluta da célula em K (0 = 273.16 K) e 𝑞 a carga eléctrica do electrão (𝑞 = 1.6x10 C). Combinando (4.54) e (4.55), obtém-se a expressão da corrente que se fecha pela carga. 𝑉 𝐼 = 𝐼𝑆 − 𝐼0 �𝑒 𝑚𝑉𝑇 − 1� 60 (4.56) c) Parâmetros m, I0 e IS É necessário agora determinar os parâmetros (𝑚, 𝐼0 e 𝐼𝑆 ) presentes em (4.56). Para tal, irá fazer-se uso dos parâmetros fornecidos pelo fabricante do painel com auxílio de três pontos de operação da célula: a situação de circuito aberto, curto-circuito e potência máxima. Na situação de curto-circuito, pela análise do circuito eléctrico equivalente da Figura 42, é possível retirar as seguintes relações: 𝑉=0 � 𝐼𝐷 = 0 𝑟 ⇒ 𝐼𝑆𝑟 = 𝐼𝑐𝑐 (4.57) O índice “r” indica que os parâmetros foram determinados nas condições STC, e aplicar-se-á daqui em diante. Na situação de circuito aberto, tem-se (𝐼=0), desta forma, fazendo uso da equação (4.56) e (4.57), obtém-se a relação (4.58). 𝐼0𝑟 = 𝑟 𝐼𝑐𝑐 𝑟 . 𝑞 𝑣𝑐𝑎 𝑟 𝑚.𝑘.𝑇 𝑒 −1 (4.58) A equação (4.58) pode ser simplificada se assumir-se que a função exponencial é muito maior que 1. Assim a equação é aproximada por: 𝐼0𝑟 ≈ 𝑟 𝐼𝑐𝑐 𝑟 . 𝑞 𝑣𝑐𝑎 𝑟 𝑚.𝑘.𝑇 𝑒 (4.59) Falta então determinar o parâmetro m. Este parâmetro é calculado segundo as condições de potência máxima. Nestas condições, e assumindo que a função exponencial é muito maior que 1, podese reescrever a equação (4.56) da seguinte forma: 𝑟 𝑉𝑚𝑎𝑥 .𝑞 𝑟 𝐼𝑚𝑎𝑥 ≈ 𝐼𝑆𝑟 − 𝐼0𝑟 . 𝑒 𝑚.𝑘.𝑇 𝑟 (4.60) Combinando as equações (4.57) e (4.59) em (4.60), tem-se que o valor de 𝑚, pode ser dado pela expressão (4.61). 𝑚𝑟 ≈ 𝑟 𝑉𝑚𝑎𝑥 − 𝑉𝑐𝑎𝑟 𝐼𝑟 𝑙𝑛 �1 − 𝑚𝑎𝑥 𝑟 � 𝑞 𝐼𝑐𝑐 𝑘. 𝑇 𝑟 61 (4.61) d) Influência da Temperatura e da Irradiância 74B É importante mencionar mais uma vez que os parâmetros fornecidos pelo fabricante correspondem 2 o a uma irradiância de 1000 W/m , com a temperatura da célula de 25 C. Como foi possível comprovar nos subtópicos anteriores, estes valores de irradiância só são atingidos em situações esporádicas durante o Verão, em que não exista nebulosidade, mas certamente nessas situações, a temperatura da o o célula não será de 25 , mas sim, na ordem dos 35-40 . Na Figura 43 e Figura 44 pode ser observado a influência de diferentes irradiações e temperaturas na característica I-V de um módulo fotovoltaico. De referir que este modelo considera o parâmetro 𝑚 como constante, deste modo apenas é necessário obter para quaisquer irradiâncias e temperaturas, as relações dos parâmetros 𝐼0 e 𝐼𝑆 . Figura 43: Característica I-V do módulo fotovoltaico BP 4175T para diferentes irradiâncias e uma o temperatura constante de 25 C [43] Figura 44: Característica I-V do módulo fotovoltaico BP 4175T para diferentes temperaturas e 2 uma irradiância constante de 1000 W/m [43] 62 Experimentalmente verifica-se que a intensidade de corrente que atravessa um módulo fotovoltaico é proporcional à radiação solar nele incidente. Esta relação de proporcionalidade é expressa do seguinte modo: 𝐺 𝐺𝑟 𝑟 𝐼𝑆 = 𝐼𝑐𝑐 = 𝐼𝑐𝑐 (4.62) Como se pode observar, o parâmetro 𝐼𝑆 é responsável pela tradução da variação da irradiância em relação às condições STC. Já a corrente inversa de saturação (𝐼0 ) é função da temperatura segundo a expressão (4.63). em que 𝐼0 = 𝐷. 𝑇 3 . 𝑒 𝐷 é uma constante; 𝑚′ é o factor de qualidade equivalente �𝑚′ = série; 𝜀.𝑞 𝑚′ .𝑘.𝑇 − 𝑚 𝑁𝑆𝑀 (4.63) �, em que 𝑁𝑆𝑀 é o número de células ligadas em 𝜀 é a largura da banda proíbida do silício (𝜀 = 1.12 eV). Combinando as equações (4.59) e (4.63), é possível obter a corrente inversa de saturação (𝐼0 ) para qualquer valor de temperatura através da expressão (4.64). 𝑇 3 𝜀.𝑞 � 1 −1� 𝐼0 = 𝐼0𝑟 . � 𝑟 � . 𝑒 𝑚′ .𝑘 𝑇 𝑟 𝑇 𝑇 e) (4.64) Potência Máxima Disponível A potência de uma célula fotovoltaica para uma dada irradiância e temperatura da célula, fazendo uso dos parâmetros 𝑚, 𝐼0 e 𝐼𝑆 , bem como dos parâmetros de referência fornecidos pelo fabricante, é dada pela equação (4.65), com recurso a (4.56). 𝑉 𝑃 = 𝑉. �𝐼𝑆 − 𝐼0 �𝑒 𝑚.𝑘.𝑇 − 1�� (4.65) No entanto, a tensão 𝑉 da célula é ainda desconhecida. Convém agora relembrar que um sistema fotovoltaico está munido de um equipamento, denominado seguidor de potência máxima (MPPT), que permite a este funcionar sempre no ponto de potência máxima, pois é mais vantajoso em termos energéticos. Desta forma a potência máxima obtém-se para: 𝑑𝑃(𝑉) =0 𝑉 63 (4.66) A equação (4.66) é equivalente a: 𝑉.𝑞 𝐼𝑆 + 𝐼0 �1 − 𝑒 𝑚.𝑘.𝑇 − Depois de alguns cálculos, obtém-se: 𝑉.𝑞 𝑒 𝑚.𝑘.𝑇 𝑉.𝑞 𝑉. 𝑞 𝑒 𝑚.𝑘.𝑇 � = 0 𝑚. 𝑘. 𝑇 (4.67) 𝐼𝑆 +1 𝐼0 = 𝑉. 𝑞 1+ 𝑚. 𝑘. 𝑇 (4.68) Através de (4.68), a tensão no ponto de potência máxima pode ser calculada, com 𝑉 = 𝑉𝑚𝑎𝑥 e a correspondente corrente é 𝐼𝑚𝑎𝑥 . No entanto, como se pode observar, a equação (4.68) é não-linear. Desta forma, será necessário resolvê-la por um método iterativo. Neste trabalho, utilizou-se o método de Newton, que segundo [24], a expressão de cálculo é dada por: (𝑘+1) 𝑉𝑚𝑎𝑥 (𝑘) = 𝑉𝑚𝑎𝑥 − 𝐼𝑆 + 𝐼0 �1 − 𝑒 (𝑘) 𝑉𝑚𝑎𝑥 .𝑞 𝑚.𝑘.𝑇 (𝑘) − (𝑘) (𝑘) 𝑉𝑚𝑎𝑥 . 𝑞 𝑉𝑚𝑎𝑥.𝑞 𝑒 𝑚.𝑘.𝑇 � 𝑚. 𝑘. 𝑇 (𝑘) 𝑚𝑎𝑥 .𝑞 𝑉 .𝑞 𝐼 . 𝑞 𝑉𝑚.𝑘.𝑇 − 0 𝑒 �2 + 𝑚𝑎𝑥 � 𝑚. 𝑘. 𝑇 𝑚. 𝑘. 𝑇 (4.69) No processo iterativo, utilizou-se como condição inicial da tensão no ponto máximo de potência 𝑟 (𝑉𝑚𝑎𝑥 ) o valor de referência indicado pelo fabricante (𝑉𝑚𝑎𝑥 ). A correspondente corrente vem: 𝐼𝑚𝑎𝑥 = 𝐼𝑆 − 𝐼0 �𝑒 𝑉𝑚𝑎𝑥 .𝑞 𝑚.𝑘.𝑇 − 1� (4.70) E finalmente, a potência de saída da célula/módulo fotovoltaico, vem obviamente com a relação: 𝑃𝑚𝑎𝑥 = 𝑉𝑚𝑎𝑥 . 𝐼𝑚𝑎𝑥 (4.71) Resta apenas dizer que a temperatura da célula pode ser relacionada com a temperatura ambiente e a radiação incidente segundo a expressão (4.72). Esta fórmula é útil, pois a nível de projecto a temperatura da célula não se encontra disponível. 𝑇𝐶 = 𝑇𝐴 + 𝐺(𝑁𝑂𝐶𝑇 − 20) 800 (4.72) O processo de modelação probabilística do módulo fotovoltaico encontra-se assim terminado. Para uma dada irradiância, será possível gerar n amostras de índices de claridade, segundo a distribuição de Hollands e Huget para essa irradiância. Para cada uma dessas amostras, a irradiância num painel fotovoltaico com uma inclinação 𝛽 é determinada. Fazendo uso do modelo do díodo e três parâmetros, é possível determinar a potência de saída do módulo fotovoltaico para cada uma das amostras. 64 4.4. Modelo Probabilístico da Carga A carga é assumida como uma variável aleatória (𝑃𝐿 ) com distribuição normal em cada hora de um mês. Assim, a função de densidade de probabilidade de 𝑃𝐿 , é dada pela seguinte expressão: onde, 𝑓𝑑𝑝(𝑃𝐿 ) = 1 𝜎√2𝜋 .𝑒 −(𝑃𝐿 −µ)2 2.𝜎 2 (4.73) µ é o valor médio; 𝜎 é o desvio padrão. Deste modo, um valor expectável e um desvio padrão especificam a carga em cada hora. O valor expectável para cada hora de um dia, poderá ser obtido do plano de consumo de uma dada região. De acordo com [29] , o desvio padrão pode ser assumido como 20% do valor expectável. Para simplificar o processo de cálculo, é assumido neste trabalho que todas as cargas são mutuamente independentes e desta forma não existe correlação entre as cargas nodais. A função de distribuição acumulada da distribuição normal pode ser obtida pela seguinte expressão: 1 𝑃𝐿 − 𝜇 𝑓𝑑𝑎(𝑃𝐿 ) = �1 + 𝑒𝑟𝑓 � �� 2 𝜎√2 (4.74) Por seu lado, a função quantil, ou a inversa da f.d.a. da distribuição normal é dada pela expressão (4.75): 𝑄(𝑝) = 𝜇 + 𝜎√2𝑒𝑟𝑓 −1 (2𝑝 − 1) (4.75) onde, para fins de simulação de Monte Carlo, p toma valores uniformemente distribuídos em [0,1]. _____________ A função erf (error function) é definida pela equação 2 𝑥 −𝑡 2 � 𝑒 𝑑𝑡 𝑒𝑟𝑓(𝑥) = √𝜋 0 65 5. Trânsito de Energia Probabilístico 5.1. Enquadramento Numa análise determinística tradicional, de modo aferir da possibilidade de ocorrência de situações perturbadoras ao bom funcionamento do sistema de distribuição eléctrica, quatro casos são normalmente considerados: 1. Carga mínima sem produção 2. Carga máxima sem produção 3. Carga mínima e produção máxima 4. Carga máxima e produção máxima O caso 2 fornece uma indicação de risco de subtensão, e o caso 3 de risco de sobretensão. No entanto, em qualquer um dos casos, apenas é possível saber a sua ocorrência, não sendo possível determinar quantas horas por ano, por exemplo, será expectável a sobretensão ocorrer, nem da probabilidade do seu acontecimento. Para contornar esta situação, será apresentado neste capítulo, um trânsito de energia probabilístico baseado na simulação de Monte Carlo para redes de distribuição radiais com geração distribuída fotovoltaica e/ou eólica, recorrendo às modelações probabilísticas apresentadas no capítulo anterior. O trânsito de energia probabilístico (TEP) calcula o valor das variáveis de saída (tensões nos barramentos, correntes nas linhas, etc.) tendo em conta o valor das variáveis de entrada (potência injectada associada aos geradores e cargas), tal como acontecia no trânsito de energia determinístico (TED). A grande diferença prende-se com o facto de no TEP, cada variável de entrada ser representada por um conjunto de valores, cada um deles com uma probabilidade associada. Através da incorporação de variáveis aleatórias, é assim possível incutir as incertezas inerentes ao sistema eléctrico (comportamento do consumidor, condições atmosféricas, etc.) no cálculo do trânsito de energia e assim obter um leque de resultados com maior sentido prático. 