ISSN 1982 - 0283 EDUCAÇÃO, TRABALHO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL Ano XXIII - Boletim 15 - SETEMBRO 2013 Educação, Trabalho e Desenvolvimento Sustentável SUMÁRIO Apresentação........................................................................................................................... 3 Rosa Helena Mendonça Introdução............................................................................................................................... 4 João Ferreira de Oliveira Texto 1 - Educação e Sustentabilidade: desafios e proposições à luz da CONAE/2014 e do PNE.......................................................................................................... 8 Marilda Shuvartz Texto 2 - Educação e Trabalho: desafios e proposições à luz da CONAE/2014 e do PNE............................................................................................................. 13 Luciene Lima de Assis Pires Texto 3: Educação, Trabalho e Desenvolvimento Sustentável: construindo uma melhor qualidade de vida para todos..................................................................................... 18 João Ferreira de Oliveira Apresentação Educação, trabalho e desenvolvimento sustentável A publicação Salto para o Futuro comple- cação, trabalho e desenvolvimento susten- menta as edições televisivas do programa tável e conta com a consultoria de João de mesmo nome da TV Escola (MEC). Este Ferreira de Oliveira, professor Doutor em aspecto não significa, no entanto, uma sim- Educação pela USP, Professor Associado da ples dependência entre as duas versões. Ao UFG e Consultor desta Edição Temática. contrário, os leitores e os telespectadores – professores e gestores da Educação Bási- Os textos que integram essa publicação são: ca, em sua maioria, além de estudantes de cursos de formação de professores, de Fa- 1. Educação e Sustentabilidade: de- culdades de Pedagogia e de diferentes licen- safios e proposições à luz da CO- ciaturas – poderão perceber que existe uma NAE/2014 e do PNE interlocução entre textos e programas, preservadas as especificidades dessas formas 2. Educação e trabalho: desafios e distintas de apresentar e debater temáticas proposições à luz da CONAE/2014 e variadas no campo da educação. Na página do PNE eletrônica do programa, encontrarão ainda outras funcionalidades que compõem uma 3.Educação, Trabalho e Desenvolvi- rede de conhecimentos e significados que se mento Sustentável: construindo uma efetiva nos diversos usos desses recursos nas melhor qualidade de vida para todos escolas e nas instituições de formação. Os textos que integram cada edição temática, além de constituírem material de pesquisa e Boa Leitura! estudo para professores, servem também de base para a produção dos programas. A edição 15 de 2013 traz como tema Edu- 1 Supervisora Pedagógica do programa Salto para o Futuro (TV Escola/MEC). Rosa Helena Mendonça1 3 Educação, Trabalho e Desenvolvimento Sustentável INTRODUÇÃO João Ferreira de Oliveira1 A primeira Conferência Nacional de endereço eletrônico www.fne.gov.br. Esse Educação (CONAE) ocorreu em 2010, tendo documento foi estruturado em consonância sido intitulada Construindo um Sistema com as concepções e deliberações da Nacional Articulado de Educação: Plano CONAE 2010 e atualizado “em relação à Nacional de Educação, suas Diretrizes e evolução das políticas públicas e disputas Estratégias de Ação. Já a segunda edição da políticas por meio de uma apresentação, CONAE será realizada de 17 a 21 de fevereiro introdução, exposição de cada eixo e de 2014, tendo como temática geral “O inclusão de quadro com as propostas e PNE na Articulação do Sistema Nacional de estratégias, indicando as responsabilidades Educação: Participação Popular, Cooperação dos entes federados” (FNE, 2013, p. 1). Federativa e Regime de Colaboração”. Essa 4 Conferência será o resultado de amplos processos de mobilização e discussão do tema central e os eixos temáticos da CONAE conteúdo temático, que vêm ocorrendo 2014, sendo seu conteúdo um pretexto para em todo o país, desde o início de 2013, o debate e para a construção de propostas por meio das conferências preparatórias (emendas ao texto). São sete os eixos que envolvendo conferências livres, municipais, integram este Documento: Eixo I – O Plano intermunicipais, estaduais e do DF. Nacional de Educação e o Sistema Nacional O Fórum Nacional de Educação - FNE, órgão instituído em 2010, no âmbito do Ministério da Educação, tem a atribuição de organizar essas conferências, incluindo a CONAE 2014. Foi no âmbito do FNE que se propôs, discutiu e aprovou o Documento-Referência, disponível no 1 O Documento-Referência apresenta o de Educação: organização e regulação; Eixo II – Educação e Diversidade: justiça social, inclusão e direitos humanos; Eixo III – Educação, Trabalho e Desenvolvimento Sustentável: cultura, ciência, tecnologia, saúde, meio ambiente; Eixo IV – Qualidade da Educação: democratização do acesso, Doutor em Educação pela USP, Professor Associado da UFG e Consultor desta Edição Temática. permanência, avaliação, condições de O texto Educação e sustentabilidade: participação e aprendizagem; Eixo V – desafios e proposições à luz da CONAE/2014 e Gestão Democrática, Participação Popular do PNE, de Marilda Shuvartz, problematiza e Controle Social; Eixo VI – Valorização os dos Profissionais da Educação: formação, contemporânea em termos da preservação remuneração, carreira e condições de do meio ambiente e do desenvolvimento trabalho; Eixo VII – Financiamento da sustentável. Para ela, é preciso