ID: 40837797 20-03-2012 Tiragem: 41286 Pág: 13 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 17,70 x 26,21 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 1 de 1 Passos Coelho diz que não pode fazer nada para alterar preços dos combustíveis DR Energia Inês Sequeira Impostos representam mais de metade do custo final do gasóleo e gasolina, lembra Autoridade da Concorrência O primeiro-ministro defende que o Governo não pode fazer nada a propósito do preço dos combustíveis, que esta semana voltaram a subir e já há algum tempo que estão acima dos valores máximos anteriormente alcançados. “Trata-se de uma matéria que não depende da intervenção do Governo”, afirmou ontem, à margem das comemorações do Regimento de Infantaria (RI14). Passos Coelho afirmou também que este é “um mercado que está com regulação e cabe ao regulador pronunciarse”, mostrando-se, todavia, preocupado com o impacto da subida destes custos na economia. Mas tanto os revendedores de combustíveis, representados pela Anarec, como a própria Autoridade da Concorrência (AdC), lembram que os impostos são uma componente importante nos preços. Em declarações na TSF, o presidente da AdC, Manuel Sebastião, considerou que não é viável que seja o Governo a fixar os preços, mas referiu os impostos como uma das variáveis que neste momento podem ser alteradas em Portugal, ao contrário dos preços nos mercados internacionais. O conjunto dos impostos, juntando o imposto sobre produtos petrolíferos (ISP) e o IVA, é de 58,3 cêntimos por litro na gasolina e de 36,4 cêntimos por litro no gasóleo, especificou. Feitas as contas, 60% do preço da gasolina é carga fiscal, enquanto no gasóleo esse peso é de 50%. Além dos impostos, dos custos da Preços dos combustíveis estão a bater recordes em Portugal logística (entre 1 e 2 cêntimos por litro, segundo Manuel Sebastião) e da variável do retalho (entre 10 a 20 cêntimos por litro), um dos principais factores é o valor internacional do petróleo. Apesar de estar em níveis elevados – ontem atingia os 127,16 dólares por barril –, os preços do petróleo Brent (Mar do Norte) ainda estão mais de 11% abaixo do “pico” registado a 3 de Julho de 2008, quando chegaram aos 143,6 dólares por barril. Petróleo em euros mais caro No entanto, a moeda europeia está agora mais fraca em relação ao dólar do que sucedia nessa mesma altura. O resultado é que, ao contrário do que sucede na moeda norteamericana, o barril de petróleo em euros está agora mais caro do que em 2008: ontem estava acima dos 99 euros por barril, quase 5% mais caro do que o “pico” registado a 3 de Julho desse ano (91,49 euros), que na moeda europeia também tinha o valor máximo histórico. Foi há cerca de um mês, a 15 de Fevereiro, que o custo do barril de crude em euros ultrapassou o máximo histórico de há quase três anos. Tanto a gasolina como o gasóleo são também afectados pelos preços do mercado de produtos refinados, que tem sede em Amesterdão, e que segundo a Galp têm estado a ser pressionados pela descida na procura. Ferreira de Oliveira, presidente da petrolífera, afirmou em Fevereiro que o sector das refinarias tem enfrentado margens negativas na Europa. O facto é que a Anarec-Associação Nacional de Revendedores de Combustíveis apelou ontem a uma variação maior dos impostos para contrabalançar a subida dos custos do gasóleo e da gasolina. “Perante os problemas que se vão registando à volta dos combustíveis, o Governo deveria fazer um esforço no sentido de aligeirar a carga fiscal. Não direi no IVA porque provavelmente será muito complexo, mas na carga do ISP”, afirmou o presidente da Anarec, Virgílio Constantino, à Lusa, defendendo que o Governo utilize o ISP como “flutuador” para equilibrar os preços.