66 5.2. Simulação de Monte Carlo A simulação de Monte Carlo é uma técnica que visa, a repetição do processo de simulação determinístico, usando em cada simulação um conjunto particular de valores de variáveis aleatórias (cargas e produção em cada nó da rede, em cada hora do ano), gerados de acordo com a respectiva função de densidade de probabilidade. Embora requeira um tempo considerável de execução, a simulação de Monte Carlo é o método mais eficiente para considerar a incerteza. Nas últimas décadas, tem sido utilizado na análise de redes de energia para representar a variação de parâmetros eléctricos e na validação de resultados de outros métodos que incluam aleatoriedade e incerteza no funcionamento da rede eléctrica. A análise estatística posterior dos resultados obtidos pela simulação de Monte Carlo permitirá uma avaliação das tensões nodais em cada barramento e das correntes nas linhas, obtendo-se um estudo probabilístico sobre a ocorrência de sobretensões, desequilíbrios e esforços térmicos, que poderão ser usados na decisão e controlo da rede de distribuição por parte da empresa responsável pela sua exploração. O processo de simulação de Monte Carlo pode ser resumido nos seguintes passos: 1. Divisão do ano em segmentos temporais, sendo que cada um desses segmentos corresponde a um intervalo horário. 2. Para cada segmento horário, procede-se à determinação da velocidade média do vento (𝑣𝑚 ) e seu desvio padrão (σ), bem como do índice de claridade médio (𝑘𝑡𝑚 ) com recurso a dados meteorológicos históricos de uma dada região. Determina-se também o valor expectável da procura (µ) a partir do plano de consumo traçado para essa região. 3. Com os dados determinados no passo anterior, os parâmetros de cada p.d.f. que descreve o comportamento estocástico das produções e da carga, podem ser determinado para cada hora. 4. Determinação da função de distribuição acumulada (f.d.a.) para cada hora, seguido da transformação inversa de cada f.d.a., ou seja, a determinação da função quantil. 5. Geração de n amostras para cada variável aleatória, recorrendo à função quantil respectiva de cada variável. 6. Cálculo da potência de saída das unidades de geração distribuída para cada amostra gerada, de acordo com as relações de entrada/saída de cada tipo de geração renovável. 7. Execução do trânsito de energia determinístico para cada conjunto de amostras (potência eólica e solar produzida e potência consumida). 67 5.3. Unidades de Microgeração É objectivo neste tópico entender a vantagem da computação amostral de potência gerada com recurso à distribuição de probabilidade, na análise de contingências de uma rede de distribuição BT. 5.3.1. Geração Eólica Proceder-se-á à geração amostral da potência produzida por uma turbina eólica de 700 W, com 𝑉𝑐𝑖 = 3 m/s e 𝑉𝑟 = 13 m/s. Para tal efeito, utilizaram-se os dados relativos à velocidade do vento da Tabela 8, aplicando-se um desvio padrão de 20%. Tabela 8: Velocidades médias do vento de um dia de Inverno Hora n.º Velocidade do Vento (m/s) Velocidade do Vento Hora n.º (m/s) 1 2,32 13 9,93 2 2,99 14 8,70 3 3,58 15 8,18 4 4,74 16 7,46 5 5,85 17 7,42 6 6,70 18 6,26 7 6,34 19 6,38 8 6,86 20 5,82 9 8,69 21 5,38 10 9,92 22 5,21 11 10,91 23 3,94 12 11,15 24 3,10 Os resultados obtidos podem ser observados na Figura 45 e Figura 46. Na Tabela 9 é possível verificar que à medida que se aumenta o número de amostras geradas de velocidade do vento, a potência média probabilística tende a aproximar-se da potência média histórica. Entenda-se por potência média probabilística, a média do n número de potências amostrais geradas com recurso à f.d.p da velocidade do vento. A potência média histórica é a média da potência gerada tendo como dados, a velocidade média por hora, que pode ser obtida em relatórios climatéricos. Através da geração amostral é possível assim obter um perfil de geração mais alargado e desta forma poder antecipar e prever situações que de outra forma não seria possível. Tabela 9: Potência Média Histórica vs. Potência Média Probabilística Número de Amostras Potência [W] 1000 10000 Média Histórica 252.3500 252.3500 Média Probabilística 260.9429 252.2093 68 800 700 Potência (W) 600 500 400 300 200 100 0 100 200 300 400 600 500 Amostras 700 800 900 1000 Figura 45: Potência Média Gerada por 1 Turbina Eólica em 1000 amostras num dia típico de Inverno (Verde: Potência Nominal; Azul: Potência Média Probabilística; Rosa: Potência Média Histórica) 800 700 Potência (W) 600 500 400 300 200 100 0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 Amostras 7000 8000 9000 10000 Figura 46: Potência Média Gerada por 1 Turbina Eólica em 10000 amostras num dia típico de Inverno (Verde: Potência Nominal; Azul: Potência Média Probabilística; Rosa: Potência Média Histórica) 69 5.3.2. Geração Fotovoltaica O mesmo exercício será realizado para a unidade geradora com recurso à energia solar com as características eléctricas apresentadas na Tabela 7. Neste caso utilizar-se-ão dados históricos relativos a 2 dias de um ano (1 dia típico de Inverno e de Verão, respectivamente). Tabela 10: Irradiâncias horárias sob um plano horizontal de um dia de Inverno e Verão INVERNO VERÃO Hora Irradiância sob um plano horizontal (𝑾/𝒎 ) n.º 8 35 6 horizontal (𝑾/𝒎𝟐 ) 9 161 7 231 10 290 8 415 11 328 9 593 12 394 10 746 13 387 11 859 14 307 12 919 15 203 13 919 16 84 14 859 17 12 15 746 16 593 17 415 18 231 19 57 Hora n.º Irradiância sob um plano 𝟐 57 Para dar origem aos resultados obtidos na Figura 47 e Figura 48, foram geradas 10000 amostras do valor do índice de claridade para a hora de máxima potência gerada que corresponde ao meio-dia para 𝐼 um dia típico de Inverno e Verão respectivamente, cujo valor médio é dado pela relação 𝑘𝑡 = 𝑡 , onde 𝐼𝑡 𝐼𝑜 é obtido pela inspecção da Tabela 10, e 𝐼𝑜 com recurso à equação (4.26). Para cada valor de 𝑘𝑡 gerado é possível obter a irradiância num plano com inclinação β pela equação (4.38), e consequentemente obter a potência eléctrica gerada por esse módulo fotovoltaico. Como era expectável, em média, a energia eléctrica produzida é maior no Verão do que no Inverno. De realçar também o factor limitativo da temperatura da célula na produção eléctrica do módulo. (Durante o Verão, a temperatura da célula poder atingir valores em redor dos 60°). Este factor é visível na Figura 48, onde apesar dos elevados valores de irradiância, a potência gerada nunca excede os 90 W. 70 100 90 80 Potência (W) 70 60 50 40 30 20 10 0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 Amostras 7000 8000 9000 10000 Figura 47: Potência Gerada por 1 Módulo Fotovoltaico em 10000 amostras num dia típico de Inverno ao meio-dia (Azul: Potência Média Probabilística) 100 90 80 Potência (W) 70 60 50 40 30 20 10 0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 Amostras 7000 8000 9000 10000 Figura 48: Potência Gerada por 1 Módulo Fotovoltaico em 10000 amostras num dia típico de Verão ao meio-dia (Azul: Potência Média Probabilística) 71 5.4. Impacto da Microgeração na Rede BT 28B Neste tópico é objectivo utilizar o trânsito de energia probabilístico com recurso à simulação de Monte Carlo introduzida anteriormente para estudar o impacto da ligação de unidades de microgeração numa rede de distribuição de baixa tensão. Como foi explicado em capítulos anteriores, a conexão de unidades de microgeração provoca um aumento da tensão no seu barramento de ligação. Assim, casos de sobretensão poderão ocorrer em situações de baixo consumo e elevada produção eléctrica. Já casos de subtensão poderão ocorrer na situação inversa. Além deste pormenor, a instalação de microgeração ao nível de baixa tensão contribui também para um aumento dos desequilíbrios verificados na rede, devido ao facto destas unidades serem instaladas numa só fase. Resumidamente importa assim estudarse a probabilidade de ocorrência de infringimentos das condições de qualidade de tensão impostas pelo regulamento EN 50160. Nomeadamente, a ocorrência de sobretensões/subtensões em qualquer um dos barramentos da rede e desequilíbrios no secundário do transformador superiores a 2 %. Com este propósito, utilizar-se-á a rede BT com a topologia apresentada na Figura 49. A rede de distribuição incorpora um posto de transformação MT/BT, fornecendo energia eléctrica a 36 cargas residenciais monofásicas que se encontram ligadas à rede de distribuição por intermédio de 9 barramentos. O processo de simulação seria idealmente desenvolvido para cada hora do ano, fazendo uso de um apanhado histórico dos valores obtidos em relatórios meteorológicos de irradiância solar e velocidade do vento em cada hora do