Elementos de Hidrologia Aplicada Prof. Antenor Rodrigues Barbosa Júnior 7. Previsão de Enchentes 7. PREVISÃO DE ENCHENTES 7.1. GENERALIDADES O termo previsão de enchentes, neste curso, aplica-se ao cálculo de uma enchente de projeto por extrapolação dos dados históricos para as condições mais críticas. Como exemplo, considera-se certa seção fluviométrica de um rio para a qual se dispõe de 30 anos de dados de vazão. Assim, a maior vazão observada tem a probabilidade aproximada de ocorrer, ou ser superada, uma vez a cada 30 anos. Se o problema for o cálculo da vazão máxima provável de acontecer uma vez a cada 100 anos, estar-se-á tratando, basicamente, da extrapolação de dados históricos para a previsão da enchente de 100 anos. É interessante fazer a distinção dos conceitos de cheia (ou enchente) e inundação. A enchente caracteriza-se pela ocorrência da vazão relativamente grande do escoamento superficial, enquanto a inundação distingue-se pelo extravasamento do canal. Uma enchente pode ou não causar inundação. Obras de controle podem ser realizadas no rio para evitar a ocorrência da inundação. Por outro lado, a existência de alguma obstrução no escoamento natural do rio pode levar à inundação, mesmo não havendo grande aumento do escoamento superficial. Em suma, a enchente refere-se a uma ocorrência natural, cíclica, que normalmente não afeta diretamente os habitantes da região; já as inundações são decorrentes de alterações no uso do solo e podem provocar danos de grandes proporções. 7.2. CÁLCULO DA VAZÃO DE ENCHENTE O cálculo da enchente, utilizado no projeto de obras hidráulicas (bueiros, canais, vertedores etc.), é um procedimento necessário no dimensionamento de obras de controle e proteção contra inundações. A finalidade do cálculo da vazão de enchente pode ser: a) para definir a vazão máxima de projeto; b) para estabelecer, se possível, o hidrograma da cheia, isto é, para determinar a distribuição das vazões ao longo do tempo, desde o instante em que se tem o aumento da vazão determinado pelo escoamento superficial produzido por determinada chuva, até o fim da contribuição do escoamento superficial. No cálculo da vazão de enchente podem ser utilizados métodos baseados em dados de chuva, que fazem a transformação da chuva em vazão, como o método do hidrograma unitário1 e o método racional, vistos no capítulo anterior. Pode-se, ainda, quando se dispõe da série histórica de vazão, recorrer a modelos ou leis de probabilidade já consagrados, que permitem prever a enchente com base na descrição das frequências de ocorrência dos eventos extremos de vazão. A seleção da técnica mais apropriada para a determinação da enchente de projeto depende do tipo, quantidade e qualidade dos dados hidrológicos disponíveis. 1 O método do hidrograma unitário (método do HU) empregado no cálculo da vazão de enchente requer poucos dados e é facilmente adaptável às chuvas de diferentes durações e intensidades. Contudo, ele não permite a associação do período de retorno aos resultados obtidos. Mesmo quando o período de retorno da chuva é conhecido, a transformação efetuada pelo modelo geralmente afeta a distribuição de frequência do evento. 150 Elementos de Hidrologia Aplicada Prof. Antenor Rodrigues Barbosa Júnior 7. Previsão de Enchentes Os métodos de transformação de chuva em vazão já foram estudados no capítulo anterior, que trata do escoamento superficial. Por isso, no presente capítulo tratar-se-á apenas do uso de leis de probabilidade na previsão da vazão de enchente. 7.3. PERÍODO DE RETORNO PARA O CÁLCULO DA ENCHENTE Conforme já visto, o período de retorno ou intervalo de recorrência de uma enchente é o tempo médio, em anos, em que a enchente é igualada ou superada pelo menos uma vez. Como forma de determinação do período de retorno para o cálculo da vazão de enchente pode ser utilizado um critério baseado na fixação do risco, ou um critério econômico ou, ainda, um critério baseado na experiência do projetista, este último sendo o mais comumente adotado no Brasil. i) Critério de Fixação do Risco Para a escolha do período de retorno da enchente de projeto pode-se recorrer ao procedimento de fixação do risco assumido para o caso de a obra vir a falhar dentro do seu tempo de vida útil. Isto porque a estrutura projetada para determinada vazão de pico correrá certo risco de falha dentro do seu período de vida útil: isso significa que a vazão de projeto poderá ser excedida dentro do período de vida útil da obra. A seleção do risco que se deseja correr depende da gravidade da falha para o funcionamento da estrutura ou obra, bem como dos recursos disponíveis para a sua construção, entre outros fatores. Para obter uma expressão para o período de retorno em função do risco, considere o evento de magnitude Qp2, com intervalo de recorrência Tr. Então a probabilidade de que este evento seja igualado ou superado em um ano qualquer pode ser expressa por PQ Q p 1 . Tr (1) Assim, em outras palavras, se determinada obra (vertedor de barragem, galeria de águas pluviais, bueiro, canal de sistema de drenagem, etc.) for construída para a vazão de cheia de projeto Qp, correspondente a um intervalo de recorrência de Tr anos, então, para cada ano de funcionamento do sistema, a probabilidade de ocorrer falha (vazão de projeto ser superada) é igual a 1/Tr. Considerando-se somente as possibilidades de que a falha ocorra ou não, a probabilidade de não ocorrência da falha num ano qualquer será, então, 1 1 Tr . Para n anos de vida útil da obra, ou para um tempo de construção de n anos, a probabilidade do sistema não falhar nenhuma vez neste período é a chamada segurança, S: S 1 1 Tr 1 1 Tr 1 1 Tr S 1 1 Tr . n (2) n vezes Consequentemente, numa série de n anos, o risco de falha será representado pela probabilidade R de que ao menos um evento iguale ou exceda o evento de intervalo de recorrência Tr. Ou seja, R 1 S R 1 1 1 Tr . n (3) Dessa maneira, pode-se escolher o período de retorno da cheia a ser utilizado no projeto da obra hidráulica, conhecendo-se o tempo de vida provável da estrutura, ou o tempo de duração da sua construção, e fixando-se o risco que se deseja correr de que a obra venha a falhar. A título de ilustração, na Tabela 7.1 apresentam-se os períodos de retorno para diferentes valores do risco 2 Qp é a vazão de pico ou de projeto. 151 Elementos de Hidrologia Aplicada Prof. Antenor Rodrigues Barbosa Júnior 7. Previsão de Enchentes e da vida útil provável da estrutura, calculados com base na Eq. (3). Sugere-se ao estudante completar a tabela para os valores de Tr correspondentes ao risco assumido de 90%. Tabela 7.1 – Período de retorno estabelecido de acordo com o critério de fixação do risco Período de retorno, Tr (anos) Vida provável da estrutura, n (anos) Risco a ser assumido 1 10 20 50 100 1000 1% 100 995 1990 4975 9950 99500 5% 20 195 390 975 1950 19496 10% 10 95 190 475 950 9492 50% 2 15 29 73 145 1443 1,0 2,7 4,9 11 22 217 90% 99% EXEMPLO 7.1 Para uma usina hidrelétrica como a de Itaipu, para a vazão de projeto dos vertedores assumiu-se um risco de falha de 1%. Se a vida útil do sistema é estimada em 100 anos, qual o período de retorno da vazão de projeto? SOLUÇÃO A partir da Eq. (3) rearranjada, é possível expressar o período de retorno como uma função da vida útil n e do risco R. Este período de retorno, chamado período de retorno de projeto, é calculo como Tr 1 . 1 1 R 1n (4) Assim, com os dados do problema, Tr 1 1 1 0,01 1 100 Tr 9950 anos. O resultado desse problema confere com aquele apresentado na Tabela 7.1. EXEMPLO 7.2 Para a canalização de um córrego urbano adotou-se a vazão de projeto correspondente ao período de retorno Tr = 20 anos. Se a vida útil da obra é de 50 anos, qual o risco que se corre de a obra falhar? SOLUÇÃO Pela Eq. (3): 1 R 1 1 20 50 0,92 92% . 