DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL APLICADO À INDÚSTRIA TÊXTIL Elisete Altafim Tuanny Gomes Souza1 Introdução A indústria têxtil é segunda maior poluente do planeta devido a sua superprodução de dejetos químicos, os quais poluem o meio ambiente e diminuem a qualidade de vida das populações. Tais efeitos têm se agravado cada vez mais, resultando em drásticas mudanças climáticas, além de mudanças comportamentais e sociais, tais como, aumento da população, maior facilidade para adquirir novas peças de forma mais acessível e conseqüentemente o aumento de consumo. A preocupação com os problemas ambientais causados por esta, levou vários órgãos e segmentos a questionar e procurar soluções para amenizá-los, surgindo então o conceito de desenvolvimento sustentável. Diante deste cenário, propõe-se conscientizar o segmento têxtil e também os consumidores da importância da preservação ambiental, para que estes assumam uma atitude mais crítica em relação às opções de produção e consumo, respectivamente e então adotem os elementos do Life Cycle Design (LCD) 2. Metodologia A pesquisa foi baseada em levantamento bibliográfico e na análise de exemplos relacionados ao tema central de pesquisa, os quais estimulam a compreensão desta. Classificando-a como uma pesquisa exploratória, utilizando-se de uma análise de dados qualitativos e que se propõe uma apreciação acerca de um problema, gerando hipóteses e procurando soluções. Realização de pesquisa e revisão de obras que objetivam proporcionar conhecimentos específicos da área envolvida. Como resultado, espera-se obter um referencial teórico de apoio para desenvolvimento dos estudos e pesquisas e uma sistematização a ser oferecida à melhor compreensão dos conceitos e princípios norteadores à área envolvida. Os autores Manzini e Vezzoli (2005) serviram como ponto de partida e principal base de referência para realização da pesquisa. 1 Acadêmicas do curso de moda da Universidade Estadual de Maringá, Campus Regional de Cianorte. Departamento de Design e Moda Emails: [email protected]; [email protected]. 2 Lyfe Cycle Design (LCD) - ciclo de vida do produto. Resultados e discussão O desenvolvimento sustentável resulta na capacidade de suprir as necessidades do homem danificando o mínimo possível do meio ambiente, pensando no bem estar social tanto de gerações atuais quanto futuras e também, conciliar a produtividade e crescimento econômico. A expressão design para sustentabilidade ou Eco-design, para Vezzoli (2008), é o ato de projetar produtos, serviços e sistemas com baixo impacto ambiental e alta qualidade social, seguindo os métodos e critérios de Life Cycle Design. Este processo analisa as cinco fases de desenvolvimento de um produto, a pré-produção, a produção, distribuição, o uso do produto e o seu descarte. Na pré-produção, ocorre o preparo da matéria-prima, esta deve ser proveniente de recursos que seguem os critérios sustentáveis. Um exemplo é o couro ecológico de Tilápia, utilizado pela estilista Patrícia Vieira em 2007. Na sua produção substituíram-se os sais de cromo em seu curtimento por taninos vegetais, eliminando assim, a contaminação da água. Além disso, ele é maleável e tem um toque exótico. Durante a produção, trabalha-se a matéria-prima, da montagem ao acabamento. É nela que ocorre o maior gasto de energia e água, assim como o desperdício de materiais, como ocorre no setor de lavagem do jeans, quem em busca de efeitos diferenciados aplica-se produtos químicos altamente contamináveis em grande quantidade de água, a qual muitas vezes retorna a natureza sem ser tratada, poluindo a fauna e a flora. A terceira etapa é a distribuição, que compreende o armazenamento, a divulgação do produto e o transporte durante todo seu ciclo de vida. Manzini e Vezzoli (2005), afirmam que é preciso analisar não somente os consumos e a energia para o transporte, mas também os meios para a produção deste. A etapa seguinte é a forma de uso do produto, a qual inclui sua utilização e funcionamento. É nessa etapa que o consumidor preocupa-se em manter sua peça têxtil em bom estado, durando mais tempo. Segundo Manzini e Vezzoli: Um produto que é mais durável que o outro, exercendo a mesma função, determina geralmente um impacto ambiental menor, se um produto dura menos, ele de fato não só gera precocemente mais lixo, mais determina também outros impactos indiretos, como a necessidade de ter que substituí-lo. (2005, p. 182). O ciclo de vida encerra-se com a destinação final do produto. Depois de descartado ele pode ser reutilizado, customizado, reciclado ou jogado no meio ambiente. O PET reciclado é um material que tem se destacado na moda, já que o Brasil recicla 231 toneladas de PET por ano, segundo os dados da Associação Brasileira da Indústria do PET. Depois de reciclado as fibras de poliéster são aplicadas na fabricação de tecidos apresentando um desempenho idêntico ao fio convencional, em termos de resistência, durabilidade, estabilidade dimensional e solidez da cor. Considerações finais Diante do cenário atual e da evolução da tecnologia focada para o desenvolvimento de produtos sustentáveis, a conscientização do segmento têxtil tem aumentado, graças a designers contemporâneos, estilistas e marcas que criam novos produtos baseados no conceito do Life Cycle Design e servem de inspiração para que mais empresas e consumidores sigam o também. Projetar desde o primeiro nível fundamentando-se no sistema do Life Cycle Design é uma forma de alcançar mais rapidamente e com maior impacto um bem estar social e ecológico. É de grande importância unir o tecnicamente possível com o ecologicamente necessário e fazer nascer novas soluções sociais e culturalmente apreciáveis. Referências: VEZZOLI, Carlo. Cenário de design para moda sustentável. Tradução Kathia Castilho. In: PIRES, Baduy Dorotéia (org), Design de moda: olhares diversos.1. ed. São Paulo: Estação das letras, 2008. MANZINI, Ezio; VEZZOLI, Carlo. O desenvolvimento de produtos sustentáveis: os requisitos ambientais dos produtos industriais. São Paulo: EDUSP, 2005. CALDAS, Dario. Observatório de sinais: teoria e prática da pesquisa de tendências. 1. ed. Rio Janeiro: editora SENAC Rio, 2004. FFW MAG. São Paulo: Editora Lumi 05, vol. 03, 2007. Trimestral. http://www.abipet.org.br <acessado em 15 de setembro de 2009>