dia do ano. No entanto, tal exercício tornar-se-ia bastante demoroso e aumentaria a complexidade do problema. Entendeu-se por bem executar o trânsito de energia probabilístico para um dado dia em análise, preservando a veracidade do estudo relativamente à dependência da energia solar com o dia do ano, através da introdução de diferentes dias típicos nos cenários de simulação. Deste modo o processo de simulação será executado 24 x n amostras para cada cenário de simulação. Os dados utilizados de irradiância solar poderão ser consultados no Anexo 3. Figura 49: Rede de distribuição de baixa tensão abastecendo 36 residências 72 5.4.1. Condições de Simulação 59B a) Carga 76B Assume-se que durante a instalação eléctrica das residências, terá sido feita uma distribuição equitativa das residências por fase em cada barramento de modo a diminuir os desequilíbrios na rede BT. Deste modo, num barramento abastecedor de 3 residências, cada uma delas se encontra ligada a uma fase diferente. Em barramentos com 6 residências, em cada fase encontrar-se-ão instaladas 2 residências. A potência contratada de cada residência é definida nos 6.9 kVA. Interessa agora saber a variação do consumo diário em cada residência. A curva de procura de um consumidor residencial caracteriza-se por um consumo praticamente constante durante o dia inteiro, observando-se um aumento ao final da tarde e um pico de consumo entre as 18 e 21 horas. Na Figura 50 apresenta-se a curva de procura de uma residência cujo consumo anual é de 4350 kWh. É um consumo energético bastante razoável para uma residência com potência contratada de 6.9 kVA. Tal como foi dito em 4.4, as cargas são mutuamente independentes, ou seja, cada carga terá a sua distribuição de probabilidade. 1.6 1.4 Potência (kW) 1.2 1 0.8 0.6 0.4 0.2 0 2 4 10 8 6 14 12 Horas 16 18 20 22 24 Figura 50: Diagrama de procura residencial para um consumo mensal de 363 kWh b) Linha de Distribuição BT 7B A rede de distribuição é formada por linhas com comprimento de 300m e de igual constituição (LSVV 4x50), aparte da linha responsável pela ligação do secundário do posto de transformação MT/BT à rede a montante, no qual se entendeu utilizar o cabo LSXV 4x150, com comprimento variável. As características eléctricas e geométricas necessárias à construção da matriz de impedâncias estão representadas na Tabela 11. De referir que se assumiu uma temperatura de 75° para os condutores. Tabela 11: Características eléctricas e geométricas dos cabos utilizados o Intensidade Máxima (A) Resistência 20 C Espessura do (Ω/km) Isolamento (mm) Inst. Subterrânea Inst. Ao Ar LSXV 4x150 0.206 1.4 300 316 LSVV 4x50 0.641 1.4 150 107 Cabo 73 c) Transformador Na rede BT em análise existe uma potência contratual de 36 × 6.9𝑘𝑉𝐴 ≈ 248 𝑘𝑉𝐴 . Assumindo um factor de simultaneidade de 0.8, ter-se-á 0.8 × 248𝑘𝑉𝐴 ≈ 198 𝑘𝑉𝐴. Deste modo optou-se por um transformador imerso em óleo, de potência nominal 250 kVA, cuja impedância de curto-circuito pode ser obtida pela leitura da Tabela 12. Tabela 12: Impedância de curto-circuito para diferentes transformadores típicos de 400 V Potência Nominal Imerso em Óleo (kVA) Fundição em Resina 200 𝑹𝒄𝒄 (𝒎𝜴) 11.9 𝑿𝒄𝒄 (𝒎𝜴) 33.2 𝑹𝒄𝒄 (𝒎𝜴) 14.1 𝑿𝒄𝒄 (𝒎𝜴) 250 9.2 26.7 10.7 41.0 315 6.2 21.5 8.0 32.6 400 5.1 16.9 6.1 25.8 51.0 d) Módulo Fotovoltaico A quantidade de módulos integrante de cada painel fotovoltaico é de 9 módulos, sendo que o módulo fotovoltaico adoptado nas simulações é o módulo CS6P-240 de 240 Wp fabricado pela CanadianSolar, cujas características eléctricas podem ser observadas na Tabela 13. De referir também que se assumiu que os painéis fotovoltaicos estão munidos de um motor de seguimento da posição solar. É algo ainda raro a nível de microgeração, mas é crível que num futuro próximo se observe um aumento da sua implementação. Tabela 13: Características eléctricas do módulo fotovoltaico CS6P-240 Módulo CS6P-240 e) 𝑽𝒓𝒎𝒂𝒙 (V) 30.4 𝑰𝒓𝒎𝒂𝒙 (A) 7.91 𝑽𝒓𝒄𝒂 (V) 37.0 𝑰𝒓𝒄𝒄 (A) 8.61 𝑵𝑺𝑴 o NOCT ( ) 60 48 Turbina Eólica A turbina eólica escolhida para as instalações de microgeração é a de 3kW de potência nominal fabricada pela Weole Energy, cujos dados da sua curva de potência podem ser consultados na Tabela 14. Cada residência só poderá obviamente ter um micro-aerogerador instalado devido às condicionantes de potência instalada imposta pelo Decreto-Lei 363/2007, que foram apresentadas anteriormente no tópico 1.3 Tabela 14: Dados da curva de potência eólica da turbina Travere Industries 3kW Turbina WH3-G2 3kW 𝒗𝒄𝒊 (m/s) 3.0 𝒗𝒓 (m/s) 9.0 𝒗𝒄𝒐 (m/s) 25.0 74 𝑷𝒏𝒐𝒎𝒊𝒏𝒂𝒍 (W) 3000 Altura da Torre (m) 11.5 Para efeitos de simulação, visto não se estar na posse de um apanhado histórico ao longo dos anos da velocidade do vento numa dada hora do dia, é impossível determinar os parâmetros de Weibull a partir de equações matemáticas. Assim utilizar-se-ão os parâmetros estandardizados pelo LNEG (Laboratório Nacional de Energia e Geologia) para Portugal Continental que podem ser consultados na Figura 51 e Figura 52. Em Lisboa tem-se k=2.2 e 𝜆=7m/s. Figura 51: Parâmetro de escala 𝜆 [m/s] da distribuição de Weibull à altura de 60 m Figura 52: Parâmetro de forma 𝑘 da distribuição de Weibull à altura de 60 m O micro-aerogerador utilizado tem na sua construção uma torre de 11.5 m (Tabela 14). A velocidade do vento obtida pela distribuição de Weibull terá assim que ser corrigida à altura do rotor do microaerogerador. Para tal, utilizar-se-á a relação (5.1) que implementa a Lei de Prandtl, traduzindo a variação da velocidade média do vento com a altura ao solo. Em que 𝑧 𝑙𝑛 � � 𝑧0 𝑣(𝑧) = 𝑣(𝑧𝑟 ) 𝑧 𝑙𝑛 � 𝑟 � 𝑧0 (5.1) 𝑧0 é o comprimento característico da rugosidade do solo [m]; 𝑧𝑟 é a altura de referência [m]. O comprimento característico da rugosidade do solo (𝑧0 ) depende portanto do tipo de terreno e zona circundante do local de instalação. O Atlas Europeu de Vento dividiu os diferentes tipos de terreno em classes características tendo-se obtido a tabela que pode ser verificada no Anexo 4. Neste trabalho, entendeu-se por bem utilizar uma classe de rugosidade de 0.5 ao que corresponde 𝑧0 =0.0024. 75 5.4.2. Cenários de Simulação Resolveu-se criar uma série de cenários de simulação por forma a incutir um espírito mais analista sobre a questão do impacto da microgeração na rede BT e alargar deste modo, o leque de situações em análise. Os cenários em análise podem ser consultados na Tabela 15. Tabela 15: Cenários de simulação Comp. do Dia do cabo 1-2 [m] ano Só geração eólica (unidades instaladas:100%) 500 - Cenário 2 Só geração fotovoltaica (unidades instaladas:100%) 500 Verão Cenário 3 Unidades instaladas aleatoriamente:eólico:50%,fotovoltaico:50% 500 Verão Cenário 4 Unidades instaladas aleatoriamente:eólico:50%,fotovoltaico:50% 500 Inverno Cenário 5 Unidades instaladas aleatoriamente:eólico:50%,fotovoltaico:50% 800 Verão Cenários Descrição Cenário 1 5.4.3. Resultados Neste subtópico apresentar-se-ão os gráficos que traduzem os resultados obtidos no processo de simulação para os diferentes cenários. A ordem dos gráficos e o seu conteúdo é a seguinte: Tabela 16: Gráficos representativos dos resultados da simulação Gráficos Descrição Probabilidade de ocorrência de sobretensões (V>1.1) e subtensões (V<0.9) em qualquer um Gráfico 1 dos barramentos. Em cada amostra é efectuado a verificação de ocorrência de algum destes infringimentos. No final da simulação horária, a probabilidade obtém-se dividindo o número de ocorrências, pelo número de amostras. Gráfico 2 Desequilíbrio de tensão à saída do transformador para cada hora em análise. É apresentada a média amostral para cada hora, bem como o valor amostral máximo obtido em cada hora. Potência activa injectada no nó de balanço (primário do transformador). No final da simulação Gráfico 3 horária é efectuada a média amostral da potência activa injectada. Permite estabelecer o sentido da potência transitada no transformador, ou seja, se a rede está a injectar ou a consumir energia proveniente da rede MT. Perdas de potência activa nas linhas de distribuição. É feita a média amostral no fim de cada Gráfico 4 simulação horária da potência dissipada na rede de distribuição em cada fase, que consiste na diferença da potência injectada no nó de balanço com a potência gerada e consumida na rede. Gráfico 5 Perfil de tensões obtido para a hora de maior probabilidade de ocorrência de sobretensão. Gráfico 6 Perfil de tensões obtido para a hora de maior probabilidade de ocorrência de subtensão. Potência gerada pelas unidades de microgeração em cada hora, acompanhada pela respectiva Gráfico 7 média diária. No final da simulação, em cada hora é efectuada a média amostral da potência gerada por todas as unidades de microgeração instaladas na rede. 76 Cenário 1 Sobretensão Subtensão Probabilidade (%) 10 8 6 4 2 0 2 4 6 8 10 12 14 Hora 16 18 20 22 24 Figura 53: Probabilidade de ocorrência de sobretensões e subtensões para o cenário de simulação n.