MANEJO INTEGRADO E SUSTENTÁVEL DOS RECURSOS HÍDRICOS TRANSFRONTEIRIÇOS DA BACIA DO AMAZONAS Atividade II.1.1 melhorar o conhecimento dos ecossistemas aquáticos amazônicos Produto 1: Plano estratégico para execução do projeto Consultor: Cleber J. R. Alho 1. Amazônia: a unidade hidrográfica e os ecossistemas aquáticos (biogeografia, fitofisionomias e biodiversidade associada). A seguir são identificados e brevemente descritos os principais elementos para o plano estratégico, referentes aos ecossistemas aquáticos da Amazônia, visando a melhorar o seu conhecimento, para a gestão integrada dos recursos hídricos. O objetivo estratégico é o de agregar as informações técnico-científicas relevantes, conduzir uma análise interpretativa dessas informações, no sentido de mostrar como os ecossistemas se estruturam e funcionam, com a participação da biodiversidade regional, para dar apoio às ações do planejamento estratégico visando o manejo integrado e sustentável dos recursos hídricos. A busca de informações diversas quer conceitual, quer de dados técnico-científicos, visa integrar e harmonizar os componentes fundamentais da estrutura e da função dos ecossistemas aquáticos. O objetivo é para as informações científicas necessárias para os ecossistemas aquáticos, com foco nos recursos economicamente importantes desses ecossistemas na Amazônia. Visa preencher vazios de informações sobre a estrutura e função dos ecossistemas aquáticos diante do presente uso e das ameaças antropogênicas. Para tanto, uma avaliação socioeconômica deverá ser conduzida pela identificação dos instrumentos econômicos necessários para propor o uso sustentável dos recursos naturais. Os dois produtos oriundos desta atividade de busca de informações científicas serão: (1) a identificação das ameaças antropogênicas aos ecossistemas aquáticos da Bacia Amazônica com a análise do valor econômico da biodiversidade; e (2) estabelecer as diretrizes para promover a conservação e o uso sustentável desses recursos. O objetivo focal é identificar e analisar as ameaças ambientais associadas aos ecossistemas aquáticos nos hotspots (conforme identificados pelo Projeto Aqua-Bio World Bank-GEF “Integrated Management of Aquatic Resources in the Amazon”), e nas áreas transfronteiriças, visando propor um conjunto de medidas mitigadoras que incluam instrumentos econômicos (aquicultura, pesca sustentável, extrativismo sustentável etc.) para contribuir para a conservação e o uso sustentável dos recursos naturais dos ecossistemas aquáticos. Os processos hidrológicos na bacia amazônica contam com dois eixos funcionais importantes: (1) o fluxo vertical que compreende os processos de precipitação, evapotranspiração da floresta, umidade e fluxo no solo; e (2) o fluxo longitudinal, representado pelo escoamento na direção dos gradientes da superfície (escoamento superficial e fluxo dos rios) e do sub-solo (escoamento subterrâneo). 1 No ciclo da água, a radiação solar é um importante elemento do ecossistema. A vegetação também desempenha função crucial no balanço de energia e no fluxo de volumes de água. Uma parcela importante da água da precipitação fica retida pela cobertura vegetal. Como na Amazônia a floresta original é exuberante, maior é a área de retenção da água durante a precipitação. O volume de água retido é evaporado assim que houver capacidade potencial de evaporação. Quando esse volume de água retido pela floresta é evaporado, as plantas passam a absorver água do solo por meio de suas raízes. Além disso, as plantas transpiram. Desse modo, a evapotranspiração da floresta (evaporação mais transpiração) desempenha papel fundamental na função do ecossistema. Esses valores de interceptação da água da chuva pela floresta variam de local para local. Por exemplo, na Reserva Duke, perto de Manaus, essa interceptação de água pela floresta é de cerca de 9%. Já a capacidade de infiltração da água no solo depende do tipo de solo, mas em geral, na Amazônia, essa infiltração no solo é alta, decorrendo, em consequência, pouco escoamento superficial no interior da floresta. 1.1. Bioma amazônico A Amazônia se caracteriza, sob o ponto de vista paisagístico, como um domínio morfoclimático, combinado por distintos fatores climáticos, geomormofológicos e hidrológicos, que se distribuem por cerca de seis milhões de quilômetros quadrados de extensão. Embora essa imensa área do bioma amazônico possa abrigar várias regiões naturais, incluindo territórios de diferentes países, com seus distintos regimes hidrológicos, diferentes fitofisionomias e compartimentos topográficos, contudo, a região exibe um conjunto de feições climáticas, de solos e de formações vegetais com sua fauna associada, que caracterizam uma unidade, um bioma. A geologia da região é bastante diversificada, englobando tanto rochas sedimentárias fanerozóicas da parte da bacia amazônica, como rochas ígneas précambrianas do Cráton Amazônico. Seu relevo é composto de planaltos ondulados com altitudes de até 300 m (40% da área), planícies e depressões (60% da área). 