152 Elementos de Hidrologia Aplicada Prof. Antenor Rodrigues Barbosa Júnior 7. Previsão de Enchentes Observação: Admitindo-se que o período de retorno de uma vazão de cheia de vazão Qp = 1.000m3/s seja de 100 anos, a probabilidade de que essa vazão seja excedida num ano qualquer será: P{QQp} = 1/Tr = 1/100 = 0,01. Ou seja, a “probabilidade de excedência” da vazão de 1.000m3/s será igual a 1%. Importante compreender que ao se fixar uma cheia de 100 anos não significa que a vazão correspondente será excedida exatamente a cada 100 anos, e sim que, para um número extremamente grande de ocorrências, ter-se-á, em média, uma excedência da vazão de cheia a cada 100 anos. Este período de 100 anos é, portanto, um período de retorno médio. Vazões de enchente seguem um modelo de Bernoulli, para o qual a probabilidade de ocorrência de um evento é independente do tempo e do histórico das ocorrências e não ocorrências. Para tal modelo, num tempo qualquer, um evento de dada magnitude poderá ocorrer com a probabilidade P=1/Tr, ou não ocorrer com a probabilidade (1P) = (11/Tr). Assim, por exemplo, a probabilidade de ocorrer um único evento em 3 anos será: P·(1P)·(1P) + (1P)·P·(1P) + (1P)·(1P)·P que é igual a 3·P·(1P)2. Pode-se, então, generalizar para a probabilidade de ocorrência de exatamente k eventos em n anos, a qual será igual ao número de modos de se arranjar k valores de P, entre os n itens. Em termos da probabilidade de excedência, isso corresponde a uma distribuição binomial de probabilidade: f x exatamente k eventos em n anos C nk P k 1 P n k em que: P = probabilidade de excedência de um evento num ano qualquer; fx = probabilidade de ocorrência de k eventos (excedência) em n anos; n! . C nk k!n k ! Em estudos hidrológicos, usualmente não é importante conhecer a probabilidade com que a cheia é excedida exatamente k vezes, e sim a probabilidade de ocorrência de um ou mais eventos de excedência em n anos. Ou seja, interessa conhecer f x 1 ou mais eventos em n anos 1 f zero evento em n anos. Ou, n 0 f x 1 ou mais eventos em n anos 1 C 0n P 0 1 P , que resulta em n f x pelo menos uma cheia em n anos 1 1 P . A última expressão fornece, então, a probabilidade, fx, da obra ou estrutura falhar ao menos uma vez, em anos. Representa, portanto, o risco de ocorrência R de uma cheia com vazão superior à de projeto (ou vazão superior à de recorrência Tr), em n anos de vida útil da obra. Alternativamente, para o tempo de vida útil do projeto, n, e para um nível de risco de falha aceitável, R = fx100 (%), a probabilidade de excedência P e o período de retorno Tr (Tr=1/P) da cheia de projeto podem ser calculados a partir daquela expressão, que é idêntica à Eq. (3). EXEMPLO 7.3 Um bueiro é projetado para um intervalo de recorrência de 50 anos. Qual a probabilidade de ocorrer exatamente uma cheia da magnitude igual à de projeto em 100 anos de vida útil da estrutura? 153 Elementos de Hidrologia Aplicada Prof. Antenor Rodrigues Barbosa Júnior 7. Previsão de Enchentes SOLUÇÃO f x exatamente k eventos em n anos C nk P k 1 P No caso: Tr = 50 anos; n = 100 anos; k = 1. Assim, P = probabilidade de excedência = 1/Tr = 1/50 = 0,02. Portanto, 100! 1001 1 99 1 f x exatamente 1 evento em 100 anos C100 0,02 1 0,02 0,27 1 P 1 P 1!100 1! f x 0,27 27% . n k EXEMPLO 7.4 Qual a probabilidade do bueiro do problema exemplo 7.3 experimentar pelo menos uma cheia de projeto em seu tempo de vida útil? SOLUÇÃO O que se procura, agora, é exatamente o risco: 100 R = f x pelo menos uma cheia em n 100 anos 1 1 P Portanto, 100 R = f x pelo menos uma cheia em n 100 anos 1 1 0,02 0,87 R = f x 0,87 87% . ii) Critério Econômico de Fixação do Risco Pelo critério econômico, o período de retorno da vazão de projeto deveria ser aquele que conduzisse ao menor custo global. Por exemplo, em caso de existência de seguro contra enchentes, poder-se-ia construir uma curva que fizesse a representação dos custos anuais do seguro em função do período de retorno Tr e, no mesmo gráfico, se lançariam os gastos anuais de amortização do capital aplicado na obra. A soma dessas duas parcelas geraria uma nova curva que, passando por um ponto de mínimo, produziria neste ponto o período de retorno mais econômico. A Figura 7.1 procura ilustrar a aplicação do critério econômico. iii) Critérios usualmente adotados no Brasil Em geral, a ausência de seguros contra enchentes ou a dificuldade de obtenção de informações a esse respeito conduz à utilização de outros critérios para a fixação do período de retorno da vazão de cheia de projeto. A depender do tipo de obra, as principais variáveis consideradas para a fixação do período de retorno são: a) a vida útil da obra, b) o tipo de estrutura, c) a facilidade de reparação e ampliação, e d) o perigo de perda de vida. Baseado nestes parâmetros, adotam-se os seguintes valores médios do período de retorno: Para o dimensionamento do extravasor de barragem de terra: Tr 1000 anos Para o dimensionamento do extravasor de barragem de concreto: Tr 500 anos Para galerias de águas pluviais: Tr 5 a 20 anos Para pequena barragem de concreto para fim de abastecimento: Tr 50 a 100 anos 154 Elementos de Hidrologia Aplicada Prof. Antenor Rodrigues Barbosa Júnior 7. Previsão de Enchentes Figura 7.1 – Obtenção do período de retorno pelo critério econômico. 7.4. USO DE LEI DE PROBABILIDADE NA PREVISÃO DE ENCHENTES Todos os projetos de engenharia são planejados para o futuro, não havendo certeza absoluta das exatas condições de trabalho da obra ou estrutura. Na área estrutural, por exemplo, o projetista estabelece as cargas atuantes, mas não tem certeza de que estas cargas não serão excedidas. Para levar em conta as incertezas, lança mão de hipóteses, baseadas na razão, e considera fatores de segurança nos dimensionamentos. Da mesma forma, o engenheiro de recursos hídricos não estará absolutamente certo da vazão que afetará o projeto. Contudo, deve estar consciente de que um erro acentuado de previsão das quantidades hidrológicas poderá causar efeitos destruidores indesejáveis, que podem inviabilizar economicamente todo o projeto. Uma vez que o comportamento exato das vazões em anos futuros não pode ser absolutamente previsto, procura-se introduzir leis de probabilidade de modo a estabelecer as prováveis variações para permitir que o plano seja completado com base em um risco calculado. Recorre-se, pois, à análise estatística com o propósito de utilizar os eventos de descargas observadas (série histórica de vazões) num dado período, como meio de se efetuar a projeção para um período de tempo maior. Na previsão de enchentes, ou seja, na determinação da magnitude das vazões de pico das cheias (que são as vazões críticas ou de projeto), recorre-se ao uso de modelos de probabilidade, a partir de um enfoque estatístico que consiste em definir a relação entre as descargas máximas e as correspondentes frequências de ocorrência, apoiando-se no estudo de uma série3 de dados observados. A suposição básica é que as cheias verificadas durante um determinado período possam ocorrer em um período futuro de características hidrológicas similares, isto é, com uma expectativa de repetição. As funções matemáticas de distribuição de probabilidade mais utilizadas na análise de frequência das vazões de enchente são: 1) distribuição gama, também conhecida como distribuição Pearson tipo III; 2) transformação logarítmica da distribuição gama, também conhecida como distribuição logPearson tipo III; 3) transformação de potência da distribuição gama, ou distribuição de Kritskiy-Menkel; 3 Na análise de frequência das cheias, a série anual é mais popular do que a série parcial. 155 Elementos de Hidrologia Aplicada Prof. Antenor Rodrigues Barbosa Júnior 7. Previsão de Enchentes 4) distribuições exponenciais, também conhecidas como distribuições de valores extremos ou distribuições de Fisher-Tippett, que são de três tipos: tipo I, duplo exponencial, conhecida como distribuição Gumbel; tipo II, conhecida como distribuição de Fréchet; e tipo III, conhecida como distribuição de Goodrich ou Weibull; 5) distribuição gaussiana (distribuição normal de probabilidade); 6) transformação logarítmica da distribuição normal, também conhecida como distribuição lognormal ou distribuição de Galton. Em princípio, não existe nenhuma razão para considerar um dos modelos acima como superior aos demais. Por isso, na seleção da distribuição mais apropriada a ser ajustada a uma determinada base empírica de dados recorre-se, normalmente, a técnicas matemáticas de ajuste de curvas. Um procedimento simples e rápido, embora não necessariamente o mais preciso, consiste em lançar os pares de valores de frequência e vazão em papel de probabilidade4. Assim, se num dado papel de probabilidade os dados ajustarem-se segundo uma linha reta, então a distribuição de probabilidade correspondente será considerada adequada para a realização das previsões. Ven Te Chow mostrou que a maioria das distribuições de probabilidade usadas em hidrologia pode ser posta na forma x Tr x K s (05) onde: xTr = magnitude da variável (vazão ou chuva) atingida ou superada pelo menos uma vez em Tr anos, x = valor médio da variável considerada, s = desvio-padrão, e K = fator de frequência. O fator de frequência da equação de Chow depende do tipo de distribuição, da frequência (ou período de retorno) e do coeficiente de assimetria. Apresentam-se, a seguir, algumas distribuições de probabilidade normalmente empregadas na análise de frequência das cheias e outros eventos extremos. 