reverter Educação: gestão, transparência e controle o quadro atual, revendo o modelo de social dos recursos. desenvolvimento, a ética e os valores Nessa edição, buscou-se problematizar, a partir de três textos básicos, o Eixo III do Documento-Referência, qual seja: “Educação, Trabalho e Desenvolvimento Sustentável: Cultura, Ciência, Tecnologia, Saúde e Meio Ambiente”. Este Eixo busca, em especial, compreender e articular os diferentes setores e campos sociais em prol da melhoria da qualidade de vida da sociedade brasileira, considerando, sobretudo, os desafios educacionais, ambientais e do mundo do trabalho. Os três textos buscam também refletir sobre alguns dos aspectos grandes desafios da sociedade que orientam nossas práticas pessoais e coletivas. Isso implica conscientização e mobilização social para refletir sobre os padrões de comportamento, produção e consumo que permeiam a vida cotidiana da população brasileira. Para a autora, faz-se necessária a criação de espaços de aproximação de pessoas e entidades para aglutinar atores em torno da construção, comunicação, discussão, financiamento e socialização de projetos, editais e atividades que permitam dar uma dinâmica processual à educação ambiental. e orientações mais significativos do Eixo III, Por sua vez, o texto Educação e tendo em vista contribuir na construção trabalho: desafios e proposições à luz da de uma política nacional de educação, no CONAE/2014 e do PNE, de Luciene Lima âmbito de um Sistema Nacional de Educação de Assis Pires, traz elementos teóricos (SNE). Nessa direção, o desafio que se conceituais que avançam na concepção de coloca é “articular as políticas de trabalho, homem, trabalho, formação e educação que educação e desenvolvimento sustentável, devem permear as políticas, programas e assim como suas interfaces com os atuais ações dos diferentes governos. Para a autora, contextos, processos e ações do Estado e é preciso superar a idéia de subordinação da da sociedade civil organizada nas áreas de educação ao capital, compreender e fazer cultura, ciência e tecnologia, meio ambiente, a educação e as políticas públicas como desporto e saúde” (BRASIL, 2013, p.41). políticas de Estado, adotando medidas de 5 superação da exclusão social, pensando um Ciência, Tecnologia, Saúde e Meio Ambiente. modelo econômico capaz de gerar emprego Nossa expectativa é, pois, que esses textos e renda e fazendo uma educação capaz de se somem ao Documento – Referência, aos superar a dicotomia trabalho/formação. programas produzidos no âmbito do Salto Finalmente, trabalho e o texto Educação, desenvolvimento sustentável: construindo uma melhor qualidade de vida para todos, de João Ferreira de Oliveira, retoma, de modo articulado, os fundamentos do Eixo III do Documento-Referência, reafirmando a necessidade de mudança social e de adoção do desenvolvimento sustentável por meio para o Futuro/TV Escola e às conferencias preparatórias, sendo objeto de ampla discussão por todos aqueles envolvidos no esforço coletivo e democrático de construção de um Plano Nacional de Educação, de um SNE e de uma política nacional de educação que garantam o direito a uma educação pública e gratuita de qualidade para todos. de políticas públicas capazes de: a) avançar na articulação das políticas setoriais e intersetoriais no âmbito da educação, cultura, desporto, ciência e tecnologia, saúde e meio ambiente; b) compreender trabalho, educação, diversidade cultural, ética e meio ambiente como eixos estruturantes do desenvolvimento sustentável; c) ampliar o debate e as ações para a ampliação da saúde de estudantes e profissionais da educação e melhoria das condições de trabalho e desenvolvimento profissional; d) respeitar a diversidade cultural e a biodiversidade nas políticas públicas de educação, saúde, cultura e trabalho. Esperamos que esses três textos possam contribuir com as reflexões, debates e elaboração de propostas em torno do Documento – Referência, particularmente do Eixo III - Desenvolvimento Educação, Trabalho Sustentável: e Cultura, 6 REFERÊNCIAS: BRASIL. Conferência Nacional de Educação: Documento – Referência. Elaborado pelo Fórum Nacional de Educação. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria Executiva Adjunta, [2013]. p. 96. FÓRUM NACIONAL DE EDUCAÇÃO. 13ª Nota do Fórum Nacional de Educação-FNE de Convocação à Sociedade Brasileira: Etapa Estadual Rumo à CONAE 2014. Aprovada “ad referendum”. Brasília, 15 jun. 2013. 7 TEXTO 1 EDUCAÇÃO E SUSTENTABILIDADE: DESAFIOS E PROPOSIÇÕES À LUZ DA CONAE/2014 E DO PNE Marilda Shuvartz1 de Na quando falamos ambiental, remetemo-nos na diminuição das áreas rurais que as à contornavam e alterando-se a paisagem de problemática relação estabelecida entre os modo mais intenso. Tantas transformações homens e a natureza, baseada na concepção dizimaram errônea que temos quanto ao modo de destruíram e deslocaram rios, lagos e mares, estarmos no mundo, não percebendo que além de liberarem diversas substâncias somos parte dele. químicas no ar, oriundas das fábricas e do crise atualidade, O fato é que aprendemos com o passar dos anos a conviver com valores que distam de uma relação harmoniosa entre os homens e destes com a natureza, imergindo florestas, espécies animais, transporte de pessoas e de cargas. O lixo e a falta de saneamento básico passaram a ser problemas ambientais e de saúde da 8 população. num processo que cria a pobreza e a desigualdade social das populações, gerando estudiosos e ONG´s apontam para o fato conflitos e guerras (PASQUALI, 2006). de que se coloca em risco a vida planetária. Os