1.2. O complexo hídrico A formação do complexo hídrico da Amazônia é explicada pela longa história evolutiva da região. O fato importante é que a declividade da bacia é extremamente baixa em alguns lugares: 1-2 cm/km. Como o relevo é plano, o aumento no nível da água produz alagamento dos vales dos rios, inundando a terra, a floresta e os lagos adjacentes, mudando a paisagem, com efeitos sazonais na biodiversidade. Ao penetrar no Brasil, a cerca de 3.100 km do Oceano Atlântico, o Rio Amazonas (Solimões) encontra-se a 65 m acima do nível do mar (com um gradiente de declive de apenas 2,1 cm/km). Na confluência com o Rio Negro, está a 1.400 km do Oceano Atlântico, numa altitude de cerca de 20 m e declividade de 1,43 cm/km. Nesse sistema hídrico, parte dos cursos é de águas barrentas, negras ou claras, além da presença de um grande número de lagoas e milhares de igarapés. Ao longo de todo o curso, o Rio Amazonas recebe aproximadamente 7.000 afluentes. Os principais afluentes do Rio Amazonas em território brasileiro, pela margem esquerda, são os Rios Içá, Nhamundá ou Jamundá, Caquetá ou Japurá, Negro, que 2 recebe com o principal afluente, o Branco, Trombetas e Jari. Pela margem direita, encontram-se os Rios Javari, Jutaí, Purus, Tefé, Madeira, Tapajós e Xingu. Ao entrar na região do estuário, o Amazonas recebe a contribuição do Rio Tocantins. 1.3. Ciclagem de nutrientes A análise do fluxo de sedimentos, de sua variabilidade e sua origem, é de fundamental importância para a estimativa da erosão dos solos e do impacto do desmatamento. A modificação dos aportes de sedimentos afeta a navegabilidade dos rios em período de águas baixas. A contaminação dos rios afeta a cadeia alimentar, por elementos tóxicos (como chumbo, cádmio, cromo, cobre, níquel, estanho, mercúrio etc.), com impactos negativos na biodiversidade e na saúde das populações humanas ribeirinhas. Por outro lado, os elementos-traço podem ser utilizados como marcadores dos processos de alteração e de erosão das bacias hidrográficas, auxiliando no monitoramento das interferências antrópicas na bacia. O solo tem influência no trânsito entre as águas da chuva e o fluxo dos rios, afetando a qualidade e a quantidade dos sedimentos levados aos rios pela erosão mecânica ou química. O conhecimento dessa distribuição espacial dos solos é essencial para a compreensão dos fenômenos hidrológicos e hidrogeoquímicos. A variabilidade temporal das características do regime hidrológico sazonal (ciclo hidrológico) e interanual (variações climáticas) continuam a ser um grande desafio para a região. Na bacia Amazônica, os rios de água branca caracterizam-se por serem de origem andina, transportando grandes quantidades de sedimentos erodidos naquela cadeia montanhosa. Os Andes representam cerca de 10% da superfície da bacia Amazônica, mas fornecem uma grande parte do fluxo de elementos dissolvidos e a quase totalidade do fluxo de sedimentos. Esse fenômeno é particularmente visível na bacia do Rio Madeira. Os rios da Amazônia têm águas de cores diferentes, como é notado no encontro das águas do Rio Negro com o Rio Solimões, perto de Manaus. Há três tipos: água clara, água branca e água negra, cuja composição tem efeito na biodiversidade aquática. Os rios de água branca ou barrenta, como o Amazonas (ou Solimões) nascem nos Andes, região montanhosa, e carreiam sedimentos e nutrientes desses locais. Um requisito, portanto, é ter relevo na cabeceira. É ainda o caso dos rios Juruá e Purus que nascem em montanhas do Peru. Os grandes bagres migradores fazem grandes deslocamentos rio acima para se reproduzirem em rios de águas barrentas. Já os rios de águas negras, como o Rio Negro, nascem na região da planície amazônica, em locais planos, e não carreiam sedimentos barrentos, mas muita matéria orgânica (folhas em decomposição), com menos nutrientes. Esse tipo de água faculta uma característica própria de biodiversidade. Já os rios de águas claras, como o Tapajós e o Xingu, nascem em áreas de pouco relevo, passando seus cursos em trechos pouco inundáveis, conferindo a cor clara de suas águas. O rio Xingu, por exemplo, passa na transição entre a região de cristalino da Amazônia (solo rochoso) e a porção da planície, atravessando enorme área de ambiente de pedrais, com biodiversidade bem própria, inclusive com endemismos de espécies de peixes. 3 1.4. Pressões antrópicas e ameaças ambientais As principais atividades econômicas da região são a pesca, a exploração madeireira, o extrativismo vegetal, a agricultura e pecuária, o turismo e a mineração. As grandes obras de infraestrutura, incentivadas pelo Governo para promover o ritmo de desenvolvimento da região amazônica, como a construção de usinas hidrelétricas, o sistema de transporte, o abastecimento de água e o saneamento, constituem outro componente de impacto ambiental. Todas essas atividades se beneficiam do uso dos recursos aquáticos e hídricos, que, embora de proporções consideráveis, são finitos e encontram-se ameaçados pelo crescimento desordenado desses setores e atividades, e dos conflitos entre eles. Essas atividades motivam a mobilização humana, com consequentes efeitos nos recursos naturais dos ecossistemas aquáticos. A ocupação desordenada dos ambientes formadores dos ecossistemas aquáticos da Amazônia, além de comprometer a qualidade dos recursos hídricos, a biodiversidade aquática e a produção pesqueira, ameaçam também a qualidade de vida das populações locais, como as comunidades ribeirinhas, os pescadores artesanais e os grupos indígenas, que utilizam os recursos aquáticos como fonte de alimentação e subsistência. As pressões antrópicas têm causado mudanças na troca de substâncias diversas entre os sistemas aquáticos e terrestres (alteração e erosão) e no balanço dos elementos químicos que circulam nesse ambiente. Entre essas, os metais