7.4.1 A DISTRIBUIÇÃO NORMAL Um fenômeno completamente aleatório segue a distribuição de probabilidade de Gauss, ou distribuição normal. Se uma variável aleatória x tem distribuição normal, a função densidade de probabilidade da variável aleatória x, f(x), é dada por 1 x 2 f x exp 2 2 1 (06) onde e são, respectivamente, a média e o desvio-padrão da população. Para uma amostra da população, as estimativas da média e do desvio-padrão podem ser obtidas, respectivamente, de N x 4 x i 1 N i , (07) Cada distribuição terá um papel probabilidade específico. 156 Elementos de Hidrologia Aplicada Prof. Antenor Rodrigues Barbosa Júnior N s x i 1 i x 7. Previsão de Enchentes 2 N 1 . (08) Ao medir x, a probabilidade de se encontrar um valor menor ou igual a um valor extremo xp é dada pela função densidade de probabilidade acumulada: Fx p Px x p xp f x dx . (09) Para a distribuição normal, os gráficos representativos das expressões de f(x) e F(x), em função da variável x, são mostrados nas Figuras 7.2 e 7.3. Em vez de plotar F(x) em escala aritmética, pode-se utilizar o chamado papel aritmético de probabilidade, onde a escala de F(x) é tal que transforma a “curva em S”, característica da distribuição normal, em uma reta, tendo a abscissa escala aritmética, conforme ilustrado na Figura 7.4. Para o traçado desta reta, lança-se mão de algumas propriedades da distribuição normal, sendo suficiente, no caso, considerar: F( x ) = P{x < x }= 0,5; F( x s ) = P{X < x s } = 0,1587; F( x s ) = P{X < x s } = 0,8413. Nos manuais de estatística e probabilidade, os valores das frequências acumuladas da distribuição normal são fornecidos em tabelas construídas em termos de uma nova variável, chamada de variável reduzida z, que se obtém da transformação: z xx . s (10) Esta nova variável z, também chamada variável normalizada, tem média zero e desvio-padrão igual a unidade. Consequentemente, a função densidade de probabilidade escrita para a variável normalizada z, também chamada função densidade de probabilidade normalizada, exprime-se na forma: f z 1 exp z 2 . 2 2 1 (11) E a função densidade de probabilidade acumulada correspondente escreve-se como Fz p zp f z dz P{z<zp}. (12) As representações gráficas de f(z) e F(z) são conforme a Figura 7.5 A comparação da Eq. (10) com a Eq. (5) mostra que, para a distribuição normal, o fator de frequência de Chow corresponde à própria variável reduzida z, isto é: K x Tr x z. s (13) Para esta distribuição simétrica, os valores de K podem, então, ser obtidos de tabelas de z construídas em função da frequência acumulada F(z), como a Tabela 7.2. Na Tabela 7.2, F(z) = P{Z<z} = z 1 exp z 2 dz 2 2 1 157 (14) Elementos de Hidrologia Aplicada Prof. Antenor Rodrigues Barbosa Júnior 7. Previsão de Enchentes Figura 7.2 – Distribuição normal – função densidade de probabilidade Figura 7.3 – Distribuição normal – função densidade de probabilidade acumulada Figura 7.4 – Distribuição normal – função densidade de probabilidade acumulada em papel de probabilidade 158 Elementos de Hidrologia Aplicada Prof. Antenor Rodrigues Barbosa Júnior 7. Previsão de Enchentes Figura 7.5 – Representações gráficas das frequências relativas e acumuladas para a variável reduzida z da distribuição normal de probabilidade. 7.4.2 A DISTRIBUIÇÃO LOG-NORMAL Os registros das vazões médias diárias durante um ano hidrológico mostram que estas não constituem um evento completamente aleatório. Em verdade, as vazões dependem de um conjunto de fatores5, tais como precipitação, solo, vegetação, topografia, precipitação antecedente, temperatura, estação do ano, obras no curso d’água, etc. Os pesos desses fatores na formação do escoamento superficial, que juntamente com a contribuição subterrânea dá a vazão do rio, não são iguais: as influências da precipitação e dos fatores geomorfológicos são mais determinantes. Conforme exposto, as vazões máximas anuais, isto é a série anual dos eventos extremos constituídos pelas máximas vazões médias diárias de cada ano, por não serem tais vazões completamente aleatórias não seguem uma distribuição de Gauss. Entretanto, se ao invés das vazões forem considerados os logaritmos dos seus valores, esses últimos aproximam-se relativamente bem da distribuição normal. Assim, denotando por x à variável hidrológica (no caso, x representando a vazão Q), e fazendo-se y log x (15) ter-se-á f y 1 y y 2 exp 2 s y 2 1 sy onde y média dos logaritmos de x; e s y desvio-padrão dos logaritmos de x. 5 Tais fatores foram vistos e analisados nos capítulos anteriores. 159 (16) Elementos de Hidrologia Aplicada Prof. Antenor Rodrigues Barbosa Júnior 7. Previsão de Enchentes Tabela 7.2 – Função de distribuição acumulada de probabilidade – Lei normal ou de Gauss ( = 0; = 1) K=z 0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,00 0,01 0,02 0,03 0,04 0,05 0,06 0,07 0,08 0,09 0,5000 0,5398 0,5793 0,6179 0,6554 0,5040 0,5438 0,5832 0,6217 0,6591 0,5080 0,5478 0,5871 0,6255 0,6628 0,5120 0,5517 0,5910 0,6293 0,6664 0,5160 0,5557 0,5948 0,6331 0,5700 0,5199 0,5596 0,5987 0,6368 0,6736 0,5239 0,5636 0,6026 0,6406 0,6772 0,5279 0,5675 0,6064 0,6443 0,6808 0,5319 0,5714 0,6103 0,6480 0,6844 0,5359 0,5753 0,6141 06517 0,6879 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 0,6915 0,7257 0,7580 0,7881 0,8159 0,6950 0,7291 0,7611 0,7910 0,8186 0,6985 0,7324 0,7642 0,7939 0,8212 0,7019 0,7357 0,7673 0,7967 0,8238 0,7054 0,7389 0,7704 0,7995 0,8264 0,7088 0,7422 0,7734 0,8023 0,8289 0,7123 0,7454 0,7764 0,8051 0,8315 0,7157 0,7486 0,7794 0,8078 0,8340 0,7190 0,7517 0,7823 0,8106 0,8365 0,7224 0,7549 0,7852 0,8133 0,8389 1,0 1,1 1,2 1,3 1,4 0,8413 0,8643 0,8849 0,9032 0,9192 0,8438 0,8665 0,8869 0,9049 0,9207 0,8461 0,8686 0,8888 0,9066 0,9222 0,8485 0,8708 0,8907 0,9082 0,9236 0,8508 0,8729 0,8925 0,9099 0,9251 0,8531 0,8749 0,8944 0,9115 0,9265 0,8554 0,8770 0,8962 0,9131 0,9279 0,8577 0,8790 0,8980 0,9147 0,9292 0,8599 0,8810 0,8997 0,9162 0,9306 0,8621 0,8830 0,9015 0,9177 0,9319 1,5 1,6 1,7 1,8 1,9 0,9332 0,9452 0,9554 0,9641 0,9713 0,9345 0,9463 0,9564 0,9649 0,9719 0,9357 0,9474 0,9573 0,9656 0,9726 0,9370 0,9484 0,9582 0,9664 0,9732 0,9382 0,9495 0,9591 0,9671 0,9738 0,9394 0,9505 0,9599 0,9678 0,9744 0,9406 0,9515 0,9608 0,9686 0,9750 0,9418 0,9525 0,9616 0,9693 0,9756 0,9429 0,9535 0,9625 0,9699 0,9761 0,9441 0,9545 0,9633 0,9706 0,9767 2,0 2,1 2,2 2,3 2,4 0,9772 0,9821 0,9861 0,9893 0,9918 0,9778 0,9826 0,9864 0,9896 0,9920 0,9783 0,9830 0,9868 0,9898 0,9922 0,9788 0,9834 0,9871 0,9901 0,9925 0,9793 0,9838 0,9875 0,9904 0,9927 0,9798 0,9842 0,9878 0,9906 0,9929 0,9803 0,9846 0,9881 0,9909 0,9931 0,9808 0,9850 0,9884 0,9911 0,9932 0,9812 0,9854 0,9887 0,9913 0,9934 0,9817 0,9857 0,9890 0,9916 0,9936 2,5 2,6 2,7 2,8 2,9 0,9938 0,9953 0,9965 0,9974 0,9981 0,9940 0,9955 0,9966 0,9975 0,9982 0,9941 0,9956 0,9967 0,9976 0,9982 0,9943 0,9957 0,9968 0,9977 0,9983 0,9945 0,9959 0,9969 0,9977 0,9984 0,9946 0,9960 0,9970 0,9978 0,9984 0,9948 0,9961 0,9971 0,9979 0,9985 0,9949 0,9962 0,9972 0,9979 0,9985 0,9951 0,9963 0,9973 0,9980 0,9986 0,9952 0,9964 0,9974 0,9981 0,9986 3,0 3,1 3,2 3,3 3,4 0,9987 0,9990 0,9993 0,9995 0,9997 0,9987 0,9991 0,9993 0,9995 0,9997 0,9987 0,9991 0,9994 0,9995 0,9997 0,9888 0,9991 0,9994 0,9996 0,9997 0,9988 0,9992 0,9994 0,9996 0,9997 0,9989 0,9992 0,9994 0,9996 0,9997 0,9989 0,9992 0,9994 0,9996 0,9997 0,9989 0,9992 0,9995 0,9996 0,9997 0,9990 0,9993 0,9995 0,9996 0,9997 0,9990 0,9993 0,9995 0,9997 0,9998 Observações: 1) Para valores negativos de z, utilizar o complemento aritmético para 1 dos valores de F(z) correspondentes ao valor positivo. Isto é, F(–z) = 1 – F(z) o mesmo que P{Z < –z}= 1 – P{Z<z}. Exemplo: F(-1) = 1 – F(1) = 1 – 0,8413 = 0,1587 F(-2,5) = 1 – F(2,5) = 1 – 0,9938 = 0,0062. 2) Para valores de F(z) < 0,5, calcular 1 – F(z), ler o valor de z e afetar esse valor do sinal negativo. Exemplo: F(z) = 0,1587 1 – F(z) = 0,8413 da tabela, z = –1,0. F(z) = 0,0668 1 – F(z) = 0,9332 da tabela, z = –1,5. 