avanços da ciência e da tecnologia fizeram agravar as dificuldades na relação do homem com a natureza, em uma apropriação de superioridade do Diversos estudos e reflexões de Temos recursos naturais limitados que precisam ser gerenciados de forma responsável e compartilhados de maneira mais justa entre as populações. primeiro sobre a segunda. Provocaram-se mudanças ambientais, biológicas, sociais se necessário rever a ética e os valores e econômicas, criaram-se ambientes e que orientam nossas práticas pessoais e produtos, e ampliou-se o consumo de forma coletivas, sem desconsiderarmos a cultura exacerbada, mundo na qual estamos inseridos. É preciso natural de modo muito mais acentuado. conscientização e mobilização social para Com o aumento da população, sobretudo refletir sobre os padrões de comportamento, nas últimas décadas, tivemos o surgimento produção e consumo que permeiam a vida e a ampliação das cidades, o que resultou cotidiana da população brasileira. Afinal, 1 transformando se Para reverter essa situação, faz- Instituto de Ciências Biológicas (ICB). Universidade Federal de Goiás (UFG) o reconhecimento da vida como uma teia fazer algo a curto, médio e longo prazo, e de inter-relações nos leva à exigência de nos mais longínquos locais. Mas, se não mudanças de hábito e comportamento enraizarmos esta ideia e não assumirmos o e atitudes pertencimento nesta causa, poucas serão as que, certamente, implicam em dividir oportunidades de reverter as situações mais responsabilidades e mudanças estruturais difíceis, desde as que já acontecem, até as no modelo de desenvolvimento presente na que ainda estão por vir. proporciona tomadas de sociedade atual. Diversos países e povos, reunidos, A Educação como prática social fizeram aprovar, em todos os cantos, a tem, como uma de suas finalidades, a necessidade de se fazerem valer os cuidados preparação para o exercício da cidadania, com o homem e a natureza e tornaram a EA por meio da aquisição de conhecimentos e uma das ferramentas mais importantes para desenvolvimento de habilidades, atitudes e a formação da consciência crítica (SAITO, valores. O atributo “ambiental” na tradição 2002). da Educação Ambiental (EA) brasileira e latinoamericana não é empregado para especificar um tipo de educação, mas se constitui em elemento estruturante que demarca um campo político de valores e práticas, mobilizando atores sociais comprometidos com a prática políticopedagógica transformadora e emancipatória, capaz de promover a ética e a cidadania ambientais (RUSCHEINSKY, 2002). O reconhecimento Entre alguns dos documentos mais importantes que instituem a política de EA brasileira, encontra-se a Constituição Federal de 1988, a qual prevê que, na formação básica do cidadão, seja assegurada a compreensão de ambiente natural e social; que os currículos do Ensino Fundamental e Médio insiram o conhecimento do mundo físico e natural e que, na Educação Superior, seja desenvolvido o entendimento do ser papel humano e do meio em que vive. Em 1999, da define-se a Política Nacional de Educação Educação Ambiental torna-se cada vez mais Ambiental (PNEA) que traz a EA como visível diante do atual contexto nacional componente essencial e permanente da e mundial, em que a preocupação com as educação nacional, devendo estar presente, mudanças climáticas, a degradação da de forma articulada, em todos os níveis e natureza, a redução da biodiversidade, os modalidades do processo educativo. transformador e do emancipatório riscos socioambientais locais e globais e as necessidades planetárias evidenciamse na prática social (BRASIL, 2012). Não estamos falando de elementos distantes do nosso cotidiano, mas da força necessária para reduzirmos estes fatos alarmantes, que não podem mais ser ignorados pela geração que habita este planeta. É possível A Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro, em 1992 (Rio 92 ou ECO 92), se propôs a discutir os rumos ambientais e apontou, diante do desenvolvimento novamente, a EA como instrumento fundamental para isso. Alguns 9 resultados das ações desenvolvidas da EA se conceber a articulação, a identidade e a no cenário nacional já aparecem. Em 1997, diferença de todos os aspectos que envolvem os Parâmetros Curriculares Nacionais para o homem e a natureza. Nada que possa a Saúde e o Meio Ambiente indicam como caber na disciplinarização, na linearidade, incorporar a dimensão ambiental na forma nas categorias cognitivas ou nos tipos de de tema transversal nos currículos do ensino conhecimentos (MORIN, 2007). fundamental. Em 2010, as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Básica, em de Assim, devemos forma contínua e contextualizada, modalidades, reconhecem a relevância e a obrigatoriedade da Educação Ambiental. Por em fim, 2012, instituíram-se as Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação a Ambiental. Este documento não só referenda o que já vinha sendo discutido de seu objetivos, dá conceito como e nos a EA reflexiva, permanente, baseando-nos no conhecimento, todas as suas etapas e tratar “(...) devemos tratar a EA de forma contextualizada, reflexiva, contínua e permanente, baseandonos no conhecimento, nas habilidades, nos valores e nas atitudes que o homem e sua cultura estabelecem com o espaço.” direcionamentos nas habilidades, nos valores e nas atitudes que o homem e sua cultura estabelecem com o espaço biofísico, incluindo uma tomada de consciência uma visão da e crítica problemática ambiental, que deve se transformar em uma prática de tomada de decisões, visando à qualidade de vida e a