pesados, denominados também elementos-traço, são de extrema importância, devido à sua toxicidade aos organismos vegetais e animais (incluindo ao ser humano). A floresta amazônica, que regula local e regionalmente o ciclo hidrológico, garante melhor distribuição de chuvas e maior estabilidade no regime dos rios, tem sido afetada pelo desmatamento. As seguintes categorias antropizadas, definidas por meio de dados socioeconômicos compreendem: predomínio de culturas cíclicas, extrativismo vegetal (madeira) e pecuária, usos diversos de caráter agropecuário, predomínio da pecuária, predomínio da pecuária sobre extrativismo (madeira); mineração; garimpo. O uso não sustentável dos recursos naturais defronta-se com uma ameaça poderosa: a ocupação e a utilização desordenada dos rios amazônicos. Além de impactar negativamente os recursos hídricos e a biodiversidade aquática, ameaça também a qualidade de vida das populações locais – comunidades ribeirinhas, pescadores artesanais, grupos indígenas e pequenos agricultores, que têm nos recursos naturais uma fonte de subsistência e geração de renda. As ameaças à biodiversidade aquática na Amazônia brasileira originam-se de uma crescente ocupação e do consequente incremento de atividades humanas na região, além de mudanças no padrão do comportamento humano com relação ao uso de recursos naturais. Tais mudanças também resultaram num aumento na ocorrência de conflitos entre usuários dos recursos naturais, e os principais conflitos que foram identificados nas sub-bacias priorizadas pelo Projeto AquaBio que são: No médio e baixo Rio Negro, (i) conflitos entre a pesca ribeirinha e a comercial, especialmente onde as pescarias estão limitadas a áreas fora de áreas protegidas, aumentando desta forma a competição dos usuários pelo recurso pesqueiro; (ii) conflitos entre a pesca de subsistência praticada pelos ribeirinhos e a pesca esportiva, 4 já que alguns rios foram “fechados” para a pesca de subsistência, de forma a assegurar a disponibilidade de grandes espécimes para a pesca esportiva; (iii) conflitos entre “piabeiros” (pescadores que se dedicam à captura de peixes ornamentais) e autoridades ambientais, e também com outros tipos de pescaria; Nas cabeceiras do Rio Xingu, (i) conflitos entre ribeirinhos/pequenos agricultores e as grandes fazendas (de pecuária e com operações mecanizadas de agricultura); (ii) conflitos sobre a qualidade ambiental e da saúde entre populações no entorno do Parque Indígena do Xingu e os povos indígenas que vivem no Parque; No baixo Rio Tocantins (i) conflitos entre pescadores sobre o uso dos estoques reduzidos de peixes após a construção da UHE Tucuruí; (ii) conflitos entre comunidades locais e administradores da usina hidroelétrica sobre a implementação de medidas apropriadas para compensar os impactos negativos sobre as atividades econômicas e a qualidade de vida no trecho do rio a jusante da barragem. As atividades visam gerar experiências e lições aprendidas, incluindo novas tecnologias ou sistemas de produção, visando incorporar as preocupações com a biodiversidade aquática nas várias atividades produtivas, contribuindo dessa maneira para o desenvolvimento dos planos de ação, e consequentemente para a formulação e implementação do manejo integrado de recursos aquáticos. 1.5. Diversidade de fitofisionomias O bioma Amazônia compreende extensas áreas de cobertura vegetal de fitofisionomias estruturalmente complexas, às quais se associam, por exemplo, encraves de Cerrado e de campinaranas, entre outras formações de vegetação presentes em pequena proporção, mas de igual importância ecológica. Esses rios formadores da bacia amazônica, como o Xingu, por exemplo, fazem parte do bioma amazônico, por sua características regionais, contudo, o gradiente de temperaturas e principalmente de pluviosidade, observado em direção sul, determina fitofisionomias mais secas rumo às nascentes de seus formadores, presentes já no domínio do Cerrado. Dessa forma, em sua porção sul, a bacia hidrográfica, em suas nascentes, neste caso, abarca parcialmente ambientes savânicos. Incluem áreas de tensão ecológica ou de ecótones. São ambientes floristicamente distintos e estruturalmente mais simples que as formações florestais, contendo uma flora em grande parte endêmica, com forte xeromorfismo. Por serem ambientes abertos, onde a insolação incide até o nível do solo, apresentam, de modo geral, um componente herbáceo e arbustivo geralmente mais expressivo que o arbóreo, quando comparado às formações florestais. O mesmo contraste é notado em rios que nascem nas montanhas dos Andes. O importante aqui é salientar, que diversos fatores influenciam na distribuição da biodiversidade, e em consequência, nos diversos tipos de ecossistemas aquáticos. Grande parte das espécies está associada à heterogeneidade ambiental decorrente do tipo de terreno/solo e consequentes variações de altitudes, de drenagem e de clima, bem como de heterogeneidades de substrato, relativas a variações de solo e de disponibilidade hídrica, aporte de nutrientes e produtividade do ecossistema. As fitofisionomias da Amazônia mostram um padrão biogeográfico representado por um gradiente de diversidade de árvores do leste para o oeste, sendo que as 5 florestas mais próximas aos Andes apresentam maior riqueza de espécies. Esse padrão é explicado pela presença de fatores climáticos e edáficos, com climas mais chuvosos e menos sazonais e solos