160 Elementos de Hidrologia Aplicada Prof. Antenor Rodrigues Barbosa Júnior 7. Previsão de Enchentes Isto é, N y yi i 1 N N log x i i 1 (17) N e N sy y i 1 y 2 i (18) N 1 Para a variável y (transformada logarítmica de x), a função distribuição acumulada de probabilidade, F(y), se escreve como Fy PY y f y dy y (19) Os valores desta integral são fornecidos na Tabela 7.2, agora em termos da também variável reduzida z yy . sy (20) Pela distribuição log-normal, a previsão da enchente de período de retorno Tr, com base no modelo de Chow, exige que a Eq. (5) seja reescrita na forma y Tr y K s y , (21) sendo K o fator de frequência de Chow determinado com o auxílio da Tabela 7.2. Uma vez que y = log x, a variável procurada, xTr (ou a vazão QTr), se obtém da transformação x Tr 10 y Tr . (22) 7.4.2.1 USO DO PAPEL LOGARÍTMICO DE PROBABILIDADE – POSIÇÃO DE PLOTAGEM Para facilitar o uso prático da distribuição log-normal, utiliza-se o chamado papel logarítmico de probabilidade, no qual: i) a escala das abscissas é logarítmica, dispensando o cálculo dos logaritmos da variável x (entra-se diretamente com os valores de vazão); ii) a escala das ordenadas (escala normal de probabilidade) é tal que transforma a “curva em S” em um reta. Quando a série de valores máximos anuais das descargas 6 é suficientemente grande (N > 30 anos de registros), a sequência de procedimentos abaixo pode ser utilizada para as estimativas das frequências: 1o - classificar os dados da série de vazão em ordem crescente; 2o - definir a dimensão do intervalo de classe e agrupar os dados dentro dos intervalos; 3o - contar o número de observações (frequências absolutas) dentro de cada intervalo; 4o - calcular as frequências relativas (dividir o número de observações de cada intervalo pelo total de observações); 6 Série anual dos valores médios diários na seção de um curso d’água natural (estação fluviométrica). 161 Elementos de Hidrologia Aplicada Prof. Antenor Rodrigues Barbosa Júnior 7. Previsão de Enchentes 5o - calcular as frequências acumuladas, F(y), que são medidas das probabilidades de ocorrência de vazões menores (ou iguais) ao valor superior da classe; 6o - plotar as frequências (probabilidades) em ordenadas e as vazões em abscissas, em papel logarítmico de probabilidade; 7o - traçar a reta representativa da distribuição log-normal de probabilidade. Convém destacar que a reta mencionada passa, necessariamente, pelos pontos: F( y ) = P{ y y }=50% x 50% 10 y ; F( y s y ) = P{ y y s y }=15,87%; x 15,87% 10 ys ; e F( y s y ) = P{ y y s y }=84,13% x 84,13% 10 ys . Se os valores plotados apresentarem boa aderência em relação à reta traçada poder-se-á dizer, com boa segurança, que as frequências dos logaritmos das vazões seguem uma distribuição normal (ou que as frequências das vazões seguem uma distribuição log-normal). Daí surge a possibilidade de previsão de enchentes pela extrapolação dos dados históricos baseandose no modelo log-normal de probabilidade. Alternativamente, a análise de frequência poderia ser feita utilizando-se o método de Weibull7: os eventos, em termos de sua magnitude, são classificados em ordem decrescente, atribuindo-se um número de ordem a cada evento. O evento de maior magnitude teria, então, ordem m=1 e o de menor magnitude ordem m=N, sendo N o número de anos da série (na série anual, N também é o número de dados ou observações). A frequência do evento de ordem m, ou a probabilidade de que um evento da mesma magnitude, ou de magnitude maior, venha a ocorrer num ano qualquer (no caso, probabilidade de excedência) pode ser calculada por F(x) = PX x m . N 1 (23) Da definição de período de retorno, Tr 1 N 1 . PX x m (24) No presente capítulo, foi definida a frequência F(x) como uma probabilidade de não excedência, isto é, Fx PX x. Assim, como, então Fx PX x 1 PX x 1 1 . Tr (25) Para a distribuição log-normal, empregando-se as Eqs. (22) e (25), as posições de plotagem podem ser prontamente obtidas no papel logarítmico de probabilidade. EXEMPLO 7.5 Considere a série anual das vazões máximas diárias referidas à seção de um curso d’água natural, conforme é fornecido nas duas primeiras colunas da Tabela 7.3. Com base nesses dados, pede-se: a) testar visualmente, por meio de construções gráficas, a validade dos modelos normal e lognormal de probabilidade; b) estimar as magnitudes das cheias de 100 anos e de 200 anos de recorrência. 7 V. capítulo de “Precipitação”. 162 Elementos de Hidrologia Aplicada Prof. Antenor Rodrigues Barbosa Júnior 7. Previsão de Enchentes SOLUÇÃO a) Teste do modelo gaussiano de probabilidade e da distribuição log-normal Nas colunas 5 e 8 da Tabela 7.3, os dados de vazão e do logaritmo decimal da vazão, respectivamente, são classificados em ordem decrescente. A ordem da classificação (ranking), m, é posta na coluna 3 da Tabela. Pela Eq. (23), as frequências F(x), que são probabilidade de excedência (a classificação é feita em ordem decrescente) são calculadas e subtraídas da unidade, antes de serem lançadas na coluna 4 da Tabela 7.2, que contém os valores de F(x).8 As estatísticas média e desvio-padrão são calculadas pelas Eqs. (7), (8), (17) e (18) e os resultados são introduzidos no final da Tabela 7.3. Nos gráficos das Figuras 7.6 e 7.7 encontram-se lançados os valores das vazões máximas anuais, no eixo das abscissas, em função das frequências acumuladas, nas ordenadas. Nestes gráficos, as frequências, como calculadas na Tabela 7.3, representam as probabilidades de não excedência, isto é, F(Qp) = P{Q < Qp}. Para testar o modelo gaussiano, na Figura 7.6 os valores de F encontram-se em escala de probabilidade e os valores de Q em escala aritmética (papel aritmético de probabilidade). A linha traçada representa, neste gráfico, a distribuição normal definida pela Eq. (9). Conforme também ilustrado na Figura 7.4, a reta passa pelos pontos característicos: Q Q 194,34 m /s e F=50% 3 3 Q Q s 194,34 84,17 110,17 m /s e F=15,87% Q Q s 194,34 84,17 278,51m /s e F=84,13%. 3 A Figura 7.6 mostra que, na faixa de valores extremos de vazão, a aderência da linha aos pontos não é boa. Nota-se, ainda, que para o caso de previsões por extrapolação dos dados históricos com base no modelo gaussiano seriam obtidos valores subestimados das vazões. De forma semelhante, para testar o modelo log-normal, na Figura 7.7 os valores de F encontramse em escala de probabilidade, enquanto os valores de Q são lançados em escala logarítmica (utiliza-se o papel logarítmico de probabilidade). A linha traçada, que representa o modelo normal de probabilidade para a função transformada logarítmica das vazões, Eq. (19), passa agora pelos pontos: y y 2,24758 Q 50% 10 2 ,24758 176,84 m3/s e F=50% y y s y 2,05394 Q15,87% 10 2 ,05394 113,22 m3/s e F=15,87% y y s y 2,44122 Q84,13% 10 2 ,44122 276,20 m3/s e F=84,13%. Vê-se que, neste caso, o modelo log-normal, representado pela linha reta que passa pelos pontos acima na Figura 7.7, apresenta uma boa aderência aos dados da série. Portanto, numa inspeção visual comparativa das duas figuras conclui-se que, pela maior aderência dos pontos à reta, o modelo log-normal de probabilidade é superior ao modelo gaussiano. Conclui-se, ainda, que o modelo log-normal pode ser considerado como capaz de fornecer boas estimativas para as vazões de enchentes por extrapolação dos dados históricos. b) Estimativas das cheias de 100 e 200 anos de recorrência 8 F(x) = 1 F(x) 163 Elementos de Hidrologia Aplicada Prof. Antenor Rodrigues Barbosa Júnior 7. Previsão de Enchentes Da conclusão tirada no item (a) do presente problema, as extrapolações seriam confiáveis se realizadas empregando-se o modelo log-normal. Contudo, apenas a título de ilustração do uso do modelo gaussiano, far-se-ão as determinações das vazões com recorrência de 100 e 200 anos por ambos os modelos e segundo a equação de Chow (Eq. 5). b1. Para Tr = 100 anos, F=11/Tr = 11/100 = 0,99. Distribuição Normal: Da Tabela 7.2, para F=0,99 z = K 2,33. Da Eq. (5), QTr 100 194,34 2,33 84,17 QTr 100 390,46 m3/s. Distribuição log-Normal: Como antes, K = 2,33. Da Eq. (21), y Tr 100 2,2476 2,33 0,19364 2,69878 Q Tr 100 10 2 ,69878 499,78 m3/s. b2. Para Tr = 200 anos, F=11/Tr = 11/200 = 0,995. Distribuição Normal: Da Tabela 7.2, para F=0,995 z = K 2,575. Da Eq. (5), Q Tr 200 194,34 2,575 84,17 Q Tr 200 411,08 m3/s. Distribuição log-Normal: Como antes, K = 2,575. Da Eq. (21), y Tr 200 2,2476 2,575 0,19364 2,74622 Q Tr 200 10 2,74622 557,47 m3/s. 7.4.3 DISTRIBUIÇÃO DE PEARSON TIPO III A função distribuição de probabilidade de Pearson tipo III constitui um caso especial da função gama. A forma matemática da função densidade de probabilidade desta distribuição é f x 1 x 1 x exp (26) sendo x a variável aleatória, , e parâmetros da distribuição e e x x 1dx . 