conservação ambiental. Nesta para a sua inserção prática, a perspectiva na Educação Básica e crítica caminha sem Superior, por meio do separação entre cultura currículo e das parcerias necessárias para a e natureza, e traz a crítica e autocrítica como formação e a ação em EA. condição para não ficarmos apontando Alguns avanços para agregar componentes sociais, culturais e educativos levaram-nos à percepção de uma complexidade ambiental. Os conceitos de EA se modificaram, acompanhando os tempos, mas os documentos sempre estiveram vinculados ao conceito de ambiente ou meio ambiente. Trata-se, atualmente, de limites, contradições sem fato de e assumirmos denúncias, a reflexão. Mas, como torná-la presente e significativa na educação brasileira? A inserção da EA, de forma institucional, deve se fazer presente na proposta curricular do Projeto Político-Pedagógico (PPP), nos Projetos e Planos de Cursos (PPC) das 10 instituições de Educação Básica, e nos das decisões que envolvem o nosso dia- Projetos Pedagógicos de Curso (PPC) e no a-dia. Nossas atitudes e posições, das Projeto Pedagógico (PP) constantes do Plano mais simples às mais complexas, revelam de Desenvolvimento Institucional (PDI) das elementos políticos e de conhecimento. instituições de Educação Superior (BRASIL, Cabe às instituições públicas, nas diversas 2012). A institucionalização reforçada nos esferas, nortear, regular e administrar o documentos nos permite prever, planejar meio ambiente como patrimônio de todos, e articular as ações de EA para que deixem de maneira sustentável. de ser momentâneas, descontextualizadas e acríticas. Cabe também a formação de profissionais para comporem o quadro de pessoas para organizar e executar os planos e as atividades de EA, juntamente com os demais segmentos da população, em forma Para tal, há a necessidade de criação de espaços de aproximação de pessoas e entidades para aglutinar os atores sociais em torno da construção, comunicação, discussão, financiamento e socialização de de entidades organizadas, ou não. projetos, editais e atividades que permitam No cenário nacional, são muitas as nas ações construídas coletivamente e de iniciativas de atividades de EA em espaços modo participativo afasta a imposição e educativos, formais e não formais. Algumas aproxima a reconstrução do fazer educativo acontecem por modismo, ativismo, sem com conteúdos e saberes científicos e um planejamento e carentes de uma populares, seja na escola ou fora dela. análise problemática Precisamos ser a “teia” que entrelaça a ambiental, levando a denúncias infundadas escola, a comunidade, o bairro, a região, e à mobilização momentânea. No entanto, o jovem, o adulto, o idoso e o excluído, na quando se distanciam da realidade, propõem- direção do fortalecimento da identidade com se somente a informar e a sensibilizar de a questão ambiental. É com pertencimento forma unidirecional. e protagonismo que seremos, não apenas do contexto ou Como modificar esta situação diante da emergência das questões ambientais que rondam as cidades e a zona rural? dar uma dinâmica processual à EA. Apostar números, mas identidades na direção de uma consciência ambiental para além dos muros da escola e da universidade. Uma das possibilidades de ação é realizar o diagnóstico e a gestão de conflitos na organização das atividades de EA ambientais e identificar as representações na e com a escola e outros segmentos sociais da população da região, do estado sociais, fundamentais para a formação e do município. Desta forma, revelam- de se as percepções do ambiente e reage- planejamento e financiamento de projetos e se de acordo com os conhecimentos, a demais atividades. situação econômica, os valores e a cultura de cada local. Afinal, é quase impossível, hoje, dissociar as variáveis ambientais Fazem-se educadores mister as ambientais parcerias e para o Não há dúvidas de que há um passo enorme a ser dado para que, de fato, a EA esteja 11 presente como tema transversal no currículo professores e educadores nos diversos da escola, de forma inter e transdisciplinar, espaços educativos. Nesse contexto, a empregando-se e CONAE/2014 e o novo PNE são instrumentos reflexivas, sem prescindir do enfrentamento fundamentais para ampliarmos a discussão da complexidade e da urgência com que e o estabelecimento de metas que possam temos de lidar. Por outro lado, pouco iremos contribuir para o avanço da sustentabilidade avançar se não envolvermos as universidades e da EA em nosso país. metodologias ativas na formação inicial e continuada de REFERÊNCIAS BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais: Saúde e Meio Ambiente. Brasília: MEC, 1997. ______. Diretrizes Curriculares para Educação Básica. Brasília: MEC, 2010. ______. Resolução CNE/CP 2/2012. Diário Oficial da União, Brasília, 18 jun. 2012. Seção 1, p. 70. 12 ______. Conferência Nacional de Educação: Documento – Referência. Elaborado pelo Fórum Nacional de Educação. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria Executiva Adjunta, [2013]. 96. MORIN, E. Educação e complexidade: os sete saberes e outros ensaios. 