relativamente mais ricos em nutrientes. Outros estudos indicam que as florestas menos sazonais, sem períodos de seca definidos, apresentam maior diversidade de árvores. A literatura indica que na Amazônia Ocidental há maior diversidade de árvores do que no leste da Amazônia. Este padrão, contudo, não parece ser rígido, porquanto inventários biológicos conduzidos no Médio Amazonas apresentam densidades de árvores (com diâmetro à altura do peito maior ou igual a 10 cm) muito próximas às encontradas nos estudos da Amazônia Ocidental. Essa alta diversidade de espécies na Amazônia Central se contrapõe ao padrão oeste-leste, mas também com relação à diversidade de árvores, sazonalidade, pluviosidade e dinâmica. Outra interpretação biogeográfica é que essa mesma alta diversidade na Amazônia Central pode estar relacionada com a confluência de regiões fitogeográficas distintas, congregando espécies provenientes de diversas regiões. Enfim, esses conhecimentos ecossistêmica do bioma. recentes evidenciam a complexidade As diversas fitofisionomias da Amazônia, incluindo as matas de terra firme, compreendem as florestas ombrófilas de vários tipos, que no Brasil recebem denominações de acordo com o sistema oficial do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. Os ambientes mais próximos aos rios, que deles sofrem influência, são dominados pela Floresta Ombrófila Aluvial. São florestas localizadas na planície de inundação. Em geral, são as seguintes as tipologias: Campinarana, Floresta Estacional, Floresta Ombrófila Aberta Submontana, Floresta Ombrófila Densa Aluvial, Floresta Ombrófila Densa Submontana, Floresta Ombrófila Densa de Terras Baixas, Savana Parque e Gramínio-Lenhosa, Savana Arborizada, Savana Florestada, Formações Pioneiras, Vegetação Secundária, Contato Campinarana e Floresta Ombrófila, Contato Savana e Floresta Ombrófila, Contato Floresta Ombrófila e Floresta Estacional. As áreas protegidas incluem diversas categorias, tais como Unidade de Conservação de Uso Sustentável (Reservas Extrativistas), Unidade de Conservação de Proteção Integral (Parques Nacionais, Reservas Biológicas) e Terras Indígenas. Estudos mostram (por exemplo, Indigenous Lands, Protected Areas and Slowing Climate Change) que a proteção de áreas florestais, com a redução do desmatamento e da degradação, é uma das estratégias mais eficazes e de efeito imediato para enfrentar mudanças climáticas. Por isso, deve ser incorporada às estratégias para redução de emissões de gases poluentes. A ação deve ser para a criação de áreas indígenas protegidas e unidades de conservação – o que, além do mais, gera trabalho e renda para populações locais. Desde 2002, o desmatamento na Amazônia foi 11 vezes menor nas áreas indígenas e unidades de conservação do que nas áreas não protegidas. 1.6. Diversidade da fauna silvestre Com relação à fauna silvestre que participa dos ecossistemas aquáticos, as espécies animais têm os rios como limites de suas distribuições. Em alguns casos, 6 verifica-se uma drástica mudança na composição animal em margens opostas de grandes rios, sem que se percebam diferenças relevantes na estrutura e composição da cobertura vegetal. A Floresta Amazônica é um dos maiores centros de diversidade da herpetofauna do mundo. A região abriga cerca de 430 espécies de anfíbios e cerca de 89 espécies de lagartos. Frequentemente se tem notícia de novas espécies da herpetofauna sendo descritas. As aves contribuem com cerca de 1.000 espécies, o que representa em torno de 11% de todas as espécies de aves existentes no mundo. O número de espécies de mamíferos se aproxima de 400. As comunidades de peixes amazônicos têm características próprias da região. Essas comunidades ecológicas são influenciadas tanto por fatores físicos e bióticos locais e contemporâneos, como pelos fatores históricos, de macro-escala global e continental que moldaram a biodiversidade regional. Como resultado desses processos históricos e biogeográficos, a distribuição das espécies nos diversos ecossistemas aquáticos não é uniforme, diante das mudanças constantes ao longo da evolução. Em consequência, a evolução das comunidades de peixes de água doce está relacionada aos processos geológicos e climáticos que modelaram o surgimento e as transformações das bacias hidrográficas na Amazônia. De tal modo que as barreiras físicas impedem a dispersão das espécies (limites das bacias hidrográficas), sendo fatores controladores dos padrões das comunidades e populações de peixes atuais. Portanto, para analisar a Província Ictiofaunística Amazônica, é necessário visualizar a história evolutiva da região. Formada por extensos sistemas de lagos, entremeados por canais rasos, raras invasões marinhas e considerando o isolamento parcial de algumas áreas (notadamente entre o Baixo Amazonas, Médio Amazonas e Alto Amazonas), durante o Mioceno, a região foi um berço de especiação. Esses eventos biogeográficos parecem ter exercido marcada influência sobre a evolução da ictiofauna, cuja diversificação de espécies é extremamente alta, comparada com outras grandes bacias do globo. Em síntese, com relação à diversidade de peixes da Amazônia, a estrutura e dinâmica de uma comunidade local são o produto de interações multidimensionais, históricas e contemporâneas, entre as espécies e o meio físico ao qual devem adaptarse. A residência ou permanência de uma espécie numa comunidade local é determinada parcialmente pelas