INFLUÊNCIA DAS MODALIDADES DE CRIOTERAPIA NA SENSIBILIDADE
CUTÂNEA DO TORNOZELO ENTRE OS GÊNEROS
Priscila Ribeiro Fernandes¹, Aline Domeneghetti Smaniotto¹, Jusciliano Boaretto², Rodrigo
Renato da Silva³.
¹ Graduandas do Curso de Fisioterapia das Faculdades Integradas de Bauru - SP
² Prof. Ms. do Curso de Fisioterapia das Faculdades Integradas de Bauru - SP
³ Prof. Ms. do Curso de Fisioterapia da Universidade Católica de Santos - SP
Rua: Rodolfina Dias Domingues, Q. 11 – Jardim Ferraz - Bauru SP.
E-mail: [email protected]
Palavras – Chave: Crioterapia, Criocinética, Hipoestesia, Lesão de tornozelo.
INTRODUÇÃO: O termo crioterapia é definido como a aplicação terapêutica através de
qualquer substância gelada ao corpo, diminuindo assim a temperatura local, esta redução irá
causar um declínio da taxa metabólica, devido à hipotermia. O gelo quando utilizado como
terapia, promove diversos efeitos nas estruturas neurológicas e neuromusculares, ocorre uma
diminuição na velocidade de condução dos nervos sensitivos, e conforme a temperatura
diminui, os efeitos do frio sobre a velocidade de condução nervosa aumentam, até que ocorra
um bloqueio total (SIQUEIRA et al., 2002). Promovendo sensações como formigamento,
cócegas, frio, dor e perda da sensação tátil. Tais descrições têm como objetivo, redução da
dor, edema, fluxo sanguíneo local, hipóxia secundária, espasmo e retardar o processo
inflamatório (GUIRRO e GUIRRO, 2004). No trabalho em questão, foi escolhido o tornozelo
para aplicação das modalidades, responsável por suportar a descarga de peso do corpo em
contato com o solo, marcha e manutenção do equilíbrio, susceptível a traumas e lesões
(SANTIN, et al., 2000). De acordo com Knight (2000), a “Criocinética é uma combinação de
aplicação de frio e de exercício ativo, graduado e progressivo, causando hipoestesia na área
do corpo lesionado”, sendo a forma mais eficaz na reabilitação. Quando o paciente é
submetido à aplicação do gelo ou banho de imersão, deve-se mensurar a temperatura do
tecido a cada minuto, pois essa modalidade possui diferentes propriedades termodinâmicas,
que podem resultar em diferentes resfriamentos (MERRICK, et al. 2003). A avaliação da
sensibilidade detecta a funcionalidade do nervo, quando afere-se a sensibilidade cutânea,
após a crioterapia com os monofilamentos de Semmes Weinstein, estes permitirão uma
avaliação e quantificação das alterações de sensibilidade na pele (MOREIRA, et al. 1999).
Objetivo: analisar e mensurar os efeitos sensitivos e térmicos através da aplicação de duas
modalidades crioterápicas no tornozelo.
RELEVÂNCIA DO ESTUDO: Carvalho e Chierichetti (2006) realizaram uma pesquisa com
objetivo de verificar alteração da sensibilidade cutânea palmar nas aplicações de crioterapia,
sendo que não utilizou controle da temperatura do tecido, modalidade e ambiente, o que pode
interferir nos resultados. Portanto o presente estudo parte do mesmo princípio, porém em outra
articulação, adotando como parâmetro o controle mensurável das temperaturas.
MATERIAIS E METÓDOS: Este estudo foi aprovado pelo comitê de ética, sob o parecer nº.
0080/09 OSH. Foram selecionados 20 voluntários, com sensibilidade local normal, IMC entre
19 e 25, sem história de distúrbios neurológicos. Sendo 10 homens e 10 mulheres, com idade
entre 18 a 30 anos, média de 22 anos e IMC média de 21,85. Foram divididos em grupos: GA Masculino - 1Banho de imersão; 2Compressa com gelo, GB - Feminino - 1Banho de imersão;
2Compressa com gelo. Após o esclarecimento dos procedimentos da pesquisa, assinaram o
Termo de Consentimento Livre Esclarecido. Ao iniciar o experimento, todos responderam um
questionário para identificar qualquer alteração que pode comprometer o experimento, em
seguida foi feito a avaliação física, e solicitado a chegar 15 min. antes, tempo destinado a
normalizar á temperatura do tecido e que se abstenham de consumir álcool, cafeína, alimentos
durante 1h antes e qualquer atividade por 2hs antes para estabilizar o fluxo sanguíneo das
extremidades. Foram posicionados em uma cadeira com os pés apoiados no solo. Em seguida
foi realizada a marcação 2,0 cm abaixo do maléolo medial e através do termômetro mira laser
digital, realizou-se a mensuração da temperatura inicial da modalidade e tecido cutâneo,
associado com aplicação do monofilamento. Iniciou-se com banho de imersão no membro
inferior direito com enfaixamento das falanges e num segundo momento a compressa com
saco de gelo no membro inferior esquerdo, o voluntário permanecia com a modalidade durante
24 min., e a cada 3 min. retirava o pé, com os olhos vendados, mensurava-se então à
temperatura da região cutânea, e aplicava-se o monofilamento por 2 seg. e afastava-se por um
seg. e meio. O teste foi iniciado com o monofilamento de 0,05g e, caso não tivesse a
percepção, aumentava-se a gramatura, passando para o monofilamento seguinte de maior
peso até que o voluntário percebesse o estímulo e respondesse sim, quando então era
registrado em uma ficha apropriada. Dez minutos após o término do experimento mensuravase a temperatura do tecido cutâneo e aplicava-se o monofilamento.