0 O uso da distribuição Person tipo III para a previsão de cheias pode ser feito segundo o método de Foster, conforme Vilela & Mattos (1975), ou ainda empregando-se a relação de Chow, definida pela Eq. (5). Para considerar a natureza assimétrica da distribuição de Pearson tipo III, o fator de frequência da Eq. (5) é função da frequência (ou período de retorno) e do coeficiente de assimetria, este último definido como N N g N 1 N 2 x i 1 x 3 i s3 . (27) com x representando a variável hidrológica, N o número de dados da série e os demais elementos como anteriormente definidos. 164 Elementos de Hidrologia Aplicada Prof. Antenor Rodrigues Barbosa Júnior 7. Previsão de Enchentes Tabela 7.3 – Série anual das descargas máximas diárias (Fonte de dados: U.S. Geological Survey Open File Report I 19.2: W75, 1971) (1) (2) ano 3 (3) (4) (5) Q(m /s) m F(Q) % 1896 1897 1898 1899 1900 96,79 124,24 81,08 153,67 77,83 1 2 3 4 5 98,65 97,30 95,95 94,59 93,24 438,65 430,16 376,39 331,11 325,45 59687,91 14582419,82 55611,59 13114386,61 33142,60 6033647,34 18706,33 2558485,85 17190,12 2253815,61 2,64212 2,63363 2,57564 2,51997 2,51248 0,15566 0,14903 0,10762 0,07420 0,07017 6,1414x10-2 5,7535x10-2 3,5306x10-2 2,0211x10-2 1,8589x10-2 1901 1902 1903 1904 1905 176,31 86,32 144,33 146,03 183,10 6 7 8 9 10 91,89 90,54 89,19 87,84 86,49 319,79 314,13 305,64 297,15 294,32 15737,98 14349,91 12387,93 10570,12 9996,22 1974346,71 1718991,22 1378790,78 1086725,90 999433,11 2,50486 2,49711 2,48521 2,47298 2,46882 0,06620 0,06226 0,05647 0,05080 0,04895 1,7031x10-2 1,5537x10-2 1,3419x10-2 1,1451x10-2 1,0829x10-2 1906 1907 1908 1909 1910 205,18 144,33 123,11 96,79 99,05 11 12 13 14 15 85,14 83,78 82,43 81,08 79,73 291,49 288,66 285,83 282,72 270,83 9438,34 8896,47 8370,62 7811,22 5850,89 916944,75 839124,83 765837,36 690364,11 447540,89 2,46462 2,46039 2,45611 2,45136 2,43270 0,04711 0,04529 0,04348 0,04152 0,03427 1,0224x10-2 9,6373x10-3 9,0676x10-3 8,4618x10-3 6,3436x10-3 1911 1912 1913 1914 1915 88,30 259,79 231,21 240,27 120,56 16 17 18 19 20 78,38 77,03 75,68 74,32 72,97 259,79 253,57 240,27 240,27 231,21 4283,85 3508,32 2109,67 2109,67 1359,48 280382,47 207801,84 96899,28 96899,28 50125,45 2,41462 2,40410 2,38070 2,38070 2,36401 0,02790 0,02450 0,01772 0,01772 0,01356 4,6610x10-3 3,8344x10-3 2,3590x10-3 2,3590x10-3 1,5782x10-3 1916 1917 1918 1919 1920 253,57 228,10 205,74 179,71 305,64 21 22 23 24 25 71,62 70,27 68,92 67,57 66,22 228,10 224,70 221,87 221,02 217,91 1139,81 921,80 757,96 711,88 555,60 38481,30 27986,75 20867,51 18993,77 13096,03 2,35813 2,35160 2,34610 2,34443 2,33828 0,01222 0,01082 0,00971 0,00938 0,00823 1,3509x10-3 1,1256x10-3 9,5621x10-4 9,0849x10-4 7,4607x10-4 1921 1922 1923 1924 1925 185,65 438,65 285,83 206,02 120,84 26 27 28 29 30 64,86 63,51 62,16 60,81 59,46 215,08 211,40 210,84 210,27 206,02 430,19 291,08 272,29 253,80 136,45 8922,68 4966,16 4493,02 4043,31 1593,86 2,33260 2,32510 2,32395 2,32278 2,31391 0,00723 0,00601 0,00583 0,00565 0,00440 6,1456x10-4 4,6593x10-4 4,4547x10-4 4,2521x10-4 2,9182x10-4 1926 1927 1928 1929 1930 126,50 179,42 221,02 319,79 82,07 31 32 33 34 35 58,11 56,76 55,41 54,05 52,70 205,74 205,18 202,06 198,10 185,65 129,99 117,53 59,62 14,15 75,50 1481,97 1274,15 460,30 53,20 -655,99 2,31332 2,31214 2,30548 2,29688 2,26869 0,00432 0,00417 0,00335 0,00243 0,00045 2,8410x10-4 2,6902x10-4 1,9411x10-4 1,1986x10-4 9,4139x10-6 1931 1932 1933 1934 1935 61,13 120,56 150,56 169,80 270,83 36 37 38 39 40 51,35 50,00 48,65 47,30 45,95 183,10 179,99 179,71 179,42 176,31 126,31 205,89 214,00 222,57 325,04 -1419,62 -2954,31 -3130,65 -3320,55 -5860,14 2,26269 2,25525 2,25457 2,25387 2,24628 0,00023 0,00006 0,00005 0,00004 1,69810-6 3,4487x10-6 4,5093x10-7 3,4186x10-7 2,4896x10-7 -2,2125x10-9 1936 1937 1938 1939 1940 210,84 179,99 325,45 314,13 138,10 41 42 43 44 45 44,59 43,24 41,89 40,54 39,19 174,61 172,06 169,80 168,95 164,99 389,23 496,35 602,16 644,60 861,36 -7679,07 -11058,12 -14776,29 -16365,59 -25279,91 2,24207 2,23568 2,22994 2,22776 2,21746 0,00003 0,00014 0,00031 0,00039 0,00091 -1,6737x10-7 -1,6852x10-6 -5,4912x10-6 -7,7881x10-6 -2,7332x10-5 3 Q (m /s) (6) Q Q 2 (7) Q Q 3 (8) (9) y=log(Q) y y (10) 2 y y 3 (continua...) 165 Elementos de Hidrologia Aplicada Prof. Antenor Rodrigues Barbosa Júnior 7. Previsão de Enchentes Tabela 7.3 – Série anual das descargas máximas diárias (continuação) (1) (2) ano 3 (3) (4) Q(m /s) m F(Q) % 1941 1942 1943 1944 1945 202,06 224,70 331,11 172,06 215,08 46 47 48 49 50 37,84 36,49 35,14 33,78 32,43 154,52 153,67 150,56 146,88 146,03 1585,54 1653,96 1916,59 2252,35 2333,75 -63134,65 -67264,71 -83906,29 -106893,92 -112740,89 2,18898 2,18659 2,17771 2,16696 2,16444 0,00343 0,00372 0,00488 0,00650 0,00691 -2,0118x10-4 -2,2688x10-4 -3,4110x10-4 -5,2394x10-4 -5,7464x10-4 1946 1947 1948 1949 1950 291,49 168,95 154,52 113,77 198,10 51 52 53 54 55 31,08 29,73 28,38 27,03 25,68 144,33 144,33 138,10 126,50 124,24 2500,89 2500,89 3162,81 4602,12 4913,86 -125066,76 -125066,76 -177873,17 -312202,51 -344455,89 2,15936 2,15936 2,14019 2,10209 2,09426 0,00778 0,00778 0,01153 0,02117 0,02351 -6,8667x10-4 -6,8667x10-4 -1,2384x10-3 -3,0796x10-3 -3,6040x10-3 1951 1952 1953 1954 1955 297,15 430,16 294,32 112,63 164,99 56 57 58 59 60 24,32 22,97 21,62 20,27 18,92 123,11 120,84 120,56 120,56 113,77 5073,56 5402,09 5443,33 5443,33 6491,35 -361383,83 -397047,55 -401602,61 -401602,61 -523000,74 2,09029 2,08221 2,08120 2,08120 2,05603 0,02474 0,02735 0,02768 0,02768 0,03669 -3,8911x10-3 -4,5224x10-3 -4,6055x10-3 -4,6055x10-3 -7,0285x10-3 1956 1957 1958 1959 1960 211,40 93,96 94,84 221,87 376,39 61 62 63 64 65 17,57 16,22 14,86 13,51 12,16 112,63 99,05 97,64 96,79 96,79 6676,34 9079,97 9350,68 9515,79 9515,79 -545516,75 -865220,78 -904200,21 -928254,64 -928254,64 2,05165 1,99585 1,98963 1,98583 1,98583 0,03839 0,06337 0,06654 0,06851 0,06851 -7,5210x10-3 -1,5951x10-2 -1,7164x10-2 -1,7933x10-2 -1,7933x10-2 1961 1962 1963 1964 1965 210,27 240,27 217,91 97,64 282,72 66 67 68 69 70 10,81 9,46 8,11 6,76 5,41 94,84 93,96 88,30 86,32 82,07 9900,03 10075,92 11244,25 11668,08 12604,31 -985042,20 -1011410,12 -1192327,72 -1260373,46 -1415071,56 1,97699 1,97294 1,94596 1,93611 1,91418 0,07322 0,07543 0,09097 0,09701 0,11115 -1,9812x10-2 -2,0715x10-2 -2,7440x10-2 -3,0216x10-2 -3,7058x10-2 1966 1967 1968 146,88 288,66 174,61 71 72 73 4,05 2,70 1,35 81,08 77,83 61,13 12827,58 -1452837,42 13574,32 -1581529,53 17744,61 -2363740,12 1,90891 1,89115 1,78625 0,11469 -3,8843x10-2 0,12704 -4,5283x10-2 0,21282 -9,8180x10-2 14186,74 510128,46 31110154,95 164,07326 Estatísticas (5) (6) 3 Q (m /s) Q Q 2 (7) Q Q 3 (8) (9) y=log(Q) y y y (10) 2 2,69982 Q s 194,339 84,173 sy 2,24758 0,19364 g 0,745 gy -0,200 y y 3 -0,10185 Observação: Os resultados encontrados no problema Exemplo 7.3 também poderiam ser obtidos graficamente, pelas Figuras 7.6 e 7.7. Para isso, apoiando-se nas linhas retas representativas dos modelos de probabilidade, bastaria obter os valores de vazão correspondentes às frequências de 99% e 99,5%. 166 Elementos de Hidrologia Aplicada Prof. Antenor Rodrigues Barbosa Júnior 7. Previsão de Enchentes Freqüência acumulada, F(Q) % 99,999 99,5 95 70 40 10 1 0,01 0 100 200 300 400 500 vazão, Q (m3/s) Figura 7.6 – Gráfico das frequência das cheias anuais (máximos valores de cada ano), para os dados da Tabela 7.3, em papel aritmético de probabilidade. Freqüência acumulada, F(Q) % 99,999 99,5 95 70 40 10 1 0,01 100 1000 vazão, Q (m3/s) Figura 7.7 – Gráfico das frequências das cheias anuais (máximos valores de cada ano), para os dados da Tabela 7.3, em papel logarítmico de probabilidade. 167 Elementos de Hidrologia Aplicada Prof. Antenor Rodrigues Barbosa Júnior 7. Previsão de Enchentes Valores do fator de frequência da distribuição Pearson tipo III de probabilidade, para uso com a Eq. (5) de Chow, são apresentados na Tabela 7.4. A distribuição Pearson tipo III é assimétrica e não admite valores negativos da variável hidrológica. A assimetria pode ser positiva ou negativa, conforme se procura representar na Figura 7.8. Figura 7.8 – Distribuições assimétricas de probabilidade: assimetria positiva para a média maior que a mediana; assimetria negativa para a média menor que a mediana. EXEMPLO 7.6 Usando os dados da Tabela 7.3, determinar a magnitude das cheias de 100 e de 200 anos de recorrência, empregando a distribuição de probabilidade Pearson tipo III. SOLUÇÃO Das estatísticas produzidas na Tabela 7.3: Q 194,339 m3/s, s 84,173 m3/s e g 0,745 . - para Tr = 100 anos e g = 0,745, obtém-se K da Tabela 7.4 por interpolação: g = 0,7 K = 2,824; g = 0,8 K = 2,891 e g = 0,745 K=? K 2,824 0,745 0,7 K = 2,854 2,891 2,824 0,8 0,7 Da Eq. (5), Q Tr 100 194,339 2,854 84,173 Q Tr 100 434,57 m3/s. - para Tr = 200 anos e g = 0,745, da Tabela 7.4: g = 0,7 K = 3,223; g = 0,8 K = 3,312 e g = 0,745 K=? K 3,223 0,745 0,7 K = 3,263. 