possibilidades e época efetiva de dispersão regional e acesso àquele local, pelas adaptações da espécie às condições ambientais locais e pelas interações bióticas com outras espécies nas comunidades locais (notadamente competição, predação e parasitismo). A diversidade de ambientes condiciona a estrutura da ictiofauna, pois em cada um desses ambientes há características ecológicas diferentes, com oferta diferenciada de recursos, selecionando as espécies por características de sua biologia, particularmente quanto aos aspectos alimentares e reprodutivos. Há espécies que completam todo o seu ciclo de vida no canal principal do rio, outras que o fazem em lagoas marginais ou áreas alagadas e ainda aquelas que exploram as áreas alagadas durante a enchente e dependem do canal principal para migrações reprodutivas ou alimentares. 1.7. Diversidade e interflúvios 7 Na região amazônica, de modo geral, as características da rede hidrográfica assumem importante papel como fator interveniente na biodiversidade dos diferentes ecossistemas. Ambientes de interflúvios das áreas de terra firme alternam-se com ambientes alagados durante as cheias e com aqueles que sofrem influência sazonal dos rios periodicamente alagados. Formam-se, dessa maneira, gradientes de umidade com diferentes níveis de restrição de ocorrência para algumas espécies vegetais e animais, promovendo dissimilaridades entre as florestas situadas nesses diversos compartimentos e, portanto, elevando a diversidade entre hábitats. A história evolutiva da Amazônia também permite entender certas características da biodiversidade. Há evidências de que a evolução geológica, que gerou os Arcos de Iquitos, Purus e Gurupá, promoveu o isolamento de partes da bacia amazônica durante a transgressão marinha, em um padrão que coincide aproximadamente com regiões fitogeográficas amazônicas. Todos esses fatores apontam para a extensa e significativa diversidade de comunidades ecológicas e ecossistemas aquáticos na Amazônia. A escolha de indicadores pode apontar para a importância do contexto espacial sobre os processos ecológicos e, ainda, para a importância da influência humana sobre os ecossistemas aquáticos, resultando em ameaças ambientais, mas também para a gestão sustentável. 1.8. Heterogeneidade, complexidade de ecossistemas e hotspots da biodiversidade O conceito hotspot foi criado em 1988 pelo ecólogo inglês Norman Myers para tentar identificar quais as áreas mais importantes para preservar a biodiversidade, com base nas regiões que concentram os mais altos níveis de diversidade biológica e onde as ações de conservação deveriam ser mais urgentes. Dois fatores são fundamentais para a escolha de um hotspot: (1) a existência de espécies endêmicas, ou seja, que são restritas a um ecossistema específico e (2) grandes taxas de destruição do habitat. A despeito da grande extensão e da natureza transfronteiriça dos rios amazônicos, e dos centros importantes de diversidade de ambientes e suas ameaças ambientais, como conceituado nos hotspots, torna-se estratégico limitar as ações diretas a focais regiões designadas. Esses hotspots discutidos pelo Projeto AquaBio - Projeto Manejo Integrado da Biodiversidade Aquática e Recursos Hídricos da Amazônia, têm atuação nas Subbacias do Rio Xingu-MT, Rio Negro-AM e Rio Tocantins-PA. O projeto tem como principal objetivo a promoção de ações estratégicas voltadas para o manejo integrado, garantindo sua conservação e uso sustentável. Está constituído com o alicerce na parceria entre poder público, sociedade civil e instituições de ensino e pesquisa, entre outros, de forma que a conservação seja internalizada de forma participativa nas políticas e programas de desenvolvimento para a Amazônia. A execução do projeto deve ir até 2013. Atividades demonstrativas serão realizadas nas três sub-bacias, visando testar modelos de manejo que mais tarde possam ser adaptados e replicados em outras áreas como forma de alcançar um plano de manejo integrado para toda a Amazônia. 8 Planeja-se também divulgar as experiências e lições aprendidas geradas pelo Projeto para os demais países que compartilham a Bacia Amazônica com o Brasil, na expectativa de, a médio/longo prazo, e a partir dos esforços desenvolvidos também pelos países vizinhos, desenvolver um sistema de gestão integrada para a bacia como um todo. As áreas do AquaBio compõem uma amostra representativa das várias combinações de ecossistemas aquáticos e problemas que os afetam na Amazônia brasileira. No Rio Negro, as diferentes modalidades de pesca (ornamental, subsistência, esportiva e comercial) têm levado à redução do estoque de algumas espécies e intensificado os conflitos pelo direito à pesca nos últimos anos. Nas cabeceiras do Rio Xingu, a maior parte dos impactos negativos resulta de formas não sustentáveis de uso da terra, como a conversão da vegetação natural em áreas de pasto e a monocultura da soja. Já o Baixo Tocantins sofreu o impacto da hidrelétrica de Tucuruí, que afetou os padrões naturais de enchente-cheia-vazante-seca do rio e, consequentemente, características biológicas das espécies aquáticas, tais como migração, período de desova, disponibilidade de hábitat e itens alimentares. Inicialmente, o AquaBio tem suas ações voltadas para os ecossistemas aquáticos dos Estados do Amazonas (Rio Negro), Pará (Rio Tocantins) e Mato Grosso (cabeceiras do Rio Xingu) Ver Figura 1. Nos três Estados serão desenvolvidas ações para