º 1 0.25 Desequilíbrio Médio Desequilíbrio Máximo Desequilíbrio (%) 0.2 0.15 0.1 0.05 0 2 6 4 8 10 14 12 Hora 16 18 20 22 24 Figura 54: Desequilíbrio de tensão à saída do secundário do transformador MT/BT para o cenário de simulação n.º 1 10 Potência Activa (kW) a) Fase A Fase B Fase C 5 0 -5 -10 2 4 6 8 10 12 14 Hora 16 18 20 22 24 Figura 55: Potência activa injectada no nó de balanço (primário do transformador) para o cenário de simulação n.º 1 77 Potência (kW) 1 Fase A Fase B Fase C 0.8 0.6 0.4 0.2 10 8 6 4 2 14 12 Hora 16 18 20 22 24 Figura 56: Perdas de potência activa na linha de distribuição para o cenário de simulação n.º 1 Fase A Fase B Fase C Tensão (pu) 1.06 1.04 1.02 1 6 5 Barra 4 3 2 1 0 7 8 9 10 11 Figura 57: Perfil de tensões na hora de maior probabilidade de ocorrência de sobretensão para o cenário de simulação n.º 1 1.02 Fase A Fase B Fase C Tensão (pu) 1 0.98 0.96 0.94 0 1 2 3 4 5 6 Barra 7 8 9 10 11 Figura 58: Perfil de tensões na hora de maior probabilidade de ocorrência de subtensão para o cenário de simulação n.º 1 Potência Gerada por Hora Potência Média Diária Potência (kW) 34.5 34 Diária 33.5 2 4 6 8 10 12 14 Hora 16 18 20 22 24 Figura 59: Potência activa gerada pelas unidades de microgeração para o cenário de simulação n.º 1 78 b) Cenário 2 Probabilidade (%) 100 Sobretensão Subtensão 80 60 40 20 0 2 4 6 8 10 14 12 Hora 16 18 20 22 24 Figura 60: Probabilidade de ocorrência de sobretensões e subtensões para o cenário de simulação n.º 2 0.1 Desequilíbrio Médio Desequilíbrio Máximo Desequilíbrio (%) 0.08 0.06 0.04 0.02 0 2 6 4 8 10 14 12 Hora 16 18 20 22 24 Figura 61: Desequilíbrio de tensão à saída do secundário do transformador MT/BT para o cenário de simulação n.º 2 Potência Activa (kW) 20 Fase A Fase B Fase C 10 0 -10 -20 2 4 6 8 10 12 14 Hora 16 18 20 22 24 Figura 62: Potência activa injectada no nó de balanço (primário do transformador) para o cenário de simulação n.º 2 79 2.5 Fase A Fase B Fase C Potência (kW) 2 1.5 1 0.5 0 4 2 6 8 10 12 14 Hora 16 18 20 22 24 Figura 63: Perdas de potência activa na linha de distribuição para o cenário de simulação n.º 2 1.12 Fase A Fase B Fase C 1.1 Tensão (pu) 1.08 1.06 1.04 1.02 1 4 3 2 1 0 6 5 Barra 7 8 9 10 11 Figura 64: Perfil de tensões na hora de maior probabilidade de ocorrência de sobretensão para o cenário de simulação n.º 2 Fase A Fase B Fase C Tensão (pu) 1 0.95 0.9 0.85 0 1 3 2 4 6 5 Barra 7 8 9 10 11 Figura 65: Perfil de tensões na hora de maior probabilidade de ocorrência de subtensão para o cenário de simulação n.º 2 Potência (kW) 80 Potência Gerada por Hora Potência Média Diária 60 40 20 0 2 4 6 8 10 12 14 Hora 16 18 20 22 24 Figura 66: Potência activa gerada pelas unidades de microgeração para o cenário de simulação n.º 2 80 c) Cenário 3 Probabilidade (%) 70 Sobretensão Subtensão 60 50 40 30 20 10 0 2 4 6 8 10 12 14 Hora 16 18 20 22 24 Figura 67: Probabilidade de ocorrência de sobretensões e subtensões para o cenário de simulação n.º 3 Desequilíbrio (%) 0.2 Desequilíbrio Médio Desequilíbrio Máximo 0.15 0.1 0.05 0 2 4 6 8 10 12 14 Hora 16 18 20 22 24 Figura 68: Desequilíbrio de tensão à saída do secundário do transformador MT/BT para o cenário de simulação n.º 3 Potência Activa (kW) 15 Fase A Fase B Fase C 10 5 0 -5 -10 -15 2 4 6 8 10 12 14 Hora 16 18 20 22 24 Figura 69: Potência activa injectada no nó de balanço (primário do transformador) para o cenário de simulação n.º 3 81 Fase A Fase B Fase C Potência (kW) 1.5 1 0.5 0 2 4 6 8 10 12 14 Hora 16 18 20 22 24 Figura 70: Perdas de potência activa na linha de distribuição para o cenário de simulação n.º 3 1.1 Fase A Fase B Fase C Tensão (pu) 1.08 1.06 1.04 1.02 1 0 1 2 3 4 5 6 Barra 7 8 9 10 11 Figura 71: Perfil de tensões na hora de maior probabilidade de ocorrência de sobretensão para o cenário de simulação n.º 3 Fase A Fase B Fase C Tensão (pu) 1 0.95 0.9 6 5 Barra 4 3 2 1 0 7 8 9 10 11 Figura 72: Perfil de tensões na hora de maior probabilidade de ocorrência de subtensão para o cenário de simulação n.º 3 Potência Gerada por Hora Potência Média Diária Potência (kW) 60 50 40 30 20 2 4 6 8 10 12 14 Hora 16 18 20 22 24 Figura 73: Potência activa gerada pelas unidades de microgeração para o cenário de simulação n.º 3 82 d) Cenário 4 70 Sobretensão Subtensão Probabilidade (%) 60 50 40 30 20 10 0 2 4 6 8 10 12 14 Hora 16 18 20 22 24 Figura 74: Probabilidade de ocorrência de sobretensões e subtensões para o cenário de simulação n.º 4 0.2 Desequilíbrio (%) Desequilíbrio Médio Desequilíbrio Máximo 0.15 0.1 0.05 0 2 4 6 8 10 12 14 Hora 16 18 20 22 24 Figura 75: Desequilíbrio de tensão à saída do secundário do transformador MT/BT para o cenário de simulação n.º 4 Fase A Fase B Fase C Potência Activa (kW) 15 10 5 0 -5 -10 2 4 6 8 10 12 14 Hora 16 18 20 22 24 Figura 76: Potência activa injectada no nó de balanço (primário do transformador) para o cenário de simulação n.º 4 83 Fase A Fase B Fase C Potência (kW) 1.5 1 0.5 0 2 4 6 8 10 12 14 Hora 16 18 20 22 24 Figura 77: Perdas de potência activa na linha de distribuição para o cenário de simulação n.º 4 Fase A Fase B Fase C Tensão (pu) 1.06 1.04 1.02 1 1 0 2 6 5 Barra 4 3 7 8 9 10 11 Figura 78: Perfil de tensões na hora de maior probabilidade de ocorrência de sobretensão para o cenário de simulação n.º 4 Fase A Fase B Fase C Tensão (pu) 1 0.95 0.9 0 1 2 3 5 6 Barra 4 7 8 9 10 11 Figura 79: Perfil de tensões na hora de maior probabilidade de ocorrência de subtensão para o cenário de simulação n.º 4 Potência (kW) 45 Potência Gerada por Hora Potência Média Diária 40 35 30 25 20 15 2 4 6 8 10 12 14 Hora 16 18 20 22 24 Figura 80: Potência activa gerada pelas unidades de microgeração para o cenário de simulação n.º 4 84 Cenário 5 80 Sobretensão Subtensão Probabilidade (%) 70 60 50 40 30 20 10 0 2 4 6 8 10 14 12 Hora 16 18 20 22 24 Figura 81: Probabilidade de ocorrência de sobretensões e subtensões para o cenário de simulação n.º 5 0.25 Desequilíbrio Médio Desequilíbrio Máximo Desequilíbrio (%) 0.2 0.15 0.1 0.05 0 2 4 6 8 10 14 12 Hora 16 18 20 22 24 Figura 82: Desequilíbrio de tensão à saída do secundário do transformador MT/BT para o cenário de simulação n.º 5 15 Potência Activa (kW) e) Fase A Fase B Fase C 10 5 0 -5 -10 -15 2 4 6 8 10 12 14 Hora 16 18 20 22 24 Figura 83: Potência activa injectada no nó de balanço (primário do transformador) para o cenário de simulação n.º 5 85 Fase A Fase B Fase C Potência (kW) 1.5 1 0.5 0 2 4 6 8 10 12 14 Hora 16 18 20 22 24 Figura 84: Perdas de potência activa na linha de distribuição para o cenário de simulação n.º 5 1.1 Fase A Fase B Fase C Tensão (pu) 1.08 1.06 1.04 1.02 1 0 1 2 3 4 5 6 Barra 7 8 9 10 11 Figura 85: Perfil de tensões na hora de maior probabilidade de ocorrência de sobretensão para o cenário de simulação n.º 5 Fase A Fase B Fase C Tensão (pu) 1 0.95 0.9 0 1 2 3 4 5 6 Barra 7 8 9 10 11 Figura 86: Perfil de tensões na hora de maior probabilidade de ocorrência de subtensão para o cenário de simulação n.º 5 Potência Gerada por Hora Potência Média Diária Potência (kW) 60 50 40 30 20 2 4 6 8 10 12 14 Hora 16 18 20 22 24 Figura 87: Potência activa gerada pelas unidades de microgeração para o cenário de simulação n.º 5 86 5.4.4. Comentários No primeiro cenário admitiu-se que cada habitação teria instalada uma unidade aerogeradora cuja potência eléctrica produzida está dependente da distribuição de Weibull da característica do vento. Tal como pôde ser visto anteriormente na Figura 46, numa geração amostral em cada hora da velocidade do vento, esta pode apresentar um variado leque de valores, facto aliás em que se baseia o estudo probabilístico. Na Figura 59, verifica-se que a média amostral em cada hora não apresenta um desvio significativo da média das 24 horas do dia, facto que traduz a óbvia independência da velocidade do vento em relação à hora do dia, ao contrário do que acontece com a irradiância solar. Pode-se assim dizer que, para fins de simulação probabilística, a velocidade do vento é aproximadamente constante durante o dia. A execução do trânsito probabilístico permitiu a obtenção da Figura 53. Visto a velocidade do vento, como foi dito anteriormente, para fins de simulação probabilística apresentar carácter aproximadamente constante ao longo do dia, neste cenário em análise poder-se-á concluir que a probabilidade de ocorrência de sobretensões acompanha inversamente o diagrama de procura residencial. Sendo máximo nas horas de vazio e nulo nas horas de pico, horas em que, existe mesmo probabilidade de ocorrência de subtensão devido à elevada procura residencial. Na Figura 54 observa-se que os desequilíbrios verificados à saída do secundário do transformador estão muito longe do limite imposto pela norma EN 50160. O índice de desequilíbrio é praticamente constante ao longo do dia, verificando um ligeiro aumento durante