RESULTADOS / DISCUSSÕES: Segundo MERRICK et al. (2003); os locais de aplicação das
modalidades crioterápicas, verificados na maioria dos trabalhos científicos, não controlam
algumas variáveis como a temperatura ambiente, tecidual e modalidade, onde estas poderão
influenciar nos resultados finais, sabe-se que a velocidade de decréscimo da temperatura do
tecido depende desses fatores. Para evitar possíveis alterações relevantes no estudo, foram
realizadas monitorizações das temperaturas, durante os 24 min. nas duas sessões do estudo e
mensuração da temperatura ambiente inicial e final, procurando manter a mesma temperatura.
Cabe ressaltar que a temperatura ambiente teve início de 25,6°C e final de 27,5°C. A
temperatura da modalidade no GA1 teve média de 1,99°C (dp=0,89), GA2 teve média de
1,13°C (dp=0,47), no GB1 a média foi de 1,84°C (dp=0,88) e no GB2 teve a média de 1,20°C
(dp=0,60). Os resultados mostram que quando comparado entre os grupos, á sensibilidade
cutânea se alterou mais no GB ocorrendo de forma gradual e significativa, sendo que após os
10 min. não retornaram a sensibilidade normal. Já o GA ocorreu uma leve diminuição quando
aplicado o banho de imersão, porém com a compressa de gelo não houve alteração de
sensibilidade e aos 10 min. todos retornaram a sensibilidade normal. Quando comparado, a
temperatura do tecido através das duas modalidades, no banho de imersão a queda de
temperatura foi mais significativa, isto ocorre devido a melhor aplicabilidade da técnica,
podendo ser controlada a temperatura crioterápica sem que haja elevação térmica. Enquanto
que a aplicação de compressa de gelo não é possível manter o controle da temperatura
desejada, ocorrendo alteração do estado físico da modalidade. Estudo realizado concluiu que
a toalha úmida é uma barreira que permite um maior arrefecimento cutâneo, incorporando as
camadas mais profundas da pele (MERRICK et al., 2003). Devido este fato, demonstra a
diminuição da temperatura de forma mais lenta. Ao final dos 10 minutos de repouso foi notada
uma recuperação da temperatura tecidual, porém os valores não se igualaram à inicial,
permanecendo em torno de 10,0°C mais baixo. Quando comparado entre os sexos, os
voluntários do sexo feminino tiveram uma queda de temperatura mais rápida e gradual, e
consequentemente uma diminuição de sensibilidade em menor tempo.
CONCLUSÃO: De acordo com a análise sistemática, pode-se concluir que ambas as
modalidades crioterápicas, teve a redução de temperatura local, causando um declínio da taxa
metabólica, devido à hipotermia; porém, o banho de imersão foi mais eficaz na diminuição de
sensibilidade e temperatura tecidual local. Portanto, este estudo demonstrou os efeitos
promovidos por ambas as modalidades, além de determinar a diferença entre os efeitos
promovidos, para auxiliar na escolha de uma melhor conduta fisioterapêutica.
REFERÊNCIAS:
CARVALHO, G. A; CHIERICHETTI, H. S. L. Avaliação da sensibilidade cutânea palmar nas
aplicações de crioterapia por bolsa de gelo e gel. Rev Bras Ciência e Movimento 2006.
GUIRRO, E; GUIRRO, R. Fisioterapia Dermato Funcional. 3ed. São Paulo: Manole, 2004.
KNIGHT, K. L.Crioterapia no tratamento das lesões Esportivas.1ed, São Paulo: Manole, 2000.
MERRICK, A. M; JUTTE, S. L; SMITH, E. M. Cold modalities with thermodynamic properties
produce different surface and intramuscular temperatures. Jornal of Athletic Training. 2003.
MOREIRA, D, ALVAREZ, R. R. D. A. Utilização dos monofilamentos de Semmes-Weisntein na
avaliação de sensibilidade dos membros superiores de pacientes hansenianos atendidos no
Distrito Federal. Hansenologia Internationalis, 1999; 24(2): 121-128
SANTIN, R. A. L, ARAÚJO, L. H. B, HUNGRIA, NETO, J. S. Tratamento cirúrgico das fraturas
maleolares Tipo B de Denis-Weber: avaliação de resultados. Rev. Bras Ortop 2000.
SIQUEIRA, C.M; PELEGRINI, F; FONTANA, M.F; GREVE, J.M. Isokinetic dynamometry of
Knee flexors and extensors: comparative study among non-athletes, jumper athletes and
runner athletes, Rev Hosp Clin Med, São Paulo 2002; Vol.57, Nº1, 19-24.
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crioterapia e sensibilidade cutanea