SUS PRECISA GASTAR MELHOR PARA SAÚDE MELHORAR, DIZ ECONOMIST
Especialista do Banco Mundial diz que hospitais devem ter liberdade para
demitir funcionários
O SUS (Sistema Único de Saúde) precisa gastar melhor o seu orçamento para
oferecer um serviço de atendimento aos brasileiros com mais qualidade,
segundo a revista The Economist desta semana.
Após citar os esforços do Programa Saúde da Família, expandido no governo
de Luiz Inácio Lula da Silva, e as políticas de combate à miséria extrema e de
saneamento básico, um das bandeiras da presidente Dilma Rousseff, a revista
diz que tais medidas não bastam para resolver o problema.
Para a Economist, para melhorar o sistema é preciso "mudar a forma com que
o orçamento do SUS é gasto". O semanário cita uma pesquisa publicada pela
revista especializada em ciência The Lancet, dizendo que o SUS gasta pouco
na compra de medicamentos porque boa parte do dinheiro é usada no
fornecimento de tratamentos caros a pacientes que ganham na Justiça o
direito de ter pagas terapias não cobertas pelo sistema.
A revista lembra que até a Constituição de 1988 declarar a saúde um direito
do cidadão, o Brasil, como a maior parte dos vizinhos latino-americanos, tinha
um sistema duplo, um primeiro voltado para trabalhadores com emprego
formal e um segundo para o restante da população.
"Apesar da determinação constitucional, cerca de 60% de todo o gasto em
saúde no Brasil é privado – percentual maior que a maiora dos países latinoamericanos e ainda maior que a dos Estados Unidos", diz a Economist.
A revista ressalta que os gastos privados dão cobertura a "uma minoria rica e
jovem" e que os gastos com o SUS correspondem a apenas 3,1% do PIB
brasileiro.
Contradições: O semanário britânico mostra as contradições do SUS,
ilustrando com o caso do Instituto do Câncer de São Paulo. "Equipado com
tecnologia de ponta, (o hospital) oferece todos os tratamentos mais
avançados, bem como aulas de culinária saudável e origami para aliviar o
estresse", diz o texto.
A Economist ressalta, no entanto, que o hospital altamente especializado de
São Paulo é apenas o lado eficiente do SUS. A revista lembra que o Programa
Saúde da Família, um dos de maior alcance do sistema, atende apenas
metade dos brasileiros. Para a Economist, a saúde é uma das questões que
mais preocupam os brasileiros, lembrando que uma pesquisa de 2007 colocou
o tema como preocupação ainda mais relevante que a economia.
Fonte: BBC Brasil
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