as horas de pico. Já a Figura 55 indica que durante a maior parte do dia, a rede BT encontra-se a fornecer energia eléctrica produzida pelos aerogeradores á rede MT, sendo que esta energia eléctrica produzida apenas não é suficiente para satisfazer as necessidades dos consumidores entre as 18 e 21 horas do dia, facto que traduz a necessidade da rede BT ir buscar à rede MT o restante índice energético por forma a satisfazer os consumidores. Em relação às perdas nas linhas, estas são aproximadamente constantes ao longo do dia, apresentando um mínimo quando a potência eléctrica produzida iguala aproximadamente a potência consumida, facto que reduz a potência transitada do transformador MT/BT para a rede a montante, diminuindo consequentemente as perdas na linha. Na Figura 57 e Figura 58 é possível observar que nas horas de maior probabilidade de sobretensão e subtensão respectivamente, o perfil de tensões encontra-se bastante dentro das normas impostas pelo EN50160, como seria expectável visto a probabilidade de ocorrência infringimentos ser baixa, como foi possível observar na Figura 53. O segundo cenário é em tudo similar ao primeiro, sendo que a energia produzida a partir de aerogeradores é substituída pela obtida com recurso a painéis fotovoltaicos. Tal como foi explicado anteriormente, a energia solar tem a particularidade de depender quer do dia do ano, quer da hora do dia. A sua dependência da hora é observada facilmente na Figura 66. A potência produzida é nula em horas de não existência de sol, sendo que durante a sua existência, o andamento de potência produzida assemelha-se a uma parábola com o seu ponto máximo às 12 horas do dia. A Figura 60 apresenta os resultados do trânsito probabilístico para o cenário em análise. Nas horas de máxima irradiância solar, na situação mais desfavorável que corresponde à existência de microgeração solar instalada em cada 87 habitação, a probabilidade de ocorrência de sobretensões é elevada, situando-se em torno dos 50%. No entanto, convém relembrar mais uma vez que esta situação corresponde à situação limite de máxima penetração de microgeração. Nas horas de ponta, a ocorrência de sobretensões é uma inevitabilidade, devido à nula produção de energia na rede BT, desta forma, a solução passará por um reforço da rede BT. Na Figura 61, é possível observar que os desequilíbrios provocados pela ligação de painéis fotovoltaicos são inferiores àqueles obtidos devido à ligação de turbinas eólicas (cenário anterior). Este acontecimento deve-se ao simples facto de se estar na presença de um índice de claridade elevado, por se tratar de um dia de Verão. A distribuição de Hollands e Huget tem a particularidade de traduzir a menor variação do índice de claridade para índices de claridade médios elevados (normalmente durante o Verão). Deste modo, e como foi possível observar anteriormente na Figura 48 do tópico 5.3.2, a gama de amostras obtida para um índice de claridade de 0.7 é mais restrita do que aquela que se obtém para um índice de claridade inferior, neste caso 0.5. Assim, ao contrário do que acontecia com a distribuição de Weibull no primeiro cenário, a menor variação amostral de valores de potência gerados, conduz a um índice de desequilíbrio inferior. Comparativamente com o cenário n.º 1, este cenário de simulação caracteriza-se também por um consumo de energia eléctrica por parte da rede BT nas horas de não existência de sol, e de injecção na rede MT durante a sua existência, tal como pode ser verificado na Figura 62. Durante as horas de pico, pode-se também observar que a potência pedida à rede MT é cerca de três vezes superior à verificada no cenário 1, facto explicado pela ausência de produção energética, e que por sua vez explica a ocorrência de subtensões nestas mesmas horas. A característica das perdas na linha é também diferente da verificada no primeiro cenário. Neste caso, devido à baixa potência consumida nas horas de vazio e à ausência de microgeração, as perdas na linha são praticamente nulas, como se pode observar na Figura 63. Outro factor que merece realce, prende-se com as elevadas perdas durante as horas de ponta, quando comparadas com as verificadas no primeiro cenário. Pode-se concluir desta forma, que a inclusão de unidades de microgeração numa rede BT promove a diminuição de perdas de potência activa nas linhas de distribuição, tal como se tinha afirmado no Capítulo 1. Os perfis de tensão dispostos na Figura 64 e Figura 65 traduzem também o aumento de probabilidade de ocorrência de sobretensão/subtensão. O perfil de tensão médio obtido na hora de maior probabilidade de ocorrência de sobretensão encontra-se no limiar dos constrangimentos de qualidade de energia. Já o perfil de tensão médio obtido na hora de maior probabilidade de ocorrência de subtensão traduz a inevitabilidade da sua ocorrência. No terceiro cenário decidiu-se envolver ambas as tecnologias de produção de energia equitativamente. Para tal, com recurso a um algoritmo distribuiu-se aleatoriamente 18 unidades aerogeradoras e 18 painéis fotovoltaicos. Os resultados do trânsito de energia probabilístico nestas condições estão apresentados na Figura 67, sendo que alguns aspectos merecem ser salientados, quando comparados com os cenários anteriormente analisados. Primeiramente verifica-se que durante as horas de vazio a probabilidade de ocorrência de sobretensões é praticamente nula, o que se explica pela ausência de geração fotovoltaica e pelos 18 aerogeradores instalados, ao contrário do que se verificava no primeiro cenário em que existiam 36 aerogeradores. Nas horas de existência de sol, a 88 probabilidade de ocorrência de sobretensões diminui em relação ao cenário n.º2 também devido ao facto de existirem metade dos painéis fotovoltaicos instalados. Durante as horas de ponta, ao contrário do que acontecia no segundo cenário, em que a ocorrência de subtensões era uma inevitabilidade, a presença de 18 aerogeradores na rede, permite reduzir esta probabilidade em cerca de 50%. Este fenómeno híbrido entre o primeiro e segundo cenário repetir-se-á ao longo dos resultados do terceiro cenário. Finalmente, na Figura 73, tem-se o gráfico que traduz a potência produzida pelas unidades de microgeração instaladas na rede. Deste modo é explicitamente visível a redução para metade da potência gerada em horas de inexistência de sol, quando comparado com o primeiro cenário. Já nas horas de existência de sol, a produção energética quando comparada com o segundo cenário cai apenas em cerca de 25%, devido à coexistência das duas tecnologias de produção. O quarto cenário é idêntico ao seu precedente, com a única variante de se proceder à análise de um dia típico de Inverno. Na Figura 80, que traduz a potência gerada na rede BT, três factores são merecedores de ênfase. O primeiro é que como seria de esperar, existe uma diminuição do número de horas de existência de sol o que implicará numa redução da potência média diária gerada. O segundo factor consiste na redução da amplitude dos valores de potência gerada nas horas de existência de sol, resultante da menor irradiância solar disponível durante o Inverno. O terceiro aspecto consiste na irregularidade da parábola do dia de Inverno em relação ao do Verão. Este facto é facilmente explicável pela oscilação do índice de claridade ao longo do dia imposta pela variação da nebulosidade no dia de Inverno. Ao nível do trânsito probabilístico a única diferença prende-se com a diminuição da probabilidade de ocorrência de sobretensões, resultante da diminuição da potência gerada durante as horas de existência de sol. Como se pode observar na Figura 74, nas horas de pico, a probabilidade de ocorrência de subtensões em nada se altera. Os restantes gráficos serão semelhantes aos do terceiro cenário, com excepção das repercussões inerentes à diminuição da potência gerada durante as horas de existência de sol. No quinto e último cenário pretendeu-se aferir da influência da distância do posto de transformação MT/BT à rede BT sobre o funcionamento desta última. Deste modo aumentou-se a distância do cabo LSXV 4x150 de 500m para 800m, correndo-se de seguida o trânsito de energia probabilístico obtendo-se os resultados verificados na Figura 81. Verifica-se que quando comparando os resultados com aqueles obtidos na análise do cenário 3, existe um aumento da probabilidade de ocorrência de sobretensões nas horas de existência de sol, bem como do aumento da probabilidade de ocorrência de subtensões nas horas de pico. Estes factos têm como base científica o aumento da distância entre a unidade produtora e a unidade consumidora, provocando um aumento da queda de tensão intermédia durante o fluxo de potência activa. Durante as horas de existência de sol, o fluxo de potência no cabo LSXV 4x150 tem como ponto de origem a rede BT e ponto de chegada a rede a jusante do posto de transformação, tal como pode ser observado na Figura 83. Nas horas de pico de consumo, o sentido do fluxo de potência é o oposto, visto o transformador MT/BT estar a fornecer energia eléctrica à rede BT. A Figura 84 reflecte bem o facto de as perdas de potência activa aumentarem no cenário 5 em relação ao cenário 3. 