orientar as comunidades locais sobre a conservação e o uso sustentável dos recursos naturais da Amazônia. A proposta do AquaBio é envolver populações ribeirinhas, grupos de agricultores familiares, pescadores, artesãos e lideranças rurais, entre outros. Com esse trabalho, o governo brasileiro espera encontrar soluções para os problemas que afetam a biodiversidade aquática, os recursos hídricos e as condições de vida das comunidades locais. O projeto é executado pelo Ministério do Meio Ambiente, por meio da Secretaria de Biodiversidade e Florestas (SBF). O recurso financeiro é do Fundo Mundial para o Meio Ambiente (GEF). Figura 1. As três áreas prioritárias (hotspots) do Projeto AquaBio 9 Para selecionar sub-bacias específicas, vários critérios (ou indicadores) foram utilizados, agrupados em quatro categorias: (i) Ecossistema e Biodiversidade; (ii) Importância dos Recursos Aquáticos e Grau de Ameaça; (iii) Informações e Conhecimento Científico; e (iv) Desenvolvimento Humano e Organização Social. Com base na aplicação de um conjunto de 16 indicadores (quatro em cada uma dessas categorias), as sub-bacias foram priorizadas para a intervenção direta do Projeto AquaBio, listadas a seguir em ordem de importância: (1) Negro, (2) Xingu, (3) Tocantins, (4) Jari, (5) Tapajós, e (6) Trombetas. Devido às limitações orçamentárias e de capacidade para implementação, e também à natureza demonstrativa dos projetos GEF, apenas as três primeiras foram consideradas para fins de atuação direta do Projeto AquaBio, e que são objeto do presente projeto da OTCA. As três sub-bacias selecionadas, juntamente com a área do projeto ProVárzea, compõem uma amostra representativa das várias combinações de ecossistemas aquáticos e problemas que os afetam na Amazônia brasileira. O Rio Negro é um exemplo de sub-bacia onde a utilização direta é o principal problema afetando os recursos aquáticos, enquanto que, nas cabeceiras do Rio Xingu, a maior parte dos impactos negativos sobre a qualidade e abundância dos recursos aquáticos resulta de formas não-sustentáveis de uso da terra, incluindo a conversão da vegetação natural e urbanização crescente. Por outro lado, o baixo Rio Tocantins sofreu o impacto direto e irreversível da construção e operação de uma grande usina hidroelétrica, a UHE Tucuruí. Simultaneamente há diversos esforços no sentido de priorizar áreas críticas para conservação na Amazônia, como a iniciativa brasileira de mapear as áreas prioritárias para conservação, programa multidisciplinar e pluri-institucional que começou com uma reunião técnico-científica em Manaus, em 1990. Daí em diante, foi desenvolvido o programa de Ações Prioritárias para a Conservação da Biodiversidade dos Biomas Brasileiros. Uma diretriz conhecida em Ecologia é a de que a biodiversidade – espécies, populações geneticamente diferenciadas e ecossistemas – não estão igualmente distribuídos ao longo de um bioma. Outro foco dessa questão é o conceito de ecorregião, que vem sendo adotado em várias esferas de governos, inclusive com mapeamentos. Entende-se por ecorregião um conjunto de comunidades naturais, geograficamente distintas, que compartilham a maioria das suas espécies, dinâmicas e processos ecológicos, e condições ambientais similares, que são fatores críticos para a manutenção de sua viabilidade no longo prazo. A complexidade de ambientes conta ainda com os “trampolins ecológicos”, ou “passarelas de biodiversidade”, também conhecidos como stepping stones, que são áreas de ligação entre pontos da biodiversidade na matriz ambiental das unidades de paisagens e seus diferentes biótopos, com mosaicos heterogêneos, mas que agem de maneira interativa na estrutura e função do ecossistema. Nesse sentido, há que se ressaltar que a conectividade das unidades de paisagem permite o fluxo biológico entre elas, dependendo da proximidade dos elementos dos hábitats ou biótopos, da 10 densidade de corredores e stepping stones que possam facultar a permeabilidade da matriz ambiental. A distribuição de espécies, a sua abundância em determinado ambiente ou hábitat, a estrutura de populações em comunidades ecológicas, a composição de grupos sociais, a interação de espécies em organização de guildas e muitos outros aspectos do meio biótico contam com um número variado de fatores ambientais que os limitam ou neles interferem. Por exemplo, a dispersão ou propagação de plantas se dá por mecanismos diferenciados e, por outro lado, a fauna silvestre ativamente seleciona o seu habitat preferido por mecanismo específico de comportamento ecológico. Desse modo, as fitofisionomias, por exemplo, são estruturadas pela distribuição da fauna por seleção de habitat, por espécies exigentes em microhabitats, em sub-bosque, em dossel da floresta ripária, espécies dependentes de sombra ou que competem pela luz e assim por diante. A interação entre indivíduos da mesma espécie e entre espécies diferentes se dá em vários níveis: competição por alimento com predação, por espaço e nicho reprodutivo e outros fatores, numa escala de tempo histórica ou evolutiva, ou diante do cenário presente. Desse modo, elementos do meio físico, tais como temperatura e luz, precipitação e regime hídrico são cruciais na distribuição de espécies. Em ambientes já alterados com a fragmentação da floresta aluvial, os efeitos de borda, com penetração de luz e modificação da umidade, impactam negativamente a distribuição e composição das espécies na beirada desses fragmentos florestais. Outros fatores físicos e químicos que potencialmente alteram a estrutura do solo e os ciclos geobioquímicos têm influência direta no meio biótico. 