3,312 3,223 0,8 0,7 Da Eq. (5), Q Tr 200 194,339 3,263 84,173 Q Tr 200 469,00 m3/s. 168 Elementos de Hidrologia Aplicada Prof. Antenor Rodrigues Barbosa Júnior 7. Previsão de Enchentes Tabela 7.4 – Valores do fator de frequência K para a distribuição de Pearson tipo III Coef. de assimetria, g 3,0 2,9 2,8 2,7 2,6 2,5 2,4 2,3 2,2 2,1 2,0 1,9 1,8 1,7 1,6 1,5 1,4 1,3 1,2 1,1 1,0 0,9 0,8 0,7 0,6 0,5 0,4 0,3 0,2 0,1 0,0 -0,1 -0,2 -0,3 -0,4 -0,5 -0,6 -0,7 -0,8 -0,9 -1,0 -1,1 -1,2 -1,3 -1,4 -1,5 -1,6 -1,7 -1,8 -1,9 -2,0 -2,1 -2,2 -2,3 -2,4 -2,5 -2,6 -2,7 -2,8 -2,9 -3,0 1,0101 1,0526 1 5 -0,667 -0,690 -0,714 -0,740 -0,769 -0,799 -0,832 -0,867 -0,905 -0,946 -0,990 -1,037 -1,087 -1,140 -1,197 -1,256 -1,318 -1,383 -1,449 -1,518 -1,588 -1,660 -1,733 -1,806 -1,880 -1,955 -2,029 -2,104 -2,178 -2,252 -2,326 -2,400 -2,472 -2,544 -2,615 -2,686 -2,755 -2,824 -2,891 -2,957 -3,022 -3,087 -3,149 -3,211 -3,271 -3,330 -3,388 -3,444 -3,499 -3,553 -3,605 -3,656 -3,705 -3,753 -3,800 -3,845 -3,889 -3,932 -3,973 -4,013 -4,051 -0,665 -0,688 -0,711 -0,736 -0,762 -0,790 -0,819 -0,850 -0,882 -0,914 -0,949 -0,984 -1,020 -1,056 -1,093 -1,131 -1,168 -1,206 -1,243 -1,280 -1,317 -1,353 -1,388 -1,423 -1,458 -1,491 -1,524 -1,533 -1,586 -1,616 -1,645 -1,673 -1,700 -1,726 -1,750 -1,774 -1,797 -1,819 -1,839 -1,858 -1,877 -1,894 -1,910 -1,925 -1,938 -1,951 -1,962 -1,972 -1,981 -1,989 -1,996 -2,001 -2,006 -2,009 -2,011 -2,012 -2,013 -2,012 -2,010 -2,007 -2,003 Tr, Período 1,1111 1,2500 2 F = probabilidade de 10 20 50 -0,660 -0,681 -0,702 -0,724 -0,747 -0,771 -0,795 -0,819 -0,844 -0,869 -0,895 -0,920 -0,945 -0,970 -0,994 -1,018 -1,041 -1,064 -1,086 -1,107 -1,128 -1,147 -1,166 -1,183 -1,200 -1,216 -1,231 -1,245 -1,258 -1,270 -1,282 -1,292 -1,301 -1,309 -1,317 -1,323 -1,328 -1,333 -1,336 -1,339 -1,340 -1,341 -1,340 -1,339 -1,337 -1,333 -1,329 -1,324 -1,318 -1,310 -1,302 -1,294 -1,284 -1,274 -1,262 -1,250 -1,238 -1,224 -1,210 -1,195 -1,180 -0,636 -0,651 -0,666 -0,681 -0,696 -0,711 -0,725 -0,739 -0,752 -0,765 -0,777 -0,788 -0,799 -0,808 -0,817 -0,825 -0,832 -0,838 -0,844 -0,848 -0,852 -0,854 -0,856 -0,857 -0,857 -0,876 -0,855 -0,853 -0,850 -0,846 -0,842 -0,836 -0,830 -0,824 -0,816 -0,808 -0,800 -0,790 -0,780 -0,769 -0,758 -0,745 -0,732 -0,719 -0,705 -0,690 -0,675 -0,660 -0,643 -0,627 -0,609 -0,592 -0,574 -0,555 -0,537 -0,518 -0,499 -0,479 -0,460 -0,440 -0,420 -0,396 -0,390 -0,384 -0,376 -0,368 -0,360 -0,351 -0,341 -0,330 -0,319 -0,307 -0,294 -0,282 -0,268 -0,254 -0,240 -0,225 -0,210 -0,195 -0,180 -0,164 -0,148 -0,132 -0,116 -0,099 -0,083 -0,066 -0,050 -0,033 -0,017 0 0,017 0,033 0,050 0,066 0,083 0,099 0,116 0,132 0,148 0,164 0,180 0,195 0,210 0,225 0,240 0,254 0,268 0,282 0,294 0,307 0,319 0,330 0,341 0,351 0,360 0,368 0,376 0,384 0,390 0,396 de Retorno (anos) 5 10 25 não excedência (%) 80 90 96 0,420 0,440 0,460 0,479 0,499 0,518 0,537 0,555 0,574 0,592 0,609 0,627 0,643 0,660 0,675 0,690 0,705 0,719 0,732 0,745 0,758 0,769 0,780 0,790 0,800 0,808 0,816 0,824 0,830 0,836 0,842 0,846 0,850 0,853 0,855 0,856 0,857 0,857 0,856 0,854 0,852 0,848 0,844 0,838 0,832 0,825 0,817 0,808 0,799 0,788 0,777 0,765 0,752 0,739 0,725 0,711 0,696 0,681 0,666 0,651 0,636 169 1,180 1,195 1,210 1,224 1,238 1,250 1,262 1,274 1,284 1,294 1,302 1,310 1,318 1,324 1,329 1,333 1,337 1,339 1,340 1,341 1,340 1,339 1,336 1,333 1,328 1,323 1,317 1,309 1,301 1,292 1,282 1,270 1,258 1,245 1,231 1,216 1,200 1,183 1,166 1,147 1,128 1,107 1,086 1,064 1,041 1,018 0,994 0,970 0,945 0,920 0,895 0,869 0,844 0,819 0,795 0,771 0,747 0,724 0,702 0,681 0,660 2,278 2,277 2,275 2,272 2,267 2,262 2,256 2,248 2,240 2,230 2,219 2,207 2,193 2,179 2,163 2,146 2,128 2,108 2,087 2,066 2,043 2,018 1,993 1,967 1,939 1,910 1,880 1,849 1,818 1,785 1,751 1,716 1,680 1,643 1,606 1,567 1,528 1,488 1,448 1,407 1,366 1,324 1,282 1,240 1,198 1,157 1,116 1,075 1,035 0,996 0,959 0,923 0,888 0,855 0,823 0,793 0,764 0,738 0,712 0,683 0,666 50 100 200 98 99 99,5 3,152 3,134 3,114 3,093 3,071 3,048 3,023 2,997 2,970 2,942 2,912 2,881 2,848 2,815 2,780 2,743 2,706 2,666 2,626 2,585 2,542 2,498 2,453 2,407 2,359 2,311 2,261 2,211 2,159 2,107 2,054 2,000 1,945 1,890 1,834 1,777 1,720 1,663 1,606 1,549 1,492 1,435 1,379 1,324 1,270 1,217 1,166 1,116 1,069 1,023 0,980 0,939 0,900 0,864 0,830 0,798 0,768 0,740 0,714 0,689 0,666 4,051 4,013 3,973 3,932 3,889 3,845 3,800 3,753 3,705 3,636 3,605 3,553 3,499 3,444 3,388 3,330 3,271 3,211 3,149 3,087 3,022 2,957 2,891 2,824 2,755 2,686 2,615 2,544 2,472 2,400 2,326 2,252 2,178 2,104 2,029 1,955 1,880 1,806 1,733 1,660 1,588 1,518 1,449 1,383 1,318 1,256 1,197 1,140 1,087 1,037 0,990 0,946 0,905 0,867 0,832 0,799 0,769 0,740 0,714 0,690 0,667 4,970 4,909 4,847 4,783 4,718 4,652 4,584 4,515 4,444 4,372 4,398 4,223 4,147 4,069 3,990 3,910 3,828 3,745 3,661 3,575 3,489 3,401 3,312 3,223 3,132 3,041 2,949 2,856 2,763 2,670 2,576 2,482 2,388 2,294 2,201 2,108 2,016 1,926 1,837 1,749 1,664 1,581 1,501 1,424 1,351 1,282 1,216 1,155 1,097 1,044 0,995 0,949 0,907 0,869 0,833 0,800 0,769 0,741 0,714 0,690 0,667 Elementos de Hidrologia Aplicada Prof. Antenor Rodrigues Barbosa Júnior 7. Previsão de Enchentes 7.4.4 DISTRIBUIÇÃO LOG-PEARSON TIPO III A função de distribuição de probabilidade log-Pearson tipo III é assim denominada porque a função de distribuição da Eq. (26) é aplicada à transformada logarítmica da variável x, isto é, 1 y f y 1 y exp (28) onde y = log(x) e as demais grandeza são como já definidas na seção 7.4.3. Para obter a variável de magnitude x do evento de recorrência Tr com o emprego da equação de Chow para a distribuição log-Pearson tipo III9 deve-se, preliminarmente, calcular as três estatísticas: média y (Eq. 17), desvio-padrão sy (Eq. 18) e coeficiente de assimetria, gy, agora definido como N gy N N 1 N 2 log x i 1 sy y 3 i . 3 (29) Com as Eqs. (21) e (22), determina-se a variável x Tr . De forma resumida, deve-se proceder de acordo com a seguinte marcha de procedimentos de cálculo: i) construir a série para a variável transformada, calculando a transformada logarítmica, y i log x i ; ii) calcular a média y , o desvio-padrão sy e o coeficiente de assimetria gy para a série transformada; iii) obter, por meio da Tabela 7.4, o fator de frequência em função do coeficiente de assimetria gy e do período de retorno Tr; iv) calcular y Tr por meio da Eq. (21) de Chow e obter x Tr pela Eq. (22): y Tr y K s y x Tr 10 yTr . EXEMPLO 7.7 Empregando os dados da Tabela 7.3, determinar as magnitudes das cheias de 100 e 200 anos de recorrência com base na distribuição log-Pearson tipo III. SOLUÇÃO Das estatísticas produzidas conforme a Tabela 7.3: y 2,24758 , s y 0,19364 e g y 0,200 . para Tr = 100 anos e gy = 0,200, obtém-se K diretamente da Tabela 7.4 K = 2,178. Da Eq. (21), y Tr 100 2,24758 2,178 0,19364 2,66933 Q Tr 100 10 2 ,66933 467,01m3/s. para Tr = 200 anos e gy = 0,200, da Tabela 4 K = 2,388. Da Eq. (21), 9 Com o fim de estabelecer uma padronização de procedimentos, o U.S. Water Resources Council adotou, em 1967, a distribuição log-Pearson tipo III como o padrão para uso pelas agências federais americanas. 170 Elementos de Hidrologia Aplicada Prof. Antenor Rodrigues Barbosa Júnior 7. Previsão de Enchentes y Tr 200 2,24758 2,388 0,19364 2,70999 Q Tr 200 10 2 ,70999 512,85 m3/s. 4.5 DISTRIBUIÇÃO TIPO I DE FISHER-TIPPETT OU GUMBEL Em 1928, Fisher e Tippett, tomando de vários conjuntos de muitas amostras o maior valor de cada conjunto, mostraram que a distribuição dos valores extremos é independente da distribuição original e se comporta como função limite. Gumbel, em 1945, sugeriu que essa distribuição de valores extremos seria apropriada para a análise de frequência das cheias, desde que a série fosse anual, isto é, cada vazão da série de valores extremos fosse a maior vazão de uma amostra de 365 possibilidades (maior vazão do ano). Apoiando-se no argumento de que não há limite físico para o valor da máxima vazão de enchente, Gumbel sugeriu que a probabilidade de ocorrência da cheia de magnitude igual ou superior a um dado valor x (probabilidade de excedência) pode ser expressa por PX x 1 e e y (30) sendo e a base dos logaritmos neperianos e y uma variável reduzida, definida pela expressão y 1 x x 0,45 s . 