89 6. Conclusões Finais Este trabalho apresentou um caso de estudo que visou a análise do impacto nos níveis de tensão fornecida aos consumidores da ligação directa à rede de distribuição de baixa tensão de unidades de microgeração. Para tal, recorreu-se ao trânsito de energia probabilístico implementando a simulação de Monte Carlo de modo a averiguar a probabilidade de ocorrência de infringimentos às regras de qualidade de tensão impostas pela norma europeia EN 50160 para diferentes cenários de simulação. Antes disso, no Capítulo 3, propuseram-se dois métodos de trânsito de energia, apresentando resultados na análise de uma rede de 34 barramentos e concluindo sobre as suas respectivas características, por forma a escolher qual deles seria mais apropriado a ser utilizado nos cálculos do Capítulo 5. Concluiu-se que o método Forward Backward Sweep é de mais fácil implementação apresentando rápida convergência na análise de redes com topologia radial e desta forma foi o método escolhido. Por fim a implementar o trânsito de energia probabilístico, foi ainda previamente necessário proceder-se à modelação probabilística das duas tecnologias de geração com recurso a energias renováveis e da variação da procura. Este processo foi introduzido e analisado no Capítulo 4. Para uma análise mais rigorosa do local susceptível a instalação de geração distribuída, numa situação real onde seja de especial importância os resultados quantitativos, a prática usual consistiria em correr o trânsito de energia probabilístico para todas as horas do ano, recorrendo a um apanhado histórico dos dados de cada hora anual do local em estudo. Desta forma, obter-se-iam resultados bastante adequados à natureza do local, fornecendo dados relevantes às entidades exploradoras da rede de distribuição local no dimensionamento das instalações de geração distribuída num dado local adequado às características. No entanto tal prática neste relatório mostrar-se-ia bastante demorosa e excederia os objectivos propostos. Para além do facto de não se estar na presença de apanhados históricos anuais quer da velocidade do vento, quer da irradiação solar necessários na determinação dos parâmetros de Weibull no caso da geração eólica e dos parâmetros da distribuição de Hollands e Huget no caso da geração fotovoltaica. Assim no caso da velocidade do vento, utilizaram-se parâmetros de Weibull estandardizados pelo LNEG para Portugal Continental, por forma a traduzir a natureza da velocidade do vento nesse local para qualquer hora do ano. Em relação à irradiância solar, utilizaram-se dados obtidos num relatório anual meteorológico, assumindo que cada valor de irradiância correspondia à irradiância média anual dessa mesma hora por forma a determinar o índice de claridade médio (𝑘𝑡𝑚 ) dessa hora do ano. Desta forma, os parâmetros da distribuição de Hollands e Huget poderão ser determinados para essa mesma hora nesse local. Visto os níveis de irradiância solar além de dependerem da hora do dia, dependerem também do dia do ano em análise, no Capítulo 5 entendeu-se por bem incluir nos cenários de simulação a análise de 2 dias distintos do ano, 1 dia de Inverno e 1 dia de Verão, por forma averiguar das suas diferenças no trânsito de energia probabilístico. 90 No Capítulo 5, procedeu-se finalmente à averiguação do impacto da microgeração na rede de distribuição de baixa tensão. Para tal, como foi dito anteriormente, executou-se o trânsito de energia probabilístico para diferentes cenários. O uso do trânsito de energia probabilístico que faz uso de uma modelação probabilística da velocidade do vento e irradiação solar através do uso de funções de densidade de probabilidade apropriadas ao carácter estocástico de cada uma dessas variáveis, permite a obtenção de uma análise qualitativa e resultados mais satisfatórios de acordo com a realidade da situação em análise, ao contrário do que acontece com o trânsito de energia determinístico. Como é sabido, a ligação de unidades de geração numa rede provoca um aumento da tensão nos seus pontos de ligação, proporcional à potência produzida. Deste modo, em cada cenário resolveu-se estudar o caso mais desfavorável à ocorrência de sobretensões que corresponde à totalidade de unidades de microgeração possíveis de ser instaladas na rede. Os resultados revelaram que mesmo na situação mais desfavorável, a ocorrência de sobretensões devido unicamente à geração eólica é relativamente baixa. Na simulação utilizou-se uma turbina eólica de 3kW, sendo que no mercado actual da microgeração, as turbinas eólicas normalmente disponibilizadas encontram-se à volta dos 1-2 kW. Facto que reduzirá ainda mais a probabilidade de ocorrência de sobretensões. Já a ocorrência de sobretensões devido exclusivamente à geração fotovoltaica é muito mais provável, sendo que esta ocorrerá na situação de irradiância solar máxima diária, entre as 11 e as 14 horas. Esta forte probabilidade também estará aliada ao facto de cada painel conter 9 módulos fotovoltaicos. Não é expectável, no entanto, que numa situação real, todos os consumidores adquiram painéis com esse número de módulos, o que necessariamente fará baixar a probabilidade de ocorrência de sobretensões. As subtensões por seu lado ocorrem devido às quedas de tensão na linha. Um redimensionamento dos cabos utilizados na rede levaria a uma diminuição das quedas de tensões e consequente diminuição da probabilidade de ocorrência de subtensões. Por forma a estudar-se também a ocorrência de desequilíbrios na sua situação mais desfavorável, determinou-se que cada carga residencial e unidade de geração teriam a sua função de densidade de probabilidade individualizada. Deste modo em cada simulação amostral, os valores de potência consumida e produzida em cada nó poderiam apresentar uma elevada discrepância entre si nessa mesma amostra, aumentando necessariamente os desequilíbrios resultantes. No entanto, os resultados obtidos permitiram demonstrar que em nenhum caso os desequilíbrios verificados à saída do secundário do transformador se aproximaram do máximo permitido (2%). Outra conclusão interessante a reter prende-se com o facto de uma maior proximidade entre o posto de transformação e o centro habitacional promover uma redução da probabilidade de ocorrência de sobretensões/subtensões. Importa deste modo, numa situação real, que o posto de transformação esteja o mais próximo possível do centro habitacional, por forma a assegurar uma melhor qualidade de tensão fornecida aos consumidores. Por fim, é seguro dizer que o trânsito de energia probabilístico aliado ao conhecimento do actual panorama de microgeração instalada na rede bem como do perfil de consumo respectivo a essa rede poderá constituir uma ferramenta importante a ser utilizada pela entidade responsável pela exploração e controlo da rede de distribuição no seu estudo e averiguação da ocorrência de acontecimentos nefastos ao seu bom funcionamento. 91 Referências [1] World Wind Energy Association, “World Wind Energy Report”, 2010 [2] Solarbuzz – Solar Market Research and Analysis [Online]. http://solarbuzz.com/ourresearch/recent-findings/solarbuzz-reports-world-solar-photovoltaic-market-grew-182gigawatts-20 [3] EFACEC [Online]. http://www.efacec.pt [4] TemplarLUZ – Renováveis [Online]. http://www.templarluz.com/area.php?var=renovaveis [5] European Standard EN 50160, “Voltage characteristics of electricity supplied by public distribution systems” [6] Limits for Voltage Unbalance in the Electricity Supply System [Online]. http://www.aadc.ae/Documents/Eng%20Rec%20No.%2010%20%20Voltage%20Unbalance%20v1.0%20.pdf [7] REN – Rede Eléctrica Nacional, S.A. 