1.9. Mudança climática Devido às suas dimensões geográficas, a bacia Amazônica é afetada pelas variações climáticas globais. A previsão de acontecimentos hidrológicos extremos (cheias, estiagens) é primordial para a região, tanto no que tange aos aspectos socioeconômicos como com relação à biodiversidade regional. Por exemplo, as grandes inundações têm sido fatores limitantes para a pecuária e a ocupação das áreas de várzea. As áreas de várzea da floresta amazônica desempenham papel importante na regulação do clima úmido da região. A progressiva perda da cobertura vegetal potencialmente pode levar a uma significante diminuição do regime de chuvas, diminuindo a precipitação e resultando em um clima mais seco. Com relação ainda às mudanças climáticas, trabalhos recentes evidenciam a redução das chuvas devido ao desflorestamento da Amazônia. Esses trabalhos também evidenciam que a fração da floresta desmatada também é variável importante na mudança climática. Isso tem ligação com a circulação atmosférica afetando também a variabilidade no Oceano Pacífico o que, por sua vez, influencia o fenômeno El Niño. A Amazônia desempenha um papel importante no ciclo de carbono planetário e pode ser considerada como uma região de grande risco do ponto de vista das influências das mudanças climáticas. O atual equilíbrio dinâmico da atmosfera amazônica está sujeito a forças de transformação que levam às variações climáticas e podem ser analisadas sob os seguintes aspectos: 11 Mudanças climáticas de origem antrópicas, decorrentes de alterações do uso da terra dentro da própria região amazônica. Tais alterações estão ligadas diretamente ao desmatamento de sistemas florestais para transformação em sistemas agrícolas e/ou pastagem, o que implica em transferência de carbono (na forma de dióxido de carbono) da biosfera para a atmosfera, contribuindo para o aquecimento global, o qual por sua vez acaba atuando sobre a região amazônica. Evidências de estudos observacionais e estudos de modelagem demonstraram que mudanças na cobertura superficial podem ter um impacto significativo no clima regional e global. Evidências de trabalhos paleoclimáticos e de modelagem indicam que essas mudanças na vegetação, em alguns casos, podem ser equivalentes àquelas devidas ao aumento do CO2 na atmosfera. Variações climáticas decorrentes das mudanças climáticas globais provocadas por ações antrópicas. Se as tendências de crescimento das emissões se mantiverem, os modelos climáticos indicam que poderá ocorrer aquecimento até acima de 6ºC em algumas regiões do globo. É provável que a temperatura média global durante o século XXI aumente entre 2,0ºC a 4,5ºC, com uma melhor estimativa de cerca de 3,0ºC, e é muito improvável que seja inferior a 1,5ºC. Valores substancialmente mais altos que 4,5ºC não podem ser desconsiderados, mas a concordância dos modelos com as observações não é tão boa para esses valores. Conclui-se que, mesmo no cenário de baixas emissões de gases do efeito estufa, as projeções dos diversos modelos indicam aumento da temperatura, sobretudo no Hemisfério Norte. 2. Procedimentos metodológicos para elaboração dos produtos do projeto Conforme preconizado no Termo de Referência (TR) para elaboração da Atividade II.1.1 – melhorar o conhecimento dos ecossistemas aquáticos amazônicos, a elaboração dos produtos será baseada em dados secundários de trabalhos já realizados na região, incluindo produção científica, relatórios técnico-científicos, documentos de governo e outras informações disponíveis coletadas em visitas locais. Para isto, um plano de viagem é estabelecido para conseguir informações locais, não publicadas, além de entrevistas com atores designados que possam adicionar informações relevantes. Para a caracterização das ameaças ambientais, dos aspectos socioeconômicos, e das áreas específicas de alta diversidade biológica (hotspots) deverá ser realizada uma intensa revisão da bibliografia disponível sobre cada um desses temas, o que consiste na identificação, seleção, análise e compilação de dados secundários que formarão as bases para a caracterização de cada tema especificado no Termo de Referência. Igualmente, a experiência do consultor em pesquisa e outras atividades na Amazônia consolidarão os dados que serão utilizados para estruturar e dar conteúdo para os produtos a serem elaborados, aprofundando as análises do diagnóstico e das ações pertinentes. Para as visitas locais, incluindo as entrevistas, um Plano de viagem é apresentado a seguir. 