4 ed. São Paulo: Cortez: 2007. PASQUALI, M. Educação Ambiental para sustentabilidade. Texto base para a I Conferência Estadual do Meio Ambiente. Goiânia: SEMARH, 2005. RUSCHEINSKY, A. (Org.). Educação Ambiental: abordagens múltiplas. Porto Alegre: ARTMED, 2002. SAITO, H. Política Nacional de Educação Ambiental e Construção de cidadania: desafios contemporâneos. In: RUSCHEINSKY (Org.), Educação Ambiental: abordagens múltiplas. Porto Alegre: ARTMED, 2002. TEXTO 2 EDUCAÇÃO E TRABALHO: DESAFIOS E PROPOSIÇÕES À LUZ DA CONAE/2014 E DO PNE Luciene Lima de Assis Pires1 Nas relações diárias que os homens e espiritual busca, nas contradições, o estabelecem entre si, o ser e o fazer se viver bem. E nesta busca, se encontra e complementam. a cria: o trabalho, a ação, o saber e a técnica sociedade na qual vivem, produzem objetos se organizam socialmente elaborando-se e significados, tecem as teias e as tramas das leis, definindo-se critérios, em relações de relações sociais e, neste universo complexo, subordinação ou de direção. Como animal Os homens criam cria símbolos, sendo, a partir daí, não mais um ser individual, e sim um ser moral, sujeito social – que produz cultura e é por ela produzido, transformando a natureza e sendo por ela transformado. Como sujeito social, subordina-se condições – e às que “Pensar sobre a formação do sujeito é pensar sobre a formação do sujeito que trabalha e que, pelo trabalho, constrói seu mundo e se educa.” de existência. O produzir(se) é assim complementam, mas social e politicamente. Trabalha, mas executa o trabalho previamente no pensamento. Educa(se), define leis, estabelece contratos, domina. Pensamos o século XXI e, consequentemente, dos sujeitos no século – material e espiritual. Homem e sociedade se pensa pensamos a formação materiais competitivas pensa, são também XXI. Mas de que sujeito falamos? Deste sujeito capaz de, no produzir(se), pensar, refletir sobre o seu fazer – e sobre a formação divergentes entre si, visto que relações a ele inerente. Ora, pensar sobre a formação contraditórias se efetivam no con-viver. do sujeito é pensar sobre a formação do sujeito que trabalha e que, pelo trabalho, Como animal que pensa (e que indaga porque pensa), o homem material 1 constrói seu mundo e se educa. É pensar de que forma se efetiva, ou deve se efetivar, a Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás (IFG). Câmpus Jataí. 13 relação entre trabalho e educação. Ao definir o que é educação, Brandão (1981) afirma que ela é uma prática social e que, “como outras práticas sociais constitutivas, atua sobre a vida e o crescimento da sociedade” (p. 75). Para ele, este processo ocorre em dois sentidos: por um lado, no desenvolvimento das forças produtivas e, por outro, no desenvolvimento dos valores culturais. Nesse sentido, os modelos de educação postos em diferentes momentos da estrutura social se vinculam aos fatores sociais determinantes, ao desenvolvimento destes fatores e, consequentemente, às suas transformações. Sendo assim, “a maneira como os homens se organizam para produzir os bens com que reproduzem a vida (…) determina também como e para quê este ou aquele tipo de educação é pensado, criado e posto a funcionar (BRANDÃO, 1981, p. 75). Os homens se organizam para produzir porque, como afirma Arent (1999), esta é a condição humana fundamental: o labor, o trabalho, e a ação. Para ela, o labor assegura a sobrevivência do indivíduo humanas são condicionadas à vida em grupo, ao viver junto, ao fazer coletivo, compreendido aqui na sua dimensão políticosocial de se pesquisar, construir e produzir nos diferentes espaços educacionais. Assim, não é possível pensar este fazer coletivo desvinculado da educação, quando esta é considerada como prática social constitutiva e constituinte das relações sociais, como afirma Frigotto (2000). Ela é, assim, um campo social de disputa hegemônica e deve ser apreendida no plano das determinações e relações sociais. Para ele, considerando a perspectiva das classes dominantes, a educação, historicamente, se volta para habilitar técnica, social e ideologicamente para o trabalho. Seja no capitalismo nascente, monopolista, transnacional ou na economia globalizada, “o caráter subordinado das práticas educativas aos interesses do capital, historicamente toma formas e conteúdos diversos” (FRIGOTTO, 2000, p. 32). A função social da educação subordina-se, desta forma, às demandas do mercado. e a vida da espécie, o trabalho permite No entanto, a relação entre permanência e durabilidade na vida moral, a educação, formação humana e trabalho ação possibilita a lembrança, cria condições não pode ser de subordinação. Há que para a história. Os homens, diz ela, “são seres se perceber a educação e o trabalho para condicionados: tudo aquilo com que entram além das dicotomias do mercado, limitadas em contato, torna-se imediatamente uma ao ponto de vista econômico-produtivo. condição de sua existência” (ARENT, 1999, Há que se pensar a formação humana p. 17) e neste sentido, todas as atividades para além da mundialização do capital, na 14 perspectiva trazida por Chesnais (1996), bem como certa autonomia na orientação quando este afirma que os termos utilizados e na iniciativa, para, posteriormente, inseri- para explicar essa mundialização são vagos, los jovens em uma atividade social que ambíguos e carregados de ideologia: “a considere o desenvolvimento sustentável, palavra introduzir, a cultura, a ciência, a tecnologia como com muito mais força do que o termo elementos constitutivos de uma sociedade ‘global’, a idéia de que, se a economia se democrática (GRAMSCI, 1989). mundializou, seria importante construir, Para isso, é necessário garantir também a depressa, instituições políticas mundiais democratização do acesso e das condições capazes de dominar o seu movimento” (p. de permanência na escola durante as três 24). Entretanto, a mundialização precisa etapas da educação básica – educação ser analisada “como uma fase específica infantil, ensino fundamental e ensino do processo de internacionalização