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[44] Remelgado P.A.R., “Controlo de Potência Activa Injectada na Rede por um Sistema de Microgeração do Tipo Solar Fotovoltaico”, Fevereiro 2011 94 Anexos Anexo 1: Resultados do trânsito de energia trifásico aplicado à rede IEEE de teste de 34 barramentos Dados da Rede: 𝑉𝑏𝑎𝑠𝑒 = 400 𝑉 Quer os geradores, quer as cargas apresentam um factor de potência de sensivelmente 0.895. As linhas apresentam todas a mesma impedância de 𝑍𝑙 = 2 (0.1 + 𝑗 0.01)/𝑍𝑏𝑎𝑠𝑒 𝑆𝑏𝑎𝑠𝑒 = 100 𝐾𝑉𝐴 O barramento 0 é o barramento de balanço com uma tensão 1.05 pu, e utilizou-se o critério de convergência de 𝜀 = 10−4 . Potências Injectadas: (todos os valores são multiplicados pela expressão 0.1 + 𝑗0.05) Barra 3 Tabela 17: Potências injectadas no trânsito de energia determinístico Barra 5 Barra 7 Barra 9 Barra 11 Barra 13 Barra 14 Barra 18 Fase R -0.5 -0.1 -0.2 -0.125 -0.005 1 -0.325 0.25 Fase S -0.5 -0.05 -1 -0.125 -0.025 2 -0.325 0.1 Fase T -1 -1 -0.3 -0.415 -0.045 2 -1 0.15 Barra 24 Barra 25 Barra 27 Barra 28 Barra 30 Barra 32 Barra 33 -0.25 0 -0.25 -0.1 0 1 -0.5 -0.25 0 -0.25 -0.05 -0.3 1 -0.5 -0.3 1 -0.3 -0.3 -0.25 1 -0.5 Resultados: Tabela 18: Potência injectada no barramento de balanço Potência Injectada no Barramento de Balanço Fase Fase R Fase S Fase T FBS FCIM 0.0159902 + j 0.00897694 0.0159841 + j 0.00898737 0.0711392 + j 0.0208945 0.0711362 + j 0.0208941 0.0453119 + j 0.00696943 0.0453108 + j 0.006963 Tabela 19: Carga computacional do trânsito de energia Carga Computacional FBS FCIM Número de Iterações 7 2 Tempo de Processamento (s) 0.153928 0.329296 95 Tabela 20: Resultados do trânsito de energia determinístico utilizando o método FBS Tensão Fase R Fase S Fase T Neutro Barra 0 1.05 < 0 1.05 < -120 1.05 < 120 0<0 Barra 1 1.04799 < 0.0480198 1.04452 < -119.984 1.04128 < 120.09 0.00487028 < 143.552 Barra 2 1.04598 < 0.0962241 1.03905 < -119.968 1.03257 < 120.182 0.00974056 < 143.552 Barra 3 1.04397 < 0.144614 1.03357 < -119.952 1.02386 < 120.275 0.0146108 < 143.552 Barra 4 1.04397 < 0.144614 1.03357 < -119.952 1.02386 < 120.275 0.0146108 < 143.552 Barra 5 1.04816 < 0.0606543 1.03447 < -120.064 1.02812 < 120.089 0.015196 < 162.334 Barra 6 1.05359 < -0.0484213 1.03601 < -120.189 1.03367 < 119.877 0.0177094 < 179.713 Barra 7 1.05902 < -0.156379 1.03755 < -120.314 1.03924 < 119.667 0.0214033 < -168.044 Barra 8 1.06688 < -0.312181 1.05202 < -120.692 1.04861 < 119.376 0.0158469 < -167.956 Barra 9 1.0615 < -0.195202 1.04666 < -120.591 1.03023 < 119.756 0.0202922 < 149.76 Barra 10 1.08016 < -0.579893 1.07191 < -121.157 1.07647 < 118.733 0.0176366 < -117.064 Barra 11 1.05763 < -0.109353 1.04288 < -120.52 1.01724 < 120.029 0.02735 < 133.862 Barra 12 1.08132 < -0.610018 1.06776 < -121.09 1.08109 < 118.599 0.0263807 < -118.015 Barra 13 1.09229 < -0.811556 1.09604 < -121.668 1.09983 < 118.25 0.0208716 < -79.4655 Barra 14 1.0537 < -0.0215467 1.03879 < -120.442 1.00367 < 120.322 0.0361086 < 124.911 Barra 15 1.08248 < -0.640078 1.06361 < -121.023 1.0857 < 118.467 0.0351286 < -118.493 Barra 16 1.08364 < -0.670073 1.05946 < -120.955 1.09033 < 118.335 0.0438778 < -118.78 Barra 17 1.08181 < -0.645762 1.05402 < -120.859 1.09322 < 118.243 0.0518501 < -117.296 Barra 18 1.08664 < -0.724157 1.06075 < -120.981 1.09207 < 118.297 0.0446985 < -120.727 Barra 19 1.07998 < -0.621369 1.04858 < -120.763 1.09611 < 118.152 0.0598479 < -116.207 Barra 20 1.07998 < -0.621369 1.04858 < -120.763 1.09611 < 118.152 0.0598479 < -116.207 Barra 21 1.07815 < -0.596893 1.04314 < -120.666 1.099 < 118.06 0.0678622 < -115.376 Barra 22 1.07998 < -0.621369 1.04858 < -120.763 1.09611 < 118.152 0.0598479 < -116.207 Barra 23 1.07934 < -0.623498 1.04108 < -120.639 1.1053 < 117.893 0.0762667 < -114.496 Barra 24 1.07512 < -0.545597 1.03978 < -120.594 1.0956 < 118.138 0.0674881 < -115.633 Barra 25 1.08795 < -0.769221 1.0467 < -120.771 1.12082 < 117.528 0.0870322 < -113.238 Barra 26 1.07193 < -0.502357 1.0334 < -120.479 1.09611 < 118.1 0.0739396 < -115.168 Barra 27 1.09657 < -0.912655 1.05233 < -120.901 1.12547 < 117.417 0.0872321 < -115.652 Barra 28 1.06453 < -0.37953 1.02572 < -120.317 1.08694 < 118.31 0.0716234 < -115.885 Barra 29 1.10815 < -1.09984 1.06546 < -121.185 1.13612 < 117.171 0.0864943 < -115.65 Barra 30 1.09657 < -0.912655 1.04823 < -120.815 1.12275 < 117.48 0.0886121 < -117.838 Barra 31 1.05835 < -0.275946 1.01874 < -120.167 1.0812 < 118.443 0.0720438 < -115.874 Barra 32 1.11975 < -1.28314 1.07861 < -121.462 1.14679 < 116.93 0.0857564 < -115.649 Barra 33 1.05218 < -0.171145 1.01177 < -120.015 1.07545 < 118.578 0.0724642 < -115.864 96 Corrente Fase R Fase S Fase T Neutro Barras 0-1 0.0174645 < -29.31 0.0436617 < -128.744 0.0706136 < 103.632 0.0387689 < -42.1585 Barras 1-2 0.0174645 < -29.31 0.0436617 < -128.744 0.0706136 < 103.632 0.0387689 < -42.1585 Barras 2-3 0.0174645 < -29.31 0.0436617 < -128.744 0.0706136 < 103.632 0.0387689 < -42.1585 Barras 3-4 0<0 0<0 0<0 0<0 Barras 3-5 0.0355091 < 154.294 0.0176637 < -11.8849 0.0430368 < -103.586 0.038988 < 50.4627 Barras 5-6 0.046029 < 154.054 0.0217763 < -1.55645 0.0536681 < -100.243 0.0442397 < 48.7582 Barras 6-7 0.046029 < 154.054 0.0217763 < -1.55645 0.0536681 < -100.243 0.0442397 < 48.7582 Barras 7-8 0.0667337 < 153.886 0.127598 < 28.3115 0.0856827 < -95.6425 0.0442306 < -174.004 Barras 8-9 0.0462388 < -27.9299 0.0451498 < -145.442 0.15628 < 93.3227 0.108881 < -87.1636 Barras 8-10 0.112959 < 153.143 0.172549 < 29.9431 0.241285 < -89.8496 0.115241 < 115.37 Barras 9-11 0.0332889 < -28.174 0.0318004 < -145.188 0.110465 < 93.6135 0.0764643 < -87.2066 Barras 10-12 0.0102866 < 147.609 0.0345298 < -143.568 0.0418229 < -95.6641 0.0696645 < 54.3574 Barras 10-13 0.102725 < 153.696 0.206895 < 31.0238 0.199722 < -88.634 0.101747 < 152.162 Barras 11-14 0.0338081 < -28.1671 0.0344606 < -145.224 0.115543 < 93.5905 0.0799083 < -85.8829 Barras 12-15 0.0102866 < 147.609 0.0345298 < -143.568 0.0418229 < -95.6641 0.0696645 < 54.3574 Barras 15-16 0.0102866 < 147.609 0.0345298 < -143.568 0.0418229 < -95.6641 0.0696645 < 54.3574 Barras 16-17 0.0150345 < -20.4463 0.0455121 < -144.532 0.026895 < -98.6977 0.0642194 < 65.0924 Barras 16-18 0.0251886 < 154.705 0.0110025 < 32.4442 0.0150331 < -90.2312 0.0136469 < -6.86888 Barras 17-19 0.0150345 < -20.4463 0.0455121 < -144.532 0.026895 < -98.6977 0.0642194 < 65.0924 Barras 19-20 0<0 0<0 0<0 0<0 Barras 19-21 0.0150345 < -20.4463 0.0455121 < -144.532 0.026895 < -98.6977 0.0642194 < 65.0924 Barras 20-22 0<0 0<0 0<0 0<0 Barras 21-23 0.0103196 < 150.949 0.0168808 < -139.475 0.0562834 < -94.7571 0.0674774 < 66.857 Barras 21-24 0.0252852 < -23.947 0.0287355 < -147.5 0.0295099 < 88.8338 0.00383728 < -82.1215 Barras 23-25 0.0719609 < 155.842 0.04866 < 30.4976 0.135852 < -92.5987 0.0868712 < 69.8746 Barras 23-26 0.0616851 < -23.3402 0.0653491 < -146.924 0.0796365 < 88.9266 0.0198084 < -99.7951 Barras 25-27 0.0719609 < 155.842 0.04866 < 30.4976 0.0409111 < -93.2641 0.029258 < -27.0383 Barras 26-28 0.0616851 < -23.3402 0.0653491 < -146.924 0.0796365 < 88.9266 0.0198084 < -99.7951 Barras 27-29 0.0965676 < 156.014 0.112534 < 31.4752 0.0931248 < -92.8787 0.00587366 < -121.529 Barras 27-30 0<0 0.0349419 < -147.651 0.0237839 < 87.3669 0.0288737 < -10.0974 Barras 28-31 0.051496 < -23.294 0.0594923 < -146.896 0.0499583 < 88.9988 0.00334839 < 60.1967 Barras 29-32 0.0965676 < 156.014 0.112534 < 31.4752 0.0931248 < -92.8787 0.00587366 < -121.529 Barras 31-33 0.051496 < -23.294 0.0594923 < -146.896 0.0499583 < 88.9988 0.00334839 < 60.1967 97 Tabela 21: Resultados do trânsito de energia determinístico utilizando o método FCIM Tensão Fase R Fase S Fase T Neutro Barra 0 1.05 < 0 1.05 < -120 1.05 < 120 0<0 Barra 1 1.04799 < 0.0480916 1.04452 < -119.984 1.04128 < 120.09 0.00486893 < 143.567 Barra 2 1.04598 < 0.0963679 1.03905 < -119.968 1.03257 < 120.182 0.00973785 < 143.567 Barra 3 1.04397 < 0.14483 1.03357 < -119.952 1.02386 < 120.275 0.0146068 < 143.567 Barra 4 1.04397 < 0.14483 1.03357 < -119.952 1.02386 < 120.275 0.0146068 < 143.567 Barra 5 1.04816 < 0.0609522 1.03447 < -120.064 1.02812 < 120.089 0.0151929 < 162.359 Barra 6 1.05359 < -0.0480395 1.03601 < -120.19 1.03367 < 119.877 0.0177083 < 179.741 Barra 7 1.05902 < -0.155914 1.03755 < -120.314 1.03924 < 119.667 0.0214043 < -168.016 Barra 8 1.06689 < -0.311626 1.05203 < -120.692 1.04861 < 119.376 0.0158476 < -167.913 Barra 9 1.0615 < -0.194665 1.04667 < -120.591 1.03023 < 119.756 0.0202843 < 149.785 Barra 10 1.08016 < -0.579231 1.07192 < -121.157 1.07647 < 118.733 0.0176475 < -117.039 Barra 11 1.05763 < -0.108829 1.04289 < -120.52 1.01724 < 120.029 0.0273398 < 133.874 Barra 12 1.08132 < -0.609318 1.06776 < -121.091 1.08109 < 118.599 0.0263938 < -117.998 Barra 13 1.0923 < -0.810825 1.09604 < -121.669 1.09983 < 118.25 0.0208844 < -79.4647 Barra 14 1.05371 < -0.0210353 1.03879 < -120.442 1.00367 < 120.322 0.0360975 < 124.916 Barra 15 1.08249 < -0.639341 1.06361 < -121.023 1.08571 < 118.466 0.0351437 < -118.479 Barra 16 1.08365 < -0.6693 1.05946 < -120.955 1.09033 < 118.335 0.0438952 < -118.768 Barra 17 1.08182 < -0.644972 1.05402 < -120.86 1.09322 < 118.243 0.0518697 < -117.286 Barra 18 1.08664 < -0.723363 1.06075 < -120.982 1.09207 < 118.296 0.0447158 < -120.715 Barra 19 1.07998 < -0.620562 1.04858 < -120.763 1.09611 < 118.151 0.0598696 < -116.199 Barra 20 1.07998 < -0.620562 1.04858 < -120.763 1.09611 < 118.151 0.0598696 < -116.199 Barra 21 1.07815 < -0.596069 1.04314 < -120.666 1.099 < 118.06 0.067886 < -115.369 Barra 22 1.07998 < -0.620562 1.04858 < -120.763 1.09611 < 118.151 0.0598696 < -116.199 Barra 23 1.07935 < -0.622632 1.04108 < -120.64 1.1053 < 117.893 0.0762926 < -114.49 Barra 24 1.07513 < -0.544798 1.03978 < -120.594 1.09561 < 118.138 0.0675118 < -115.627 Barra 25 1.08796 < -0.768252 