0,7797 s (31) Ou, definindo-se a frequência F(x) pela probabilidade de não excedência, Fx PX x e e . y (32) EXEMPLO 7.8 Obter a expressão do fator de frequência de Chow em função do período de retorno para a distribuição de Gumbel. SOLUÇÃO Comparando-se a equação de Chow (Eq. 5) com a Eq. (31), obtém-se y 1 K 0,45 . 0,7797 (33) Da Eq. (30), lembrando que PX x 1 Tr , tem-se 1 Tr 1 e e . Exprime-se, então, y em função de Tr: y 1 y ln ln1 . Tr (34) Finalmente, pelas equações (33) e (34), K 0,45 0,7797 ln 1 ln 1 Tr . 171 (35) Elementos de Hidrologia Aplicada Prof. Antenor Rodrigues Barbosa Júnior 7. Previsão de Enchentes EXEMPLO 7.9 Com base nos dados da Tabela 7.3, calcular os períodos de retorno das seguintes vazões de enchente: a) Q = Q = 194,34m3/s; b) Q = 500m3/s. SOLUÇÃO a) Neste caso, busca-se determinar o período de retorno da média da série. Da Eq. (31) tem-se y que, se Q = Q y = 0,5771. E, como 1 Tr 1 e e , tem-se Tr 1 1 e e y 1 1 e e 0 ,5771 2,33 anos. Portanto, para a distribuição Gumbel o período de retorno da vazão média é igual a 2,33 anos. Isto é, existe uma probabilidade teórica de aproximadamente 43% de ocorrer uma vazão igual ou superior à média em um ano qualquer10. b) Para obter o Tr correspondente a Q = 500m3/s, calcula-se inicialmente o valor de y da Eq. (31). Com Q = 194,34m3/s e s = 84,17m3/s, y 1 500 194,34 0,45 84,17 5,235 . 0,7797 84,17 Finalmente, calcula-se Tr Tr 1 1 e e 5 ,235 188 anos. Deve ser apontado que a expressão analítica do coeficiente K em função de Tr, na forma da Eq. (35), aplica-se apenas ao caso da distribuição Gumbel, referida a uma amostra muito grande (dita Gumbel teórica, com N = ). Para os casos reais de séries de tamanho finito (quando a distribuição é também conhecida como Gumbel-Chow), o fator de frequência deve considerar ainda o tamanho N da série, isto é, K = K(Tr, N). Para esse último caso, apresentamse na Tabela 7.5 os valores de K para diferentes períodos de retorno e tamanhos de amostra. Na última linha desta tabela incluem-se os valores de K para a amostra de tamanho infinito. EXEMPLO 7.10 Usando os dados da Tabela 7.3, estimar as magnitudes das cheias de 50 e 100 anos de recorrência, com base na distribuição Gumbel-Chow. SOLUÇÃO Da Tabela 7.3, Q 194,339m3/s e s 84,173m3/s. para Tr = 100 anos e N=73, obtém-se K diretamente da Tabela 7.5 K = 3,4044. Pela Eq. (5), 10 Note que, para a distribuição normal, esta probabilidade seria de 50%. Isto é, para a distribuição normal, o período de retorno da média é de 2 anos. 172 Elementos de Hidrologia Aplicada Prof. Antenor Rodrigues Barbosa Júnior 7. Previsão de Enchentes Q 194,339 3,4044 84,173 Q 480,90 m3/s. para Tr = 50 anos e N=73, da Tabela 7.5 K = 2,8167. Pela Eq. (05), Q 194,339 2,8167 84,173 Q 431,43 m3/s. 7.4.5.1 USO DO PAPEL DE PROBABILIDADE DE GUMBEL As respostas ao problema-exemplo 7.10 também poderiam ser obtidas por meio da construção do gráfico de frequência, com o emprego do papel de probabilidade de Gumbel. O papel de Gumbel apresenta uma escala linear (abscissa) para a variável sendo estudada (evento extremo, chuva ou vazão) e uma escalar linear para a variável reduzida de Gumbel, y (ordenada). Por conveniência e para facilitar o lançamento dos dados em gráfico, escalas deformadas de Tr e F também são construídas (ordenadas). Na Figura 7.9 é apresentado o papel de probabilidade de Gumbel. Sugere-se ao aluno repetir o problema-exemplo 7.10 utilizando a construção do gráfico de probabilidade. 7.5 FÓRMULAS PRÁTICAS PARA A VAZÃO DE ENCHENTE DE PROJETO No passado, para o cálculo da enchente de projeto, os engenheiros sempre recorriam ao uso de equações empíricas da vazão. Estas equações, ainda hoje utilizadas, são normalmente escritas em termos das características físicas e climáticas locais. Uma das formas mais simples dessas equações empíricas exprime a vazão em função da área de drenagem da bacia hidrográfica, na forma Q c An , (36) onde c e n são coeficientes empíricos. O expoente n da Eq. (36) é frequentemente tomado como n= –0,5, indicando que os picos de vazão variam inversamente com a raiz quadrada da área de drenagem. Por essa formulação simples, as influências dos outros fatores recaem sobre o coeficiente c. Algumas outras fórmulas empíricas incluem, ainda, fatores que levam em conta, por exemplo, a forma da bacia hidrográfica e a precipitação anual média, numa tentativa de reduzir a influência das variações no valor do coeficiente c. O emprego de fórmulas do tipo da Eq. (36) ocorreu com mais intensidade no passado, basicamente pela ausência de dados hidrométricos que permitissem o emprego de métodos mais precisos e elaborados, como aqueles discutidos no presente capítulo. As fórmulas práticas são ainda hoje utilizadas na forma conhecida como modelos de regionalização e requerem uma boa e confiável base de dados para produzir um ajuste estatístico satisfatório. Deve ficar claro que uma expressão tão simples como a Eq. (36) não é, em geral, capaz de representar a complexidade dos fenômenos envolvidos na ocorrência de uma cheia. Ademais, fórmulas desse tipo não permitem a introdução da análise de probabilidade para a vazão calculada. Atualmente, em face da existência de uma quantidade relativamente abundante de dados e com a melhor compreensão dos fenômenos hidrológicos, não mais se justifica o emprego das fórmulas empíricas. 173 Elementos de Hidrologia Aplicada Prof. Antenor Rodrigues Barbosa Júnior 7. Previsão de Enchentes Tabela 7.5 – Valores do fator de frequência K para a distribuição Gumbel-Chow tamanho da Amostra N Período de retorno, Tr, em anos 15 20 25 50 75 Probabilidade de não excedência, F (%) 93,33 95 96 98 98,67 2,8467 3,5874 2,7894 3,5163 2,7409 3,4563 2,6993 3,4048 2,6632 3,3600 2 5 10 100 1000 10 11 12 13 14 50 -0,1355 -0,1376 -0,1393 -0,1408 -0,1422 80 1,0580 1,0338 1,0134 0,9958 0,9806 90 1,8483 1,8094 1,7766 1,7484 1,7240 99 4,3227 4,2379 4,1664 4,1050 4,0517 99,9 15 16 17 18 19 -0,1434 -0,1444 -0,1454 -0,1463 -0,1470 0,9672 0,9553 0,9447 0,9352 0,9265 1,7025 1,6835 1,6665 1,6512 1,6373 2,117 2,410 2,6316 2,6035 2,5784 2,5559 2,5354 3,3208 3,2860 3,2549 3,2270 3,2017 3,721 4,0049 3,9635 3,9265 3,8932 3,8631 6,265 20 21 22 23 24 -0,1478 -0,1484 -0,1490 -0,1496 -0,1501 0,9187 0,9115 0,9049 0,8988 0,8931 1,6247 1,6132 1,6026 1,5929 1,5838 2,023 2,302 2,5169 2,4999 2,4843 2,4699 2,4565 3,1787 3,1576 3,1383 3,1205 3,1040 3,563 3,8356 3,8106 3,7875 3,7663 3,7466 6,006 25 26 27 28 29 -0,1506 -0,1510 -0,1515 -0,1518 -0,1522 0,8879 0,8830 0,8784 0,8742 0,8701 1,5754 1,5676 1,5603 1,5535 1,5470 1,963 2,235 2,4442 2,4326 2,4219 2,4118 2,4023 3,0886 3,0743 3,0610 3,0485 3,0368 3,463 3,7283 3,7113 3,6954 3,6805 3,6665 5,842 30 31 32 33 34 -0,1526 -0,1529 -0,1532 -0,1535 -0,1538 0,8664 0,8628 0,8594 0,8562 0,8532 1,5410 1,5353 1,5299 1,5248 1,5199 1,922 2,188 2,3934 2,3850 2,3770 2,3695 2,3623 3,0257 3,0153 3,0054 2,9961 2,9873 3,393 3,6534 3,6410 3,6292 3,6181 3,6076 5,727 35 36 37 38 39 -0,1540 -,01543 -0,1545 -0,1548 -0,1550 0,8504 0,8476 0,8450 0,8425 0,8402 1,5153 1,5110 1,5068 1,5028 1,4990 1,891 2,152 2,3556 2,3491 2,3430 2,3371 2,3315 2,9789 2,9709 2,9633 2,9561 2,9491 3,341 3,5976 3,5881 3,5790 3,5704 3,5622 40 41 42 43 44 -0,1552 -0,1554 -0,1556 -0,1557 -0,1559 0,8379 0,8357 0,8337 0,8317 0,8298 1,4954 1,4920 1,4886 1,4854 1,4824 1,866 2,126 2,3262 2,3211 2,3162 2,3115 2,3069 2,9425 2,9362 2,9301 2,9243 2,9187 3,301 3,5543 3,5467 3,5395 3,5325 3,5259 5,576 45 46 47 48 49 -0,1561 -0,1562 -0,1564 -0,1566 -0,1567 0,8279 0,8262 0,8245 0,8228 0,8212 1,4794 1,4766 1,4739 1,4712 1,4687 1,847 2,104 2,3026 2,2984 2,2944 2,2905 2,2868 2,9133 2,9081 2,9031 2,8983 2,8937 3,268 3,5194 3,5133 3,5073 3,5016 3,4961 5,478 50 51 52 53 54 -0,1568 -0,1570 -0,1571 -0,1572 -0,1573 0,8197 0,8182 0,8168 0,8154 0,8141 1,4663 1,4639 1,4616 1,4594 1,4573 1,831 2,086 2,2832 2,2797 2,2763 2,2731 2,2699 2,8892 2,8849 2,8807 2,8767 2,8728 3,241 3,4908 3,4856 3,4807 3,4759 3,4712 (continua) 174 Elementos de Hidrologia Aplicada Prof. Antenor Rodrigues Barbosa Júnior 7. Previsão de Enchentes Tabela 7.5 – Valores do fator de frequência K para a distribuição Gumbel-Chow (continuação) tamanho da amostra N Período de retorno, Tr, em anos 15 20 25 50 75 Probabilidade de não excedência, F (%) 93,33 95 96 98 98,67 1,818 2,071 2,2669 2,8690 3,219 2,2639 2,8653 2,2610 2,8618 2,2583 2,8583 2,2556 2,8550 2 5 10 55 56 57 58 59 50 -0,1575 -0,1576 -0,1577 -0,1578 -0,1579 80 0,8128 0,8116 0,8103 0,8092 0,8080 90 1,4552 1,4532 1,4512 1,4494 1,4475 60 61 62 63 64 -0,1580 -0,1581 -0,1582 -0,1583 -0,1583 0,8069 0,8058 0,8048 0,8038 