do médio, conforme consta nas Orientações capital e de sua valorização” (p. 32). Curriculares para o Ensino Médio (OCEM), ‘mundial’ permite preparando o jovem para “participar de Superar a ideia de subordinação uma sociedade complexa como a atual, da educação ao capital é compreender e que requer aprendizagem autônoma e fazer a educação e as políticas públicas contínua ao longo da vida”. É necessário a ela inerentes como políticas de Estado, compreender “como o jovem se coloca no ou seja: adotar medidas de superação mundo do trabalho e quais as possibilidades da exclusão social; pensar um modelo reais de enfrentar um mundo com forte econômico capaz de gerar emprego e renda componente tecnológico (OCEM, v. 3, p. 55). e construir uma educação capaz de superar a dicotomia entre trabalho e formação, Uma como apontou Gramsci (1986), ao afirmar faz, que o homem deve ser capaz de criticar do ensino, como previsto em quatro das sua própria concepção de mundo, a fim de vinte metas do PNE 2011-2020, bem como torná-la unitária e coerente para iniciar uma pela elevação da escolaridade e das taxas elaboração crítica e consciente daquilo que líquidas de matrículas. É necessário, ainda, é. Para este pensador, o processo educativo proporcionar, não apenas o acesso a uma é decisivo na formação humana e uma formação profissional para jovens e adultos escola unitária ou de formação humanística – o que se efetivaria com o aumento de deveria se propor a uma tarefa: desenvolver vagas e matrículas, como previsto na Meta nos jovens certo grau de maturidade, de 11. No entanto, se faz necessário assegurar capacidade de criação intelectual e prática, os princípios de uma formação unitária, assim, sociedade através da democrática se universalização 15 o que pode ser conseguido se a educação consumidores de tecnologia, o que se efetiva profissional com o “fortalecimento da investigação se constituir, de forma integrada, com a educação básica, mais científica, especificamente nos anos finais do ensino universidades públicas, nos grupos, redes fundamental e no ensino médio, como e laboratórios de pesquisa” (p. 41), e previsto na Meta 10. passa, necessariamente, pela efetivação de O Documento–Referência para a CONAE 2014, em seu Eixo III (Educação, Trabalho e Desenvolvimento Sustentável: cultura, ciência, tecnologia, saúde, meio ambiente), traz à tona a necessária articulação entre trabalho, educação e desenvolvimento sustentável, mostrando que efetivar isto “implica avançar nas concepções e nas políticas setoriais e intersetoriais” (p. 41), desenvolvendo uma concepção ampla de trabalho, formando profissionais que sejam capazes de atuar de maneira crítica e autônoma e de enfrentar as desigualdades sociais e as diferentes formas de exclusão, reconhecendo-se como sujeitos em uma sociedade em que a sustentabilidade precisa estar também associada ao desenvolvimento científico e tecnológico, um dos grandes desafios para o país no século XXI. O Documento–Referência traz ainda, em seu Eixo III, que educação, ciência e tecnologia são elementos fundamentais para o desenvolvimento econômico e social do país, mas que, na junção dos três, devese considerar a possibilidade da formação de sujeitos produtores e não apenas maiores investimentos nas políticas públicas voltadas para a formação humana na concepção aqui defendida. O debate sobre a necessária articulação entre os entes federados e os setores da sociedade civil, apontado na CONAE 2010, precisa ser retomado trazendo à tona “a perspectiva da democratização, da universalização, da qualidade, da inclusão, da igualdade e da diversidade” efetivandose como marco histórico no PNE 2011-2020 (Documento – Referência CONAE 2014, p. 9). Por fim, há que se destacar que os debates que antecedem a realização da Conferência Nacional de Educação/2014 (CONAE 2014) precisam analisar cada um dos sete eixos que compõem o Documento – Referência, mas, acima de tudo, trazem a compreensão da dimensão político-social que as políticas de Estado representam na construção / efetivação de uma educação verdadeiramente pública e de qualidade, capaz de elevar o homem à sua condição verdadeiramente humana. 16 REFERÊNCIAS: ARENT, Hannah. A condição humana. Trad. de Roberto Raposo; posfácio de Celso Lafer. 9. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1999. BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O que é educação. São Paulo: Brasiliense, 1981. Coleção Primeiros Passos. BRASIL, Conae 2014: Conferência Nacional de Educação: Documento – Referência. Elaborado pelo Fórum Nacional de Educação. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria Executiva Adjunta, 2013. _______. Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, Orientações curriculares para o ensino médio. Brasília, 2006. v. 1, 2 e 3. CHESNAIS, François. A mundialização do capital. Trad. de Silvana Finzi Foá. São Paulo: Xamã, 1996. 17 FRIGOTTO, Gaudêncio. A educação e a crise do capitalismo real. 4. ed. São Paulo: Cortez, 2000. GRAMSCI, Antônio. Concepção dialética da história. Trad. de Carlos Nelson Coutinho. 6. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1986. ________. Os intelectuais e a organização da cultura. Trad. de Carlos Nelson Coutinho. 7. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1989. TEXTO 3 EDUCAÇÃO, TRABALHO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL: CONSTRUINDO UMA MELHOR QUALIDADE DE VIDA PARA TODOS João Ferreira de Oliveira1 Em 2010, ocorreu a primeira atribuições concorrentes, complementares Conferência Nacional de Educação (CONAE), e intitulada federados Construindo um Sistema colaborativas e os entre sistemas os de entes ensino”. Nacional Articulado de Educação: Plano Nacional de Educação, suas Diretrizes e Estratégias de Ação. A segunda edição da Referencia da CONAE 20143, encontramos CONAE será realizada de 17 a 21 de fevereiro o Eixo III, que se intitula “Educação, de 2014, tendo como temática geral “O Trabalho e Desenvolvimento Sustentável: PNE na Articulação do Sistema Nacional de Cultura, Ciência, Tecnologia, Saúde, Meio Educação: Participação Popular, Cooperação Ambiente”. Trata-se de temática ampla, Federativa e Regime de Colaboração”. Essas pois conferências têm sido compreendidas como “espaço democrático aberto pelo Poder Público e articulado com a sociedade para que todos possam participar do desenvolvimento da Educação Nacional”2. Essa segunda conferência, com caráter deliberativo, deverá apresentar propostas que possam subsidiar a implementação do “Plano Nacional de Educação (PNE), indicando responsabilidades, Dentre os sete eixos do Documento busca compreender os desafios educacionais e sociais do presente e do futuro, bem como articular os diferentes setores e campos sociais em prol da melhoria da qualidade de vida da sociedade brasileira. Portanto, o propósito deste texto é problematizar e refletir sobre alguns dos aspectos e orientações mais significativas desse Eixo, tendo como foco a educação para melhoria da qualidade de vida e construção da sustentabilidade ambiental/ corresponsabilidades, 1 Doutor em Educação pela USP, Professor Associado da UFG e Consultor desta Edição Temática. 2 http://conae2014.mec.gov.br/index.php/a-conferencia. Acesso em 25/04/2013 3 Para acessar o Documento- Referência da CONAE 2014 ver: http://conae2014.mec.gov.br/index.php/ documentos. Acesso em 25/04/2013. 18 desenvolvimento sustentável, respeitando vista uma melhor articulação e resolução a das questões que envolvem educação, diversidade e pluralidade cultural. trabalho e desenvolvimento sustentável. O Documento Referencia da CONAE 2014, traz em seu Eixo três, a defesa de “uma política nacional de educação”, no âmbito de um Sistema Nacional de Educação (SNE), que busque “articular as políticas de trabalho, O aprofundamento dessas questões requer uma melhor compreensão sobre o papel do Estado e das políticas públicas educacionais na mudança social e no desenvolvimento sustentável, de modo educação e desenvolvimento sustentável, a pensarmos na construção de um SNE assim como suas interfaces com os atuais democrático, inclusivo contextos, e participativo. Faz-se e processos ações do “Assim, é preciso compreender o trabalho, a educação, a diversidade cultural, a ética e o meio ambiente como eixos estruturantes do desenvolvimento sustentável.” Estado e da sociedade civil organizada nas áreas de cultura, ciência e tecnologia, meio ambiente, desporto e saúde”. Para tanto, torna-se fundamental refletir, de modo articulado, a necessário, termos das e que envolvem: educação e trabalho; com popularização das políticas setoriais e intersetoriais da ciência; além envolvendo essas temáticas. Nessa direção, é preciso questionar: como a relação entre educação, mundo do trabalho e educação/ no educação desenvolvimento pautar setoriais as políticas e inter setoriais. Há inúmeros conflitos no campo socioambiental, da educação e do trabalho, limites para o avanço educação e sustentabilidade ambiental, pensada de que se colocam como propostas sustentabilidade concepções sustentável que devem problemática as clareza trabalho, sobre e também, ambiental está sendo Documento-Referência da CONAE 2014 e também na proposta do novo PNE? Além disso, faz-se necessário pensar em políticas intersetoriais, tendo em das políticas públicas e que precisam ser enfrentados. Assim, é preciso compreender o trabalho, a educação, a diversidade cultural, a ética e o meio ambiente como eixos estruturantes do desenvolvimento sustentável. De igual modo, o trabalho, a ciência e tecnologia, os conhecimentos tradicionais e a cultura popular devem contribuir significativamente para a implementação de modelos de desenvolvimento que 19 respeitem as formas de produção de realizar, de modo indissociável, as atividades comunidades e povos tradicionais. Assim, de ensino, pesquisa e extensão, precisam ter os movimentos sociais, a sociedade civil papel significativo no avanço das concepções organizada e o Estado devem promover e das ações que contribuam para a definição ações contra a precarização do trabalho e e implantação de políticas públicas setoriais a favor da melhoria da saúde pública, da e intersetoriais. universalização da educação com qualidade social e do respeito à diversidade cultural, à biodiversidade e à preservação do meio ambiente. Para tanto, é preciso ampliar o diálogo entre a pesquisa, a formação e as demandas sociais, ambientais e econômicas em âmbito local, regional, nacional e O Documento-Referência da CONAE internacional. O desenvolvimento de 2014 concebe a relação entre educação e pesquisas, com efetivo compromisso social trabalho numa perspectiva cidadã para o e ambiental, e a formação permanente de desenvolvimento sustentável. Isso deve nos profissionais e trabalhadores na perspectiva levar a refletir mais sobre as finalidades mais da educação ambiental e do atendimento do amplas da educação, sobre o trabalho como direito à educação de qualidade cidadã devem princípio educativo e sobre a qualidade se constituir em elementos basilares das de vida que queremos, com preservação políticas setoriais e intersetoriais. do meio ambiente. Depreende-se do