1.0467 < -120.771 1.12082 < 117.527 0.0870602 < -113.232 Barra 26 1.07194 < -0.501553 1.0334 < -120.48 1.09612 < 118.1 0.0739656 < -115.163 Barra 27 1.09658 < -0.911584 1.05233 < -120.902 1.12548 < 117.417 0.0872614 < -115.643 Barra 28 1.06454 < -0.378789 1.02572 < -120.317 1.08695 < 118.31 0.0716495 < -115.879 Barra 29 1.10816 < -1.09864 1.06546 < -121.185 1.13613 < 117.171 0.0865249 < -115.639 Barra 30 1.09658 < -0.911584 1.04824 < -120.815 1.12276 < 117.479 0.0886415 < -117.829 Barra 31 1.05836 < -0.275258 1.01874 < -120.167 1.0812 < 118.443 0.0720701 < -115.87 Barra 32 1.11976 < -1.28182 1.07862 < -121.462 1.1468 < 116.93 0.0857884 < -115.635 Barra 33 1.05219 < -0.170511 1.01177 < -120.016 1.07546 < 118.577 0.0724908 < -115.861 98 Corrente Fase R Fase S Fase T Neutro Barras 0-1 0.0174643 < -29.3477 0.0436597 < -128.736 0.0706107 < 103.631 0.0387581 < -42.1436 Barras 1-2 0.0174643 < -29.3477 0.0436597 < -128.736 0.0706107 < 103.631 0.0387581 < -42.1436 Barras 2-3 0.0174643 < -29.3477 0.0436597 < -128.736 0.0706107 < 103.631 0.0387581 < -42.1436 Barras 3-4 0<0 0<0 0<0 0<0 Barras 3-5 0.0355099 < 154.315 0.0176714 < -11.8848 0.0430373 < -103.588 0.0389986 < 50.474 Barras 5-6 0.0460297 < 154.071 0.0217841 < -1.55983 0.0536683 < -100.245 0.0442503 < 48.7683 Barras 6-7 0.0460297 < 154.071 0.0217841 < -1.55983 0.0536683 < -100.245 0.0442503 < 48.7683 Barras 7-8 0.0667342 < 153.899 0.127612 < 28.3086 0.0856817 < -95.6451 0.0442339 < -174.018 Barras 8-9 0.0462385 < -27.926 0.0451529 < -145.442 0.156278 < 93.3201 0.108882 < -87.1665 Barras 8-10 0.112959 < 153.152 0.172566 < 29.9407 0.241283 < -89.8522 0.115251 < 115.367 Barras 9-11 0.0332887 < -28.1702 0.0318024 < -145.189 0.110464 < 93.611 0.0764653 < -87.2095 Barras 10-12 0.0102869 < 147.644 0.0345348 < -143.568 0.0418306 < -95.6631 0.0696821 < 54.3601 Barras 10-13 0.102724 < 153.703 0.206916 < 31.0218 0.199712 < -88.637 0.101751 < 152.166 Barras 11-14 0.0338078 < -28.1633 0.0344629 < -145.224 0.115543 < 93.588 0.0799091 < -85.8857 Barras 12-15 0.0102869 < 147.644 0.0345348 < -143.568 0.0418306 < -95.6631 0.0696821 < 54.3601 Barras 15-16 0.0102869 < 147.644 0.0345348 < -143.568 0.0418306 < -95.6631 0.0696821 < 54.3601 Barras 16-17 0.015033 < -20.4571 0.0455186 < -144.532 0.0269032 < -98.6939 0.0642351 < 65.0916 Barras 16-18 0.0251884 < 154.713 0.011004 < 32.4408 0.0150325 < -90.2333 0.0136469 < -6.85909 Barras 17-19 0.015033 < -20.4571 0.0455186 < -144.532 0.0269032 < -98.6939 0.0642351 < 65.0916 Barras 19-20 0<0 0<0 0<0 0<0 Barras 19-21 0.015033 < -20.4571 0.0455186 < -144.532 0.0269032 < -98.6939 0.0642351 < 65.0916 Barras 20-22 0<0 0<0 0<0 0<0 Barras 21-23 0.0103199 < 150.988 0.0168827 < -139.468 0.0562908 < -94.7565 0.0674939 < 66.8595 Barras 21-24 0.0252847 < -23.9377 0.0287404 < -147.505 0.029509 < 88.8327 0.00384016 < -82.0721 Barras 23-25 0.0719599 < 155.856 0.0486709 < 30.489 0.135856 < -92.5989 0.0868884 < 69.8832 Barras 23-26 0.0616834 < -23.3309 0.0653613 < -146.929 0.0796331 < 88.9261 0.019811 < -99.7639 Barras 25-27 0.0719599 < 155.856 0.0486709 < 30.489 0.0409154 < -93.2634 0.029242 < -27.0084 Barras 26-28 0.0616834 < -23.3309 0.0653613 < -146.929 0.0796331 < 88.9261 0.019811 < -99.7639 Barras 27-29 0.0965661 < 156.027 0.112558 < 31.4678 0.0931293 < -92.8787 0.00586306 < -121.826 Barras 27-30 0<0 0.0349491 < -147.658 0.0237839 < 87.3664 0.0288814 < -10.0938 Barras 28-31 0.0514946 < -23.2848 0.0595034 < -146.901 0.0499559 < 88.9983 0.00334982 < 60.0189 Barras 29-32 0.0965661 < 156.027 0.112558 < 31.4678 0.0931293 < -92.8787 0.00586306 < -121.826 Barras 31-33 0.0514946 < -23.2848 0.0595034 < -146.901 0.0499559 < 88.9983 0.00334982 < 60.0189 99 Anexo 2: Noções de Probabilidade As noções de probabilidade seguintes [23] poderão ser úteis na compreensão da literatura presente no capítulo 4. A geração de potência por parte de unidades de conversão de energia solar/eólica em energia eléctrica é caracterizada pelo carácter estocástico associado à radiação solar e velocidade do vento, respectivamente. Estas duas variáveis são aleatórias, cuja ocorrência poderá ser aproximada por uma dada distribuição probabilística, num dado local. Deste modo, uma variável aleatória pode ser entendida como uma variável quantitativa, cujo valor depende de factores aleatórios. Matematicamente é uma função que associa elementos do espaço amostral a valores numéricos. 𝑋∶𝛺→ ℝ Ela poderá ser discreta ou contínua. No trabalho em causa, as variáveis aleatórias em estudo são claramente contínuas, pois o conjunto de valores possíveis é infinito não numerável, neste caso, um intervalo real [a,b]. A v.a. X diz-se contínua, caso 𝐹𝑋 (𝑥) = 𝑃(𝑋 ≤ 𝑥) seja contínua em ℝ e exista uma função real de variável real, 𝑓𝑋 (𝑥), que verifique: 𝑓𝑋 (𝑥) ≥ 0, ∀𝑥 ∈ ℝ 𝑥 𝐹𝑋 (𝑥) = 𝑃(𝑋 ≤ 𝑥) = ∫−∞ 𝑓𝑋 (𝑡) 𝑑𝑡 A função 𝑓𝑋 (𝑥) é denominada de função de densidade de probabilidade, enquanto que a função 𝐹𝑋 (𝑥) é denominada de função de distribuição acumulada. A função de densidade de probabilidade (f.d.p.), 𝑓𝑋 (𝑥), define a probabilidade de X pertencer a um intervalo e satisfaz as seguintes condições: +∞ ∫−∞ 𝑓𝑋 (𝑥) 𝑑𝑥 = 1 𝑏 ∫𝑎 𝑓𝑋 (𝑥)𝑑𝑥 = 𝑃(𝑎 < 𝑋 ≤ 𝑏), ∀𝑎 < 𝑏 𝑃(𝑋 = 𝑥) = 0, ∀𝑥 ∈ ℝ, i.e., a probabilidade da v.a. tomar o valor real x é nula (o evento é quase-impossível) 100 A função de distribuição acumulada (f.d.a.), 𝐹𝑋 (𝑥), descreve completamente a distribuição da probabilidade de uma variável aleatória de valor real X e é definida por: 𝐹𝑋 (𝑥) = 𝑃(𝑋 ≤ 𝑥) +∞ = � −∞ 𝑓𝑋 (𝑡) 𝑑𝑡, 𝑥∈ℝ = Á𝑟𝑒𝑎 𝑠𝑜𝑏 𝑜 𝑔𝑟á𝑓𝑖𝑐𝑜 𝑑𝑎 𝑓. 𝑑. 𝑝. 𝑑𝑒 𝑋 𝑒𝑛𝑡𝑟𝑒 − ∞ 𝑒 𝑥 A f.d.a. da v.a. X, 𝐹𝑋 (𝑥), tem as seguintes propriedades: 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. Função contínua, logo contínua quer à direita, quer à esquerda, ou seja, 𝐹𝑋 (𝑥) = 𝐹𝑋 (𝑥 + ) = 𝐹𝑋 (𝑥 − ), ∀𝑥 ∈ ℝ ; Função monótona não decrescente de x ; 0 ≤ 𝐹𝑋 (𝑥) ≤ 1 ; 𝐹𝑋 (−∞) = lim𝑥→−∞ 𝐹𝑋 (𝑥) = 0 ; 𝐹𝑋 (+∞) = lim𝑥→+∞ 𝐹𝑋 (𝑥) = 1 ; 𝑃(𝑋 ≤ 𝑥) = 𝑃(𝑋 < 𝑥) = 𝐹𝑋 (𝑥) ; 𝑃(𝑋 > 𝑥) = 1 − 𝐹𝑋 (𝑥) ; E ainda para a < b, 8. 𝑏 𝑃(𝑎 < 𝑋 ≤ 𝑏) = 𝑃(𝑎 < 𝑋 < 𝑏) = 𝑃(𝑎 ≤ 𝑋 ≤ 𝑏) = 𝑃(𝑎 ≤ 𝑋 < 𝑏) = ∫𝑎 𝑓𝑋 (𝑥) 𝑑𝑥 = 𝐹𝑋 (𝑏) − 𝐹𝑋 (𝑎), ∀𝑎 < 𝑏 . De referir que é possível obter-se a f.d.p, derivando a f.d.a. : 𝑓𝑋 (𝑥) = 𝑑𝐹𝑋 (𝑥) 𝑑𝑥 Pode-se ainda referir uma outra função probabilística, que corresponde à inversa da f.d.a, denominada de função quantil, Q, que é definida por variáveis reais entre 0 e 1. 𝑄 = 𝐹 −1 (𝑦) A função quantil apresenta as seguintes propriedades: 1. 2. 3. 4. 5. 𝐹 −1 é não descrescente ; 𝐹 −1 (𝐹(𝑥)) ≤ 𝑥 ; 𝐹(𝐹 −1 (𝑦)) ≥ 𝑦 ; 𝐹 −1 (𝑦) ≤ 𝑥 se e só se 𝑦 ≤ 𝐹(𝑥) Se Y tem uma distribuição U[0,1] então 𝐹 −1 (𝑌) tem a distribuição de F . 101 Anexo 3: Dados de irradiância solar possíveis de ser utilizados no trânsito de energia probabilístico Tabela 22: Irradiâncias Solares e Temperaturas Ambientes de 4 dias típicos das estações do ano INVERNO Horas PRIMAVERA VERÃO OUTONO Irradiância Temp. Irradiância Temp. Irradiância Temp. Irradiância Temp. Solar Ambiente Solar Ambiente Solar Ambiente Solar Ambiente 2 o 2 o 2 o 2 o [W/m ] ( C) [W/m ] ( C) [W/m ] ( C) [W/m ] ( C) 1 0 7.9 0 12.1 0 20.5 0 12.6 2 0 7.2 0 12.1 0 20.1 0 11.6 3 0 6.3 0 11.8 0 19.8 0 11.2 4 0 5.5 0 11.6 0 19.3 0 10.7 5 0 4.8 0 11.0 0 19.2 0 10.1 6 0 4.1 0 10.7 57 19.4 0 9.9 7 0 3.5 84 10.1 231 20.2 6 10.1 8 35 3.8 359 10.6 415 22.0 61 9.9 9 161 4.5 434 10.6 593 24.2 135 11.8 10 290 6.0 717 11.3 746 26.9 241 13.5 11 328 8.3 723 12.1 859 29.2 347 15.9 12 394 10.1 726 13.3 919 32.0 263 17.8 13 387 11.9 410 14.1 919 34.0 262 19.4 14 307 13.0 485 15.3 859 35.0 256 20.9 15 203 12.9 412 16.1 746 35.5 155 21.4 16 84 12.2 286 16.4 593 34.3 219 20.5 17 12 11.3 146 16.5 415 33.2 130 19.1 18 0 9.7 37 16.3 231 31.0 8 17.3 19 0 8.8 2 15.3 57 28.6 0 16. 20 0 7.9 0 15.1 0 26.7 0 14.7 21 0 6.9 0 13.9 0 25.1 0 13.7 22 0 6.6 0 13.0 0 23.9 0 12.9 23 0 5.9 0 12.6 0 22.5 0 12.3 24 0 5.10 0 12.0 0 21.9 0 11.7 102 Anexo 4: Classes e Comprimento de Rugosidade Tabela 23: Comprimento de rugosidade do terreno definido no Atlas Europeu do Vento Classe de Comprimento de Índice rugosidade Rugosidade (m) energético (%) 0 0.0002 100 Tipo de panorama Superfície da água Terrenos completamente abertos com superfície 0.5 0.0024 73 lisa, ex: pistas de cimento em aeroportos, relva aparada Áreas agrícolas abertas, sem muros ou cercas, 1 0.03 52 com construções muito esparsas. Apenas colinas suaves Áreas agrícolas com algumas casas e sebes 1.5 0.055 45 de 8 m de altura com uma distância aproximada de 1250 m. Áreas agrícolas com algumas casas, arbustos e 2 0.1 39 plantas, ou sebes de 8 m com uma distância de aproximadamente 500 m. Áreas agrícolas com muitas casas, arbustos e 2.5 0.2 31 plantas, ou sebes de 8 m com uma distância de aproximadamente 250 m. Vilas, pequenas cidades, e áreas agrícolas com 3 0.4 24 muitas ou altas sebes, florestas e terrenos muito acidentados. 3.5 0.8 18 Grandes cidades com altos edifícios 4 1.6 13 Metrópoles com altos edifícios e arranha-céus. 103