0,8028 1,4458 1,4440 1,4424 1,4407 1,4391 1,806 2,059 2,2529 2,2504 2,2479 2,2455 2,2432 2,8518 2,8486 2,8455 2,8426 2,8397 3,200 3,4461 3,4424 3,4387 3,4352 3,4317 65 66 67 68 69 -0,1584 -0,1585 -0,1586 -0,1587 -0,1587 0,8018 0,8009 0,8000 0,7991 0,7982 1,4376 1,4361 1,4346 1,4332 1,4318 1,796 2,048 2,2409 2,2387 2,2365 2,2344 2,2324 2,8368 2,8341 2,8314 2,8288 2,8263 3,183 3,4284 3,4251 3,4219 3,4188 3,4158 70 71 72 73 74 -0,1588 -0,1589 -0,1590 -0,1590 -0,1591 0,7974 0,7965 0,7957 0,7950 0,7942 1,4305 1,4291 1,4278 1,4266 1,4254 1,788 2,038 2,2304 2,2284 2,2265 2,2246 2,2228 2,8238 2,8214 2,8190 2,8167 2,8144 3,169 3,4128 3,4099 3,4071 3,4044 3,4017 75 76 77 78 79 -0,1592 -0,1592 -0,1593 -0,1593 -0,1594 0,7934 0,7927 0,7920 0,7913 0,7906 1,4242 1,4230 1,4218 1,4207 1,4196 1,780 2,029 2,2211 2,2193 2,2176 2,2160 2,2143 2,8122 2,8101 2,8080 2,8059 2,8039 3,155 3,3991 3,3965 3,3940 3,3916 3,3892 80 81 82 83 84 -0,1595 -0,1595 -0,1596 -0,1596 -0,1597 0,7899 0,7893 0,7886 0,7880 0,7874 1,4185 1,4175 1,4165 1,4154 1,4145 1,773 2,020 2,2128 2,2112 2,2097 2,2082 2,2067 2,8020 2,8000 2,7982 2,7963 2,7945 3,145 3,3868 3,3845 3,3823 3,3801 3,3779 85 86 87 88 89 -0,1597 -0,1598 -0,1598 -0,1599 -0,1599 0,7868 0,7862 0,7856 0,7851 0,7845 1,4135 1,4125 1,4116 1,4107 1,4098 1,767 2,013 2,2053 2,2039 2,2026 2,2012 2,1999 2,7927 2,7910 2,7893 2,7877 2,7860 3,135 3,3758 3,3738 3,3717 3,3698 3,3678 90 91 92 93 94 -0,1600 -0,1600 -0,1601 -0,1601 -0,1602 0,7840 0,7834 0,7829 0,7824 0,7819 1,4089 1,4081 1,4072 1,4064 1,4056 1,762 2,007 2,1986 2,1973 2,1961 2,1949 2,1937 2,7844 2,7828 2,7813 2,7798 2,7783 3,125 3,3659 3,3640 3,3622 3,3604 3,3586 95 96 97 98 99 100 -0,1602 -0,1602 -0,1603 -0,1603 -0,1604 -0,1604 0,7814 0,7809 0,7804 0,7800 0,7795 0,7791 1,4048 1,4040 1,4033 1,4025 1,4018 1,4010 1,757 2,002 1,998 2,7769 2,7754 2,7740 2,7726 2,7713 2,7700 3,116 1,752 2,1925 2,1913 2,1902 2,1891 2,1880 2,1869 3,109 3,3569 3,3552 3,3535 3,3519 3,3503 3,3487 5,261 -0,1642 0,7197 1,3048 1,6350 1,8662 2,0442 2,5927 2,9115 3,1372 4,9363 175 100 1000 99 3,4667 3,4623 3,4581 3,4540 3,4500 99,9 5,359 Elementos de Hidrologia Aplicada Prof. Antenor Rodrigues Barbosa Júnior 7. Previsão de Enchentes Figura 7.9 – Papel de probabilidade de Gumbel para a distribuição de frequência de eventos extremos 176 Elementos de Hidrologia Aplicada Prof. Antenor Rodrigues Barbosa Júnior 7. Previsão de Enchentes BIBLIOGRAFIA CETESB. Drenagem Urbana: Manual de Projeto. 121 – Água. Convênio CETESB – ASCETESB. HAAN, C.T., (1977). Statistical Methods in Hydrology. The Iowa State University Press. HWANG, N.H.C. (1984). Fundamentos de Sistemas de Engenharia Hidráulica. Prentice-Hall do Brasil. LINSLEY, R.K. & FRANZINI, J.B. (1987). Water-Resources Engineering. McGraw-Hill Int. Ed. – Civil Engineering Series. RIGHETTO, A.M., (1998). Hidrologia e Recursos Hídricos. S. Carlos: EESC/USP TUCCI, C.E.M., PORTO, R. L. & BARROS, M.T. – organizadores (1995). Drenagem Urbana. Coleção ABRH de Recursos Hídricos. Ed. da UFRGS. TUCCI, C.E.M. (organizador), (1993). Hidrologia: Ciência e Aplicação. Porto Alegre, Ed. UFRGS/ABRH/EDUSP. Coleção ABRH de Recursos Hídricos – v. 4. VILLELA, S.M. & MATTOS, A. (1975). Hidrologia Aplicada. Ed. McGraw-Hill do Brasil. WORLD METEOROLOGICAL ORGANIZATION, (1981). Guide to hydrological practices – Vol. I: Data acquisition and processing. WMO - No168 – 4a ed. Secretariat of the World Meteorological Organization – Geneva – Switzerland. WORLD METEOROLOGICAL ORGANIZATION, (1983). Guide to hydrological practices – Vol. II: Analysis, forecasting and other applications. WMO - No168 – 4a ed. Secretariat of the World Meteorological Organization – Geneva – Switzerland. 177 Elementos de Hidrologia Aplicada Prof. Antenor Rodrigues Barbosa Júnior 7. Previsão de Enchentes EXERCÍCIOS: PREVISÃO DE ENCHENTES 7.1) Uma usina hidrelétrica tem vida útil de 50 anos. Qual o risco que se corre se o seu vertedor é projetado para uma cheia de tempo de recorrência igual a: a) vida útil da obra? ; b) 1000 anos?; c) 10000 anos? R: a) 63%; b) 4,8%; c) 0,5%. 7.2) Qual o período de retorno a considerar no projeto da hidrelétrica com vida útil de 50 anos, se se admite um risco de 10%? R: Tr = 475 anos. 7.3) Que período de retorno deve o engenheiro adotar no projeto de uma galeria de drenagem de uma rodovia, se ele está disposto a aceitar somente 10% de risco de que a obra falhe nos próximos 5 anos? R: Tr = 48 anos. 7.4) Uma ensecadeira deverá ser construída para proteger as atividades de construção de uma barragem durante os 5 anos de obra. Se a ensecadeira é projetada para resistir uma cheia de 20 anos, qual o risco que a estrutura venha a ser sobrepassada a) no primeiro ano?; b) em um ano qualquer dos 5 anos de construção da barragem? ; c) em nenhum ano dos 5 anos de construção? R: a) 5,0%; b) 22,6%; c) 77,4%. 7.5) O conjunto de dados abaixo foi obtido em um posto de medição de vazão, no período de 1940 a 1959 (inclusive). 3 média das cheias anuais (série anual): 198,24 m /s; 3 desvio-padrão das cheias anuais: 28,32 m /s; coeficiente de assimetria das cheias: 1,0; média dos logaritmos (base 10) das cheias anuais: 1,27; desvio-padrão dos logaritmos das cheias anuais: 0,50; coeficiente de assimetria dos logaritmos das cheias anuais: 0,2. Com base nestes dados, determinar a magnitude da cheia de 100 anos, assumindo que os picos de vazão sigam as distribuições: a) Normal; b) Log-normal; c) Pearson tipo III; d) Log-Pearson tipo III; e) Gumbel (teórica); f) Gumbel-Chow. R: a) 264m3/s; b) 271m3/s; c) R: 284m3/s; d) 320m3/s; e) 287m3/s; f) 307m3/s 7.6) Os dados de vazões máximas anuais da bacia do rio Jacupiranga, correspondentes a 28 anos de observação são fornecidos na tabela abaixo. a) Estimar as cheias de 100 anos e de 1000 anos com base nas distribuições Log-normal, Log-Pearson III e Gumbel-Chow. b) Discutir os resultados, lançando os dados em papel de probabilidade. (Utilizar relação de Weibull para a posição de plotagem: dados da série anual em ordem decrescente): Ordem m Q(m3/s) Ordem m Q(m3/s) Ordem m Q(m3/s) Ordem m Q(m3/s) 1 2 3 4 5 6 7 261 239 210 196 190 189 189 8 9 10 11 12 13 14 182 180 179 176 172 170 169 15 16 17 18 19 20 21 167 163 158 153 151 151 150 22 23 24 25 26 27 28 150 140 137 126 120 111 104 7.7) As cheias anuais de um rio seguem uma distribuição Log-normal de probabilidade. A cheia de período de recorrência de 2 anos foi estimada em 113m3/s e a de 10 anos em 150m3/s. Determine a magnitude da cheia de 25 anos. R: QTr=25 =166m3/s. 178 Elementos de Hidrologia Aplicada Prof. Antenor Rodrigues Barbosa Júnior 7. Previsão de Enchentes 7.8) Repetir o Exemplo 7.10 utilizando a construção gráfica em papel de probabilidade de Gumbel. 7.9) O registro das máximas vazões anuais em um rio, levantado durante 40 anos, indica que tais eventos se distribuem segundo Gumbel e têm média e desvio-padrão respectivamente iguais a 60m3/s e 23m3/s. a) Qual a probabilidade de ocorrer um evento de magnitude menor que 85 m3/s? b) Qual o valor de uma cheia com período de retorno de 200 anos? c) Qual a probabilidade de que ao menos uma cheia com período de retorno de 100 anos venha ocorrer durante os próximos 25 anos? R: a) P{Q<85}=87%; b) Q200=144,6m3/s; c) R=22,2%. 7.10) Demonstre que o período de retorno da média, na distribuição de Gumbel, é 2,33 anos. 7.11) Determine, pelo método de Gumbel-Chow, o valor médio de uma série histórica de eventos máximos com 35 anos de observações, sabendo-se que: i) o evento de magnitude 180 m3/s tem período de retorno de 50 anos; e ii) o desvio-padrão da amostra é de 30 m3/s. R: Q 90,6 m3/s. 7.12) Considere os dados das vazões máximas observadas no rio Jaguari, em Posto Jaguariúna (área de drenagem da bacia igual a 2.220 km2), conforme tabela abaixo. Obter as enchentes com tempos de recorrência de 50, 100, 200 e 1000 anos, considerando as distribuição das vazões Normal, log-Normal, log-Pearson e Gumbel. data 01/02/1931 09/12/1932 17/12/1933 05/01/1934 21/12/1935 07/03/1936 19/12/1937 22/12/1938 24/01/1939 14/01/1940 29/09/1941 Q(m3/s) 314,0 165,0 113,0 109,0 289,0 121,0 225,0 153,0 139,0 250,0 75,7 data 11/03/1942 15/03/1943 07/03/1944 05/02/1945 28/01/1946 04/03/1947 16/03/1948 09/02/1949 24/02/1950 19/01/1951 26/02/1952 179 Q(m3/s) 96,4 244,0 116,0 240,0 167,0 302,0 182,0 93,1 212,0 171,0 163,0 data 29/03/1953 13/02/1954 17/01/1955 05/01/1956 21/01/1957 29/01/1958 23/03/1959 25/02/1960 23/12/1961 17/03/1962 31/12/1963 21/02/1964 Q(m3/s) 51,9 169,0 102,0 135,0 206,0 425,0 95,0 123,0 490,0 212,0 237,0 205,0