Documento-Referência que é preciso pensar numa formação mais ampla para o mundo do trabalho e para o desenvolvimento sustentável, no contexto de uma concepção utilitária e emancipatória de educação. Nesse contexto, a Trata-se, pois, de pensar numa perspectiva de educação integrada, ou melhor, numa educação como processo social mais amplo, que promova a articulação setorial entre educação, cultura, esportes, ciências, tecnologia, saúde e formação, meio ambiente. As responsabilidades a pesquisa acadêmica, a difusão e a educacionais devem ser compartilhadas popularização são pelos gestores dos diferentes setores da elementos fundamentais para a mudança de organização do Estado, assim como a relação posição e de atitude frente aos desafios atuais entre educação, cultura, esporte, saúde, em torno do meio ambiente, do trabalho, da ciência e tecnologia e o meio ambiente. A saúde, da diversidade cultural e da educação. formação para o exercício de uma cidadania Assim, as instituições de educação superior, crítica requer cada vez mais integração e sobretudo as universidades que devem interdisciplinaridade, dada a complexidade do conhecimento 20 da vida social na sociedade contemporânea. A promoção do desenvolvimento sustentável, com seus três pilares - o Nesse contexto, a educação profissional não pode estar dissociada de processos mais amplos de inclusão social, de erradicação da pobreza, de desenvolvimento sustentável e de formação cidadã, o que requer uma visão crítica que ultrapasse os perfis, demandas e interesses específicos do mercado de trabalho, da produção e do consumo. De modo mais específico, é preciso considerar: os processos de inclusão social na educação profissional; a formação para o mundo do trabalho; as especificidades econômico, o social e o ambiental – não pode prescindir de um cenário educacional de desenvolvimento educacional universal e de qualidade, num quadro de compromisso político a ser assumido pelo Estado, pela sociedade civil organizada e pelos movimentos sociais. A formação para o desenvolvimento sustentável deve ser, pois, assegurada, a partir da educação básica e nas demais modalidades de educação, bem como incentivada em outros espaços de educação formal e informal. da educação profissional e da formação para o mundo do trabalho camponês, além da formação, para o trabalho, das pessoas com deficiência. e uma efetivação melhor contextualização curriculares no âmbito dos sistemas de ensino, nas escolas e, sobretudo, na prática docente. É preciso contextualizar Cabe reafirmar, como define o Documento-Referência da CONAE 2014, que a mudança social e o desenvolvimento Por sua vez, a educação ambiental requer criticamente o processo de produção industrial e o modelo de desenvolvimento econômico face às questões de natureza ambiental, tendo em vista as ações e estratégias de preservação e desenvolvimento sustentável que envolvam a sociedade como um todo. A construção da cultura socioambiental é uma necessidade no cotidiano escolar, mas também no mundo da produção, do trabalho e do consumo. A educação socioambiental no mundo do sustentável implicam políticas públicas capazes de: a) avançar na articulação das políticas setoriais e intersetoriais no âmbito da educação, cultura, desporto, ciência e ambiente; tecnologia, b) saúde compreender e meio trabalho, educação, diversidade cultural, ética e meio ambiente como eixos estruturantes do desenvolvimento sustentável; c) ampliar o debate e as ações para a ampliação da saúde de estudantes e profissionais da educação e melhoria das condições de trabalho e desenvolvimento profissional; d) respeitar a diversidade cultural e a biodiversidade nas políticas públicas de educação, saúde, cultura e trabalho (BRASIL, 2013). trabalho e na educação escolar é uma das demandas mais urgentes do século XXI. Referência da CONAE 2014 traz um conjunto Nessa direção, o Documento- 21 de proposições e estratégias para o Eixo três, tendo em vista a construção do novo PNE e do SNE como política de Estado, indicando as responsabilidades, corresponsabilidades, atribuições concorrentes, complementares e colaborativas entre os entes federados (União, estados, DF e municípios). O Documento reforça ainda a necessidade de assegurar a participação popular, cooperação federativa e o regime de colaboração no processo de reflexão, aprofundamento e elaboração de propostas visando à Conferência Nacional de Educação que ocorrerá em 2014. REFERÊNCIAS: BRASIL. Conferência Nacional de Educação: Documento – Referência. Elaborado pelo Fórum Nacional de Educação. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria Executiva Adjunta, [2013]. 96p. BRASIL. Diretrizes Curriculares para Educação Básica. Brasília: MEC, 2010. ______. Resolução CNE/CP 2/2012. Diário Oficial da União. Brasília, 18 jun. 2012, Seção 1. p. 70. ______. Parâmetros Curriculares Nacionais: Saúde e Meio Ambiente. Brasília: MEC, 1997. 22 Presidência da República Ministério da Educação Secretaria de Educação Básica TV ESCOLA/ SALTO PARA O FUTURO Supervisão Pedagógica Rosa Helena Mendonça Acompanhamento pedagógico Grazielle Bragança Coordenação de Utilização e Avaliação Mônica Mufarrej Fernanda Braga Copidesque e Revisão Milena Campos Eich Diagramação e Editoração Bruno Nin Valeska Mendes Consultor especialmente convidado João Ferreira de Oliveira Coordenação de Conteúdo das Unidades 13 a 19 (referentes à CONAE 2014) Luiz Fernandes Dourado E-mail: [email protected] Home page: www.tvbrasil.org.br/salto Rua da Relação, 18, 4o andar – Centro. CEP: 20231-110 – Rio de Janeiro (RJ) Setembro 2013 23