12 O conjunto desses dados a serem coletados será analisado e interpretado para a elaboração dos produtos, em atendimento ao que estabelece o Termo de Referência. A interpretação dos dados e das informações que serão coletadas dos meios físico-químico ou abiótico, biótico e socioeconômico, passa pela adequação do planejamento e da gestão diante da diversidade e da complexidade física, biótica, sócio-cultural, econômica, político-institucional, incluindo o enfoque de diferentes países. Essa complexidade, diante da presente prática de uso do solo na Amazônia, com padrões econômicos distantes dos objetivos de uso sustentável dos recursos naturais, incluindo a capacidade de suporte dos diferentes ecossistemas, tem contribuído para a deterioração dos recursos hídricos e, em consequência, da biodiversidade regional. A técnica a ser utilizada para a síntese das informações a serem coletadas será a pesquisa documental e a análise descritiva, qualitativa, com projeções preliminares de um cenário prospectivo. Há, portanto, a necessidade de uma análise criteriosa, em busca do cenário de sustentabilidade e como opção racional econômico-ecológica da política de recursos hídricos. Os produtos a serem elaborados deverão abordar as relações naturais ou sinergias entre água, clima, solo e fitofisionomias ou ecossistemas da Amazônia, importantes para a política de recursos hídricos. Isso pressupõe uma base de informações a serem colhidas para explicar a complexa teia de inter-relações essenciais à ecologia e ao ambiente regional. No aspecto global, as mudanças climáticas serão inseridas nas análises. As alterações decorrentes de fatores antrópicos que intervêm nessa sinergia, tais como os desflorestamentos, as queimadas e o degelo (na parte andina), por exemplo, poderão ser críticas para manter a função e a estrutura ecossistêmica. A critério da Coordenação geral do projeto, reuniões técnicas deverão ser programadas para análise colegiada multidisciplinar de dados. Em síntese, a coleta de informações e a análise comporão a base técnicocientífica para apoiar o gerenciamento integrado e estratégico do projeto. 13 3. Plano de Viagens Para a execução dos trabalhos o seguinte plano de viagens é proposto, de acordo com o Termo de Referência: Locais Objetivos Belém, Manaus e Porto Velho (dois dias de trabalho em cada uma dessas cidades). Possível visita às áreas focais do Rio Negro (Novo Airão), Cabeceira do Xingu (Canarana, Querência e Água Boa), no Mato Grosso, e região do Tocantins perto de Tucuruí. Visitas e entrevistas com atores locais em instituições de governo, universidades e instituições de pesquisa: Universidade Federal do Pará, Museu Paraense Emílio Goeldi, Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, Universidade Federal de Rondônia e outros. Caracas, Bogotá, Quito e Lima (dois dias de trabalho em cada uma dessas cidades). Visitas e entrevistas com oficiais de governo, pesquisadores e outros atores identificados de Universidades, institutos de pesquisas para a Amazônia, órgãos ambientais e de conservação da natureza e de recursos hídricos de governos. Reuniões, simpósios e outras atividades estabelecidas pela Coordenação geral do Projeto (locais diversos, a critério da Coordenação da OTCA) Interação de atividades, coesão de estratégias, decisões colegiadas com a participação de consultores dos outros componentes do projeto. 14 4. Índice Temático do Produto Final (Produto 5) SUMÁRIO MANEJO INTEGRADO E SUSTENTÁVEL DOS RECURSOS HÍDRICOS TRANSFRONTEIRIÇOS DA BACIA DO AMAZONAS Atividade II.1.1 melhorar o conhecimento dos ecossistemas aquáticos amazônicos II.1.1.1 Procedimentos Metodológicos II.1.1.2 Ameaças ambientais aos ecossistemas aquáticos (Produto 2) Ecossistemas aquáticos e valor socioeconômico o Várzea e hábitats ripários o Povos ribeirinhos o Recursos naturais de valor socioeconômico Identificação e caracterização das ameaças ambientais o Ameaças múltiplas aos ecossistemas aquáticos o Ameaças nos hotspots apontados pelo AquaBio o Ameaças associadas à mobilização antrópica o Ameaças associadas ao desmatamento o Ameaças associadas às grandes obras de infraestrutura o Ameaças associadas às queimadas o Ameaças associadas à modificação das comunidades ecológicas, ecossistemas e perda de hábitats o Ameaças associadas à fragmentação da floresta e efeito de borda o Ameaças associadas à modificação das características hidráulicas e à qualidade da água o Ameaças associadas a doenças endêmicas causadas por alterações ambientais o Ameaças associadas à perda da biodiversidade e às espécies de valor relevante incluindo as ameaçadas de extinção o Ameaças associadas à pressão de caça e ao tráfico da biodiversidade o Ameaças associadas à introdução de espécies exóticas nos ecossistemas aquáticos o Ameaças associadas à urbanização o Ameaças associadas à mudança climática Diretrizes de instrumentos econômicos para conservação e uso sustentável o Pesca sustentável o Aquicultura o Extrativismo o Recurso madeireiro 15 o Quelônios aquáticos o Ecoturismo II.1.1.3 Avaliação socioeconômica dos ecossistemas aquáticos (Produto 3) Dinâmica da ocupação antrópica (fluxos migratórios; uso e ocupação do solo) Aspectos históricos e ciclos socioeconômicos Ecossistemas aquáticos críticos (segundo AguaBio) Áreas prioritárias ou hotspots Propostas transnacionais de infraestrutura Plano Amazônia Sustentável e Programa de Aceleração do Crescimento ProVárzea ProManejo Corredores Ecológicos Áreas protegidas e ARPA Planos de Recursos Hídricos Extrativismo e subsistência Pesca Quelônios Pecuária Madeira Agricultura Mineração Áreas protegidas de conservação integral e de uso sustentável Terras indígenas II.1.1.4 Complexidade ecossistêmica e os sítios-chaves da biodiversidade (Produto 4) As áreas prioritárias (hotspots) apontadas pelo AquaBio para intervenções visando conservação e uso sustentável de ecossistemas aquáticos Componentes biogeográficos Componentes de ecorregião Componentes de trampolins ecológicos ou stepping stones Componentes de áreas de endemismos de vertebrados com base em Haffer e outros pesquisadores Elementos para o Plano de Ações Estratégicas (PAE) II.1.1.5 Referências Bibliográficas 16